TCC Modelo - Qualidade de Vida No Trabalho (Oficial) Eros D N Galante (1)
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TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO
EROS D’ AVILA NAGANUMA GALANTE
“QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO”
ORIGEM, EVOLUÇÃO, DIFICULDADES, ORGANIZAÇÃO, SEGURANÇA, AÇÕES E MELHORIAS
ITAPETININGA – SP2012
ETEC DARCY PEREIRA DE MORAES
TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO
EROS D’ AVILA NAGANUMA GALANTE
“QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO”
ORIGEM, EVOLUÇÃO, DIFICULDADES, ORGANIZAÇÃO, SEGURANÇA, AÇÕES E MELHORIAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso
Técnico em Segurança do Trabalho, ao Centro Estadual
de Educação Tecnológica Paula Souza – ETEC “Darcy
Pereira de Moraes”, Itapetininga, São Paulo, como
requisito parcial para obtenção do título de Técnico em
Segurança do Trabalho.
Orientador: Prof. Marcelo Edlinger Camargo
ITAPETININGA – SP2012
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho de conclusão e
também todo o curso, a minha querida
mãe Maria Naganuma Galante, que já
não vive entre nós, mas tenho a absoluta
certeza que realizaria um sonho dela, me
vendo concluir um curso ao qual me
dediquei e que me identifico muito.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela força e
perseverança, aos professores pelo apoio
e desempenho por tornar real o meu
sonho, aos amigos que fiz nessa trajetória
de um ano e meio, que me ajudaram nas
horas difíceis e que nos ajudamos uns
aos outros em todas as ocasiões.
COMISSÃO EXAMINADORA
___________________________
___________________________
___________________________
ITAPETININGA/SP.____DE________________DE 2012
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso apresenta os principais resultados de uma
pesquisa exploratória realizada com o objetivo de compreender quais são as
concepções gerenciais dos programas de qualidade de vida no trabalho – QVT nas
empresas, em especial e se tratando à Máxima Cadernos localizada na nossa
cidade, analisando-os determinando em relação às preocupações que a organização
possa ter, sejam elas de preocupações legalistas, paternalistas ou estratégicas. Os
resultados obtidos indicam que os programas de QVT concentram-se
essencialmente nas dimensões biológicas e psicológicas, mas não dentro de uma
forma integrada de gestão, e que, apesar da entrada de multinacionais no mercado
brasileiro, poucas empresas tratam a qualidade de vida no trabalho como uma
variável da estratégia organizacional, predominando as preocupações legalistas e
paternalistas de saúde e segurança dos colaboradores.
Palavras Chave: Qualidade de Vida no Trabalho, Conceito, Organização,
Empresa, Segurança, Saúde.
LISTA DE TABELAS
Tabela 6.3: Quadro de Ações Específicas da empresa.............................................18
Sumário
1 - INTRODUÇÃO...........................................................................................................8
2 - OBJETIVOS..............................................................................................................9
2.1 - OBJETIVO GERAL................................................................................................9
2.2 - OBJETIVO ESPECÍFICO.........................................................................................9
3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................................10
4 - JUSTIFICATIVA.......................................................................................................11
5 - O QUE É QUALIDADE DE VIDA?............................................................................12
6- QUADRO REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................................15
6.1 - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO..................................................................15
6.2 MODELO BIOPSICOSSOCIAL E UMA VISÃO ESTRATÉGICA DE QUALIDADE DE VIDA NO
TRABALHO..................................................................................................................17
6.3 QUADRO DE AÇÕES ESPECÍFICAS DA EMPRESA, ADAPTADO DE LIMONGI-FRANÇA
(1996: 86-87)............................................................................................................18
7 - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: ORIGEM E EVOLUÇÃO.................................20
8 - CONCEITUANDO QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO............................................22
9 - DIFICULDADES E OBSTÁCULOS.............................................................................25
10 - ORGANIZAÇÃO DO TEMPO É QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO........................26
11 - QUALIDADE DE VIDA E TRABALHO EM EQUIPE.....................................................28
12 - DICAS PARA MELHORAR O SEU AMBIENTE DE TRABALHO....................................30
13 - SEGURANÇA NO TRABALHO TAMBÉM É QUALIDADE DE VIDA...............................32
14 - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS.........................33
15 - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NA EMPRESA MÁXIMA CADERNOS.............34
15.1 - PROGRAMA DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO “MÁXIMA CADERNOS”....35
15.1.1 - OBJETIVO.....................................................................................................35
15.1.2 – PROGRAMA 5 S...........................................................................................36
15.1.3 – ORGANIZAÇÃO DO TEMPO NO TRABALHO....................................................37
15.1.4 – PLANOS DE CARGOS E SALÁRIOS...............................................................38
15.1.5 – DESENVOLVIMENTO DE LÍDERES..................................................................39
15.1.6 MELHORIAS PARA O AMBIENTE DE TRABALHO...............................................40
16 – CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................42
1 - INTRODUÇÃO
O trabalho tem grande importância social e psicológica para o ser humano. É no
trabalho que grande parte da vida é passada e, para a maioria dos indivíduos,
trabalhar não é uma opção, mas sim uma necessidade. No contexto em que
vivemos, o trabalho passa a ser fundamental, à medida que se configura como
forma de garantia de subsistência no contexto de mercado (Antunes, 1995). Mesmo
que alguns autores questionem a importância do trabalho na sociedade atual (Offe,
1989), ainda vivemos em uma sociedade que depende do trabalho para a
construção de bens (Antunes 1995).
Os estudos de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) são, levando-se em conta
essas considerações, uma forma de se compreender o processo do trabalho e seus
impactos na vida do colaborador, tanto no lado profissional – quer seja pela
produtividade, absenteísmo – quanto no lado pessoal – doenças, insatisfação,
conflitos internos dentre outros.
Diante dos reflexos da falta de qualidade de vida no trabalho, tanto sobre o indivíduo
quanto sobre a produtividade, os estudos sobre esse tema mostram-se tanto de
interesse dos colaboradores quanto das empresas, bem como dos pesquisadores.
O presente trabalho de conclusão de curso examina as concepções gerenciais e
organizacionais de qualidade de vida no trabalho, enquanto conceito amplo e como
parte da estratégica organizacional das empresas.
