Teatro e Semantica

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De uma forma absolutamente independente, é anunciado por Ferdinad de Saussure. “ A língua é um sistema de signos que exprimem ideias, e, por isso, semelhante à escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, às formas de cortesia, às continências militares, etc. Ela é apenas o mais importante desses sistemas; ela constituiria uma parte da psicologia social e, por conseguinte, da psicologia geral; chamar-lhe- emos semiologia.” Durante a representação, o homem separa-se do mundo extrínseco através do gesto e inicia um processo de criação dos sentidos e dos seus significados socioculturais. Através de uma enumeração elementar de representação, o homem irá criar um espaço cénico, recheado ou enriquecido com signos verbais, cénicos, tácteis e sonoros. Como um trabalho de imitação (mimeses), o corpo do actor não vai separar-se da acção, a sua presença e imagem irão mutar-se num veículo activo e significante da personagem. A cenografia não persiste como uma simples obra de arte autónoma, ela vai estar sempre incompleta até o actor entrar no espaço e encontrar, em simbiose com o meio envolvente (Cena), o espectador. Num ensaio intitulado “A arte como facto semiológico” – O. Ducrot, T. Todoroy- Dicionário das Ciências da Linguagem. p. 115, Jan Mukarovsky afirma que o estudo das artes deve tornar-se uma das partes da semiótica e define a especificada do signo estático: é um signo autónomo, que adquire uma importância por si mesmo, e não apenas como mediador de significação”....”Qualquer obra de arte é um signo autónomo. As obras de arte “com assunto “têm ainda uma segunda função semiológica, que é comunicativa”. O cenário teatral pode ser estruturado de uma forma visual bem como por uma linguagem convencional e significativa. O estudo de cenografia baseado em significação sugere que a recepção específica vai variar dentro de um determinado espaço e tempo para outro, moldando o significado e convenções de estilo, formato e significado, bem como outros campos de conhecimento humano. A consequente evolução de cenas em sequência gráfica de duas dimensões para três dimensões, relacionando o actor, o tempo e o espaço, permite assim uma compreensão completa de todo o espaço cénico.

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Dissertação sobre o teatro e a linguagem do teatro

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De uma forma absolutamente independente, anunciado por Ferdinad de Saussure. A lngua um sistema de signos que exprimem ideias, e, por isso, semelhante escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simblicos, s formas de cortesia, s continncias militares, etc. Ela apenas o mais importante desses sistemas; ela constituiria uma parte da psicologia social e, por conseguinte, da psicologia geral; chamar-lhe- emos semiologia.Durante a representao, o homem separa-se do mundo extrnseco atravs do gesto e inicia um processo de criao dos sentidos e dos seus significados socioculturais. Atravs de uma enumerao elementar de representao, o homem ir criar um espao cnico, recheado ou enriquecido com signos verbais, cnicos, tcteis e sonoros. Como um trabalho de imitao (mimeses), o corpo do actor no vai separar-se da aco, a sua presena e imagem iro mutar-se num veculo activo e significante da personagem. A cenografia no persiste como uma simples obra de arte autnoma, ela vai estar sempre incompleta at o actor entrar no espao e encontrar, em simbiose com o meio envolvente (Cena), o espectador.Num ensaio intitulado A arte como facto semiolgico O. Ducrot, T. Todoroy- Dicionrio das Cincias da Linguagem. p. 115, Jan Mukarovsky afirma que o estudo das artes deve tornar-se uma das partes da semitica e define a especificada do signo esttico: um signo autnomo, que adquire uma importncia por si mesmo, e no apenas como mediador de significao....Qualquer obra de arte um signo autnomo. As obras de arte com assunto tm ainda uma segunda funo semiolgica, que comunicativa.O cenrio teatral pode ser estruturado de uma forma visual bem como por uma linguagem convencional e significativa. O estudo de cenografia baseado em significao sugere que a recepo especfica vai variar dentro de um determinado espao e tempo para outro, moldando o significado e convenes de estilo, formato e significado, bem como outros campos de conhecimento humano. A consequente evoluo de cenas em sequncia grfica de duas dimenses para trs dimenses, relacionando o actor, o tempo e o espao, permite assim uma compreenso completa de todo o espao cnico.Todo o espectculo teatral ir concretizar-se na construo cnica dos significados, nos cdigos semnticos dos textos teatrais.

Afastado do teatro moderno, o teatro Isabelino era desprovido de efeitos especiais, sem qualquer design esttico digno de registar. As vestes utilizadas pelos actores eram de facto ricas e imponentes em cor, mas, no entanto, o palco Isabelino era nu. Sem qualquer ornamento esplendoroso, reduzido a uma espada ocasional, o espectador dependia somente das interpretaes dos actores.Construdo em madeira e com uma forma poligonal com at trs nveis de bancadas, as galerias superiores eram destinadas aos espectadores mais ricos e as galerias inferiores destinados ao pblico popular. O palco encontrava-se elevado em relao ao solo (local destinado aos espectadores populares).O primeiro teatro (como o entendemos hoje) a ser construdo durante a poca de ouro do reinado Isabelino foi um teatro construdo em Shoreditch, em 1576. Anteriormente, as peas eram desempenhadas em ptios de tavernas e, por vezes, com a devida autorizao da Rainha, em casas de nobres. Um nobre que permitisse a realizao de uma pea na sua propriedade teria que ser cuidadoso sobre qual a pea a ser encenada. Tudo o que pudesse ser controverso, poltico ou religioso poderia ser susceptvel de uma condenao pela coroa.A rainha Isabel iniciou o seu reinado durante um perodo de perigo e instabilidade para a nao Inglesa. O clebre pai de Isabel, Henrique VIII, tinha-se desvinculado da Igreja Catlica, estabelecendo a Igreja Protestante da Inglaterra. Aps a morte de Henrique, seu filho Edward, doente, abdicou do trono, abrindo o caminho para a sucesso da irm mais velha, Maria Tudor, catlica, que restaurou o Catolicismo na Inglaterra. Quando Maria faleceu sem deixar qualquer herdeiro, a protestante Isabel herdou o trono implementando novamente o Protestantismo, seguindo-se um perodo de perseguies e execues de crentes catlicos.

