Técnicas Construtivas Pronto
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
ALINE SOARES DE MIRANDA
TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
OURO PRETO
2014
Técnicas Construtivas
Desde a Idade Média já existiam relatos de técnicas construtivas voltadas para as construções monumentais. Durante a 1ª Guerra Mundial, com a necessidade de construir moradias para os desabrigados, veio o pensamento sobre as técnicas para casas populares. Após a derrota do Eixo, esses pensamentos voltaram para as construções monumentais e, depois de algum tempo, tímidas manifestações acerca da arquitetura popular surgiram, percebendo-se assim o quão complexa ela é.
Materiais Orgânicos - O Homem não teve dificuldade em encontrar materiais para construção na natureza. Os mais utilizados no Brasil são:
Folhas e fibras: De construção simples, os toldos, criados pelos Indígenas, são compostos por um para-vento retangular de varas de taquaras verticais e horizontais, amarrados entre si, fixados no solo, e apoiados em uma árvore. Por serem abertas, eram utilizadas no verão. No inverno, eram colocados frente a frente duas filas de cubículos do mesmo material, deixando os toldos vedados e impedindo a entrada dos ventos.
Depois da colonização, os indígenas tornaram sua construção ainda mais prática, trocando o conjunto de taquaras por apenas quatro varas apoiadas, que esticavam um couro que passou a substituir a palha.
Fibras naturais ou industriais também são bastante empregadas nas construções. A fibra de piaçava era indicada para telhados por sua longa resistência a intempéries.
Madeira - A forma mais usual da madeira é como estrutura das construções, sendo necessário o uso de material para vedação.
Pau-a-pique: Na estrutura dos telhados são utilizados galhos ou troncos de madeira, com uma de suas extremidades fixada no chão e a outra fixada a um suporte horizontal. Não recebem nenhuma forma de vedação, porém quando se é necessária, ela é feita com materiais complementares como folhas, galhos e/ou barro.
Enxaimel: Consiste em peças de madeiras com encaixes. Devido à umidade do solo, estas tiveram que ser isoladas do chão para evitar o apodrecimento das madeiras e, passaram a ser empregadas sobre uma fundação de pedra. Para garantir a estabilidade da estrutura, são utilizadas escoras inclinadas. Em Santa Catarina podemos encontrar muitos exemplos deste tipo de construção.
Gaiola: Utilizada em Lisboa, sua estrutura com encaixes nos dois sentidos é capaz de resistir à compressão e aos grandes esforços de tração, provocados por terremotos. Com a ausência de condições extremas no nosso país, esta técnica foi simplificada.
Tábuas: Apoiadas a uma fundação de pedra, sua estabilidade é garantida pela fixação nas peças estruturais. Anteriormente à criação das leis ambientais, a madeira era usada em abundancia e muitos chalés foram construídos. Eram vistas como construções pobres, porém com o passar do tempo passaram a ser consideradas luxuosas, devido à sua raridade e consequentemente o aumento do seu preço.
Materiais singulares – O couro foi muito utilizado nas confecções de portas, janelas, dobradiças e base dos catres que serviam como camas. O esterco bovino, depois de secar se torna um ótimo isolante térmico e é usado nos revestimentos de pisos, normalmente junto com o barro misturado a diversos materiais orgânicos para suavizar o efeito de retração, devido à evaporação da água. Ossos e ostras eram queimados para fornecer a cal, que foi um dos aglomerantes mais usados nas construções no início das civilizações. Terra - As maiores construções humanas como a Pirâmide do Sol e a Muralha da China, são quase completamente de terra. Por ser um material barato e de fácil aplicação, não necessita de muitos recursos para ser utilizada. Paredes feitas de terra controlam a umidade e a temperatura do ambiente e, em sua variedade de cores, pode ser usada também para fim decorativo. Com intenção de aumentar a resistência e rigidez, ela é misturada a materiais orgânicos.