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2 - OBJETIVOS
2.1 - OBJETIVO GERAL
O objetivo geral desse estudo é fazer a conscientização junto às empresas, para que
a qualidade de vida de seus colaboradores sejam tratadas de forma concreta, para
que haja menos acidentes de trabalho, menos doenças ocupacionais, menos
absenteísmo e mais qualidade de vida dentro e fora das empresas.
2.2 - OBJETIVO ESPECÍFICO
O objetivo específico desse estudo é levar à Empresa Máxima Cadernos, o
conhecimento de técnicas para desenvolvimento de um programa de qualidade de
vida no trabalho, com custos baixos e de fácil aplicação.
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3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia proposta é de caráter exploratório, considerando-se que a base de
conhecimento da gestão da qualidade de vida no trabalho, não permite ainda,
estabelecer relações de cunho mais específico.
A estratégia metodológica adotada foi o estudo das visitas técnicas realizadas no
decorrer do curso Técnico em Segurança do Trabalho, em especial em visita técnica
à empresa Máxima Cardenos para captação de dados sobre a gestão de QVT, para
apontamento de possíveis melhorias e outros dados explorados em revistas
específicas da área, assim como sites pela rede internacional de computadores.
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4 - JUSTIFICATIVA
O tema escolhido, e que será abordado nesse Trabalho de Conclusão de Curso,
aponta a qualidade de vida no trabalho como importante e necessária ferramenta
nas empresas. Na cidade de Itapetininga, assim como nas cidades vizinhas, a
preocupação com a qualidade de vida dos colaboradores, não tem sido de tamanha
relevância até hoje, pois nem todas as empresas possuem um programa específico
para tratar o assunto como realmente deveria ser tratado.
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5 - O QUE É QUALIDADE DE VIDA?
Em primeiro lugar, é muito importante ter em mente duas coisas:
1- Padrão de vida nada tem a ver com a qualidade de vida, pois padrão de vida
ou estilo de vida é medido pela quantidade de bens materiais e o nível de
conforto que você pode ou deixa de obter. Qualidade de vida é medida pela
quantidade de experiências positivas que você pode experimentar ainda que
viva de forma/maneira desconfortável.
2- Ainda que você tenha amealhado uma quantidade razoável de bens
materiais: dinheiro, fama, status; existem valores relacionados com a
qualidade de vida que não estão presentes em tudo isso. Entre eles, vale a
pena destacar: sentido de realização, reconhecimento, sentido de
contribuição, paz de espírito, entre outros.
Dessa forma, o acúmulo de coisas não vai mudar seu padrão de infelicidade,
portanto, qualidade de vida não tem nada a ver com conforto. Qualidade de
vida tem mais a ver com momentos inesquecíveis, emoções positivas,
conquistas memoráveis e coisa fora do comum, que pela capacidade de
persistência, perseverança, disciplina e foco, foram passíveis de realização.
Definitivamente, qualidade de vida tem sim, tudo a ver com a superação de
desafios, e ao contrário do que se imaginam, os milhares de novos
aposentados se deprimem em pouco tempo após deixarem seus trabalhos,
em busca daquela tão sonhada qualidade de vida. Se a continuidade não for
planejada, é o fim do desafio, da emoção, do reconhecimento e o início de
uma jornada que nada tem de “melhor idade”.
Se a qualidade de vida tem relação direta com a superação de desafios e a
capacidade de realização do ser humano, é natural admitir picos de oscilação
positiva e negativa durante toda a sua existência, não se pode conseguir
tudo, por maior que seja o esforço, mas pode conquistar muito, dependendo
do esforço, então é preciso ter preparo para os altos e baixos.
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Momentos bons e ruins fazem parte da vida de qualquer pessoa, mas a forma
como administra esses momentos e as lições que se aprende a partir deles
determina a qualidade de vida.
Quer melhorar sua qualidade de vida? Na vida, nada muda se você não tomar
atitudes concretas para mudar seus hábitos a fim de extrair melhores
resultados, alguns pontos de reflexão ajudam a tornar essa mudança real,
consideravelmente:
Torne-se mais produtivo: pense no que você faz e no que você pode fazer
para conquistar o padrão de vida desejado. O que você está fazendo para
extrair o melhor da vida e o melhor de si mesmo? Suas metas e objetivos
estão alinhados com os seus valores? Você usa o tempo a seu favor?
Caminha regularmente?
Reveja seus valores: eles estão inseridos em todas as áreas da sua vida?
Valores energizam o espírito e contribuem para aumentar o sentido de
realização. Aquilo que a sociedade apregoa é exatamente o que você deseja
para si mesmo? Como você quer viver? Quem você quer se tornar? Que
exemplo você quer deixar?
Avalie suas necessidades e desejos; você precisa realmente de tudo que
compra? Seus desejos são legítimos ou cada vez que você se deprime com
algo vai para as lojas e estoura o limite do cartão de crédito? Existe algo que
você pode abrir mão para desperdiçar menos tempo e energia e aumentar a
sua qualidade de vida?
Examine seus relacionamentos: que tipo de pessoas você atrai? Que tipo de
relacionamento você deseja? Quantas pessoas você esta carregando nas
costas? Por acaso você é algum tipo de super herói? Livre-se das
sanguessugas.
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Reflita sobre seu emprego e sua empresa: qual é a empresa ideal para você?
Como está o clima organizacional? Os valores da empresa estão alinhados
com os seus? Será que é isso mesmo que você quer para sua carreira? A
zona de conforto é a sua eterna morada?
Torne-se menos influenciável: quanto mais você pensa pela cabeça dos
outros mais afetável você se torna. Toda adversidade é causada por múltiplas
responsabilidades, não fuja da sua, mas também não assuma a parte dos
outros. Quanto mais você espera dos outros, mais você se frustra, então não
espere nada, não reclame e continue fazendo a parte que lhe cabe.
14
6- QUADRO REFERENCIAL TEÓRICO
6.1 - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Abordagens sobre qualidade de vida no trabalho
Determinar a origem da preocupação com a saúde no trabalho pode significar
estudar a origem da transformação da natureza pelo homem. Ou seja, a partir do
momento em que o ser humano se utiliza de ferramentas e cria métodos para
aperfeiçoar sua forma de subsistência, procurando de alguma forma reduzir seu
esforço e diminuir seu sofrimento, pode-se dizer que há embutido o conceito de
saúde atrelado ao trabalho.
