TÉCNICAS COMPUTACIONAIS PARA ELEMENTOS FINITOS ... · Aos Professores, Funcionários e Colegas do...

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TÉCNICAS COMPUTACIONAIS PARA ELEMENTOS FINITOS ESTABILIZADOS NA SOLUÇÃO DE LEIS DE CONSERVAÇÃO HIPERBÓLICAS NÃO LINEARES Denis Araujo Filgueiras de Souza TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: Prof. Alvaro Luiz Gayoso de Azeredo Coutinho, D.Sc. Prof. José Luis Drummond Alves, D.Sc. Prof. Luiz Landau, D.Sc. Prof. Abimael Fernando Dourado Loula, D.Sc. Prof. Lucia Catabriga, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL ABRIL DE 2008

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TÉCNICAS COMPUTACIONAIS PARA ELEMENTOS FINITOS ESTABILIZADOS

NA SOLUÇÃO DE LEIS DE CONSERVAÇÃO HIPERBÓLICAS NÃO LINEARES

Denis Araujo Filgueiras de Souza

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS

EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

Prof. Alvaro Luiz Gayoso de Azeredo Coutinho, D.Sc.

Prof. José Luis Drummond Alves, D.Sc.

Prof. Luiz Landau, D.Sc.

Prof. Abimael Fernando Dourado Loula, D.Sc.

Prof. Lucia Catabriga, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

ABRIL DE 2008

ii

DE SOUZA, DENIS ARAUJO FILGUEIRAS

Técnicas Computacionais para Elementos

Finitos Estabilizados na Solução de Leis de

Conservação Hiperbólicas Não Lineares

[Rio de Janeiro] 2008

XV, 152 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D. Sc.,

Engenharia Civil, 2008)

Tese – Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE

1. Elementos Finitos Estabilizados

2. Escoamentos em Meios Porosos

3. Equações de Euler

I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

iii

Para Francisca

iv

Agradecimentos

Ao professor Alvaro Luiz Gayoso de Azeredo Coutinho pela orientação e amizade.

Ao professor José Luis Drummond Alves pela orientação e amizade.

Ao professor Luiz Landau pela orientação e amizade.

Aos meus Pais, Irmãos, Familiares e Amigos pela paciência e apoio emocional, em

especial aos amigos Eldues, Fred, Josias, Pedro, Roberto, Rosenil, Vanessa, Vinícius e à

minha noiva Bárbara.

Ao colega Renato pelas valiosas discussões acerca das técnicas estudadas.

À Agência Nacional do Petróleo (ANP) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento

científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro.

Ao Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (LAMCE) e ao Núcleo de

Atendimento em Computação de Alto Desempenho (NACAD).

Aos Professores, Funcionários e Colegas do PEC/COPPE, LAMCE, NACAD, LAB2M

e COPPE que contribuíram de maneiras distintamente importantes para minha

formação.

v

Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D. Sc.)

TÉCNICAS COMPUTACIONAIS PARA ELEMENTOS FINITOS ESTABILIZADOS

NA SOLUÇÃO DE LEIS DE CONSERVAÇÃO HIPERBÓLICAS NÃO LINEARES

Denis Araujo Filgueiras de Souza

Abril/2008

Orientadores: Alvaro Luiz Gayoso de Azeredo Coutinho

José Luis Drummond Alves

Programa: Engenharia Civil

É apresentado um estudo de técnicas computacionais utilizadas na solução de

leis de conservação hiperbólicas tipicamente não lineares e dependentes do tempo, com

o método dos elementos finitos estabilizados. Os problemas resolvidos são:

escoamentos em meios porosos (bifásico imiscível ou totalmente miscível) e

escoamentos compressíveis não viscosos, ou seja, as equações de Euler. Diversas

técnicas foram implementadas e avaliadas, entre elas, uma estrutura de dados por arestas

adotada em ambos os problemas. Uma estratégia de desativação dinâmica e a integração

reduzida do hexaedro foram implementadas para escoamentos em meios porosos. O

elemento tetraédrico também foi empregado. Para escoamentos compressíveis foi

adotado apenas o elemento tetráderico mas com opção de estrutura de dados

compactada e global para utilização de pré-condicionadores mais robustos. E também,

um operador de captura de choques mais simples, somente baseado em variáveis

conservativas.

Exemplos numéricos de validação e verificação são apresentados. E também

problemas de aplicação em malhas de tetraedros não estruturadas e de médio porte,

relacionados à engenharia de petróleo e aeroespacial.

vi

Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Doctor of Science (D. Sc.)

COMPUTATIONAL TECHNIQUES FOR THE SOLUTION NON LINEAR

HYPERBOLIC CONSERVATION LAWS WITH THE STABILIZED FINITE

ELEMENT

Denis Araujo Filgueiras de Souza

April/2008

Advisors: Alvaro Luiz Gayoso de Azeredo Coutinho

José Luis Drummond Alves

Department: Civil Engineering

It is presented a study of computational techniques used in the solution of

hyperbolic conservation laws that are typically non linear and time dependant, with the

stabilized finite element method. The problems solves are: porous media flows

(immiscible two-phase and totally miscible displacement) and compressible flows, that

is, the Euler equations. Several techniques were implemented and assessed, for instance

the edge-based data used in both problems. A strategy of dynamic deactivation and

hexahedron reduced integration for the porous media flows. Tetrahedra element was

also employed. As for the compressible flows, only the tetrahedron element was

adopted, and also a global compressed data structure that allows the use of more robust

preconditioners. Also a shock capturing operator solely based on conservation variables.

Numerical examples of validation and verifications are presented. And also,

application problems in unstructured tetrahedra and medium scale meshes, related to

petroleum and aerospace engineering.

vii

Índice

1 Considerações Iniciais..............................................................................1

1.1 Introdução....................................................................................................................1

1.2 A Simulação de Escoamentos em Meios Porosos.......................................................5

1.3 A Simulação de Escoamentos Compressíveis Não Viscosos......................................8

1.4 Técnicas Computacionais para Elementos Finitos....................................................10

1.5 Objetivos....................................................................................................................13

1.6 Organização do Texto................................................................................................13

2 Formulação Matemática e Numérica para Escoamentos em Meios

Porosos........................................................................................................15

2.1 Introdução..................................................................................................................15

2.2 Formulação Matemática............................................................................................16

2.2.1 Escoamento Bifásico Imiscível...................................................................16

2.2.2 Deslocamento Totalmente Míscivel...........................................................19

2.2.3 Sistema Unificado.......................................................................................20

2.2.4 Consideração de fluidos não-Newtonianos.................................................21

2.3 Formulação Numérica para a Notação Unificada......................................................22

2.4 Matrizes de Elemento para Equação da Pressão........................................................27

2.5 Matrizes de Elemento para Equação da Velocidade, a Técnica de pós-processamento

das velocidades para o T4................................................................................................28

viii

2.6 Matrizes de Elemento para Equação do Transporte..................................................29

2.7 Integração completa (2x2x2) para o H8....................................................................32

2.8 Sistemas Globais Resultantes....................................................................................33

2.9 Considerações sobre Conservação da massa e estabilizações...................................36

3 Exemplos Numéricos de Escoamentos em Meios Porosos..................38

3.1 Caso Imiscível: Injeção contínua de água................................................................39

3.2 Caso Miscível: Injeção de traçador...........................................................................41

3.3 SPE – injeção de água em reservatório heterogêneo.................................................43

3.4 Migração Secundária em um Bloco Sedimentar.......................................................47

4 Formulação Matemática e Numérica para Escoamentos

Compressíveis Não Viscosos.....................................................................51

4.1 Introdução..................................................................................................................51

4.2 Formulação Matemática............................................................................................52

4.3 Formulação Numérica...............................................................................................53

5 Exemplos Numéricos de Escoamentos Compressíveis Não Viscosos.60 5.1 Exemplos Unidimensionias Transientes: Tubos de Choque.....................................60

5.2 Exemplo Bidimensional Permanente: Choque Refletido..........................................64

5.3 Exemplo Bidimensional Transiente: Escoamento Supersônico através de um Canal

com Degrau......................................................................................................................66

5.4 Exemplo Tridimensional Permanente: Escoamento Supersônico ao Redor de uma

Esfera...............................................................................................................................69

6 Técnicas Computacionais para Elementos Finitos..............................71

6.1 Estruturas de dados......... ..........................................................................................72

6.1.1 Estrutura de dados por arestas....................................................................72

6.1.2 Estrutura de Dados CSR.............................................................................75

6.2 Técnica de Integração Reduzida com controle dos modos hourglass.......................75

6.3 Técnica de Desativação Dinâmica.............................................................................81

ix

6.3.1 Critério para seleção da partição ativa........................................................82

6.3.2 Detalhes da implementação........................................................................83

6.3.3 Eficiência da Desativação Dinâmica..........................................................84

6.4 Técnicas de Pré-condicionamento do Sistema de Equações.....................................86

6.4.1. Diagonal........................................................ ............................................87

6.4.2 LU-SGS (Lower-Upper Symmetric Gauss-Seidl) .....................................87

6.4.3 Fatoração Incompleta LU sem preenchimento (ILU(0)) ...........................88

6.4.4 Estudo comparativo entre os pré-condicionadores.....................................90

6.6 Estudo comparativo entre operadores de captura de choques na solução das

Equações de Euler...........................................................................................................97

7 Exemplos Numéricos de Aplicação.....................................................100

7.1 Introdução................................................................................................................100

7.2 Modelagem de Migração Secundária em uma Bacia Sedimentar...........................100

7.2.1 Métricas para Malhas de Tetraedros.........................................................103

7.2.2 Primeiros Passos em Direção ao Estudo de Caso Real.............................105

7.2.2.1 Modelagem Geométrica e Geração da Malha............................105

7.2.2.2 Avaliação da qualidade da malha através das métricas eleitas..109

7.2.2.3 Cálculo das normais unitárias ao contorno................................110

7.2.2.4 Propriedade das Rochas do modelo completo............................111

7.2.2.5 Propriedade dos Fuidos..............................................................113

7.2.2.6 Condições de Contorno..............................................................114

7.2.2.7 Condições Iniciais......................................................................115

7.3 Resultados da Simulação.........................................................................................115

7.4 Escoamento Mach 0.9 ao redor de um avião tipo YF17.........................................118

8 Conclusões.............................................................................................122

Referências Bibliográficas......................................................................130

Apêndice A...............................................................................................148

x

Índice de Figuras

Figura 3.1 Condições de contorno e inicial para pressão (a) e transporte (b)................39

Figura 3.2 Malhas de elementos finitos T4 e H8 para discretização de um quarto de

fivespot. ...........................................................................................................................39

Figura 3.3 Saturação de água em tempos inicial e final de simulação para os elementos

T4 (a) e H8 (b). ...............................................................................................................40

Figura 3.4 Comparação do volume total de óleo recuperado: (a) este trabalho,

(b) refrência [114]............................................................................................................41

Figura 3.5 Concentração inicial, intermediárias e final para T4 (esquerda) e H8

(direita). ..........................................................................................................................42

Figura 3.6 Concentrações intermediárias para referência [47].......................................42

Figura 3.7 Propriedades dos materiais já escalonadas: porosidades, permeabilidades

horizontal e vertical. .......................................................................................................44

Figura 3.8 Solução nos tempos t =1, 500, 1000 e 1500 dias. ........................................45

Figura 3.9 Solução nos tempos t = 2000, 25000, 3000 e 3500 dias...............................46

Figura 3.10 Detalhe das camadas do modelo (a) e da malha adotada (b)......................48

Figura 3.11 Evolução da migração do óleo. ..................................................................50

Figura 5.1 Soluções do problema de Sod em t=0.2: (a) massa específica, (b) velocidade

e (c) pressão........................................................................................................62

xi

Figura 5.2 Soluções do problema de Lax-Harden em t=0.15: (a) massa específica, (b)

velocidade e (c) pressão......................................................................................63

Figura 5.3 Descrição do problema de choque refletido..................................................64

Figura 5.4 Vista em detalhe da malha estruturada bem refinada. ..................................65

Figura 5.5 Soluções permanentes de massa específica, pressão e temperatura. ............66

Figura 5.6 Descrição do problema 5.3. ..........................................................................67

Figura 5.7 Malha do domínio total adotada no exemplo 5.3. ........................................67

Figura 5.8 Detalhe da malha do exemplo 5.3. ...............................................................67

Figura 5.9 Soluções transientes nos tempos: t=0.5 (a), t=1.0 (b), t=1.5(c), t=2.0 (d)....68

Figura 5.10 Descrição do exemplo 5.4. .........................................................................69

Figura 5.11 Vista externa da malha. ..............................................................................70

Figure 5.12 Solução permanente da massa específica....................................................70

Figura 6.1 Modos hourglass da direção x para o H8 regular.........................................76

Figura 6.2 Estrutura da matriz de massa consistente de Galerkin para o H8.................79

Figura 6.3 Solução inicial do exemplo SPE utilizando integração completa (a) e

integração reduzida (b)....................................................................................................81

Figura 6.4 Soluções para advecção diagonal: malhas estruturadas (a), malhas não

estruturada (b)..................................................................................................................92

Figura 6.5 Soluções para advecção rotacional: malhas estruturadas (a), malhas não

estruturada (b)..................................................................................................................94

Figura 6.6 Soluções o esemplo SPE: homogêneo isotrópico (a), heterogêneo com

kx=kx (b), heterogêneo com kx≠ky (c)............................................................................96

Figura 6.7 Comparação de soluções para o choque oblíquo, malha estruturada............98

Figura 6.8 Comparação de soluções para o choque oblíquo, malha não estruturada.....98

Figura 6.9 Comparação para o operador da advecção SUPG e SUGN..........................99

Figura 6.10 Comparação para o operador de captura de choques..................................99

Figura 7.1 Detalhe dos quatro blocos do modelo completo.........................................107

Figura 7.2 Malha do modelo adotado: vista superior, topografia.................................107

Figura 7.3 Malha do modelo adotado: vista inferior, embasamento............................108

Figura 7.4 Detalhe da malha do modelo adotado, falhas.............................................108

xii

Figura 7.5 Em azul os elementos com parâmetro η maior que o valor limite.............109

Figura 7.6 Em azul os elementos com parâmetro γ maior que o valor limite.............110

Figura 7.7 Vetores unitários e normais ao contorno.....................................................111

Figura 7.8 Detalhe das oito camadas sedimentares......................................................112

Figura 7.9 Migração Secundária do Óleo.....................................................................117

Figura 7.10 Detalhe da malha simétrica do avião YF17..............................................119

Figura 7.11 Solução permanente da massa específica..................................................120

Figura 7.12 Solução permanente da velocidade em magnitude...................................120

Figura 7.14 Representação dos vetores velocidade......................................................121

xiii

Índice de Tabelas

Tabela 2.1 Legenda para notação unificada....................................................................21

Tabela 2.2 Regra para integração numérica em hexaedros trilineares...........................32

Tabela 3.1 Definição das propriedades das camadas de cima para baixo......................48

Tabela 6.1 Comparação do custo computacional entre produtos matriz-vetor por

elementos e arestas, para escoamentos em meios porosos..............................................74

Tabela 6.2 Comparação do custo computacional entre produtos matriz-vetor por

elementos e arestas, para as equações de Euler...............................................................74

Tabela 6.3 Tempos relativos no exemplo fivespot imiscível..........................................84

Tabela 6.4 Tempos relativos no exemplo fivespot imiscível, considerando campos de

pressão e velocidade constantes no tempo......................................................................85

Tabela 6.5 Tempos de execução relativos para o exemplo 5.2.......................................86

Tabela 6.6 Tempos de execução relativos para o exemplo 5.4.......................................86

Tabela 6.7 Comparação entre os pré-condicionadores em termos de memória e flops..89

Tabela 6.8 Comparação entre pré-condicionadores para o exemplo de advecção

diagonal...........................................................................................................................91

Tabela 6.9 Comparação entre pré-condicionadores para o exemplo de advecção

rotacional.........................................................................................................................93

Tabela 6.10 Comparação entre pré-condicionadores no exemplo SPE 2D....................95

xiv

Tabela 6.11 Comparação entre pré-condicionadores no exemplo Sod, número de

iterações...........................................................................................................................96

Tabela 6.12 Comparação entre pré-condicionadores no exemplo do escoamento

supersônico ao redor da esfera, número de iterações e tempo relativo..........................97

Tabela 7.1 Propriedades das rochas: massa específica, porosidade e permeabilidades

horizontal e vertical.......................................................................................................113

Tabela 7.2 Propriedade dos fluidos..............................................................................114

xv

Índice de Quadros

Quadro 2.1 Integração temporal das equações para meios porosos...............................35

Quadro 4.1 Integração temporal das equações de Euler................................................59

1

Capítulo 1

Considerações Iniciais

1.1 Introdução

Os métodos numéricos são baseados em cálculos repetitivos para se alcançar uma solução

aproximada para diversas classes de problemas matemáticos. Dentro os métodos

numéricos, existem os métodos discretos que se baseiam em alguma subdivisão do

domínio matemático contínuo, em um domínio discreto. No surgimento desses métodos,

sua aplicabilidade era bastante limitada pois exigia um número de cálculos sobre-humano

e foram abordados meramente como métodos ilustrativos. Com o advento do computador

e as necessidades das engenharias e demais ciências, os métodos numéricos foram

ganhando cada vez mais espaço e utilização tanto em matemática aplicada como diversas

e distintas áreas do conhecimento. E assim, os métodos numéricos ou discretos passaram

a ser conhecidos também por métodos computacionais.

Atualmente, o computador, como “máquina de calcular” se encontra num nível avançado

de utilização, tanto pelo seu poder de memória e processamento, como também pelos

diversos pacotes de cálculo numérico [143], álgebra linear [144] e álgebra

simbólica [142,148] existentes para os mais diversos fins científicos e/ou industriais [66].

2

Mesmo com o computador aumentando sua capacidade, quase que, pelo menos

linearmente, nos últimos 50 anos [147], a necessidade por computações em larga escala,

em diversas áreas do conhecimento, levou ao desenvolvimento de ambientes

computacionais de alto desempenho. Sejam eles supercomputadores vetoriais que

processam dados ao mesmo tempo ou a utilização de computação paralela, que prevê a

distribuição dos dados e do processamento para diversos computadores, num sistema

chamado de clusters [51,62,115]. Ambas possibilidades de utilização da computação de

alto desempenho exigem uma programação específica para cada ambiente. E mais,

exigem uma implementação eficiente do código fonte para que o ganho computacional

desejado seja alcançado.

Uma vasta área de aplicação dos métodos computacionais é na solução de equações

diferenciais parciais não lineares que representem um fenômeno físico, químico e/ou

biológico. A Mecânica Computacional é uma área do conhecimento que utiliza métodos

numéricos na solução de problemas de mecânica aplicada, ou seja, na solução de

equações diferenciais parciais. Que usualmente também adotam recursos de computação

de alto desemprenho para uma solução em um tempo reduzido de processamento e para

possibilitar soluções em modelos de grande porte.

Em geral, a solução analítica das equações ou de um sistema de equações diferenciais

parciais, que regem um problema de mecânica computacional, não é uma tarefa trivial,

inclusive para alguns casos mais simples como domínios regulares e homogêneos, com

comportamento linear. Então, muito menos será, para problemas mais reais onde

geometrias complexas, heterogeneidade dos materiais, dependência temporal, múltiplas

físicas e escalas interagindo em eventos tipicamente não lineares, são necessárias. Os

métodos numéricos são utilizados para discretização, no espaço e no tempo, das equações

diferenciais para resolver o problema de forma aproximada. Para tal, substitui-se o

problema matemático contínuo e infinito por um problema numérico discreto e finito, ou

melhor, uma seqüência de sistemas de equações algébricas lineares ou não lineares, que é

equivalente e portanto, vai ter solução aproximada adequada se considerados

3

procedimentos de implementação, verificação e validação do código, certos níveis de

refinamento e tolerâncias para convergência.

Para a solução numérica de equações diferencias parciais existem alguns métodos

discretos, dentre os quais os mais utilizados são o métodos das Diferenças Finitas

(DF) [5,105,56,87], dos Volumes Finitos (VF) [94,52,53,45] e dos Elementos Finitos

(EF) [150,70].

O método das DFs é o mais adotado em algumas aplicações como é o caso de

simuladores comerciais de reservatórios de petróleo [140,145] e também no

processamento sísmico [98]. É um dos métodos precursores e é construído diretamente a

partir das equações governantes em suas formas diferenciais. O métodos das DFs faz,

geralmente, a discretização do domínio com uma malha estruturada. Uma malha

estruturada significa que o número de células vizinhas é o mesmo para qualquer célula.

Como qualquer método numérico de discretização, as DFs têm suas vantagens e

desvantagens. Ele é, em geral, rápido no processamento das matrizes e na solução do

sistema de equações, por gerar estruturas blocadas bem definidas, mas deixa a desejar

quando geometrias muito complexas são exigidas, ou seja, quando os próprios domínios

espaciais não são regulares.

Já o método dos VFs pode ser estruturado ou não estruturado. Sendo que ele se assemelha

ao método das DFs quando é estruturado e quando não, se parece, em certos aspectos,

com o método dos elementos finitos, que é tipicamente não estruturado. O método é

empregado na forma integral das equações governantes e apesar de não ter base

matemática muito sólida, vem sendo utilizado recentemente, com bons resultados na

simulação de mecânica dos fluidos [45,53]. Tem sido bastante utilizado para problemas

de fluxo pois conserva massa entre as faces dos volumes finitos, assim como as DFs

fazem entre células. Não se pode afirmar que haja uma boa eficiência computacional

deste método, pois nada tem sido reportado na literatura neste sentido, mas é razoável se

esperar que seja de ordem de complexidade próxima ou intermediária entre

implementações de DFs ou de EFs.

4

Já o método dos EFs é considerado o método de discretização com base matemática mais

sólida e consistente e é o mundialmente mais utilizado em diversas aplicações industrias

e pesquisas científicas. O método se aplica na forma fraca ou variacional das equações

diferenciais, ponderadas por uma função peso, e trata naturalmente geometrias

complicadas. Apesar disso, o método sofre uma certa rejeição, em certas aplicações, por

grande parte da comunidade acadêmica, científica e até da indústria. Mas também

considerada injusta e equivocada por muitos. É comum ouvir que o métodos dos EFs não

conserva massa, significando que ele não seria adequado para tratar problemas de fluxo.

Entretanto, tem-se apenas uma questão de ponto de vista, pois o método dos elementos

finitos é formulado através dos pontos nodais que podem estar num contexto global ou

local. Foi mostrado por HUGHES et al. em 2000 [72] e 2005 [73] que o método dos EFs

é conservativo globalmente e localmente, só que através dos pontos nodais. Isso significa

que a massa do sistema está sendo conservada, só que num contexto diferente das DFs e

dos VFs.

Com o avanço e utilização de métodos computacionais, a simulação numérica em

engenharia, mecânica computacional e demais ciências é uma área crescente de aplicação

industrial e pesquisa científica. Na verdade se mostra como um terceiro pilar

complementando as tradicionais bases teórica e experimental. A engenharia baseada na

simulação [14] já é uma realidade e cuidados como quão confiáveis podem ser essas

simulações é preocupação da comunidade científica [7]. Existe uma necessidade cada vez

maior de melhorar as simulações tanto em termos de refinamento, qualidade da solução,

precisão e incorporação de fenômenos multiescala e multifísicos.

