Tcc Motivação no Voluntariado Corporativo
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Curso de Administração – FCN 1
A MOTIVAÇÃO NO VOLUNTARIADO CORPORATIVO
1 Mislene Cristina Ramos
Faculdade Canção Nova
2 Orientador Prof. MS. André Alves Prado
Faculdade Canção Nova [email protected]
Resumo O presente artigo tem por objetivo apontar os principais fatores motivacionais que levam um indivíduo a exercer o voluntariado. Para isto, uma pesquisa bibliográfica foi realizada utilizando livros e artigos científicos que abordam conceitos sobre voluntariado, responsabilidade social, terceiro setor e as motivações que levam um indivíduo a realizar trabalho voluntário. Para isto, fez-se um levantamento através de uma pesquisa de campo em uma organização de caráter filantrópico na Região do Vale do Paraíba, onde foi aplicado um questionário destinado a pessoas que exercem o trabalho voluntário. Tanto a pesquisa bibliográfica como a pesquisa de campo apontaram os principais fatores motivacionais para o trabalho voluntário. As análises demonstraram que as motivações que levam um indivíduo à atuação voluntária podem ser diversas, mas motivos altruístas são evidenciados como o principal fator motivacional. Assim sendo, percebe-se que o trabalho voluntário pode ser considerado um agente transformador em busca de uma sociedade melhor. Palavras-chave: motivações para o voluntariado, responsabilidade social, terceiro setor.
Abstratc This article has as goal to point out the main motivation factors that lead an individual to practice volunteering. For that, a bibliographic research was made using books and scientific articles that address concepts of volunteering, social responsibility, third sector and the motivations that lead an individual to perform voluntary work. For that, a survey through a field research of a philanthropic organization in the area of the Vale do Paraíba was made, where a questionnaire was applied destined to persons that practice voluntary work. Both the bibliographic research as well as the field research pointed out the main motivational factors for volunteer work. The analysis showed that the motivations that lead an individual to volunteering may be several, but altruistic motives are highlighted as the main motivational factor. Therefore, one perceives that voluntary work can be considered a transforming agent in search of a better society. Keywords: motivations to volunteering, social responsibility, third sector.
Introdução O terceiro setor apresenta-se como uma forma de preencher lacunas deixadas pelos
órgãos públicos. Desponta-se no Brasil como opção para minimizar problemas de ordem sociais,
proporcionando melhores condições e mais qualidade de vida em busca de um país igualitário.
Desta forma, o terceiro setor colabora com o Estado, onde o bem-estar social é de
responsabilidade de todo o meio e não apenas de um órgão específico. (AZEVEDO, 2007). O
autor citado enfatiza que dentre as ações correlacionadas ao terceiro setor, pode-se destacar o
desenvolvimento do Voluntariado Corporativo, programa que se realiza nas organizações para
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fomentar os funcionários à realização do trabalho voluntário, instigando a consciência e a
relevância da Responsabilidade Social.
O Voluntariado Empresarial, reforça Mascarenhas et al. (2013), surgiu no Brasil em um
cenário em que a responsabilidade social foi alvo de discussões entre empresários, no meio
político e na mídia, crescendo o número de empresas interessadas em aderirem ao plano de
desenvolvimento social, visando serem reconhecidas pela sociedade e pelo mercado.
A complexidade do mundo atual, advinda da globalização, gerou como consequência uma
acirrada competitividade entre as empresas e uma crescente desigualdade social. Diante desta
realidade, a Responsabilidade Social ganha destaque. Conforme Tachizawa (2012), pode ser
resumidamente entendida com o conceito de efetividade que se caracteriza por atender às
necessidades da sociedade, aos requisitos sociais, econômicos e culturais. Por outro lado, traz
vantagens competitivas para a organização, incluindo a tangibilidade e fortalecimento da marca,
dando conotação de diferenciação comparativa ao negócio (PORTER, 1986).
