Dispositivos de tecnologia assistiva: fatores relacionados ...
TECNOLOGIA ASSISTIVA E EDUCAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA … · contidas nas tecnologias educativas em...
Transcript of TECNOLOGIA ASSISTIVA E EDUCAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA … · contidas nas tecnologias educativas em...
ISSN 2176-1396
TECNOLOGIA ASSISTIVA E EDUCAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA
FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DAS SALAS DE
RECURSOS MULTIFUCIONAIS
Mayara de Oliveira Vieira1 - UFPA
Degiane da Silva Farias2 - UFPA
Eixo temático: Educação, Tecnologia e Comunicação.
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
É cada vez mais presente à inclusão de alunos com necessidades especiais nos sistemas
formais de ensino, o que torna urgente as reflexões e fomentações, bem como, projetos de
intervenções que verse sobre a formação docente dos professores que realizam o Atendimento
Educacional Especializado – AEE a estes alunos. Nesse sentido, este texto tem por objetivo
mostrar um relato de experiência sobre a formação continuada de professores das salas de
recursos multifuncionais. O referido relato é parte de um trabalho maior desenvolvido ao
longo de quatro anos no município de Augusto Corrêa/PA enquanto coordenadora pedagógica
da Informática Educativa. Como parte desse projeto foi desenvolvido um curso sobre a
utilização adequada das tecnologias assistivas, entendida aqui como todo o arsenal
de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de
pessoas com deficiência e consequentemente promover vida independente e inclusão. É
também definida como uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas
concebidas e aplicadas para amenizar as problemáticas encontradas pelos indivíduos com
deficiências. Nesse sentido, além de uma discussão teórica a respeito do conceito de formação
continuada, tecnologia e tecnologias assistivas, foi apresentado e demonstrado na prática a
forma correta do uso de diversas ferramentas pedagógicas como: lupa eletrônica, mouse
estático de esfera, teclado expandido com colmeia e outros, assim como, a utilização de
softwares educativos como o HeadMouse, Plephoons, Dosvox e o Fonte Libras, que além de
contribuir significativamente para a aprendizagem dos alunos ainda dinamizam o processo de
1 Bacharel em Sistema de Informação pelo Centro Universitário do Pará - CESUPA; Especialista em
Desenvolvimento de aplicações para a internet pela Universidade Federal do Pará – UFPA; Graduanda em
Pedagogia pela Universidade Federal do Pará – UFPA. E-mail: [email protected].
2 Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós Graduação em Educação-UFPA. Mestra em Linguagens e
Saberes na Amazônia pela Universidade Federal do Pará-UFPA. Pesquisadora do Grupo de Estudos e
Pesquisas sobre Juventude, Representações Sociais e Educação GEPJURSE. E-mail:
19372
ensino. O referencial teórico deste trabalho apoia-se em Valente (2000), Libâneo (2001) e
Manzini (2005).
Palavras-chave: Formação de professores. Tecnologia Assistiva. Softwares educativos.
Introdução
Sobre a ideia de atendimento educacional especializado, além de ser um direito, é um
dos caminhos para a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais. Porém,
qualquer discussão nesse sentido merece considerar algumas questões, são elas: Como tem se
dado a formação continuada dos professores destes alunos? É possível realmente falar em
inclusão? Qual o papel e a importância das Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) neste
processo?
Sobre o primeiro questionamento, destaca-se que, o processo de construção do ser
professor tem inicio com a chamada formação inicial. É nesse período que são fomentadas,
dentro do espaço da academia, as construções teóricas que fundamentarão o fazer pedagógico
desses sujeitos. Ainda nesse primeiro momento, os estágios supervisionados surgem como
uma possibilidade de vinculação e embate entre teoria e prática.
Todavia, de acordo com Libâneo (2001) o docente só constrói sua profissionalidade
no exercício efetivo do seu trabalho, fala-se de formação continuada, sendo a escola o local
privilegiado onde os profissionais tem a oportunidade de colocar em prática e construir
saberes e habilidades fundamentais para o sucesso do ensino.
Nessa perspectiva, percebe-se que as lacunas deixadas tanto na formação inicial
como na formação continuada dos professores vai incidir diretamente na qualidade do ensino-
aprendizagem. E apoiada na formulação de Vygotsky (1988), de que o ser humano é um ser
social, logo, seu desenvolvimento só se consolida através da participação do meio em que está
inserido, pode-se inferir que, em dias atuais onde a tecnologia está no cotidiano das pessoas, a
escola precisa introjetar essa realidade a favor do processo de construção do conhecimento.
