TCC Pessoas Terminais de Câncer

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA UNISUL CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA COMUNICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE CÂNCER: PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS UTILIZADOS PELO MÉDICO PARA INFORMÁ-LO AO PACIENTE DE ACORDO COM A LITERATURA EXISTENTE ZENHA REGINA KÜSTER PALHOÇA 2010

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

COMUNICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE CÂNCER:

PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS UTILIZADOS PELO MÉDICO

PARA INFORMÁ-LO AO PACIENTE DE ACORDO COM A

LITERATURA EXISTENTE

ZENHA REGINA KÜSTER

PALHOÇA

2010

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ZENHA REGINA KÜSTER

COMUNICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE CÂNCER: PROCEDIMENTOS E

CRITÉRIOS UTILIZADOS PELO MÉDICO PARA INFORMÁ-LO AO

PACIENTE DE ACORDO COM A LITERATURA EXISTENTE

Relatório de pesquisa

apresentado na disciplina de

Trabalho de Conclusão de Curso

II, como requisito parcial para

obtenção de título de psicólogo.

ORIENTADOR: REGINA INGRID BRAGAGNOLO

PALHOÇA

2010

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ZENHA REGINA KÜSTER

Este trabalho de curso foi ju lgado adequado à obtenção

do título de Psicologia e aprovado em sua forma final

pelo Curso de Psicologia da Universidade do Sul de

Santa Catarina.

Palhoça, 29 de outubro de 2010

_____________________________________________ Professora e Orientadora: Regina Ingrid Bragagnolo

Universidade do Sul de Santa Catarina

_____________________________________________

Professor Leandro Castro Oltramari, Dr.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_____________________________________________

Professor Gabriel Gomes de Luca Doutorando em Psicologia UFSC

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RESUMO

Este trabalho nos remete as publicações de estudos cientificos existentes referentes ao diagnóstico de câncer. Tem como objetivo saber sobre a comunicação do diagnóstico de

câncer. Se o procedimento utilizado pelos médicos é de sempre informar ao paciente o diagnóstico de câncer, e saber quais os critérios utilizados para essa comunicação. Se é de

acordo com a avaliação que o mesmo tem do paciente ou segue um padrão determinado no „Código de Ética‟ para a comunicação do diagnóstico ao paciente. Utilizou-se de princípios básicos para a revisão teórica; como a discussão referente a origem do câncer, a definição do

câncer, se provoca dor, sofrimento, se há tratamento, se tem cura e se há como preveni- lo, sendo esses fatores relevante para a comunicação; e também para a identificação de

parâmetros necessários para a construção de uma estratégia para a seleção dos artigos. É classificado como uma pesquisa bibliográfica, realizada através de fonte virtual, onde as bases de dados cientificas foram o caminho escolhido na busca por publicações a respeito da

pesquisa, o qual foram selecionados seis publicações referentes a comunicação do diagnóstico de câncer ao paciente, para a coleta de dados. Utilizou-se o protocolo de registros para o

registro das informações referentes aos objetivos específicos e para a sistematização e análise das categorias (para quem é comunicado; a forma, quem comunica, o local, a duração, quanto, quando é comunicado; a linguagem utilizada para comunicação) a posteriori, descrita por

Bardin (1978) como perspectiva da análise do conteúdo. As publicações selecionadas nem sempre concordam entre si, pois sempre há ressalvas a respeito de que se deve ser sempre

comunicado o diagnóstico ao paciente ou mesmo se o assunto discutido na categoria esta sendo abordado nas publicações. Mas também saber se seus procedimentos, critérios ou estratégias utilizados pelos médicos estão direcionados somente em preservar e proteger o

paciente ou também a eles próprios, para informar ou não o diagnóstico aos pacientes.

Palavras-chave: Câncer. Diagnóstico. Comunicação. Informação.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Site da Unisul – www.inf.unisul.br/~psicologia................................................................ . 30

Figura 2. Site Scielo – www.scielo.br.................................................................................................. .... 31

Figura 3. Site Domínio Público – www.dominiopublico.gov.br ..................................................... 32

Figura 4. Site BVS - em saúde – www.bvs.br ou

http://regional.bvsalud.org/php/index.php ............................................................... ................................ 33

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Sistematização das categorias em relação as estratégias de comunicação............ 36

Quadro 2. Sistematização das categorias em relação as características do sujeito................. 38

Quadro 3. Sistematização das categorias em relação as características da doença................ 38

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LISTA DE TABELAS

Tabela A. Relação dos artigos – 1........................................................................................... 28

Tabela B. Relação dos artigos – 2........................................................................................... 28

Tabela 1. Estratégias de comunicação do diagnóstico........................................................... 34

Tabela 2. Incidências relativas ao sexo, idade e escolaridade................................................ 35

Tabela 3. Incidências do tipo de câncer e evolução da doença no diagnóstico...................... 35

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LISTA DE RESUMOS

Resumo 1. GOMES, Cláudio Henrique Rebello; SILVA, Patrícia Veloso; MOTA, Fernando

Freitas....................................................................................................................................... 68

Resumo 2. NUNES, Jossiane.................................................................................................. 69

Resumo 3. OLIVEIRA, Luisa Todeschini Pereira.................................................................. 70

Resumo 4. PEREIRA, Carolina Rebello................................................................................. 71

Resumo 5. SILVA, Valéria Costa Evangelista; ZAGO, Márcia Maria Fontão...................... 72

Resumo 6. TRINDADE, Etelvino de Souza; AZAMBUJA, Letícia Erig Osório de;

ANDRADE, Jeison Pábulo; GARRAFA, Volnei.................................................................... 73

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DA PESQUISA....................................................................................... 11

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 12

1.2. OBJETIVOS..................................................................................................................... 18

1.2.1. OBJETIVO GERAL...................................................................................................... 18

1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................................... 18

2. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................................ 19

2.1. Origem e definição do câncer e tipos tratamentos............................................................ 19

2.1.2. Dor e sofrimento provocados pelo câncer...................................................................... 21

2.1.3. Cura e prevenção do câncer........................................................................................... 23

3. MÉTODO............................................................................................................................. 27

3.1. Caracterização da pesquisa............................................................................................... 27

3.2. Fontes dos dados............................................................................................................... 27

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3.3. Critérios e procedimento de coleta de dados..................................................................... 29

3.4. Sistematização e análise dos dados................................................................................... 36

4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE................................................................................................. 39

4.1. Estratégias de comunicação do diagnóstico...................................................................... 39

4.2. Informações às caracteristicas do paciente relativas ao sexo, idade, escolaridade.......... 57

4.3. Incidência do tipo de câncer e evolução da doença no diagnóstico.................................. 60

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 61

6. BIBLIOGRAFIA................................................................................................................. 65

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APRESENTAÇÃO DA PESQUISA

Nesta pesquisa foi investigado os procedimentos médicos, quando após a verificação

da presença do câncer, o paciente deverá ser informado sobre o diagnóstico dessa doença,

sendo isto responsabilidade do médico. Portanto, a intenção foi sistematizar através da

pesquisa bibliográfica como o médico informa ao paciente tal diagnóstico.

Esta pesquisa tem como objetivo discutir como é tratada pelos médicos a

comunicação, transmissão do diagnóstico clínico oncológico ao paciente. Foi verificado por

meio da pesquisa bibliográfica se é dado o diagnóstico, o porquê é dado este diagnóstico, se

está relacionado ao sexo, idade, escolaridade, tipo de câncer, grau de evolução da doença ou a

existência de tratamento. A relação médico/paciente foi discutida, focalizando assim o

método, onde utiliza-se não só de informações sobre o diagnóstico mas também de fatores que

influênciam a comunicação do mesmo, como tratamentos, a presença da família, as leis

vigentes a respeito do que se deve informar ou não ao paciente sobre o diagnóstico de câncer.

Este relatório refere-se ao Trabalho de Conclusão de Curso II, do Curso de

Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul. Serão apresentados neste

trabalho os objetivos de estudo da pesquisa, o desenvolvimento da fundamentação teórica, a

análise dos dados coletados assim como o método utilizado, envolvendo levantamento

bibliográfico, o levantamento dos dados, a conclusão e as referências bibliográficas.

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1. INTRODUÇÃO

É importante salientar que primeiro diagnosticar o câncer, e depois fornecer o

diagnóstico médico, influi no encaminhamento e definição do tratamento, pois, deve contar

com a participação e cooperação dos envolvidos, não somente do quadro médico, como

também do paciente e seus familiares. A urgência do tratamento é fundamental, levando-se

em conta que o câncer em sua fase inicial tem mais probabilidade de cura.

O câncer ocupa atualmente a segunda posição das doenças que mais matam no

Brasil, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares, a estimativa foi de 127.000 óbitos

dos 400.000 novos casos existentes. Nos EUA esses índices são ainda maiores, a estimativa

foi de 563.700 óbitos dos 1.368.000 novos casos existentes no ano de 2004. (DINIZ et al

2006, p. 298).

O diagnóstico oncológico no inicio do século XX, indicava que o paciente estava

perto da morte e sem muitas possibilidades de cura. Pois, o câncer era visto como um estigma

de dor, sofrimento e morte, mencionado por Carvalho (1994). Evidênciado também por

Cassorla (1991 apud SCHILLINGS, 1995 p. 4) onde, “muitas pessoas nem sequer

pronunciam seu nome numa espécie de negação mágica de denúncia ao horror que ele

desperta”. Mas, com o avanço da medicina e, com o advento da tecnologia é possível dizer

que o câncer é tratável em grande parte dos casos. E principalmente curável quando detectado

no início, sendo tratado medicamentosamente ou cirurgicamente de acordo com Gimenes

(1994) e acrescenta que esse avanço determinado pelas pesquisas na criações de novos

tratamentos em casos terminais prolongam a vida dos pacientes e/ou proporcionam uma

melhora em sua qualidade de vida.

Os progressos no campo científico somam-se as novas atitudes dos médicos, dos

grupos de apoio, dos parentes e dos próprios pacientes, que podem obter informações

atualizadas e de qualidade sobre o mal que os aflige. Onde Oliveira et al (2004) em seu estudo

com crianças portadoras de doenças crônicas incluindo o câncer, discute aspectos da

comunicação entre médico-paciente. Informa que antigamente os médicos dispunham apenas

da comunicação verbal que era indispensável para informar o diagnóstico ao paciente e que

hoje a tecnologia utilizada no campo científico veio complementar essa comunicação e

facilitar o acesso à informação. E Costa Junior/Coutinho (1998) em seu texto descritivo a

respeito das atividades desenvolvidas por profissionais e pesquisadores em Psicologia no

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Hospital de Apoio de Brasília na unidade Onco-Hematológica Pediátrica, constata a

importância dos grupos de apoio onde profissionais de diversas áreas trabalham em conjunto

para uma melhor assitência destes pacientes, oferecendo o atendimento médico especializado,

a complementação desse atendimento dando suporte para o tratamento, oferecendo o apoio

necessário em todas as áreas incluindo o atendimento psicológico.

Nas décadas de 70/80 havia pouca compreensão e clareza sobre o câncer. A Ciência

tateava em busca de respostas e tratamentos. Isso mudou consideravelmente, inclusive falar

na doença no singular é uma imprecisão, pois segundo a Organização Mundial da Saúde

(www.saude.gov.br) existem oitocentos e quatro tipos de câncer, identificados e classificados.

Os diagnósticos de câncer tornaram-se mais precisos, as medicações mais eficazes,

potentes e menos nocivas ao organismo do paciente, bem como as técnicas de extração de

tumores menos invasivas e agressivas. Estes avanços aumentaram a sobrevida dos pacientes.

Entretanto a sociedade ainda vê o câncer como uma doença incurável e o paciente sem

estimativa de vida, porém um diagnóstico precoce e preciso pode modificar e pulverizar esse

velho estigma social em torno desse mal (SONTAG, 1994).

Coutinho (2004, p.155-193) nos informa que, no Art. 59 do “Capítulo V –

Relação com Pacientes e Familiares” do Código de Ética Médica, é vedado ao médico: [...] –

“Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e objetivos do

tratamento, salvo quando a comunicação direta ao mesmo possa provocar- lhe dano, devendo,

nesse caso, a comunicação ser feita ao seu responsável legal.” [...] (COUTINHO, 2004, p.

155)e no Art. 60 – “Exagerar a gravidade do diagnóstico ou prognóstico, ou complicar a

terapêutica, ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos

médicos.” (COUTINHO, 2004, p. 161/163). O direito do paciente de saber o diagnóstico é de

fundamental importância mas, a maneira como é dada essa informação e de como é enfatizada

deve ser cuidadosa e dentro dos limites éticos para que a comunicação não possa prejudicar

ainda mais o paciente atrapalhando assim o tratamento do mesmo.

Após verificar e certificar, a presença do câncer, entende-se que é responsabilidade

do médico, assim como sua equipe, incluindo o profissional da Psicologia informar ao

paciente sobre o diagnóstico clínico. Sendo assim, é importante salientar quais os meios,

técnicas, estratégias utilizadas pelos médicos ou profissionais da área, para transmitir ou não

essa informação ao paciente, já que são estes os profissionais que tem contato com pacientes e

familiares no processo de diagnóstico.

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Existem controvérsias entre os profissionais da saúde em relação a fornecer o

diagnóstico de câncer aos seus pacientes. Carvalho (1994), Klüber-Ross (1998) e Kovács

(2002) por exemplo apontam que os pacientes ao saberem do diagnóstico, possam desistir de

viver, pois o câncer ainda é considerado uma doença incurável, terminal. Esse exemplo é um

indicativo do que pode ocorrer em decorrência de um diagnóstico mal transmitido e que não

tenha levado em consideração a importância não só do que é direito do paciente saber mas

também do que é vedado ao médico de informar como foi dito anteriormente.

A informação do diagnóstico implica também nas reações do paciente. Nunes (2006)

discorreu brevemente em sua pesquisa. Onde ao comunicar o diagnóstico o médico pode

deparar-se com o paciente em um dos estágios da doença. Sendo o primeiro a negação e

isolamento, não importando a forma como é informado o diagnóstico ao paciente, ele sempre

vai reagir de forma a acreditar que o diagnóstico não é verdadeiro, o segundo a raiva onde a

revolta o ressentimento e a reclamação de tudo e de todos, e ainda se questiona do „por que

eu?‟ esse estágio também pode ocorrer em casos de pacientes que desconheçam seu

diagnóstico. O terceiro a barganha onde negocia fazendo uma relação dos últimos pedidos, no

caso o que gostaria de fazer antes de morrer, esse estágio ocorre também com pacientes que

não sabem o diagnóstico onde barganham com o médico de que seguindo direitinho o

tratamento, estarão curados. O quarto a depressão que esta relacionada ao sentimento de

perda, perda dos sonhos, realizações, que está perdendo tudo que ama. O último estágio da

doença a aceitação onde o paciente encontra-se em um estado de paz e tranquilidade. Tanto a

informação do diagnóstico quanto a não informação podem desencadear sentimentos e

reações inesperadas nos pacientes oncológicos, sendo importantes não só a comunicação do

diagnóstico como também o optar por não comunicar ser avaliado como sendo o melhor a

fazer.

A forma como o diagnóstico é comunicado e a apresentação do resultado deste ao

paciente é relevante, pois disso dependerá a aceitação da doença e as formas de enfrentá- la,

mediante recursos científicos, emocionais e sociais de que dispõe o paciente. Desse modo, a

atitude do médico ao relatar o diagnóstico, poderá trazer ao paciente uma maneira de encarar

a doença como um obstáculo a vencer e o viver cada dia, como se este fosse à realização de

um sonho, aproveitando a vida na sua amplitude. Ou então poderá fazê- lo considerar o

resultado, como uma sentença de pouca estimativa de vida, ou ainda como uma sentença

inapelável de morte, um atestado de óbito. (KOVÁCS, 2002, p. 196)

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Diniz et al (2006, p. 299) em sua pesquisa onde aplicou um questionário com

pacientes oncológicos terminais em cuidados paleativos para avaliar a qualidade de vida e

inventário de depressão. Aponta que “[...] 61,22% dos pacientes não participam da decisão de

parar de tratar a doença com intuito curativo, o que pode refletir a falta de desejo (68,85%) e

capacidade (73,77%) referida por eles de escolher seu esquema terapêutico.” Quanto à

escolha do tratamento a qualidade de vida (45,15%), seguindo pela eficácia do tratamento

(40,32%), são os aspectos considerados mais importantes. Segundo Navari (2000, apud

DINIZ et al, 2006, p. 302) “Muitos pacientes com câncer avançado querem ser tratados

mesmo que a chance de prolongar a vida seja pequena.” Sendo que Voogt (2005, apud DINIZ

et al, 2006, p. 302) completa essa afirmativa de Navari em relação aos pacientes de quererem

prolongar a vida “devido a um desejo do paciente de não desistir ou por um pobre

entendimento de seu prognóstico.”

Dentro do campo científico, é possível dizer que o câncer ainda é um desafio para a

Medicina, assim como para a Psicólogia apesar de todos os avanços nessa área. Pois para a

Medicina, a cura ainda é um mistério, mesmo nos casos onde se caracteriza a cura, o paciente

ainda pode não ser considerado curado, pois a doença pode voltar. E mesmo após o laudo

diagnóstico ser dado como curado, o paciente ainda terá de realizar exames anuais para

verificar se a doença voltou e se voltou para que seja tratada o mais rapidamente possível,

sendo assim não está totalmente livre da doença. É um desafio também para a Psicólogia, pois

segundo Carvalho (2002) podem ser internos da Psico-oncologia, onde Freud mostra que o

psiquico pode ocasionar processos físicos, onde o campo estudado é a Medicina

psicossomática que engloba os aspectos biológicos, psicológicos e soial. Carvalho (2002, p.

151) enfatiza os estudos de Pavlov “mostrando a possibilidade da utilização de

condicionamentos na modificação de determinados comportamentos e estas modificações

podendo ser usadas como forma de tratamento” como também na afirmação de seu campo de

trabalho, pois a atuação do psicólogo ainda é muito limitado e visto dentro da medicina como

desnecessário. Contudo, a vida dos pacientes e seus familiares se tornam mais suave se o

diagnóstico e o tratamento forem acompanhados com a compreensão mais precisa do que e le

acarreta o que dependerá do médico ou da equipe médica, incluindo o psicólogo que está

proporcionando o enfrentamento da doença. Pois a desinformação traz consigo o medo, a

negação da doença, como também poderá afetar o resultado do tratamento, trazendo o

fracasso deste. Assim sendo, pode-se pensar a importância social e científica da problemática,

sobre a qual foi realizada a pesquisa.

