TCC_CristianoPinho_2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS EXECUÇÃO DE LEVANTAMENTO GEORREFERENCIADO PARA CERTIFICAÇÃO NO INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA CRISTIANO BRUM PINHO Porto Alegre - 2010

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Georreferenciamento

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

EXECUÇÃO DE LEVANTAMENTO GEORREFERENCIADO PARA CERTIFICAÇÃO NO INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA

AGRÁRIA - INCRA

CRISTIANO BRUM PINHO

Porto Alegre - 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

EXECUÇÃO DE LEVANTAMENTO GEORREFERENCIADO PARA CERTIFICAÇÃO NO INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA

AGRÁRIA - INCRA

CRISTIANO BRUM PINHO

ORIENTADORES Prof. Msc. Gilberto Gagg Prof. Dr. Marcelo Tomio Matsuoka COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Dr. Sergio Florêncio de Souza Prof. Dr. Ronaldo dos Santos da Rocha Engo. Agrônomo, Especialista em Georreferenciamento e Prof. Fernando Lague

Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Cartográfica apresentado na forma de monografia, junto à disciplina Projeto Cartográfico, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Cartógrafo.

Porto Alegre - 2010

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe, minha maior incentivadora e fonte de referências em minha vida.

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AGRADECIMENTO

Agradeço a todos que me apoiaram e incentivaram em mais essa etapa da minha vida, aos meus amigos, colegas, professores e especial-mente a minha amada namorada Lucilene pela paciência e compreensão.

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EPÍGRAFE

A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original. Oliver Wendell Holmes

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RESUMO

A regularização fundiária no Brasil e no mundo é de vital importância para o

desenvolvimento da sociedade e do próprio indivíduo, o qual utiliza a terra, muita vezes, para

o seu sustento. Determinar a quem pertence cada fração de terra, rural ou urbana, depende de

várias etapas, principalmente do levantamento do imóvel e análise da documentação. Os

métodos de levantamento evoluíram significativamente nas últimas décadas, de um simples

teodolito, passando por estações totais com leitura sem prismas e robóticas, até o uso de

satélites artificiais para determinar as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos

imóveis. Com a introdução de novas tecnologias também surgiram novas regulamentações,

exigindo o aperfeiçoamento técnico dos profissionais envolvidos na regularização fundiária e

a introdução de novos profissionais no mercado de trabalho. Para regulamentar o

levantamento de imóveis rurais surgiu a Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis

Rurais, primeira edição em novembro de 2003 e na segunda edição, publicada em março de

2010, que trata dos procedimentos técnicos que devem ser seguidos para garantir a precisão

mínima dos vértices de cada imóvel levantado. O presente trabalho abordará os

procedimentos envolvidos na 2ª edição da referida norma, a metodologia de levantamento

com uso de GPS geodésico, análise da documentação do imóvel, etapas da certificação do

trabalho no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, custos, prazos e

estabelecerá um comparativo entre a norma anterior e a atual.

palavras-chave: Regularização fundiária. Norma Técnica para Georreferenciamento de

Imóveis Rurais. GPS geodésico. Levantamento georreferenciado. INCRA.

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ABSTRACT

The land regularization in Brazil and the world is of vital importance for the development of

society and the individual himself, who used the land, many times, for their livelihoods.

Determine who owns each fraction of land, rural or urban areas, depends on several steps,

particularly the lifting of the property and review of documentation. The survey methods have

evolved significantly in recent decades, a simple theodolite, total stations with through

reading without prisms and robotics, to the use of artificial satellites to determine the

coordinates of the vertices defining the boundaries of the property. With the introduction of

new technology also come new regulations, requiring the technical development of

professionals involved in land regularization and the introduction of new professionals in the

labor market. To regulate the collection of rural buildings appeared to Standard Technique for

Georeferencing of Rural Properties, first edition in December 2003 and second edition in

March 2010, which addresses the technical procedures to be followed to ensure the accuracy

of minimum vertices of each property raised. This paper will discuss the procedures of this

standard, the survey methodology with the use of GPS geodetic analysis of the documentation

of the property, steps of the labor certification with the National Institute of Colonization and

Agrarian Reform - INCRA, costs, deadlines and establish a comparative current and the

previous standard.

Keywords: Land Regularization. Technical Standard for Georeferencing of Rural Properties.

Geodetic GPS. Georeferenced survey. INCRA.

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO..................................................................................................................12 1.1 Objetivo....................................................................................................................13 1.2 Justificativa...............................................................................................................14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................14 2.1 Cartografia .................................................................................................................. 15 2.1.1 Sistema de coordenadas UTM ............................................................................. 15

2.1.2 Fator de escala .....................................................................................................18 2.1.3 Norte verdadeiro...................................................................................................19

2.1.4 Norte magnético .................................................................................................. 19 2.1.5 Norte de quadrícula ............................................................................................. 20 2.1.6 Declinação magnética .......................................................................................... 20 2.1.7 Convergência meridiana plana ............................................................................ 21 2.1.7.1 Cálculo da convergência meridiana em função das coordenadas geodésicas . 23

2.1.7.2 Cálculo da convergência meridiana em função das coordenadas UTM ........... 24 2.2 Ajustamento de observações ...................................................................................... 25 2.2.1 Ajustamento de rede GPS......... ............................ .............................................28 2.3 Geodésia ..................................................................................................................... 31

2.3.1 Superfícies de referência ..................................................................................... 31 2.3.1.2 Superfície Topográfica ..................................................................................... 32 2.3.1.3 Superfície Elipsoidal ........................................................................................ 32 2.3.1.4 Superfície Geoidal ............................................................................................ 32 2.3.2 Sistemas de Coordenadas .................................................................................... 33 2.3.2.1 Sistema de Coordenadas Geográficas .............................................................. 33 2.3.2.2 Sistema de Coordenadas Geodésicas ................................................................ 34 2.3.2.3 Sistema de Coordenadas Plano Retangular ...................................................... 36 2.3.2.4 Sistema de Coordenadas Polar Plano ............................................................... 37 2.3.2.5 Sistema de Coordenadas Cartesianas Espaciais ............................................... 37 2.3.3 Sistema Geodésico de Referência ....................................................................... 39 2.3.3.1 World Geodetic System 1984 (WGS84) .......................................................... 41 2.3.3.2 SIRGAS 2000 ................................................................................................... 42 2.3.3.3 Compatibilidade entre SIRGAS 2000 e WGS84 .............................................. 43 2.3.3.4 Parâmetros de transformação entre sistemas de referência .............................. 44 2.3.4 Geometria do elipsóide ........................................................................................ 45

2.4 GPS (Global Positioning System)................................................................................47 2.4.1 Segmentos do sistema GPS ................................................................................. 48 2.4.1.1 Segmento espacial ............................................................................................ 48 2.4.1.2 Segmento de controle ....................................................................................... 50 2.4.1.3 Segmento de usuários ....................................................................................... 51 2.4.2 Observáveis GPS ................................................................................................. 52 2.4.2.1 Pseudodistância ................................................................................................ 52 2.4.3 Erros envolvidos nas observáveis GPS ............................................................... 55 2.4.3.1 Principais erros relacionados com os satélites .................................................. 56 2.4.3.1.1 Erros orbitais ................................................................................................. 56 2.4.3.1.2 Erros no relógio do satélite ............................................................................ 56

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2.4.3.1.3 Relatividade ................................................................................................... 57 2.4.3.2 Principais erros relacionados com a propagação do sinal ................................ 57 2.4.3.2.1 Refração troposférica ..................................................................................... 57 2.4.3.2.2 Refração ionosférica ...................................................................................... 58 2.4.4 Erros locais .......................................................................................................... 58 2.4.4.1 Multicaminhamento ou sinais refletidos (multipath) ....................................... 58 2.4.4.2 Perdas de ciclo .................................................................................................. 59 2.4.5 Principais erros relacionados com o receptor e a antena ..................................... 60 2.4.5.1 Erro do relógio .................................................................................................. 60 2.4.5.2 Centro de fase da antena ................................................................................... 60

3 METODOLOGIA DO LEVANTAMENTO GEORREFERENCIADO .......................... 61 3.1 Caracterização da área de estudo............................................................................61

3.2 Análise da documentação do imóvel.......................................................................61 3.3 Reconhecimento do imóvel.....................................................................................63

3.4 Determinação dos vértices.......................................................................................63 3.4.1 Codificação dos vértices ..................................................................................... 64

3.4.2 Materialização dos vértices...................................................................................65 3.5 Verificação das faixas de domínio público................................................................. 66

3.5.1 Faixa de domíno de estrada de rodagem ............................................................. 66 3.5.2 Terreno de Marinha...............................................................................................68

3.5.3 Curso d`água ........................................................................................................ 71 3.5.4 Linha de Transmissão, oleoduto, gasoduto, cabos óticos e outros ...................... 74

3.6 Padrões de precisão .................................................................................................... 74 3.7 Levantamento pelo GNSS...........................................................................................75

3.7.1 Posicionamento relativo estático rápido .............................................................. 77 3.7.1.1 Posicionamento do vértice de apoio básico ao levantamento .......................... 78 3.7.1.2 Posicionamento dos vértices que definem o imóvel ......................................... 79 3.7.1.3 Posicionamento por Ponto Preciso (PPP) ......................................................... 80 3.8 Processamento e tratamento de dados .................................................................... 81 3.8.1 Memorial descritivo do imóvel ........................................................................... 83 3.8.2 Planilha de cálculo de área e perímetro ............................................................... 85 3.8.3 Planilha de dados cartográficos ........................................................................... 85 3.8.4 Relatório técnico .................................................................................................. 86 3.8.5 Planta do imóvel .................................................................................................. 92 3.9 Análise dos resultados ............................................................................................ 93

4 METODOLOGIA DE AVALIAÇAO DO INCRA .......................................................... 95 4.1 Descrição da documentação exigida........................................................................96 4.2 Análise da documentação ......................................................................................100 4.3 Acompanhamento e monitoramento da certificação..............................................100 4.4 Emissão do certificado de imóvel georreferenciado..............................................101 4.5 Emissão do certificado de imóvel georreferenciado em ações judiciais................102 4.6 Divergência entre área constante na matrícula do imóvel e área medida..............102

5 MATERIAIS UTILIZADOS ......................................................................................... .103 5.1 Em campo...............................................................................................................103

5.2 No escritório...........................................................................................................104

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... ...105 6.1 Comparação entre a 1ª e 2ª versões da NTGIR.....................................................105

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6.2 Custos e honorários do levantamento georreferenciado .......................................... .108 6.3 Resultados obtidos .................................................................................................... 109 6.4 A importância do Engenheiro Cartógrafo para o futuro do Brasil ........................... 111

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... ............113

ANEXO A – Modelo de requerimento- Pessoa jurídica .....................................................118

ANEXO B – Declaração de reconhecimento de limite .......................................................119

ANEXO C – Modelo do documento de certificação ...........................................................120

ANEXO D – Esclarecimentos do Comitê de Certificação Regional do INCRA.................121

ANEXO E – Planta do imóvel..............................................................................................124

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1 INTRODUÇÃO

Com a evolução dos equipamentos de topografia e geodésia, com os novos

conhecimentos adquiridos com o decorrer dos anos, novas situações estão surgindo,

implicando em diferentes meios de resolução e resultados. Para regulamentar os

procedimentos de levantamentos topográficos e geodésicos, e para atender as exigências do

Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, em especial o Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária – INCRA, foi elaborada a Norma técnica para

Georreferenciamento de Imóveis Rurais, primeira edição em novembro de 2003 e segunda

edição em vigor desde oito de março de 2010. Esta norma visa padronizar os procedimentos

efetuados nos levantamentos topográficos e geodésicos, gerando trabalhos de fácil

entendimento entre os profissionais que executam e trabalham com este assunto.

O presente trabalho se destina à execução de um levantamento

georreferenciado para certificação no INCRA. Serão abordados os conhecimentos

necessários, tanto práticos como teóricos, para execução do levantamento georreferenciado,

como também a Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais, Código

Florestal Brasileiro, Constituição Federal e a lei de Registros Públicos, entre outros itens.

O trabalho será dividido na etapa de campo e escritório, abordando as

dificuldades encontradas no campo para a execução do serviço técnico e os procedimentos

adotados em escritório para o processamento dos dados até a apresentação final do trabalho, o

qual consiste num mapa e diversos relatórios. Após a certificação do INCRA os documentos

são encaminhados ao Registro de Imóveis da jurisdição do município, efetuando-se a

averbação na matrícula da certificação do imóvel, finalizando todas as etapas envolvidas neste

trabalho.

O georreferenciamento de imóveis rurais requer conhecimentos de Topografia,

Geodésia, Cartografia e, dependendo da metodologia adotada, Ajustamento de Observações

(teoria dos erros), entre outros, os quais são adquiridos no curso de Engenharia Cartográfica e

neste trabalho serão aplicados. O georreferenciamento de imóveis rurais é um campo de

trabalho promissor, podendo ser executado em toda a área rural do Brasil. A tendência é um

aumento na demanda por profissionais habilitados nessa área. Atualmente, imóveis rurais com

área igual ou superior a 500 hectares necessitam da certificação do INCRA para que ocorra a

mudança do nome do proprietário na matrícula do imóvel, caso contrário, o registro de

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imóveis impugnará a alteração, ou seja, a venda do imóvel só se concretizará com o

levantamento georreferenciado. A partir de 20 de novembro de 2011 será exigido o

georreferenciamento de todos os imóveis rurais.

Neste âmbito, tais procedimentos devem ser esclarecidos para que seu

cumprimento seja pleno no trabalho de campo e de escritório, e assim obtenha a aprovação

por parte do órgão certificador, neste caso, o INCRA. Os itens relacionados nas normas serão

analisados e sugestões poderão fazer parte deste trabalho, com o intuito de melhorar a

metodologia utilizada nos levantamentos georreferenciados, minimizando os erros cometidos

em campo e aumentando a produtividade nos trabalhos efetuados.

1.1 Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo apresentar as diversas etapas que

compõem um levantamento georreferenciado para certificação no INCRA – Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária, abordando os aspectos técnicos e burocráticos

com os quais o profissional se depara em campo e no escritório. O georreferenciamento de

imóveis rurais é regulamentado pela Lei 6.015/73 – Lei de Registros Públicos, Decreto 5.570

de 31 de outubro de 2005, Lei 10.267/2001, Norma Técnica para Georreferenciamento de

Imóveis Rurais, NBR 13.133, Execução de Levantamentos Topográficos e Código Florestal

Brasileiro entre outros títulos legais.

Serão abordados os problemas enfrentados em campo e no escritório,

dividindo-se o trabalho em dois segmentos principais. As dificuldades em campo iniciam com

a correta definição de alguns aspectos, entre eles: do local adequado para instalação do

equipamento GPS, da metodologia usada na execução do levantamento, tipo de marco

utilizado (se de concreto, aço ou rocha), as vias de acesso aos vértices que delimitam o

imóvel, o meio de transporte, as áreas de preservação permanente, o número de dias

necessários para execução dos serviços de campo, as instalações mínimas, o número de

auxiliares e todos os equipamentos necessários, entre outros aspectos.

Em relação ao trabalho de escritório serão abordados os processamentos

efetuados no levantamento geodésico, o transporte de coordenadas, a transformação de

coordenadas entre o sistema geodésico e o plano topográfico local, a formatação do mapa, as

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características relevantes, os itens necessários para certificação no INCRA, análise da

documentação do proprietário do imóvel, requerimento para averbação no Registro de

Imóveis e orçamento para o serviço de georreferenciamento de imóveis rurais.

A partir do estudo de todos os aspectos acima citados, pretende-se detalhar

todo o processo de georreferenciamento de imóvel rural, explicitando suas dificuldades e

demonstrando a sua importância para o futuro Engenheiro Cartógrafo.

1.2 Justificativa

Este trabalho é muito importante para os futuros Engenheiros Cartógrafos que

tenham interesse em seguir na área de georreferenciamento de imóveis rurais, visto que esta

técnica é adotada para a regularização fundiária brasileira e como atividade profissional de

muitos engenheiros, entre outros profissionais. O georreferenciamento de imóveis rurais é

uma área relativamente nova, a qual necessita um grande número de profissionais capacitados

para atenderem a demanda atual e futura. A tendência é aumentar a procura, aumentando as

oportunidades de trabalho e renda, já que é um serviço necessário a todo o meio rural

brasileiro, não somente para regularização fundiária, mas como requisito para adequação

ambiental e financiamentos bancários, entre outros programas que exigem o

georreferenciamento para liberar verbas ao produtor rural.

O georreferenciamento de imóveis rurais é uma atividade ligada diretamente ao

curso de Engenharia Cartográfica, visto que toda a base teórica e parte da prática são

adquiridas ao longo desse curso. É mais uma área de atuação em que o futuro Engenheiro

Cartógrafo poderá trabalhar, seja como empregado ou empregador.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A presente monografia será desenvolvida a partir de uma revisão bibliográfica,

na qual serão revistos alguns dos conceitos apreendidos durante o curso de Engenharia

Cartográfica e que são necessários para a execução do presente trabalho.

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Além da revisão bibliográfica, o trabalho consiste na aquisição de dados em

campo, através de um levantamento georreferenciado e posteriormente no processamento dos

dados e elaboração dos relatórios exigidos pela Norma Técnica para Georreferenciamento de

Imóveis Rurais.

2.1. Cartografia

A Cartografia pode ser vista como uma das formas de transformar dados

numéricos num mapa, a partir do qual se representam os elementos de maior importância

através de linhas, cores, espessuras e textos entre outros atributos. Uma das famosas

definições de Cartografia é a seguinte: “É a ciência e a arte de se representar graficamente,

por meio de mapas, cartas e plantas, o conhecimento humano da superfície da Terra.” É

ciência, pois recorre às determinações astronômicas, geodésicas, topográficas e

fotogramétricas para alcançar exatidão gráfica. É arte, pois condiciona-se às regras estéticas

da simplicidade, clareza e harmonia, buscando o ideal artístico de beleza. Desta forma, o

cartógrafo deverá conhecer bem o modelo de representação da Terra, adoção do sistema de

projeção adequado e escala de representação. O toque artístico é contemplado na

representação dos elementos, através de linhas, traços, cores e símbolos.

A seguir, serão abordados aspectos relacionados à Cartografia, como o modelo

de representação da Terra e suas principais características.

2.1.1 Sistema de coordenadas UTM (Universal Transverso de Mercator)

A projeção UTM é uma projeção analítica que tem como objetivo minimizar

todas as deformações de um mapa a níveis toleráveis, representado pontos coletados sobre a

superfície terrestre em um sistema ortogonal, ou seja, no qual os eixos são perpendiculares

entre si em todas as direções. É uma projeção cilíndrica secante, conforme (conserva os

ângulos), de acordo com os princípios de Mercator-Gauss, com uma rotação de 90º do eixo do

cilindro, de maneira a ficar contido no plano do equador, sendo que apresenta distorção

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mínima na área próxima à circunferência de tangência / secância. Adota-se um elipsóide de

referência para representar a terra.

Fig. 1 – O Sistema Universal Transverso de Mercator (UTM).

O mundo é dividido em 60 fusos, onde cada um se estende por 6º de longitude.

Os fusos são numerados de um a sessenta começando no fuso 180º a 174º W Gr. e

continuando para este. Cada um destes fusos é gerado a partir de uma rotação do cilindro de

forma que o meridiano de tangência divide o fuso em duas partes iguais de 3º de amplitude.

O quadriculado UTM está associado ao sistema de coordenadas plano-

retangulares, tal que um eixo coincide com a projeção do Meridiano Central do fuso (eixo N

apontando para Norte) e o outro eixo, com o do Equador. Assim cada ponto do elipsóide de

referência (descrito por latitude, longitude) estará biunivocamente associado ao terno de

valores Meridiano Central, coordenada E e coordenada N.

Avaliando-se a deformação de escala em um fuso UTM (tangente), pode-se

verificar que o fator de escala é igual a 1(um) no meridiano central e aproximadamente igual a

1.0015 (1/666) nos extremos do fuso. Desta forma, atribuindo-se a um fator de escala k =

0,9996 ao meridiano central do sistema UTM (o que faz com que o cilindro tangente se torne

secante), torna-se possível assegurar um padrão mais favorável de deformação em escala ao

longo do fuso. O erro de escala fica limitado a 1/2.500 no meridiano central, e a 1/1.030 nos

extremos do fuso.

A cada fuso associamos um sistema cartesiano métrico de referência,

atribuindo à origem do sistema (interseção da linha do Equador com o meridiano central) as

coordenadas 500.000 m, para contagem de coordenadas ao longo do Equador, e 10.000.000 m

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para o hemisfério Sul e 0 (zero) m para o hemisfério Norte, para contagem de coordenadas ao

longo do meridiano central. Isto elimina a possibilidade de ocorrência de valores negativos de

coordenadas.

Cada fuso deve ser prolongado até 30' sobre os fusos adjacentes criando-se

assim uma área de superposição de 1º de largura. Esta área de superposição serve para

facilitar o trabalho de campo em certas atividades, tais como projetos de loteamento e o

cálculo de área de imóveis localizados em mais de um fuso de abrangência.

Fig. 2 – Características do Sistema UTM.

O sistema UTM é usado entre as latitudes 84º N e 80º S. Além desses paralelos

a projeção adotada mundialmente é a Estereográfica Polar Universal.

Aplicações: Indicada para regiões de predominância na extensão Norte-Sul,

entretanto, mesmo na representação de áreas de grande longitude poderá ser utilizada.

É a mais indicada para o mapeamento topográfico a grande escala, e é o

Sistema de Projeção adotado para o Mapeamento Sistemático Brasileiro. A projeção UTM

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permite abranger uma área extensa em um sistema ortogonal com significativo controle de

distorções.

2.1.2 Fator de escala

Para se efetuar a redução da superfície de referência para a superfície plana,

recorre-se a um fator de escala k. Neste caso, a distância plana é obtida multiplicando-se a

respectiva distância esférica (sobre o elipsóide de referência) pelo fator de escala.

DUTM = K. DELIPSÓIDE (1)

As deformações na projeção UTM crescem na medida em que se afasta do

meridiano central, para leste e oeste até atingir o valor 1, aproximadamente a 1º37` a partir do

meridiano central, e continua a crescer até atingir 1,0010 nas bordas do fuso (3º do meridiano

central). Nos meridianos secantes, a distorção é nula e esta linha meridiana é chamada de

Linha de Distorção Zero (LDZ) até 30`. Para áreas que excedem um fuso, adota-se o fuso

predominante, alongando-o. Deve-se cuidar a deformação devido ao paralelismo, ou seja, o

prolongamento das linhas de longitude de uma carta não coincidirá com as linhas da outra,

ficando uma linha paralela a outra.

O valor do fator de escala varia em função da localização do ponto na

superfície plana. O mesmo pode ser calculado simplificadamente pela seguinte expressão:

k = ko (1 + (E`2 / 2 Ro2) + ...) (2)

Sendo:

k = fator de escala;

ko = 0,9996 (fator de escala no MC);

E` = ordenada entre o meridiano central e o ponto considerado (E`= E –

500000);

Ro = raio médio de curvatura, dado por:

Ro = b / (1 – e2 sen2 Ф) (3)

Onde:

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e = excentricidade do elipsóide;

Ф = latitude geodésica do ponto.

O fator de escala pode ser calculado também pela seguinte fórmula:

K = ko / (1 – B2)1/2 (4)

Onde:

B = cos Ф.sen (λ- λo) (5)

Sendo:

ko = 0,9996 (fator de escala no MC);

λ = longitude do meridiano do lugar;

λo = meridiano central do fuso UTM.

2.1.3 Norte verdadeiro ou de Gauss

É definido pelo eixo de rotação da Terra (pólo norte geográfico), ou seja, é a

direção tangente ao meridiano (geodésico) passante pelo ponto e apontado para o Pólo Norte

Geográfico.

2.1.4 Norte magnético

É definido pelo pólo magnético, que não é coincidente com o pólo geográfico,

sendo obtido por meio de bússolas, ou seja, é a direção tangente à linha de força do campo

magnético passante pelo ponto e apontando para o Pólo Norte Magnético. É importante

salientar que devido à significativa variação da ordem de minutos de arco anualmente deste

pólo ao longo dos anos, é necessário corrigir o valor constante da carta/mapa para a data do

levantamento.

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2.1.5 Norte de quadrícula

É definido pelo norte da carta, ou seja, pela direção norte do quadriculado de

coordenadas planas do mapa. É a direção paralela ao eixo Norte, o qual coincide com o

Meridiano Central do fuso no Sistema de Projeção UTM no ponto considerado e apontado

para o Norte (sentido positivo de N).

Fig.3 – Representação dos vetores dos três nortes.

2.1.6 Declinação magnética

É o ângulo formado entre a direção do Norte Verdadeiro e a direção do Norte

Magnético, em um determinado local da superfície terrestre; ângulo este, contado para leste

(E) ou para oeste (W), a partir da direção do Norte Verdadeiro.

A Declinação Magnética varia em função de cada local da superfície terrestre,

já que o magnetismo terrestre varia de um local para o outro e com o tempo, não apresentando

sempre o mesmo valor.

A não coincidência entre os pólos geográficos e magnéticos se deve à desigual

distribuição do material magnético da Terra, havendo, portanto, um ângulo formado entre eles

cujo valor é 11º30`. Na prática, segundo Ernesto (1983), isto significa que a agulha da bússola

desvia do norte geográfico para leste ou oeste segundo um ângulo que dependerá do local

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onde se encontra o observador. Então, de acordo com Leinz & Amaral (1985), a agulha é

submetida a duas forças: a vertical, que determina a inclinação, e a horizontal que orienta a

agulha rumo ao pólo magnético. Dá-se o nome de declinação magnética a esse desvio que a

agulha magnética sofre em relação à linha NS “verdadeira”.

O Observatório Nacional do Rio de Janeiro publica em seu anuário um mapa

do país com o traçado das isopóricas (lugar geométrico das regiões com a mesma variação

anual da declinação magnética) e isogônicas (lugar geométrico das regiões com a mesma

declinação magnética). Pode-se efetuar o cálculo matemático através de um programa

específico ou com auxílio de cartas isogônicas e isopóricas. O observatório acima referido

fornece um programa no qual o usuário fornece latitude, longitude e data do levantamento e o

programa fornece a declinação magnética e variação anual para aquele ponto naquela data.

A Declinação Magnética é usada para a transformação dos rumos ou azimutes

magnéticos em rumos ou azimutes geográficos.

2.1.7 Cálculo da convergência meridiana plana

Os planos cartográficos, por tentarem representar a superfície curva da terra

como um plano sofrem a influência de uma deformação angular denominada Convergência

Meridiana.