Esta dissertação de doutorado se preocupa com a solução de equações diferenciais

parciais não lineares de problemas predominantemente advectivos através do métodos

dos elementos finitos estabilizados. Para tal é importante o estudo de fenômenos de

transporte, representados pela equação advecção-difusão de um escalar pois é a base para

formulação das equações da mecânica dos fluidos, ou seja, simulações numéricas da

mecânica dos fluidos computacional. Tais simulações numéricas são muito relevantes,

dadas as dificuldades em se realizar experimentos e na solução analítica de casos reais.

5

Os fenômenos de transporte têm vasta aplicação, como dispersão de contaminantes no ar

ou na água, escoamentos subterrâneos, movimentação de comunidades biológicas e

escoamentos de fluidos em geral.

Portanto, as equações tipo advecção-difusão de um escalar são base para a formulação de

leis de conservação, que geralmente são não lineares quando de interesse prático.

Problemas dominantemente advectivos são equações tipicamente hiperbólicas. Uma

equação de caráter hiperbólico é aquela que variações locais levam um tempo para se

propagar até outras regiões do domínio, além de tender não evoluir para um regime de

equilíbrio. Eis aqui os dois problemas, da mecânica dos fluidos computacional,

estudados: i) escoamentos através de meios porosos rígidos e; ii) escoamentos

compressíveis não viscosos. Uma revisão da literatura e um histórico dos

desenvolvimentos, com o método dos elementos finitos, para essas duas aplicações, é

apresentada a seguir.

1.2 A Simulação de Escoamentos em Meios Porosos

Os escoamentos em meios porosos rígidos têm marco inicial nos estudos precursores de

Darcy que conseguiu estabelecer uma Lei, ou seja, um modelo empírico, para descrever o

escoamento de água através de um meio poroso. A partir daí, a Lei de Darcy é a base para

a formulação de escoamentos em meios porosos de múltiplas fases ou componentes como

é o caso da simulação de reservatórios. A formulação matemática para esses problemas

específicos é abordada nos livros de AZIZ [5], PEACEMAN [105], CHAVANT E

JAFFRE [29], ERTEKIN [56] e CHEN [31,32] e bastante enriquecida pelos trabalhos de

LAKE et al. [82], LAKE [83], EWING [57] e CHEN [33]. Desde o início da necessidade

da solução de escoamentos em meios porosos, o método das diferenças finitas é o mais

utilizado em programas comerciais. Sendo que a utilização do métodos dos elementos

finitos para esse fim tem sido tema de pesquisa desde então. Hoje em dia não existe uma

metodologia bem definida para tratar o problema com elementos finitos. Tão pouco com

as diversas opções já incorporadas nos programas de diferenças finitas, como por

6

exemplo, modelos de poços, meios naturalmente fraturados e ajuste de histórico.

LANGTANGEN E DURLOFSKY [84,52] foram pioneiros na utilização de elementos

finitos, numa abordagem sequencialmente implícita como a adotada aqui neste trabalho.

A utilização de elementos finitos mistos, como no livro de CHEVANT E JAFFRE [29] e

nos trabalhos de EWING e CHAN [57,33], apesar de bastante robustos não foram

adotados aqui, por questões de eficiência computacional.

Para a utilização do método dos elementos finitos nas classes de problemas de

escoamentos em meios porosos, que são do tipo pressão-velocidade, são necessários

cuidados especiais e duas direções podem ser adotadas: (i) a utilização de métodos mistos

de elementos finitos, que resolve num mesmo elemento e formulação, o problema

acoplado pressão-velocidade, através de espaços mais complexos para as funções de

interpolação [70]; ou (ii) a utilização de métodos estabilizados para o cálculo adequado

do campo de velocidades, com mesma ordem de interpolação que a pressão [96]. Ambas

as opções vêm sendo utilizadas, com certo sucesso, em diversos trabalhos [114,38-

41,47,48,103,100] e a grande questão entre qual dos métodos adotar, paira na eficiência

computacional e precisão desejada. O método misto é mais preciso e matematicamente

robusto que os métodos de elementos finitos estabilizados. Contudo são muito mais

onerosos computacionalmente, de modo que um artigo, bastante citado, questiona se seria

um “luxo” o uso dos métodos mistos [102]. Já nos métodos estabilizados, as operações

são realizadas em um menor tempo computacional, mas também, sua precisão final é

variável em alguns casos, onde uma devida calibragem do parâmetro de estabilização

deve ser pré-definida. Mas também, recentemente vêm sendo desenvolvidos novos

métodos estabilizados, do tipo sub-malha que são não lineares e não dependem de ajuste

de parâmetros [111].

Também recentemente, uma união de elementos finitos mistos e estabilizados vem sendo

desenvolvida por MASUD E HUGHES [99] e BOCHEV e co-autores [16,17] numa

tentativa de resolver competitivamente o problema. Volumes finitos baseados em

elementos finitos também estão sendo adotados [53,45,37]. A questão é que não existe

um método de elementos finitos totalmente adequado e fechado para uma solução precisa

7

e eficiente do problema. Uma vez que métodos estabilizados vêm sendo utilizados com

sucesso na simulação de problemas da mecânica dos fluidos [130,131,68], nada mais

natural que adotá-los na simulação de escoamentos através de meios porosos. Portanto,

neste trabalho, foi adotado um método de elementos finitos estabilizado para resolver as

equações para escoamentos bifásicos imiscíveis e também para deslocamentos totalmente

miscíveis. Diversas etapas do desenvolvimento desses trabalhos foram apresentados em

congressos nacionais [119] e internacionais [125,127]. Mais recentemente no anuário de

revisão de mecânica dos fluidos, GERRITSEN E DURLOFSKY [60] fizeram

comentários acerca da modelagem e simulação de fluidos em reservatórios de petróleo,

com ênfase na eficiência e precisão da solução das equações devido a grande

heterogeneidade do meio e considerações sobre as necessidades de se incorporar as

escalas sub-malha para uma adequada representação dos efeitos numa escalas reduzida.

Muito esforço tem sido posto na percepção dos métodos estabilizados como métodos sub-

escala [71], uma vez que dada uma malha, existem escalas menores que sua dimensão e

que não estão sendo resolvidas corretamente e que devem ser levadas em consideração.

Exemplos teste tipo benchmark e outros mais realistas foram resolvidos para

escoamentos em meios porosos tanto para simulação se reservatórios como para análise

de bacias sedimentares. O algoritmo de solução adotado é sequencialmente implícito na

forma bloco-iterativa preditor/multicorretor. É em bloco, pois tem-se que avançar no

tempo a solução da pressão, da velocidade e da saturação, seqüencialmente. É iterativo

pois a solução dos sistemas de equações resultantes é realizada com os métodos iterativos

baseados em sub-espaços de Krylov, como o gradientes conjugados [70], com

précondicionamento diagonal para a pressão e bloco-diagonal para velocidade, e o

GMRES [109], com précondicionamento diagonal, para o transporte. O esquema

preditor/corretor é o método de integração temporal implícito propriamente dito e a

multicorreção trata as não linearidades do problema.

8

1.3 A Simulação de Escoamentos Compressíveis Não Viscosos

As equações de Euler têm sido extensivamente estudadas desde os anos 80 e 90, no

contexto do método dos elementos finitos, por TEZDUYAR E HUGHES, [130,131],

SHAKIB [112], LE BEAU E TEZDUYAR [85], ALIABADI et al. [1] e ALIABADI E

TEZDUYAR [2] e têm tido o interesse renovado recentemente CATABRIGA et al. [28],

TEZDUYAR E SENGA, [135,136] e TEZDUYAR et al. [137]. Uma das aplicações de

interesse na engenharia de petróleo é na simulação de explosões acidentais em

plataformas offshore [23] e na engenharia aeroespacial é no projeto de aeronaves e

afins [89,50]. Um dos métodos numéricos mais adotados para resolver esses problemas

com sucesso é o método dos elementos finitos estabilizados. Contudo, a solução de

problemas reais de grande porte e transientes, ou mesmo quando se deseja obter soluções

em regime permanente, são tarefas computacionalmente caras. Para resolver problemas

compressíveis em regime permanente, é usual se iniciar com uma condição inicial no

infinito, tipo far-field ou free-stream, ou seja, de escoamento em equilíbrio longe da

região de interesse e evoluir até um regime em equilíbrio seja atingido. Em outras

palavras, alcançar soluções permanente através de uma análise pseudo-transiente.

As equações de Euler são um sistema de leis de conservação hiperbólicas não lineares. A

solução dessa classe de problemas com o método dos elementos finitos só se tornou

possível após a introdução da formulação SUPG (Streamline Upwind Petrov-Galerkin) de

BROOKS E HUGHES [19], que tem sido amplamente adotada desde então. Essa

formulação prevê a utilização de funções peso descontínuas que contém uma ponderação

à montante na direção das linhas de fluxo. No contexto de escoamentos compressíveis

não viscosos, esses cálculos foram possíveis após trabalhos de TEZDUYAR E HUGHES

de 1982 e 1983) [130,131] quando a estabilização SUPG foi desenvolvida para as

equações de Euler e Navier-Stokes. Desde então, o método dos elementos finitos

estabilizados tem sido usados para simulação de escoamentos compressíveis viscosos ou

não [68,1]. Algumas etapas importantes para a aplicação dos métodos estabilizados para

escoamentos compressíveis foram a generalização do sistema de equações de Euler em

termos de variáveis de entropia em sua forma simétrica [69] e o desenvolvimento de

9

termos de captura de choque, por vezes denominados modelos de viscosidade artificial,

que são baseados no resíduo das equações como proposto por SHAKIB [112] e

ALMEIDA E GALEÃO [3]. Foi mostrado por LE BEAU E TEZDUYAR [85] que

quando a formulação SUPG for suplementada com um termo similar de captura e choque,

é comparável em precisão com a posta em variáveis de entropia.

Do ponto de vista teórico, avanços incluem a prova de convergência desses métodos para

sistemas de leis de conservação [76]. Uma dificuldade é encontrada na diminuição dos

resíduos ao longo da evolução dos passos de tempo e iterações não lineares. Diversas

alternativas são apresentadas na literatura, como a técnica de congelamento do operador

de captura de choques [26], a utilização de passo de tempo local [26] e a utilização de um

Jacobiano aproximado, que é uma abordagem alternativa conhecida por métodos JFNK

(Jacobian Free Newton-Krylov) baseados em JOHAN et al. [75] e KNOLL E KEYES

[80]. Esses métodos reduzem a demanda de memória e devem acelerar a convergência

não linear, conforme resultados de [78,79].

Na presente implementação para resolver as equações de Euler em três dimensões, são

adotadas variáveis conservativas, estendendo o trabalho de Catabriga [26]. Diversas

etapas do desenvolvimento desse trabalhos foram apresentados em congressos

nacionais [118,120,121,126] e internacionais [123,124] e aqui foi agrupada uma

coletânea desses estudos. Um algoritmo totalmente implícito preditor-multicorretor para

evolução temporal e elementos finitos estabilizados, baseado na formulação SUPG com

captura de choque, para discretização espacial, são empregados. Diversos exemplos teste

tipo benchmark e um mais realista foram resolvidos para escoamentos compressíveis não

viscosos. O sistema de equações não simétrico resultante é resolvido pelo algoritmo

GMRES [109] com a estrutura de dados por arestas ou comprimida por colunas, e pré-

condicionado por uma de três possibilidades estudadas. A estrutura de dados por arestas é

vista como uma técnica computacional para acelerar os produtos matriz-vetor inerentes

do método de solução de sistemas de equações, assim como os pré-condicionadores

também são vistos como técnicas computacionais, pois apesar de tornarem

matematicamente o problema melhor condicionado, seu objetivo real é um número

10

reduzido de iterações e uma convergência em menor tempo de processamento. Essas

técnicas, dentre outras são apresentadas na próxima seção e mais detalhadamente no

Capítulo 6.

1.4 Técnicas Computacionais para Elementos Finitos

Diversas técnicas podem ser adotadas, no contexto do método dos elementos finitos, para

se obter uma solução, em um tempo reduzido de processamento. Essas técnicas podem

ser numéricas, quando se pretende alcançar uma convergência em um menor número de

iterações ou quando se adota alguma matriz, operação ou expressão aproximada. Ou pode

ser matemática, quando se adota uma outra forma das expressões matemáticas que vão

levar a um menor número operações de ponto flutuante e uma implementação mais

simples do código fonte. Todas são tratadas aqui como técnicas computacionais para

elementos finitos e a seguir estão listadas as empregadas nesse trabalho e que serão

descritas em maiores detalhes no Capítulo 6.

A escolha de uma estrutura de dados para armazenar a matriz de coeficientes e realizar as

operações de ponto flutuante necessárias pode ser considerada uma técnica

computacional pois é uma questão chave na solução eficiente do sistema de equações

resultante. As estruturas de dados adotadas nesse trabalho foram a estrutura de dados por

arestas e compressão por linhas.

A utilização da estrutura de dados por arestas com o método dos elementos finitos foi

introduzida para cálculos explícitos de escoamentos compressíveis em malhas não

estruturadas de triângulos ou tetraedros [92,106]. Foi observado que o cálculo dos

resíduos com a estrutura de dados por arestas era mais rápido e necessitava de menos

memória que o esquema padrão baseado em elementos. A partir dessas idéias,

CATABRIGA E COUTINHO [27] derivaram uma esquema de estrutura de dados por

arestas para as equações de Euler em duas dimensões observando que as matrizes de

elemento podem ser desmembradas em suas contribuições nas arestas. Para um conjunto

11

de elementos que compartilham uma mesma aresta, deve-se somar essas contribuições e

armazenar matrizes locais pelas arestas de tal forma que os produtos matriz-vetor,

inerentes dos métodos de Krylov, são realizados aresta por aresta. Essa maneira promove

um ganho computacional tanto no armazenamento das matrizes como no número de

operações de ponto flutuante como já apresentado em diversos trabalhos [42,27,122,54] e

aqui será apresentado no contexto dos problemas de escoamentos em meios porosos e de

escoamentos compressíveis não viscosos tridimensionais. É importante notar que um há

um aumento no número de endereçamentos indiretos na montagem das matrizes por

arestas. Mas apesar da montagem das matrizes ser pouco mais custosa que a tradicional

abordagem baseada em elementos, os ganhos nos produtos matriz-vetor compensam com

folga esse pré-custo. Uma outra estrutura de dados, adotada aqui, é o armazenamento

comprimindo linhas, que é comumente denominada pela sigla em ingles, CSR

(Compressed Sparse Row). Essa estrutura de dados difere principalmente da anterior pois

armazena a matriz global ao invés das locais por elementos ou arestas. São armazenados

apenas os termos não nulos da matriz global e necessita de dois arranjos para

mapeamento. Os custos com preprocessamento, operações matriz-vetor e demanda de

memória são bastante comparáveis ao das arestas. Sua vantagem é na possibilidade de

utilização de pré-condicionadores mais robustos que exigem uma estrutura global. Um

custo que deve ser observado, em ambos os casos, é na montagem das estruturas de dados

em si. Se uma implementação eficiente não for desenvolvida para este fim, pode-se ter

um custo inicial comprometedor. Em geral, a utilização de tabelas hash [97] são

eficientes para essa montagem. Ribeiro e Ferreira testaram e comparação diversas

estruturas de dados em aplicações com o método dos elementos finitos em

2007 [107,108].

Como são tratados problemas tipicamente advectivos, numa outra técnica computacional,

se mostrou interessante simplificar o algoritmo Adaptativo Implícito-Explícito

(AIE) [117,122] para a técnica de Desativação Dinâmica (DD) [90]. Ambas

implementações são muito parecidas, diferindo apenas nos critérios adotados para

escolher a partição ativa e na não necessidade de resolver a parte inativa no esquema de

DD, o que era feito por um método explícito no esquema AIE. Portanto a DD é adotada

12

aqui na solução da equação da saturação ou concentração em escoamentos em meios

porosos como uma técnica computacional opcional. Essa técnica não foi implementada

na solução das equações de Euler.

Ainda na simulação de escoamentos em meios porosos, a utilização da integração

reduzida com um ponto para o elemento hexaedro trilinear também é vista como uma

técnica computacional, uma vez que reduz a o tempo de avaliação das matrizes locais.

Com origem na mecânica dos sólidos, na análise de placas e cascas, notou-se que ao se

utilizar a integração completa ocorria o fenômeno de travamento em certas aplicações. A

integração reduzida não representa modos de deformação tipo hourglass. Ao se somar

estabilizações para capturar esses efeitos, o problema de travamento foi contornado e a

integração reduzida começou a ser amplamente utilizada nesses problemas [13]. Aqui,

apesar do enfoque ser outro, a mesma técnica pode ser empregada para redução do tempo

computacional, como previamente realizado em duas dimensões [48]. Os termos

resultantes são exatos para matrizes simétricas tipo difusão e uma boa aproximação para

a matriz não simétrica de advecção. É importante ressaltar que os elementos hexaédricos

devem cumprir certas exigências para que a integração reduzida com a estabilização

hourglass produza matrizes com uma boa aproximação.

Pré-condicionadores são obrigatórios na solução de sistemas de equações lineares por

métodos iterativos baseados em espaços de Krylov [110,22], como gradientes conjugados

e GMRES. Inicialmente, o pré-condicionamento diagonal ou bloco-diagonal-nodal, que é

o mais simples foi adotado com resultados satisfatórios. Numa tentativa de se obter

ganhos computacionais, dois outros métodos de pré-condicionamento foram

implementados para fins de comparação: (i) a aproximação do tipo LU-SGS (Lower

Upper Symmetric Gauss-Seidl) e; (ii) a fatoração incompleta sem preenchimento

(ILU(0)). Esses pré-condicionadores mais rebustos foram implementados, apenas, para as

equações de Euler, junto com a estrutura de dados CSR, uma vez que são necessárias

soluções de sistemas triangulares, ou seja, operações de substituição pra trás e pra frente,

que são naturalmente relacionadas à matriz global.

13

Ainda na solução das equações de Euler, foram testadas algumas establizações de

advecção e de choques que são mais simples que as tipicamente adotadas, pois são

somente baseadas em variáveis conservativas. Elas são a estabilização SUGN para

advecção e YZβ para o choque. São mais simples, exigem menos operações de ponto

flutuante e portanto são vistas como técnicas com o objetivo de melhorar tanto o

desempenho computacional como a solução numérica.

1.5 Objetivos

Como objetivos principais desde estudo de doutorado reafirma-se a implementação de

métodos de elementos finitos estabilizados para solução dos problemas dominantemente

advectivos da mecânica dos fluidos computacional. Sendo eles: (i) escoamentos em

meios porosos (bifásicos imiscíveis e deslocamentos miscíveis), tipicamente relevantes

na engenharia de petróleo e; (ii) escoamento compressíveis não viscosos, tipicamente

relevantes na engenharia aeroespacial. Mais além, essa dissertação focada na solução

desses problemas da mecânica computacional visa contribuir com a implementação

eficiente e comparação de métodos, estruturas de dados e técnicas computacionais que

venham a reduzir a demanda de memória e acelerar o tempo de processamento na

obtenção de soluções mais confiáveis e precisas.

1.6 Organização do Texto

Resumidamente, essa dissertação encontra-se divida nos seguintes capítulos que contêm

como principais temas:

• Capítulo 2 - Formulação matemática e numérica para escoamentos em meios

porosos;

• Capítulo 3 - Exemplos numéricos para escoamentos em meios porosos;

14

• Capítulo 4 - Formulação matemática e numérica para escoamentos compressíveis

não viscosos;

• Capítulo 5 - Exemplos numéricos para escoamentos compressíveis não viscosos;

• Capítulo 6 - Técnicas computacionais desenvolvidas para melhorar a eficiência

dos códigos de elementos finitos implementados;

• Capítulo 7 - Exemplos de aplicação para os dois problemas;

• Capítulo 8 - Conclusões, discussões e direções de pesquisa futuras.

15

Capítulo 2

Formulação Matemática e Numérica para

Escoamentos em Meios Porosos

2.1 Introdução

As equações da mecânica dos fluidos são em geral descritas a partir da conservação da

massa (equação da continuidade), conservação da quantidade de movimento (equação do

movimento) e conservação da energia [50]. Os escoamentos em meios porosos aqui

estudados são tratados como isotérmicos, então a equação da energia pode ser

desprezada. Mais ainda, para meios porosos em formações geológicas (reservatórios de

petróleo ou aquíferos), onde o escoamento é lento (com baixo número de Reynolds),

utiliza-se a Lei de Darcy ao invés da equação do movimento. Portanto, a partir da

conservação da massa e da Lei de Darcy Generalizada [5], em um volume infinitesimal

de um meio poroso, pode-se expressar modelos matemáticos para escoamentos

multifásicos em meios porosos. Existem críticas quanto à Lei de Darcy Generalizada

[77], mas como é largamente utilizada, será aqui também adotada sem maiores

discussões. Nesta seção, serão apresentados modelos matemáticos para dois casos de

escoamentos de dois fluidos incompressíveis em um meio poroso rígido. Um para

escoamentos bifásicos imiscíveis e outro para deslocamentos miscíveis. Ambos modelos

16

se resumem num sistema de três equações diferenciais parciais não lineares. Essas

descrições seguem os livros [5,10,29,56,105], as teses [47,59,100,103,114] e os artigos

científicos [38-41,91].

2.2 Formulação Matemática

2.2.1 Escoamento Bifásico Imiscível

Em um domínio Ω ∈ R3 com contorno Γ no intervalo de tempo [Tini, Tfim] tem-se

TT Q=⋅∇ v (2.1)

KgΛΛv )( wwoow

w

cowmmpT s

ds

dpp λρλρ ++∇−∇−= (2.2)

wwaw Qst

s=∇+⋅∇+

∂)( sDvφ (2.3)

mais as equações de fechamento

1=+ ow ss (2.4)

wowcow ppsp −=)( (2.5)

onde os índices w e o se referem as fases água e óleo respectivamente. Em geral, as fases

podem ser dois fluidos imiscíveis e incompressíveis quaisquer, desde que uma seja

sempre a molhante e a outra a não-molhante. Na eq. (2.1) owT vvv += é a velocidade

total [L/T] e QT = Qw + Qo a taxa de injeção volumétrica total [1/T]. A vazão volumétrica

é dada pela vazão mássica por unidade de volume [M/(TL3)] dividida pela massa

específica ρ [M/L3]. Na notação internacional, density não significa densidade, mas sim

massa específica e tem unidade, portanto recomenda-se cuidado com esse detalhe, que

em geral, causa má interpretação. Na eq. (2.2) pm é a pressão média das fases [F/L2], φ a

17

porosidade [ADIM], pcow a pressão capilar que é dependente da saturação da água sw.