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O preparo emocional do paciente para conhecer seu diagnóstico é de muita

importância, pois a base do enfrentamento da doença e, o sucesso do tratamento é decorrente

desse suporte emocional, onde a família, os médicos, e os psicólogos disponibilizam-se a

intervir. Dessa forma, essa pesquisa irá sistematizar através de artigos acadêmicos, a produção

científica a respeito dos procedimentos e critérios que os médicos utilizam para informar o

diagnóstico de câncer ao paciente. Assim a questão norteadora dessa pesquisa de cunho

bibliográfico se refere: Quais os procedimentos e critérios utilizados por médicos para

informar o diagnóstico clínico de câncer?

O ser humano ao nascer já sabe que vai morrer, que a partir do momento que

nasce ja está velho e pronto para a morte. Nunes (2006) enfatiza ainda mais esta certeza onde

todos sabem que irão morrer, que a morte irá acontecer mais cedo ou mais tarde. Embora não

se saiba quando irá acontecer, e ninguém quer saber quando, mas que quanto mais tarde

melhor. A morte é a primeira coisa que o paciente pensa ao receber o diagnóstico de câncer e

se faz refletir diante dessa dessa notícia, pois não sabe-se exatamente quando se vai morrer,

mas que se está bem próximo.

O câncer embora tenha perdido o estigma de morte, ainda é visto como uma

doença maligna, causando ainda um certo pânico quando se desconfia que se esta com essa

doença ou pior ainda quando se comprova a existência dela. Sendo esse tipo de diagnóstico

mal visto pelos pacientes, o impacto causado por ela é muito subjetivo, sendo que muitos

fatores são desencadeados, pois não se estabelece apenas a nível pessoal, desestruturando seu

psicológico, como também de relevância social, onde influi em seu convívio familiar e suas

relação não só de trabalho como suas amizades.

O saber que se tem a doença, nos remete a forma como a mesma foi comunicada

ao paciente, em saber como ele soube a respeito de ser portador dessa doença. Essa questão é

muito importante não só para o paciente como também para tudo e todos que participam da

vida do paciente. A relevância de tal comunicado se faz necessária não só por saber o

diagnóstico mas também por ser informado sobre ela, em saber realmente o que se quer saber

a respeito, como também ser informado de tudo o que ela acarreta. O saber de seu diagnóstico

é um direito seu e um dever do médico comunicar mas como isso esta sendo feito, se

realmente esta sendo comunicado, se esta sendo esclarecedor o comunicado, se o médico esta

preparado para fornecer essa informação ou se não estão sabendo o diagnóstico.

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O câncer pode ser evitado, pode ser tratado, ou mesmo quando não há chances de

viver, ele ainda pode lhe proporcionar uma qualidade de vida que talvez não fosse possível se

não fosse exclarecido a respeito do mesmo.

A importência de se saber o diagnóstico ou não podem desencadear inúmeros

fenômenos, aos quais o paciente não conseguem lidar sozinho. A ajuda de uma equipe

multidisciplinar para o acompanhamento do paciente e sua família faz-se necessário.

Yamaguchi (1994, apud Carvalho 2002) informa que é necessário um psicólogo na equipe de

oncologia, onde na publicação da Portaria nº 3.535 do Ministério da Saúde, publicada no

Diário Oficial da União, em 14/10/1998. Esta portaria determina a presença obrigatória do

psicólogo nos serviços de suporte, como um dos critérios de cadastramento de centros de

atendimento em Oncologia junto ao SUS. Mas não somente os pacientes como também os

profissionais de Saúde que atendem os pacientes oncológicos, responsáveis por tratamentos

invasivos, mutiladores, agressivos, que infringem grande sofrimento e nem sempre levam à

recuperação e cura, também necessitam ajuda psicológica. Pois esses profissionais de Saúde

apresentam, em grande número, um alto nível de estresse. Podemos acrecentar ainda que o

profissional da Psicologia se faz necessário também na formação do médico, pois a maioria

dos médicos ao fornecerem o diagnóstico ao paciente não sentem-se preparados para a

situação.

Carvalho (2002) informa que no Brasil, existe movimento da Psico-Oncologia, onde

os profissionais estão oferecendo atendimento psicossocial grupal em instituições particulares

e oferecendo apoio e desenvolvendo pesquisas em hospitais particulares, governamentais e

universitários. A Psico-Oncologia abrange a área referente a situação do pós diagnóstico,

dando suporte em situações que foram desencadeadas após o diagnóstico, mas em ralação ao

preparo do paciente para receber o diagnóstico e o tratamento juntamente com o preparo do

médico ao informar o diagnóstico também seria extremamente necessário.

O estudioso mulçumano Al-Asfahani escreveu em um de seus livros: “Perguntaram a

uma mãe qual dos filhos que mais amava. Respondeu: o pequenino até que cresça; o enfermo

até que cure; o ausente até que volte.” O que ele poderia perguntar a um médico ao ser

constetado a respeito do diagnóstico de câncer? Se ele está preparado para informar esse tipo

de diagnóstico? Se ele foi preparado para informar esse tipo de diagnóstico? Se ele consegue

transmitir com clareza e se se faz entender a respeito do que esta transmitindo e explicado ao

paciente sobre o diagnóstico de câncer? Será que o médico seria tão objetivo quanto essa mãe

ao ser perguntado a respeito do que seria mais importante para o paciente no momento da

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comunicação? Se teria discernimento em não fazer distinção ou de ter preferência entre seus

pacientes? Qual seria a resposta?

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. OBJETIVO GERAL

- Caracterizar os procedimentos utilizados e os critérios que os médicos observam ao informar

o diagnóstico clínico de câncer aos pacientes portadores dessa doença, a partir de literatura

existente.

1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar em que momento o médico informa e para quem informa o diagnóstico de câncer;

- Identificar os tipos de linguagem (se escrita ou falada, se utiliza de termos técnicos e se

explica ao paciente, e o tempo gasto para informação do diagnóstico) utilizada para informar

o diagnóstico de câncer;

- Determinar a influência da idade, do sexo, da escolaridade na comunicação do diagnóstico

pelo médico ao paciente de câncer;

- Determinar a influência do tipo de câncer, do grau de evolução da doença na comunicação

do diagnóstico pelo médico ao paciente de câncer;

- Determinar a influência em relação a gravidade da doença e a idade do paciente na

comunicação do diagnóstico de câncer;

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- Verificar como esta sendo feita a comunicação do diagnóstico de câncer ao paciente, e

certificar se está sendo feita como deveria ser.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Origem e definição do câncer e tipos de câncer e de tratamentos

Avaliar quais os critérios e procedimentos utilizados por médicos ao indicar o

diagnóstico de câncer envolve em algum grau, caracterizar tal doença, inclusive examinando

sua origem e diferentes definições a respeito dela. Ainda nessa mesma perspectiva é

importante abordar as diferentes formas de tratamento.

Segundo Yamaguchi (1994, p. 21), o câncer se origina “[...] nos genes de uma

única célula, tornando-a capaz de se proliferar até o ponto de formar massa tumoral no local e

a distância. Várias mutações têm que ocorrer na mesma célula para que ela adquira este

fenótipo de malignidade.” O autor ainda complementa que “[...] teoricamente, qualquer célula

do corpo pode se transformar e originar um tumor maligno, o que torna a denominação

„câncer‟ muito genérica e causadora de muitas confusões.”

Schilling (1995) desenvolveu um relatório juntamente com dezenove alunos

iniciantes em pesquisa, a respeito do atendimento oncológico, fazendo um levantamento a

respeito da situação das instituições hospitalares em Florianópolis. Onde cita Wallace (1987,

p. 85 apud SCHILLINGS 1995, p. 3) que remete a outra visão sobre a origem do câncer,

sendo: “a origem do câncer se dá pelo crescimento canceroso de uma única célula que tendo

sofrido uma alteração hereditária, multiplica-se por divisões repetidas e dá origem a bilhões

de células.”

20

Em relação a sua definição o câncer é caracterizado por Sontag (1984, p. 16 apud

SCHILLINGS 1995, p. 3), como “um tumor, uma inchação ou uma protuberância.” Essa

autora aborda a etiologia da palavra que vem do grego – Karkinos, e do latim – câncer, ambos

representado pela figura do caranguejo, inspirado, por “Galeno, pela semelhança entre as

veias intumescidas de um tumor externo e as pernas de um caranguejo,” pelo fato da doença

evoluir através da metástase e ser semelhante aos movimentos dos caranguejos.

Na mesma obra Robbins (1985, p.486 apud SCHILLINGS 1995, p. 3), apresenta

outra definição para o câncer, uma “[...] neoplasia, cujo significado é crescimento novo”.

Neoplasia por sua vez é caracterizada como “uma massa anormal de tecido, cujo crescimento

ultrapassa e se mostra descoordenado com aqueles dos tecidos normais e persiste da mesma

maneira excessiva após a cessação dos estímulos que produziram mudança.”

Uma das características do câncer é citada por Alvarenga et al (2003, p. 168) ao

explicar que as neoplasias são caracterizadas pela hereditariedade e se diferencia das

síndromes genéticas. No entanto ela ressalta que uma “[...] pequena parcela dos cânceres

relatados podem ser considerada parte de uma síndrome de câncer hereditário, pois a maior

parte resulta de defeitos na replicação do DNA, em seus mecanismos de controle ou pela ação

de agentes carcinógenos.”

Carvalho (2000) determina que o câncer é utilizado para descrever um grupo de

doenças caracterizadas pela anormalidade e divisão excessiva da célula. Sendo assim os

diferentes tipos de câncer não têm uma única causa, mas sim uma etiologia multifatorial

segundo Hugues (1987 apud CARVALHO, 2002). E Carvalho (2000) cita alguns tipos de

câncer como o carcioma que surge nos tecidos epiteliais, e quando ocorrem nos ossos é

caracterizado como sarcoma; quando origina-se na pele é o melanona; na medúla óssea, no

sangue é leucemia como alguns dos muitos exemplos da variedade dos cânceres.´

O tratamento segundo Yamaguchi (1994, p. 27) se classifica como primário, antes

do ato cirúrgico ou radioterápico, e adjuvante após a cirurgia para evitar a recidiva ou

metástase e curativo para doenças sensíveis a quimioterapia. Onde de acordo com O Instituto

Nacional do Câncer, informa que a recidiva é quando do reaparecimento de uma doença certo

tempo após a convalescença de um primeiro acontecimento, isso pode ocorrer de quatro

meses até 18 anos após o pós-radioterapia e a metástase onde ocorre a migração da doença de

um órgão a outro a que não está diretamente ligado anatomicamente.

O processo do tratamento é um de seus desdobramentos, pois o câncer dispõe de

diversos tratamentos, que vão de cirurgia a métodos menos invasivos cada um destes vão

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depender do avanço da doença. Yamaguchi (1994, p. 25), cita a cirurgia como sendo um dos

tratamentos para o câncer, onde a cirurgia torna-se mais eficaz quando da retirada do órgão ou

somente a região onde o câncer se localiza, pois quanto menor a doença residual mais positivo

o tratamento. A cirurgia também é indicada para cânceres avançados para evitar o

sangramento e obstrução do órgão.

A quimioterapia adquiriu desde a década de 1960 um conceito restritivo para o

tratamento do câncer o uso de substâncias químicas. Mais de 30 drogas são utilizadas no

combate, na prevenção de recidiva, na diminuição da proliferação celular e na cura

(YAMAGUCHI, 1994, p. 27).

A radioterapia é utilizada para o tratamento local do câncer, embora afete outros

órgãos vizinhos e causando efeitos colaterais, como enjoos, fraqueza, vômitos. Em alguns

casos utilizam-se implantes radioativos denominados braquiterapia, para aumentar a radiação

local e aumentar também as chances de cura, pode ser feita através de aparelhos

computadorizados (YAMAGUCHI, 1994, p.25).

Mas segundo os autores Trichopoulos, Li, & Hunter (1996 apud CARVALHO,

2002) “para que a doença ocorra, parece ser necessária uma operação conjunta de vários

fatores tais como, a predisposição genética, a exposição a fatores ambientais de risco, o

contágio por determinados vírus, o uso do cigarro, a ingestão de substâncias alimentícias

cancerígenas, e muitos outros.”

No que diz respeito as causas do câncer a médica Yamaguchi (1994) faz uma

leitura onde elucida que as causas do câncer podem ser psicossomáticas. Segundo ela, o

organismo humano está em perfeita sintonia, e cada parte desse organismo é responsável por

mantê- los saudáveis. O sistema imunológico é o responsável pelas defesas do nosso

organismo. As células de defesa do organismo estão presentes em todos os órgãos e tecidos.

Diariamente um “batalhão” dessas células atua na defesa do nosso organismo e além delas,

substâncias produzidas por elas aumentam as defesas do organismo. Todo o sistema interage

com o sistema neuroendócrino, fazendo com que um interfira no outro. A tensão, o

nervosismo, a depressão, o cansaço físico podem alterar o sistema imunológico. Quando as

defesas estão baixas surgem infecções de variados tipos, inclusive os tumores. A autora indica

que células cancerígenas sempre estão sendo combatidas no organismo e quando o sistema

imunológico sofre uma depressão, o câncer tende aparecer. (YAMAGUCHI, 1994, p. 28).

Evidenciando a relação entre aspectos psicossómaticos e o desenvolvimento do câncer.

22

2.2. Dor e sofrimento provocados pelo câncer

Os tratamentos de cânceres, que causam mal estar, dor e sofrimento levam os

pacientes a considerar esses mecanismos como parte do seu sofrimento. Menossi/Lima (2000,

p. 46) citam alguns trabalhos que identificam causas e os mecanismos de controle da dor no

câncer.

Menosse/Lima (2000) realizaram um estudo com entrevistas para identificar as

causas do sofrimento em adolescentes causados pelo câncer. Onde destaca Murad (1991);

Gouveia filho (1992); Gadelha, (1992); Miaskowski, (s.d., apud MENOSSI/LIMA, 2000, p.

46) que aborda a dor crônica independente da causa enfatizando o tratamento farmacológico.

Girard, s.d; Miaskowski, (s.d., apud MENOSSI/LIMA, 2000, p. 46) salienta a importância de

não usar o tratamento farmacológico e sim um tratamento visando o conforto e bem estar do

paciente, como a terapias naturais e técnicas psicológicas.

Dupas (1997, apud MENOSSI/LIMA, 2000, p. 46) indica que para saber o que

causa dor e sofrimento e o grau que estes se apresentam, ninguém melhor que a própria

criança ou adolescente. Menossi/Lima (2000, p. 46,49) compartilham com Dupas (1997), que

anos convivendo com crianças e adolescentes com câncer perceberam que eles vivenciam o

sofrimento de forma distinta, que o que é problema e sofrimento para os profissionais da

saúde ou para seus pais, que se preocupam com a perda, morte, é totalmente diferente para

eles, onde a medicação é o que mais incomoda, e que deve-se repensar, refletir a respeito do

cuidado médico para estabelecer a relação de ajuda mútua. As frases de alguns adolescentes

submetidos a terapêuticas agressivas e que as relacionam como parte de seu sofrimento:

"O que eu acho ruim quando eu fico internado para a quimio, é o estômago que fica

doendo, enjoado" (E. 1). "As injeções, a dor das picadas, da intra-tecal, punção de

medula óssea [...] e agora o médico falou que eu não posso comer fruta sem ser

cozida, também eu to achando ruim [...]" (E. 3). "Ruim é ter que ficar tomando

remédio todo dia [...] “eu não gosto do Bactrim e também tomar in jeção” (E 11)”.

(MENOSSI/LIMA, 2000, p. 49)

Durante o tratamento do câncer, existem fatores como preconceito, que agravam

ainda mais a vida dos doentes, principalmente das crianças e adolescentes. Na pesquisa

23

realizada por Menossi/Lima (2000, p. 49,50), relacionada à percepção de adolescentes acerca

do câncer, ele relatou a frase de um adolescente em que sua auto- imagem é utilizada como

forma de discriminá- lo: "[...] tenho que usar máscara, chapéu, por causa da queda de cabelo.

[...] muitas pessoas já riram de mim e da F. porque a gente usa máscara, é careca, é diferente"

(E. 9). Os adolescentes já sofrem com as mudanças provocadas pela adolescência, como o

surgimento de pêlos, mudança de voz, o crescimento dos seios. Nos adolescentes com câncer,

além dessas mudanças, eles têm que lidar com os efeitos colaterais do tratamento como a perda

de cabelos e o uso de máscaras e esses fatores visíveis despertam a curiosidade das pessoas,

que demonstram certo preconceito em suas atitudes, o que incomoda e acentua ainda mais os

sentimentos de isolamento do adolescente.

A dor é uma sensação individual emocional desagradável e consiste em respostas

fisiológicas que desencadeiam comportamentos específicos que estão diretamente ligados a

fatores relacionados aos nossos sentidos, onde o relato da mesma só pode ser feito por quem a

sente. (GIRARD, s.d.; Mc GRATH, 1990; PIMENTA, 1995; ROSSATO, 1997, apud

MENOSSI/LIMA, 2000, p. 46). Sendo assim não há como determinar o sentimento da dor,

pois ela é pessoal e intransferivel, sendo difícil expressar de forma compreensível e em

palavras o que realmente está acontecendo, pois é algo que não é visível e também não tem

como ser detectado de forma concreta, a não ser pelo sofrimento psiquico que cada pessoa

apresenta.

2.3. Cura e prevenção do câncer

O câncer implica em diversos fatores para a sua cura, desde a descoberta até o

tratamento e isso influencia um conjunto de fatores que devem ser levados em consideração

para a cura.

De acordo com Gimenes (1994, p. 38) na década de 50, por exemplo, quando não

havia tecnologia suficiente para o tratamento do câncer, foi alcançada a primeira cura com um

único agente quimioterápico, sendo o diagnóstico um coriocarcinoma. Essa cura segundo o

mesmo autor foi devida a detecção precoce do câncer que é o maior responsável pela

sobrevivência de pacientes nos EUA, do que aos avanços médicos e farmacológicos. Essa

detecção precoce do câncer não depende apenas dos métodos diagnósticos, mas do

24

comportamento do indivíduo que busca a detecção da doença. Surgindo assim o relevante

fator da identificação da doença, onde uns indivíduos reconhecem antes de outros, sendo esses

fatores relacionados a características psicológicas e sociais de cada pessoa.

Diniz et al (2006, p. 302), aponta que a cura do câncer nem sempre é possível.

