T&D Int... · Já em “O crescimento da mídia social”, ... Relações com o cliente Eduardo...

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NOSSAVISÃO

P

4 T .D 164 / 2010

articipar da última conferencia

internacional da ASTD,

realizada em Chicago, em maio

último, me fez repensar muita

coisa sobre como as empresas

brasileiras estão desenvolvendo

suas ações de T&D e educação

corporativa e de como estamos

precisando levar mais a sério a questão do uso

das mídias sociais e do treinamento informal.

Alguns dados trazidos pela ASTD demonstram

com muita clareza como a força de trabalho está

mudando drasticamente e exigindo uma

profunda revisão sobre nossa forma de ver e

lidar com a aprendizagem no ambiente de

trabalho, principalmente com a geração que está

chegando nas empresas e que, segundo

pesquisas americanas, representarão, até 2014,

assustadores 47% da força de trabalho.

Mas o que essa geração tem de tão diferente

em relação às gerações anteriores? Numa

primeira passada de olhos, talvez as diferenças

mais básicas estejam concentradas em aspectos

como: o que eles valorizam ou como eles usam

a tecnologia, como se comunicam, como

aprendem, como fazem as coisas acontecerem e

como estão influenciando

mudanças no mundo

corporativo. Eu concordo com

Tony Bingham, atual CEO da

ASTD, quando enfatiza que a

principal diferença entre a

geração que chega e as

anteriores seja o desejo de

colaboração. Colaboração é o

jeito como eles fazem as

coisas acontecerem. Não é

uma surpresa. Já em “O

crescimento da mídia social”,

um estudo realizado pela

ASTD no final de 2009, ficou

demonstrado que a geração

Milenium —idades entre 14 e

33 anos— é a maior usuária

da mídia social para uso

pessoal e profissional. Eles a

veem como uma poderosa

ferramenta para fazer mais e

melhor seu trabalho, além de

ser a melhor forma, no

entender deles, de aprender

mais, em menos tempo,

Mídias sociais ao

alcance de todos

E x p e d i e n t e

Publisher

Marcos Baumgartner

[email protected]

Editor-Chefe

Carlos Neves

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Reportagem e Redação

Juarez D.

Colaborador

Ken Blanchard

Diagramação e Produção Gráfica

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Redação

Obvio Comunicação

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Agradecimentos

Luca Borroni-Biancastelli, Adriana Schneider,

José Cláudio Terra, Leila Navarro, José Maria

Gasalla, Marisa Eboli, Flávio Hourneaux Junior,

Sérgio Mancini, Bruno Campanholli, Alfredo

Castro, Filipe Carrera e Terrence Wing

Impressão

Editora Referência

Projeto Gráfico

Carlos Neves / Obvio Comunicação

Realização

T&D Editora

5T .D 164 / 2010

coisas verdadeiramente úteis para o seu

fazer profissional. Por isso, como diz

Rubem Alves, o grande poeta, ao

“olharmos com olhos de ver” para essa

perspectiva nos impomos um gigantesco

desafio para os próximos anos: criar um

ambiente organizacional de aprendizagem

que permita às nossas empresas

assegurar contratações, engajamento,

retenção e desenvolvimento dos talentos

dessa geração.

E nós, da Revista T&D Inteligência

Corporativa, acreditamos que mídia social,

treinamento informal e aprendizagem

social estão chegando para revolucionar a

gestão do aprendizado nas organizações.

Por isso, caro leitor, já a partir desta

edição, você encontrará conteúdos que lhe

permitam uma reflexão consistente sobre

esses temas. Entendemos, com isso, estar

contribuindo para um uso inteligente e

profissional do potencial colaborativo

dessa nova geração.

Boa leitura,

Marcos Baumgartner

6 T .D 147 / 2007

Seções

Artigos eidéias

Avaliação

UMA QUESTÃO A SER DISCUTIDA 14Por Adriana Schneider

Conhecimento

STORYTELLING: UMA FERRAMENTA DE GESTÃO 18Por José Cláudio Terra

Gestão

VOCÊ ACREDITA NO QUE FAZ? 25Por Leila Navarro e José Maria Gasalla

Pesquisa Nacional – 2009

PRÁTICAS E RESULTADOS DA EDUCAÇÃO CORPORATIVA 32Por Marisa Eboli, Flávio Hourneaux Jr., Sérgio Mancini e Bruno Campanholli

Congresso ASTD

“WE LEARNING”: A TENDÊNCIA DESTA DÉCADA 38Por Alfredo Castro

ASTD 2010: A BOLA DE CRISTAL 42Por Filipe Carrera

Conexão

MÍDIA SOCIAL: MODA OU TENDÊNCIA? 46

Por Terrence Wing

CapaMÍDIAS SOCIAIS: O SÉTIMO SENTIDO 52

Por Carlos Neves

SUMÁRIO:: EditorialMÍDIAS SOCIAIS AO ALCANCE DE TODOS 4

Por Marcos Baumgartner

:: Entrevista

INSPER SE DESTACA EM EDUCAÇÃO EXECUTIVA 7

Com Luca Borroni-Biancastelli

:: Conversando com KenVISÃO DE LIDERANÇA 12

Por Ken Blanchard

6 T .D 164 / 2010

O diretor

acadêmico de

uma das melhores

escolas de negócio

do país explica

como funcionam

os programas

customizados da

instituição

Luca Borroni-Biancastelli

Por Carlos Neves

[email protected]

ENTREVISTA

Insper se destaca em

educação executiva

U

7T .D 164 / 2010

Oma das instituições mais

prestigiadas nas áreas de

economia e negócios do

país, o Insper Instituto de

Ensino e Pesquisa (nome

que substitui o Ibmec São Paulo)

tem como proposta educacional

desenvolver seus alunos, da

graduação às demais etapas de sua

vida profissional, por meio de uma

forte dedicação e participação do

corpo discente no processo de

aprendizagem. De acordo com o

diretor acadêmico de Educação

Executiva da instituição, Luca

Borroni-Biancastelli, o perfil do

corpo docente do Insper é bastante

equilibrado, com professores

pesquisadores, dedicados à

elaboração de pesquisas, e também

com professores com atuação no

mercado de trabalho. “A instituição

acredita que esse equilíbrio é

fundamental para o aluno ter contato

com o que há de mais moderno e

atual no universo científico, sem se

afastar da realidade do mercado”, diz

Biancastelli. Um ponto fundamental

a diferenciar a instituição de outras

escolas do mercado, destaca o

diretor, é a abordagem consultiva

que faz parte dos programas

customizados: “A equipe de

coordenação parte de um

diagnóstico principal, ou seja, da

identificação das lacunas nas

habilidades dos profissionais da

companhia, para, então, estruturar

o programa mais adequado à

realidade da empresa. Desta forma,

os cursos são desenvolvidos de

maneira absolutamente direcio-

nada para preencher as neces-

sidades específicas da empresa”.

Além de parcerias com univer-

sidades estrangeiras, cursos custo-

mizados e uma extensa gama de

programas (graduação, MBA,

certificates, mestrado e educação

executiva, entre outros), o Insper

se destaca por sua qualidade e

compromisso com um ensino de

primeira linha. Nesta entrevista à

T&D/IC, o diretor acadêmico Luca

Borroni-Biancastelli, que é doutor

em economia e membro do Board

of Directors e do Membership Commi-

ttee da UNICON (International Univer-

sity Consortium for Executive Educa-

tion), fala da estrutura e foco dos

programas de educação executiva

do Insper. Acompanhe.

Luca Borroni-Biancastelli

ENTREVISTA

Qual é o perfil do corpo

docente do Insper? É mais

acadêmico ou mais de mer-

cado?

O perfil é bastante equilibrado.

O Insper tem professores pesqui-

sadores, dedicados à elaboração

de pesquisas para publicação em

periódicos científicos, e também

possui professores que atuam no

mercado de trabalho. A insti-

tuição acredita que esse equilí-

brio é fundamental para o aluno

ter contato com o que há de mais

moderno e atual no universo

científico, sem se afastar da rea-

lidade do mercado.

Quais são os propósitos da

educação executiva do Ins-

per? O que o aluno estará apto

a fazer quando concluir o

programa?

O objetivo dos cursos de educa-

ção executiva é munir os profis-

sionais das empresas com as

ferramentas necessárias para que

eles estejam aptos para atuar no

mercado. A partir da identificação

das necessidades da empresa, os

programas são moldados de forma

a treinar e capacitar os colabo-

radores com habilidades específi-

cas para a problemática da empresa

e com base em sua realidade. O

desenvolvimento de programas

específicos para cada um dos níveis

da hierarquia organizacional

também permite que o treinamento

seja direcionado e mais eficaz.

Que diferenciais do Insper o

senhor aponta em relação aos

programas oferecidos pelo

mercado?

O principal di ferencial dos

programas customizados do

Insper é a abordagem consultiva.

Isso significa que a equipe de

coordenação parte de um

diagnóstico principal, ou seja, da

identif icação das lacunas nas

habilidades dos profissionais da

companhia, para, então, estru-

turar o programa mais adequado

à realidade da empresa. Desta

forma, os cursos são desenvol-

vidos de maneira absolutamente

direcionada para preencher as

necessidades especí f icas da

empresa.

Como o Insper está estru-

turado para atender as

demandas das empresas em

termos de formação exe-

cutiva? Há algum processo de

pesquisa junto às empresas

para entender melhor as

necessidades empresariais?

O desenvolvimento dos progra-

mas de educação executiva é

completamente baseado em um

diagnóstico inicial, que identifica

as lacunas no conhecimento dos

executivos. Assim, a partir das

informações e necessidades

trazidas pela empresa e de uma

abordagem pontual aos seus

executivos, o Insper desenvolve

cursos direcionados a atender as

necessidades especí f icas da

companhia.

Em sua visão, qual o impacto

da tecnologia nos processos

de aprendizagem e quanto

esses recursos são impor-

tantes para o êxito da pro-

posta educacional executiva?

O Insper possui os mais moder-

nos recursos tecnológicos para

serem aplicados em sala de aula,

ou seja, para o ensino presencial.

Naturalmente, o uso de recursos

tecnológicos em sala de aula

8 T .D 164 / 2010

Adenominação“universidade

corporativaӎ mais

conceitual,na medidaem que asempresas

não têm umaestrutura

definida deuniversidade,

comprofessores

regulares,reitor, etc.

9T .D 164 / 2010

incrementa e enriquece a expe-

riência vivenciada pelos alunos. As

tecnologias para o ensino a

distância, atualmente, são usadas

pontualmente apenas para equali-

zação da sala de aula, ou seja,

algumas disciplinas que têm o

objetivo de complementar a for-

mação daqueles que, eventual-

mente, não estejam familiarizados

com determinados temas.

Qual o peso da educação a

distância nos formatos educa-

cionais oferecidos pelo Insper?

No universo de educação exe-

cutiva, sentimos o crescimento

de uma demanda do ensino a

distância, especialmente, por

exemplo, no caso de companhias

que desejam oferecer a seus

executivos o mesmo padrão de

treinamento, sem precisar

deslocar todos a São Paulo.

Observamos esse crescimento e

já avaliamos possibilidades para

atender a essa demanda. Por

enquanto, o Insper oferece

apenas aulas presenciais, e, à

distância, apenas algumas disci-

pl inas complementares, para

equalização da sala de aula.

Implementar e aperfeiçoar

universidades corporativas é

uma preocupação constante

das empresas brasileiras.

Como o senhor vê o futuro das

universidades corporativas?

Certamente, deve ser cada vez

maior a quantidade de empresas

com uma área dedicada à

formação e ao desenvolvimento

de seus colaboradores, ainda que

não seja uma universidade

corporativa. Isso porque a deno-

minação “universidade corpora-

tiva” é mais conceitual, na medida

em que as empresas não têm uma

estrutura definida de univer-

sidade, com professores regula-

res, reitor, etc. O mais comum

são áreas estruturadas para o

treinamento dos executivos, que

fazem parcerias com escolas,

responsáveis por fornecer os

conteúdos dos cursos, como

acontece nos programas custo-

mizados oferecidos pelo Insper.

Qual o formato das parcerias

que o Insper estabelece com

universidades corporativas?

O Insper mantém fortes parcerias

com grandes grupos brasileiros

para a formação e capacitação de

executivos desde o nível de

gerência à presidência. Os pro-

gramas são desenvolvidos para

atender exatamente às neces-

sidades de cada nível hierárquico,

de acordo com a realidade de

cada companhia. Muitas vezes, os

programas são baseados em um

mesmo tema, que é comum à

realidade de todas as áreas da

companhia, mas com linguagem

específica para cada cargo. Para

isso, a coordenação do Insper

está sempre muito próxima da

empresa para poder identificar as

reais necessidades e lacunas do

conhecimento de seus execu-

tivos.

A partir da identificação das necessidades, os

programas são moldados de forma a treinar e

capacitar os colaboradores com habilidades

específicas para a problemática da empresa

Luca Borroni-Biancastelli

ENTREVISTA

10 T .D 164 / 2010

De forma geral, qual o perfil

do aluno dos programas de

educação executiva do

Insper?

De gerentes a presidentes de

empresas, os alunos são execu-

tivos que estão no mercado e

precisam ter certas habilidades e

competências desenvolvidas, em

geral, de acordo com a realidade

da companhia.

A baixa qualidade do ensino

básico no Brasil é um proble-

ma crônico que se reflete na

formação de nossos profis-

sionais. Como o Insper

interpreta essa questão e o

que tem feito para minimizar

os efeitos da baixa quali-

ficação?

Infelizmente, esta é uma realidade

e, muitas vezes, a escola tem que

suprir eventuais lacunas. A

principal medida que adotamos

para reduzir a eventual diferença

entre o nível de educação dos

alunos é a abordagem dos temas

de forma bastante ampla, para

trazer todos à mesma base.

Num país como o Brasil, o

ensino voltado exclusivamente

para o mercado chega, muitas

vezes, a mascarar deficiências

de formação humana. Quais as

contribuições do Insper, em

seu modelo pedagógico, nessa

questão?