A Convergência Meridiana é o ângulo formado entre o norte de quadrícula e o

norte verdadeiro. Tomando como base o sistema UTM, quanto mais próxima da região

central de uma zona UTM, menor será o valor, chegando a zero no meridiano central da zona

UTM. A convergência meridiana é a diferença angular entre as linhas do quadriculado,

sistema de coordenadas plano-retangulares usando medidas de distância sobre uma projeção

escolhida, e dos meridianos, que convergem para os pólos geográficos (Maling, 1980).

Percebe-se o efeito da convergência meridiana através do grid UTM que não

coincide com os meridianos e paralelos, não estando paralelo às laterais do mapa. Dessa

forma, o grid UTM não aponta exatamente para o norte, e a convergência meridiana indica o

quanto as linhas verticais do grid estão deslocadas para leste ou oeste do norte verdadeiro.

A convergência meridiana plana num ponto é definida pelo ângulo entre o

Norte Geográfico e o Norte do Grid ou da Quadrícula (NQ). É função de suas coordenadas e

seu valor é nulo no meridiano central do fuso. Nas cartas do mapeamento sistemático

Page 21: TCC_CristianoPinho_2010

22

brasileiro, a convergência meridiana é representada no mesmo diagrama que a declinação

magnética.

Pode-se exemplificar este fato considerando uma folha de papel dividida numa

malha regular quadrangular, ou seja, igualmente espaçada entre as linhas horizontais e

verticais. A partir de uma esfera dividida em meridianos e paralelos, coloca-se a folha de

papel sobre a esfera, coincidindo a linha central da folha com o meridiano central da esfera.

Não é possível representar uma região curva num plano sem distorções, logo, à medida que

nos afastamos da linha central sobre a qual o traçado coincide, nas direções de leste a oeste,

ocorre uma variação angular denominada convergência meridiana.

A convergência meridiana é variável em relação a cada ponto, dentro do fuso, e

igual para pontos simétricos, um de cada lado do Meridiano Central. A convergência

meridiana para um dado ponto é o ângulo formado, nesse ponto, pelo norte geográfico com o

norte de quadrícula. No sistema UTM a Convergência Meridiana Plana cresce com a latitude

e com o afastamento do Meridiano Central. No hemisfério Norte ela é positiva para Este do

Meridiano Central e negativa para Oeste. No hemisfério Sul ela é negativa a Este do

Meridiano Central e positiva a Oeste.

Fig.4 - Convergência Meridiana nos quatro Quadrantes.

Page 22: TCC_CristianoPinho_2010

23

2.1.7.1 Cálculo da convergência meridiana plana em função das coordenadas geodésicas

A Convergência Meridiana pode ser calculada, entre outros métodos, através

das seguintes fórmulas:

C = XII . p + XIII . p3 + C`5 . p5 (6)

Onde:

Achatamento: α = (a – b) / a (7)

Ou: α = 1/f (8)

Semi-eixo menor b: b = a (1 - α ) (9)

Semi-eixo maior a: a = (1 – b) / α (10)

Excentricidade 1a: e2 = 1 – (b2 / a2) (11)

Ou: e2 = 2.α – α2 (12)

Excentricidade 2ª: ex2 = (a2 – b2) / b2 (13)

Meridiano Central (MC): MC = 183 – 6.Fuso UTM (14)

Sendo que o território brasileiro é abrangido pelos fusos de 25 a 18.

XII = sen φ . 104 (15)

XIII = (sen2 1’’ .sen φ .cos 2 φ / 3). (1+3.ex22.cos2 φ + 2. ex24. cos4 φ). 1012 (16)

C`5 = (sen4 1’’ .sen φ. cos 4 φ / 15).(2 - tan2 φ).1020 (17)

p = 0,0001.(MC – (λ.(180/ π.3600))) (18)

1’’ = 0,000277777777778 (decimal) (19)

Page 23: TCC_CristianoPinho_2010

24

Fig. 5 – Os fusos UTM no Brasil.

2.1.7.2 Cálculo da convergência meridiana plana em função da UTM

Pode ser calculada também pelo seguinte método:

C = (XV) . q + (XVI) . q3 + (F’5) . q5 (20)

Onde:

q = 0,000001 . (E_UTM – 500.000) (21)

Excentricidade 1a: e2 = 1 – (b2 / a2) (22)

Ou: e2 = 2.α – α2 (23)

Grande normal: N = a / (1- e2. sen2 φ)1/2 (24)

K0 = 0,9996

XV = ( tan φ / N .sen 1’’) . (1/K0 .106) (25)

F’5 = ( tan φ / 15. N5. sen 1’’). (2+ (5.tan2 φ) + (3. tan4 φ)). (1/ K05). 1030 (26)

Calcula-se a latitude de forma iterativa por meio das seguintes expressões:

Nl = 10.000.000 – N_UTM (27)

Bl = Nl / K0 (28)

Page 24: TCC_CristianoPinho_2010

25

φ = Bl. 1/ α (29)

Processo iterativo:

φ = 1/α.(Bl+(β.sen2 φ)-(y.sen4 φ)+(δ.sen6 φ)-(ζ.sen8 φ)+(ε.sen10. φ) (30)

Sendo:

α = (A.a.(1-e2)) /(180/π) (31)

β = (B.a.(1-e2)) /2 (32)

y = (C.a.(1-e2)) /4 (33)

δ = (D.a.(1-e2)) /6 (34)

ζ = (E.a.(1-e2)) /8 (35)

ε = (F.a.(1-e2)) /10 (36)

Onde:

A = 1+3/4.e2+45/64.e4+175/256.e6+11025/16384.e8+43659/65536.e10+... (37)

B = 3/4.e2+15/16.e4+525/512.e6+2205/2048.e8+72765/65536.e10+... (38)

C = 15/64.e4+105/256.e6+2205/4096.e8+10395/16384.e10+... (39)

D = 35/512.e6+315/2048.e8+31185/131072.e10+... (40)

E = 315/16384.e8+3465/65536.e10+... (41)

F = 693/131072.e10+... (42)

2.2 Ajustamento de observações

O ajustamento de observações é uma poderosa ferramenta em qualquer área da

engenharia, permitindo a solução de problemas amparados em análises estatísticas e de

qualidade. O ajustamento relaciona observações e parâmetros através de equações que

conectem ambas as informações e, através de álgebra, determina a melhor solução possível

para este sistema. Embora existam diversos modos de realizar o ajustamento, neste trabalho

serão apresentados os mais utilizados que são os seguintes métodos: paramétrico com

injunção e combinado.

O método combinado é o mais abrangente dentre os métodos de ajustamento

que utilizam o método dos mínimos quadrados (MMQ), permitindo que parâmetros e

Page 25: TCC_CristianoPinho_2010

26

observações estejam misturados e relacionados dentro das equações. A principal desvantagem

deste método é o alto custo computacional, pois requer a criação de mais matrizes e um

número maior de cálculos. O modelo matemático do método combinado é apresentado abaixo

(Gemael, 1994):

(43)

Onde:

representa o vetor dos parâmetros ajustados;

representa o vetor dos parâmetros iniciais;

representa a matriz das derivadas parciais das equações em relação às

observações;

representa a matriz das derivadas parciais das equações em relação aos

parâmetros;

representa a matriz peso das observações;

representa o vetor de resíduos das equações quando aplicados os parâmetros

iniciais.

O outro método comentado é o paramétrico com injunções. Este método é um

caso particular do combinado onde os parâmetros podem ser separados para um lado da

equação e as observações para o outro lado. Quando isto é possível a equação apresentada

acima é simplificada, permitindo a obtenção do resultado com um número menor de

operações. O uso de injunções relativas permite que alguns parâmetros tenham seus resultados

restringidos, aumentando ainda mais a eficiência do método.

O ajustamento de observações é uma das mais importantes ferramentas

matemáticas utilizadas na Engenharia Cartográfica. Em linguagem simplificada, o

ajustamento de observações é um método de estimar parâmetros através de observações que

possuam relação aos mesmos através de funções. O ajustamento também permite que seja

controlada a qualidade e confiabilidade dos dados. Os métodos de ajustamento descritos neste

trabalho utilizam o princípio dos mínimos quadrados para obter a melhor solução possível. O

método dos mínimos quadrados busca o melhor ajuste para um resultado, de forma que o

resíduo total dos parâmetros seja mínimo (Gemael, 1994; Matsuoka, 2003; Mônico, 2008).

Há três principais modelos de ajustamento (Gemael, 1994):

a) Paramétrico;

Page 26: TCC_CristianoPinho_2010

27

b) Correlatos;

c) Combinado.

Cada um destes três métodos possui suas vantagens e desvantagens. A tabela

abaixo ilustra quais as principais características dos métodos:

Método Vantagens Desvantagens

Paramétrico - Fácil de aplicar;

- Baixo custo computacional;

- Resultado igual ao Combinado,

quando aplicável.

- Há restrições na forma de utilização;

- É mais trabalhoso do que o método Corre-

Latos.

Correlatos - Simples e fácil de aplicar;

- Baixo custo computacional;

- Resultado igual ao Paramétrico

ou ao Combinado, quando aplicá-

vel.

- Não fornece os parâmetros finais de forma

Direta;

- Ajusta somente as observações,sem consi-

derar os parâmetros.

Combinado - Resolve qualquer problema de

ajustamento.

- Alto custo computacional;

- Exige derivadas parciais para cada obser-

vação e parâmetro utilizado.

Quadro 1- Comparativo entre os métodos de ajustamento.

Os dois métodos abordados aqui serão o paramétrico e o combinado, por se

tratarem dos métodos mais indicados nas situações que serão encontradas no projeto. O

método combinado utiliza o princípio dos mínimos quadrados para estimar um grupo de

parâmetros, ligados a outro grupo de observações através das equações de condição. Para este

método, não há muitas restrições, desde que seja dada a correta geometria e graus de liberdade

para resolução do mesmo. Já o modelo paramétrico é na verdade uma simplificação do

modelo combinado, quando a derivada parcial das equações de condição em relação às

observações fornece um número inteiro (Matsuoka, 2003; Mônico, 2008; Gemael, 1994).

O ajustamento de observações é uma ferramenta realmente versátil, mas

também requer muito conhecimento para que sejam tomados alguns cuidados necessários para

o correto funcionamento desta. A premissa básica do ajustamento prevê que existam graus de

liberdade, ou seja, superabundância de observações. Também é necessário que o problema

tenha uma geometria adequada, como, por exemplo, ao formar um plano, dispor de três

pontos que não sejam colineares, pois se forem, há inúmeros planos que podem ser formados.

Page 27: TCC_CristianoPinho_2010

28

Por fim, é necessário considerar que as matrizes do ajustamento deverão ser invertidas,

portanto, é necessário conhecer a capacidade do programa utilizado e as dimensões da matriz

(Gemael, 1994; Jamsa, et al., 1999).

Durante a realização de um ajustamento, é possível que alguns dados

observados precisem ser inseridos no mesmo, efetuando a adição de observações, seja porque

foram coletados posteriormente, ou outro motivo qualquer. O principio do ajustamento de

observações permite que sejam utilizados os dados já processados de um ajustamento para

inserir estes novos dados, sem a necessidade de se realizar novamente o ajustamento inteiro.

No processamento de dados GNSS, esta é uma ferramenta muito útil, devido à possibilidade

de inserir os dados na medida necessária para obter a qualidade desejada, sem a necessidade

de processar dados não necessários, o que demanda tempo para o processamento. A adição de

observações pode ser realizada em qualquer um dos dois métodos, seja o combinado, seja o

paramétrico (Gemael, 1994).

2.2.1 Ajustamento de rede GPS

Uma das etapas mais importantes do levantamento georreferenciado é o

ajustamento dos pontos que servem de referência para outros. No presente trabalho o marco

denominado de Base, que serve de ponto de transporte de coordenadas para o imóvel, foi

ajustado a partir de duas estações ativas da RBMC, de Porto Alegre e de Santa Maria, com

linhas de base de 150 e 308 km, respectivamente. No ajustamento dos dados coletados pelo

rastreio do ponto Base, foram fixadas as coordenadas das estações da RBMC acima

mencionadas, sendo classificadas como pontos de controle, a partir das quais partiram vetores

independentes em direção ao ponto base (um vetor independente de cada estação da RBMC),

determinando a posição do ponto base com maior confiabilidade.

O ajustamento da rede GPS pode ser efetuado usando o método paramétrico

(método das equações de observações), o dos correlatos (método das equações de condição)

ou o combinado. Neste trabalho foi utilizado o método paramétrico para o ajustamento da

rede GPS.

De posse das diferenças de coordenadas ∆X, ∆Y e ∆Z das linhas-base e suas

respectivas MVCs (matriz variância e covariância), obtidas a partir do processamento das

Page 28: TCC_CristianoPinho_2010

29

linhas-base GPS, realiza-se o ajustamento utilizando o método paramétrico. O modelo

matemático para o caso de duas estações i e j é dado por:

∆Xij = Xj – Xi (44)

∆Yij = Yj – Yi (45)

∆Zij = Zj – Zi (46)

Onde, ∆X, ∆Y e ∆Z são as observações advindas do processamento GPS e X,

Y e Z as incógnitas, que são as coordenadas das estações.

O modelo matemático das observáveis na forma linearizada pode ser escrito

como (MONICO, 2000):

E{Lb} = AX, (47)

D{L} = ΣLb , (48)

Onde:

Lb: vetor das observações;

A: matriz design;

X: vetor parâmetros incógnitos;

D{L}: operador de dispersão;

ΣLb: a matriz variância-covariância (MVC) das observações.

A matriz peso e o vetor dos parâmetros ajustados são representados,

respectivamente, por:

P = σo2 ΣLb

-1 (49)

Onde σo2 é o fator de variância a priori, o qual pode ser arbitrado.

Xa = (AT PA)-1 (AT PLb) (50)

Onde Lb é o vetor das observações obtidas no levantamento.

As MVCs envolvidas no ajustamento são expressas por:

ΣXa = σo2 N-1 (51)

Page 29: TCC_CristianoPinho_2010

30

ΣLa = AΣXa AT (52)

ΣV = ΣLb + ΣLa (53)

Onde:

ΣXa: MVC dos valores ajustados;

ΣLa: MVC das observações ajustadas;

ΣV: MVC dos resíduos.

O quadro abaixo mostra a dimensão das matrizes do ajustamento, sendo que n

é o número de observações e u é o número de parâmetros.

Matrizes Dimensão

A n x u

P n x n

L = Lo = Lb n x 1

ΣXa = N (simétrica) u x u

V = U = Xa u x 1

Quadro 2 - Dimensões das matrizes no ajustamento.

Depois de realizados todos os ajustamentos, obtiveram-se as informações

relacionadas ao controle de qualidade a partir do teste Qui-quadrado ao nível de confiança de

95%, o qual foi aprovado.

Foram testadas duas configurações de rede GPS, a primeira partindo vetores

independentes das estações ativas da RBMC para os pontos base implantados no imóvel. A

segunda configuração consistiu no seguinte: após o ajustamento dos pontos base,

denominados de Base01 e 02, partiram vetores independentes dessas bases para os vértices

que definem o perímetro da gleba, ajustando-os também.

Conforme a 2ª edição da Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis

Rurais, a primeira configuração é obrigatória quando utilizado o método de posicionamento

relativo estático, enquanto que a segunda configuração é opcional. A determinação das

coordenadas dos vértices do perímetro, utilizando o método de ajustamento de observações e

o método relativo, no qual se considerou somente uma base, proporcionaram os mesmos

resultados, obtendo as mesmas coordenadas para os vértices do perímetro.

Page 30: TCC_CristianoPinho_2010

31

Portanto, no presente trabalho, o ajustamento de rede GPS mostrou-se

fundamental no ajustamento das bases implantadas no imóvel, entretanto, dispensável na

determinação das coordenadas geodésicas dos vértices do perímetro.

Fig. 6 - Representação dos vetores independentes das estações ativas da RBMC utilizadas no ajustamento da base implantada no imóvel.

2.3 Geodésia

A Geodésia pode ser compreendida como a ciência que trata da determinação

das dimensões e forma da Terra, intensidade do seu campo gravitacional e suas variações

temporais. Na prática significa a determinação das coordenadas astronômicas e geodésicas de

pontos fixos, com a finalidade de proporcionar o apoio para levantamentos de ordem inferior

com o objetivo de gerar cartas precisas da superfície terrestre. Os pontos materializados no

terreno servem como referência precisa a diversos projetos de engenharia, como levantamento

de imóveis urbanos e rurais, locação de estradas e loteamentos e barragens entre outros

exemplos.

2.3.1 Superfícies de referência

Page 31: TCC_CristianoPinho_2010

32

Todo o projeto deve partir de um ponto de referência, deve ser amarrado a um

referencial conhecido ou arbitrado, podendo estar localizado em uma das superfícies de

referência existentes. Existem várias superfícies de referências, as quais são adotadas

conforme o trabalho que se deseja realizar e os equipamentos utilizados. É muito importante

conhecer as suas características para transferir coordenadas de uma para a outra, para executar

projetos de locação de gasodutos, oleodutos, estradas, aterros, cortes e controle de

estabilidade de estruturas de concreto entre outros trabalhos. A seguir, os detalhes das

principais superfícies de referência utilizadas em serviços geodésicos e topográficos.

2.3.1.2 Superfície Topográfica (ST)

É a superfície real, irregular, sobre a qual estamos apoiados e efetuamos as

medições geodésicas de distâncias, ângulos, desníveis, locações e divisões entre outros

trabalhos. Não é possível representá-la em toda a sua extensão por meio de relações

matemáticas, pois é um modelo irregular. Também é denominada de Superfície Física da

Terra (SF).

2.3.1.3 Superfície Elipsoidal (SE)

É a superfície do modelo geométrico no qual são efetuados os cálculos

geodésicos e desenvolvidas as fórmulas. As observações geodésicas efetuadas na superfície

física são reduzidas à superfície elipsoidal para todos os cálculos geodésicos, adotando-se

para a terra o elipsóide de revolução. O elipsóide é formado a partir de uma elipse rotacionada

em torno do seu semi-eixo menor (b). É a superfície de referência com tratamento matemático

que mais se aproxima do geóide.

2.3.1.4 Superfície Geoidal (SG)

Page 32: TCC_CristianoPinho_2010

33

É uma superfície ondulada, definida pelo nível médio dos mares em repouso,

prolongada através dos continentes, de maneira que as linhas verticais cruzem

perpendicularmente esta superfície em todos os pontos. O geóide depende do campo

gravitacional terrestre e da distribuição de massa no interior da terra, variando em regiões de

cadeia montanhosas e depressões. É uma superfície equipotencial do campo de gravidade da

terra que melhor se aproxima do nível médio dos oceanos em toda a Terra (Vanicek &

Krakiwsky).

O geoide é uma superfície que teoricamente passa pelos pontos de altitude

nula, determinados pelos marégrafos. É muito irregular, não sendo possível a sua

representação matemática exata por meio de um modelo.

A separação entre a superfície do geóide e do elipsóide denomina-se ondulação

geoidal (N).

2.3.2 Sistemas de Coordenadas

Após a definição das superfícies de referência, deve-se definir o sistema de

coordenadas que permite localizar um ponto de forma inequívoca sobre tais superfícies. Os

sistemas de coordenadas mais conhecidos serão abordados a seguir.

2.3.2.1 Sistema de Coordenadas Geográficas

As coordenadas geográficas são referidas à Terra como se ela fosse esférica,

sendo que a abscissa é a longitude, eixo x, e a ordenada é a latitude, eixo y. As coordenadas

geográficas são determinadas através dos paralelos e meridianos que são linhas de referência,

as quais cobrem todo o globo terrestre com a finalidade de permitir a localização precisa de

qualquer ponto sobre a sua superfície.

A latitude é o ângulo formado entre a linha que une um ponto da superfície

terrestre ao centro da Terra e a projeção desse linha sobre o plano do Equador. Varia de 0º a

90º, sendo positiva no hemisfério Norte e negativa no hemisfério Sul. É o arco contado sobre

o meridiano do lugar e que vai do Equador até o lugar considerado.

Page 33: TCC_CristianoPinho_2010

34

A longitude é o ângulo formado entre os planos que contém o meridiano de

Greenwich e o meridiano que passa pelo ponto. É contada a partir do meridiano de

Greenwich, por oeste, variando de 0º a 360º, ou 0º a ± 180º (W/E), positiva à leste de

Greenwich. É o arco contado sobre o Equador e que vai do meridiano de Greenwich até o

meridiano do referido lugar.

2.3.2.2 Coordenadas Geodésicas

O sistema de coordenadas Geodésicas, também denominadas de elipsóidicas,

envolve o elipsóide de referência adotado. Esse sistema estabelece o paralelismo entre o eixo

de rotação terrestre e o eixo de rotação do elipsóide, já que não é possível fazer a coincidência

do centro geométrico do elipsóide com o centro de gravidade da terra, por não conhecermos

este último.

Fig. 7 – Sistema de Coordenadas Geodésicas.

A latitude geodésica (φ) é o ângulo formado pela normal (n) ao ponto

considerado, com sua projeção equatorial. Também conhecida como latitude elipsóidica. A

latitude geodésica tem origem no equador do modelo, sendo nula em todos os pontos do

mesmo, variando de 0º a 90º, sendo negativa no hemisfério sul.

Page 34: TCC_CristianoPinho_2010

35

A longitude geodésica (λ) consiste num diedro formado pelo meridiano

geodésico paralelo ao de Greenwich e pelo meridiano do ponto em estudo. A longitude

geodésica varia de 0º a 180º, por leste e por oeste, sendo positiva a leste.

A altitude geométrica (h) é necessária para definir a posição de um ponto no

sistema de coordenadas geodésicas sem cometer equívocos. A coordenada geodésica h indica

a exata posição do ponto sobre a normal, sendo determinado como a distância do ponto P até

a sua projeção P` no elipsóide, contada ao longo da respectiva normal. Os receptores GPS

fornecem altitude geométrica. Esta coordenada é nula na superfície do elipsóide.

A Altitude Ortométrica (H) é a distância compreendida entre o ponto

considerado e o geóide, contada sobre a vertical. Pode ser obtida por nivelamento geométrico

associado a gravimetria, e também por rastreio de satélites artificiais em pontos nos quais o

geóide é conhecido.

A Ondulação Geoidal (N) é a separação geóide-elipsoide do ponto

considerado.

Fig. 8 – Altitude geométrica e ortométrica, Superfície Topográfica, Elipsoidal e

Geoidal.

Transformação das coordenadas geodésicas para cartesianas:

X = (N + h) cos Ф. cos λ (54)

Y = (N + h).cos Ф. sen λ (55)

Z = [ N (1-e2) + h] .sen Ф (56)

Page 35: TCC_CristianoPinho_2010

36

Sendo:

X,Y,Z = Coordenadas cartesianas espaciais;

a = semi-eixo maior do elipsóide de referência;

b = semi-eixo menor do elipsóide de referência;

h = altura geométrica ou elipsoidal;

N = raio de curvatura da seção primeira vertical;

e2 = primeira excentricidade;

Ф = latitude do ponto considerado;

λ = longitude do ponto considerado.

Onde:

e2 = (a2 – b2) / b2 (57)

N = a / (1-e2 sen2 Ф)1/2 (58)

2.3.2.3 Coordenadas Plano Retangulares

Este sistema de coordenadas é baseado no sistema de Coordenadas Cartesiano

Plano criado pelo filósofo francês Renée Descartes (1569-1650), cujo nome em Latim era

Renatus Cartisus, o que explica o termo “Sistema Cartesiano”.

O sistema de Coordenadas Plano Retangulares consiste de dois eixos

geométricos, localizados num mesmo plano e perpendiculares entre si, formando quatro

quadrantes. O cruzamento dos dois eixos é a origem do sistema. O eixo primário, localizado

na horizontal, é denominado abscissa X, enquanto que o eixo secundário, localizado na

vertical, é perpendicular ao eixo das abscissas e é denominado de ordenada Y. Os dois eixos

são igualmente graduados de acordo com a escala definida para o sistema. O eixo Y é positivo

na origem “para cima” e o eixo X é positivo da origem “para a direita”. As coordenadas

retangulares de um ponto são dadas por dois números que correspondem às projeções

geométricas deste ponto sobre o eixo das abscissas e sobre o eixo das ordenadas. Ao par de

coordenadas (x,y) dá-se o nome de coordenadas retangulares planas.

Para o uso deste sistema na topografia o sentido da leitura angular foi invertido,

lendo-se os ângulos no sentido horário, em conformidade com o sentido de graduação do

Page 36: TCC_CristianoPinho_2010

37

limbo da maioria dos instrumentos topográficos mecânicos e a referência angular sendo o eixo

vertical.

Para a determinação das coordenadas de um ponto no Sistema de Coordenadas

Plano Retangulares é necessário conhecer as coordenadas de um ponto de origem, a

orientação e a distância entre essa origem e o ponto a ser determinado.

2.3.2.4 Sistema de Coordenadas Polar Plano

O Sistema de Coordenadas Polar Plano é determinado por um ponto fixo,

denominado origem ou pólo, e por uma direção ou eixo passando por esse pólo. A posição de

um ponto é definida a partir da indicação de um ângulo α, denominado ângulo polar, medido a

partir de um eixo de referência, e de uma distância ρ, denominado raio vetor, medida a partir

da origem (pólo). Ao par de valores (α, ρ) dá-se o nome de coordenadas polares planas.

Da mesma forma que o Sistema de Coordenadas Cartesiano Plano, o Sistema

de Coordenadas Polar Plano, tal como ele é usado na matemática, possui o sentido anti-

horário como sentido positivo e utiliza o eixo horizontal como eixo de referência angular. Na

topografia ele sofreu também uma inversão no sentido positivo do ângulo. O sentido positivo,

neste caso, é o sentido horário e, da mesma forma que o Sistema de Coordenadas Cartesiano

Plano Topográfico, a origem do ângulo é o eixo vertical. A esse sistema de coordenadas dá-se

o nome de Sistema de Coordenadas Polar Plano Topográfico.

2.3.2.5 Sistema de Coordenadas Cartesianas Espaciais

O posicionamento espacial de um ponto pode ser determinado, em um sistema

cartesiano, a partir da adição de um terceiro eixo, Z, ao sistema de coordenadas cartesiano

plano. Dessa forma, o Sistema de Coordenadas Cartesiano Espacial é definido de maneira que

a origem seja o centro da Terra, os eixos X e Y pertencem ao plano do equador, o eixo Z

coincida com o eixo médio de rotação da Terra e o eixo X seja direcionado de maneira a

interceptar o meridiano de referência. Ao sistema definido dessa maneira dá-se o nome de

Sistema Cartesiano Geocêntrico.