Com isso o tratamento paliativo tem sido o procedimento para melhorar a qualidade de vida

dos pacientes, amenizando assim a dor e o desenvolvimento de outras patologias como a

depressão. A depressão em geral é desencadeada em pacientes terminais. Mas pode ser

desencadeadas também em pacientes que desconheçam seu diagnóstico, que não se

submeteram ao tratamento cirúrgico, e estão internados, favorecendo níveis mais altos de

depressão.

A Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde (BRASIL, 2006) é citada por Nunes

(2006, p. 13) e nos remete aos direitos dos cidadãos. É direito dos cidadãos, terem

atendimento resolutivo com qualidade, em função da natureza do agravo, com garantia de

continuidade da atenção, sempre que necessário, tendo garantidos: [...] II. Informações sobre

o seu estado de saúde, extensivas aos seus familiares e/ou acompanhantes, de maneira clara,

objetiva, respeitosa, compreensível e adaptada à condição cultural, respeitados os limites

éticos por parte da equipe de saúde sobre, entre outras: hipóteses diagnósticas; diagnósticos

confirmados; (BRASIL, 2006, p. 3).

Nunes (2006 p. 15) cita a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde (BRASIL,

2006) onde consta que:

“O respeito à cidadania no Sistema de Saúde deve ainda observar

os seguintes direitos: [...] V. Consentimento ou recusa de forma livre,

voluntária e esclarecida, depois de adequada informação, a quaisquer

procedimentos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos, salvo se isso

acarretar risco à saúde pública. O consentimento ou a recusa dado

anteriormente poderão ser revogados a qualquer ins tante, por decisão

liv re e esclarecida, sem que lhe sejam imputadas sanções morais,

administrativas ou legais. (BRASIL, 2006, p. 6).”

Nos dispositivos legais consultados – Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde

(BRASIL, 2006), Código de Ética Médica (COUTINHO, 2004) e Estatuto da Criança e do

Adolescente (BRASIL, 1990) – não há informações específicas sobre como deve ser o

procedimento de comunicação do diagnóstico em casos de crianças e adolescentes. Contudo,

o Código de Ética Médica, no “Capítulo IX – Segredo Médico” (COUTINHO, 2004, p. 233-

249, apud NUNES, 2006, p. 30), explicita que é vedado ao médico: Art. 103. Revelar segredo

25

profissional referente à paciente menor de idade, inclusive a seus pais e responsáveis legais,

desde que o menor tenha capacidade de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus

próprios meios para solucioná- lo, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao

paciente. (COUTINHO, 2004, p. 238, apud NUNES, 2006, p.30).

O “Código de Ética Comentado” (COUTINHO, 2004, p. 238-240, apud NUNES,

2006, p. 30-31) escrito por Coutinho (2004) afirma que este artigo (Art. 103, Cap. IX _

Segredo Médico) é incompleto, principalmente por não explicitar a pacientes de que faixa

etária esse se refere. Não estão bem definidas também quais informações se configurariam

como “segredo médico”. Põe-se aí, novamente, sob a responsabilidade do médico, avaliar este

menor como tendo a capacidade ou não de “avaliar seu problema” e se essa “não revelação”

causará dano ou não ao mesmo. Baseados nas afirmações e reflexões feitas anteriormente

sobre a importância de se comunicar o diagnóstico, consideramos que os menores de idade

deveriam ser cientificados de alguma forma sobre sua doença e de seu estado terminal –

forma esta que levasse em consideração sua capacidade de compreensão. (NUNES, 2006, p.

30)

Nunes (2006, p. 33-34) indica abaixo de acordo com Carta dos Direitos dos

Usuários da Saúde (BRASIL, 2006) as informações a que o paciente deveria ter acesso,

afirmando que este tem o direito de receber – além das hipóteses diagnósticas e dos

diagnósticos confirmados:

c) exames solicitados; d) objetivos dos procedimentos diagnósticos, cirúrg icos,

preventivos ou terapêuticos; e) riscos, benefícios e inconvenientes das medidas

diagnósticas e terapêuticas propostas; f) duração prevista do tratamento proposto; g)

no caso de procedimentos diagnósticos e terapêuticos invasivos ou cirúrgicos, a

necessidade ou não de anestesia e seu tipo e duração, partes do corpo afetadas pelos

procedimentos, instrumental a serem utilizados, efeitos colaterais, riscos ou

conseqüências indesejáveis, duração prevista dos procedimentos e tempo de

recuperação; h) finalidade dos materiais coletados para exames; i) evolução provável

do problema de saúde; j) informações sobre o custo das intervenções das quais se

beneficiou o usuário. (BRASIL, 2006, p. 3, apud NUNES, 2006, p. 34).

O diretio do paciente esta regulamentado não somente na Carta dos Direitos do

Usuário da Saúde, como também no Código de Ética Médico, sendo seus direitos assegurados

pelas leis vigentes no país. Acima Nunes (2006) informa alguns dos direitos do paciente,

pelos quais o médico deve observar para não só informar como também orientar e

proporcionar um atendimento de qualidade e respeito para com o paciente.

Em relação a prevençao do câncer Carvalho (2002) informa que “atualmente

sabe-se que cerca de 60% das formas de câncer são preveníveis o que torna o trabalho de

26

prevenção de especial importância”. Gimenes (1994) cita alguns cânceres como „evitáveis‟.

Informa que alguns tipos de câncer podem ser previnidos, pois sabe-se o que podem

desencadeá- los, podendo assim evitá- los. Guerra (2005) em seu trabalho de revisão da

literatura a respeito de tipos de câncer, focaliza as pesquisas epidemiológicas que

investigaram os fatores associados ao risco de adoecer por estes cânceres em nosso país.

Tanto Gimenes (1994) quanto Guerra (2005) dão exemplos de câncer que podem

ser evitados. Nos casos de câncer de pulmão em decorrência do tabaco, que também

influencia na incidência dos cânceres de boca e faringe, laringe e esôfago. Onde também

Yamaguchi (1994) complenta que o cigarro devido aos seus agentes cancerígenos um dos que

mais influenciam a incidência de câncer de colo de útero e mama, sendo tambem a bebida um

coadjuvante em casos de câncer de figado associado à cirose hepática.

Guerra (2005) em seu trabalho relaciona o tipo de câncer de acordo com as

regiões, onde a incidências de cânceres são associadas com hábitos alimentares comuns,

desencadeando cânceres específicos, como no sul do país o consumo de mate muito quente e

de churrasco é risco de câncer de esôfago e consumo diário de carne e baixa ingestão de frutas

é risco de câncer de estômago; e da infecção por HPV que é relacionado a infecção pelo vírus

papilomavírus humano, também é ralcionado com os parceiros sexuais numerosos e também

com o tabagismo embora não regionalizado na pesquisa, representa um grave problema a

nível de América Latina, onde o índice de incidências é o maior do mundo e que pode ser

detectado através do exame colpocitológico (papanicolau).

Tendo em vista o trabalho do psicólogo para auxiliar o médico na transmissão do

diagnóstico, Carvalho (2002) distingue a importância do trabalho psicológico, não só para

facilitat a transmissão do diagnóstico como também de apoio, aconselhamento, reabilitação ou

psicoterapia individual e grupal, a aceitação dos tratamentos, o alívio dos efeitos secundários

destes, a obtenção de uma melhor qualidade de vida e, no paciente terminal, de uma melhor

qualidade de morte e do morrer. Araújo/Arraes (1998) complementam a importância do

psicólogo na cura, onde enfatizam a adaptação psicológica do paciente com a nova rea lidade

onde o ajustamento do mesmo não desenvolva limitações psicossociais, depressões,

ansiedades e baixa auto-estima.

27

3. MÉTODO

3.1. Caracterização da pesquisa

O presente trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica que segundo

Lima/Mioto (2007, p. 38) “implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por

soluções, atento ao objetivo de estudo, e que, por isso, não pode ser aleatório.” Günther (2006,

p. 201) informa que a pesquisa qualitativa é uma ciência baseada em textos, ou seja, a coleta

de dados produz textos que nas diferentes técnicas analíticas são interpretados

hermeneuticamente e aponta a complexidade da pesquisa qualitativa em termos de

pressupostos, coleta, transcrições e análise de dados.

3.2. Fontes dos dados

28

Abaixo estão às pesquisas selecionadas e utilizadas de uma forma sucinta e de

acordo com a pesquisa. As pesquisas estão relacionadas em duas tabelas sendo que na

primeira tabela consta os autorescomo base na sequência dos titulos das publicações onde

consta também a relacão de acordo com a fonte onde foram publicadas; na segunda tabela

estão relacionadas os mesmos autores relacionados com o ano de publicação e em referencia a

área de publicação do documento, juntamente com a base de dados nas quais foram

encontradas.

Os quadros abaixo estão caracterizados por ordem de ano de publicação dos

artigos que foram selecionados para o referido trabalho. Nela constam dois artigos na área de

Psicologia, nos anos de 2006 e 2009. Ambos são Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em

Psicologia, sendo um deles da Unisul e outro de Uberlândia, encontrados no site de Trabalho

de Conclusão de Curso (TCC) da Unisul e outro dentro do site da biblioteca da Unisul na base

de dados do site Domínio Público.

Os outros quatro artigos que foram selecionados são da área da Medicina. Sendo

um no ano de 2005, dois no ano de 2007 e um no ano de 2009, três deles foram publicados em

diferentes revistas, um na revista de enfermagem, outro na revista da associação médica e

outro na revista de câncer e o quarto foi um trabalho de pós-graduação. Dentre eles, dois

trabalhos foram encontrados nas bases de dados do Scielo, um da BVS – em saúde e o outro

do Domínio Público.

TABELA A: RELAÇÃO DOS ARTIGOS 1 AUTORES TITULOS DAS PUBLICAÇÕES NOME FONTE PUBLICAÇÃO

SILVA E ZAGO “A REVELAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE CÂNCER

PARA PROFISSIONAIS E PACIENTES.”

REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM

NUNES, J. “COMUNICAÇÃO DE DIAGNÓSTICO DE

DOENÇA TERMINAL: UMA REVISÃO

BIBLIOGRÁFICA.”

TCC UNISUL PSICOLOGIA

TRINDADE, ET

AL

“O MÉDICO FRENTE AO DIAGNÓSTICO E

PROGNÓSTICO DO CÂNCER AVANÇADO.”

REV. ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA

PEREIRA, C. R. “ATITUDES DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

FRENTE À REVELAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS.”

PÓS-GRADUAÇÃO BOTUCATU/SP

GOMES, ET AL “COMUNICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE

CÂNCER: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

MÉDICO.”

REV. BRASILEIRA DE CANCEROLOGIA

OLIVEIRA, L. T.

P.

“A COMUNICAÇÃO DE UMA MÁ NOTÍCIA: O

DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DE MAMA NA

PERSPECTIVA DE PACIENTES E FAMILIARES.”

TCC UBERLNDIA

Fonte: (Autora 2010)

29

TABELA B: RELAÇÃO DOS ARTIGOS 2 AUTORES ANO PUBLICAÇÃO ÁREA

DOCUMENTO

BAS E DE DADOS

SILVA E ZAGO 2005 MEDICINA SCIELO

NUNES, J. 2006 PSICOLOGIA UNISUL

TRINDADE, ET ALL 2007 MEDICINA SCIELO

PEREIRA, C. R. 2007 MEDICINA DOMÍNIO PÚBLICO

GOMES, SILVA E MOTA 2009 MEDICINA BVS – EM SAÚDE

OLIVEIRA, L. T. P. 2009 PSICOLOGIA DOMÍNIO PÚBLICO

Fonte: (Autora, 2010)

Os critérios utilizados para a seleção das obras foi de acordo com a proposta

apresentada no trabalho. Onde as publicações que tratavam da relação médico-paciente

referentes ao diagnóstico de câncer era explicitado não somente nos títulos das obras como

também determinados no resumo e posteriormente nos trabalhos propriamente ditos. A

distinções entre as obras apresentadas na pesquisa foram fatores relevantes na escolha das

mesmas, pois as obras tratavam do diagnóstico em si, informando a doença caracterizada pelo

tipo de câncer.

3.3. Critérios e procedimento de coleta de dados

Atualmente o ambiente virtual nos possibilita de forma prática, uma troca rápida

de informações e conseqüentemente uma fonte de atualização do saber científico.

A escolha da base de dados virtual foi devido à quantidade de materiais de cunho

cientifico que o mesmo possui. As bases de dados reúnem diversas publicações relacionadas a

diversos periódicos. Todos os artigos disponíveis nessas bases de dados passaram por

processo de avaliação, baseado em critérios adotados nessa pesquisa. Onde os trabalhos que

tratassem de informar o diagnóstico de câncer ao paciente fossem previamente selecionados e

os que somente mencionassem o assunto e/ou informassem apenas o diagnóstico clínico como

o tipo de câncer detectado nos exames diagnósticos,

A busca de referências utilizada em todos os sites dessa pesquisa foi realizada por

meio de digitação das seguintes combinações de palavras: câncer; diagnóstico; comunicação;

informação. Assim sendo, foram reunidos todos os resumos de artigos científicos publicados

30

nas bases de dados que trouxerem a temática da informação do diagnóstico clinico oncológico

ao paciente.

Os critérios de seleção dos artigos foram baseados de acordo com o objetivo geral

da pesquisa, descritos por Lima/Mioto (2007), na descrição dos procedimentos de seleção da

pesquisa bibliográfica. O parâmetro temático desenvolvido através dos descritores;

“diagnóstico”, “câncer”, “comunicação” e “ informação”, foram utilizados para selecionar as

obras existentes a respeito do assunto. O parâmetro cronológico é referente às produções

acadêmicas dos últimos quatro anos (2005-2009).

A pesquisa foi realizada por fonte virtual. O primeiro site a ser selecionado e onde

foi selecionado um dos trabalhos (NUNES, 2006), onde é tratado da comunicação de

diagnóstico de câncer terminal, foi no site da Unisul referente às publicações de Trabalho de

Conclusão de Curso (TCC) em Psicologia (www.inf.unisul.br/~psicologia).

Figura 1: Site Unisul

O site da Unisul (www.unisul.br) foi o caminho de acesso para os demais

trabalhos. Através do ícone da biblioteca, abriu-se uma janela onde aparece o ícone de bases

31

de dados online e que através dele outra janela se abriu caracterizando bases de dados em

texto completo-acesso livre, dando acesso a diversos sites de pesquisa.

O segundo site de pesquisa foi o Scielo (www.scielo.br). Os descritores utilizados

para restringir a pesquisa de acordo com o trabalho proposto na pesquisa, foram: Diagnóstico,

câncer e comunicação. Apareceram dez trabalhos e feito a leitura prévia dos títulos foi

selecionado apenas um (SILVA/ZAGO, 2005) que após a leitura do resumo, onde trata da

revelação do diagnóstico de câncer para profissionais e pacientes, foi escolhido. Nesse mesmo

site outra pesquisa foi feita com os descritores: Diagnóstico, informação e câncer. Nessa

pesquisa apareceram doze e feito a leitura prévia dos títulos foram selecionados dois, sendo

um já escolhido anteriormente (SILVA/ZAGO, 2005) e o outro (TRINDADE et al, 2007),

após leitura do resumo, onde o médico esta colocado frente ao diagnóstico e prognóstico do

câncer, incluído também na pesquisa. Vale ressaltar que os artigos selecionados estão

relacionados ao foco da pesquisa. Portanto os artigos que não estavam de acordo com o

objetivo da pesquisa não foram utilizados.

Figura 2: Site Scielo

32

O terceiro site utilizado foi o Domínio Público (www.dominiopublico.gov.br),

onde a pesquisadora realizou o estudo através do hiper link como determinante da área de

pesquisa. A primeira área informada foi a da Medicina, e utilizando-se dos descritores:

Diagnóstico, câncer e comunicação nenhum resultado foi encontrado, quando colocado

comunicação de câncer também nenhum resultado encontrado e quando colocado câncer

foram encontrados 148 artigos, os quais lendo os títulos e os resumos foi selecionado somente

um (PEREIRA, 2007), onde trata-se das atitudes dos profissionais frente a revelação de más

noticias, foi selecionado para a pesquisa. A outra área informada foi a de Psicologia onde os

descritores utilizados: Diagnóstico, câncer e comunicação não houve nenhum resultado. Outra

pesquisa, ainda dentro da área Psicologia, o descritor utilizado: Comunicação de câncer,

também não houve nenhum resultado; e quando utilizado o descritor: Câncer foram

encontrados 34 artigos onde após ler os títulos e os resumos foi encontrado e selecionado

apenas um (OLIVEIRA, 2009), onde refere-se a comunicação do diagnóstico de câncer de

mama na perspectiva de pacientes e familiares.

Figura 3: Site Domínio Público

33

O quarto e último site BVS – em saúde (www.bvsalud.org.br), os descritores

utilizados foram: Diagnóstico, câncer e comunicação não foram encontrados nenhum artigo e

quando utilizado os descritores: Comunicação e câncer foram encontrados 94 artigos. Após a

leitura prévia dos títulos e posteriores resumos foram selecionados dois (GOMES, et al, 2009)

onde é feito uma análise do comportamento médico frente a comunicação do diagnóstico de

câncer. Os descritores que não foram feitas buscas, mencionados entre um e outro site

também não ocorreu nenhum resultado.

Figura 4: Site BVS – em saúde

Após a seleção do material da pesquisa foi realizado a leitura/releitura, assim

como o registro das informações. Abaixo protocolo de registro, onde o “X” indica os autores

que tratam dos assuntos abordados nas categorias conforme tabelas abaixo.

A tabela acima é de acordo com o objetivo específico referentes a estratégias de

comunicação do diagnóstico, onde de acordo com as categorias foram selecionadas as obras

as quais tratam a respeitos do assunto abordado pela categoria em questão

34

3.3.1. TABELA I: - ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO TRINDADE,

ET AL, 2007

SILVA,

V.;

ZAGO,

M. 2005

NUNES,

J. 2006

OLIVEIRA,

L. T. P. 2009

GOMES,

ET AL,

2009

PEREIRA,

C. R. 2007

Para quem é

comunicado

X

X

X

X

A forma de

revelar

X

Linguagem

médica

X

X

X

X

Quem comunica

o diagnóstico

X

X

X

Local e duração

da comunicação

X

X

X

Quanta

informação

fornecer

X

X

X

Reações à

comunicação

X

X

X

X

Informar ou não

informar o

diagnóstico

X

X

X

Quando

comunicar

X

Comunicação X X

Fonte: (Autora, 2010)

35

Acima na categoria referente „para quem é comunicado o diagnóstico‟, Trindade

et al (2007), Nunes (2006), Gomes et al (2009) e Pereira (2007) abordaram o assunto. Na

categoria „forma de revelar‟ apenas Silva /Zago (2005) comenta o assunto. Na categoria

„linguagem médica‟ o assunto é abordado por Silva/Zago (2005), Nunes (2006), Oliveira

(2009) e Pereira (2007). Na categoria „quem comunica‟ o diagnóstico Silva/Zago (2005),

Oliveira (2009), e Pereira (2007), abordam o assunto. Na categoria „local e duração da

comunicação‟ Silva/Zago (2005), Nunes (2006) e Oliveira (2009), abordam o assunto. Na

categoria „quanta informação fornecer‟ Silva/Zago (2005), Nunes (2006) e Pereira (2007)

abordam o assunto. Na categoria „reação à comunicação‟ Silva/Zago (2005), Nunes (2006),

Oliveira (2009) e Pereira (2007) abordam o assunto. Na categoria „informar ou não informar o

diagnóstico‟ Nunes (2006), Gomes et al (2009) e Pereira (2007) abordam o assunto. Na

categoria „quando comunicar‟ somente Nunes (2006) aborda o assunto. E por último a

categoria „comunicação‟ é abordada por Oliveira (2009) e Gomes et al (2009).