Ao longo da história é possível perceber diversas referências cujo foco é entender a
relação do indivíduo com o seu trabalho, embora todos esses trabalhos possuam ser
entendidos como essencialmente importantes para que o trabalho ganhe em
qualidade de vida, faz-se necessário destacar que o movimento de qualidade de
vida no trabalho possui origens formalmente delimitadas na história do pensamento
administrativo.
Ressalta-se que o conceito Qualidade de Vida no Trabalho surge somente na
década de 70 e é trabalhada por Louis Davis. Algum tempo depois da definição do
conceito, esse pesquisador criou o Center for Quality of Working Life na Califórnia,
Estados Unidos. Davis mantinha contato com os pesquisadores do Tavistock
Institute e foi influenciado pelas pesquisas que eles realizaram.
No início da década de 70, difundem-se os estudos e os centros de pesquisas sobre
qualidade de vida no trabalho nos Estados Unidos. Tantos os estudos quantos os
centros de pesquisas obtiveram apoio das empresas, do governo e dos sindicatos.
Durante essa época são constituídos o National Comission on Productivity e
diversos centros de pesquisas em QVT.
Concomitantemente ao desenvolvimento dos estudos sobre QVT e sobre
produtividade, via-se no contexto Americano, fortes sinais de crise no sistema de
produção em massa (Mattoso, 1995). Aos poucos se instaura uma crise
15
caracterizada pela estagflação, pela instabilidade financeira e pela queda de
produtividade, sendo agravada na década de 70 pela crise do petróleo.
A qualidade de vida no trabalho está ganhando espaço dentro das organizações a
partir da atual reestruturação do trabalho, uma vez que solicita, cada vez mais, que o
colaborador se identifique com a organização e trabalhe em equipe (Fleury & Fleury,
1997 e Nadler & Lawfer, 1983). Lima (1995) salienta que as organizações estão,
atualmente, procurando formas de seduzir o colaborador e reduzir conflito interno.
Talvez essa seja uma possibilidade de abertura para o desenvolvimento da
qualidade de vida dentro das organizações.
Nesta virada de milênio, tem sido intenso o esforço empreendido pelas organizações
para sobreviver – e quanto a isso, acreditamos, haverá puçá discordância, como
também tem sido enorme o desgaste e o sacrifício impingido ao trabalhador
moderno. Se a teoria da administração tem sido pródiga na criação de novas
ferramentas de gestão – afinal, surgem novas propostas, antigas propostas são
aperfeiçoadas ou, ainda, cunhadas com um novo rótulo praticamente todos os dias,
infelizmente aquelas que visam proporcionar uma melhor condição de trabalho e
satisfação na sua execução – e não apenas aumento do ganho pecuniário – ainda
deixam muito a desejar.
Portanto se analisarmos a qualidade de vida no trabalho como ferramenta de
gestão, a primeira parte busca deslindar a origem e evolução, enfatizando a
contribuição de alguns pesquisadores, ao longo do século XX, para o estudo do
assunto. A segunda parte conceitua a qualidade de vida no trabalho e abrange as
suas dimensões, isto é, as áeras com as quais faz interface. A terceira parte destaca
as dificuldades e obstáculos para uma efetiva implantação dos programas de
qualidade de vida no trabalho nas organizações. A quarta parte discorre sobre as
perspectivas e desafios para a consolidação da qualidade de vida no trabalho, e a
última parte ressalta a necessidade de transformação do ambiente de trabalho em
um local aprazível, onde possamos sentir satisfação e alegria na execução das
nossas atividades profissionais.
16
6.2 MODELO BIOPSICOSSOCIAL E UMA VISÃO ESTRATÉGICA DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
O modelo biopsicossocial é base desta pesquisa e tem sua origem no trabalho
desenvolvido por Limongi-França (1996). “Toda pessoa é um complexo
biopsicossocial, isto é, tem potencialidades biológicas, psicológicas e sociais que
respondem simultaneamente às condições de vida. Estas respostas apresentam
variadas combinações e intensidades nestes três níveis e podem ser mais visíveis
em um deles, embora todos sejam sempre interdependentes.” (Limongi-França,
1996: 10-11)
Desta forma, entender os programas de QVT dentro de uma concepção
biopsicossocial implica em assumir que as ações gerenciais irão atuar nas três
dimensões citadas Dentro da perspectiva biológica, os programas de QVT
preocupam-se com os aspectos biológicos do trabalho e do ambiente no qual o
indivíduo se insere. Também faz parte dessa dimensão, compreender as
características genéticas bem como as questões físico-químicas que podem afetar o
indivíduo na sua interação com seu trabalho. Na dimensão psicológica são
consideradas as questões afetivo-emocional-cognitivas, sejam elas conscientes ou
não, provenientes do trabalho ou do indivíduo que podem afetar a execução
saudável do trabalho. Já em termos sociais, a preocupação gira em torno de como
são definidos os valores, a formação dos grupos, os aspectos culturais e coletivos
que interferem no ambiente laboral.
17
6.3 QUADRO DE AÇÕES ESPECÍFICAS DA EMPRESA, ADAPTADO DE LIMONGI-FRANÇA (1996: 86-87)
Área de
Investigada
Descrição Programas
específicos
indicadores
Setores que
desenvolvem
Social Ações que ofereçam
benefícios sociais obrigatórios
e espontâneos e criem
oportunidade de lazer e
cultura.
Direitos legais
Atividades
associativas e
esportivas
Eventos de turismo
e cultura
Atendimento à
Família
Serviço Social
Grêmio
esportivo
Fundações
específicas
Recursos
Humanos
Psicológica Ações que promovam a auto-
estima e o desenvolvimento
de capacidades pessoais e
profissionais.
Processos de
Seleção e
Avaliação de
Desempenho
Recrutamento
e Seleção
Treinamento de
Pessoal
Cargos e
Salários
Relações
Industriais/RH
Biológica Ações que promovam a
saúde, que controlem os
riscos ambientais e atendam à
necessidades físicas.
