Tecnologia

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Rua das Mercês, 8 9000-224– Funchal Telef (+351291)214970 Fax (+351291)223002 Email: [email protected] [email protected] http://www.madeira-edu.pt/ceha/ VIEIRA, Alberto (2005) Canaviais e açúcar uma Tradição Multissecular COMO REFERENCIAR ESTE TEXTO: VIEIRA, Alberto (2005), Canaviais e açúcar-uma Tradição Multissecular,, Funchal, CEHA-Biblioteca Digital, disponível em: http://www.madeira-edu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/ensino/2005- av-tecnologia.pdf, data da visita: / / RECOMENDAÇÕES O utilizador pode usar os livros digitais aqui apresentados como fonte das suas próprias obras, usando a norma de referência acima apresentada, assumindo as responsabilidades inerentes ao rigoroso respeito pelas normas do Direito de Autor. O utilizador obriga-se, ainda, a cumprir escrupulosamente a legislação aplicável, nomeadamente, em matéria de criminalidade informática, de direitos de propriedade intelectual e de direitos de propriedade industrial, sendo exclusivamente responsável pela infracção aos comandos aplicáveis.

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Historia Tecnologia do AçucarAlberto [email protected]

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Rua das Mercês, 89000-224– Funchal

Telef (+351291)214970Fax (+351291)223002

Email: [email protected]@madeira-edu.pt

http://www.madeira-edu.pt/ceha/

VIEIRA, Alberto (2005)

Canaviais e açúcaruma TradiçãoMultissecular

COMO REFERENCIAR ESTE TEXTO:

VIEIRA, Alberto (2005), Canaviais e açúcar-uma Tradição Multissecular,, Funchal,CEHA-Biblioteca Digital, disponível em: http://www.madeira-edu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/ensino/2005-av-tecnologia.pdf, data da visita: / /

RECOMENDAÇÕESO utilizador pode usar os livros digitais aqui apresentados como fonte das suas próprias obras, usando

a norma de referência acima apresentada, assumindo as responsabilidades inerentes ao rigorosorespeito pelas normas do Direito de Autor. O utilizador obriga-se, ainda, a cumprir escrupulosamente

a legislação aplicável, nomeadamente, em matéria de criminalidade informática, de direitos depropriedade intelectual e de direitos de propriedade industrial, sendo exclusivamente responsável pela

infracção aos comandos aplicáveis.

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ALBERTO VIEIRA

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CANAVIAIS E AÇÚCARUMA TRADIÇÃO MULTISECULAR

1. A expansão da cultura e a afirmação doconsumo

2. Tecnologia da moenda e fabrico doaçúcar

3. o mundo do açúcar e a Madeira

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ROTAS OCEÂNICAS -plantas

P "todas as sementes e plantas eoutras coisas com quem esperavade povoar e assentar na terra".João de Barros

As ilhas assumiram um papel fundamental comoviveiros de aclimatação das plantas e culturas emmovimento.

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Robustum

Officinarum

Edule

SpontaneumSinense

Barberi

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Açúcar: expansão

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Açúcar: expansão

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Buda

Maomé

A afirmação da cana-de-açúcar é fruto daafirmação e expansão do budismo e islamismo

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Buda o “rei do Açúcar”

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A expansão da cana-de-açúcar no Mediterrâneopersegue a expansão do Islão-sécs. VI-VIII

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A cana-de-açúcar foi um dos primeiros e principais produtos que aEuropa legou e definiu para as novas áreas de ocupação noAtlântico

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A cana-de-açúcar hoje

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A Cana-de-açúcar o Homem e meio o ambiente

".... o cultivo da cana-de-açúcar se

processa em regime de autofagia: acana devorando tudo em torno de si,engolindo terras e mais terras,dissolvendo o húmus do solo,aniquilando as pequenas culturasindefesas e o próprio capital humano, do

qual a sua cultura tira toda a vida. ".(Josué de Castro, Geografia da Fome, R. Janeiro, 1952,p.73)

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A Cana-de-açúcar o Homem e meio o ambiente

1. Desflorestação:

- desbaste floresta para plantar canaviais - madeiras para a construção do engenho e caixas de açúcar - madeiras para a fornalha Século XVIII no Brasil 1 kg de açúcar equivale a cerca de 15 kg de lenha Cada hectare= 200 toneladas de lenha

2. Desgaste dos solos. Esgotamento do solo ao fim de 40 anos de cultura intensiva

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A Cana-de-açúcar o Homem e meio o ambiente

Áreas: Chipre, Sicilia,Motril, Madeira,Canárias, Jamaica,Barbados, St. Kitts

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Beterraba

Sorghum

Cana-de-açúcarSACHARUM L.