3.3.2. TABELA II: - INCIDÊNCIAS RELATIVAS AO SEXO, IDADE E

ESCOLARIDADE TRINDADE,

ET AL, 2007

SILVA, V.;

ZAGO, M.

2005

NUNES, J.

2006

OLIVEIRA,

L. T. P.

2009

GOMES,

ET AL,

2009

PEREIRA,

C. R. 2007

Idade X X

Cultural X

Fonte: (Autora, 2010)

A tabela acima é de acordo com o objetivo específico incidências relativas ao

sexo, idade e escolaridade, onde de acordo com as categorias foram selecionadas as obras as

quais tratam a respeitos do assunto abordado pela categoria em ques tão. Na categoria

referente a „idade‟ apenas Nunes (2006) e Oliveira (2009) abordam sobre o assunto. Na

categorial „cultural‟ somente Oliveira (2009) aborda o assunto.

3.3.3. TABELA III: - INCIDÊNCIA DO TIPO DE CÂNCER E EVOLUÇÃO DA

DOENÇA NO DIAGNÓSTICO TRINDADE,

ET AL, 2007

SILVA,

V.;

NUNES,

J. 2006

OLIVEIRA,

L. T. P. 2009

GOMES,

ET AL,

PEREIRA,

C. R. 2007

36

ZAGO,

M. 2005

2009

Câncer

Grave/Terminal

X

Fonte: (Autora, 2010)

A tabela acima é de acordo com o objetivo específico referentes a estratégias de

comunicação do diagnóstico, onde de acordo com as categorias foram selecionadas as obras

as quais tratam a respeitos do assunto abordado pela categoria em questão. A categoria em

questão é referente ao „câncer grave/terminal‟ que somente Trindade et al (2007) refes-se a

respeito do assunto.

3.4. Sistematização e análise de dados

As sistematizações das categorias foram feitas através de um protocolo de

registros, onde foram criados três quadros cada um deles orientado pelos objetivos

específicos, sendo assim o primeiro quadro (3.3.1) para o objetivo relacionado às estratégias

de comunicação do diagnóstico; o segundo quadro (3.3.2) para o objetivo que contempla a

incidências das características do sujeito onde trata-se do objetivo específico relativas ao sexo,

idade e escolaridade e o terceiro quadro (3.3.3) trata-se das características da doença onde o

objetivo específico é referente a incidência do tipo de câncer e evolução da doença no

diagnóstico.

Após a sistematização dos dados através do protocolo de resumos, utilizou-se

como procedimento de análise de conteúdo. Essa técnica foi utilizada por Bardin (1987), que

auxilia na construção de categorias a posteriori a partir de uma análise categorial da

freqüência relativa aos conteúdos presentes nos artigos analisados nessa pesquisa. Abaixo

quadros com as categorias que serão descritas no próximo capitulo.

3.4.1. QUADRO I: SISTEMATIZAÇÃO DAS CATEGORIAS EM RELAÇÃO ÀS

ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO CATEGORIAS SUBCATEGORIAS

Para quem é comunicado - pacientes graves;

- família decide;

- discernimento dos médicos;

- pacientes pediátricos e terminais .

Forma de revelar - deve ser clara, compreensiva e suave;

37

- não conseguem se explicar;

- não sabem se o paciente entendeu.

Linguagem médica - termos técnicos;

- impacto emocional no paciente

- clara e objet ivo, lento e em etapas, sintetiza no final;

- falar do tratamento.

- palavras amenas;

- estado geral do paciente;

- estabelece relação com o paciente;

- processo em etapas.

Quem comunica o

diagnóstico

- médico : - dever do médico;

- enfermeiros preferência dos pacientes

Local e duração da da

comunicação

- local quieto, tranqüilo, privado/reservado, confortável, espaço

adequado.

- horário disponível;

- acompanhante;,

- int imidade de um quarto.

Quanta informação fornecer - de acordo com: - capacidade de tolerância psicológica indiv idual;

- condições de vida, nível cultural;

- co laboração da família;

- o que o paciente quer saber;

- vários encontros, pequenas doses, repetidas e quantas vezes forem

necessárias;

- o que pergunta como reage a informação, determina o quanto é dito;

- Carta dos Direitos do Usuário da Saúde:

* quais informações o paciente tem direito de saber:

- exames;

- o diagnóstico;

- procedimentos cirurgicos, preventivos e terapêuticos;

- riscos, beneficios, medidas diagnósticas e terapêuticas;

- duração do tratamento;

- evolução provável do problema;

- informação sobre os custos;

- prováveis mudanças de informações e procedimentos;

- quanto de informação passar;

- clareza, objetivo, respeito, informar de maneira

compeensível;

- de acordo com a idade, sexo e possibilidade de cura.

Reações a comunicação - incertezas, angústias, incredulidade, questionamentos, demora na

aceitação, medo, ansiedade, inquietações;

- respeitar a vontade do cliente – saber ou não seu diagnóstico;

- sua evolução e possíveis tratamentos;

- médico saber ouvir, auxiliar e participar do tratamento;

- depende do modo que é comunicado;

- pacientes: -como demonstram as emoções;

- médicos: - optam pela omissão ou „mentira piedosa‟ para evitar à

depressão ou até mesmo a antecipação a morte;

- dar a notícia também desencadeia a depressão, vindo a aceitação.

Informar ou não informar - Código de ética médico: - omissão contraria, embora é aceita se for

causar dano ao paciente;

- quando o assunto é câncer o dialogo deve ser aberto, devido aos

procedimentos médicos;

- pacientes devem ter acesso a todas as informações;

- paciente informa que mes mo não sendo comunicado, já suspeitava do

câncer;

- os médicos concordam sempre informar;

- „conspiração do silêncio‟ o médico e a família decidem de omitir;

- in formar é um ato de humanidade

- devem auxiliar o paciente, pois emoções podem ser reveladas.

Quando comunicar - ouvir e estar atento sabe-se quando e quanto e se esta preparado pra

38

receber o diagnóstico;

- o paciente procura o médico, a informação buscou antes do médico.

Comunicação - direito legal e moral: - fo rma honesta, linguagem simples e sem

brutalidade, consultas sem interrupções, encorajar sentimentos, evitar

prognósticos definitivos, possibilidade de tratamento, falar primeiro

paciente, contar pessoalmente, contato olho a olho, acolhimento,

simpatia, encorajamento;

- presença de acompanhante, como passar a informação e quem contar

primeiro;

- a congruência: - preparar o paciente para a noticia;

- auxiliar em como passar a notícia;

- satisfação do paciente;

- médicos não especialista omissão;

- não comunicar deveria ser exceção;

- Código de Ét ica - comunica ao responsável, mas não ocorre;

- não comunicar para „preservar o paciente‟;

- proteção do médico – impotente ao curar, inseguro ao orientar e

despreparado ao cuidar, sofre com a família, foge abandonando o

paciente.

Fonte: (Autora, 2010)

3.4.2. QUADRO II – SISTEMATIZAÇÃO DAS CATEGORIAS EM RELAÇÃO AS

CARACTERÍSTICAS DO SUJEITO CATEGORIAS SUBCATEGORIAS

Idade - Código de Ét ica Médico - revelar ao menor (avaliar se é capaz de

entender) e a seus pais; salvo se não revelar causar dano.

- maioria das crianças sabem pelos pais;

- idade fator para informar o diagnóstico.

Cultura - comunicação para o paciente e família;

- opções terapêuticas;

- família não decide – prática é o contrario;

- espera mudanças de atitudes dos médicos, hospitais, consultórios e nas

equipes de saúde.

Fonte: (Autora, 2010)

3.4.3. QUADRO III – SISTEMATIZAÇÃO DAS CATEGORIAS EM RELAÇÃO AS

CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA CATEGORIAS SUBCATEGORIAS

Câncer Grave /Terminal - in formam a gravidade: - informa procedimentos;

- terminal somente a família;

Fonte: (Autora, 2010)

Os quadros acima informam de forma suscinta as características relevantes

encontradas nas publicações selecionadas, que estão disposta em categorias em relação aos

objetivos específicos.

39

4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Esse capítulo é referente à descrição e análise dos dados, conforme foram vistas

anteriormente nas tabelas (3.3.1; 3.3.2 e 3.3.3), organizadas em sessões nas quais estas estão

relacionadas aos objetivos dessa pesquisa, que serão tratados abaixo de acordo com as

categorias desenvolvidas para a compreensão das mesmas.

Estão expostos o que os autores dos artigos selecionados pensam ou pesquisam,

compartilham ou divergem, comentam ou não comentam a respeito do diagnóstico de câncer.

Se utilizam-se de conceitos, técnicas; ou se apenas levam em consideração o que o paciente

quer saber a respeito de sua enfermidade; se ao analisar o paciente verificam se os mesmos

estão preparados ou não para receber a comunicação do diagnóstico de câncer. Ainda é

apresentado se a comunicação do diagnóstico é dada, compartilhada ou omitida aos pacientes,

e se este estudo é conclusivo ou se ainda há dúvidas em relação a essa comunicação em seus

artigos.

Encontraremos abaixo estas discussões descritas através das análises dos artigos

que estão apresentados em tópicos seqüenciais que variam das estratégias de comunicação do

diagnóstico de câncer e das incidências relativas ao sexo, idade, influência cultural,

escolaridade, tipo de câncer e a evolução da doença, se alguns desses fatores são levados em

consideração ou são ponto principal para a comunicação do diagnóstico de câncer. A seguir a

análise das categorias.

4.1. Estratégias de comunicação do diagnóstico

Nessa primeira sessão o foco da discussão é a estratégia utilizada para a

comunicação do diagnóstico. Uma primeira categoria de análise refere-se para quem é

comunicado o diagnóstico.

Das seis publicações analisadas, quatro apresentam essa categoria „para quem é

comunicado o diagnóstico‟. Desses quatro artigos dois, Trindade (2007) e Nunes (2006),

abordam questões relacionadas ao estado do paciente, conforme descrito abaixo.

40

[...] Quando o paciente estiver em estado muito grave, em quadro final, qual é seu

procedimento? – quatro (9,5%) respostas para "informa ser grave, mas que não se

trata de quadro final"; 21 (50%) "in forma a família, que resolverá se deve comunicar

também o paciente; 15 (35,7%) "informa a família e o paciente conjuntamente"; e

duas (4,8%) para "informa somente o paciente, o qual resolverá se deve comunicar à

família". Nesta questão, houve dois médicos que assinalaram duas respostas ao invés

de uma. [...] Se informa somente a família, que deverá decidir os desdobramentos, é

porque – quatro (16%) respostas "sente constrangimento quando necessita dar esse

tipo de notícia ao paciente"; 17 (68%) "o paciente pode piorar ao acrescentar a

angústia ao seu estado já muito grave"; duas (8%) "quem tem que lidar com o

problema, a partir de agora, será a família do paciente"; e duas (8%) "pessoalmente

não tenho mais nada a fazer pelo paciente". Um questionário teve duas respostas

assinaladas. Não responderam 14 (26,9%) médicos. (TRINDADE, ET AL. 2007, p.

69-70)

[...] Quando um paciente está gravemente enfermo, em geral é tratado como alguém

sem direito a opinar. Quase sempre é outra quem decide sobre se, quando e onde um

paciente deverá ser hospitalizado. Custaria tão pouco lembrar-se de que o doente

também tem sentimentos, desejos, opiniões e acima de tudo, o direito de ser

ouvido... (NUNES, J. 2006, p. 29-30).

Trindade et al (2007) e Nunes (2006) descrevem caracteristicas de comunicação

para pacientes graves. Também relembra que se comunica antes aos familiares e esses

decidem se contam ou não o diagnóstico ao paciente. Trindade et al (2007) enfatiza que

muitos médicos não fornecem o diagnóstico aos seus pacientes, mas quando é questionado

pelo paciente terminal o profissional percebe no paciente condições emocionais para ser

comunicado ou ainda quando a terapia não surte efeito e deve-se mudar o tratamento os

médicos costumam informá-los. Nunes (2006) concorda com Trindade (2007) e enfatiza que

esses pacientes são tratados como quem não tem direito de opinar e que sempre outras pessoas

decidem sobre o que fazer com eles. Devido a essas atitudes lembra que o doente tem

sentimentos, opiniões e o direito de ser ouvido.

Na pesquisa a seguir Gomes et al (2009) destaca que a comunicação esta prevista

no Código de Ética Profissional e esse poderá definir a atenção desse profissional como

descrito abaixo:

[...] A comunicação do diagnóstico ao paciente é dever do médico e está prevista em

seu código de ética profissional. A não comunicação só é permitida em casos de

pacientes pediátricos, ou quando suas condições físicas ou psicológicas não

permitam uma correta compreensão de sua doença, devendo nesse caso ser o

diagnóstico comunicado à família ou responsável. (GOMES, ET AL. 2009, p. 140)

Gomes et al (2009) menciona o código de ética como referencia, onde consta ser

dever do médico a comunicação do diagnóstico ao paciente, salvo os pacientes pediátricos ou

pessoas sem condições físicas ou psicológicas, então é comunicado à família ou respo nsáveis.

Concordando com Trindade et al (2007) que informa a família e deixa o comunicar ou não o

41

diagnóstico como responsabilidade da mesma. Informa também que o profissional deve ter

discernimento para saber quais pacientes essa conduta de exceção, onde a verdade será

omitida, poderá ser aplicada.

No momento que Gomes et al (2009) aponta que crianças e pessoas sem

condições físicas e psicológicas, não devem ser comunicadas, pode-se problematizar tal

aspecto com a análise do artigo “A sobrevivência em oncologia: uma vivência paradoxal”

(ARAÚJO/ARRAES, 1998) mostra que as crianças são capazes de saber o diagnóstico, pois o

que causa mais depressão nos pacientes pediátricos não é a revelação do diagnóstico e sim os

sintomas depressivos das mães, os quais as crianças vivenciam. Nos EUA, um em cada mil

jovens na faixa de 20 a 29 será sobrevivente do câncer. No Brasil não há indicadores, mas há

tendências igualmente positivas. Destaca que na idade adulta o que pode dissociar uma

depressão a partir do câncer são as mudanças de ciclos da vida, como a inserção na vida

profissional ou no casamento. Percebe-se que o saber médico naturalizou a idéia de que a

criança é incapaz de compreender a situação, questão essa problematizada por Costa

Junior/Coutinho (1998) autores da Psicologia.

Na pesquisa descrita abaixo Pereira (2007) mostra as mudanças no

comportamento paternalista de informar o diagnóstico de câncer e os motivos na mudança

pelos quais passaram a informá-lo:

[...] A partir do final da década de 70, os médicos nos EUA passaram a informar os

pacientes oncológicos sobre seus diagnósticos e prognósticos, o que modificou

profundamente o tradicional comportamento paternalista dominante. Provavelmente,

esta evolução ocorreu por diversos motivos. Primeiro, porque a palavra câncer

diminuiu seu estigma de condenação à morte. Antigamente, pouco se podia fazer

após um d iagnóstico de neoplasia, o qual era associado à idéia de morte próxima e

de sofrimento intenso. Atualmente, os avanços na área da oncologia com abordagen s

terapêuticas mais eficientes, exames de detecção precoce, quimioterapia,

radioterapia, cirurgias curativas, tratamento da dor e cuidados paliativos,

modificaram e clarificaram esta perspectiva sombria, o que justifica a evolução da

comunicação entre o médico e o paciente de câncer. Outra explicação para tal

mudança de atitude, principalmente nos Estados Unidos, decorre de normativas de

conduta em saúde elaboradas frente às exigências legais vigentes nesse país. [...]

Quando perguntados a quem preferencialmente o diagnóstico deveria ser revelado

(questão 3), 88% do total de participantes responderam que ao paciente em primeiro

lugar (sozinho ou juntamente com os familiares). Segundo a opinião dos

participantes, 47% inclu iriam a família no processo de revelação de más notícias em

algum momento. Apenas 2% crêem que somente a família deve ser informada e

nenhum participante acha que os familiares devem decidir a quem o diagnóstico

deve ser informado. Esta questão não apresentou diferença significativa em relação à

idade ou profissão. [...] Dentre os 35% do total de participantes que acreditam que

existem situações em que é admissível mentir ou omit ir uma informação a um

paciente, 65,7% são médicos (p<0,001). Os seguintes motivos foram os mais

citados: falta de preparo emocional ou psicológico do paciente, depressão, família

desestruturada, prognóstico sombrio, idade (não informariam para crianças, idosos)

e por solicitação da família. Apenas 2% referem que somente não revelariam

42

informações sobre a saúde de um enfermo se ele assim o solicitasse. [...] Também se

observou que a maioria dos participantes mais jovens (20 a 35 anos) acredita que

não há justificat iva para omissão de informações ou mentiras (74%), enquanto que a

maioria dos indivíduos da faixa etária de mais de 55 anos crêem que existem

situações onde se justifica a não revelação de um diagnóstico (61,5%). (PEREIRA,

C. R. 2007, p. 18, 31-33)

Pereira (2007) fez uma pesquisa para saber quem seria comunicado primeiro e o

paciente seguido da família foram os indicados, apenas 2% crêem que somente a família deve

ser comunicada. Destaca também que os médicos informam aos pacientes sobre o diagnóstico

de câncer por diversos motivos, mas os principais são: - a palavras câncer diminuiu seu

estigma de morte devido os avanços na área de oncologia e outro devido às leis vigentes,

normas de conduta da saúde. A omissão de 65,7% dos médicos é devido a vários motivos

sendo o emocional como a depressão, desestruturação da família, a idade, etc. Em apenas 2%

não informariam se o mesmo o solicitasse. Na pesquisa os entrevistados na faixa de 20 a 35

anos indicam que não há justificativa para não informar ou mentir os médicos com mais de 55

anos acreditam existir situações que se justifiquem.

