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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO TECNOLGICO

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

    APOSTILA DA DISCIPLINA

    ECV 5356 TCNICAS DE CONSTRUOCIVIL I

    Professora: Denise Antunes da Silva

    Florianpolis, maro de 2003.

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    1. PROJETOO projetista (engenheiro ou arquiteto) que concebe um prdio precisa

    transmitir suas idias ao seu cliente (para que este as aprove) e ao construtor (paraque este o construa). Para tanto, o projetista fixa sua concepo numa srie dedocumentos que constituem o projeto.

    O projeto , ento, o conjunto de documentos grficos (desenhos) eescritos que o projetista utiliza para comunicar suas idias. Segundo a NBR 5679, o

    projeto a definio qualitativa e quantitativa dos atributos tcnicos, econmicos efinanceiros de uma obra de engenharia e arquitetura, com base em dados, elementos,informaes, estudos, discriminaes tcnicas, clculos, desenhos, normas, projetos edisposies especiais.

    1.1 DETALHAMENTO DO PROJETOO engenheiro ou arquiteto comea seu trabalho fazendo estudos

    preliminares, que ele analisa sob os pontos de vista tcnico, artstico, e econmico atchegar a uma soluo, a seu ver, satisfatria. Essa soluo ele passa a limpo, deforma ainda singela e em escala reduzida, e a apresenta aprovao do cliente: oanteprojeto, que, se aprovado, servir de base execuo do projeto bsico.

    O projeto bsico o projeto que rene todos os elementos necessrios

    contratao da execuo da obra. um projeto completo, incluindo os projetos dearquitetura, estruturais, de instalaes, detalhes de esquadrias, de serralheria,discriminaes tcnicas, etc. Seria, assim, a reunio de todos os dados necessrios aooramento da obra.

    De posse do projeto bsico, o cliente escolhe (por contratao direta ou porlicitao) uma empresa construtora que ir executar a obra. O prximo passo afirmao do contrato entre ambos. Pode ocorrer de o projeto bsico passar porpequenas alteraes e detalhamentos aps firmado o contrato. Assim, o projeto que oconstrutor vai receber no mais o projeto bsico, mas o que se denomina de projetoexecutivo (projeto de execuo).

    O projeto executivo ento o projeto que rene todos os elementosnecessrios e suficientes execuo completa da obra, detalhando o projeto bsico.Um projeto bsico idealizado j consiste no projeto executivo. Entretanto, possvelque sejam feitas alteraes no momento de execuo dos servios, por variadosmotivos. Assim, ao concluir a obra, esta no exatamente o que consta do projetoexecutivo. Para que o projeto represente a realidade - o que muito importante paraos trabalhos de manuteno da edificao e para eventuais futuras reformas eampliaes - indispensvel corrigir o projeto executivo, transformando-o no projetocomo construdo.

    O projeto como construdo (as built) , ento, a definio qualitativa detodos os servios executados, resultante do projeto executivo com as alteraes emodificaes havidas durante a execuo da obra. O projeto como construdo conhecido tambm comoprojeto final de engenharia.

    1.2 ELABORAO DOS PROJETOSOs projetos devem ser elaborados a partir de entendimentos entre o

    PROJETISTA, o CLIENTE e o CONSTRUTOR, levando-se em considerao trs pontosfundamentais: i) as caractersticas do terreno (localizao, metragem, acessos,servios pblicos existentes, orientao NS, prdios vizinhos); ii) as necessidades docliente (tipo de construo: residencial, comercial, industrial ou mista; nmero depavimentos; caractersticas da edificao: nmero de cmodos, tamanho doscmodos, distribuio, etc.; caractersticas dos acabamentos; verba disponvel para aobra); e iii) a tcnica construtiva a ser adotada.

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    1.2.1 Estudos preliminaresNesta fase, o projetista deve ir ao lote e identific-lo, medindo sua testada

    e seu permetro. Dever ser feita tambm uma verificao da rea de localizao esituao do lote dentro da quadra (distncias do lote s esquinas), e medidas dengulos atravs de levantamentos expeditos ou topogrficos (se for o caso),comparando-se os dados assim levantados com as informaes contidas na escriturado lote.

    O projetista deve verificar tambm a existncia de servios pblicos nolocal: rede de gua, rede eltrica, rede de esgoto, rede de gs, cabos telefnicos narua, existncia de pavimentao, drenagem, e largura da rua. No caso de no existirrede de gua, devem ser tomadas informaes com os vizinhos e empresasespecializadas sobre a possibilidade de abertura de poos artesianos.

    Deve ser feita uma avaliao sobre a inclinao do lote, se este no forplano. A verificao da existncia de materiais naturais como areia, pedra, tijolo,madeira, etc., e a verificao da disponibilidade de mo-de-obra no local tambm sotarefas que cabem ao projetista da obra.

    Devem ser tomadas as seguintes providncias imediatas:

    1.2.1.1 Limpeza do terreno: a limpeza do terreno compreende os servios de

    capinagem, limpeza do roado, destocamento, queima e remoo da vegetaoretirada, permitindo que o lote fique livre de razes e tocos de rvores. Assim,facilitaM-se os trabalhos de topografia, obtendo-se um retrato fiel de todos osacidentes do terreno, e os trabalhos de investigao do subsolo necessrios para oprojeto de fundaes.A capinagem feita quando a vegetao rasteira e com pequenos arbustos, e oinstrumento necessrio para esse servio a enxada.O roado necessrio quando existirem tambm rvores de pequeno porte, quepodem ser cortadas com foice.O destocamento realizado quando houver rvores de grande porte, sendonecessrio desgalhar, cortar ou serrar o tronco e remover partes da raiz. Esse serviopode ser feito com mquinas de grande porte ou manualmente com machado, serroteou enxado.Toda a vegetao removida deve ento ser retirada ou queimada no prprio lote.No caso de existirem edificaes ou outras benfeitorias no lote, deve-se decidir pelasua manuteno ou demolio, sempre verificando antes se no se trata depatrimnio tombado pela Unio. Caso seja confirmada a demolio, esta poder serfeita por processo manual ou mecnico. A demolio manual visa o reaproveitamentode materiais e componentes, como tijolos, esquadrias, louas, revestimentos, etc. Ademolio mecnica pode ser feita por meio de martelete pneumtico ou porequipamentos maiores.As demolies so regulamentadas pelas normas NB-19 (aspecto de segurana emedicina do trabalho) e NBR 5682/77 - Contratao, execuo e superviso de

    demolies (aspecto tcnico). Os principais cuidados citados por essas normas so: os edifcios vizinhos obra de demolio devem ser examinados, prvia e

    periodicamente, no sentido de ser preservada sua estabilidade; quando o prdio a ser demolido tiver sido danificado por incndio ou outras causas,

    dever ser feita anlise da estrutura antes de iniciada a demolio; a demolio das paredes e pisos dever ser iniciada pelo ltimo pavimento. A

    demolio de qualquer pavimento somente ser iniciada quando terminada a dopavimento imediatamente superior e removido todo o entulho;

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    na demolio de prdio de mais de dois pavimentos, ou de altura equivalente,distando menos de 3 metros da divisa do terreno, deve ser construda uma galeriacoberta sobre o passeio, com bordas protegidas por tapume com no mnimo 1metro de altura;

    a remoo dos materiais por gravidade deve ser feita em calhas fechadas, demadeira ou metal;

    os materiais a serem demolidos ou removidos devem ser previamente umedecidos,

    para reduzir a formao de poeira; nos edifcios de 4 ou mais pavimentos, ou de 12 metros ou mais de altura, devem

    ser instaladas plataformas de proteo ao longo das paredes externas.

    1.2.1.2 Levantamento topogrfico: os levantamentos topogrficos so feitos para seobter dados fundamentais elaborao do projeto, como: dimenses exatas do lote,ngulos formados entre os lados adjacentes, perfil do terreno, existncia de acidentesgeolgicos, afloramento de rochas, etc.Os levantamentos topogrficos geralmente so feitos com teodolito e nveis.Entretanto, em certas circunstncias pode haver a necessidade de se fazer umlevantamento expedito com trenas, metros, nvel de pedreiro, nvel de mangueira efio de prumo.

    Devem constar do levantamento topogrfico: a poligonal, ou seja, o contorno do terreno;

    curvas de nvel de 50 em 50 centmetros, de acordo com a inclinao do terreno; inclinao do terreno;

    dimenses perimetrais (lados da poligonal); ngulos formados entre lados adjacentes da poligonal; rea do terreno; RN (referncia de nvel);

    construes j existentes no terreno; localizao de rvores com indicao do dimetro e da altura aproximada;

    galerias de guas pluviais ou esgoto; postes de energia mais prximos ao lote, e seus respectivos nmeros; ruas adjacentes;

    croqui de situao, onde deve aparecer a via de maior importncia do bairro ouloteamento onde se localiza o lote;

    orientao NS, atravs de bssola ou plantas da cidade.

    1.2.1.3 Reconhecimento do subsolo: a elaborao de projetos de fundaes exige umconhecimento adequado do solo no local onde ser executada a obra, com definioda profundidade, espessura e caractersticas de cada uma das camadas que compemo subsolo, como tambm do nvel da gua e respectiva presso. A obteno deamostras ou a utilizao de algum outro processo para a identificao e classificaodos solos exige a execuo de ensaios de campo, ou seja, ensaios realizados noprprio local onde ser edificado o prdio. A determinao das propriedades dosubsolo que importam ao projeto de fundaes poderia ser tanto feita por ensaios delaboratrio como ensaios de campo. Entretanto, na prtica das construes, sorealizados na grande maioria dos casos ensaios de campo, ficando a investigaolaboratorial restrita a alguns poucos casos especiais em solos coesivos.Dentre os ensaios de campo existentes em todo o mundo, os que mais se destacamso: SPT - Standard Penetration Test

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    SPT-T - SPT complementado com medidas de torque CPT - Cone Penetration Test CPT-U - CPT com medida das presses neutras Vane-test - ensaio da palheta

    Pressimetros (de Mnard e auto-perfurantes) Dilatmetro de Marchetti

    Provas de carga atravs de ensaios de carregamento de placa ensaios geofsicos (cross-hole)O SPT , de longe, o ensaio mais executado na maioria dos pases do mundo etambm no Brasil. Entretanto, h uma certa tendncia de substitu-lo pelo SPT-T,mais completo e praticamente com o mesmo custo. O CPT e o CPT-U possibilitam umaanlise mais detalhada do terreno.A sondagem percusso um mtodo de ensaio de campo que possibilita a retiradade amostras para anlise em laboratrio. Quando associada ao ensaio de penetraodinmica (SPT), mede a resistncia do solo ao longo da profundidade perfurada. Paraa execuo das sondagens, determina-se em planta, na rea a ser investigada, aposio dos pontos a serem sondados. No caso de edificaes, procura-se dispor assondagens em posies prximas s extremidades e nos pontos de maiorconcentrao de carga. Deve-se evitar a locao de pontos alinhados, para que setenha o reconhecimento em diversas regies do lote. Como regra, nunca se deverealizar apenas um furo de sondagem, pois so comuns variaes de resistncia e tipode solo em reas no necessariamente grandes.Marcados os pontos em planta, os mesmos devem ser locados e nivelados no terreno,ou seja, todos devero iniciar mesma profundidade. O nivelamento deve ser feitoem relao a um RN fixo e bem determinado para toda a obra, mas fora da zona deinfluncia desta (ex.: meio-fio de passeio, tampa de poo de visita de serviospblicos como gua, esgoto, energia eltrica, gs, telefone, etc.). Para se iniciar umasondagem, monta-se sobre o terreno, na posio de cada perfurao, um cavaletechamado de trip (figura 1.1). Inicia-se o furo, e com auxlio de um trado cavadeira

    (figura 1.2), perfura-se at 1 metro de profundidade. Acopla-se ento o amostradorpadro (ou barrilete amostrador, com dimetros interno e externo de 1 3/8e 2,respectivamente, mostrado na figura 1.3), e apoiado no fundo do furo aberto com otrado cavadeira. Ergue-se um martelo ou pilo (peso de 65 Kg), preso ao trip pormeio de corda e roldanas, at uma altura de 75cm, e deixa-se cair sobre a haste doamostrador em queda livre. Esse procedimento realizado at que o amostradorpenetre 45cm no solo, contando-se o nmero de quedas do martelo necessrio para acravao de cada segmento de 15cm do total de 45cm.