O modelo pedagógico do Insper,

de um modo geral e não exclu-

sivamente em educação execu-

tiva, é pautado pelo compromisso

de formar indivíduos capazes de

identificar os problemas que os

cercam e a pensar criticamente

sobre eles, por meio da reflexão

e troca de ideias. Os programas

de educação executiva são

voltados à resolução de lacunas

especí f icas na formação dos

executivos das empresas, mas

também se apropriam dessa

proposta educacional, natural-

mente, na medida em que é

possível quando se trata de

cursos de curta duração.

Faz parte da missão e visão do

Insper a valorização de

“pesquisas rigorosas funda-

mentadas em problemas reais

e que contribuam para o

aprimoramento de políticas

públicas e práticas organi-

zacionais”. Quais têm sido as

contribuições mais relevantes

dessas pesquisas para a

educação executiva?

A contribuição das pesquisas não

se dá de maneira imediata e

direta. Assim como todos os

programas do Insper, os cursos

de educação executiva são

beneficiados pela geração de

conhecimento e pela troca de

experiências dentro do ambiente

da escola de negócios.

De gerentes a presidentes de empresas, os

alunos são executivos que estão no mercado e

precisam ter certas habilidades e

competências desenvolvidas

CONVERSANDO COM KEN

12 T .D 164 / 2010

Visão de liderança

Por Ken Blanchard

riar uma visão pessoal

sobre liderança não

somente o ajudará a

clarificar seus pensamentos

sobre este assunto como

também facilitará compartilhar

seu ponto de vista com outras

pessoas.

Por que é importante

criar uma visão clara de

liderança?

Uma vez que você tenha

criado sua própria visão de

liderança, torna-se possível

comunicá-la claramente a

outros. Ao compartilhar sua

visão de liderança com aqueles

que se reportam a você, eles

não só terão o benefício de

entender de onde você está

partindo como também enten-

derão melhor o que você espe-

ra deles e o que eles podem

esperar de você. Isto permitirá

também que eles reflitam e

criem suas próprias visões de

liderança.

Inicialmente, esta idéia

ganhou força através das

pesquisas de Noel Tichy, que

demonstrou que os líderes

eficazes têm uma visão clara

C

Como criar e comunicar sua visãopessoal de liderança

sobre liderança que pode ser

ensinada e compartilhada com

as pessoas com as quais

trabalham.

Elementos

fundamentais de uma

visão de liderança

Para determinar sua visão

de liderança você deverá ser

capaz de responder a sete

perguntas:

1. Quem foram os líderes

que influenciaram sua

vida?

Quando perguntamos às

pessoas quem causou mais

impacto em suas vidas,

raramente elas mencionam

chefes ou outros líderes

organizacionais. Mais frequen-

temente, falam de seus pais,

avós, amigos, mentores ou

professores. O que você a-

prendeu dessas pessoas

sobre liderança? Como sua

influência o ajudou a criar sua

própria visão de liderança?

2. Pense sobre o seu

propósito de vida. Por

que você está aqui e o

que pretende realizar?

Se uma organização não

tiver uma idéia clara de qual é

o seu negócio, algo está

errado. Contudo, poucas

pessoas têm uma idéia clara

de seu propósito na vida.

Como você poderá tomar boas

decisões sobre onde focar seus

esforços e como usar seu

tempo se você não sabe qual

é o seu negócio?

3. Quais de seus valores

fundamentais irão guiar

seu comportamento para

que você viva de acordo

com o seu propósito?

Já foi dito que a coisa mais

importante na vida é decidir o

que é mais importante. Nem

todas as pessoas valorizam as

mesmas coisas. Algumas

pessoas valorizam riqueza e

poder acima de tudo. Outras

preocupam-se mais com

segurança ou sobrevivência. O

sucesso é um valor, assim

como a integridade e os

relacionamentos. Valores são

crenças com forte carga

emocional, porque temos de

escolher entre eles e outras

alternativas.

Ao procurar determinar

quais são os seus valores,

alguns começam com listas

longas. Mas, neste caso,

quanto menos, melhor,

principalmente se você quiser

que seus valores guiem o seu

13T .D 164 / 2010

O livro do Dr. Ken Blanchard, “Liderança de

Alto Nível” no qual se baseiam os

conceitos acima apresentados, está

disponível através do telefone

0800 0262422 ou

[email protected]. Para

mais informações sobre o Dr. Ken

Blanchard e sobre palestras e seminários

de liderança, entre em contato com a

Intercultural através do telefone citado ou

visite www.kenblanchard.com.br

comportamento. Mais do que

três ou quatro valores podem

paralisá-lo. Escolha, portanto,

aqueles que você acha serem

seus valores mais importantes.

Você também deverá

colocar seus valores em ordem

hierárquica. Por quê? Porque

os valores às vezes estão em

conflito. Por exemplo, se você

valoriza o sucesso financeiro

mas a integridade é seu valor

essencial, quaisquer atividades

que levem a um ganho finan-

ceiro devem primeiro ser aferi-

das em relação a seu valor de

integridade. Para as empresas

Ken Blanchard, os valores

fundamentais são: comporta-

mento ético, relacionamento,

sucesso e aprendizado.

4. Considerando o que

você aprendeu de outros

líderes no passado, seu

propósito na vida e seus

valores fundamentais,

quais são as suas

crenças sobre liderar e

motivar pessoas?

Suas crenças estão no

cerne de sua visão de lide-

rança. Estas devem fluir natu-

ralmente das pessoas que o

influenciaram, do seu propó-

sito e de seus valores.

5. O que o seu pessoal

pode esperar de você?

Liderança não é algo que

se faz às pessoas, mas algo

que se faz com elas. Fazer com

que as pessoas saibam o que

podem esperar de você

demonstra que a liderança é

uma parceria. Faz com que as

pessoas saibam quais serão

seus comportamentos especí-

ficos quando você estiver

exercendo a liderança.

6. O que você espera do

seu pessoal?

Considerando que lide-

rança é um processo de par-

ceria, é perfeitamente razoável

—para não dizer obrigatório—

que você faça com que as

pessoas saibam o que você

espera delas. Isto lhes dará

uma idéia clara de quais são

os comportamentos especí-

ficos que elas deverão mani-

festar quando estiverem sob

sua liderança.

7. Como você dará o

exemplo ao seu pessoal?

Ao comunicar sua visão de

liderança, deverá ficar claro

como você servirá de exemplo

para os valores e compor-

tamentos que você está enco-

rajando. Como a maioria dos

pais sabe, as pessoas apren-

dem a partir do seu compor-

tamento, e não a partir de suas

palavras. Em suma, os líderes

precisam praticar o que

pregam.

Ao criar uma visão pessoal

de liderança de acordo com os

passos acima, você estará

traçando um caminho claro

para ser seguido.

Finalmente...

No processo de criar sua

própria visão de liderança, não

seja excessivamente duro

consigo mesmo. Pode ser que

esta seja a primeira vez que

você se dedique a refletir

sobre suas crenças no que

concerne a liderar e motivar

pessoas. Aproveite as idéias

oferecidas acima e continue

aprimorando sua visão.

Mantenha diálogos francos

com aqueles que você lidera e

os que são seus lideres. O

mundo precisa de mais

pessoas que exerçam uma

liderança de alto nível. Seja um

líder que faz uma diferença

positiva na vida das outras

pessoas. Todos estão

contando com você.

AVALIAÇÃO

14 T .D 164 / 2010

Apesar de conhecido e

amplamente recomendado,

a ferramenta Retorno sobre

investimentos (ROI) ainda é

muito pouco usada na

avaliação de treinamento

o assistir à palestra de

Don Kirkpatrick na

Conferência Inter-

nacional da American

Society for Training

and Development

(ASTD), em 2008,

fiquei tão admirada com o vigor e o carisma do

autor do modelo mais popular do mundo para

avaliação da formação e da aprendizagem que

não só o convidei para participar do II

Congresso Internacional de EAD do Senac

Rio como também propus a ele lançar seus

livros no mercado brasileiro por nossa

editora do Senac Rio.

Desde 1959, o modelo de avaliação de

Kirkpatrick, baseado em quatro níveis,

permanece atual e desafiador. No livro “Como

implementar os quatro níveis de avaliação de

treinamento de equipes: um guia prático”, o

autor e seu filho James detalham as possibilidades

de utilização do modelo e as implicações

decorrentes, além de fornecerem exemplos de

ferramentas úteis para a aplicação dos quatro

níveis em avaliação de treinamento. O nível 1,

“Reação”, avalia a reação dos participantes no

programa; o nível 2, “Aprendizagem”, mede o

aumento do conhecimento; o nível 3,

“Comportamento”, estima o grau de

Uma QUESTÃO aser discutida

Por Adriana Schneider

A

T .D 164 / 2010 1 5

avaliadores. Em compensação, as informações

tendem a ser cada vez mais valiosas e ricas para as

organizações.

Entretanto, sabe-se que, embora conhecidos, a

grande maioria das empresas não aplica os quatro

níveis em sua totalidade. Os números publicados

na pesquisa “O Retrato do Treinamento”,

promovida pela Associação Brasileira de

Treinamento e Desenvolvimento (ABTD – 2009/

2010), revelam que a maioria dos profissionais de

recursos humanos do Brasil adota, no máximo, três

níveis: o nível 1 concentra 93% dos esforços; o

nível 2 é usado por 53% dos profissionais; e o nível

4 é adotado em uma escala de meros 3%.

A que se deve essa estatística? A complexidade

dos cálculos assusta e, como consequência, afasta

os profissionais de T&D dos resultados mais

esperados por seus investidores. Afinal, quando a

área de recursos humanos propõe investimentos

em ações de treinamento, em geral se depara com

uma questão aparentemente simples: o que a

organização ganha com a iniciativa? Qual o retorno

efetivo para o negócio das ações? O que as equipes

esperam não são apenas elogios, mas o

reconhecimento de que as ações implementadas

agregam diretamente ao negócio da organização. E

isso só se consegue com dados obtidos por meio de

um processo sério e completo de avaliação.

Dentre os quatro níveis de avaliação do

Kirkpatrick, a Avaliação de Resultados (4º nível) é

vista como o calcanhar de Aquiles das equipes

responsáveis pelas ações educacionais (sejam elas

de T&D, educação corporativa ou universidade

corporativa). Afinal, como determinar quais

resultados foram obtidos em decorrência da

participação dos funcionários da organização em

um programa de treinamento? Sabemos que são

muitos os aspectos presentes no cotidiano das

aprendizagem aplicada ao trabalho; e, finalmente,

o nível 4, “Resultados”, mensura o efeito prático

do treinamento no negócio.

O propósito maior de se avaliar os treinamentos

é determinar sua eficácia. Num processo de

avaliação, espera-se que os resultados sejam

positivos tanto para os responsáveis pelas ações

quanto para a alta gerência, que poderá tomar

decisões com base nesses resultados. No entanto,

para que isto aconteça, são necessários tempo e

dedicação das equipes envolvidas, tanto quanto

considerar o processo avaliativo como de longo

prazo e que de tal forma ele se remeta não apenas à

satisfação e à aprendizagem dos participantes

envolvidos, mas, principalmente, ao compor-

tamento e aos resultados alcançados.

É sobre essa complexidade e necessidade de

avaliar os resultados que falaremos um pouco mais.

Vamos lá?

O retorno sobre investimento (ROI)

Para Kirkpatrick, os quatro níveis de avaliação

são complementares entre si, e possibilitam que as

equipes envolvidas com as ações educacionais nas

organizações tenham ferramentas e insumos para

aferir a efetividade (ou não) das ações

implementadas. Segundo o autor, “todos os quatro

níveis são importantes e devem ser compreendidos

por todos os profissionais das áreas de educação,

quer eles planejem, coordenem ou lecionem; quer

o conteúdo do programa seja técnico ou gerencial;

quer os participantes sejam gerentes ou não; quer

os programas sejam conduzidos na educação, na

indústria ou no comércio”. Cada nível tem

particular relevância no processo de avaliação. A

passagem por cada um deles implica maior

complexidade do processo e dedicação dos

A autora é gerente de Grupo de Produtos Educação Corporativa e

Sustentabilidade do Senac Rio

AVALIAÇÃO

16 T .D 164 / 2010

organizações e quão complexo pode ser avaliar a

eficácia dos treinamentos sem a interferência desses

aspectos. Esse processo não é simples, e, pela sua

complexidade, a Avaliação de Resultados, que se

remete diretamente à questão do retorno do

investimento, tende a ser encarada como tabu. Isso

não deveria ser visto dessa forma, já que todas as

áreas das empresas, sejam elas públicas ou privadas,

precisam comprovar o retorno que suas ações

trazem para a organização e sua contribuição para

os resultados financeiros do negócio.

Kirkpatrick, ciente sobre a complexidade desse

nível de avaliação, aponta algumas diretrizes que

podem facilitar sua implementação:

� Usar grupos de controle;

� Dar um tempo para que os resultados sejam

atingidos (e, assim, possam ser observados);

� Avaliar os treinamentos antes e depois, se

possível;

� Repetir a medição em intervalos apropriados;

� Avaliar a relação custo/benefício;

� Contentar-se com indícios, caso não seja

possível obter provas concretas.

A grande valia da Avaliação de Resultados é

mostrar para a diretoria da empresa que os

resultados obtidos com treinamentos são maiores

do que o valor investido. Esses resultados não são

apenas evidenciáveis em números e cifras, mas,

sobretudo, na relação direta da atividade do

funcionário com o negócio da organização. São

resultados que, embora sejam comportamentais,

evidenciam que os treinamentos são essenciais para

o negócio e para a competitividade das

organizações.

Para que os treinamentos possam ser aferidos

quanto ao seu resultado, numa perspectiva

qualitativa, algumas ações são fundamentais:

1) Envolvimento das demais áreas da empresa —

todas as outras áreas são potenciais clientes para as

ações educacionais implementadas pela área de

treinamento e possuem interesse em identificar que

essas ações trazem os resultados pretendidos.

Quanto mais essas áreas são envolvidas, mais elas

se tornam apoiadoras e patrocinadoras dos

programas de treinamento.