Todos os autores Siva/Zago (2005), Nunes (2006), Trindade et al (2007), Pereira

(2007), Gomes et al (2009) e Oliveira (2009) concordam em fornecer o diagnóstico de câncer

a seus pacientes. Alguns alegam o direito do comunicado devido às leis vigentes, outros ao

Código de Ética e ainda a idéia que o câncer não carrega mais aquele estigma de morte

havendo assim mudanças no comportamento de antigamente. Mas todos também concordam

que existam situações que justificam a omissão do diagnóstico, como os pacientes graves, os

pediátricos, pessoas sem condições emocionais e físicas, embora a pesquisa feita por Pereira

(2007) onde os médicos na faixa etária entre 20 e 35 são categóricos em dizer que não há

justificativa para não informar o diagnóstico. Conclui-se que se deve informar o diagnóstico,

mas que nem sempre isso seja uma regra e que em alguns casos ela se torna uma exceção.

A categoria a seguir a forma de revelar, nos remete a linguagem do médico ao

comunicar o diagnóstico ao paciente que vem logo abaixo categorizada como linguagem

médica. Nessa categoria das seis publicações apenas uma (Silva/Zago, 2005) aborda o

assunto, conforme abaixo:

A revelação, segundo alguns autores, deve ser feita de forma honesta, clara e

compreensiva, porém suave e respeitosa, evitando eufemis mos e jargões. [...] No

entanto, pesquisa recente mostrou que 39% dos médicos ainda não conseguem

explicar de forma clara e compreensiva o problema aos seus pacientes, bem como

não conseguiram verificar, em 58% das consultas, o grau de entendimento do

paciente sobre o diagnóstico. Assim, a compreensibilidade da mensagem e o

43

entendimento desta estão diretamente ligados à forma como o profissional transmite

a informação. (SILVA, V.; ZAGO, M. 2005, p. 478)

Silva/Zago (2005) informam que segundo alguns autores, a revelação deve ser

feita de forma clara, compreensiva, suave, respeitosa, evitando eufemismo e jargões. Em uma

pesquisa informa que menos da metade dos médicos não conseguem explicar de forma

compreensiva e clara aos seus pacientes, bem como mais da metade não conseguem

determinar o grau de entendimento dos pacientes. Isso deve-se em parte na sua formação, pois

os médicos não são orientados a respeito de como proceder em relação a comunicação do

diagnóstico de câncer. Sendo que essa „falha‟ na formação do médico um problema, pois a

compreensão e o entendimento a respeito do diagnóstico esta diretamente ligado a forma

como o médico informa o diagnóstico ao paciente.

Essa categoria está ligada a próxima categoria (linguagem médica), pois ambas se

utilizam dos mesmos critérios para suas identificações e se complementam em suas análises.

A categoria linguagem médica, possui quatro sendo elas Silva/Zago (2005), Pereira (2007),

Oliveira (2009) e Nunes (2006) das seis publicações que tratam sobre o assunto. Abordam não

só a linguagem médica adequada, mas também como o médico está interpretando e sendo

bem interpretado pelo paciente, conforme abaixo:

A utilização de termos médicos pode provocar sérios problemas de interpretação da

comunicação, sendo necessário que o profissional tenha perfeita compreensão da

interpretação do fenômeno pelo doente e por seus familiares, levando em

consideração as suas características culturais e sociais. (SILVA, V.; ZAGO, M.

2005, p. 478)

Revelar más notícias a um paciente pode ser uma das tarefas mais estressantes da

prática médica, portanto, muitas vezes, ao não ser claro e honesto, o médico pode

estar apenas protegendo a si próprio de um estresse ao qual não foi devidamente

preparado durante sua formação. Além d isto, muitos médicos, ao falar sobre

incurabilidade e morte com pacientes, encaram esta situação como fracasso

profissional. [...] Vale d izer que comunicar uma notícia não é simples mente informar

e desaparecer. Trata-se de um processo que leva tempo e que deve ser realizado em

várias etapas. Sabe-se que algumas informações terão de ser dadas repetidas vezes,

já que pessoas em grave impacto emocional geralmente não absorvem aquilo que

ouvem, mesmo que a linguagem utilizada seja compreensível. (PEREIRA, C. R.

2007, p. 48 e 142)

Silva/Zago (2005) dizem que utilizar termos técnicos provoca problemas na

interpretação da comunicação. Que deve-se levar em consideração a cultura e a classe social

do paciente. Então o médico deve se precaver em se fazer entender. Retornando assim para a

categoria anterior „forma de revelar‟ e que Silva/Zago (2005) compartilham da mesma

afirmatica pois os médicos não conseguem explicar de forma clara e compreensiva aos

44

pacientes. Sendo isso compartilhado com Pereira (2007) que acrescenta ser uma tarefa

estressante da prática médica e que não se fazer entender pode somente ser uma maneira do

médico estar protegendo a si próprio, pois encaram o falar sobre a morte e a incurabilidade

como um fracasso profissional, já que não foram preparados para isso. Ainda coloca como um

processo lento e deve ser realizado em etapas ao invés de somente informar o diagnóstico,

pois algumas informações tendem a ser repetidas, devido aos pacientes não absorverem a

informação por estarem sobre forte impacto emocional, mesmo a linguagem médica sendo

compreensível.

Procuraram falar sobre o câncer utilizando palavras para amenizar o impacto dessa

informação. Os médicos afirmaram que informam a paciente de maneira clara,

objetiva e gradativa, mas nem todos eles utilizam sempre a palavra câncer, além

disso, procuram encorajar a paciente com otimismo e solidariedade, engajando -a no

tratamento como participante ativa. Relataram sentirem-se responsáveis por motivar

as pacientes. Os participantes também relataram perceber que a informação do

diagnóstico à paciente estabelece um vínculo de confiança e dependência, e

identificam que em alguns casos eles também se vinculam à paciente. Constatou-se

que alguns oncologistas quando erram no pré-ju lgamento de diagnóstico,

experimentam sentimentos de impotência, ou fracasso, ou culpa, por não se

prepararem, nem prepararem a paciente, para o momento da informação. Nos casos

em que a família interferiu com questionamentos ou pedidos de ocultação da

informação não foram vistos por eles de modo negativo, porém, o pedido de

ocultação nem sempre fo i seguido. [...] A notícia deve ser dada de forma simples,

clara em pequenas partes, o profissional deve questionar a existência de dúvidas

constantemente. É importante que o profissional tenha uma postura de compreensão

perante as emoções do paciente, faça um resumo de tudo o que foi dito e por fim

conversar sobre o tratamento. [...] O médico deve ter muito cuidado, especialmente

se não há um bom prognóstico, para não dar falsas esperanças e nem retirar toda a

esperança do paciente. Se necessário, o médico pode retornar ao segundo passo. No

final do atendimento, o profissional deveria fazer um sumário de tudo o que foi

conversado para que não haja nenhum mal-entendido. (OLIVEIRA, L. T. P. 2009, p.

55, 58-59)

Oliveira (2009) informa que os médicos devem e utilizam de palavras amenas

para não criar muito impacto, informam ao paciente de maneira clara, objetiva e gradativa,

incentivando o paciente e encorajando-o no tratamento, criando um vinculo de confiança e

dependência com os pacientes. Contrariando assim o Código de Ética onde deve-se evitar

eufemismos. Pois nem sempre se utilizam da palavra câncer ao informar o diagnóstico ao

paciente. Informa também que nem sempre seguem quando a família pede para ocultar o

diagnóstico do paciente. Também concorda com Silva/Zago (2005) e Pereira (2007) a respeito

da clareza e da simplicidade das palavras, evitando termos técnicos. Enfatiza assim como

Pereira (2007) que se deve informar o diagnóstico aos poucos e observar as dúvidas e

emoções do paciente, completando com uma síntese de tudo e ainda falar sobre o tratamento.

45

Ainda Nunes (2006) nos remete a sua pesquisa onde a bibliografia consultada nos

leva a indicadores de como revelar o diagnóstico, não encontrando assim estratégias para tal

procedimento.

A partir da bibliografia consultada, não foi possível encontrar propriamente

“estratégias propostas para a comunicação do diagnóstico de doença terminal” – ou

de qualquer outro tipo de diagnóstico – como havia sido proposto investigar. Porém,

foram encontrados importantes indicadores para essa construção. Nosso trabalho

aqui foi classificar esses indicadores em questões norteadores, que, quando avaliadas

– e quanto melhor avaliadas – proveriam ao médico as informações necessárias para

a construção de uma comunicação do diagnóstico de doença terminal que atenderia

as especificidades de cada paciente – a construção do “como informar”. As

principais questões seriam: • Qual o estado geral do paciente? • Para quem

comunicar primeiro? • Quando comunicar? • O quanto informar? Queremos ressaltar

a comunicação do diagnóstico de doença terminal como algo processual sob

diversos aspectos, como o de que as informações obtidas através avaliação do

paciente feita – a part ir das questões acima sugeridas – serão importantes não só

para a comunicação do diagnóstico, mas para toda a relação com o paciente –

anterior e posterior a essa. [...] Segundo Carvalho (1996, p. 50), outro fator a ser

observado é que este “momento” pode não ser algo único, já que o paciente pode

levar tempo para “digerir” as informações que são comunicadas, tornando a

comunicação algo feito em etapas – fator que será abordado também em, quanto

discutiremos o quanto informação passar ao paciente. (NUNES, J. 2006, p. 28 e 32)

Nunes (2006) informa que a partir da bibliografia consultada não foi possível

encontrar estratégias para a revelação do diagnóstico. Sendo assim foram encontrados

somente indicadores para essa construção, e as principais questões encontradas seriam: o

estado geral do paciente, para quem comunicar, quando comunicar, quanto informar, com isso

não só a revelação seria importante, mas também estabelecer uma relação com o paciente.

Sendo que Oliveira (2009) esteja evidenciando uma estratégia na transmissão do diagnóstico,

onde informa que a mesma deve ser feita através de etapas. Nunes (2006) também informa

que segundo outro autor, juntamente como Oliveira (2009) e Pereira (2007) que esse processo

não é único e deve ser feito em etapas devido à compreensão do paciente.

Silva/Zago (2005) e Oliveira (2009) mencionam que alguns médicos não são

capazes de compreender as emoções e verificar o entendimento por parte do paciente.

Silva/Zago (2005) informam a dificuldade de alguns médicos em não conseguirem explicar,

em se fazer entender, conseqüentemente devido à forma que transmitem o diagnóstico.

Oliveira (2009) ainda destaca a necessidade de ao final fazer um resumo e já informa o

paciente sobre o tratamento, tentando assim fazer-se entender. Mas Pereira (2007) acredita

que essa dificuldade em ser claro, esta relacionada com o fracasso profissional, pois não se

prepararam para isso ou então estarem se protegendo de um estresse.

46

A partir das obras consultadas, é possível concluir que a forma de revelar e a

linguagem médica deve ser clara e objetiva, mas não é o que ocorre devido à “incapacidade” e

frustração em transmitir ao paciente seu diagnóstico. Resume que a informação dever ser dada

de forma simples, em blocos, palavras simples, na linguagem do paciente, sem jargões

médicos, e evitando expressões negativas. O médico realiza a comunicação do diagnóstico

com muito dialogo, sinceridade e fornecimento de esperança.

A categoria abaixo vem complementar a anterior, pois é referente a quem

comunica o diagnóstico, citada acima como sendo o médico a informar o diagnóstico ao

paciente.

Nessa categoria quem comunica o diagnóstico três dos seis autores selecionados

discutem a respeito, sendo que Silva/Zago (2005), Oliveira (2009) e Pereira (2007) em seus

estudos concluem que na maioria das vezes é o médico quem comunica o diagnóstico. Segue

abaixo:

O médico, na grande maioria dos estudos, é o profissional que mais revela o

diagnóstico aos pacientes, pois é dele que os pacientes preferencialmente esperam

receber a notícia. No entanto, outros profissionais como, por exemplo, os

enfermeiros vêm despontando nas preferências dos pacientes. (SILVA, V.; ZAGO,

M. 2005, p. 478)

Silva/Zago (2005) informa que o médico é o profissional que mais revela o

diagnóstico, embora outros profissionais no caso os enfermeiros vem despontando na

preferência dos pacientes. Oliveira (2009) cita outros autores concordando com Silva/Zago

(2005) e acrescenta que os pacientes têm o direito de saber o diagnóstico, conforme abaixo.

Cabe aos médicos a tarefa de fornecer o diagnóstico e aos pacientes o direito de ter

acesso ao mesmo (Gonçalves, 2004). Dentro desse panorama, as participantes foram

unânimes em relação à preferência por saber seu diagnóstico pelo médico, parte

delas descreveu o médico como um profissional que irá fornecer informações

verdadeiras a respeito de seu estado de saúde. [...] Os relatos das participantes

permitem inferir que a visão que as mesmas possuem desse profissional, é de um

profissional ético, que não iria faltar co m a verdade. Embora a verdade na maioria

das vezes seja dolorosa em casos como esses, o relato a seguir explicita que a

verdade por mais desagradável que seja, além de importante , pode ser dita de um

modo que não agrida o paciente. [...] Desse modo as pacientes atribuíram ao médico

uma postura de um profissional confiável, sobre isso, Stedeford (1986), alegou que

há uma suposição de que quando vão ao médico as pessoas querem saber o que

exatamente têm, dentro disso, elas esperam que após os exames, os médicos lhes

comuniquem o que foi apurado. A partir dessa dinâmica o médico então ocuparia o

papel de detentor do saber e da confiança do paciente. (OLIVEIRA, L. T. P. 2009

p.117-118)

47

Oliveira (2009) também fez uma pesquisa com pacientes oncológicos, onde todas

por unanimidade querem saber o diagnóstico pelo médico, pois os médicos são entendidos

como profissionais éticos, confiáveis e esperam que após os exames lhe comuniquem o que

foi apurado. Pereira (2007) é de acordo com as pacientes da pesquisa de Oliveira (2009),

embora não tivesse tido acesso a mesma, de que o médico tem o dever de comunicar o

diagnóstico. Segue abaixo:

A comunicação do diagnóstico ao paciente é dever do médico; porém, quando se

trata de câncer, os profissionais apresentam dificuldades em dialogar abertamente

com os doentes. A taxa de omissão das informações foi superior entre os médicos

não especialistas; porém não foi nula entre aqueles que trabalham habitualmente

com o câncer. Eu me importo pelo fato de você ser você, me importo até o últ imo

momento de sua vida e faremos tudo o que está ao nosso alcance, não somente para

ajudar você a morrer em paz, mas também para você viver até o dia da morte.

Hennezel e Leloup (PEREIRA, C. R. 2007, p. 142)

Pereira (2009) informa também que quando o diagnóstico é o câncer, os

profissionais apresentam dificuldades para dialogar com os pacientes e a omissão do

diagnóstico é principalmente praticada pelos médicos não especialistas. Além da dificuldade

de se saber quem deve comunicar o diagnóstico, o local e a duração onde a mesma deve ser

informada é também de fundamental importância ao paciente, como é abordado abaixo.

Todos os pesquisadores concordam que o médico é quem deve revelar o

diagnóstico aos pacientes por serem éticos, profissionais e também porque os pacientes

esperam um retorno após fazerem os exames. Silva/Zago (2005) informam que alguns

enfermeiros já se utilizam dessa prática. Oliveira (2009) diz que o paciente tem o direito de

saber seu diagnóstico pelo médico. Embora Pereira (2007) em sua pesquisa mencionou que os

médicos tem dificuldades de falar, quando o diagnóstico é de câncer, informa que os médicos

não especialistas costumam omitir o diagnóstico. Destaca também que a categoria a seguir é

considerada uma das variáveis importante para que o médico informe o diagnóstico.

A categoria a seguir local e duração da comunicação, dentre as seis publicações

utilizadas, apenas três são eles Silva/Zago (2005), Oliveira (2009) e Nunes (2006), abordam a

respeito da mesma, como esta determinado abaixo.

A escolha do ambiente na comunicação do diagnóstico vem sendo evidenciada em

alguns estudos que sugerem a escolha de um local quieto e tranqüilo, com

privacidade e conforto, com arranjos físicos que permitam uma distância

interpessoal adequada, entre outros. [...] A disponibilidade de horário no processo de

comunicação também parece ser fundamental. (SILVA, V.; ZAGO, M. 2005, p.

478)

48

A maior parte deles propõe que a comunicação da má notíc ia seja em lugar

reservado, confortável e tranqüilo, em presença de um acompanhante. Além disso,

sugere-se que o médico faça uma investigação acerca do que o doente sabe e quer

saber sobre a doença. (OLIVEIRA, L. T. P. 2009, p. 55)

Silva/Zago (2005) e Oliveira (2009) concordam que deve ser em lugar

privado/reservado, tranqüilo, confortável. Sendo que Silva/Zago (2005) frisam o local como

quieto, com espaço adequado. Tendo também disponibilidade de horários, não tendo que

atender outras questões ao mesmo tempo. E Oliveira (2009) acrescenta a presença de um

acompanhante, e que o médico se detenha no que o paciente sabe e queira saber.

Nunes (2006) a seguir em sua pesquisa avalia o contexto para a escolha não só do

local e tempo para a comunicação, mas também inclui o melhor momento para informar o

diagnóstico.

Assinalamos também a importância do contexto no qual a notícia será dada. Como

relata Kübler-Ross (1998, p. 41), seus “[...] pacientes apreciaram mais quando

receberam a notícia na intimidade de um pequeno quarto do que no corredor de uma

clín ica movimentada.” [...] Quanto mais simples o modo de dar a notícia, mais fácil

é para o paciente ponderar depois, se não quiser “ouvi-la” no momento. (NUNES, J.

2006, p. 32-33)

Conforme Nunes (2006) a noticia deve ser dada num pequeno quarto, como

relataram alguns pacientes, pois se trata de uma situação um tanto delicada não só para o

paciente como também para o médico.

Vale destacar que os autores acima concordam que a comunicação deve ser dada

em lugar privado, reservado, tranqüilo e confortável. Embora Nunes (2006) especifica como

sendo um pequeno quarto, pois é uma situação delicada não só para o paciente como também

para o médico, escolhendo o melhor momento para tal. Silva/Zago (2005) ainda acrescenta m

que deve ser quieto, com espaço adequado, disponibilidade de horários, não atendendo outros

assuntos ao mesmo tempo. Oliveira (2009) indica a necessidade de a comunicação ser feita na

presença de um acompanhante. O fato do paciente ainda não desejar ouvir o seu diagnóstico

nos remete a categoria de quanta informação fornecer ao paciente que vem a seguir.

