TCC Polpa de Frutas

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS CURSO DE NUTRIÇÃO ELIZABETH CAPRINI GOMES SANTOS AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE POLPAS DE FRUTAS CONGELADAS COMERCIALIZADAS EM VITÓRIA DA CONQUISTA-BA 1

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Análise Microbiológica de Polpas de frutas

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

CURSO DE NUTRIÇÃO

ELIZABETH CAPRINI GOMES SANTOS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE POLPAS DE FRUTAS

CONGELADAS COMERCIALIZADAS EM VITÓRIA DA CONQUISTA-BA

VITÓRIA DA CONQUISTA - BA

2015

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ELIZABETH CAPRINI GOMES SANTOS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE POLPAS DE FRUTAS

CONGELADAS COMERCIALIZADAS EM VITÓRIA DA CONQUISTA-BA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Nutrição na Faculdade de Tecnologia e Ciências, curso de Nutrição.

Orientadora: Msc. Renata Ferreira Santana

VITÓRIA DA CONQUISTA - BA

2015

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE POLPAS DE FRUTAS CONGELADAS COMERCIALIZADAS EM VITÓRIA DA CONQUISTA-BA

RESUMO: A fruticultura tem se destacado por sua importância econômica, sendo considerada uma das principais geradoras de emprego e renda, bem como promotora do desenvolvimento rural. A produção de polpas de frutas congeladas tem se tornado meio favorável de aproveitamento das frutas evitando assim problemas ligados à sazonalidade. Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica de polpas de frutas congeladas, comercializadas no município de Vitória da Conquista – BA. Foram selecionadas três marcas diferentes, visando a resguardar a identidade das empresas avaliadas, as marcas das polpas de frutas foram identificadas pelas letras A, B e C, sendo escolhidos três sabores de cada: acerola, manga e maracujá. Os sabores foram selecionados segundo preferência dos consumidores da região local. Foram analisados coliformes totais e E. coli, os microrganismos bolores e leveduras, e Salmonella sp, definidos pela Instrução Normativa nº 01, de 7 de Janeiro de 2000, para polpas de frutas. Para melhor acompanhar os indicadores de qualidade realizou-se também análise de aeróbios mesófilos. Dentre os resultados obtidos foi observado que as polpas de frutas analisadas encontravam-se dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente com relação à coliformes totais e E. coli, Salmonella spp e aeróbios mesófilos, porém, houve crescimento significativo de bolores e leveduras em 2 das amostras avaliadas, sendo uma da marca B e uma da marca C, apresentando resultados acima dos permitidos pela legislação vigente, o que sugere a necessidade urgente de adequação do processo produtivo, no que diz respeito as exigências da legislação específica.

Palavras-chave: Polpas, aproveitamento, padrão microbiológico, legislação.

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QUALITY EVALUATION MICROBIOLOGICAL OF FROZEN FRUIT PULP MARKETED IN VITÓRIA DA CONQUISTA-BA

ABSTRACT: Fruit growing has been noted for its economic importance, being considered one of the main generators of employment and income, as well as a promoter of rural development. The production of frozen fruit pulps has become a favorable environment to use fruits thus avoiding problems related to seasonality. Given the above, this study aimed to evaluate the microbiological quality of frozen fruit pulp marketed in Vitoria da Conquista city – Ba. Three different brands were selected, aiming to protect the identity of the companies surveyed, brands of fruit pulps were identified by letters A, B and C, being chosen for each three flavors: cherry, mango and passion. The flavors were selected according to consumer preference from the local region. They were analyzed total coliforms and E. coli, the microorganisms yeast and molds, and Salmonella sp, defined by Instruction Normative No. 01 of January 7, 2000, for fruit pulp. To better monitor the quality indicators also held aerobic mesophilic analysis. Among the results it was observed that the analyzed fruit pulps were within the standards set by current legislation regarding total coliforms and E. coli, Salmonella spp and aerobic mesophilic. But there was significant growth of yeast and molds in two of the samples, one of the brand B and brand C, presenting results above the permitted by law, It suggests the urgent need to adapt the production process, regarding the requirements of specific legislation.

