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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA
CAMPUS SÃO BORJA
COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO JORNALISMO
DISCIPLINA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
Webdoc São Borja histórica:
O web-documentário como forma de preservar a história
Autores: Andréia Poerschke Sarmanho
Guilherme Cambri Veiga
Projeto experimental apresentado como
requisito à conclusão do curso de
Comunicação Social – Habilitação em
Jornalismo, da Universidade Federal do Pampa
(UNIPAMPA), sob a orientação do Prof. Ms.
Marco Bonito.
SÃO BORJA
2010
1
ANDRÉIA POERSCHKE SARMANHO
GUILHERME CAMBRI VEIGA
Webdoc São Borja histórica:
O web-documentário como forma de preservar a história
Projeto experimental apresentado ao curso de
Comunicação Social – Habilitação em
Jornalismo, da Universidade Federal do
Pampa, como requisito à obtenção do grau de
bacharel em comunicação social.
Orientador: Prof. Ms. Marco Bonito.
São Borja
2010
2
ANDRÉIA POERSCHKE SARMANHO
GUILHERME CAMBRI VEIGA
Webdoc São Borja histórica:
O web-documentário como forma de preservar a história
Projeto experimental apresentado ao curso de
Comunicação Social – Habilitação em
Jornalismo, da Universidade Federal do
Pampa, como requisito à obtenção do grau de
bacharel em comunicação social.
Área de concentração: Cibercultura
Trabalho de conclusão defendido e aprovado em:
Banca examinadora:
__________________________________________________________________________
Prof. Ms. Marco Bonito
Orientador
(Comunicação Social – Jornalismo) – (UNIPAMPA)
__________________________________________________________________________
Prof. ______________________
(________________________) – (UNIPAMPA)
__________________________________________________________________________
Prof. _________________
(________________________) – (UNIPAMPA)
3
Dedico este trabalho aos meus pais, Paulo e Maira,
que acompanharam de perto todos os percalços da
minha trajetória acadêmica e sempre me forneceram
todo o auxílio necessário. Dedico também aos meus
avós, que viveram épocas importantes dessa história
e foram fundamentais na construção da minha.
Andréia Sarmanho
Dedico este trabalho a meu pai, Milton, minha mãe,
Jacinta e meu irmão, Lucas por terem me apoiado
durante esses anos. Aos amigos que transformaram
tempos difíceis, em momentos agradáveis e
inesquecíveis. Aos professores que me ajudaram a
ter experiências por mim inimagináveis. E mesmo a
quem não posso agradecer aqui, levo a memória no
coração.
Guilherme Veiga
4
AGRADECIMENTO
Agradecemos a Deus por nos dar força para superar as dificuldades durante esses quatro anos.
Ao nosso orientador, Prof. Marco Bonito, por ter nos mostrado novos caminhos e ter sido
nosso guia durante a realização desse trabalho. Aos nossos pais e familiares pelo apoio em todas as horas.
Aos amigos, por estarem presentes nos momentos em que necessitamos de ajuda,
academicamente, ou não.
Aos professores, não por nos mostrarem o caminho na escuridão, mas por nos darem a luz
para que achássemos por nós mesmos.
Às pessoas que encontramos durante essa estrada dura e maravilhosa por nos fazerem crescer
como seres humanos, profissionais, e, principalmente como cidadãos.
Agradecemos também aos entrevistados, que contribuíram com suas histórias e nos deram
todo o apoio necessário para sua concretização, bem como toda a comunidade são-borjense,
onde sempre encontramos apoio para sua realização.
5
“O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática
diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter”
Claudio Abramo
6
RESUMO
Este trabalho consiste num projeto experimental em comunicação que explora o gênero
vídeo documental, tendo como plataforma a web. A produção do web-documentário se deu
através da realização de entrevistas, com a utilização de equipamento amador, que constitui
uma das características deste gênero. Também foram utilizadas pesquisa bibliográfica e
documental, onde todos os materiais passaram por um processo de triagem na produção
dos roteiros. O web-documentário foi então composto por sete episódios distribuídos entre
quatro períodos históricos da cidade de São Borja: época missioneira, invasão paraguaia no
século XIX, terra dos presidentes e contemporaneidade. Através de uma linguagem
didática e também dinâmica, à medida que o usuário escolhe seus caminhos de interesse
através de um formato interativo, o produto busca a preservação e difusão da história da
cidade.
Palavras-chave: Web-documentário, São Borja, história.
7
ABSTRACT
This work is an experimental communication project that explores the genre video
documentary, and as the web platform. The production of web-documentary was made
through interviews, with the use of amateur equipment, which is a characteristic of the
genre. Were also used bibliographic and documental research, all materials have gone
through a triage process in the production of the scripts. The web-documentary was then
composed of seven episodes distributed among four historical periods of São Borja:
missionary time, Paraguayan invasion in the XIX century, the land of presidents and
contemporaneity. Through a teaching language and also dynamic, as the user chooses their
path of interest through an interactive format, the product look up to the preservation and
dissemination of the history of the city.
Keywords: Web-documentary, São Borja, history.
8
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 9
2. FORMATO ........................................................................................................................... 11
3. TRAJETÓRIA DE PESQUISA E REALIZAÇÃO DO TCC .............................................. 14
4. DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................... 22
4.1 Descrição do produto .......................................................................................................... 22
4.2 Circulação ........................................................................................................................... 22
4.3 Equipamentos ..................................................................................................................... 22
4.4 Custos ................................................................................................................................. 23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 23
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 25
APÊNDICES ............................................................................................................................ 27
9
1. INTRODUÇÃO
O tema escolhido para a realização desse trabalho é a história de São Borja, que é uma
das cidades mais antigas do estado do Rio Grande do Sul, tendo sua fundação datada no final
do século XVII1. A cidade, fundada por padres jesuítas espanhóis, é considerada
popularmente o primeiro dos Sete Povos das Missões da Companhia de Jesus, e seu nome é
uma homenagem do Padre Francisco Garcia, fundador da redução2, a Francisco de Borja e
Aragão, superior geral da ordem. O município possui o título de Cidade Histórica do Rio
Grande do Sul, por ter sido considerado, pela assembléia legislativa, “palco de importantes
episódios da formação territorial, social e política da nacionalidade”3. Contudo, a riqueza
histórica da cidade, constituída de períodos distintos, cada qual com seus respectivos marcos,
não possui muitos registros que a difundam. Desta necessidade de divulgação, sobretudo
através de abordagens didáticas, resulta a falta de conhecimento por parte do público em
relação à história do município.
A realização de um web-documentário apresenta-se como uma proposta para
contribuir com a divulgação da história de São Borja, de forma didática bem como contribuir
para o registro documental em vídeo desta história. A escolha de um formato que ao mesmo
tempo possui características de entretenimento e, entre as mídias existentes, é a que melhor
reúne poder de difusão e de interatividade, visa aumentar o interesse por parte do público,
sobretudo os jovens, uma vez que divulgado na web.
O trabalho divide-se em quatro períodos históricos, delimitando a produção a uma
linha do tempo. A primeira parte aborda a temática missioneira (final do séc. XVII – meados
do séc. XVIII), contextualizando este período e o legado ainda existente na cidade. A segunda
discorre sobre a então Vila de São Borja, durante a Guerra do Paraguai (1865)4,
contextualizando o conflito e o que este representou a nível local. A terceira parte do trabalho
é direcionada à São Borja “Terra dos Presidentes”, focando a vida de Getúlio Vargas e João
Goulart no município – onde nasceram, viveram, o que faziam – contextualizando sua vida
como são-borjenses à sua representação política para o país. Por fim, a quarta parte do
trabalho se concentra na história recente da cidade, englobando o desenvolvimento e as
transformações decorridas da construção da ponte internacional – São Borja (BR) - Santo
1 Considera-se o ano de 1682 como data de fundação da redução de São Francisco de Borja, porém estudos
recentes apontam que esta tenha surgido no ano de 1690. 2 Povoado, vilarejo. 3 Decreto nº 35.580, de 11 de outubro de 1994 da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. 4 O conflito estendeu-se do final do ano de 1864 a 1870, porém a invasão de São Borja data de maio de 1865.
10
Tomé (ARG) –, a crescente industrialização da produção agrícola, responsável por mais de
50% do PIB do município e também o recente desenvolvimento da educação, através do
ensino superior e técnico.
Através da realização desse trabalho buscamos preservar através de uma linguagem
diferenciada a história e a cultura são-borjense, trabalhando o conteúdo produzido e reunido
de forma dinâmica e possibilitando fácil acesso através da publicação na internet. Desta
forma, através da conseqüente divulgação de pontos turísticos que a cidade possui como
legado histórico, buscamos contribuir para o debate acerca da potencialidade turística do
município e também produzir um material diferenciado, que pudesse ser utilizado também por
estudantes nas escolas.
Neste trabalho o método de abordagem utilizado foi o método dialético, que consiste
numa interpretação dinâmica da realidade e da “mudança dialética que ocorre na natureza e na
sociedade” (MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 91), uma vez que o objeto de estudo é um
lugar específico com suas respectivas transformações.
Já como métodos de procedimento, que compreendem as técnicas e delimitam o
trabalho de modo mais restrito, foram utilizados o método histórico e o método comparativo.
a) Método histórico: Conforme Lakatos (apud MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 91),
“consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar
sua influência na sociedade de hoje”.
b) Método comparativo: Assim como o método histórico, o método comparativo consiste na
análise de diferentes objetos – de tempo, espaço, ou sociais.
Conforme Marconi e Lakatos (2006), as técnicas são “um conjunto de preceitos ou
processos de que se serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos, a arte
prática”. No decorrer do trabalho, as técnicas utilizadas foram a pesquisa bibliográfica,
documental, observação e entrevista.
A pesquisa bibliográfica é indispensável ao resgate dos eventos históricos que
compõem a história de São Borja e também como suporte ao desenvolvimento do formato
escolhido. Esse tipo de pesquisa “desenvolve-se ao longo de uma série de etapas” (GIL, 2006,
p. 59), iniciando com a escolha do tema, levantamento bibliográfico preliminar e depois a
busca mais aprofundada pelas fontes mais adequadas.
A pesquisa documental passa por processo semelhante ao bibliográfico, exceto no que
se relaciona a sua análise, pois provavelmente como “os documentos a serem utilizados na
11
pesquisa não receberam nenhum tipo de tratamento analítico, torna-se necessária a análise de
seus dados” (GIL, 2006, p. 88).
