Tecnico segurancatrabalho portuguesinstrumental

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Ministério da Educação - MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Técnico em Segurança do Trabalho Disciplina: Português Instrumental Carlos Alberto Pacheco Pereira

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Ministério da Educação - MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

Técnico em Segurança do Trabalho Disciplina: Português Instrumental Carlos Alberto Pacheco Pereira

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Ministério da Educação - MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC)

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

PROF. CARLOS ALBERTO PACHECO PEREIRA CURSO TÉCNICO

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CRÉDITOS Presidente Dilma Vana Rousseff Ministro da Educação Aloizio Mercadante Oliva Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Marco Antonio de Oliveira Reitor do IFCE Cláudio Ricardo Gomes de Lima Pró-Reitor de Extensão Gutenberg Albuquerque Filho Pró-Reitor de Ensino Gilmar Lopes Ribeiro Pró-Reitor de Administração Virgilio Augusto Sales Araripe Diretor Geral Campus Fortaleza Antonio Moises Filho de Oliveira Mota Diretor de Ensino Campus Fortaleza José Eduardo Souza Bastos Coordenador Geral - Reitoria Jose Wally Mendonça Menezes Coordenador Adjunto - Reitoria Armênia Chaves Fernandes Vieira Supervisão - Reitoria Daniel Ferreira de Castro André Monteiro de Castro Coordenador Adjunto - Campus Fortaleza Fabio Alencar Mendonça

Elaboração do conteúdo Carlos Alberto Pacheco Pereira Equipe Técnica Manuela Pinheiro dos Santos Marciana Matos da Costa Kaio Lucas Ribeiro de Queiroz Vanessa Barbosa da Silva Dias Edmilson Moreira Lima Filho Vitor de Carvalho Melo Lopes Rogers Guedes Feitosa Teixeira

Supervisor Curso – Técnico de Seguraça do Trabalho Francisco Alexandre de Sousa Orientadora Barbara Luana Sousa Marques

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O QUE É O PRONATEC?

Criado no dia 26 de Outubro de 2011 com a sanção da Lei nº 12.513/2011 pela Presidenta Dilma Rousseff, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira. Para tanto, prevê uma série de subprogramas, projetos e ações de assistência técnica e financeira que juntos oferecerão oito milhões de vagas a brasileiros de diferentes perfis nos próximos quatro anos. Os destaques do Pronatec são:

• Criação da Bolsa-Formação; • Criação do FIES Técnico; • Consolidação da Rede e-Tec Brasil; • Fomento às redes estaduais de EPT por intermédio do Brasil Profissionalizado; • Expansão da Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica (EPT).

A principal novidade do Pronatec é a criação da Bolsa-Formação, que permitirá a oferta de vagas em cursos técnicos e de Formação Inicial e Continuada (FIC), também conhecidos como cursos de qualificação. Oferecidos gratuitamente a trabalhadores, estudantes e pessoas em vulnerabilidade social, esses cursos presenciais serão realizados pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, por escolas estaduais de EPT e por unidades de serviços nacionais de aprendizagem como o SENAC e o SENAI.

Objetivos

• Expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional Técnica de nível médio e de cursos e programas de formação inicial e continuada de trabalhadores;

• Fomentar e apoiar a expansão da rede física de atendimento da Educação Profissional e Tecnológica;

• Contribuir para a melhoria da qualidade do Ensino Médio Público, por meio da Educação Profissional;

• Ampliar as oportunidades educacionais dos trabalhadores por meio do incremento da formação profissional.

Ações

• Ampliação de vagas e expansão da Rede Federal de Educação Profissional e

Tecnológica; • Fomento à ampliação de vagas e à expansão das redes estaduais de Educação

Profissional; • Incentivo à ampliação de vagas e à expansão da rede física de atendimento dos

Serviços Nacionais de Aprendizagem; • Oferta de Bolsa-Formação, nas modalidades: • Bolsa-Formação Estudante; • Bolsa-Formação Trabalhador.

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• Atendimento a beneficiários do Seguro-Desemprego;

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[SUMÁRIO]

Ortografia Emprego do s e z, j e g, x e ch, s, SS, ç e SC. Acentuação gráfica Ponuação

Sintaxe Frase, oração e período. Termos essenciais da oração. Gêneros textuais. Tipos de textos.

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

O ensino da Lingua Portuguesa é de fundamental importância para compreender, analisar, criticar e relacionar os múltiplos códigos que permeiam a realidade contemporânea e aos quais não podemos ficar alheios, incorporando ao processo de aprendizagem as experiências já acumuladas do aluno, oportunizando-o no desenvolvimento do espírito crítico na leitura, aperfeiçoando sua oralidade, tomando consciência de suas habilidades linguísticas com o ensino da gramática e, principalmente formar alunos capazes de produzir textos coerentes e eficazes.

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AULA 1 - Ortografia

A ortografia é a parte da língua responsável pela grafia correta das palavras.

Essa grafia baseia-se no padrão culto da língua.

As palavras podem apresentar igualdade total ou parcial no que se refere a sua

grafia e pronúncia, mesmo tendo significados diferentes. Essas palavras são

chamadas de homônimas(canto, do grego, significa ângulo / canto, do latim,

significa música vocal). As palavras homônimas dividem-se em homógrafas,

quando tem a mesma grafia (gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular do

verbo gostar) e homófonas, quando tem o mesmo som (paço, palácio ou passo,

movimento durante o andar).

Objetivos

• Sensibilizar e ampliar os conhecimentos dos alunos em relação à importância do ensino a ortografia.

• Analisar as regras ortográficas. • Desenvolver no aluno o sentido de que escrever é reescrever. • Despertar no aluno o interesse pela escrita.

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TÓPICO 1 – Emprego do s e z, j e g, x e ch, s, SS, ç e SC.

Objetivos do tópico:

• Empregar corretamente determinadas letras que têm o mesmo som ou se parecido, com s e z; j e g; x e ch; s e SS; ç e SC.

S (e não C e Ç) Em nomes relacionados a verbos cujos radicais terminem em nd, rg, rt, pel, corr e sent. Exemplos: Pretender - pretensão impelir - impulsivo Expandir - expansão compelir - compulsório Ascender - ascensão repelir - repulsa Aspergir - aspersão recorrer - recurso Submergir - submerso discorrer - discurso Inverter - inverso sentir - sensível Divertir - diversão consentir - consensual S (e não Z) 1. Nos sufixos –ês, -esa, -esia, -isa, quando o radical é substantivo, os gentílicos e

títulos nobiliárquicos. Exemplos: Burguês, burguesa, burguesia (burgo) Maresia (mar) Poetisa (poeta) Francês, francesa Chinês, chinesa Baronesa, princesa, duquesa, marquês. 2. Nos sufixos gregos –ase, -ese, -ise, -ose. Exemplos: Metástase, catequese, hemopitise, metamorfose 3. Nos nomes relacionados a verbos cujos radicais terminem em D.

Exemplos: Aludir - alusão Decidir - decisivo Empreender - empresa

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Difundir - difusora 4. Nas formas verbais de PÔR e QUERER. Exemplos: Pus, pôs, compuseram, dispuseste Quis, quisera, quiseste 5. Diminutivo cujo radical termine em S.

Exemplos: Luisinho (Luís) Teresinha (Teresa) Rosinha, Rosita (Rosa) 6. Após ditongos.

Exemplos: Pouso, coisa, lousa, pausa, gêiser, maisena, Sousa, Neusa, Moisés 7. Em verbos derivados de nomes que contenham S no final do radical. Aqui se

acrescenta a desinência verbal “ar”.

Exemplos: a-lis(o)-ar = alisar anális(e)-ar =analisar bis-ar = bisar improvis(o)-ar = improvisar pesquis(a)-ar = pesquisar SS (e não C e Ç) 1. Em nomes relacionados com verbos cujos radicais terminem em gred. Ced, prin ou

com verbos terminados por tir ou meter. Exemplos: Agredir - agressivo regredir - regressão Ceder - cessão exceder - excesso Imprimir - impresso oprimir - opressão Admitir - admissão percutir - percussão Submeter - submisso comprometer - compromisso

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2. Dobra-se o s (SS), quando a uma palavra iniciada por s se junta com prefixo terminado por vogal.

Exemplos a – sistemático = assistemático re – surgir = ressurgir

3. No imperfeito do subjuntivo. Exemplos: realizar-se, fizesse C ou Ç ( e não S e SS)

1. Na corelação t – c (ç). Exemplos ato - ação executar - execução

infrator - infração isento - isenção Marte - marciano redentor - redenção absurdo - absorção

2. Em vocábulos de origem árabe.

Exemplos cetim, açucena, açúcar, açafrão, muçulmano

3. Em vocábulos de origem tupi, africana ou exótica. Exemplos paçoca, caiçara, cipó, Iguaçu, Juçara, miçanga, caçula, cacimba, cachaça, cacique

4. Nos sufixos –aça, -aço, -ação, -çar, -ecer, -iça, -iço, -nça, -uça, -uço. Exemplos barcaça, ricaço, armação, aguçar, embranquecer, carniça, caniço, esperança, carapuça, dentuço

5. Em nomes relacionados com verbos terminados em TER. Exemplos

abster, deter, ater, reter abstenção, detenção, atenção, retenção 6. Após ditongos.

Exemplo Louça, coice, eleição, traição, fauce, Jóice Z (e não S)

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1. Nos sufixos –ez, eza, das palavras derivadas de adjetivos. Exemplos altivez altivo maciez macio riqueza rico singeleza singelo surdez surdo

2. Nos sufixos –izar. Exemplos agonizar agonia amenizar ameno finalizar final

3. Como consoante de ligação “unindo” a palavra ao sufixo. Exemplos pá-ada pazada pé-inho pezinho café-al cafezal caqui-eiro caquizeiro anel-inho anelzinho

-------------------------------------------- VOCÊ SABIA?

a) Quando o radical termina em s o z não é usado. Exemplos lápis lapisinho mês mesada siso sisudo

b) Quanto ao plural, só conservarão o s os vocábulos diminutivos que já o possuíam no seu radical. Exemplos Chinesinhos (Chinês) adeusinhos (adeus) lapisinhos (lápis)

Do contrário, o S, como marca de plural, desaparece no meio da palavra, dando lugar apenas ao z. Exemplos Caracolzinho (caracol – caracóis) = caracoizinhos

coraçãozinho (coração – corações) = coraçõezinhos

4. Nas terminações –az, -ez, -is, -oz, -uz, correspondente as formas latinas.

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Exemplos capaz, dez, feliz, feroz, luz

5. Em vocábulos árabes e de línguas exóticas. Exemplos alazão, algazarra, azar, alcaçuz, azeite, vizir, Azambuja, xadrez, azenia. G (e não J)

1. Em palavras de origem latina, grega ou árabe. Exemplos falange, tigela, álgebra, girafa 2. Em estrangeirismos aportuguesados que já têm essa letra na língua originaria.

Exemplos Sargento(fr.), gelosia(it.), gitano(esp.), gim(ingl.)

3. Nas terminações –agem, -igem, -ugem, - ege, -oge. Exemplos passagem, vertigem, penugem, frege, paragoge ATENÇÃO! – Existem algumas exceções à regra.

4. Nas terminações –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio. Exemplos pedágio, sortilégio, litígio, relógio, refúgio

5. Nos verbos terminados em –ger e –gir. Exemplos proteger, eleger, rugir, fingir

6. Depois de r, desde que não haja j no radical. Exemplos convergir, emergir, aspergir. ATENÇÃO! – Existem algumas exceções à regra.

7. Depois do a inicial, desde que não haja j no radical. Exemplos Agente, ágil, agitar ATENÇÃO! – Existem algumas exceções à regra.

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J (e não G)

1. Em palavras de origem latina que, na língua originária, eram escritas com i(j), bi, di, hi, si, vi.

Exemplos jeito, majestade, hoje, Jerônimo, Jerusalém

2. Em palavras de origem árabe, tupi, africana ou exótica.

Exemplos

alforje, jerivá, jiboia, caçanje, manjerona, jiu-jítsu

3. Na terminação –aje. Exemplos Laje, ultraje X (e não CH)

1. Em palavras de origem tupi, africana ou exótica. Exemplos xavante, abacaxi, muxoxo, xingar, xucro

2. Em palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (j). Exemplos Xampu, xelim, xeres, lagartixa

3. Depois dos ditongos. Exemplos Caixa, feixe, frouxo

4. Depois de en. Exemplos Enxame, enxoval, enxada ATENÇÃO! – Existem algumas exceções à regra.

5. Depois da inicial me. Exemplos Mexer, mexicano, mexilhão.

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Ch (e não X)

1. Em palavras de origem latina (cl, fl, pl), francesa (ch), espanhola (ch), italiana (ci, cci), alemã, inglesa (ch) e árabe (j).

Exemplos Chave, cheirar, chumbo, chassi, chuchu, chiripá, mochila, espada chin, salsicha, chope, checar, sanduiche, aseviche

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TÓPICO 2 – Regras de acentuação gráfica. Objetivos do tópico:

• Justificar a acentuação correta das palavras oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas.

Da acentuação gráfica das palavras oxítonas

1º-) Acentuam-se com acento agudo:

As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas abertas grafas -a, -e ou -o,

seguidas ou não de -s: está, estás, olá; até, olé, pontapé(s), avó(s), dominó(s), paletó(s),

só(s).

Obs.: Em algumas (poucas) palavras oxítonas terminadas em -e tónico/tônico, geralmente

provenientes do francês, esta vogal, por ser articulada nas pronúncias cultas ora como

aberta ora como fechada, admite tanto o acento agudo como o acento circunflexo: bebé

ou bebê, bidé ou bidê, canapé ou canapê, caraté ou caratê, croché ou crochê, guiché ou

guichê, matiné ou matinê, nené ou nenê, ponjé ou ponjê, puré ou purê, rapé ou rapê.

O mesmo se verifica com formas como cocó e cocô, ró (letra do alfabeto grego) e rô. São

igualmente admitidas formas como judô, a par de judo, e metrô, a par de metro.

b) As formas verbais oxítonas, quando, conjugadas com os pronomes clíticos lo(s) ou la(s),

ficam a terminar na vogal tónica/tônica aberta grafada -a, após a assimilação e perda das

consoantes finais grafadas -r, -s ou -z: adorá-lo(s) (de adorar-lo(s)), á-la(s) (de ar-la(s) ou

dá(s)-la(s)), fá-lo(s) (de faz-lo(s)), fá-lo(s)-ás (de far-lo(s)-ás), habitá-la(s) iam (de habitar-

la(s)- iam), trá-la(s)-á (de trar-la(s)-á);

c) As palavras oxítonas com mais de uma sílaba terminadas no ditongo nasal grafado em

(exceto as formas da 3ª- pessoa do plural do presente do indicativo dos compostos de ter e

vir: retêm, sustêm; advêm, provêm; etc.) ou -ens: acém, detém, deténs, entretém,

entreténs, harém, haréns, porém, provém, provéns, também;

d) As palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados -éi, -éu ou -ói, podendo estes

dois últimos ser seguidos ou não de -s: anéis, batéis, fiéis, papéis; céu(s), chapéu(s),

ilhéu(s), véu(s); corrói (de corroer), herói(s), remói (de remoer), sóis.

