TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management...

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI LAURA AGUIAR DE MENESES MOBILIDADE CORPORATIVA E O ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS DE SEUS SERVIÇOS EM TRAVEL MANAGEMENT COMPANIES São Paulo 2013

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Assim como a mobilidade urbana, física, social, e tecnológica, a mobilidade corporativa surge com o objetivo de criar soluções estratégicas de deslocamento. Nas empresas, isso se dá através dos deslocamentos necessários no cotidiano das organizações, e assim, as Travel Management Companies, conhecidas como TMC’s, ganham espaço neste mercado por já serem especialistas em gestão de viagens corporativas. O objetivo desta pesquisa é apresentar as Travel Management Companies como disseminadoras de serviços de mobilidade corporativa. Com isto, a pesquisa propõe um problema: Por que buscar serviços e soluções de mobilidade corporativa nas Travel Management Companies? As hipóteses elaboradas para o estudo são: as TMC’s concentram os stakeholders necessários para a realização destes serviços; As TMC’s possuem uma gestão concentrada, que agiliza as viagens e serviços, de forma eficaz e com custos reduzidos; As TMC’s possuem conhecimento técnico e operacional de questões como o turismo e a hospitalidade; Assim, os objetivos específicos priorizam a identificação dos serviços realizados pelas TMC’s, a fim de melhor definir os stakeholders necessários e o aprofundamento de questões como a globalização e hospitalidade. Esta pesquisa empírica realiza-se com o levantamento bibliográfico sobre stakeholders, hospitalidade, serviços, mobilidade corporativa e TMC’s, a fim de elaborar o referencial teórico que respalda o estudo de casos múltiplos que ocorre em campo. O estudo de caso foi composto por entrevistas semi-estruturadas.

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI LAURA AGUIAR DE MENESES

MOBILIDADE CORPORATIVA E O ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS DE SEUS SERVIÇOS EM TRAVEL

MANAGEMENT COMPANIES

São Paulo 2013

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LAURA AGUIAR DE MENESES

MOBILIDADE CORPORATIVA E O ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS DE SEUS SERVIÇOS EM TRAVEL

MANAGEMENT COMPANIES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação em Turismo da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação da Profa. Dra. Elizabeth Wada.

São Paulo 2013

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LAURA AGUIAR DE MENESES

MOBILIDADE CORPORATIVA E O ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS DE SEUS SERVIÇOS EM TRAVEL

MANAGEMENT COMPANIES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação em Turismo da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação da Profa. Dra. Elizabeth Wada.

Aprovado em

Nome do orientador/titulação/IES

Nome do convidado/ titulação/IES

Nome do convidado/IES

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Dedico este trabalho aos meus pais, meus heróis.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelas bênçãos derramadas sobre mim, pelo

dom da vida e proteção.

Aos meus queridos pais, Antonio e Luzia, que me educaram, incentivaram e

lutaram pelo que sou hoje. Por tudo o que já passaram, e as lições que me

ensinaram, e que me fizeram forte para alcançar mais uma etapa.

Ao meu namorado Johnny por ter sido paciente, ter dado forças quando

precisei, e por estar sempre ao meu lado, independente da situação. Esta é mais

uma das tantas alegrias alcançadas juntos!

Aos meus familiares e amigos, que lutam comigo diariamente. Pela alegria de

cada um em compartilhar momentos como estes.

Pela contribuição profissional trazida da São Paulo Turismo, agradeço a

Carolina Negri, Juliana Pestana, Luciana Canto, Marisa Marrocos, Bernardo Ignarra,

Daniela Rocha, e toda a equipe, por terem me apoiado constantemente.

Pelas pessoas que me concederam entrevistas, por disponibilizarem tempo

ao meu projeto. Flávia Padeti – Carlson Wagonlit Travel; Juliana Aranega – Grupo

ALATUR; Marcus Lima – Tour House; Renato Kiste – Shift Mobilidade Corporativa;

Aline Gonçalves – Unidas Rent a Car; Ormene Dorneles – SENAC; Gervasio Tanabe

– ABRACORP; Wellington Costa – GBTA; Vinicius Braune – TAM Viagens.

Aos meus colegas de classe, pelos quatro anos juntos!

A cada professor que contribuiu para a minha formação, desde os tempos de

escola até na Universidade. Todos foram essenciais para o meu crescimento, e por

isto serei sempre muito grata. Pela minha orientadora Elizabeth Wada, por ter

confiado o tema desta pesquisa a mim, e a Universidade como um todo pela tradição

no curso de Turismo no Brasil.

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RESUMO Assim como a mobilidade urbana, física, social, e tecnológica, a mobilidade corporativa surge com o objetivo de criar soluções estratégicas de deslocamento. Nas empresas, isso se dá através dos deslocamentos necessários no cotidiano das organizações, e assim, as Travel Management Companies, conhecidas como TMC’s, ganham espaço neste mercado por já serem especialistas em gestão de viagens corporativas. O objetivo desta pesquisa é apresentar as Travel Management Companies como disseminadoras de serviços de mobilidade corporativa. Com isto, a pesquisa propõe um problema: Por que buscar serviços e soluções de mobilidade corporativa nas Travel Management Companies? As hipóteses elaboradas para o estudo são: as TMC’s concentram os stakeholders necessários para a realização destes serviços; As TMC’s possuem uma gestão concentrada, que agiliza as viagens e serviços, de forma eficaz e com custos reduzidos; As TMC’s possuem conhecimento técnico e operacional de questões como o turismo e a hospitalidade; Assim, os objetivos específicos priorizam a identificação dos serviços realizados pelas TMC’s, a fim de melhor definir os stakeholders necessários e o aprofundamento de questões como a globalização e hospitalidade. Esta pesquisa empírica realiza-se com o levantamento bibliográfico sobre stakeholders, hospitalidade, serviços, mobilidade corporativa e TMC’s, a fim de elaborar o referencial teórico que respalda o estudo de casos múltiplos que ocorre em campo. O estudo de caso foi composto por entrevistas semi-estruturadas. Após a análise conclui-se que as Travel management Companies são hoje capazes de disponibilizar serviços de mobilidade corporativa, já que possuem serviços e soluções completas para os eu desenvolvimento de forma eficiente e eficaz, e possuem conhecimento de mercado e seus stakeholders. Foi observado que o termo mobilidade corporativa ainda não é conhecido no mercado, o que se dá pela falta de referencial ainda no Brasil.