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Substitutos do açúcar

Acesulfame L(1967)Aspartame(1965)AlitaneCyclamate(1937)Neohesperidine DCSaccharin(1879)SucracoseSteviosideThaumatin

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BETERRABA: a concorrência à cana-de-açúcar

1575 François Olivier de Serres (1539-1619) em"Theatre dell'Agriculture", refere que se pode extrairaçúcar da beterraba.

1745 Frederico O Grande da Prússia ordena aosquímicos que investiguem a forma de retirar sacarosede frutos.

1747 O Barão Andraeas Sigismond Marggraf [1709-1782], da Academia de Ciências de Berlim, confirmaque o açúcar existente na Beterraba é igual ao da canasacarina

1786 Carl Franz Achard fez um estudo sistemáticosobre a beterraba e montou a primeira fábrica deaçúcar de beterraba

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BETERRABA: a concorrência à cana-de-açúcar

1799 Franz Carl Achard anuncia a obtençãode açúcar em larga escala, construindo umafábrica na Silésia. Presenteou Frederico III daPrússia com um pão de açúcar de beterraba

1812 Construção da primeira fábrica paraaçúcar de beterraba em França

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BETERRABA: a concorrência à cana-de-açúcar

1866 Jules Robertdesenvolveu o processo dedifusão para extrair o açúcar dabeterraba.

1880 A beterraba conduz ainovações na indústria química,enquanto o seu açúcar,suplanta o da cana e conduz aocolapso do mercado.

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BETERRABA: a concorrência à cana-de-açúcar

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Processo de fabrico do açúcar- até ao século XIX

Moenda

Cozedura

Purga

Encaixar expedição

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Processo de fabrico do açúcar- a partir do século XIX

Extracção

Purificação

Clarificação

Evaporação

Cristalização

Purga

Empacotamento expedição

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ROTAS OCEÂNICAS -Produtos e tecnologia

PAgrícola: < Sistemas de cultivo< fabrico vinho e açúcar

PNavegação

A história Tecnológica evidencia que a expansão europeia condicionoua divulgação de técnicas e permitiu a invenção de novas querevolucionar a economia mundial.

Os homens que circularam no espaço atlântico foram portadores deuma cultura tecnológica que divulgaram nos quatro cantos e adaptaramàs condições dos espaços de povoamento agrícola.

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MOENDA: Tecnologia

1. Sistemas caseiros

2. Sistemas industrial doméstico-rural

- cilindros a partir do séc. XV

3. Sistema industrial- máquina a vapor partir do século XIX

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MOENDA: Tecnologia

Pilão para esmagar cana. China. séc. XVI

Moenda de açúcar. Filipinas

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MOENDA: Tecnologia

almofariz usado na India para esmagar a cana, usado até séc. XIX

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MOENDA: Tecnologia

moenda. China. 1637desenho de Torriani: fins séc. XVI

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MOENDA: Tecnologia

Os lugares onde com enorme actividade e habilidade se fabrica o açúcar estäo em grandes herdades, e oprocesso é o seguinte: primeiramente, depois que as canas cortadas foram levadas para os lugares acimareferidos,pöem-nas debaixo de uma mó movida a água, a qual, triturando e esmagando as canas, extrai-lhetodo o suco. (Giulio Landi,"Descrição da ilha da Madeira", publ. Antonio Aragão, A Madeira vista por estrangeiros, Funchal, 1981, pp.85-86)

engenho na Hispaniola. Theodore de Bry, 1595

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MOENDA: Tecnologia

CILINDROS 2 cilindros horizontais sec. XV: India para China

1471 na Europa. 3 cilindros verticais na américa.

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MOENDA: Tecnologia

CILINDROS

Máquina de descaroçar algodão 1637,usada na Índia desde séc. XII

Laminadora de metais de Giovanni Agostino

Pantheo, 1530. A primeira foi desenhada porLeonardo da Vinci

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MOENDA: Tecnologia

CILINDROS

engenho de três cilindros. Japão séc. XVIII. A

tecnologia era usada na China desde o século XVII

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MOENDA: Tecnologia

CILINDROS

Trapiche de besta, ainda em funcionamento. ilha de Santiago. Cabo Verde

Engenho de cilindros verticais. China. 1637.Surgemna China desde 1590, sendo trazido da Índia.

Trapiche Charles C. de Rochefort. Histoire naturelle et morale des iles Antilles, 1655

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MOENDA: Tecnologia

CILINDROS

Jean Baptiste Labat em Nouveau Voyage aus iles del'Amerique, [1722],

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MOENDA: Tecnologia

Moenda dupla

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MOENDA: Tecnologia

CILINDROS

1770-Jamaica-1ª máquina a vapor aplicada ao trapiche

1835-Cuba, maquina vapor de Fawcett

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MOENDA: Tecnologia

CILINDROS

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MOENDA: Tecnologia

CILINDROS

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COZEDURA: Tecnologia

1.purificação da guarapa

2.evaporação

3.clarificação e cristalização

Século XIX o processo especializado

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COZEDURA: Tecnologia

Aqui há cinco vasos postospor ordem, para cada umdos quais o suco saído dascanas passa um certotempo em ebuliçäo, depois,passando para os outrosvasos, com fogo brando,däo-lhe com habilidade acozedura, de modo quechegue a espessura tal que,posto depois em formas debarro, possa endurecer."[Giulio Landi,1530]