2º-) Acentuam-se com acento circunflexo:

a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se grafam -e ou

-o, seguidas ou não de -s: cortês, dê, dês (de dar), lê, lês (de ler), português, você(s); avô(s),

pôs (de pôr), robô(s);

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b) As formas verbais oxítonas, quando, conjugadas com os pronomes clíticos -lo(s) ou la(s),

ficam a terminar nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se grafam -e ou -o, após a

assimilação e perda das consoantes finais grafadas -r, -s ou -z: detê-lo(s) (de deter-lo(s)),

fazê-la(s) (de fazer-la(s)), fê-lo(s) (de fez-lo(s)), vê-la(s) (de ver-la(s)), compô la(s) (de

compor-la(s)), repô-la(s) (de repor-la(s)), pô-la(s) (de por-la(s) ou pôs-la(s)).

3º-) Prescinde-se de acento gráfico para distinguir palavras oxítonas homógrafas, mas

heterofónicas/heterofônicas, do tipo de cor (ô), substantivo, e cor (ó), elemento da locução

de cor; colher (ê), verbo, e colher (é), substantivo. Excetua-se a forma verbal pôr, para a

distinguir da preposição por.

Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas

1º-) As palavras paroxítonas não são em geral acentuadas graficamente: enjoo, grave,

homem, mesa, Tejo, vejo, velho, voo; avanço, floresta; abençoo, angolano, brasileiro;

descobrimento, graficamente, moçambicano.

2º-) Recebem, no entanto, acento agudo:

a) As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tónica/tônica, as vogais abertas

grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -l, -n, -r, -x e -ps, assim como, salvo raras

exceções, as respectivas formas do plural, algumas das quais passam a proparoxítonas:

amável (pl. amáveis), Aníbal, dócil (pl. dóceis) dúctil (pl. dúcteis), fóssil (pl. fósseis) réptil (pl.

répteis: var. reptil, pl. reptis); cármen (pl. cármenes ou carmens; var. carme, pl. carmes);

dólmen (pl. dólmenes ou dolmens), éden (pl. édenes ou edens), líquen (pl. líquenes), lúmen

(pl. lúmenes ou lumens); açúcar (pl. açúcares), almíscar (pl. almíscares), cadáver (pl.

cadáveres), caráter ou carácter (mas pl. carateres ou caracteres), ímpar (pl. ímpares); Ajax,

córtex (pl. córtex; var. córtice, pl. córtices), índex (pl. índex; var. índice, pl. índices), tórax

(pl. tórax ou tóraxes; var. torace, pl. toraces); bíceps (pl. bíceps; var. bicípite, pl. bicípites),

fórceps (pl. fórceps; var. fórcipe, pl. fórcipes).

Obs.: Muito poucas palavras deste tipo, com as vogais tónicas/tônicas grafadas e e o em

fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam oscilação de

timbre nas pronúncias cultas da língua e, por conseguinte, também de acento gráfico

(agudo ou circunflexo): sémen e sêmen, xénon e xênon; fémur e fêmur, vómer e vômer;

Fénix e Fênix, ónix e ônix.

b) As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tónica/tônica, as vogais abertas

grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -ã(s), -ão(s), -ei(s), -i(s), -um, -uns ou -us:

órfã (pl. órfãs), acórdão (pl. acórdãos), órfão (pl. órfãos), órgão (pl. órgãos), sótão (pl.

sótãos); hóquei, jóquei (pl. jóqueis), amáveis (pl. de amável), fáceis (pl. de fácil), fósseis (pl.

de fóssil), amáreis (de amar), amáveis (id.), cantaríeis (de cantar), fizéreis (de fazer),

fizésseis (id.); beribéri (pl. beribéris), bílis (sg. e pl.), iris (sg. e pl.), júri (pl. júris), oásis (sg. e

pl.); álbum (pl. álbuns), fórum (pl. fóruns); húmus (sg. e pl.), vírus (sg. e pl.).

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Obs.: Muito poucas paroxítonas deste tipo, com as vogais tónicas/ tônicas grafadas e e oem

fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam oscilação de

timbre nas pronúncias cultas da língua, o qual é assinalado com acento agudo, se aberto,

ou circunflexo, se fechado: pónei e pônei; gónis e gônis, pénis e pênis, ténis e tênis; bónus

e bônus, ónus e ônus, tónus e tônus, Vénus e Vênus.

3º) Não se acentuam graficamente os ditongos representados por ei e oi da sílaba

tónica/tônica das palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em muitos casos entre o

fechamento e a abertura na sua articulação: assembleia, boleia, ideia, tal como aldeia,

baleia, cadeia, cheia, meia; coreico, epopeico, onomatopeico, proteico; alcaloide, apoio (do

verbo apoiar), tal como apoio (subst.), Azoia, boia, boina, comboio (subst.), tal como

comboio, comboias etc. (do verbo comboiar), dezoito, estroina, heroico, introito, jiboia,

moina, paranoico, zoina.

4º-) É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito do

indicativo, do tipo amámos, louvámos, para as distinguir das correspondentes formas do

presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tónica/tônica é

aberto naquele caso em certas variantes do português.

5º-) Recebem acento circunflexo:

a) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas com a

grafia a, e, o e que terminam em -l, -n, -r ou -x, assim como as respectivas formas do plural,

algumas das quais se tornam proparoxítonas: cônsul (pl. cônsules), pênsil (pl. pênseis),

têxtil (pl. têxteis); cânon, var. cânone, (pl. cânones), plâncton (pl. plânctons); Almodôvar,

aljôfar (pl. aljôfares), âmbar (pl. âmbares), Câncer, Tânger; bômbax (sg. e pl.), bômbix, var.

bômbice, (pl. bômbices).

b) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas com a

grafia a, e, o e que terminam em -ão(s), -eis, -i(s) ou -us: benção(s), côvão(s), Estêvão,

zángão(s); devêreis (de dever), escrevêsseis (de escrever), fôreis (de ser e ir), fôsseis (id.),

pênseis (pl. de pênsil), têxteis (pl. de têxtil); dândi(s), Mênfis; ânus.

c) As formas verbais têm e vêm, 3 a-s pessoas do plural do presente do indicativo de ter e

vir, que são foneticamente paroxítonas (respectivamente / t ã j ã j /, / v ã j ã j / ou / t j /, / v

j / ou ainda / t j j /, / v j j /; cf. as antigas grafias preteridas, têem, vêem), a fim de se

distinguirem de tem e vem, 3a -s pessoas do singular do presente do indicativo ou 2 a-s

pessoas do singular do imperativo; e também as correspondentes formas compostas, tais

como: abstêm (cf. abstém), advêm (cf. advém), contêm (cf. contém), convêm (cf. convém),

desconvêm (cf. desconvém), detêm (cf. detém), entretêm (cf. entretém), intervêm (cf.

inter- vém), mantêm (cf. mantém), obtêm (cf. obtém), provêm (cf. provém), sobrevêm (cf.

sobrevém).

Obs.: Também neste caso são preteridas as antigas grafias detêem, intervêem, mantêem,

provêem etc.

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6º-) Assinalam-se com acento circunflexo:

a) Obrigatoriamente, pôde (3ª- pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo), que

se distingue da correspondente forma do presente do indicativo (pode).

b) Facultativamente, dêmos (1ª- pessoa do plural do presente do conjuntivo), para se

distinguir da correspondente forma do pretérito perfeito do indicativo (demos); fôrma

(substantivo), distinta de forma (substantivo: 3ª- pessoa do singular do presente do

indicativo ou 2ª- pessoa do singular do imperativo do verbo formar).

7º-) Prescinde-se de acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contêm um e

tónico/tônico oral fechado em hiato com a terminação -em da 3ª- pessoa do plural do

presente do indicativo ou do conjuntivo, conforme os casos: creem, deem (conj.),

descreem, desdeem (conj.), leem, preveem, redeem (conj.), releem, reveem, tresleem,

veem.

8º-) Prescinde-se igualmente do acento circunflexo para assinalar a vogal tónica/tônica

fechada com a grafia o em palavras paroxítonas como enjoo, substantivo e flexão de

enjoar, povoo, flexão de povoar, voo, substantivo e flexão de voar etc.

9º-) Prescinde-se, do acento agudo e do circunflexo para distinguir palavras paroxítonas

que, tendo respectivamente vogal tónica/tônica aberta ou fechada, são homógrafas de

palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de

parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação

de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (ê), substantivo ou combinação de per e

lo(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s); etc.

10º-) Prescinde-se igualmente de acento gráfico para distinguir paroxítonas homógrafas

heterofónicas/heterofônicas do tipo de acerto (ê), substantivo e acerto (é), flexão de

acertar; acordo (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão de acordar; cerca (ê), substantivo,

advérbio e elemento da locução prepositiva cerca de, e cerca (é), flexão de cercar; coro (ô),

substantivo, e coro (ó), flexão de corar; deste (ê), contracção da preposição de com o

demonstrativo este, e deste (é), flexão de dar; fora (ô), flexão de ser e ir, e fora (ó),

advérbio, interjeição e substantivo; piloto (ô), substantivo e piloto (ó), flexão de pilotar;

etc.

Da acentuação das palavras proparoxítonas

1º-) Levam acento agudo:

a) As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica as vogais abertas

grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal aberta: árabe, cáustico,

Cleópatra, esquálido, exército, hidráulico, líquido, míope, músico, plástico, prosélito,

público, rústico, tétrico, último;

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b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam na sílaba tónica/tônica

as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal aberta, e

que terminam por sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas praticamente consideradas

ditongos crescentes (-ea, -eo, -ia, -ie, -io, -oa, -ua, -uo etc.): álea, náusea; etéreo, níveo;

enciclopédia, glória; barbárie, série; lírio, prélio; mágoa, nódoa; exígua, língua; exíguo,

vácuo.

2º-) Levam acento circunflexo:

a) As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica vogal fechada ou

ditongo com a vogal básica fechada: anacreôntico, brêtema, cânfora, cômputo, devêramos

(de dever), dinâmico, êmbolo, excêntrico, fôssemos (de ser e ir), Grândola, hermenêutica,

lâmpada, lôstrego, lôbrego, nêspera, plêiade, sôfrego, sonâmbulo, trôpego;

b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam vogais fechadas na

sílaba tónica/tônica, e terminam por sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas

praticamente consideradas como ditongos crescentes: amêndoa, argênteo, côdea, Islândia,

Mântua, serôdio.

3º-) Levam acento agudo ou acento circunflexo as palavras proparoxítonas, reais ou

aparentes, cujas vogais tónicas/tônicas grafadas e ou o estão em final de sílaba e são

seguidas das consoantes nasais grafadas m ou n, conforme o seu timbre é,

respectivamente, aberto ou fechado nas pronúncias cultas da língua:

académico/acadêmico, anatómico/ anatômico, cénico/cênico, cómodo/cômodo,

fenómeno/fenômeno, género/gênero, topónimo/topônimo; Amazónia/Amazônia, Antó-

nio/Antônio, blasfémia/blasfêmia, fémea/fêmea, gémeo/gêmeo, génio/ gênio,

ténue/tênue.

TREMA

O trema foi abolido de todas as palavras da língua portuguesa. Essa marcação servia, originalmente, para destacar a pronúncia do u nas combinações que, qui, gue e gui. A partir de agora, portanto, escreve-se aguentar, alcaguetar, ambiguidade, bilíngue, cinquenta, consequência, eloquente, enxágue, equestre, frequentar, linguiça, linguística, pinguim, sequestro, tranquilo, ubiquidade, etc. Porém, o trema é mantido em nomes próprios estrangeiros e suas derivações, como Bündchen, Schönberg, Müller e mülleriano, por exemplo.

antes agora

cinqüenta cinquenta

tranqüilo tranquilo

enxágüe enxágue

pingüim pinguim

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REGRA DO HÍFEN

A letra “H” é uma letra sem personalidade, sem som. Em “Helena”, não tem som; em “Hollywood”, tem som de “R”. Portanto, não misture um prefixo com “essa gente”.

pré-história anti-higiênico sub-hepático super-homem

Então, letras IGUAIS, SEPARA. Letras DIFERENTES, JUNTA.

Anti-inflamatório neoliberalismo

Supra-auricular extraoficial

Arqui-inimigo semicírculo

sub-bibliotecário superintendente

O “R” e o “S” são letras pra lá de valentes, feito Rambo e Super-homem. Por isso, se a juntarmos com uma vogal (“uma moça”), eles ficam “tão machos” que se dobram:

suprarrenal ultrassonografia

minissaia antisséptico

contrarregra megassaia

Entretanto, se o prefixo terminar em consoante (macho igual a eles), não se unem de jeito nenhum.

Sub-reino

ab-rogar

sob-roda

ATENÇÃO!

Quando dois “R” ou “S” se encontrarem, permanece a regra geral: letras iguais, SEPARA.

super-requintado super-realista

inter-resistente

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CONTINUAMOS A USAR O HÍFEN

Diante dos prefixos “ex-, sota-, soto-, vice- e vizo-“: Ex-diretor, Ex-hospedeira, Sota-piloto, Soto-mestre, Vice-presidente , Vizo-rei

Diante de “pós-, pré- e pró-“, quando TEM SOM FORTE E ACENTO.

pós-tônico, pré-escolar, pré-natal, pró-labore

pró-africano, pró-europeu, pós-graduação

Diante de “pan-, circum-, quando juntos de vogais.

Pan-americano, circum-escola

OBS. “Circunferência” – é junto, pois está diante da consoante “F”.

NOTA: Veja como fica estranha a pronúncia se não usarmos o hífen:

Exesposa, sotapiloto, panamericano, vicesuplente, circumescola.

ATENÇÃO!

Não se usa o hífen diante de “CO-, RE-, PRE” (SEM ACENTO)

Coordenar reedição preestabelecer

Coordenação refazer preexistir

Coordenador reescrever prever

Coobrigar relembrar

Cooperação reutilização

Cooperativa reelaborar

O ideal para memorizar essas regras, lembre-se, é conhecer e usar pelo menos uma palavra de cada prefixo. Quando bater a dúvida numa palavra, compare-a à palavra que você já sabe e escreva-a duas vezes: numa você usa o hífen, na outra não. Qual a certa? Confie na sua memória! Uma delas vai te parecer mais familiar.

REGRA GERAL (Resumindo)

Letras iguais, separa com hífen(-).

Letras diferentes, junta.