Palavras chave: Mobilidade Corporativa. Travel Management Companies.

Hospitalidade. Stakeholders. Serviços.

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ABSTRACT Just as urban, physical, social and technological mobility, the term “corporate mobility” appears with the aim of creating strategic solutions of displacement. In Corporations, it happens through the necessaries displacements in everyday life of organizations, and thus, Travel management Companies, known as TMC’s, gain space in this market since they are already experts in corporate travel management. The objective of this research is: Present the Travel Management Companies as disseminators of corporate mobility services. With this, the research proposes a problem: Why seek corporate mobility services and solutions in TMC’s? The hypotheses for the study are: TMC’s concentrate the stakeholders needed to perform these services; TMC’s have a concentrated management that streamline travel and services, efficiently and cost-effectively; They have technical knowledge and operational issues, such as tourism and hospitality. Thus, the specific objectives prioritize the identification of services performed by TMC’s, in order to better define the necessary stakeholders and deepening issues as globalization and hospitality. This empirical research is carried out with the literature of the terms stakeholders, hospitality, services, corporate mobility and Travel Management Companies, in order to develop the theoretical framework that supports the study of multiple cases occurring in the field. The cases studied consist in semi-structured interviews. After the analysis, it is possible to conclude that the Travel Management Companies are able to provide corporate mobility services, considering that they have completed solutions to the development of efficient and effective services, as the same way, they know the market and its stakeholders. It was observed that the term corporate mobility is not yet know in the market, which occurs due to the few references in Brasil. Key-words: Corporate Mobility. Travel Management Companies. Hospitality. Stakeholders. Services.

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ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Atividades relacionadas com a Hospitalidade ....................................... 20

Figura 2 – Dinâmica do Mercado Corporativo ....................................................... 52

Figura 3 – Stakeholders da TMC ............................................................................. 53

Figura 4 Logo Carlson Wagonlit Travel .................................................................. 56

Figura 5 Grupo ALATUR ........................................................................................... 58

Figura 6 Logo Tour House ........................................................................................ 60

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ABREVIATURAS

ABRACORP – Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas

ALAGEV – Associação Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens

Corporativas

AMCHAM – American Chamber of Commerce

CIAs – Companhias Aéreas

CRM – Customer Relatonship Management

CWT – Carlson Wagonlit Travel

FAVECC – Fórum Agências de Viagens Especializadas em Conta Comercial

GBTA – Global Business Travel Association

GDS – Global Distribution Systems

GEV – Gestores de Viagens

IATA – International Air Transport Association

OTA’s – Online Travel Agencies

PIB – Produto interno bruto

SNEA – Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias

TMC – Travel Management Companies

TREND - tradition, relationship, expectation, needs, desire e solutions

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Sumário

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1 HOSPITALIDADE EM MOBILIDADE CORPORATIVA ........................................ 18

1.1 HOSPITALIDADE ................................................................................................................... 18

1.1.1 A Hospitalidade e o Turismo ........................................................................................... 23

1.2 MOBILIDADE CORPORATIVA ................................................................................................. 25

1.2.1 Gestão das viagens corporativas ................................................................................... 28

1.2.2 Mobilidade Corporativa no Brasil .................................................................................... 30

1.3 HOSPITALIDADE EM MOBILIDADE CORPORATIVA ........................................................................ 31

1.3.1Tendências de Mercado e a Hospitalidade .................................................................... 34

CAPÍTULO 2 SERVIÇOS E STAKEHOLDERS EM TRAVEL MANAGEMENT COMPANIES

............................................................................................................................................................................... 36

2.1 SERVIÇOS ..................................................................................................................................... 36

2.1.1 Serviços no Turismo ......................................................................................................... 37

2.1.2 Canais de Distribuição ...................................................................................................... 39

2.2 TRAVEL MANAGEMENT COMPANIES ............................................................................................ 43

2.2.1 Os serviços nas Travel Management Companies ....................................................... 45

2.3 STAKEHOLDERS ........................................................................................................................... 48

2.3.1 Stakeholders das Travel Management Companies ..................................................... 51

CAPITULO 3 ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS .......................................................................... 55

3.1 CARLSON WAGONLIT TRAVEL ..................................................................................................... 56

3.1.1 TAM Viagens ..................................................................................................................... 57

3.1.2 GBTA .................................................................................................................................. 58

3.2 ALATUR ...................................................................................................................................... 58

3.2.1 Shift Mobilidade Corporativa ........................................................................................... 59

3.2.2 Ormene Dorneles .............................................................................................................. 60

3.3 TOUR HOUSE ............................................................................................................................... 60

3.3.1 Unidas ................................................................................................................................. 61

3.3.2 ABRACORP ....................................................................................................................... 61

3.4 PRESSUPOSTOS ........................................................................................................................... 62

3.4.1 Pressuposto 1 .................................................................................................................... 63

3.4.2 Pressuposto 2 .................................................................................................................... 65

3.4.3 Pressuposto 3 .................................................................................................................... 67

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................ 70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 75

APÊNDICES .......................................................................................................................................... 80

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INTRODUÇÃO

O mercado de viagens corporativas movimenta milhões ao redor do mundo.