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    Figura 1.1 - Trip para sondagem

    Figura 1.2 - Trado cavadeira ou concha

    Figura 1.3 - Amostrador padroA soma do nmero de golpes necessrios penetrao dos ltimos 30cm doamostrador designada por N, e esta a informao que correlacionada com aspropriedades do solo para a elaborao dos projetos de fundaes. A descrio decada camada feita pela anlise do solo retirado da ponta do amostrador padro.Prossegue-se a perfurao por mais meio metro at que a prxima cota deamostragem seja alcanada (ou seja, a 2 metros de profundidade), por meio do tradoespiralou helicoidal(figura 1.4), que remove solos de certa coeso e acima do nvel

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    do lenol fretico. Quando o solo for muito resistente ou quando houver gua dolenol fretico, no mais possvel o avano do trado. Parte-se ento para aperfurao com auxlio de circulao de gua. A circulao de gua feita com oauxlio de um motor-bomba, uma caixa dgua para decantao e um dispositivo que acoplado na extremidade da haste, chamado trpano. A haste ento submetida amovimentos de percusso e rotao. Esses movimentos, juntamente com a pressoda gua, fazem com que o trpano rompa a estrutura do solo que, misturado gua,

    sobe superfcie e despejado no reservatrio. O material mais pesado decanta(solo), e a gua novamente injetada no furo, criando um circuito fechado decirculao. Quando, por qualquer motivo, as paredes da perfurao nopermanecerem estveis, auxilia-se o processo com a cravao de tubos derevestimento, trabalhando-se internamente a eles.

    Figura 1.4 - Trado espiralDessa maneira, a sondagem avana em profundidade, medindo a resistncia a cadametro e retirando com o amostrador amostras do tipo de solo atravessado.

    Os resultados de uma sondagem so sempre acompanhados de um relatrio com asseguintes indicaes: planta de situao dos furos; perfil de cada sondagem com ascotas de onde foram retiradas as amostras; classificao das diversas camadas e osensaios que permitiram classific-las; nvel do terreno e nvel da gua; resistncia penetrao do amostrador padro, indicando as condies em que a mesma foitomada (dimetro do amostrador, peso do martelo e altura de queda). O ensaio normalizado pela NBR 6484/80 - Execuo de Sondagens de SimplesReconhecimento dos Solos.

    1.2.2 AnteprojetoPara a elaborao do anteprojeto, os seguintes elementos so necessrios:

    a) estudos preliminares (item 1.1.1)

    b) uso do edifcio conforme o plano diretor (residencial, comercial, industrial,recreativo, religioso, outros);

    c) densidade habitacional no local, recuos, taxa de ocupao do lote, ndice deaproveitamento do lote;

    d) gabarito permitido (altura do prdio);

    e) rea construda prevista;

    f) elementos geogrficos naturais do lote (orientao NS, regime de ventospredominante, regime pluvial, regime de temperaturas, etc.)

    Os tens b, c e d so obtidos atravs de consulta de viabilidadeencaminhada junto prefeitura municipal.

    So preenchidas pelo projetista as informaes referentes localizao

    (endereo) do lote, juntamente com uma planta simplificada de localizao. Asinformaes prestadas pela Prefeitura Municipal a partir dessa consulta baseiam-se nocdigo de obras do municpio e plano diretor.

    Com base nessas informaes, o projetista elabora ento o anteprojeto, deacordo com as necessidades do cliente. O anteprojeto deve ser feito em planta comescala 1:100 e eventualmente pode ser pode ser apresentada fachada em escala1:50, todos em papel vegetal. Na planta, devero aparecer paredes, portas e janelas,ainda sem dimenses exatas. No costumam aparecer nos anteprojetos: o sentido deabertura de portas, as posies dos pontos de luz, interruptores e tomadas, posiodos aparelhos sanitrios, etc.

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    Geralmente, so apresentadas no mnimo duas opes de anteprojeto aocliente.

    1.2.3 Projeto arquitetnico definitivoO projeto definitivo uma conseqncia direta do anteprojeto, escolhido

    pelo cliente e ajustado por este e pelo projetista. O projeto compe-se de duas partesdistintas: a parte grfica e a parte escrita.

    1.2.3.1 PARTE GRFICA DO PROJETO: devem fazer parte do projeto definitivo: Planta de situao: a planta de situao informa a localizao do terreno na quadra

    com nomes de trs ruas e a distncia at a esquina mais prxima, dimenses dolote, orientao NS, posio do meio-fio (guia), localizao de rvores comindicao se sero ou no removidas, localizao de postes e hidrantes (seexistirem). A planta pode ser desenhada em escala 1:150, 1:500 ou 1:1000.

    Planta de localizao: mostra a posio do edifcio a ser construdo sobre o terreno,com indicao dos recuos at as extremidades do lote. No caso de haver outrasedificaes j construdas sobre o lote, devero constar da planta, com indicao sesero ou no removidas. A planta de localizao geralmente desenhada na escala1:250.

    Planta baixa: para o desenho da planta baixa, imagina-se um corte horizontal emtoda a edificao a ser construda na altura de suas janelas (acima do peitoril).Geralmente, esse desenho feito nas escalas 1:50 ou 1:100. Os principais registrosque devem constar dessa planta so: dimenses e rea de cada cmodo, espessuradas paredes, tipo e dimenses de aberturas (portas, janelas), diviso funcional(nome de cada cmodo), tipos de revestimentos de pisos, disposio e dimensesdos aparelhos sanitrios, etc. Todos os elementos da planta baixa devem sercotados, como pisos e altura do peitoril de janelas.

    Planta baixa de cobertura: representa a projeo horizontal dos diversos planosinclinados (guas) do telhado da edificao a ser construda, cujas intersees sodesenhadas com traos contnuos. O sentido do escoamento (declividade) dessasguas deve ser indicado por meio de pequenas setas. Deve constar tambm daplanta de cobertura o detalhe da coleta de guas pluviais. A planta geralmente feita em escala 1:50 ou 1:100.

    Cortes: so projees verticais de cortes feitos no prdio a ser construdo porplanos tambm verticais, de modo a representar as partes internas maisimportantes. Assim, os cortes (longitudinais e transversais) devem ser feitos ondehouver maior nmero de detalhes relativos principalmente altura decomponentes. So feitos no mnimo dois cortes, um longitudinal e um transversal.Pelo menos um deles deve passar pelas escadas, e devem ser indicadas: altura depeitoris, janelas, portas, vigas, espessura de lajes de piso e escadas, espessura deforros, altura dos telhados, espessura e profundidade das fundaes. Deve tambmser indicado o perfil do terreno. A posio dos cortes deve ser indicada na plantabaixa, e geralmente so desenhados nas escalas 1:50 ou 1:100.

    Fachadas: as fachadas so projees verticais das faces externas do prdio a serconstrudo. No so indicadas cotas, e podem ser desenhadas nas escalas 1:50 e1:100.

    Detalhes: so desenhos de dimenses ampliadas (geralmente em escala 1:1, 1:5ou 1:10) de certos elementos do edifcio, para melhor interpretao no momentoda execuo.

    Projetos complementares: fundaes, locao de pilares, frmas dos pavimentos,estrutural (vigas, lajes, pilares, escadas, reservatrios), cobertura, instalaes(eltricas, telefnicas, hidrossanitrias, incndio, gs, ar condicionado, elevadores,alarme, etc.)

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    1.2.3.2 PARTE ESCRITA DO PROJETO: O documento escrito do projeto consiste nasdiscriminaes tcnicas, que de forma precisa, completa e ordenada, descreve osmateriais de construo a utilizar, indica os locais onde esses materiais seroempregados e determina as tcnicas exigidas para o seu emprego. Em outraspalavras, as discriminaes tcnicas consistem no conjunto de prescries normativasque definem e caracterizam os materiais, equipamentos, instalaes e tcnicas deexecuo de um determinado servio ou obra. Assim, a finalidade das discriminaes

    tcnicas complementar os desenhos do projeto, dando ao construtor e ao fiscal daobra todos os dados que os desenhos no incluem, como: trao das argamassas; tipoe cor da loua sanitria; marca, cor e tcnicas de aplicao das tintas; marca e tipodas fechaduras, etc.Descrevendo de forma ordenada os materiais de construo a empregar e indicandoonde e como devem ser utilizados, as discriminaes tcnicas tornam-se um guiapara a elaborao do oramento da obra, evitando omisses na relao dos servios.As discriminaes tcnicas devem ser sempre redigidas de uma forma padronizada,para facilitar seu manuseio e para que possam ser efetivamente utilizadas como abase do oramento exato e da programao da obra. A forma usual e aconselhvel deredigi-las dividi-la em trs partes (cadernos ou volumes): 1) Generalidades (ou:Condies Tcnicas gerais, Normas gerais, Introduo); 2) Materiais de Construo

    (ou: Especificaes Gerais de Materiais, Discriminao de Materiais ou Materiais aEmpregar); e 3) Discriminao de Servios (Discriminaes Tcnicas de Servios,Condies Especiais, Servios a Executar ou Execuo dos Trabalhos).Na primeira parte devem ser expostos os objetivos das discriminaes tcnicas,identificao do proprietrio, do contratante, a localizao da obra, etc. Devem sertambm expostos alguns itens do contrato, como, por exemplo, providncias a seremtomadas no caso de divergncias entre projeto e execuo e no caso de desejo dealterao do projeto por uma das partes.A segunda parte composta por uma srie de normas que definem os processos deextrao, fabricao, mtodos de ensaio, condies de recebimento, desempenho,etc., dos materiais bsicos a serem utilizados na obra.Na terceira parte, a mais importante, so descritos todos os servios a seremexecutados na obra. Os itens devem ser obrigatoriamente numerados (codificados)de acordo com a norma de classificao de servios adotada (informada na primeiraparte das DT). Esse mesmo sistema de classificao deve ser adotado em todos osdiferentes servios de programao da obra, oramento, planilhas, cronogramas, etc.