O voluntariado corporativo tem se destacado entre os programas de Responsabilidade
Social, que na última década além do incentivo por parte das empresas, recebeu cada vez mais
notoriedade na mídia, sendo que o número de voluntários tem aumentado exponencialmente
(LANDIM; SCALON, 2000).
Porém, percebe-se ainda que há uma lacuna a ser trabalhada: o que motiva essas
pessoas para a realização do trabalho voluntário? Por este motivo, o trabalho apresentado tem
por objetivo apontar os principais fatores motivacionais que levam um indivíduo a exercer o
voluntariado.
Identificar as motivações dos voluntários é relevante dentro do campo da Administração,
pois possibilita compreender as motivações que levam um indivíduo a dedicar-se em uma
organização e entender seu comportamento, levando em consideração um cenário mais realista,
possibilitando aos administradores atender às suas expectativas e desenvolver um programa de
voluntariado mais apropriado dentro da realidade de cada voluntário.
Este estudo utiliza a pesquisa bibliográfica a qual abrange a leitura, análise e interpretação
de livros, periódicos, dentre outros sobre o tema discutido.
Segundo Rampazzo (2004, p. 53), “a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a
partir de referências teóricas publicadas”. Para Marconi e Lakatos (2011), é uma maneira para
qual o pesquisador tenha acesso a todo o material escrito sobre o assunto, auxiliando em sua
análise, pois é a primeira etapa para a realização de toda pesquisa científica.
Após o estudo da pesquisa bibliográfica realizou-se a pesquisa de campo através de um
questionário aplicado entre os voluntários de uma organização, permitindo uma base comparativa
entre o material estudado e a realidade, pois como cita Marconi e Lakatos (2011), o estudo de
caso possibilita um levantamento significativo sobre determinado assunto.
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1. Referencial Teórico Voluntariado: Contexto e Conceitos O tema sobre o trabalho voluntário no Brasil apresenta-se em estágio inicial de
desenvolvimento. Ainda assim, para Mascarenhas et al. (2013), a motivação dos voluntários é um
dos temas mais pesquisados, mas antes faz-se necessário compreender a evolução e o conceito
de voluntariado.
Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive, mutualidade. (LEI nº 9.608, de 18/02/1998, artigo 1º).
O trabalho voluntário teve sua origem em instituições religiosas, comunidades ou ainda
através de pessoas que não exerciam trabalhos formais e praticavam a caridade, principalmente
em instituições de saúde que além de doações financeiras eram mantidas principalmente pela
doação de voluntários que ofereciam serviços e assistência aos pacientes. (SOUZA; COSTA,
2013).
Tais autores, afirmam ainda que com os avanços tecnológicos e a globalização, uma
crescente desigualdade social surgiu, onde apenas as iniciativas públicas não conseguiam trazer
soluções para esse problema que aumenta no mundo e não apenas no Brasil. Nesse contexto, a
ação voluntária cresceu consideravelmente, deixando de existir não apenas na área da saúde,
mas ganhando espaço em diversas outras, principalmente pela atuação das Organizações Não-
Governamentais (ONG).
O voluntariado corporativo surge no Brasil por volta dos anos 80, onde a responsabilidade
social ganha destaque no meio corporativo, ganhando ainda mais força em 2001 quando a ONU
instituiu o Ano Internacional do Voluntariado. (BEÚ, 2010). A autora ainda destaca:
À medida que o tema sustentabilidade e responsabilidade social das empresas ganha importância e cresce o número de empresas interessadas em obter o reconhecimento da sociedade e do mercado neste campo, surge mais atividade voluntária dentro das organizações. Hoje, são cada vez mais comuns os programas de responsabilidade social corporativa ou empresarial que contemplam programas de voluntariado empresarial. (BEÚ, 2010, p. 10).
O trabalho voluntário destaca-se pela prestação de um serviço ou atividade não
remunerada por pessoa física, com fins sociais, envolvendo nas empresas, conjuntos de ações
que objetivam o incentivo e apoio ao envolvimento da corporação nestas atividades.