Mapa de Riscos
SIPAT
Refeições
Serviço Médico
Melhorias
Ergonômicas
Treinamentos
Específicos
Segurança do
Trabalho
Medicina
Ocupacional
Ambulatório
Nutrição
Relações
Industriais/RH
O que se pode depreender dessa visão é que, em geral, a legislação que
regulamenta as relações de trabalho no Brasil enfatiza quase que exclusivamente os
aspectos biológicos, tornando-os obrigatórios para as organizações como parte da
preservação da vida por meio da redução de acidentes de trabalho e diminuição de
18
geradores de problemas à saúde física do colaborador. Embora as dimensões
psicológicas e sociais estejam ganhando espaço nas discussões legais, ainda
podem ser consideradas dimensões insipientes, sendo exploradas apenas por
iniciativas de gestores que venham considerá-las importantes.
19
7 - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: ORIGEM E EVOLUÇÃO
A qualidade de vida sempre foi objeto de preocupação da raça humana.
Historicamente exemplificando, os ensinamentos de Euclides (300 a. C.) de
Alexandria sobre os princípios da geometria serviram de inspiração para a melhoria
do método de trabalho dos agricultores à margem do Nilo, assim como a Lei das
Alavancas, de Arquimedes, formulada em 287 a. C., veio a diminuir o esforço físico
de muitos trabalhadores.
No século XX, muitos pesquisadores contribuíram para o estudo sobre a satisfação
do indivíduo no trabalho. Entre eles destacamos Helton Mayo, cujas pesquisas,
conforme FERREIRA, REIS e PEREIRA (1999), HAMPTON (1991) e RODRIGUES
(1999), são altamente relevantes para o estudo do comportamento humano, da
motivação dos indivíduos para obtenção das metas organizacionais e da qualidade
de vida do trabalhador, principalmente a partir das pesquisas e estudos efetuados na
Western Eletric Company (Hawthorne, Chicago) no início dos anos 20, que
culminaram com a escola de Relações Humanas.
Vale também mencionar Frederick Herzberg. As pesquisas desse autor detectaram
que os entrevistados associavam a insatisfação com o trabalho ao ambiente de
trabalho e a satisfação com o trabalho ao conteúdo. Assim, os fatores higiênicos
capazes de produzir insatisfação, compreendem: a política e a administração da
empresa, as relações interpessoais com os supervisores, supervisão, condições de
trabalho, salários, status e segurança no trabalho. Os fatores motivadores
geradores de satisfação abrangem: realização, reconhecimento, o próprio trabalho,
responsabilidade e progresso ou desenvolvimento (FERREIRA, REIS e PEREIRA,
1999 e RODRIGUES, 1999).
Vale ressaltar que o desafio imaginado pelos seus idealizadores persiste, isto é,
tornar qualidade de vida no trabalho uma ferramenta gerencial efetiva e não apenas
mais um modismo, como tantos outros que vêm e vão. E esse desafio torna-se mais
instigante neste momento em que nos vemos às voltas com uma rotina diária cada
vez mais desgastante e massacrante. Quando se pensava que os seres humanos
poderiam finalmente desfrutar do rápido progresso alcançado em várias ciências,
paradoxalmente o que temos visto é o trabalho como um fim em si mesmo.
20
HANDY (1995:25), com base nessa realidade, declarou que:
“O problema começou quando transformamos o tempo em uma mercadoria, quando
compramos o tempo das pessoas em nossas empresas em vez de comprar a
produção. Quanto mais tempo você vende, nessas condições, mais dinheiro fará.
Então, há uma troca inevitável entre o tempo e o dinheiro. As empresas, por sua
vez, tornam-se exigentes. Querem menos tempo das pessoas que elas pagam por
hora, porém mais das pessoas que elas pagam por ano, porque, no último caso,
cada hora extra durante o ano é gratuita.”
21
8 - CONCEITUANDO QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Conforme FRANÇA (1997:80)
“Qualidade de vida no trabalho é o conjunto das ações de uma empresa que envolve
a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de
trabalho. A construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento
em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de
enfoque biopsicossocial. O posicionamento biopsicossocial representa o fator
diferencial para a realização de diagnóstico, Campanhas, criação de serviços e
implantação de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das
pessoas, durante o trabalho na empresa.”
LIMONGI (1995) e ALBUQUERQUE e FRANÇA (1997) consideram que a sociedade
vive nos paradigmas de modos de vida dentro e fora da empresa, gerando, em
conseqüência, novos valores e demandas de qualidade de vida no trabalho. Para os
referidos autores, outras ciências têm dado sua contribuição ao estudo da qualidade
de vida no trabalho, tais como:
Saúde – nessa área, a ciência tem buscado preservar a integridade física,
mental e social do ser humano e não apenas atuar sobre o controle de
doenças, gerando avanços biomédicos e maior expectativa de vida.
Ecologia – vê o homem como parte integrante e responsável pela
preservação do sistema dos seres vivos e dos insumos da natureza.
Ergonomia – estuda as condições de trabalho ligadas à pessoa. Fundamenta-
se na medicina, na psicologia, na motricidade e na tecnologia industrial,
visando ao conforto na operação.
Psicologia – juntamente com a filosofia, demonstra a influência das atitudes
internas e perspectivas de vida de cada pessoa em seu trabalho e a
importância do significado intrínseco das necessidades individuais para seu
desenvolvimento com o trabalho.
Sociologia – resgata a dimensão simbólica do que é compartilhado e
construído socialmente, demonstrando suas implicações nos diversos
contextos culturais e antropológicos da empresa.
22
Economia – enfatiza a consciência de que os bens são finitos e que a
distribuição de bens, recursos e serviços deve envolver de forma equilibrada
a responsabilidade e os direitos da sociedade.
Administração – procura aumentar a capacidade de mobilizar recursos para
atingir resultados, em ambiente cada vez mais complexo mutável e
competitivo.
Engenharia – elabora formas de produção voltadas para a flexibilização da
manufatura, armazenamento de materiais, uso da tecnologia, organização do
trabalho e controle de processos.
Em Condições de Trabalho medem-se as condições prevalecentes no ambiente de
trabalho. Envolve a jornada e carga de trabalho, materiais e equipamentos
disponibilizados para a execução das tarefas e ambiente saudável (preservação da
saúde do trabalhador). Ou seja, esse tópico analisa as condições reais oferecidas ao
empregado para a consecução das suas tarefas.
Oportunidade de Crescimento e Segurança abarca as políticas da instituição no
que se concerne ao desenvolvimento, crescimento e segurança de seus
empregados, ou seja, possibilidade de carreira, crescimento pessoal e segurança no
emprego. Neste fator pode-se observar, através das ações implementadas pelas
empresas, o quanto a prática empresarial está de fato sintonizada com o respeito e
a valorização dos empregados.