Page 37: TCC_CristianoPinho_2010

38

É importante salientar que o Sistema Cartesiano Geocêntrico não é adequado

para as medições topográficas em geral devido ao fato dele não representar convenientemente

as altitudes. A coordenada Z, neste sistema, é perpendicular ao plano do equador enquanto

que a altura elipsoidal h, é normal a superfície de referência. Assim, um aumento no valor de

h não produzirá um aumento igual em Z. É fundamental não confundir coordenada Z com

altura elipsoidal ou com a altitude de um ponto. Abaixo, a figura 9 ilustra o sistema descrito.

Transformação das coordenadas Cartesianas para Geodésicas:

λ = arctan (Y/X) (59)

φ = arctan (Z + b e`2 sen3 ψo / d - a e2 cos3 ψo ) (60)

h = (d / cos φ) - N (61)

Sendo:

ψo = latitude geocêntrica;

φ = latitude geodésica;

e`2 = excentricidade segunda.

Onde:

d = (X2 + Y2)1/2 (62)

ψo = arctan ( Z/d . a/b) (63)

e`2 = e2 / 1 - e2 (64)

Fig. 9 – Sistema Cartesiano Geocêntrico

Page 38: TCC_CristianoPinho_2010

39

2.3.3 Sistema Geodésico de Referência (SGR)

É um sistema formado por um elipsóide que serve de referência para a

localização de qualquer ponto sobre o planeta terra.

Para a implantação de um Sistema Geodésico de Referência (SGR), conforme

Oliveira, 1998, são necessárias quatro etapas: conceito, definição, materialização e

densificação.

Do ponto de vista conceitual do Sistema Geodésico de Referência é visualizada

a origem do sistema e fixação dos eixos. Com a origem no centro de massa da Terra ou

transladado para o centro de outro sistema. Quanto à fixação dos eixos de coordenadas, estes

devem ser fixos no espaço com relação à origem.

A definição estabelece princípios que fixam a origem, a orientação e eventual

escala de sistemas de coordenadas, como por exemplo o elipsóide de revolução.

A materialização é o conjunto de pontos fixados no terreno por meio de marcos

de concreto, entre outros, aos quais é estabelecido um conjunto de coordenadas de referência

para os mesmos.

A densificação implica na materialização de pontos auxiliares na superfície

terrestre, com um espaçamento menor entre os pontos do que os pontos principais da rede.

A terra pode ser aproximada por um elipsóide de revolução, o qual foi gerado

pela rotação de uma elipse em torno do eixo polar. Esta superfície é considerada como a mais

próxima da forma real da terra e que tenha tratamento matemático, em substituição ao geóide.

Esta aproximação do geóide pelo elipsóide só é possível mediante as seguintes condições:

a) coincidência do centro do elipsóide com o centro de gravidade da Terra;

b) coincidência do plano equatorial do elipsóide com o plano do equador

terrestre;

c) minimização dos desvios em relação ao geóide.

Para atender a última condição efetuam-se ligações entre geóide e elipsóide em

pontos conhecidos como datum geodésico, ou seja, lugar onde o elipsóide tangencia a

superfície terrestre.

Os Sistemas Geodésicos de Referência são classificados, quanto ao método de

determinação e orientação, em Clássicos e Modernos.

O método Clássico implica na determinação de posições precisas sobre a

superfície terrestre através de métodos clássicos que resultaram na necessidade de adoção de

Page 39: TCC_CristianoPinho_2010

40

dois SGRs, um horizontal e outro vertical. O SGR vertical fornece a referência para a

determinação precisa da componente altimétrica do SGB (Sistema Geodésico Brasileiro),

enquanto o SGR horizontal fornece a referência para a determinação precisa das componentes

planimétricas (latitude e longitude).

Um SGR horizontal é tradicionalmente definido por um elipsóide e seu

posicionamento no espaço. Este elipsóide é escolhido de forma a garantir uma boa adaptação

ao geóide da região. Os parâmetros definidores do sistema normalmente estão vinculados a

um ponto da superfície terrestre denominado de ponto origem, ou datum. O centro desse

elipsóide não coincide com o centro de massa da Terra, o geocentro, devido ao requisito de

boa adaptação na região de interesse.

As metodologias de levantamentos utilizadas na materialização de um SGR

clássico horizontal foram a triangulação e a poligonação. Os sistemas Córrego Alegre, Chuá

Asto-Datum e o SAD69 são exemplos de SGR de concepção clássica.

Um referencial geodésico moderno apresenta as seguintes características: sua

definição pressupõe a adoção de um elipsóide de revolução cuja origem coincide com o

centro de massa da Terra e com o eixo de revolução coincidente com o eixo de rotação da

Terra. A sua materialização de dá mediante o estabelecimento de uma rede de estações

geodésicas com coordenadas tridimensionais. Estas coordenadas são estabelecidas através de

técnicas de posicionamento espacial de alta precisão, como VLBI (Very Long Baseline

Interferometry) e GPS ( Global Positioning System), entre outras.

O International Terrestrial Reference System (ITRS) é um exemplo de

referencial moderno, sendo que suas realizações tem a denominação de ITRFyy (International

Terrestrial Reference Frame), sendo yy para acompanhamento temporal das coordenadas.

O Projeto Mudança do Referencial Geodésico (PMRG) visa promover a

adoção no país de um novo sistema de referência, mais moderno, de concepção geocêntrica, e

compatível com as modernas tecnologias de posicionamento. Sendo assim, o Sistema

Geodésico Brasileiro adotado atualmente é o SIRGAS2000, sistema geocêntrico que

estabelece o eixo de rotação paralelo ao eixo de rotação da Terra, onde a origem está

localizada no centro de massa da terra, juntamente com o SAD-69, sistema topocêntrico no

qual o centro do elipsóide, ou origem dos eixos, não está localizado no centro de massa da

Terra, mas sim no ponto de origem escolhido. O período de transição previsto não deve

exceder dez anos. Para concluir: define-se um Sistema Geodésico de Referência, baseado num

conjunto de parâmetros e convenções, junto a um elipsóide ajustado às dimensões terrestres, e

devidamente orientado, e constituindo assim um referencial adequado para atribuição de

Page 40: TCC_CristianoPinho_2010

41

coordenadas de pontos da superfície física (Monico, 2000). Atualmente, os sistemas

geodésicos de referencia são constituídos por redes de referência, idealizadas através de

pontos materializados no terreno, cujas coordenadas são obtidas por técnicas espaciais. Estas

redes podem ser: globais (IGS), continentais (SIRGAS), nacionais (RBMC), regionais (redes

GPS estaduais).

Fig. 10 - Sistema Geodésico de Referência.

2.3.3.1 WORLD GEODETIC SYSTEM 1984 (WGS84)

O WGS84 é um sistema de referência global e geocêntrico. Esse sistema é

utilizado pelo Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS) do Departamento de Defesa

dos Estados Unidos da América (U.S. Departament of Defense – DoD), o Sistema de

Posicionamento Global (GPS). Desta forma, quando um levantamento é efetuado usando-se o

GPS em sua forma convencional, as coordenadas dos pontos envolvidos são obtidas nesse

sistema de referência. Sua origem é o centro de massa da Terra, com os eixos cartesianos X,

Y e Z definidos de forma idêntica do CTRS (Conventional Reference System – Sistema de

Referência Terrestre Convencional) para a época 1984,0 (MONICO, 2008). Nessa definição o

eixo Z aponta para o pólo terrestre convencional, o eixo X na direção do equador terrestre e

meridiano médio de Greenwich e o eixo Y contido no plano do equador médio, completando

o terno ortogonal dextrógiro.

Page 41: TCC_CristianoPinho_2010

42

O WGS84 é a quarta versão dos sistemas de referência estabelecido pelo DoD,

cuja primeira versão é de 1960. Na época de sua criação o sistema fornecia precisão métrica

em função da limitação da técnica observacional utilizada, o Doppler. Desde então, uma série

de refinamentos foram feitos ao WGS84, com o objetivo de melhorar a precisão da sua versão

original. Para a versão atual do WGS84 (G1150), no qual G indica que nesse refinamento foi

utilizada a técnica GPS e ‘1150’ se refere à semana GPS desta solução, a acurácia é de 1

centímetro. Todas essas precisões foram obtidas em relação ao International Terrestrial

Reference Frame (ITRF).

2.3.3.2 SIRGAS

O SIRGAS, Sistema de Referência Geocêntrico para a América do Sul, Central

e Caribe, foi criado em outubro de 1993, contando com a participação dos países da América

do Sul, Central, Norte e Caribe entre outros, representados por suas agências nacionais, tendo

como principal objetivo estabelecer um sistema de referência geocêntrico para a América do

Sul, Central e Caribe. Este modelo adotou a concepção de um Sistema de Referência

Moderno, no qual a componente “tempo” é acrescentada e as coordenadas e vetor velocidade

dos vértices são referidos a uma determinada época. Sua definição corresponde com o

Sistema Internacional de Referência Terrestre - ITRS (International Terrestrial Reference

System), sendo a realização do SIRGAS uma densificação regional da Rede Internacional de

Referência Terrestre – ITRF ( International Terrestrial Reference Frame).

Atualmente (abril de 2010), a rede SIRGAS é composta por aproximadamente

200 estações localizadas na América Latina, ilhas do Caribe e Antártica e 6 Centros Locais de

Processamento realizam as atividades de processamento da Rede. Além dos 6 Centros de

processamento, o DGFI (Deutsches Geodätisches Forschungsinstitut) realiza o processamento

de um conjunto de estações "núcleo" da Rede SIRGAS.

O SIRGAS 2000 utiliza o elipsóide GRS 80 (Geodetic Reference System

1980) como elipsóide de referência, enquanto que o sistema WGS 84, utiliza o elipsóide

denominado WGS 84.

Foi oficialmente adotado como Referencial Geodésico Brasileiro em 2005,

através da Resolução do Presidente do IBGE No.1/2005, na qual é alterada a caracterização do

Sistema Geodésico Brasileiro, estando atualmente em período de transição de dez anos, no

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43

qual o SAD69 ainda poderá ser utilizado pelos profissionais, com a recomendação de que

novos trabalhos sejam feitos já no novo sistema (Resolução do RJ, IBGE).

2.3.3.3 Compatibilidade entre SIRGAS 2000 e WGS84

O sistema de referência SIRGAS e o sistema WGS84 são geocêntricos e com

suas orientações definidas pelo BIH (Bureau International de L’Heure – Serviço Internacional

da Hora) que em 1988 foi substituído pelo Serviço Internacional de Rotação da Terra e de

Sistema de Referência (IERS – International Earth Rotation and Reference System Service),

sendo que a diferença entre os dois sistemas está nos elipsóides de referência. O SIRGAS

2000 utiliza o GRS 80 como elipsóide de referência e o sistema WGS 84 utiliza o elipsóide

denominado WGS 84, que são diferentes e apresentam os seguintes parâmetros:

Principais parâmetros do elipsóide GRS 80:

Semi-eixo maior: a = 6378137 m

Achatamento: f = 1/298,257222101

Semi-eixo menor: b = 6356752,314 m

Excentricidade: e2 = 0,006694380023

Principais parâmetros do elipsóide WGS84:

Semi-eixo maior: a = 6378137 m

Achatamento: f = 1/298,257223563

Semi-eixo menor: b = 6356752.3142 m

Excentricidade: e2 = 0.00669437999013

Pelo fato do GPS utilizar as efemérides vinculadas ao sistema WGS84, na

atualização do SIRGAS2000, que também usa as efemérides provenientes do sistema

WGS84, houve uma compatibilização entre os dois sistemas de referência na mesma época

em que foram atualizados.

Portanto, pelo fato da atualização dos sistemas SIRGAS2000 e WGS84 terem

ocorrido na mesma época e com os mesmos dados, pode-se considerar que as coordenadas em

Page 43: TCC_CristianoPinho_2010

44

WGS84 são compatíveis com as coordenadas em SIRGAS 2000, não necessitando a

conversão entre esses sistemas.

Essa compatibilidade se deve ao fato de que a cada refinamento do WGS84,

suas coordenadas ficaram mais próximas do ITRF que adota o elipsóide GRS80. É importante

ressaltar também que as diferenças encontradas nos parâmetros geométricos do elipsóide

WGS84 em relação aos dos GRS80 são causadas pela utilização do coeficiente do harmônico

zonal de segundo grau no WGS84 para a determinação do achatamento e que, no caso do

GRS80, foi utilizada a constante dinâmica de forma.

As discrepâncias entre os parâmetros SIRGAS 2000 e WGS 84 estão dentro da

acurácia esperada para a primeira realização do WGS 84, ou seja, entre ±0,5 e ±1,0 m

(SEEBER, 2003). As novas versões do WGS 84 apresentam acurácia compatível com as

realizações atuais do ITRS e, portanto, compatível com o SIRGAS 2000 (MONICO, 2008).

Inicialmente, o elipsóide de referência utilizado pelo sistema de navegação

americano, o GPS, foi o GRS 80, adotando mais tarde um novo referencial, o elipsóide

denominado de WGS 84. Atualmente, o SIRGAS 2000 adota o elipsóide GRS 80 como

referencial.

2.3.3.4 Parâmetros de transformação entre sistemas de referência

Atualmente o sistema de referência no Brasil é o SIRGAS 2000, embora o

prazo para mudança de SAD69 para SIRGAS esteja em vigência. A seguir, os parâmetros de

transformação de um sistema de referência para outro, muito utilizado quando se tem um

mapa com um sistema e deseja-se obter as suas coordenadas no sistema atual de referência.

Utiliza-se para a transformação de um sistema de referência para o outro o

cálculo de matrizes, somando o parâmetro de transformação no eixo de translação, da seguinte

forma:

[ X,Y,Z] Sistema atual = [ X,Y,Z]Sistema antigo + [Parâmetros de transformação] (65)

Tab.1 - Parâmetros de transformação de SAD69 para outros sistemas. De SAD69 para: WGS84 Córrego Alegre SIRGAS2000

Translação X -66,87m +138,70m -67,348m

Page 44: TCC_CristianoPinho_2010

45

Translação Y +4,37m -164,40m +3,879m

Translação Z -38,52m -34,40m -38,223m

Tab.2 – Parâmetros de transformação de SIRGAS2000 para outros sistemas. De SIRGAS2000 para: WGS84 Córrego Alegre SAD69

Translação X +0,478m +206,048m +67,348m

Translação Y +0,491m -168,279m -3,879m

Translação Z -0,297m +3,823m +38,223m

Tab.3 – Parâmetros de transformação de Córrego Alegre para outros sistemas. De Córrego Alegre para: WGS84 SIRGAS2000 SAD69

Translação X -205,57m -206,048m -138,70m

Translação Y +168,77m +168,279m +164,40m

Translação Z -4,12m -3,823m +34,40m

Tab.4 – Parâmetros de transformação de WGS84 para outros sistemas. De WGS84 para: SIRGAS2000 Córrego Alegre SAD69

Translação X -0,478m +205,57m +66,87m

Translação Y -0,491m -168,77m -4,37m

Translação Z +0,297m -72,623m +38,52m

Fonte: IBGE

2.3.4 Geometria do Elipsóide

O elipsóide de revolução é de suma importância em Geodésia, pois é o modelo

geométrico adotado para os cálculos geodésicos.

Um elipsóide de revolução fica perfeitamente definido por meio de dois

parâmetros: o semi-eixo maior a e o semi-eixo menor b. Em geodésia, entretanto, é tradicional

considerar como parâmetros o semi-eixo maior e o achatamento, que serão definidos a seguir.

Page 45: TCC_CristianoPinho_2010

46

Fig. 11 – Modelo geométrico do Elipsóide.

Principais parâmetros do elipsóide:

a) a = Semi-eixo maior

b) b = Semi-eixo menor

b = a (1- α) (66)

c) α = achatamento (também indicado pelo seu inverso pela letra f))

f = (a – b) / a (67)

Ou f=1/ α (68)

d) Excentricidade primeira: e2

e2= 1 – (b2/a2) (69)

Ou e2=2α – α2 (70)

e) Excentricidade segunda: e`2

e`2 = (a2 –b2) / b2 (71)

f) Grande normal (1ª Vertical): N

N = a / (1- e2.sen2Ф )1/2 (72)

g) Pequena normal: N`

N`= N(1- e2) (73)

Ou N` = a(1- e2) / (1- e2.sen2Ф )1/2 (74)

h) Raio de curvatura da seção meridiana M: M

M = a(1- e2) / (1- e2.sen2Ф )3/2 (75)

i) Raio de curvatura 1ª Vertical: Tem a mesma expressão que a grande normal.

j) Raio médio de curvatura: Ro

Ro = (M.N)1/2 (76)

Page 46: TCC_CristianoPinho_2010

47

Ou Ro = b/(1- e2.sen2Ф ) (77)

k) Raio de um paralelo: r

r = X (78)

l) Raio de curvatura para a seção normal de azimute α: Rα

1/Rα = cos2α/M + sen2

α/N (79)

m) Comprimento do arco de paralelo: l

l = N.cos Ф (∆λ) (80)

2.4 GPS (Global Positioning System)

O sistema de posicionamento global NAVSTAR-GPS foi desenvolvido para

substituir o sistema NNNS / TRANSIT que se tornou operacional em janeiro de 1964 e

disponível para uso comercial no ano de 1967, sendo constituído de seis satélites, movendo-se

em órbitas polares a 1075 km de altitude circulando a Terra a cada 107 minutos (Timbó,

2000). O GPS (Global Positioning System) é um sistema de radio navegação desenvolvido

pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América – DoD (Department of

Defense), com o objetivo de tornar-se o principal sistema de navegação das forças armadas

americanas (Monico, 2000).

O GPS é um sistema de abrangência global, situado no sistema denominado de

GNSS (Global Navigation Satellite Systems) e foi projetado para que em qualquer lugar da

superfície terrestre, ou próximo à mesma, a qualquer momento, estejam disponíveis acima do

horizonte do observador, no mínimo, quatro satélites GPS para serem rastreados. O princípio

básico de navegação pelo GPS consiste na medida de distâncias entre o usuário e quatro

satélites. Conhecendo as coordenadas dos satélites num sistema de referência apropriado é

possível calcular as coordenadas da antena do usuário no mesmo sistema de referência dos

satélites. Esta situação garante a condição geométrica necessária à navegação em tempo real,

permitindo a determinação das coordenadas do local, através da recepção dos sinais por meio

de receptores GPS. O rastreio do quinto satélite é desejável para manter a posição fixa

tradicionalmente, caso um dos satélites rastreados saia do campo de abrangência do usuário.

O funcionamento do GPS se baseia no princípio da triangulação, segundo o

qual o observador conhece a posição de um conjunto de satélites em relação a um referencial

inercial e a sua posição em relação a este conjunto, e obtém sua própria posição no sistema de

Page 47: TCC_CristianoPinho_2010

48

referência. O sistema de referência utilizado pelo GPS é o WGS 84 (WGS-72 até 1986 e

WGS-84 a partir de 1987). Os satélites são monitorados pelo Departamento de Defesa norte-

americano, constantemente, sempre no momento em que passam sobre as estações de

monitoramento. Nesta circunstância é medida a altitude, posição e velocidade de cada satélite.

As variações de órbita dos satélites são corrigidas neste momento e enviadas para os satélites,

sendo que estas informações são denominadas de efemérides e divididas em três grupos, as

preditas, transmitidas e precisas.

O desenvolvimento do sistema NAVSTAR-GPS trouxe benefícios para várias

áreas, dentre as quais se destaca a Geodésia, que passou a utilizar tal sistema em substituição

a outras técnicas convencionais de posicionamento, incorporando aos seus serviços maior

agilidade, rapidez, confiabilidade e economia. Este sistema tem sido o mais utilizado pela sua

confiabilidade e disponibilidade, recebendo constante manutenção, garantindo pelo menos

cinco satélites ao longo do dia. O sistema GPS é composto por três segmentos, Espacial,

Controle e Usuário.

2.4.1 Segmentos do sistema GPS

O sistema GPS pode ser dividido em três segmentos distintos, o espacial, de

controle e de usuários, os quais apresentam características específicas que serão abordas a

seguir.

2.4.1.1 Segmento espacial

O segmento espacial é composto por uma constelação de 31 satélites, orbitando

a uma altitude aproximada de 20200 km da superfície terrestre (El-RABBANY, 2002),

distribuídos em seis planos orbitais, igualmente espaçados em 60° em longitude. Cada órbita

tem inclinação de 55° em relação ao plano do Equador e o período orbital é de

aproximadamente 12 horas siderais (~11 horas e 58 minutos). Dessa forma, a posição dos

satélites se repete, a cada dia, 4 minutos antes que a do dia anterior. Essa configuração garante

que, no mínimo, quatro satélites GPS sejam visíveis em qualquer local da superfície terrestre,

Page 48: TCC_CristianoPinho_2010

49

a qualquer hora. A função do segmento espacial é gerar e transmitir os sinais GPS (códigos,

portadoras e mensagens de navegação).

Cada satélite GPS transmite duas ondas portadoras na banda L do espectro, que

permitem operações em quaisquer condições de tempo, denominadas de L1 e L2. Elas são

geradas através da multiplicação eletrônica da freqüência fundamental (f0) de 10,23 MHz que

é produzida por osciladores altamente estáveis (relógios atômicos de césio e rubídio), com

estabilidade entre 10-12 e 10-13 segundos.

Os sinais de rádio transmitidos pelos satélites GPS são extremamente

complexos. Esta complexidade foi projetada no sistema para proporcionar versatilidade no

GPS. Os sinais GPS devem fornecer meios para determinar não somente posições acuradas

em tempo real, mas também de velocidades. Isto é possível modulando a portadora com

códigos pseudo-aleatórios (PRN - pseudorandom noise codes) (LANGLEY, 1998).

A figura 9 mostra, de forma simplificada, como são obtidos os sinais emitidos

pelos satélites GPS e os códigos modulados (C/A e P) nas portadoras L1 e L2.

FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL10,23 MHz

*120

L1

1575,42 MHz

CÓDIGO C/A

1,023 MHz

CÓDIGO P

10,23 MHz

L2

1227,60 MHz

CÓDIGO P

10,23 MHz

÷10 ÷1

*154

Fig. 12 – Estrutura básica dos sinais GPS. Fonte: Adaptada de Monico (2000).

As portadoras L1 e L2 têm suas freqüências derivadas pela multiplicação da

freqüência fundamental por 154 e 120, respectivamente, ou seja:

f1= 154 x f0 = 1575,4 MHz, (81)

e

f2 = 120 x f0 = 1227,60 MHz, (82)

Page 49: TCC_CristianoPinho_2010

50

Cujos comprimentos de onda são, respectivamente:

λ1 ≅ 19,03 cm e λ2 ≅ 24,42 cm.

A portadora L1 é modulada em fase com os dois códigos (C/A e P) e com as

mensagens de navegação. Já a portadora L2 é modulada apenas pelo código P, juntamente

com as mensagens de navegação.

A taxa do chip (chipping rate) do código C/A (fC/A = 1,023 MHz) corresponde

a 10% da freqüência fundamental, e a do código P (fP = 10,23 MHz) é coincidente com o

valor da freqüência fundamental. Logo, para os códigos C/A e P, se obtém, respectivamente,

os comprimentos do chip (chipping length) da ordem de 293,1 m e 29,31 m.

Os dados de navegação GPS são denominados de almanaque, o qual

proporciona as informações necessárias para calcular as posições aproximadas dos satélites,

mesmo aqueles que não estão sendo rastreados. Essas informações são acessadas via sinais

dos satélites GPS, contidos nas efemérides transmitidas (Broadcast Ephemerides). Para

aumentar a precisão das coordenadas é necessário utilizar as efemérides precisas, realizando

tal consulta através da internet, sendo que as mesmas são produzidas por diversos centros de

análises que compõe o IGS (International GNSS Service). Existem ainda as efemérides

preditas que fornecem a provável trajetória dos satélites durante um período de tempo.

Atualmente a estrutura do sinal transmitido pelos satélites GPS está sendo

modernizada com a inclusão dos sinais L2C e L5. O sinal L2C é um sinal de uso civil que

será transmitido com a portadora L2 e tem a função de reduzir os erros devido à ionosfera,

melhorando a precisão, entre outras vantagens. Este sinal está sendo implantado nos satélites

do bloco IIR-M. A L5 é a nova portadora, a qual permitirá adquirir os sinais GPS com maior

facilidade, pois aumentará a potência de transmissão do sinal.

2.4.1.2 Segmento de Controle

O segmento de controle é responsável pela operação do Sistema GPS. Suas

funções são monitorar e controlar continuamente o sistema de satélites, determinar o sistema

de tempo GPS, predizer as efemérides dos satélites, calcular as correções dos relógios dos

satélites e atualizar periodicamente as mensagens de navegação da cada satélite. Este

segmento é constituído por cinco estações de monitoramento que pertencem à AAF

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51

(Americam Air Force), estrategicamente posicionadas pelo mundo, localizadas em Ascencion

Island, Colorado Springs, Diego Garcia, Kwajalei e Hawaii, que rastreiam ininterruptamente

todos os satélites visíveis pelo campo da antena da estação. Completam o sistema mais sete

estações do NIMA (National Imagery and Mapping Agency).

Os dados rastreados pelas Monitoring Stations (MS) são transmitidos para a

Master Control Station (MCS) em Colorado Springs, nos Estados Unidos para serem

processados, com o objetivo de calcular os dados relativos às órbitas (efemérides) e a correção

dos relógios dos satélites para atualizar a mensagem de navegação. A nova mensagem de

navegação é transmitida para os satélites pelas Ground Antenas (GD), quando os satélites

passam no seu campo de visada. Devido à posição geográfica das GA, a mensagem de cada

satélite é atualizada pelo menos três vezes ao dia.

2.4.1.3 Segmento de usuários

O segmento de usuários refere-se a tudo que se relaciona com a comunidade

usuária para determinação de posição, velocidade e tempo através dos receptores de sinal

GPS. Os receptores GPS são constituídos, principalmente, de uma antena com pré-

amplificador, seção de RF (radiofreqüência) para identificação e processamento do sinal,

microprocessador para controle do receptor, amostragem e processamento dos dados,

oscilador, interface para o usuário, painel de exibição e comandos, provisão de energia e

memória para armazenar os dados. A comunidade de usuários pode ser dividida em civil e

militar.