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    2. CANTEIRO DE OBRAS

    2.1 PREPARAO DO TERRENOAps concludas e devidamente aprovadas as etapas anteriores (estudos

    preliminares, anteprojeto e projeto), passa-se a preparar o terreno para a construo.Na grande maioria das vezes, so necessrias operaes de escavao e aterro nointuito de criar um perfil do terreno que seja adequado obra a ser executada.

    Tanto em obras com desenvolvimento horizontal (como no caso de indstrias),em obras do porte de estradas e barragens, como no caso de obras comdesenvolvimento vertical (ex.: edifcios), concentradas em pequenas reas,geralmente necessria a execuo de servios de terraplenagem prvios,regularizando o terreno natural em obedincia ao projeto que se deseja implantar.Assim, a terraplenagem, ou movimento de terras, pode ser entendida como oconjunto de operaes (escavao, carga, transporte, bota-fora ou aterro) necessriaspara remover a terra dos locais onde se encontra em excesso para aqueles onde hfalta, tendo em vista um determinado projeto a ser implantado.

    Nas operaes de corte e aterro, deve ser considerado o empolamento do solo,ou seja, o aumento de volume quando o solo retirado do seu lugar natural e

    removido para outro. A proporo do aumento depende do tipo de solo escavado. Atabela 2.1 a seguir fornece a percentagem de empolamento (aumento de volumeexpresso em %) para alguns tipos de solo.

    Tabela 2.1 - Percentagem de empolamento para alguns tipos de solo

    SOLO EMPOLAMENTO (%)

    ArgilaArgila com pedregulho, secaArgila com pedregulho,molhadaTerra comum secaTerra comum molhada

    Areia seca soltaAreia molhada compactaPedregulho max 10 a 50 mmRochas duras (granito)Rochas brandas (arenito)

    4040402525121212

    35 a 5030 a 35

    Aps o desmonte, o solo assume, portanto, volume solto (Vs) maior do queaquele em que se encontrava em seu estado natural (Vn), e conseqentemente compeso especfico solto (s) menor que o peso especfico natural (n).

    Por exemplo, se o fator de empolamento de uma argila for de 40%, significaque 1m3 dessa argila no estado natural (antes da escavao) torna-se 1,40m3 no

    estado solto (aps a escavao).Os movimentos de terra podem ser feitos manual ou mecanicamente,

    dependendo da importncia dos trabalhos, das possibilidades da empresa, dasexigncias impostas pela prpria situao do canteiro e dos prazos estabelecidos paraa durao das atividades.

    Quando o volume de terras a movimentar for grande, ser mais econmica autilizao de aparelhos mecnicos, que apresentam rendimento variado entre 25 e400 m3 /hora. Assim, convm conhecer as possibilidades dos diversos equipamentosdisponveis e sua eficincia, para adotar o tipo mais adequado a cada caso. Alguns

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    desses mecanismos so montados em tratores de pneus e outros em tratores deesteiras.

    Dentre os instrumentos conhecidos de escavao, o que apresenta maiorvariedade de emprego a p mecnica, podendo ser equipada de modos diferentes,correspondendo a diferentes tipos de trabalho:

    Escavadeira: ilustrada na figura 2.1, um equipamento cuja capacidade variade 0,2 a 3 m3 que permite escavar desde solos moles at rochas desagregadas por

    exploso. utilizada tambm em dragagens. Como os movimentos de rotao, detransporte e de posicionamento dos braos absorvem cerca de 60% da durao dociclo de trabalho, preciso procurar disp-la de maneira a reduzir movimentosinteis, poupando assim tempo na execuo do servio. O equipamento utilizado depreferncia para os trabalhos em que a escavao acima do nvel de assentamentoda mquina, como mostra a figura 2.2.

    Figura 2.1 - Escavadeira

    Figura 2.2 - Esquema de trabalho da escavadeira

    Retro-escavadeira: Ilustrado na figura 2.3, esse equipamento permite umaexecuo precisa e rpida, podendo ser utilizada para a escavao em terrenosrelativamente duros. So muito utilizados para a escavao de valas para tubulaesenterradas e tambm para fundaes corridas, sendo que a largura da conchadetermina a largura da vala. Atualmente, so chamadas apenas de escavadeiras.

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    Figura 2.3 - Retro-escavadeira

    Caamba de garras (clam-shell): permite maior movimento de solos moles erochas desagregadas (figura 2.4). um equipamento largamente utilizado naexecuo de paredes-diafragma (vide captulo 3 desta apostila).

    Figura 2.4 - Clam-shell

    Outro equipamento tambm utilizado em movimento de terras a chamada p

    carregadeira, existindo trs tipos caractersticos: a) com caamba de movimentovertical (figura 2.5); b) com caamba de descarregamento para trs; e c) comcaamba de movimentos combinados horizontais e verticais. Os equipamentos citadosnos itens a e c precisam ser deslocados para trs para a descarga do materialescavado, como ilustra a figura 2.6, manobra desnecessria quando utilizada acaamba de descarregamento para trs. Entretanto, esse equipamento, bem como acaamba de movimento vertical (item a), devem ser deslocadas para o carregamento.

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    Figura 2.5 - P carregadeira sobrepneus

    Figura 2.6 - Manobras da pcarregadeira

    O nmero e a diversidade das manobras necessrias influenciamdesfavoravelmente o rendimento das ps carregadeiras. O grfico da figura 2.7 indicao volume de material que a p carregadeira pode carregar um 1 hora, levando emconta as manobras ilustradas na figura 2.6.

    Figura 2.7 - Rendimento aproximado da p carregadeira (m3/h)

    O bulldozer (figura 2.8) um trator que possui uma lmina de ao reta ouligeiramente curva, fixada sua frente. Serve para deslocar tanto rochas

    desagregadas como terra e troncos de rvores, e empregada tanto para operaesde escavao como de aterro.O angledozer (figura 2.9) muito semelhante ao bulldozer, com a diferena

    de que a lmina revolvedora pode ser orientada para ngulos diversos com relao aoeixo do equipamento. Permite escavao e aterro simultneos.

    A niveladora (ou grader - figura 2.10) tambm um mecanismorevolvedor, que cava, desloca e nivela a superfcie do terreno. A lmina, queapresenta curvatura, pode operar em todas as angulaes em relao ao eixo doequipamento. utilizada para deslocar grandes quantidades de material, para o

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    nivelamento de superfcies horizontais ou inclinadas, e tambm para o alinhamento detaludes.

    Figura 2.8 - Bulldozer

    Figura 2.9 - Angledozer

    Figura 2.10 - Niveladora ou grader

    O escarificador (ou ripper - figura 2.11) um equipamento dotado de umrastelo (espcie de ancinho em grandes dimenses) com dentes espaados, que servepara desagregar o terreno. Costuma ser montado nas ps carregadeiras, bulldozers

    ou nas niveladoras.

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    Figura 2.11 - Escarificador ou ripper

    A raspadeira (ou scraper - figura 2.12) usada para extrao de terra emcamadas pequenas. Permite a terraplenagem e carregamento das terras em uma soperao, podendo transportar e descarregar o material sem interrupo. Em algunstipos de terreno pode ser necessrio um impulsionador (trator de esteiras, porexemplo).

    Figura 2.12 - Scraper

    2.2 INSTALAO DO CANTEIRO

    2.2.1 IntroduoCom o terreno limpo e movimento de terra executado, passa-se preparao

    do canteiro prevendo-se todas as necessidades futuras da obra. A distribuio doespao disponvel deve ser adequada. As instalaes podero ser executadas de umas vez ou em etapas independentes, de acordo com o desenvolvimento da obra.

    No canteiro, deve-se considerar: ligaes de gua, energia eltrica e meios de comunicao;

    reas para materiais a granel no perecveis; construes (almoxarifado, escritrio, alojamento); sanitrios; circulao (acessos); reas para trabalhos diversos (carpintaria, armao, etc.); equipamentos de segurana

    andaimes, andaimes suspensos (ja), passarelas, rampas, plataformas,tapumes e bandejas;

    placas dos profissionais/responsveis tcnicos.

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    O canteiro de obras o local onde desenvolver-se-o os servios de construo.Se bem organizado e administrado, possibilita menores tempos de preparo eexecuo, melhor aproveitamento da mo-de-obra e de materiais, e melhorqualidade, resultando, no final, menores custos. Deve-se prever um bom acesso obra para o fornecimento de materiais e equipamentos at os locais de armazenagem,transitvel at nos dias de chuva. Os caminhos internos (dentro do canteiro) devemser curtos, lisos e com pouca inclinao.

    Os componentes bsicos de um canteiro de obras so:1. Acessos

    2. Setor administrativo escritrios

    3. Setor social vestirios, sanitrios, refeitrios, alojamentos

    4. Setor tcnico depsito de ferramentas e equipamentos almoxarifado

    5. Setor de materiais depsitos fechados e abertos

    agregados cimento cal tijolos madeira ferro material hidrulico material eltrico concreto pronto argamassa pronta

    6. Locais de preparo ou transformao (postos de trabalho) concreto

    argamassas formas armaduras pr-moldados

    7. Meios e vias de transporte horizontal e vertical caminhes (carroceria, caamba, etc.) carregadeiras carrinhos, giricas guincho guincho de torre gruas correias transportadoras

    calhas8. Locais de aplicao

    2.2.2 Providncias imediatasA primeira providncia a ser tomada para o incio dos trabalhos a obteno

    de gua para o consumo da obra. Se o local j for servido por rede de gua, deve-serequerer Companhia de Abastecimento (CASAN, no caso de Santa Catarina) aligao provisria para a utilizao na obra. Ser ento instalado pela companhia umcavalete num ponto do terreno previamente determinado. Se o local no for servido

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    por rede de gua, deve-se imediatamente providenciar a perfurao de um poo nolocal definitivo.

    O poo deve ser localizado no fundo da obra, pois na frente geralmente construda posteriormente a fossa sptica. A gua conduzida ao canteiro por meiode tubulao provisria ou mangueira de borracha. O dimetro dos poos pode variarde 0,80 a 2,00 metros, de acordo com o consumo previsto. A capacidade do poo calculada pelo produto da rea com a altura de gua armazenada. Depois de

    bombeada, a gua armazenada em uma caixa dgua colocada sobre uma torre demadeira devidamente dimensionada. A partir da, a gua seguir por tubulao aospontos necessrios (vestirios, refeitrios, obra, etc.).

    Outra providncia a ser tomada nos primeiros momentos a ligao eltrica.Ao lado da entrada da rede pblica ou no ponto fornecido pelo proprietrio, monta-seum poste de madeira com medidor e disjuntores para os diversos ramais. Adistribuio de energia no canteiro feita por linhas areas fixadas em postes demadeira ou concreto a cada 15 ou 20 metros. A rede deve ser de baixa tenso etrifsica, se possvel (os motores mais comuns funcionam em corrente trifsica de220/380V).