Contudo, segundo Demo (2004) a questão consiste em transformar as informações
contidas nas tecnologias educativas em formação para os discentes. Dessa feita, o grande
desafio está no papel do professor, pois o mesmo não pode utilizar as ferramentas digitais
como mera obrigação do mundo atual, mas, em uma conexão direta, significativa e
comprometida com o saber.
19373
É nesse sentido que repousa este trabalho, que tem o objetivo de apresentar um relato
de experiência desenvolvido no município de Augusto Corrêa/PA no ano de 2016. Enquanto
parte de um projeto maior, o curso sobre o uso de tecnologia assististiva, conceito
relativamente novo que corresponde a todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem
para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e
consequentemente promover vida independente e inclusão, foi desenvolvido bimestralmente
envolvendo todos os docentes das salas de recursos multifuncionais. Nesse sentido, em uma
relação entre teoria e prática foi discutido junto aos docentes alguns conceitos sobre formação
continuada, tecnologia e tecnologia assistiva. Outrossim, foi apresentado diversas ferramentas
pedagógica como lupa eletrônica, mouse estático de esfera, teclado expandido com colmeia e
outros, assim como, a utilização de softwares educativos como: o HeadMouse, Plephoons,
Dosvox e fonte libras que além de contribuir significativamente para aprendizagem dos
alunos ainda facilita e dinamizam o processo de ensino.
Ao final desse curso verificaram-se avanços significativos no processo ensino
aprendizagem dos alunos que frequentam as Salas de Recursos Multifuncionais. É bem certo
que muito ainda precisa avançar para que de fato a ideia de inclusão, que tanto se discute,
transcenda o campo teórico e se efetive na prática. Para tanto, o processo de formação
continuada, como o próprio nome explicita deve ser perene.
Tecnologia, tecnologia assistiva e educação: breve fundamentação teórica.
A tecnologia é uma necessidade da sociedade atual. Pois é notório que ela se encontra
em toda parte, no trabalho, nas pesquisas, nos estudos, nas compras, nos lazeres, ou seja, em
quase todas as atividades da vida humana. Ela surge com o objetivo de facilitar a vida das
pessoas, servindo para otimizar o tempo, tornando mais fácil a comunicação, bem como, o
acesso à informação.
Nesse sentido, diz-se que, o ser humano vive a “era da informação”. E nesse
movimento tornou-se bem mais fácil a comunicação entre as pessoas por meio de redes
sociais, telefone, celulares e demais aparelhos tecnológicos. Algumas formas de comunicação
foram sendo substituídas, desaparecendo, as cartas é um exemplo nítido dessas
transformações, pois as mesmas estão cada vez mais sendo substituídas por correios
eletrônicos, denominados como e-mails. A internet que é o maior conglomerado de redes de
19374
comunicações em escalas mundiais nos dá acesso a tudo o que precisamos e procuramos.
Todavia aqui cabe uma ressalva, que é justamente da necessidade de fazer bom uso dessas
inovações tecnológicas. Outrossim, consiste na clareza de que a tecnologia deve estar à
serviço do bem estar da humanidade.
Teóricos como Pierre Lèvy, um dos maiores expoentes sobre o mundo da internet,
aborda o papel fundamental da tecnologia na esfera de comunicação. Ele sedimenta a ideia de
que a internet é um instrumento importantíssimo no desenvolvimento social. Diz ainda que, a
inclusão digital na sociedade é de suma importância para facilitar nossa vida e aumentar cada
vez mais o número de conectados, contribuindo para a evolução da sociedade.
Sobre a ideia de tecnologia e educação, tem-se claro que essa nunca substituirá o
professor, no entanto, tem-se mais claro ainda que, o profissional da educação que utilizar
essa ferramenta a seu favor poderá desenvolver um trabalho mais dinâmico e significativo.
É inegável a dinamização e a ludicidade que se dá no processo ensino-aprendizagem
com a inserção do computador como ferramenta pedagógica, o uso de softwares e jogos
educativos tem contribuído significativamente para a construção do conhecimento. Pois, de
acordo com o Ministério da Educação-MEC, Informática educativa é justamente a
implantação do computador no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos curriculares
de todos os níveis e modalidades da educação, onde os conteúdos de cada disciplina da grade
curricular aplicados por intermédio do computador.