Os militares utilizam esta tecnologia para estimar suas posições e

deslocamentos quando realizam manobras de combate e de treinamento, como também para

navegação de mísseis e monitoramento da frota de veículos terrestres, aéreos e marítimos de

combate e apoio, entre outras aplicações. No segmento civil os receptores GPS são utilizados

na navegação marítima, terrestre, aérea, espacial, no estabelecimento de redes nacionais e

regionais de apoio geodésico, aplicações em geodinâmica para detecção de movimentos da

crosta terrestre, fotogrametria sem necessidade de pontos de controle de terreno,

levantamentos topográficos para aplicações diversas, gerenciamento de rotas de transporte,

estações geodésicas ativas e coleta de dados para o Sistema de Informações Geográficas (SIG)

entre outras atividades.

Page 51: TCC_CristianoPinho_2010

52

2.4.2 Observáveis GPS

As observáveis GPS são os parâmetros que permitem determinar posição,

velocidade e tempo. Os tipos de observações fornecidas por receptores GPS dependem das

diferentes técnicas usadas nestes. Os receptores de simples freqüência podem fornecer

observações somente na portadora L1, enquanto alguns receptores semi-codeless ou codeless

podem fornecer observações nas portadoras L1 e L2. Em todo caso, podem ser identificados

quatro tipos básicos de observáveis que permitem determinar posição, velocidade e tempo

(SEEBER, 1993):

- medidas de pseudodistâncias a partir do código;

- diferenças de pseudodistâncias a partir da contagem integrada Doppler;

- fase da onda portadora ou diferença da fase da onda portadora; e

- diferenças do tempo de viagem do sinal a partir das medições

interferométricas.

Destes quatro tipos de observáveis GPS, duas são mais importantes e utilizadas

em posicionamento e podem ser identificados da seguinte forma (Seeber, 1993; Langley,

1996a):

- pseudodistância a partir do código; e

- fase da onda portadora ou diferença de fase da onda portadora.

2.4.2.1 Pseudodistância

Esta distância é denominada pseudodistância devido ao não-sincronismo entre

os relógios (osciladores) responsáveis pela geração do código no satélite e sua réplica no

receptor.

A pseudodistância representa a distância medida entre o satélite e a antena

receptora, e pode ser obtida através dos códigos C/A sobre a portadora L1 e/ou com o código

P sobre as portadoras L1 e L2 (LEICK, 1995). Ela é obtida pela multiplicação do tempo de

propagação do sinal pela velocidade da luz no vácuo, considerando um modelo teórico. As

medidas de distância entre o satélite e o receptor, ou seja, as pseudodistâncias, baseiam-se nos

códigos gerados nos satélites e no receptor. O receptor gera uma réplica do código produzido

Page 52: TCC_CristianoPinho_2010

53

no satélite, sendo que o retardo entre a chegada de uma transmissão particular do código,

gerado no satélite, e a sua réplica, gerada no receptor, nada mais é do que o tempo de

propagação do sinal no trajeto ligando o satélite ao receptor. O tempo de propagação do sinal

corresponde ao tempo de deslocamento necessário para a máxima correlação da seqüência do

código emitido pelo satélite e a réplica gerada pelo receptor. Este tempo multiplicado pela

velocidade da luz no vácuo gera a pseudodistância, em condições ideais, ou seja, num modelo

teórico, sem considerar os erros inerentes ao deslocamento do sinal GPS. A figura 11 mostra o

princípio da medida de pseudodistância.

Tempo de Rastreio

∆∆∆∆t é obtido por correlação

cruzada

Réplica gerada no receptor

Código gerado no satélite

Tempo de Transmissão

Tempo de Chegada

∆∆∆∆t

Fig. 13 – Princípio da medida de pseudodistância.

Fonte: Adaptada de Monico (2000).

Os relógios dos receptores e dos satélites não são sincronizados entre si e não

coincidem com o sistema de tempo GPS. Devido ao não sincronismo entre os relógios dos

receptores e dos satélites, dos quais derivam os códigos, a quantidade medida difere da

distância geométrica entre o satélite e o receptor, e por isso é denominada pseudodistância.

Além disto, a propagação do sinal através da troposfera e da ionosfera e outros efeitos afetam

diretamente a medida da pseudodistância.

A fase da onda portadora é uma observável muito mais precisa que a

pseudodistância, e trata-se da observável básica para a maioria das atividades geodésicas

(MONICO, 2000). A medida da fase da portadora é obtida pela diferença entre a fase do sinal

recebida do satélite ( sφ ) e sua réplica gerada pelo receptor ( rφ ). Na primeira medida a

observável é a parte fracional de um ciclo.

Page 53: TCC_CristianoPinho_2010

54

Assim, não se conhece na primeira época de observação, o número inteiro de

ciclos entre o satélite (s) e a antena receptora (r), denominado de ambigüidade ( srN ). A partir

da primeira época, o receptor realiza a contagem de ciclos inteiros. Isto faz com que a medida

da fase da onda portadora seja ambígua, com relação a um número de ciclos inteiros,

envolvidos entre a antena receptora e os satélites na primeira época de observação. Assim,

num dado instante, a fase instantânea acumulada é a soma da medida fracionária da fase para

este instante em adição com um determinado número de ciclos inteiros contados até então

(LEICK, 1995).

A fase observada ( srφ ) no instante de recepção, na escala de tempo do receptor,

em unidades de ciclos, é dada por (LEICK, 1995; MONICO, 2000):

sr

s s sr r r = - + N + ε

φφ φ φ , (83)

onde:

sφ : é a fase da portadora gerada no satélite s e recebida na estação r no instante

de recepção;

rφ : é a fase gerada no receptor no instante de recepção;

srN : é a ambigüidade da fase; e

ε φ : representa os erros aleatórios (ruídos da observação) e demais erros

sistemáticos na medida de fase da onda portadora

Ambas portadoras, L1 e L2, carregam a mensagem de navegação, que consiste

de uma seqüência de dados transmitidos a 50 bps destinados a informar aos usuários sobre a

saúde e a posição dos satélites. Cada mensagem de navegação é dividida em cinco partes,

compostas da seguinte forma:

- Parte 1: Com duração de seis segundos, fornece os parâmetros de correção do

relógio do satélite que está transmitindo;

- Parte 2 e 3: Com duração de doze segundos, carrega as efemérides do satélite

que está transmitindo (efemérides preditas e transmitidas) com os elementos keplerianos e

suas correções;

- Parte 4: Com duração de seis segundos, fornece os coeficientes do modelo

para correção do retardo da ionosfera e os coeficientes de conversão do GPST em UTC;

Page 54: TCC_CristianoPinho_2010

55

- Parte 5: Com duração de seis segundos, traz o almanaque dos satélites de 1 a

24, seu estado operacional e as correções dos relógios. O almanaque é um arquivo com as

efemérides aproximadas de todos os satélites.

2.4.3 Erros envolvidos nas observáveis GPS

As observáveis GPS estão sujeitas aos erros aleatórios, sistemáticos e

grosseiros, sendo necessário conhece-los para minimizar os seus efeitos. As fontes de erro

consideradas são os satélites, a propagação do sinal, receptor/antena e a própria estação

(Monico, 1995). A Tabela 5 apresenta os principais erros envolvidos no sistema NAVSTAR-

GPS.

Tab.5 – Fontes de erros presentes no sistema NAVSTAR-GPS. Fontes de erro Erros Magnitudes

Satélite Órbita

Relógio

Atraso no hardware

Antena

Relatividade

Phase wind-up

2 m

2 m

cm

Atmosfera Ionosfera

Troposfera

2 – 10 m no zênite

2,3 – 2,5 m no zênite

Local Perdas de ciclo

Multicaminho

Carga hidráulica

20 cm ou mais

Código: m

Fase: cm

mm a cm

Estação Rotação da Terra (Sagnac)

Movimento da crosta

Marés terrestres

Movimento do pólo

Carga dos oceanos

Pressão da atmosfera

m

cm

Page 55: TCC_CristianoPinho_2010

56

Antena Centro de fase

Variação do centro de fase

mm – cm

Receptor Erro do relógio

Atraso no hardware

Ruídos

m

dm – m

Código: 0,25 – 0,5 m

Fase: 1 – 2 mm

Fonte: Adaptado de Seeber (2003).

2.4.3.1 Principais erros relacionados com os satélites

2.4.3.1.1 Erros orbitais

As informações orbitais podem ser obtidas a partir das efemérides transmitidas

pelos satélites ou das pós-processadas, denominadas efemérides precisas. As coordenadas dos

satélites calculadas a partir das efemérides transmitidas podem conter erros, pois a órbita do

satélite varia e tal correção só é feita no momento em que o satélite está no campo de visão

das estações. Desta forma, é necessário corrigir a posição anteriormente calculada por meio

das efemérides transmitidas através das efemérides precisas. As efemérides precisas

apresentam os valores das coordenadas do satélite para determinado instante, não

necessitando nenhum modelo para calculá-las, apenas para fins de interpolação adota-se

algum algoritmo. Geralmente estas órbitas são produzidas por diversos CIOs (Centro

Integrador de Órbitas), e um deles é o IGS. Kouba (2003) apresenta um estudo comparativo

da qualidade dessas efemérides.

Qualquer erro nas coordenadas dos satélites se propagará para a posição do

usuário (MONICO, 2005). Uma alternativa para minimizar estes erros são as órbitas precisas

fornecidas pelo IGS (International GNSS Service) que também fornece o erro do relógio de

cada satélite.

2.4.3.1.2 Erros no relógio do satélite

Page 56: TCC_CristianoPinho_2010

57

Embora altamente precisos, os relógios atômicos a bordo dos satélites não

acompanham o sistema de tempo GPS. A diferença chega a ser, no máximo, de 1

milissegundo (Wells et al., 1986). Os relógios são monitorados pelo segmento de controle e o

valor pelo qual eles diferem do tempo GPS faz parte da mensagem de navegação.

Desta forma, o sincronismo de todos os módulos relacionados à geração dos

sinais GPS no satélite é dado por um padrão de tempo atômico. Geralmente cada satélite

carrega a bordo um par de relógios de césio e mais um par de rubídio, enquanto que os

receptores GPS têm um relógio de quartzo. Apesar dos relógios serem considerados de alta

estabilidade, comparados aos padrões que mantém o tempo GPS, apresentam uma diferença

em relação a este. Uma das maneiras para minimizar o erro do relógio do satélite é adotar este

modelo ou aplicar as correções determinadas pelo IGS e divulgadas nas efemérides precisas.

Outra maneira de tratar o efeito é realizar as duplas diferenças que eliminam em grande parte

os efeitos deste erro.

2.4.3.1.3 Relatividade

Os efeitos da relatividade no GPS não são restritos somente aos satélites

(órbitas e relógios), mas também à propagação do sinal e aos relógios dos receptores. Os

relógios dos receptores nas estações terrestres e a bordo dos satélites estão situados em

campos gravitacionais diferentes, além de se deslocarem com velocidades diferentes. Isso

provoca uma aparente alteração na freqüência dos relógios de bordo com relação aos

terrestres.

2.4.3.2. Principais erros relacionados com a propagação do sinal

2.4.3.2.1 Refração troposférica

Page 57: TCC_CristianoPinho_2010

58

A refração troposférica independe da freqüência dos sinais GPS, pois a

troposfera comporta-se como um meio não dispersivo para freqüências abaixo de 30 GHz

(LEICK, 1995). A troposfera se estende da superfície terrestre até aproximadamente 50 km e

a refração troposférica é uma função da temperatura, pressão do ar e pressão do vapor d’água.

A magnitude deste efeito está altamente correlacionada com o ângulo de elevação do satélite,

sendo maior quanto menor for o ângulo de elevação. Sem a compensação adequada, o atraso

troposférico pode provocar um erro nas observáveis GPS de aproximadamente 2 metros para

um satélite no zênite e maior que 20 metros para satélites com baixos ângulos de elevação

(LIAO, 2000). A refração resulta de uma contribuição de, aproximadamente, 90% devido à

componente seca e de 10% devido a componente úmida (LEICK, 1995; MONICO, 2000). A

minimização do efeito da refração troposférica é feita por meio de técnicas de processamento,

ou por meio de modelos, como por exemplo, o de Hopfield (SEEBER, 2003) e o de

Saastamoinen (SAASTAMOINEN, 1973).

2.4.3.2.2. Refração ionosférica

O erro devido à ionosfera nas observáveis GPS é a maior fonte de erro após a

desativação da SA. A magnitude do erro ionosférico depende do índice de refração

ionosférico e da freqüência do sinal emitido, e pode tornar-se três vezes maior à medida em

que o satélite aproxima-se do horizonte. O efeito da refração é proporcional ao TEC (Total

Electron Contents – Conteúdo Total de Eletros), ou seja, o número de elétrons livres presentes

no caminho de propagação do sinal GPS provocam um atraso na modulação do código e um

avanço de igual magnitude na fase. De um modo geral este efeito pode ser minimizado a

partir de dados obtidos com receptores GPS de dupla freqüência ou por meio de modelos

ionosféricos.

2.4.4 Erros locais

2.4.4.1 Multicaminhamento ou sinais refletidos (multipath)

Page 58: TCC_CristianoPinho_2010

59

O multicaminhamento ocorre quando a antena do receptor recebe, além do

sinal direto do satélite, sinais que foram refletidos por objetos localizados nas proximidades

da antena. Sendo assim, a ocorrência desse efeito depende do local onde a antena do receptor

está instalada. Sinais com freqüências distintas são afetados diferentemente pelo

multicaminho. Vários procedimentos podem ser tomados para a redução de multicaminho,

como por exemplo, evitar a presença de superfícies refletoras nas proximidades das antenas

receptoras, utilizar antenas apropriadas (ex: choke ring), desconsiderar observações de

satélites com ângulo de elevação muito baixo.

O efeito do multicaminho sobre as medidas de pseudodistância é várias vezes

maior do que para as medidas de fase (MONICO, 2000). Vários estudos foram realizados com

relação ao multicaminho na fase da onda portadora, onde se concluiu que (LEICK, 1995):

- O erro máximo é de aproximadamente 1/4 do comprimento de onda;

- A freqüência do multicaminho é função do ângulo de elevação do

satélite;

- É proporcional à distância perpendicular entre a antena e a superfície

refletora e inversamente proporcional ao comprimento de onda do sinal.

2.4.4.2 Perdas de ciclo

Quando um receptor é ligado, a parte fracionária da fase de batimento da onda

portadora, isto é, a diferença entre a portadora recebida do satélite e a sua réplica gerada no

receptor, é observada, e um contador de ciclos inteiros é inicializado.

Quando o sinal de um ou mais satélites rastreados pelo receptor for

interrompido, ocorre uma perda da contagem acumulada dos ciclos inteiros da fase, sendo que

o número de ciclos inteiros é denominado ambigüidade. Essa perda de contagem dos ciclos é

conhecida como perda de ciclo, perda de sinal ou, ainda, corrupção da fase.

A conseqüência de uma perda de ciclo é a introdução de um salto com

magnitude de um número inteiro de ciclos nas observações realizadas, sendo que a parte

fracionária da medida de fase da onda portadora não é afetada. A perda de ciclos pode ocorrer

de uma época para outra, ou durante um intervalo de várias épocas. Durante o rastreio de

sinais GPS, podem ocorrer várias perdas de ciclos, sendo que o número de ciclos pode variar

Page 59: TCC_CristianoPinho_2010

60

de um a milhões de ciclos (LEICK, 1995). No caso da detecção de perdas de ciclos, podem-se

corrigir as observações somando-se o número de ciclos que provocou o salto nas observações

afetadas, ou ainda desconsiderar os dados ou adicionar novas ambigüidades como incógnitas

no modelo.

2.4.5 Principais erros relacionados com o receptor e a antena

2.4.5.1 Erro do relógio

Os receptores GPS são normalmente equipados com osciladores de quartzo, os

quais possuem boa estabilidade interna e são de custo relativamente baixo. Cada receptor

possui a sua própria escala de tempo, definida pelo seu oscilador interno, a qual difere da

escala de tempo GPS. Alguns receptores possuem osciladores altamente estáveis, podendo

também aceitar padrões externos de tempo. No entanto, são equipamentos de custo elevado,

normalmente utilizados em redes de alta precisão.

De qualquer forma, no posicionamento relativo, os erros dos relógios são

praticamente eliminados, não exigindo, para a maioria das aplicações, padrões de tempo

altamente estáveis. No entanto, um fator importante diz respeito à simultaneidade das

observações no posicionamento relativo. Nesse caso, para se obter resultados de alta precisão,

o erro do relógio de cada receptor envolvido no posicionamento dever ser conhecido no nível

10-6 do segundo em relação ao tempo GPS, isto é, 1 milissegundo (Leick, 1995).

2.4.5.2 Centro de fase da antena

O centro de fase eletrônico da antena é o ponto no qual as medidas dos sinais

são referenciadas, e geralmente não coincide com o centro geométrico da antena. A

discrepância varia com a intensidade e direção dos sinais, e é diferente para a portadora L1 e

L2. Para levantamentos de alta precisão, todas as antenas envolvidas no projeto devem ser

calibradas, visando corrigir as observações desse efeito. Antenas de mesmo fabricante e

Page 60: TCC_CristianoPinho_2010

61

modelos iguais não devem apresentar maiores problemas, pois as discrepâncias devem ser

praticamente iguais. Basta que todas antenas sejam orientadas numa mesma direção – por

exemplo, a direção do norte magnético, por ser de mais fácil obtenção (bússola). Nessas

condições, ao realizar a diferenciação das observáveis, os efeitos são cancelados (Seeber,

1993).

As antenas em uso para fins geodésicos são calibradas com respeito à antena

Dorne Margolin (De Jonge, 1998). A calibração tem sido realizada pelo NGS. Além da

variação do centro de fase da antena com respeito ao ângulo de elevação, as tabelas de

correções apresentam deslocamentos (offsets) do centro médio de fase das duas freqüências

com respeito ao ponto de referência da antena (ARP – Antenna Reference Point).

3. METODOLOGIA DO LEVANTAMENTO GEORREFERENCIADO

3.1 Caracterização da área de estudo

A área em estudo está localizada no Município de Tavares/RS, na localidade de

Capão Comprido, distante do centro de Porto Alegre em torno de 250 km. O imóvel está

situado numa região plana, sem vegetação densa, com solo arenoso e argiloso, ventos

constantes e faz divisa com a faixa de domínio da BR 101 – Sul, km 315, com o Terreno de

Marinha na Laguna dos Patos e com outros dois imóveis. A área encontra-se demarcada e

cercada por alambrado com oito cordas de arame liso e mourões a cada dez metros de

distância, estrada interna que facilita o deslocamento até os vértices que delimitam o imóvel e

alojamentos para acomodar a equipe de campo.

Não há conflitos com os vizinhos em relação às divisas comuns entre os

imóveis, como também a documentação apresentada está regularizada, faltando somente à

averbação na matrícula do imóvel da Certificação emitida pelo INCRA como imóvel

georreferenciado.

3.2 Análise da documentação do imóvel

Page 61: TCC_CristianoPinho_2010

62

A primeira etapa do levantamento georreferenciado consiste na análise da

documentação do imóvel, especialmente a descrição imobiliária do Registro de Imóveis e a

documentação técnica existente no INCRA. Nesta etapa é necessário requerer ao cliente ou ao

Registro de Imóveis, da comarca do imóvel, uma matrícula atualizada do imóvel, pois, o

documento a ser analisado deve estar atualizado para que não ocorrerem erros na sua

interpretação e formulação do orçamento.

A matrícula do imóvel é o documento que garante a propriedade do imóvel ao

proprietário, do qual consta a descrição perimétrica do imóvel e todos os atos praticados com

o imóvel, como alienação, penhora, financiamento, arrematação, desapropriação,

desmembramento e remembramento entre outras circunstâncias, sendo que cada matrícula

recebe uma numeração única dentro da comarca a qual pertence o imóvel. A matrícula

atualizada é emitida pelo Registro de Imóveis, fornecendo o nome do proprietário do imóvel

ou o número da matrícula e é disponibilizada em torno de cinco dias úteis. É necessário pagar

uma taxa para a emissão dessa matrícula, que depende do número de folhas que compõe as

descrições do imóvel.

Conforme a situação do imóvel descrito na matrícula, é necessário executar

alguns serviços preliminares. Se o imóvel faz parte de um todo maior, será necessário

desmembrá-lo para individualizar a fração de terras e depois executar o levantamento

georreferenciado, ou ainda, executar o levantamento georreferenciado de todo o imóvel, desde

que os outros proprietários concordem e assinem o contrato. Se o imóvel está em condomínio

com outros proprietários, é necessário efetuar a extinção do condomínio, individualizando o

imóvel que será levantado.

É necessário ainda verificar a situação desse imóvel no INCRA, se já foi

cadastrado, se possui o código do imóvel rural, forma pela qual o imóvel é identificado no

INCRA, ou seja, se possui o CCIR – Certificado de Cadastro de Imóvel Rural. Caso não

possua, é necessário efetuar o cadastramento do imóvel. Para efetuar o cadastramento o

responsável técnico precisa de uma procuração com firma reconhecida do proprietário do

imóvel, cópia da carteira de identidade do proprietário e da sua, matrícula atualizada e

preencher as informações solicitadas pelo INCRA através de três formulários, conforme o

tamanho do imóvel. Os formulários se referem aos dados sobre a estrutura, dados pessoais e

de relacionamentos e dados sobre uso.

Portanto, é fundamental verificar a situação do imóvel, identificando as suas

particularidades e determinando quais atividades serão necessárias para a sua regularização.

Page 62: TCC_CristianoPinho_2010

63

3.3 Reconhecimento do imóvel

A partir da leitura da matrícula atualizada do imóvel já é possível traçar um

croqui com suas informações, sendo necessário à verificação em campo dessas características.

Então, de posse do croqui, será percorrido todo o perímetro do imóvel,

verificando a sua descrição, a quantidade e os tipos de marcos, a dificuldade de acesso aos

vértices que delimitam o imóvel, como também as áreas de preservação permanente, estradas

de acesso, rios, acidentes geográficos e áreas de domínio público.

A visita ao local do levantamento também tem o objetivo de verificar a infra-

estrutura disponível, como alojamentos, disponibilidade de refeições, tempos de deslocamento

entre a cidade mais próxima e o local de trabalho, condições climáticas da região, mão de

obra disponível e condições de segurança.

Após a análise da documentação e a visita ao imóvel, defini-se a quantidade de

marcos e a sua codificação, sendo necessário encomenda-los ao fabricante. Os marcos

utilizados serão de ferro, pois são mais leves do que os de concreto e rocha, facilitando o seu

transporte e diminuindo o tempo de execução do serviço. Defini-se também quais

equipamentos serão utilizados, o tamanho da equipe de campo, o percurso que será adotado

no levantamento e principalmente o tempo necessário para a execução do levantamento de

campo.

A partir desses dados é calculado o custo do levantamento e é efetuado o

orçamento que será enviado ao cliente.

3.4 Determinação dos vértices

O imóvel pode apresentar quatro tipos de vértices, sendo considerado um

vértice todo local onde a linha limítrofe do imóvel muda de direção ou onde existe interseção

desta linha com qualquer outra linha limítrofe de imóveis ou servidões de passagem.

Os vértices podem ser representados de quatro formas distintas:

a) Tipo M (ocupado e materializado)

b) Tipo P (ocupado, mas não materializado)

c) Tipo V (nem ocupado nem materializado)

Page 63: TCC_CristianoPinho_2010

64

d) Tipo O (paralelo a eixo levantado)

Os vértices tipo M são aqueles cujas coordenadas são obtidas a partir da sua

ocupação física, sendo necessariamente materializados a fim de preservar a identificação e

localização do limite do imóvel. São os vértices que definem o perímetro do imóvel, que

separam imóveis de confrontantes diferentes na mesma linha divisória, no início e no fim de

do caminhamento nas faixas de domínio público e nas margens dos rios entre outros casos.

Os vértices tipo P são aqueles cujas coordenadas são obtidas a partir da sua

ocupação física, mas sem a materialização do ponto, e estão localizados na divisa do imóvel,

ao longo de acidentes físicos ou geográficos, tais como cursos e lâminas de água, estradas de

rodagem, estradas de ferro, linhas de transmissão, oleoduto e gasoduto entre outros.

Os vértices tipo V não são nem materializados nem ocupados, devido ao difícil

acesso a este ponto, como encostas, vales, picos, banhados, açudes e outros acidentes

geográficos. Podem ser determinados por meio analítico, traçando uma reta entre dois vértices

conhecidos até a interseção com a outra linha conhecida, determinando o vértice virtual como

o ponto de interseção entre as divisas conhecidas. Outro tipo de vértice virtual é o vértice

determinado no interior do perímetro do imóvel, a partir das informações constantes nas

matriculas que compõe o imóvel, ou seja, quando o imóvel é formado por mais de uma

matricula, sendo a representação dessas matriculas obrigatórias no mapa do imóvel.

Os vértices tipo O também são determinados de forma analítica, nos locais

onde a ocupação limítrofe do imóvel se torna difícil ou inviável. A obtenção de suas

coordenadas se dá a partir da projeção de linha paralelas ao levantamento efetuado sobre

limite que possuem delineamentos sinuosos, tais como estradas, ferrovias, cursos d`água,

dentre outros.

No levantamento em questão foram implantados quatro vértices do tipo M, já

que o imóvel é formado por quatro pontos, sendo que dois se referem ao início e fim do

caminhamento em relação à faixa de domínio de estrada de rodagem e os outros dois com o

Terreno de Marinha. Nas outras duas divisas do imóvel, sendo o confrontante o mesmo ao

longo de toda a divisa, não se coloca marco. Caso fossem diferentes os confrontantes, a cada

mudança de confrontante seria materializado um marco e suas coordenadas obtidas.

3.4.1 Codificação dos vértices

Page 64: TCC_CristianoPinho_2010

65

Cada vértice receberá uma identificação única, gravado numa placa que será

fixada ao vértice. No memorial descritivo do imóvel, seus vértices serão descritos com base

nessa identificação. O código de identificação será constituído por oito caracteres, os três

primeiros com o código de credenciamento do profissional junto ao INCRA, o quarto

caractere com o tipo de marco (M, P, V, O) e os outros quatro com a seqüência numérica dos

vértices que formam o imóvel, iniciando em 0001 até 9999. Finalizada a seqüência de

números pelo profissional, será adotada uma letra no início, A001 até A999, até alcançar a

letra Z, havendo outras seqüências após a finalização desta. As seqüências dos quatro últimos

campos serão independentes para cada tipo de marco. Neste levantamento, como foi o

primeiro efetuado, adotou-se a seguinte numeração para os vértices:

1) Vértice 1, tipo M: DN0 – M – 0001;

2) Vértice 2, tipo M: DN0 – M – 0002;

3) Vértice 3, tipo M: DN0 – M – 0003;

4) Vértice 4, tipo M: DN0 – M – 0004.