Isabel foi excomungada pelo Papa, que incentivou todos os Reis Catlicos a conspirar contra a rainha protestante. Em tempos conturbados como estes, peas capazes de angariar vastas multides, expostas a determinadas vises do mundo, poderiam ser utilizadas como excelentes formas de propaganda e eram vistas com bastante desassossego pela coroa. Isto significava que a populao de Londres era reunida em um s lugar e exposta influncia da pea, o suficiente para desencadear tumultos ou at mesmo rebelies contra o poder reinante.

De forma a proteger contra ameaas desta ordem, as autoridades impuseram leis e sistemas para assegurar que eles poderiam controlar quase toda a palavra que fosse pronunciada em palco.

Projectado em 1618 pelo arquitecto Giovanni Batista Aleotti, o teatro Farnese possua uma sala de espectadores em formato de ferradura e com uma capacidade para quatro mil espectadores. Aleotti estendeu o palco at parede de fundo dando uma maior importncia construo cnica com planos deslizantes e engenhos de palco, quebrando com o espao de aco enviesado do proscnio renascentista. Os painis estavam decorados com esplndidas pinturas, mquinas que possibilitavam a existncia de uma esttica ilusionista. A cena abria-se para o olhar do espectador iniciando o conceito de caixa ilusria, largamente utilizado no teatro italiano.Por volta do ano de 1485 em Itlia, os governantes e burgueses abastados, influenciados pelas luzes do Renascimento e saudosistas de uma Roma imperiosa, iniciaram um financiamento de peas romanas ou, pelo menos, adaptaes de tais peas, contribuindo para uma difuso alargada do teatro Italiano pela Europa. O uso de fumo, efeitos sonoros, fogos, voos para a glria, evolues nuticas e blicas em enormes tanques de gua tornaram os espectculos extasiantes. Durante os meados da dcada de 1960, as classes emergentes e os jovens, encarados com uma perturbao cultural que interrogava os fundamentos ideolgicos, religiosos e morais sobre os quais assentava a civilizao contempornea, vieram revolucionar todo o meio cultural da poca.

O teatro a configurao mais social de todas as formas literrias, pelo que na sua manifestao moderna e urbana a pea necessita, numa fase inicial, de espectadores bons para poder sobreviver. A questo de mudana em teatro deve ser considerada em relao a mudanas em assistncias. Foi neste particular perodo que uma fraco significante e influencivel da classe mdia comeou a encontrar-se, visto de acordo com os termos definidos por Raymond Williams no livro Culture (1981).O teatro, na dcada de sessenta, no reconhece a existncia de uma nica interpretao de um dado texto, tambm no tenta impor um significado especfico a um determinado texto, mas incentiva o pblico a perceber uma multiplicidade de sentidos e a alcanar uma variedade de graus de compreenso. Essa multiplicidade de percepes realizada pela combinao de elementos dspares e estilos contrastantes, sem tentar se desculpar, esconder ou unific-los num conjunto artstico nico.Nos anos setenta, intelectuais de todo o mundo tinham conscincia da necessidade de efectuar mudanas. Dramaturgos e encenadores procuravam novos textos de maior sensibilidade. Nas obras de Botho Strauss, muito representadas, o autor apresentava odisseias sobre a pobreza das relaes humanas e a procura da identidade (Triologia des Wiedrsehens, Grande e Pequeno, ambas de 1977).

O britnico Edward Bond transforma o palco numa cmara de horrores cheia de cenas surpreendentes e catstrofes espirituais (Lear, 1972; The Sea 1973).A cultura humana encontra-se em constante evoluo, so as imagens e os sentidos a construir o espao fsico e significante humano. As experincias artsticas e espaciais proporcionadas pelos novos meios electrnicos e digitais colocam-nos como agentes produtores de uma nova linguagem visual e, por excelncia, ambiental.

Bibliografia

As Regras de Arte-Pierre Bourdieu-Editorial PresenaSociety and Literature 1945-1970 Alan Sinfield Methuen and Co LTDHistoria Universal Vol 20- Fim de sculo. Os Grandes Temas de Seculo XXI Salvat -2005

Dicionario Das Ciencias da Linguagem O. Ducrot; T.Todoroy-Publicaes Dom Quixote-Lisboa 1978

http://www.ronaldnaversen.com/distance.pdfhttp://www.msuiit.edu.ph/ipag/studies/drama/topics/renaissance.htmlhttp://www.semioticon.com/seo/P/performance.htmlhttp://plato.stanford.edu/entries/film/