No processo de observação são utilizados os sentidos para examinar aspectos da
realidade. É um processo que se aplica no recorte da realidade sobre o qual o trabalho foi
desenvolvido.
Já a técnica da entrevista, chave do desenvolvimento do trabalho, conforme Goode e
Hatt (apud MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 92), “consiste no desenvolvimento de precisão,
focalização, fidedignidade e validade de um certo ato social como a conversação”. As
entrevistas foram gravadas após a realização de uma pré-entrevista para abordagem
condizente com o foco do trabalho.
Durante a realização das pré-entrevistas e entrevistas produzimos arquivos de áudio
para a composição multimídia do trabalho, que é característica do formato escolhido.
Também coletamos material fotográfico, documental e realizamos textos a respeito dos
diversos assuntos abordados no trabalho para melhor caracterizar o formato.
Em relação aos aspectos técnicos do trabalho, a produção do web-documentário foi
realizada através de câmeras de vídeo semi-profissionais digitais, câmeras fotográficas
digitais e players5 de música portáteis. Depois de realizado o processo de edição, obtivemos
sete episódios de aproximadamente cinco minutos, com uma interface dinâmica, que conta
com o suporte dos textos, imagens e áudios de apoio.
2. FORMATO
Para trabalhar com a produção de um web-documentário é necessário discorrer a cerca
de alguns termos inerentes à sua conceituação. Primeiramente, o termo “documentário”
refere-se ao registro do considerado “não-ficção”, onde o autor trabalha com uma temática
real, buscando retratar fatos de maneira natural, conforme explica o autor:
“fatos que ocorrem naturalmente em frente à câmera ou que são reconstruídos
com sinceridade e por necessidades devidamente justificadas. A principal
característica destes filmes é o apelo à razão ou à emoção, tendo como
objetivo estimular o desejo e alargar o conhecimento e compreensão humana
apresentando os problemas e soluções para os mesmos, nas áreas da
economia, cultura e relações humanas” (BARSAM apud GREGOLIN et al,
2002, p. 7).
5 Aparelhos eletrônicos que reproduzem arquivos digitais de música.
12
Sendo assim, apesar da abordagem do “real”, o tratamento dado pelo autor do
documentário constitui um processo ficcional na medida em que são estruturadas por ele as
impressões que se deseja transmitir com a composição do produto. Para Consuelo Lins6
(2007), as funções e potencialidades do documentário hoje são discutíveis, uma vez que o
gênero quis um dia representar o real, no entanto o que foi deixado de legado pelo cinema
moderno mostra que a imagem não reproduz o real. Porém, isso, segundo a autora, “não quer
dizer que o documentário não possa estabelecer diferentes aproximações com o mundo, falar
do real de variadas maneiras”, não deixando de considerar, contudo, o caráter “essencialmente
subjetivo, parcial, precário e contingente de toda e qualquer narrativa documental” (LINS,
2007, p. 14).
As transformações na forma de conceber o gênero do documentário não são isoladas,
mas fazem parte de um processo. A sociedade, conforme Manuel Castells, “é que dá forma à
tecnologia de acordo com as necessidades, valores e interesses das pessoas que utilizam as
tecnologias” (2006, p. 17). O advento da internet, ou do ciberespaço – termo trabalhado por
Lévy (2007, p. 17) que “especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação
digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres
humanos que navegam e alimentam esse universo”, possibilitou o surgimento de novos
formatos. Entre outras transformações nos processos comunicacionais, a sociedade de forma
geral e, em especial, o jornalismo, “ampliou as possibilidades das estruturas narrativas,
explorando características do suporte digital (...), contribuindo para o aparecimento de novos
gêneros jornalísticos, como o Web Documentário” (RIBAS, 2003, p. 3).
Este gênero caracteriza-se pela aplicação da multimidialidade, ao agregar textos,
áudio, imagens estáticas e em movimento, e permite que o espectador assuma um papel
participante na construção da narrativa. “Busca-se uma interatividade que proporcione uma
linguagem não-linear, não-ordenada, e sim que atenda às expectativas de recepção do usuário,
do ciberespectador7” (RENÓ, 2006, p. 6).
Desta forma, é permitido que este usuário interaja, determinando o que, onde, como e
quando quer assistir. Assim, não fica inerte à mensagem, como trabalhado pelo modelo
6 Documentarista e autora do livro “O Documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo”, que
reflete sobre as transformações do gênero à luz dos documentários do cineasta Eduardo Coutinho. 7 Termo empregado para designar o usuário no ciberespaço.
13
matemático de Shannon e Weaver8, onde o emissor é detentor do poder de decisão sob o
conteúdo transmitido, que é apenas aceito pelo receptor.
Ao mesclar a forma de narrativa do documentário com a plataforma da internet,
agregam-se ao produto os elementos que caracterizam as informações veiculadas nesse meio.
No caso da hipertextualidade, são constituídas as relações entre as etapas do conteúdo, de
forma que, “ao acionar os links, o sistema conduz o espectador a uma outra página que
contém informações diversas e aprofundadas sobre o assunto” (GREGOLIN & TOMBA,
2002, p. 15).
Como o web-documentário ainda é considerado um gênero experimental, não existe
modelo pré-concebido em relação a sua estrutura. Não se trata da mera transposição do gênero
já existente – documentário –, para outro meio, mas uma adaptação, gerando um novo
formato. Este inova na forma de composição, podendo ser divido em episódios com ou sem
linearidade específica para a exibição das respectivas partes, agregando materiais além da
produção audiovisual, como complemento à narrativa desenvolvida, com igual importância,
como explica Ribas (2003, p. 7):
Desmaterializados os registros, que vão desde uma matéria antiga de jornal
recuperada, até depoimentos captados em vídeo e áudio, o Web Documentário
organiza as informações de maneira a oferecer níveis de aprofundamento e
interatividade ao receptor (...). Junto a isso, a convergência de formatos e a
capacidade praticamente ilimitada de armazenamento de dados facilmente
recuperáveis, conferem a distinção entre um Web Documentário e um documentário
produzido para vídeo, cinema ou televisão.
Para concatenar as diferentes mídias do processo interativo de modo agradável à navegação e,
ainda, agregando mais valor informativo, surge o conceito de interface. Conforme Steven
Johnson, “a interface atua como uma espécie de tradutor, mediando entre as duas partes,
tornando uma sensível para a outra” (2001, p. 19). Deste modo, através da utilização da
interface adequada, o web-documentário torna-se mais atrativo, dialogando melhor com o
usuário.
Em relação à parte técnica da produção, a maior acessibilidade aos equipamentos foi
um dos fatores que impulsionou o desenvolvimento de novos formatos de produção
audiovisual. Com a introdução do microfone acoplado à câmera, entre outras funcionalidades,
e a popularização dos aparelhos eletrônicos digitais, instaurou-se a tendência de aliar a
8 Autores da Teoria Matemática da Informação (1949), um modelo linear de comunicação, onde uma fonte passa
a informação a um transmissor, que a coloca num canal (sujeito a ruído), que a leva a um receptor para que
chegue a um destinatário.
14
versatilidade do tamanho reduzido de modo inversamente proporcional a uma maior
qualidade de captação.
Mesmo assim, os aparelhos digitais mais populares, em constante processo de
aperfeiçoamento, ainda deixam a desejar em termos de qualidade de captação de áudio e
imagem. Renó observa que ao colocar esse material na web, a qualidade sofre ainda mais
perdas, uma vez que “o áudio de materiais produzidos em extensões para a Internet costuma
ser de baixa qualidade, perdidos no processo de renderização9 do material, aliado ao vídeo,
também limitado pela definição de imagem” (2006, p. 39). Sendo assim, ao realizar a
captação de áudio e imagem nesses dispositivos, o cuidado com a qualidade deve ser
constante, já prevendo uma possível diminuição desta após a postagem do conteúdo
audiovisual na web.
Nessa etapa final, de publicação na web, as plataformas também interagem entre si.
Todo o conteúdo final do web-documentário, seja imagem parada ou em movimento, áudio ou
texto, pode ser agregado num só local, como um blog, mesmo a partir da postagem dos
conteúdos em outros servidores. Assim, o blog passa a ser a interface que media todos os
conteúdos que fazem parte do web-documentário conforme a proposta.
3. TRAJETÓRIA DE PESQUISA E REALIZAÇÃO DO TCC
Buscamos algumas referências em produções realizadas no gênero e optamos por
trabalhar com uma linguagem baseada no documentarista Eduardo Coutinho. Inicialmente a
idéia era produzir acerca de temáticas do cotidiano, como ocorre em “Edifício Master”, obra
do mesmo autor. No entanto, após conversas com nosso orientador e considerando que
poderíamos explorar o potencial do gênero para gerar contribuições, sobretudo à comunidade
onde estamos inseridos e em maior escala, a todos os que fossem por ele atraídos de alguma
forma, optamos por trabalhar um aspecto local que há muito nos instigava: a falta de
reconhecimento a São Borja como cidade histórica.
A produção do trabalho prático teve início em junho, durante o desenvolvimento do
pré-projeto que deu origem ao web-documentário proposto como trabalho de conclusão de
curso. A primeira gravação foi realizada no dia 10 de junho, na palestra que marcava os 145
anos da invasão à cidade de São Borja, durante a Guerra do Paraguai. O evento, realizado no
9 “Renderização” é o termo mais utilizado para traduzir o processo representado pelo sinônimo estrangeiro
“render”, que significa o tratamento digital dado no processo de edição de áudio ou vídeo para obter melhor
qualidade no produto final.
15
2º Regimento de Cavalaria Mecanizada João Manoel, aberto à comunidade, teve como
palestrante o Coronel Vargas Souto, militar aposentado e conhecedor das estratégias usadas
durante o combate e do contexto histórico que envolveu o conflito. Nesse dia, iniciamos
apurações acerca de possíveis fontes e realizamos registros como recurso para pesquisa.
Ainda durante a produção do pré-projeto, ocorreu a tradicional procissão de São João
Batista, no dia 24 de junho, e fomos acompanhar os peregrinos durante a caminhada. Além de
conversar com alguns deles para a obtenção de informações que pudessem nos guiar para a
posterior produção de um dos episódios do web-documentário, referente ao período das
missões em São Borja, fizemos várias filmagens que poderiam ser aproveitadas como
imagens de apoio.