3.4.2 Materialização dos vértices

Todo vértice tipo M sendo de limite ou apoio, deve ser materializado e depois

ocupado com o receptor de sinais GPS para determinação das coordenadas do referido vértice.

A materialização pode ser efetuada através de marcos de concreto, granito, ferro ou de

material sintético, conforme determina a 2ª Edição da Norma Técnica para

Georreferenciamento de Imóveis Rurais. No levantamento efetuado foi utilizado marco de

ferro que apesar de ter valor superior ao de concreto, é mais leve, melhor de enterrar e já vem

codificado, diminuindo o tempo gasto em campo.

Dessa forma, analisando o tempo gasto em campo para implantar o marco de

ferro, como também a facilidade para transportá-lo, percebe-se que apesar de ser mais caro,

apresenta mais vantagens do que o marco de concreto.

Após a vistoria do imóvel, os marcos de ferro são encomendados de uma

metalúrgica, galvanizados, com garantia de 60 anos, com a chapa de metal fixada no topo do

marco e com a codificação que o profissional solicitou, ou adquiridos em lojas especializadas.

Neste caso, foram utilizados cinco marcos, sendo um marco de referência para o transporte

das coordenadas para o imóvel, denominado de DN0 - M - BAS01, e os outros marcos do tipo

Page 65: TCC_CristianoPinho_2010

66

M, denominados de DN0 – M – 0001, 0002, 0003 até 0004. Basta organizar a seqüência dos

marcos e enterra-los nas divisas. O valor de cada marco é de R$ 33,00 (trinta e três reais).

Os marcos de concreto, que pesam mais do que os de ferro, necessitam ainda

da chapa de metal que é comprada separada, numerada pelo profissional e depois fixada ao

marco. Existem dois modelos de chapa de metal, uma com furo, que deve ser fixada ao

marco, no valor de R$ 4,85 reais e outra com pino, que deve ser fixada ao marco no ato da

concretagem, no valor de R$ 5,31 reais. O marco varia de 6 a 7 reais a unidade. É necessário

ainda o batedor alfa numérico que custa R$ 65,00 reais, para gravar a codificação na chapa de

metal. Cada marco teria o custo médio de R$ 12,00 reais, sem considerar o batedor

alfanumérico, aproximadamente um terço do valor do marco de ferro.

Este processo, apesar de ter um custo menor, demanda mais tempo do

profissional, o que pode tornar mais oneroso o orçamento, devido ao tempo gasto na

elaboração dos marcos de concreto e depois na sua implantação em campo.

Entretanto, deve-se analisar a quantidade de marcos implantados, a logística

em campo, os meios de transportes e a equipe disponível para determinar qual o melhor

marco.

3.5 Verificação das faixas de domínio público

O imóvel pode fazer divisa com áreas públicas, sendo necessário delimita-las,

se ainda não foram, ou verificar se estão corretas. O imóvel levantado faz divisa com duas

áreas de domínio público, que serão descritas a seguir.

3.5.1 Faixa de domínio de estrada de rodagem

O imóvel em questão faz divisa com uma estrada de rodagem federal, a BR

101 – Sul, Km 315. Após a identificação da rodovia e o quilômetro onde se encontram os

vértices do imóvel, é necessário verificar a largura da faixa de domínio dessa estrada. Como

se trata de uma estrada federal, o órgão competente é o DNIT – Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes, logo, deve-se entrar em contato com este órgão e informar o

Page 66: TCC_CristianoPinho_2010

67

nome da rodovia e o quilômetro. Com o uso de uma trena ou estação total, partindo-se do eixo

da rodovia, será medida a largura da faixa de domínio da rodovia, materializando o marco

nesse limite.

A divisa do imóvel levantado encontrava-se dentro da faixa de domínio,

mesmo tendo sido executada pela empresa que venceu a licitação para construir a rodovia.

Verifica-se que a demarcação física executada pela empresa não foi correta, logo, é sempre

necessário verificar os limites da faixa de domínio e não confiar nas demarcações existentes.

Neste caso, a cerca que delimita o imóvel avançou cerca de 50 cm sobre a faixa de domínio,

sendo materializado o marco no ponto correto. Os marcos materializados são do tipo M,

codificados com DN0 – M – 0001 e DN0 – M – 0002. Como o caminhamento entre os dois

marcos é uma reta, não foram medidos outros pontos. Se o caminhamento fosse sinuoso,

poderia levantar o eixo da estrada, usando pontos do tipo O, ou obtendo as coordenadas dos

pontos de mudança de direção, usando então pontos do tipo P.

Fig. 14 – Materialização de marco tipo M na divisa da faixa de domínio da Rodovia BR 101–Sul e coleta das coordenadas do ponto denominado de DN0 – M – 0002.

Outro exemplo se refere ao imóvel seccionado por uma estrada de rodagem

(municipal, estadual ou federal), além de verificar o limite da faixa de domínio da estrada de

rodagem, será necessário a apresentação de memoriais descritivos distintos, correspondentes a

cada porção do imóvel seccionado, permitindo retratar cada lado da estrada,

independentemente da mesma ter sido desapropriada. Adicionalmente deverá ser apresentado

Page 67: TCC_CristianoPinho_2010

68

um memorial descritivo para a porção do imóvel ocupada pela estrada, incluindo a sua faixa

de domínio. Deverá ser apresentada também uma planta geral do imóvel, retratando todas as

porções descritas anteriormente, além do memorial descritivo do imóvel como um todo.

A propriedade imobiliária original (uma matrícula) poderá resultar em dois ou

mais imóveis (“n” matrículas), se o seu remanescente constituir áreas seccionadas, sem

continuidade territorial, sendo necessário a representação em mapa de todas as frações que

formam o imóvel, como também as faixas de domínio das estradas.

Fig.15- Imóvel seccionado por faixa de domínio de uma estrada de rodagem. Fonte: Instituto de Registro Imobiliário do Brasil – IRIB.

Estrada, rua, avenida e rodovia são bens de uso comum do povo, portanto, uma

modalidade de bem público, inalienável e insuscetível de usucapião. Como não necessita de

registro para a constituição de sua natureza pública, mas apenas da destinação, não há como

manter tais parcelas no cômputo de áreas privadas, o que resultaria em um aumento artificial

da dimensão do imóvel e na total insegurança da publicidade registral.

3.5.2 Terreno de Marinha

Outra divisa com área pública é o Terreno de Marinha, previsto na

Constituição Federal, Art.20, VII. Como se trata de uma área pública deve ficar fora do

perímetro do imóvel, sendo necessária a sua demarcação ou verificação da divisa, caso exista.

Page 68: TCC_CristianoPinho_2010

69

Os terrenos de marinha, também citados por "marinhas", são as áreas situadas

na costa marítima, as que contornam as ilhas, as margens dos rios e das lagoas, em faixa de 33

metros, medidos a partir da posição do preamar médio de 1831, desde que nas águas

adjacentes se faça sentir a influência de marés com oscilação mínima de cinco centímetros.

São denominados de terrenos "de marinha", devido à proximidade com as

águas salgadas, e não "da Marinha", no sentido de pertencerem à Marinha do Brasil, ora

Comando da Marinha, Órgão subordinado ao Ministério da Defesa, o qual não exerce controle

patrimonial sobre os mesmos, sendo tal tarefa atribuída à Secretaria do Patrimônio da União,

SPU, Órgão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).

Os terrenos de Marinha sempre tiveram um tratamento diferenciado das demais

terras do Estado em face de sua localização estratégica, uma interface com o mar. Resulta na

importância desses terrenos para defesa do território, a exemplo do assentamento de fortes,

assim como para os serviços públicos em geral, tais como os portos. Por isso, a Ordem Régia

de 21-10-1710 já vedava que as terras dadas em sesmarias compreendessem as marinhas, as

quais deveriam estar "desimpedidas para qualquer serviço da Coroa e de defesa da terra".

De acordo com Obéde Pereira de Lima, o método para determinar a linha de

preamar média de 1831 consiste nas seguintes etapas:

a) O primeiro passo é a obtenção dos dados amostrados da maré durante um

período mínimo de um ano comum. A obtenção dos dados amostrados da maré faz-se de duas

maneiras: 1) Através de consultas a bancos de dados oceanográficos e instituições que

utilizam dados de marés em suas atividades rotineiras; ou 2) Pela instalação e operação de

uma estação maregráfica na área de interesse, vinculada à rede altimétrica nacional de alta

precisão do IBGE.

b) O segundo passo consiste na execução das atividades geodésicas para a

localização planimétrica e altimétrica de pontos da linha de costa e dos respectivos perfis

transversais da praia na área de estudo, sobre os quais será localizada a linha da preamar

média calculada pela sua respectiva cota básica.

c) O terceiro passo é a realização das atividades de gabinete, utilizando-se das

ferramentas da Informática no processamento dos dados amostrados de marés, efetuando-se a

análise harmônica e a retrovisão da preamar média para o período desejado (ano de 1831).

Prossegue na determinação da cota básica, pela comparação entre o datum altimétrico oficial

e a altura da preamar média/1831 processada para o local.

Page 69: TCC_CristianoPinho_2010

70

d) Uma quarta atividade é a realizada em trabalho topográfico no campo,

quando se executa, a localização geodésica da LPM/1831 e da correspondente "Linha Limite

dos Terrenos de Marinha - LLM".

e) Por fim, a quinta e última atividade desenvolve-se na representação

cartográfica cadastral da área levantada, envolvendo as parcelas, urbanas ou rurais, afetadas

pela localização das LPM/1831 e LLM.

Diante do elevado custo financeiro, do período de tempo necessário, e da

complexidade na determinação da preamar média de 1831, o método acima deve ser utilizado

em questões mais complexas, que tenha como partes os Municípios, Estados, a União e a

população de grandes frações do território nacional. Um exemplo da aplicação desse método

se dá no caso do Estado de Pernambuco, na cidade de Recife, em relação à cobrança de

impostos por parte da União, devido à ocupação do Terreno de Marinha por parte da

população.

O imóvel levantado apresenta somente 80m de frente para o Terreno de

Marinha; logo, aplicar o método descrito anteriormente inviabilizaria o levantamento de todo

o imóvel, visto que a determinação da preamar média de 1831 teria um custo muitas vezes

superior ao do levantamento do perímetro do imóvel. Partindo deste aspecto, adota-se um

método prático para determinação do Terreno de Marinha, que consiste em medir os 33m

após a faixa de praia, ou seja, a partir de barreiras naturais que se encontram no local, como

uma encosta, por exemplo.

O método acima está correto e pode ser comprovado com base no estudo feito

pelo Prof. Dr. Obéde Pereira de Lima, que escreveu o seguinte: “O estirâncio é a faixa da

praia onde o mar exerce a sua atividade cotidiana, e a zona frontal é a ante-praia, onde se faz

sentir, de algum modo, a ação morfológica do mar. É ao longo da extensão do estirâncio e da

zona frontal, portanto, que se pode projetar a localização geodésica da LPM/1831. Assim

sendo, um perfil transversal de praia com a finalidade de identificar e caracterizar os

elementos da geomorfologia litorânea, com vistas à localização geodésica da LPM/1831 deve

ficar compreendido entre a zona frontal e a linha limite de ação das vagas, que é a linha de

costa”.

A diferença final entre o método adotado neste levantamento e o descrito pelo

Prof. Dr. Obéde Pereira de Lima será a precisão, optando pela utilização de um ou de outro

método conforme o trabalho que será desenvolvido.

Page 70: TCC_CristianoPinho_2010

71

Fig. 16 – Materialização de marco tipo M na divisa com o Terreno de Marinha.

3.5.3 Curso d`água

O limite nos imóveis definidos por cursos d`água será determinado pela

margem do respectivo curso d`água, independentemente de ser navegável ou não, exceto se

estabelecido de forma contrária pela sua matrícula ou transcrição.

A abordagem acima se refere à Norma Técnica para Georreferenciamento de

imóveis Rurais, 2ª. Edição, adotada pelo INCRA para analisar as peças técnicas elaboradas

Page 71: TCC_CristianoPinho_2010

72

pelo profissional credenciado, entretanto, o entendimento do Instituo de Registro Imobiliário

do Brasil (IRIB) é outro.

Conforme o IRIB os cursos d`água podem ser públicos ou particulares,

resultando em abordagens diferentes durante a execução do levantamento georreferenciado.

Rios públicos são os navegáveis; particulares, os não navegáveis. Sendo assim, caso o imóvel

esteja seccionado por um rio navegável, o levantamento técnico deverá excluir essa área

pública por completo do cômputo da área particular. Os cursos d’água não navegáveis

(córregos, riachos, arroios) são privados, logo, integrantes da propriedade imobiliária

particular. Portanto esse tipo de rio não é considerado um imóvel autônomo, mas um mero

acidente natural integrante do imóvel privado. Por não ser imóvel autônomo, também não

pode ser considerado confrontação de imóveis, sendo no máximo a linha indicadora das

divisas entre dois outros imóveis.

Fig.17- Imóvel seccionado por rio público, levantamento de duas glebas. Fonte: Instituto de Registro Imobiliário do Brasil – IRIB.

Se o rio for navegável, imóvel público, portanto, não haverá confrontação entre

os dois imóveis particulares, haja vista a existência do rio, que passa a ser o verdadeiro

confrontante desses imóveis particulares. A situação acima descrita pode ser compreendida

através da figura 18.

Havendo um curso d’água atravessando o imóvel ou servindo de delimitador, o

responsável técnico primeiramente deverá analisar se o referido rio é ou não navegável, para

depois definir a forma do levantamento e as confrontações existentes.

1. Rio não navegável:

Page 72: TCC_CristianoPinho_2010

73

a) Sendo o rio privado, trata-se de mero acidente geográfico incluso nos

imóveis pelos quais o rio passa; neste caso, o curso d’água não secciona juridicamente a

propriedade privada, pois é dela integrante;

b) Estando entre dois imóveis, trata-se de mero indicador das divisas e não um

confrontante autônomo; Neste caso, deve-se obter a anuência do titular do outro imóvel, no

caso de retificação de medidas perimetrais que resulte em mudança de área do imóvel.

2. Rio navegável:

a) Rio navegável é bem público, portanto a divisão do imóvel por ele

seccionado é essencial. O trabalho deve ser feito numa única planta, pois a retificação refere-

se ainda a uma única matrícula. Basta a planta trazer as linhas perimetrais, marcos e medidas

das duas ou mais glebas resultantes, excluindo totalmente da contagem de sua superfície o

espaço ocupado pelo bem público, ou seja, rio navegável e suas margens.

Fig.18- Imóveis seccionados por rio público e imóveis com divisa delimitada por rio.

Fonte: Instituto de Registro Imobiliário do Brasil - IRIB

De acordo com o Código de Águas, Decreto no. 24.643/34, as margens dos rios

são definidas da seguinte forma:

a) Art. 13 - Constituem terrenos de marinha todos os que, banhados pelas águas

do mar ou dos rios navegáveis, vão até 33 metros para a parte da terra, contados desde o ponto

a que chega a preamar média. Este ponto refere-se ao estado do lugar no tempo da execução

do artigo 51, parágrafo 14, da Lei de 15 de novembro de 1831.

Page 73: TCC_CristianoPinho_2010

74

b) Art. 14 - Os terrenos reservados são os que, banhados pelas correntes

navegáveis, fora do alcance das marés, vão até à distância de 15 metros para a parte da terra,

contados desde o ponto médio das enchentes ordinárias.

Portanto, se o rio for público e sofrer influência das marés, o profissional

deverá retirar a faixa de 33m de cada margem do rio, sendo esta faixa pública. Caso o rio

esteja fora do alcance das marés, o profissional deverá excluir da área particular até 15m de

cada margem do rio, considerando como margem o limite das enchentes.

Desta forma, como o título que garante o domínio sobre o imóvel é a matrícula

e esta é regulada pelo IRIB, deverá o profissional expor a situação do imóvel ao INCRA e

efetuar o levantamento de acordo com o requerido pelo IRIB, caso contrário, as alterações não

serão efetuadas na matrícula do imóvel, permanecendo irregular.

3.5.4 Linha de transmissão, oleoduto, gasoduto, cabos óticos e outros

Nós imóveis atravessados por estes acidentes artificiais, deverão ser observadas

as características das faixas de domínio ou servidão junto às respectivas concessionárias. A

área correspondente à faixa de domínio ou servidão não deverá ser descontada da área total do

imóvel. Nos pontos onde estas feições atravessam os limites do imóvel, esses se

caracterizarão como vértices do perímetro, e deverão ser codificados como vértices do tipo

“O”, “P” ou “M”, conforme a situação, constando no memorial descritivo.

3.6 Padrões de precisão

Em todo o serviço de engenharia trabalha-se com determinado padrão de

precisão, conforme o serviço solicitado, a precisão poderá ser maior ou menor, afetando

diretamente o custo do levantamento. O termo precisão está associado ao nível de aderência

de um grupo de medições, obtidas sob as mesmas condições, ao valor médio dessas medições,

quando calculado sob o valor de um desvio padrão ou um sigma (1σ). O seu resultado deve

ser expresso pela resultante das componentes horizontais σE e σN, ao nível de confiança de

68,3%.

Page 74: TCC_CristianoPinho_2010

75

A seguir, tabela com a precisão necessária para cada tipo de vértice.

Tab.6 – Classificação de vértices quanto à finalidade, precisão e tipo. Classe Finalidade Precisão (m) Tipo

C1 Apoio básico/ Apoio imediato/ Limite < 0,10 M

C2 Apoio imediato/ Limite < 0,20 M

C3 Desenvolvimento de poligonal/ Limite < 0,40 M, P

C4 Limite < 0,50 M, P, V, O

C5 Limites naturais < 2,00 P, V, O

C7 Limite – USO RESTRITO

Fonte: Adaptado da Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais, 2ª Ed.

O indicador de precisão posicional para cada par de coordenadas, relativas a

cada vértice definidor do limite do imóvel, não deverá ultrapassar o valor de 0,50m. A

exceção são os vértices da classe C5 e C7.

Os valores de precisão posicional apresentados na tabela 1 se referem à

resultante horizontal determinada por:

PP = (σE2 e σN2)1/2 (84)

Onde:

PP = precisão posicional;

σN = desvio padrão da componente N, em metros;

σE = desvio padrão da componente E, em metros;

É necessário considerar a propagação da covariância das coordenadas dos

vértices de apoio básico e do apoio imediato, e também no desenvolvimento de poligonal para

determinação das coordenadas dos vértices de limite do imóvel, com exceção dos vértices da

classe C7.

3.7 Levantamento pelo GNSS

O Global Navigation Satellite System – GNSS engloba o Sistema de

Posicionamento Global – GPS e os demais sistemas do mesmo gênero. O posicionamento por

GNSS permite a determinação de coordenadas a partir de vértices do Sistema Geodésico

Page 75: TCC_CristianoPinho_2010

76

Brasileiro ao vértice de referência do georreferenciamento (C1), determinação de coordenadas

dos vértices de poligonais de apoio (C2) e a determinação de coordenadas dos vértices que

definem o perímetro do imóvel rural (C4, C5 e C7).

Os vértices classificados como C4 requerem precisão menor ou igual a 50 cm,

e são utilizados para materializar os vértices que definem os limites do imóvel, sendo

utilizados quatro marcos neste levantamento. Os limites naturais são definidos pela classe C5

que requer precisão menor ou igual a 2,00 m, como margens de rios com vegetação. Neste

levantamento não foram utilizados marcos da classe C5.

As coordenadas do vértice C2 devem estar referenciadas ao Sistema Geodésico

Brasileiro e o cálculo de distância, área e azimute o plano de projeção UTM. O Sistema de

Referência Geodésico Brasileiro é o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas

(SIRGAS), em sua realização do ano de 2000 (SIRGAS2000), sendo definido da seguinte

forma:

- Sistema Geodésico de Referência: Sistema de Referência Terrestre

International – ITRS (International Reference System);

- Figura Geométrica para a Terra: Elipsóide do Sistema Geodésico de

Referência de 1980 (Geodetic Reference System 1980 – GRS80), com semi-eixo maior,

a=6.378.137 m e achatamento, f = 1/298,257222101;

- Origem: Centro de massa da terra;

- Orientação: Pólos e meridianos de referência consistentes em +/- 0,005’’ com

direções definidas pelo BIH (Bureau International de L’Heure), em 1984;

- Época de referência das coordenadas: 2000,4;

- Sistema de Coordenadas: geodésicas.

Dessa forma, as coordenadas do vértice da classe C2 foram obtidas de dados do

Sistema Geodésico Brasileiro, oriundos de estações ativas receptoras de sinas de satélites

GNSS, da RBMC (Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo), estações de Porto Alegre –

POAL e Santa Maria – SMAR, homologadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia).

Outra forma de obter as coordenadas do vértice de classe C2 são as seguintes:

a) Por meio de redes geodésicas estaduais estabelecidas a partir do

rastreamento de sinais de satélites de posicionamento e homologadas pelo IBGE;

b) Através de estações ativas receptoras de sinais de satélite do GNSS ou

passivas, pertencentes a outros órgãos ou empresas privadas, desde que homologadas pelo

IBGE.

Page 76: TCC_CristianoPinho_2010

77

3.7.1 Posicionamento relativo estático rápido

Na execução do levantamento georreferenciado foi adotado o método de

posicionamento relativo estático rápido, no qual dois ou mais receptores rastreiam

simultaneamente os satélites visíveis, por um período de tempo que varia de acordo com o

comprimento da linha de base e a precisão requerida, de 5 a 30 minutos de ocupação nos

vértices que delimitam o imóvel. Um dos receptores foi posicionado sobre o marco da classe

C1, considerado o vértice de apoio básico ao levantamento georreferenciado do imóvel,

enquanto que o outro receptor era posicionado nos vértices que delimitam o imóvel. De

acordo com a 2ª Ed. da Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais –

NTGIR, o tempo de ocupação dos vértices é o mínimo para garantir solução fixa, sem perda

de sinais. Durante a ocupação são avaliados o PDOP (positioning dilution of precision), ou

seja, a diluição de precisão no posicionamento 3D, que deve variar de 1 a 6.

A determinação das coordenadas dos vértices depende também da geometria

relativa dos satélites. Quando os satélites GPS visíveis estão juntos no céu, a geometria é

considerada fraca e o valor DOP (dilution of precision) é alto, quando estão longe, a

geometria é forte e o valor DOP é baixo. Assim, um valor baixo representa uma melhor

precisão de posicionamento GPS, devido a maior separação angular entre os satélites

utilizados para calcular a posição do receptor de sinais GPS, posicionado sobre o vértice de

interesse. Outros fatores que podem aumentar a diluição da precisão (DOP) sãs as obstruções,

como edificações, montanhas e árvores próximas ao receptor. A diluição da precisão (DOP)

pode ser expressa como uma série de medições separadas, como HDOP, VDOP, PDOP e

TDOP, os quais se referem, respectivamente, a diluição na precisão horizontal (X e Y),

vertical (Z), posicionamento (3D) e diluição de precisão temporal (t). Os parâmetros acima

são componentes do GDOP (Geometric dilution of precision), ou seja, diluição geométrica de

precisão. Quanto maior o volume formado pelos satélites e o receptor, como se fosse uma

pirâmide, sendo o receptor o cume, melhor o valor de GDOP, e menor o volume, pior será o

valor do GDOP.

Na execução do levantamento, o que pode ser feito para melhorar a coleta dos

sinais é a desobstrução do campo de visão da antena do receptor, serrando galhos que estejam

próximos do equipamento. Entretanto, tratando-se de vegetação nativa, somente mediante

autorização do órgão ambiental.

Page 77: TCC_CristianoPinho_2010

78

Após a coleta dos sinais num vértice, desloca-se até o próximo, não sendo

necessário a continuidade de rastreio durante o deslocamento. Para que os resultados

apresentem razoável nível de precisão, o vetor das ambigüidades envolvido em cada linha de

base deve ser solucionado, ou seja, fixado como inteiro. O comprimento de linha de base para

este tipo de posicionamento deve ser de no máximo 20 km.

3.7.1.1 Posicionamento do vértice de apoio básico ao levantamento

O vértice de apoio básico para o georreferenciamento do imóvel, classificado

como C1, também conhecido no meio prático como “base” do levantamento, requer precisão

menor ou igual a 10 cm, devendo ser materializado por meio de marco. Neste levantamento

foi materializado um marco classe C1, denominado de DN0 - M - BAS01, através do método

de posicionamento relativo estático, no qual o receptor de sinais GPS fica posicionado sobre o

vértice de apoio à poligonal, materializado num lugar sem obstruções, dentro do imóvel, neste

caso, por um período mínimo para que a solução seja fixa, ou seja, o vetor das ambigüidades

envolvidos em cada linha de base seja solucionado. O equipamento ficou 4h posicionado

sobre o vértice de apoio, coletando os sinais GPS, até que o levantamento terminasse e

também para fixar o ponto. Como o comprimento da linha de base está entre 100 a 500km, a

NTGIR exige que sejam realizadas duas sessões de rastreio para verificar a acurácia do ponto.

Portanto, foi efetuada mais uma sessão de rastreio de 4h, adotando a que apresentou o melhor

resultado.

Após a ocupação do vértice de apoio básico, as coordenadas foram obtidas por

meio do ajustamento de no mínimo dois vetores independentes, oriundo do SGB, partindo um

dos vetores da RBMC de Porto Alegre (POAL) e outro de Santa Maria (SMAR).

O receptor de sinais GPS usado como referência para o levantamento, ou seja,

posicionado sobre o vértice de apoio básico ao levantamento, dever ser um equipamento que

utiliza as portadoras L1 e L2, com intervalo de gravação de 1, 5, 10 ou 15s, tempo de rastreio

mínimo para apresentar solução fixa, máscara de elevação de no mínimo 10º e PDOP inferior

a 6,0.

Esse marco deve ser implantado em local de fácil acesso, sem vegetação na

volta e edificações, devido ao erro gerado pelo multicaminhamento.

Page 78: TCC_CristianoPinho_2010

79

Fig. 19 – Marco classe C1, base para o transporte de coordenadas e apoio básico ao levantamento georreferenciado.