Considerar os efeitos da pressão capilar significa introduzir uma não-linearidade segundo

uma curva típica, por exemplo, do tipo

+

+=

ε

ε

1ln)( w

wcow

sAsp (2.6)

segundo [105] e sua derivada em relação a sw é

ε+=

ww

cow

s

A

ds

dp (2.7)

sendo

+

=

ε

ε

1ln

)max( cowpA (2.8)

e ε um parâmetro de ajuste fixado em 10-3. Os tensores Λp e Λm são definidos como

KKΛ Twop λλλ =+= )( (2.9)

KΛ )(2

1wom λλ −= (2.10)

onde K o tensor de permeabilidade absoluta [L2] que é dependente do espaço e pode ser

anisotrópico, g é o vetor aceleração da gravidade dado pelas suas componentes

cartesianas Tg )( zyx gggzg =∇= , onde g é o módulo da aceleração gravitacional e z

a profundidade. A mobilidade das fases jλ é dada por

j

rj

j

k

µλ = , j = w, o (2.11)

18

sendo µ j a viscosidade [FT/L2] da fase j. As permeabilidades relativas krj [ADIM]

também são funções dependentes da saturação, caracterizando-se assim uma outra não-

linearidade para o problema. Diversos modelos podem ser utilizados [5,56,105], aqui é

adotado

2)( wwrw ssk = (2.12)

2)1()( wwro ssk −= (2.13)

Na eq. (2.3) a velocidade aparente av é dada por

])([ Kgvv a oowT

w

w

dS

dfλρρ −+= (2.14)

e o tensor de difusão Ds por

w

cowwo

ds

dpf KDs λ= (2.15)

onde fw é a função de fluxo fracional da água, dependente de sw, dada por

T

w

ow

www sf

λ

λ

λλ

λ=

+=)( (2.16)

e sua derivada em relação a saturação da água por

w

T

T

w

Tw

w

w

w

dS

d

dS

d

dS

df λ

λλ

λ

λ

2

11−= (2.17)

19

2.2.2 Deslocamento Totalmente Míscivel

Considerando, novamente, um domínio Ω ∈ R3 com contorno Γ no intervalo de tempo

[Tini, Tfim] tem-se

cQ=⋅∇ cv (2.18)

( )gK

vc ρµ

−∇−= cpc)(

(2.19)

cQcct

c=∇+⋅∇+

∂))(( ccc vDvφ (2.20)

onde vc é a velocidade [L/T] e Qc a taxa de injeção volumétrica da

concentração/mistura [1/T]. Na equação (2.19) K é o tensor de permeabilidade

absoluta [L2], µ(c) a viscosidade [FT/L2], pc a pressão da mistura [F/L2], ρ a massa

específica da mistura [M/L3], constante no caso de fluidos incompressíveis, g o vetor

aceleração da gravidade, φ a porosidade [ADIM] e c a concentração da mistura nas

fontes/sumidouros. Também é importante definir a razão de mobilidade, M, que é a

relação entre a viscosidade do fluido residente e do injetado, como segue

i

rMµ

µ= (2.21)

A lei não-linear para a viscosidade da mistura pode ser dada por [30]

)1()( cRec

−=µ (2.22)

MR ln= , (2.23)

ou pode–se adotar ainda [41]

20

( ) rcMcc µµ425.01)(

+−= (2.24)

Ambas as leis (2.22) e (2.24) têm comportamento monotônico e diversas outras, inclusive

não monótonas, podem ser adotadas como em [39]. O tensor difusivo, segundo [105]

pode ser dado por

( )[ ] )()()( c3cc3cc vEIvEvIvD −++= tlm αααφ (2.25)

Tcc

c

c vvv

vE2

1)( = (2.26)

onde αm, αl e αt são os coeficientes de difusão molecular, de dispersão longitudinal e

transversal, respectivamente. Em geral [105], os efeitos de dispersão são fisicamente mais

importantes que os da difusão molecular, que podem ser negligenciados na maioria dos

casos (αm = 0), e além disso, é comum adotar αl ≈ 10αt.

Em escoamentos com alta razão de mobilidade ocorrem frentes de instabilidade

conhecidas como viscous fingers [29]. Note que o caso de deslocamentos totalmente

miscíveis não sugere efeitos capilares pois não há interface entre os fluidos, nem

permeabilidades relativas uma vez que somente, um fluido, isto é, a mistura é

considerada, como se fosse um escoamento monofásico. Por isso, a não linearidade

introduzida nesse caso é basicamente da lei de viscosidade. No caso de miscibilidades

parciais, um modelo composicional que permite troca de massa entre as fases, deve ser

utilizado [29].

2.2.3 Sistema Unificado

Visando a unificação da notação, das duas classes de escoamentos, e assumindo uma

conveniente forma advectiva da equação de transporte, isto é, divergente do campo

21

advectivo igual a vazão do elemento [84]. Portanto, o sistema segregado de equações

para ambos os casos podem ser escritas na seguinte forma genérica

vp cC ⋅∇−=∇⋅∇ Qp (2.27)

vp cCv +∇= p (2.28)

0=∇⋅∇+∇⋅+∂

∂uu

t

uDvuφ (2.29)

e condições de contorno apropriadas para p e iniciais e de contorno para u são necessárias

para fechar o problema matemático acima descrito. A Tabela 2.1 apresenta a legenda para

a notação unificada.

Tabela 2.1 Legenda para notação unificada.

Grandeza Caso imiscível Caso miscível

v vT vc

Q QT Qc

Cp pΛ− )(cµ

K−

p pm pc

cv KgΛ )( wwoow

w

cowm s

ds

dpλρλρ ++∇− ( )g

µ−−

)(c

φ φ φ

u sw c

vu va vc

D Ds Dc

2.2.4 Consideração de fluidos não-Newtonianos

Para ambos os casos, imiscível ou miscível, pode-se tratar, um ou os dois fluidos como

não-Newtonianos, cuja reologia é uma relação não-linear entre a tensão cisalhante, τ e a

22

taxa de deformação, γ& . Isso caracterizaria outra fonte de não-linearidade, particular dos

fluidos, para o problema. Adotando, por exemplo, o modelo de Lei de Potências (Power

Law) tem-se

( )n

H γτ &= (2.30)

onde H e n são parâmetros típicos e conhecidos para essa reologia. Note que com H = µ e

n = 1, esse modelo pode ser utilizado como o de um fluido Newtoniano. Existem diversos

modelos empíricos para escoamentos de fluidos não-Newtonianos em meios porosos,

com a finalidade de se representar a viscosidade em função da velocidade. Baseado no

trabalho de CHIU et al. [34], tem-se a seguinte expressão, para escoamentos imiscíveis,

denominada modelo de Kozeny

( )1

2

1

1503

912

)(−

+=

nn

a

n

NNn

Haa vv φκµ (2.31)

onde κa é a permeabilidade absoluta na direção do escoamento.

Segundo AZAIEZ E SINGH [4], pode-se representar simplificadamente deslocamentos

miscíveis com um fluido injetado não-Newtoniano, pela seguinte expressão

( )( )( )

2

141),(

cn

NN cc−

+= cc vv µµ (2.32)

2.3 Formulação Numérica para a Notação Unificada

Nesta seção serão apresentadas as formas fracas das equações governantes, reorganizadas

de maneira conveniente a aplicar as aproximações de elementos finitos. Serão

apresentadas as matrizes de elemento, em sua forma integral, e detalhes de sua

implementação.

23

Para o desenvolvimento das formas fracas, define-sepgΓ e

ugΓ como a parcela do contorno

com graus de liberdade p e u prescritos com condições de contorno essenciais (tipo

Dirichlet), gp e gu, e os seguintes espaços de funções

0| 1Γ=∈= emwcomHwwVw (2.33)

| 1Γ=∈= emcom 0wHwwVw (2.34)

;| 1pgpp emgpHppS Γ=∈= (2.35)

| 1HvvS v ∈= (2.36)

;| 1uguu emguHuuS Γ=∈= (2.37)

onde Vw e Vw são espaços onde devem residir as funções peso escalar e vetorial

respectivamente e os demais espaços para as funções incógnitas dos graus de liberdade

considerados, isto é, Sp para a pressão, Sv para a velocidade e Su para o transporte. Note

que, H1 e H1 são espaços quadrado integráveis usuais [70].

Iniciar uma formulação de elementos finitos significa substituir ou aproximar as funções

incógnitas e pesos nas formas variacionais discretas, pelas suas interpolações nos

elementos. As formas variacionais discretas são apresnetadas a seguir.

A Forma variacional discreta de Galerkin para a equação da pressão é

Ω⋅∇−Ω=Ω∇⋅∇ ∫∫∫ ΩΩΩ

dwdQwdpwhhhhh

vp cC (2.38)

que integrando por partes os primeiro e terceiro termos tem-se

( )

Ω⋅∇+Γ−Ω=

+Ω∇⋅⋅∇−Γ∇⋅

∫∫∫

∫∫

ΩΓΩ

ΩΓ

dwdwdQw

dpwdpw

hhh

h

hhhh

vv

pp

cnc

CnC

ˆ

ˆ (2.39)

24

e considerando fluxo nulo no contorno e organizando sinais fica

( ) Ω⋅∇+Ω=Ω∇⋅⋅∇− ∫∫∫ ΩΩΩ

dwdQwdpwhhhhh

vp cC (2.40)

A forma variacional discreta da equação da velocidade é

Ω+∇⋅⋅=Ω⋅ ∫∫ ΩΩ

dpdhhhh )( vp cCwvw (2.41)

e a forma variacional discreta de Petrov-Galerkin da equação Saturação/Concentração é

( ) Ω=Ω

∇⋅⋅∇+∇⋅+

∫∫ ΩΩ

dQwduut

uw u

h

PG

hhh

h

PG Dvuφ (2.42)

que integrando por partes o fluxo difusivo e assumindo-o nulo no contorno fica

Ω=Ω∇⋅⋅∇−∇⋅+∂

∫∫ ΩΩ

dQwduwut

uw

h

u

h

PG

hh

PG

hh

h

PG )( Dvuφ (2.43)

Essas formas variacionais discretas (2.41), (2.42) e (2.43), são as mais convenientes e são

obtidas a partir da aproximação das funções incóginitas e peso contínuas, pelas funções

discretas nodais ph, vh, uh, wh e wh que pertencem aos subespaços finitos Sh e Vh contidos

em S e V . Note que wPG é a função peso descontínua de Petrov-Galerkin, necessária na

equação predominantemente advectiva. O superíndice h indica o uso de uma malha de

elementos finitos. As funções incógnitas aproximadas locais, dentro de um elemento

finito, são interpoladas por

ei

nen

i

ih

uNu Nu==∑=1

(2.44)

25

e seu gradiente por

( ) enen

i

iiiiiih

uBuBuBu BuT==∇ ∑

=1321 (2.45)

onde nen é o número de nós do elemento, N uma matriz com as funções de interpolação e

B seu operador gradiente discreto. No caso de funções vetoriais, pode-se pensar em cada

componente cartesiana como se fosse um grau de liberdade, portanto sua interpolação é

semelhante a (2.44), só que com a matriz Nv como segue

ev vNv == ∑

×

=

i

nsdnen

i

vh

vNi

1

(2.46)

e seu operador divergente discreto tem a forma

ediv vBv ==⋅∇ ∑

×

=

nsdnen

i

idivh

vBi

1

(2.47)

onde nsd é o número de dimensões espaciais, no caso três dimensões. Aplicando essas

aproximações locais, à nível de elemento, nas formulações variacionais, gera-se as

formas discretas correspondentes aos nós da malha de elementos finitos, portanto uma

formulação matricial. Os sistemas locais, isto é para cada elemento, têm suas matrizes

com dimensão ngl x nen. As matrizes das funções de interpolação, N e Nv, bem como

seus operadores gradiente discretos B e divergente discreto Bdiv estão apresentados no

apêndice A, para o elementos tetraédricos.

A interpolação adotada para as funções peso é a mesma das funções incógnitas se o

método dos resíduos ponderados for o de Galerkin. Essa ponderação funciona muito bem

para problemas puramente difusivos (equações parabólicas) como é o caso da pressão,

mas é inadequado em casos predominantemente advectivos (equações hipérbólicas) como

a equação de transporte. Por isso, é adotada a ponderação linear à montante de Petrov-

26

Galerkin (SUPG) [19] para a equação do transporte. Mais ainda, como as frentes de

saturação/concentração são abruptas, um operador de Captura de

Descontinuidades (CD) [35,36] é acrescentado para suavizar tais efeitos. Esse

procedimento introduz uma fraca não-linearidade, de caráter numérico, no problema.

Fraca porque bastam poucas iterações para se obter o efeito desejado [117]. A

incorporação da ponderação SUPG e do operador CD geram uma formulação estabilizada

de elementos finitos variacionalmente consistente para a equação de transporte que pode

ser escrita como

0)()(11

=Ω∇∇+Ω∇⋅+Ω ∑∫∑∫∫=

Ω=

ΩΩ

NEL

e

e

hh

PG

eNEL

e

e

hh

PG

ehh

PGeee

duwduLwduLw δτvv

(2.48)

sendo o operador L(uh) definido por

h

u

hhhh

hQuwu

t

uuL −∇⋅⋅∇−∇⋅+

∂= Dvuφ:)( (2.49)

O parâmetro a nível de elemento eτ da estabilização SUPG é calculado segundo

Codina [29] pela expressão

1

221

)(

)(

)(−

+=

e

hhu

e

h

e

h

uc

h

uc

vDτ (2.50)

onde c1 = 4 e c2 = 2 para elementos lineares e he uma estimativa para o tamanho do

elemento, adotado como a raíz cúbica do volume do elemento.

O parâmetro de difusão artificial eδ é avaliado segundo a formulação CAU (Consistent

Aproximate Upwind) de GALEÃO E DO CARMO [58] por

27

e

e

eup

e

u

uLh

=

)(αδ (2.51)

onde αup é um parâmetro de upwinding que tem uma aproximação assintótica dada por

Codina [35] e )( euL é o valor absoluto do resíduo no interior do elemento.

Os elementos tetraedro linear de 4 nós (T4) e hexaedro trilinear de 8 nós (H8) foram

implementados para discretização espacial. A integração completa das matrizes do T4 é

direta enquanto que o H8 exige 2x2x2 pontos de Gauss para uma integração numérica

exata, o que pode ser computacionalmente oneroso. Contudo, ao se usar a integração

reduzida [12,13,81] pode-se também integrar as matrizes do H8 com 1 ponto. Assim,

troca-se oito laços de programação por apenas um, que exige menos operações de ponto

flutuante. Portanto a integração reduzida será vista como uma técnica computacional e

tratada no Capítulo 6. A integração reduzida surgiu em aplicações de placas e cascas para

superar o travamento por cortante [13], contudo, aqui é empregada apenas visando um

ganho no desempenho computacional, como já realizado em [47,48].

2.4 Matrizes de Elemento para Equação da Pressão

Para a equação da pressão tem-se as seguintes matrizes e vetor independente locais

ed

e

Ω−= ∫Ω

BCBk pTe

p (2.53)

ed

e

Ω+= ∫Ω

vTee

p cBQf (2.55)

como os valores de vazões mássicas q são por unidade de volume, deve-se multiplicá-los

por um volume de controle, por exemplo, o volume do poço, para que sejam aplicadas

diretamente nos nós gerando o vetor local eQ .

28

2.5 Matrizes de Elemento para Equação da Velocidade, a Técnica de pós-

processamento das velocidades para o T4

Já é bem conhecido que calcular as velocidades diretamente pela Lei de Darcy, isto é,

através da derivação numérica das pressões nodais é inadequada por ser uma

aproximação de baixa ordem. Métodos mistos podem ser utilizados para aproximar as

velocidades, contudo tais métodos requerem espaços de funções não usuais e seu tempo

computacional é expressivamente maior [102].

Para contornar esse obstáculo, MALTA et al. [96], acrescentaram à forma variacional da

Lei de Darcy (2.41), um termo, baseado na ponderação do resíduo da conservação da

massa, pelo divergente da função peso vetorial. Desta forma, pode-se aproximar o campo

de velocidades com a mesma ordem de interpolação da pressão. Esta técnica é conhecida

como pós-processamento das velocidades e sua análise numérica foi desenvolvida para

deslocamentos miscíveis [96]. Também, já foi usada com sucesso para escoamentos

bifásicos imiscíveis em duas dimensões [114,100] e deixa-se aqui sua análise numérica

como recomendação. A técnica de pós-processamento pode ser vista como uma

estabilização para a velocidade, baseada na adição, à sua forma variacional, da seguinte

expressão

( )∑∫=

ΩΩ−⋅∇⋅∇

nel

e

ehheppv dQC

e

1

vw (2.57)

onde a constante eppvC vale

2

eh

para o caso imiscível e 2

21

ehM para o caso miscível.

Finalmente as matrizes de elemento para a velocidade no T4 ficam

eeppv

edCd

ee

Ω+Ω= ∫∫ΩΩ

divTdivv

Tv

ev BBNNm (2.58)

29

eeppv

edQCd

ee

Ω+Ω+= ∫∫ΩΩ

)( 0 Tdivv

ep

Tv

ev BcBpCNf (2.59)

onde pe é o vetor local com valores nodais das pressões e 0Q a vazão avaliada no

centróide do elemento, a partir das vazões nodais.

Observação 2.1. A obtenção das velocidades para o H8 é feita utilizando diretamente a

Lei de Darcy com o operador gradiente discreto avaliado apenas no centróide do

elemento, pois alí reside um ponto de superconvergência para elementos de lados

paralelos [34]. Desta forma, para elementos não muito distorcidos, pode-se assim

dispensar a técnica de pós-processamento para elementos hexaédricos.

2.6 Matrizes de Elemento para Equação do Transporte

O sistema (não-simétrico) semi-discreto para o transporte é

eu

eeee fucum =+& (2.60)

e seu vetor independente

eu

eu Qf = (2.62)

Vale a mesma observação que a vazão aplicada para a equação da pressão para se obter

diretamente seus valores nodais. A matriz de massa do sistema é dado pela soma

epg

eg

e mmm += (2.64)

onde a matriz de massa consistente de Galerkin é dada por

30

eed

e

Ω= ∫Ω

NNm Teg φ (2.66)

ou ainda na forma diagonal (lumped) por

eeddiag

e

Ω= ∫Ω

)( Nmleg φ (2.67)

Já amatriz de massa de Petrov-Galerkin é dada por

eu

eed

e

Ω= ∫Ω

BvNm TTepg φτ (2.68)

A matriz de advecção-difusão é dada pelo somário

ecd

edpg

edg

eapg

eag

e kkkkkk ++++= (2.69)

onde a matriz de advecção de Galerkin é

eu d

e

Ω= ∫Ω

BvNk TTeag (2.71)

Observação 2.2. A matriz de advecção de Galerkin eagk é igual a transposta da matriz de

massa de Petrov-Galerkin, exceto pela multiplicação da constante eeτφ . Essa

particularidade é levada em consideração na implementação computacional.

A matriz de advecção de Petrov-Galerkin tem a expressão

euu

ed

e

Ω= ∫Ω

BvvBk TTeapg τ (2.72)

31

e a matriz de difusão de Galerkin

ed

e

Ω= ∫Ω

BDBk Tedg (2.73)

e a matriz de difusão de Petrov-Galerkin é nula

0k edpg = (2.74)

Observação 2.3. A matriz de difusão de Petrov-Galerkin edpgk é nula para elementos

lineares e tri-lineares pois envolve a segunda derivada das funções de interpolação,

portanto não será considerada daqui em diante. É importante também ressaltar que esse

termo, quando contínuo, isto é, antes da aproximação de elementos finitos, não pode ser

integrado por partes pois a função peso de Petrov-Galerkin é descontínua.

E finalmente a matriz do operador de captura de descontinuidades é dada por

eed

e

Ω= ∫Ω

BBk Tecd δ (2.75)

Observação 2.4. Matriz de difusão generalizada

Em termos de implementação pode-se pensar na matriz de difusão de Galerkin, de

advecção de Petrov-Galerkin e de captura de descontinuidades como uma única matriz

de difusão generalizada da forma

ed

e

Ω= ∫Ω

BDBk GTe

dg (2.76)

onde o tensor de difusão generalizado assume a contribuição das 3 matrizes

32

3T

G IvvDD euu

eδτ ++= (2.77)

Dessa forma, a implementação é mais simples e eficiente.

2.7 Integração completa (2x2x2) para o H8

A integração completa do H8, para a avaliação da integral de qualquer termo de uma

matriz genérica F, transformada em coordenadas naturais ξ, η e ζ, pode ser feita pela

regra

JFJFF det),,(det),,(),,(8

1

1

1

1

1

1

1

∑∫ ∫ ∫∫=− − −Ω

≅=Ω

i

iiiiiie ξwwwdddξdzyx

e

ζηζηξζη (2.78)

onde J é o Jacobiano da transformação entre coordenadas e os pontos de Gauss

iii eξ ζη, e seus pesos iw são fornecidos na Tabela 2.2.

Tabela 2.2 – Regra para integração numérica em hexaedros trilineares.

Pontos de integração de Gauss i

ξi ηi ζi Pesos wi

1 -xg -xg -xg 1.0

2 xg -xg -xg 1.0

3 xg xg -xg 1.0

4 -xg xg -xg 1.0

5 -xg -xg xg 1.0

6 xg -xg xg 1.0

7 xg xg xg 1.0

8 -xg xg xg 1.0

xg = 0.577 350 269 189 626...

33

Observação 2.5. A implementação é feita com dois laços de programação, sendo o menor

mais externo nos pontos de integração de Gauss e o maior mais interno, nos elementos,

obtendo-se assim proveito computacional em diversas arquiteturas.

2.8 Sistemas Globais Resultantes

Finalmente, após se obter as matrizes e vetores locais, explicitamente ou por uma regra

de integração numérica, soma-se suas contribuições respeitando a malha adotada, isto é,

faz-se o assembling para se chegar o sistema global resultante.

Todas as matrizes e vetores independentes, com as condições de contorno já

incorporadas, globais resultantes são obtidos a partir das contribuições dos elementos

através da operação de assembling A, como segue esquematizado

enel

emM

1=

= A (2.79)

gerando assim os seguintes sistemas globais:

• Sistema da pressão (simétrico)

pp FpK = (2.80)

onde Kp é a matriz de coeficientes da equação da pressão, Fp seu vetor independente e p

o vetor incógnita nodal global para a pressão.

• Sistema da velocidade (simétrico)

vv FvM = (2.81)

34

onde Mv é a matriz do pós-processamento da velocidade, Fv seu vetor independente e v o

vetor incógnita nodal global para velocidade. Para o H8, não há sistema para velocidade

pois ela é avaliada diretamente no centróide dos elementos, como já mencionado.

• Sistema semi-discreto do transporte (não-simétrico)

uFKuuM =+& (2.82)

onde u& é a derivada temporal de u, que é o vetor incógnita dos valores nodais globais

para a saturação/concentração. M é a matriz de massa global e K a de advecção-difusão,

também global. A aproximação temporal empregada na equação de transporte já é

amplamente utilizada em problemas de escoamentos em meios porosos [84,100,114]. O

esquema é sequencialmente implícito, isto é, segregado. Ele é proveniente da família de

métodos da regra trapezoidal [70], na forma de bloco iterativo preditor/multicorretor. É

em bloco, pois tem-se que avançar no tempo a solução da pressão, da velocidade e da

saturação, sequencialmente. É iterativo pois os métodos utilizados para a solução dos

sistemas de equações resultantes são o do gradientes conjugados, com

précondicionamento diagonal para a pressão e bloco-diagonal para velocidade, e o

GMRES [109] com précondicionamento diagonal para o transporte. O esquema

preditor/corretor é o método de integração temporal totalmente implícito propriamente

dito e a multicorreção é um esquema tipo Newton para tratar as não-linearidades.