2) Definição dos objetivos e indicadores — uma

vez envolvidas, as áreas clientes devem formar com

os profissionais de treinamento um grupo de

trabalho que defina quais resultados se pretende

alcançar para que seja possível desenhar os

indicadores que serão medidos ao longo dos

projetos. É importante é que esteja claro o que se

pretende mensurar.

3) Divulgação dos resultados — divulgar os

resultados alcançados ajuda, e muito, na aderência

e credibilidade da área de treinamento.

4) Composição de um grupo de controle — os

grupos de controle auxiliam na identificação mais

concreta do impacto de um treinamento.

5) Utilização de resultados qualitativos e

quantitativos — além de considerar os resultados

Cada nível tem particular

relevância no processo de

avaliação. A passagem em

cada um deles implica

maior complexidade do

processo e dedicação dos

avaliadores

T .D 164 / 2010 17

quantitativos que são mais fáceis de visualizar,

como aumento de receita, conquista de novos

clientes ou surgimento de idéias inovadoras, pode-

se definir indicadores de qualidade, como a imagem

e posicionamento da empresa no mercado, a

satisfação do cliente ou mesmo o clima

organizacional.

Outra abordagem que deve ser considerada

quando falamos de ROI é o princípio “ceteris

paribus” (“todo o resto sendo igual”), que trata das

idéias de Jac Fitz-enz, pioneiro na produção de

trabalhos acadêmicos sobre ROI em treinamento.

Ao se buscar medir os resultados de uma ação de

forma robusta e confiável, atribuindo um valor

específico ao resultado de um programa de

treinamento, deve-se demonstrar que há uma

provável correlação entre o evento em questão e

uma visível mudança de qualidade, produtividade,

vendas ou serviço.

Mais confiança nos resultados

Numa análise mais completa, podemos

perceber que o ROI não é um processo inatingível,

mas possível de ser implementado. Requer maior

dedicação e tempo das equipes envolvidas, além

de indicadores claros sobre o que se deseja aferir.

No entanto, seus resultados são ricos e contribuem

de fato para evidenciar qual a eficácia dos

treinamentos para o negócio da organização. É um

processo de avaliação que precisa de indicadores

claros e de profissionais maduros para coletar e

analisar os dados, além de critérios bem definidos

sobre a forma como o ROI pode ser calculado a

partir dos dados obtidos com a Avaliação de

Resultados. Seguem algumas dicas sobre como o

ROI pode ser calculado:

� Calcular os benefícios do treinamento.

� Calcular os custos.

� Subtrair os custos dos benefícios.

� Dividir o benefício líquido pelo custo.

Dessa forma, pode-se acreditar que o ROI,

muitas vezes, é a forma mais confiável para se obter

os dados necessários para o cálculo do resultado do

treinamento. Quanto mais empresas e profissionais

buscarem utilizar e testar suas aplicações, maior

será o amadurecimento e a melhoria de suas

práticas. Afinal, o que se deseja com os

treinamentos vai muito além da satisfação de seus

participantes. Busca-se a mudança de

comportamento, com adoção de práticas e atitudes

que agreguem valor ao negócio, seja ele qualitativo

ou quantitativo. Portanto, o que falta para você

implementar o processo de ROI na sua

organização? Mãos à obra!

Dentre os quatro níveis

de Kirkipatrick, a

Avaliação de Resultados

(4º nível) é vista como o

calcanhar de Aquiles das

equipes responsáveis

pelas ações educacionais

CONHECIMENTO

18 T .D 164 / 2010

STORYTELLING:uma ferramentade gestão

Toda organização acumula

uma série de experiências,

casos e aprendizados

associados à experiência

adquirida por suas equipes e

líderes. Que tal contar essa

história?

Por José Cláudio Terra

19T .D 164 / 2010

humanidade vem

contando histórias de

forma ininterrupta

desde que adquiriu a

fala, ou mesmo antes

disso, desde que

aprendeu a gesticular e

a se comunicar. De fato,

muitos antropólogos dizem que é a nossa

capacidade de contar histórias que nos separou

de outros primatas ao longo da evolução. Mais

ainda, parece haver uma correlação entre a

capacidade de contar histórias e o grau de coesão

que se consegue em grupos. Quanto mais

evoluídas as subespécies de primatas em termos

de mecanismos de comunicação, maior o

tamanho médio dos grupos e maior o grau de

sofisticação das interações sociais.

A semiótica, ciência que estuda as estruturas

lingüísticas e as formas de comunicação, nos

conta, por sua vez, que o ser humano transmite,

sem se dar conta, quase 700 mil sinais físicos

distintos, incluindo cerca de 1 000 posturas

corporais, 5 000 tipos de gestos e 250 000

expressões faciais! Enfim, o ser humano tem uma

enorme capacidade natural de transmitir sinais,

informações e conhecimento. E de fato tem feito

isto com maior ou menor efetividade há muito

tempo na sociedade e nas organizações. Desde o

advento da linguagem e depois da escrita, as

histórias passaram a viajar muito mais

rapidamente no espaço e no tempo. Com a

explosão da internet e outros meios de

comunicação, histórias podem viajar pelo mundo

quase que instantaneamente, afetando

relacionamentos pessoais, cultura e sentimentos

quanto ao papel da localização física e geográfica

dos indivíduos.

É evidente que histórias são importantes para

a humanidade. Mas uma boa questão que se

apresenta é saber se também o são para as

organizações. Qual o seu papel? E como isto está

relacionado ao tema gestão do conhecimento?

Estes são os temas que iremos abordar neste

pequeno artigo. Aqui nos interessa, em particular,

o ato de contar histórias de forma deliberada e

sistemática como forma de transferir

conhecimentos, cultura e valores. E também

inspirar, gerar coesão social e conectividade

emotiva entre indivíduos.

Histórias no contexto organizacional

Toda organização, à medida que evolui, acumula

uma série de experiências, casos e aprendizados

associados à experiência adquirida pelas equipes e

líderes enquanto em ação nas operações e projetos.

Desafios técnicos, de mercado e de gestão são

superados e, muitas vezes, acabam embutidos nos

processos operacionais, documentos, softwares e

patentes da organização. Esse tipo de conhecimento

explícito, no entanto, não traz consigo os contextos,

valores e as histórias pessoais que ajudaram na

evolução da organização. Histórias, por sua vez,

são ricas em todos esses elementos.

Os valores de uma organização vivem, em

grande medida, nas histórias que são contadas,

revividas e relembradas a cada momento, e têm

permeado a vida das organizações. Toda

organização tem suas histórias de guerra, seus

heróis e visões de mundo construídas a partir de

pequenas ou grandes anedotas que se transmitem

diariamente e perpetuam o éthos da organização.

Enfim, os valores de uma organização vivem,

em grande medida, nas histórias que são

contadas, revividas e relembradas a cada

O autor é CEO Terra Forum Consulting

A

20 T .D 164 / 2010

CONHECIMENTO

momento, de forma espontânea ou deliberada

para enfatizar algum tipo de comportamento ou

ação que se deseja ver perpetuado.

A maioria das histórias em uma organização

é baseada em casos reais. Elas podem ser

ligeiramente modificadas para dar ênfase a um

ponto específico ou para direcionar a narrativa.

Alguns exemplos de tipos de histórias no

contexto organizacional são: histórias

inspiradoras, usadas para estimular a

imaginação e gerar energia e cooperação;

histórias de ação preventiva, usadas para

ensinar lições sobre o perigo proveniente de

certas emoções negativas ou insegurança; e

histórias que refletem um valor organizacional

específico, tais como, lealdade, confiança,

importância de priorizar sempre o cliente,

sustentabilidade, entre outros.

Histórias que merecem atenção e têm

impacto

Logicamente, nem todas as histórias

merecem atenção se perpetuam ou carregam

qualquer tipo de peso na transferência de

conhecimento, valores e emoções. No

contexto organizacional, é importante saber

quem está contando as histórias (são pessoas

de influência na organização?) e a capacidade

dessas histórias para atravessar hierarquias,

geografias e tempo. Para começar, histórias

importantes têm algumas características que

as distinguem. Elas marcam eventos

importantes ou que foram destacados como

importantes pelos líderes da organização.

Incluem tramas, desafios ou mesmo pequenos

incidentes carregados de significado; fazem

sentido em qualquer época; e têm pontos altos

e desfechos marcantes ou mesmo inesperados.

São, finalmente, freqüentemente curtas, mas

com propósito e carregadas de analogias,

metáforas e visões de futuro. Histórias de

impacto são ainda contadas e “ouvidas” tanto

pelo lado esquerdo como pelo lado direito do

cérebro.

Histórias de impacto contam invaria-

velmente com personagens que carregam em

suas ações muito simbolismo. Alguns desses

personagens viram mitos e, ao longo do

tempo, suas ações, ao serem recontadas, vão

se distanciando da realidade efetiva, pois o

que perdura são as lições, valores, dilemas e

posicionamentos morais ou éticos desses

personagens. No contexto empresarial, isto é

visto com freqüência à medida que as

organizações homenageiam seus fundadores

e pioneiros. Estes, em alguns casos, viram

“super-homens”. De fato, não importa mais

quem de fato foram esses personagens, mas

sim o que eles representam para o

inconsciente coletivo da organização.

Os valores de uma organização, embora

Com a internet, histórias

podem viajar pelo mundo

instantaneamente, afetando

relacionamentos, cultura e

sentimentos quanto ao

papel da localização física e

geográfica dos indivíduos

possam ser vivenciados a cada instante de

forma inconsciente, são particularmente

evidenciados em alguns contextos

particulares, como experiências novas e

inusitadas, vitórias ou derrotas marcantes,

gerenciamento de crises e resolução de

dilemas éticos e morais. Esses momentos são

preciosos para organizações que estão

procurando reforçar valores e

comportamentos, ou mesmo introduzir novos

valores. Nesse contexto, o impacto da história

é determinado tanto pelo fato em si como pelo

alinhamento da história com objetivos

estratégicos bem definidos pela organização.

O método do storytelling no contexto da

gestão do conhecimento

Storytelling ou contar histórias parece ser

algo natural, em particular para grandes líderes.

Apesar disso, até recentemente a ciência

administrativa deu pouca atenção a esse

fenômeno. Isto vem mudando tanto no campo

teórico, como na prática. No contexto da gestão

do conhecimento, além de uma certa frustração

com grandes projetos de codificação de

conhecimento e transferência de conhecimento

por meio de tecnologia da informação, há um

reconhecimento da importância crucial das

22 T .D 164 / 2010

CONHECIMENTO

histórias para a transferência de conhecimentos

complexos, contextos, “weltanschauung” (visão

de mundo) e valores culturais.

Storytelling é uma técnica que reforça

múltiplas relações causais. É multifacetária,

estimula tanto o lado direito como o lado

esquerdo do cérebro e permite a quem lê ou ouve

a história se envolver fortemente com a mesma,

sonhando, atuando e refletindo à medida que a

história evolui. Dessa forma, a experiência, as

lições aprendidas e o contexto são transmitidos

de forma a estabelecer um significado, uma

emoção e servir como padrão ou arquétipo para

tomada de decisão ou ação futura em situações

semelhantes.

O método de storytelling no contexto

organizacional e da gestão do conhecimento foi

introduzido de forma deliberada e sistemática e

tem sido efetivamente usado por diversas

organizações de ponta, como o Banco Mundial,

Nasa, Johnson & Johnson, Conoco, Boeing, etc.

Nessas empresas, contar histórias não é visto

apenas como uma distração ou momento de

relaxamento (embora também possa causar esse

efeito): é uma das ferramentas ou métodos

institucionais no contexto da gestão do

conhecimento.

Como o método de storytelling se compara

aos outros métodos normalmente associados à

gestão do conhecimento? Em que medida o

método de contar histórias é realmente efetivo

quando se trata de transferir conhecimento?

Mais do que transferir conhecimentos

específicos, histórias transferem valores, atitudes

e ajudam na construção de compromissos com

visões de futuro. Se o objetivo principal é

transferir conhecimentos técnicos específicos,

normas e melhores práticas, outros métodos são

mais apropriados. Nesse sentido, storytelling é

mais um dos instrumentos para aqueles

envolvidos com a gestão do conhecimento. A

novidade é que em tempos mais recentes,

storytelling está sendo usado de forma bastante

instrumental no contexto de equipes,

departamentos e mesmo organizações como um

todo, que buscam mudanças profundas e, ou

transferência de atitudes, formas de encarar

desafios e, ou métodos para lidar com situações

complexas.

Contando histórias sobre o futuro

Storytelling começa, ademais, a ganhar um

espaço na agenda de líderes envolvidos também

com a gestão da inovação. De um lado, histórias

servem para refletir o passado, por outro, elas

incitam a imaginação a pensar em contextos

amplos e ao desenvolvimento de diálogos

multidisciplinares. De fato, o método de cenários,

Toda organização tem

suas histórias de guerra,

seus heróis e visões de

mundo construídas a

partir de pequenas ou

grandes anedotas que

transmitem e perpetuam o

éthos de uma empresa

bastante usado em planejamento estratégico e

tecnológico, não é nada mais do que uma história

do futuro construída a partir da reflexão sobre

possíveis caminhos para as demandas da

sociedade, clientes, stakeholders e para a

evolução de tecnologias críticas.

De maneira correlata, histórias são poderosos

instrumentos para a gestão da mudança.

Ninguém é absolutamente racional. E quando a

mudança é profunda e afeta muito a vida das

pessoas, argumentos puramente racionais têm

baixa efetividade. É preciso mudar os modelos

mentais e perspectivas das pessoas a partir de

histórias que as ajudem a visualizar futuros

possíveis e desejáveis.

O meio é a mensagem

Histórias têm sido contadas de muitas

maneiras: oralmente, por meio de imagens e

textos (exemplo: casos no contexto do ensino da

administração), por vídeo e multimídia e, mais

recentemente, por meio de blogs. Como dizia

Marshall Mcluhan, o famoso intelectual dos

meios de comunicação canadense que ficou

célebre com a frase “o meio é a mensagem”, cada

um desses meios para se transmitir mensagens e

histórias transforma o próprio conteúdo. Em um

contexto organizacional isto é mais verdade do

que nunca. Organizações que sabem o poder das

histórias têm áreas e pessoas que procuram

utilizar proativamente todos os canais formais e

informais pelos quais as histórias trafegam para

influenciar a visão de mundo, da organização e

obter comportamentos desejáveis dos

colaboradores.