Keywords: pulps, utilization, microbiological standard, legislation.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 6

MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................ 7

Inoculação............................................................................................................... 8

Bolores e leveduras................................................................................................ 8

Coliformes totais e E. coli...................................................................................... 9

Salmonela sp........................................................................................................... 9

Aeróbios mesófilos................................................................................................. 9

Identificação e contagem de colônias.................................................................. 9

RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 10

CONCLUSÃO.......................................................................................................... 13

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 14

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INTRODUÇÃO

A fruticultura tem se destacado por sua importância econômica, sendo

considerada uma das principais geradoras de emprego e renda, bem como

promotora do desenvolvimento rural. A vitalidade deste setor nas últimas safras

demonstra excelentes índices de produtividade e resultados comerciais. Segundo

dados do Instituto Brasileiro de Frutas (2011), o Brasil produz cerca de 43 milhões

de toneladas de frutas tropicais, subtropicais e de clima temperado, o que

proporciona ao país uma grande diversidade de frutas o ano inteiro, sendo muitas

delas exclusivas de determinada região.

O Brasil ocupa no ranking mundial o terceiro lugar da produção mundial de

frutas, ficando atrás apenas da China e da Índia, considerados como os três maiores

produtores, respondem por 43,6% do total mundial. Em 2010, juntos, somaram

728,4 milhões de toneladas de frutas. (FAO, 2012).

De acordo com Batista et al. (2013), grande parte da produção de frutas se

deteriora devido a sua periodicidade, durante a colheita, transporte, comercialização

e armazenamento. O meio que mais se tornou favorável para o aproveitamento das

frutas em sua totalidade foi à produção de polpas de frutas congeladas, pois desta

forma se evita problemas ligados à sazonalidade, garantindo ao mercado

consumidor a oferta desses frutos mesmo em períodos de entre safras.

A Instrução Normativa de nº 1 de 07 de Janeiro de 2000 do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), regulamenta a qualidade das polpas

de frutas comercializadas no Brasil ao qual determina os Padrões de Identidade e

Qualidade (PQI’s). A mesma define Polpa de Fruta como sendo um produto não

fermentado, não concentrado, não diluído, obtido de frutos polposos, através de

processo tecnológico adequado, com um teor mínimo de sólidos totais, proveniente

da parte comestível do fruto.

Para produção de polpas de frutas congeladas Amorim et al. (2010) menciona

as seguintes etapas: “Colheita, Transporte, Recepção, Lavagem, Seleção e Preparo,

Despolpamento, Refinamento, Tanque de Equilíbrio, Tratamento Térmico, Envase,

Congelamento e Armazenamento.”

A RDC nº 12, de 02 de Janeiro de 2001, regulamentado pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), considera a necessidade de constante

aperfeiçoamento das ações de controle sanitário na área de alimentos, incluindo

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todas as etapas do processo, como citado anteriormente, visando à proteção a

saúde da população e a regulamentação dos padrões microbiológicos para

alimentos (BRASIL, 2001).

Sebastiany et al. (2009), relata que apesar das determinações exigidas pela

legislação vigente no âmbito do Ministério da Agricultura existe uma grande

variedade de sabores que ainda não foram avaliados a nível microbiológico, devido

ao crescente mercado de polpas, sendo assim a comercialização destes produtos

pode ocorrer sem uniformidade e sem controle sanitário adequado. Desta forma

esses produtos tornam-se mais suscetíveis à contaminação por microrganismos

causadores das mais variadas patologias, as quais colocam em risco a saúde do

consumidor.

Diante disso, o objetivo desta pesquisa consistiu em avaliar a qualidade

microbiológica de polpa de frutas congeladas de três marcas comercializadas na

cidade de Vitória da Conquista – BA.

MATERIAIS E MÉTODOS

As polpas congeladas foram selecionadas de forma aleatória nos principais

supermercados da cidade de Vitória da Conquista- BA, as quais se apresentavam

em saquinhos de polietileno de 100g. Foram adquiridas e transportadas em caixa de

isopor térmica, com gelo, para o Laboratório de Microbiologia da Faculdade de

Tecnologia e Ciências, campus Vitória da Conquista-BA, onde foram mantidas

congeladas (-8°C a -10ºC) até realização das análises microbiológicas.

Foram selecionadas três marcas diferentes, visando a resguardar a

identidade das empresas avaliadas, as marcas das polpas de frutas foram

identificadas pelas letras A, B e C, sendo escolhidos três sabores de cada marca:

acerola, manga e maracujá. Os sabores foram selecionados segundo pesquisa

sobre preferência dos consumidores da região local, realizada informalmente com os

funcionários responsáveis pelo setor de reposição de polpas de frutas dos

supermercados em questão.