O “H” não tem personalidade, vai na “onda” dos outros. Separa (-).

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O “R” e o “S” são valentes. Se estão perto das vogais (mulherada) fica tão macho que viram DOIS. Mas

não se juntam com consoantes (Cabra macho).

TÓPICO 3 - Pontuação Objetivos do tópico:

• Empregar corretamente os sinais de pontução. Para que servem os sinais de pontuação? No geral, para representar pausas na fala, nos

casos do ponto, vírgula e ponto e vírgula; ou entonações, nos casos do ponto de

exclamação e de interrogação, por exemplo.

Além de pausa na fala e entonação da voz, os sinais de pontuação reproduzem, na escrita,

nossas emoções, intenções e anseios.

Vejamos aqui alguns empregos:

1. Vírgula (,)

É usada para:

a) separar termos que possuem mesma função sintática na oração: O menino berrou,

chorou, esperneou e, enfim, dormiu.

Nessa oração, a vírgula separa os verbos.

b) isolar o vocativo: Então, minha cara, não há mais o que se dizer!

c) isolar o aposto: O João, ex-integrante da comissão, veio assistir à reunião.

d) isolar termos antecipados, como complemento ou adjunto:

1. Uma vontade indescritível de beber água, eu senti quando olhei para aquele copo suado!

(antecipação de complemento verbal)

2. Nada se fez, naquele momento, para que pudéssemos sair! (antecipação de adjunto

adverbial)

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e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos: isto é, ou seja, por exemplo,

além disso, pois, porém, mas, no entanto, assim, etc.

f) separar os nomes dos locais de datas: Brasília, 30 de janeiro de 2009.

g) isolar orações adjetivas explicativas: O filme, que você indicou para mim, é muito mais

do que esperava.

2. Pontos

2.1 - Ponto-final (.)

É usado ao final de frases para indicar uma pausa total:

a) Não quero dizer nada.

b) Eu amo minha família.

E em abreviaturas: Sr., a. C., Ltda., vv., num., adj., obs.

2.2 - Ponto de Interrogação (?)

O ponto de interrogação é usado para:

a) Formular perguntas diretas:

Você quer ir conosco ao cinema?

Desejam participar da festa de confraternização?

b) Para indicar surpresa, expressar indignação ou atitude de expectativa diante de uma

determinada situação:

O quê? não acredito que você tenha feito isso! (atitude de indignação)

Não esperava que fosse receber tantos elogios! Será que mereço tudo isso? (surpresa)

Qual será a minha colocação no resultado do concurso? Será a mesma que imagino?

(expectativa)

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2. 3 – Ponto de Exclamação (!)

Esse sinal de pontuação é utilizado nas seguintes circunstâncias:

a) Depois de frases que expressem sentimentos distintos, tais como: entusiasmo, surpresa,

súplica, ordem, horror, espanto:

Iremos viajar! (entusiasmo)

Foi ele o vencedor! (surpresa)

Por favor, não me deixe aqui! (súplica)

Que horror! Não esperava tal atitude. (espanto)

Seja rápido! (ordem)

b) Depois de vocativos e algumas interjeições:

Ui! que susto você me deu. (interjeição)

Foi você mesmo, garoto! (vocativo)

c) Nas frases que exprimem desejo:

Oh, Deus, ajude-me!

Observações dignas de nota:

* Quando a intenção comunicativa expressar, ao mesmo tempo, questionamento e

admiração, o uso dos pontos de interrogação e exclamação é permitido. Observe:

Que que eu posso fazer agora?!

* Quando se deseja intensificar ainda mais a admiração ou qualquer outro sentimento, não

há problema algum em repetir o ponto de exclamação ou interrogação. Note:

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Não!!! – gritou a mãe desesperada ao ver o filho em perigo.

3. Ponto e vírgula (;)

É usado para:

a) separar itens enumerados:

A Matemática se divide em:

- geometria;

- álgebra;

- trigonometria;

- financeira.

b) separar um período que já se encontra dividido por vírgulas: Ele não disse nada, apenas

olhou ao longe, sentou por cima da grama; queria ficar sozinho com seu cão.

4. Dois-pontos (:)

É usado quando:

a) se vai fazer uma citação ou introduzir uma fala:

Ele respondeu: não, muito obrigado!

b) se quer indicar uma enumeração:

Quero lhe dizer algumas coisas: não converse com pessoas estranhas, não brigue com seus

colegas e não responda à professora.

5. Aspas (“”)

São usadas para indicar:

a) citação de alguém: “A ordem para fechar a prisão de Guantánamo mostra um início

firme. Ainda na edição, os 25 anos do MST e o bloqueio de 2 bilhões de dólares do

Oportunity no exterior” (Carta Capital on-line, 30/01/09)

b) expressões estrangeiras, neologismos, gírias: Nada pode com a propaganda de

“outdoor”.

6. Reticências (...)

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São usadas para indicar supressão de um trecho, interrupção ou dar ideia de continuidade

ao que se estava falando:

a) (...) Onde está ela, Amor, a nossa casa,

O bem que neste mundo mais invejo?

O brando ninho aonde o nosso beijo

Será mais puro e doce que uma asa? (...)

b) E então, veio um sentimento de alegria, paz, felicidade...

c) Eu gostei da nova casa, mas do quintal...

7. Parênteses ( )

São usados quando se quer explicar melhor algo que foi dito ou para fazer simples

indicações.

Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depois saiu. (o e aparece repetido e, por isso, há o

predomínio de vírgulas).

8. Travessão (–)

O travessão é indicado para:

a) Indicar a mudança de interlocutor em um diálogo:

- Quais ideias você tem para revelar?

- Não sei se serão bem-vindas.

- Não importa, o fato é que assim você estará contribuindo para a elaboração deste

projeto.

b) Separar orações intercaladas, desempenhando as funções da vírgula e dos parênteses:

Precisamos acreditar sempre – disse o aluno confiante – que tudo irá dar certo.

Não aja dessa forma – falou a mãe irritada – pois pode ser arriscado.

c) Colocar em evidência uma frase, expressão ou palavra:

O prêmio foi destinado ao melhor aluno da classe – uma pessoa bastante esforçada.

Gostaria de parabenizar a pessoa que está discursando – meu melhor amigo.

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AULA 2 - Sintaxe

A Sintaxe é a parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das

frases no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si. Ao emitir uma

mensagem verbal, o emissor procura transmitir um significado completo e

compreensível. Para isso, as palavras são relacionadas e combinadas entre si. A

sintaxe é um instrumento essencial para o manuseio satisfatório das múltiplas

possibilidades que existem para combinar palavras e orações.

Objetivos

• Reconhecer a frase, a oração e o período. • Diferenciar o period simples de um composto. • Identificar os termos essenciais da oração. • Classificar o sujeito em simples, composto, indeterminado e/ou ocultos. • Reconhecer a oração sem sujeito, identificando os principais casos em que

ocorrem. • Distinguir e classificar o predicado e o nominal, verbal e verbonominal. • Classificar o predicado conforme a predicação verbal e seus complementos. • Identificar o predicativo do sujeito. • Classificar os termos integrantes da oração. • Distinguir o complemento nominal do complemento verbal. • Distinguir os complementos verbais. • Reconhecer o agente da passiva na oração. • Classificar os termos acessórios da oração. • Distinguir os adjuntos adverbiais dos adjuntos adnominais. • Reconhecer o aposto de vocativo. • Classificar o período composto por coordenação e subordinação. • Reconhecer e classificar as orações coordenadas. • Reconhecer e classificar as orações subordinadas. • Identificar a concordância nominal e verbal. • Identificar os casos em deve conter próclise, ênclise e mesóclise para que se

efetive o uso correto dos pronomes quanto a sua colocação.

TÓPICO 1 - FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO

Frase

Frase é todo enunciado de sentido completo, podendo ser formada por uma só palavra ou por várias, podendo ter verbos ou não. A frase exprime, através da fala ou da escrita:

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ideias emoções ordens apelos

A frase se define pelo seu propósito comunicativo, ou seja, pela sua capacidade de, num intercâmbio linguístico, transmitir um conteúdo satisfatório para a situação em que é utilizada.

Exemplos:

O Brasil possui um grande potencial turístico. Espantoso! Não vá embora. Silêncio! O telefone está tocando.

Observação: a frase que não possui verbo denomina-se Frase Nominal.

Na língua falada, a frase é caracterizada pela entoação, que indica nitidamente seu início e seu fim. A entoação pode vir acompanhada por gestos, expressões do rosto, do olhar, além de ser complementada pela situação em que o falante se encontra. Esses fatos contribuem para que frequentemente surjam frases muito simples, formadas por apenas uma palavra. Observe:

Rua! Ai!

Essas palavras, dotadas de entoação própria, e acompanhadas de gestos peculiares, são suficientes para satisfazer suas necessidades expressivas.

Na língua escrita, a entoação é representada pelos sinais de pontuação, os quais procuram sugerir a melodia frasal. Desaparecendo a situação viva, o contexto é fornecido pelo próprio texto, o que acaba tornando necessário que as frases escritas sejam linguisticamente mais completas. Essa maior complexidade linguística leva a frase a obedecer as regras gerais da língua. Portanto, a organização e a ordenação dos elementos formadores da frase devem seguir os padrões da língua. Por isso é que:

As meninas estavam alegres.

constitui uma frase, enquanto:

Alegres meninas estavam as.

não é considerada uma frase da língua portuguesa.

Tipos de Frases

Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só podem ser integralmente captados se atentarmos para o contexto em que são empregadas. É o caso, por exemplo, das situações em que se explora a ironia. Pense, por exemplo, na frase "Que educação!", usada quando

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se vê alguém invadindo, com seu carro, a faixa de pedestres. Nesse caso, ela expressa exatamente o contrário do que aparentemente diz.

A entoação é um elemento muito importante da frase falada, pois nos dá uma ampla possibilidade de expressão. Dependendo de como é dita, uma frase simples como "É ela." pode indicar constatação, dúvida, surpresa, indignação, decepção, etc. Na língua escrita, os sinais de pontuação podem agir como definidores do sentido das frases. Veja:

Existem alguns tipos de frases cuja entoação é mais ou menos previsível, de acordo com o sentido que transmitem. São elas:

a) Frases Interrogativas: ocorrem quando uma pergunta é feita pelo emissor da mensagem. São empregadas quando se deseja obter alguma informação. A interrogação pode ser direta ou indireta.

Você aceita um copo de suco? (Interrogação direta) Desejo saber se você aceita um copo de suco. (Interrogação indireta)

b) Frases Imperativas: ocorrem quando o emissor da mensagem dá uma ordem, um conselho ou faz um pedido, utilizando o verbo no modo imperativo. Podem ser afirmativas ou negativas.

Faça-o entrar no carro! (Afirmativa) Não faça isso. (Negativa) Dê-me uma ajudinha com isso! (Afirmativa)

c) Frases Exclamativas: nesse tipo de frase o emissor exterioriza um estado afetivo. Apresentam entoação ligeiramente prolongada.

Por Exemplo: Que prova difícil! É uma delícia esse bolo!

d) Frases Declarativas: ocorrem quando o emissor constata um fato. Esse tipo de frase informa ou declara alguma coisa. Podem ser afirmativas ou negativas.

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Obrigaram o rapaz a sair. (Afirmativa) Ela não está em casa. (Negativa)

e) Frases Optativas: são usadas para exprimir um desejo.

Por Exemplo:

Deus te acompanhe! Bons ventos o levem!

De acordo com a construção, as frases classificam-se em:

Frase Nominal: é a frase construída sem verbos.

Exemplos:

Fogo! Cuidado! Belo serviço o seu! Trabalho digno desse feirante.

Frase Verbal: é a frase construída com verbo.

Por Exemplo:

O sol ilumina a cidade e aquece os dias. Os casais saíram para jantar. A bola rolou escada abaixo.

Estrutura da Frase

As frases que possuem verbo são geralmente estruturadas a partir de dois elementos essenciais: sujeito epredicado. Isso não significa, no entanto, que tais frases devam ser formadas, no mínimo, por dois vocábulos. Na frase "Saímos", por exemplo, há um sujeito implícito na terminação do verbo: nós.

O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em número e pessoa. É normalmente o "ser de quem se declara algo", "o tema do que se vai comunicar".

O predicado é a parte da frase que contém "a informação nova para o ouvinte". Normalmente, ele se refere ao sujeito, constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. É sempre muito importante analisar qual é o núcleo significativo da declaração: se o núcleo da declaração estiver no verbo, teremos um predicado verbal(ocorre nas frases verbais); se o núcleo da declaração estiver em algum nome, teremos um predicado nominal(ocorre nas frases nominais que possuem verbo de ligação).

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Observe:

O amor é eterno.

O tema, o ser de quem se declara algo, o sujeito, é "O amor". A declaração referente a "o amor", ou seja, o predicado, é "é eterno". É um predicado nominal, pois seu núcleo significativo é o nome "eterno". Já na frase:

Os rapazes jogam futebol.

O sujeito é "Os rapazes", que identificamos por ser o termo que concorda em número e pessoa com o verbo"jogam". O predicado é "jogam futebol", cujo núcleo significativo é o verbo "jogam". Temos, assim, um predicado verbal.

Oração

Uma frase verbal pode ser também uma oração. Para isso é necessário:

- que o enunciado tenha sentido completo;

- que o enunciado tenha verbo (ou locução verbal).

Por Exemplo:

Camila terminou a leitura do livro.

Obs.: Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como partes de um conjunto harmônico: elas são os termos ou as unidades sintáticas da oração. Assim, cada termo da oração desempenha uma função sintática.

Atenção:

Nem toda frase é oração.

Por Exemplo:

Que dia lindo!

Esse enunciado é frase, pois tem sentido.

Esse enunciado não é oração, pois não possui verbo.

Assim, não possuem estrutura sintática, portanto não são orações, frases como:

Socorro! - Com Licença! - Que rapaz ignorante!

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A frase pode conter uma ou mais orações. Veja:

Brinquei no parque. (uma oração) Entrei na casa e sentei-me. (duas orações) Cheguei, vi, venci. (três orações)

Período

Período é a frase constituída de uma ou mais orações, formando um todo, com sentido completo. O período pode ser simples ou composto.

Período Simples: é aquele constituído por apenas uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.

Exemplos:

O amor é eterno. As plantas necessitam de cuidados especiais. Quero aquelas rosas. O tempo é o melhor remédio.

Período Composto: é aquele constituído por duas ou mais orações.

Exemplos:

Quando você partiu minha vida ficou sem alegrias. Quero aquelas flores para presentear minha mãe. Vou gritar para todos ouvirem que estou sabendo o que acontece ao anoitecer. Cheguei, jantei e fui dormir.

Saiba que:

Como toda oração está centrada num verbo ou numa locução verbal, a maneira prática de saber quantas orações existem num período é contar os verbos ou locuções verbais.