Historicamente, as histórias fluíam de cima

para baixo nas organizações, e os mecanismos

de comunicação em massa estavam restritos a

poucas pessoas. Essa realidade mudou

completamente nos últimos anos. As empresas

são muito mais porosas: histórias entram e saem

da organização de maneira muito mais rápida e

com abrangência muito maior. Um único

indivíduo tem hoje o potencial de anonimamente

contar histórias não sancionadas pela empresa para

centenas, milhares e mesmo milhões de pessoas.

A internet é uma realidade incontestável. Há algo

absolutamente novo na sociedade (e que cresce

nas empresas): milhões de contadores de histórias

que utilizam diferentes ferramentas digitais, como

blogs, wikis, grupos de discussão, etc. Essa

capacidade de distribuir histórias digitalmente e

o impacto disso tanto no contexto da sociedade e,

em particular, no contexto organizacional, ainda

precisa ser melhor compreendido.

Nesse contexto, podem-se ter algumas

atitudes com relação a esta realidade: ignorá-la,

combatê-la ou tentar compreendê-la e usá-la

como ferramenta de gestão e competição. Parece-

nos que é esta última alternativa que algumas

Mais do que transferir

conhecimentos específicos,

histórias transferem

valores, atitudes e ajudam

na construção de

compromissos com visões

de futuro

23T .D 164 / 2010

24 T .D 164 / 2010

Há algo novo na

sociedade (e que cresce

nas empresas): milhões

de contadores de histórias

que utilizam diferentes

ferramentas digitais,

como blogs, wikis,

grupos de discussão, etc.

organizações líderes como Boeing, Motorola,

Microsoft, Sun, Petrobras, entre outras, vêem

seguindo. Essas organizações, ao invés de evitar

o novo, procuram abraçá-lo e compreendê-lo.

Em função do enorme potencial de transferir

conhecimento de maneira muito mais ágil,

natural e globalmente, essas ferramentas estão

sendo inseridas no arsenal da gestão do

conhecimento dessas organizações.

Equipando-se para contar histórias

Vários estudos têm mostrado que

organizações longevas têm ideologias fortes e

prestam também muita atenção aos seus valores

centrais. Nesse contexto, a perpetuação de

histórias não é algo fortuito e esporádico; é algo

gerenciado com muita perspicácia e visão

estratégica. Isto significa que histórias que

reforçam os valores estratégicos definidos são

identificadas, narradas e comunicadas de

maneira bastante deliberada no contexto das

equipes, projetos, organização e mesmo no

ambiente mais amplo da cadeia de valor e

sociedade no qual a empresa se insere.

Equipar-se, porém, para contar histórias vai

muito além de desenvolver um portal, um blog

ou dar uma câmara na mão de cada colaborador.

Antes de tudo, é preciso reconhecer no nível mais

alto da organização o link estratégico que existe

entre modelos mentais, cultura, atitudes e

criação, absorção, transferência e produção de

conhecimentos críticos. Depois disso, é preciso

valorizar e legitimar o tempo investido para se

contar e ouvir histórias e implementar métodos,

processos, facilitadores e meios físicos e

eletrônicos para que histórias importantes

possam emergir, serem identificadas, validadas

e disseminadas dentro e fora da organização.

Finalmente, mas não menos relevante, é que

boas histórias precisam ser contadas por alguém.

Logicamente, há indivíduos que são

naturalmente excelentes contadores de histórias.

Se, no entanto, storytelling passar a fazer parte

do arsenal de ferramentas gerenciais estratégicas,

gestores e líderes precisarão ser treinados para

incorporar habilidades para contar e, ou escrever

boas estórias. A princípio, esse objetivo pode

parecer inalcançável e irrealista. A nosso ver, no

entanto, embora difícil, a habilidade de contar

histórias pode e precisa ser desenvolvida. No

passado, habilidades como a oratória, o debate e

a apresentação pessoal já fizeram, inclusive, parte

do currículo escolar. Por outro lado, outras

habilidades tidas como “soft” (exemplos: dar

feedback, liderar reuniões, etc.) também têm sido

incorporadas ao repertório de habilidades de bons

gestores. Storytelling é, nesse sentido, uma das

habilidades essenciais para gestores de organizações

líderes na Era do Conhecimento.

CONHECIMENTO

25T .D 164 / 2010

GESTÃO

Você ACREDITAno que faz?

Como criar uma cultura de confiança por meio

da educação corporativa

Por Leila Navarro e José Maria Gasalla

omo coaches, ouvimos

com frequência uma

pergunta: a confiança

cria a educação corpo-

rativa ou é a educação

corporativa que cria a

confiança? Essa dúvida

atormenta nove entre

cada dez executivos no Brasil e também na

Espanha. Costumamos considerar essa questão

muito semelhante a uma outra, presente há

milênios nas conversas entre crianças e também

nos debates entre gênios: o que veio primeiro, o

ovo ou a galinha?

Bom, vamos começar pela segunda pergunta,

que é a mais fácil. Fomos pesquisar e

descobrimos que a maior parte do cientistas

tende hoje a considerar o ovo como mais antigo.

Isso porque as galinhas certamente evoluíram

C

de outros animais que não eram propriamente

galinhas. A primeira delas teria surgido por

ocasião da criação do primeiro zigoto, resultado

da união de óvulo e espermatozóide. Ou seja,

dois bichos que ainda não eram galinhas se

cruzaram e o DNA desse novo zigoto continha a

mutação que originou a nossa amiga penosa. Por

esse raciocínio, o ovo foi a casa que abrigou a

primeira representante da espécie.

Para não gerar polêmica, vale dizer que há quem

discorde. Algumas pessoas acreditam, por exemplo,

que foi Deus quem criou os homens e os animais. E

que somos todos assim, com essas características,

desde que o mundo é mundo.

Mas, agora, voltemos à primeira pergunta.

Primeiramente, gostaríamos de dizer que essa dúvida

tem origem no pensamento cartesiano vigente na

civilização ocidental. Uma coisa precisa sempre vir

antes da outra. Uma coisa deve sempre ser a causa,

enquanto a outra se converte em resultado.

Um momento! Vamos arejar o

pensamento

No campo das ciência humanas, muitas vezes

as coisas nascem simultaneamente, interligadas,

em processo de interdependência. Não é possível

separar uma da outra sem que se cometa um erro

de interpretação do fenômeno.

Ao mestre com carinho

Acreditamos que existe um exemplo perfeito

para elucidar essa questão. Se você, leitor, tem

mais de 30 anos, já deve ter assistido ao famoso

filme inglês “Ao Mestre com Carinho” (“To Sir,

with Love”), lançado em 1967. O protagonista é

Mark Thackeray, vivido pelo famoso Sidney

Poitier. Trata-se de um engenheiro negro

desempregado que resolve dar aulas num bairro

operário de Londres. Seus alunos são

adolescentes problemáticos e socialmente

desajustados. Vêm de famílias desestruturadas e

manifestam suas frustrações no ambiente escolar.

São agressivos e desrespeitosos. Obviamente,

logo tentam provocar o professor, um homem

paciente e disciplinado.

Há um momento em que o professor perde a

compostura e quase cai na armadilha preparada

para desmoralizá-lo. Numa nova tentativa, no

entanto, ele tenta aproximar-se dos estudantes,

num esforço pedagógico que vai além do ensino

convencional da matéria. Ele discorre sobre

comportamento, postura e responsabilidade. E

emprega textos selecionados e outras dinâmicas

de grupo para instaurar debates que resgatem a

autoestima da turma.

Com o tempo, não sem uma série de tropeços,

o professor ganha a confiança da sala e triunfa

em sua aventura educativa.

E qual é a lição que podemos tirar do filme?

Diríamos que a lição é a necessidade de uma

abordagem integral e holística nesses processos

de transformação humana. O mestre Thackeray

26 T .D 164 / 2010

Ele tenta aproximar-se

dos estudantes, num

esforço pedagógico que

vai além do ensino

convencional da matéria

GESTÃO

27T .D 164 / 2010

Leila Navarro é conferencista internacional e José Maria Gasalla, consultor

internacional, é criador do modelo Gestão por Confiança sediado em Madri

foi ganhando a confiança dos alunos enquanto os

educava. E, ao mesmo tempo, enquanto os

educava, estabelecia laços de confiança. Uma via

de mão dupla, portanto.

Se não há um ambiente de confiança, é muito

difícil construir-se um processo conjugado de

ensino e aprendizado. Um professor que não confia

na capacidade de seus alunos tende a desprezá-

los, a dar menos de si no labor pedagógico. Alunos

que não confiam no professor tendem a duvidar

de suas orientações e, consequentemente, a

desvalorizar a sessão de estudos.

Concomitantemente, é evidente que a

confiança se obtém por meio de um exercício

educativo integral. Há quatro dimensões nessa

jornada de conquista de corações e mentes.

1 – É preciso ter um olhar dialético sobre o

outro, entender exatamente quem é o aprendiz,

como ele se relaciona com o mundo e o que

espera da experiência de construção do

conhecimento.

2 – É necessário oferecer sempre o exemplo

autêntico de alinhamento com as coisas ditas,

ou seja, coerência. Quem determina um padrão

não pode dele divergir. Quem valoriza o

respeito não pode desrespeitar seu interlocutor.

3 – É fundamental que o professor tenha

clareza e transparência em todos os seus

procedimentos. Ele não pode ocultar nem

efetuar joguetes de segundas intenções. Se quer

ter sucesso, precisa jogar limpo.

4 – Se o aprendizado depende de repetição, é

imprescindível que as ações do mestre tenham

sempre o mesmo viés e propósito. Sem

consistência, não se ganha credibilidade.

Ao estabelecer a ponte com a classe, o

professor Thackeray procurou entender a

realidade particular dos estudantes e

compreender a relação que tinham com o

universo escolar. Depois, mostrou-se coerente

ao respeitar aqueles de quem exigia respeito. Foi

ainda claro em suas intenções. Buscou a harmonia

coletiva ao explicitar o valor da educação para a

vida em sociedade. Por fim, seguiu uma linha de

reprise de condutas, empenhando-se em

estabelecer um padrão decodificável pela turma.

Parece tudo complexo, mas é tudo muito

simples. A natureza nos oferece inúmeros

exemplos desse binômio confiança-educação.

Se você tem um cachorro, sabe bem do que

estamos falando. Quando um novo animal chega

à nossa casa, ainda pequenininho, ele

normalmente está assustado ou curioso. Ele não

sabe bem o que fazer e como fazer. Por isso, acaba

sujando a cama com as patas enlameadas, roendo

o pé da mesa e, às vezes, até cravando os dentes

na sua canela ou na de um parente ou amigo.

Perceba que a falta de educação está

Não raro, o funcionário

percebe que os métodos

produtivos são

incompatíveis com as

rebuscadas frases que

expressam a missão

organizacional. Tudo

parece uma maquiagem

GESTÃO

28 T .D 164 / 2010

intimamente ligada à falta de confiança. Durante

um bom tempo, o cão se entrega a essas

traquinagens. Então, se você for um bom dono,

vai iniciar um processo educativo-afetivo para

criar uma relação de confiança com seu novo

amigo. Enquanto o educa, vai ganhando sua

confiança. E enquanto conquista sua confiança

vai facilitando sua missão educativa.

Aulas secas

No caso das corporações, ainda percebemos

graves imperfeições na formação dos quadros de

colaboradores. Existem processos admissionais

que se pautam por exaustivos treinamentos ou

por palestras em que são expostas regras e mais

regras de conduta. Normalmente, são aulas

“secas”, ministradas antes que os ingressantes

assimilem a cultura organizacional. Essas

simulações normalmente se convertem em

retumbantes fracassos porque estão formalmente

distanciadas da realidade da empresa.

É o caso da preparação de funcionários para

o SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente).

Ensina-se toda uma liturgia de procedimentos

éticos, mas os mestres não esclarecem que, na

prática, a corporação tem poucas linhas

telefônicas e evita revelar que a norma informal

vigente é dispensar o cliente reclamante em

menos de três minutos.

Aí, formula-se a inevitável pergunta: como

esses colaboradores vão confiar em pessoas que

pregam isso e fazem aquilo? Por conta desses

desvios, muita gente já sai dos treinamentos com

um pé atrás, desconfiando da organização e

também de seus líderes. Se a relação tem início

com uma farsa, será difícil constituir uma relação

de confiança entre comandantes e comandados.

Desde o primeiro momento, é preciso que as

mensagens correspondam às práticas. Não raro,

o funcionário percebe que os métodos produtivos

são totalmente incompatíveis com as rebuscadas

frases que expressam a missão organizacional.

Tudo parece uma maquiagem.

Muitos coaches, consultores e professores se

deparam com altas barreiras no momento de

iniciar ciclos de aperfeiçoamento nas empresas.

Encontram pessoas resistentes, incrédulas e até

hostis às iniciativas educacionais. Isso porque

elas simplesmente não confiam em suas

lideranças e odeiam os regimes de trabalho em

vigor na empresa. Algumas julgam-se

desprezadas, outros sobrecarregadas, outros

desrespeitadas, outros enganadas.

Nesses momentos, a falta de empenho nas

atividades educativas evidencia uma predisposição

íntima à sabotagem. Na verdade, muitos ficariam

felizes em ver o circo pegar fogo. Gargalhariam de

satisfação ao perceber suas lideranças em apuros,

desmoralizadas e desesperadas.

A cultura de confiança

somente será

estabelecida se os

exemplos do corpo

diretivo forem claros e

convincentes. Essas

atitudes servirão como

aulas cotidianas

29T .D 164 / 2010

Educar para a confiança é, portanto, uma

exigência básica das empresas dinâmicas, inovadoras

e competitivas. Ao mesmo tempo, a confiança é pilar

fundamental dos processos educativos de

aprimoramento. A educação permite otimização,

elevação da qualidade, fluidez, maior velocidade e

evolução na escala dos negócios corporativos. A

confiança, por sua vez, estabelece cooperação,

compreensão, disposição, mobilização e

autodisciplina.