A metodologia analítica empregada foi a descrita por Nero et al. (2000), o qual

utiliza análises em Placas 3M™ Petrifilm™ específica para cada microrganismo

avaliado. Foram analisados coliformes totais e E. coli, os microrganismos bolores e

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leveduras, e Salmonella sp, definidos pela Instrução Normativa nº 01, de 7 de

Janeiro de 2000, para polpas de frutas. Para melhor acompanhar os indicadores de

qualidade realizou-se também análise de aeróbios mesófilos.

No laboratório, as amostras foram descongeladas em embalagem original

(100g) na geladeira (2-5ºC) por 18 horas. Logo após as embalagens foram

higienizadas e esterilizadas utilizando álcool 70% e abertas com auxílio de uma

tesoura, previamente esterilizada.

As amostras foram processadas em pool, sendo pesado em balança analítica

10g de cada uma das 5 amostras do mesmo sabor, mesmo lote, e mesma marca,

totalizando 9 pools (3 sabores X 3 marcas) de 50g.

Cada pool (50g) foi diluído em 450 mL de água peptonada tamponada e

esterilizada a 0,1% em frasco erlenmeyer, correspondendo à diluição de 10-1. Para

homogeneização das amostras utilizou-se um agitador magnético, durante 2

minutos. Logo após, utilizando-se uma pipeta, foi retirado 1 mL da diluição 10-1 e

colocado em 9 mL de água peptonada tamponada à 0,1%, correspondendo a

diluição de 10-2. Em seguida foi retirado 1 mL da diluição 10-2 e homogeneizado em 9

mL de água peptonada tamponada à 0,1%, denominando a diluição de 10-3, e para

compor a diluição 10-4, 1 mL da diluição 10-3 foi homogeneizado em 9 ml de água

peptonada tamponada à 0,1%. Para inoculação das diluições em placas Petrifilm™

todas as análises foram realizadas em triplicata.

INOCULAÇÃO

Bolores e leveduras

Levantou-se filme superior da placa Petrifilm™ específica para bolores e leveduras,

logo após, foi adicionado 1 mL da diluição 10-1 no centro do filme inferior, deixando-

se o filme superior cair sobre a diluição inoculada. Posicionou-se o difusor plástico

no centro da placa, de forma que a amostra se distribuiu uniformemente. Realizou-

se o mesmo procedimento para as demais diluições (10-2, 10-3 e 10-4). Em seguida as

placas foram incubadas em estufa a 25ºC ± 2°C por 120 horas.

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Coliformes totais e E. coli

Levantou-se filme superior da placa Petrifilm™ específico para coliformes totais

e E. coli e adicionou-se 1 mL da diluição 10-1 no centro do filme inferior, deixando-se

o filme superior cair sobre a diluição inoculada. Posicionou-se o difusor plástico no

centro da placa, de forma que a amostra se distribuiu uniformemente. Realizou-se o

mesmo procedimento para as demais diluições (10-2, 10-3 e 10-4). Em seguida as

placas foram incubadas em estufa a 35°C ± 1°C por 24h ± 2h para contagem de

coliformes totais e por 48h ± 2h a 45°C ± 1°C para contagem de E. coli.

Salmonela sp

Na determinação e pesquisa de Salmonella sp foi utilizado meio cromogênico

composto por 5 mL de Propilenoglicol, 2,67g de Ágar Rambach Diferencial e 62,5mL

de Água Estéril, sendo os componentes homogeneizados e agitados até a fervura

para completa dissolução do meio. Logo após resfriamento a 50°C foram

distribuídas em placas Petri estéreis e acrescentado 1 mL da amostra, incubadas em

estufa a 37ºC ± 1°C por 48h ± 3h.

Aeróbios mesófilos

Levantou-se filme superior da placa Petrifilm™ específico para aeróbios

mesófilos e adicionou-se 1 mL da diluição 10-1 no centro do filme inferior, deixando-

se o filme superior cair sobre a diluição inoculada. Posicionou-se o difusor plástico

no centro da placa, de forma que a amostra se distribuiu uniformemente. Realizou-

se o mesmo procedimento para as demais diluições (10-2, 10-3 e 10-4). Em seguida as

placas foram incubadas em estufa a 35ºC ± 1°C por 48h ± 3h.