A procissão tem como ponto de partida e de chegada a fonte de São João Batista, que,
apesar de ser popular em São Boja, é de localização difícil para aqueles que não a conhecem,
pois fica situada nos fundos de um conjunto de casas, no Bairro Maria do Carmo, na Rua
Bompland, apenas com sinalização no pátio da casa mais a frente desse conjunto. Essa fonte
constitui um dos lugares históricos pertencentes à época missioneira, e é hoje um dos poucos
patrimônios, referente àquele período, em bom estado na cidade, o que se deve em grande
parte aos moradores dos arredores que ajudam na sua conservação. Constatamos que o mesmo
não ocorre com a outra fonte, de São Pedro, localizada no bairro Betim. O descaso com o
lugar de importância histórica é visível através da falta de sinalização e sinais de vandalismo
percebidos.
A produção dos episódios do web-documentário começou, de fato, pelo quinto
episódio, que tem como foco o ex-presidente João Goulart, popularmente conhecido como
“Jango”. A não linearidade de produção ocorreu em função da produção de uma entrevista
específica, num golpe de sorte e agilidade de produção. No dia 16 de agosto, constatamos que
Maria Thereza Goulart, viúva de Jango, a qual reside no Rio de Janeiro, se encontrava na
cidade. A ex-primeira dama era considerada uma fonte fundamental para a produção dos
episódios relacionados ao ex-presidente e, ao mesmo tempo, era até então a entrevista que
julgávamos de mais difícil produção pelo fato de não visitar São Borja com muita freqüência.
Nesse dia, conversamos com o neto de João Goulart, Christopher Goulart, elencado como
outro possível entrevistado. Levantamos alguns pontos por meio de pré-entrevista, agendando
a gravação de ambas as entrevistas para o dia posterior.
Por dependermos dos equipamentos da universidade para a produção, como câmeras
de vídeo, e sendo elas semi-profissionais, contamos com algumas dificuldades que foram
16
recorrentes durante todo o processo de filmagem: por não possuir entrada para microfones, a
captação do áudio era difícil. A câmera sempre tinha que ser posicionada a cerca de 1,5m do
entrevistado para que a sua fala fosse audível, por ser captada no mesmo canal do som
ambiente.
As duas entrevistas, com Christopher Goulart e Maria Thereza Goulart, foram feitas ao
ar livre, no pátio do Memorial Casa João Goulart. Assim, houve alguns riscos que resolvemos
correr e que acabaram interferindo: pessoas que intervinham nas gravações ao interagir com
os entrevistados durante suas falas e uma série de ruídos que havia ao redor do local das
entrevistas. Porém, felizmente, nenhuma dessas situações atrapalhou o processo de edição,
pois não interferiram nas partes necessárias ao episódio, para o qual obtivemos as
informações que buscávamos, especialmente sobre a convivência da ex-primeira dama com o
presidente Jango e sua relação com a cidade de São Borja, objeto do nosso trabalho.
O próximo entrevistado foi o Sr. Dirceu Dornelles, que freqüentou assiduamente a
casa da família de João Goulart quando criança, e mais tarde, após assumir o cartório de São
Borja, em 1955, se tornou o tabelião do ex-presidente, que possuía várias propriedades na
cidade. A entrevista ocorreu no dia 28 de agosto, após a realização de uma pré-entrevista
fundamental ao esclarecimento de alguns pontos sobre o ex-presidente, que auxiliaram na
condução de todo o processo. Ao contrário das entrevistas anteriores, por ter sido feita em um
local fechado, nesse caso, a residência do Sr. Dirceu, não houve nenhum problema de caráter
técnico. A conversa transcorreu com tranqüilidade, sem problemas de áudio, uma vez que não
fomos interrompidos por ninguém e não houve ruídos que poderiam, também, ser um
problema.
No dia 2 de setembro fizemos a entrevista mais surpreendente em termos de conteúdo
relacionado ao ex-presidente Jango. Agendamos, por telefone, com o Sr. Luthero Fagundes,
contador de João Goulart, e visitante freqüente em suas fazendas durante o exílio. Por não
termos tido uma conversa prévia para saber o quanto ele poderia contribuir conosco, não
sabíamos qual era a profundidade de informações que possuía; sabíamos apenas da relação
próxima que ele havia tido com Jango.
Durante a entrevista, Sr. Luthero Fagundes fez algumas revelações da intimidade de
Jango, como seu medo de ser assassinado, e sobre as perseguições que ambos sofreram.
Porém, durante uma fala importante do entrevistado, as vozes das pessoas presentes na casa
passaram a atrapalhar a gravação. Assim, solicitamos que algumas partes de seu depoimento
fossem refeitas e, para nossa surpresa, o entrevistado lembrou-se de alguns até então
17
desconhecidos por nós, o que enriqueceu o trabalho. Também obtivemos com o entrevistado
uma foto de seu acervo pessoal, onde ele se encontra junto do ex-presidente no período do
exílio.
No mesmo dia, entrevistamos o Sr. Viriato Vargas, sobrinho-neto do ex-presidente
Getúlio Vargas, que é o tema do terceiro e quarto episódios do web-documentário.
Começamos assim a produzir os episódios paralelamente, adiantando a etapa de entrevistas. O
entrevistado nos concedeu um depoimento bastante pessoal, por ter convivido quando jovem
com Getúlio, nas ocasiões em que o ex-presidente vinha para São Borja.
Durante a realização desta entrevista, os problemas que tivemos foram relacionados a
ruídos no áudio ambiente, uma vez que chovia e o entrevistado também se movimentava
várias vezes e mexia em objetos na mesa, o que fazia com que o enquadramento da imagem
mudasse, mas nada significativo para que fosse necessária a refilmagem. Com o Sr. Viriato
também tivemos acesso a várias fotos de Getúlio Vargas, além de livros, revistas e outras
fontes impressas para pesquisa.
É importante ressaltar que as decupagens10
de todas as entrevistas eram feitas em
intervalos de dias ou mesmo no exato dia da gravação. Isso agilizava nossa previsão do que
ainda era necessário, já visualizando os pré-roteiros que foram realizados antes da produção
das entrevistas, como guia para as mesmas.
A última entrevista a ser utilizada nos episódios sobre Jango foi feita no dia 16 de
setembro com Jacqueline Cassafuz, historiadora e responsável pelo Memorial Casa João
Goulart. Sendo ela a pessoa mais acessível a prestar orientações sobre a história geral do ex-
presidente, seu depoimento serviu como base para estruturar o roteiro, e principalmente
preencher as lacunas do mesmo. A parte técnica da entrevista transcorreu sem problemas e no
dia seguinte, 17 de setembro, retornamos ao Memorial Casa João Goulart para a realização de
imagens de objetos, painéis e fotos que serviriam como inserts11
de imagens durante o
episódio.
A partir da conclusão das entrevistas para a realização do quarto e quinto episódios,
referentes a Jango, teve início a produção do roteiro final o início de processo de edição.
Inicialmente, estimávamos que seria possível abordar a história do ex-presidente João Goulart
em um único episódio, no entanto, optamos por dividi-lo em duas partes, para que
pudéssemos explorar melhor as informações obtidas. Por ser baseado num passado não muito
10 “Decupagem” é o termo utilizado para designar o ato de transcrever o conteúdo dito nas gravações. 11 “Insert” é o termo estrangeiro utilizado na linguagem televisiva para classificar inserções de imagens estáticas
ou em movimento durante o processo de edição do material.
18
distante, contamos com depoimentos de várias fontes que conviveram diretamente com o ex-
presidente, rendendo muitas histórias interessantes e necessitando de um tempo maior para a
construção dos roteiros e consecutivas revisões.
Simultaneamente demos continuidade à produção do terceiro e quarto episódio do
web-documentário, centrado na figura de Getúlio Vargas. No dia 20 de setembro, feriado no
estado do Rio Grande do Sul, realizamos a segunda entrevista, com o Sr. Salvador Mello.
Figura conhecida na cidade, trabalhou como radialista anos atrás e, aos 17 anos de idade,
passou a acompanhar Getúlio Vargas em sua campanha política no ano de 1950. Além de ter
conhecido pessoalmente e convivido algum tempo com o ex-presidente, o entrevistado
colaborou contextualizando o período histórico e político da época abordada no episódio.
Uma preocupação na realização dessa entrevista era que as comemorações do desfile
farroupilha na cidade pudessem interferir no áudio, uma vez que a residência do entrevistado,
onde foi feita a gravação, situava-se no centro da cidade. Contudo não houve problemas de
ordem técnica e a entrevista foi realizada tranquilamente. Além do domínio do entrevistado
sobre toda a trajetória política de Getúlio Vargas, sua clareza de expressão e desenvoltura
resultaram numa contribuição valiosa ao trabalho.
A terceira entrevista dos episódios focados no presidente Vargas, foi realizada no dia
30 de setembro, com a historiadora Mariza Fortes, no Memorial Casa João Goulart. Um
problema apresentado nessa nova visita ao local foi o som ambiente. Na semana anterior
havíamos estado no local, mas fomos impossibilitados de gravar a sonora com a entrevistada
em função de um projeto musical que ocorre no mesmo lugar. Retornamos então no dia 30,
mas também estavam ocorrendo ensaios, que em alguns momentos se tornaram audíveis nas
gravações. Contudo, no processo de finalização de edição foi possível minimizar esses ruídos.
Em outubro começamos a trabalhar na produção das entrevistas dos demais episódios,
iniciando pelo contato com o Cel. Reinaldo Goulart Correia, apontado no 2º RC Mec. João
Manoel com unanimidade para colaborar com o segundo episódio, que conta a invasão do
exército paraguaio a São Borja, em 1865 durante a guerra. A entrevista foi realizada no dia 14
do mesmo mês, no museu militar, onde estão expostos vários artefatos que remontam da
batalha.
Muitas perguntas foram elaboradas para o entrevistado, porém, não houve necessidade
de serem realizadas, pois o seu depoimento foi linear em relação aos acontecimentos e os
períodos em que aconteceram. Assim, conduzir a entrevista teve pouca dificuldade, devido ao
19
vasto conhecimento do Cel. Reinaldo para com o assunto e sua capacidade de contá-la sem
perder a linha de raciocínio.