Na atualização das ferramentas de educação

corporativa, o objetivo prioritário deve ser, sempre,

a criação de uma cultura de confiança capaz de

alavancar as iniciativas inovadoras. Nesse sentido, é

necessário que se invista na dimensão individual, com

ênfase no fortalecimento da autoconfiança. Esse

trabalho deve se iniciar pelo corpo diretivo e

prosseguir até os colaboradores da base produtiva, o

que inclui até mesmo os terceirizados que atuam na

companhia.

Convém sublinhar, mais uma vez, que essa cultura

de confiança somente será estabelecida se os

exemplos do corpo diretivo forem claros e

convincentes. Essas atitudes servirão como aulas

cotidianas. Quando forem coerentes e consistentes,

gerarão confiança e bom desempenho.

Se o desafio da gestão passou a ser, neste século, a

gestão da mudança, será necessário um esforço de

educação permanente dos recursos humanos, tanto na

área técnica como na área das condutas. As empresas

serão, daqui para frente, também escolas de tempo

integral, dirigidas para a construção de ambientes

criativos e processos de inovação. Na cultura da

confiança, esse aperfeiçoamento não tem fim, e o

aprender se mistura ao fazer. Como dizia o filósofo do

pragmatismo John Dewey, “a educação é um processo

social, é desenvolvimento; não é a preparação para a

vida, é a própria vida”.

EDUCAÇÃO CORPORATIVA

32 T .D 164 / 2010

Práticas e resultados daeducação corporativaTrabalho realizado por equipe de pesquisadores da FIA FEA/

USP mostra que ainda há pouca avaliação dos resultados

das ações de educação corporativa na estratégia das

empresas

P E S Q U I S AN A C I O N A L

2 0 0 92 0 0 92 0 0 92 0 0 92 0 0 9

Por Marisa Eboli, Flávio Hourneaux Junior, Sérgio Mancini e Bruno Campanholli

T .D 164 / 2010 33

conhecimento sobre as

práticas e resultados da

gestão nas organizações é

uma necessidade clara

para as empresas dos

mais diversos setores.

No que se refere ao tema

Educação Corporativa

(EC) —uma das ferramentas que contribuem

para a efetivação da estratégia organizacional—

, essa carência tem sido fortemente indicada nos

contatos com os profissionais atuantes na área.

Assim, uma pesquisa abrangendo o tema de

forma ampla e profunda, com amplitude

nacional, parece plenamente justificada e

necessária. Com este propósito, foi criada a

“Pesquisa Nacional – Práticas e Resultados da

Educação Corporativa 2009”, realizada pela

equipe de pesquisadores da Fundação Instituto

de Administração (FIA), sob a coordenação da

professora Marisa Eboli, da FIA e da Faculdade

de Economia, Administração e Contabilidade

da Universidade de São Paulo – FEA/ USP.

A FIA e FEA/ USP, já há uma década, têm

sido pioneiras no desenvolvimento do tema da

educação corporativa no Brasil, por meio de

atividades de ensino com cursos de extensão, pós-

graduação lato e strictu sensu; elaboração de

pesquisas, com inúmeros artigos publicados em

congressos nacionais e internacionais, periódicos

acadêmicos, revistas de circulação nacional e

livros; e extensão, com a realização de diversos

projetos de concepção e implementação de

universidades corporativas em organizações

brasileiras.

Portanto, buscou-se identificar as práticas

correntes das empresas nos seus processos de

gestão da educação corporativa, usando-se como

referência os mais importantes temas dentro

desse assunto.

A pesquisa aborda dezesseis diferentes temas

que constituíram a base para a construção do

questionário enviado às organizações. Esses

temas foram definidos com base na literatura

disponível.

Para cada tema foram escolhidas as variáveis

consideradas mais relevantes para a elaboração

da pesquisa, possibilitando uma ampla análise

das ações de educação corporativa das

organizações. O trabalho contou com o

patrocínio de seis organizações (Universidade

Ambev, Eletrobrás, Grupo Santander Brasil, Itaú

Unibanco, Nestlé e Sebrae Nacional), o que

viabilizou sua realização. Os temas são os

seguintes:

1. Perfil das organizações

Determinar quais as principais características

das organizações respondentes, visando traçar

um breve perfil daquelas que utilizam a educação

corporativa e identificar traços comuns ou

distintivos entre elas.

2. Perfil dos responsáveis pelo SECs

Identificar quais as principais características

dos responsáveis pela educação corporativa nas

organizações respondentes, visando traçar um

perfil e identificar traços comuns ou distintivos

entre estas pessoas.

3. Estrutura dos SECs (Sistemas de Educação

Corporativa)

Averiguar a estrutura dos SECs no Brasil e

no exterior, em termos de número de pessoas e

sua posição no organograma funcional das

organizações.

Marisa Eboli é doutora em Administração pela FEA-USP, onde leciona desde 1987. Tem experiência na área de Administração de

Recursos Humanos e é especialista em educação corporativa. Flávio Hourneaux Junior é doutor em Administração de Empresas

pela FEA-USP e professor em cursos de pós-graduação e consultor. Sérgio Mancini é engenheiro químico e doutor em Ciência

Ambiental no PROCAM/USP em Responsabilidade Socioambiental. É instrutor do Uniethos e professor do SENAC para os cursos de

Administração e Engenharia Ambiental. Bruno Campanholli é graduando em Administração de Empresas pela FEA-USP.

O

EDUCAÇÃO CORPORATIVA

34 T .D 164 / 2010

4. Alinhamento estratégico e inserção na cultura

organizacional

Verificar se as ações educacionais estão

vinculadas à formação e ao desenvolvimento das

competências da organização e até que ponto isso

é refletido na sua cultura.

5. Integração com demais áreas, processos,

práticas e políticas (gerais e de gestão de pessoas)

Examinar até que ponto as políticas e práticas

de EC estão relacionadas e alinhadas ao que

ocorre nas demais áreas e demais subsistemas de

gestão de pessoas.

6. Modelo de governança do SECs

Identificar as práticas de governança adotadas

pelas organizações pesquisadas (existência de

comitês, participação de membros externos à

área de educação corporativa e outros) e apontar

os processos de mudança e de aperfeiçoamento

(e seus fatores) dos SECs no decorrer do tempo.

7. Internacionalização da educação corporativa

Determinar como as empresas brasileiras que

se internacionalizam enfrentam o desafio de

desenvolver pessoas em outros países.

8. Programas educacionais

Verificar: como são estruturados os diversos

programas educacionais (tipos, foco,

abrangência, formato); quais são os públicos

(internos e externos) atendidos pela educação

corporativa das organizações; e como são geridas

as parcerias ligadas à educação corporativa entre

as organizações, tanto internamente (provedores

internos), como externamente (instituições de

ensino, consultorias e outros).

9. Práticas de EaD (educação a distância)

Identificar como as organizações utilizam a

tecnologia para prover soluções educacionais aos

seus vários públicos.

10. Integração com as práticas de gestão do

conhecimento

Constatar como (e se) as organizações têm

obtido sinergia entre as iniciativas de educação

corporativa e gestão do conhecimento.

11. Mensuração e avaliação de resultados

Examinar como as organizações têm

procurado gerenciar o processo de mensuração

e avaliação dos resultados obtidos em suas

iniciativas de educação corporativa.

12. Papel dos líderes na educação corporativa

Verificar o que é esperado por parte dos

gestores dos SECs e das lideranças da organização

para a efetividade das práticas de educação

corporativa.

13. Comunicação

Identificar as principais formas e vias de

comunicação das atividades e dos resultados

referentes às ações de educação corporativa e

quais os públicos que participariam desse

processo.

14. Investimentos e Recursos

Descrever as principais formas de custo e

investimentos e como as organizações gerem os

seus orçamentos e seu pessoal envolvidos nas

Buscou-se identificar as

práticas correntes das

empresas nos seus

processos de gestão da

educação corporativa,

usando-se como referência

os mais importantes temas

dentro desse assunto

P E S Q U I S AN A C I O N A L

2 0 0 92 0 0 92 0 0 92 0 0 92 0 0 9

atividades de educação corporativa.

15. Tendências para a educação corporativa

Determinar qual a percepção dos gestores de

educação corporativa das organizações no que

se refere ao futuro do tema, nos mais variados

aspectos.

16. Desafios para a educação corporativa

Identificar qual a percepção dos gestores de

educação corporativa das organizações no que

se refere ao momento atual do tema, nos mais

variados aspectos.

O início da etapa de campo da pesquisa foi

em 27 de agosto de 2009. O encerramento da

coleta de dados foi em 28 de outubro de 2009, e

envolveu a participação de 54 organizações

pertencentes a diversos setores da economia

nacional. Com o propósito de facilitar a análise,

o conjunto de respondentes foi agrupado em cinco

grandes setores:

� Infraestrutura (7 respondentes);

� Indústria (19 respondentes);

� Serviços (18 respondentes);

� Comércio Varejista (5 respondentes); e

� Setor Financeiro (6 respondentes).

Entre os principais resultados da pesquisa,

pode-se destacar:

� O perfil das organizações praticantes da

educação corporativa é formado por grandes

empresas, inseridas em cadeias de produção

globais e complexas, envolvendo competências

estratégicas que compreendem muitas partes

interessadas ao longo dessa cadeia.

� O perfil dos responsáveis pelos Sistemas de

Educação Corporativa (SECs) revelou pessoas

com bom nível de maturidade e capacidade

técnica.

� Com relação à Estrutura dos SECs, pode-

se dizer que são estruturas novas, com

funções de grande responsabi l idade e

posicionadas em nível estratégico.

� Em termos de Alinhamento Estratégico e

Inserção na Cultura, a pesquisa sugere que as

ações educacionais são voltadas para o

atendimento da estratégia, mas o processo pode

estar desvinculado do planejamento estratégico

da empresa e que a educação corporativa ainda

não está inserida plenamente na cultura da

empresa.

� O Modelo de Governança das empresas

pesquisadas apresenta ainda deficiência com

relação à presença de comitês, sendo que

aproximadamente um terço delas não tem

nenhum tipo de comitê em sua estrutura.

� Quanto à Internacionalização da Educação

Corporativa, percebe-se igualmente correntes

opostas entre centralização e descentralização de

orçamentos e desenvolvimento de programas.

� Os programas educacionais têm como

principal critério as demandas de Unidades

Estratégicas de Negócio (UENs) e

35T .D 164 / 2010

A pesquisa sugere que

as ações educacionais

são voltadas para o

atendimento da

estratégia, mas o

processo pode estar

desvinculado do

planejamento estratégico

da empresa

preenchimento de gaps, sendo que as práticas de

educação a distância ainda têm um grande

potencial de crescimento.

� Quanto à Mensuração e Avaliação dos

Resultados, pode-se dizer que ainda se

encontram em um nível prematuro,

possibilitando um grande potencial para uso de

metodologias como o Balanced Scorecard (BSC)

para esse fim.

� O Papel dos Líderes nos SECs, de forma

geral, parece ainda não ter sido assimilado por

estes, possivelmente comprometendo os

resultados e a continuidade das ações de educação

corporativa.

� Com relação à Comunicação das Ações de

Educação Corporativa, ela não é realizada ainda

com várias das partes interessadas durante o

processo.

� No que diz respeito a Investimento e

Recursos em Educação Corporativa, a maioria

dos respondentes encontra-se na faixa de investir

entre 1% a 3% da sua folha de pagamento, mas

um percentual considerável (19%) investe acima

de 5%.

� Como Tendências para a Educação

Corporativa, foram identificados os seguintes

aspectos: o uso contínuo de tecnologia e sistemas

de informação; a presença de parcerias com

outras empresas, com a formação de

universidades corporativas setoriais; a integração

entre ações da educação corporativa e das demais

áreas da empresa; a consolidação das práticas

existentes no mercado; e a educação corporativa

como elemento indutor da sustentabilidade na

empresa.

� Como Desafios para a Educação

Corporativa, foram apontados os seguintes

aspectos: a extensão da educação corporativa a

todas as partes interessadas; uma maior

conscientização das lideranças sobre a

importância da educação corporativa; a inserção

da educação corporativa na cultura da empresa;

a mensuração dos resultados da educação

corporativa; e o alcance das estratégias

relacionadas ao desenvolvimento sustentável por

meio das ações de educação corporativa.

Uma evolução do conhecimento do tema

poderia levar a critérios para definição de estágios

de maturidade dos sistemas de educação

corporativa. Com a análise, foram identificadas

variáveis que poderiam nortear critérios que, no

entanto, terão de ser alvo de pesquisas mais

aprofundadas para sua validação, uma vez que,

na amostra realizada, verificou-se que ainda há

pouca avaliação dos resultados das ações de EC

na estratégia das empresas. Houve uma

preocupação de introduzir e comparar

brevemente os temas da pesquisa com o que existe

na literatura dos respectivos temas, sem que, no

entanto, esgotem-se as discussões.

O papel dos líderes nos

SECs parece ainda não

ter sido assimilado por

estes, possivelmente

comprometendo os

resultados e a

continuidade das ações

de educação corporativa

EDUCAÇÃO CORPORATIVA

36 T .D 164 / 2010

P E S Q U I S AN A C I O N A L

2 0 0 92 0 0 92 0 0 92 0 0 92 0 0 9

CONGRESSO ASTD

“WE LEARNING”

A tendência desta década

A realização do congresso

anual da ASTD confirma a

ênfase e ampliação do

aprendizado através das

redes e tecnologias sociais

Anualmente, a conferência

internacional da ASTD

aponta as melhores práticas

no campo do desenvol-

vimento profissional e as

tendências para os próximos

anos. Mesmo assim, para a

maioria dos congressistas

brasileiros que estiveram em Chicago (Estados

Unidos), fica a impressão de que a lista de opções é

muito ampla, com muitas ofertas de sistemas,

metodologias e programas de T&D. Mais do que isso:

a constatação de que o mercado brasileiro é tão

exigente quanto o dos principais países econômicos.

38 T .D 164 / 2010

Some-se ainda a nossa ansiedade, constante, para

descobrir o que trará mais sucesso junto aos

profissionais das nossas organizações —num mundo

com tanta oferta de informação e tanta carência de

utilização inteligente de conhecimento!