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IDENTIFICAÇÃO E CONTAGEM DE COLÔNIAS

Para identificação da presença de colônias microbiológicas e sua contagem

utilizou-se os procedimentos descritos pela 3M do Brasil. Assim, bolores e leveduras

são identificados na placa apresentando as colônias na cor de tom pálido à azul

esverdeado. Para identificação de coliformes totais, a cor que predomina é o

vermelho e para E. coli colônias com coloração vermelha com alo mais claro. Para

análise de Salmonela sp verificou-se a presença ou ausência através da mudança

de coloração e para identificação de aeróbios mesófilos o seu indicador é a cor

vermelha. Os resultados foram expressos em média das análises em UFC/g.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 mostra os valores obtidos de acordo marca e sabor referentes às

contagens de coliformes totais e E. coli, aeróbicos mesófilos, contagem para bolores

e leveduras, bem como valores referentes à ausência ou presença de Salmonella sp

em 25g de amostra.

Tabela 1 – Valores microbiológicos (UFC/g) obtidos de polpas de frutas de três marcas comercializadas em Vitória da Conquista-BA

MARCAS SABORESBolores e Leveduras

Coliformes Totais

Escherichia coli

Salmonela sp

Aeróbicos Mesófilos

AAcerola Aus Aus Aus Aus 1.101

Manga 1.102 Aus Aus Aus 4.101

Maracujá 5.101 Aus Aus Aus 3.101

BAcerola 1,4.104 Aus Aus Aus 1,1.104

Manga 1.101 Aus Aus Aus 1.102

Maracujá 1,1.102 Aus Aus Aus 4,1.104

CAcerola 5.101 Aus Aus Aus 3.101

Manga 6.104 Aus Aus Aus 1.102

Maracujá 5.102 Aus Aus Aus 1,1.102

Aus = Ausente

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Os resultados obtidos nas contagens de bolores e leveduras (25ºC)

demonstraram que apenas 2 amostras (22,2%), sendo uma da marca B (acerola) e

uma da marca C (manga) apresentaram resultados acima dos estabelecidos pela

legislação vigente, 1,4.104 e 6.104 respectivamente, sendo que a marca A (acerola)

apresentou resultado negativo para estes microrganismos. A Instrução Normativa n°

01/2000, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), estabelece

limite máximo de 2.103 UFC.g-1 para polpa conservada quimicamente e/ou que

sofreu tratamento térmico e 5.10³ UFC.g-1 para polpas in natura.

Souza, et al. (2011) analisaram polpas in natura produzidas no município de

Russas-CE, as quais apresentaram 100% de contaminação por bolores e leveduras,

variando de 1,3.102 até 7,6.104 UFC.g-1, sendo que 50% não se enquadraram nos

padrões estabelecidos pela legislação supracitada, o que pode colocar em risco a

saúde do consumidor, pois além de estarem associados à deterioração, reduzindo a

vida de prateleira desses produtos, muitos gêneros destes microrganismos são

potencialmente produtores de micotoxinas, consideradas carcinogênicas (PEREIRA;

SANTOS, 2011), as quais são termorresistentes e capazes de resistir a diversos

procedimentos para sua eliminação (MOURA et al., 2014).

Não foram identificados coliformes totais e E. coli nas amostras analisadas,

mostrando resultado muito próximo ao encontrado por Dantas et al. (2012) em

quatro marcas de polpas de frutas comercializadas na cidade de Campina Grande-

PB, o qual encontrou apenas em uma das dezenove amostras analisadas, valor de

3,6 NMP.g-1 de E. coli estando, portanto, acima dos padrões estabelecidos pela RDC

nº 12/2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que estabelece o

limite máximo de 102 NMP.g-1 para contagem de E. coli em polpas com ou sem

tratamento térmico. Estes microrganismos têm como habitat natural o intestino

humano ou de animais de sangue quente e sua presença em alimentos indica

provável contaminação por fezes, que quando ingeridos, podem causar intoxicação

alimentar por atuarem destruindo a flora intestinal através da ação das suas

enterotoxinas, ocasionando sintomas como diarréia, vômito, cólicas abdominais,

náuseas, sudorese e cefaléia (DA SILVA et al., 2014).

À análise de presença ou ausência de Salmonella sp em 25g de amostra,

como estabelece a RDC nº 12/2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), obtiveram resultados satisfatórios, os quais detectaram ausência em

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100% das amostras analisadas, resultados semelhantes aos de Santos e

Nascimento (2014) ao analisarem cinquenta e três amostras de polpas de frutas

regionais comercializadas nas feiras de São Luís - MA, observaram que nenhuma

delas apresentaram contaminação por Salmonella sp, uma bactéria causadora de

doenças através da ingestão de alimentos contaminados, no qual indivíduos

portadores contaminam o ambiente através das fezes. Seus sintomas mais comuns

são diarréia, cólica abdominal, febre e vômito. Para se evitar a contaminação é

necessário procedimentos de boas práticas de higienização, portanto sua ausência

indica condições higiênico-sanitárias satisfatórias (BRUM et al., 2014).