Essencialmente, em Integração Social na Organização pode-se efetivamente
observar se há igualdade de oportunidades, independente da orientação sexual,
classe social, idade e outras formas de discriminação, bem como se há o cultivo ao
bom relacionamento.
Constitucionalismo mede o grau em que os direitos do empregado são cumpridos
na instituição. Implica o respeito aos direitos trabalhistas, à privacidade pessoal
(praticamente inexistente no mundo empresarial moderno), à liberdade de expressão
(altamente em cheque, tendo-se em vista as enormes dificuldades de trabalho com
registro em carteira).No fator Trabalho e o Espaço Total da Vida deveríamos
encontrar o equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho. Todavia, estamos muito
distantes de uma prática minimamente ideal nesse campo. Por fim, em Relevância
23
do Trabalho na Vida investiga-se a percepção do empregado em relação à imagem
da empresa, à responsabilidade social da instituição na comunidade, à qualidade
dos produtos e à prestação dos serviços. Felizmente, esses aspectos vêm tendo
significativos avanços no campo empresarial.
Para SUCESSO (1998), pode-se dizer de maneira geral, que a qualidade de vida no
trabalho abrange:
Renda capaz de satisfazer às expectativas pessoais e sociais;
Orgulho pelo trabalho realizado;
Vida emocional satisfatória;
Autoestima;
Imagem da empresa/instituição junto à opinião pública;
Equilíbrio entre trabalho e lazer;
Horário e condições de trabalho sensatos;
Oportunidades e perspectivas de carreira;
Possibilidade de uso do potencial;
Respeito aos direitos;
Justiça nas recompensas.
24
9 - DIFICULDADES E OBSTÁCULOS
Em resumo, o assunto não é novo, mas a sua aplicação tem sido inadequada, como
afirma o Professor Lindolfo Galvão de Albuquerque da FEA/USP (LIMONGI e
ASSIS, 1995:28)
“Existe uma grande distância entre o discurso e a prática. Filosoficamente, todo
mundo acha importante a implantação de programas de qualidade de vida no
trabalho, mas na prática prevalece o imediatismo e os investimentos de médio e
longo prazos são esquecidos. Tudo está por fazer. A maioria dos programas tem
origem nas atividades de segurança e saúde no trabalho e muitos nem se quer se
associam a programas de qualidade total ou de melhoria do clima organizacional.
Qualidade de vida no trabalho só faz sentido quando deixa de ser restrita a
programas internos de saúde e lazer e passa a ser discutida num sentido mais
amplo, incluindo qualidade das relações de trabalho e suas conseqüências na saúde
das pessoas e da organização.”
Ainda para o Professor Albuquerque, conforme relatam LIMONGI e ASSIS (1995:29)
“Qualidade de vida no trabalho é uma evolução da Qualidade Total. É o último elo da
cadeia. Não dá para falar em qualidade total se não abranger a qualidade de vida
das pessoas no trabalho. O esforço que tem que se desenvolver é de
conscientização e preparação para uma postura de qualidade em todos os sentidos.
É necessária a coerência em todos os enfoques. Qualidade de vida no trabalho
significa condições adequadas e os desafios de respeitar e ser respeitado como
profissional. O trabalho focado em serviço social e saúde é muito imediatista. É
necessário colocar a qualidade de vida no trabalho num contexto mais intelectual,
não só concreto e imediato. O excesso de pragmatismo leva ao reducionismo.
Qualidade de vida no trabalho deve estar num contexto mais amplo de qualidade e
gestão. A gestão das pessoas deve incluir esta preocupação.”
25
10 - ORGANIZAÇÃO DO TEMPO É QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Como ter de maneira simples mais tempo e ter qualidade nos processos do dia a
dia.
Ter foco e planejamento daquilo que almeja alcançar, vontade e disciplina na
execução das atividades principais (profissionais ou pessoais) de forma rápida e
eficaz, concentrando-se em cada etapa naquilo que foi proposto, estancado toda e
qualquer fonte que possa desvirtuar o foco almejado.
O tempo é o período considerado em relação a determinados acontecimentos.
Organizar o dia possibilita maior produtividade pelo aproveitamento do tempo, já que
todos têm a mesma quantidade de horas todos os dias, cabe a nós então utilizá-las
da melhor forma:
1- Listar as tarefas: faça uma lista com todas as atividades que você deverá cumprir
no dia.
2- Estabeleça as prioridades: dê a importância e urgência para suas tarefas. O mais
importante primeiro!
3- Estipular tempo para cada tarefa: quanto tempo em média você levaria para
executar cada atividade. Dê margem de tolerância de 15 minutos.
4- Leve consigo sua lista: coloque listagem em sua agenda, computador ou pedaço
de papel.
5- Tente realizar, pelo menos metade das tarefas: busque executar todas as tarefas
importantes e boa parte das tarefas menos urgentes.
6- Não verifique seu e-mail pessoal de manhã: verificar e-mails pessoais pode ser
uma grande distração. Tente começar a trabalhar logo que entrar.
7- Encha uma garrafa de água: manter-se hidratado é muito importante para a
saúde. Em vez de ir ao bebedouro tente ficar com uma garrafa em seu local de
trabalho. O movimento de começar e parar faz com que você perca muito tempo.
26
8- Limpe sua mesa: alguns podem ter as mesas que são um verdadeiro caos. Para
que isso não ocorra procure arrumar as pilhas de papel, todos arquivados no local
correto e deixar mais acessíveis blocos de notas e cantas.
9- Organize o dia de amanhã: antes de terminar o expediente, verifique o que não
pode ser feito e junte com o que será realizado no dia seguinte.
Uma vez que a cultura da lista de tarefas esteja incorporada à sua rotina, os
benefícios serão perceptíveis no aumento da produtividade, pois o foco atualmente
está na eficiência que somente pode ser alcançada com organização.
Se forem excelentes os resultados, se terá a noção exata dos pontos bons, mas
caso contrário, será necessário verificar os pontos que precisarem melhorar e
efetuar alterações de maneira correta.