Portanto o esquema de cálculo temporal resultante está esquematicamente apresentado no

Quadro 2.1.

35

Quadro 2.1 – Integração temporal das equações para meios porosos.

Onde o parâmetro da integração temporal α é igual a 0.5 para um método totalmente

implícito de segunda ordem. Existe ainda a possibilidade e a necessidade (devido as

fortes não-linearidades) da utilização de um esquema com um passo de tempo variável.

Diversos controladores já foram utilizados com sucesso [139]. Nesse trabalho, essa opção

não está implementada, mas deixa-se aqui a menção de sua relevância e sua futura

incorporação. Deixa-se também o intuito de introduzir esquemas totalmente explícitos

(tipo Runge-Kutta), que podem ter precisão de mais alta ordem. E também, que em

conjunto com um passo de tempo adaptativo, controlado pela condição de CFL,

promoverá sempre um método totalmente explícito estável. Recentemente, os

trabalhos [64,65] mostraram a estabilidade para diversos métodos de integração temporal

para a equação advecção-difusão, inclusive esquemas espaço-tempo de elementos finitos.

lê condições iniciais para o transporte 0

0=

=

n

iU

do loop 1 tempo n

monta vetor fonte, constante no passo de tempo t∆

predição do transporte ( ) 10

100 1

~ −−∆−+=

nnnUtUU &α

monta vetor com as condições de contorno

do loop 2 multicorreção (iterações não lineares i)

resolve equação da pressão para o incremento n

iP∆

atualiza solução da pressão n

in

in

i PPP ∆+=−1

resolve equação da velocidade para o incremento n

iV∆

atualiza solução da velocidade n

in

in

i VVV ∆+=−1

resolve equação do transporte para o incremento da derivada temporal n

iU&∆

corrige solução do transporte

n

i

n

i

n

i UUU &&& ∆+=−1

n

i

n

i

n

i UtUU 11 −−∆∆+= &α

checa convergência não-linear

fim do loop 2

impressão dos resultados parciais

fim do loop 1

36

2.9 Considerações sobre Conservação da massa e estabilizações

Desde os primórdios dos elementos finitos existe um desentendimento quando afirmam

que o método dos elementos finitos é não-conservativo ou que não conserva massa. Na

verdade ele é globalmente conservativo [73], mas localmente entre elementos em apenas

alguns casos. Para as equações de advecção-difusão e de Navier-Stokes incompressível,

em regimes permanente ou transiente, a conservação da massa é provada em [72] para os

métodos de Galerkin e para os métodos estabilizados SUPG, GLS e multi-escala. Note

que como o campo de velocidades, portanto o campo advectivo, é obtido numericamente,

não se pode garantir que ele tenha divergente nulo, daí não se garante as propriedades de

conservação. Então, surgem duas opções para se contornar isso, a primeira é considerar a

equação de transporte em sua forma conservativa, o que não é usual e onde é considerado

o termo do divergente de vu. A outra, proposta recentemente em [72] é adicionar um

termo de estabilização, baseado em princípios multiescala que corrige o desequilíbrio no

balaço de massa. Portanto, somando as seguintes integrais no interior dos elementos nas

equações do transporte tem-se

∑∫∑∫=

Ω=

ΩΩ∇⋅−′∇⋅−+Ω∇−

nel

e

ehp

hp

nel

e

ehp

hduwduw

ee

11

)()()( ev

ev

ev rrr ττττ (2.83)

na forma variacional da equação de transporte, fica garantida a conservação mesmo para

campos de velocidade não-solenoidais, isto é, de divergente não necessariamente nulo,

que é o caso dos campos advectivos numéricos. O parâmetro τ ′ pode ser aproximado por

evrp

eh

ττ =′ (2.84)

e pτ é um coeficiente de estabilização tipo pressão (no caso de Navier-Stokes

incompressível), que pode ser adotado como eppvC , uma vez que o campo advectivo é

originado do pós-processamento das velocidades e evr é o resíduo da equação desse

37

campo advectivo numérico, isto é da equação da velocidade, avaliado no interior do

elemento.

Observação 2.4. É interessante notar que 4 estabilizações de elementos finitos foram

empregadas, com a finalidade de:

i. controlar as oscilações espúrias provenientes da advecção (SUPG)

ii. suavizar frentes descontínuas/abruptas (CD)

iii. interpolar velocidades (pós-processamento) com mesma ordem que as demais

variáveis no T4

iv. garantir propriedades de conservação na equação de transporte

No Capítulo 6 será também introduzida a estabilização para capturar os modos

hourglass na integração reduzida do H8, o que é vista, aqui, como uma técnica de

aceleração computacional.

A seguir, os exemplos numéricos de validação e verificação das equações para meios

porosos.

38

Capítulo 3

Exemplos Numéricos de Escoamentos em Meios

Porosos

Os exemplos numéricos apresentados aqui têm o objetivo de validar [6] a implementação

computacional tridimensional para escoamentos em meios porosos e verificá-las [6] com

soluções analíticas e/ou problemas já bem conhecidos em duas dimensões. As unidades

são omitidas quando consideradas num sistema coerente. Para os exemplos 3.1 e 3.2 tem-

se um domínio que representa um quarto da configuração tipo fivespot. A descrição das

condições de contorno e inicial se encontram na Figura 3.1. A malha de elementos finitos

adotada é uma discretização de 20x20x1 como apresentado na Figura 3.2. A malha de

tetraedros foi obtida a partir da divisão de cada hexaedro em cinco elementos. O meio é

homogêneo e efeitos de gravidade, dispersão/difusão e pressão capilar foram

desconsiderados. É aplicada a condição de contorno de fluxo nulonos contornos esternos

dos meios porosos.

Neste capítulo serão ainda apresentados mais dois exemplos. Um primeiro de

reservatórios de petróleo baseados em dados reais do décimo exercício comparativo do

SPE [143], onde dados são colocados à disposição de diversas empresas para que cada

uma faça uma simulação para fins de comparação de tempo de processamento, técnicas

39

de escalonamento (upscaling) e qualidade da solução. O quarto exemplo é referente aos

primeiros passos em direção à modelagem e análise de bacias, onde dados de uma bacia

na Colômbia foram utilizados para simular a migração secundária.

Figura 3.1 - Condições de contorno e inicial para pressão (a) e transporte (b).

Figura 3.2 - Malhas de elementos finitos T4 e H8 para discretização de um quarto de fivespot.

3.1 Caso Imiscível: Injeção contínua de água

Esse problema teste é baseado nas descrições apresentadas em [114] para produção de

óleo a partir da injeção contínua de água. As propriedades do meio poroso são porosidade

de 0.2 e permeabilidade isotrópica unitária. As viscosidades do óleo e da água são 4 e 1,

respectivamente. Condições de contorno constante no tempo foram apresentadas na

(b) (a)

p = 0

p = 0

taxa de produção (-)

taxa de injeção (+)

CI: escalar em (t=0) = 0

escalar = 1

40

Figura 3.1. Como condição inicial, considera-se o reservatório totalmente saturado de

óleo. Um passo de tempo fixo de 10-3 VPI (volume poroso injetado) foi adotado para

simulação de tempo total de 4 VPI. As tolerâncias para os solucionadores iterativos foram

de 10-6 e para as iterações não lineraes de 10-3. Soluções em tempos inicial e final são

apresentadas na Figura 3.3 e estão de acordo com as soluções publicadas na

literatura [114]. Na Figura 3.4 pode-se ver uma comparação da frente de saturação e

volume de óleo recuperado, como está de acordo com a tese [114].

(a)

(b)

Figura 3.3 - Saturação de água em tempos inicial e final de simulação para os elementos T4

(a) e H8 (b).

41

VOR

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

VPI

(a) (b)

Figura 3.4 - Comparação do volume total de óleo recuperado: (a) este trabalho, (b) refrência [114].

3.2 Caso Miscível: Injeção de traçador

Esse problema teste é baseado nas descrições apresentadas em [91,47]. É um domínio

de 1000x1000x50. As taxas de injeção (x = y = 0) e produção (x = y = 1000) são iguais a

250. Foi adotado um passo de tempo de 1 até um tempo total de simulação igual a 1000.

As propriedades dos fluidos são tais que a razão de mobilidade vale 2. O meio poroso

tem uma porosidade de 0.1 e permeabilidade isotrópica igual a 100. As tolerâncias dos

solvers iterativos foram de 10-6 e de 10-2 para as iterações não lineares. A convergência

não linear foi alcançada em todos os passos de tempo. Soluções para tempos inicial,

intermediários e final se encontram na Figura 3.5 e apresentam concordância com

resultados da literatura de referência [47], como pode ser comparado na Figura 3.6, que

apresenta isolinhas da solução em tempos intermediários.

42

Figura 3.5 - Concentração inicial, intermediárias e final para T4 (esquerda) e H8 (direita).

Figura 3.6 - Concentrações intermediárias para referência [47].

43

3.3 SPE – injeção de água em reservatório heterogêneo

Este exemplo é uma simplificação do décimo estudo comparativo do SPE [146] de um

reservatório totalmente heterogêneo na parte Upper Ness do Mar do Norte. Apesar do

modelo original ser trifásico tipo black oil, foi aqui simplificado para o escoamento

bifásico óleo-água. Mais além, foi feito um escalonamento (upscaling), por uma média

harmônica, do modelo que contemplava mais de 1 milhão de elementos para um modelo

reduzido com 8976 elementos hexaédricos e 10530 nós. O reservatório contempla 4

poços produtores nos cantos e 1 injetor no meio, do domínio. As propriedades dos

materiais já escalonados se encontram na Figura 3.7, onde as permeabilidades estão em

mD. O domínio contempla 1200x2200x170 ft, a viscosidade dos fluidos foi de 3 cp para o

óleo e 0.3 cp para água. Efeitos gravitacionais, capilares e difusivos foram

negligenciados.

Como condições de contorno para pressão, foram prescritas pressões de fundo de poço de

4000 psi nos poços produtores e de 10000 psi no injetor. A vazão de injeção é de

5000 barris/dia no poço injetor. Como condição de contorno para saturação da água é

prescrito unitária no poço injetor, simulando injeção contínua. Como condição inicial, é

adotado o reservatório totalmente preenchido e óleo e pressão nula.

Apesar do modelo comparativo prever curvas de recuperação para 2000 dias de

produção, aqui foi analisado mais tempo de injeção, contemplando a chegada de água nos

poços produtores. Soluções nos tempos 1, 500, 1000, 1500 e 2000 dias são apresentadas

na Figura 3.8 e 2000, 2500, 3000 e 3500 na Figura 3.9. com esse exemplo tem-se o

objetivo de resolver um problema completo de reservatórios com dados reais. A solução

comprova a capacidade do programa em representar o escoamento devido as

heterogeneidades do meio.

44

Figura 3.7 - Propriedades dos materiais já escalonadas: porosidade, permeabilidades

horizontal e vertical.

Porosidade

Permeabilidade Horizontal

Permeabilidade Vertical

45

t = 1 dia

t = 500 dias

t = 1000 dias

t = 1500 dias

Figura 3.8 – Solução nos tempos t = 1, 500, 1000 e 1500 dias.

46

t = 2000 dias

t = 2500 dias

t = 3000 dias

t =3500 dias

Figura 3.9 – Solução nos tempos t = 2000, 25000, 3000 e 3500 dias.

47

3.4 Migração Secundária em um Bloco Sedimentar

A partir de um bloco modelado no Gocad [141] foi possível gerar uma malha volumétrica

de tetraedros no próprio programa para se executar uma análise teste. A qualidade desta

malha é questionável, mas foi adotada mesmo assim para análises preliminares. O

domínio modelado tem aproximadamente 22x80x23 km de extensão. A definição das

propriedades de porosidade e permeabilidade das camadas se encontram na Tabela 3.1 e a

Figura 3.10 mostra as camadas e a malha de elementos finitos. As condições de contorno

adotadas foram de uma pressão atmosférica prescrita no topo e de 0.45 da profundidade

na base. A saturação de água também é prescrita constante na base. Como condições

iniciais, a camada da rocha geradora foi totalmente preenchida com óleo e as demais com

água. Efeitos de pressão capilar e gravidade foram desconsiderados.

O tempo total de análise foi até o óleo atingir a rocha reservatório o que durou

aproximadamente 50 mil anos, sendo o passo de tempo utilizado de 1 mil anos.

A partir da evolução desse cenário tem-se o óleo migrando da rocha geradora em direção

à camada reservatório, seguindo a geometria do modelo, conforme apresentado nas

imagens da Figura 3.1. Como foi utilizado o elemento tetraédrico foi adotado o pós-

processamewnto para as velocidades. A convergência não linear da solução foi boa pois

obteve convergência na maioria dos passos de tempo.

Esse modelo inicial foi desenvolvido visando futuras análises de aplicações em diversos

cenários de interesse e serviu de base para o exemplo mais completo, de aplicação real,

apresentado no Capítulo 7. Um dos maiores objetivos desses exemplos sobre análise de

bacias foi de se estabelecer uma metodologia para tratar o problema em diferentes

cenários. A metodologia, melhor explicada no Capítulo 7, engloba a geração de uma

malha não estruturada de tetraedros a partir de modelos GoCad [141], a definição das

propriedades dos materiais, condições iniciais e de contorno, cenários para estudos de

caso.

48

Tabela 3.1 - Definição das propriedades das camadas de cima para baixo.

(a)

(b)

Figura 3.10 - Detalhe das camadas do modelo (a) e da malha adotada (b).

Camada/Litologia porosidade kx (mD) ky (mD) kz (mD)

Topografia 0.1 200 200 2

Oligoceno 0.03 2 2 2

Reservatório 0.08 400 400 300

Cretáceo Superior 0.1 70 70 100

Rocha Geradora 0.01 10 10 2

Cretáceo Inferior 0.05 150 150 150

49

t = 1 mil anos

t = 10 mil anos

t = 20 mil anos

50

1

t = 30 mil anos

t = 40 mil anos

t = 50 mil anos

Figura 3.11 - Evolução da migração do óleo.

51

Capítulo 4

Formulação Matemática e Numérica para

Escoamentos Compressíveis Não Viscosos

4.1 Introdução

Como já mencionado no Capítulo 2, as equações da mecânica dos fluidos são descritas a

partir da conservação da massa (equação da continuidade), conservação da quantidade de

movimento e conservação da energia [50]. A dedução formal das equações a partir de

volumes infinitesimais não será apresentada aqui e recomenda-se [67] para maiores

detalhes. Aqui será apresentada a forma quase-linear final das equações governantes de

escoamentos compressíveis não viscosos, ou seja, as equações de Euler. A formulação

matemática e numérica, conforme apresentadas e organizadas neste capítulo, seguem

principalmente as referências [26,67,150,68-69,85-86,130-132,] .

52

4.2 Formulação Matemática

A forma quase-linear e tridimensional das equações de Euler em varáveis conservativas e

sem termo fonte pode ser representada num domínio espaço-tempo ],[ fi tt×Ω , seguindo

HIRSCH [67], por

0)( =+++= zzyyxxtL U,AU,AU,AU,U (4.1)

onde U é o vetor das variáveis conservativas dado por

=

=

T

z

y

x

e

u

u

u

U

U

U

U

U 1

5

4

3

2

1

ρU , (4.2)

e Ax, Ay e Az são as matrizes 5x5 dos fluxos de Euler, como definidas em [68,69]. Em

(4.1), a vírgula denota diferenciação. Na equação (4.2), as variáveis nodais são ρ, a massa

específica do fluido, que aparece multiplicando também as demais variáveis,

u = [ux, uy, uz]T que é o vetor velocidade e eT que é a densidade de energia total, dada pela

soma da energia interna ei e da densidade de energia cinética ||u||2/2. Assumindo que o

fluido obedece uma lei de gases ideais, a relação constitutiva é dada pelas seguintes

expressões,

Tce vi = (4.3)

( ) iep ργ 1−= (4.4)

onde p é a pressão termodinâmica, cv é o calor específico a volume constante, T a

temperatura absoluta, γ = cp/cv e cp o calor específico à pressão constante.

53

4.3 Formulação Numérica

A forma variacional discreta da equação (4.1) é

( ) 0)()(11

=Ω∂

∂⋅

∂+Ω⋅

∂+Ω⋅ ∑∫∑∫∫

=ΩΩ

e

i

h

i

hnel

e

eeh

i

hnel

e

eTh

i

hhd

xxdL

xdL

ee

UWU

WτAUW δ (4.5)

onde Uh é a função incógnita discreta e Wh a função peso discreta, as quais devem

pertencer à espaços de funções de dimensão finita típicos de elementos finitos, e a matriz

de estabilização SUPG, τ é definida como diagonal. Essa forma de estabilização foi

inicialmente introduzida por HUGHES E TEZDUYAR [68] e melhorada por ALIABADI

et al. [1]. A matriz τe = τI é definido através do parâmetro τ, como:

)](21

2,0max[

δττ

α

αττ −

++= ae

e

lCFL

CFL (4.6)

aelCFL

τα

τ)21(3

2

+= (4.7)

)(2 uβ+=

e

e

ac

hτ (4.8)

2)( uβ+=

e

e

c

δτ

δ (4.9)

onde ce é a velocidade acústica do elemento, τl é o parâmetro de estabilização

correspondente aos termos dependentes do tempo, τa aos termos advectivos e τδ desconta

os efeitos do operador de captura de choques. O número de Courant-Friedrichs-Lewy ou

simplesmente CFLe é definido como

e

e

e

h

tcCFL

∆+=

)( uβ (4.10)

e β é um vetor arbitrário normalizado e dado por

54

2

2

*

2

*

U

∇=

(4.11)

onde 2*

.. = ou 1-

0A~

. , α é o parâmetro que controla estabilidade e precisão do algoritmo

de marcha, adotado como α = 0.5 para um esquema totalmente implícito de segunda

ordem com um passo de tempo ∆t fixo.

As equações de Euler podem ser rescritas em uma forma simétrica através de uma

mudança de variáveis conforme HUGHES et al. [69] mostrou em 1986, e para tal define-

se a função escalar denominada função de entropia generalizada por

sρ=)H(U (4.12)

onde s = ln(p/ργ) + s0, é a entropia física por unidade de massa e s0 uma entropia de

referência. Então, as variáveis de entropia podem ser introduzidas V = H,U onde vale a

relação U → V dada por,

−++−

=

=

1

4

3

2

5

5

4

3

2

1 )1(

1

U

U

U

U

seU

e

V

V

V

V

V T

T

γρ

ρV (4.13)

e finalmente as equações de Euler em variáveis de entropia podem ser alternativamente

escritas como

0

0VAVA =+ iit,

~,

~ (4.14)

55

Então, as equações de Euler rescritas em sua forma simétrica através de uma mudança de

variáveis conservativas U, para variáveis de entropia V. Portanto, as equações em

variáveis de entropia ficam definidas pelas matrizes Ã0 = U,V que é simétrica e positiva

definida e Ãi = AiÃ0 que é também simétrica. Essa mudança de variáveis é importante na

definição de operadores de captura de choque baseados em variáveis de entropia, como o

parâmetro δe avaliado por

1-

0

1-

0

A

U

UA

UA

UA

A

~

~

h

h

z

h

y

h

x

ezyx

ξ

δ

∂+

∂+

= (4.15)

com

1-

0

1-

0

1-

0

1-

0

A

A

A

UUU

UUU

UUUU

A

~333

~222

~111~

z

z

y

y

x

x

z

z

y

y

x

x

z

z

yy

x

x

x

hhh

hhh

hhhh

∂+

∂+

∂+

+∂

∂+

∂+

∂+

+∂

∂+

∂+

∂=∇

ξξξ

ξξξ

ξξξξ

(4.16)

se 0~

≠∇1-

0A

Uh

ξ e assumindo valor nulo (δe=0), caso contrário. As componentes

ji ξx ∂∂ são termos da matriz de transformação entre as coordenadas globais e locais (a

nível dos elementos). Esse operador foi deduzido a partir de sua definição em variáveis

de entropia dadas em ALMEIDA E GALEÃO [3] utilizando transformações inversas.

Mais recentemente, diversos outros parâmetros de estabilização foram desenvolvidos,

como em CATABRIGA et al. em 2005 [28], tanto para advecção quanto para captura de

choques. Incluindo também operadores baseados somente em variáveis

conservativas [134] que têm sido exaustivamente testados [135-137], tendo em mente que

a mudança de variáveis é um inconveniente uma vez que as variáveis a serem resolvidas

56

estão na forma conservativa. A Formulação SUGN para advecção e YZβ para captura de

choques, com os novos operadores, podem ser definidos como

( )

∇⋅+∇⋅= ∑

=

nen

a

a

h

aSUGN NNc1

1 Ujτ (4.17)

onde

h

h

ρ

ρ

∇=j (4.18)

22

tSUGN

∆=τ (4.19)

r

SUGNSUGN

SUGN

1

21

11−

+=

τττ (4.20)

com o inteiro r = 2, tipicamente. E a definição do operador de captura de choques SHOCδ

pode ser feita por

=

refref

ref

z

ref

ref

y

ref

ref

x

ref

ref

e

u

u

u

ρ

ρ

ρ

ρ

ρ

0000

0000

0000

0000

0000

Y (4.21)

i

hh

i

h

xt ∂

∂+

∂=

UA

UZ , ou apenas

i

hh

ix∂

∂UA (4.22)

ββ

β

δ

∂=

−−

=

−− ∑ 2

11

12

1

11 SHOChnsd

i i

h

SHOC

h

xUY

UYZY (4.23)

( )212

1==

+=ββ

δδδ SHOCSHOCSHOC (4.24)

57

Sobre esses novos parâmetros de estabilização, em alguns testes preliminares realizados,

pode-se concluir que seriam mais adequados e convenientes uma vez que a formulação

está em variáveis conservativas, não necessitando a mudança de variáveis e acelerando,

mesmo que pouco, as operações de ponto flutuante inerentes das matrizes de elemento.

Contudo, sua utilização depende de valores de referência e da calibração de diversos

outros parâmetros. Apesar de funcionar bem, não foram obtidos resultados melhores que

o operador [1,112] que não exige valores de referência e que é matematicamente

fundamentado e portanto mais robusto.

Assim como definido no capítulo anterior, emprega-se o elemento tetraedro T4 com

funções de interpolação lineares para se obter as matrizes locais. Como aqui, tratamos de

5 graus de liberdade, cada termo das matrizes N e B são multiplicados pela matriz

identidade 5x5, gerando as matrizes de interpolação N5 e o operador gradiente discreto

B5.