(GOLDBERG, 2001).
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Dohme (2001) complementa com uma definição simples, porém clara e direta sobre o
voluntário: o indivíduo que doa o seu trabalho, tempo e conhecimentos em uma atividade que o
satisfaz em prol de uma ação de natureza social.
Pode-se, portanto, verificar que o trabalho voluntário atual é mais cidadão que caridoso, volta-se mais para educar do que para simplesmente dar. E, embora não os substitua, cobre lacunas do Estado – no que se refere às políticas sociais públicas – e do mercado – cujo único alvo é o consumidor e não, o cidadão – desenvolvendo-se a partir de espaços privados, mas voltado para o público. (SILVA;VILLELA, 2001, p. 7).
Responsabilidade social corporativa no terceiro setor O termo terceiro setor ainda é novo, tendo diversas expressões e formas de conceito
dependendo do local onde é empregado. (ALBUQUERQUE, 2006).
Várias são as denominações dadas às instituições do terceiro setor: organizações sem fins lucrativos, voluntárias, não governamentais, público não estatal, economia social, setor de caridade, setor filantrópico, sendo o termo “terceiro setor” o mais utilizado no Brasil. (COSTA; SOUZA, 2013, p. 6).
Terceiro Setor vem do inglês “third sector”, em geral é utilizado por organizações sem fins
lucrativos, que quando obtêm resultados financeiros, estes são revertidos para a própria
instituição. Em geral são mantidos por voluntários, sendo sua maior força de “trabalho”. A
expressão terceiro setor está diretamente relacionada com as questões sociais. (MANUAL
BÁSICO, 2009).
O terceiro setor denota-se como uma resposta indireta da pressão da sociedade por
questões do meio social para as mais diversas realidades, ocupando cada vez mais espaços que
antigamente eram de exclusividade do Estado. (AZEVEDO, 2007).
Esse momento norteia-se a partir de alguns fatores como o maior envolvimento de
pessoas conscientes que se ocupam naturalmente de um senso de responsabilidade sobre o bem
estar social, não apenas como propriedade do estado, mas de toda a sociedade. Para tanto,
algumas forças sinalizam uma necessidade de mudança.
[...] a transferência crescente das políticas sociais para o poder local, a articulação da sociedade civil em torno de organizações que representam os seus anseios e interesses, a institucionalização de alguns movimentos sociais, o investimento (de organismos internacionais, órgãos multilaterais, empresas privadas, entre outros) em projetos e iniciativas promovidas no âmbito da sociedade civil. (AZEVEDO, 2007, p. 2).
A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) caracteriza-se segundo Ferrell, Fraedrich e
Ferrell (2001), como a necessidade da empresa em destacar sua boa imagem frente aos seus
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stakeholders (pessoas interessadas), buscando como estratégia diminuir seus impactos
negativos.
A utilização estratégias de RSC é, segundo Kotler e Lee (2005), capaz de sensibilizar
clientes, colaboradores e comunidade a participarem de ações a favor do desenvolvimento social,
impactando uma possível mudança de pensamento nas práticas de negócio. Para tanto, as ações
de RSC ainda sustentam a busca por objetivos de marketing empresarial, almejando o
estreitamento de relações com os stakeholders, principalmente com a comunidade.
O que é motivação? Antes de abordar os fatores motivacionais que levam um indivíduo a praticar qualquer
atividade, faz-se necessário trazer algumas considerações sobre o conceito de motivação.
“Motivação ato ou efeito de motivar. Exposição de motivos ou causas. Conjunto de fatores
que determinam a atividade e a conduta individuais.” (Dicionário Aurélio, 2010, p. 518).
“Entende-se como motivação, para efeito deste estudo, o motivo, ou razão, que direciona o
comportamento de determinada pessoa.” (MASCARENHAS et al., 2013, p. 232).
Percebe-se, desta forma, a importância e a necessidade da motivação para atingir
qualquer objetivo.