Porém, nesse processo, é importante ressaltar que muito ainda se precisa caminhar,
construir, reconstruir, formular, discutir, pois, o Ministério da Educação ressalta ainda que o
emprego do recurso tecnológico isolado da proposta pedagógica da rede de ensino, não é
garantia de melhoria. É somente por meio da união de inúmeros fatores que se torna possível
promover um ensino de qualidade. Sendo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a
grande responsável por estas entre várias outras mudanças, pois no artigo 39 promove a
inclusão da informática na educação.
Nessa perspectiva, a contrapartida dos sistemas estaduais e municipais de ensino é
garantir a infraestrutura adequada para receber os laboratórios, mas, principalmente capacitar
os professores para a utilização das tecnologias existentes no ambiente escolar,
transformando-as em ferramentas mediadoras.
Assim, Valente (1993) afirma que, as formas de inclusão dos computadores e dos
softwares educacionais, quando bem conduzidos por um profissional devidamente capacitado,
19375
contribuem para a integração dos acontecimentos ocorridos fora do ambiente escolar com o
ensino, contextualizando-os.
De acordo com Ostrowski (2002 p.29) o computador tem um papel importante, por se
tornar um aliado na educação e colabora no desenvolvimento cognitivo da criança, através do
computador o aluno desenvolve o raciocínio e a organizar o pensamento e através dos
softwares facilita a expressão da criatividade.
Partindo dessas informações é que se sedimenta esse relato de experiência que traz
com principais teóricos Mouran (2000), Demo (2004), Valente (1993) que discutem a
necessidade de formação dos professores para o uso da tecnologia na educação, pois ensinar e
aprender com tecnologia é um desafio que até hoje não foi enfrentado com profundidade.
Em consonância com o que preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB 9.394/96), o Atendimento Educacional Especializado, assegurado no artigo
58, § 1º e § 2º, salienta que:
§ 1º. Haverá, quando necessário, serviço de apoio especializado, na escola regular,
para atender as peculiaridades da clientela de Educação Especial. § 2º. O
atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados,
sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua
integração nas classes comuns de ensino regular. (LDB 9.394/96).
Partindo dessa premissa legal, cabe afirmar que a educação inclusiva está sendo cada
vez mais valorizada, garantindo a esse público uma escola inclusiva com apoio e suporte que
assegurem uma educação efetiva e significativa.
É nesse sentido que as Tecnologias Assistivas surgem como o suporte necessário e
eficaz para um atendimento tecnológico e especializado que garanta resultados positivos, pois
as mesmas aparecem com a capacidade de desenvolver e incluir com qualidade os alunos em
suas várias especificidades. Diante disso, justifica-se o aprofundamento dos estudos sobre
esse conceito, que embora recentemente novo, tem contribuído grandiosamente com as
fomentações sobre o processo de inclusão.
Mas o que de fato é tecnologia assistiva? Nas palavras de SASSAKI, Tecnologia
Assistiva também é:
[...] a tecnologia destinada a dar suporte (mecânico, elétrico, eletrônico,
computadorizado etc.) a pessoas com deficiência física, visual, auditiva, mental ou
múltipla. Esses suportes, então, podem ser uma cadeira de rodas de todos os tipos,
uma prótese, uma órtese, uma série infindável de adaptações, aparelhos e
equipamentos nas mais diversas áreas de necessidade pessoal (comunicação,
19376
alimentação, mobilidade, transporte, educação, lazer, esporte, trabalho e outras).
(SASSAKI 1996, p. 01).
Nessa perspectiva nota-se que a Tecnologia Assistiva abarca diversas áreas que vai
desde recursos pedagógicos adaptados a recursos de acessibilidade ao computador e recursos
para atividade da vida diária como adaptações de jogos e brincadeiras, além de equipamentos
de auxílio às pessoas cegas e/ou com baixa visão.
De acordo com PELOSI (2003, p.183):
A Tecnologia Assistiva engloba áreas como a comunicação suplementar e/ ou
alternativa, as adaptações de acesso ao computador; equipamentos de auxílio para
visão e audição; controle do meio ambiente; adaptação de jogos e brincadeiras,
adaptações de postura sentada, mobilidade alternativa, próteses e a integração dessa
tecnologia nos diferentes ambientes como a casa, escola e local de trabalho.