Dos seis artigos pesquisados apenas três Silva/Zago (2005), Nunes (2006) e

Pereira (2007) abordam essa nova categoria quanta informação fornecer, pois a quantidade

de informação a ser dada ao paciente ainda é bastante controverso segundo Silva/Zago (2005)

determina abaixo.

49

Decid ir sobre a quantidade de informações a ser fornecida aos pacientes é ainda um

assunto bastante controverso. É preciso considerar a capacidade de tolerância

psicológica individual de cada paciente; as condições de vida pessoal e seu nível

cultural; o estágio do prognóstico da doença, bem como a possibilidade de

colaboração familiar, além de determinar o quanto o paciente quer saber. [...] Os

detalhes sobre o diagnóstico não devem ser dados em um momento único, mas em

vários encontros e em pequenas doses, e repetidas quantas vezes for necessário. O

que o paciente diz e pergunta nesta fase e como ele reage a cada parte da informação

deveria determinar o quanto é dito. (SILVA, V.; ZAGO, M. 2005, p. 478)

Silva/Zago (2005) dizem que se deve considerar a tolerância psicológica

individual do paciente, a condição de vida, nível cultural, estágio da doença, colaboração

familiar, e quanto o paciente quer saber. Que o diagnóstico deve ser dado em vários

encontros, em pequenas doses e repetida quantas vezes forem necessárias. O que será dito está

ligado à reação e as perguntas feitas pelo paciente, determinando assim o que ele vai saber.

Abaixo Nunes (2006) também como Silva/Zago (2005) acredita que não devem

ser dados todas as informações num só momento e ressalta o cuidado com o paciente, e que

algumas informações são de caráter delicado, referente à duração e evolução do tratamento.

Muitas destas informações não serão dadas no momento da comunicação do

diagnóstico, mas no decorrer dos cuidados com o paciente, o que enfatiza o caráter

processual da comunicação, como afirmado anteriormente. Algumas destas

informações são de caráter bastante delicado, principalmente quando relacionadas ao

diagnóstico de doença terminal, como a da “duração prevista do tratamento

proposto” ou a da “evolução provável do problema de saúde”. Porém, são

informações “previstas” ou “prováveis”, o que significa que não são definitivas, algo

que deveria ser ressaltado para o paciente, preparado-o para a possibilidade de

mudanças nessas informações. Outro aspecto a ser considerado quanto as

informações a serem passadas ao paciente, é o da clareza, objetividade, respeito,

maneira compreensível e adaptada à condição cultural do paciente que deveriam ter

essas informações – aspecto ressaltado na Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde

(NUNES, J. 2006, p. 34)

Nunes (2006) menciona a Carta dos Direitos do Usuário da Saúde, que indica

quais informações a que o paciente deveria ter acesso. São informações previstas, prováveis,

que significam não ser definitivas e devem ser comunicadas ao paciente, preparando-os para

possíveis mudanças de informações. A clareza, objetividade, respe ito, compreensão, condição

cultural também são mencionados na Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde.

Abaixo Pereira (2007) apenas ressalta que a quantidade de informação que deve

ser apresentada deve depender da família, idade, sexo e se tem cura ou não.

Outros fatores que influenciam a quantidade de informação revelada são referentes à

influência da família, à idade e ao sexo do paciente e à possibilidade ou não de cura.

(PEREIRA, C. R. 2007, p. 22)

50

Nessa categoria, Silva/Zago (2005) e Nunes (2006) concordam que as

informações não devem ser dadas em um só momento. Sendo que Silva/Zago (2005) informa

que o que será dito está ligado às reações e perguntas do paciente. Consideram esse fator de

quanto fornecer ao paciente como um assunto controverso e que devido a isso levam em

consideração a tolerância psicológica, as condições de vida, influência cultural, estagio da

doença, colaboração familiar, e também se o paciente quer saber. Pereira (2007) acrescenta

que além da influência da família, a possibilidade de cura, a idade, o sexo são fatores que

devem ser levados em consideração. Nunes (2006) acrescenta que o cuidado com o paciente é

importante, pois serão abordadas informações delicadas como duração, evolução e tratamento

sobre a doença. Cita também a Carta dos Direitos do Usuário da Saúde que consta o que o

paciente tem o direito de ser informado acerca do seu diagnóstico.

A categoria a seguir reações à comunicação foi mencionada anteriormente em

diversas categorias para relacionar e determinar características importantes para a conclusão

das mesmas.

Das seis publicações quatro Silva/Zago (2005), Nunes (2006), Oliveira (2009) e

Pereira (2007) abordam o assunto. Silva/Zago (2005) elucidam que o diagnóstico de câncer é

o início de muito sofrimento, gerando sentimentos diversos.

A comunicação do diagnóstico de câncer representa o início de experiências muito

sofridas, que podem gerar variadas emoções. Ser diagnosticado por câncer é

compreendido como uma experiência dramát ica, inesperada e chocante . Neste

período o paciente vivencia incertezas, angústias, reações de incredulidade,

questionamentos e demora na aceitação da realidade. Assim, parece ser de

fundamental importância que os profissionais de saúde saibam reconhecer a

angústia, o medo, a ansiedade, a inquietação e os mecanismos de defesas utilizados.

Deve estar implícito, neste processo, o respeito pela vontade do doente em conhecer

ou não o seu estado clínico e a verdade sobre a sua evolução e possíveis tratamentos.

Neste sentido, a escuta do profissional se torna fundamental, tanto para auxiliar o

paciente na elaboração destes sentimentos, ouvirem suas fantasias com relação ao

surgimento da doença, como para auxiliá-lo a participar ativamente de seu

tratamento. (SILVA, V.; ZAGO, M. 2005, p. 478)

Silva/Zago (2005) destacam que ao ser diagnosticado o paciente vivencia

incertezas, angustias, medo, ansiedade, inquietação, incredulidade, questionamentos e a

demora na aceitação da realidade. Leva em conta se o paciente quer ou não quer saber a

verdade sobre o que está acontecendo e que o médico deve saber escutar e auxiliá-lo a

respeito da doença.

51

Abaixo Nunes (2006) partindo do pressuposto de que o paciente será informado

de seu diagnóstico, enfatiza que o médico deverá tomar algumas decisões para a construção

de uma estratégia para a comunicação do mesmo, como a observação a seguir.

[...] a reação [do paciente] não depende única e exclusivamente de como o médico

lhe conta. No entanto, é fator importante o modo como uma notícia má é

comunicada, fator este muitas vezes subestimado, a que se deveria dar mais atenção

durante o ensino da medicina ou a supervisão de residentes. (NUNES, J. 2006, p. 27)

Nunes (2006) diz que a reação não depende somente de como o médico lhe conta,

sendo o mais importante o modo como é comunicada essa má noticias. Oliveira (2009) por

sua vez, em sua pesquisa informa que o comportamento do paciente é fator importante, pois

pode dificultar na comunicação do diagnóstico.

O comportamento dos pacientes também pode tornar a tarefa da comunicação do

diagnóstico ainda mais árdua. Um estudo realizado por Valk, Bruynooghe, Bensing,

Kerssens & Hulsman (2001) demonstrou que quanto mais os pacientes expressavam

suas emoções durante a situação de comunicação do diagnóstico, maior era a

percepção de dificu ldade relada pelos profissionais. Para Carvalho (1996), o maior

temor dos médicos, seria responder às reações emocionais dos pacientes.

(OLIVEIRA L. T. P. 2009, p. 61)

Oliveira (2009) reafirma essa posição sobre o comportamento do paciente, pois

em sua pesquisa revela alguns estudos relatados por outros autores de que o temor dos

médicos é relacionado às emoções expressas pelo paciente durante a comunicação,

dificultando assim a comunicação do mesmo.

Quem defende a omissão da informação ou a “mentira piedosa”, justifica sua

posição com o princípio da não maleficência, argumentando que a revelação de um

diagnóstico de câncer pode levar o paciente a um estado depressivo, sem esperança,

que potencialmente pioraria seu estado de saúde ou até, em alguns casos, apressaria

sua morte. Realmente, a depressão e ansiedade são reações naturais a uma notícia

potencialmente devastadora como o câncer, porém, sabe-se que na maioria das vezes

estas reações são limitadas a algumas semanas sem maiores prejuízos, prevalecendo

o benefício da aceitação e conscientização. (PEREIRA, C. R. 2007, p. 52-53)

Pereira (2007) informa que o médico ao omitir ou utilizar-se da „mentira piedosa‟

poupam o individuo da revelação do diagnóstico, pois saber o diagnóstico pode levar o

paciente a uma depressão, ou até a antecipação de sua morte. Mas observa que é natural na

comunicação do diagnóstico do câncer a depressão e a ansiedade ao receber a notícia, mas

que também na grande maioria das vezes essa situação não é duradoura e que prevalece a

aceitação e conscientização sobre a doença.

52

Nenhum dos autores abordam o assunto como tendo um ponto de vistaem comum,

pois cada um expressa um visão sobre o fato. Por exemplo, Nunes (2006) apenas coloca que a

reação não depende de como é dada a comunicação, mas sim a forma que é dada como fator

mais importante. Oliveira (2009) por outro lado informa que para o médico o comportamento

expresso pelo paciente pode dificultar a comunicação, sendo que responder as emoções do

paciente é para o profissional a parte mais difícil da comunicação. Silva/Zago (2005)

concordam com Oliveira (2009) ao apontarem que as angústias, medo, as incertezas, e a

demora no aceitar o diagnóstico evidenciam a dificuldade de compreensão por parte dos

médicos, em relação ao entendimento do paciente com o que foi informado a respeito do

diagnóstico. No entanto Pereira (2007) tenta evitar tais reações para preservar o estado clinico

geral do paciente. Utiliza-se da omissão, como sendo o momento denominado „mentira

piedosa‟ para que o paciente não tenha depressão e também a provável antecipação da morte.

Mas informa que na comunicação esse é um processo não duradouro.

A categoria informar ou não informar o diagnóstico das seis publicações

apenas três Nunes (2006), Gomes et al (2009) e Pereira (2007) falam sobre o assunto. Essa

categoria segundo Nunes (2006) pode estar propenso ao desastre, pois alguns médicos são a

favor de nunca informar e outros de sempre informar o diagnóstico ao paciente.

Há aqueles que defendem a idéia de nunca dar o diagnóstico ao paciente e outros a

de sempre dar o diagnóstico. Penso que se essas posições forem consideradas de

forma rígida estaremos na iminência de desastres. [...] A lguns médicos são

favoráveis a que se diga aos parentes, mas escondem a realidade do paciente p ra

evitar uma crise emocional. Outros são sensíveis às necessidades de seus pacientes e

obtêm êxito ao cientificá-los da existência de uma moléstia séria, sem tirar-lhes a

esperança. [...] Seguindo ainda o pensamento de Carvalho (1996, p. 49), este

considera que não se deve mentir aos pacientes, admitindo a verdade como “[...] a

melhor atitude, salvo raras e bem defin idas situações.” (NUNES, J. 2006 , p. 15)

Nunes (2006) ressalta que alguns médicos contam aos parentes e escondem dos

pacientes evitando crises emocionais. Outros contam aos pacientes sem tirar- lhes a esperança.

Certifica-se com outros autores que não se deve mentir, que a verdade é a melhor atitude,

salvo raras e definidas situações, sem entretanto especificar que situações são essas.

Abaixo Gomes et al (2009) menciona o Código de Ética, que é contrario a

omissão do diagnóstico praticado pelo médico.

Ao omit ir a verdade do paciente, o médico também contrar ia o seu código de ética,

nos artigos. Neste último, por exemplo, consta que é vedado ao médico: " Deixar de

informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e objetivos do

tratamento, salvo quando a comunicação direta ao mes mo possa provocar-lhe dano,

53

devendo, nesse caso, a comunicação ser feita ao seu responsável legal". [...]

Acredita-se que, especialmente na área da cancerologia, o esclarecimento a respeito

das possibilidades terapêuticas deve envolver um diálogo aberto entre o médico e o

paciente, tendo em vista a necessidade de realizar procedimentos mutilantes, que

muitas vezes são a única chance de cura para aquele doente. E, mesmo quando não

houver possibilidade de cura, o paciente deve ser orientado em relação aos

tratamentos paliativos aos quais poderá ser submetido, esclarecendo sobre os

benefícios dos mesmos para a melhora de sua qualidade de vida. Os pacientes,

quando questionados, consideraram muito importante ter acesso às informações

sobre as condições de seus corpos, suas doenças, opções de tratamento e efeitos

adversos dos tratamentos. [...] Neste trabalho, percebeu-se que, mesmo quando se

optou por não revelar o diagnóstico de câncer, a maioria dos pacientes (83%)

afirmou que já suspeitava do mesmo. Não poderia se esperar algo diferente, já que

as evidências para o diagnóstico passam a ser constantes na vida do doente. Ele o

percebe enquanto aguarda atendimento em uma fila onde só há pessoas com câncer e

que estão, não raro, em um hospital que possui em seu nome a palavra câncer, ou

mes mo quando é submetido a procedimento s terapêuticos que são conhecidamente

direcionados à oncologia, quando é encaminhado a um médico especialista na área,

quando os seus familiares comentam pelos cantos em voz baixa, além dos próprios

sintomas da doença que passam a se manifestar, como emagrecimento e dor.

(GOMES, ET AL. 2009, p. 141-142)

Gomes et al (2009) ainda informa que na área oncológica o esclarecimento das

terapias, o dialogo aberto, os procedimentos mutilantes, a chance de cura ou mesmo quando

não houver cura o paciente deve ser informado e posteriormente orientado para tratamentos

paliativos para a melhoria da qualidade de vida. No trabalho em questão mesmo quando não

revelado o diagnóstico a maioria dos pacientes suspeitavam do mesmo.

Abaixo Pereira (2007) informa dados de sua pesquisa onde em suas entrevistas

com os médicos e este, remete não só o posicionamento desses profissionais, como também o

que ocorre ou deve-se ocorrer com tal procedimento.

A revelação do diagnóstico, a maioria dos entrevistados (97%) respondeu que os

pacientes oncológicos devem ser informados dos seus diagnósticos (71% sempre e

26% quase sempre). [...] Ao omit ir a doença, o médico ou a família decidem pela

“conspiração do silêncio”. [...] É fundamental ainda, que o profissional da saúde

auxilie o enfermo a reagir à informação e ao mes mo tempo lhe garanta privacidade,

especialmente àqueles portadores de doença que ameace a vida, pois tal atitude

permite que emoções sejam reveladas, feitos planos, situações práticas resolvidas,

viagens, testamentos, festas e opções realizadas. (PEREIRA, C. R. 2007, p. 26 e 44)

Pereira (2007) revela que quase o total dos entrevistados responderam que o

diagnóstico deveria ser comunicado, sendo que mais da metade disseram que sempre deve ser

comunicado e menos da metade responderam quase sempre. Pereira (2007) menciona a

prática da „conspiração do silêncio‟, utilizada pelos médicos e familiares, que acaba isolando

o paciente. Diz ainda que informar o paciente de sua doença é um ato de humanidade que vem

revestido de respeito e compaixão.

54

Nunes (2006) coloca como desastre considerar de forma rígida a informação do

diagnóstico ao paciente, pois como visto em sua pesquisa alguns médicos concordam em

informá-lo sem tirar a esperança, pois não deve mentir, mas também há exceções para não

informar e outros médicos concordam de omitir o diagnóstico ao paciente para evitar

emoções, mas contam a família. Gomes et al (2009) cita o Código de Ética que não se deve

omitir e que nos pacientes da área oncológica o dialogo é aberto e esclarecedor. E ainda para

esse autor o diagnóstico deve ser informado, pois é questão de humanidade revestido de

respeito e compaixão, embora muitos utilizam-se da „conspiração do silêncio‟ onde o médico

e a família isolam o paciente.

A categoria a seguir quando comunicar, nos remete a observação e atenção para

com o paciente apontada abaixo por Nunes (2006) para determinar não só quando, mas

também quanto de informação o paciente possa receber. Das seis publicações apenas uma

Nunes (2006) trata sobre o assunto, embora outras categorias acima já a explanaram

rapidamente.

Se estivermos atentos a nossos pacientes, ouvindo-os com toda a atenção, seremos

capazes, na maioria das vezes, de perceber quando e quanto da notícia o paciente

está preparado para receber. [...] o paciente nos assinala seus momentos e, atento a

eles, poderemos segui-lo. Embora essa afirmação possa parecer estranha, não cabe

ao médico estar sempre e incondicionalmente à frente do paciente. A afirmação

ficará talvez menos estranha se nos lembrarmos que é o paciente quem geralmente

procura o médico por se sentir doente. Foi dele a iniciativa por ter uma informação

mes mo antes do médico tê-la. (NUNES, J. 2006, p. 31-32)

Nunes (2006) diz que o paciente assinala seus momentos e é através desse

momento que o médico identifica quando deverá comunicar, e esclarece que o paciente,

mesmo antes do médico saber qualquer informação deva apresentar já estava procurando e

querendo saber sobre ela pelo fato de ter ido procurá- lo.

A seguir Oliveira (2009) nos remete a uma nova categoria. Menciona o estudo

com pacientes com câncer de mama, com enfermeiras e médicos oncológicos, realizada por

outros autores para saber se concordam entre si em relação à comunicação do diagnóstico.

Essa categoria comunicação, apenas duas Oliveira (2009) e Gomes et al (2009) das 6

publicações referem-se a esse respeito, conforme abaixo.

[...] 70% dos grupos estudados relataram como essenciais: o direito moral e legal do

paciente ser informado de forma honesta, em linguagem simples e sem brutalidade,

consulta sem interrupções, encorajar os pacientes a demonstrar seus sentimentos,

evitar dar prognósticos de forma definitiva e discutir as possibilidades de tratamento,

o médico falar em primeiro para o paciente, contar pessoalmente o diagnóstico assim

55

que o mesmo for confirmado, fazer contato olho a olho, linguagem corporal de

acolhimento, simpatia e encorajamento. Embora o alto consenso tenha existido, os

grupos apresentaram diferença em relação ao grau de importância dos tópicos.