3.7.1.2 Posicionamento dos vértices que definem o imóvel

Os vértices que definem o imóvel foram levantados pelo método de

posicionamento relativo estático rápido, no qual um dos receptores é posicionado sobre o

vértice de apoio básico, classe C1, denominado de DN0- M - BAS01, durante a execução do

levantamento e pelo tempo mínimo de 4h para apresentar uma solução fixa, enquanto que o

outro receptor é posicionado sobre os vértices que definem o imóvel, pelo período mínimo

para garantir uma solução do tipo fixa. Para garantir a solução adequada, sem perda de ciclos,

Page 79: TCC_CristianoPinho_2010

80

necessário para apresentar solução fixa, o receptor foi posicionado em cada vértice pelo

tempo mínimo de 10 minutos, pois em campo não é possível garantir que a solução será fixa.

Os 10 minutos funcionam como um coeficiente de segurança, ou seja, a probabilidade de

apresentar uma solução fixa com este tempo de coleta de dados dentro de um intervalo de 10

minutos é maior do que somente pelo período de 5 minutos. Entretanto, para se fazer essa

análise é necessário acompanhar a variação do número de satélites visíveis, pois, à medida

que o tempo passa, podem aumentar ou diminuir o número de satélites visíveis, sendo

exigidos no mínimo 4 satélites.

O receptor de sinais GPS usado no levantamento do perímetro, denominado

também no meio profissional de “rover” ou móvel, dever ser um equipamento que utiliza as

portadoras L1 ou L1 e L2, com intervalo de gravação de 1, 5, 10 ou 15s, tempo de rastreio

mínimo para solução fixa, máscara de elevação de no mínimo 15º e PDOP inferior a 6,0.

As coordenadas dos vértices do perímetro do imóvel rural devem ser

determinadas atendendo a precisão posicional de 50 cm, considerando a propagação das

covariâncias desde as coordenadas dos vértices de referência do SGB. No método adotado foi

utilizado um equipamento dotado das portadoras L1/L2.

Nesta etapa os vértices são materializados através dos marcos de ferro,

conforme modelo da 2ª Ed. da NTGIR e ocupados com o receptor de sinais GPS, definindo o

perímetro do imóvel.

3.7.1.3 Posicionamento por Ponto Preciso (PPP)

O posicionamento por ponto preciso é outro método de levantamento abordado

pela 2ª Ed.da NTGIR, entretanto, neste trabalho, foi utilizado somente para comparar o valor

das coordenadas obtidas por este método em relação ao método de posicionamento relativo

estático rápido, adotado no levantamento.

O método de posicionamento por ponto preciso está baseado na correção pós-

processada, e refere-se à obtenção da posição de uma estação através das observáveis fase da

onda portadora coletadas por receptores de duas freqüências e em conjunto com os produtos

do IGS (International GPS Service). Um dos requisitos para realizar o PPP é dispor das

posições dos satélites e o erro do relógio de cada um deles. Esta informação é disponibilizada

pelos centros integradores de órbitas (CIOs), fornecendo as efemérides precisas. Este serviço

Page 80: TCC_CristianoPinho_2010

81

de posicionamento faz uso do aplicativo de processamento CSRS-PPP desenvolvido pelo

Geodetic Survey Division of Natural Resources of Canadá (NRCan). O serviço é

disponibilizado no Brasil pelo IBGE, sem nenhum custo, através da sua página na internet.

Esta metodologia é aceita para a determinação de vértices das classes C1, C4,

C5 e C7. Para que o resultado seja aceito, entretanto, é necessário verificar se os valores dos

resíduos (RMS) publicados no relatório estão dentro dos padrões aceitáveis.

3.8 Processamento e tratamento de dados

O processamento e o tratamento de dados têm por finalidade estimar o valor

mais provável das coordenadas e sua precisão, por meio das observações de campo, da análise

comprovada da qualidade dos dados observados e dos resultados com eles obtidos.

Para os vértices definidores dos limites do imóvel rural é obrigatório apresentar

as seguintes informações:

a) Sistema de referência;

b) Sistema de coordenadas;

c) Meridiano Central;

d) Data do processamento;

e) Tipo de efemérides utilizadas;

f) Tempo de sessão (hora início e hora fim, local ou UTC);

g) Comprimento do vetor;

h) Vetor expresso em Dx, Dy e Dz;

i) Tipo de solução obtida;

j) Coordenadas estimadas pelo processamento;

k) Precisão de cada componente das coordenadas ou da resultante

planimétrica;

l) Altura de antena (Base e Rover);

m) Intervalo de gravação adotado;

A partir dos dados solicitados, o resultado é o seguinte:

- Sistema de referência: SIRGAS 2000;

- Sistema de coordenadas: UTM, Fuso 22;

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82

- Meridiano central: 51º W Gr;

- Data do processamento: 19 de abril de 2010;

- Tipo de efemérides utilizadas: Transmitidas;

- Altura da antena da base: 2,020m

As outras informações seguem em forma de tabela, abaixo representadas.

Tab.7 – Informações dos pontos que definem o perímetro do imóvel. Ponto DN0 – M - 0001 DN0 – M - 0002 DN0 – M - 0003 DN0 – M - 0004

Hora inicial

local

12h17`25`` 12h04`45`` 12h58`25`` 12h49`15``

Hora final local 12h23`20`` 12h14`55`` 13h04`25`` 12h55`15``

Comprimento

do Vetor [m]

1584,8068 1572.3353 886,6949 899,0893

Dx [m] 772,7899 700,0740 -411,7227 -356,6914

Dy [m] 1182,3140 1171,7921 -659,2529 -664,7200

Dz [m] -718,7084 -780,4090 426,7294 489,1627

Solução obtida Fixa Fixa Fixa Fixa

E [m] 483.155,3787 483.092,2718 481.076,7073 481.116,0202

N [m] 6.523.983,7513 6.523.911,5336 6.525.318,1774 6.525.391,6956

H [m] 17,2062 17,4636 11,2564 11,7902

Resultante

Planimétrica [m]

0,0004 0,0007 0,0009 0,0010

Altura da antena

do ponto [m]

2,000 2,000 2,000 2,000

Intervalo de

gravação [s]

5 5 5 5

No caso de apresentação de soluções de ajustamento, neste caso, a

determinação das coordenadas das bases 01 e 02, as seguintes informações deverão constar no

relatório:

a) Código dos vértices ajustados;

b) Coordenadas de referência e suas covariâncias;

c) Vetores a serem ajustados e seus desvios padrão;

d) Coordenadas ajustadas e suas covariâncias;

Page 82: TCC_CristianoPinho_2010

83

e) Resíduos após ajustamento dos vetores;

A seguir, tabela contendo algumas das informações solicitadas.

Tab.8 – Informações das bases ajustadas. Código dos vértices ajustados DN0-M-BAS01 DN0-M-BAS02

Coordenadas de Referência: E [m] 481.528,7823 481.811,2751

N [m] 6.525.009,1402 6.524.822,2081

H [m] 14,3655 15,3838

Covariância em E 0,024964 0,025027

Covariância em N 0,024964 0,025027

Covariância em H 0,024964 0,025027

Dx [m] -133.715,0836 -133.874,3305

Dy [m] -223.035,7244 -223.288,1410

Dz [m] 161.315,9480 161.476,5052

Coordenadas Ajustadas: E [m] 481.528,7823 481.811,2800

N [m] 6.525.009,1402 6.524.822,2051

H [m] 14,3655 15,3825

Resíduo em X -0,0349 -0,0086

Resíduo em Y 0,0164 -0,0207

Resíduo em Z 0,0079 0,0076

3.8.1 Memorial descritivo do imóvel

Um dos principais produtos do levantamento georreferenciado, como também

de levantamentos clássicos, é a descrição perimétrica do imóvel que contém as coordenadas

dos vértices que delimitam o imóvel, o nome dos imóveis confrontantes e seus proprietários, o

número do imóvel no INCRA, dados do proprietário do imóvel medido e sistema geodésico

de referência, entre outros dados. A seguir, o memorial descritivo do imóvel objeto do

presente trabalho.

Page 83: TCC_CristianoPinho_2010

84

M E M O R I A L D E S C R I T I V O

Imóvel: Chácara Paraíso Comarca: Mostardas

Proprietário: João Silva Brasil

Município: Tavares UF: Rio Grande do Sul

Matrícula: 24.567 – Registro de Imóveis de Mostardas

Comarca de Mostardas / RS Código INCRA: 950.050.076.459-8

Área da Gleba (ha): 21,9804 Perímetro (m): 5.115,312

Inicia-se a descrição deste perímetro no vértice DN0-M-0001, de coordenadas

N 6.523.983,751m e E 483.155,379m, situado no limite da faixa de domínio da Rodovia

Federal BR 101 Sul, que liga Tavares à Mostardas e São José do Norte e na divisa da Chácara

Felicidade, código INCRA 861.049.101.177-0, pertencente a José Alves Cabral, C.P.F.

123.456.789/00; deste, segue confrontando com o limite da faixa de domínio da referida

rodovia federal, com o seguinte azimute e distância: 221°09'09" e 95,91m até o vértice DN0-

M-0002, de coordenadas N 6.523.911,534m e E 483.092,272m, situado na divisa do imóvel

Haras Itapuã Sul, código do INCRA 861.049.131.157-3, pertencente à Isabel Reichelt,

C.P.F.098.765.432-22; deste, segue confrontando com o Haras Itapuã Sul, com o seguinte

azimute e distância: 304°54'39" e 2457,86m até o vértice DN0-M-0003, de coordenadas N

6.525.318,177m e E 481.076,707m situado na divisa do imóvel Haras Itapuã Sul com o limite

do Terreno de Marinha na Laguna dos Patos; deste, segue confrontando com o limite do

Terreno de Marinha na Laguna dos Patos, com o seguinte azimute e distância: 28°08'00" e

83,39m até o vértice DN0-M-0004, de coordenadas N 6.525.391,696m e E 481.116,020m,

situado no limite do Terreno de Marinha na Laguna dos Patos com a Chácara Felicidade, com

o seguinte azimute e distância: 124°37’15’’ e 2478,17m até o vértice DN0-M-0001, de

coordenadas N 6.523.983,751m e E 483.155,379m, início da descrição deste perímetro.

Todas as coordenadas aqui descritas estão georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro,

a partir das estações ativas da RBMC de Santa Maria, de coordenadas N 6.709.269,527m e E

237.205,247m e de Porto Alegre, de coordenadas N 6.673.004,056 e E 488.457,545m e

encontram-se representadas no Sistema UTM, referenciadas ao Meridiano Central 51° WGr

, tendo como Datum o SIRGAS 2000. Todos os azimutes, distâncias, áreas e perímetros

foram calculados no plano de projeção UTM.

Tavares, 20 de abril de 2010.

___________________________________ Resp. Técnico: Cristiano Brum Pinho

Engo.Civil e Especialista em Georreferenciamento/CREA: RS128.919 Código Credenciamento: DN0 / ART: 3550598

Page 84: TCC_CristianoPinho_2010

85

3.8.2 Planilha de cálculo de área e perímetro

Outra exigência da NTGIR é a elaboração de uma planilha contendo as

coordenadas de cada vértice, azimute, distância, fator de escala, latitude, longitude, perímetro

e área. A seguir, exemplo da tabela.

Tab. 9 – Planilha para cálculo de área. Cálculo Analítico de Área, Azimutes, Lados, Coordenadas Geográficas e UTM

IMÓVEL: Chácara Paraíso

MUNICÍPIO: Tavares/RS

SGR (datum): SIRGAS2000

Meridiano Central: 51° WGr

__________________________________________________________________________________________________________

Estação Vante Coord. Norte(m) Coord. Este(m) Azimute Distância(m) Fator Escala Latitude Longitude

M-0001 M-0002 6523911,534 483092,272 221°08'54" 95,9056 0.99960353 S 31°25'09,5568" W 51°10'40,4049"

M-0002 M-0003 6525318,177 481076,707 304°54'39" 2457,8745 0.99960442 S 31°24'23,7549" W 51°11'56,6505"

M-0003 M-0004 6525391,696 481116,020 28°08'06" 83,3692 0.99960440 S 31°24'21,3692" W 51°11'55,1566"

M-0004 M-0001 6523983,751 483155,379 124°37'14" 2478,1627 0.99960350 S 31°25'07,2144" W 51°10'38,0102"

Perímetro: 5.115,31 m

Área Total: 219.804,35 m2 21,9804 ha

3.8.3 Planilha de dados cartográficos

A planilha de dados cartográficos está disponível no site do INCRA e deve ser

anexada ao processo de georreferenciamento. Abaixo modelo de tabela preenchida para o

imóvel objeto do presente trabalho. Verifica-se, mais uma vez, a repetição de dados

solicitados em outras peças técnicas, tornando o trabalho repetitivo e monótono.

Tab.10 – Planilha de dados cartográficos - 1ª parte.

Page 85: TCC_CristianoPinho_2010

86

Tab.11 – Planilha de dados cartográficos - 2ª parte.

3.8.4 Relatório técnico

O relatório técnico, que deve ser entregue em meio digital, tem como objetivo

descrever os serviços realizados em campo e no escritório, detalhando cada etapa do processo

de georreferenciamento. Conforme a NTGIR, os seguintes itens devem constar no relatório:

1 - Objeto: Informar dados do Imóvel rural como nome, matrículas, etc;

2 - Finalidade: Motivo pelo qual foi realizado o georreferenciamento

(certificação, levantamento do perímetro, atualização cadastral, regularização fundiária,

solicitação judicial, etc);

Page 86: TCC_CristianoPinho_2010

87

3 - Período de execução: O período de execução dos trabalhos relativos à

determinação de vértices de apoio, reconhecimento da área, levantamento do perímetro e

levantamento cartorial;

4 - Roteiro de acesso: Localização exata do imóvel com roteiro de como chegar

ao local, estradas de acesso com a respectiva distância, etc;

5 - Estações geodésicas de referência utilizadas: para os casos em que o

transporte de coordenadas for conduzido pelo pós-processamento dos dados observados, o

credenciado deverá informar as estações geodésicas do SGB utilizadas;

6 - Vértice de apoio básico: As coordenadas do vértice de apoio básico poderão

ser determinadas:

a) Pelo método clássico de triangulação geodésica utilizando-se da técnica

GNSS apoiada na Rede RBMC/RIBaC;

b) Pelo método de Posicionamento por Ponto Preciso-PPP, disponibilizado

pelo IBGE;

O credenciado deverá identificar as estações RBMC/RIBaC utilizadas ou

apresentar o relatório de processamento do Sistema PPP;

7 - Descrição dos serviços executados: Descrever de forma detalhada como

foram executados os serviços, desde o reconhecimento dos limites até a obtenção das

coordenadas dos vértices definidores do perímetro de acordo com o método utilizado

conforme definido no Capítulo 5 da NTGIR – LEVANTAMENTO e as formas de

processamento conforme definidas no Capítulo 6 da NTGIR – PROCESSAMENTO E

TRATAMENTO DE DADOS;

8 - Monografia do(s) marco(s) de apoio: Apresentar monografia com foto,

itinerário, coordenadas geodésicas e UTM com as devidas precisões do(s) marco(s) de apoio

implantado(s);

9 - Quantidades realizadas: Informações sobre o transporte, quantos vértices

foram necessários, quantos quilômetros de poligonais topográficas, quantos marcos de limites

implantados, dentre outros;

10- Relação de equipamentos utilizados: Receptores de sinais GNSS e/ou

Estação(ões) Total(ais) com a respectiva marca, modelo e número de série, além dos

programas de processamento utilizados, modelos das antenas e respectivos parâmetros, alturas

de instrumento, de prisma e de antena.

Page 87: TCC_CristianoPinho_2010

88

11- Equipe técnica: Profissionais envolvidos nos trabalhos, identificando-os

com nome completo, formação profissional e o número do CREA. O responsável técnico pelo

trabalho deverá ser identificado individualmente e pelo número da ART.

De acordo com as exigências acima descritas, elaborou-se o seguinte relatório

técnico:

Relatório Técnico

1- Objeto:

O georreferenciamento do imóvel rural denominado Chácara Paraíso, Código

do INCRA 950.050.076.459-8, matrícula no 24.567 - Registro de Imóveis de Mostardas,

localizado no Município de Tavares/RS, com área de 21,9849 ha e perímetro de 5.115,35m.

2- Finalidade:

Obtenção de Certificação como imóvel georreferenciado, atualização do

Certificado de Cadastro de Imóvel Rural – CCIR e retificação de matrícula extrajudicial,

através de processo administrativo no Registro de Imóveis de Mostardas/RS,

3 - Período de Execução:

O levantamento cartorial ocorreu no dia 16 de abril de 2010 e os trabalhos

relativos a determinação dos vértices de apoio, reconhecimento da área e levantamento do

perímetro ocorreram nos dias 17 e 18 de abril de 2010.

4 – Roteiro de acesso:

A Chácara Paraíso está localizada no Município de Tavares/RS, na localidade

de Capão Comprido. A partir da Prefeitura Municipal de Tavares, sede do Município de

Tavares, Estado do Rio Grande do Sul, sito à Rua Abílio Vieira Paiva, n°228, partindo deste

ponto em direção ao oeste, Laguna dos Patos, dobra-se à direita na Avenida 11 de Abril,

segue-se em frente e dobra-se à direita na Avenida Izidro Teixeira Machado, segue-se até o

Page 88: TCC_CristianoPinho_2010

89

trevo localizado na Rodovia Federal BR 101 Sul e dobra-se à direita, seguindo, a partir deste

trevo, por 17,8 km até a Chácara Paraíso. Segue-se pela estrada de chão batido dentro da

Chácara Paraíso por 1.900m. Próximo à divisa sul, com o imóvel Haras Itapuã Sul, está

localizado o marco de ferro, construído de acordo com a NTGIR, e com a identificação do

profissional, DN0 e o número da base – BAS01, inscritos numa chapa de metal fixada neste

marco e com orifício no centro, o qual serviu de base para o levantamento deste imóvel.

5 – Estações geodésicas de referência utilizadas:

As estações geodésicas de referência foram as estações ativas da RBMC de

Santa Maria, de coordenadas N 6.709.269,527m e E 237.205,247m e de Porto Alegre, de

coordenadas N 6.673.004,056 e E 488.457,545m.

6 – Vértice de apoio básico:

As coordenadas do vértice de apoio básico, denominado de DN0 – M – Bas01,

foram determinadas pela técnica GNSS, através do pós-processamento dos dados observados

e com ajustamento de observações, a partir das estações ativas da RBMC descritas no item 5.

7 – Descrição dos serviços executados:

O serviço foi executado com um Receptor GPS marca Leica, modelo

GPS900CS, de 12 canais, dupla freqüência, L1 e L2.

Foi efetuado o reconhecimento dos limites do imóvel e coleta de dados dos

confrontantes, como número da matrícula, nome do imóvel, nome, RG e CPF do proprietário

dos imóveis lindeiros.

Foram verificados os limites da faixa de domínio da Rodovia Federal BR101

Sul, km 315, sendo 30,00m de faixa de domínio para cada lado a partir do eixo da rodovia.

Foi verificado o limite do Terreno de Marinha na confrontação com a Laguna

dos Patos, conforme linha de preamar média de 1831 e da correspondente "Linha Limite dos

Terrenos de Marinha - LLM". Dessa forma, foram mantidos os 33m após a faixa de praia, ou

seja, a partir de barreiras naturais que se encontram no local, mantendo o Terreno de Marinha

fora da matrícula do imóvel.

Page 89: TCC_CristianoPinho_2010

90

Foi instalado um marco de aço, conforme padrão estabelecido pela NTGIR,

para transporte de coordenadas para o imóvel, a partir das estações ativas da RBMC de Santa

Maria e de Porto Alegre. Este marco foi utilizado como base para o levantamento do

perímetro do imóvel, sendo numerado com DN0-M-Bas01 e classificado como C1, de acordo

com a referida norma. Este marco foi ocupado por um período mínimo de 4 horas

ininterruptas, visto que as estações ativas das RBMC estão distantes da base do levantamento

mais de 100km, ou seja, apresentam linha de base maior do que 100km. A taxa de gravação

da base foi de 1 segundo durante 4h19`45’’ de rastreio ininterruptos no dia 18/04/2010.

Nos vértices do perímetro foram instalados marcos padrão INCRA (marco de

ferro) com a respectiva chapa de identificação, no total de quatro marcos, assim denominados:

DN0-M-0001, M0002, M0003 e M0004. Após foram levantados, no dia 18 de abril de 2010,

através do posicionamento relativo rápido estático, utilizando-se um receptor GPS de dupla

freqüência, configurado de acordo com as exigências na norma anteriormente mencionada, e

os dados obtidos com este equipamento foram corrigidos através da base Bas01. Foram

obtidas as coordenadas dos vértices definidores do perímetro do imóvel. Cada marco foi

ocupado, no mínimo, por 10 minutos, garantindo, de acordo com a norma, o período mínimo

de dados íntegros sem interferência de perdas de ciclos, com taxa de gravação de 5 segundos e

distância máxima da base de 2,0 km.

Foi utilizado o software LEICA Geo Office, versão 5.0, dotado de algoritmos

de combinação de observáveis (fase da portadora e código) para efetuar o Pós-processamento.

A base01 foi ajustada através do software LEICA Geo Office, Ver.5, a partir

das estações ativas da RBMC de Santa Maria e Porto Alegre, e as coordenadas dos vértices

foram obtidas através do pós-processamento, adotando-se a base01 como referência. Todos os

vértices fixados apresentaram a precisão exigida, sendo utilizados no cálculo da área,

perímetro e demais solicitações da mencionada norma. A base01 apresentou precisão de 1cm,

permanecendo dentro do limite de 10cm, e os vértices do perímetro apresentaram precisão

entre 0,6 até 3,7cm, dentro do limite de até 50cm. Com os dados aprovados foram elaboradas

todas as peças técnicas, conforme estabelecido na norma.

8 – Monografia do marco de apoio:

O marco que serviu de apoio ao levantamento georreferenciado foi implantado

dentro do perímetro do imóvel, em local de fácil acesso e sem obstrução de vegetação e

edificações. A monografia abaixo ilustrada segue o padrão determinado pela NTGIR.

Page 90: TCC_CristianoPinho_2010

91

Tab.12 – Monografia do marco de apoio.

9 – Quantidades realizadas:

Foi instalado um marco de aço para transporte de coordenadas para o imóvel, a

partir das estações ativas da RBMC de Santa Maria e de Porto Alegre. Este marco foi

utilizado como base para o levantamento do perímetro do imóvel, sendo numerado com DN0-

M-Bas01 e classificado como C1, de acordo com a referida norma. Nos vértices do perímetro

foram instalados marcos padrão INCRA (marco de aço) com a respectiva chapa de

identificação, no total de quatro marcos, assim denominados: DN0-M-0001, M0002, M0003 e

M0004, classificados como C4.

10 – Relação de equipamentos utilizados:

Os equipamentos envolvidos na realização deste serviço foram: um par de

receptores de marca Leica, modelo GPS900CS, de dupla freqüência, L1 e L2, com 12 canais

Page 91: TCC_CristianoPinho_2010

92

universais, precisão horizontal 5mm + 0,5 ppm, estático e precisão vertical 10mm + 0,5 ppm,

estático. Um dos receptores foi utilizado no procedimento de transferência de coordenadas da

RBMC para o imóvel, classificado como ponto C2, denominado, neste caso, como DN0-M-

Bas01 e o outro no levantamento do perímetro do imóvel.

11 – Equipe técnica:

Engenheiro Civil, Pós-graduado em Georreferenciamento de Imóveis Rurais e

acadêmico de Engenharia Cartográfica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Cristiano Brum Pinho, CREA/RS 128.919-D, credenciado no INCRA sob o código DN0 e

com emissão de ART no 3550598.

3.8.5 Planta do imóvel

Uma das últimas etapas do processo de georreferenciamento efetuadas no

escritório é a elaboração da planta do imóvel. A planta é a representação gráfica dos dados

coletados em campo e depois processados. As seguintes informações devem constar na planta:

1 – Confrontantes:

Nome do Imóvel, Proprietário, n° de Matrícula e confrontantes

2 – Cursos d`água:

Representações de córregos, rios, açudes, etc. que encontram-se internos e/ou

no perímetro do imóvel;

3 – Estradas não pavimentadas:

Representação de estradas não pavimentadas com sua identificação, sendo

municipais, estaduais ou federais, quando houver;

4 – Estradas pavimentadas:

Representação de estradas pavimentadas com sua identificação, sendo

municipal, estadual ou federal, quando houver;

5 – Faixa de domínio:

Representação da largura das faixas de domínio de estradas, ferrovias e

gasodutos entre outras;

Page 92: TCC_CristianoPinho_2010

93

6 – Informações cartográficas:

Informações sobre o SGR, Sistema de Projeção e orientações;

7 – Layout:

Folha padrão ABNT nos formatos A3 ou superiores com o carimbo contendo

as informações da propriedade (proprietário, imóvel, matrículas, etc.);

8 – Legenda:

Quadro representando as convenções cartográficas;

9 – Logotipos:

Logomarcas utilizadas

10 – Matrícula:

Representação do perímetro da matrícula que compõe o imóvel com o

respectivo n° da matrícula (deverá ter um layer para cada matrícula que compuser o imóvel);

11 – Perímetro:

Representação do perímetro geral do imóvel. Caso o imóvel seja dividido em

glebas, será a representação de todas as glebas;

12 – Vértices:

Representação de todos os vértices adotados no imóvel com suas respectivas

codificações;

Conforme determinação da 2ª Ed. da NTGIR, o credenciado deverá apresentar

um arquivo digital em que conste a planta completa e um arquivo em que conste somente o

polígono que represente os limites do imóvel a ser certificado.

A planta do referido imóvel encontra-se no anexo E, pág.121.

3.9 Análise dos resultados

O método adotado para o levantamento georreferenciado do imóvel foi o

relativo estático rápido, anteriormente descrito, através do qual se obteve a precisão requerida

para as coordenadas que definem o perímetro do imóvel, assim como para o ponto base para o

transporte de coordenadas. A título de comparação foi adotado também o método de

Posicionamento por Ponto Preciso para o ponto base, classificado como C1, o ajustamento

dos pontos do perímetro e a medição do imóvel a partir de outro ponto base para o transporte

de coordenadas. Os resultados podem ser comparados através das tabelas abaixo:

Page 93: TCC_CristianoPinho_2010

94

Tab.13 – Comparação entre as coordenadas dos vértices pelo método relativo estático rápido

de duas bases diferentes.

Vértice M-0001 M-0002 M-0003 M-0004 Método Referência

Precisão(cm) 0,07 0,04 0,06 0,10 R.E.R Base02

Precisão(cm) 0,06 0,08 0,05 2,01 R.E.R Base01

Dif.coord.(cm) 1,15 1,28 0,67 3,71

.