Num mercado cada vez mais exigente e carente

de competências e de talentos, é fundamental saber

priorizar e definir os programas e investimentos que

serão feitos para desenvolver as pessoas.

A ASTD é um dos balizadores mais importantes

para este processo de definição, porque retrata,

através de 270 palestras e mais de 400 expositores, o

que está acontecendo de melhor e o que vai acontecer

no mundo do T&D e de seus desdobramentos com

todos os demais subsistemas de RH (seleção,

avaliação, remuneração, gestão, etc.).

Por isso, o privilégio que tive em trabalhar na

liderança de um evento tão importante me levou a

algumas conclusões. Encerrei a minha apresentação

na plenária do último dia com uma frase que propõe

uma síntese das tendências apresentadas: “Vamos

deixar Chicago com algumas lições importantes e

muitas idéias que poderemos aplicar no dia a dia,

como, por exemplo, o valor do aprendizado

contínuo, o crescimento do treinamento informal e

das redes sociais, o valor da troca de conhecimento

entre profissionais da organização e o movimento

mais importante: indo além do e-learning, pensando

no “‘WE’ learning”.

E por que acredito que estamos diante de uma

nova postura em educação empresarial, através das

redes de conexão, do compartilhamento coletivo?

Com a maior oferta de tecnologia na primeira

década dos anos 2000, através dos celulares, TV

digital, internet, etc., o ser humano experimentou

uma década de “enclausuramento” e

individualismo. Surgiu a idéia de que ficaríamos

plugados à TV, sentados na sala de estar, achando

39T .D 164 / 2010

que estávamos

atualizados e

vivendo o mun-

do através da

telinha. Este fe-

nômeno social

mundial estimu-

lou também os

mecanismos de

aprendizagem

que denomi-

namos de e-lear-

ning, hoje muito utilizados nos mais variados

segmentos de mercado. Muito embora vários

programas de e-learning sejam multiusuários, sua

maior justificativa de uso nos ambientes empresariais

foi a capacidade de pulverização, multiplicação e

individualização do conhecimento. Em muitos

casos, é muito pertinente esta aplicação. Nada disso

será eliminado.

O que concluiu-se em Chicago é que a sociedade

caminha, rapidamente, para uma nova conceituação

de coletivo, uma nova proposta do conceito de grupo,

de geração do conhecimento de forma coletiva.

Ouvi Tony Bhingham, CEO da ASTD, em sua

palestra de abertura na conferência, afirmar:

“Concluímos uma pesquisa (‘The rise of social

media’) na qual detectamos que em 2014 as empresas

americanas contarão com 47% da força de trabalho

constituída por profissionais entre 16 e 33 anos,

representantes da geração ‘Milênio’. Este

contingente buscará compartilhar e desenvolver seu

conhecimento através de novos meios”. E este

fenômeno acontece em todos os países nos cinco

continentes, inclusive aqui no Brasil.

É um mundo novo, descrito de forma clara pela

“sociologia do conhecimento”, que estuda a geração

de conhecimento relacionando-o às relações sociais

O autor foi o presidente do congresso internacional da ASTD, realizado em maio deste ano, em Chicago, EUA,

sendo o primeiro estrangeiro a ocupar essa posição em 60 anos da história da entidade

Por Alfredo Castro

40 T .D 164 / 2010

CONGRESSO ASTD

envolvidas nesse processo. Com o “retorno” do ser

humano individualizado (isolado pela tecnologia)

para o ser humano coletivo (estimulado pelas redes

sociais e um novo conceito de conectividade),

estamos diante de uma década que tratará da

combinação entre a gestão do conhecimento e a

ambiência social.

O difícil é criar nas organizações o cenário para

que isto possa acontecer de forma irrestrita, benéfica,

ampla e democrática.

Presente à conferência estava Marcia Conner,

co-autora, juntamente com Tony Bingham, do livro

que acaba de ser publicado: “The New Social

Learning”. Pesquisadora do tema “conhecimento e

suas implicações no mundo empresarial”, ela foi

taxativa quando se referiu ao uso das redes sociais

no processo de aprendizagem informal: “Esta é a

maior revolução social da atualidade, que vai

impactar a forma como as empresas capacitam seus

executivos”.

A minha conclusão é de que teremos que rever

todos os nossos conceitos de controle e gestão do

conhecimento. No novo paradigma, a nossa

preocupação não será mais voltada para a administração

quantitativa dos programas de treinamento, mas para a

significância dos principais valores da organização, sua

missão e resultados empresariais. Vamos, finalmente,

atuar como facilitadores do processo de

desenvolvimento das pessoas, criando ambientes

abertos, informais, que estimulem a troca, a discussão

diversificada, e que motive o compartilhamento de

idéias, perguntas e respostas.

Como fazer isso?

O mercado já está fazendo, em diversos formatos,

mas cabe aos profissionais de T&D lançar mais

ousadia nesse processo. Quando pesquisamos opções

na internet, ou quando compartilhamos informações

sobre um produto ou serviço que adquirimos,

estamos fazendo um processo informal de

aprendizagem.

A fórmula, então, é simples: mudar o nosso

conceito de que somos estruturadores de programas,

passando a ocupar uma posição de articuladores de

um processo mais aberto, inclusivo, coletivo, abrindo

caminho para uma nova geração de pessoas, com

novos valores, uma nova atitude, diferente daquela

individualização proposta na década passada.

Em síntese, como eu mesmo disse para os colegas

da ASTD: “iremos muito além do e-learning,

passando a perceber o grande benefício do ‘we

learning’.”

A American Society for Training and

Development (ASTD) —astd.org— é a maior

associação de profissionais de T&D do

mundo. Congrega mais de 50 mil membros

de 70 países e realiza anualmente um

congresso internacional com a participação

média de 9 mil congressistas. Possui mais

de 21 mil membros no LinkedIn, 7 mil

seguidores no Twitter e Facebook e 8 mil

participantes em fóruns virtuais de

discussão.

No novo paradigma, a

nossa preocupação estará

voltada para a significância

dos principais valores da

organização, sua missão e

resultados empresariais

CONGRESSO ASTD

42 T .D 164 / 2010

m 16 de maio passado dirigi-

me ao centro de convenções de

Chicago e procurei a sala onde

o meu amigo Alfredo Castro,

que na sua qualidade de

chairman, estava a realizar uma

sessão de orientação dos

participantes internacionais da conferência e exposição

internacional da ASTD. Ao entrar na sala fui

imediatamente interpelado por um amigo e colega

mexicano que antes mesmo de me cumprimentar da

forma habitual me disse de imediato: “Faltaste a duas

conferências!”.

ASTD 2010: a bola

de cristalNão é adivinhação, mas

antecipação: o congresso é

uma ótima oportunidade de

antever o futuro,

especialmente quando o

tema é treinamento informal

EPor Filipe Carrera

Ele tinha razão. Efetivamente fui a todas as

conferências entre 2002 e 2007, mas faltei, para pena

minha, às edições de 2008 e 2009. De meu ponto de

vista, foi apenas um pequeno interregno, pois nesse

tipo de conferências tendemos a criar relações e

amizades que perduram, apesar do tempo e da distância

que nos separa.

Por isso gosto de todos os anos ir à conferência da

ASTD. Para além da renovação dos contatos e dos

laços de amizade que me unem com pessoas de todos

os continentes que participam neste evento único, tenho

a oportunidade de me inspirar, trazer novas

oportunidades de negócio e mesmo vislumbrar o

futuro.

Em 2007 eu tive a honra de trazer um pouco desse

futuro, pois fui selecionado para apresentar, na

conferência daquele ano, que se realizou em Atlanta,

uma sessão sobre o Treinamento Informal, em que

procurei explicar aos participantes a importância dessa

modalidade de treinamento. Apesar de ter uma sala

quase cheia, senti-me um pouco solitário, pois era um

dos poucos oradores, senão o único, que se tinha

atrevido a falar dessa modalidade de treinamento como

uma verdadeira alternativa ao treinamento tal como o

conhecemos.

Acredito que a conjuntura não me era favorável, a

economia mundial continuava a crescer e parecia que

nunca iria parar de crescer, por isso falar de uma

modalidade de treinamento que pode reduzir as

necessidades de financiamento em 90%, com aumentos

de eficácia extraordinários, não era certamente o

assunto mais sexy. Todos procuravam soluções de

continuidade, pois não havia qualquer pressão para

inovar de forma radical.

Três anos mais tarde voltei à ASTD como orador,

mas tudo tinha mudado. Encontrei um ambiente de

moderado otimismo entre os mais de 8 500

profissionais presentes da área de treinamento e recursos

humanos. Estavam mais abertos à inovação, a questões

como o e-learning ou o treinamento informal são dados

adquiridos e alternativas eficazes às formas tradicionais

de treinamento.

Talvez por este novo ambiente, ao chegar cinco

minutos antes de começar a minha sessão, fui

questionado à entrada por uma das voluntárias da

organização. Perguntara-me se era o orador. Tal nunca

me tinha acontecido, mas logo que entrei, rapidamente

percebi a razão da pergunta. Se fosse participante, não

tinha lugar, a sala estava completamente cheia. Mesmo

antes de começar, mais de 200 pessoas estavam a minha

espera, algo que me encheu de orgulho e ao mesmo

tempo me responsabilizou.

Felizmente, entre 2007 e 2010 realizei diversos

projetos no domínio do treinamento informal, e fiquei

muito feliz de poder partilhar minhas experiências e

aprendizagens com tantos participantes.

Apesar de todo o buzz à volta dessa nova forma de

treinamento, senti a necessidade de explicar que, para

mim, o treinamento informal é toda a forma de

transferência de conhecimento não sistemática e sem

objetivos previamente definidos. Por exemplo,

acontece quando um colaborador explica a outro como

realizar um determinado procedimento, sendo essa

uma forma de treinamento “just-in-time”, que responde

a dois grandes desafios atuais de qualquer departamento

de recursos humanos: redução de recursos financeiros

e maior velocidade da mudança.

O problema dessa forma de treinamento é que as

melhores e piores práticas são passadas de colaborador

a colaborador da mesma forma, sendo esta uma razão

a mais para investir decididamente nesse tipo de

treinamento, em vez de ficar de fora.

Por isso introduzi um conceito que tenho

trabalhado nos últimos seis anos: pílulas de

conhecimento, pequenos objetos de aprendizagem, em

formato multimídia e criados diretamente pelos

43T .D 164 / 2010

O autor é consultor e conferencista internacional sediado na

cidade do Porto, Portugal

detentores do conhecimento e validados por terceiros,

para assegurar que se tratam de boas práticas.

De seguida, partilhei três projetos que liderei como

formador e consultor. Sem muito me estender, irei

partilhar com leitor apenas um dos projetos que foi

realizado numa multinacional de origem portuguesa,

em que fui chamado para resolver o seguinte problema:

apesar dos elevados investimentos feitos em

equipamentos, softwares e treinamento formal, os

colaboradores da empresa continuavam a utilizar mal

ou a não utilizar as ferramentas colaborativas que

estavam à sua disposição, com grandes perdas de

produtividade.

A empresa aceitou a minha idéia e criamos

conteúdos, 30 vídeos num dia (sim, em um dia, você

não leu mal). Esses vídeos são gravações da realização

de procedimentos, narrados pelo colaborador detentor

do conhecimento e com o apoio de um consultor. Os

vídeos foram validados numa semana e fizemos 15

sessões de treinamento presencial de um dia cada, com

o objetivo de criar as condições para a mudança.

Foi muito interessante dar treinamento sobre

ferramentas informáticas sem computadores para os

participantes. Aliás, tive algumas reações no início,

por parte dos participantes, que eram um misto de

surpresa e indignação: “Como podemos aprender algo

sobre ferramentas informáticas se não temos

computadores para praticar?”.

Curiosamente, no final, as avaliações refletiam uma

realidade completamente diferente. Surgiram frases

como: “Ainda bem que não havia computadores”;

“Aprendi mais sem computadores do que quando temos

computadores”; “Finalmente tenho a certeza que vou

fazer bem”.

Mas o que aconteceu no meio para suceder tal

mudança de espírito? Primeiro, fizemos um exercício

para identificar os principais problemas que os

participantes encontravam no seu dia a dia de trabalho.

Por que tínhamos feito o nosso trabalho, em 95% das

vezes os problemas apontados correspondiam às

soluções preconizadas nos vídeos que fizemos com

colaboradores da empresa.

Depois vimos e discutimos apenas quatro dos

vídeos produzidos, dando a todos os participantes um

CD com todos os vídeos, o que tornou o treinamento

muito mais eficaz. Todos nós sabemos que o

treinamento em sala com computadores é uma

experiência frustrante para todas as partes. Muitas vezes

os participantes não sentem a necessidade do

treinamento em todas as suas partes, não aplicam

imediatamente o aprendizado no local de trabalho e,

por conseguinte, esquecem o que aprenderam.

Para evitar esses problemas do treinamento formal,

são criados manuais por pessoas que não gostam de

escrever para pessoas que não gostam de ler. Uma

receita para o desastre. Os resultados desse projeto foram

assombrosos:

� Poupança de USD 13 000 por mês, considerando

apenas os 150 participantes diretos envolvidos.

� As pessoas começaram a abandonar práticas de

trabalho não-colaborativas.

� Os participantes começaram a partilhar com os

colegas os vídeos criados, aumentando o âmbito das

pessoas abrangidas para milhares de funcionários.

� O custo da ação representou cerca de 10% da

alternativa formal, pois reduziu custos de formadores,

consultores, equipamento, sala e criação de conteúdos.

E foi eficaz.

Costumo dizer aos meus colegas que adoro ir ao

congresso da ASTD, pois é uma forma fantástica de

vermos o futuro. Agora, digo isso mais do que nunca: o

futuro vai passar pelo treinamento formal. Nós, que

trabalhamos nessa área, ou nos adaptamos ou seremos

extintos como os dinossauros.

Nos vemos em Orlando, na ASTD 2011!