Objetivos da Análise Sintática

A análise sintática tem como objetivo examinar a estrutura de um período e das orações que compõem um período.

Estrutura de um Período

Observe:

Conhecemos mais pessoas quando estamos viajando.

Ao analisarmos a estrutura do período acima, é possível identificar duas orações: Conhecemos mais pessoase quando estamos viajando.

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Termos da Oração

No período "Conhecemos mais pessoas quando estamos viajando", existem seis palavras. Cada uma delas exerce uma determinada função nas orações. Em análise sintática, cada palavra da oração é chamada determo da oração. Termo é a palavra considerada de acordo com a função sintática que exerce na oração.

Segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira, os termos da oração podem ser:

1) Essenciais

Também conhecidos como termos "fundamentais", são representados pelo sujeito e predicado nas orações.

2) Integrantes

Completam o sentido dos verbos e dos nomes, são representados por:

complemento verbal - objeto direto e indireto; complemento nominal; agente da passiva.

3) Acessórios

Desempenham função secundária (especificam o substantivo ou expressam circunstância). São representados por:

adjunto adnominal; adjunto adverbial; aposto.

Obs.: O vocativo, em análise sintática, é um termo à parte: não pertence à estrutura da oração.

TÓPICO 2 - TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO

Sujeito e Predicado

Para que a oração tenha significado, são necessários alguns termos básicos: os termos essenciais. A oração possui dois termos essenciais, o sujeito e o predicado.

Sujeito: termo sobre o qual o restante da oração diz algo.

Por Exemplo:

As praias estão cada vez mais poluídas.

Sujeito

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Predicado: termo que contém o verbo e informa algo sobre o sujeito.

Por Exemplo:

As praias estão cada vez mais poluídas.

Predicado

Posição do Sujeito na Oração

Dependendo da posição de seus termos, a oração pode estar:

Na Ordem Direta: o sujeito aparece antes do predicado.

Por Exemplo:

As crianças brincavam despreocupadas.

Sujeito Predicado

Na Ordem Inversa: o sujeito aparece depois do predicado.

Brincavam despreocupadas as crianças.

Predicado Sujeito

Sujeito no Meio do Predicado:

Despreocupadas, as crianças brincavam.

Predicado Sujeito Predicado

Classificação do Sujeito

O sujeito das orações da língua portuguesa pode ser determinado ou indeterminado. Existem ainda asorações sem sujeito.

1 - Sujeito Determinado: é aquele que se pode identificar com precisão a partir da concordância verbal. Pode ser:

a) Simples

Apresenta apenas um núcleo ligado diretamente ao verbo.

Por Exemplo:

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A rua estava deserta.

Observação: não se deve confundir sujeito simples com a noção de singular. Diz-se que o sujeito é simples quando o verbo da oração se refere a apenas um elemento, seja ele um substantivo (singular ou plural), um pronome, um numeral ou uma oração subjetiva.

Por Exemplo:

Os meninos estão gripados. Todos cantaram durante o passeio.

b) Composto

Apresenta dois ou mais núcleos ligados diretamente ao verbo.

Tênis e natação são ótimos exercícios físicos.

c) Implícito

Ocorre quando o sujeito não está explicitamente representado na oração, mas pode ser identificado.

Por Exemplo:

Dispensamos todos os funcionários.

Nessa oração, o sujeito é simples e determinado, pois o sujeito nós é indicado pela desinência verbal - mos.

2 - Sujeito Indeterminado: é aquele que, embora existindo, não se pode determinar nem pelo contexto, nem pela terminação do verbo. Na língua portuguesa, há três maneiras diferentes de indeterminar o sujeito de uma oração:

a) Com verbo na 3ª pessoa do plural:

O verbo é colocado na terceira pessoa do plural, sem que se refira a nenhum termo identificado anteriormente (nem em outra oração):

Por Exemplo:

Procuraram você por todos os lugares. Estão pedindo seu documento na entrada da festa.

b) Com verbo ativo na 3ª pessoa do singular, seguido do pronome se:

O verbo vem acompanhado do pronome se, que atua como índice de indeterminação do sujeito. Essa construção ocorre com verbos que não

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apresentam complemento direto (verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação). O verbo obrigatoriamente fica na terceira pessoa do singular.

Exemplos:

Vive-se melhor no campo. (Verbo Intransitivo) Precisa-se de técnicos em informática. (Verbo Transitivo Indireto) No casamento, sempre se fica nervoso. (Verbo de Ligação)

Entendendo a Partícula Se

As construções em que ocorre a partícula se podem apresentar algumas dificuldades quanto à classificação do sujeito.

Veja:

a) Aprovou-se o novo candidato.

Sujeito

Aprovaram-se os novos candidatos.

Sujeito

b) Precisa-se de professor. (Sujeito Indeterminado)

Precisa-se de professores. (Sujeito Indeterminado)

No caso a, o se é uma partícula apassivadora e o verbo está na voz passiva sintética, concordando com o sujeito. Observe a transformação das frases para a voz passiva analítica:

O novo candidato foi aprovado.

Sujeito

Os novos candidatos foram aprovados.

Sujeito

No caso b, se é índice de indeterminação do sujeito e o verbo está na voz ativa. Nessas construções, o sujeito é indeterminado e o verbo fica sempre na 3ª pessoa do singular.

c) Com o verbo no infinitivo impessoal:

Por Exemplo:

Era penoso estudar todo aquele conteúdo. É triste assistir a estas cenas tão trágicas.

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Obs.: quando o verbo está na 3ª pessoa do plural, fazendo referência a elementos explícitos em orações anteriores ou posteriores, o sujeito é determinado.

Por Exemplo:

Felipe e Marcos foram à feira. Compraram muitas verduras.

Nesse caso, o sujeito de compraram é eles (Felipe e Marcos). Ocorre sujeito oculto.

3 - Oração Sem Sujeito: é formada apenas pelo predicado e articula-se a partir de um verbo impessoal. Observe a estrutura destas orações:

Sujeito Predicado

- Havia formigas na casa.

- Nevou muito este ano em Nova Iorque.

É possível constatar que essas orações não têm sujeito. Constituem a enunciação pura e absoluta de um fato, através do predicado. O conteúdo verbal não é atribuído a nenhum ser, a mensagem centra-se no processo verbal. Os casos mais comuns de orações sem sujeito da língua portuguesa ocorrem com:

a) Verbos que exprimem fenômenos da natureza:

Nevar, chover, ventar, gear, trovejar, relampejar, amanhecer, anoitecer, etc.

Por Exemplo:

Choveu muito no inverno passado. Amanheceu antes do horário previsto.

Observação: quando usados na forma figurada, esses verbos podem ter sujeito determinado.

Por Exemplo:

Choviam crianças na distribuição de brindes. (crianças=sujeito) Já amanheci cansado. (eu=sujeito)

b) Verbos ser, estar, fazer e haver, quando usados para indicar uma ideia de tempo ou fenômenos meteorológicos:

Ser:

É noite. (Período do dia) Eram duas horas da manhã. (Hora)

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Obs.: ao indicar tempo, o verbo ser varia de acordo com a expressão numérica que o acompanha. (Éuma hora/ São nove horas)

Hoje é (ou são) 15 de março. (Data)

Obs.: ao indicar data, o verbo ser poderá ficar no singular, subentendendo-se a palavra dia, ou então irá para o plural, concordando com o número de dias.

Estar:

Está tarde. (Tempo) Está muito quente.(Temperatura)

Fazer:

Faz dois anos que não vejo meu pai. (Tempo decorrido) Fez 39° C ontem. (Temperatura)

Haver:

Não a vejo há anos. (Tempo decorrido) Havia muitos alunos naquela aula. (Verbo Haver significando existir)

Atenção:

Com exceção do verbo ser, os verbos impessoais devem ser usados SEMPRE NA TERCEIRA PESSOA DO SINGULAR. Devemos ter cuidado com os verbos fazer e haver usados impessoalmente: não é possível usá-los no plural.

Por Exemplo:

Faz muitos anos que nos conhecemos. Deve fazer dias quentes na Bahia.

Veja outros exemplos:

Há muitas pessoas interessadas na reunião. Houve muitas pessoas interessadas na reunião. Havia muitas pessoas interessadas na reunião. Haverá muitas pessoas interessadas na reunião. Deve ter havido muitas pessoas interessadas na reunião. Pode ter havido muitas pessoas interessadas na reunião

Predicado

Predicado é aquilo que se declara a respeito do sujeito. Nele é obrigatória a presença de um verbo ou locução verbal. Quando se identifica o sujeito de uma oração, identifica-se também o predicado. Em termos, tudo o que difere do sujeito (e do vocativo, quando ocorrer) numa oração é o seu predicado. Veja alguns exemplos:

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As mulheres compraram roupas novas

Predicado

Durante o ano, muitos alunos desistem do curso.

Predicado

Predicado

A natureza é bela.

Predicado

OS VERBOS NO PREDICADO

Em todo predicado existe necessariamente um verbo ou uma locução verbal. Para analisar a importância do verbo no predicado, devemos considerar dois grupos distintos: os verbos nocionais e os não nocionais.

Os verbos nocionais são os que exprimem processos; em outras palavras, indicam ação, acontecimento, fenômeno natural, desejo, atividade mental:

Acontecer – considerar – desejar – julgar – pensar – querer – suceder – chover – correr fazer – nascer – pretender – raciocinar

Esses verbos são sempre núcleos dos predicados em que aparecem.

Os verbos não nocionais exprimem estado; são mais conhecidos como verbos de ligação.

Fazem parte desse grupo, entre outros:

Ser – estar – permanecer – continuar – andar – persistir – virar – ficar – achar-se - acabar – tornar-se – passar (a)

Os verbos não nocionais sempre fazem parte do predicado, mas não atuam como núcleos.

Para perceber se um verbo é nocional ou não nocional, é necessário considerar o contexto em que é usado. Assim, na oração:

Ela anda muito rápido.

O verbo andar exprime uma ação, atuando como um verbo nocional. Já na oração:

Ela anda triste.

O verbo exprime um estado, atuando como verbo não nocional.

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Predicação Verbal

Chama-se predicação verbal ao resultado da ligação que se estabelece entre o sujeito e o verbo e entre os verbos e os complementos. Quanto à predicação, os verbos podem ser intransitivos, transitivos ou de ligação.

1) Verbo Intransitivo

É aquele que traz em si a ideia completa da ação, sem necessitar, portanto, de um outro termo para completar o seu sentido. Sua ação não transita.

Por Exemplo:

O avião caiu.

O verbo cair é intransitivo, pois encerra um significado completo. Se desejar, o falante pode acrescentar outras informações, como:

local: O avião caiu sobre as casas da periferia.

modo: O avião caiu lentamente.

tempo: O avião caiu no mês passado.

Essas informações ampliam o significado do verbo, mas não são necessárias para que se compreenda a informação básica.

2) Verbo Transitivo

É o verbo que vem acompanhado por complemento: quem sente, sente algo; quem revela, revela algo a alguém. O sentido desse verbo transita, isto é, segue adiante, integrando-se aos complementos, para adquirir sentido completo. Veja:

S. Simples Predicado

As crianças precisam de carinho.

1 2

1= Verbo Transitivo 2= Complemento Verbal (Objeto)

O verbo transitivo pode ser:

a) Transitivo Direto: é quando o complemento vem ligado ao verbo diretamente, sem preposição obrigatória.

Por Exemplo:

Nós escutamos nossa música favorita.

42

1

1= Verbo Transitivo Direto

b) Transitivo Indireto: é quando o complemento vem ligado ao verbo indiretamente, com preposição obrigatória.

Por Exemplo:

Eu gosto de sorvete.

2

2 = Verbo Transitivo Indireto

de= preposição

c) Transitivo Direto e Indireto: é quando a ação contida no verbo transita para o complemento direta e indiretamente, ao mesmo tempo.

Por Exemplo:

Ela contou tudo ao namorado.

3

3= Verbo Transitivo Direto e Indireto

a= preposição

3) Verbo de Ligação

É aquele que, expressando estado, liga características ao sujeito, estabelecendo entre eles (sujeito e características) certos tipos de relações.

O verbo e ligação pode expressar:

a) estado permanente: ser, viver.

Por Exemplo:

Sandra é alegre. Sandra vive alegre.

b) estado transitório: estar, andar, achar-se, encontrar-se

Por Exemplo:

43

Mamãe está bem. Mamãe encontra-se bem.

c) estado mutatório: ficar, virar, tornar-se, fazer-se

Por Exemplo:

Júlia ficou brava. Júlia fez-se brava.

d) continuidade de estado: continuar, permanecer

Por Exemplo:

Renato continua mal. Renato permanece mal.

e) estado aparente: parecer

Por Exemplo:

Marta parece melhor.

Observação: a classificação do verbo quanto à predicação deve ser feita de acordo com o contexto e não isoladamente. Um mesmo verbo pode aparecer ora como intransitivo, ora como de ligação. Veja:

1 - O jovem anda devagar.

anda = verbo intransitivo, expressa uma ação.

2 - O jovem anda preocupado.

anda= verbo de ligação, expressa um estado.

Classificação do Predicado

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu núcleo significativo está num nome ou num verbo. Além disso, devemos considerar se as palavras que formam o predicado referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração. Veja o exemplo abaixo:

Os animais necessitam de cuidados especiais

Sujeito Predicado

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O predicado, apesar de ser formado por muitas palavras, apresenta apenas uma que se refere ao sujeito:necessitam. As demais palavras ligam-se direta ou indiretamente ao verbo (necessitar é, no caso, de algo), que assume, assim, o papel de núcleo significativo do predicado. Já em:

A natureza é bela

Sujeito Predicado

No exemplo acima, o nome bela se refere, por intermédio do verbo, ao sujeito da oração. O verbo agora atua como elemento de ligação entre sujeito e a palvra a ele relacionada. O núcleo do predicado é bela. Veja o próximo exemplo:

O dia amanheceu ensolarado

Sujeito Predicado

Percebemos que as duas palavras que formam o predicado estão diretamente relacionadas ao sujeito:amanheceu (verbo significativo) e ensolarado (nome que se refere ao sujeito). O predicado apresenta, portanto, dois núcleos: amanheceu e ensolarado.

Tomando por base o núcleo do que está sendo declarado, podemos reconhecer três tipos de predicado:verbal, nominal e verbo-nominal.

Predicado Verbal

Apresenta as seguintes características:

a) Tem um verbo como núcleo;

b) Não possui predicativo do sujeito;

c) Indica ação.

Por exemplo:

Eles revelaram toda a verdade para a filha.