A tabela 13 ilustra a diferença entre as coordenadas dos vértices que delimitam

o perímetro do imóvel, os quais foram medidos por meio do método relativo estático rápido,

partindo primeiro da base 01, ponto de transporte de coordenadas para o imóvel e depois

partindo da base 02 como referência para os vértices do perímetro. As bases foram ajustadas a

partir das estações ativas da RBMC de Santa Maria e Porto Alegre. A maior diferença ocorreu

no vértice M-0004, pois, no levantamento com a base 01 apresentou solução por código.

Todos os pontos apresentaram precisão posicional abaixo do limite de 50 cm exigidos pela

NTGIR.

Tab.14 – Diferença entre as coordenadas sem/com ajustamento de observações.

Vértice M-0001 M-0002 M-0003 M-0004 Método Pontos de Referência Precisão(cm) 0,07 0,04 0,06 0,10 R.E.R Base02

Precisão(cm) 0,07 0,04 0,06 0,10 R.E.R Bases 01 e 02

Dif.coord.(cm) 0,00 0,00 0,00 0,00

A tabela 14 ilustra a diferença entre as coordenadas dos vértices que delimitam

o perímetro do imóvel, os quais foram medidos pelo processo relativo, em relação a uma base

somente, e a partir de duas bases implantadas no imóvel. Primeiro, os vértices do imóvel

foram medidos por meio do método relativo estático rápido, partindo da base 02, ponto de

transporte de coordenadas para o imóvel. A base 02 foi ajustada a partir das estações ativas da

RBMC de Santa Maria e Porto Alegre. No segundo momento, considerou-se também a base

01, efetuando-se a dupla vetorização para definir a posição dos vértices, ou seja, os vértices

foram ajustados a partir das duas bases implantadas no imóvel. Percebe-se que a diferença

entre as coordenadas dos vértices obtidos pelo processo relativo, somente a partir de uma

base, e a partir de duas bases, é nula, visto que a linha base é curta, em torno de 2 km do

vértice mais distante.

Page 94: TCC_CristianoPinho_2010

95

Tab. 15 - Diferença entre as coordenadas com ajustamento de observações e pelo PPP IBGE.

Vértice Base01 Base02 Método Ajustado Pontos de Referência

Precisão(cm) 1,612 1,329 R.E.R Sim SMAR POAL

Precisão(cm) 0,728 0,632 PPPIBGE Sem pontos de referência

Dif.coord.(cm) 0,485 1,879

A tabela 15 ilustra a diferença entre as coordenadas obtidas para as bases 01 e

02 que foram implantadas dentro do imóvel. As bases 01 e 02 foram medidas através do

método relativo estático rápido pelo período mínimo de 4h e suas coordenadas foram

ajustadas a partir das estações ativas da RBMC de Santa Maria – SMAR e Porto Alegre –

POAL, com linha de base em torno de 307 e 150 km, respectivamente, gerando as precisões

acima demonstradas. Pelo método de Posicionamento por Ponto Preciso, disponibilizado pelo

IBGE, as bases apresentaram melhores precisões, em virtude do método utilizar as órbitas

precisas e o relógio dos satélites GPS, alcançando maior precisão, entretanto, tais informações

são disponibilizadas apenas treze dias após a data do levantamento. Analisando as diferenças

das coordenadas das bases obtidas pelo método Relativo e o PPP IBGE ainda não é possível

dizer que o PPP é melhor, pois não há dados para serem comparados, ou seja, o PPP fornece

as coordenadas de um ponto através das observáveis fase da onda portadora coletadas por

receptores de duas freqüências e em conjunto com os produtos do IGS, enquanto que o

método relativo parte de uma rede de pontos conhecidos e ajustados, os quais, através de

várias ocupações do mesmo ponto, pode-se aferir a exatidão. O método Relativo parte de um

sistema conhecido e materializado, enquanto que o PPP parte da posição e informações dos

satélites.

4 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DO INCRA

As etapas a seguir descritas foram transcritas, na maior parte, da NORMA DE

EXECUÇÃO INCRA/DF/ Nº 92 DE 22 DE FEVEREIROEIRO DE 2010. (Publicada no

DOU, nº 42, de 4 de março de 2010, Seção I, página 81 e Boletim de Serviço nº 10, de 8 de

março de 2010), e da NOTA TÉCNICA/INCRA/DFG/N°01/2010, de 22 de fevereiro de

Page 95: TCC_CristianoPinho_2010

96

2010, que estabelece a nova metodologia de análise de processos de Certificação de Imóveis

Rurais no INCRA, sob a orientação de Richard Martins Torsiano, Diretor de Ordenamento da

Estrutura Fundiária, DF, INCRA e de Marcelo José Pereira da Cunha, Coordenador Geral de

Cartografia, DFG, INCRA.

4.1 Descrição da documentação exigida

Toda a documentação necessária à certificação e atualização cadastral deverá

ser entregue e protocolada na Sala da Cidadania, nas sedes regionais do INCRA, no Estado ao

qual o imóvel pertence, para abertura de processo administrativo, e imediato envio ao Comitê

Regional de Certificação.

A documentação a ser apresentada, conforme determina a Norma Técnica para

Georreferenciamento de Imóveis Rurais do INCRA – 2ª. Edição, aprovada pela Portaria

INCRA/P/Nº 69, de 22 de fevereiro de 2010, a Instrução Normativa nº 25 e o Manual de

Orientação para Preenchimento da Declaração para Cadastro de Imóveis Rurais, será

composta por:

1 - Requerimento solicitando a Certificação, de acordo com o §1º do artigo 9º

do Decreto 4.449 e a Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999, conforme anexos VI e VII da

NTGIR 2ª Edição. Este requerimento deverá estar assinado pelo(s) proprietário(s) do imóvel

rural objeto da certificação ou seu procurador legalmente constituído, com o reconhecimento

de firma, constando o endereço completo para envio de correspondência, incluindo o e-mail,

quando houver. Encontra-se no anexo A.

2 – Relatório Técnico (em meio digital);

O Relatório Técnico deverá ser entregue somente no formato digital e deverá

conter as seguintes informações:

2.1 Objeto: informar dados do Imóvel rural como nome, matrículas, dentre

outros;

2.2 Finalidade: motivo pelo qual foi realizado o georreferenciamento

(certificação, levantamento do perímetro, atualização cadastral, regularização fundiária,

solicitação judicial, dentre outros);

Page 96: TCC_CristianoPinho_2010

97

2.3 Período de execução: o período de execução dos trabalhos relativos à

determinação de vértices de apoio, reconhecimento da área, levantamento do perímetro e

levantamento cartorial;

2.4 Roteiro de acesso: localização exata do imóvel com roteiro de como chegar

ao local, estradas de acesso com a respectiva distância, dentre outros;

2.5 Estações geodésicas de referência utilizadas: para os casos em que o

transporte de coordenadas for conduzido pelo pós-processamento dos dados observados, o

credenciado deverá informar as estações geodésicas do SGB utilizadas;

2.6 Vértice de apoio básico: As coordenadas do vértice de apoio básico

poderão ser determinadas:

a) pelo método clássico de triangulação geodésica utilizando-se da técnica

GNSS apoiada na Rede RBMC/RIBaC;

b) pelo método de Posicionamento por Ponto Preciso-PPP, disponibilizado pelo

IBGE;

O credenciado deverá identificar as estações RBMC/RIBaC utilizadas ou

apresentar o relatório de processamento do Sistema PPP;

2.7 Descrição dos serviços executados: descrever de forma detalhada como

foram executados os serviços, desde o reconhecimento dos limites até a obtenção das

coordenadas dos vértices definidores do perímetro de acordo com o método utilizado pelo

profissional e as formas de processamento;

2.8 Monografia do(s) marco(s) de apoio: apresentar monografia com foto,

itinerário, coordenadas geodésicas e UTM com as devidas precisões do(s) marco(s) de apoio

implantado(s);

2.9 Quantidades realizadas: informações sobre o transporte, quantos vértices

foram necessários, quantos quilômetros de poligonais topográficas, quantos marcos de limites

implantados, dentre outros;

2.10 Relação de equipamentos utilizados: Receptores de sinais GNSS e/ou

Estação(ões) Total(ais) com a respectiva marca, modelo e número de série, além dos

programas de processamento utilizados, modelos das antenas e respectivos parâmetros, alturas

de instrumento, de prisma e de antena;

2.11 Equipe técnica: profissionais envolvidos nos trabalhos, identificando-os

com nome completo, formação profissional e o número do CREA. O responsável técnico pelo

trabalho deverá ser identificado individualmente, seguido do número da ART;

3 – Matrículas ou transcrições do imóvel – original ou cópia autenticada;

Page 97: TCC_CristianoPinho_2010

98

As cópias autenticadas de todas as matrículas ou transcrições que compõem o

imóvel rural devem ser de inteiro teor, fornecidas pelos Cartórios de Registros de Imóveis e

estar atualizadas, ou seja, dentro do prazo de validade de 30 dias a contar do dia em que a

documentação foi entregue, no INCRA.

Além da matrícula serão aceitos documentos passíveis de registro como

escritura pública de compra e venda, escritura pública de doação, formal de partilha, ata de

incorporação, carta de arrematação, nestes dois últimos casos deverá ser apresentada a

matrícula correspondente ao imóvel objeto da transação. Também serão aceitos sentença

declaratória de usucapião e título definitivo expedido pelo Governo.

4 – Uma via da planta e uma via do memorial descritivo (em meio analógico e

digital);

A planta e o memorial descritivo devem estar devidamente assinados pelo

proprietário ou seu representante legal, e pelo profissional credenciado, responsável técnico

pelos trabalhos. A via única da planta e a via única do memorial descritivo, em meio

analógico, deverão ser juntadas à contracapa do processo uma vez que, serão devolvidos ao

interessado no ato da certificação.

Se o imóvel possuir duas ou mais matrículas ou transcrições, deverá ser feita

uma planta geral do imóvel identificando cada matrícula individualmente, com todos os seus

elementos técnicos. Os memoriais devem ser elaborados separadamente para cada matrícula

ou transcrição, para fins de retificação de registro imobiliário.

Caso o proprietário pretenda unificar as matrículas, deverá ser elaborada uma

outra planta e memorial descritivo, demonstrando a situação proposta.

5 – Anotação de Responsabilidade Técnica – ART (original ou cópia

autenticada);

ART recolhida junto ao CREA do Estado onde se localiza o imóvel com o

respectivo comprovante de recolhimento junto à instituição bancária, devendo ser tudo

original, para ser anexada ao processo.

6 – Planilha do Cálculo de área (original, com assinatura do credenciado em

todas as folhas):

6.1 – Planta georreferenciada, nos formatos DWG, DGN ou DXF, conforme

descrito na NTGIR 2ª Ed.;

6.2 – Dados brutos (sem correção diferencial) das observações do GPS, quando

utilizada esta tecnologia, nos formatos nativos do equipamento e no formato Rinex;

Page 98: TCC_CristianoPinho_2010

99

6.3 – Dados corrigidos das observações do GPS, quando utilizada esta

tecnologia;

6.4 – Arquivos de campo gerados pela estação total, quando utilizada esta

tecnologia;

6.5 – As coordenadas dos vértices do imóvel em UTM (txt), na seqüência do

memorial descritivo;

6.6 – Planilha de cálculo de área;

6.7 – Arquivo contendo apenas o perímetro do imóvel (DWG ou DGN ou

DXF), somente o vetor;

7 – Relatório resultante do processo de correção diferencial das observações

GPS, quando utilizada esta tecnologia (meio digital);

8 – Relatório do cálculo e ajustamento da poligonal de demarcação do imóvel,

quando utilizada esta tecnologia (meio digital);

9 – Planilhas de cálculo com os dados do levantamento, quando utilizado

estação total (meio digital);

10 – Cadernetas de campo contendo os registros das observações de campo,

quando utilizado estação total (em meio digital);

11 – Declaração de respeito de limites, conforme modelo apresentado no

Anexo XIV da Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais do INCRA – 2ª.

Versão, obrigatoriamente de natureza pública e registrada em Cartório de Títulos e

Documentos da mesma Comarca do imóvel rural, objeto da certificação (original);

12 – Cópia do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural – CCIR vigente,

devidamente quitado, quando houver;

13 – Formulários da Declaração para Cadastro de Imóveis Rurais, devidamente

preenchidos e assinados, de acordo com o Manual de Orientação para Preenchimento da

Declaração para Cadastro de Imóveis Rurais;

14 – Cópia da Carteira de Identidade e CPF do proprietário, para ser

autenticada pelo servidor do INCRA à vista do documento original.

Observações:

- Quando a documentação for entregue por representante legal, deverá

apresentar também a cópia dos documentos do representante legal (Identidade e CPF), bem

como a procuração;

- Caso a documentação não esteja completa, o proprietário será notificado e

será anexada a cópia da notificação no processo e depois arquivado até sua regularização;

Page 99: TCC_CristianoPinho_2010

100

- A notificação poderá ser feita por correio normal ou eletrônico;

4.2 Análise da documentação

A análise da documentação será realizada da seguinte forma:

a) Inicialmente o técnico responsável pela análise cartográfica fará a consulta

no processo de toda a documentação exigida, atentando para o quantitativo de área registrada

e área medida, bem como a regularidade dos documentos de domínio apresentados;

b) Em seguida, consultará a mídia digital e verificará se todos os dados,

descritos anteriormente, estão devidamente armazenados;

c) Os resultados do transporte de coordenadas deverão obrigatoriamente ser

ratificados com o processamento pelo PPP, disponibilizado pelo IBGE. Discrepâncias acima

de 10cm entre os dados apresentados pelo credenciado e os apresentados pelo PPP, deverão

ser investigados com maior profundidade com processamento em software's licenciados no

INCRA, e se confirmado a inconsistência, o processo deverá ser arquivado por insuficiência

técnica;

c) Inserir o arquivo digital do perímetro do imóvel no GeoMedia e verificar a

ocorrência de sobreposição.

d) Não havendo sobreposição o técnico irá exportar o perímetro do imóvel para

o i3Geo ou outro aplicativo que permita a sobreposição do arquivo vetorial sobre imagens de

satélite de alta resolução e/ou cartas topográficas. Nesta fase o técnico irá verificar a

regularidade do perímetro com os limites visíveis nos arquivos raster do aplicativo utilizado,

principalmente para os trechos em que os limites do imóvel rural são por acidentes naturais.

Observado qualquer inconsistência grosseira, o técnico fará a escolha pela notificação do

credenciado e proprietário ou decidir se há fato que permita o arquivamento automático do

processo pelo acometimento de falha grave, como por exemplo, o total desrespeito à

sinuosidade no caminhamento de acidentes naturais que limitam o imóvel;

e) Não havendo nenhuma inconsistência no perímetro apresentado, o técnico

irá proceder à certificação do perímetro.

4.3 Acompanhamento e monitoramento da certificação

Page 100: TCC_CristianoPinho_2010

101

Todos os processos de certificação protocolados no INCRA deverão ser

registrados no Sistema de Acompanhamento e Monitoramento da Certificação –

CertificaWeb, através do técnico responsável pela análise do processo. O sistema permitirá as

seguintes facilidades:

a) Ambiente único de registro e de análise;

b) Acompanhamento do trâmite do processo pelos interessados via Internet, no

site do INCRA no módulo - Portal de Certificação;

c) Emissão de relatórios gerenciais, melhorando a eficiência e gestão dos

processos.

Portanto, nenhum processo de Certificação poderá passar por qualquer

alteração (análise, recebimento de documentação, notificação, dentre outros) sem o devido

registro no CertificaWeb.

Esta metodologia permite que o profissional que efetuou o trabalho de

georreferenciamento, assim como o proprietário do imóvel possam verificar o andamento do

processo, dando maior transparência ao processo de certificação.

4.4 Emissão do certificado de imóvel georreferenciado

Caso as peças técnicas não estejam de acordo com a Norma, e a falha não seja

algo que prejudique a análise do mérito, o proprietário e o responsável técnico deverão ser

notificados pelo Comitê, de acordo com o prazo previsto na Lei 9.784/99, ficando uma cópia

da notificação no processo.

Sanadas todas as irregularidades encontradas nas peças técnicas e não

ocorrendo sobreposição impeditiva, o arquivo contendo o perímetro do imóvel deverá ser

inserido no Banco de Dados Cartográfico do INCRA.

Os dados serão enviados através do Sistema Nacional de Certificação de

Imóveis Rurais para o INCRA, na sua sede, em Brasília/DF, onde o Sistema procederá à

liberação da Certificação do Imóvel, atribuindo o “número de certificação”.

Depois de emitida a certificação, uma cópia da mesma deverá ser anexada ao

processo que será encaminhado ao setor de cadastro para a devida atualização cadastral.

Page 101: TCC_CristianoPinho_2010

102

O resultado da análise cadastral e cartográfica deverá ser devidamente

registrada no Sistema de Acompanhamento e Monitoramento da Certificação de Imóveis

Rurais no INCRA – CertificaWeb e, quando houver, a notificação será enviada por e-mail e

publicada no site do INCRA para consulta do interessado.

4.5 Emissão do certificado de imóvel georreferenciado em ações judiciais

A certificação de peças técnicas em processo judicial de usucapião, somente

deverá ocorrer após a ação estar transitada em julgado, onde será formalizado processo nos

mesmos moldes de uma certificação normal, não sendo necessário a declaração de respeito de

limites uma vez que, os mesmos já foram citados judicialmente.

4.6 Divergência entre área constante na matrícula do imóvel e área medida

Na análise das peças técnicas será verificado se o memorial descritivo

constante da matrícula, os confrontantes e os acidentes naturais correspondem ao perímetro

levantado, tomando os devidos cuidados para que o perímetro a ser certificado de forma

alguma, inclua área de posse, área devoluta, terras de domínio público municipal, estadual ou

federal, terras indígenas, dentre outras.

Serão avaliados, inicialmente, os seguintes aspectos:

a) Domínio comprovado, portanto, não se admite certificação em que incida

área de mera posse, ou seja, é necessário comprovar a propriedade sobre o imóvel, caso

contrário, tratando-se de ação judicial, só será analisada a documentação após a ação ter

transitado em julgado;

b) Caso ocorra diferença entra a área constante na matrícula do imóvel e a área

medida, haverá uma tolerância de até 10% na diferença, a maior, entre a área registrada e a

área medida, admitindo-se portanto, que até este limite pode-se atribuir erro na medição que

originou a área registrada pela utilização de materiais e métodos que não garantiram a

precisão em relação ao avanço tecnológico dos equipamentos atuais. Para áreas medidas

acima deste limite o proprietário deverá ser devidamente notificado para que tome as devidas

Page 102: TCC_CristianoPinho_2010

103

providências para comprovação de domínio sobre a área excedente ou protocolo de novas

peças técnicas com os limites retificados para a área constante na matrícula, no prazo de 30

dias. Decorrido o prazo e não sendo apresentadas as novas peças técnicas, o processo deverá

ser arquivado e efetuada a devida notificação.

5 MATERIAIS UTILIZADOS

A execução do levantamento georreferenciado pode ser dividido em duas

etapas, de campo e de escritório, as quais requerem equipamentos apropriados para a

execução de cada uma das rotinas previstas anteriormente. É necessário verificar com

antecedência o serviço que será realizado para que não faltem equipamentos. Caso faltem

equipamentos ou suprimentos, a execução do processo de georreferenciamento demandará

mais tempo, podendo exceder o prazo previsto e resultar em prejuízos ao cliente e ao

profissional, inclusive culminando no pagamento de multa, se estiver previsto em contrato

entre as partes.

A seguir, a lista dos materiais necessários para as etapas de campo e de

escritório.

5.1 Em campo

A etapa de campo, que consiste na vistoria do imóvel, implantação dos marcos

da base e dos vértices que delimitam o imóvel, como também a coleta de informações junto

aos confrontantes e os deslocamentos até as repartições públicas, necessita dos seguintes

equipamentos:

1. Veículo:

O veículo utilizado depende das condições do terreno, do acesso aos vértices e

do contrato firmado entre as partes. No caso do contratante fornecer um veículo para os

deslocamentos no interior do imóvel, como um trator, por exemplo, o veículo utilizado para o

transporte dos equipamentos até o imóvel poderá ser normal, sem tração nas quatro rodas.

Caso não seja disponibilizado um trator ou outro veículo com tração nas quatro rodas, o

Page 103: TCC_CristianoPinho_2010

104

profissional deverá alugar um veículo capaz de transportar os equipamentos e os marcos até o

ponto mais próximo dos vértices do imóvel. Outra opção é a utilização de quadriciclos,

motocicletas, junta de bois com carreta e cavalo com carreta. No presente trabalho, devido às

boas condições do terreno, plano, seco e o fácil acesso aos vértices do imóvel foi utilizado um

veículo sem tração nas quatro rodas e com caçamba para carregar os equipamentos;

2. Marco:

O marco mais comum é o de concreto que pesa em torno de 15 Kg e pode ser

construído facilmente pelo próprio profissional ou adquirido rapidamente. Para pontos de

difícil acesso a melhor opção é o marco de ferro que pesa em torno de 2,5 Kg. Pode-se utilizar

ainda marco de granito ou de material sintético.

3. Equipamentos de uso geral

Para implantação dos marcos é necessário utilizar uma pá de corte ou pá “tatu”

para escavar o solo até a profundidade adequada. Dependendo do solo, pode-se utilizar uma

marreta para gravar o marco de ferro, dispensando a pá. São necessários também

equipamentos para podar a vegetação, como facão, serrote e machado. É importante a

utilização de roupa adequada, como botas, calças, camisa de manga comprida, chapéu, óculos

escuro e protetor solar para proteger da radiação solar, entre outros acessórios.

4. GPS:

O equipamento GPS utilizado depende da metodologia adotada pelo

profissional, podendo ser um par de GPS geodésico, ou seja, dupla freqüência, ou topográfico,

de uma freqüência, ou ainda, um receptor GPS geodésico como base para o transporte de

coordenadas para o imóvel e um GPS topográfico para medir os vértices do imóvel. Utilizou-

se neste trabalho um par de GPS Geodésico, marca Leica, GPS900CS, de 12 canais, dupla

freqüência, L1 e L2, precisão horizontal de 5mm + 0,5 ppm, estático e precisão vertical de

10mm + 0,5 ppm, estático. Independente do equipamento utilizado deve-se verificar a carga

das baterias dos equipamentos e o espaço disponível no cartão de armazenamento dos dados,

para que o levantamento não seja interrompido por falta de bateria ou espaço livre.

5.2 No escritório

A etapa de escritório consiste no processamento e análise dos dados coletados

em campo e na produção dos relatórios exigidos pela NTGIR, além de outros documentos

Page 104: TCC_CristianoPinho_2010

105

necessários para o processo de georreferenciamento. Nesta etapa é necessário um computador

com acesso à internet, softwares para descarregar, processar e ajustar os dados coletados em

campo por meio do GPS, para edição da planta e elaboração dos relatórios, além de uma

impressora. A etapa de escritório, normalmente, é a etapa que mais demora no processo de

georreferenciamento devido aos vários relatórios exigidos.

Pode-se considerar como etapa de escritório as pesquisas cartoriais, efetuadas

nos registros de imóveis, os deslocamentos até os órgãos ambientais, quando se deseja

suprimir parte da vegetação, necessitando autorização deste e também o deslocamento até a

sede do INCRA em Porto Alegre para entregar o levantamento.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização deste trabalho, que iniciou pela revisão bibliográfica e

finalizou com a execução de um levantamento georreferenciado nos padrões exigidos pela

NTGIR, cabe ressaltar alguns aspectos importantes, os quais serão abordados a seguir.

6.1 Comparação entre a 1ª e 2ª versões da NTGIR

A primeira versão da Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis

Rurais foi publicada em novembro de 2003 e tinha como objetivo estabelecer um padrão para

a execução de levantamentos georreferenciados. A segunda versão da NTGIR entrou em vigor

em 04 de março de 2010, estabelecendo o prazo de 30 dias para adaptação aos novos

preceitos. Entre as versões existem algumas diferenças, como por exemplo a nova

classificação e codificação dos vértices, a materialização dos marcos que delimitam o imóvel,

as técnicas de levantamento por GNSS, os requerimentos solicitados e a forma de entrega dos

relatórios, entre outros itens. As principais diferenças serão abordadas a seguir, ressaltando-se

os aspectos positivos e negativos.

1. Materialização dos vértices

Conforme as duas versões da NTGIR, todo o vértice do imóvel, classificado

como marco, deve estar materializado antes do processo de medição, sendo representado por

Page 105: TCC_CristianoPinho_2010

106

monumentos artificiais implantados nas divisas do imóvel e também no caso de marco

testemunho. Os monumentos podem ser marcos de concreto, granito e material sintético, e no

caso dos vértices já monumentalizados por meio de palanque ou mourão, desde que em boas

condições de conservação e rigidez, ou rochas aflorantes à superfície do solo, poderão ser

aproveitados, e deverão ser identificados por plaqueta de metal com o código do profissional e

do vértice. O problema vislumbrado neste item é o tempo de vida útil de um mourão de

madeira, que deve ser inferior ao marco de concreto, ferro e rocha. Logo, o profissional deve

efetuar um trabalho de qualidade, procurando materializar os marcos com material de maior

durabilidade e não aproveitando mourões que são trocados de tempos em tempos para

reparação do alambrado.

Outro problema, acrescentado pela 2ª versão é o seguinte: “Se forem

aproveitados palanques ou mourões, as plaquetas poderão ser posicionadas no topo ou na

lateral dos mesmos, objetivando a conservação da identificação do vértice. No caso da

implantação de plaquetas na lateral, a ocupação deverá ocorrer na face da plaqueta”.

O aspecto negativo é a colocação da plaqueta de identificação no topo do

mourão ou na lateral, o que torna difícil a re-ocupação desse vértice por parte de outro

profissional, já que o mourão costuma ter 1,20m de altura. Deve-se colocar a antena

diretamente sobre a placa, no caso do topo ou usar um tripé. A placa na lateral do mourão

também não permite a instalação precisa do equipamento.

2. Posicionamento por Ponto Preciso (PPP)

Um dos aspectos positivos da presente norma é a possibilidade de adotar o

método de PPP para a determinação de vértices das classes C1 (apoio básico/apoio

imediato/limite), C4 (limite), C5 (limites naturais) e C7 (limite-uso restrito). A precisão final

dependerá do tempo de ocupação de cada vértice. O PPP possibilita a obtenção da posição de

um vértice através das observáveis fase da onda portadora coletada por receptores de duas

freqüências e em conjunto com os produtos do IGS (International GPS Service). O problema é

que os dados do IGS, como a órbita precisa e o relógio dos satélites, são fornecidos após treze

dias da data do levantamento.