    2.2.3 Construes

    Aps solicitadas as ligaes eltrica e hidrulica, deve ser iniciada a construodo tapume e dos barraces, que devem ter dimenses que satisfaam snecessidades da obra. Devero ser construdos:

    depsitos de cimento e cal (para estoque em quantidades suficientes para, nomnimo, 1 semana de obra). A disposio das portas deve ser tal que facilite aretirada dos estoques em ordem contrria aos fornecimentos;

    almoxarifado para ferramentas e materiais midos, equipados com prateleirasde diversas larguras e alturas, facilitando o manuseio das ferramentas;

    escritrio da obra, cujo tamanho depende do porte da obra. Para obras degrande porte, deve ter as seguintes salas: uma pea para o engenheiro residente eeventuais engenheiros auxiliares; uma sala menor para o mestre geral; uma sala paraos apontadores ou encarregado administrativo e eventuais auxiliares; uma sala para o

    cliente ou sua fiscalizao (se necessrio for); sanitrios; copa para o caf. alojamento para os operrios; refeitrio; vestirios; sanitrios.O tapume deve ser feito em todo o permetro da obra, com altura mnima de

    2,20 metros. Pode ser feito com chapas de compensado com espessura de 12 ou14mm (dimenses 2,20 x 1,10m), fixados a caibros, como mostra a figura 2.13. Naparte superior dos caibros podem ser fixadas as placas da obra. Alm decompensados, podem ser utilizados para o fechamento dos tapumes: chapasgalvanizadas, telhas de fibrocimento ou tbuas.

    Figura 2.13 - Tapume de obra

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    Para o dimensionamento do canteiro de obras, devem ser observadas asregulamentaes impostas pela recente alterao na NR-18, a norma queregulamenta os canteiros de obras que pertence Portaria 3.214 do Ministrio doTrabalho. Alguns exemplos das mudanas impostas por essa norma so:

    deve haver 1 chuveiro para cada 10 operrios (ou frao) no alojamento, eno mais 1 para 20;

    a obrigatoriedade de elevador de passageiros para obras de edifcios com 12

    pavimentos ou mais passa para sete pavimentos; a alimentao dos trabalhadores dever ser orientada por nutricionistas; os canteiros com mais de 50 funcionrios devem ter, obrigatoriamente, um

    tcnico em segurana do trabalho;Passa a ser obrigatria tambm a comunicao de acidentes ocorridos no

    canteiro aos sindicatos e rgos competentes, permitindo o controle estatstico dosacidentes do trabalho.

    2.2.4 Postos de trabalhoOs materiais de grande utilizao nas obras e que necessitem de preparo prvio

    para a utilizao devero ter sua produo centralizada em reas do canteiro pr-determinadas para isso. o caso do concreto, argamassa, frmas, armaduras eelementos pr-moldados.2.2.4.1 Posto de produo de concreto: o armazenamento dos agregados pode serfeito em depsitos dispostos em forma de leque, com pranchas divisrias entre eles(figura 2.14). No vrtice do leque fica a betoneira, e do outro lado o acesso para oscaminhes. O tamanho do compartimento de cada agregado deve ser tal quepossibilite o armazenamento de quantidade suficiente para uma semana, devendocada compartimento ser preenchido a cada 3 dias. Assim, no existe o risco de faltade material e conseqente paralisao na execuo dos servios, o que resultaria ematraso da obra.

    Figura 2.14 - Exemplo de posto de produo de concreto

    2.2.4.2 Posto de carpintaria: o posto de carpintaria deve ser coberto para proteger asserras, plainas e bancas de trabalho. Essa instalao tem por objetivo a execuo dasfrmas para servirem de molde s estruturas de concreto. Uma central de carpintariacompreende basicamente os seguintes setores:

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    a) rea para o estoque de madeira bruta (prxima s bancadas de trabalho e de fcilacesso para a descarga de caminhes de entrega);

    b) oficina de beneficiamento da madeira (onde ficam as serras, plainas edesempenadeira);

    c) pranchetas de pr-montagem (bancada de trabalho);

    d) rea de estoque de frmas prontas (deve ficar entre a carpintaria e a obra);

    e) rea para recuperao de frmas aps a utilizao;f) rea para estoque de material complementar e acessrios.Entretanto, antes de iniciar a produo da carpintaria, deve-se fazer a previso dosequipamentos necessrios em funo do volume e ritmo previsto para a execuo daobra. Os equipamentos comumente utilizados numa central de carpintaria so:

    desempenadeira: tem a funo de aparelhar a madeira que vem das serrarias. Aproduo elevada: pode chegar a 300 metros de madeira aparelhada por dia.

    serra circular: corta a madeira com um disco de ao dentado que gira em altavelocidade. A produo tambm elevada.

    plaina desengrossadeira: acerta as arestas das madeiras cortadas com a serracircular. A produo pode chegar a 120 metros por hora.

    furadeira horizontal, furadeira vertical.

    2.2.4.3 Posto das armaduras: o posto das armaduras deve abrigar mquinas,equipamentos e ferramentas que permitam a confeco das armaduras para concretoarmado. O depsito das barras de ao deve se localizar num ponto de fcil acessopara as carretas (caminhes), sendo que a descarga deve ser feita lateralmente, depreferncia paralelamente ao meio-fio da rua de acesso. As barras devem serseparadas por dimetro (bitola), para facilitar no momento da montagem dasarmaduras. importante que se preveja um depsito para as sobras, que devemtambm ser separadas conforme seu dimetro e comprimento, para melhorreaproveitamento.A rea destinada ao corte e dobramento das barras deve ser ampla. As armaduras j

    montadas devem ser armazenadas em rea separada e numeradas conforme oelemento estrutural a que se destinarem. Eventuais trocas podem ter conseqnciasdesastrosas para a estrutura. A central de dobramento de extrema importncia, nodevendo ser improvisada para que no prejudique o desenvolvimento dos trabalhos.Utilizando de forma racional a mo-de-obra e a mecanizao, esse posto de trabalhopode apresentar produtividade de 2 a 3 vezes maior, se comparada com a executadamanualmente. Atualmente, comum nas grandes cidades o fornecimento dearmaduras j montadas entregues diretamente no canteiro de obras, aumentando aprodutividade. Certos canteiros permitem a centralizao e boa organizao dotrabalho, com operaes em srie, possibilitando uma reduo nas perdas dosmateriais e oferecendo boas condies de higiene e segurana do trabalho.O ferro de construo oxida-se, mas como a sua utilizao no canteiro relativamente

    rpida, no necessria a construo de abrigo para armazenamento dos mesmos.A seguir, so dadas algumas sugestes para a disposio da central de dobramento:

    SUGESTO A:

    1 2 3 4 5 6

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    SUGESTO B

    1 2

    3

    4 5

    6

    SUGESTO C

    1 4 5

    2 3 6

    onde:

    1 - estoque das barras como fornecidas2 - corte3 - emendas4 - dobra5 - estoque de ferro dobrado6 - pr-montagem (a montagem final feita dentro da frma)

    caminho da barra de ao

    2.3 TRANSPORTES INTERNOSDeve-se planejar o canteiro de tal modo que facilite os caminhos de

    transportes internos, que devem ser o mais curtos possvel, com boas condies de

    trnsito, e de preferncia planos. O transporte interno representa parcela pondervelno custo da obra, mas bem possvel a melhoria do fluxo dos materiais ecomponentes.

    O transporte interno pode ser realizado atravs de equipamento deoperao manual ou equipamento motorizado, indo desde o carrinho de mo at oguindaste motorizado de lana telescpica, conforme o porte da obra e a cultura daempresa. normal um confronto econmico entre a utilizao de um determinadoequipamento para transporte dos materiais e a mo-de-obra que eventualmentepossa realizar esse mesmo transporte, pois o custo de aquisio do equipamento alto e os salrios so baixos. Uma anlise da produtividade global da obra indicar omelhor mtodo de trabalho do ponto de vista econmico.

    As caractersticas dos equipamentos de transporte devem ser avaliadasquando da escolha dos mais adequado para cada caso. O equipamento pode ser:porttil; fixo; mvel; com deslocamento na horizontal; com deslocamento na vertical;de posio inclinada; com deslocamento de carga ao nvel do solo, abaixo do solo ouacima do solo; com atuao em rea limitada, com circulao limitada ou ilimitada; deproduo contnua; de produo ocasional; com motor eltrico ou a diesel(combusto).

    A seguir, so descritos alguns tipos de transportadores.

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    2.3.1 Transportes horizontais de pequena cargaOs meios de transporte horizontal mais empregado nas obras de construo

    civil de edifcios so os carrinhos e as giricas, e so utilizadas para transportar tantomateriais e produtos, como argamassas e concretos. O transporte de argamassa econcreto ser discutido com maiores detalhes no captulo que trata sobre a Produodo Concreto.

    Para o transporte de cargas maiores, podem ser utilizados pequenos carros

    motorizados dotados de caamba, denominados dumper.

    2.3.2 Transportadores de correiaSo usados para transporte horizontal ou inclinado de materiais, geralmente

    a granel (areia, brita, argila, concreto). Atualmente, os transportadores portteis decorreia so de grande utilidade para o transporte e aplicao de concreto, comproduo que pode chegar a 100 toneladas por hora. Dentre as vantagens desse tipode transporte, destacam-se a facilidade de operao, custo relativamente baixo deaquisio e grande durabilidade. Entretanto, nas obras pesadas esse tipo detransporte tem maior aplicao, por ser de operao contnua e ter alta capacidade deproduo. So utilizados tambm em centrais de britagem, centrais de concreto,

    sistemas de refrigerao, transporte de materiais de escavao de tneis, etc.

    2.3.3 Equipamentos de elevaoExistem diversos equipamentos mecnicos disponveis para o transporte de

    materiais ou produtos suspensos acima do solo. Os pontos de partida e chegadapodem estar situados num mesmo plano horizontal ou em planos diferentes. Esse tipode equipamento reduz o nmero de pessoas, o cansao, e aumenta a produtividade. grua em torre ou guindaste (figuras 2.15 e 2.16). grua sobre caminhes-pneus: (figura 2.17) um bom equipamento para obras

    horizontais, como barragens e estradas. Suas principais aplicaes so: lanamentode concreto, movimentao das frmas, movimentao das armaduras,

    movimentao de pr-moldados, montagem de centrais de britagem e de concreto,movimentao de peas metlicas, etc.

    grua sobre chassis-esteira-sapatas (figura 2.18).