Alguns tipos de construção são feitas diretamente na terra natural. A maneira mais prática é escavando o solo na forma em que ele é encontrado na natureza e, normalmente, em escavações verticais, formando buracos na terra. A profundidade destes buracos varia entre 80 cm e 6m e, são cobertos por uma estrutura de madeira revestida de folhas para a cobertura. As paredes podem ser verticais ou inclinadas e os pisos eram planos. Essas construções semienterradas são ótimas para o controle da temperatura da habitação e até 1960, ainda eram encontradas no Brasil.
Torrões: Para se tornar invulnerável à umidade, a terra necessita de algum tipo de tratamento. Uma técnica conhecida é a criação de torrões, que retira do solo uma placa de terra com grama plantada e se sobrepõe umas às outras com as juntas desencontradas. Uma parede assim construída adquire solidez na medida em que a grama morre e as raízes permanecem, desempenhando um papel aglomerante. Tábuas são utilizadas para fixação das esquadrias neste tipo de parede, e a cobertura normalmente é feita em capim e, como de costume seus beirais protegem as paredes.
Taipa de Pilão: A técnica consiste em socar a terra levemente umedecida com um pilão. Para um menor fissuramento, são acrescentados alguns materiais estáveis. A desvantagem dessa técnica é a necessidade de uma maior espessura das paredes, de no mínimo 50 cm. O revestimento de azulejo é bastante utilizado e protege a parede da umidade. Em Portugal, habitações com este tipo de revestimento são chamadas de “casas brasileiras”.
Taipa de Mão: Essa técnica está diretamente associada às construções de pau-a-pique, em que serve para fechar frestas formadas entre galhos verticais. Assim como o nome diz, a terra é amassada manualmente até adquirir a consistência desejada.
Taipa de sebe: Feita de arbustos ou de ramos, os galhos são entrelaçados e sustentados por estacas fincadas no chão. Quando essa técnica é utilizada para paredes de terra, ela recebe esse nome.
Taipa de sopapo: Consiste na forma de aplicação do barro, que ao invés de ser amassado continuamente, é arremessado em forma de bolas moldadas manualmente. Para uma melhor consistência, devem ser arremessados em uma sincronia perfeita.
Adobe - É uma técnica conhecida em todos continentes. Se constitui pelo tijolo cru, feito de argila compactada seca ao vento e ao sol. Possui uma boa resistência e pode ser assentado com argamassa de barro. Os adobes moldados também podem ser utilizados ainda úmidos na construção, dispensando o uso de argamassa. No entanto, as paredes devem possuir uma espessura maior para melhor secagem do material.
Cerâmica - O emprego de materiais orgânicos trouxe muitas inconveniências quando utilizado para a construção de telhados. Assim, a fabricação de telhas portuguesas foi uma alternativa utilizada. Já o azulejo nas fachadas passou a ser utilizado para proteger as paredes da umidade, principalmente em regiões litorâneas.
Pedra - As pedras possuem uma ótima durabilidade, portanto são encontradas nas mais antigas construções. Por ser um material relativamente raro, pesado e de difícil elaboração, são mais utilizadas em construções de alta classe. No Brasil, a pedra é utilizada em elementos construtivos como fundações, cunhais e contorno de aberturas. A construção de paredes inteiramente de pedra, acontecia na maioria das vezes devido à escassez dos outros materiais. Com o tempo as construções de pedra foram entrando em extinção e quase totalmente substituídas pelas construções em madeira.
Materiais Industriais - Com a industrialização surgiram materiais com uma ótima durabilidade, alta resistência e preços cada vez mais convenientes. Assim, esses materiais se tornaram populares no ramo da construção civil. Os primeiros utilizados foram o tijolo e a telha, fabricados, por exemplo, com cimento-amianto ou alumínio. Esquadrias pré-fabricadas, lajes impermeabilizadas e paredes de tijolos industrializados passaram a ser encontrados com muita frequência nas construções.