No Brasil dados estatísticos são trazidos por Associações, como os mostrados pela

ABRACORP, a Associação de Agências de viagens corporativas, que apontam que

a movimentação de viagens corporativas gerou R$ 1,4 bilhão em vendas de aéreo

no último trimestre, correspondendo os meses de julho, agosto e setembro. A diária

média em hotéis chega a R$ 245 e totalizou o montante de R$ 662 milhões. Já a

locação de automóveis registrou R$ 48 milhões. São valores expressivos e que

mostram a potencialidade do mercado.

Em entrevista para o Jornal Gazeta do Povo, em 2013, o economista

Hidelmar Brasil, que é responsável pelos Indicadores Econômicos das Viagens

Corporativas (IEVC) explica que como receita, estas viagens correspondem a 70%

do movimento das Companhias aéreas.

O país passa hoje por um momento de expectativa devido a descoberta do

pré-sal, e crescimento no campo de energia. Com isto, grandes negociações têm

sido feitas, bem como a movimentação de representantes de grandes estatais

internacionais com as primeiras considerações sobre as parcerias efetivas para a

vinda de equipes para o país. Já existem hoje serviços de gestão de viagens

especializados para empresas do setor de energia para atenderem esta demanda.

Em uma economia globalizada, com negociações constantes, as empresas

buscam cada vez mais por soluções que permitam maior agilidade e eficácia ao

cumprir suas atividades e negócios. Buscam ainda o conforto e segurança

necessários para seus funcionários.

Cada dia é criado novos conceitos, apesar de um mundo tão conectado, uma

rede, as economias e costumes dos países se diferem entre si, muitas vezes

largamente. Assim, o idioma não é a única barreira. Informatizar, esquematizar e

compreender todas estas relações são estrategicamente importantes para melhor

avaliar o desempenho na realização da gestão de deslocamentos necessários em

uma empresa.

Assim surgem as necessidades de serviços e soluções de mobilidade

corporativa. Mobilidade é, conforme Ferreira e Wada (2011) um conjunto de formas

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de deslocamentos necessários. A palavra remete também a conceitos já conhecidos,

como a questão da mobilidade física, se tratando de pessoas com velocidade

reduzida e a mobilidade urbana, que procura as formas de transporte viáveis em

uma cidade. Estes tipos de mobilidade têm em comum a necessidade de criação de

estratégias para o aumento da eficiência e eficácia de deslocamentos necessários,

ou agir com pensamento racional e sustentável. No caso da mobilidade corporativa é

assim exemplificado:

Gestão da mobilidade corporativa visa minimizar os riscos, custos e incidentes imprevisíveis na movimentação de pessoas de uma determinada organização, desfragmentando operações que estão excessivamente diluídas no cotidiano das empresas; a falta de uma visão geral de brechas e falhas que podem levar a más decisões, sejam de natureza financeira, ou acima de tudo, aqueles que são supostamente para garantir o bem estar dos viajantes (FERREIRA e WADA, 2011).

Tratar de mobilidade vai ao encontro com um principio do turismo, ao tratar de

serviços aéreos, transportes terrestre, ou fluvial, hotéis. Está relacionada com o

sistema do turismo, que conforme Beni (2001) são os subsistemas ecológico,

econômico, social e cultural, da supra estrutura, de infraestrutura, do mercado, da

oferta, da demanda, da produção, da distribuição e do consumo. A consolidação de

muitos destes serviços é feita por agências, empresas especialistas em distribuição

de viagens. A Travel management Company, ou TMC como é conhecida, como

intermediadora de serviços, já é especialista na gestão de viagens corporativa.

Consolidar os negócios de um cliente, atender as suas expectativas, ou

melhor, surpreendê-lo, é uma forma estratégica de agregação de valor, e

consequentemente obter lucro trazido com isto. O cliente e sua demanda é foco da

empresa. A dádiva é o primeiro princípio a ser compreendido, onde as empresas

precisam entender o seu significado, e aplicar a essência de servir sem esperar em

nada em troca. Após este processo, surgem os benefícios. Pensar não somente na

viagem como uma obrigação, mas sim como uma oportunidade.

A presente pesquisa teve inicio com o envolvimento da autora por questões

voltadas às viagens corporativas, através de estágio realizado na Coordenadoria de

Promoção de Turismo de Negócios, da São Paulo Turismo, Secretaria de Turismo

da cidade de São Paulo. A participação em eventos da área, como o LACTE,

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ABROAD e WTM permitiram um maior contato com o mercado, e a identificação de

potencialidade a serem estudadas.

Considerando todos estes aspectos, a presente pesquisa busca uma maior

compreensão das relações de temas como hospitalidade, stakeholders e serviços, e

sua importância como um todo para se obter uma visão mais profunda e estratégica

sobre a mobilidade corporativa e as Travel Management Companies.

Para aprofundamento da hospitalidade, foram escolhidos autores brasileiros e

estrangeiros, que permitiram estabelecer pontos variados sobre o tema. São

apresentadas as referências de autores como LASHLEY (2004), BUENO (2003),

GRINOVER (2002), CAMARGO (2003), entre outros.

Para compor as referencias sobre stakeholders, buscaram-se conceitos em

materiais de autores como FREEMAN (1984), FRIEDMAN e MILES (2006), ROCHA

e GOLSHMIDT (2004), SIMMONS (2004), e YILMAZ e GUNEI (2009).

Sobre os serviços, a pesquisa foi embasada em autores como KOTLER

(2002), SILVA (2004), ALBRECHT, CHURCHILL e PETER (2000). Dando um maior

direcionamento do entendimento dos serviços no Turismo, foram escolhidos autores,

como COOPER (2005), BENI (1998) e MORAES (1999) para retratar esta relação.