    Figura 2.15 - Guindaste em torre

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    Figura 2.16 - Guindaste em torre apoiado em andares inferiores do edifcio no poo do

    elevador

    Figura 2.17 - Grua sobre caminho depneus

    Figura 2.18 - Grua sobre sapatas

    Para menor escala de transporte vertical, existem outros equipamentos maissimples e de menor porte, como os guinchos (figura 2.19), que podem transportarmateriais ou mesmo pessoas em edifcios. O guincho um elevador de obra acionadopor motor eltrico e comandado manualmente por um operrio. Os guinchos de torre,como mostrado na figura 18, so mais duradouros, podendo ser de madeira oumetlicos. O melhor ponto de instalao desse tipo de equipamento prximo aocentro geomtrico da obra, pois ficam minimizados os tempos gastos com transporteat o guincho. Deve-se evitar sua instalao em locais onde iro passar tubulaeshidrulicas ou em locais com acabamento especial, pois pode resultar em muitastrocas de posio, com conseqente atraso dos servios. Dos meios de transportevertical, os mais simples so aqueles feitos com auxlio de roldanas, que podem serfixadas em uma estrutura simples de madeira, sendo operadas manualmente (figura2.20) ou com auxlio de motor. So destinadas ao transporte de materiais ecomponentes leves, como peas de formas e armaduras.

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    Figura 2.19 - Guincho de torreFigura 2.20 - Guincho manual

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    3. ESCAVAES E ESCORAMENTOS

    Na execuo de fundaes e obras subterrneas como metrs, galerias,tubulaes enterradas, subsolos, etc., freqente a escavao em solos e/ou rochas acu aberto. Nesse tipo de escavao, sempre mais econmico prever a execuo detaludes, escalonados ou no, do que paredes verticais escoradas ou ancoradas, desdeque a natureza do solo e as condies locais permitam, ou seja, desde que no haja

    perigo de deslizamento que possa afetar a estabilidade das construes vizinhas.Na escavao, os cuidados bsicos dizem respeito programao das ETAPAS

    da escavao e execuo de banquetas, taludes, trincheiras, escoramentos,retomada de fundaes e drenagem. As etapas so estabelecidas em funo dosvolumes de terra a escavar ou remover. Em princpio, em lotes no muito grandes, aescavao geralmente avana do local de carregamento para o ponto mais afastado, edo centro para a periferia, como ilustra a figura 3.1.

    Figura 3.1 - Seqncia aconselhvel para a escavao em lotes no muito grandes

    3.1 CONTENO COM TALUDESAs banquetas so macios de terra que, durante a escavao, permanecem na

    periferia do lote para garantia da prpria escavao e de edificaes vizinhas.Normalmente, a largura no topo de 50cm a 1 metro, sendo que o corte feito cominclinao, denominada talude (figura 3.2). Dependendo das caractersticas do solo,ser possvel a execuo de escavaes em taludes com diferentes inclinaes eprofundidades.

    Figura 3.2 - Banqueta e talude

    Quando houver fundaes diretas a serem executadas junto s divisas, emnvel mais baixo que as fundaes vizinhas, alm das precaues j citadas, devem

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    ser feitas escavaes parciais e limitadas ao local das sapatas ou tubulaes aexecutar, denominadas trincheiras (figura 3.3).

    Figura 3.3 - Trincheiras nas escavaes junto s divisasQuando a edificao vizinha for apoiada em alicerces muito rasos em relao s

    escavaes para sapatas, tubulaes ou cortinas a executar na divisa, poder havernecessidade de prolongar esse alicerce at um nvel inferior ao da nova edificao.Esse prolongamento, chamado retomada das fundaes, deve sempre ser executadoem trechos alternados (trincheiras).

    3.2 OBRAS DE CONTENO

    3.2.1 ESCORAMENTOSQuando a escavao no puder ser contida apenas com a presena de taludes,

    deve ento ser previsto o escoramento da paredes do corte. Os escoramentos soestruturas provisrias executadas para possibilitar a construo de outras obras,

    sendo mais comumente utilizadas para permitir a execuo de obras enterradas ou oassentamento de tubulaes embutidas no terreno. De um modo geral, osescoramentos so compostos pelos seguintes elementos: paredes, longarinas,estroncas e tirantes. A figura 3.4 ilustra esses elementos. Parede: a parte em contato direto com o solo a ser contido. Na maioria dos casos,

    vertical e formada de madeira (contnua ou descontnua), ao ou concreto. Longarina: um elemento linear e longitudinal que serve de apoio parede.

    Geralmente, fica na posio horizontal e pode ser constituda de vigas de madeira,ao ou concreto armado.

    Estroncas (ou escoras): so elementos que servem de apoio s longarinas, indo deum lado a outro da escavao, ou apoiando-se em estruturas vizinhas, mas comcomprimento mximo de 12 metros. Assim, as estroncas so perpendiculares s

    longarinas, e podem ser de madeira ou ao. Em muitos casos, dependendo docomprimento da estronca, pode ser necessrio o seu contraventamento ou atapoios intermedirios (estacas metlicas cravadas) para suportar seu peso.

    Tirantes: com a mesma funo das estroncas (ou seja, suporte s longarinas), ostirantes so elementos lineares introduzidos no solo a ser contido, e ancorados nomacio por meio de um trecho alargado chamado de bulbo. Trabalham trao, epodem ser escolhidas como suporte s estroncas se for julgada a soluo maisadequada.

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    Bermas: so muitas vezes usados como nico elemento de escoramento emcontenes de pequena altura (at 6 metros) e em solos com boas caractersticasde resistncia. Por permitirem deslocamento da parede da conteno, podeminduzir recalques indesejveis em edificaes vizinhas. comum sua utilizaocomo escoramento auxiliar dos outros tipos, funcionando como escoramentoprovisrio at a instalao destes.

    Figura 3.4 - Elementos que compem os escoramentosO tirante um elemento linear capaz de transmitir esforos de trao entre

    suas extremidades: a extremidade que fica fora do terreno a cabea, e a que ficaenterrada conhecida como bulbo de ancoragem. A grande maioria dos tirantes

    constituda por um ou mais elementos de ao, geralmente barras, fios ou cordoalhas.Atualmente, tm sido pesquisados tirantes em fibras qumicas, mas com uso aindarestrito a casos especiais.

    A cabea do tirante a parte que suporta a estrutura. em geral constitudapor peas metlicas que prendem o elemento tracionado atravs de porcas, clavetes,botes ou cunhas, como mostra a figura 3.5.

    Figura 3.5 - Componentes de um tirante

    O bulbo de ancoragem, na grande maioria das vezes, constitudo por nata decimento, aderindo-se ao ao do tirante e ao solo, e possui comprimento muitas vezessuperior a 5 metros. Ao longo do corpo do tirante - o chamado trecho livre, que possuicomprimento no inferior a 3 metros - o ao no deve estar em contato com a natade cimento. Por isso, comum, antes da sua colocao, revesti-lo com graxa, com umtubo ou mangueira de plstico, ou com bandagem de material flexvel. Uma grandevantagem do uso de tirantes , alm da alta capacidade de carga (at 850 KN), asimplicidade construtiva. Os elementos que o compem so simples e de fcil manejo.Se comparados a um sistema de estroncamento, onde so necessrios vrioselementos de elevado peso (longarinas, estroncas, contraventamentos, apoios

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    intermedirios, etc.), os tirantes so bem mais vantajosos, alm de permitir trabalhosdentro da escavao sem a presena daqueles elementos, mantendo o terreno livre.Os tirantes oferecem tambm a vantagem de permitir fundaes mais simples obrade conteno. Por impedirem o deslocamento inicial do arrimo atravs da protenso,coisa que no acontece nas contenes tradicionais, reduzem o risco de prejuzo aedificaes vizinhas. Nas obras de conteno, os tirantes so usados desde os casosmais simples, com apenas uma linha de tirantes, at casos mais complexos, como em

    obras de mltiplos subsolos em locais com os mais variados tipos de solo dispostosem camadas.Dentre as limitaes do uso de tirantes, citam-se: i) os tirantes penetram no

    terreno vizinho no mnimo 8 metros; ii) quando da injeo da nata de cimento para obulbo de ancoragem, existe a possibilidade de levantamento da superfcie do terrenosobre os tirantes em locais de solo argiloso, podendo resultar em danos emedificaes vizinhas apoiadas sobre esse terreno; iii) existe a possibilidade decorroso de tirantes de ao, que geralmente se desenvolve desde a cabea ataproximadamente 1 metro dentro do trecho livre; iv) por ser um servioespecializado, oneroso, devendo ser avaliado sob o ponto de vista custo/benefcio.

    A seguir, so descritas as tcnicas de escoramento mais comuns, conforme omaterial empregado.

    3.2.1.1 Escoramento de madeiraOs escoramentos de madeira podem ser construdos com pranchas verticais ou

    horizontais, dependendo do solo a ser contido e da profundidade do escoramento.Entretanto, so mais comumente empregados para conteno de escavaes para oassentamento de tubulaes de redes de gua ou esgoto.

    Os escoramentos de madeira podem ser feitos com pranchas verticais ouhorizontais. Se cravadas no solo justapostas, constituem as chamadas cortinas. Sopranches de madeira de grande espessura, com a extremidade inferior cortada emforma de cunha para facilitar a cravao, e com encaixes laterais para justaposio(figura 3.6).

    Figura 3.6 - Pranchas de madeira com encaixes laterais

    medida que a escavao avana, as pranchas vo sendo cravadas sempre atum nvel inferior ao fundo da escavao. Quando as pranchas no forem capazes desuportar as paredes da escavao devido a esforos de flexo, so dispostas, comauxlio de cunhas, as longarinas e estroncas. As estroncas devem ser espaadas osuficiente para permitir as operaes de escavao, retirada do solo escavado ecolocao de tubulao, se for o caso.

    Os escoramentos assim descritos podem ser contnuos (pranchas justapostasformando cortinas) ou descontnuos (cravadas com espaamento entre elas), emfuno das caractersticas do solo contido e do fluxo dgua do lenol fretico.

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    3.2.1.2 Escoramentos mistos de metal e madeira um sistema de escoramento provisrio, onde as paredes so formadas pelo

    encaixe de perfis I de ao, cravados verticalmente antes da escavao, com pranchashorizontais de madeira. Os perfis geralmente so cravados com espaamento entre 1e 2 metros, dependendo dos esforos atuantes, e as pranchas de madeira vo sendoposicionadas medida que a escavao se aprofunda. Quando a profundidade daescavao no permitir que as paredes contenham o solo, deve-se dispor as

    longarinas e as estroncas, que suportaro os perfis I a partir da profundidadenecessria (figura 3.7).

    Figura 3.7 - Escoramento misto (perfis I metlicos e pranchas de madeira)As pranchas devem sempre manter contato ntimo com o solo contido, e isso

    garantido pela utilizao de cunhas de madeira, como indicado na figura anterior. Ano adoo dessa medida pode fazer com que existam vazios entre as pranchas demadeira e o solo, com conseqente deslocamento e abatimento da superfcie doterreno contido, como ilustra a figura 3.8. Se existirem edificaes prximas escavao, dentro de uma faixa de largura igual metade da profundidade escavada,as mesmas podem sofrer recalques considerveis.

    Figura 3.8 - Rebaixamento do terreno e recalque de edificao vizinha escavao

    3.2.1.3 Cortinas de estacas-prancha

    As cortinas de estacas-prancha so estruturas planas ou curvas formadas pelacravao de estacas-prancha (de madeira, concreto armado ou metlicas) justapostasno solo. Esse tipo de obra de conteno tem larga aplicao em obras porturias,proteo de taludes, proteo de fundaes de construes vizinhas, etc.