A matriz de massa, que inclui as derivadas temporais, é dada pela soma

epg

eg

e mmm += (4.25)

onde

ed

e

Ω= ∫Ω

5T5

eg NNm (4.27)

é a matriz de massa consistente de Galerkin e

[ ] e

zyx

ed

e

Ω= ∫Ω

5T5

epg BAAANm τ (4.28)

é a matriz de massa de Petrov-Galerkin. Já a matriz de advecção é dada pela soma de três

matrizes, como segue

58

ecc

eapg

eag

e cccc ++= (4.29)

onde

[ ] e

zyx de

Ω= ∫Ω

5T5

eag BAAANc (4.31)

e

zzyzxz

zyyyxy

zxyxxx

ed

e

Ω

= ∫Ω

T5

T5

eapg B

AAAAAA

AAAAAA

AAAAAA

Bc τ (4.32)

eed

e

Ω= ∫Ω

5T

5ecc BBc δ (4.33)

são as matrizes de advecção de Galerkin, de advecção de Petrov-Galerkin e do operador

de captura de choques, respectivamente.

O sistema global resultante é obtido pelo assembling das matrizes locais que leva ao

seguinte sistema semi-discreto de equações não lineares.

( ) ( ) 0UUCUUM =+& (4.34)

o qual é resolvido pelo algoritmo preditor-multicorretor totalmente implícito [70], com

α=½, como já mencionado no capítulo 2 e como esquematizado no Quadro 3.1 e

observando também que condições de contorno e iniciais apropriadas devem ser

especificadas.

59

Quadro 4.1 – Integração temporal das equações de Euler.

A seguir serãs apresentados exemplos de validação e verificação da impelmentação das

equações de Euler em uma, duas e três dimensões.

lê condições iniciais 00

=

=

n

iU

do loop 1 nos passos de tempo n (integração temporal)

predição: ( ) 10

100 1

~ −−∆−+=

nnntUUU &α

monta vetor com as condições de contorno

do loop 2 nas iterações não lineares i (multicorreção)

incorpora condições de contorno tipo NO-FLOW, se houver

monta matriz de coeficientes e avalia resíduo

resolve sistema efetivo para n

iU&∆

corrige solução:

n

i

n

i

n

i UUU &&& ∆+=−1

n

i

n

i

n

i t 11 −−∆∆+= UUU &α

checa convergência não-linear

fim do loop 2

impressão dos resultados parciais

fim do loop 1

60

Capítulo 5

Exemplos Numéricos de Escoamentos

Compressíveis Não Viscosos

Os exemplos numéricos apresentados aqui têm o objetivo de validar [6] a implementação

computacional das equações de Euler em três dimensões e verificar [6] com soluções

analíticas e/ou problemas já bem conhecidos. Para tal são apresentados exemplos em

uma, duas e três dimensões, tanto em regime permanente como transiente. Um exemplo

de aplicação real simulando um escoamento supersônico ao redor de um avião é

apresentado no Capítulo 7. As unidades estão omitidas por estarem num sistema coerente

e/ou adimensionalizadas.

5.1 Exemplos Unidimensionias Transientes: Tubos de Choque

Dois exemplos unidimensionais clássicos foram analisados para fins de validação, pois

têm solução analítica conhecida. Eles são os problemas de tubo de choque de Sod e Lax-

Harden [93] onde o escoamento se dá a partir de um tubo, de comprimento unitário,

61

pressurizado com uma condição inicial, que vai evoluindo no tempo até uma

configuração de equilíbrio. As malhas utilizadas compreendem 100 e 1000 divisões, com

5 tetraedros em cada divisão. Os dados para esses exemplos foram extraídos de [93].

Apesar das soluções analíticas não terem sido fornecidas, a solução com 1000 divisões

aqui calculada e a solução exata apresentada em [93] são muito próximas. As condições

iniciais para o problema de Sod são

ρ = 1.000, ux=0 e p=1.0 em 5.00 <≤ x

ρ = 0.125, ux =0 e p=0.1 em 15.0 ≤≤ x

e para Lax-Harden

ρ = 0.445, ux =0.698876404 e p=3.52773 em 5.00 <≤ x

e ρ = 0.500, ux =0 e p=0.57100 em 15.0 ≤≤ x .

que também são as condições de contorno prescritas em x=0 e x=1. Como o problema é

unidimensional, as velocidades nas componentes cartesianas y e z são prescritas nulas

durante toda análise. Para ambos os casos, o passo de tempo foi de 10-3.

Para o exemplo Sod foram adotados 30 vetores de Krylov, 10 ciclos máximos e

tolerância 10-9 no GMRES. A tolerância não linear foi de 10-3. No exemplo de Lax-

Harden foram utilizados 50 vetores, 10 ciclos máximos e a tolerância do GMRES fixada

em 10-6 e não-linear em 10-2. A convergência não linear foi atingida em todos os passos

de tempo A Figura 5.1 mostra a solução das variáveis massa específica, velocidade e

pressão para o exemplo Sod no tempo t=0.2 e a Figura 5.2 para o caso de Lax-Harden em

t=0.15.

62

SOD t=0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

comprimento

massa e

sp

ecíf

ica

100

1000

SOD t=0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

comprimento

pressão

100

1000

SOD t=0.2

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

comprimento

velo

cid

ad

e

100

1000

Figura 5.1 – Soluções do problema de Sod em t=0.2: (a) massa específica, (b) velocidade

e (c) pressão.

(a)

(b)

(c)

63

Lax-Harden t=0.15

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

comprimento

massa e

sp

ecíf

ica

100

1000

Lax-Harden t=0.15

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

comprimento

velo

cid

ad

e

100

1000

Lax-Harden t=0.15

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

comprimento

pressão

100

1000

Figura 5.2 – Soluções do problema de Lax-Harden em t=0.15: (a) massa específica, (b)

velocidade e (c) pressão.

(a)

(b)

(c)

64

5.2 Exemplo Bidimensional Permanente: Choque Refletido

Esse problema envolve um domínio retangular (0 ≤ x ≤ 4.1 e 0 ≤ y ≤ 1.0) com três regiões

distintas de escoamento (I, II e III) separadas por choques, como apresenta a Figura 5.3,

adaptada de [26,27]. As condições de contorno prescritas são densidade, velocidades e

energia específica total na esquerda e no topo. Embaixo é imposta uma condição de que

não permite o escoamento, isto é, uy = 0. No contorno da direita, tem-se equações livres,

uma vez que o escoamento na saída é supersônico.

Todos os graus de liberdade uz são prescritos nulos para forçar um problema

bidimensional. A Figura 5.4 mostra em detalhe uma malha estruturada de 410×100×1

divisões, cada uma subdividida em 5 tetraedros, gerando um total de 83022 nós, 205000

elementos e 371041 arestas. O tempo máximo de simulação é fixado em tf = 3 com um

passo de tempo de 0.02, o que significa 150 incrementos de tempo para toda a análise. O

número CFL inicial é estimado em 5.8. A tolerância para o GMRES foi de 10–3 com 50

vetores de Krylov num máximo de 100 ciclos. Foi adotada uma tolerância não linear de

10-1 com um limite máximo de 10 iterações. Com essa malha bastante refinada, a

convergência para a solução não linear é alcançada em uma média de 5 iterações. A

solução permanente para massa específica, pressão e temperatura estão na Figura 5.5.

Figura 5.3 – Descrição do problema de choque refletido.

I

II

III

65

Figura 5.4 – Vista em detalhe da malha estruturada bem refinada.

(a)

(b)

massa específica

66

(c)

Figura 5.5 – Soluções permanentes de massa específica (a), pressão (b) e temperatura (c).

5.3 Exemplo Bidimensional Transiente: Escoamento Supersônico através de um

Canal com Degrau

Desde a primeira vez que esse exemplo foi reportado foi em [55], tem sido utilizado para

validação e testes por diversos autores [20,21]. É um exemplo bastante utilizado para

aferir a evolução da solução transiente.

O topo e a base do canal são prescritas condições de contorno de parede escorregadia

(no-flow), ou seja, tipo reflexão. Como o escoamento é supersônico, todoas as variáveis

são condições de contorno na entrada e não há prescrição na saída. Essas condições e a

dimensão do domínio espacial estão descritas na Figura 5.6. A malha não estruturada

adotada têm 58509 pontos nodais, 173130 elementos, 290142 arestas e a Figura 5.7

mostra a malha para o domínio inteiro e seu detalhe ilustrado na Figura 5.8. Esta solução

foi calculada de tal forma que a convergência não linear não foi, necessariamente

alcançada, em todos os passos.

As tolerâncias foram de 10–5 para o GMRES, com 50 vetores de Krylov e um máximo de

100 ciclos, e 10–2 para convergência não linear. Foi adotado um passo de tempo de 10–3 e

um tempo total tf = 2.0. Soluções transientes para massa específica estão na figura 5.9.

67

Figura 5.6 – Descrição do problema 5.3.

Figura 5.8 – Detalhe da malha do exemplo 5.3.

reflexão

entrad

a

saída

reflexão

Figura 5.7 – Malha do domínio total adotada no exemplo 5.3.

68

(a)

(b)

(c)

Figura 5.9 – Soluções transientes da massa específica nos tempos: t=0.5 (a), t=1.0 (b),

t=1.5(c), t=2.0 (d).

massa específica

(d)

69

5.4 Exemplo Tridimensional Permanente: Escoamento Supersônico ao Redor de

uma Esfera

Esse problema consiste em um escoamento supersônico com Mach=3 ao redor de uma

esfera de raio unitário [128]. Apenas metade da esfera é analisada devido à simetria do

problema. Condições de contorno no infinito (far field), ∞

ρ = 1,∞

u = (3 0 0)T e ∞

e = 6.3,

são prescritas na entrada (x=xmin), topo (y=ymax), e laterais (z=zmin e z=zmax). Na saída

supersônica (x=xmax) não há prescrições. Embaixo (y=ymin) é imposta condição que não

permite escoamento através dessa face, devido à simetria, e na superfície da esfera devido

a condição de escorregamento (slip ou no-flow) típica de escoamentos não viscosos.

Todos as equações livres têm os valores no infinito como condição inicial. A Figura 5.10

apresenta a descrição do problema. A malha não estruturada adotada contém 15 032 nós,

78 915 elementos e 97 809 arestas, e vistas externas do domínio estão na Figura 5.11.

Foi adotado um passo de tempo de 0.01 e um tempo total tf = 6, o que representa, para o

menor elemento da malha, uma condição de CFL = 2. As iterações não lineares foram

limitadas em 3 e a tolerância do GMRES foi de 10-3 com 25 vetores de Krylov e um

máximo de 50 ciclos. Devido a malha para esse problema ainda ser grossa, pode-se

explicar a não obtenção da solução não linear em cada passo desta análise, inclusive no

regime permanente. A solução permanente para o grau de liberdade massa específica está

na Figura 5.12 e está de acordo com soluções reportadas na literatura.

Figura 5.10 – Descrição do exemplo 5.4.

condição de contorno no infinito

r =1

16

8

Mach=3

condição de

contorno no

infinito

vn = 0

condição de contorno

de escorregamento

70

Figura 5.11 – Vista externa da malha.

Figure 5.12 – Solução permanente da massa específica.

71

Capítulo 6

Técnicas Computacionais para Elementos Finitos

Esse capítulo descreve as técnicas computacionais para elementos finitos que foram

estudadas e implementadas com o objetivo de se melhorar o desempenho

computacional, isto é, reduzir o tempo de processamento, sem aumentar

significantemente a demanda de memória. Primeiramente é feita uma consideração

sobre duas estruturas de dados quanto a economia de memória ao se armazenar a matriz

de coeficientes e ao custo reduzido das operações matriz-vetor inerentes aos métodos

iterativos de solução do sistema de equações lineares, as duas etapas mais onerosas

computacionalmente. É apresentada a técnica de desativação dinâmica para ser utilizada

em problemas de transporte predominantemente advectivos, como os problemas aqui

estudados. Também é descrita a integração reduzida com um ponto para o elemento

hexaedro trilinear, considerada como uma técnica computacional pois reduz o tempo de

avaliação das matrizes de elemento. E também, a descrição e comparação de três

métodos de pré-condicionamento com o objetivo de reduzir o número de iterações dos

métodos iterativos de solução de sistemas de equações algébricas lineares e portanto, o

tempo total de análise. Ao longo do capítulo serão apresentados os ganhos alcançados

com as estratégias computacionais em exemplos apresentados nos capítulos 3 e 5.

72

6.1 Estruturas de dados

Em uma implementação eficiente, deve-se considerar a estrutura das matrizes em

questão para se otimizar as operações. No caso do método dos elementos finitos sabe-se

que as matrizes são muito esparsas. O armazenamento de todos os termos da matriz é

desnecessário e impraticável. Portanto a escolha de uma estrutura de dados para

armazenar poucos ou nenhum termo nulo deve ser empregada. Foram utilizadas duas

estruturas de dados: i) uma local, pelas arestas dos elementos e; ii) outra de um

armazenamento global que comprime as linhas, denominado CSR (Compressed Sparse

Row). A estrutura de dados por arestas demanda menos memória que a abordagem

tradicional elemento por elemento e ainda permite a realização das operações matriz-

vetor num menor tempo de processamento. Já a abordadem CSR prevê o

armazenamento da matriz global, contudo apenas dos termos não-nulos localizados por

dois arranjos de mapeamento a serem descritos mais adiante. A utilização da segunda

estrutura de dados foi necessária na implementação de alguns pré-condicionadores pois

requerem operações de substituição pra trás e pra frente, o que deve ser feito ordenado

para cada linha, o que não é natural nem direto de se realizar com a estrutura de dados

local (por elementos ou arestas). Uma comparação entre as duas estruturas de dados não

foi desenvolvida, até mesmo porque, as duas estruturas são eficientes, mas sua escolha

está intimamente ligada aos métodos de solução, ao tipo de implementação e ao

problema sendo resolvido. Não se pode afirmar que uma estrutura é melhor que a outra,

como no caso de aresta-por-arestas ser mais eficiente que elemento-por-elemento, pois

em alguns casos uma estrutura de dados por arestas pode ser mais interessantes e em

outros casos a CSR pode ser mais adequada.

6.1.1 Estrutura de dados por arestas

Pode-se derivar estruturas de dados baseadas nas arestas dos elementos finitos pois as

matrizes de elemento podem ser desmembradas em contribuições por arestas. Isso não

torna o método pelas arestas, na verdade a interpolação ainda é dentro dos elementos,

apenas o armazenamento da matriz e as operações realizadas com elas que são feitas por

73

uma entidade mais interessante, no caso, as arestas. Ao se passear por todos os

elementos das malha calculando as matrizes locais, basta somar as contribuições de

elementos para cada aresta, chegando nas matrizes locais das arestas [122]. Para os

problemas aqui estudados, as matrizes resultantes são simétricas para pressão e

velocidades e não simétricas para a equação do transporte, no caso dos escoamentos em

meios porosos, e também não simétrica para os escoamentos compressíveis não

viscosos.

O produto matriz-vetor por arestas, necessário nos solucionadores iterativos do presente

trabalho, pode ser escrito como,

s

ned

s

sxAAx ∑=

=

1 (6.1)

onde ned é o número total de arestas da malha e xs é a restrição do vetor x para a aresta

local s. Tem-se a opção de armazenar apenas os termos fora da diagonal, na utilização

de armazenamento local. No caso das arestas tem sido armazenado os termos fora da

diagonal apenas e a diagonal ou bloco-diagonal globalmente, com fins de otimização.

Portanto, de forma alternativa, o produto pode ser realizado em dois passos,

multiplicando a diagonal global e os termos fora da diagonal aresta-por-aresta de forma

cumulativa como segue

∑=

−+=

ned

s

sssdiagdiag

1

))(()( xAAxAAx (6.2)

Essa é uma variante do que foi originalmente proposto por GIJZEN [29] para cálculos

por elementos. A tabela 6.1 apresenta uma comparação, para o problema de

escoamentos em meios porosos, em termos de demanda de memória, operações de

ponto flutuante (flops) e endereçamentos indiretos (e.i.) utilizando apenas os termos fora

da diagonal das matrizes de elementos e arestas em malhas de tetraedros. A medida de

comparação desta tabela é nn, o número total de nós numa malha de elementos finitos.

De acordo com Löhner [30], as seguintes estimativas são válidas para malhas não

74

estruturadas de tetraedos: nel ≈ 5.5 nn e ned ≈ 7 nn. A tabela 6.2 apresenta o mesmo

tipo de comparação só que para a implementação de escoamentos compressíveis.

Ingredientes para a implementação de uma estrutura de dados por arestas incluem: i)

construir os arranjos de incidência nodal de cada aresta e de incidência de arestas de

cada elemento; ii) avaliar as matrizes de elemento normalmente mas armazenando-as

pelas arestas e finalmente iii) um procedimento para a multiplicação matriz-vetor. É

importante ressaltar que o tempo computacional para a montagem desses arranjos não

pode ser uma desvantagem e a utilização de funções hash [97] ou listas encadeadas [89]

são bastante adequadas para atingir o desempenho desejado.

Tabela 6.1 - Comparação do custo computacional entre produtos matriz-vetor por

elementos e arestas, para escoamentos em meios porosos.

Equação Estrutura de

Dados memória flops e.i.

elementos 6 nel (33 nn) 24 nel (132 nn) 22 nel (121 nn) Pressão

arestas 1 ned (7 nn) 4 ned ( 28 nn) 9 ned ( 63 nn)

elementos 54 nel (297 nn) 240 nel (1320 nn) 94 nel (517 nn) Velocidade

arestas 9 ned (63 nn) 42 ned ( 294 nn) 29 ned (203 nn)

elementos 12 nel (66 nn) 26 nel (143 nn) 28 nel (154 nn) Transporte

arestas 2 ned (14 nn) 4 ned ( 28 nn) 10 ned ( 70 nn)

Tabela 6.2 - Comparação do custo computacional entre produtos matriz-vetor por

elementos e arestas, para as equações de Euler.

Estrutura de Dados

memória flops e.i.

elementos 300 nel (1650 nn) 600 nel (4200 nn) 360 nel (2520 nn)

arestas 50 ned ( 350 nn) 100 ned ( 550 nn) 90 ned ( 630 nn)

75

6.1.2 Estrutura de Dados CSR

A estrutura de dados CSR é bastante adotada em diversas aplicações de álgebra

linear [110]. A idéia dessa estrutura de dados é simples, mas não necessariamente sua

geração e utilização. Dada uma matriz de coeficientes, deve-se armazenar apenas os

termos não nulos de cada linha e sua posição. Contudo, sua aplicação pode ser

complicada, se algoritmos para montagem dos arranjos necessários e para realizar as

operações de forma eficiente não estiverem disponíveis.

Ingredientes para a implementação de uma estrutura de dados CSR incluem: i) construir

os arranjos denominados ia e ja com o número de termos de cada linha (ia), e sua

posição coluna (ja). É Interessante montar esse estrutura ordenada para agilizar as

operações com esses arranjos. Também é comum montar um outro arranjo com a

posição dos termos da diagonal. Para se realizar a montagem da matriz global

(assembling) é necessário um arranjo de mapeamento de elemento, que é local, para as

equações que são globais; ii) avaliar as matrizes de elemento normalmente mas

inserindo as posições globais com auxílio do arranjo de mapeamento elemento-equação

e; iii) um algoritmo para a multiplicação matriz-vetor. É importante ressaltar que, assim

como era para estrutura de dados por arestas, o tempo computacional para a montagem

desses arranjos não pode ser ineficiente e a utilização de funções hash ou listas

encadeadas são necessárias.

A utilização dessa estrutura de dados foi necessária devido a implementação de métodos

de pré-condicionamento mais eficientes, que necessitam operações globais, como a ser

descrito ainda neste capítulo.

6.2 Técnica de Integração Reduzida com controle dos modos hourglass

O objetivo ao se integrar as matrizes do H8 com um número reduzido de pontos é de se

obter um ganho considerável no desempenho computacional. Contudo se os modos

denominados hourglass não forem bem representados gera-se oscilações indesejáveis na

76

solução. Esses modos apresentam 4 configurações em cada direção cartesiana e a Figura

6.1 extraída de [12] ilustra esses modos para direção x em um H8 regular. Como a

estabilização hourglass surgiu em aplicações da mecânica dos sólidos e engenharia

estrutural, tais modos são conhecidos por dois de flexão, um de torção e um, dito não

físico.

Figura 6.1 Modos hourglass da direção x para o H8 regular.

A integração reduzida empregada aqui é com apenas um ponto de integração, sendo este

o centróide do elemento )0,0,0( === ζηξ . O desenvolvimento da formulação para

integração com um ponto com controle hourglass segue o trabalho [95]. O operador

gradiente discreto B0 avaliado no centróide do elemento tem que ser acrescido de certos

termos para que seja capaz de capturar o campo constante t e os campos H1, H2, H3 e

H4 que representam os modos hourglass da figura 2.1. Tais campos são dados por

[ ]Tt 11111111= (6.3)

[ ]TH 111111111 −−−−= (6.4)

[ ]TH 111111112 −−−−= (6.5)

[ ]TH 111111113 −−−−= (6.6)

[ ]TH 111111114 −−−−= (6.7)

Portanto, a interpolação da função escalar incógnita deve ter a forma

77

eTeeT3

eeT2

eeT1

eT uγuzbuybuxbuC αα huh

++++= )( (6.8)

onde o sub-índice α varia de 1 a 4 (número de modos hourglass), bi são sub-matrizes

linha do operador B0 e xe, ye, ze os arranjos locais com as coordenadas nodais do

elemento. Os operadores C e αγ são dados por

[ ]3eT

2eT

1eT bztbytbxttC )()()(

8

1−−−= (6.9)

[ ]3eT

2eT

1eT bzHbyHbxHHγ )()()(

1ααααα −−−=

eV

(6.10)

e as funções αh por

ξη81

eV

h = (6.11)

ηζ82

eV

h = (6.12)

ξζ83

eV

h = (6.13)

ξηζ84

eV

h = (6.14)

Portanto, incorporando às funções de interpolação usuais, os termos adicionais acima, o

controle dos modos hourglass se resume na adição de matrizes de estabilização

(perturbação hourglass), às matrizes avaliadas com o operador B0, tal que qualquer

matriz de elemento me é avaliada pela soma

h0e mmm += (6.15)

Observação 6.1. Para elementos de lados paralelos a integração é exata para difusão

(simétrico) e tem uma aproximação muito boa para advecção (não-simétrico). A

78

medida que o elemento se distorce e se afasta da condição de lados paralelos, pior vai

ficando a aproximação em ambos os casos. Regular parâmetros para integração exata

de elementos distorcidos não é trivial. No caso em questão, geralmente serão adotados

H8 de lados paralelos, portanto a aproximação é válida e computacionalmente mais

econômica. Pretende-se utilizar a implementação de tetraedros para domínios não

estruturados. Na utilização de elementos H8 distorcidos recomenda-se a utilização da

integração completa, opção que também está implementada.

A matriz da pressão é tipo difusão e totalmente análoga a matriz de difusão

generalizada, definida e no capítulo 2. Como o pós-processamento das velocidades é

direto para o H8, ou seja calculando-se no centróide superconvergente do elemento, não

se configura um sistema de equações para a velocidade. Então, só serão apresentadas as

matrizes da equação de transporte. As quais não serão apresentadas explicitamente pois

são demasiadamente extensas e resultado de uma exaustiva manipulação matemática.

Contudo, todo caminho para seu desenvolvimento das matrizes de elemento é

apresentado. Na verdade calcular as matrizes de estabilização que é o trabalhoso.