Assim, o objetivo desta pesquisa é

Apresentar as Travel Management Companies como disseminadoras

de serviços de mobilidade corporativa.

Acredita-se que por já terem como especialidade o atendimento de empresas

e a realização de emissões de serviços voltados a viagens, as Travel management

Companies são capazes de prover a gestão da mobilidade corporativa. Dessa forma,

a pesquisa se foca neste objetivo para expressar constantemente, através do

referencial teórico e as pesquisas de campo, a sua capacidade em intermediar este

tipo de serviço.

Nos objetivos específicos adotados para a pesquisa, foram escolhidos o

levantamento de publicações sobre o mercado corporativo e as Travel Management

Companies para permitir o entendimento das potencialidades que as agências TMC

e o mercado de viagens corporativas possuem na atualidade. A pesquisa foi pautada

em três objetivos específicos. São eles:

O primeiro objetivo específico é:

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Analisar os serviços de mobilidade corporativa realizadas pelas Travel

Management Companies.

Através da conceituação de serviços e de Travel Management Companies, foi

possível um maior entendimento dos serviços e soluções trazidos pelas agências

para o cumprimento de atividades de deslocamento. Os serviços são peça chave

para uma empresa, pois são eles que podem ou não atender a necessidades

determinadas de cada corporação.

O segundo objetivo especifico é:

Identificar os stakeholders das Travel Managment Companies.

Segundo Freeman (1984) “os stakeholders são os parceiros envolvidos, que

influenciam ou são influenciados em uma empresa”. A identificação destes parceiros

permitirá o entendimento da abrangência do serviço prestado pela companhia.

Como já visto, o mercado de viagens corporativas movimenta milhões, e nisto estão

inclusos diversas empresas atuando, seja diretamente ou indiretamente, para a

realização da viagem ou deslocamento em si.

Por fim, o terceiro objetivo específico visa:

Compreender a relação de temas como a hospitalidade e globalização,

com a mobilidade corporativa.

Com este objetivo, é visado alcançar o entendimento de conceitos próximos

ao turismo, e que estão inseridos no mercado de viagens como um todo. Sendo

assim não devem ser ignorados se a pesquisa visa entender a dinâmica do mercado

de viagens.

Espera-se, com estes objetivos definidos, o direcionamento do trabalho, seu

rumo e propósito.

Partindo dos objetivos desta pesquisa e a sua justificativa, um problema foi

apresentado para a realização deste trabalho. O problema é o alvo que a pesquisa

olha, e é o que de fato é investigado. O problema apresenta:

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Por que procurar serviços e soluções de mobilidade corporativa em

Travel management companies?

O problema em questão foi desenvolvido para descobrir se afinal as Travel

management Companies são disseminadoras de serviços de mobilidade corporativa

ou não.

Três pressupostos são apresentados para este problema, e que foram

posteriormente analisados para a sua confirmação ou não, segundo a pesquisa de

campo. São eles:

As TMC’s concentram os stakeholders necessários para a realização

destes serviços;

As TMC’s possuem uma gestão concentrada, que agiliza as viagens e

serviços, de forma eficaz e com custos reduzidos;

As TMC’s possuem conhecimento técnico e operacional de questões

como o turismo, hospitalidade.

Ao longo da pesquisa, os estudos do conceito de cada temática, juntamente

com as referências bibliográficas contribuíram para o esclarecimento dos

pressupostos, e com a pesquisa de campo tais respostas obtiveram embasamento

para serem confirmadas ou não.

Para a investigação, a metodologia escolhida é a aplicação de pesquisa

empírica, de caráter qualitativo, por meio de pesquisa bibliográfica e de estudo de

casos, com referência ao método proposto por YIN. Yin (2005, p. 32) traz a

definição de estudo de caso: “Um estudo de caso é uma investigação empírica que

investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,

especialmente quando os limites entre o fenômeno e contexto não estão claramente

definidos”.

A realização dos estudos de casos vai compor em entrevistas

semiestruturadas, aplicadas em três objetos. Para atender as exigências desta

pesquisa, foram escolhidos três Travel management companies de referência no

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mercado de viagens corporativas brasileiro. São elas: Carlson Wagonlit Travel,

ALATUR, e Tour House. Estas agências estão hoje no patamar entre as maiores

TMC’s no Brasil, tratando-se de volume de vendas.

Estas TMC’s, por sua vez, indicaram dois stakeholders cada, permitindo

assim entrevistas autogeradas. Os stakeholders entrevistados compõem:

fornecedores (operadora de viagens de lazer, locadora de carros, transporte

executivo), cliente, e associações.

A partir disto, a pesquisa se divide em capítulos para a melhor compreensão

das palavras chave, objetos, e pressupostos, atendendo assim os objetivos da

pesquisa.

Os capítulos foram pensados de forma sequencial, começando com uma

abertura de conceitos históricos e de base para o trabalho, passando pelo

entendimento do mercado de viagens corporativas e turismo de negócios. São

enfatizados os serviços no turismo, através dos seus intermediadores, dando ênfase

as agências do segmento corporativo, e seus stakeholders. Esta sequencia permitiu

embasamento para as análises de estudo de casos. Por último as considerações

finais trazendo observações e resultados encontrados durante a pesquisa, e da

mesma forma, enfatizando-os para uma maior reflexão.

O primeiro capítulo tem por objetivo apresentar o conceito de hospitalidade,

que está muito ligado ao termo viagem. O capítulo busca conhecer as suas origens

históricas, e como as relações de séculos atrás contribuíram para a formação do

conceito da hospitalidade, em nível social e comercial. Mostra ainda a abertura de

mercados que permitiram os primeiros sinais de viagens com o intuito de realizar

negócios, e as relações estabelecidas entre anfitrião e hóspede. Serão analisadas

ainda as relações de hospitalidade e turismo, que se completam em suas definições.