    As cortinas de estacas-prancha de madeira j foram descritas no item 3.2.1.As estacas-prancha de concreto so estacas pr-moldadas de seo variada e

    com encaixes do tipo macho-fmea, conforme ilustra a figura 3.9. Em geral, sosolidarizadas por meio de vigas de amarrao ao longo de suas cabeas. Entretanto,causam vibraes danosas s edificaes vizinhas durante sua cravao, e geralmente

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    a justaposio das estacas precria, resultando em juntas abertas que permitem apassagem de gua e de areia fina, causando danos s construes vizinhas.

    Figura 3.9 - Elementos pr-moldados de concreto para cortinas de estacas-prancha

    Apesar de mais resistentes que as estacas-prancha de madeira, as de concretoso muito pesadas e de difcil cravao, pois sofrem danos sob a ao do martelo dobate-estacas.

    As estacas-prancha metlicas so perfis de ao laminado com seo plana, ouem forma de U ou Z, com encaixes longitudinais para justaposio (figura 3.10).As principais vantagens das estacas-prancha metlicas sobre as de madeira e de

    concreto so: maior facilidade de cravao e de retirada (no caso de escoramentotemporrio), maior regularidade, melhor estanqueidade, grande variedade de mdulosde resistncia, possibilidade de efetuar cortinas de grande altura e possibilidade dereutilizao. Essa soluo tem sido mais utilizada em obras martimas onde necessria a execuo de ensecadeira.

    Figura 3.10 - Cortina de estacas-prancha metlicas

    3.2.2 CORTINASAs cortinas so contenes ancoradas ou apoiadas em outras estruturas,

    caracterizadas pela pequena deformabilidade, podendo fazer parte da estrutura a serconstruda.

    3.2.2.1 Paredes-DiafragmaAs paredes-diafragma so cortinas verticais executadas pela escavao de

    trincheiras sucessivas ou intercaladas, de comprimento da ordem de 2 a 3 metros, eposterior preenchimento da trincheira com placas de concreto armado ou concreto

    preparado no local. Por produzir mnimas vibraes, mesmo em areias muitocompactas ou argilas muito rijas, esse procedimento executivo reduz as perturbaesno terreno, e conseqentemente nos prdios vizinhos.

    Existem vrios tipos de paredes-diafragma, dentre os quais se destacam:

    paredes moldadas no local, de concreto armado ou simples;

    paredes pr-moldadas de concreto armado;

    paredes moldadas no local, a partir de uma mistura de cimento, bentonita egua em propores convenientes conhecida como coulis;

    paredes mistas.

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    As paredes diafragma podem ser executadas em espessuras que variam de30cm a 1,20 metros, e em profundidades que podem ultrapassar 50 metros. Apenasas paredes executadas com placas pr-moldadas apresentam limitao de dimenses,tendo em vista as tcnicas executivas. Entretanto, j foram executadas paredes ondeas placas pr-moldadas possuam 15 metros de comprimento e 40 cm de espessura.

    Dessa forma, as paredes-diafragma permitem realizar, com relativa facilidade,segurana e economia, escavaes profundas junto a edificaes j existentes. Podem

    ser implantadas em quase todos os tipos de terreno, mesmo em areias finas abaixodo nvel do lenol fretico. Como so estanques, evitam fluxo de gua para o interiorda escavao, permitindo, na maioria das vezes, que se trabalhe dentro da valaapenas com esgotamento superficial de gua.

    So paredes bem mais rgidas que as cortinas de estacas-prancha, podendofazer parte da estrutura definitiva do edifcio, recebendo no s a carga do solo, mastambm cargas verticais do prdio.

    O processo executivo das paredes diafragma exige a utilizao deequipamentos pesados e de grande porte, no sendo possvel execut-las em locaisonde esses equipamentos no tm acesso. A presena de mataces (grandes blocosde rocha) outro fator que pode inviabilizar a construo desse tipo de conteno.

    A execuo de paredes-diafragma torna necessria a estabilizao das paredesda vala, j que a escavao feita sem revestimento. Assim, deve ser utilizadadurante a escavao a lama bentontica (mistura de gua com bentonita sdica empropores convenientes). Essa lama capaz de manter as paredes da escavaoestveis tanto pelo balanceamento entre sua presso e a presso do solo, quanto pelapropriedade de tixotropia (aumento de viscosidade quando em repouso) queapresenta, responsvel pela formao de uma pelcula impermevel na superfcie dosolo denominada cake. A lama bentontica deve apresentar caractersticas mnimasde modo a serem garantidas as propriedades desejadas, e essas caractersticas sodetalhadas na norma NBR 6122/86 (Projeto e execuo de fundaes), da ABNT.Durante o processo de escavao, a lama vai se misturando ao solo escavado, e paraque mantenha suas caractersticas, deve passar por bacias de decantao para

    desarenao. Para que a estabilidade da escavao esteja assegurada, o nvel da

    lama dentro da escavao deve estar no mnimo 1,5 metros acima do lenol fretico.A execuo desse tipo de parede comea pela construo de pequenas

    muretas-guias de concreto armado, com altura aproximada de 1 metro, ao longo detodo o trecho a ser escavado, com o objetivo de definir a posio da parede e garantirsua verticalidade (figura 3.11). A escavao, at a profundidade desejada, feita comequipamento clam-shell, sendo que durante todo o perodo a trincheira permanecepreenchida com a lama bentontica. Atualmente, vm sendo usado em pases como oJapo outros equipamentos que, ao mesmo tempo em que escavam, retiram o solomisturado lama e enviam a mistura canalizada para as bacias de decantao. Dessaforma, a escavao ocorre de forma mais rpida, sem a necessidade de descargaperidica do solo escavado.

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    Figura 3.11 - Muretas-guias de concreto armado para escavao de parede diafragma

    3.2.2.1.1 Paredes-diafragma moldadas no local: aps pronta a escavao, umguindaste posiciona a armadura j montada, quando so dados retoques finais namesma pelos operrios. A armadura ento colocada na sua posio definitiva comauxlio do guindaste. Procede-se ento ao lanamento do concreto atravs de umaespcie de funil que direciona o concreto diretamente para o fundo da escavao,chamado de tremonha. A concretagem se d de baixo para cima. medida que oconcreto sobe, o tubo tremonha vai sendo levantado, tendo, entretanto, sempre suaextremidade mergulhada dentro do concreto. A lama vai sendo expulsa da escavao,por ser menos densa que o concreto.A diviso entre os painis sucessivos feita com auxlio de uma chapa-junta, que colocada logo aps o tmino da escavao, sendo retirada logo aps o incio da pegado concreto. Essa chapa-junta permite que se forme um encaixe tipo macho-fmea naextremidade de cada painel concretado.A seqncia executiva das paredes diafragma de concreto armado moldadas no local ilustrada na figura 3.12.

    Figura 3.12 - Seqncia executiva das paredes-diafragma de concreto armadomoldadas no local

    3.2.2.1.2 Paredes-diafragma pr-moldadas: aps a escavao, colocada a placa deconcreto armado ou protendido dentro das trincheiras preenchidas com a lama, sendofixadas e incorporadas ao solo atravs de uma argamassa de cimento, gua ebentonita conhecida como coulis. A seqncia executiva ilustrada na figura 3.13.

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    Figura 3.13 - Seqncia executiva das paredes-diafragma pr-moldadas

    3.2.2.2 Cortina de concreto armado atirantada

    A tcnica construtiva desse tipo de conteno, descrita na figura 3.14, consistena construo da cortina e atirantamento por linhas sucessivas, de cima para baixo. Aexecuo de uma determinada linha s iniciada quando a linha imediatamenteacima estiver integralmente pronta. Dentro de uma mesma linha, o atirantamento executado em trechos alternados, de maneira que os trechos no escavados (bermas)sirvam de suporte para aqueles em execuo. Assim, o processo permite a execuosegura, e evita a descompresso do terreno pelo efeito da protenso dos tirantes,reduzindo as deformaes a um mnimo.

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    Figura 3.14 - Execuo de cortina atirantada

    3.2.2.3 Cortina de estacas tipo raizEm terrenos extremamente resistentes ou em locais onde existam mataces,

    onde as ferramentas dos sistemas tradicionais de conteno no conseguematravessar, a soluo normalmente utilizada uma cortina de estacas-raiz justapostas(figura 3.15). A estaca tipo raiz, cujo processo executivo ser abordado no captulo5 desta apostila, capaz de atravessar rocha, mataces ou material de consistnciarochosa.

    A execuo das estacas ao longo do permetro da obra se faz alternadamente,com posterior fechamento dos intervalos. Deve ser garantida a verticalidade das

    estacas, para que no existam espaos vazios entre estacas sucessivas, o quedificultaria o processo de escavao.

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    Figura 3.15 - Cortina de concreto com estacas raiz

    3.2.2.4 Cortina com estacas escavadas e concreto projetado um tipo de conteno que vem sendo bastante utilizado, e consiste na

    execuo de estacas escavadas espaadas conforme os esforos atuantes no terreno.O processo executivo das estacas escavadas ser descrito no captulo 5 desta apostila.Executadas as estacas, inicia-se a escavao, e vai sendo colocada uma tela em formade arco entre as mesmas, sendo ento aplicado concreto projetado. A figura 3.16ilustra esse tipo de conteno. A escavao do solo para a colocao das telas deveser feita em etapas, para que no ocorra desmoronamento.

    Figura 3.16- Cortina de estacas escavadas com concreto projetado

    3.2.2.5 Cortina de estaces ou tubules

    confeccionada atravs da execuo de estaces (estacas rotativas) outubules justapostos ou intercalados. No caso de intercalados, o espao existenteentre cada estaco ou tubulo pode ser preenchido com concreto projetado, cortinade concreto armado ou alvenaria, sendo que a escavao para a execuo dessepreenchimento deve se dar por etapas, para afastar riscos de desmoronamento. Nocaso de serem executados justapostos, as juntas entre cada um deve ser preenchidapor injees qumicas ou por colunas Jet Grout.

    3.2.2.6 Jet GroutingTambm aplicado para reforo de subsolos, o jet grouting um processo pelo

    qual gua, ar e calda de cimento, numa combinao adequada, so injetados apresses muito elevadas atravs de orifcios de alguns milmetros de dimetrolocalizados na extremidade de uma haste composta de um ou mais tubos concntricos

    (ou seja, haste telescpica), sendo esta haste introduzida no terreno e rotacionada. Amistura bombeada sob grande impacto, a uma presso de 200 a 500 vezes apresso atmosfrica, atingindo velocidades na sada do orifcio entre 200 e 320 m/s.Isso causa desagregao do solo, que se mistura a esse lquido injetado e transformao solo em um macio resistente, formando uma coluna de solo-cimento que pode terdimetro de at 3 metros, dependendo das caractersticas do terreno e do mtodo deexecuo.

    A justaposio dessas colunas pode formar paredes para conteno de maciosou para permitir a abertura de valas. A seqncia executiva ilustrada na figura 3.17.