A única matriz que não foi avaliada com a integração reduzida foi a matriz de massa

consistente de Galerkin que foi integrada explicitamente com o auxílio de um

programas de álgebra simbólica (MAPLE [142] e MATHEMATICA [148]). Pode-se

escrever o determinante do Jacobiano da transformação de coordenadas da seguinte

forma

219

218

21716

215

214

213

212

211

210987

26

25

243210)det(

ξηζζξηηζξξηζηζζηξζζξξη

ηξηζξζξηζηξζηξ

CCCCCCCCC

CCCCCCCCCCC

+++++++++

++++++++++=J

(6.16)

onde os coeficientes Ci, i=0,...,19 são constantes que dependem apenas das coordenadas

nodais do elemento. Utilizando um programa de álgebra simbólica é possível avaliar

termo a termo a matriz de massa consistente para o H8, em função das constantes Ci. A

expressão para cada um desses é grande, de modo que não estão aqui apresentadas. A

matriz egm é simétrica e tem sua estrutura esquematizada na Figura 6.2, isto é, as

79

posições onde a numeração é repetida possui termos iguais. Isso é importante pois

fazendo proveito dessa estrutura na implementação computacional, reduz-se ainda mais

as operações de ponto flutuante necessárias. Além disso, para elementos de lados

paralelos muitas dessas constantes são nulas, surgindo assim um foco particular de

otimização, que apesar de não ter sido implementado, deixa-se como recomendação

caso somente elementos com essa propriedade forem ser empregados. A matriz de

massa lumped apresenta resultados muito difusivos [48] e não foi implementada.

×

××

××

×××

××

×××

×××

××××

=

.

7

7

634

653

3521

4321

sim

egm

Figura 6.2 – Estrutura da matriz de massa consistente de Galerkin para o H8.

Sabe-se que a matriz de massa de Petrov-Galerkin, que é não-simétrica, é igual a

transposta da de advecção de Galerkin, a menos de uma constante, conforme frisado na

Observação 2.2. Como a estabilização hourglass foi desenvolvida para advecção, optou-

se por deixar a definição para a matriz original eagk .

A matriz de difusão generalizada (simétrica) é dada por

hdg

0dg

edg kkk += (6.17)

0GT0

0dg BDBk e

V= (6.18)

Tiiij H βα

αβγγDk G

hdg )(= (6.19)

80

onde

i, j = x, y, z ou 1, 2, 3

α,β = 1,4

e a matriz de advecção de Galerkin (não simétrica) por

hag

0ag

eag kkk += (6.20)

)(8 0

TT0ag Bvtk u

eV

= (6.21)

TT0

hag γvBk α

α

uijX= (6.22)

eag

epg km ee

φτ= (6.23)

As integrais da estabilização hourglass para para difusão e advecção são

respectivamente

eii

hii dhhH

e

Ω= ∫Ω

,, βα

αβε (6.24)

eij

hij dhxX

e

Ω= ∫Ω

αε (6.25)

onde xj são as coordenadas no sistema global e a vírgula denota diferenciação em uma

das direções. Note que nas expressões acima a notação matricial foi mesclada com uma

indicial para simplificar sua apresentação.

O parâmetro de estabilização hourglass hε assume valores no intervalo entre [0,1]. Ele

vale 1 para elementos de lados paralelos e assume valores mais próximos de 0 a medida

que o elemento se distorce. A escolha desse parâmetro para elementos de lados não

paralelos não é trivial e é tema de pesquisa, principalmente em problemas estruturais

que consideram grandes deformações [13].

81

Para avaliar o ganho computacional, foi analisado o exemplo do reservatório SPE,

apresentado no Capítulo 3. O tempo total da solução com a integração reduzida foi

0.848 do tempo com a integração completa. Vale ainda notar que quanto mais passos de

tempo maior o ganho, pois o ganho é por avaliação da matriz de coeficientes. No caso

da pressão a integração reduzida é exata, contudo como no transporte ela é uma

aproximação, a convergência dos métodos iterativos pode ficar alterada para mais

iterações, mas não à ponto de comprometer o ganho computacional em relação à

integração completa. A Figura 6.3 apresenta as duas soluções em tempos iniciais. Na

seção seguinte também serão apresentados resultados só que para o exemplo de cinco

poços em conjunto com a técnica de desativação dinâmica.

(a)

(b)

Figura 6.3 - Solução inicial do exemplo SPE utilizando integração completa (a) e

integração reduzida (b).

6.3 Técnica de Desativação Dinâmica

No trabalho de Löhner e Camelli [90] foi introduzida a estratégia de Desativação

Dinâmica (DD) para problemas advectivos-difusivos-reativos. Aqui, utilizou-se apenas

para os escoamentos em meios porosos apenas, na solução do sistema do transporte ou

saturação da água (caso imiscível) e concentração da mistura (caso miscível). As

82

variáveis pressão e velocidade, continuam sendo avaliadas para todo o domínio, pois

são equações parabólicas.

A DD é bastante semelhante ao algoritmo denominado Adaptativo Implícito/Explícito

(AIE), introduzido em [33,38] e já utilizado em diversas aplicações de forma bastante

satisfatória [117,122]. São semelhantes pois em ambos os casos a malha é particionada

em dois grupos de elementos/arestas/equações, ativos ou desativos no caso da DD e

implícitos ou explícitos no AIE. A diferença principal é que, na DD, ao invés de tratar

parte do domínio implicitamente e sua contra-parte explicitamente, simplesmente não se

resolve os elementos/equações não selecionados. Considera-se as soluções nodais

constantes dentro de um intervalo de tempo, ou até mesmo dentro de alguns intervalos,

pois existe a opção de se atualizar as partições de tantos em tantos passos, sendo este

controle fornecido como dado de entrada. Note também que para as soluções ativas

pode ser empregado um método implícito ou explícito. O critério de CFL, que era

utilizado para seleção das partições implícitas do algoritmo AIE em [122] foi

abandonado para a ativação/desativação dos elementos/arestas/equações no

procedimento de DD, uma vez que essa escolha não tem mais relação com a

estabilidade da integração temporal. É importante observar, que o critério de CFL pode

ser considerado na utilização de uma estratégia de controle de passo de tempo,

promovendo assim, esquemas de integração temporais desejavelmente mais estáveis e

eficientes.

6.3.1 Critério para seleção da partição ativa

O critério para seleção das partições pode ser feito, calculando-se em um laço de

programação através dos elementos, as normas dos gradientes de

saturação/concentração u, de cada elemento,

se me

uu ∇≥∇ η então ATIVOe ∈

(6.26)

83

onde o parâmetro de controle [ ]1,0∈η regula a faixa de elementos a serem selecionados

como ativos. Para 0=η todos os elementos são selecionados como ativos e para 1=η

a partição mais estreita possível é selecionada. Deve-se avaliar também um gradiente

relativo médio dos elementos, mu∇ pela seguinte expressão

nel

u

u

nel

e

e

m

∑=

=∇1 (6.27)

sendo nel o número de elementos da malha e ainda, deve ser eleito como ativo, se

existirem fontes/sumidouros ef não nulas associadas ao nó de algum elemento e, pelo

critério

se 0≠e

f então ATIVOe ∈

(6.28)

6.3.2 Detalhes da implementação

Ao se escolher os elementos ativos pelos critérios apresentados faz-se uma marcação,

nos nós desses elementos bem como nas suas equações de transporte, como ativas. A

seguir, os elementos adjacentes à essas equações também são marcados. Portanto tem-se

um grupo de elementos ou arestas marcados diretamente pelos critérios e um segundo

grupo de elementos adjacentes às equações, marcados indiretamente. Na equação de

advecção-difusão, tudo se passa como se a malha fosse apenas os elementos ativos, de

modo que a montagem da matriz de massa efetiva é realizada através de um loop apenas

através dos elementos ativos, não havendo a necessidade de alterar a maneira usual de

se calcular as matrizes de elemento.

Na implementação do algoritmo AIE em [117] houve uma melhora com a troca do

cálculo do erro pelo gradiente relativo, pois não se está interessado em obter uma

estimativa para o erro da solução no elemento, como se é feito ao tratar malhas

adaptativas [150], mas sim em conhecer as regiões de variação na solução, ou seja, de

84

alto gradiente relativo. Proposta que foi consolidada em [117] por ser mais econômica e

coerente. Essas técnicas de partição da malha exigem uma demanda maior de memória

para tratar os arranjos globais e ativos separadamente, contudo o número de termos da

matriz de coeficientes fica bastante reduzido, quando tem-se uma ganho também na

demanda de memória e não só no processamneto. Na implementação, aqui

desenvolvida, é apenas necessário armazenar dois arranjos extras de mapeamento. São

eles, um arranjo para os elementos (NELMAP) e outro para as equações (NEQMAP).

Com esses arranjos de reordenação ou localização basta restringir qualquer vetor para o

domínio ativo ao se usar na equação do transporte e expandí-los de volta ao resolver

pressão e velocidade. Para o arranjo LM [70], pode-se também armazenar espaço extra

na memória, ou simplesmente recalculá-lo quando necessário. Apesar desse pequeno

aumento da demanda de memória, a técnica de DD se mostra interessante por atingir

soluções em tempos computacionais na ordem da metade dos tempos usuais, como

resultados apresentados em [125] e a seguir.

6.3.3 Eficiência da Desativação Dinâmica

Para a implementação de escoamentos em meios porosos, com relação as técnicas de

DD e integração reduzida do hexaedro (H8 1pt), uma comparação do tempo de

processamento é apresentada na Tabela 6.3, para o exemplo de validação tipo fivespot

apresentado no Capítulo 3. Note que o elemento H8 é, em geral, mais rápido que o T4

pois o pós-processamento das velocidades é direto, não necessitando resolver o sistema

adicional das velocidades, como no T4.

Tabela 6.3 - Tempos relativos no exemplo fivespot imiscível.

método tempos

T4 1.0000

T4 com DD 0.7223

H8 0.0783 (1.0000)

H8 1pt 0.0647 (0.8271)

H8 com DD 0.0443 (0.5650)

H8 1pt com DD 0.0336 (0.4289)

85

Na Tabela 6.4 é apresentada a mesma comparação só que mantendo os campos de

pressão e velocidade constante. O objetivo deste teste foi mostrar que, como a técnica

de DD só é adotada na equação da saturação, ele não apresenta ganho muito

significativo, quando os campos de pressão e velocidade têm que ser atualizados

constantemente. Mais além, percebeu-se que a variação da saturação pode se dar por

uma faixa extensa de elementos, o que significaria a escolha de muitos elementos da

malha total como ativos, novamente não resultando em ganhos muito significativos.

Tabela 6.4 - Tempos relativos no exemplo fivespot imiscível, considerando campos de

pressão e velocidade constantes no tempo.

método tempos

T4 1.0000

T4 com DD 0.2217

H8 0.3776 (1.0000)

H8 1pt 0.1439 (0.3812)

H8 com DD 0.3437 (0.9102)

H8 1pt com DD 0.1220 (0.3232)

Com esse exemplo pode-se ter uma idéia dos ganhos que ambas técnicas resultam.

Utilizando as técnicas computacionais empregadas em conjunto, ou seja a estrutura de

dados por arestas e a desativação dinâmica, obteve-se um ganho de até 50% no tempo.

Nos exemplos de Euler do choque refletido e da esfera, ambos apresentados no Capítulo

5 tem-se as tabelas 6.5 e 6.6 mostrando os ganhos obtidos com a estrutura de dados por

arestas. Nota-se que o ganho nos produtos matriz-vetor pelas arestas é muito

significante. Porém, nesses exemplos, o ganho final não foi tão interessante quanto

desejado por causa do custo elevado ao se acumular as matrizes pelas arestas. Isso

significa que essa implementação pode ser otimizado para melhorar esses ganhos.

86

Tabela 6.5 - Tempos de execução relativos para o exemplo 5.2.

matriz produtos matvet tempo total

elemento 0.358 1.000 1.000

aresta 1.000 0.344 0.835

Tabela 6.6 - Tempos de execução relativos para o exemplo 5.4.

matriz produtos matvet tempo total

elemento 0.631 1.000 1.000

aresta 1.000 0.198 0.799

6.4 Técnicas de Pré-condicionamento do Sistema de Equações Seja o sistema linear de equações esparso e de grande porte

bAx = (6.29)

onde A é a matriz de coeficientes, x o vetor das variáveis desconhecidas e b o vetor

independente. Ao se empregar os métodos iterativos gradientes conjugados (GC) ou

GMRES, caso o sistema seja simétrico ou não-simétrico respectivamente, o sucesso na

obtenção da convergência está fortemente ligado ao pré-condicionamento adotado. Por

sucesso da convergência considera-se, em primeiro lugar conseguir obter uma solução e

em segundo atingir essa solução em um número reduzido de iterações. Aqui apenas pré-

condicionadores à esquerda serão considerados, o que significa pré multiplicar os dois

lados da equação (6.29) por uma matriz de pré-condicionamento como segue

bPAxP 11 −−= (6.30)

onde diversas opções para P, a matriz de précondicionamento são possíveis. Contudo, é

almejado que P seja próximo de A e de fácil inversão, tal que o produto resultante seja

perto da matriz identidade e então o sistema melhor condicionado. Três métodos de pré-

87

condicionamneto foram pesquisadas e implementadas para fins de comparação, o

Diagonal, o LU-SGS (Lower-Upper Symmetric Gauss-Seidl) inicialmente proposto

em [74] e a fatoração incompleta LU sem preenchimento (ILU(0)) bem ilustrada em

[110], a serem descritas a seguir.

6.4.1 Diagonal

Pode-se adotar a matriz de pré-condicionamento como sendo

)(ADP diag== (6.31)

onde D é uma matriz diagonal, cuja inversão é trivial. Esse foi o pré-condiciomanento

adotado desde o início das implementações. Pode ser facilmente utilizado tanto com a

estrutura de dados por arestas como CSR e tem as seguintes características: i) não exige

memória extra e; ii) o pré-condicionamento consiste em operações vetor-vetor que são

de baixo custo computacional. No caso de um problemas com mais de um grau de

liberdade, pode ser usado o pré-condicionamento diagonal ou bloco-diagonal-nodal que

promove um ganho em termos de redução do número de iterações mas requer que cada

submatriz blocada seja invertida. No caso das velocidades tem-se três graus de liberdade

e das equações de Euler onde se trabalha com cinco graus de liberdade, é necessária a

inversão de uma matriz 3x3 ou 5x5 para cada nó livre. A partir de um programa de

álgebra simbólica foi possível obter as expressões para a inversão de uma matriz 5x5

qualquer, de tal forma que a implementação para essas operações foi realizada de forma

explícita.

6.4.2 LU-SGS

Pode-se mostrar que

xULDbAxUDDLD )()()( 11 −−+=++ (6.32)

88

é equivalente ao sistema de equações (6.29), onde L e U são as decomposições, e não

fatorações, abaixo e acima da diagonal de A. Ao se ignorar o termo xULD )( 1− , tem-se a

uma matriz de pré-condicionamento próxima da matriz A, dada por

)()( 1 UDDLDP ++=−

(6.33)

Note que aqui não é necessária uma fatoração da matriz A, mas apenas sua

decomposição, o que seria sua separação direta nas partes triangulares superior e

inferior.

O pré-condicionamento LU-SGS tem as seguintes características: i) baixa demanda de

memória, isto é, apenas um arranjo auxiliar na ordem do número de equações e; ii) um

maior, mas não muito elevado, número de operações de ponto flutuante, que não se

configura uma desvantagem, uma vez que o ganho substancial ao se reduzir o número

de operações e portanto o número de operações matriz-vetor é compensatório.

6.4.3 Fatoração Incompleta LU sem preenchimento (ILU(0))

Fatorações incompletas são obtidas através do processo de eliminação de Gauss

ignorando alguns termos em posições não diagonais [110]. A fatoração ILU(0) de uma

matriz esparsa é uma versão da fatoração LU sem preenchimento, isso significa que a

matriz de pré-condicionamento P tem o mesmo padrão de esparsidade de A. Esse é um

ponto interessante pois utiliza a mesma estrutura CSR já existente, porém, necessita de

muita memória extra, pois a mesma quantidade de termos da matriz de coeficientes tem

que ser armazenada para a matriz P, sendo esse o maior espaço de memória exigido

num programa de elementos finitos.

O pré-condionamento ILU(0) tem as seguintes características: i) uma demanda de

memória extra considerávelmente maior que o caso Diagonal ou LU-SGS, pois é

necessária armazenar uma matriz de pré-condionamento na mesma ordem da matriz de

coeficientes; ii) e um pouco menos de operações de ponto flutuante que o LU-SGS.

Contudo, assim como para pré-condicionamento Bloco-Diagonal-Nodal, é necessária

inversão de todos os blocos a priori das iterações, a fatoração ILU(0) da matriz de

89

coeficientes deve ser considerada no tempo de computação total. O que ocorre, como

percebido pelos exemplos apresentados a seguir, é que a técnica ILU(0) reduz bastante o

número de iterações dos solvers, porém não chega a reduzir consideravelmente o tempo

total de execução, pois o custo, da fatoração ILU(0) a cada iteração não linear e das

operações de pré-condicionamento dentro das iterações do solucionador, é bastante

elevado. As mesmas observações quanto a estruturas de dados, ordem sequencial das

operações e paralelismo feitas para o LU-SGS se repetem aqui. Ou seja, uma vez que as

operações são sequenciais, estas inibem o paralelismo natural, que só é adotado nos

produtos matriz-vetor, o que realmente é a etapa mais cara. Contudo um processador

apenas deve ter armazenada toda a matriz de pré-condicionamento que ocupa o mesma

memória da matriz de coeficientes. Como se desenvolver essas técnicas de forma

eficiente, em conjunto com outras estruturas de dados e em paralelo, ainda são temas

abertos à discussão.

Uma comparação das três técnicas em termos de demanda de memória e operações de

ponto flutuante se encontra na Tabela 6.7, onde neq é o número de equações e ntnn o

número de termos não nulos da matriz de coeficientes.

Tabela 6.7. Comparação entre os pré-condicionadores em termos de memória e flops.

Pré-condicionador memória extra flops

Diagonal - Multiplicação vetor-vetor

LU-SGS auxiliar (0:neq)

Substituição triangular pra

trás e pra frente e

multiplicação vetor-vetor

ILU(0)

auxiliar (0:neq)

P (ntnn)

Fatoração incompleta (uma

única vez) e substituição

triangular pra trás e pra

frente

90

Versões em bloco, desses pré-condicionadores, são adotados para mais de um grau de

liberdade. No caso diagonal, basta utilizar o bloco-diagonal-nodal ao invés da diagonal,

mas a inversão prévia e armazenamento dos blocos é necessária. No caso do LU-SGS a

mesma decomposição (6.32) é válida usando o bloco-diagonal ao invés da diagonal e

com isso um pré-condicionador mais adequado para mais graus de liberdade. O

assembling em bloco pode ser feito como se fosse um grau de liberdade e armazenando

todos os blocos diagonais não nulos. Dessa forma alguns termos nulos vão ser

armazenados, mas a demanda de memória muito reduzida em relação a armazenar todas

as posições da matriz de coeficientes. Como já comentado, uma vez que uma matriz tem

uma estrutura, no caso de mais de um grau de liberdade, ela é uma matriz em bloco, a

consideração dessa propriedade vai proporcionar um algoritmo mais eficiente seja no

processamento ou na demanda de memória.

6.4.4 Estudo comparativo entre os pré-condicionadores

Nesta seção será analisado o comportamento dos três pré-condiconadores

implementados. Inicialmente para o problema modelo da equação advecção-difusão, em

duas dimensões, permanente e linear, que é descrita na sua forma

advectiva [Hughes_conservative] por

0)()( =∇⋅∇−∇⋅= uuuL Da (6.34)

onde a é o campo advectivo, D o tensor de difusão e u o escalar sendo transportado. A

forma variacional discreta dada por

0)()(

1

=Ω∇⋅+Ω ∑∫∫=

ΩΩ

nel

e

e

hhehh

e

duLwduLwaa

τ

(6.35)

onde wh é a função peso discreta e eτ o parâmetro SUPG à nivel de elemento, avaliado

segundo [35] por

91

1

221 )(

+=

ee

e

hc

hc

aDτ

(6.36)

com c1 = 4 and c2 = 2 para elementos lineares e he sendo uma estimativa para o tamanho

do elemento, aqui adotada como sendo a raíz quadrada do dobro da área .

Foram eleitos três problemas para os testes iniciais em duas dimensões. Dois advectivos

e um difusivo. O exemplos puramente advectivos são clássicos, ambos extraídos de [19]

e de domínio quadrado unitário. São eles o de uma advecção constante à 45 graus com

relação ao domínio e o da advecção de um cossenóide em um campo rotacional. Para

esses exemplos foram utilizadas três níves de refinamento de malha, 20x20, 40x40 e

60x60, sendo que cada divisão contendo dois elementos triangulares. Como esses

exemplos geram sistemas não simétricos, foi utilizado o algoritmo GMRES com uma

tolerância adotada foi de 10-9 e 300 vetores na base de Krylov. As Tabelas 6.8 e 6.9

apresentam a comparação entre os três pré-condicionadores no dois exemplos clássicos

em termos de número de iterações, em negrito, e tempo relativo de processamento na

solução do sistema. As Figuras 6.4 e 6.5 ilustram as soluções numéricas obtidas e as

malhas de discretização empregadas.

Tabela 6.8 – Comparação entre pré-condicionadores para o exemplo de advecção

diagonal.

Problema de advecção à 45 graus com relação ao domínio

Malhas Estruturadas Malhas Não Estruturadas

20x20 40x40 60x60 20x20 40x40 60x60

54 96 139 66 105 144 D

1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000

17 26 33 20 28 34 LU-SGS

0.332 0.231 0.164 0.355 0.177 0.151

12 16 18 17 26 35 ILU(0)

0.319 0.158 0.091 0.312 0.170 0.167

92

20 x 20 e

20 x 20 ne

40 x 40 e

40 x 40 ne

60 x 60 e

(a)

60 x 60 ne

(b)

Figura 6.4 – Soluções para advecção diagonal: malhas estruturadas (a), malhas não

estruturada (b).

93

Tabela 6.9 – Comparação entre pré-condicionadores para o exemplo de advecção

rotacional.

Problema de advecção de um cossenoide em um campo rotacional

Malhas Estruturadas Malhas Não Estruturadas

20x20 40x40 60x60 20x20 40x40 60x60

89 169 241 91 161 236 D

1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000

18 26 33 24 34 41 LU-SGS

0.340 0.094 0.056 0.340 0.153 0.075

14 19 24 21 30 39 ILU(0)

0.319 0.064 0.048 0.319 0.120 0.068

94

20 x 20 e

20 x 20 ne

40 x 40 e

40 x 40 ne

60 x 60 e

(a)

60 x 60 ne

(b)

Figura 6.5 – Soluções para advecção rotacional: malhas estruturadas (a), malhas não

estruturada (b).

95

Um terceiro exemplo, puramente difusivo que resulta num sistema simétrico, foi

analisado para avaliar a performance dos pré-condicionadores com o método dos

gradientes conjugados. Para tal foi separada uma fatia do reservatório de petróleo,

denominado SPE 2D. Foram definidas pressões prescritas de 4000 psi no poço injetor e

10000 psi nos produtores. A Tabela 6.10 apresenta resultados para um caso

homogêneo, um heterogêneo isotrópico e outro ortotrópico e a Figura 6.6 as soluções.