Em um segundo momento, o capítulo apresenta ao leitor o que vem a ser a

mobilidade corporativa. Com conceitos novos, e uma bibliografia inspirada na sua

maioria em autores estrangeiros, o objetivo é apresentar, em um primeiro momento,

o conceito da palavra mobilidade. A mobilidade já é conhecida por muitos aspectos,

com isto, a definição contribui para o aprofundamento da temática no contexto da

mobilidade corporativa. Uma reflexão da globalização também é desenhada neste

capítulo que permite encontrar a necessidade do deslocamento. O capítulo termina

com a proposta de relacionar a hospitalidade na mobilidade corporativa, como são

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inseridas uma no outra e a importância de sua relação para a construção da gestão

de mobilidade corporativa.

O segundo capítulo possui três partes, e presa por mostrar a complexidade do

mercado de viagens, por seus serviços e stakeholders diversos. No inicio, seu

objetivo é tratar do conceito de serviços, suas definições, até chegar nos serviços do

turismo, mais especificamente na sua intermediadora, apresentando assim a quarta

palavra chave, a Travel management Company, como agência e distribuidora de

viagens, neste caso, do segmento corporativo. Serão conhecidos os serviços de

responsabilidade da TMC e por fim, os seus stakeholders.

O capítulo três corresponde aos estudos de casos múltiplos realizados com

os objetos escolhidos. Primeiramente o capítulo busca caracterizar as empresas

entrevistas, de forma a apresentar ao leitor a sua representatividade no mercado. A

caracterização é um processo importante, pois esclarece de forma rápida a missão

da empresa.

Após a caracterização dos objetos, foram analisados os pressupostos através

de referências citadas nas entrevistas das empresas dos estudos de caso. A partir

do material coletado, cada pressuposto foi estudado para se obter os resultados de

sua confirmação ou não confirmação.

Após os capítulos, as considerações finais são expostas, permitindo trazer os

resultados mais visíveis durante a pesquisa. Serão abordadas algumas dificuldades

encontradas sobre a temática, assim como trazer breves observações da autora

desta pesquisa sobre os resultados identificados. As considerações finais têm como

objetivo também enfatizar os objetivos específicos que foram estabelecidos para a

pesquisa, e o cumprimento de todas elas.

As referências bibliográficas são trazidas posteriormente, para acesso as

informações da fonte.

Por fim, os apêndices que compõem as autorizações de gravações para

realização das entrevistas, entrevistas na integra, e o mapa de stakeholders utilizado

nas entrevistas.

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CAPÍTULO 1 HOSPITALIDADE EM MOBILIDADE CORPORATIVA

O capítulo é dedicado ao estudo do conceito da hospitalidade, suas origens e

definições. O capítulo aborda também o conceito de mobilidade corporativa, a sua

aplicação nas empresas, e as formas de gestão e soluções. Aborda ainda conceitos

de globalização que dão origem a análises mais reflexivas sobre a mobilidade, e

deslocamentos, chegando até ao entendimento da hospitalidade como um processo

e solução que completa a gestão de mobilidade corporativa.

1.1 Hospitalidade

Para a melhor compreensão sobre a hospitalidade, é preciso entender a sua

relação com a história. Remontada há séculos para muitos estudiosos da área, a

hospitalidade surge de aspectos sociais e religiosos, que enfatizavam os

compromissos que se tinham aos deuses. Era um dever sagrado e moral, conforme

enfatiza Bueno (2003). Na medida em que se evolui, passa a ser um comportamento

original da própria base da sociedade, onde há a troca e a partilha dos frutos do

trabalho. Essa troca, muito comum na época, trouxe questões bases da

hospitalidade hoje, como a mutualidade e reciprocidade entre os grupos conforme

Lashley (2004, p. 5).

Ainda historicamente, o processo do bem receber é encontrado. Bueno (2003,

p. 1) apresenta: “Pode-se falar em hospitalidade como virtude burguesa associada à

ideia de bem receber – uma iniciativa próxima à amizade – ou pode ter uma

dimensão coletiva e um caráter de obrigação”. Este caráter de obrigação é citado por

Beardsworth e Keil (1997 apud LASHLEY, 2004, p.8), como obrigações que foram

culturalmente definidas em sociedades tradicionais. A recepção dos forasteiros cria

um conceito não somente de generosidade, mas também protetor por parte do

anfitrião. A não recepção deste visitante provocava a falta de valores e conduta

moral, mostrando assim a sua valorização.

Deste contexto histórico, mesmo que em algumas vezes remetido ao caráter

obrigatório, surge a questão das relações e as relações transformadoras, que foram

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capazes de estabelecer ao que se conhece hoje como o anfitrião e o hóspede. Os

atos relacionados com a hospitalidade são a consolidação de estruturas de relações,

onde ao seu final, anfitrião e hóspede não são os mesmos de antes. A troca de

valores e conhecimentos acrescenta o campo de conhecimento do outro.

(GRINOVER, 2002, p. 25).

Em outra visão, Abreu traz este conceito histórico, atrelado com a questão

dos serviços. Entende-se assim a proximidade e relação destas duas temáticas,

relação essa essencial.

A hospitalidade pode possuir um caráter coletivo e de obrigação que no passado estava mais associado à caridade e que hoje será mais bem localizado como um serviço público (no campo da proteção social) ou comercial (hotéis em especial, mas podendo se referir a qualquer organização estruturada com a finalidade de prestar serviços de recepção e acolhimento de pessoas, inclusive da mesma comunidade.) (ABREU, 2003. p. 29).