Vergara (2013) ainda destaca:
[...] motivação não é um produto acabado; antes, um processo que se configura a cada momento, no fluxo permanente da vida. Tem caráter de continuidade, o que significa dizer que sempre teremos à nossa frente algo a motivar-nos. (VERGARA, 2013, p. 41 - 42).
Nessa perspectiva, a motivação é um processo de melhoria e aperfeiçoamento contínuo de
mudanças à medida que surgem novos objetivos ou desafios. No entanto, a autora enfatiza que a
motivação é inteiramente intrínseca, pois é algo que cada indivíduo traz consigo que o impulsiona
a realizar algo de forma a satisfazer suas necessidades interiores.
Muitos gestores almejam motivar seus colaboradores, de forma a influenciar seu
comportamento por meio de prêmios, mas a motivação não depende de fatores externos e sim do
desejo interior, por isso, motivar alguém é um grande desafio. Para isso, é necessário capacidade
para despertar essa motivação que cada pessoa traz consigo. (BERGAMINI, 2002).
Desta forma, uma pessoa não motiva a outra, segundo Vergara (2013):
[...] nós é que nos motivamos, ou não. Tudo o que os de fora podem fazer é estimular, incentivar, provocar nossa motivação. Dito de outra maneira, a diferença entre motivação e estímulo é que a primeira está dentro de nós e o segundo fora. (VERGARA, 2013, p. 42).
Ressalta-se que na maioria das literaturas encontradas, o tema motivação é abordado na
perspectiva do trabalho remunerado e com vínculo empregatício. A motivação para o trabalho
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voluntário e os remunerados são bem distintos, pois o trabalhador remunerado tem suas
prioridades focadas nas necessidades básicas de sobrevivência, por outro lado, os voluntários
buscam diversas satisfações, podendo variar de indivíduo para indivíduo. (SOUZA; COSTA,
2013).
Motivação para o trabalho voluntário O presente artigo trata especificamente da motivação no trabalho voluntariado. O que
motiva uma pessoa a ser voluntário, é uma pergunta que se pretende responder:
[...] as pessoas podem ter motivações distintas para realizar as mesmas condutas de voluntariado, e para tanto, a satisfação para essa conduta pode ser também distinta, de acordo com as funções psicológicas de cada indivíduo. A demanda social tem incentivado cada vez mais a prática do voluntariado.Uma atividade que vem crescendo a olhos vistos. (SOUZA; COSTA, 2013, p. 10).
Várias podem ser as motivações que levam uma pessoa à decisão de realizar um trabalho
voluntário. “O que gera a disposição para o trabalho voluntário é um sentimento altruísta, mas, até
mesmo sem se dar conta, o voluntário espera usufruir algo”. (DOHME, 2001, p. 18).
Contudo, Rocha (2001) afirma que o tipo de voluntariado e o modelo da organização
podem influenciar quanto aos fatores motivacionais do voluntário, por isso, é importante cada
organização ter um marketing e comunicação de acordo com o perfil de seus voluntários.
Percebe-se dessa forma, a importância da organização entender as expectativas desses
voluntários e estar adaptada para recebê-los e ter um programa apropriado para o
desenvolvimento deste trabalho. (DOHME, 2001).
Ainda Souza e Costa (2013), apontam que o voluntariado é uma prática de educação que
forma cidadãos mais conscientes de seu papel. Análises realizadas evidenciam que o voluntariado
contribui com o Governo à medida que auxilia a sociedade em suas necessidades.