Por fim, como já citado anteriormente, embora o termo Tecnologia Assistiva ainda
seja um termo, uma expressão, um conceito consideravelmente novo, segundo alguns autores
ainda em processo de construção e sistematização, porém são recursos que por vezes estão
presentes em nosso dia-a-dia, pois para esses teóricos qualquer ferramenta improvisada
caracteriza o uso de Tecnologia Assistiva, conforme saliente MANZINI (2005, p. 82):
Os recursos de Tecnologia Assistiva estão muito próximos do nosso dia-a-dia. Ora
eles nos causam impacto devido à tecnologia que apresentam, ora passam quase
despercebidos. Para exemplificar, podemos chamar de Tecnologia Assistiva uma
bengala, utilizada por nossos avós para proporcionar conforto e segurança no
momento de caminhar, bem como um aparelho de amplificação utilizado por uma
pessoa com surdez moderada ou mesmo veículo adaptado para uma pessoa com
deficiência.
Sobre esse conceito, muito precisa ser discutido, no entanto, o que já se percebe é que
o uso adequado desses recursos só tem contribuído para o processo de inclusão social e
educacional.
Caminhos metodológicos
O relato de experiência aqui exposto é parte de um projeto maior que envolve toda a
rede de ensino do município de augusto Corrêa, estado do Pará, na área de Informática
Educativa. Todavia percebeu-se a necessidade de um olhar mais atento e específico para a
formação continuada dos professores das salas de recursos multifuncionais. Pois é fato que o
emprego destes ou daqueles recursos tecnológicos, de forma isolada da proposta pedagógica
19377
da rede de ensino e da escola, não é garantia de melhoria na qualidade da educação. Apenas
por meio da conexão de inúmeros fatores e a inserção da tecnologia no processo pedagógico
da escola torna-se possível promover um processo de ensino-aprendizado de qualidade.
Objetivo da formação foi de facilitar o atendimento dos alunos com deficiências que
frequentam as salas de recursos multifuncionais existentes nas escolas do município de
Augusto Corrêa e no Centro de Atendimento Especializado-CAEE (Marilene Nascimento),
apresentando aos professores os inúmeros softwares específicos existentes nos computadores
e notebooks que em muitas escolas encontravam-se sem uso. Por meio do programa
implantação de salas de recursos multifuncionais, com inicio no ano de 2012, foi
disponibilizado, além do mobiliário e material pedagógico, um conjunto de equipamentos de
informática, composição esta alterada com o objetivo de atender as demandas dos sistemas de
ensino, em 2012/2013/2014/2015/2016, as escolas passam a receber 02 notebooks, 01
impressora multifuncional, 01 lupa eletrônica, 01 mouse estático de esfera e 01 teclado
expandido com colmeia.
De posse de todos estes equipamentos, grita a necessidade de formação para que os
professores pudessem utilizar todo esse aparato tecnológico de forma satisfatória e produtiva.
E partindo dessa necessidade foi proposto junto a eles momentos de formação. O curso se deu
no ano de 2016 em quatro momentos específicos em uma relação direta entre teoria e prática.
No primeiro momento, deu-se a discussão sobre os conceitos em questão, que são
eles: formação continuada, tecnologia e tecnologia assistiva. Este último trabalhado de forma
mais contundente. Pois, após algumas pesquisas relacionadas à tecnologia e educação chegou-
se então ao termo Tecnologia Assistiva, como sendo,
Uma área do conhecimento, que engloba produtos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade,
relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou
mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e
inclusão social. (ATA VII - Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) - Coordenadoria
Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) -
Secretaria Especial dos Direitos Humanos - Presidência da República).
No segundo momento, foi realizada a distinção entre os sistemas operacionais Linux
e Windows, em seguida, apresentando alguns softwares educacionais já disponíveis na
distribuição do Linux educacional, assim como os softwares específicos para algumas
deficiências. Além do Dosvox, apresentou-se o HeadMouse. Ainda foram apresentadas e
19378
demonstradas na prática outras tecnologias assistivas, como a Lupa eletrônica, mouse estático
de esfera e o teclado com colmeia.
O terceiro momento destinou-se a apresentação e experimentação dos softwares
Plaphoons, Gcompriss e destaque para o Fonte libras, devido o perceptível interesse dos
professores, justamente por facilitar a produção de seu material.