Cria-se assim um vínculo com a prestação de serviços, bem como cotado por

Camargo (2004) onde a dádiva é associada como valor comum. O objetivo é de

prestar serviços sem esperar algo em troca, tendo como interesse estabelecer um

vínculo social apenas.

Essa troca é mútua, por isso entende-se na hospitalidade a relação entre o

anfitrião e o visitante, que possui necessidades a serem desenvolvidas no seu

destino. Nesse contexto, Selwyn (2004, p. 26) aplica à hospitalidade a função de se

estabelecer um relacionamento ou promover um já estabelecido, com o processo de

troca de produtos e serviços, materiais ou simbólicos, entre anfitrião e o hóspede.

Selwyn enfatiza a presença dos dois lados na troca de hospitalidade, aquele que

recebe e o que é recebido.

Camargo (2003, p.19) mostra os contextos da hospitalidade, e suas ações: “a

hospitalidade é o ato humano, exercido em contexto doméstico, público ou

profissional, de recepcionar, hospedar, alimentar e entreter pessoas

temporariamente deslocadas de seu habitat”.

A hospitalidade, para Grinover (2006, p.31) é retratada como uma relação

feita com institucionais. “relação entre um ou mais hóspedes, e uma instituição, uma

organização social, isto é, uma organização integrada com um sistema que poder

ser institucional, público ou privado, ou familiar”.

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20

Nesta mesma linha, Lashley (2004) propõe a sua divisão em três domínios: o

social, privado e o comercial:

O domínio social da hospitalidade considera os cenários sociais em que a hospitalidade e os atos ligados à condição de hospitalidade ocorrem junto com os impactos de forças sociais sobre a produção e o consumo de alimentos, bebidas e acomodação. O domínio privado considera o âmbito das questões associadas à oferta da ‘trindade no lar’, assim como leva em consideração o impacto de relacionamento entre anfitrião e hóspede. O domínio comercial diz respeito à oferta de hospitalidade enquanto atividade econômica e inclui as atividades dos setores tanto privado quanto público (LASHLEY, 2004, p. 5)

Os três domínios da hospitalidade trazida por Lashley são assim

representadas:

Figura 1 Atividades relacionadas com a Hospitalidade Fonte: Lashley (2004, p.6)

As atividades do domínio social, proposta por Lashley (p. 6) é estudada

conforme o contexto social, na perspectiva histórica, cultural e antropológica, já que

o exame desse tópico e o valor posto sobre a hospitalidade em relação a forasteiros

variam através do tempo e entre as sociedades. Lashley ainda defende (2004, p.

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21

12.) “Ao exprimir-se socialmente em espaços públicos, os indivíduos revelam tanto

sua ligação com a sociedade quanto sua cultura e compreensão relativamente às

normas comuns”. As atividades de hospitalidade ajudam no desenvolvimento de

laços sociais em terceiros e na satisfação subsequente das necessidades sociais um

do outro. Elas contribuem para o crescimento pessoal e social.

No domínio privado, é refletido questões relativas ao significado de

hospitalidade, hospedagem e hospitabilidade. A família é núcleo base da sociedade,

é aquela que insere as normas, regras, costumes e rituais, o que define o contexto

social. A interação do anfitrião e o hóspede compartilham dessas regras, ao se

estabelecer um relacionamento. Uma das formas de se enxergar a hospitalidade no

domínio privado, segundo Lashley (2004, p. 14) é na compreensão de oferta de

alimentos, bebidas e acomodação na família, que possibilita a analise do inter-

relacionamento entre os espaços doméstico e social. Já o desejo de receber e estar

com pessoas fazendo-as parte de seu convívio é conceitualmente chamado

hospitabilidade.

A hospitalidade comercial tem suas raízes no provimento aos viajantes,

através do mercado, das necessidades básicas de alimentos, bebidas, abrigo e

repouso. Segundo Farb e Armelagos (apud LOOKWOOD e JONES, 2004, p. 225)

existia a possibilidade de se obter comida numa base comercial em cidades da

antiga Roma e antiga China. Na Grã-Bretanha pós-romana, os reis se hospedavam

no castelo mais próximo à custa da nobreza local, e as casas, abadias e mosteiros

eram usados para o alojamento das outras pessoas.

Medlik e Airey (apud LOOKWOOD e JONES, 2004, p. 226) definem:

O século XI assistiu ao crescimento do número de viagens, envolvendo peregrinações, cruzadas e viagens de negócios. A maior parte deste crescimento foi assimilado por estabelecimentos religiosos e mosteiros, que criaram procedimentos formais, contrataram funcionários e construíram hospedarias e albergues. O principal recebedor de estranhos em uma área virou o proprietário da hospedaria. Enquanto os estabelecimentos religiosos ficavam satisfeitos em receber a nobreza como um ato de ‘deferência’ e os pobres como um ato de caridade, a classe média ou os comerciantes ‘tinham de buscar aqueles cujo negócio envolvia cuidar deles – os hospedeiros.

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22

A hospitalidade, uma vez estabelecida como empreendimento comercial, se

desenvolve em uma área diversificada, englobando operações comerciais que

proporcionavam aos seus clientes a combinação dos três serviços: comida, bebida e

acomodação.

Para Loockwood e Jones (2004, p. 227,) tanto a hospitalidade comercial

quanto a social começam com a intenção de oferecer. As diferenças entre elas é que

na vertente social, ela é movida pela oferta, o anfitrião é quem convida a visita para

um jantar, ou para passar um fim de semana em sua companhia. É ocasional, e em

pequena escala, da mesma forma que há uma personalização para cada convidado,

tornando-se único. O cenário social é seu principal foco, sendo a alimentação e

acomodação um objetivo secundário. Nesse sentido, não se visa o lucro. Já a

hospitalidade comercial, por sua vez, é movida pela demanda, o cliente é o

responsável por decidir onde e por quanto tempo ele ficará na localidade, bem como

o que vai comer ou beber. É uma opção do cliente, e ele espera ser atendido

conforme o que necessita.

