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T T é é c c n n i i c c a a s s d d e e T T r r a a u u m m a a ELABORADO POR: Dr. Miguel Soares Oliveira Médico Interno Complementar de Cirurgia Pediátrica-HSJ Enfº. Mário Lopes Enfermeiro Graduado do Serviço de Urgência Geral-HSJ Dr. Salvador Massada Médico Chefe de Serviço do Departamento de Anestesia e Cuidados Intensivos-HSJ

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ELABORADO POR: Dr. Miguel Soares Oliveira Médico Interno Complementar de Cirurgia Pediátrica-HSJ Enfº. Mário Lopes Enfermeiro Graduado do Serviço de Urgência Geral-HSJ Dr. Salvador Massada Médico Chefe de Serviço do Departamento de Anestesia e Cuidados Intensivos-HSJ

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Ø OBJECTIVOS:

• Imobilização da coluna cervical de uma vitima de trauma, mantendo a tracção e o alinhamento da cabeça, evitando o agravamento de eventuais lesões.

Ø INDICAÇÕES:

• Mobilização de vitimas traumatizadas com depressão neurológica (ECG < 14). • Lesão neurológica em vitima de trauma. • Vitima com traumatismo acima do andar superior do tórax. • Projecção da vitima do veículo acidentado. • Vitima de atropelamento. • Vitima encarcerada. • Vitima de queda > 3 metros. • Vitima de acidente em veículo de 2 rodas > 30 km/hora. • Vitima de acidente em veículo ligeiro > 50 km/hora. • Vitima de acidente cujo veículo apresenta grande deformidade / intrusão

dentro do veículo. • Vitima de Capotamento. • Tentativa de Enforcamento. • Vitima de Submersão ou Afogamento.

Ø NOTAS:

• Para realizar correctamente esta técnica são necessários 2 elementos. • Devem ser evitados movimentos desnecessários. • Durante a realização desta técnica deve ser mantida tracção e alinhamento da

cabeça da vitima. • Antes da colocação do colar cervical ou quando da sua substituição, o

elemento responsável deve avaliar a região cervical da vitima , no seu aspecto anterior e lateral e deve também avaliar e pesquisar qualquer dismorfia ou hipersensibilidade da coluna cervical (inspecção / palpação).

• O colar cervical não deve ser retirado enquanto não estiver excluída lesão cervical.

• Os passos da aplicação do colar cervical dependem do tipo de colar e das instruções de colocação. No entanto deve-se optar pela utilização de um colar de duas peças e de quatro apoios (tipo Necloc).

COLOCAÇÃO DE COLAR CERVICAL

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Ø TÉCNICA:

ü O 1ª elemento coloca-se junto da cabeça da vitima, posicionando as mãos de cada lado da cabeça da vitima. A imobilização da cabeça deve ser efectuada com ambas as mãos, colocando o 2º ao 5º dedo e palmas da mão sob a região occipital e cada um dos dedos polegares na região temporo-mandibular. Deve manter ligeira tracção cefálica (com a cabeça da vitima em posição neutra) e o alinhamento da coluna cervical segundo o eixo nariz, umbigo, pés.

ü Se a vitima estiver consciente o 1º elemento explica à vitima para não

mover a cabeça nem o pescoço, e o procedimento que lhe vão efectuar.

ü O 2ºelemento retira suavemente os adereços do pescoço para que estes não interferiram com o colar cervical.

ü O 2º elemento determina o tamanho ideal do colar cervical a colocar.

Avalia o tamanho do colar medindo a distância do mento á base do pescoço com uma das mãos em posição transversal, avaliando o número de dedos que separa essa distância.

ü O 2º elemento determina no colar a distância entre o topo da fita de

velcro e a margem que pousa na base do pescoço.