O quarto momento deu-se o levantamento de todos os softwares específicos
existentes nos notebooks das salas de recursos multifuncionais, e o destaque foi para o
Dosvox, que se tornou um sistema operacional devido seu grau de importância, desenvolvido
pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Este
sistema possui um conjunto de ferramentas e aplicativos próprios além de agenda, chat e
jogos interativos. Possibilitando o aluno com deficiência visual utilize o computador para
desenvolver suas tarefas, como editar e ler textos, imprimir, navegar na internet, entre outros,
pois o sistema emite som para cada tarefa que esta sendo executada.
Todo esse processo deu-se:
No Município de Augusto Corrêa/PA (Sede);
No período de 12 meses (Encontros bimestrais);
Com todos os docentes das Salas Multifuncionais;
Discussões e resultados
Diante das inúmeras possibilidades existentes, a ideia principal durante todo o
processo de formação foi capacitar os professores para o uso de tecnologias de informação e
comunicação em atividades e projetos educacionais, por meio de um curso em etapas
sequenciais. Para tanto foi necessário primeiramente conhecer a necessidade de cada escola,
verificar o parque tecnológico e em que estado se encontravam.
Assim, após um ano de trabalho junto a esses docentes, muitos avanços foram
conquistados, a certeza de que existe um longo caminho a percorrer também é clara, mas,
esforços conjuntos podem melhorar consideravelmente a realidade vivenciada.
O curso de formação continuada sobre o uso das tecnologias assistivas nas salas de
recursos multifuncionais trouxeram resultados significativos. Cada ferramenta que se
conhecia, cada software apresentado despertavam nos docentes inúmeras possibilidades para
seu fazer diário.
19379
Dessa feita, já no primeiro momento, que se caracterizou como mais teórico, os
resultados começaram a surgir. Foi perceptível que as problematizações dos conceitos sobre
formação inicial, tecnologia e principalmente tecnologia assistiva geraram muitos debates,
muitas dúvidas foram sanadas, a respeito inclusive de softwares básicos como o a utilização o
Word e Power Point, assim como a navegação na internet, como baixar um vídeo do
yooutube, sites de pesquisas, entre outros; confirmou-se a certeza da necessidade de se
estudar constantemente, pois o conhecimento é dinâmico e a todo o momento precisa ser
revisto, criticado e reconstruído.
Mas é evidente que a teoria por si só não se sustenta. É preciso uni-la a prática para
fazer sentido na vida dos sujeitos. Assim, foi justamente no momento de apresentação das
ferramentas e dos softwares que os destaques foram sendo aferidos.
Podemos observar na figura 1 os dois computadores que compõem o kit da sala de
recurso multifuncional, em algumas escolas o Ministério da Educação-MEC encaminhou
notebooks e outras o desktop, este registro aconteceu na Escola Manoel da Costa Neves, na
comunidade do Emburuaca, no entanto todas as escolas do município que possuíam salas de
recursos multifuncionais foram visitadas e na oportunidade foi realizado o levantamento da
situação e de todas as necessidades; a manutenção na, maioria das vezes, acontecia na própria
escola, dependendo do problema detectado, caso contrário à máquina deveria ser
encaminhada para secretária de educação para reparos e por último se houvesse a necessidade
realizávamos logo a instalação dos softwares que foram trabalhados no processo da formação.
Figura 1 - Computadores da sala de recursos multifuncional
Fonte: Acervo pessoal (2016).
Com a maioria das salas de recursos multifuncionais revitalizadas, ficou mais fácil dar
sequencia nas formações, que ocorreram de maneira satisfatória. Bem como a utilização de
19380
todos os equipamentos disponibilizados nos kits, podemos observar na Figura 2 alguns destes
equipamentos, como o notebook, teclado expandido de colmeia e o mouse estático de esfera.
Figura 2: Kit eletrônico das salas multifuncionais
Disponível em: https://ntebls.blogspot.com.br.
Em todos os momentos da formação, os professores demonstravam bastante
interesse, eram curiosos e ficavam atentos sempre, porém o momento que merece destaque,
justamente pela fala de muitos, foi a apresentação da “fonte libras”, podemos observar na
figura 3, o instalador para a fonte libras encontra-se disponível para download de maneira
acessível, de fácil instalação e utilização nos editores de texto. No momento da demonstração
foi satisfatório observar a surpresa e a alegria dos professores em descobrir aquela ferramenta
e a fala deles eram: “eu não acredito! passei minha vida toda desenhando e recortando letra
por letra para montar uma frase” (Informação verbal)3.
A maioria dos professores destacou este recurso como o mais importante da oficina,
por ser um facilitador no processo pedagógico, na construção de textos, criação de livros, etc.