Predicado Verbal

Para ser núcleo do predicado verbal, é necessário que o verbo seja significativo, isto é, que traga uma ideia de ação. Veja os exemplos abaixo:

O dia clareou. (núcleo do predicado verbal = clareou)

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Chove muito nos estados do sul do país. (núcleo do predicado verbal = Chove)

Ocorreu um acidente naquela rua. (núcleo do predicado verbal = Ocorreu)

A antiga casa foi demolida. (núcleo do predicado verbal = demolida)

Obs.: no último exemplo há uma locução verbal de voz passiva, o que não impede o verbo demolir de ser o núcleo do predicado.

Predicado Nominal

Apresenta as seguintes características:

a) Possui um nome (substantivo ou adjetivo) como núcleo;

b) É formado por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito;

c) Indica estado ou qualidade.

Por Exemplo:

Leonardo é competente. Predicado Nominal

No predicado nominal, o núcleo é sempre um nome, que desempenha a função de predicativo do sujeito. O predicativo do sujeito é um termo que caracteriza o sujeito, tendo como intermediário um verbo de ligação. Os exemplos abaixo mostram como esses verbos exprimem diferentes circunstâncias relativas ao estado do sujeito, ao mesmo tempo que o ligam ao predicativo.Veja:

Ele está triste. (triste = predicativo do sujeito, está = verbo de ligação)

A natureza é bela. (bela = predicativo do sujeito, é = verbo de ligação)

O homem parecia nervoso. (nervoso = predicativo do sujeito, parecia = verbo de ligação)

Nosso herói acabou derrotado. (derrotado = predicativo do sujeito, acabou = verbo de ligação)

Uma simples funcionária virou diretora da empresa. (diretora = predicativo do sujeito, virou = verbo de ligação)

Predicativo do Sujeito

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É o termo que atribui características ao sujeito por meio de um verbo. Todo predicado construído com verbo de ligação necessita de predicativo do sujeito. Pode ser representado por:

a) Adjetivo ou locução adjetiva:

Por Exemplo:

O seu telefonema foi especial. (especial = adjetivo) Este bolo está sem sabor. (sem sabor = locução adjetiva)

b) Substantivo ou palavra substantivada:

Por Exemplo:

Esta figura parece um peixe. (peixe = substantivo) Amar é um eterno recomeçar. (recomeçar = verbo substantivado)

c) Pronome Substantivo:

Por Exemplo:

Meu boletim não é esse. (esse = pronome substantivo)

d) Numeral:

Por Exemplo:

Nós somos dez ao todo. (dez = numeral)

Predicado Verbo-Nominal

Apresenta as seguintes características:

a) Possui dois núcleos: um verbo e um nome;

b) Possui predicativo do sujeito ou do objeto;

c) Indica ação ou atividade do sujeito e uma qualidade.

Por Exemplo:

Os alunos saíram da aula alegres.

Predicado Verbo-Nominal

O predicado é verbo-nominal porque seus núcleos são um verbo (saíram - verbo intransitivo), que indica uma ação praticada pelo sujeito, e um predicativo do sujeito (alegres), que indica o estado do sujeito no momento em que se desenvolve o

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processo verbal. É importante observar que o predicado dessa oração poderia ser desdobrado em dois outros, um verbal e um nominal. Veja:

Os alunos saíram da aula. Eles estavam alegres.

Estrutura do Predicado Verbo-Nominal

O predicado verbo-nominal pode ser formado de:

1 - Verbo Intransitivo + Predicativo do Sujeito

Por Exemplo:

Joana Partiu contente.

Sujeito Verbo Intransitivo Predicativo do Sujeito

2 - Verbo Transitivo + Objeto + Predicativo do Objeto

Por Exemplo:

A despedida deixou a mãe aflita.

Sujeito Verbo Transitivo Objeto Direto Predicativo do Objeto

3 - Verbo Transitivo + Objeto + Predicativo do Sujeito

Por Exemplo:

Os alunos cantaram emocionados aquela canção.

Sujeito Verbo Transitivo Predicativo do Sujeito Objeto Direto

Saiba que:

Para perceber como os verbos participam da relação entre o objeto direto e seu predicativo, basta passar a oração para voz passiva. Veja:

Voz Ativa:

As mulheres julgam os homens insensíveis.

Sujeito Verbo Significativo Objeto Direto Predicativo do Objeto

Voz Passiva:

Os homens são julgados insensíveis pelas mulheres.

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Verbo Significativo Predicativo do Objeto

O verbo julgar relaciona o complemento (os homens) com o predicativo (insensíveis). Essa relação se evidencia quando passamos a oração para a voz passiva.

Observação: o predicativo do objeto normalmente se refere ao objeto direto. Ocorre predicativo do objeto indireto com o verbo chamar. Assim, vem precedido de preposição.

Por Exemplo:

Todos o chamam de irresponsável. Chamou-lhe ingrato. (Chamou a ele ingrato

3 - TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO

Certos verbos ou nomes presentes numa oração não possuem sentido completo em si mesmos. Sua significação só se completa com a presença de outros termos, chamados integrantes. São eles:

complementos verbais (objeto direto e objeto indireto);

complemento nominal;

agente da passiva.

Complementos Verbais

Completam o sentido de verbos transitivos diretos e transitivos indiretos. São eles:

1) Objeto Direto

É o termo que completa o sentido do verbo transitivo direto, ligando-se a ele sem o auxílio necessário da preposição.

Por Exemplo:

Abri os braços ao vê-lo.

Objeto Direto

O objeto direto pode ser constituído:

a) Por um substantivo ou expressão substantivada.

Exemplos:

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O agricultor cultiva a terra./ Unimos o útil ao agradável.

b) Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos.

Exemplos:

Espero-o na minha festa. / Ela me ama.

c) Por qualquer pronome substantivo.

Exemplos:

Não veio ninguém à aula hoje. / O menino que conheci está la fora. / Onde você leu isso?

Atenção:

Em alguns casos, o objeto direto pode vir acompanhado de preposição facultativa. Isso pode ocorrer:

- quando o objeto é um substantivo próprio: Adoremos a Deus.

- quando o objeto é representado por um pronome pessoal oblíquo tônico: Ofenderam a mim, não a ele.

- quando o objeto é representado por um pronome substantivo indefinido: O diretor elogiou a todos.

- para evitar ambiguidade: Venceu ao inimigo o nosso colega.

Obs.: caso o objeto direto não viesse preposicionado, o sentido da oração ficaria ambíguo, pois não poderíamos apontar com precisão o sujeito (o nosso colega).

Saiba que:

Frequentemente, verbos intransitivos, podem aparecer como verbos transitivos diretos.

Por Exemplo:

A criança chorou lágrimas doídas pela perda da mãe. Objeto Direto

2) Objeto Indireto

É o termo que completa o sentido de um verbo transitivo indireto. Vem sempre regido de preposição clara ou subentendida. Atuam como objeto indireto os pronomes: lhe, lhes, me te, se, nos, vos.

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Exemplos:

Não desobedeço a meus pais.

Objeto Indireto

Preciso de ajuda. (Preposição clara "de")

Objeto Indireto

Enviei-lhe um recado. (Enviei a ele - a preposição a está subentendida)

Objeto Indireto

Obs.: muitas vezes o objeto indireto inicia-se com crase (à, àquele, àquela, àquilo). Isso ocorre quando o verbo exige a preposição "a", que acaba se contraindo com a palavra seguinte.

Por Exemplo: Entregaram à mãe o presente. (à = "a" preposição + "a" artigo definido)

Observações Gerais:

a) Pode ocorrer ainda o (objeto direto ou indireto) pleonástico, que consiste na retomada do objeto por um pronome pessoal, geralmente com a intenção de colocá-lo em destaque.

Por Exemplo: As mulheres, eu as vi na cozinha. (Objeto Direto) A todas vocês, eu já lhes forneci o pagamento mensal. (Objeto Indireto)

b) Os pronomes oblíquos o, a, os, as (e as variantes lo, la, los, las, no, na, nos, nas) são sempre objeto direto. Os pronomes lhe, lhes são sempre objeto indireto.

Exemplos: Eu a encontrei no quarto. (OD) Vou avisá-lo.(OD) Eu lhe pagarei um sorvete.(OI)

c) Os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos podem ser objeto direto ou indireto. Para determinar sua função sintática, podemos substituir esses pronomes por um substantivo: se o uso da preposição for obrigatório, então se trata de um objeto indireto; caso contrário, de objeto direto.

Por Exemplo:

Roberto me viu na escola.(OD)

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Substituindo-se "me" por um substantivo qualquer (amigo, por exemplo), tem-se: "Roberto viu o amigo na escola." Veja que a preposição não foi usada. Portanto, "me" é objeto direto.

Observe o próximo exemplo:

João me telefonou.(OI)

Substituindo-se "me" por um substantivo qualquer (amigo, por exemplo), tem-se: "João telefonou ao amigo". A preposição foi usada. Portanto, "me" é objeto indireto.

3) Complemento Nominal

É o termo que completa o sentido de uma palavra que não seja verbo. Assim, pode referir-se a substantivos, adjetivos ou advérbios, sempre por meio de preposição.

Exemplos:

Cecília tem orgulho da filha. substantivo complemento nominal

Ricardo estava consciente de tudo. adjetivo complemento nominal

A professora agiu favoravelmente aos alunos. advérbio complemento nominal

Saiba que:

O complemento nominal representa o recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um nome. É regido pelas mesmas preposições do objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de complementar verbos, complementa nomes (substantivos, adjetivos) e alguns advérbios em -mente.

4) Agente da Passiva

É o termo da frase que pratica a ação expressa pelo verbo quando este se apresenta na voz passiva. Vem regido comumente da preposição "por" e eventualmente da preposição "de".

Por Exemplo:

A vencedora foi escolhida pelos jurados. Sujeito Verbo Agente da Paciente Voz Passiva Passiva

Ao passar a frase da voz passiva para a voz ativa, o agente da passiva recebe o nome de sujeito. Veja:

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Os jurados escolheram a vencedora.

Sujeito Verbo Objeto Direto

Voz Ativa

Outros exemplos:

Joana é amada de muitos.

Sujeito Paciente Agente da Passiva

Essa situação já era conhecida de todos.

Sujeito Paciente Agente da Passiva

Observações:

a) O agente da passiva pode ser expresso por substantivos ou pronomes.

Por Exemplo:

O solo foi umedecido pela chuva. (substantivo) Este livro foi escrito por mim. (pronome)

b) Embora o agente da passiva seja considerado um termo integrante, pode muitas vezes ser omitido.

Por Exemplo:

O público não foi bem recebido. (pelos anfitriões)

4 - TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO

Sobre os Termos Acessórios

Existem termos que, apesar de dispensáveis na estrutura básica da oração, são importantes para a compreensão do enunciado. Ao acrescentar informações novas, esses termos:

- caracterizam o ser;

- determinam os substantivos;

- exprimem circunstância.

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São termos acessórios da oração: o adjunto adverbial, o adjunto adnominal e o aposto.

Vamos observar o exemplo:

Anoiteceu.

No exemplo acima, temos uma oração de predicado verbal formado por um verbo impessoal. Trata-se de uma oração sem sujeito. O verbo anoiteceu é suficiente para transmitir a mensagem enunciada. Poderíamos, no entanto, ampliar a gama de informações contidas nessa frase:

Por Exemplo:

Suavemente anoiteceu na cidade.

A ideia central continua contida no verbo da oração. Temos, agora, duas noções acessórias, circunstanciais, ligadas ao processo verbal: o modo como anoiteceu (suavemente) e o lugar onde anoiteceu (na cidade). A esses termos acessórios que indicam circunstâncias relativas ao processo verbal damos o nome de adjuntos adverbiais.

Agora, observe o que ocorre ao expandirmos um pouco mais a oração acima:

Por Exemplo:

Suavemente anoiteceu na deserta cidade do planalto.

Surgiram termos que ser referem ao substantivo cidade, caracterizando-o, delimitando-lhe o sentido. Trata-se de termos acessórios que se ligam a um nome, determinando-lhe o sentido. São chamados adjuntos adnominais.

Por último, analise a frase abaixo:

Fernando Pessoa era português.

Nessa oração, o sujeito é determinado e simples: Fernando Pessoa. Há ainda um predicativo do sujeito (português) relacionado ao sujeito pelo verbo de ligação (era). Trata-se, pois, de uma oração com predicado nominal. Note que a frase é capaz de comunicar eficientemente uma informação. Nada nos impede, no entanto, de enriquecer mais um pouco o conteúdo informativo. Veja:

Fernando Pessoa, o criador de poetas, era português.

Agora, além do núcleo do sujeito (Fernando Pessoa) há um termo que explica, que enfatiza esse núcleo: o criador de poetas. Esse termo é chamado de aposto

Adjunto Adverbial

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É o termo da oração que indica uma circunstância (dando ideia de tempo, lugar, modo, causa, finalidade, etc.). O adjunto adverbial é o termo que modifica o sentido de um verbo, de um adjetivo ou de um advérbio. Observe as frases abaixo:

Eles se respeitam muito.

Seu projeto é muito interessante.

O time jogou muito mal.

Nessas três orações, muito é adjunto adverbial de intensidade. No primeiro caso, intensifica a forma verbalrespeitam, que é núcleo do predicado verbal. No segundo, intensifica o adjetivo interessante, que é o núcleo do predicativo do sujeito. Na terceira oração, muito intensifica o advérbio mal, que é o núcleo do adjunto adverbial de modo.

Veja o exemplo abaixo:

Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.

Os termos em destaque estão indicando as seguintes circunstâncias:

amanhã indica tempo;

de bicicleta indica meio;

àquela velha praça indica lugar.

Sabendo que a classificação do adjunto adverbial se relaciona com a circunstância por ele expressa, os termos acima podem ser classificados, respectivamente em: adjunto adverbial de tempo, adjunto adverbial de meio e adjunto adverbial de lugar.

O adjunto adverbial pode ser expresso por:

1) Advérbio: O balão caiu longe.

2) Locução Adverbial: O balão caiu no mar.

3) Oração: Se o balão pegar fogo, avisem-me.

Observação: nem sempre é possível apontar com precisão a circunstância expressa por um adjunto adverbial. Em alguns casos, as diferentes possibilidades de interpretação dão origem a orações sugestivas.

Por Exemplo:

Entreguei-me calorosamente àquela causa.

É difícil precisar se calorosamente é um adjunto adverbial de modo ou de intensidade. Na verdade, parece ser uma fórmula de expressar ao mesmo tempo as duas

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circunstâncias. Por isso, é fundamental levar em conta o contexto em que surgem os adjuntos adverbiais

Classificação do Adjunto Adverbial

Listamos abaixo algumas circunstâncias que o adjunto adverbial pode exprimir. Não deixe de observar os exemplos.

Acréscimo

Por Exemplo:

Além da tristeza, sentia profundo cansaço.

Afirmação

Por Exemplo:

Sim, realmente irei partir. Ele irá com certeza.

Assunto

Por Exemplo:

Falávamos sobre futebol. (ou de futebol, ou a respeito de futebol).