Desta forma, é provável que uma das grandes motivações para um cidadão ser um
voluntário seja contribuir com algo que seja útil para as pessoas e sociedade. Porém, outros
fatores também são apontados como motivadores para a ação voluntária. Segue abaixo a tabela 1
com as principais motivações para a prática do voluntariado:
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Tabela 1- Resumo das principais motivações para o trabalho voluntário
Categoria Motivações
Altruísta Fazer o bem ao próximo
Ideológica Motivos específicos, crenças particulares
Egoístas Satisfação pessoal, aprovação social
Materiais Por interesse de benefícios materiais futuros
Status Interesse de adquirir conhecimentos
profissionais
Sociais Fazer amizades e aumentar o círculo social
Lazer Tem a percepção do trabalho voluntário como
lazer, de forma a ocupar o tempo livre
Crescimento Pessoal Busca pelo aprendizado e desenvolvimento
pessoal e espiritual
Fonte: Adaptado de Fischer; Schaffer, 1993 apud Mascarenhas et al., 2013
Altruísmo e solidariedade são pilares que fomentam a ação voluntária na sociedade. São
considerados valores morais de grande relevância, além de gerar uma transformação social e de
desenvolvimento humano. Analogamente o trabalho voluntário pode ser visto como uma maneira
de manter a ordem social, como agente de transformação, e formação de indivíduos cidadãos.
(AZEVEDO, 2007).
Segundo Mascarenhas et al. (2013) a primeira motivação declarada pelos voluntários é de
caráter altruísta e ideológico.
Para eles, a atuação nos programas de voluntariado foi resultado da necessidade de tomar uma atitude ante um grande problema, a dívida social do País, por meio da atuação humanitária. Esta razão foi alegada como a inicial e decisiva para o engajamento nos programas. O mesmo resultado foi obtido em pesquisa recente, realizada com voluntários do Brasil, pelo Ibope Inteligência e a Rede Brasil Voluntário (2011). (MASCARENHAS et al., 2013, p. 10).
O autor citado destaca que outras motivações também foram relatadas pelos voluntários:
O crescimento pessoal e profissional pela aquisição de novas visões de mundo, pelo contato com novas realidades e novas lógicas de pensamento, é um fator motivador que aparece e cresce em importância no decorrer da participação do voluntário. A experiência adquirida leva também a uma mudança em sua autopercepção, já que sua realidade é constantemente comparada à realidade do outro. (MASCARENHAS et al., 2013, p. 11).
Comenta Teodósio (2001) que os voluntários buscam fazer amizades e ter convivência
social, ao optarem pelo voluntariado.
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Desta forma, as pessoas ao desempenharem trabalhos voluntários, podem ter diversas
motivações que normalmente estão associadas a seus valores, crenças, cultura, estilo de vida,
dentre outros. (CAVALCANTE et al., 2011).
2. Apresentação Estudo de Caso Com o intuito de constatar os assuntos discutidos na revisão de literatura e avaliar os
fatores motivacionais do trabalho voluntário, optou-se pela aplicação da pesquisa de campo,
objetivando uma construção que tenha mais propriedade para que assim se procure comprovar
alguns dos fatores motivacionais citados pelos autores neste trabalho.
A pesquisa de campo foi realizada através de um questionário aplicado em cinquenta
voluntários de uma organização sem fins lucrativos, situada no interior do Vale do Paraíba. Esta
organização oferece atendimentos e serviços a toda população que necessita, sem distinção.
O trabalho aqui demonstrado desenvolveu-se pela aplicação da pesquisa qualitativa,
buscando compreender entre os voluntários pesquisados os fatores motivacionais que os
estimulam para esse tipo de trabalho, avaliando seus diferentes perfis, incluindo faixa etária,
escolaridade, tempo que realiza o trabalho voluntário dentre outros itens presentes no
questionário.
Análise dos Dados e Discussão Foi possível obter através do questionário aplicado, informações da prática cotidiana
daqueles que são envolvidos com o trabalho voluntário. Possibilitou-se a identificação de algumas
características e fatores motivacionais que levam as pessoas a prática do trabalho voluntário.
Quanto a caracterização dos voluntários em análise, referente à sua distribuição em
relação ao gênero, demonstra-se no gráfico 1:
Gráfico 1 - Gênero
Fonte: elaborado pela própria autora.
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Percebe-se pela pesquisa que a maioria dos voluntários é do gênero feminino com 64%,
enquanto 36% apresentados pelo sexo masculino.