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11 - QUALIDADE DE VIDA E TRABALHO EM EQUIPE
Trabalhar em equipe é sem dúvida muito produtivo e ao mesmo tempo
desafiador
Parece que fica sempre muito complicado vencer as resistências, que incluem
desmotivação, falta de liderança, rotinas, desconfiança e sistematização de normas
que restringem a criatividade.
A comunicação deficiente e ineficaz costuma ser o maior e mais forte dos
impedimentos, os estilos pessoais e modelos mentais diversos criam algumas vezes
impedimentos para os bons resultados esperados pela equipe.
Quando não acontece a boa comunicação, as potencialidades de cada um são
empobrecidas.
Com um olhar especial, essa diversidade pode ser o que garante à equipe uma
visão mais rica e eficaz. É nessa diversidade que as equipes se enriquecem. Um
bom líder sabe observar diferenças e utilizar as visões para fortalecer o potencial do
time, ele utiliza cada parte em benefício do todo.
Dentro de uma equipe, alguns gostam de ler, pesquisar; outros têm muitas idéias;
outros preferem ir diretamente à ação; alguns planejam antes de agir enquanto
outros se divertem com a experimentação. Há aqueles que dirigem trabalhos
enquanto outros otimizam dados, cuidando de resumos. Alguns odeiam ficar em
longas conversas enquanto os colegas preferem compartilhar sua forma de pensar.
Nas empresas, as áreas competentes podem produzir resultados necessários para
complementar um projeto ou lançar um produto. Uma boa equipe trabalha com
respeito mútuo, cooperação, confiança, compartilhamento, disposição e boa
vontade, além também de flexibilidade.
O sucesso de uma equipe depende de metas claras e de liderança para criar
motivação. Isso é o que distingue uma equipe de simplesmente um grupo. Trabalhar
em equipe é o meio mais adequado para que se possam obter resultados mais ricos,
mentes unidas em direção a uma solução geram produção de idéias que só uma
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pessoa em sua área, ainda que com muito conhecimento, nem sempre consegue
desenvolver e executar sem ajuda.
As equipes, quando bem organizadas, dividem tarefas: cada pessoa executa parte
do processo e informa entre todos por onde caminham. Alinhada, a equipe não
desperdiça energia, estabelece missão, propósito, garante sinergia e ações
coerentes. A visão compartilhada permite que cada qual mantenha sua própria visão
sem que haja prejuízo dos interesses pessoais e os esforços se complementam.
Numa organização, reuniões onde muitas idéias são lançadas sem uma meta
comum podem durar horas e, apesar de se contar com excelentes elementos, cada
um conta sua “verdade” particular. As manutenções do foco e do propósito garantem
o trabalho em equipe.
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12 - DICAS PARA MELHORAR O SEU AMBIENTE DE TRABALHO
No Domingo à noite, no final do programa “Fantástico”, seu coração bate acelerado,
emocionado. Tudo isso ocorre porque logo será segunda feira e você está ansioso
em reencontrar seu ambiente de trabalho, não é isso mesmo que acontece?
Mas infelizmente, talvez você esteja entre os milhões de colaboradores que não se
sentem assim, pois grande maioria não vive em um ambiente de trabalho que o
complete, realize e o faça feliz. O mais interessante é que mesmo sem “amar” eu
trabalho as pessoas não se manifestam e não buscam mudanças e inovações.
Para amar e sentir prazer no que faz em seu trabalho, alguns princípios irão abrir
caminhos para que encontre ou reencontre alegria e emoção de trabalhar em um
ambiente melhor:
VOCÊ- sinta a necessidade e a importância de viver bem, ser feliz, comece por
você, busque mudanças e queira melhorias;
MUDE JÁ- não resista às mudanças, encare-as como desafios.
SINCERIDADE- fale com seus superiores sobre as situações que não lhe agrada, se
não esclarecer suas dificuldades e seus receios, como seus superiores lhe
ajudarão?
ORGANIZE-SE- planeje suas atividades antecipadamente para que não seja
surpreendido e não passe por situações constrangedoras. Utilize sua agenda!
RESPEITO- seja educado, seja ético, cumprimente as pessoas e tenha simpatia.
TEMPO- administre seu tempo, tenha prioridades, saiba trabalhar sobre pressão e
não se desespere.
EQUIPE- trabalhe em equipe por mais difícil que seja a relação entre vocês, você
deve ter seus colegas de trabalho como amigos e jamais como inimigos.
LAYOUT- mude seu ambiente de trabalho, traga cores, flores, ambientalize seu
departamento ou seu setor.
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ESTUDE- não pare de investir no seu capital intelectual, busque novos horizontes,
novos conhecimentos, não perca tempo.
Aprimore suas habilidades teóricas, práticas e pessoais, assim melhorará sua vida
profissional, pratique princípios, não deixe cair em rotina destrutiva, pratique seus
talentos, divulgue-os!
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13 - SEGURANÇA NO TRABALHO TAMBÉM É QUALIDADE DE VIDA
A década de 90 rompeu com alguns padrões, instaurando como baluarte da
indústria a qualidade total, movimento que proporcionou grande alavancagem à
segurança do trabalho, que despontou, tendo como forte aliada a qualidade de vida
no trabalho. As organizações engajadas no preceito da qualidade total, não puderam
colocar de lado a qualidade de vida de seus trabalhadores e, por conseguinte, a
segurança que por sua vez. Origina-se das condições do ambiente. Inicia-se então,
uma autêntica febre em busca de conforto e higiene ambiental, ergonomia e
prevenção contra acidentes.
O motivo da decadência da administração cientifica estava inserido na conceituação
de seu principal objetivo: assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e ao
mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado.
O grande equívoco foi considerar unicamente como necessidade do trabalhador o
salário e nada mais. As necessidades vão refinando-se e uma vez que o trabalhador
encontra suas necessidades básicas satisfeitas, serão criadas novas necessidades,
tais como auto realização, estima e segurança não contempladas pela Teoria da
Administração Científica.
Ainda pairam dúvidas acerca do assunto segurança do trabalho, alguns a
confundem com segurança patrimonial, porém enquanto esta cuida dos recursos
materiais, aquela se incumbe da segurança e saúde especificamente do trabalhador,
um segmento durante muitos anos ficou restrito ao ostracismo, seja pela
condescendência da lei ou pela ausência de vontade política dos profissionais da
área. A qualidade de vida que a empresa proporciona aos seus empregados está,
por exemplo, diretamente correlacionada às manifestações de estresse que seus
empregados apresentam; a integração do bem estar físico, mental e psíquico
deveria ser a máxima dentro de qualquer organização.