Causa

Por Exemplo:

Com o calor, o poço secou. Não comentamos nada por discrição. O menor trabalha por necessidade.

Companhia

Por Exemplo:

Fui ao cinema com sua prima. Com quem você saiu? Sempre contigo irei estar.

Concessão

Por Exemplo:

Apesar do estado precário do gramado, o jogo foi ótimo.

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Condição

Por Exemplo:

Sem minha autorização, você não irá. Sem erros, não há acertos.

Conformidade

Por Exemplo: Fez tudo conforme o combinado. (ou segundo o combinado)

Dúvida

Por Exemplo:

Talvez seja melhor irmos mais tarde. Porventura, encontrariam a solução da crise? Quiçá acertemos desta vez.

Fim, finalidade

Por Exemplo:

Ela vive para o amor. Daniel estudou para o exame. Trabalho para o meu sustento. Viajei a negócio.

Frequência

Por Exemplo:

Sempre aparecia por lá. Havia reuniões todos os dias.

Instrumento

Por Exemplo:

Rodrigo fez o corte com a faca. O artista criava seus desenhos a lápis.

Intensidade

Por Exemplo:

A atleta corria bastante. O remédio é muito caro.

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Limite

Por Exemplo:

A menina andava correndo do quarto à sala.

Lugar

Por Exemplo:

Nasci em Porto Alegre. Estou em casa. Vive nas montanhas. Viajou para o litoral. "Há, em cada canto de minh’alma, um altar a um Deus diferente." (Álvaro de Campos)

Matéria

Por Exemplo:

Compunha-se de substâncias estranhas. Era feito de aço.

Meio

Por Exemplo:

Fui de avião. Viajei de trem. Enriqueceram mediante fraude.

Modo

Por Exemplo:

Foram recrutados a dedo. Fiquem à vontade. Esperava tranquilamente o momento decisivo.

Negação

Por Exemplo:

Não há erros em seu trabalho. Não aceitarei a proposta em hipótese alguma.

Preço

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Por Exemplo:

As casas estão sendo vendidas a preços muito altos.

Substituição ou troca

Por Exemplo:

Abandonou suas convicções por privilégios econômicos.

Tempo

Por Exemplo:

O escritório permanece aberto das 8h às 18h. Beto e Mara se casarão em junho. Ontem à tarde encontrou um velho amigo.

Adjunto Adnominal

É o termo que determina, especifica ou explica um substantivo. O adjunto adnominal possui função adjetivana oração, a qual pode ser desempenhada por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, pronomes adjetivos enumerais adjetivos. Veja o exemplo a seguir:

O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo de infância.

Sujeito Núcleo do

Predicado Verbal Objeto Direto Objeto Indireto

Na oração acima, os substantivos poeta, trabalhos e amigo são núcleos, respectivamente, do sujeito determinado simples, do objeto direto e do objeto indireto. Ao redor de cada um desses substantivos agrupam-se os adjuntos adnominais:

o artigo" o" e o adjetivo inovador referem-se a poeta;

o numeral dois e o adjetivo longos referem-se ao substantivo trabalhos;

o artigo" o" (em ao), o pronome adjetivo seu e a locução adjetiva de infância são adjuntos adnominais deamigo.

Observe como os adjuntos adnominais se prendem diretamente ao substantivo a que se referem, sem qualquer participação do verbo. Isso é facilmente notável quando substituímos um substantivo por um pronome: todos os adjuntos adnominais que estão ao redor do substantivo têm de acompanhá-lo nessa substituição.

Por Exemplo:

O notável poeta português deixou uma obra originalíssima.

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Ao substituirmos poeta pelo pronome ele, obteremos:

Ele deixou uma obra originalíssima.

As palavras "o", notável e português tiveram de acompanhar o substantivo poeta, por se tratar de adjuntos adnominais. O mesmo aconteceria se substituíssemos o substantivo obra pelo pronome a. Veja:

O notável poeta português deixou-a.

Saiba que:

A percepção de que o adjunto adnominal é sempre parte de um outro termo sintático que tem como núcleo um substantivo é importante para diferenciá-lo do predicativo do objeto. O predicativo do objeto é um termo que se liga ao objeto por intermédio de um verbo. Portanto, se substituirmos o núcleo do objeto por um pronome, o predicativo permanecerá na oração, pois é um termo que se refere ao objeto, mas não faz parte dele. Observe:

Sua atitude deixou os amigos perplexos.

Nessa oração, perplexos é predicativo do objeto direto (seus amigos). Se substituíssemos esse objeto direto por um pronome pessoal, obteríamos:

Sua atitude deixou-os perplexos.

Note que perplexos se refere ao objeto, mas não faz parte dele.

Distinção entre Adjunto Adnominal e Complemento Nominal

É comum confundir o adjunto adnominal na forma de locução adjetiva com complemento nominal. Para evitar que isso ocorra, considere o seguinte:

a) Somente os substantivos podem ser acompanhados de adjuntos adnominais; já os complementos nominais podem ligar-se a substantivos, adjetivos e advérbios. Assim, fica claro que o termo ligado por preposição a um adjetivo ou a um advérbio só pode ser complemento nominal. Quando não houver preposição ligando os termos, será um adjunto adnominal.

b) O complemento nominal equivale a um complemento verbal, ou seja, só se relaciona a substantivos cujos significados transitam. Portanto, seu valor é passivo, é sobre ele que recai a ação. O adjunto adnominal tem sempre valor ativo. Observe os exemplos:

Exemplo 1 : Camila tem muito amor à mãe.

A expressão "à mãe" classifica-se como complemento nominal, pois mãe é paciente de amar, recebe a ação de amar.

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Exemplo 2 : Vera é um amor de mãe.

A expressão "de mãe" classifica-se como adjunto adnominal, pois mãe é agente de amar, pratica a ação de amar.

Aposto

Aposto é um termo que se junta a outro de valor substantivo ou pronominal para explicá-lo ou especificá-lo melhor. Vem separado dos demais termos da oração por vírgula, dois-pontos ou travessão.

Por Exemplo:

Ontem, Segunda-feira, passei o dia com dor de cabeça.

Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem. Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo a que se relaciona porque poderia substituí-lo. Veja:

Segunda-feira passei o dia com dor de cabeça.

Obs.: após a eliminação de ontem, o substantivo Segunda-feira assume a função de adjunto adverbial de tempo.

Veja outro exemplo:

Aprecio todos os tipos de música: MPB, rock, blues, chorinho, samba, etc.

Objeto Direto Aposto do Objeto Direto

Se retirarmos o objeto da oração, seu aposto passa a exercer essa função:

Aprecio MPB, rock, blues, chorinho, samba, etc.

Objeto Direto

Obs.: o termo a que o aposto se refere pode desempenhar qualquer função sintática (inclusive a de aposto).

Por Exemplo:

Dona Aida servia o patrão, pai de Marina, menina levada.

Analisando a oração, temos:

pai de Marina = aposto do objeto direto patrão.

menina levada = aposto de Marina.

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Classificação do Aposto

De acordo com a relação que estabelece com o termo a que se refere, o aposto pode ser classificado em:

a) Explicativo:

A Ecologia, ciência que investiga as relações dos seres vivos entre si e com o meio em que vivem,adquiriu grande destaque no mundo atual.

b) Enumerativo:

A vida humana se compõe de muitas coisas: amor, trabalho, ação.

c) Resumidor ou Recapitulativo:

Vida digna, cidadania plena, igualdade de oportunidades, tudo isso está na base de um país melhor.

d) Comparativo:

Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.

e) Distributivo:

Drummond e Guimarães Rosa são dois grandes escritores, aquele na poesia e este na prosa.

f) Aposto de Oração:

Ela correu durante uma hora, sinal de preparo físico.

Além desses, há o aposto especificativo, que difere dos demais por não ser marcado por sinais de pontuação (vírgula ou dois-pontos). O aposto especificativo individualiza um substantivo de sentido genérico, prendendo-se a ele diretamente ou por meio de uma preposição, sem que haja pausa na entonação da frase:

Por Exemplo:

O poeta Manuel Bandeira criou obra de expressão simples e temática profunda. A rua Augusta está muito longe do rio São Francisco.

Atenção:

Para não confundir o aposto de especificação com adjunto adnominal, observe a seguinte frase:

A obra de Camões é símbolo da cultura portuguesa.

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Nessa oração, o termo em destaque tem a função de adjetivo: a obra camoniana. É, portanto, um adjunto adnominal.

Observações:

1) Os apostos, em geral, detacam-se por pausas, indicadas na escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo pausa, não haverá vírgulas.

Por Exemplo:

Acabo de ler o romance A moreninha.

2) Às vezes, o aposto pode vir precedido de expressões explicativas do tipo: a saber, isto é, por exemplo, etc.

Por Exemplo:

Alguns alunos, a saber, Marcos, Rafael e Bianca não entraram na sala de aula após o recreio.

3) O aposto pode aparecer antes do termo a que se refere.

Por Exemplo:

Código universal, a música não tem fronteiras.

4) O aposto que se refere ao objeto indireto, complemento nominal ou adjunto adverbial pode aparecer precedido de preposição.

Por Exemplo:

Estava deslumbrada com tudo: com a aprovação, com o ingresso na universidade, com as felicitações.

Vocativo

Vocativo é um termo que não possui relação sintática com outro termo da oração. Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É o termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético. Por seu caráter, geralmente se relaciona à segunda pessoa do discurso. Veja os exemplos:

Não fale tão alto, Rita! Vocativo

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Senhor presidente, queremos nossos direitos! Vocativo A vida, minha amada, é feita de escolhas. Vocativo

Nessas orações, os termos destacados são vocativos: indicam e nomeiam o interlocutor a que se está dirigindo a palavra.

Obs.: o vocativo pode vir antecedido por interjeições de apelo, tais como ó, olá, eh!, etc.

Por Exemplo:

Ó Cristo, iluminai-me em minhas decisões. Olá professora, a senhora está muito elegante hoje! Eh! Gente, temos que estudar mais.

Distinção entre Vocativo e Aposto

- O vocativo não mantém relação sintática com outro termo da oração.

Por Exemplo:

Crianças, vamos entrar. Vocativo

- O aposto mantém relação sintática com outro termo da oração.

Por Exemplo:

A vida de Moisés, grande profeta, foi filmada. Sujeito Aposto

6 - PERÍODO COMPOSTO

Coordenação e Subordinação

Quando um período é simples, a oração de que é constituído recebe o nome de oração absoluta.

Por Exemplo:

A menina comprou chocolate.

Quando um período é composto, ele pode apresentar os seguintes esquemas de formação:

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a) Composto por Coordenação: ocorre quando é constituído apenas de orações independentes, coordenadas entre si, mas sem nenhuma dependência sintática.

Por Exemplo:

Saímos de manhã e voltamos à noite.

b) Composto por Subordinação: ocorre quando é constituído de um conjunto de pelo menos duas orações, em que uma delas (Subordinada) depende sintaticamente da outra (Principal).

Por Exemplo:

Não fui à aula porque estava doente.

Oração Principal Oração Subordinada

c) Misto: quando é constituído de orações coordenadas e subordinadas.

Por Exemplo:

Fui à escola e busquei minha irmã que estava esperando.

Oração Coordenada Oração Coordenada Oração Subordinada

Obs.: qualquer oração (coordenada ou subordinada) será ao mesmo tempo principal, se houver outra que dela dependa.

Por Exemplo:

Fui ao mercado e comprei os produtos que estavam faltando.

Oração Coordenada (1)

Oração Coordenada (2) (Com relação à 1ª.) e

Oração Principal (Com relação à 3ª.)

Oração Subordinada (3)

PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO

Já sabemos que num período composto por coordenação as orações são independentes e sintaticamente equivalentes.

Observe:

As luzes apagam-se, abrem-se as cortinas e começa o espetáculo.

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O período é composto de três orações:

As luzes apagam-se; abrem-se as cortinas; e começa o espetáculo.

As orações, no entanto, não mantêm entre si dependência gramatical, são independentes. Existe entre elas, evidentemente, uma relação de sentido, mas do ponto de vista sintático, uma não depende da outra. A essas orações independentes, dá-se o nome de orações coordenadas, que podem ser assindéticas ou sindéticas.

A conexão entre as duas primeiras é feita exclusivamente por uma pausa, representada na escrita por uma vírgula. Entre a segunda e a terceira, é feita pelo uso da conjunção "e". As orações coordenadas que se ligam umas às outras apenas por uma pausa, sem conjunção, são chamadas assindéticas. É o caso de "As luzes apagam-se" e "abrem-se as cortinas". As orações coordenadas introduzidas por uma conjunção são chamadas sindéticas. No exemplo acima, a oração "e começa o espetáculo" é coordenada sindética, pois é introduzida pela conjunção coordenativa "e".

Obs.: a classificação de uma oração coordenada leva em conta fundamentalmente o aspecto lógico-semântico da relação que se estabelece entre as orações.

Classificação das Orações Coordenadas Sindéticas

De acordo com o tipo de conjunção que as introduz, as orações coordenadas sindéticas podem ser: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas ou explicativas.

a) Aditivas

Expressam ideia de adição, acrescentamento. Normalmente indicam fatos, acontecimentos ou pensamentos dispostos em sequência. As conjunções coordenativas aditivas típicas são "e" e "nem" (= e + não). Introduzem as orações coordenadas sindéticas aditivas.

Por Exemplo:

Discutimos várias propostas e analisamos possíveis soluções.

As orações sindéticas aditivas podem também estar ligadas pelas locuções não só... mas (também), tanto...como, e semelhantes. Essas estruturas costumam ser usadas quando se pretende enfatizar o conteúdo da segunda oração. Veja:

Chico Buarque não só canta, mas também (ou como também) compõe muito bem. Não só provocaram graves problemas, mas (também) abandonaram os projetos de reestruturação social do país.

Obs.: como a conjunção "nem" tem o valor da expressão "e não", condena-se na língua culta a forma "enem" para introduzir orações aditivas.

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Por Exemplo:

Não discutimos várias propostas, nem (= e não) analisamos quaisquer soluções.

b) Adversativas

Exprimem fatos ou conceitos que se opõem ao que se declara na oração coordenada anterior, estabelecendo contraste ou compensação. "Mas" é a conjunção adversativa típica. Além dela, empregam-se: porém, contudo, todavia, entretanto e as locuções no entanto, não obstante, nada obstante. Introduzem as orações coordenadas sindéticas adversativas.

Veja os exemplos:

"O amor é difícil, mas pode luzir em qualquer ponto da cidade." (Ferreira Gullar) O país é extremamente rico; o povo, porém, vive em profunda miséria. Tens razão, contudo controle-se. Janaína gostava de cantar, todavia não agradava. O time jogou muito bem, entretanto não conseguiu a vitória.