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    Figura 3.17 - Seqncia executiva de cortina formada por jet grouting

    As caractersticas de resistncia, deformabilidade e permeabilidade desejadasso obtidas pela composio da calda, pela variao da presso do jato e pelasvelocidades de rotao e translao da haste.

    Um dos principais problemas relacionados com essa tcnica a irregularidadeda parede da escavao formada pela justaposio das colunas, podendo resultar naexistncia de solo natural entre as colunas.

    3.2.3 MUROS DE ARRIMOOs muros so estruturas corridas de conteno constitudas de parede vertical

    ou quase vertical, apoiada numa fundao rasa ou profunda. Podem ser construdosem alvenarias (de tijolos ou pedras) ou em concreto (simples ou armado), ou aindade elementos especiais.

    3.2.3.1 Muros de gravidadeSo estruturas corridas (contnuas) que suportam os esforos (empuxos) pelo

    seu peso prprio. Geralmente so executados para conter desnveis pequenos oumdios, inferiores a cerca de 5 metros. So construdos quando se dispes de espaopara acomodar sua seo transversal: a largura da base da ordem de 40% da alturado solo a ser contido.

    No caso de conteno em terrenos escavados, podem ser executados emtrechos alternados, permitindo que a escavao se processe por etapas, evitando odesconfinamento total do terreno. O muro ento construdo em trechos sucessivosat sua concluso.

    Os muros de gravidade podem, tambm, ser construdos para conterterraplenos (aterros). Nesse caso, o muro deve ser executado integralmente parareceber o macio somente ao final da sua construo, ou medida que for sendoerguido.

    Pelo fato de serem estruturas pesadas, so quase sempre escolhidos comoconteno quando o terreno tem boa capacidade de carga, capaz de suportar astenses mximas na fundao em sapata corrida.

    Os muros de gravidade podem ser construdos com diversos tipos de materiaisou elementos:Muro de pedra seca: so executados com pedras encaixadas manualmente, semargamassa..Muro de pedra argamassada: as pedras so assentadas com argamassa (alvenaria depedra).Muro de concreto ciclpico: so executados atravs da execuo de frmas elanamento de concreto com pedras de grande dimenso (pedras de mo).

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    Muro de solo cimento ensacado: so confeccionados pelo empilhamento de sacos deaniagem preenchidos com mistura de solo, cimento e gua.Muro de gabies: so construdos pela superposio de gaiolas prismticas de aramegalvanizado cheias de pedras com dimetro mnimo superior abertura da malha dagaiola (figura 3.18). Suas principais caractersticas so a flexibilidade (acomodam-sebem a recalques diferenciais) e a permeabilidade. O preenchimento com pedras feitomecanicamente no local, aps a disposio da gaiola.

    Figura 3.18 - Muro de gabiesCrib-wall: tambm chamadas de paredes de engradados, so estruturas formadas

    por elementos pr-moldados de concreto armado, madeira ou ao, montados no local justapostos e interligados longitudinalmente (figura 3.19), cujo espao interno preenchido de preferncia com material granular grado (brita grossa ou pedra demo).

    Figura 3.19 - Crib-wall

    3.2.3.2 Muros atirantadosSo estruturas mistas em concreto e alvenaria (de blocos de concreto ou

    tijolos) atirantadas ao macio de solo que contm, por meio de barras ou vigas deconcreto armado ligando o muro a blocos, vigas longitudinais ou estacas implantadasno macio. Os muros assim descritos so estruturas de baixo custo, para pequenasalturas de conteno (at 3 metros), executados sempre que os tirantes no possamvir a tornar-se obstculos para obras futuras. Dependendo das condies do solo defundao e da altura do arrimo, podem apoiar-se em sapata corrida, em estacas oumesmo em brocas (vide captulo 5 da apostila).

    3.2.3.3 Muros de flexoSo estruturas mais esbeltas, com seo transversal em forma de L (figura

    3.20) que resistem aos empuxos por flexo. O peso do solo sobre a base do L auxiliana manuteno do equilbrio. Na grande maioria dos casos, so construdos emconcreto armado, tornando-se em geral antieconmicos para alturas acima de 5 a 7metros. Os muros de flexo, quando de estrutura massiva, tambm auxiliam a mantero equilbrio pelo seu peso prprio, sendo um misto de funcionamento entre os murosde gravidade e os de flexo.

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    Figura 3.20 - Muro de flexo3.2.3.4 Muros de contrafortes

    Como ilustra a figura 3.21, possuem elementos verticais de maior porte(contrafortes ou gigantes) espaados de alguns metros, e destinados a suportar osesforos de flexo pelo engastamento na fundao. Nesse caso, a parede do muroconstitui-se de lajes verticais apoiadas nesses contrafortes.

    Figura 3.21 - Muro de flexo com contrafortes

    Como nos muros de flexo, o equilbrio alcanado pelo peso do macio de solosobre a base do muro (sapata corrida ou laje de fundao). A diferena entre essetipo de muro e o muro de flexo essencialmente estrutural.

    Os gigantes ou contrafortes podem ser construdos para o lado externo do muroou embutidos no macio. Os muros de contrafortes, assim como os de flexo,destinam-se a conter solos ou aterros que devem ser compactados adequadamentesobre a base, cuja largura em mdia da ordem de 40% da altura do solo a sercontido, exigindo assim esse espao para execuo.

    Se apoiados em fundaes diretas (sapata corrida), a condio crtica deequilbrio relativa translao, o que pode exigir a construo de um dente verticalna fundao para dificultar tal deslocamento. Podem ser apoiados em estacas verticaise/ou inclinadas, dependendo das caractersticas do solo no local.

    3.3 ASPECTOS IMPORTANTES RELATIVOS S OBRAS DE CONTENOA influncia da gua marcante na estabilidade dos muros de arrimo, j que o

    acmulo de gua por deficincia de drenagem pode duplicar o empuxo atuante sobreo muro. Assim, a execuo de um sistema eficaz de drenagem imprescindvel.A drenagem pode ser feita de diversas maneiras. Alguns tipos de conteno,

    como os muros de pedras secas, gabies e crib-walls, so autodrenantes, tendo emvista o material que empregam. Entretanto, mesmo nesses muros, indicada aexecuo de canaletas no topo e na base do talude, para captar guas superficiais eevitar o rompimento das fundaes do muro. Tambm indicada a execuo de drenode areia entre o solo e a estrutura para a coleta de gua subterrnea, podendo seracrescentada uma camada de manta geotxtil para evitar o carreamento do solo. Emestruturas impermeveis, como muros de concreto, pedra argamassada, concreto

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    Figura 3.23 - Condio para ruptura do fundo de escavaes

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    4. LOCAO DA OBRA

    A locao da obra corresponde operao de transferir para o terreno, naescala NATURAL, as medidas em planta baixa de um projeto elaborado em escalareduzida. Marcar ou locar a obra consiste em medir e assinalar no terreno a posiodas fundaes, paredes, colunas e outros detalhes fornecidos pelo projeto de

    arquitetura, marcando os principais pontos com piquetes. A locao feita tomando-se como base as plantas de situao e localizao, de locao de pilares efundaes e planta baixa do pavimento trreo (ou do subsolo, quando houver).

    O terreno onde ser feita a obra deve ser identificado, localizado e delimitadocom preciso, e seus limites devem ser conferidos com a escritura pblica de comprae venda. Para a locao de uma pequena residncia basta apenas uma trena, umnvel, um prumo e fios de nilon. Para locao de um prdio ou outra obra de grandeporte pode ser necessrio um teodolito ou outros instrumentos de topografia.

    Para obras com fundaes contnuas, so marcados os alinhamentos dessasfundaes juntamente com o alinhamento das paredes. Para obras com fundaes nocontnuas (estacas, sapatas isoladas, tubules), marcada inicialmente a posio dospilares. No caso de apenas um elemento de fundao por pilar, marca-se diretamente

    a posio da fundao.

    4.1 LOCAO DE EDIFICAES COM FUNDAES NO CONTNUASInicialmente, com o auxlio dos projetos, recomendvel marcar-se no terreno

    a posio dos vrtices do prdio a ser construdo. Isso pode ser feito comequipamentos topogrficos para maior preciso. Aps marcados os cantos do prdio,parte-se ento para a construo do gabarito (ou tabela - figura 4.1), que umaespcie de cercado formado por tbuas, que circunscreve a futura construo,podendo distar dela em torno de 1 metro. O gabarito pode ser feito com tbuas depinho, pregadas a cutelo em pontaletes cravados no solo e distanciados cerca de 1,80metros entre si. As tbuas devem ser colocadas inteiramente niveladas, pois sobreelas sero marcadas as distncias indicadas nas plantas. Para terrenos com inclinao

    elevada, o gabarito deve ser feito em degraus, acompanhando o perfil do terreno,mas sempre em planos horizontais nivelados.

    Figura 4.1 - Gabarito para locao daobra

    Para a locao de pilares oufundaes isoladas, deve-se escolher umsistema de eixos com origem definida:todas as distncias sero marcadas sobreos eixos, acumuladas desde a origem. Porexemplo, esse sistema de eixos poderiacorresponder a duas linhas de pilaresortogonais do prdio. recomendada amarcao da origem desse sistema deeixos com a cravao de uma pequena

    estaca de madeira no solo com um pregona posio exata da origem. Em caso dedeslocamento do gabarito, o sistema deeixos permitir o reposicionamento domesmo.

    Marcadas as distncias indicadas na planta, fixa-se pregos nos dois ladosopostos do gabarito. Assim, a locao de um pilar ou um elemento de fundaorequer a fixao de quatro pregos sobre as tbuas, como mostra a figura 4.2. Seexistirem elementos no mesmo alinhamento, o mesmo par de pregos servir paratodos eles. Aps a fixao dos pregos, esticam-se as linhas de nilon, tomando-se o

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    cuidado de escrever o nmero do elemento (pilar ou fundao) no gabarito. Paramarcar o local correspondente ao eixo do elemento locado, basta esticar um prumo decentro que passe pela interseo das linhas: no ponto indicado pelo prumo, crava-seum piquete de madeira (figura 4.3), nivelando-o com a superfcie do terreno. Caso setrate de um prdio com pilares apoiados em estacas coroadas por blocos, a marcaodas estacas geralmente feita a partir da marcao do pilar, com auxlio de trena. Opiquete que marcar a posio da estaca deve ter o seu nmero pintado de cor

    chamativa para fcil identificao.

    Figura 4.2 - Locao de um pilar oufundao isolada

    Figura 4.3 - Piquete de madeira paramarcao da posio de uma estaca

    4.2 LOCAO DE ALINHAMENTOS (PAREDES E FUNDAESCONTNUAS)

    Para marcar as posies das paredes, deve-se faz-lo pelo eixo e, em seguida,

    mede-se o tijolo que vai ser empregado na obra. A partir do eixo, marca-se as duasextremidades (faces do tijolo) que definem a espessura da parede. importante amarcao da parede pelo seu eixo, tendo em vista a diferena nas espessuras dasparedes entre a planta e o que realmente executado. Por exemplo, hbito nasplantas desenhar as paredes externas (1 tijolo) com 25cm de espessura, quandosua espessura aps receber o revestimento ser de 27 a 28cm. Para paredes internas(1/2 tijolo) acontece o mesmo: a planta indica espessura de 15cm, mas apsconcludas apresentam cerca de 14cm de espessura. Essas diferenas isoladas soinsignificantes, mas acumuladas representam modificao considervel entre projetoe execuo caso no sejam distribudas. Assim, a melhor forma de distribuio alocao das paredes por eixo, e no por uma das faces. Alm disso, menor o riscode confuso por parte do pedreiro, que pode no saber qual das faces representa alinha se a marcao no for feita pelo eixo.