ü Mantendo a cabeça imobilizada pelo 1º elemento, o 2º elemento coloca o colar cervical. Inicia pela metade anterior do colar deslizando-o do tórax para o pescoço encostando-o ao mento da vitima. Em seguida passa suavemente a fita por trás do pescoço fixando-o no lado oposto na marca de referência do colar. Esta fita não deve fazer pressão, serve apenas para posicionar a metade anterior do colar e libertar as mãos do 2º elemento.

ü O 2º elemento coloca a metade posterior do colar cervical deslizando-a

suavemente sob o pescoço alinhando-a com a metade anterior.

ü O 2º elemento coloca cada um dos dedos polegares na abertura traqueal da metade anterior do colar, e com os 2º e 3º dedos de cada mão pinça as fitas de velcro de cada lado da metade inferior do colar. Efectua uma ligeira tracção para cima de ambas as fitas em simultâneo ao encontro da metade anterior, prendendo-as.

ü Após a colocação do colar cervical deve ser verificado o correcto

posicionamento do mesmo, tamanho e adequada imobilização.

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OBJECTIVOS:

• Mobilizar a vitima de trauma colocando-a sobre o plano duro, mantendo

alinhamento da cabeça, coluna cervical, tronco e cintura pélvica. • Mobilizar a vitima para a posição de decúbito dorsal, colocando colar

cervical e sobre o plano duro. Ø INDICAÇÕES:

• Mobilização de vitimas traumatizadas com indicação de colocação de colar cervical e plano duro que chegam ao hospital em decúbito ventral.

• Mobilização de vitimas traumatizadas com indicação de colocação de colar cervical e plano duro sem lesão da cintura pélvica. Esta técnica pode criar instabilidade e agravar lesões ao nível da bacia.

• Mobilizar a vitima de decúbito dorsal para decúbito lateral, para inspeccionar o dorso da vítima.

Ø NOTAS:

• Para realizar correctamente esta técnica são necessários 4 elementos. • Devem ser evitados movimentos desnecessários. • Evitar o rolamento da vitima para o lado com suspeita de lesão de

extremidade. • Optar pela técnica de levantamento nas vitimas em decúbito dorsal com:

ü Fracturas da cintura pélvica ü Eviscerações ü Objectos empalados

Ø TÉCNICA:

ü O Chefe de Equipa coloca-se junto da cabeça da vitima, posicionando as mãos de cada lado da cabeça da vitima. A imobilização da cabeça deve ser efectuada com ambas as mãos, colocando o 2º ao 5º dedo e palmas da mão sob a região occipital e cada um dos dedos polegares na região temporo-mandibular. Deve manter ligeira tracção cefálica (com a cabeça da vitima em posição neutra) e o alinhamento da coluna cervical segundo o eixo nariz, umbigo, pés.

ü Se a vitima estiver consciente o Chefe de Equipa explica à vitima para

não mover a cabeça nem o pescoço, e o procedimento que lhe vão efectuar.

ROLAMENTO

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ü O Chefe de Equipa pede à vitima para mover suavemente os dedos das mãos e dos pés; os braços e as pernas para determinar se a sensibilidade está conservada.

ü Enquanto mantém a tracção e o alinhamento da coluna cervical, o Chefe

distribui os restantes elementos da Equipa ao longo do corpo da vitima.

ü 2º elemento – Junto da cabeça/ tórax da vitima. 3º elemento – Do lado do 1º elemento, junto da crista ilíaca/membros inferiores. 4º elemento – Do lado oposto da vitima.

ü O 2º elemento retira suavemente os adereços do pescoço para que estes

não interferiram com o colar cervical. ü O 2º elemento determina o tamanho ideal do colar cervical a colocar.

Seguidamente coloca o colar cervical segundo a técnica já descrita.

ü O Chefe pede ao 3º elemento para alinhar os braços e as pernas da vitima ao longo do corpo.

ü O 2º e 3º elementos colocam-se do lado para onde vão rolar a vitima.

ü O 2º e 3º elementos posicionam as suas respectivas mãos ao longo do

corpo da vitima, no lado oposto. O 1º elemento coloca as suas mãos ao nível do ombro e da bacia, o 2º elemento coloca as suas mãos ao nível do tórax e coxa da vitima.