Alguns itens ficaram fora dos 70% para os grupos, porém apareceram como

significativos para as pacientes: a presença de um acompanhante e que os

profissionais questionassem as pacientes para quem iriam contar e oferecessem

ajuda para tal tarefa, questionamentos por parte dos médicos do quanto os pacientes

gostariam de saber e início da preparação para o diagnóstico o quanto antes. De

acordo com os autores, a satisfação dos pacientes em relação à recepção do

diagnóstico poderia estar associada à congruência que ele e profissional de saúde

teriam a respeito do que é importante na comunicação de um d iagnóstico. O estudo

dos autores amplia ainda mais a questão da comunicação do diagnóstico, uma vez

que convida o médico a iniciar o preparo da comunicação da notícia o quanto antes e

ainda a auxiliar o paciente a repassar a notícia. A lém d isso, coloca em questão a

satisfação do paciente como algo não só dele ou do profissional, mas sim um

resultado de um encontro no qual ambos compartilham o que seria importante na

comunicação de um diagnóstico, o que possibilitaria d iferentes pacientes omitirem

diferentes opiniões a respeito de um mesmo profis sional. (OLIVEIRA, L. T. P.

2009, p. 56-57)

Oliveira (2009) informa que no estudo, mais da metade dos grupos estudados

relatam como essenciais o direito moral e legal dos pacientes. Onde a comunicação deve ser

feita de forma honesta, linguagem simples, sem brutalidade, consultas sem interrupções e de

encorajamento com demonstração de sentimento, evitando prognósticos definitivos, discutir

tratamento, falar primeiro com o paciente, contar pessoalmente, fazer contato olho a olho,

linguagem corporal de acolhimento, simpatia e encorajamento. Informa que nos grupos mais

da metade, um acompanhante é necessário e que os pacientes devem informá-los para quem

eles iriam contar para auxiliá- los e também a questão de quanto o paciente quer saber.

Verifica-se aqui que Oliveira (2009) remete de certa forma um modelo „ideal‟ a respeito de

como deve ser feita a comunicação do diagnóstico de câncer ao paciente.

A pesquisa influi não só na comunicação como também na preparação da notícia

e ainda auxilia o paciente a repassá- la. Coloca a satisfação do cliente como um encontro onde

ele e o profissional compartilham o que é importante ou não na comunicação.

Abaixo Gomes et al (2009) realizou outra pesquisa com pacientes oncológicos,

onde mais da metade era composta por mulheres, para saber se sabiam o diagnóstico,

conforme abaixo.

Do total de 396 pacientes, 291 eram do sexo femin ino (73,5%) e 105 do sexo

masculino (26,5%). O índice de omissão do diagnóstico foi de 28,5% (113

pacientes), sendo que em 94 casos a não comunicação ocorreu entre os médicos não

especialistas (grupo B). Entre os médicos especialistas (grupo A), a verdade foi

comunicada a 270 pacientes (93,4%, versus 12,1% no grupo B), ao passo que a

omissão ocorreu em 19 casos (6,6%, versus 87,9% no grupo B). Dos pacientes que

não foram in formados, 94 (83%) já suspeitavam que eram portadores de doença

maligna. Os familiares dos doentes não informados foram comunicados somente em

31 casos (27,4%) e, em 16 vezes (14,2%), solicitaram em pré-consulta no

56

ambulatório que o paciente não tomasse conhecimento da neoplasia. [...]

Considerações como essas deixam claro que a não comunicação do diagnóstico ao

paciente deve ser uma conduta de exceção. Infelizmente, o que nota-se em nossa

série é que a mes ma tornou-se regra, principalmente em meio aos médicos não

especialistas (87,9% de omissão no grupo B versus 6,6% no grupo A). (Gomes et al,

2009, p. 140,142)

Nessa pesquisa a omissão do diagnóstico foi de 113 pacientes onde 94 ocorreram

entre médicos não especialistas. Os pacientes não comunicados suspeitavam de doenças

malignas. Somente em alguns casos os familiares dos doentes não informados foram

comunicados dentre eles mais da metade solicitaram ao ambulatório que o paciente não fosse

comunicado. Com isso a não comunicação é uma exceção, mas infelizmente nota-se que se

tornou uma regra, principalmente nos médicos não especialistas. Cita o artigo 59 do Código

de Ética Médica, onde deve ser comunicado ao responsável o diagnóstico e prognóstico

quando não for feito ao paciente e isso não aconteceu na maioria das vezes. Embora

considerem o não comunicar uma forma de preservar o doente, Gomes et al (2009) conclui

que o que acontece na realidade é o médico tentar se proteger, devido sua impotência em

curar, sua insegurança em orientar e seu despreparo ao cuidar, pois não foram preparados para

essa função e acabem abandonando o paciente.

Esse primeiro subcapítulo engloba diversas categorias, dentre elas vale destacar a

comunicação. Oliveira (2009) em seu estudo sistematiza do que se tratam as estratégias de

comunicação do diagnóstico, citando todas as categorias (para quem informar; a forma de

revelar; linguagem médica; quem comunica o diagnóstico; local e duração da comunicação;

quanta informação fornecer; reações à comunicação; informar ou não o diagnóstico; quando

comunicar e comunicação) como sendo de suma importância para tal processo. Como relatado

acima, diz que é um direito moral e legal dos pacientes serem comunicados a respeito de seus

diagnósticos. Que ao serem informados, a forma deve ser honesta, a linguagem simples, sem

brutalidade, consultas sem interrupções com encorajamento e demonstrando sentimentos ao

paciente, evitando prognósticos definitivos, discutindo tratamentos, falando primeiramente ao

paciente, pessoalmente e como um contato olho a olho, com uma posição corporal que revele

ser de acolhimento, com simpatia, encorajamento, querendo saber do paciente se quer

companhia quando for informado e também para quem quer contar auxiliando o mesmo nessa

função e também o quanto o mesmo quer saber.

O informado acima embora aparentemente conclusivo e sem discussões remete-se

a um modelo de resumo ideal do que foi abordado por alguns autores selecionados na

elaboração dessa pesquisa. Embora Oliveira (2009) tenha concluído sua pesquisa,

57

determinando o que deve ser praticado na comunicação do diagnóstico ao paciente, ela

também explanou de alguma forma o que alguns dos autores indicaram em suas pesquisas,

como a linguagem simples, sem interrupções etc..., sendo que uns concordam ser o caminho

ou uma maneira tranqüila para comunicar o diagnóstico, outros nem mencionam o fato e

outros repetem o que já foi dito pelos autores, mas não aborda se utilizam esses

procedimentos e critérios para informar o diagnóstico, que é o assunto pendente da pesquisa

presente. As análises das categorias se fazem necessária a esse trabalho.

Das dez categorias relacionadas (quadro 3.3.1), Nunes (2006) aborda sete delas,

em seis delas Silva/Zago (2005) e Pereira (2007) abordam o assunto, Oliveira (2009) esta em

cinco delas, sendo Gomes et al (2009) em três e Trindade et al (2007) em uma. Portanto nem

todos os autores abordam a respeito de todas as categorias e mesmo em algumas as quais

abordam o assunto, não são conclusivos, apenas citam e mostram o caminho para o que se

deve fazer, não sendo conclusivo.

Acima as categorias se completam e ao indicarem o caminho se repetem em seus

posicionamentos. Nunes (2006) em sua pesquisa diz que não há estratégias, mas sim

indicadores para as mesmas, coloca também que o informar ou não está propenso ao desastre.

Cita a Carta do Direito dos Usuários da Saúde que esclarece o direito do paciente a respeito de

tudo que será comunicado. A mesma autora em sua pesquisa revela que alguns dos direitos

não são levados em consideração e que tanto na sua pesquisa quanto de outros S ilva/Zago

(2006) e Pereira (2007) são mencionados alguns tópicos como importantes. Gomes et al

(2009) utiliza-se do Código de Ética Médico que não deve se omitir a comunicação do

diagnóstico, mas que salvo exceções, como crianças que não são capazes de entender o que

esta acontecendo ou pacientes aos quais não possuem condições físicas e psiquicas de

compreender seu estado de saúde. O médico então determina com discernimento para quais

pacientes a comunicação será omitida, como pacientes sem condições psico lógicas e físicas e

crianças, onde os pais são comunicados.

4.2. Informações às características do pacientea relativas ao sexo, idade, e escolaridade

Nessa sessão o foco da discussão é referente às incidências relativas ao sexo,

idade e escolaridade. Das seis publicações analisadas três Nunes (2006), Oliveira(2009) e

58

Pereira (2007) presentam informações sobre o assunto, sendo que somente a incidência

referente à idade foi o discutido abaixo.

[...] os menores de idade deveriam ser cientificados de alguma forma sobre sua

doença e de seu estado terminal – forma esta que levasse em consideração sua

capacidade de compreensão. (NUNES, J. 2006, p. 31)

Nunes (2006) considera que as crianças sejam informadas sobre sua saúde,

levando em conta sua compreensão a respeito. Mas Nunes (2006) nos remete ao referencial

teórico onde a mesma cita o Código de Ética Médica, capítulo IX – Segredo Médico - é

vedado ao médico informar diagnóstico à pacientes menores de idade. Coutinho (2004, apud

NUNES 2006, p. 30) afirma que o capítulo em questão é incompleto, não informa a faixa

etária e não define quais informações compõem o „segredo médico‟.

Abaixo Oliveira (2009) diz que a informação é dada a criança de forma grad ual,

pelos pais e de acordo com o comportamento que elas apresentam.

[...] Nos casos de câncer, todas as crianças sabiam seus diagnósticos. A idade das

crianças foi um dos critérios na escolha das informações. Informações sobre risco de

seqüelas e morte não foram comunicadas abertamente e constituíram-se segredos

entre os envolvidos. A morte foi o principal tabu. Os pais consideram o não -

compartilhamento de informações uma atitude com potencial prejudicial às crianças,

porém, justificaram sua posição com o intuito de proteger as crianças. As maiores

dificuldades na comunicação sobre a doença com as crianças foram o diagnóstico,

funcionamento corporal, causas e prognóstico e com menor dificu ldade, o

tratamento. De acordo com Rabuske (2004), além de gerar impotência, o sofrimento

e o estresse, no contexto da doença crônica, tornariam mais difícil compartilhar

informações. Os pais entrevistados descreveram a fase diagnóstica como um período

de dúvidas e incertezas. [...] Nos casos de câncer, os familiares entrevistados, não

entenderam a t ipologia dos mes mos. O uso da palavra maligno fo i relacionado a

algo pior, mesmo em certas situações como sendo sinônimo da enfermidade da

criança. No entanto, passado esse momento, surgiu o interesse em saber mais sobre

o tratamento e a cura. Rabuske (2004) associou esse comportamento ao medo inicial

do que os familiares poderiam v ir a ouvir dos profissionais. [...] Massignani (2007)

realizou uma pesquisa com 33 médicos que atendiam crianças e adolescentes

hospitalizados com o objetivo de caracterizar o processo de comunicação de más

notícias. A pesquisadora aplicou um questionário em todos os participantes e

realizou entrevista com parte da amostra, 18 pediatras. Massignani concluiu que a

comunicação de más notícias é uma tarefa d ifícil de ser realizada devido à falta de

preparo, em grande parte acadêmico, para lidar com os aspectos subjetivos que

envolvem esse processo, como o sofrimento mobilizado no profissional e reações do

paciente. Outro aspecto encontrado refere-se à evitação ou pouca realização da

comunicação da má notícia quando a mesma possui maior magnitude. Desse modo,

os médicos optaram por não informar as “piores” más notícias às crianças e

adolescentes e as melhores são comunicadas de forma sincera, acolhedora,

compreensível e gradual (OLIVEIRA, L. T. P. 2009, p. 39-40 e 53)

Em sua pesquisa, Oliveira (2009) informa que a idade foi primordial na escolha

do que seria informado as crianças, e que todas as crianças da área oncológica, sabiam seus

59

diagnósticos. Os pais acreditam proteger as crianças não informando o diagnóstico embora

considerem que o não comunicar seja prejudicial. Cita uma pesquisa de outro autor realizada

com pediatras, onde a pesquisadora conclui que os médicos optaram não informar as crianças

e adolescentes quando for de grave magnitude e passam a informar quando forem boas.

Embora o diagnóstico a ser informado para a criança ou ao adolescente seja determinado pela

idade, isso acaba por não ser possível quando o mesmo for considerado de grave magnitude

pelo médico.

Abaixo Pereira (2007) enfatiza a influencia cultural como fator importante na

comunicação do diagnóstico, que juntamente com a família dá suporte e favorece nos

tratamentos terapêuticos.

A influência cu ltural é de suma importância no processo de comunicação com os

pacientes, exercendo ao lado da família, papel ativo no exercício das opções

terapêuticas, na abordagem do tratamento e no suporte oferecido aos enfermos. As

influências culturais e familiares não podem ser menosprezadas e t ampouco

desconsideradas, sob risco de contrariar as necessidades e preferências da população

latina. [...] O presente estudo confirma esta característica cultural, em que 47% dos

profissionais de saúde, em algum momento, alegaram a importância do

envolvimento dos familiares do doente no processo de informar más notícias. Esses,

também, envolveriam a própria família (47%) se estivessem frente a uma doença

que ameace a vida. Nenhum médico ou enfermeiro crê que a família deve decidir

por si só quem deve receber a informação. Este dado demonstra uma contradição

com a realidade da prática médica d iária, inclusive do serviço de Terapia Antálgica e

Cuidados Paliativos da Faculdade de Medicina da UNESP, onde muitos familiares

de pacientes detêm toda a informação e o enfermo repousa sob o véu da ignorância.

É possível que esses resultados obtidos representem, neste momento, uma tendência

positiva à mudança de atitude, visando à melhor qualidade do atendimento à saúde.

Provavelmente o reflexo desta mudança será evidenciado nos próximos anos nos

hospitais, nos consultórios e nas equipes de saúde. (PEREIRA, C. R. 2007 , p. 51-52)

Pereira (2007) informa que nenhum médico ou enfermeiro deve considerar a

família detentora do poder de comunicar ou não para quem quer que seja o diagnóstico. No

entanto isso contradiz o que realmente acontece na prática médica. Embora acredite que

haverá uma mudança em relação a essa atitude médica.

Os autores acima concordam entre si a respeito das crianças serem comunicadas

de seus diagnósticos. Embora se utilizem de alguns subterfúgios, como aborda Oliveira

(2009) de informar com a presença dos pais, ou quando o diagnóstico não é grave, ou o que

será informado determinado pela idade do paciente. Pereira (2007) acrescenta a influência

cultural dentro da população latina e que o médico não considera a família como sendo

possuidor do poder de comunicação e menciona o serviço de Terapia Antálgica e Cuidados

60

Paliativos da Faculdade de Medicina da UNESP que prega o contrario, mas acredita que

haverá mudanças futuramente.

Nunes (2006) acredita que as crianças devam saber a cerca dos diagnósticos e

Oliveira (2009) concorda e completa que a idade é um fator para a comunicação, embora

tenha contribuído no que seria comunicado, pois quando o câncer é determinado como grave,

é evitado pelo médico. Alguns autores (SILVA/ZAGO 2005, NUNES 2006) mencionaram o

nível cultural como um indicativo de quanta informação fornecer sobre o diagnóstico. Pereira

(2007) não se refere à idade, e sim a influência cultural mencionando o serviço prestado pela

UNESP, que deixa a critério da família a informação do diagnóstico de câncer, embora

médicos e enfermeiros não acreditem que a família deva ser a detentora desse saber.

4.3. Incidência do tipo de câncer e evolução da doença no diagnóstico

Essa última sessão é referente à categorização estágio terminal, há comunicação

ao paciente. Das seis publicações avaliadas apenas uma Trindade et al (2007) apresenta

informações referentes a essa categoria, embora outros autores selecionados nessa pesquisa

comentem sobre o assunto e classificam como sendo a parte mais difícil da comunicação, isso

quando resolvem fornecê- la.

Se não informa ou informa com restrições, isso se deve a que? – dois (8,7%)

assinalaram que "o paciente não precisa saber da gravidade do diagnóstico"; oito

(34,8%) "o paciente deverá ser preservado emocionalmente"; nenhuma resposta para

"o paciente só confiará se acreditar que poderá ter cura"; e 13 (56,5%) que "o

paciente deve ser estimulado a sempre ter esperança de cura". Dezo ito (47,3%)

médicos não responderam esta questão e os 20 (52,6%) respondentes registraram 23

respostas: um respondeu três opções e outro duas opções. [...] Quando informa que a

doença é grave, informa também os procedimentos que ele irá enfrentar, com seus

inconvenientes e os desdobramentos de sua doença? – nenhuma resposta para

"nunca"; uma (2,6%) "raramente"; 13 (34,2%) "freqüentemente"; e 24 (63,2%)

"sempre". [...] Apesar de 60,5% dos profissionais do universo estudado informarem

o diagnóstico e prognóstico da doença aos pacientes, este número cai

significativamente quando a situação do paciente torna-se terminal; nestes casos,

50% dos entrevistados transferem a informação exclusivamente à família.

(TRINDADE ET AL. 2007, p. 73)

Trindade (2007) realizou uma pesquisa com médicos sobre a informação da

gravidade do diagnóstico de câncer ao paciente, verificou que mais da metade dos

61

profissionais informam o diagnóstico ao paciente, mas quando o diagnóstico é de câncer

terminal, informam somente a família.

Em sua pesquisa Trindade et al (2007) informa somente a família sobre o

diagnóstico de câncer terminal. Na sessão acima Oliveira (2009) explana o assunto dentro da

categoria relacionada à idade, se refere a crianças e adolescente de não informar sobre a

gravidade do câncer e Nunes (2006) informa que o médico comunica o diagnóstico para

pacientes graves, só se os mesmos o questionarem sobre o assunto. Em relação ao tipo de

câncer e evolução da doença nenhum autor discutiu sobre o assunto.

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A comunicação ou não do diagnóstico abordado nessa pesquisa foi realizada

através da sistematização do conhecimento produzido, identificando assim quais os

procedimentos e os critérios utilizados para determinar essa questão pelos profissionais da

medicina.

O objetivo geral da pesquisa, foi caracterizar os procedimentos utilizados e os

critérios que os médicos observam ao informar o diagnóstico clínico de câncer aos pacientes

portadores dessa doença, a partir de literatura existente sobre esse processo. Foram feitos por

meio de bases de dados virtuais num total de quatro sites, sendo eles o site BVS – em saúde, o

site Domínio Público, o site Scielo e o site Unisul. Onde a área pesquisada foi dentro da

medicina e psicologia, publicados em revistas de enfermagem, de câncer e da associação

médica, havendo publicações de trabalhos de graduações e pós-graduação, entre os anos de

2005 e 2009.