Saiba que:

- Algumas vezes, a adversidade pode ser introduzida pela conjunção "e". Isso ocorre normalmente em orações coordenadas que possuem sujeitos diferentes.

Por Exemplo:

Deus cura, e o médico manda a conta.

Nesse ditado popular, é clara a intenção de se criar um contraste. Observe que equivale a uma frase do tipo: "Quem cura é Deus, mas é o médico quem cobra a conta!"

- A conjunção "mas" pode aparecer com valor aditivo.

Por Exemplo:

Camila era uma menina estudiosa, mas principalmente esperta.

c) Alternativas

Expressam ideia de alternância de fatos ou escolha. Normalmente é usada a conjunção "ou". Além dela, empregam-se também os pares: ora...ora, já...já, quer...quer..., seja...seja, etc. Introduzem as orações coordenadas sindéticas alternativas.

Exemplos:

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Diga agora ou cale-se para sempre. Ora age com calma, ora trata a todos com muita aspereza. Estarei lá, quer você permita, quer você não permita.

Obs.: nesse último caso, o par "quer...quer" está coordenando entre si duas orações que, na verdade, expressam concessão em relação a "Estarei lá". É como disséssemos: "Embora você não permita, estarei lá".

d) Conclusivas

Exprimem conclusão ou consequência referentes à oração anterior. As conjunções típicas são: logo, portantoe pois (posposto ao verbo). Usa-se ainda: então, assim, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso, etc. Introduzem as orações coordenadas sindéticas conclusivas.

Exemplos:

Não tenho dinheiro, portanto não posso pagar. A situação econômica é delicada; devemos, pois, agir cuidadosamente. O time venceu, por isso está classificado. Aquela substância é toxica, logo deve ser manuseada cautelosamente.

e) Explicativas

Indicam uma justificativa ou uma explicação referente ao fato expresso na declaração anterior. As conjunções que merecem destaque são: que, porque e pois (obrigatoriamente anteposto ao verbo). Introduzem as orações coordenadas sindéticas explicativas.

Exemplos:

Vou embora, que cansei de esperá-lo. Vinícius devia estar cansado, porque estudou o dia inteiro. Cumprimente-o, pois hoje é o seu aniversário.

Atenção:

Cuidado para não confundir as orações coordenadas explicativas com as subordinadas adverbiaiscausais. Observe a diferença entre elas:

- Orações Coordenadas Explicativas: caracterizam-se por fornecer um motivo, explicando a oração anterior.

Por Exemplo:

A criança devia estar doente, porque chorava muito. (O choro da criança não poderia ser a causa de sua doença.)

- Orações Subordinadas Adverbiais Causais: exprimem a causa do fato.

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Por Exemplo:

Henrique está triste porque perdeu seu emprego. (A perda do emprego é a causa da tristeza de Henrique.)

Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre a oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes, imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal

PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO

Classificação das Orações Subordinadas

As orações subordinadas dividem-se em três grupos, de acordo com a função sintática que desempenham e a classe de palavras a que equivalem. Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais. Para notar as diferenças que existem entre esses três tipos de orações, tome como base a análise do período abaixo:

Só depois disso percebi a profundidade das palavras dele.

Nessa oração, o sujeito é "eu", implícito na terminação verbal da palavra "percebi". "A profundidade das palavras dele" é objeto direto da forma verbal "percebi". O núcleo do objeto direto é "profundidade".Subordinam-se ao núcleo desse objeto os adjuntos adnominais "a" e "das palavras dele ". No adjunto adnominal "das palavras dele", o núcleo é o substantivo "palavras", ao qual se prendem os adjuntos adnominais "as" e "dele". "Só depois disso" é adjunto adverbial de tempo.

É possível transformar a expressão "a profundidade das palavras dele", objeto direto, em oração. Observe:

Só depois disso percebi que as palavras dele eram profundas.

Nesse período composto, o complemento da forma verbal "percebi" é a oração "que as palavras dele eram profundas". Ocorre aqui um período composto por subordinação, em que uma oração desempenha a função de objeto direto do verbo da outra oração. O objeto direto é uma função substantiva da oração, ou seja, é função desempenhada por substantivos e palavras de valor substantivo. É por isso que a oração subordinada que desempenha esse papel é chamada de oração subordinada substantiva.

Pode-se também modificar o período simples original transformando em oração o adjunto adnominal do núcleo do objeto direto, "profundidade". Observe:

Só depois disso percebi a "profundidade" que as palavras dele continham.

Nesse período, o adjunto adnominal de "profundidade" passa a ser a oração "que as palavras dele continham". O adjunto adnominal é uma função adjetiva da oração, ou seja,

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é função exercida por adjetivos, locuções adjetivas e outras palavras de valor adjetivo. É por isso que são chamadas de subordinadas adjetivas as orações que, nos períodos compostos por subordinação, atuam como adjuntos adnominais de termos das orações principais.

Outra modificação que podemos fazer no período simples original é a transformação do adjunto adverbial de tempo em uma oração. Observe:

Só quando caí em mim, percebi a profundidade das palavras dele.

Nesse período composto, "Só quando caí em mim" é uma oração que atua como adjunto adverbial de tempo do verbo da outra oração. O adjunto adverbial é uma função adverbial da oração, ou seja, é função exercida por advérbios e locuções adverbiais. Portanto, são chamadas de subordinadas adverbiais as orações que, num período composto por subordinação, atuam como adjuntos adverbiais do verbo da oração principal.

Forma das Orações Subordinadas

Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes:

"Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto." Oração Principal Oração Subordinada

Observe que na Oração Subordinada temos o verbo "existe", que está conjugado na terceira pessoa do singular do presente do indicativo. As orações subordinadas que apresentam verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo, subjuntivo e imperativo), são chamadas de orações desenvolvidas ouexplícitas.

Podemos modificar o período acima. Veja:

Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto. Oração Principal Oração Subordinada

Observe que a análise das orações continua sendo a mesma: "Eu sinto" é a oração principal, cujo objeto direto é a oração subordinada "existir em meu gesto o teu gesto". Note que a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo. Além disso, a conjunção que, conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge numa das formas nominais (infinitivo - flexionado ou não - , gerúndio ou particípio) chamamos orações reduzidas ou implícitas.

Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente, introduzidas por preposição.

1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS

A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante (que, se).

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Por Exemplo:

Suponho que você foi à biblioteca hoje.

Oração Subordinada Substantiva

Você sabe se o presidente já chegou?

Oração Subordinada Substantiva

Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também introduzem as orações subordinadas substantivas, bem como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como). Veja os exemplos:

O garoto perguntou qual era o telefone da moça.

Oração Subordinada Substantiva

Não sabemos por que a vizinha se mudou.

Oração Subordinada Substantiva

Classificação das Orações Subordinadas Substantivas

De acordo com a função que exerce no período, a oração subordinada substantiva pode ser:

a) Subjetiva

É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito do verbo da oração principal. Observe:

É fundamental o seu comparecimento à reunião.

Sujeito

É fundamental que você compareça à reunião.

Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subjetiva

Atenção:

Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome " isso". Assim, temos um período simples:

É fundamental isso ou Isso é fundamental.

Sujeito

Dessa forma, a oração correspondente a "isso" exercerá a função de sujeito.

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Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal:

1- Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo:

É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É claro - Está evidente - Está comprovado

Por Exemplo:

É bom que você compareça à minha festa.

2- Expressões na voz passiva, como:

Sabe-se - Soube-se - Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anunciado - Ficou provado

Por Exemplo:

Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.

3- Verbos como:

convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer – acontecer

Por Exemplo:

Convém que não se atrase na entrevista.

Obs.: quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pessoa do singular.

b) Objetiva Direta

A oração subordinada substantiva objetiva direta exerce função de objeto direto do verbo da oração principal.

Por Exemplo:

Todos querem sua aprovação no vestibular. Objeto Direto Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso) Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta

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As orações subordinadas substantivas objetivas diretas desenvolvidas são iniciadas por:

1- Conjunções integrantes "que" (às vezes elíptica) e "se":

Por Exemplo:

A professora verificou se todos alunos estavam presentes.

2- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:

Por Exemplo:

O pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.

3- Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:

Por Exemplo:

Eu não sei por que ela fez isso.

Orações Especiais

Com os verbos deixar, mandar, fazer (chamados auxiliares causativos) e ver, sentir, ouvir, perceber(chamados auxiliares sensitivos) ocorre um tipo interessante de oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo. Observe:

Deixe-me repousar.

Mandei-os sair.

Ouvi-o gritar.

Nesses casos, as orações destacadas são todas objetivas diretas reduzidas de infinitivo. E, o que é mais interesante, os pronomes oblíquos atuam todos como sujeitos dos infinitivos verbais. Essa é a única situação da língua portuguesa em que um pronome oblíquo pode atuar como sujeito. Para perceber melhor o que ocorre, convém transformar as orações reduzidas em orações desenvolvidas:

Deixe que eu repouse.

Mandei que eles saíssem.

Ouvi que ele gritava.

Nas orações desenvolvidas, os pronomes oblíquos foram substituídos pelas formas retas correspondentes. É fácil compreender agora que se trata, efetivamente, dos sujeitos das formas verbais das orações subordinadas.

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c) Objetiva Indireta

A oração subordinada substantiva objetiva indireta atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.

Por Exemplo:

Meu pai insiste em meu estudo. Objeto Indireto Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste nisso) Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração.

Por Exemplo:

Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

d) Completiva Nominal

A oração subordinada substantiva completiva nominal completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por preposição.

Por Exemplo:

Sentimos orgulho de seu comportamento. Complemento Nominal Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sentimos orgulho disso.) Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal

Lembre-se:

Observe que as orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo,enquanto que orações subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome.Para distinguir uma da outra, é necessário levar em conta o termo complementado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro complementa um verbo, o segundo, um nome.

e) Predicativa

A oração subordinada substantiva predicativa exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do verbo ser.

Por Exemplo:

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Nosso desejo era sua desistência. Predicativo do Sujeito Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo era isso.) Oração Subordinada Substantiva Predicativa

Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva "de" para realce. Veja o exemplo:

A impressão é de que não fui bem na prova.

f) Apositiva

A oração subordinada substantiva apositiva exerce função de aposto de algum termo da oração principal.

Por Exemplo:

Fernanda tinha um grande sonho: a chegada do dia de seu casamento. Aposto (Fernanda tinha um grande sonho: isso.) Fernanda tinha um grande sonho: que o dia do seu casamento chegasse. Oração Subordinada Substantiva Apositiva

Saiba mais:

Apesar de a NGB não fazer referência, podem ser incluídas como orações subordinadas substantivas aquelas que funcionam como agente da passiva iniciadas por "de" ou "por" , + pronome indefinido. Veja os exemplos:

O presente será dado por quem o comprou.

O espetáculo foi apreciado por quantos o assistiram .

AULA 3 – Gêneros Textuais

Os Gêneros textuais são as estruturas com que se compõe os textos, sejam eles orais ou

escritos. Essas estruturas são socialmente reconhecidas, pois se mantêm sempre muito

parecidas, com características comuns, procuram atingir intenções comunicativas

semelhantes e ocorrem em situações específicas. Gênero Textual ou Gênero de Textose

refere às diferentes formas de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por

exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, narrativa ,etc.

Para a Linguística, os gêneros textuais englobam estes e todos os textos produzidos por

usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também identificar a

carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tantos outros exemplares de gêneros que

circulam em nossa sociedade.

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Quanto à forma ou estrutura das sequências linguísticas encontradas em cada texto,

podemos classificá-los dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e estilos

composicionais.

• Produzir textos narrativos, descritivos, dissertativos, esfera publicitária, pública e privada levando em consideração a estrutura sintática e lógica nas exposição das ideias principais do texto; assim como, trabalhar a linguagem da publicidade das esfera pública e privada.

• Levar o aluno a elaborar textos diversos que circulam no meio social. • Desenvolver a oralidade e a escrita através de textos. • Ler, compreender, fazer inferências e analisar diferentes tipos e gênios textuais

fazendo relação com suas práticas sociais. • Redigir textos formais e informais. TÓPICO 1 – Tipos de textos

I- NARRAÇÃO

Narrar é contar um fato, um episódio; todo discurso em que algo é CONTADO possui os

seguintes elementos, que fatalmente surgem conforme um fato vai sendo narrado:

onde ?

|

quando? --- FATO --- com quem?

|

como?

A representação acima quer dizer que, todas as vezes que uma história é contada (é

NARRADA), o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocorreu

o episódio.

É por isso que numa narração predomina a AÇÃO: o texto narrativo é um conjunto de

ações; assim sendo, maioria dos VERBOS que compõem esse tipo de texto são os VERBOS

DE AÇÃO. O conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história que é

contada nesse tipo de texto, recebe o nome de ENREDO.

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As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas PERSONAGENS, que são

justamente as pessoas envolvidas no episódio que está sendo contado ("com quem?" do

quadro acima). As personagens são identificadas (=nomeadas) no texto narrativo pelos

SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS.

Quando o narrador conta um episódio, às vezes( mesmo sem querer) ele acaba contando

"onde" (=em que lugar) as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar

onde ocorre uma ação ou ações é chamado de ESPAÇO, representado no texto pelos

ADVÉRBIOS DE LUGAR.

Além de contar onde , o narrador também pode esclarecer "quando" ocorreram as ações

da história. Esse elemento da narrativa é o TEMPO, representado no texto narrativo

através dos tempos verbais, mas principalmente pelos ADVÉRBIOS DE TEMPO.

É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor "como" o fato

narrado aconteceu. A história contada, por isso, passa por uma INTRODUÇÃO (parte inicial

da história, também chamada de prólogo), pelo DESENVOLVIMENTO do enredo (é a

história propriamente dita, o meio, o "miolo" da narrativa, também chamada de trama) e

termina com a CONCLUSÃO da história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história é

o NARRADOR, que pode ser PESSOAL (narra em 1a pessoa : EU...) ou IMPESSOAL (narra em

3a. pessoa: ELE...).

Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de ação, por advérbios de

tempo, por advérbios de lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são

os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos verbos,

formando uma rede: a própria história contada.

II - DESCRIÇÃO

Descrever é CARACTERIZAR alguém, alguma coisa ou algum lugar através de características

que particularizem o caracterizado em relação aos outros seres da sua espécie. Descrever,

portanto, é também particularizar um ser. É "fotografar" com palavras.

No texto descritivo, por isso, os tipos de verbos mais adequados (mais comuns) são os

VERBOS DE LIGAÇÃO (SER, ESTAR, PERMANECER, FICAR, CONTINUAR, TER, PARECER, etc.),

pois esses tipos de verbos ligam as características - representadas linguisticamente pelos

ADJETIVOS - aos seres caracterizados - representados pelos SUBSTANTIVOS.