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COZEDURA: Tecnologia

Trem Jamaicano. Haiti: séc. XVIII. Surgiu Jamaica sec.XVII

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COZEDURA: Tecnologia

Consta um terno ou ordem decobres (além do parol do caldo edo parol da guinda que ficam nacasa da moenda) de duascaldeiras, a saber, da do meio e daoutra de melar, de um parol daescuma, de um parol grandes quechamam parol do melado, e deoutro menor, que se chama parolde coar; de um terno de tachas,que são quatro, a saber, a dereceber, a da porta, a de cozer e ade bater e, finalmente, de umabacia que serve para repartir oaçúcar nas formas e, de outrostantos cobres de igual ou poucomenor grandeza, consta outroandar semelhante(...).

(Antonil, Cultura e opulência doBrasil.1711)

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PURIFICAÇÃO: Tecnologia

Carbonatação

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CLARIFICAÇÃO: Tecnologia

Sistema Graver

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Clarificação: Tecnologia

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Evaporação: tecnologia

EvaporadorhorizontalRillieux

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Evaporação: tecnologia

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Cristalização: tecnologia

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Cristalização

Cristalização e centrifugação

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PURGA: tecnologia

Séc. XIX-recurso a novossistemas que permitem acelerar o processo:

-caldeira de vacuo-centrifugação

Até séc. XIX: sistema de formas

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PURGA: tecnologia

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PURGA: tecnologia

trapiche. Antilhas francesas. séc. XVII

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PURGA: Tecnologia

Aparelho de vácuo para purgar

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PURGA: Tecnologia

Turbina para centrifugação. Acelera oprocesso purga

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PURGA: Tecnologia

Clarificador de vácuo

Filtro -refinação

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PURGA: Tecnologia

Decolorização

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O engenho-complexo

Plantação idealizada por Avalle(1796)

Plantação segundo LAVAL(1724)

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O engenho-complexo espacial

Juan Stradamus. Séc. XVI

-Moinho romano de cereais eprensa-divisão do trabalho

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ENGENHO: estrutura

João Esmeraldo.lombada compra em 1493. Construção capela em1493

Casa de Colombo. Construída em1495

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MEDICINA

ALIMENTAÇÃO: especiaria,condimento, conservas, bebida,confeitaria e doçaria

CERIMONIAL: Festas, Rituaisreligiosos, magia, oferta amonarcas e personalidades

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O MERCADO- até ao século XV

Farmácia medieval

Europa medieval. Conhecido como o salda Índia

O mediterrâneo com centro do comérciodo açúcar a partir do séc. VII

domínio árabes e venezianos

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O MERCADO até ao século XVIII

A Madeira conduz à transferência domercado do açúcar para o Atlântico,aumentando a oferta do produto

- o Brasil, com produção em largaescala, contribui afirmação docomércio do produto.

-plena afirmação do mercadoamericano na oferta do açúcar.

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O MERCADO sécs. XIX-XX

- a concorrência da beterraba e asmudanças do mercado.

1902. Convenção de Bruxelas fimapoio financeiro do Estado à cana

1914-19/1939-45: aumento preços

1937. Sugar Organization paraestabilizar o mercado com cotas

1974-90- enfrentamento entrecomércio livre e proteccionismo.

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A cana-de-açúcar está indissociavelmente ligada à afirmaçãodo espaço atlântico a partir do século XV

A Madeira manteve uma posição relevante no processo deexpansão da cultura

uma produção em larga escala que viria a provocar algumascrises de sub-produção e uma quebra generalizada dos preços

pressão da Madeira sobre às áreas produtoras doMediterrâneo

Madeira afirmou-se, entre o último quartel do século XV e aprimeira metade da centúria seguinte, como o principalmercado açucareiro europeu, destronando os mais directoscompetidores no Mediterrâneo

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Madeira. Plataforma de afirmação do açúcar no mundo atlântico

Comércio do açúcar:

1.propicia elevada riqueza aos intervenientes, que se repercute no luxo e ostentação,

2. Benefícios elevados ao senhorio e coroa-tributação de cerca de 25%.

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ENGENHOS: MADEIRA

1494: 14 engenhos para 209 proprietáriose 431 canaviais

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ENGENHOS: MADEIRA

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AÇÚCAR: MADEIRA

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Trilogia rural Lombada de J. Esmeraldo. 1474

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A cana-de-açúcar é de todas as plantasdomesticadas pelo homem a que mais implicações teve na História daHumanidade.

A chegada ao Atlântico no Século XVprovocou:

1- o maior fenomeno migratório que foi aescravatura de milhões de africanos, comrepercussões evidentes na literatura,múcsica e actividades ludicas.

2- transformação tecnológica permanentepela pressão do mercado e concorrência

3- mudança da estrutua mercantil e doshábitos de consumo: da farmácia à prateleirado supermercado.