Assim, o provedor da hospitalidade é apto a responder as suas solicitações. A

escala dessa vez é muito maior, onde é necessário que haja empregados além dos

próprios hospedeiros, para manter o padrão de operações, O autor coloca ainda que

sua visão está na sustentabilidade financeira, onde exige uma administração da

hospitalidade comercial.

Brotherton e Wood (2004, pg. 199) dividem as definições comprobatórias da

hospitalidade em cinco argumentos, consistindo em ordem e conformidade na troca

de hospitalidade com as regras, costumes, modos e rituais; as relações sociais como

aspecto central da troca de hospitalidade, quer seja recíproca ou não (relação

simétrica e assimétrica; Tanto as situações públicas, quanto as privadas estão

impregnadas de associações e significações simbólicas; a hospitalidade,

principalmente no domínio público, é caracterizado principalmente pela crescente

realização dos negócios; e por último a essência da hospitalidade no espaço e no

tempo diante das diferentes e variáveis influências socioeconômicas e político-

culturais.

São estabelecidos dois eixos de tempo/espaço para melhor compreender a

hospitalidade em sua abrangência. São em seu resumo, conforme Camargo (2003,

p. 15) “o eixo cultural, que leva em conta as ações abrangidas pela noção de

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hospitalidade, e um eixo social, que diz respeito aos modelos de interação social e

consequentes instancias físico-ambientais envolvidas”.

O eixo cultural é dividido em: recepcionar, hospedar, alimentar e entreter. O

recepcionar envolve receber as pessoas, o ato de acolhimento tanto na vida social

quanto na vida privada; o hospedar, que é a oferta de teto ou afeto e segurança por

determinado tempo; o alimentar, que culturalmente já concretiza o ato da

hospitalidade, mesmo que simbólico; e o entreter, onde receber pessoas implica em

entretê-las de alguma forma, com o intuito de proporcionar bons momentos.

Já no eixo social, encontram-se quatro categorias: doméstica, pública,

comercial e a virtual. No doméstico, atenta-se ao ato de receber em casa, ação essa

típica da hospitalidade e que envolve maior complexidade sob os ritos e significados;

a pública, que é a hospitalidade em decorrência do ir e vir, como expectativas de

interação humana, sendo entendido tanto no cotidiano da vida urbana, quanto na

dimensão política, como migração e imigração; a comercial, que surge em função do

surgimento do turismo moderno, com estruturas atuais da hotelaria; e por fim, a

virtual, onde existe a interação entre emissor e receptor das mensagens em

ambiente online, considerando-se assim, anfitrião e visitante, mantendo assim uma

interação entre as duas partes.

1.1.1 A Hospitalidade e o Turismo

Para entender a hospitalidade e o turismo, é importante começar por uma

visão trazida por Wada (2003, p. 65) “Muito se discute se o turismo é quem está

contido em hospitalidade, ou vice-versa”. Ambas as áreas estão contidas como

ciências sociais aplicadas, que tratam da vida em sociedade, por formas que se

assemelham muito.

Cruz (2002, p.43) explica que o turismo envolve deslocamento de pessoas,

tendo como definição a permanência temporária em locais que não são de sua

residência habitual. Já que estas pessoas estão fora de seu próprio território, elas

são recebidas em uma localidade. A experiência neste lugar se dará conforme a sua

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24

recepção. Por isso, questões de segurança, conforto e bem estar são importantes

para o turista, pois dão a ele a sensação de se sentir em casa.

A hospitalidade cresce à medida que o turismo se estabelece, juntamente

com as suas necessidades. Como explicado por Walton:

A riqueza crescente e a ampliação dos meios de transporte estimularam mais viagens e refeições de lazer para um número cada vez maior de pessoas durante os dois últimos séculos, já que elas podiam comer mais do que precisavam e despender quantidades crescentes de tempo de lazer para viajar e comer fora de casa. Os hotéis, as casas para hóspedes e os alojamentos com café da manhã, além de restaurantes e cafés, como são conhecidos atualmente, surgiram para satisfazer essas necessidades (2004, p. 107).

A falta dessa sinergia entre as duas áreas leva ao desequilíbrio. Como citado

por Gotman (apud WADA, 2003, p. 62) “a hospitalidade é um processo de

agregação do outro à comunidade e a inospitalidade é o processo inverso”. O

simples fato de não ser bem recebido, gera ao viajante uma frustação, implicando

até mesmo na sua volta.

Neste panorama, é percebida a importância de se estabelecer

cuidadosamente, na administração da hospitalidade comercial, a atenção nas

necessidades do turista/visitante. Acompanhar a evolução dos tipos de turistas e

suas motivações, tecnologias para melhoramento de serviços, aprimoramento de

operações e estratégias são pontos chaves para a realização dessa operação tão

complexa que é a hospitalidade.

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25

1.2 Mobilidade Corporativa

O conceito da mobilidade corporativa é ainda muito novo, por isso a melhor

maneira de se apresenta-la é entendendo primeiramente a mobilidade e o conceito

de globalização.

Segundo Giddens (1991, apud GUIMARÃES, 2011, p. 11) com as

consequências da modernidade, a globalização é definida como “a intensificação

das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades diferentes de tal

maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas

milhas de distância e vice-versa.” Estas interações já são definidas por laços

econômicos, expressos na visão de Karassawa (2003), onde a ampliação do espaço

de intercâmbio de bens, de serviços e de pessoas entre os países ganha maior

permeabilidade com a globalização da economia. Essa necessidade surge pelas

aberturas de mercado, e busca por matéria prima.