No mesmo dia, realizamos a primeira entrevista necessária ao episódio que abre o
web-documentário, dedicado ao período missioneiro. Conversamos com o professor Rodrigo
Maurer, da Universidade da Região da Campanha (URCAMP). A entrevista foi realizada na
própria universidade, ao ar livre, requerendo alguns cuidados com a iluminação em função do
horário, que já se aproximava do pôr-do-sol. O local de filmagem foi mudado várias vezes
devido a esse problema, além da dificuldade de encontrar um fundo apropriado para
contrastar com o entrevistado.
Como esperado, em seu depoimento, o professor Rodrigo abordou muitas questões
controversas em relação ao período missioneiro, que constitui a sua área de estudos como
pesquisador. A visão do entrevistado era importante para o desenvolvimento do episódio, pois
além do seu conhecimento básico sobre esse período, ele conduz vários estudos que
contradizem muito dessa própria história, como o fato de São Borja ter sido a primeira das
reduções a ser fundada, a não-existência do Cotiguaçu, local onde ficavam as viúvas e as órfãs
da redução, entre outros assuntos polêmicos para o meio acadêmico.
Tentamos contato diversas vezes com um entrevistado que nos era muito importante, a
respeito, tanto do episódio da invasão paraguaia, quanto daquele referente ao período
missioneiro. Por diversas vezes foi marcado local e data, sendo que fomos, inclusive, a sua
casa sem que ele tenha aparecido. Eventualmente, pela dificuldade e pela falta de tempo,
desistimos de fazer essa entrevista.
No dia 20 de outubro, após termos marcado a visita alguns dias antes, fomos até a casa
do Sr. Mário Hoff, historiador formado Universidade da Região da Campanha (URCAMP).
Em um primeiro momento, fizemos a entrevista no pátio da casa, devido à iluminação ser
melhor naquele local. Durante a gravação, por alguns momentos, o entrevistado buscou
documentos que estavam ao seu lado, no chão, mostrando tais papéis para a câmera. Isso
dificultou com que essas imagens fossem usadas posteriormente durante a edição. No pátio,
havia pássaros que cantarolaram durante todo o tempo. Em certo momento esse som se tornou
tão forte que tivemos que transferir o Sr. Hoff para dentro da casa, e terminar a entrevista lá.
No dia 26 de outubro, fomos até o Instituto Federal Farroupilha, para marcar a
entrevista com um professor da instituição, Alexander Machado, indicado pelo prof. Rodrigo
Maurer, como um dos poucos da cidade que estudava a contemporaneidade. Porém, não o
20
encontramos, mas conseguimos seu telefone, e assim marcamos a entrevista para 8 de
novembro.
Durante uma conversa informal em uma lanchonete da cidade, da qual conhecíamos os
donos e pedíamos sugestões de entrevistados, um popular conhecido como Amiguinho entrou
e começou a conversar sobre o passado recente de São Borja e nos deixou interessados para
ser uma fonte sobre a contemporaneidade. Assim, marcamos para entrevista-lo para à tarde do
dia seguinte, 28 de outubro. Já havíamos agendado com um morador antigo da cidade, o Sr.
Teseu Sarmanho para gravarmos no mesmo dia, mas pelo horário da manhã. Porém, fomos
até a sua casa como combinado e ele não se encontrava. Assim, ligamos e acabamos
marcando para a tarde, depois da entrevista com Amiguinho.
Morador de longa data de São Borja e radialista, conhecido pro falar o que pensa e ter
opiniões fortes, João Manoel Loureiro, mais conhecido como Amiguinho, por chamar a todos
de “amiguinho”. Chovia muito, por isso tivemos que fazer a entrevista dentro de casa com as
janelas e portas fechadas para abafar o barulho dos pingos d’água o máximo possível.
Algumas de suas falas não foram nem um pouco esperadas, porém bem recebidas, pois dava
um curso diferente do que foi planejado para o episódio.
Logo após nos dirigimos para a casa de Teseu Sarmanho, 71 anos, morador de São
Borja durante toda a sua vida. Encontramos o mesmo problema em relação à chuva, por isso
também fizemos essa entrevista dentro de sua casa. A entrevista se apresentou sem demais
complicações.
Logo após, tivemos que definir, durante orientação, o título do web-documentário: São
Borja histórica. Também definimos o nome da nossa produtora, responsável por todo esse
processo, a DeLorean Produções Audiovisuais.
No dia 8 de novembro, conforme agendado nos dirigimos novamente até o Instituto
Federal Farroupilha para entrevistarmos o professor Alexander Machado, para o episódio
sobre a contemporaneidade da cidade. Conseguimos uma sala afastada das demais para que
não houvesse ruídos externos que pudessem atrapalhar a gravação. Após a primeira resposta
do entrevistado, tivemos de ligar as luzes da sala para que a iluminação fosse melhorada.
No dia seguinte, 9 de novembro, fomos até a residência do historiador José Luciano
Vasques, para entrevistá-lo à respeito da época missioneira da cidade. Fizemos a entrevista no
lado de fora de sua casa. O tempo estava nublado e com vento, que interferiu em alguns
pontos do depoimento. Além disso, durante a entrevista a luz muda radicalmente,
provavelmente devido às nuvens, alterando na cor do enquadramento da filmagem.
21
Com a falha em fazer contato com uma das fontes sobre o episódio referente à Guerra
do Paraguai, tivemos de procurar uma alternativa. O entrevistado mais próximo com
propriedade para falar sobre o assunto residia na cidade de Itaqui, distante cerca de 90 km de
São Borja. Com isso, marcamos a entrevista e nos deslocamos para lá.
Ataídes Assis é historiador formado na Universidade da Região da Campanha
(URCAMP), e baseia suas pesquisas em São Borja e Itaqui, principalmente, sendo a Guerra
do Paraguai uma dessas pesquisas. A sala onde fizemos a entrevista era pequena, e no fundo
do enquadramento da filmagem sempre havia algo que atrapalhava. Acabamos fazendo-a com
um computador e alguns que papéis que haviam na parede atrás do entrevistado, que pareciam
que não iriam influenciar na imagem, mas depois percebemos que ela acabou por ficar
“poluída”
Alcebíades Paulino, acadêmico de História da Universidade da Região da Campanha,
foi o terceiro e último entrevistado sobre a invasão paraguaia em São Borja. Fizemos a
entrevista ao ar livre, e perto do local havia um supermercado. Com isso o movimento
acontecia de forma constante, e assim, alguns sons atrapalharam a filmagem, principalmente,
carros e motos.
As decupagens feitas, em curto espaço de tempo após as gravações, agilizou a
produção dos roteiros, que eram realizados conforme o número de entrevistas necessárias para
cada episódio eram finalizadas. Foram selecionados os momentos mais importantes das
conversas com cada entrevistado, e dessa forma eram delimitados os assuntos a serem
abordados. Durante a edição, o roteiro era refeito constantemente, devido ao tempo, que
deveria ter média de 5 minutos e geralmente tinha o tempo excedido por uma grande
diferença, e, além disso, novas abordagens para determinada história que, eventualmente,
surgiram.
O processo de edição teve início no mês de outubro, tendo sido iniciado pelos
episódios cinco e seis, referentes ao ex-presidente João Goulart. Um problema que
enfrentamos nesta etapa foi em relação ao software de edição escolhido para a montagem dos
episódios. Devido aos requisitos de sistema trabalhados por ele, só podíamos utilizá-lo nos
computadores da universidade, específicos para trabalhos de edição áudio-visual. Os horários
de funcionamento do local fizeram com que essa etapa se estendesse até meados de
novembro, uma vez que seguimos paralelamente na realização das demais entrevistas.
Temendo que o tempo restante não fosse suficiente para a edição dos demais
episódios, optamos por utilizar um software alternativo, para continuar o processo de edição
22
fora da universidade, ganhando tempo. Assim, foram construídos os episódios um, dois, três,
quatro e sete, que tiveram apenas a finalização realizada no laboratório de edição da
Unipampa. Encontramos dificuldades em relação aos episódios dos séculos XVII, XVIII e
XIX, porque materiais como fotos eram de difícil acesso tanto materialmente, quanto de
forma digital. Isso foi contornado com a utilização das filmagens feitas por nós de
monumentos históricos referentes aos períodos abordados, além das trilhas sonoras que
ajudam na construção de sentidos dos usuários.
4. DESENVOLVIMENTO
4.1 Descrição do produto
O web-documentário “Webdoc São Borja histórica” é composto por sete episódios em
vídeo, com aproximadamente cinco minutos de duração cada um. O primeiro deles aborda o
período missioneiro da cidade de São Borja; o segundo a invasão paraguaia a então vila de
São Borja; o terceiro e o quarto falam sobre a vida do presidente Getúlio Vargas; o quinto e o
sexto sobre o ex-presidente João Goulart e o sétimo, e último, analisa São Borja na
contemporaneidade.
No final de cada episódio são apresentados caminhos ao usuário, que pode ter acesso
rápido ao episódio anterior e/ou ao episódio seguinte, através de links inseridos no próprio
vídeo. Os episódios estão publicados no YouTube, o que facilita o acesso dos usuários e
possibilita que os produtos mantenham-se reunidos num mesmo canal. Para agregar todos os
conteúdos numa mesma plataforma, os vídeos também foram publicados num blog, além de
haver conteúdo textual, fotográfico e auditivo que complementam e tornam a produção
multimídia.
4.2 Circulação
Os episódios do “Webdoc São Borja histórica” estão publicados no canal da DeLorean
Produções Audiovisuais no Youtube – <http://www.youtube.com/user/DeLoreanProducoes>
–, podendo também ser conferidos junto aos outros materiais integrantes do trabalho no blog
da produção: <http://webdocsbhistorica.blogspot.com/>.
4.3 Equipamentos
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As imagens foram captadas em filmadoras Sony Handycam HDD, em formato
widescreen, fornecida pela universidade. A edição não-linear foi realizada em Sony Vegas
Movie Studio 9.0 e em Adobe Premiere Pro CS5, este último fornecido pela instituição. Os
áudios foram editados em Sony Sound Forge Pro 10.0 e as imagens em Adobe Photoshop
CS4, sendo as fotografias realizadas com uma Sony Cyber-Shot DSC W55 7.2 Mega Pixels.