3. Posicionamento relativo rápido estático

A 1ª versão determinava uma linha de base de no máximo 15 km de

comprimento, período mínimo de rastreio de 5 minutos de dados íntegros sem interferência de

perdas de ciclos e intervalo de gravação de 5 a 10 segundos. A 2ª versão determinou

comprimento máximo da linha de base em 20 km, intervalo de gravação de 1, 5, 10 ou 15

segundos, máscara de elevação com mínimo de 10º, PDOP inferior a 6 e tempo de rastreio

Page 106: TCC_CristianoPinho_2010

107

equivalente ao mínimo para apresentar solução fixa. Dessa forma, ampliou-se o raio de

abrangência do levantamento, podendo utilizar uma base implantada num imóvel para medir

outros imóveis até o limite de 20 km, além de não fixar tempo de rastreio, impondo somente a

condição de solução fixa.

4. Levantamento dos vértices de limites naturais (C5)

Outro aspecto positivo da atual norma é a ampliação da classificação dos

vértices, incluindo os vértices de limites naturais, definidos por acidentes geográficos

naturais, tais como corpos d`água, grotas e serras entre outros. A determinação das

coordenadas dos vértices que se encontram em limites naturais, na 1ª versão deveria

apresentar precisão posicional de no máximo 50 cm, e agora o limite é de até 2,0 m,

admitindo-se a solução flutuante quando for utilizado posicionamento GNSS. Deve-se

ressaltar que independente do método, clássico ou por posicionamento GNSS ou misto, deve-

se prever a propagação das covariâncias desde as coordenadas dos vértices de referência do

SGB.

5. Levantamento dos vértices restritos ou inacessíveis (C7)

Outra novidade da 2ª versão da NTGIR é a inclusão de vértices restritos ou

inacessíveis. É considerado vértice restrito aquele localizado em floresta densa ou protegida

por Lei, a qual não pode ser suprimida para desobstruir o horizonte para o rastreio de satélites.

No caso dos vértices que delimitam o imóvel estarem contidos em áreas de preservação

permanente, deverá o profissional credenciado consultar o órgão ambiental competente sobre

a supressão vegetal de baixo impacto, necessário para a realização do levantamento

georreferenciado. É considerado vértice inacessível aquele localizado em região impedida

para levantamento topográfico e geodésico em função da existência de obstáculos físicos ao

percurso, por qualquer meio, de uma equipe de campo.

Portanto, deparando-se com vértices que se enquadram na situação acima

descrita, o profissional deverá consultar o Comitê Regional do INCRA, obtendo o

consentimento, poderá efetuar o levantamento desses vértices de acordo com a metodologia

que proporcionar a melhor precisão posicional, sendo os resultados de sua inteira

responsabilidade.

6. Planta

A planta apresentada na 2ª versão da NTGIR apresenta significativas mudanças

em relação à 1ª versão. Foram suprimidas as seguintes informações:

- Indicação do Norte dentro da área de quadrícula;

- Escala gráfica;

Page 107: TCC_CristianoPinho_2010

108

- Uso das letras N de Norte e E de Leste na quadrícula da planta;

- Tabela de coordenadas, distâncias e área.

A retirada dos itens acima representa menos tempo gasto para a elaboração da

planta, tornando o serviço de escritório mais rápido. Entretanto, a retirada dos itens acima

descritos pode comprometer a interpretação da planta por parte de outros profissionais.

6.2 Custos e honorários do levantamento georreferenciado

Um dos principais aspectos é a relação custo benefício, tanto para quem

contrata, como para o profissional que executa o serviço. Normalmente, o cliente contrata o

profissional para executar o levantamento georreferenciado, pois necessita regularizar o seu

imóvel em função de um empréstimo que deseja contrair ou em face da venda do imóvel para

terceiro. Por livre e espontânea vontade, dificilmente, alguém contrata o profissional para

regularizar o seu imóvel, ou seja, existem outros interesses envolvidos na regularização do

imóvel. Por conta desse aspecto, um dos primeiros itens que o cliente avalia para a

contratação do profissional é o valor do serviço.

O valor do levantamento georreferenciado deverá levar em conta os seguintes

aspectos:

- Situação da documentação do imóvel (necessita ou não de regularização);

- Número de vértices que deverão ser materializados e medidos;

- Número de vértices que deverão ser apenas medidos e não materializados;

- Facilidade/dificuldade de acesso aos vértices que devem ser medidos;

- Extensão e relevo do imóvel;

- Marco de concreto, ferro ou granito;

- Tempo gasto em campo e no escritório;

- Materiais de escritório (planta, relatórios, CD)

- Taxa de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART);

- Deslocamentos dentro do imóvel, até o registro de imóveis, confrontantes,

cliente, INCRA e escritório;

- Hotel, alimentação e equipe;

A partir desses itens, o profissional calculará o valor do serviço e acrescentará

sua margem de lucro, chegando ao valor final do levantamento.

Page 108: TCC_CristianoPinho_2010

109

Alguns profissionais adotam a seguinte fórmula para o cálculo dos custos e

honorários:

Valor total do serviço: 1,5 x SMN x (A)1/2 (85)

Onde:

SMN: Salário Mínimo Nacional

A: Área do imóvel em hectares

O método adotado dependerá de cada profissional, mas, recomenda-se analisar

cada etapa do levantamento para não correr o risco de arcar com prejuízo no final do serviço.

Além desses custos, há ainda os custos do Registro de Imóveis, que são os

seguintes:

- Busca de matrícula na sua base de dados (livros): R$ 5,10 por matrícula;

- Certidão: Depende da finalidade;

- Processamento eletrônico de dados: R$ 2,60;

- Selo Faixa I: R$ 0,20;

- Selo Faixa II: R$ 0,30;

- Selo Faixa III: R$ 0,40;

- Selo Faixa IV: R$ 0,50;

- Emolumentos: Depende do serviço;

Normalmente, os custos do Registro de Imóveis são por conta do cliente. É

necessário recorrer ao Registro de Imóveis no início do serviço de georreferenciamento para

verificar a situação das matrículas, solicitando uma matrícula atualizada, a qual custará em

torno de R$ 12,30 por página. A busca, o processamento eletrônico de dados, os selos,

emolumentos e outras etapas são procedimentos do Registro de Imóveis, regulados pela Lei

6.015/73, entre outras leis. Os valores apresentados se referem ao mês de junho de 2010.

6.3 Resultados obtidos

Inicialmente verificou-se a situação da matrícula do imóvel, através de uma

matrícula atualizada emitida pelo Registro de Imóveis da Comarca de Mostardas/RS. Como a

matrícula estava correta, sem descrições imprecisas, foi efetuado o reconhecimento do

perímetro do imóvel, das estradas de acesso interno, das faixas de domínio e das instalações

Page 109: TCC_CristianoPinho_2010

110

para a equipe de campo. A partir desses aspectos, foi calculado o custo total do levantamento

da seguinte forma:

- Certidão atualizada: R$ 12,30 (doze reais e trinta centavos);

- Quatro vértices materializados e medidos, de ferro, ao custo unitário de R$

33,00, totalizando R$ 132,00 (cento e trinta e dois reais);

- Custo do hotel e alimentação para dois dias: R$ 180,00 (cento e oitenta reias)

- Custo de deslocamento de Porto Alegre a Tavares, ida e volta, incluindo

pedágio: R$ 100,00 (cem reais);

- Valor da ART: R$ 31,50 (trinta e um reais e cinqüenta centavos);

- Impressão de uma planta tamanho A1: R$ 15,00 (quinze reais);

- CD para entrega dos dados: R$ 1,50 (um real e cinqüenta centavos);

- Aluguel de um par de GPS L1/L2 para 2 dias: R$ 560,00 (quinhentos e

sessenta reais);

- Averbação da Certificação no Registro de Imóveis: R$ 154,00 (cento e

cinqüenta e quatro reais);

Logo, o custo do levantamento georreferenciado, sem considerar as horas de

processamento, análise dos dados e elaboração dos relatórios, foi de: R$ 1.186,30 (um mil

cento e oitenta e seis reais e trinta centavos). Considerando a hora de trabalho do engenheiro

em torno de R$ 50,00 reais, os serviços de campo e de escritório somaram 30 horas de

trabalho, sendo 10 horas de campo e 20 de escritório, e os deslocamentos 7 horas, totalizando

37 horas de serviço, ou seja, o valor de R$ 1.850,00 (um mil oitocentos e cinqüenta reais).

Portanto, o valor total do serviço de georreferenciamento do presente imóvel

foi de R$ 3.036,30 (três mil e trinta e seis reais e trinta centavos), sendo 39,07% do valor total

referente ao aluguel dos equipamentos, deslocamentos, estada e alimentação.

Além dessa análise, os resultados obtidos pelo método de posicionamento

relativo estático rápido, a partir de uma única base implantada dentro do imóvel, apresentaram

o mesmo valor das coordenadas determinadas através do ajustamento de observações a partir

de duas bases implantadas dentro do imóvel. O ajustamento de observações visa reduzir a

incerteza sobre a localização de determinada coordenada, amarrando-a a dois ou mais pontos

conhecidos, diminuindo seus graus de liberdade. Entretanto, o resultado foi o mesmo pelos

dois métodos acima descritos. Uma das possibilidades do resultado ter sido o mesmo, ou seja,

coordenadas dos vértices iguais tanto para o posicionamento relativo estático rápido, como

para o ajustamento de observações, foi o fato do comprimento da linha de base ser curto, em

torno de 1.900,00 m e pela geometria das bases implantadas no imóvel não contribuir de

Page 110: TCC_CristianoPinho_2010

111

forma significativa para o ajustamento, pois foram instaladas próximas umas das outras, em

torno de 800,00 m.

O procedimento adotado no levantamento georreferenciado deve levar em

conta as características do imóvel, a sua extensão e a confiabilidade dos resultados. O

profissional é responsável pelo serviço que executa e deve dominar as técnicas de

levantamento, escolhendo uma ou outra conforme a situação. Além do conhecimento exigido

para o processo de georreferenciamento, o profissional deve trabalhar com equipamentos

aferidos, melhorando a qualidade dos resultados.

6.4 A importância do Engenheiro Cartógrafo para o futuro do Brasil

O Brasil possui em torno de 5 milhões de imóveis rurais, dos quais somente 20

mil já foram certificados, ou seja, somente 0,4% do total. O Engenheiro Cartógrafo possui um

papel fundamental na regularização rural e urbana, atuando desde a concepção da técnica de

coleta de dados, do levantamento em campo, do processamento e análise dos dados até a

confecção do produto final, geralmente a planta e seus relatórios.

Para o pleno desenvolvimento do Brasil, das Unidades Federativas e

Municipais, é necessário investir em educação e infraestrutura, entre outros aspectos. A

expansão da infraestrutura é de vital importância para a economia e educação, pois, através de

estradas, hidrovias e ferrovias, os bens móveis são transportados, gerando renda e

movimentando os mercados internos e externos. Para a construção de obras públicas, como

escolas, universidades, hospitais, é necessário regularizar a área sobre a qual serão

construídas, exigindo a atuação de profissionais qualificados, entre os quais, destaca-se o

Engenheiro Cartógrafo.

O desenvolvimento da infraestrutura é uma das áreas de atuação do Engenheiro

Cartógrafo, o qual poderá atuar na demarcação de áreas particulares e públicas, locação de

estradas, ferrovias, levantamentos planialtimétricos e georreferenciados, batimetria, entre

outras etapas essências para a concretização dessas obras. A maior parte das atividades

também exige licenciamento ambiental, que necessita de dados planialtimétricos, informações

georreferenciadas e cadastro de benfeitorias, além de outras informações, abrindo-se mais um

mercado de atuação.

Portanto, cabe ao Engenheiro Cartógrafo planejar, organizar, especificar a

metodologia, projetar, dirigir e fiscalizar a execução de levantamentos topográficos,

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112

geodésicos, batimétricos, gravimétricos, fotogramétricos, interpretações de imagens para

elaboração de cartas e a preparação do material para a impressão com símbolos, legendas,

formatos e cores, de forma que os dados coletados em campo possam ser interpretados através

de mapas, servindo de base para várias outras aplicações.

Cabe ao profissional manter-se atualizado para executar de forma correta os

levantamentos solicitados, atingindo as precisões que cada situação exige, atuando com ética

e competência no desenvolvimento de suas atribuições, contribuindo para o futuro do Brasil e

para sua realização profissional e pessoal.

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113

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos e dá outras providências. Brasília, DF: Senado, 1973.

BRASIL. Lei n. 10.267, de 28 de agosto de 2001. Altera dispositivos da Lei n. 4.947, de 6 de abril de 1966, da Lei n. 5.868, de 12 de dezembro de 1972, da Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973, da Lei 6.739, de 5 de dezembro de 1979, da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996 e dá outras providências. Brasília, DF: Senado, 2001. BRASIL. Lei n. 10.931, de 02 de agosto de 2004. Altera a Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Brasília, DF: Senado, 2004. BRASIL. Decreto n. 4.449, de 30 de outubro de 2002. Regulamenta a Lei n. 10.267, de 28 de agosto de 2001. Brasília, DF: Senado, 2002. BRASIL. Decreto n. 5.570, de 31 de outubro de 2005. Dá nova redação a dispositivos do Decreto n. 4.449, de 30 de outubro de 2002. Brasília, DF: Senado, 2005. COSTA, S.M.A., SILVA, A.L. Análises e resultados do centro de processamento SIRGAS – IBGE. In: II Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação, Recife – PE, 8-11 de setembro de 2008. p 000-000. DE JONGE, P.; TIBERIUS, C.C.J.M.. The Lambda method for integer ambiguity estimation: implementation aspects, T.U. Delft-internal report, Delft, 1996. EL-RABBANY, A. GPS: The Global Positioning System. Publisher: Artech House Publishers; 1st Ed., 2002. 196p. FDA. Federal Aviation Administration. GPS Navigation Services. Disponível em: <http://www.faa.gov/about/office_org/headquarters_offices/ato/service_units/techops/navservices/gnss/gps/howitworks/ >. Acesso em: 24 jun. 2010. GEMAEL, C. Introdução ao ajustamento de observações: aplicações geodésicas. Curitiba: Ed. da UFPR, 1994. 319p. GEMAEL, C. Introdução à Geodésia Física. Curitiba: Ed. da UFPR, 1999. 302p.

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GEMAEL, Camil; Andrade, José Bitencourt de. Geodésia Celeste. Curitiba. Ed. da UFPR, 2004, 389p. GHILANI, Charles D. Adjustment computations: spatial data analysis. 4th ed. New York: John Wiley, 2006. 611p. 1 CD-ROM IBGE. Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo. BRASIL: 2010. Apresenta informações a respeito das estações da rede de estações GPS de monitoramento contínuo do IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/rbmc/rbmc.sht>. Acesso em: 24 jun. de 2010. IBGE-PPP. Posicionamento por Ponto Preciso. BRASIL: 2010. Apresenta informações a respeito do método de Posicionamento por Ponto Preciso. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/ppp/default.shtm>. Acesso em: 24 jun. de 2010. IERS. International Earth Rotation and Reference Systems Service. Disponivel em: < http://www.iers.org/IERS/EN/IERSHome/home.html>. Acesso em 24 jun. 2010. IGS. International GNSS Service. IGS Products. 2010. Disponível em: < http://igscb.jpl.nasa.gov/>. Acesso em 24 jun. 2010. IRIB. Instituto de Registro Imobiliário do Brasil. Conceito de imóvel rural. Disponível em: < http://www.educartorio.com.br/docs_IIseminario/ConceitodeImovelRuralparaGeorreferenciamento_EduardoAugusto.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2010. ITRF. International Terrestrial Reference Frame. Apresenta informações gerais a respeito da definição do ITRF. Disponível em: < http://itrf.ign.fr/general.php / >. Acesso em: 24 jun. 2010. KOUBA, J.; HÉROUX, P. GPS Precise Point Positioning using IGS Orbit Products. GPS Solutions, v.5, no.2, 2000. KOUBA, J. Implementation and testing of the gridded Vienna Mapping Function 1 (VMF1). Journal of Geodesy, v.82, p.193-205, 2007.

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LIMA, O.P., LIMA, R.F.P. Localização geodésica da linha da preamar média de 1831 – LPM/1831, com vistas à demarcação dos terrenos de marinha e seus acrescidos. In: XXI Congresso Brasileiro de Cartografia, Belo Horizonte – MG, 29 de setembro a 3 de outubro de 2003. Disponível em: < http://www.cartografia.org.br/xxi_cbc/024-G05.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2010. MATSUOKA, M. T. Avaliação de funções para modelagem do efeito da refração ionosférica na propagação dos sinais GPS. 2003. 164 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Cartográficas) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2003. MATSUOKA, M. T.; Camargo, P. O. Cálculo do TEC usando dados de receptores GPS de dupla freqüência para a produção de mapas da ionosfera para a região brasileira. Revista Brasileira de Cartografia. Rio de Janeiro, n.56/01, p. 14-27, jul. 2004. MATSUOKA, M. T. Influência de diferentes condições da ionosfera no posicionamento por

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TRANQUILLA. J. M.; VANICEK, P. Guide to GPS positioning. Frederiction: Canadian GPS Associates, 1986.

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118

ANEXO A – Modelo de requerimento - Pessoa jurídica Ao INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA – INCRA Superintendência Regional de (nome do estado) SR- (nº da Superintendência) Comitê Regional de Certificação

Senhor Superintendente, Eu,____________________________, residente à rua __________________,

n.º_____, cidade, UF, CEP___________, Cédula de Identidade RG nº ___________, CPF nº _______________,e-mail:_________________________________,neste ato representando a Empresa __________________________, CNPJ nº ______________________proprietária do imóvel rural denominado ________________, inscrito no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de________________ sob a(s) matrícula(s) ______________, cadastrado no INCRA sob o código nº ____________________, vem por meio deste, requerer de V. Sª., a Atualização Cadastral e a Certificação das Peças Técnicas – planta e memorial descritivo – decorrentes dos serviços de georreferenciamento do citado imóvel, em atendimento ao que estabelece o § 1º, artigo 9º do Decreto Nº 4.449/02.

Cidade – UF, ____ de _____________________ de ____. _______________________________________ Proprietário do Imóvel ( Firma reconhecida)

Eu _______________________, residente à rua ______________, n.º_____,cidade, UF_________, CEP___________, RG nº ________________, CPF _________________ e-mail:________________________________, credenciado no INCRA com o código..............declaro que os serviços de georreferenciamento foram executados de acordo com a Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais do INCRA2ª Edição, aprovada pela Portaria nº 69/2010 e devidamente conferidos onde, assumo todas as responsabilidades administrativa, civil e criminal das informações técnicas prestadas, conforme previsto na Legislação Brasileira e perante ao Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia CREA de acordo com a Anotação de Responsabilidade Técnica ART nº _____________________.

Cidade – UF, ____ de _____________________ de ____. ______________________________________________ Credenciado no INCRA (Firma reconhecida)

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ANEXO B – Declaração de reconhecimento de limite

DECLARAÇÃO DE RESPEITO DE LIMITES

Eu,_________________________,RG ___________, CPF______________________,

proprietário do imóvel rural denominado _____________________, matrícula(s) nº(s)

____________, cadastrado no INCRA sob código_______________, e eu,

____________________________, CREA_________, credenciado pelo INCRA sob o código

__________, declaramos sob as penas da Lei que quando dos trabalhos topográficos

executados na citada propriedade foram respeitados os limites de "divisas in loco" com os

confrontantes abaixo relacionados, não havendo qualquer litígio entre as partes.

Confrontantes:

Nome Imóvel rural Matrícula(s)/ Transcrição(ões) Comarca Nome Proprietário

Cidade – UF, ____ de _____________________ de ____

_____________________________________

Proprietário do Imóvel Georreferenciado

(FIRMA RECONHECIDA)

_____________________________________

Profissional Credenciado

Qualificação profissional, CREA n.º _____________

Código de Credenciamento junto ao INCRA _____________

(FIRMA RECONHECIDA)

Anexos:

Planta do Imóvel_______________________

Memorial Descritivo do Imóvel ___________________

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ANEXO C – Modelo do documento de certificação

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO - MDA INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA - INCRA

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO INCRA NO ESTADO DE ................. - SR (00)

Processo nº: Área (ha): Proprietário: Código SNCR: Imóvel: ART nº/CREA nº Matrícula/Transcrição: Responsável Técnico: Comarca: Código do Credenciado: Município:

CERTIFICAÇÃO Nº __________________

1 - Certificamos que a poligonal que define os limites do imóvel rural acima mencionado, não se sobrepõe, nesta data, a nenhuma outra poligonal constante de nosso cadastro georreferenciado, e ainda, conforme declarado pelo responsável técnico............................................................................................., credenciado no INCRA sob o Código .........., os trabalhos foram executados de acordo com a Norma Técnica de Georreferenciamento de Imóveis Rurais do INCRA 2ª Edição, aprovada pela Portaria nº69/2010.

2 – Esta certidão não implica em reconhecimento do domínio sobre o polígono certificado, na exatidão dos limites e confrontações a ele vinculados e nem exime o proprietário e o responsável técnico pela execução dos trabalhos técnicos, da total responsabilidade pelas informações prestadas.

Cidade – UF, ____ de _____________________ de ____.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Membro do Comitê Responsável pela Análise Técnica Ordem de Serviço SR/00/ n.º 00 Código de Credenciamento junto ao INCRA : xxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Presidente do Comitê Regional de Certificação Ordem de Serviço SR/00/ n.º 00 Código de Credenciamento junto ao INCRA : xxx

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ANEXO D – Esclarecimentos do Comitê de Certificação Regional do INCRA

Em virtude de dúvidas a respeito da 2ª Ed. da NTGIR, foi enviado um e-mail

para o Comitê de Certificação Regional do INCRA, que respondeu as seguintes questões:

1) Item 5.4.6 – Posicionamento por Ponto Preciso

Por que não é permitido utilizar o método de PPP para determinar vértices da

classe C2?

Resp: - O item 5.1, considerações da norma diz o seguinte: " os métodos de

levantamento apresentados devem ser observados como ferramentas para atingir a precisão

necessária estabelecida no cap. 2 - Padrões de Precisão". A classificação de um vértice em

classes: C1, C2, C3, C4, C5 e C7 diz respeito a níveis de precisão. Vértice da classe C2

possui nível de precisão = ou < que 20,00cm. Essa classe de vértice pode ser aceita tanto

para a finalidade de apoio à poligonal topográfica quanto para vértices de perímetro, ambos,

vértices tipo M de "materializado".

No item 5.6.2 - Levantamento de Vértices de Apoio à Poligonal (C2), por

métodos de posicionamento GNSS, a norma é enfática e diz: " a determinação de vértices da

classe C2 por método de posicionamento GNSS, ( aqui se referindo ao vértice de apoio à

poligonal), deverá se apoiar diretamente em vértices distintos da classe C1 ou vértices de

referência do SGB... São admitidas as técnicas de posicionamento relativo estático e relativo

estático rápido e, nestes casos, as coordenadas deverão ser obrigatoriamente obtidas por

meio do ajustamento de no mínimo dois vetores independentes.

Conforme o item acima, “...para que o resultado seja aceito é necessário

verificar se os valores dos resíduos (RMS) publicados no relatório resultante estão dentro dos

padrões aceitáveis”. Qual é o padrão aceitável? Há uma tabela para verificar?

Resp: Os padrões aceitáveis são as precisões apresentadas na tabela 1 do

capítulo 2 - Padrões de Precisão.

Ainda, o item 5.8.2, alínea e) Posicionamento por Ponto Preciso, item 5.4.6 e

características técnicas da Tabela 15, determina que o sigma da latitude e longitude deverão

ficar abaixo de 0,353m para cada componente. Portanto, para que o resultado informado pelo

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PPP IBGE seja válido, é necessário verificar os resíduos (RMS) ou as componentes da

Latitude e Longitude, ou ambos?

Resp: Na norma oficial a tabela 15 se refere a levantamento de Vértices de

Limites Naturais (C5).

O item 5.8.2, da norma oficial, trata do Levantamento dos Vértices de

Perímetro (C4) por métodos de posicionamento GNSS.

Na alínea e) Posicionamento por Ponto Preciso, item 5.4.6 e características

técnicas a seguir desse item diz "...O tempo de rastreio deverá ser suficiente para assegurar o

alcance dos parâmetros estabelecidos na tabela 1".

2) Item 5.4.3 – Posicionamento relativo estático rápido

No item 5.4.3 determina tempo de ocupação de 5 a 30 minutos e no item 5.6.2,

tabela 10, o tempo de rastreio deve ser o mínimo para solução fixa, ou seja, não estabelece

tempo. Logo, na determinação das coordenadas dos vértices do perímetro do imóvel, qual

tempo deve ser adotado (5 min ou o mínimo para solução fixa)?

Resp: Pode seguir o que especifica a tabela 10, tempo de rastreio mínimo

para solução fixa. Porém, não se esqueça que o comprimento de linha de base para esse tipo

de posicionamento deve ser de no máximo 20 km.

3) Item 5.8.2 alínea b) Posicionamento relativo estático rápido (item 5.4.3) e

características técnicas da tabela 12:

De acordo com o item 5.4.3, o período de rastreio é de 5 a 30 minutos para o

método relativo estático rápido, mas, conforme a tabela 12, para vértices da classe C4, não há

tempo mínimo de rastreio, somente o necessário para obter solução fixa. Logo, qual tempo

prevalece (5 minutos ou o mínimo para solução fixa)?

Resp: A tabela 12 da norma oficial se refere a Levantamento de Vértices de

Perímetro (C4) - Características técnicas para posicionamento relativo estático rápido. O

tempo de rastreio é o especificado na referida tabela: mínimo para solução fixa. Mas, segue a

orientação anterior quanto ao comprimento da linha de base: máximo de 20 km.

4) Item 5.4.2 – Posicionamento relativo estático

Qual o intervalo (tempo de rastreio de uma sessão) entre as sessões de rastreio,

considerando um ponto com comprimento de linha de base de 100 a 500 km das estações da

RBMC? Por que são necessárias duas sessões? Exigi-se efemérides precisas, mas somente 13

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dias após a data do rastreio estarão disponíveis, retardando a execução do serviço. Mesmo

assim, é necessário adota-las no processamento dos dados?

Resp: O intervalo entre as seções de rastreio deve ser o necessário para que

haja mudança na constelação dos satélites. A repetição de sessão é necessária para a

comprovação da acurácia e garantir maior confiabilidade no resultado do levantamento.

Para linhas de base maiores que 100 km é necessário sim, a adoção das efemérides precisas.

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ANEXO E – Planta do imóvel