Tabela 6.10 – Comparação entre pré-condicionadores no exemplo SPE 2D.

Cálculo do campo de pressão em uma fatia do exemplo SPE

Homogêneo(kx=ky) Heterogêneo (kx=ky) Heterogêneo (kx≠ky)

559 1622 2824 D

1.000 1.000 1.000

190 600 1042 LU-SGS

0.482 0.768 0.786

41 77 57 ILU(0)

0.156 0.522 0.043

Figura 6.6 - Soluções o esemplo SPE: homogêneo isotrópico (a), heterogêneo com

kx=kx (b), heterogêneo com kx≠ky (c).

96

É importante ressaltar que apesar da relação do número de iterações entre um pré-

condicionador e outro ser a metade, por exemplo, isso não significa que o tempo de

processamento também será reduzido pela metade pois o custo do pré-condicionamento

por iteração é maior.

Em função do ganho obtido, tanto na diminuição das iterações, quanto no tempo de

execução, em todos os casos analisados para o problema modelo, decidiu-se realizar a

implementação dos pré-condicionadores para o problema tridimensional de

escoamentos compressíveis não viscosos. Nesse caso, existe a definição de cinco pré-

condicionadores, devido ao uso blocado dos dois primeiros métodos. É importante

mencionar também que a fatoração ILU(0), nesse caso, é apenas uma aproximação, pois

as operações da fatoração são realizadas por blocos e não na matriz termo a termo, o

que configura uma aproximação para a fatoração ILU(0) da matriz. As Tabelas 6.11 e

6.12 mostram o desempenho desses pré-condicionadores na solução das equações de

Euler nos casos, unidimensional Sod (exemplo 5.1) e no escoamento supersônico ao

redor da esfera (exemplo 5.4) para alguns passos de tempo. Note que no exemplo

tridimensional, não foi possível obter solução com os métodos D, LU-SGS e fatoração

ILU(0) aproximada, que é a realiazação da fatoração por blocos, tratando os blocos

como se fossem os termos da matriz.

Tabela 6.11 – Comparação entre pré-condicionadores no exemplo Sod, número de

iterações.

dt = 0.01 dt=0.001 dt=0.0001

D 1809 4990 54089

BD 1793 4950 53570

LU-SGS 675 2354 25698

BLU-SGS 671 2341 25778

ILU(0) aprox 503 2111 20212

97

Tabela 6.12 – Comparação entre pré-condicionadores no exemplo do escoamento

supersônico ao redor da esfera, número de iterações e tempo relativo.

dt = 0.5 dt=1 dt=5 dt=10

8650 5368 1788 1239 BD

1.000 1.000 1.000 1.000

2772 1713 533 364 BLU-SGS

0.522 0.490 0.423 0.590

A partir das tabelas acima, tem-se uma indicação que o pré-condicionador BLU-SGS

gera soluções, em média, da metade no tempo total de processamento do BD.

Novamente cabe a observação de que a redução do tempo de processamento da solução

dos sistema de equações não é igual a redução do número de iterações, como pode ser

verificado na Tabela 6.12.

6.6 Estudo comparativo entre operadores de captura de choques na solução das

Equações de Euler

Nesta seção são apresentados resultados com a formulação SUGN e YZbeta

apresentadas no Capítulo 4. Essa formulação introduzida em [134] e já avaliada em

[135-137] é mais simples que a tradicional por ser baseada somente nas variavéis

conservativas, não exigindo uma tranformação para variáveis de entropia. Isso oferece

uma formulação com um menor número de operações de ponto flutuante, portanto mais

interessante do ponto de vista computacional. O exemplo analisado foi choque

oblíquo [26] em duas dimensões em uma malha 20x20 estruturada e outra não

estruturada. Comparações entre as soluções se encontram nas Figuras 6.7 a 6.8. As

figuras 6.9 e 6.10 apresentam uma comparação entre os operadoes da advecção e da

captura de choques através da abordagem tradicional e da nova formulação.

98

Choque Oblíquo 20x20

0.9

1

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

comprimento

ma

ss

a e

sp

ec

ífic

a

Novo (SUGN+YZB)

Típico (SUPG +delta91)

exact

Figura 6.7 – Comparação de soluções para o choque oblíquo, malha estruturada.

Figura 6.8 – Comparação de soluções para o choque oblíquo, malha não estruturada.

Oblique Shock unstructured mesh

0.9

1

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

along plot line x=0.9

den

sity

New_SUPG + delta_shoc

(includ. tau2)

SUPG + delta_91

exact

comprimento ao longo de y = 0.9

mas

sa e

sp

ecíf

ica

SUGN+YZβ

SUPG+delta91

exato

SUGN+YZβ

SUPG+delta91

exato

Choque Oblíquo malha não estruturada 20x20

comprimento ao longo de y = 0.9

mas

sa e

sp

ecíf

ica

Choque Oblíquo malha estruturada 20x20

SUGN+YZβ

SUPG+delta91

exato

99

Figura 6.9 – Comparação para o operador da advecção SUPG e SUGN.

Figura 6.3 – Comparação de soluções para o choque oblíquo.

Figura 6.10 – Comparação para o operador de captura de choques.

tau (SUPG parameter)

0

0.001

0.002

0.003

0.004

0.005

0.006

0.007

0.008

0.009

0.01

0 1 2 3 4

distance along plot line y=0.25

tau

(S

UP

G p

ara

me

ter)

SUPG+delta91

SUPG_new+delta_shoc

tau (parâmetro advectivo)

SUPG+delta91

SUGN+YZβ

tempo

delta (SC parameter)

0

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

0.12

0.14

0.16

0.18

0.2

0 1 2 3 4

distance along plot line y=0.25

de

lta

(S

C p

ara

me

ter) SUPG+delta91

SUPG_new+delta_shoc

tempo

delta (parâmetro do choque)

SUPG+delta91

SUGN+YZβ

100

Capítulo 7

Exemplos Numéricos de Aplicação

7.1 Introdução

Os exemplos numéricos têm o objetivo de apresentar aplicações reais para as

implementações desenvolvidas. No caso de escoamentos em meios porosos é estudado

um problemas de análise de bacias onde é avaliado um possível caminho de migração

secundária de petróleo em uma região de interesse da bacia de Llanos Orientales, na

Colômbia. Para as equações de Euler, foi resolvido um escoamento quase supersônico ao

redor de um avião tipo YF17.

7.2 Modelagem de Migração Secundária em uma Bacia Sedimentar

A modelagem de bacias não é uma tarefa trivial, principalmente porque envolve

fenômenos em milhares e milhões de anos passados o que dificulta uma exata definição

de geometria, materiais e eventos envolvidos. A grande contribuição em trazer

simulações numéricas para a modelagem e análise de bacias é no sentido de prover mais

uma ferramenta, onde o analista possa testar diversos cenários e ter uma melhor

101

conclusão acerca dos caminhos preferencias de óleo e zonas de acumulação, dentre

outros fenômenos, visando a exploração de campos de interesse.

Diversas dificuldades foram encontradas na modelagem e simulação de bacias

sedimentares. A idéia aqui é comentar o caminho utilizado na solução deste problema e

os pontos-chave que devem ser atentados nesse processo. É de grande importância que

haja interação entre diversos profissionais como geólogos, geofísicos, químicos,

engenheiros de petróleo e computacionais, entre outros. A modelagem de bacias é uma

disciplina amplamente multidisciplinar, de tal forma que não havendo essa troca de

experiências o trabalho torna-se praticamente inviável. É conveniente então, definir as

etapas que devem ser seguidas, que resumidamente são: gerar o modelo geométrico, gerar

uma malha de discretização, definir fenômenos a serem modelados e em que condições,

carrear a simulação numérica através de programas comercias ou desenvolvidos pela

própria equipe e visualizar e analisar os resultados. No caso da simulação de fluidos é

conveniente, comum e interessante utilizar programas de reservatórios de petróleo.

Existem complicações em todas essas etapa. É necessária uma descrição adequada da

geometria da bacia, o que geralmente é realizado com um programa de CAD (Computer

Aided Design), no caso o GoCad [141] que é específico para realizar essa modelagem

geométrica de bacias sedimentares, como já comentado no exemplo anterior do Capítulo

3. Portanto a segunda grande dificuldade a ser mencionada seria uma definição e

representação da geometria real, suas camadas e falhas, com certas simplificações, que

somente um geólogo com experiência no campo, pode ter. Os métodos numéricos

utilizados nas simulações numéricas têm suas limitações, de tal forma que não se deseja

gerar uma geometria bastante complexa, onde a geração de uma malha ou até mesmo a

evolução de soluções numéricas podem vir a ser impraticáveis. O que se aconselha é

capturar as estruturas geométricas de maior porte e relevância nos eventos físicos e serem

simulados. Note que para diferentes físicas, diferentes estruturais podem ser relevantes.

As superfícies devem ser suavizadas ao máximo para facilitar a geração da malha e a

convergência da solução. No caso real simulado neste trabalho, não houve essa

preocupação inicial de tal forma que o modelo geométrico apresenta irregularidades

como quinas e bicos totalmente desnecessários e inadequados para a análise do problema.

102

Uma outra dificuldade é, feito um modelo geométrico com a aprovação dos profissionais

envolvidos, deve-se partir para geração da malha de discretização, a qual é mais

interessante que seja de tetraedros por sua maior flexibilidade de acomodação em

domínios irregulares. Essa etapa tem basicamente duas complicações. Primeiro, a própria

geração da malha numa estrutura geométrica bastante complexa e pouco suave. Em

segundo, a geração de uma malha de qualidade. Uma malha de qualidade significa ter

relativamente poucos elementos distorcidos segundo alguma métrica de avaliação dos

elementos. Em geral, desenvolver um gerador de malhas de qualidade, por si só, já é um

tema de pesquisa [8], de tal forma que foram utilizados programas comercias ou de

domínio público para essa finalidade. Inicialmente, a idéia era utilizar as próprias malhas

de tetraedros geradas a partir do GoCad, onde já estava o modelo geométrico. Contudo,

esse programa não se preocupa com a qualidade das malhas geradas de tal forma que sua

utilização impossibilita a convergência nessas malhas. Portanto partiu-se para a eleição

de algum programa que conseguisse gerar uma malha de tetraedros de qualidade a partir

das superfícies externas triangularizadas. É claro que esses triângulos devem ser regulares

e suaves, mas controlar essas superfícies no GoCad é natural, uma vez que isso por si só

já faz parte da modelagem geométrica, enquanto que a geração da malha de volume é

feito por um algoritmo interno sem controle pelo usuário. Após utilizar métricas para

qualidades de malhas como as apresentadas no capítulo anterior, ficou claro que essa

malha continha muitos elementos distorcidos. Em geral, na modelagem de bacias existe a

geração de elementos irregulares devido a presença de camadas mutios finas com relação

a outras vizinhas mais espessas e a presença de falhas. Tal que, como já dito, a

simplificação de certas geometrias irrelevantes para os fenômenos estuados estarão

gerando um grande complicador nessa questão da geração de uma malha de qualidade.

Foi então eleito um programa aberto a estudos científicos, denominado TetGen [129], que

é um gerador de tetraedos de qualidade a partir de superfícies triangularizadas fechadas.

Mesmo com esse programa, a conclusão de uma malha não foi tarefa simples, devido à

não observações às simplificações e suavizações, onde diversos triângulos estavam

superpostos ou o domínio com furos. Foi necesário um trabalho manual, muito cuidadoso

para gerar uma triangularização adequada em todo o domínio. Uma vez feito isso o

gerador de malhas TetGen foi capaz de gerar uma malha que apesar de ainda conter

103

elementos ainda bastantes distorcidos eles representam menos de 5% dos elementos totais

da malha, o que já indica a possibilidade de realizar simulações numéricas.

Tendo o modelo geométrico definido, quanto mais suave e simplificado melhor, e sua

malha tetraédrica de qualidade, ou pelo menos o melhor possível, parte-se para a

simulação dos fenômenos físcios propriamente ditos, aqui escoamento de fluidos

bifásicos imiscíveis em meios porosos. Poderiam ser escoamentos multifásicos

composicionais, deformações elastoplásticas, histórico térmicos da bacia, ou ainda

melhor uma acoplamento entre diversos destes fenômenos. Mas para a avaliação

qualitativa dos caminhos preferenciais e acumulações de óleo, resolver uma física tipo

óleo e água é razoável. Para a definição de condições inicias de contorno e propriedades

com valores respeitando unidades de eventos em tempos geológicos, geram muitas

dificuldades por serem pouco usuais na engenharia civil. Daí, novamente é reforçada a

idéia de grupos multidisciplinares.

A seguir serão apresentadas a malha adotada, as propriedades das rochas e dos fluidos, as

condições iniciais e de contorno bem como os resultados obtidos com essa simulação em

uma região, em produção e de grande interesse, na bacia colombiana de Llanos

Orientales [9].

No trabalho de mestrado [116], foi realizada uma simulação numérica para estudar a

migração secundária em bacias sedimentares. Neste trabalho, muitas direções para definir

parâmetors e constantes foram adotados aqui nessa metodologia.

7.2.1 Métricas para Malhas de Tetraedros

Métricas para verificação da qualidade de malhas de elementos finitos são muito

utilizadas na geração de malhas e na solução de problemas utilizando técnicas de

adaptatividade [Zicka,elano]. A utilização de elementos distorcidos é possível, contudo é

importante que a malha respeite pelo menos alguma métrica de qualidade, pois os

104

elementos distorcidos podem influenciar a solução, obtendo-se assim uma resposta

inadequada. Numa análise mais qualitativa, o uso de uma quantidade razoável de

elementos distorcidos é aceitável. Neste trabalho adotamos duas métricas (η e γ )

denominadas respectivamente, mean ratio [49] e aspect ratio [101], para avaliação do

nível de distorção dos elementos da malha da bacia. Um esquema de cálculo é

apresentado a seguir e descreve sucintamente a utilização dessas métricas. É importante

ressaltar que os parâmetros η e γ variam entre [0-1] e que quanto mais perto de 1, mais

regular é o elemento e quanto mais perto de 0, mais distorcido. Para a avaliação destas

métricas é necessário o cálculo dos comprimentos di de cada uma das 6 arestas,

222iiii zyxd ++= i = 1, ... , 6 (1)

onde xi, yi e zi são as diferenças das coordenadas dos nós da aresta em questão. O

parâmetro η, conhecido como mean ratio segundo [49], é avaliado como,

( )

∑=

62

3

2

312

i

id

Vη (2)

regularη

ηη = (3)

onde V é o volume do elemento em questão e regularη o valor de η para um tetraedro

regular equivalente, isto é, equilátero. Já o parâmetro γ, conhecido como aspect ratio

segundo [101], é

V

di

i

2

36

6

1

=

∑γ (4)

105

regularγ

γγ = (5)

onde regularγ o valor de γ para um tetraedro regular equivalente, isto é, equilátero.

Note que tem que ser fornecido um valor limite para η, e outro para γ , afim de se

estabelecer um critério de escolha, isto é, se o parâmetro for menor que o valor limite

então o elemento é considerado ruim, distorcido, irregular e/ou inadequado.

7.2.2 Primeiros Passos em Direção ao Estudo de Caso Real

O exemplo de aplicação aqui apresentado é referente à modelagem de fluxo de fluidos,

isto é, a migração secundária em uma bacia da Colômbia, denominada Llanos Orientales,

onde etapas iniciais de modelagem estão sendo desenvolvidos para futuras análises de

aplicações em diversos cenários. Um dos objetivos principais desse exemplo é o de se

estabelecer uma metodologia consistente para tratar diversos problema físicos em

diversas situações práticas de interesse. Portanto, o objetivo final desta modelagem de

fluidos, é realizar simulações numéricas no domínio da determinada bacia para se chegar

à conclusões com relação aos possíveis caminhos de migração e localização de

acumulação do óleo gerado.

7.2.2.1 Modelagem Geométrica e Geração da Malha

O modelo completo foi dividido em quatro blocos denominados Morro, Piedemon,

ForeLand e Cusiana-Cupiagua. Essa divisão em blocos facilitou a construção do modelo

geométrico e a malha de elementos finitos e definição dos materiais. A modelagem

geométrica foi realizada no GoCad por Bengaly [15]. Uma vez que um profissional

estiver utilizando o GoCad, visando não apenas a modelagem geométrica da bacia, isto é,

106

sua representação visual, mas também a geração de uma malha de elementos finitos, é

desejável e recomendado o uso correto das ferramentas do GoCad para conseguir gerar

uma malha em tempo hábil e com um mínimo de qualidade. O que observamos e

podemos destacar como equívoco à época, foi a falta de atenção nessa questão. Agora,

com maior experiência, percebeu-se que a construção do modelo geométrico deve ser

conduzida já se pensando na geração da malha. Pois assim, haverá a positiva interação

entre o profissional responsável pela modelagem e o profissional responsável pela

simulação, sejam eles geólogos, geofísicos ou engenheiros, pois a união de diversas áreas

do conhecimento são indispensáveis no sucesso das questões técnicas e científicas

provenientes das necessidades da indústria do petróleo. O modelo completo comtemplava

quatro blocos conforme Figura 7.1. Inicialmente, uma malha gerada pelo Gocad foi

utilizada para o domínio completo, ou seja, os quatros blocos. Mas nessa malha, houve a

constatação de muitos elementos achatados (sliver) e não foi possível utilizá-la. Para tal,

foi feita uma ligeira suavização das malhas de superfíces triangulares, houve o descarte

do bloco 1 (azul), de pequeno valor exploratório, e foi então utilizado o programa

acadêmico TetGen [129] para gerar uma malha tetraédrica de qualidade a partir das

superf ícies externas. Resutando assim numa malha com 75736 nós, 413516 elementos e

506524 arestas. Tem 17972 nós residindo no contorno. A Figura 7.2 apresenta uma vista

superior, da topografia, a Figura 7.3 uma vista inferior, do embasamento e a Figura 7.4

um detalhe. Aqui já é oportuno comentar que a topografia, no caso as montanhas foram

retiradas do modelo, uma vez que apenas a simulação de eventos de subsuperfície são

considerados.

107

Figura 7.1 - Detalhe dos quatro blocos do modelo completo.

Figura 7.2 - Malha do modelo adotado: vista superior, topografia.

108

Figura 7.3 - Malha do modelo adotado: vista inferior, embasamento.

Figura 7.4 – Detalhe da malha do modelo adotado, falhas.

109

7.2.2.2 Avaliação da qualidade da malha através das métricas eleitas

Através das métricas apresentadas na seção 7.2.1, pode-se avaliar a qualidade da malha

de elementos finitos gerada com o GoCad. Foram adotados valores limites de 0.7 para

ambas as métricas de qualidade. Pela métrica η tem-se um total de 43.1 % dos elementos

como inadequados e pela métrica γ um total de 15.3 %. As Figuras 7.5 e 7.6 ilustram em

vermelho esses elementos que “falharam” no critério da métrica. Como já ressaltado

anteriormente, as análises aqui em desenvolvimento tem um caráter qualitativo, pelo

menos nesse início, de tal forma que a utilização dessa malha é justificada nesse

momento. Evidentemente que para posteriores análises de caráter mais quantitativo,

recomenda-se a melhora do modelo no sentido de se gerar uma malha mais refinada e

com um índice de elementos distorcidos abaixo de 5%.

Figura 7.5 - Em azul os elementos com parâmetro η maior que o valor limite.

110

Figura 7.6 - Em azul os elementos com parâmetro γ maior que o valor limite.

7.2.2.3 Cálculo das normais unitárias ao contorno

Com esse cálculo tem-se dois objetivos. Um é de calcular as normais que são necessárias

para a incorporação das condições de contorno de fluxo normal nulo, isto é de domínio

fechado onde não pode entrar nem sair massa. O procedimento de incorporação desse

tipo de condições de contorno é feito conforme BELYTSCHKO [11] e DEVLOO [46]. O

segundo objetivo vem a ratificar a verificação da malha, uma vez que, pela técnica

adotada, nenhum nó interno do domínio pode ter normal não nula. O que foi verificado e

confirma e garante que a malha está adequada para as simulações numéricas. A Figura

7.7 apresenta uma visualização desses vetores em vermelho.

111

Figura 7.7 - Vetores unitários e normais ao contorno.

7.2.2.4 Propriedade das Rochas do modelo completo

As propriedades das rochas, ilustradas na Figura 7.8, foram fornecidas pelo Instituto

Colombiano de Petróleo e estão dispostas na Tabela 7.1.

112

Figura 7.8 - Detalhe das oito camadas sedimentares.

113

Tabela 7.1 - Propriedades das rochas: massa específica, porosidade e permeabilidades

horizontal e vertical.

Divisão do Modelo nome γs (kg/m3

) φ (%) Kh (D) Kv (D)

Bloco 1 (Morro)

Camada 1.1 Une 2.500 7 1,105171 0,367879

Camada 1.2 Gacheta 2.580 7 0,038006 0,030197

Camada 1.3 Guadalupe 2.480 8 0,367879 0,135335

Camada 1.4 Barco 2.503 10 2,801066 0,67032

Camada 1.5 Mirador 2.460 12 3,857426 1,051271

Camada 1.6 Carbonera 2.500 10 0,117655 0,014996

BBllooccoo 22 ((PPiieeddeemmoonn))

Camada 2.1 Carbonera 2.441 12 1,040811 0,272532

Camada 2.2 Leon 2.358 20 0,092551 0,013037

Camada 2.3 Guayabo 2.198 28 29,66595 10,17567

Bloco 3 (ForeLand)

Camada 3.1 Une 2.489 11 3,819044 1,185305

Camada 3.2 Gacheta 2.540 8 0,043283 0,005799

Camada 3.3 Guadalupe 2.475 11 4,349235 1,040811

Camada 3.4 Barco 2.480 11 3,490343 0,869358

Camada 3.5 Mirador 2.460 13 4,349235 1,185305

Camada 3.6 Carbonera 2.441 12 1,040811 0,272532

Camada 3.7 Leon 2.358 20 0,092551 0,013037

Camada 3.8 Guayabo 2.198 28 29,66595 10,17567

Bloco 4 (Cusiana-Cupiagua)

Sub-Camadas 4.1 e 4.9 Une 2.480 5 4,437096 7,389056

Sub-Camadas 4.2 e 4.10 Gacheta 2.500 2 0,076536 0,011109

Sub-Camadas 4.3 e 4.11 Guadalupe 2.430 10 4,806648 1,698932

Sub-Camadas 4.4 e 4.12 Barco 2.430 10 1,138828 3,095657

Sub-Camadas 4.5 e 4.13 Mirador 2.400 7 5,259311 1,616074

Sub-Camadas 4.6 e 4.14 Carbonera 2.340 3 1,246077 0,878095

Camada 4.7 Leon 2.500 7 0,082085 0,049787

Camada 4.8 Guayabo 2.350 10 1,161834 1,105171

7.2.2.5 Propriedade dos Fuidos

As propriedades dos fluidos definidas na Tabela 7.2 representam o escoamento óleo e

água.

114

Tabela 7.2 - Propriedade dos fluidos.