4.4 Custos
Materiais Custo em reais
Aquisição de livro 36,00
Impressão do relatório (2) 20,00
Transporte
Viagem a Itaqui 70,00
Transporte coletivo 40,00
Total 166,00
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste projeto experimental, que trabalha com várias formas de se
apresentar a mensagem, fez com que tenha sido uma experiência muito válida. Durante o
curso, foram explorados diferentes meios de comunicação, e a web, dentre eles, foi o que nos
impulsionou a produzir pensando em diferentes formatos, com maior amplitude de difusão. A
convergência de diferentes mídias para a internet possibilita o surgimento destes novos
formatos, como o webdocumentário, a partir de gêneros já conhecidos, que pode constituir
uma alternativa interessante e inovadora para a produção e difusão de conteúdos
diferenciados.
Construído a partir de uma linguagem simplificada, para um meio onde os conteúdos
podem ser facilmente acessados, acreditamos que o “Webdoc São Borja histórica” atende às
demandas às quais se propõe, reconstituindo a história local e a forma como ela é interpretada
por aqueles que vivem nesse espaço. A partir da utilização da web como plataforma, também
foi possível pensar numa maior propagação dos conteúdos produzidos, sem o estabelecimento
regulador de tempo ou espaço, comuns a outros veículos.
24
A proposta de construir episódios com duração relativamente curta dá-se, sobretudo,
pela dinamicidade que a web representa, onde nada é estático e a atenção do usuário é
constantemente disputada pela ilimitada quantidade de informações e fontes de
entretenimento existentes. Para não limitar o conteúdo de alguns episódios em função das
restrições de tempo estabelecidas, optamos por dividi-los, de forma a não omitir informações
importantes à construção da narrativa, mesmo que excedessem a proposta de apresentar o
tema em cinco minutos.
Pelo fato de a web constituir um ambiente de livre escolha, o webdocumentário, ao
oferecer todos os formatos presentes a partir da internet sob o viés do jornalismo, se torna
uma fonte de pesquisa versátil. Dessa forma, o usuário escolhe a forma de recepção da
mensagem, traçando o caminho que lhe interessa ou lhe agrada mais. Logo, o
webdocumentário se torna um formato democrático, pois permite que o receptor desfrute da
mensagem sobre determinado assunto da forma que lhe seja mais atraente. É democrático
também por ser livre das amarras do profissionalismo que é imposto pelos formatos clássicos
do jornalismo.
Sendo um formato experimental, pode ser feito de modo semi-profissional no que diz
respeito aos aparelhos necessários para sua produção. Isto ressalta sua característica de acesso
facilitado, não somente em relação à recepção deste tipo de mídia, mas também de sua
produção. Por não possuir originalmente qualidade técnica muito grande, é necessário que se
obtenha destaque através do próprio conteúdo e do tratamento a ele dado, construindo-o de
forma criativa e interessante.
Acreditamos que o gênero do webdocumentário tem muito a contribuir para a difusão
de conteúdos de qualidade e diferenciados na rede, uma vez que sua produção não exige
muitos recursos técnicos e permite abordar qualquer temática sob diferentes ângulos, valendo-
se da experimentação com mídias variadas. Os materiais por nós produzidos ao longo da
realização do “Webdoc São Borja histórica” exemplificam esta afirmação, rendendo ainda
diferentes formas de abordagem. Com base nisto, planejamos explorá-las, contribuindo,
assim, para que as histórias paralelas ao conteúdo principal, por nós apresentado, também
possam acrescentar informações que irão colaborar ainda mais para a contextualização dos
momentos históricos abordados.
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REFERÊNCIAS
Artigos
RIBAS, Beatriz. Contribuições para uma definição do conceito de Web Documentário.
GJOL, 2003.
Dissertações
RENÓ, Denis P. Características comunicacionais do documentarismo na Internet: estudo
de caso do site Porta Curtas. São Bernardo do Campo, 2006, 142p. (Dissertação apresentada
para obtenção do grau de Mestre).
Livros
CASTELLS, Manuel, CARDOSO, Gustavo. A sociedade em rede: do conhecimento à
acção política. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2006.
JOHNSON, Steven. Cultura da interface: como o computador transforma a maneira de
criar e comunicar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da
informática. São Paulo: Ed. 34, 1993.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. 6. ed. São Paulo: Ed. 34, 2007.
LINS, Consuelo. O documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo. 2. ed.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.
MARCONI, Marina, LAKATOS, Eva M. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2006.
Monografias
GREGOLIN, Maira, SACRINI, Marcelo, TOMBA, Rodrigo Augusto. Webdocumentário:
uma ferramenta pedagógica para o mundo contemporâneo. Campinas, 2002, 120p.
(Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Jornalismo, PUC-Campinas –
Campus I, para obtenção do título de graduação do curso de Comunicação Social -
Jornalismo).
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Revistas
RENÓ, Denis P. Ciberdocumentarismo: tópicos para uma nova produção audiovisual.
Ciência & Cognição, 2006.
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APÊNDICES
APÊNDICE A – Roteiro do episódio 1
IMAGEM – Clipe de abertura
SONORA José Luciano Vasques
GC: JOSÉ LUCIANO VASQUES/
historiador
SONORA Rodrigo Maurer
GC: RODRIGO MAURER /
historiador
SONORA Luciano Vasques
SONORA Rodrigo Maurer
SONORA Luciano Vasques
Logomarca da produtora.
episódio 1:
MISSÕES PARA SEMPRE
00’08’’ São Francisco de Borja é, surgiu num
contexto no qual tava tentando delimitar as
fronteiras entre Portugal e Espanha né.
00’08’’ a explicação toda dos jesuíta ela depende
de duas fases: a primeira fase, ela se compreende
de 1626 a 1632
06’09’’ em 1626 com a fundação de São Nicolau
por Roque Gonzáles, no qual
06’17’’ eles tiveram que abandonar pelo fato dos
Bandeirantes descerem lá de São Paulo e virem
aqui pra preá o Índio pra levar pra ser vendido
como escravo lá em cima.
00’57’’ essas reduções vão ter que ser obrigadas a
transmigrar e a segunda fase ela começa a partir
de 1687.
04’20’’ Manoel Lobo que era governador do Rio,
vem e funda na Colônia de Sacramento, em 1680.
04’48’’ era um enclave português que ficava
dentro de uma área que pertencia a Espanha, então
era um
28
SONORA Rodrigo Maurer
SONORA Luciano Vasques
04’56’’ problema pra Espanha
02’15’’ a questão toda passava sim, pelo
consolidação da colônia de Sacramento
02’31’’ e em contra disso tinha que encontrar uma
função que barrasse esse avanço português-
lusitano
22’00’’ a redução de São Borja ela surge na parte
alta de São Borja, nas proximidades da Praça
Matriz
22’11’’ E o abastecimento de água dessa redução
22’12’’ seria a fonte de São Pedro.
04’20’’ o contato tradicional como muitas vezes
foi passado por muito tempo foi que tivesse
acontecido pelo contato da força
04’29’’ Hoje já existem linhas teóricas que
pensam esse contato com a questão de assimilação
cultural
04’55’’ Ele não foi uma pessoa que teve que ser
aculturada pra se adaptar ao sistema reducional,
pelo contrário o sistema reducional que teve que
se adaptar a cultura desse indígena.
08’11’’ São Borja tinha uma função estratégica
dentro desse contexto todo
08’16’’ Porque ele era o que ficava na beira do
Uruguai aonde, por onde era escoado toda essa
produção né do gado
08’25’’ a erva mate principalmente
08’28’’ que tinha um valor muito grande na época
09’20’’ os espanhóis tinham uma estrutura já
muito organizada na época
29
SONORA Mario Hoff
GC: MARIO HOFF / historiador
SONORA Rodrigo Maurer
SONORA Luciano Vasques
SONORA Rodrigo Maurer
SONORA Luciano Vasques
09’29’’ com uma espécie de colégio, quadras de
um tamanho específico, o local tinha que ser um
local livre de enchente
09’40’’ de bichos
24’17’’ talvez a redução de São Borja não
existisse Cotiguaçu
24’07’’ ou seja a casa onde ficavam as órfãs e as
viúvas.
08’32’’ nenhuma redução foi projetada ao leo,
todas tiveram um estudo aprofundado para saber
se ali
08’40’’ poderia resultar algo positivo pro projeto
coletivo.
24’47’’ a organização
24’57’’ o principal que é o jesuíta, depois os
caciques, daí assim por diante
07’10’’ cada um tendo a sua função
07’12’’ dentro do projeto reducional em si,
favorecia para um controle interno mais forte e
rígido
07’20’’ das investidas externas
10’40’’ em 1750 através do tratado de Madri
11’03’’ foi um ótimo negocio para os portugueses,
porque eles trocam uma pequena cidadela né,
11’10’’ por uma vasta região que vai se tornar
futuramente uma, uma grande potencial
11’16’’ pros portugueses.
30
SONORA Mario Hoff
SONORA Luciano Vasques
SONORA Rodrigo Maurer
3’03’’ A Espanha ao assinar o tratado de Madri
com Portugal deu um tiro no próprio pé, porque
quem segurava a fronteira eram os jesuítas.
Tirando os jesuítas e os índios, os portugueses
podiam entrar à vontade até onde queriam.
12’01’’ chega uma ordem vinda de, de Espanha
12’10’’ pra eles passarem pro lado de lá do Rio
Uruguai e entregassem
12’13’’tudo aquilo que era construído, só que
12’30’’ pro indígena principalmente tem certas
coisas que pra eles
12’42’’ é algo sagrado aquele local onde ele
nasce, onde ele cresce né, e aonde ele morre.
13’06’’ mas esse indígena teve que se adaptar ao
seu pior inimigo, que era o português que tinha
destruído as suas reduções na primeira fase.
13’13’’ Então, ele ter que se adaptar à realidade
portuguesa foi algo que ele não aceitou e daí que
surge o levante missioneiro ou a guerra
guaranítica como vulgarmente é conhecido.
12’19’’ São Borja foi um povo que não participou
da Guerra Guaranítica.
12’35’’ optaram por não apoiar a milícia de Sepé
Tiarajú.
7’52’’ os exércitos
7’54’’ tanto de Espanha quanto de Portugal, tavam
acostumados com guerras porque nesse período na
Europa haviam muitos conflitos também, então
31
SONORA Luciano Vasques
SONORA Rodrigo Maurer
CRÉDITOS FINAIS
eles já estavam acostumados a guerra
9’43’’ o processo que envolveu a guerra
guaranítica trouxe conseqüências graves pro
projeto reducional.
11’35’’ o marco final do processo reducional
como um todo dentro desse sentido coletivo foi
sem duvida nenhuma 1756
11’28’’ E o Tratado de Madri vem pra justificar
isso, a guerra guaranítica também.