ü O 2º e 3º elementos devem rolar para eles a vitima com movimentos

suaves, apenas à voz de comando do Chefe de Equipa (ex: à minha voz de 3 vamos rolar 1,2,3! ), mantendo o alinhamento e a imobilização da coluna (nariz/umbigo/pés).

ü O 4º elemento nesta fase da técnica deve aproveitar para inspecionar a

região dorsal da vitima. Seguidamente ajusta o plano duro á face posterior da vitima.

ü O 2º e 3º elementos devem rolar com movimentos suaves o corpo da

vitima para cima do plano duro, apenas á voz de comando do Chefe de Equipa (ex: à minha voz de 3 vamos rolar 1,2,3! ), enquanto o 4º elemento vai diminuindo a inclinação do plano até à horizontal.

ü O Chefe de Equipa deve manter a estabilização e alinhamento da coluna

cervical, e à sua voz a vitima é centrada no plano duro.

ü O Chefe de Equipa deve manter a estabilização da coluna cervical até serem colocados os apoios laterais de cabeça. Os apoios laterais de cabeça são colocados em simultâneo pelo 2º elemento, enquanto o Chefe de Equipa retira suavemente ambas as mãos.

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ü O 3º elemento coloca as respectivas fitas dos imobilizadores. Inicialmente a da região frontal e por fim a do mento (cruzadas).

ü Seguidamente os vários elementos colocam as fitas que imobilizam a

vitima ao plano duro (tórax/bacia /coxas/tornozelos).

ü O Chefe de Equipa deve reavaliar a vitima (função motora e sensitiva).

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Ø OBJECTIVOS:

• Mobilizar a vitima de trauma, colocando-a sobre o plano duro, mantendo alinhamento da cabeça, coluna cervical, tronco, cintura pélvica e membros inferiores.

Ø INDICAÇÕES:

• Mobilização de vitimas traumatizadas com indicação de colocação de colar cervical e plano duro.

• Mobilização de vitimas traumatizadas com depressão neurológica (ECG < 14). • Lesão neurológica em vitima de trauma. • Vitima com traumatismo acima do andar superior do tórax. • Projecção da vitima do veículo acidentado. • Vitima de atropelamento. • Vitima encarcerada. • Vitima de queda > 3 metros. • Vitima de acidente em veículo de 2 rodas > 30 km/hora. • Vitima de acidente em veículo ligeiro > 50 km/hora. • Vitima de acidente cujo veículo apresenta grande deformidade / intrusão

dentro do veículo. • Vitima de Capotamento. • Tentativa de Enforcamento. • Vitima de Submersão ou Afogamento.

Ø NOTAS:

• Para realizar correctamente esta técnica são necessários 7 elementos. • Devem ser evitados movimentos desnecessários e bruscos. • Optar pela técnica de levantamento nas vitimas em decúbito dorsal com:

ü Fracturas da cintura pélvica ü Eviscerações ü Objectos empalados

LEVANTAMENTO

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Ø TÉCNICA:

ü Esta técnica deve ser realizada após a colocação do colar cervical . ü O Chefe de Equipa coloca-se junto da cabeça da vitima. Deve manter

ligeira tracção cefálica (com a cabeça da vitima em posição neutra) e o alinhamento da coluna cervical segundo o eixo nariz, umbigo, pés.

ü Se a vitima estiver consciente o Chefe de Equipa explica à vitima para

não mover a cabeça nem o pescoço, e o procedimento que lhe vão efectuar.

ü Enquanto mantém a tracção e o alinhamento da coluna cervical, o Chefe

distribui os restantes elementos da Equipa ao longo do corpo da vitima.

ü 2º elemento – Junto da cabeça/ tórax da vitima. 3º elemento – Junto da cabeça/ tórax da vitima lado oposto. 4º elemento – Do lado do 2º elemento, junto da crista ilíaca/membros inferiores. 5º elemento - Do lado do 3º elemento, junto da crista ilíaca/membros inferiores. 6º elemento – Aos pés da vitima. 7º elemento – Com o plano duro.