T .D 162 / 201044

CONGRESSO ASTD

“C

CONEXÃO

46 T .D 164 / 2010

de W.P. Kinsella, pode funcionar para construir campos

de beisebol mágicos (ou, quem sabe, campos de futebol),

mas dificilmente funcionaria para a maioria das

aplicações de negócios. No entanto, em sua maneira

MÍDIA SOCIAL: moda

ou tendência?

As redes de relacionamento vão além da mera troca de

fofocas e amenidades. Elas podem ser verdadeiras

ferramentas de aprendizado

onstrua e eles virão”. Esta frase

do livro “Shoeless Joe” (“Joe

sem sapatos”, no qual se baseia

o filme “O Campo dos Sonhos”),

própria, é um início. Afinal, não construir nada já é

uma garantia. A garantia de que ninguém virá. O

mesmo é verdade em mídia social. O conceito é quente

nos negócios hoje em dia, mas envolve mais do que

simplesmente construir uma plataforma, abrir o acesso

e esperar que grandes massas subitamente queiram

comunicar-se e compartilhar. Para criar uma rede social

de relacionamento deve-se ter estratégia e propósito.

Primeiramente, coloquemos as coisas na

perspectiva correta. É importante garantir que estamos

nos comunicando no mesmo contexto. Então vamos

definir um termo-chave. A Wikipedia define o termo

“mídia social” como:

“Mídia para interação social, utilizando técnicas

de publicação altamente acessíveis e de escala. A mídia

social utiliza técnicas baseadas em rede para publicar e

transformar monólogos em diálogos midiáticos sociais.

Elas dão suporte à democratização do conhecimento e

da informação e transformam as pessoas de

consumidores de conteúdo em produtores de

conteúdo”.

As atividades com as quais nos envolvemos quando

estamos utilizando uma rede social não são novas,

únicas ou dependentes de tecnologia. São atividades

que fazem parte do ser humano que vive em

comunidade.

Como membros de uma organização com ou sem

tecnologia, temos praticado as agora chamadas

“atividades de mídia social” desde que, como espécie,

vocalizamos nossas primeiras palavras (ou grunhidos).

A tecnologia da mídia social faz com que nossos

esforços ganhem poder exponencial como nunca antes

na história. É aí que reside o verdadeiro valor da mídia

social.

Hoje, podemos colecionar, compartilhar, colaborar,

aumentar e engajar nossa rede com uma velocidade e

um alcance sem precedentes. Um problema pode

ocorrer com uma

empresa na China

e ser solucionado

no Brasil. Uma

pergunta pode ser

feita na Índia e

respondida na

Turquia. O capital

intelectual de

nossa espécie é

agora captado e

acessado via mídia social.

Brian Solis, autor de “Engage”, chama a mídia

social de “redistribuição de influência”. É aqui que

estabelecemos o propósito deste artigo.

Tradicionalmente, influência e informação eram

centralizadas. Como profissionais do aprendizado

tínhamos a chave da influência. Se um gerente quisesse

um treinamento, o departamento de treinamento

deveria criá-lo. Se um funcionário precisasse de uma

resposta em uma questão de RH, ele teria de passar por

toda uma cadeia de gerenciamento para encontrar a

resposta. Nessa estrutura, todas as respostas levam ao

topo da pirâmide como se alguma deidade ou um mago

estivesse presente no nível mais alto e tivesse todas as

respostas. Apesar de o sistema ter funcionado por

décadas, esse nível de influência está em decadência e

em breve será tão antiquado quanto as pirâmides Maias.

A influência já não se restringe a uma estrutura

hierárquica. Com a mídia social isto tudo se

transformou e estamos todos interligados uns aos outros

e através das redes de outros. A influência agora se

baseia no conteúdo de cada um e não na posição de

cada um. No território da mídia social as pessoas

passam a seguir quem possui soluções, e não títulos. A

vantagem da estrutura é que um funcionário já não está

mais limitado à cadeia de gerenciamento e pode buscar

respostas para seus desafios de trabalho em sua rede

estendida. A estrutura de “Cadeia de Comando” é

47T .D 164 / 39

O autor é CEO da Liquid Learn Consulting - EUA

Por Terrence Wing

CONEXÃO

48 T .D 164 / 2010

limitante porque as soluções estão restritas ao capital

intelectual da cúpula que a comanda. Com a mídia

social, os recursos se tornam exponenciais conforme a

rede se expande na organização, e até fora dela, quando

o firewall permite. Poupa-se tempo e frequentemente

há idéias em abundância. Portanto, nosso primeiro

ponto é: toda organização deveria desenvolver uma

infra-estrutura de mídia social para seus funcionários,

clientes e todos os stakeholders da organização para

compartilhar conhecimento.

Se tudo isto ainda não o convenceu a usar mídia

social em sua organização, seguem aqui dez razões

adicionais pelas quais você deveria:

1. A transparência da internet permite a você ouvir o

que os seus funcionários e clientes dizem sobre você,

mas não dizem na sua frente.

2. Funcionários têm acesso a especialistas em

determinados assuntos, o que economiza tempo e

dinheiro.

3. O “Back-channel” (sala de apoio ou canal

periférico) se torna uma forma de avaliação, conduzindo

sua organização a soluções.

4. Funcionários se tornam engajados e influentes.

5. Redes de colaboração são usadas para resolver

problemas organizacionais sem ajuda.

6. Compartilhamento exponencial de melhores

práticas na organização e até na indústria.

7. A organização tem outra opção como fonte de

novas contratações em potencial por ver sua influência

na rede.

8. Os treinamentos não estão mais limitados ao

conhecimento de um instrutor, mas potencializados

por incluírem agora o capital intelectual da

comunidade.

9. As soluções são criadas globalmente e catalogadas

centralmente.

10. O capital intelectual não se perde com o turnover.

Uma vez que a informação seja compartilhada, esta se

torna propriedade da comunidade e da organização

para futuros funcionários usarem.

A lista pode ir além. Muitos diriam que a mídia

social não é uma moda passageira. Pelo contrário, mídia

social é uma integração de aprendizado, comunicação,

avaliação e sistema de montagem de equipes. O

catálogo de ferramentas de mídia social tem

literalmente centenas de itens. Para adicionar ainda

mais relevância, vamos examinar uma das ferramentas

mais populares de mídia social hoje em dia, o twitter.

A Twitter, Inc. define seu produto, twitter, como

“uma rica fonte de informação instantânea”.

Percepções comuns sobre o twitter levam os não-

usuários a crer que essa ferramenta de mídia social é

para pessoas que compartilham informações

irrelevantes, como problemas de lavanderia e fofocas.

Verdade seja dita, há uma grande quantidade de

informação inútil circulando pelo “twitterverso”. Mas

isso se parece com o quê? A internet tem uma

enormidade de informação inútil circulando de servidor

em servidor. Alguém recomendaria isolar-se e não ter

sua organização na internet por isso? É muito

improvável. O uso da internet é tão comum quanto o

de qualquer aplicação ou máquina hoje em dia. Como

usuários bem informados, aprendemos a filtrar a

internet exatamente como já fazíamos com jornais,

bibliotecas e outros. Publicações não são relevantes

Uma pergunta pode ser

feita na Índia e respondida

na Turquia. O capital

intelectual de nossa espécie

é agora captado e acessado

via mídia social

para nós o tempo todo. Assim, filtramos o que queremos

em um dado momento. Com o twitter não é diferente.

Twitter é uma incrível ferramenta de busca

também. Sites como o www.search.twitter.com

podem fornecer conteúdo tão poderoso quanto o

Google, Yahoo ou Bing. A diferença é que o twitter

não recolhe informação, recolhe usuários que

compartilham informações. Essa informação então

passa a ser parte de uma extensa base de dados que

pode ser acessada gratuitamente. Algumas dessas

informações podem ser até mais útil do que uma busca

tradicional na internet. Por exemplo, se quer saber como

os funcionários se sentem a respeito de um pacote de

benefícios, você não poderá fazer uma busca no Google

para encontrar essa informação. Entretanto, se você

tiver uma robusta rede de mídia social (como o twitter)

em sua organização, terá um nível de transparência

que nem mesmo pesquisas de satisfação têm. Além

disso, você também obtém informações de forma

imediata. Os dados são atuais, não são solicitados e são

tipicamente autênticos exatamente por isto. Quanto

você pagaria a uma consultoria de avaliação para criar

uma pesquisa para obter exatamente as mesmas

informações?

Twitter é uma plataforma de aprendizado

profissional também. Desde o twitter, o back-channel

tornou-se uma entidade em muitas salas de aula. Esse

canal de diálogo informal agrega uma dimensão

adicional a eventos de treinamento como seminários e

conferências. Na edição mais recente da Conferência

Internacional da ASTD, o Back-channel estava bastante

presente. Os participantes o utilizavam para reunir

feedback sobre os palestrantes antes de irem a uma

sessão ou davam feedback para evitar que outros fossem

a uma sessão ruim. Comentários e links de diversas

apresentações foram compartilhados e divulgados

pelos participantes e até por pessoas que conseguiram

participar. A rede de usuários desse Back-channel

chegou a coordenar um “Tweet-up”, uma reunião

informal de tweeters (nome dado a pessoas que utilizam

o twitter).

A loja Best Buy (vendedora de eletrônicos nos

Estados Unidos) percebeu o potencial de receber

feedback em tempo real. Criaram o Twelpforce

(@twelpforce no Twitter). Viram que precisavam

fortalecer o relacionamento com seus clientes. A Best

Buy melhorou seu suporte técnico para revelar sua

marca e simplesmente entrou no “twitterverso” com

sua própria identidade, visando atender às necessidades

de seus clientes. No final de 2009, a @twelpforce já

tinha oferecido 19 500 respostas a questões de

consumidores. Além disso, cada uma das respostas

fornecidas agora faz parte de uma base de dados que

qualquer pessoa pode consultar no twitter.

Talvez o aspecto de marketing da iniciativa da

@twelpforce seja evidente, mas a relação com

profissionais de RH pareça meio evasiva. Dependendo

do tamanho da organização, seus funcionários estão

falando sobre você no twitter e em outras ferramentas

de mídia social. Alguns utilizam o próprio nome, outros

utilizam apelidos e nomes fantasia, mas muitos dão a

você um dos presentes mais valiosos que um

funcionário pode dar: feedback. É a oportunidade da

49T .D 164 / 2009

A influência agora se

baseia no conteúdo de

cada um e não na posição

de cada um. No território

da mídia social as pessoas

passam a seguir quem

possui soluções, e não

títulos

50 T .D 164 / 2010

CONEXÃO

sua organização começar a ouvir. Eles podem estar

falando de quê?

� Do que sentem em relação à organização.

� Questões de logística que geram obstáculos.

� Solução de problemas.

� Fofocas e rumores.

� Inteligência competitiva.

� Melhores práticas.

� Esforços colaborativos.

Esses são apenas alguns dos assuntos. Muitos

profissionais de RH já imaginaram como seria se

pudessem ser uma mosca que ficasse na parede junto à

máquina de café e ao filtro de água, onde os funcionários

normalmente se reúnem. Com ferramentas de mídia

social como o twitter, você pode ser essa mosca. Agora

é possível ouvir e saber com o que os funcionários se

preocupam. No entanto, fique claro que isso não dá

permissão para abusos. Cenários como Big Brother

irão rapidamente esvaziar a rede social. Funcionários

devem ser livres para compartilhar sem retribuições

ou retaliações.

A segurança não deveria ser descartada, mas não

pode fechar a porta para a mídia social na organização.

As preocupações de departamentos de TI são válidas e

legítimas, portanto devem ser levadas em consideração.

Os funcionários precisam ser treinados para saber o

que é apropriado discutir em redes abertas como

twitter. Há algumas plataformas, como o twitter, que

possuem sistema de senha ou uma senha instalada por

trás do firewall (Yammer.com, por exemplo). Se você

tem uma política de e-mail, você tem uma política de

mídia social ou deve criar uma. Há quem diga que o e-

mail foi a primeira ferramenta de mídia social

juntamente com o telefone. E-mails podem vazar

informações da mesma maneira que redes sociais. É

importante e recomendável que se consulte o

departamento de TI.

O Brasil possui uma das populações de usuários de

twitter que mais cresce no mundo. De acordo com

levantamentos recentes, essa população representa hoje

2% de todos os usuários no mundo. A maior

concentração dessa população encontra-se em São

Paulo, seguida do Rio de Janeiro. Políticos, celebridades

e parte importante da população —onde nos

incluímos— estão utilizando essa ferramenta para

compartilhar, conectar-se e colaborar uns com os

outros. Construir uma plataforma de mídia social em

sua organização é essencial. Se você quer ROI, leia

diversas histórias como @twelpforce nas quais

organizações abraçaram a democratização da

informação e a redistribuição de influência. A melhor

maneira de entender Mídia Social é começando a utilizá-

la. Suavize as críticas e abra uma conta. Em algum

momento da sua vida, você mandou seu primeiro e-

mail. Talvez esteja na hora de você enviar o seu primeiro

tweet.

Para entrar em contato com o autor, envie mensagem para

[email protected] ou visite o site de sua empresa:

www.LiquidLearn.com.

Tradução: Giuliete Aymard

Como usuários bem

informados, aprendemos a

filtrar a internet exatamente

como já fazíamos com

jornais, bibliotecas e outros.

Publicações não são

relevantes para nós o tempo

todo

CAPA

Por Carlos Neves

[email protected]

52 T .D 164 / 2010

O sétimo

sentido

53T .D 164 / 2010

As mídias e redes sociais são hoje a

melhor e mais atrativa porta de

entrada para o mundo virtual

(detalhe: a porta está aberta,

escancaradamente aberta a

milhões e milhões de usuários).

É surpreendente o poder de fogo desses dispositivos

eletrônicos. Nos últimos três anos, por conta dessas novas

disponibilidades, o número de freqüentadores do

ciberespaço ganhou uma respeitosa alavanca, coisa capaz

de potencializar, contagiar e viciar antigos curiosos e

meros simpatizantes. A curiosidade e simpatia reinantes

nos primeiros dias de internet —lá se vão mais de 30

anos— deu lugar a uma febre viral que vem atingindo

monges, atletas, celebridades e simples mortais, em todos

os níveis e tribos. As iniciais e oscilantes teias da web

ganharam músculos e interconectam hoje tudo a todos,

quando não todos a um. Não sei se há uma fórmula

matemática a expressar a disposição do alcance, agora,

da rede. Provavelmente há. Seja qual for, ela está conde-

nada, de antemão, ao fracasso. Porque

a rede cresce, amplifica-se, e de uma

forma que vai além de qualquer

esboço aritmético, levando consigo

aspectos que hoje a negam e pro-

vavelmente amanhã irão reafirmá-la.