    Processos de fixao dos alinhamentos no terreno

    Processo dos cavaletes: os cavaletesesto ilustrados na figura 4.4. Esseprocesso tem a desvantagem de havero risco de deslocamento dos cavaletespor batidas de carrinhos ou mesmo dosoperrios, resultando em locaoerrnea da obra. Figura 4.4 - Cavalete para locao de

    paredes Processo da tbua corrida: consiste na execuo de um gabarito semelhante ao

    utilizado para a marcao das estacas, mas onde as tbuas distamaproximadamente 1,50m das futuras paredes. Dessa forma, as tbuas pregadasnos pontaletes devero estar niveladas, para que se possa estender a trena sobreelas. Colocam-se os pregos nas tbuas para definir os alinhamentos. Para que sejagarantido o ngulo definido em projeto entre os alinhamentos, deve-se usar umteodolito. O aparelho pode ser usado apenas na demarcao de dois alinhamentosortogonais, sendo que os outros podem ser marcados somente com a trena.A marcao do eixo da parede, espessura da parede, espessura do alicerce elargura da vala para a execuo da fundao feita com pregos cravados nastbuas, como mostra a figura 4.5.

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    Figura 4.5 - Marcao atravs de pregos

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    5. FUNDAESTodas as obras de engenharia (aterros, barragens, edificaes, pontes,

    estradas, torres, etc.) constituem-se de duas partes: a superestrutura e ainfraestrutura (fundaes).

    No sentido comum, o termo fundao entendido como um elemento daestrutura encarregado de transmitir para o subsolo as cargas da superestrutura. Soelementos que, em conjunto, constituiro o apoio da edificao sobre o solo. Podemser definidos tambm como elementos de transio entre a estrutura e o solo.

    A cincia ou a parte do conhecimento cientfico que define os tipos,posicionamento e dimenses das fundaes chama-se Engenharia de Fundaes. Ocontedo abordado na disciplina FUNDAES (cdigo ECV 5135) oferecida na 8fase, e engloba tanto a avaliao da capacidade do subsolo de suportar as cargasaplicadas quanto o projeto dos elementos estruturais utilizados. As solues dadaspela Engenharia de Fundaes, sob o ponto de vista geotcnico, baseiam-se nosconceitos de Mecnica dos Solos, e desde que no se firam estes conceitos, as formase os processos construtivos nesse campo so inmeros.

    A presente disciplina ir abordar os mtodos construtivos universalmenteconhecidos e consagrados pela prtica.

    5.1 CLASSIFICAO DAS FUNDAESAs fundaes podem ser agrupadas em duas categorias, conforme o modo

    de transmisso da carga para o solo:FUNDAES DIRETAS - a carga transmitida ao solo por presses sob a base da

    fundao. Do ponto de vista tcnico, as fundaes diretasseriam aquelas em que a largura (b) maior que aprofundidade de assentamento (d), ou seja, b>d. A cargaobtida pelo dimensionamento da superestrutura (P) transmitida ao solo pela base da fundao (de rea A).Assim, a tenso no solo () dada pela equao = P/A.

    FUNDAES INDIRETAS - a carga transmitida ao solo pelas presses sob a base da

    fundao e tambm por atrito ou adeso ao longo da suasuperfcie lateral. Tipicamente, tais fundaes so chamadasde estacas. As estacas so elementos esbeltos (l>>d)encarregados de transmitir as cargas da superestrutura paraas camadas resistentes profundas do subsolo. Parte dessacarga transmitida por ATRITO LATERAL entre a estaca e osolo, e parte pela RESISTNCIA DE PONTA.

    As fundaes tambm podem ser agrupadas conforme a profundidade deassentamento, em superficiais (ou rasas) e profundas. As primeiras so empregadasquando as camadas do subsolo imediatamente abaixo da edificao so capazes desuportar as cargas. As profundas so usadas quando se necessita recorrer a camadas

    resistentes mais profundas.

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    Os tipos de fundao universalmente empregados so:

    BLOCOS DEFUNDAO

    SUPERFICIAS SAPATAS

    isoladascontnuascombinadasespeciais

    FUNDAESDIRETAS

    RADIER

    PROFUNDAS TUBULES

    CAIXES

    a cu abertoa ar comprimido

    PR-MOLDADAS

    madeiraaoconcreto

    FUNDAESINDIRETAS

    MOLDADASNO LOCAL

    FrankiStraussEscavadasBrocaInjetadas

    5.2 MTODOS CONSTRUTIVOSA partir de agora sero descritos os mtodos construtivos mais empregados

    para os diversos tipos de fundaes citados anteriormente.

    5.2.1 FUNDAES DIRETAS SUPERFICIAIS5.2.1.1 BLOCOS DE FUNDAO: so elementos de grande rigidez executados emconcreto simples, concreto ciclpico ou alvenaria de pedra (portanto, so NOARMADOS), dimensionados de modo que as tenses nele produzidas possam serresistidas pelo concreto por compresso simples. A figura 5.1 ilustra esse tipo defundao. Definidas as dimenses dos blocos em funo da carga e da capacidade desuporte do solo na etapa de projeto, procede-se abertura das cavas. O fundo dacava dever, ao final dos trabalhos, estar nivelado. Aps a escavao, deve-seproceder ao apiloamento do fundo da cava, com soquetes que pesem de 10 a 30 kg.O apiloamento no feito com objetivo de aumentar a resistncia do solo, mas simcompactar o material solto na escavao e uniformizar o fundo da cava. Concludo otrabalho de apiloamento, deve-se executar um lastro de concreto magro (consumo decimento da ordem de 150 kg/m3) na espessura de 5cm, com objetivo de regularizar ofundo da cava e no permitir o contato direto do material com o solo. Permitida a

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    secagem deste lastro, as formas podero ser montadas conforme ilustra a figura 5.2,seguindo-se ento a concretagem.

    Figura 5.1 - Bloco de fundao Figura 5.2 - Frmas para bloco de fundao

    5.2.1.2 SAPATAS: as sapatas so fundaes de pequena altura em relao sdimenses da base. So semiflexveis, e trabalham flexo. Podem ter basequadrada, retangular, circular ou octogonal (figura 5.3). Quando a sapata suportaapenas um pilar, dita sapata isolada (figura 5.4). Se o pilar situar-se na divisa do

    lote, dita sapata de divisa (figura 5.5), quando se faz necessrio o uso de uma vigade equilbrio ou viga-alavanca entre o pilar de divisa e o pilar interno adjacente.Quando a sapata suporta a carga de mais de um pilar, ela dita sapata associada(figura 5.6). Sapata corrida ou contnua aquela que suporta a carga de um muro,parede, ou de um alinhamento de pilares.

    Figura 5.3 - Formatos de base de sapatas

    Figura 5.4 - Sapataisolada

    Figura 5.5 - Sapata de divisa ura 5.6 - Sapata associada

    As sapatas podem ser executadas em alvenaria de tijolos, alvenaria de pedras,alvenaria de blocos ou em concreto. As sapatas em alvenaria de tijolos, tambmchamados alicerces de alvenaria, so macios de alvenaria sob as paredes dopavimento inferior do prdio, ficando uma parte enterrada no solo. Sua face superior -respaldo - deve estar acima do nvel do terreno, para que no haja contato da parededa edificao com o solo. recomendvel a execuo de uma cinta (viga) deamarrao no respaldo dos alicerces, para melhor distribuir os esforos.O procedimento para execuo dos alicerces em alvenaria de tijolos idntico aoexposto para construo de blocos de fundao. O assentamento dos tijolos deve

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    iniciar sobre o lastro de concreto magro, com argamassa de cimento e areia. Emterrenos muito midos, desaconselhvel o emprego de tijolos cermicos nasfundaes, j que podem se decompor pela re-hidratao de seus compostos. Pode-seento empregar alicerces em alvenaria de pedras, que so encontradas no mercadolocal nas dimenses aproximadas de 22 x 22 x 28 cm, em granito. A preparao davala para execuo desse tipo de fundao feita da mesma maneira que paraalvenaria de tijolos, e o assentamento das pedras deve ser feito com argamassa de

    cimento e areia com espessura mdia de 3 centmetros.

    Figura 5.7 - Alargamento da base emsapatas corridas de alvenaria

    Para reduo do nvel de tensestransmitidas ao solo, a base da sapatapode ser alargada, como ilustra a figura5.7. O ngulo deve ser maior que 45,para garantir a atuao nica de esforosde compresso no elemento de fundao. Oassentamento das pedras deve se darsobre colcho de areia ou concreto magro,e no respaldo da sapata deve serexecutada uma cinta de amarrao parareforo das ligaes entre todos os

    elementos de fundao. A presena dacinta diminui o risco do aparecimento defissuras nas paredes da edificao em casode recalque diferencial, e distribui ascargas concentradas sobre o plano dasfundaes.

    A cinta de amarrao pode ser de argamassa armada, concreto armado, tijolo armadoou mista. A cinta de argamassa armada obtida colocando-se duas a trs barras deao de dimetro 1/4 a 3/8 no interior da argamassa de respaldo, devendo osmesmos serem cobertos por no mnimo 1 centmetro de argamassa 1:4, dispostossem amarrao entre si, com os traspasses fora dos cantos ou encontros de paredes.Para que essa cinta sirva de plano de apoio das alvenarias da edificao, a mesma

    deve ser nivelada perfeitamente com a horizontal, atravs da utilizao de nvel demangueira ou nvel de bolha. A execuo com guias (tbuas) pregadas em estacasescoradas ao longo das paredes externas e internas.

    Figura 5.8 - Execuo de cinta de concretoarmado sobre respaldo do alicerce

    A cinta de concreto armado executadacom a colocao de guias em ambos oslados da parede, pregadas em estacascravadas no solo e nivelada como no casoanterior (figura 5.8). A boca da caixa mantida na sua posio por meio desarrafos pregados de metro em metro. Osferros so dispostos tambm semamarrao no interior da caixa, que em

    seguida preenchida com concreto.Deve-se ter o cuidado prvio de tapar asfrestas entre a forma e a alvenaria combuchas de papel, para evitar fuga doconcreto. A largura da cinta a mesmada alvenaria de alicerce, e a altura podevariar de 5 a 15 centmetros, dependendodo desnvel da face superior da alvenariado alicerce.

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    A cinta de tijolo armado feita com tijolos dispostos a cutelo, de p ou deitados, comargamassa de trao 1:3 ou 1:4. Nas juntas verticais, que tm mais de 3cm deespe