ü O Chefe pede aos elementos para alinharem os braços e as pernas da

vitima ao longo do corpo.

ü O 2º e 3º elementos colocam-se de cada lado do tórax e posicionam as respectivas mãos ao nível do ombro e bacia da vitima.

ü O 4º e 5º elementos colocam-se de cada lado da pélvis e posicionam as

respectivas mãos ao nível da crista ilíca e coxas cruzando as mão com os elementos anteriores.

ü O 6º elemento segura ambos os pés da vitima.

ü As mãos deslizam suavemente sob o corpo da vitima apenas o suficiente

para o elevar. Em circunstância alguma se eleva ou altera o alinhamento da vitima.

ü O Chefe de Equipa deve ser a voz de comando (ex: à minha voz de 3

vamos levantar 1,2,3! ), mantendo o alinhamento e a imobilização da coluna (nariz/umbigo/pés).

ü A vitima deve ser elevada apenas o suficiente para o 7º elemento

introduzir o plano duro no sentido longitudinal, dos pés para a cabeça.

ü Após o 7º elemento introduzir o plano duro, o doente deverá ser pousado no plano duro apenas sob a voz de comando do Chefe de Equipa (ex: à minha voz de 3 vamos pousar 1,2,3! ).

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ü O Chefe de Equipa deve manter a estabilização da coluna cervical até

serem colocados os apoios laterais de cabeça. Os apoios laterais de cabeça são colocados em simultâneo, enquanto o Chefe de Equipa retira suavemente ambas as mãos.

ü Segue-se a colocação das respectivas fitas dos imobilizadores.

Inicialmente a da região frontal e por fim a do mento (cruzadas).

ü Seguidamente os vários elementos colocam as fitas que imobilizam a vitima ao plano duro (tórax/bacia /coxas/tornozelos).

ü O Chefe de Equipa deve reavaliar a vitima (função motora e sensitiva).

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Ø OBJECTIVOS:

• Permitir a avaliação ABCDE. • Estabilização da coluna cervical. • Permitir acesso á via aérea.

Ø INDICAÇÕES:

• Todas as vitimas de trauma que apresentem: • Depressão neurológica (ECG < 14). • Lesão neurológica • Vitima com traumatismo acima do andar superior do tórax. • Vitima de acidente em veículo de 2 rodas > 30 km/hora. • Paragem cárdio-respiratória.

Ø NOTAS:

• Para realizar correctamente esta técnica são necessários 2 elementos. • Devem ser evitados movimentos desnecessários e bruscos. • Antes da colocação do colar cervical, o elemento responsável deve avaliar a

região cervical da vitima , no seu aspecto antero-lateral e deve também avaliar e pesquisar qualquer dismorfia ou hipersensibilidade da coluna cervical (inspecção / palpação).

Ø TÉCNICA:

• O 1ª elemento imobiliza o capacete, colocando as mãos lateralmente, impedindo os movimentos da cabeça.

• O 2º elemento abre a viseira e permeabiliza a via aérea. Abre/corta o sistema de fecho do capacete.

• O 2º elemento posiciona-se lateralmente à vitima colocando as mãos, uma sob o mento e outra na região occipital, de forma a efectuar uma correcta tracção e imobilização da coluna cervical com a cabeça em posição neutra.

• O 1º elemento procura alargar o capacete efectuando força na base do mesmo (em ambos os lados) e retira-o com movimentos suaves, oscilatórios no sentido antero-posterior.

• O 1º elemento deve dar o sinal de alerta quando da saída do capacete, para que o 2º elemento se prepare para o ressalto e para suportar o peso da cabeça.

REMOÇÃO DE CAPACETE

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• O 1º elemento deverá colocar as mãos de forma habitual para a realização da tracção e alinhamento da cabeça, para possibilitar a colocação do colar cervical segunda a técnica descrita.