14’39’’ São Borja comporta o único retábulo
missioneiro dentro desse espaço geográfico que
nós conhecemos por Missões aqui atualmente, São
Borja hoje comporta um quadro da época que
nenhuma dessas outras reduções possui.
16’25’’ ficou sim esses legados patrimoniais, mas
que ainda de certa forma tão num processo ãh, de
ser reconhecidos por parte da grande sociedade e
também das pessoas que gerenciam essa
localidade.
17’16’’ nós temos que começar a projetar essa
cidade, talvez num sentido
visionário. Pensar as Missões para sempre. Não as
missões como um passado.
32
APÊNDICE B – Roteiro do episódio 2
IMAGEM – Clipe de abertura
SONORA: Ataídes de Oliveira Assis
GC: ATAÍDES DE OLIVEIRA ASSIS
/ historiador
SONORA: Alcebíades Paulino
GC: ALCEBÍADES PAULINO /
acadêmico história URCAMP
SONORA: Cel. Reinaldo Correia
GC: 2º RC MEC João Manoel
SONORA ATAÍDES
Logomarca da produtora.
episódio 2:
O Paraguai em São Borja
00’’30’’ o Paraguai era um país que vinha se
estruturando internamente né,
00’37’’ sua indústria interna.
2’11’’ Então eles precisavam escoar a produção
deles e, teoricamente, expandir. Então uma
preocupação do Solano López era ter uma saída
para o mar.
3’30’’ Ele tinha um exército muito grande,
alguns avaliam em 75 mil homens,
3’37’’ enquanto o exército brasileiro na época
não tinha 15 mil, era desorganizado.
2’30’’ Então os primeiros problemas ocorridos
foi o ataque dos paraguaios ao navio Marques
de Olinda que se direcionava a região do mato
grosso,
33
SONORA REINALDO
SONORA ATAÍDES
SONORA REINALDO
7’00’’ Ele atacou no Mato Grosso, ele não tinha
interesse lá.
7’09’’ Eles queriam era desviar a atenção do
Brasil praquela área, pra atacar aqui, que o
interesse deles era aqui.
3’51’’ cruzando o rio Paraná
3’58’’ vindo para a região de Santo Tomé.
10’45’’ Na época, São Borja uma vila pequena,
poucos habitantes, não estava guarnecida,
11’00’’ aqui nós tínhamos uma média de 150
homens.
20’10’’ 1º de maio então, antes da invasão, os
três países firmaram o tratado da tríplice
aliança.
11’33” E deu-se a invasão.
14’00’’ o João Manoel foi avisado
15’00’’ os paraguaios já começaram a subir e se
encontraram mais ou menos aqui nesse sítio
aonde está hoje o regimento.
15’43’’ E os paraguaios partiram pra cima. Só
que aí o João Manoel
15’57’’ Botou a banda pra tocar
16’07’’ e os paraguaios acharam que aquilo
fosse a vanguarda do exército brasileiro
16’22’’ Recuaram, e atravessaram o rio.
16’36’’ João Manoel então retirou todas as
famílias daqui, ficou muito pouca gente,
34
SONORA ATAÍDES
SONORA ALCEBÍADES
SONORA ATAÍDES
16’45’’ E saiu na direção do Alegrete.
17’06’’ aí dois dias depois eles realmente
entraram em São Borja.
7’06’’ com a entrada então, em 12 de junho,
11’30’’ mesmo contrariando as ordens de
Solano Lopez
11’35’’ Estigarribia acabou então entrando nos
povoados e buscando saquear tudo que pudesse.
12’01’’ andou em torno de 6 a 7 léguas, atrás de
uma coluna de são-borjenses que iam fugindo
com os seus pertences, com carroções e com
todos os seus bens, as suas famílias.
12’14’’ estavam tentando fugir, fugindo de São
Borja, na busca de pegar esses bens, saquear
esses bens.
18’37’’ na matriz aqui de São Borja, fizeram os
soldados fazer reverências aos santos, depois
saquearam toda a igreja.
10’20’’ qual é que foi a estratégia dos
paraguaios ao chegar em São Borja: dividir-se
em duas colunas, umas das colunas paraguaias,
deveria seguir pelo lado argentino
10’27’’ e a outra coluna deveria ir pela outra
margem do rio, por território brasileiro,
andando, paralelamente entre elas
10’47’’ A ideia era o que, seguir elas
paralelamente até chegar propriamente na
região de Uruguaiana, e ali então, unir as forças
e seguir então em direção ao seu objetivo final.
35
SONORA REINALDO
SONORA ALCEBÍADES
SONORA REINALDO
SONORA ATAÍDES
SONORA REINALDO
SONORA ALCEBÍADES
19’15’’ conquistou a cidade, pra se organizar e
passar o rio Quaraí pra ir pro Uruguai.
19’00’’ quando as tropas paraguaias entraram
na cidade, encontraram, pô, alimento, tudo que
tinha sido acumulado pela população. Porém
antes de sair, antes de fugir, a população
envenenou muito alimento que tinha lá. E
muitos soldados paraguaios morreram
envenenados
19’26’’ Aí foi cercado, por brasileiros,
argentinos e uma tropa uruguaia
19’43’’ Aí com a presença do imperador, o
imperador veio, Dom Pedro II veio, Caxias, ali
eles se renderam.
28’00’’ aceitaram o termo de rendição e
acabaram então cedendo pra que esses
paraguaios conseguissem então voltar para o
seu país quem quisesse
22’34’’ a partir da Batalha Naval do Riachuelo
e da rendição em Uruguaiana
21’37’’ ali, acabou a capacidade defensiva
estratégica do Paraguai, porque nós destruímos
a esquadra paraguaia e asseguramos a
navegação no rio Uruguai.
28’23’’ Inclusive o Solano López,
28’26’’ ele lutou até o último momento
36
SONORA ATAÍDES
SONORA REINALDO
SONORA ATAÍDES
SONORA REINALDO
CRÉDITOS FINAIS
28’38’’ quando foi alcançado pelas tropas
brasileiras, que tinham essa missão de caçar
realmente Solano López.
28’44” Resistiu, não se entregou, e foi morto
28’39’’ D. Pedro II esteve em Uruguaiana
28’49’’ porque ele queria conhecer o palco
onde ocorreram as batalhas né.
28’58’’ depois chegaram em São Borja e
também fizeram uma espécie de uma turnê por
São Borja, né pra visualizar.
24’00’’ a partir do momento em que houve a
rendição em Uruguaiana,
24’10’’ as famílias começaram a retornar.
20’33’’ São Borja teve que a passos lentos ir se
estruturando internamente
20’50’’ Por que depois de um saque dessa
forma, fica complicado essa reconstrução em
tão pouco espaço de tempo.
25’00’’ São Borja começou do nada de novo
em 1865. Então em setembro de 1865 a cidade
renasceu.
37
APÊNDICE C – Roteiro do episódio 3
IMAGEM – Clipe de abertura
SONORA Mariza Fortes
GC: MARIZA FORTES / historiadora
SONORA Salvador Mello
GC: SALVADOR MELLO / advogado
e radialista
SONORA Mariza Fortes
SONORA Salvador Mello
Logomarca da produtora.
episódio 3:
Getúlio Vargas, DO ITÚ PARA O CATETE
02’34” Getúlio Dorneles Vargas nasceu em São
Borja no dia 19 de abril de 1882.
01’11’’ tinha pendores pra vida militar e foi
estudar fora de São Borja
01’56’’ seu pai, tendo interesse em que ele tirasse
uma faculdade ou coisa parecida, o incentivou e
ele então foi para Porto Alegre e lá se hospedou
numa pensão e optou por direito.
03’51’’ em 1909
03’54’’ ele se candidata, ele se elege deputado
estadual.
04’08’’ em 1910 ele casa-se com a sra. Darcy
Sarmanho Vargas,
01’49’’ Voltou para São Borja.
24’50’’ Ali na General Marques, a casa ainda
existe
24’03’’ ali foi que ele conheceu. Num baile de
carnaval. Ele chegou e se encantou com a Darcy.
24’24’’ saiu dali dizendo que “ela será minha
esposa futuramente”. Se apaixonou.
04’19’’ ele se elege novamente deputado estadual
38
SONORA Mariza Fortes
SONORA Salvador Mello
SONORA Mariza Fortes
e fica morando na casa, na casa do Getúlio
Vargas.
04’33” mora 11 anos naquela casa, de 1911 a
1922, quando ele se elege deputado federal e vai
embora, 04’43’’ Depois ele foi ministro do
trabalho do governo do Washington Luis, foi
04’51’’ presidente do rio grande do sul, que na
época era presidente.
3’21’’ e resolveu se candidatar à presidência da
república, contrário ao interesse do Washington
Luis que era o presidente.
03’38’’ Júlio Prestes, que era o candidato do
governo Washington Luis, ganhou esse pleito
03’51’’ e eles então se insurgiram. Os amigos e o
Getúlio se insurgiram contra a eleição do Julio
Prestes, foi quando eclodiu a revolução de 1930.
06’43’’ Que que acontece então, o Getúlio Vargas
06’46’’ o vice dele, era o João Pessoa
06’50’’ então o, matam o João Pessoa, na Paraíba
e então usam essa, essa, essa morte como estopim
pra dar início à revolução que colocou Getulio
Vargas no poder.
07’04’’ então Getúlio Vargas entrou na
presidência através dessa luta armada.
08’32’’ Aquelas mesmas pessoas que em 1930
colocaram ele no poder, como Gois Monteiro,
Eurico Gaspar Dutra,
08’49’’ foram as mesmas pessoas que em 1937
ajudaram ele a dar o golpe, né, que foi o golpe do
Estado Novo
09’03’’ Né, então ele foi assim, tinham muito
medo que ele se perpetuasse no poder, então os
mesmos militares que ajudaram ele em outras
épocas, foram os que tiraram ele do poder.
05’56’’ e veio para a fazenda do Itu aqui, que fica
39
SONORA Salvador Mello
SONORA Mariza Fortes
CRÉDITOS FINAIS
em Itaqui. Chamavam-no naquela época “o
solitário do Itu”. Caravanas e mais caravanas de
políticos de todas as partes do Brasil vinham
visitá-lo, reivindicando sempre que ele se
candidatasse à presidência da república
democraticamente.