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14 - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS
Em várias organizações, a qualidade de vida no trabalho tem sido implantada com
base no programa japonês 5 S (Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke), que no
Brasil são os 5 Sensos: Senso de utilização, ordenação, limpeza, saúde e
autodisciplina. Esse programa pode e deve ser utilizado, tanto na empresa quanto
nas residências dos colaboradores, pois também auxilia e muito nas tarefas do dia a
dia, facilitando a vida dos moradores.
Na região de Itapetininga, visitando algumas empresas, podemos enxergar que o
Programa 5 S é um programa muito utilizado e como importante ferramenta para se
ter um padrão de qualidade dentro e fora da empresa, entre elas podemos citar:
Acumuladores Moura, 3M, Duratex e Real Desc.
Acompanhando algumas edições da revista Você S/A, nos últimos 5 anos, dentre as
melhores empresas para se trabalhar no Brasil, podemos dizer que a qualidade de
vida no trabalho é também um dos maiores investimentos que essas empresas tem
feito para buscar uma melhor produtividade e satisfação profissional e pessoal dos
seus colaboradores.
A Dow, uma das principais empresas químicas do mundo, tem apontado pelos seus
colaboradores, positivamente, os programas de desenvolvimento, que já
impressionavam pela variedade e consistência, e agora reformulados, conseguem
desenvolver e reter mais talentos dentro da empresa. A Dow junto aos
colaboradores tem alguns índices representativos, como: 89,5 % se identificam com
a empresa, 79,3 % estão satisfeitos e motivados, 77,9 % acreditam ter
desenvolvimento, 79,2 % aprovam os seus líderes e tem uma nota final de
aprovação de 87%. Todos esses números contribuem muito com a qualidade de
vida no ambiente de trabalho, pois uma empresa que consegue agregar tantos
pontos positivos consegue oferecer um clima favorável para seus colaboradores.
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15 - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NA EMPRESA MÁXIMA CADERNOS
Em visita técnica à empresa Máxima Cadernos, localizada na Vila Progresso, em
Itapetininga-SP, fui recebido pelo Técnico em Segurança do Trabalho Sr. Jair
Grajcar, que me levou para conhecer toda a estrutura organizacional.
Pude visitar todas as áreas: administrativa, produção, acabamento, expedição, show
room, estoque, portaria, refeitório e também conheci sua brigada de emergência.
A empresa tem 242 colaboradores, divididos em três turnos de trabalho, sendo na
parte da manhã, tarde e noite. Conta também em seu quadro de colaboradores com
80% do sexo feminino e 20% do sexo masculino.
A empresa não tem um programa efetivo de QVT, então abordei o assunto
diretamente com o Sr. Jair, apresentando a ele um programa de fácil implantação,
sem custos e com bons resultados.
Uma das medidas que a empresa adota como QVT, é a Ginástica Laboral, realizada
apenas 2 vezes por semana, e que a adesão não é de todos os colaboradores, uma
vez que, os que trabalham no período noturno não participam.
Contudo, expliquei a importância da implantação de um programa de QVT para os
colaboradores de modo geral, pois o colaborador precisa se sentir bem no seu
ambiente de trabalho, e também sentir que há por parte da empresa uma
preocupação com a qualidade de vida deles.
O Sr. Jair me explicou que a empresa não adota programas desse tipo, pois o seu
diretor-proprietário entende que os custos seriam muito altos, e que poderia ser uma
grande perda de tempo, pois ele pensa que os colaboradores não vão querer aderir.
Expliquei então sobre os custos, que se tiverem serão baixíssimos e que a adesão
depende muito da maneira que o programa for introduzido como uma política interna
ou parte da cultura organizacional da empresa.
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15.1 - PROGRAMA DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO “MÁXIMA CADERNOS”
15.1.1 - OBJETIVO
O Programa de Qualidade de Vida no Trabalho “Máxima Cadernos” tem como
objetivo, adequar todas as situações de trabalho na empresa, aos colaboradores, de
forma onde há o mínimo de esforço e o máximo de conforto, proporcionando
condições mais seguras, incentivos e combatendo o sedentarismo e o absenteísmo.
Para que se realize esse programa, será preciso a adequação de pessoal,
mobiliário, hábitos, conscientização e gestão por parte dos responsáveis pela
implantação.
O treinamento será feito com todos os colaboradores, para que o programa seja
introduzido na Política Interna da Máxima Cadernos, como “Valores” de uma cultura
organizacional que está em constante evolução.
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15.1.2 – PROGRAMA 5 S
O programa 5 S é um programa criado no Japão no pós guerra, para uma melhor
organização das tarefas do dia a dia nas empresas, com eficácia garantida e
resultados surpreendentes.
5 S quer dizer: SEIRI, SEITON,SEISOU, SEIKETSU E SHITSUKE, no Brasil é
conhecido como 5 Sensos : Senso de Utilização, Senso de Ordenação, Senso de
Limpeza, Senso de Saúde e Senso de Disciplina.
Tanto no Japão, como no Brasil e também em outros lugares do mundo, o programa
é tratado com muita importância, pois além de ter baixíssimos custos, é muito fácil
de implantar e de treinar/capacitar.
Trabalhar em um ambiente organizado, onde só se encontram os materiais úteis
para as tarefas do dia, limpo, saudável e com todas as pessoas em volta
comprometidas com o trabalho, é qualidade de vida.
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15.1.3 – ORGANIZAÇÃO DO TEMPO NO TRABALHO
A organização do tempo no ambiente de trabalho é muito importante, pois além de
trazer benefícios para o colaborador em suas tarefas, também melhorará a
qualidade de vida no seu setor/departamento. Algumas propostas são:
- Lista de tarefas: sempre faça uma lista de todas as atividades a serem realizadas
no dia, por período (manhã/tarde, tarde/noite ou noite/manhã), com isso você ganha
tempo e consegue realizar tudo sem maiores problemas.
- Prioridades: coloque o que é mais importante sempre em frente àquilo que pode
ser feito com mais tempo, dessa forma, todas as tarefas mais importantes estarão
sempre em dia.
- Tempo x Tarefa: estipule um tempo aproximado para a realização de cada tarefa,
assim você terá controle do tempo que vai gastar para realizar todas as tarefas
colocadas na lista do dia/período.