Para melhor apreciação da carga microbiana das amostras, devem ser

realizadas determinações de bactérias mesófilas. Apesar da legislação atual não

utilizar esse critério para reprovar o consumo da polpa de frutas, estas são

comumente indicativas da qualidade sanitária dos alimentos. Aos resultados

apresentaram uma variação entre 1.101 e 4,1.104 UFC.g-1, sendo que as marcas A e

C apresentaram valores baixos se comparados aos sabores acerola e maracujá da

marca B, sendo 1,1.104 e 4,1.104 UFC.g-1, respectivamente, contudo, são valores

considerados apropriados para o consumo, visto que Franco et al. (2005) sugere ser

aceitável uma contagem até 106 UFC.g-1 para aeróbicos mesófilos. Resultados

similares foram encontrados por Faria, et al. (2012), ao analisarem 36 amostras de

polpas de açaí congeladas, comercializadas no município de Pouso Alegre-MG,

onde constataram valores entre 3.101 e 3,3.104 UFC.g-1. Em estudo realizado por

Silva e Silva (2012), intitulado Qualidade da Polpa Congelada de Mangaba

Comercializada em Aracaju-SE, todas as amostras apresentaram altas contagens de

bactérias aeróbias mesófilas, sendo essas entre 104 e 105 UFC.g-1. Apesar de serem

considerados toleráveis esses valores, um número muito elevado desses

microrganismos pode implicar em riscos à saúde, pois pode haver, dentre estes,

bactérias causadoras de patologias. Isso mostra que a legislação brasileira (RDC nº

12, ANVISA, 2001) deve ser revisada no intuito de também avaliar os produtos em

relação aos aeróbicos mesófilos, uma vez que estes microrganismos são de grande

relevância para garantia da segurança alimentar.

No caso das polpas analisadas todas foram submetidas ao processo de

pasteurização, um tipo de tratamento térmico capaz de conservar as polpas de

frutas por inativação enzimática e destruição de microrganismos termosensíveis,

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utilizando temperaturas de até 100ºC, podendo ser empregado por pequenas

unidades de processamento para eliminar microrganismos e prolongar a vida útil dos

alimentos (BASTOS et al., 2008), porém, falha nesse procedimento pode ter sido

causa de valores microbiológicos acima dos estabelecidos para bolores e leveduras

no produto final em duas amostras analisadas, sendo uma da marca B (acerola) e

uma da marca C (manga), não descartando também a possibilidade de

contaminação pós-pasteurização.

CONCLUSÃO

De forma geral, as polpas de frutas congeladas das três marcas

comercializadas na cidade de Vitória da Conquista – BA apresentaram valores

satisfatórios quanto aos padrões microbiológicos coliformes totais e E. coli,

Salmonela sp e aeróbicos mesófilos. No entanto, a constatação de bolores e

leveduras em duas amostras de diferentes marcas, remete à necessidade de um

controle mais rigoroso no processo de fabricação, pois falhas nesse processo

refletem na qualidade do produto final, podendo colocar em risco a saúde do

consumidor.

Por outro lado, de certa forma, pôde-se notar que as empresas têm se

preocupado com melhorias nas boas práticas de fabricação, buscando atender as

exigências da legislação vigente. Mesmo assim, o incentivo às boas práticas

higiênico-sanitárias a fim de minimizar ou até mesmo evitar falhas no processo de

produção, é de fundamental importância para redução da incidência de patologias

causadas pela ingestão de alimentos contaminados, elevando o tempo de

conservação do produto final, refletindo no aumento dos lucros a nível de empresas

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Page 16: TCC Polpa de Frutas

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3M DO BRASIL LTDA. Produtos Microbiológicos. Placa 3MTM PetrifilmTM® Guia de interpretação para contagem de Leveduras e Bolores. Folheto de Instrução de uso. Brasil, 2011. Disponível em:< http://multimedia.3m.com/mws/media/587518O/guia-interpretacao-petrifilm-bolores.pdf?fn=GuiaPetriLeveduraBolorYM.pdf> acesso em 05 de maio de 2015.

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