E mesmo após a instalação em todos os notebooks da sala, aqueles que estavam com o pen-
drive solicitaram que fosse disponibilizado o instalador e aqueles que não levaram nos
procuraram na secretária de educação para obter o aplicativo, todo este relato para destacar
que uma simples ferramenta pode mudar, no sentido de facilitar a vida do professor.
3 Oficina Fonte libras.
19381
Figura 03: Fonte Libras.
Disponível em: http://oficinadelibras.blogspot.com.br
Na figura 4 destaco outro momento interessante, a apresentação, instalação e a prática
do sistema operacional Dosvox, pois a apropriação dessa ferramenta pelos professores vai
facilitar a transmissão do sistema para os alunos com deficiência visual, garantindo-lhes o
acesso ao computador e com isso favorecendo a inclusão social e digital.
Figura 04: Sistema Dosvox (sintetizador de voz).
Disponível em: http://www.blogdafloresta.com.br
Estes momentos de formação continuada promoveu uma mudança significativa de
perspectiva a respeito da importância da utilização do computador, percebemos que este foi
apenas o inicio de uma longa jornada, pois baseada nas falas dos professores, despertamos o
interesse pela pesquisa, estudar, procurar novos softwares específicos de acordo com a
deficiência e necessidade de seus alunos. O objetivo destes momentos de formação eram
19382
justamente este, despertar o interesse do professor e mostrar como é importante nos dias
atuais a utilização do computador no processo de ensino aprendizagem, assim como na
inclusão social e digital.
Considerações finais
As tecnologias educacionais são incontáveis, a todo instante um software educativo
emerge com características potenciais para atender as demandas por disciplina, por área de
ensino e também, no caso da educação inclusiva, que contemple especificidades. No entanto,
a sua utilização adequada requer aprendizagens.
Como profissional da educação que tem sua primeira formação em Sistemas de
Informação e que está em fase de conclusão do curso de Pedagogia, bem como, estando à
frente da coordenação pedagógica da Informática Educativa em uma secretária de educação,
percebo a necessidade constante da formação continuada dos profissionais que lidam
diariamente com esses sujeitos e com essa gama de instrumentos que compreendem a ideia de
tecnologia assistiva. Assim, para que de fato aconteça o processo de inclusão preconizado em
lei e em muitos discursos é preciso que os profissionais sejam capacitados em seus lócus de
trabalho.
Contudo, salienta-se grande necessidade das políticas públicas cumprirem com seu
dever, a sociedade e os profissionais da área com seus papéis de cidadãos, pois boa parte
desse público ainda espera serem incluídos socialmente ganhando qualidade de vida,
independência e autonomia.
Referências
BRASIL. MEC. Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96.
BRASIL. Ministério da educação. http://portal.mec.gov.br acesso em: 17.out.2014.
DEMO, Pedro. Universidade, aprendizagem e avaliação: horizontes reconstrutivos. POA,
RS: Mediação, 2004.
FONSECA, João José Saraiva. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.
Apostila.
19383
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola. Teoria e prática. 3 ed. Goiânia:
Alternativa, 2001.
MANZINI, Eduardo José. Tecnologia assistiva para educação: recursos pedagógicos
adaptados. In: Ensaios pedagógicos: construindo escolas inclusivas. Brasília: SEESP/MEC,
p. 82-86, 2005.
MINAYO, Maria Cecília de Sousa (org.). Pesquisa social: Teoria, métodos e criatividade.
Petrópolis: Vozes, 2001. 80p.
MORAN, José Manuel, MASSETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e
mediação pedagógica. São Paulo, Papirus, 2000.
NASCIMENTO, João Kerginaldo Firmino do. Informática aplicada à educação. Brasília.
Universidade de Brasília, 2007.
PELOSI, Miryan Bonadiu. In.: Seminário internacional sociedade inclusiva. PUC Minas.
Belo Horizonte: 2003. Anais. P. 183-187.
SASSAKI, Romeu. Por que o termo “Tecnologia Assitiva”? 1996. Disponível em:
http://www.cedionline.com.br/ta.html. Acesso em 10 set. de 2016.
TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa
qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
VALENTE, José Armando. Diferentes usos do computador na educação. In: VALENTE, J.A.
(org.). Computadores e Conhecimento: Repensando a Educação. Campinas, SP: Gráfica da
UNICAMP, 1993.
VYGOTSKY, Lev Semyonovich et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São
Paulo: Ícone, 1988.