Já se passou o tempo de desprezar

os efeitos desse novo estado. Os nú-

meros, ainda que frios, dão a precisa

temperatura do fenômeno: no final

do último trimestre do ano passado,

segundo o Ibope, 67,5 milhões de

brasileiros acima de 16 anos foram

considerados “incluídos no mundo

digital”. O número refere-se a pes-

soas que têm contato freqüente com

a internet em ao menos um lugar:

casa, trabalho, escola ou algum outro

ponto de conexão. No trimestre

anterior (2009), o Brasil tinha 66,3

MIDÍAS SOCIAIS

CAPA

54 T .D 164 / 2010

milhões de internautas. Ou seja, em apenas três meses o

número de conectados cresceu 1,9%. Ou 1,2 milhão de

pessoas —o equivalente a mais de 10 maracanãs lotados.

O que, de fato, nem mais impressiona. Experimente pôr

numa lista dez pessoas de seu convívio que se conectam

regularmente e noutra lista outras dez pessoas que nunca

se conectaram. Excetuando (eventualmente) seus avós,

será mais difícil lembrar dos nomes na segunda lista. Mas

pegue a primeira lista e conte quantos dos dez escolhidos

usa na internet algum tipo de ferramenta social. Se sua

lista seguir o padrão, deverá bater com os dados do Ibope.

No item “comunidades” da pesquisa do instituto (que

inclui redes sociais, chats, wiks, RSS, blogs, fóruns, etc.),

86,3% dos internautas usam algum tipo de mídia. Sua

lista, portanto, deverá ter algo próximo a oito pessoas

que participam de algum tipo de comunidade. O

movimento —que cada vez mais deixa de ser esporádico

e circunstancial— chama, porém, mais a atenção pelo,

vamos dizer, seu alto teor de conectividade. Quer dizer,

uma vez plugado num desses mecanismos, o cidadão

poderá ter sob sua mira um contingente incalculável (não

há números disponíveis) de “especialistas” em todo o

tipo de assunto. De jardinagem a turbinas de avião. Sem

contar os grupos de discussão, velhos amigos, turmas

escolares, torcidas, fãs-clubes, negócios, paquera.

Tão divertidas quanto possam ser, essas mídias

proporcionam também significativo (e às vezes decisivo)

grau de influência em assuntos mais sérios, corporativos,

acadêmicos ou informativos. Um estudo feito pela

Deloitte mostra que 70% das empresas brasileiras já

adotam algum tipo de mídia social, seja para

relacionamento ou monitoramento. No entanto, apesar

da alta adesão, essas empresas estão longe de aproveitar

todos os benefícios oferecidos pelas redes sociais. Segundo

a pesquisa, “a maioria delas não atinge completamente

todos os benefícios prometidos; não compreendem os

riscos; ou não conseguiram implementar mídias sociais

de forma integral, em toda a empresa, o que exige uma

transformação na cultura e nos

hábitos dos profissionais que serão

os atores sociais no relacionamento

com o mercado”. Esses fatores, diz

a pesquisa, “fazem com que essas

empresas percam vantagem

competitiva, pois aquelas que saem

na frente na adoção dessas práticas,

desfrutam de grandes benefícios

relacionados à imagem, à reputação

e à satisfação dos clientes”.

Como mostra o estudo da Deloi-

tte, a falta de uma formatação

estratégica no uso dessas mídias, por

parte das empresas, dá lugar à uma

espécie de modismo —ou pelo

menos uma sensação de—, o que se

verifica neste dado da pesquisa:

“35% das organizações pesquisadas

afirmam usar as mídias sociais

devido à repercussão dada pela

imprensa e nas próprias redes”. O

que pode sugerir que redes e mídias

sociais são um fenômeno passageiro,

um luxo tecnológico meramente

midiático. Bem, num mundo em que

o peso das celebridades (físicas e

jurídicas) e das aparências contam

mais que um retrato honesto da

realidade das coisas, compreende-se

essa opção. No entanto, o mundo

corporativo não vive, apenas, de oba-

oba. Ao longo do tempo, firulas e

máscaras se dissolvem, especialmen-

te quando confrontadas com a dura

realidade dos fatos. De qualquer

forma, em toda grande mudança,

principalmente no início, o fator

experimentação é quase absoluto. As pessoas se sentem

atraídas (e no caso dessas mídias, enfeitiçadas) a criar

um novo perfil, postar aleatoriamente, interagir com

algumas comunidades, sem muita preocupação ou

compromisso com o que decorre dessas práticas. E isso,

como se sabe, é bom: experimentar é provavelmente um

dos melhores jeitos de aprender. As empresas também

passam por esse processo. Mas, talvez por serem

empresas, elas tendem a restringir suas ações, expondo

apenas o básico, sem muita mobilidade e quase sempre

com poucas oportunidades reais de interação com seus

públicos. Se a idéia fosse apenas “sair na foto”, tudo

bem. Mas não é esse o caso. Para uma empresa, a

participação numa rede tem implicações enormes. Aos

olhos do consumidor, entrar numa página ou “seguir” o

perfil de uma marca (como ocorre no

Twitter, por exemplo (equivale a uma

espécie de visita íntima. O

consumidor “entra” no estabele-

cimento, senta-se na sala de visitas,

assiste vídeos, lê jornal, quer con-

versar com os anfitriões, fazer

perguntas, expor sua visão de mundo,

exibir comparações, exigir expli-

cações, pensa em ficar para jantar,

talvez fique para sempre, talvez volte

nunca mais. É uma experiência total,

que pode, inclusive, culminar em

algum tipo de aquisição.

A questão que as empresas pare

CAPA

56 T .D 164 / 2010

cem mais temer é a de se deparar com algum tipo de

problema. E por si, isto já é um problemão. Pois a mera

possibilidade de não se ter espaço para questionamentos

(e, consequentemente, para respostas), gera desconfiança,

insatisfação, desprazer. O que será que escondem? A

resposta vai do tudo ao ridículo nada. As empresas

perdem oportunidades reais de promoção (lembre-se que,

na web, isto vai além de preços baixos) e os clientes

ganham fortes doses de irritação. Como disse, em

entrevista ao site “itweb”, John Faber, chefe de Operações

da af83 Inc., uma empresa de serviços de mídia social,

“transparência e conhecimento de fluxo são os pontos-

chave, e, ainda assim, as empresas insistem em usar

técnicas de redes sociais para recriar estruturas

hierárquicas segmentadas e fechadas, e esperam os

benefícios típicos das mídias sociais. Isso não funciona”.

Ainda sobre contatos com clientes, é notável o número

de empresas que mistura mídia social com canal de

vendas. Em geral, predominam mensagens e comércio,

no lugar de conversas e relacionamentos. O que muitos

ainda não percebem (e compreende-se que ainda seja cedo

para se darem conta, embora nunca se saiba quando será

tarde demais para abrir os olhos), é que mídia social é um

espaço informal de aprendizagem —se você considerar o

termo informal como algo não previsto e o termo

aprendizagem como uma soma (subjetiva, às vezes) de

impressões, sugestões, críticas, avaliações e conversas.

Um dos exemplos mais interessantes nesse caminho é a

comunidade My Starbckus Idea, da Starbckus, criada

em 2008(!). Trata-se de um projeto interativo pelo qual

qualquer cliente da empresa pode sugerir idéias, discutir

e comparar produtos, votar propostas de outros

consumidores, etc. O projeto conta com um canal de

feedback, e também criou uma equipe chamada “Idea

Partners” para analisar todas as sugestões, comentar e

responder individualmente cada proposta (as quais são

divididas em três categorias: produtos, experiência e

envolvimento com a sociedade). As respostas são

postadas no blog do projeto <//

b logs . s ta rbucks . com/blogs/

Customer/default.aspx >. A

empresa, até o momento, já recebeu

mais de 20 mil sugestões de novos

produtos e mais de 60 mil propostas

para locais de lojas, facilidades,

mudanças na estrutura, etc. Chega a

ser assustador tamanha colaboração.

Mas, se você abre a porta de sua casa,

tem de estar preparado para receber

visitas. E visitas, como se sabe,

precisam ser bem tratadas. O que

exige, no caso de uma empresa, polí-

ticas claras (e não tolhedoras nem im-

peditivas) de contribuições, estabele-

cimento de metas, acompanhamento

sério e qualificado do pessoal que vai

cuidar do assunto.

A questão toda, é bom que se di-

ga, tem menos a ver com tecnologia

do que com pessoas, visão, idéias. Se

você, com um computador e uma

conexão de internet, pode criar uma

comunidade com o seu nome no

Facebook, por exemplo, por que uma

empresa, dedicada e focada nesse

campo, não poderia fazer? Os custos

são muito menores que os investi-

mentos diretos feitos em marketing,

e o retorno (dentro de uma proposta

bem traçada) é altamente compensa-

dor. Detalhe: não só para as empresas,

mas, especialmente, para os clientes.

A mesma questão se volta para as

redes internas: por que as empresas

inibem e controlam a comunicação

com (e entre) seus funcionários? O

Conceitos, reflexões e abordagens inovadoras

para a gestão inteligente da aprendizagem.

24 de agosto de 2010

São Paulo - SP

Cabe ao profissional de Educação Corporativa apropriar-se de conceitos, modelos deação e ferramentas que tornem possível oferecer as respostas que a sua organizaçãonecessita, criando oportunidades de aprendizagem em todos os momentos da vidaorganizacional e deslocando para o dia-a-dia corporativo o agir com o pensar, o fazercom o inovar, o trabalho com a aprendizagem.

O Fórum Educação Corporativa e Universidades Corporativas tem como propósito,estimular, manter e desenvolver as competências necessárias para o sucesso daEducação Corporativa nas organizações brasileiras.

Participando deste Fórum você terá a oportunidade de debater e avaliar:

✔ Como as mudanças globais estão impactando o mundo corporativo e as ações de

Educação Corporativa?

✔ Como as novas tecnologias de gestão e as redes sociais podem auxiliar os

processos de aprendizagem no ambiente de trabalho?

✔ Como mensurar a contribuição da gestão da aprendizagem para o negócio daempresa?

✔ Quais os conceitos que podem orientar um sistema de Educação Corporativa

promovendo crescimento recíproco entre a organização e as pessoas?

✔ Como as empresas brasileiras estão conseguindo por em prática essa visão de

competências para o negócio?

Inscrições e informações pelo telefone(11) 5073-3222 ou pelo e-mail [email protected]

T .D 164 / 201058

CAPA

medo, aquele velho medo de exposição, ainda assombra

algumas normas e políticas corporativas. O sigilo e a

confidencialidade são antídotos poderosos contra o

conhecimento. O grau de burrice de uma empresa é

proporcional ao silêncio (sobretudo o estratégico) que

reina em suas dependências. Adotar o mistério como regra

não parece ser bom para os negócios. Não nos dias de

hoje, quando as trombetas tecnológicas estão a um clique

de qualquer mortal. Novamente aqui, dentro das

empresas, as possibilidades de aprendizagem são

inúmeras. A troca de informações tende a ser relevante,

e, se bem conduzida em um projeto claro e estimulante,

consolida um caminho de crescimento e aprendizagem

constante. Muitas empresas acreditam que por terem uma

intranet atualizada (com quadros de aviso em banners

eletrônicos, informativos mensais, contas funcionais com

o histórico do pessoal, mapa de dependências e

programação de festas) estão conectadas. Afinal, qualquer

um pode acessar esse tipo de informação. Mas, pergunta-

se, que tipo de conhecimento esse tipo de informação gera

para o negócio? Não se trata, claro, de informações inúteis,

mas restritas, ainda que importantes. Ora, por que não

aproveitar o arsenal tecnológico disponível (computa-

dores em rede, por exemplo) e implementar canais de

expansão para o conhecimento? Aqui, como lá, exige-se

também qualificação, além de uma política clara e

objetiva, até para que se possa ordenar as contribuições,

facilitar os debates e colher os frutos. No lugar de regras

e restrições para uso do email, que tal a criação de uma

wiki (coleção de páginas interligadas que podem ser

visitadas e editadas por qualquer colaborador) de produtos

e procedimentos? A diferença entre uma wiki e um catálo-

go é que este é estático, envelhece (rapidamente e sem

acompanhar mudanças) e, por isto, pode induzir a erro no

longo prazo; ao passo que aquele, a wiki, é “vivo”, atuali-

za-se em tempo real, acumula diferentes visões, enfoques,

é aberto, e disponível e construído por todos. Um tópico,

por exemplo, como “melhores práticas”, pode aquecer

diversos blogs departamentais, moti-

var discussões, dar combustível para

a inovação. Se a empresa tem por

meta aprender e perpetuar-se, não

pode dar-se ao luxo de dispensar tão

valiosa contribuição. E os funcioná-

rios são os agentes mais próximos

desse processo.

É fato que algumas empresas já

se deram conta desse novo momen-

to. Tanto que já existem agências

especializadas em mídias sociais que

oferecem serviços pontuais e exclu-

sivos nessa área. O foco, é verdade,

ainda anda muito centrado na ques-

tão do marketing —que busca quase

sempre criar meios e manias para

atrair consumidores. Mas há tam-

bém aquelas que se dedicam a criar

estruturas ambientais e mentais para

que se possa implementar um

projeto de conexão plena, de tal mo-

do que os envolvidos, no caso, os

membros ou participantes, não im-

porta se clientes ou colaboradores,

possam se corresponder e vivenciar

uma experiência única (e multiplicá-

vel) de conhecimento. Ofertar essa

oportunidade faz toda a diferença.

Tanto para quem segue como para

quem propõe uma idéia a ser seguida

(e discutida, e criticada, e adotada,

ou rejeitada, mas sempre falada).