- Hidrate-se: Deixe sempre uma garrafa com água próximo ao seu local de trabalho,
com isso você ficará o tempo todo hidratado e também não precisará perder tanto
tempo para ir até o bebedouro toda vez que sentir sede.
- Planejamento do dia seguinte: deixe seu próximo dia de trabalho planejado, faça a
sua lista antecipadamente com as tarefas e prioridades de amanhã, ganhando
tempo, organização e qualidade de vida.
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15.1.4 – PLANOS DE CARGOS E SALÁRIOS
Fazer um plano onde a empresa possa estar proporcionando a seus colaboradores,
uma forma de reconhecimento pelos seus desempenhos é muito importante. A
satisfação profissional é uma forma muito boa de qualidade de vida. Destacam-se:
- Oportunidade de Crescimento: quando um colaborador estiver comprometido com
o seu trabalho e com a empresa, a sua promoção é de suma importância, isso é
bom para quem cresce e para todos aqueles em volta, que também sentirão vontade
de crescimento.
- Renda: o salário do colaborador entra com no mínimo 80% de importância dele
enquanto trabalhador. Toda renda que for colocada de forma satisfatória com o
serviço prestado, deixa o colaborador contente com a empresa e trabalhando com
mais qualidade e comprometimento.
- Imagem da Empresa: a empresa também entra com a parte dela, participando
efetivamente de programas da comunidade em geral, seja fazendo uma coleta
seletiva de lixo em suas dependências ou até mesmo a poda de uma árvore de uma
praça no bairro. Essas atitudes, colocam a empresa mais perto da comunidade e
bem vista, e o colaborador precisa ter orgulho de onde trabalha.
- Recompensas: um plano de recompensas também é muito útil, todo colaborador
que tiver uma boa ideia, assiduidade, comprometimento, precisa e deve ser
recompensado, não precisa ser apenas em dinheiro, mas pode ser oferecido um
brinde, um jantar, alguma coisa de valor, apenas simbólico para uma boa causa.
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15.1.5 – DESENVOLVIMENTO DE LÍDERES
Identificar, qualificar e capacitar um líder, ajuda muito no desenvolvimento das
atividades de toda a estrutura produtiva da empresa. Trás benéficos tanto para
quem foi identificado, quanto para os demais colaboradores que ajudaram a o
escolherem, pois estabelece uma comunicação muito importante junto à gerência e
diretoria da empresa.
O colaborador que foi identificado deve ter também requisitos básicos e importantes
para a ocupação do posto de líder, tais como:
- Cumpridor de metas: terá que junto da empresa e os demais colaboradores,
cumprir as metas vindas da alta gerência, de forma a estimular o trabalho,
transformando como benéfico para ambas as partes.
- Aceitar desafios: fazer com que cada dia seja um novo desafio, estabelecendo para
si o começo, o meio e o fim de cada dia de trabalho, harmonizando as atividades
dentro dele.
- Comprometimento: esse colaborador deverá assumir então, o compromisso de
tentar fazer o seu melhor, tanto na parte produtiva, quanto na relação com os
demais colaboradores. Trazer pra si, a responsabilidade de fazer, e acontecer.
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15.1.6 MELHORIAS PARA O AMBIENTE DE TRABALHO
Fazer do ambiente de trabalho, um lugar agradável, onde todos se sintam bem, é meta para qualquer empresa, entretanto é preciso criar algumas ferramentas para que isso seja possível:
- Programa de melhoria contínua: fazer um programa, onde todos os colaboradores possam interagir com a empresa e dar a sua opinião em todos os pontos onde possam ser melhorados, através de pesquisa de opinião sem que seja necessário colocar seu nome.
- Programa de pesquisa de clima: o clima organizacional e funcional da empresa, é muito importante, com isso, criar um programa de pesquisa, onde os colaboradores, por meio de opinião, deixe registrado, como anda seu nível de satisfação com a empresa e com os colegas de trabalho.
- Programa “saudações”: criar um programa, onde as pessoas se cumprimentem todos os dias, em todas as ocasiões, estimular o companheirismo dentro do ambiente de trabalho é fundamental para o sucesso do programa, criar também mural de aniversariantes do mês ajuda na integração de todos.
- Programa habilidades: todas as pessoas têm talentos, mas muitas não têm oportunidade de colocar isso em prática, então a empresa, junto com seus líderes, vão identificar as pessoas que possuem talentos específicos em determinadas funções. A pessoa se destaca, ganha oportunidade de crescimento, e isso trás satisfação por parte do colaborador, e estimula os demais companheiros de trabalho.
- Ginástica laboral: é necessário que todos participem, seja em qualquer turno, a adesão tem que ser de 100% dos colaboradores. Quando não houver a possibilidade de se ter o profissional à frente da ginástica, elaborar um vídeo com os mesmos exercícios para os turnos e dias em que não for possível a presença do mesmo.
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16 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda existe uma grande barreira que divide os interesses dos da empresa e dos colaboradores. Em grandes companhias esse acesso a novos programas para benefício dos colaboradores é introduzido de maneira mais fácil e eficaz, mas em empresas de pequeno e médio porte, ainda é tratado como um tabu.
Mesmo que existam programas que possam ter custos baixos e aplicações simples, os empresários se mostram resistentes, pois temem que pode atrapalhar tanto a produtividade, quanto a qualidade dos seus colaboradores, levando ao conhecimento mais um direito adquirido.
Na empresa Máxima Cadernos, onde pude visitar e fazer toda uma análise para o estudo de um programa de qualidade de vida no trabalho, não foi diferente a posição da alta diretoria, mas acredito que se levarem o programa adiante, que é muito simples e barato de implantar, a melhoria na produtividade e satisfação com a empresa serão índices que se elevarão com o tempo, transformando assim o ambiente de trabalho.
O trabalho desenvolvido foi feito encima de dados coletados dentro da empresa junto aos responsáveis por cada setor, junto a alguns colaboradores e conforme os estudos já tratados em sala de aula, que trouxeram relevantes informações para poder concluir da melhor forma esse programa de qualidade de vida no trabalho.
Espera-se que o programa entregue ao responsável pela implantação, o Sr. Jair Grajcar, possa junto a seus gerentes e diretores, encontrar a melhor maneira para tirar do papel essa grande melhoria para a empresa.
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