06’38’’ E ele então percorreu democraticamente
todos os estados brasileiros, quando eu passei a
incluir a sua caravana. A apresentação dos seus
comícios era eu que fazia. Quando no
encerramento da campanha, foi aqui em São
Borja, na frente do Banco Nacional do Comércio
07’02’’ ali nós transmitimos o comício de
encerramento.
11’41” esse retorno dele foi assim, muito, muito
aplaudido pelo povo
11’48’’ tanto que ele voltou com a grande maioria
de votos, porque no congresso ele praticamente,
ele perdeu todo o apoio né,
12’12’’ então isso aí também foi um dos,
12’18’’ culminou com o suicídio dele porque ele
perdendo esse apoio aí começou a pressão em
cima dele, né.
40
APÊNDICE D – Roteiro do episódio 4
IMAGEM – Clipe de abertura
SONORA Salvador Mello
GC: SALVADOR MELLO / advogado
e radialista
SONORA Mariza Fortes
GC: MARIZA FORTES / historiadora
SONORA Salvador Mello
Logomarca da produtora
episódio 4:
Vargas, O ESTADISTA
07’34’’ tendo em vista a retumbante vitória em
1950, em janeiro partiu para o Rio de Janeiro.
07’48’’ já como presidente da república,
democraticamente eleito.
08’03’’ mas dessa época ele enfrentou um
problema muito grave, porque o Carlos Lacerda
08’17’’ conspirava contra ele, em todos os
sentidos.
14’56’’ foi
15’00’’ o atentado à rua Toneleros, né.
15’06’’ que seria pro Carlos Lacerda, que era o
maior inimigo dele.
15’16’’ Que foi o Gregório Fortunato que teria
contratado os capangas, né.
08’31’’ o Gregório, que era o seu chefe da casa,
08’42’’ projetou, arquitetou uma morte do Carlos
Lacerda
09’03’’ foram na rua Toneleiros, numa noite
escura, até por sinal, e no momento em que o
Carlos Lacerda descia do carro, acompanhado,
assessorado pelo major Vaz, da aeronáutica, eles
41
SONORA Viriato Vargas
GC: VIRIATO VARGAS/ Sobrinho-
Neto de Getúlio Vargas
SONORA Salvador Mello
desferiram tiros. O Lacerda foi atingido no pé.
09’39’’ E, infelizmente, uma das balas
09’43’’ atingiu o major Vaz, que caiu, morto.
10’10’’ a aeronáutica que foi atingida né
10’18’’ e atribuiu esta atitude mesquinha ao
próprio Getúlio Vargas
10’29’’ Quando ele, na realidade, não tinha nada
que ver com isso.
10’35’’ ele declarou “não sabia que sobre os meus
pés corria um verdadeiro mar de lamas”. Mar de
lamas por quê? Os elementos de sua guarda
pessoal
10’55’’ tinham conspirado, traiçoeiramente.
04’16’’ Inclusive o último Natal da vida dele, ele
era presidente
04’40’’ tinha dezessete anos e o meu pai chegou
do quartel e diz “Meu filho
04’51’’ vamos até o Itu”
04’54’’ o tio Getulio tá aí”.
5’22’’ ficamos quase toda a tarde com ele. Ele
ficou naquela rede que ele gostava de sentar,
fumar o charutinho dele. Era um homem de uma
simplicidade,
05’49’’ já era um estadista Getúlio.
11’27’’ Então, o Lacerda continuou na campanha
e o Getúlio, dada essa tremenda essa pressão, não
agüentou. Porque 27 generais solicitaram que ele
pedisse uma licença e ele não aceitou. Persistiu
que só morto sairia do palácio.
12’33’’ então resolveu, dado a essa pressão
tremenda, se dar um tiro no coração.
42
SONORA Mariza Fortes
Vídeo Arquivo Nacional
SONORA Salvador Mello
SONORA Viriato Vargas
SONORA Salvador Mello
12’53’’ não tinha saída mesmo.
13’00’’ Deposto em 45 e depois deposto em 50,
ele achou que era demasiada humilhação. E de
fato...
13’10’’ deu uma carta testamento, que seria uma
cópia
13’14’’ pro Jango, que ele abrisse somente dali a
uns dois dias, e acabou se suicidando.
24’00’’ Pra ti ter uma idéia, uma cunhada dele,
que morava aqui em São Borja, no momento que
soube da morte, morreu.
24’18’’ A comoção foi nacional, mas São Borja
ficou muito sentida. Tanto que no enterro dele
24’27’’ Triplicou, né, o número de pessoas aqui
em São Borja.
14’23’’ Um avião duglas, trouxe o corpo. E o
corpo foi carregado do aeroporto à prefeitura
municipal nos ombros do pessoal, vieram a pé. Só
não foi velado na igreja porque o monsenhor
Patrício Petit Jean não permitiu, porque ele tinha
se suicidado, então não permitiu.
14’47’’ E a visitação do pessoal era constante, não
é. Saiu dali no dia 26, pro cemitério municipal.
10’30’’ O grande legado dele foi o nacionalismo
dele né, tudo pro Brasil. Trabalhava para o Brasil
e pro povo, pro povo principalmente.
20’36” que a fuligem do tempo, que tudo corrói,
destrói, não conseguiu no passar desses anos
atingir a figura expressiva e a personalidade de
43
CRÉDITOS FINAIS
Getúlio Vargas. Ele é tido como um ídolo, imortal.
44
APÊNDICE E – Roteiro do episódio 5
IMAGEM – Clipe de abertura
SONORA Jacqueline Cassafuz
GC: JACQUELINE CASSAFUZ /
historiadora e dir. Memorial Casa João
Goulart
SONORA Maria Tereza
GC: MARIA TEREZA GOULART /
viúva de Jango
SONORA JACQUELINE CASSAFUZ
Logomarca da produtora
episódio 5:
João Goulart, DO IGUARIAÇÁ PARA
BRASÍLIA
00’11’’ João Belchior Marques Goulart como era
o nome completo do presidente Jango, ele nasceu
na fazenda de Iguariaçá, que era um distrito de
Itacurubi no interior de São Borja.
01’37’’ o Jango, ele era o sexto filho de uma
família de nove irmãos
02’23’’ então ele tinha uma forte ligação familiar
né, com as irmãs, com a mãe principalmente, ele
tinha uma ligação de afeto muito forte com a Dona
Tinoca né, como era o nome da Dona Vicentina.
05’28’’ Ele tinha um grupo de familiares muito
apegados a ele também e ele também, muito
apegado à família. Depois que ele entrou na
política, ele ficou um pouco afastado. Mas ele
nunca deixou assim, sabe, de proteger a família,
05’00’’ pra São Borja ele veio efetivamente morar
tinha uns 8, 9 anos de idade.
02’37’’ e essa infância do Jango foi uma infância
muito feliz né, ele teve liberdade no campo
tanto que depois isso ele continuou efetivamente
demonstrando nessa ligação que ele tinha com os
45
SONORA DIRCEU DORNELLES
GC: DIRCEU DORNELLES / tabelião
e amigo de Jango
SONORA JACQUELINE CASSAFUZ
SONORA MARIA TEREZA
SONORA JACQUELINE CASSAFUZ
SONORA DIRCEU DORNELLES
SONORA JACQUELINE CASSAFUZ
SONORA MARIA TEREZA
peões.
07’37’’ nas estradas junto com a peonada,
comendo da mesma comida, apesar de ser
bacharel em direito né, nunca exerceu a profissão
de advogado.
05’26’’ então ele vinha, como ele estudava fora,
ele vinha em férias, e já depois de adulto, depois
de casado com a são-borjense Maria Thereza, que
casaram-se em 1955.
00’’13’’ eu morava em frente à casa dele ali e eu
vim entregar uma correspondência pra ele
00’42’’m bater aqui no portão dele, conheci o
Jango aí no portão.
6’35’’ através do carnaval principalmente, que ele
era um grande carnavalesco, que ele também fez
com que vários estereótipos fossem destruídos.
Como por exemplo, a questão da presença de
negros, no clube Elite que hoje é o clube
Comercial, que não entravam negros
13’05” ele pegou e quando viu tava entrando o
bloco, ele na frente e, sabe, o bloco todo de atrás,
(riso), ninguém se animou a atacar ele,
08’17’’ tanto que uma das maiores tristezas dele
enquanto presidente, era ser o presidente rico de
um país pobre, né.
46
SONORA DIRCEU DORNELLES
SONORA MARIA TEREZA
SONORA LUTHERO FAGUNDES
GC: LUTHERO FAGUNDES /
contador e amigo de Jango
SONORA JACQUELINE CASSAFUZ
SONORA CHRISTOPHER
GOULART
CHRISTOPHER GOULART / neto de
01’05’’ Olha, eu tenho assim uma recordação
muito... muito feliz assim da minha época de São
Borja
01’31’’ uma coisa assim “meia” rústica ainda a
cidade, mas era muito legal porque a gente tinha
uma turma de amigos muito grande, então a gente
passeava muito, namorava bastante...
00’49’’ eu não sei exatamente a população, mas
havia de ter uns 20 e poucos mil habitantes
01’22’’ À tarde tinha os barzinhos, na frente de
uma das ruas da praça, da face norte da praça,
então eles fechavam aquela rua, botavam mesas
ali, os rapazes sentavam pra tomar uma cerveja,
um refrigerante, e as moças faziam o chamado
“footing”, pra lá e pra cá, caminhavam uma
quadra e voltavam.
05’58’’ Ele adorava São Borja!
06’06’’ todo o tempo que ele tinha de folga, ele
queria vir pra São Borja.
05’28’’ ele tinha muitas casas na cidade, cujo
patrimônio ele nunca recebia aluguéis ou qualquer
recompensa pela ocupação desses imóveis. A ele
não interessava, só interessava que cuidasse.
22’38’’ até numa festa que foi dada
22’45’’ que foi na fazenda Itu e o Jango estava
acompanhando o coronel Vicente então nessa
festa
00’23’’ o inicio da trajetória política do Jango é
em 1945 quando o presidente Vargas vem no seu
47
Jango
SONORA JACQUELINE CASSAFUZ
SONORA CHRISTOPHER
GOULART
SONORA JACQUELINE CASSAFUZ
CRÉDITOS FINAIS
auto-exílio no Itu, na fazenda do Itu, ele se
aproxima do meu avô.
23’15’’ aí perguntou pra ele “Tu vais ser político,
Jango? Tu devias, pois tu falas bem.”