A faixa etária dos voluntários conforme amostra estão retratadas no gráfico 2:
Gráfico 2 – Faixa etária
Fonte: elaborado pela própria autora.
A pesquisa aponta que 26% são da faixa etária de 18 a 30 anos, enquanto apenas 10%
estão entre 31 e 40 anos. No entanto na faixa etária entre 41 e 50 anos obteve-se 30% dos
entrevistados. Observa-se que a maioria 34% dos voluntários são aqueles com mais de 50 anos,
tornando-se visível a diversificação em relação à idade desses voluntários, considerando a idade
mínima de 18 a 30 anos e a idade máxima acima de 50 anos.
Em relação à escolaridade, observa-se o perfil desses voluntários, conforme o gráfico 3:
Gráfico:3 - Escolaridade
Fonte: elaborado pela própria autora.
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Relativamente à escolaridade, em sua maioria 46% dos voluntários possuem o ensino
médio, 20% ensino fundamental, 16% ensino superior. Percebe-se ainda que 8% dos voluntários
são pós-graduados, enquanto 10% declararam não ter escolaridade.
Em relação ao tempo que cada voluntário exerce suas atividades dentro do voluntariado,
observa-se conforme gráfico 4:
Gráfico 4 – Tempo de voluntariado
Fonte: elaborado pela própria autora.
A maioria dos voluntários, sendo que 35% realizam o trabalho voluntário há menos de seis
meses, enquanto 22% fazem a atividade de seis a doze meses. Nota-se ainda que 10% dos
voluntários desempenham trabalhos voluntários de um a doze meses enquanto também 33% têm
mais de dois anos. Percebe-se por este resultado que uma quantidade significativa persevera no
trabalho voluntário.
Referente às variáveis motivação, que reflete o objetivo da pesquisa, são demonstradas no
gráfico 5:
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Gráfico 5 – Motivação para ser voluntário
Fonte: elaborado pela própria autora.
Neste item 50% dos voluntários demonstraram que sua maior motivação é “Ajudar o
próximo”. O item “Dar significado a vida e sentir-se útil” teve 38% das escolhas e obteve-se 12%
de preferência a questão “Aprender algo novo e melhorar o currículo profissional”, demonstrando
que para os voluntários a experiência pode levar a um grande aprendizado.
Percebe-se assim, que grande parte da amostra exerce o voluntariado por uma motivação
altruísta e não por interesses próprios. Destes, pode-se dizer conforme gráfico 1 que a maior parte
são mulheres e pessoas acima de 50 anos. Este dado se confirma em pesquisa realizada pelos
autores Silva e Vilela (2001) que também citam o sexo feminino como a maior concentração de
pessoas que realizam o trabalho voluntário apenas por solidariedade humana.
Observa-se que a grande maioria dos voluntários declaram ter atingido os objetivos pré-
estabelecidos quando decidiram ser voluntários, conforme é demonstrado no gráfico 6:
Gráfico 6 – Objetivo ao tornar-se voluntário
Fonte: elaborado pela própria autora.
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Curso de Administração – FCN 12
Foi verificado que um total de 88% dos voluntários consideram terem atingido seu objetivo
ao tornarem-se voluntários, enquanto apenas 12% responderam que “parcialmente”. Esta análise
comprova-se correlacionando ao gráfico 4. É possível perceber que grande parte sendo 33% dos
voluntários pratica esse tipo de trabalho a mais de dois anos, demonstrando considerarem ter
alcançado seu objetivo inicial ao fazer a escolha de adentrarem em um programa de voluntariado
e permanecerem.
Quanto ao questionamento se o voluntário já foi contratado como funcionário na
organização onde atuou no programa de voluntariado, observa-se no gráfico 7:
Gráfico 7 – Contratação onde atuou como voluntário
Fonte: elaborado pela própria autora.