A partir do estudo realizado, foi possível descobrir que o diagnóstico, além de ser

um momento importante na vida do paciente, é também uma atribuição para o profissional da

Medicina. As sistematizações nos artigos encontrados nas bases de dados explicam que os

médicos consideram que o paciente deve receber o seu diagnóstico e saber a respeito de sua

doença, o câncer, pois é um direito moral e legal do paciente, e trata-se de uma questão de

humanidade. Concordam com essa premissa, mas não a utilizam na prática. Quando se trata

de médicos não especialistas, o diagnóstico ao paciente nunca é informado. Sempre dar o

diagnóstico ao paciente está relacionado aos médicos na faixa etária de 20 a 35 anos onde

62

frisam não haver justificativa para omiti- lo e entre os médicos acima dos 55 anos informam

existir situações onde a omissão se justifica. Embora não forneçam o diagnóstico, em alguns

casos, os pacientes que não foram informados desconfiam de uma doença grave, e os de

câncer ainda mais devido aos indicativos, como serem encaminhados a médicos oncologistas,

ficar em filas onde só possuem pessoas com câncer, freqüentarem hospitais do câncer e

tratamentos específicos da doença. Para que forneçam o diagnóstico os médicos se utilizam de

indicadores para elaborarem estratégias, inclusive estas relacionadas ao Código de Ética e a

Carta dos Usuários da Saúde.

Através da sistematização, percebe-se que os médicos são os profissionais que

mais informam o diagnóstico ao paciente e isso, por sua vez, se preocupam em informarem o

diagnóstico de forma clara, objetiva, simples sem termos técnicos, utilizando palavras

amenas, num lugar reservado, confortável onde não possam ser interrompidos. Embora não

saibam se estão sendo claros e se conseguem fazerem-se entender. Acreditam que são capazes

de definir na observação dos pacientes o melhor momento para informar o diagnóstico e o

quanto de informação é importante para transmitir. Com isso determinam que o diagnóstico

deva ser dado aos poucos e em etapas para uma melhor compreensão e aceitação, dando

prioridade no que o paciente quer saber ou não ou até mesmo não saber o diagnóstico.

Outro aspecto importante relacionado ao quanto informar, e classificam os

pacientes de acordo com as condições físicas, a capacidade de tolerância psicológica, até

mesmo condições de vida, nível cultural, estagio da doença, sexo, idade, mas não determinam

de forma clara como se utilizam dessas informações. Embora influência cultural, sexo e a

idade sejam tópicos a parte pode-se dizer que em relação ao sexo não há discussão apenas

menção ao mesmo. A influência cultural apenas destaca as necessidades e preferências da

população latina. E a idade foi abordada em casos de menores, onde é fornecido o diagnóstico

aos pais ou responsáveis e quando informam aos menores, consideram à idade através do

nível de compreensão da própria, para que os médicos saibam o que informar. Os tipos de

câncer não foram abordados, embora alguns cânceres estejam diretamente ligados a gravidade

dos mesmo; não houve discussão arespeito da influência deles em função da comunicação do

diagnóstico.

A gravidade do câncer foi outra variável evidenciada na pesquisa, mas alguns

profissionais contam com a ajuda da família, ou incumbem à família de informar o

diagnóstico e ainda os que deixam a família determinar se comunica ou não. Uma das

pesquisas aborda que os médicos juntamente com os enfermeiros não concordam que a

63

família deve ser quem decide a respeito da vida do paciente, onde ela determina se comunicar

ou não o diagnóstico ao paciente.

As reações expressas pelo paciente é um dos momentos mais traumatizantes

segundo os médicos, pois as emoções e o comportamento podem piorar o fornecimento do

diagnóstico. Acreditam que ao não saber lidar com essas emoções possam piorar o estado do

paciente levando-a a depressão e até a antecipação da morte. Alguns acreditam terem

fracassado diante ao diagnóstico de câncer e isso é justificado pela falta de informação.

Gomes et al ( 2009) destaca muito bem essa visão do médico de não terem sido preparados

para isso, nas questões da impotência da cura, na insegurança em orientar e no despreparo em

cuidar. E o informar o diagnóstico pode acabar em desastre como Nunes (2006) destacou.

A pesquisa não pode ser generalizada, pode-se dizer que a mesma seja um

levantamento sobre os procedimentos e critérios utilizados como fatores relevantes para que o

médico ao informar ou não informar o diagnóstico ao paciente. São maneiras que tornam mais

“fácil” ou “menos doloroso” a informação ou não do diagnóstico, tanto para o paciente quanto

para o médico.

O presente trabalho mostra que existem poucas publicações como livros, artigos,

pesquisas, revistas, jornais, documentos, periódicos que se possa relacionar para se chegar não

somente há algumas conclusões como verificado aqui mas para uma uma conclusão total e

definitiva a respeito do médico informar ou não informar ao paciente sobre o diagnóstico de

câncer. A falta de material é um fator que não permite que se trate o assunto de forma

completa, onde a omissão ou não do diagnóstico de câncer ao paciente, seja possível ou não,

tornando-se uma regra sem exceções, se o mesmo for possível.

Percebe-se a necessidade de pesquisa e publicação de estudos de como deve ser

determinada essas informações a respeito de fornecer, pois é um direito do paciente saber, e

dever do médico informar. Que a existência desses novos estudos auxilie a prática

profissional do médico que o conversar com o paciente sobre o assunto não se torne tão

estressante para ambos e que o paciente com isso seja melhor assistido, não ficando no “véu

da ignorância” como mencionado por Pereira (2007) em pesquisa.

Acredita-se também que essa questão seria melhor realizada em sua conclusão,

através de uma pesquisa de campo, com entrevistas realizadas com médicos e profissionais da

área oncológica ou até ampliando a pesquisa na discussão de não apenas mencionar a respeito

de tópicos relevantes, como também revelar o como é importante e significativo para o

médico estar a par de tudo que engloba e possa tornar a comunicação do diagnóstico clínico

64

de câncer um procedimento mais leve sem maiores transtornos e sem ressalvas em sua

comunicação. Além dessa pesquisa em campo, outras sujestões de pesquisas como a

avaliação da percepção do paciente a respeito do modo como ele foi informado sobre a

doença e também uma avaliação na relação entre as características da informação do

diagnóstico e o posterior desenvolvimento da doença numa pespectiva de realmente buscar o

conhecimento empirico dos pacientes como também dos médicos.

Essa questão ainda pode ser discutida com profissionais da área de psicologia

auxiliando os médicos a melhor forma para a comunicação de tal diagnóstico, comunicando o

diagnóstico ou participando no momento do diagnóstico ou então assistindo o paciente,

preparando-o para receber essa informação.

Os profissionais da psicologia podem dar suporte não só ao paciente como

principalmente ao médico, que também necessita de ajuda, como está sendo revelado nessa

pesquisa. A dificuldade do médico em lidar com esse tipo de situação mostra que é necessário

a interferência do psicólogo. Com isso, quem mais sairia ganhando é o próprio paciente.

65

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RESUMOS DAS OBRAS

Resumo 1.

GOMES, Cláudio Henrique Rebello; et al. Comunicação do diagnóstico de câncer: análise do comportamento médico. Revista Brasileira de Cancerologia. UNIMONTES, MG. v. 55 n. 2

p. 139-143. 2009 Introdução: o diagnóstico de câncer deixa de ser comunicado aos pacientes em grande parte

das vezes, o que gera uma série de discussões na área da ética médica. Objetivo: analisar a conduta de médicos especialistas em oncologia e não especialistas quanto à comunicação do

diagnóstico de câncer, bem como abordar as questões éticas relacionadas a esse contexto. Métodos: os autores avaliaram, de maneira prospectiva, 396 pacientes e seus familiares encaminhados por 76 médicos para ambulatório especializado de cirurgia oncológica, no

período de 2002 a 2006. Resultados: duzentos e noventa e um pacientes eram do sexo feminino e 105 do sexo masculino. Em relação à topografia da lesão, a maioria encontrava-se

no abdômen ou pelve (86 por cento), sendo 9 por cento dos tumores originados na região da cabeça e pescoço, 4 por cento em tórax e 1 por cento em membros. O índice de omissão do diagnóstico foi de 28,5 por cento. Os médicos não especialistas deixaram de informar a 87,9

por cento dos seus pacientes, enquanto que os especialistas omitiram o diagnóstico em 6,4 por cento dos casos. Os familiares dos doentes não informados foram comunicados somente em

27,4 por cento das vezes. Em 14,2 por cento dos casos, foi solicitado pelos familiares em pré-consulta no ambulatório que o paciente não tomasse conhecimento da neoplasia. Conclusão: a taxa de omissão das informações foi superior entre os médicos não especialistas, porém não

foi nula entre aqueles que trabalham habitualmente com o câncer.(AU)

Assunto(s): Humanos Masculino Feminino Neoplasias/diagnóstico Relações Médico-Paciente/ética Barreiras de Comunicação Ética Médica Diagnóstico Clínico

69

Resumo 2.

NUNES, Jossiane. Comunicação de diagnóstico de doença terminal: Uma revisão bibliográfica. Palhoça. UNISUL. 2006.

O presente trabalho refere-se à comunicação do diagnóstico de doença terminal. Esse trabalho

tem como objetivo investigar as estratégias propostas para se comunicar um diagnóstico de doença terminal ao paciente e à sua família. Para que esse objetivo fosse alcançado, foram pesquisadas literaturas da medicina, da psicologia e dispositivos legais. O trabalho é

classificado como pesquisa bibliográfica e utilizou livros e artigos e documentos disponíveis online como fonte de dados. A partir do referencial teórico, foi possível identificar parâmetros

para a construção de uma estratégia de comunicação do diagnóstico que atenda as especificidades de cada paciente com doença terminal. Ao fim deste processo, constatamos que a avaliação do estado geral do paciente (biológico, psicológico e social), a escolha das

pessoas que serão comunicadas primeiro sobre o diagnóstico do paciente, a escolha do momento no qual comunicar o diagnóstico e as informações a serem passada ao paciente

juntamente com o diagnóstico são importantes fatores a serem a considerados na construção de uma estratégia de comunicação do diagnóstico de doença terminal.

Palavras-chave: doença terminal; comunicação do diagnóstico; paciente terminal.

70

Resumo 3.

OLIVEIRA, Luisa Todeschini Pereira. A comunicação de uma má noticia: o diagnóstico de

câncer de mama na perspectiva de pacientes e familiares. Uberlândia. UFU. 2009

Diante do aumento mundial dos casos de câncer de mama e da importância do momento da informação desse aos pacientes e seus familiares, o presente estudo teve como principal objetivo analisar o conteúdo das descrições dos relatos de pacientes e familiares dessas, sobre

suas experiências durante a recepção e transmissão do diagnóstico de câncer de mama. Os objetivos específicos foram: descrever como pacientes e familiares nomearam a doença ao

receber e transmitir o diagnóstico, identificar para quais membros da família as pacientes tiveram maior dificuldade para transmitir o diagnóstico e investigar se pacientes e familiares compartilharam entre si sentimentos relacionados à doença. Participaram da pesquisa doze

mulheres com câncer de mama, e seus familiares respectivamente, compondo assim, dois grupos. A coleta de dados ocorreu por entrevistas individuais, semi-estruturadas com dois

roteiros sendo um para cada grupo. Foi utilizada a técnica de análise de conteúdo temática para analisar os dados. Do resultado das entrevistas das pacientes, emergiram cinco grupos temáticos e catorze temas: 1) O início da doença: O encontro de alterações na mama e Em

busca do diagnóstico. 2) Recepção do diagnóstico de câncer de mama: Descrição do momento, Palavras médicas, O médico: o responsável pela comunicação do diagnóstico e As

reações diante da notícia; 3) Transmissão do diagnóstico de câncer de mama: Os caminhos da notícia, Linguagem utilizada, Reações dos familiares e Dificuldades para contar; 4)Repercussões de ser uma mulher com câncer de mama: Sentimentos guardados X

compartilhados, Alterações no comportamento familiar e Busca de informações e 5) Considerações sobre a doença: Câncer e algo mais. O resultado das entrevistas com os

familiares apontaram quatro grupos temáticos e doze temas: 1) A história da chegada do câncer de mama na família: O contato com sintomas da doença e Os caminhos para o diagnóstico; 2) A vivência do diagnóstico de câncer de mama: A recepção do diagnóstico,

Reações e sentimentos, Nomes da doença, Dúvidas e interrogações e Desmistificando o câncer; 3) Compartilhando o diagnóstico: Diferentes formas de se comunicar o diagnóstico de

câncer, Reações de familiares e 4)Conversas sobre o câncer: Compartilhando os sentimentos, Escondendo sentimentos e Diálogos sobre o câncer.A maioria dos participantes, ficou satisfeita com o modo pelo qual souberam o diagnóstico. Nem sempre a palavra câncer foi

utilizada. A comunicação do diagnóstico contemplou informações a respeito dos tratamentos e possibilidade de cura, elementos fornecedores de esperança. Os participantes que

vislumbravam a possibilidade da ocorrência do diagnóstico de câncer relataram menor impacto ao receber a notícia. As pacientes tiveram mais dificuldades em relatar seus

71

diagnósticos para as pessoas que elas imaginavam que fossem sofrer mais com a notícia. As

pacientes que optaram por compartilhar seus sentimentos sobre a doença, o fizeram com pessoas próximas. O mesmo ocorreu com os familiares, que buscaram outras pessoas, que não

as pacientes, para fazê-lo, afim de poupá- las. Ambos os grupos relataram esconder certos sentimentos com o intuito de não causar aborrecimentos. Sugere-se estudos com estudantes, residentes e médicos e com pacientes com dificuldade de compreensão e em situações de

recidiva e metástase.

Palavras-chave: comunicação de má notícia, câncer de mama, paciente e família.

Resumo 4.

PEREIRA, Carolina Rebello. Atitudes dos profissionais de saúde frente à revelação de más

notícias. Botucatu, SP. UNESP. 2007

Introdução: Nas últimas décadas profundas mudanças têm ocorrido no tocante à revelação de informações aos pacientes, em especial àqueles com diagnósticos de doenças que ameacem a vida, como o câncer. Porém no Brasil, e em muitos países em desenvolvimento, ainda é a

regra a atitude paternalista dos profissionais da saúde ao oferecer uma “mentira solidária”, ao invés de informar o diagnóstico real de câncer. Objetivos: Descrever as preferências em

relação à revelação do diagnóstico e prognóstico entre os profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) e avaliar se esses profissionais oferecem aos seus pacientes a mesma conduta que gostariam de receber se estivessem com uma doença que ameaça a vida. Metodologia:

Após consentimento livre esclarecido, foram aplicados questionários contendo oito questões sobre preferências acerca da revelação de informações sobre diagnóstico e prognóstico para

50 médicos e 50 enfermeiros. Resultados: Noventa e sete por cento dos profissionais da saúde acredita que sempre ou quase sempre se deve contar o diagnóstico aos pacientes e 80% o prognóstico. Quando se refere às preferências pessoais, 96% querem saber, em qualquer

circunstância, seu próprio diagnóstico e 92% o prognóstico. Dentre os profissionais entrevistados 35% acreditam que existam situações em que mentir ou omitir informações aos

pacientes é justificável, porém 90% não admitiriam que algum profissional da saúde lhes mentisse/omitisse informações. Quarenta e sete por cento crêem que a família deve ser envolvida no processo de informação do diagnóstico estes também envolveriam a própria

família em caso de doença que ameaça a vida. Conclusão: Pelo presente estudo é possível demonstrar que os médicos e enfermeiros, em uma perspectiva de bioética aplicada à clínica,

estão cada vez mais se aproximando das expectativas dos pacientes, embora ainda haja um longo caminho a percorrer.

Palavras Chave : Bioética; Câncer; Comunicação; Más notícias; Relação médico-paciente.

72

Resumo 5.

SILVA Valéria Costa Evangelista; ZAGO, Márcia Maria Fontão. A revelação do diagnóstico de câncer para profissionais e pacientes. Revista Brasileira de Enfermagem. São Paulo. v. 58

n. 4 p. 476-480. jul/ago. 2005

A revelação do diagnóstico de câncer é considerada um momento crucial e a forma como o profissional de saúde dá a notícia interfere diretamente na relação do paciente com o próprio

diagnóstico. O estudo objetiva uma proposta de discussão sobre a importância da revelação do diagnóstico de câncer para o paciente e os profissionais de saúde. A metodologia trata-se de um ensaio. Na discussão abordam-se perspectivas de trabalhos que envolvem interação

profissional de saúde e paciente, retrata-se a revelação do diagnóstico e a atuação da enfermagem no processo de comunicação. A difícil tarefa de revelar o diagnóstico pode divergir no campo da experiência de cada um e o profissional de saúde deve estar preparado

para atuar de forma eficaz, levando em consideração as questões culturais, sociais e psicológicas do paciente em relação à preferência pela informação.

Palavras-chave : Câncer; Relação profissional-paciente; Enfermagem.

73

Resumo 6.

TRINDADE, Etelvino de Souza; AZAMBUJA, Letícia Erig Osório de; ANDRADE, Jeison Pábulo; GARRAFA, Volnei. O médico frente ao diagnóstico e prognóstico do câncer

avançado. Revista Associação Médica Brasileira. São Paulo. v. 53 n. 1 p. 68-74. jan/fev. 2007

OBJETIVO: Avaliar a postura de médicos frente à informação do diagnóstico e prognóstico de câncer aos pacientes, familiares ou ambos, incluindo uma análise bioética do conflito

verificado entre beneficência, respeito à autonomia do paciente e paternalismo. MÉTODOS: Foram entrevistados 38 médicos responsáveis por pacientes com neoplasias malignas em um hospital terciário. O questionário foi dividido em duas partes. Uma com dados gerais do

entrevistado e outra com perguntas específicas sobre a transmissão das informações ao paciente e também avaliação da compreensão do médico sobre beneficência.

RESULTADOS: Embora 97,4% dos médicos em geral informem o diagnóstico aos seus pacientes, nos casos de doença terminal, 50% se valem da família como apoio. Com relação à informação sobre prognóstico fatal, os que comunicam somente à família foram 63,1%,

enquanto 31,6% preferem passar a informação diretamente ao paciente. O estudo mostrou que os profissionais confundem beneficência com paternalismo. CONCLUSÃO: Os médicos têm

o hábito de informar o diagnóstico aos seus pacientes. Na impossibilidade de recursos curativos, as atitudes tornam-se conflitantes no que concerne aos princípios da beneficência e autonomia. O número de médicos que acreditam no paternalismo como forma de beneficência

é ainda significativo. A atitude paternalista emerge principalmente quando os recursos terapêuticos tornam-se não resolutivos.

Palavras-chave : Bioética; Pacientes graves; Informação do diagnóstico e prognóstico;

Beneficência; Paternalismo; Autonomia.

74