01’35’’ E aí começou a trajetória política dele,
mas sempre incentivado pelo seu inspirador,
Getúlio Vargas. E que depois, no suicídio de
Vargas, fica caracterizada essa herança política
que ele tem de Getúlio Vargas, no momento em
que o dr. Getúlio lhe entrega a carta testamento
em mãos, né, pro meu avô, e logo após se suicida.
08’51’’ o estopim para a queda de João Goulart
foi a partir então do comício da central do Brasil
10’39’’ E ali eles viram que realmente Jango não
estava brincando,
10’50’’ E esse comício da central do Brasil ela
representou então o ponto chave de todas as
mudanças que Jango queria fazer. Então eles se
preocuparam com tudo aquilo que poderia
representar a continuação de João Goulart no
poder, né.
48
APÊNDICE F – Roteiro episódio 6.
IMAGEM – Clipe de abertura
SONORA CHRISTOPHER GOULART
SONORA JACQUELINE CASSAFUZ
SONORA DIRCEU DORNELLES
SONORA MARIA TEREZA
SONORA DIRCEU DORNELLES
SONORA LUTHERO FAGUNDES
Logomarca da produtora
Episódio 6:
Jango: O PRESIDENTE
12’50’’ o meu avô chegou em tão pouco
tempo a presidência da República, em (19)47
ele tinha apenas 26 anos, isso Deputado
Estadual, até ser presidente da República
com 41 (anos), eu não tenho duvida que o
que o conduziu dessa forma tão rápida foi o
homem, foi o carisma, foi a simplicidade
dele.
09’31’’ quando ele era ministro do trabalho
do governo de Getúlio Vargas, ele como
ministro do trabalho, ele deu 100% de
aumento aos trabalhadores e Getúlio Vargas
foi pressionado pra então tirar Jango, então
Jango teve que ser demitido em função desse,
dessa ação né, desse ato de instituir 100% de
aumento do salário mínimo pro trabalhador
12’46’’ ali já começaram a ficar de olho nele,
né. 12’52’’ Pelo que ele representava para o
povo brasileiro.
14’35’’ em 64, quando ele foi deposto, ele
foi pro Uruguai.
07’39’’ ele era um homem que viveu
intensamente essa política e chegou lá e ficou
numa solidão tremenda, né. Proibido de tudo.
06’35’’ Na época era muito difícil falar com
ele porque não é, existia aquele o governo
revolucionário né na época
12’20” cada vez que nós chegávamos lá, ele
pedia para um de nós cozinhar, fazer a
refeição. E geralmente tocava para o Luthero
12’42’’ me dei conta que ele pedia porque
49
SONORA MARIA TEREZA
SONORA LUTHERO FAGUNDES
SOBE SOM: Trilha suspense
SONORA MARIA TEREZA
SOBE SOM: Trilha triste
tinha medo de ser envenenado.
Ele não confiava nem no mordomo dele.
01’55’’ eu descobri e me certifiquei depois
que ele estava sendo ameaçado de morte.
08’09’’ então a gente ficava naquele impacto
de não saber pra onde ir, já no final a gente já
não sabia mais
era muita perseguição. Mas muita mesmo!
Meus filhos, eu também, todo mundo.
foi realmente uma fase de muita angústia.
09’25’’ foi uma coisa inesperada o que
aconteceu com o Dr. Jango. Inesperada no
âmbito do povo, porque nós já estávamos
informados, que a ditadura estava atrás dos
presidentes
João Goulart foi morto a mando da ditadura
brasileira.
16’43’’ propuseram pra trazer o corpo e
enterrar imediatamente, mas isso não foi
feito. Ele veio pra Igreja, aí o povo foi todo
lá e passaram a noite velando. Muita gente de
São Borja e de todos os municípios aqui do
Rio Grande, bastante gente mesmo! Aí foi
velado o corpo e enterrado no dia seguinte.
é uma história muito triste da nossa pátria.
Morreu no exílio.
09’29’’ É, ele é muito lembrado em São
Borja, sim, mas eu gostaria que ele fosse tão
lembrado, como é em São Borja, em outros
lugares do Brasil, porque, realmente, ele é
muito esquecido
50
SONORA JACQUELINE CASSAFUZ
SONORA CHRISTOPHER GOULART
SONORA LUTHERO FAGUNDES
CRÉDITOS FINAIS
21’22’’ pra São Borja representa um grande
orgulho nós sermos berço de dois presidentes
e Jango representa muito, pro homem do
campo, pro político
16’51’’ Morrem os homens, mas as idéias
permanecem. E no caso do meu avô não
apenas as idéias, mas o carisma mesmo dele.
23’41” porque ele era um patriota, tão
patriota que chegou à presidência da
república
23’53’’ mas, o destino o deixou em meio do
caminho. Ele não pôde continuar, ele não
pôde fazer o que de fato ele queria e deveria
ter feito.
51
APÊNDICE G – Roteiro do episódio 7
IMAGEM – Clipe de abertura
SONORA MANOEL LOUREIRO
MANOEL LOUREIRO
(AMIGUINHO) / morador
SONORA TESEU SARMANHO
TESEU SARMANHO / morador
Logomarca da produtora
episódio 7:
CIDADE HISTÓRICA
1’00’’ predominava antes aqui em São Borja a
pecuária
1’17’’ Aí começou a desenvolver a agricultura em
São Borja, começou a deslanchar São Borja. Que
antes era pacata, era o gado no campo, os
fazendeiros investindo em apartamentos em Porto
Alegre, por aí, aqui não se investia nada. Então
desenvolveu um pouco São Borja depois quando
foi desenvolvida a agricultura aqui.
4’05’’ com essa evolução da agricultura começou
a aparecer novas, novos empregos né. Começaram
a aparecer os beneficiamento de arroz
6’26’’ Então tudo isso aí veio trazendo o
progresso né.
(Arq.2) 1’25’’ Sem duvida a construção da ponte.
1’29’’ foi muito importante, foi uma luta que todo
o povo de São Borja né, independentemente de
partido, lutou para que viesse né essa ponte. Por
que essa ponte que tem em Uruguaiana, em
princípio, deveria ser feita aqui em São Borja.
52
SONORA AMIGUINHO
SONORA TESEU SARMANHO
SONORA ALEXANDER MACHADO
ALEXANDER MACHADO / professor
história IFF São Borja
SONORA TESEU SARMANHO
SONORA AMIGUINHO
4’43’’ Que certa feita o Dr. Getúlio Vargas,
quando presidente, chegou aqui em São Borja e
perguntou pro prefeito na época “o que que tá
faltando pra São Borja?”, então essa rua, Júlio
Tróis, Francisco Miranda, na época chamava-se
“rua grande”. Entendeu? Aí “vocês querem o
asfalto da rua grande ou a ponte internacional”?
5’11” uma anta, pediu o asfalto da rua grande. Aí
levaram 30 ano pra conseguir a tal ponte. Mais de
30 ano pra conseguir a tal ponte.
2’10’’ se nós tivéssemos construído naquela época
a ponte aqui nós teríamos uma outra situação.
Então sem duvida, nesses últimos tempo a ponte
de São Borja, entre São Borja e San Tomé, foi
muito importante, agora nós estamos colhendo os
frutos né.
3’44’’ eu acho que o que muda mais a cidade
ultimamente são as questões vinculadas a
educação né. Se tu pegar a criação da Unipampa,
agora do Instituto Federal Farroupilha e também
da Uergs,
7’58’’ o que eu vejo é uma evolução muito grande
no que diz respeito à educação com a vinda aqui
desses cursos técnicos, antes eu fui professor da
escola técnica Vicente Goulart, eu lecionei mais
de 10 anos.
8’13’’ E era o único curso que tinha aqui em São
Borja.
8’30’’ Mas, se vê muita gente de fora aqui,
barbaridade! A parte da educação tá
revolucionando São Borja.
53
SONORA ALEXANDER MACHADO
SONORA TESEU SARMANHO
SONORA ALEXANDER MACHADO
SONORA TESEU SARMANHO
9’03’’ eu brincava com alguns que foram embora
de São Borja e eles falavam que ele tinham
vergonha ou não sabiam o que falar de São Borja,
quem foi a Porto Alegre, quem foi a Caxias, quem
foi a centros maiores não tinha informações pra
dar de São Borja por desconhecimento e também
não se sentia orgulhoso de falar que era são-
borjense.
27’36’’ A não ser aquele são-borjense que tem
raízes profundas em São Borja. Mãs de um modo
geral não valorizam isso aí. O jovem de um modo
geral esquecem o passado, esquece o que
aconteceu, até não valorizam, não é que não
esqueça, não valoriza.
1’16’’ São Borja está muito atrelada à questão dos
presidentes Getúlio Vargas e Jango, até pela
questão do museu, enfim. E politicamente, acho
que interessava mais a cidade nesses últimos
períodos que se valorizasse muito mais isso.
0’31’’ E de certa forma acabam negando um
pouco o passado missioneiro. Por exemplo quando
eles comentam aqui em São Borja de ir para as
missões, nós vamos para as missões pra ir a São
Miguel, como se nós não tivéssemos missões por
exemplo. Então eu acho que esse passado mais
recente da questão dos presidentes acabou
apagando a história missioneira.
29’25’’ o turismo hoje é um dos negócios mais
rentáveis que existe né. Então é importantíssimo
que se desse mais importância pra isso como hoje
ta sendo já explorado através do, como no caso do
Getúlio Vargas, no museu Getúlio Vargas, agora
com o museu João Goulart né. Então talvez por
falta do próprio são-borjense ele não foi tão
explorado assim.
54
SONORA ALEXANDER MACHADO
CRÉDITOS FINAIS
9’27’’ Quem ta fora de São Borja reconhece São
Borja como um centro histórico muito importante,
quem dá aula de história fala muito de São Borja,
fala de Missões, fala do Getulio, fala do Jango,
fala de tantas outras coisas que começaram aqui e
que partiram... Guerra do Paraguai que teve uma
batalha importante em São Borja. E quem é daqui
não reconhece isso ou não tem isso como uma das
formas de se orgulhar da cidade. Então acho que
talvez seja uma das coisas que a gente tem que
fazer em São Borja é buscar resgatar esses
aspectos e vincular isso à história atual, quer dizer
transformar isso num potencializador desse pólo
educacional que a gente espera que São Borja
realmente se transforme.