Nesta questão, 84% apontaram não terem sido contratados pela empresa a qual prestou
serviço como voluntário, ao contrário 16% foram contratados.
Quanto ao questionamento se o voluntário tem o desejo de se tornar formalmente um
funcionário na organização onde atua como voluntário, o gráfico 8 demonstra o resultado:
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Gráfico 8 – Tem desejo de tornar-se voluntário na organização
Fonte: elaborado pela própria autora.
Percebe-se, porém, que embora a maior parte exerça o voluntariado apenas com o intuito
de ajudar o próximo há também àqueles que cuja motivação pode estar ligada a um suposto
interesse em preencher um cargo efetivo dentro da organização, pois como demonstra os
resultados, 34% afirmaram ter o desejo de se tornarem funcionários, enquanto 30% responderam
que não. Não obstante da resposta da maioria, 36% já são funcionários e mesmo assim se
disponibilizaram a prestarem serviço voluntário onde exercem atividade profissional.
Este resultado embasa mais o resultado do gráfico 5 que afirma que a maioria são
voluntários com o intuito apenas de ajudar o próximo e não por interesse profissional.
Em relação aos voluntários que acreditam que seu trabalho contribui positivamente com a
organização onde atuam, as respostas são demonstradas no gráfico 9:
Gráfico 9 – Contribuição do trabalho voluntário
Fonte: elaborado pela própria autora.
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A maioria, com 98% responderam que acreditam que seu trabalho contribui positivamente
com a empresa onde atuam, sendo apenas 2% que acreditam não contribuírem sempre de forma
positiva.
O item referente ao grau de motivação dos voluntários ao exerceram suas atividades
dentro do programa de voluntariado, são demonstrados conforme o gráfico 10:
Gráfico 10 – Grau de motivação
Fonte: elaborado pela própria autora.
A minoria 2% respondeu “Regular”, enquanto a maioria sendo 54% respondeu considerar o
grau de motivação como “Bom”. Para tanto, 44% responderam considerarem “Excelente” sua
motivação para continuarem sendo voluntários. Com este dado confirma-se a maioria dos
gráficos. Pois demonstra que a grande parte dos voluntários consideram-se motivados para o
trabalho por motivo altruísta, que muitos deles pertencem a faixa etária acima dos 50 anos,
perseveram no trabalho voluntário por um bom período de tempo, sendo que já não tem
interesses profissionais.
Considerações Finais Com os resultados obtidos na pesquisa, verifica-se que embora existam aqueles que
exerçam o voluntariado com intenções de melhorar o currículo ou mesmo de conseguir trabalhar
na organização, a maior parte exerce o voluntariado com o único intuito de ajudar o próximo,
sendo que destes, as mulheres acima dos 50 anos representam a maior parte.
Conforme os autores pesquisados, percebe-se que prática e teoria estão alinhadas. Tanto
na pesquisa de campo quanto na pesquisa bibliográfica confirma-se que a grande motivação para
o voluntariado é altruísta, ou seja, com um único objetivo de ajudar o próximo. Seguidos da opção
de se sentirem úteis e a motivação de aprender algo novo e melhorar o currículo.
Face ao exposto, o objetivo do presente artigo que é, apontar os principais fatores
motivacionais que levam um indivíduo a exercer o voluntariado, foi alcançado.
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O presente artigo não pretendeu esgotar o assunto, mas abrir caminhos para novas
pesquisas. O questionário foi aplicado em uma organização do terceiro setor, cujo trabalho é de
caráter filantrópico exercendo várias atividades de cunho social que beneficiam a sociedade.
A partir desta pesquisa surge um novo questionamento. O tipo de organização, sua
missão, valores e cultura podem influenciar na decisão das pessoas exercerem o voluntariado?
Em suma, após análise foi possível perceber que a grande motivação que os voluntários alegaram
para exercerem esse tipo de atividade é de caráter altruísta e este fator também está alinhada a
principal missão da organização onde escolheram atuar.
Referências
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Curso de Administração – FCN 16
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