Ex. O pássaro é azul . 1-Caractarizado: pássaro / 2-Caracterizador ou característica: azul / O

verbo que liga 1 com 2 : é

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Num texto descritivo podem ocorrer tanto caracterizações objetivas (físicas, concretas),

quanto subjetivas (aquelas que dependem do ponto de vista de quem descreve e que se

referem às características não-físicas do caracterizado). Ex.: Paulo está pálido

(caracterização objetiva), mas lindo! (carcterização subjetiva).

III- DISSERTAÇÃO

Além da narração e da descrição há um terceiro tipo de redação ou de discurso:

aDISSERTAÇÃO.

Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar a respeito de um determinado tema,

expressando o ponto de vista de quem escreve em relação a esse tema. Dissertar, assim, é

emitir opiniões de maneira convincente, ou seja, de maneira que elas sejam

compreendidas e aceitas pelo leitor ; e isso só acontece quando tais opiniões estão bem

fundamentadas, comprovadas, explicadas, exemplificadas, em suma:

bem ARGUMENTADAS (argumentar= convencer, influenciar, persuadir). A argumentação é

o elemento mais importante de uma dissertação.

Embora dissertar seja emitir opiniões, o ideal é que o seu autor coloque no texto seus

pontos de vista como se não fossem dele e sim, de outra pessoa ( de prestígio, famosa,

especialista no assunto, alguém...), ou seja, de maneira IMPESSOAL, OBJETIVA e sem

prolixidade ("encher lingüiça"): que a dissertação seja elaborada com VERBOS E

PRONOMES EM TERCEIRA PESSOA. O texto impessoal soa como verdade e, como já citado,

fazer crer é um dos objetivos de quem disserta.

Na dissertação, as idéias devem ser colocadas de maneira CLARA E COERENTE e

organizadas de maneira LÓGICA:

a) o elo de ligação entre pontos de vista e argumento se faz de maneira coerente e lógica

através das CONJUNÇÕES (=conectivos) - coordenativas ou subordinativas, dependendo da

idéia que se queira introduzir e defender; é por isso que as conjunções são chamadas de

MARCADORES ARGUMENTATIVOS.

b) todo texto dissertativo é composto por três partes coesas e coerentes: INTRODUÇÃO,

DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO.

A introdução é a parte em que se dá a apresentação do tema, através de um CONCEITO ( e

conceituar é GENERALIZAR, ou seja, é dizer o que um referente tem em comum em relação

aos outros seres da sua espécie) ou através de QUESTIONAMENTO(s) que ele sugere, que

deve ser seguido de um PONTO DE VISTA e de seu ARGUMENTO PRINCIPAL. Para que a

introdução fique perfeita, é interessante seguir esses passos:

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1. Transforme o tema numa pergunta;

2. Responda a pergunta ( e obtém-se o PONTO DE VISTA);

3. Coloque o porquê da resposta ( e obtém-se o ARGUMENTO).

O desenvolvimento contém as idéias que reforçam o argumento principal, ou seja, os

ARGUMENTOS AUXILIARES e os FATOS-EXEMPLOS ( verdadeiros, reconhecidos

publicamente).

A conclusão é a parte final da redação dissertativa, onde o seu autor deve "amarrar"

resumidamente ( se possível, numa frase) todas as idéias do texto para que o PONTO DE

VISTA inicial se mostre irrefutável, ou seja, seja imposto e aceito como verdadeiro.

Antes de iniciar a dissertação, no entanto, é preciso que seu autor: 1. Entenda bem o tema;

2. Reflita a respeito dele;3. Passe para o papel as idéias que o tema lhe sugere; 4. Faça a

organização textual ( o "esqueleto do texto"), pois a quantidade de idéias sugeridas pelo

tema é igual a quantidade de parágrafos que a dissertação terá no DESENVOLVIMENTO do

texto.

TÓPICO 2 – Gêneros textuais.

RELATÓRIO

Conhecendo as características do relatório

O relatório é um gênero textual que expõe o resultado de alguma atividade desenvolvida

Em algumas circunstâncias relacionadas à nossa vivência temos que relatar por escrito tudo o que ocorreu durante alguma atividade que realizamos. Um caso bastante comum é

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quando a professora de Ciências sugere que façamos alguma experiência, como, por exemplo, observarmos como se realiza a germinação de uma determinada planta, no caso, o feijão:

E aí? Como você relatará tudo o que observou? Não se preocupe! É para isto que existe o relatório que, como você sabe, constitui-se de algumas características específicas, semelhantemente aos outros gêneros dos quais já temos conhecimento. Então, para que você obtenha uma boa nota e se torne aquele (a) aluno (a) nota dez, preste atenção nos seguintes detalhes: Primeiramente, como se trata de um texto, deverá usar uma linguagem clara e que esteja de acordo com o padrão formal, portanto, nada de gírias, abreviações, palavras grafadas de forma incorreta, entre outros elementos. Logo depois, deverá lembrar-se de que todo texto possui um título – algo muito importante em uma produção textual. Em seguida, surge o primeiro parágrafo, no qual constará todas as informações, tais como: o objetivo da experiência, o nome da professora que a solicitou, o que será utilizado durante a observação, entre outros fatores. Por fim, nunca se esqueça de fazer a conclusão, pois ela revelará tudo o que aprendeu com o procedimento realizado, incluindo os aspectos positivos e também os negativos, caso houver. E então? Pronto (a) para dar início ao experimento? Certamente que sim, pois agora já conhece todos os passos que deverá realizar e, é claro, sua professora irá adorar!

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REQUERIMENTO

Requerimento deriva-se do verbo requerer, que, de acordo com seu sentido denotativo,

significa solicitar, pedir, estar em busca de algo. E principalmente, que o pedido seja

deferido, ou seja, aprovado.

Podemos fazer um requerimento a um órgão público, a um colégio, a uma faculdade, e

mais a uma infinidade de outros destinatários.

É importante sabermos que o requerimento pertence à chamada Redação Técnica, pois

como todo texto, o mesmo constitui-se de algumas técnicas específicas para redigi-lo.

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Observemos, portanto, o modelo a seguir:

Il.mº. SR. Diretor da Escola Estadual Dom Bosco

(Nome da pessoa que solicita o requerimento), aluna regularmente matriculada no nono

ano do ensino fundamental desta escola, vem respeitosamente solicitar a V. Sª a expedição

dos documentos necessários à sua transferência para outro estabelecimento de ensino.

Nestes termos, pede deferimento

Londrina, 04 de novembro de 2008.

(Assinatura)

Quanto à estrutura, ele compõe-se de:

Título da autoridade - A quem se dirige o texto

Texto

# Nome do solicitante

#Identificação do solicitante

# Exposição do que se quer

Fecho

#A fórmula convencional

# Local e data

#Assinatura

Observações importantes:

# Num requerimento, as expressões “abaixo-assinado”, “muito respeitosamente” e outra

que já se tornaram arcaicas, devem ser abolidas.

# O nome do solicitante deve vir acompanhado de informações que o identifiquem,

conforme a natureza do requerente.

# Para se fazer o pedido, pode-se usar uma das seguintes formas:

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Pede a V. S.ª, Solicita a V. S.ª, Requer a V. S.ª

# As fórmulas convencionais de requerimento admitem as seguintes variações:

• Pede a aguardar de ferimento - P. e A. D.

• Termos em que pede deferimento

• Espera deferimento - E. D.

• Aguarda deferimento - A. D.

DECLARAÇÃO

Definição: documento em que se procede a uma exposição clara de uma determinada situação ou facto. É elaborada por escrito e constitui prova de compromisso perante uma terceira pessoa ou entidade, pois o declarante compromete-se relativamente ao conteúdo da sua declaração. ESTRUTURA: o ABERTURA: identificação da entidade declarante; o ENCADEAMENTO: identificação da pessoa que enuncia a declaração e do fim a que se destina; o FECHO: local, data e assinatura do declarante. LINGUAGEM A UTILIZAR: o utilização, consoante o fim a que se destina, da 1ª ou 3ª pessoa do singular. Em caso de declarações formais, deve usar-se a 3ª pessoa; o uso de verbos declarativos, como “declarar”, “afirmar”, “garantir”, “atestar”, “comprovar”, “ confirmar”, etc.; o registo de língua corrente; o recurso a terminologia específica, como “para os devidos efeitos”, “declaro”, “certifica”, “o declarante”, etc.; o enunciação da fórmula introdutória “Para os devidos efeitos”.

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PROCURAÇÃO

Definição

Mandato: É o contrato pelo qual alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses (Artigo 653 a 691 do Código Civil).

A procuração é o instrumento do mandato. A pessoa que confere os poderes chama-se mandante ou constituinte; a que recebe esses mesmos poderes e atua na vida jurídica em nome e por conta do mandante denomina-se mandatário ou procurador.

Substalecimento do mandato: Conforme ensina Cláudio Martins (Teoria e prática dos atos notariais) substalecer é "substituir, sub-rogar, pôr em lugar de outrem, nomear como o substituto". Dá-se o substalecimento do mandato quando o mandatário transfere a outra pessoa os

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poderes que lhe foram conferidos, a fim de executar o encargo que lhe competia. Pode ser no todo ou em parte, com ou sem reserva de poderes.

Documentos necessários:

• Venda de imóvel Mandante: Se for casado, certidão de casamento, carteira de identidade, CPF, e a presença dos cônjuges acompanhados dos documentos originais ou autenticados. Se for solteiro, carteira de identidade e CPF. Mandatário: Carteira de identidade e CPF. Do imóvel: Matricula atualizada e original do imóvel

• Procuração de Empresa (pessoa jurídica) Mandante: Contrato social com a última alteração contratual, CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) (documentos originais), Simplificada da Junta Comercial (atualizada) Mandatário: Carteira de identidade e CPF.

• Procuração pública para aposentados do INSS Mandante: Carteira de identidade e CPF, comprovante do benefício do INSS, cartão do benefício (documentos originais).

Mandatário: Carteira de identidade e CPF. * Obs.: Caso o mandante seja analfabeto ou esteja impossibilitado de assinar, trazer 3(três) testemunhas, maiores com carteira de identidade e CPF Poderes: A responsabilidade dos atos notariais é exclusiva do tabelião.

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RECIBO

È uma declaração escrita em que se afirma ter recebido alguma coisa. Documento que o credor entrega ao devedor quando este liquida a sua dívida, declarando que ela foisaldada; quitação; Recibo verde impresso que os profissionais liberais preenchem como comprovativo do pagamento de umserviço por eles efetuado.

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AVISO

O QUE É?

É um documento escrito por meio do qual as empresas e instituições transmitem

informações, ordens, convites, notificações a empregados ou a terceiros com quem elas

tenham interesse em comum.

COMO FAZER?

Deve ser escrito em papel timbrado (com a marca da instituição);

Deve conter apenas o teor da comunicação. O conteúdo deve ser escrito em

linguagem e objetiva, para que não haja dúvidas quanto à interpretação;

Sua estrutura é bem simples:

a) Título, que é a palavra AVISO (em letras maiúsculas);

b) Indicação da pessoa a quem se destina o aviso;

c) Texto contendo a mensagem;

d) Fecho simples (dispensável conforme o caso);

e) Local e data;

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f) Assinatura, nome e qualificação (cargo) ou identificação do responsável.

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MODELO DE AVISO:

AVISO

AOS ESTUDANTES DO BECO DA CULTURA

As Diretorias das Escolas do Beco da Cultura levam ao conhecimento de todos que, a partir

do próximo mês de abril, darão inicio à pintura externa dos muros das escolas, e desejam

informar àqueles estudantes que realizarão pinturas, desenhos e artes nestes, com a

intenção de decorar e personalizar o patrimônio escolar que é de todos nós, devem

comparecer à Diretoria no dia 1ode Abril para acertarmos as atividades e materiais.

Atenciosamente,

Salvador, 22 de março de 2002.

(assinatura das diretoras das Escolas do Beco)

Maria Gersilda das Neves, etc.

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Diretora da Escola Sorrindo e Educando.

OBS: este tipo de aviso acima pode ser distribuído individualmente ou afixado em local

considerado visível pelos interessados, como os quadros de aviso.

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MODELO DE AVISO PRÉVIO: DISPENSA DO EMPREGADO SEM JUSTA CAUSA.

Salvador, ...../..../.....

Prezado

Sr. José da Silva

C.T.P.S no......, série.....Ba

Ref. AVISO PRÉVIO

Servimo-nos da presente para comunicar a V.Sa. que, a partir do dia .../.../..., seus serviços

não mais serão utilizados por esta instituição, valendo esta carta como Aviso Prévio de 30

(trinta) dias, de acordo com o que determina a legislação trabalhista vigente, a ser

cumprido na forma da letra ... do quadro abaixo.

Solicitamos seu comparecimento em nosso escritório no dia .../.../..., às ...horas, munido

de sua CTPS, a fim, de receber seus direitos, conforme determina a legislação em vigor.

Atenciosamente,

(carimbo e assinatura da Instituição)

ciente: .../.../...

(assinatura do empregado)

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FORMA DE CUMPRIMENTO:

a) Trabalhar durante 30 (trinta) dias, com redução de acordo com a opção abaixo;

b) Desobrigado do cumprimento (Aviso Prévio Indenizado).

OPÇÃO DE CUMPRIMENTO: ( ) Redução de 2 (duas) horas no inicio do trabalho; ( ) Redução de 2 (duas) horas no final do trabalho; ( ) Trabalho de 23 (vinte e três) dias corridos e os 7 (sete) últimos em descanso; ( ) Descanso nos 7 (sete) primeiros dias e trabalho nos 23 (vinte e três) restantes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE TODA A APOSTILA MEDEIROS, João Bosco. Português Instrumental. São Paulo, Atlas, 2009, p. 40-8. www.gestaosocial.org.br/conteudo/servicos

PRATES, Marilda. Encontro e reencontro em língua portuguesa: reflexão e ação. São Paulo. Moderna. 1998 FARRACO E MOURA. Linguagem nova. São Paulo. Editora Ática – 2001 Casto, Maria da Conceição. Português: ideias e linguagens. São Paulo. Saraiva. 1997. DE NICOLA, José. INFANTE, Ulisses. Português: palavras e ideias. São Paulo. Scipione. 1997 LUFT, Celso Pedro. CORREA, Maria Helena. A palavra é sua língua portuguesa. São Paulo. Scipione – 1996 TUFANO, Douglas. Curso moderno de língua portuguesa – Editora Moderna. SARGENTIM, Hermínio. Montagem e desmontagem de textos. São Paulo. IBEP – 1999 BOUGOGNE, Cleuza Vilas Boas, SILVA, Lilian Santos. Interação e Transformação: língua portuguesa – São Paulo. Editora do Brasil – 1996 CÓCCO, Maria Fernandes, HAILER, Marco Antonio. ALP: analise, linguagem e pensamento: a diversidade de textos numa proposta sócio construtivista: língua portuguesa. São Paulo. FTO -1995