Grandeza Símbolo Valor Unidade

massa específica

do óleo ρo 700 kg/m3

massa específica

da água ρw 1000 kg/m3

viscosidade do óleo µo 3.2 x 10-5 N.106ano/m2

viscosidade da água µw 1.0 x 10-5 N. 106ano/m2

gravidade g 9.8 na direção -z m/s2

Pressão capilar pcow 0.0 N/m2

passo de tempo ∆t ~1.0 103ano

7.2.2.6 Condições de Contorno

Para a equação da pressão, deverá ser prescrita uma pressão atmosférica no topo do

domínio e uma pressão, calculada a partir do peso específico dos fluidos das camadas

superiores, deverá ser prescrita no embasamento. Esse cálculo foi feito através da

expressão

( )

b

nmat

i

iif

baseA

gV

P

∑=

γ

(6)

onde nmat é o número de materiais do modelo, ( )ifγ é a massa específica do fluido e Vi o

volume de cada material i, g é o valor da gravidade e Ab é a área do embasamento. Deve-

se somar a essa expressão um percentual extra devido as montanhas da topografia que

foram retiradas do modelo.

Para a saturação, decidiu-se por prescrever tanto no topo como na base uma saturação

constante de água igual a 1.

115

7.2.2.7 Condições Iniciais

A condição inicial do modelo é preencher totalmente todas as camadas de rocha geradora

com óleo e as demais camadas com água. Dessa forma, a diferença de pressão entre topo

e embasamento, governada pela diferença de densidade entre os fluidos envolvidos irá

promover o deslocamento relativo desses fluidos que tem que se acomodar ao domínio

fechado, isto é não podem sair nem entrar do domínio. A Figura 7.8 mostra as zonas da

camada de rocha geradora na cor azul claro, que corresponde ao material 2 nessa escala.

Para se considerar um maior volume de óleo, foram preenchidas de óleo todas as

camadas abaixo da rocha geradora.

7.3 Resultados da Simulação

Os resultados foram obtidos aplicando uma condição de contorno de pressão no topo e

definida a gravidade que gera um termo fonte não linear, que devido ao contraste de

densidades, promove a migração do óleo. Pode-se definir a gravidade nula, desde que

seja prescrita um a pressão no embasamento, tal que o diferencial de pressão resultante

seja comparável ao gerado pela fonte gravitacional.

A simulação teve a intenção de modelar a mais recente migração secundária na bacia. É

considerado um óleo leve que à 50 mil anos atrás começou a migrar da rocha geradora

para a rocha reservatório. A evolução da solução no tempo se encontra na Figura 7.9. De

acordo com a geometria do modelo, pode-se perceber um acúmulo maior de óleo na parte

direita das figuras, representando que alí reside uma zona de boa acumulação de óleo.

Como a modelagem de bacias é uma tarefa bastante complexa, tem-se aqui apenas uma

análise qualitativa de caminhos preferenciais de migração de óleo.

116

t = 1 mil anos

t = 10 mil anos

t = 20 mil anos

117

t = 30 mil anos

t = 40 mil anos

t = 50 mil anos

Figura 7.9 – Migração Secundária do Óleo.

118

7.3 Escoamento supersônico ao redor de um avião tipo YF17

Nesse exemplo, toma-se condições semelhantes que o exemplo 5.4 do escoamento

supersônico ao redor de uma esfera, só que agora, trata-se de um escoamento uase

supersônico com número Mach igual a 0.9. A malha simétrica em relação ao plano

cartesiano x é apresentada em 7.10 e tem 97104 nós e 528915 elementos. As iterações

não lineares foram limitadas em 3 com tolerância de 10-2 para o solucionador GMRES

com 100 vetores de Krylov. A solução permanente para a massa específica após 600

passos de tempo está na Figura 7.11. Em 7.12 e 7.13 tem-se a solução das velocidades.

As unidades estão omitidas por estarem num sistema coerente, isto é, adimensionalizadas.

Este exemplo não tem solução analítica conhecida, mas pode-se perceber a qualidade da

solução pela posição dos choques. O que está de acordo com o esperado para a geometria

do avião.

119

Figura 7.10 – Detalhe da malha simétrica do avião YF17.

120

Figura 7.11 – Solução permanente da massa específica.

Figura 7.12 – Solução permanente da velocidade em magnitude.

121

Figura 7.13 – Representação dos vetores velocidade.

122

Capítulo 8

Conclusões

Esta dissertação de Doutorado teve como principais objetivos a implementação

computacional do método dos elementos finitos estabilizados para solução de problemas

predominante advectivos, da mecânica dos fluidos computacional, relevantes nas

engenharias de petróleo e aeroespacial. São eles, escoamentos através de meios porosos

e escoamentos compressíveis não viscosos. Além da solução aproximada destes, existe

uma preocupação especial com técnicas computacionais e sua implementação eficiente

visando um ganho computacional na redução do tempo de processamento, e em alguns

casos, até viabilizar a solução de problemas de grande porte. Um balanço dessas

técnicas, suas vantagens e desvantagens e considerações finais são apresentadas.

No Capítulo 2 foi descrita a formulação matemática e numérica para escoamentos

bifásicos imiscíveis e deslocamentos totalmente miscíveis em meios porosos rígidos.

Um sistema unificado foi definido para o desenvolvimento de um programa

computacional comum aos dois casos. Foram também citadas expressões de modelos

empíricos para tratar um dos fluidos como um fluido não-Newtoniano, baseados na

reologia da Lei de Potências, mas recomenda-se que demais reologias e

comportamentos sejam avaliados de acordo com o interesse da indústria de petróleo.

123

Após descrever as equações governantes do escoamento, foi feita uma apresentação

detalhada do esquema numérico adotado. Para a discretização espacial foi empregado o

método dos elementos finitos estabilizados com tetraédros lineares (T4) e hexaedros tri-

lineares (H8). Para o H8 foi implementada a opção de integração reduzida com 1 ponto

e controle dos modos hourglass. A integração reduzida promove ganho na avaliação

dessas matrizes de elemento e por isso foi considerada uma técnica computacional e

tratada no Capítulo 6.

A equação da pressão é resolvida com a tradicional discretização de Galerkin. Para os

elementos T4, foi adotada uma técnica de pós-processamento das velocidades, para que

sejam interpoladas com a mesma precisão da pressão, sem ter que se utilizar o elemento

misto, que é computacionamente oneroso. Para o H8 regular, bastaria calcular as

velocidades com o gradiente da pressão avaliado no centróide do elemento, pois ali

reside um ponto de superconvergência [24]. Contudo para problemas muito não-lineares

percebe-se a ineficiência dessa aproximação. Já a equação do transporte, foi discretizada

pelo método dos elementos finitos estabilizados, com a formulação SUPG devido seu

caráter predominantemente advectivo e com um operador de captura de

descontinuidades, suavizando frentes descontínuas.

No Capítulo 4, da mesma forma que no Capítulo 2, foram descritas as equações de

Euler que governam escoamentos compressíveis não viscosos e a formulação numérica

empregada. Essas equações foram postas em variáveis conservativas, sendo que há

necessidade de utilizar variáveis de entropia na definição do operador de captura de

choques. Um novo operador de captura de choques [134], baseado somente em

variáveis conservativas foi implementado, e em alguns testes produziu melhores e em

outros piores resultados no sentido de capturar mais adequadamente o choque. A

vantagem inicialmente desejada, em se obter um ganho computacional não tendo que

fazer a transformação de variáveis, não se mostrou relevante frente à todos os cálculos

necessários para montar as matrizes de elemento. A formulação numérica é semelhante

à anterior, diferindo basicamente na quantidade de graus de liberdade e na existência de

um único sistema e não três separados como no caso seqencialmente implícito adotado

para meios porosos.

124

Nos Capítulos 3 e 5 foram apresentados exemplos numéricos de validação e verificação

das implementações computacionais. Alguns desses exemplos foram utilizados no

Capítulo 6 para testar as técnicas computacionais implementadas. Pelos exemplos de

validação apresentados,e de acordo com a literatura de refreência, pode-se confiar nas

implementações realizadas.

Portanto, o Capítulo 6 apresenta um conjunto de opções que aqui são chamadas de

técnicas computacionais. Tais técnicas compreendem a utilização de estruturas de dados

mais eficientes, importantes no armazenamento dos termos da matriz de coeficientes e

nas operações matriz-vetor inerentes dos métodos iterativos de solução dos sistemas de

equações lineares. Também, o elemento hexaedro com um ponto de integração foi

implementado na solução de escoamentos em meios porosos, apesar de inicialmente

desenvolvido para as equações de Euler [95], o que promove um ganho na avaliação das

matrizes de elemento. Também foi estudada a estratégia de desativação dinâmica que

prevê a desativação de elementos onde não há variação da solução ou termos fontes, não

havendo necessidade de calcular a solução advectiva para todo o domínio, adotado

também para as equações de meios porosos. E finalmente, pré-condicionadores que

possam levar a um melhor desempenho na solução dos sistemas de equações lineares

resultante através de métodos iterativos foram empregados com a estrutura de dados

CSR no programa para as equações de Euler.

Quanto à estruturas de dados, foram estudadas uma local e outra global. A local é a

estrutura de dados por arestas, que já se mostrou mais eficiente [27,42,122,54], que a

tradicional estrutura de dados por elementos. Contudo, essa estrutura local não é

interessante quando pré-condicionadores que necessitam realizar operações na matriz

global são utilizados. Portanto, para se poder testar novos pré-condicionadores, foi

utilizada uma estrutura de dados comprimida por linhas, denominada CSR, do inglês

Compressed Sparse Row. Essa estrutura de dados armazena a matriz global, apenas

onde há previsão de termos não nulos, isto é, posições onde há incidência entre

elementos. É importante ressaltar que apesar do caráter das técnicas ser distinto, isto é,

uma ser local e a outra global, ambas necessitam de um pré-processamento adequado.

Tanto o tempo gasto na geração dessas estruturas (pré-processamento), como nas

125

operações matriz-vetor (processamento) para as duas estruturas é equivalente. O

importante é realizar um implementação eficiente para que os ganhos desejados sejam

sempre atingidos. De modo que, seria inadequado eleger uma estrutura como melhor

que a outra. A vantagem da estrutura CSR é exatamente na facilidade de utilização

direta de pré-condiconadores não diagonais. A estrutura de dados por arestas poderia ser

utilizada mas necessita arranjos extras, que podem demandar muita memória e aumentar

o tempo de execução das operações de pré-condicionamento.

Quanto a técnica computacional de Desativação Dinâmica (DD), já foi mencionado que

é muito semelhante ao esquema Adaptativo Implícito/Explicito [122], já adotado

anteriormente, só que ainda mais eficiente por não exigir a solução da parte inativa, que

antes era tratada explicitamente. Contudo, essa técnica se mostra bastante eficaz em

problemas advectivos onde não há extensa faixa de variação do escalar transportado.

Esse é o caso da marcação em casos de superfície livre, onde a técnica tem sido

utilizada, em paralelo, com bastante êxito [54]. No caso de escoamentos em meios

porosos, existem valores intermédiarios que produzem uma faixa de elementos grande,

sendo que quase todo o domínio é eleito como ativo. Por isso não se mostrou uma

técnica muito atraente para caso de simulação de reservatórios ou análises de bacias,

mas sim de fonte pontuais como dispersão de contaminantes em corpos d’água ou

cidades [89]. No exemplo típico em um quarto de fivespot, além da verificação do

programa representar os fenômenos físicos, buscou-se também avaliar os tempos

computacionais e ganhos obitidos com a utilização das técnicas para redução do tempo

de execução. Para o H8 com integração completa ou reduzida, percebe-se que as

soluções são equivalentes, mesmo sabendo que a aproximação com a integração

reduzida não é exata para a adveçcção. O ganho computacional final não é muito

grande, mas considerável na avaliação das matrizes, operação que deve ser realizada a

cada iteração não-linear. Além disso, com a incorporação das técnicas, atuando em

conjunto, deseja-se obter ganho total bastante expressivo. Ainda nesse experimento, foi

avalidada a implementação e a performance computacional da DD. Já foi mencionado

que reduz consideravelmente o número de operações de ponto flutuante em cada passo

de tempo pois as equações são resolvidas apenas para uma partição ativa da malha, que

é, em geral, menos da metade da malha total. Os casos analiados com o T4 mostraram

126

pouco ganho com a DD. Como a DD, só é utilizada na equação do transporte, mas

pressão e velocidade são avaliadas para toda a malha, o ganho com a DD foi pequeno

comparado com o tempo total de análise. Para se aferir isso, avaliou-se um caso teste

com campos de pressão e velocidades constantes no tempo, e assim, o ganho com a DD

para o T4 foi adequado.

Para o H8, como não é necessário resolver um sistema extra para as velocidades, a

técnica de DD já obteve ganho considerável, mesmo tendo-se que resolver pressão e

velocidade para todo o domínio computacional, reduzindo tempo de processamento em

até menos da metade. Infelizmente, como a integração reduzida no caso da advecção

não é exata percebeu-se um pior condicionamento na matriz de coeficientes que levou

mais iterações para resolver o sistema linear. Isso foi considerada uma desvantagem,

inclusive com a necessidade de se utilizar elementos de lados paralelos que vai contra a

idéia original do método dos elementos finitos.

A implementação da estrutura de dados CSR e dos pré-condicionadores LU-SGS e

ILU(0) foram inicialmente realizadas para o problema permanente e linear de advecção-

difusão de um escalar em duas dimensões. Nesse problemas teste, ganhos muito

relevantes foram alcaçados em alguns casos, tanto para problemas simétricos com o

método dos gradientes conjugados como sistemas não simétricos utilizando o GMRES.

Os ganhos foram maiores quanto mais refinadas as malhas. Com esses ótimos

resultados, partiu-se para implementação de um código de Euler em três dimensões com

a estrutura CSR. Foram analisados um exemplo unidimensional e um tipicamnete

tridimensional. No exemplo 1D todos os cinco métodos de pré-condicionamneto

obtiveram resultados e ganhos em tempo de processamneto. No caso tridimensional do

escoamento ao redor de uma esfera, o método da fatoração ILU(0) aproximada por

blocos não atingiu solução, assim como os métodos puramente diagonal ou LU-SGS.

Apenas os métodos Bloco-diagonal e BlocoLU-SGS alcançaram soluções. De forma

que pode-se concluir que em problemas blocados, isto é, com mais de um grau de

liberdade, deve-se utilizar a forma em bloco, até mesmo para se alcançar uma solução.

Como o pré-condicionamneto ILU(0) não foi etstado para as equações de Euler, sua

127

versão aproximada não se mostrou interssante por não ter apresentado convergência no

caso 3D e por ter sido muioto semelhnate ao ganho do LU-SDGS no exemplo 1D.

No Capítulo 6 foi ainda realizada uma breve comparação entre operadores de

estabilização da advecção e de captura de choques para as equações de Euler. Os novos

operadores são mais simples por serem baseados somente em variáveis conservativas, e

necessitando assim, de menos operações de ponto flutuante para seus cálculos. Contudo,

os novos operadores necessitam de valores de referência e calibragem de parâmetros

para que funcionem bem. Isto não é necessário para os operadores tradicionais, que

apesar de baseados em variáveis de entropia, são automáticos, não necessitando valores

de referência, nem calibração.

O Capítulo 7 teve o objetivo de apresentar soluções de aplicação. Para o caso de

escoamentos em meios porosos foi estudada a migração secundária de petróleo na bacia

sedimentar de Llanos Orientales na Colômbia. Para tal foi definido um escoamento

imiscível tipo óleo e água. Esse estudo faz parte do convênio COPPE/ICP com a

finalidade de se promover um intercâmbio entre esses países. A metodolodia se mostrou

eficaz para tratar o problema de forma qualitativa onde, algumas rotas de migração e

zonas preferencias de acumulação puderam ser observadas. Contudo, para se tomar uma

medida mais quantitativa dessas soluções deve-se melhorar o modelo geométrico, a

malha de elementos finitos, os cenários de interesse, bem como os dados atuais que

possam vir a calibrar ou melhorar a confiança das soluções obtidas com esse modelo.

Ainda nesse capítulo, só que para escoamentos compressíveis, foi estudado o

escoamento à Mach=0.9 ao redor de um avião supersônico tipo Fighter YF-17. Valores

adimensionais foram empregados para forçar um escoamento desse tipo. Novamente,

nesse exemplo a utilização da estrutura de dados por arestas ou da CSR com pré-

condicionamento BLU-SGS promoveram um ganho significativo, no tempo de

processamento, da solução.

128

Como futuros desenvolvimentos [104] e linhas de pesquisa pretende-se avaliar as

sequintes técnicas computacionais:

• esquemas bloco estruturado/não estruturado [44,149,88,113];

• recursos de computação paralela [115,54].

• estrutura de dados por arestas em conjunto com as técnicas de pré-

condicionamento, e que já se mostrou eficiente em diversas

aplicações [27,42,122,54], inclusive com técnicas de reordenação [43].

• Métodos Multigrid [18] para solução de malhas de grande porte;

• Adaptatividade de malha [25].

Pretende-se também avaliar as sequintes questões físicas:

Equações para meios porosos

• O aclopamento das equações governantes do escomento com a deformação não-

linear da matriz porosa, isto é, o efeito geomecânico do reservatório. Este

acoplamento ainda é tratado simplificadamente em simuladores comerciais e é

tema de pesquisa para tratar reservatórios pouco consolidados, naturalmente

fraturados, ou na indução de fraturas em direções preferenciais para formação de

canais de escoamento, uma técnica de recuperação avançada de petróleo.

Equações de Euler

• Equações de Navier-Stokes e turbulência para escoamentos compressíveis.

Pretende-se também avaliar as sequintes questões matemáticas:

• Desenvolvimento de uma técnica de integração reduzida, que não seja somente

uma boa aproximação como na advecção, mas como no caso difusivo seja extata

para elementos de lados paralelos.

Pretende-se também avaliar as sequintes questões numéricas:

129

• A eficiência computacional do método dos elementos finitos mistos frente ao

método estabilizado ou dos volumes finitos, na solução do problema acoplado

pressão-velocidade

130

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148

Apêndice A

Matrizes e vetores independentes para o T4 na

solução de escoamentos em meios porosos

equação da pressão

=

10

98

765

432

.

36

1

p

pp

ppp

ppp1p

e

ksim

kk

kkk

kkkk

V

epk (A.1)

)( 4321pppp kkkk ++−= (A.2)

)( 7625pppp kkkk ++−= (A.3)

)( 9638pppp kkkk ++−= (A.4)

)( 97410pppp kkkk ++−= (A.5)

149

caso anisotrópico

)(

)(

)(2

DJCCJCBJCDI

DJCCJCBJCCI

DJCCJCBJCBIk

zzpzypzxp

yzpyypyxp

xzpxypxxpp

+++

+++

++=

(A.6)

)(

)(

)(3

DKCCKCBKCDI

DKCCKCBKCCI

DKCCKCBKCBIk

zzpzypzxp

yzpyypyxp

xzpxypxxpp

+++

+++

++=

(A.7)

)(

)(

)(4

DLCCLCBLCDI

DLCCLCBLCCI

DLCCLCBLCBIk

zzpzypzxp

yzpyypyxp

xzpxypxxpp

+++

+++

++=

(A.8)

)(

)(

)(6

DKCCKCBKCDJ

DKCCKCBKCCJ

DKCCKCBKCBJk

zzpzypzxp

yzpyypyxp

xzpxypxxpp

+++

+++

++=

(A.9)

)(

)(

)(7

DLCCLCBLCDJ

DLCCLCBLCCJ

DLCCLCBLCBJk

zzpzypzxp

yzpyypyxp

xzpxypxxpp

+++

+++

++=

(A.10)

)(

)(

)(9

DLCCLCBLCDK

DLCCLCBLCCK

DLCCLCBLCBKk

zzpzypzxp

yzpyypyxp

xzpxypxxpp

+++

+++

++=

(A.11)

150

caso ortotrópico

DJDICCJCICBJBICkzzpyypxxpp ++=

2 (A.12)

DKDICCKCICBKBICkzzpyypxxpp ++=

3 (A.13)

DLDICCLCICBLBICkzzpyypxxpp ++=

4 (A.14)

DKDJCCKCJCBKBJCkzzpyypxxpp ++=

6 (A.15)

DLDJCCLCJCBLBJCkzzpyypxxpp ++=

7 (A.16)

DLDKCCLCKCBLBKCkzzpyypxxpp ++=

9 (A.17)

++

++

++

++

+

=

321

321

321

321

6

1

vvv

vvv

vvv

vvv

e

DLcCLcBLc

DKcCKcBKc

DJcCJcBJc

DIcCIcBIc

V

QL

QK

QJ

QI

epf (A.18)

equação da velocidade

+

=

DLDLsim

CLDLCLCL

BLDLBLCLBLBL

DKDLDKCLDKBLDKDK

CKDLCKCLCKBLCKDKCKCK

BKDLBKCLBKBLBKDKBKCKBKBK

DJDLDJCLDJBLDJDKDJCKDJBKDJDJ

CJDLCJCLCJBLCJDKCJCKCJBKCJDJCJCJ

BJDLBJCLBJBLBJDKBJCKBJBKBJDJBJCJBJBJ

DIDLDICLDIBLDIDKDICKDIBKDIDJDICJDIBJDIDI

CIDLCICLCIBLCIDKCICKCIBKCIDJCICJCIBJCIDICICI

BIDLBICLBIBLBIDKBICKBIBKBIDJBICJBIBJBIDIBICIBIBI

VC

sim

Ve

eppv

ee

.

36

1

2.

2

2

2

120

6

3

33

333

3333

v

I

II

III

IIII

m

(A.19)

151

( )( )( )( )

+

+

+

+

+

=

DL

CL

BL

DK

CK

BK

DJ

CJ

BJ

DI

CI

BI

QCVeppv

e

624

60

ve

p3

ve

p3

ve

p3

ve

p3

ev

cBpCI

cBpCI

cBpCI

cBpCI

f (A.20)

equação do transporte (advecção-difusão)

matriz de massa consistente de Galerkin (simétrica)

=

2111

1211

1121

1112

120

6 ee V

φegm (A.21)

ou matriz de massa diagonal ou lumped de Galerkin (simétrica)

=

1000

0100

0010

0001

24

6 ee V

φegml (A.22)

152

matriz de massa de Petrov-Galerkin (não-simétrica)

=

4444

3333

2222

1111

24

pgpgpgpg

pgpgpgpg

pgpgpgpg

pgpgpgpg

ee

mmmm

mmmm

mmmm

mmmm

τφ

epgm (A.23)

onde

zuyuxupg DIvCIvBIvm ++=1 (A.24)

zuyuxupg DJvCJvBJvm ++=2 (A.25)

zuyuxupg DKvCKvBKvm ++=3 (A.26)

zuyuxupg vDLvCLvBLm ++=4 (A.27)

matriz de advecção de Galerkin (não-simétrica)

( )Te

ageag mk

eφτ

1= (A.28)

matriz de difusão generalizada (simétrica)

Essa matriz tem a mesma estrutura da matriz da pressão epk tomando GD ao invés

de pC . O vetor independente para a equação de transporte é

=

LQ

KQ

JQ

IQ

u

u

u

u

euf (A.29)