O conceito de mobilidade trazida por Ferreira e Wada se define: “The concept

of mobility is, in principle, very simple; it denotes the idea of coming and going,

together with the necessary means and resources for such actions to occur.”1

(FERREIRA e WADA, 2011, p. 19). São os movimentos de grupos e indivíduos e o

TREND (tradition, relationship, expectation, needs, desire e solution)2 que levam a

sua ocorrência.

Lash e Urry (1994) Consideram crucial, como característica da modernidade,

o que chamam de ”modernização reflexiva”. Eles entendem, nesse sentido, a

reflexividade como uma dimensão não apenas cognitiva ou normativa, mas também

estética. Essa dimensão estética está relacionada ao crescimento da mobilidade

que, ao possibilitar um maior ‘cosmopolitanismo’ tem facilitado a organização social

da viagem e do destino.

Já Sheller e Urry (2004) utilizam do termo “tourism mobilities”3 para as muitas

formas de mobilidade contidas no turismo, envolvendo pessoas, objetos, meios de

transporte, meios de comunicação. Em uma outra definição, entende-se a

1 O conceito de mobilidade é, em principio, muito simples; é a ideia de ir e vir, juntamente com os

meios e recursos necessários para que tal ação ocorra. 2 tradição, relacionamento, expectativa, necessidades, desejo e soluções

3 Mobilidade Turística

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mobilidade corporativa como “Corporate mobility is the strategic management

approach to removing geography as a barrier to growth and success”4 (HARPER,

RUNZHEIMER, 2007 p. 2).

Neste conceito, a Runzheimer international, empresa americana, especialista

em soluções para organizações, aplica a mobilidade corporativa em seus estudos e

relatórios. Adotando o conceito de employee mobility, a ideia é a de remoção da

geografia como barreira para negócio, crescimento e sucesso da empresa. Ela é

abordada, portanto, como uma gestão estratégica na empresa, e seu objetivo é

alcançar dois objetivos maiores: reforçar a gestão de talentos e/ou permitir

crescimento de receita. Isto ocorre de forma que, ao disponibilizar viagens aéreas,

trem ou automóvel, e o uso de ferramentas tecnológicas fora do escritório

(notebooks, ipads, tablets,etc), permitem aos funcionários estarem no lugar onde

precisam estar, de forma ágil e precisa. Relocação, missões internacionais, e

escritórios virtuais em casa expandem ainda a ideia apenas da viagem. As novas

formas de tecnologia já permitem estar desde lugares pertos até os mais remotos.

Aplicado a este conceito, organizações que adotaram o termo “mobilidade

corporativa” estão em busca de uma gestão total das suas formas de deslocamento,

sendo elas por variados motivos. (FERREIRA, 2011, p.20). Dessa forma, entende-se

por movimentações necessárias nas Corporações, soluções em: rotas e logística,

aeronaves executivas, expatriação e relocation, veículos e frota, gerenciamento de

dispositivos móveis e tecnologias, e as viagens de negócios, conforme explicado

ainda nos estudos da Runzheimer.

Ferreira e Wada exemplificam a gestão da mobilidade corporativa como:

Gestão da mobilidade corporativa visa minimizar os riscos, custos e incidentes imprevisíveis na movimentação de pessoas de uma determinada organização, desfragmentando operações que estão excessivamente diluídas no cotidiano das empresas; a falta de uma visão geral de brechas e falhas que podem levar a más decisões, sejam de natureza financeira, ou acima de tudo, aqueles que são supostamente para garantir o bem estar dos viajantes. (FERREIRA e WADA, p. 134, 2011).

4 Mobilidade Corporativa é a abordagem de gestão estratégica para a remoção geográfica como

barreira para o crescimento e sucesso

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27

Nesta definição é possível observar alguns aspectos importantes trazidas com

a gestão da mobilidade corporativa, como a preocupação em minimizar os custos

das corporações, não se esquecendo da segurança e bem estar do seu funcionário.

Essa interação condiz com a realidade das viagens de negócios que se insere na

segmentação do turismo de negócios.

Turismo de Negócios, segundo o Ministério do Turismo (2010, p. 15) é “o

conjunto de atividades turísticas decorrentes dos encontros de interesse profissional,

associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técnico, científico e

social”. Essas viagens são realizadas em nome de uma empresa, e assim, pode-se

considerar as viagens corporativas como um dos principais fatores de atenção na

mobilidade necessária em uma empresa.

Assim, Wada (2009, p. 215) define viagens corporativas como aquelas

realizadas individualmente. Estas viagens são rotineiras, e envolvem grande

complexidade por diversos motivos, como o tipo de viajante, motivos, urgência e

duração dos deslocamentos. “Pode ser um executivo que visita quatro países em

uma semana, com agenda previamente definida ou um técnico que deve reparar um

equipamento, sem data para retornar.”

No caso dos eventos empresariais, os deslocamentos podem se realizar

individualmente, mas os objetivos e as datas são comuns a um grupo de

participantes, como em convenções, treinamentos, reuniões, feiras ou congressos.

Há também aqueles que passam meses em uma localidade, em atividades

como as extrativistas ou espaciais, que se confundem em sua definição. Por essa

duração muitas vezes são chamados de migrantes. Conforme Millar e Salt (2007, p.

25) “The word ‘migration’ is typically associated with some degree of permanency

but, in contemporary business, highly skilled people move internationally for varying

periods and their mobility is better conceptualized as movement.”5 O que se exige

então é a identificação de formas particulares de movimento e os papéis que

desempenham.

Sasaki (apud WADA 2009 p. 216) comenta que em 1997, com a chegada

das multinacionais no Brasil, as viagens eram friamente geridas, era muito objetivo e

tecnológico, visando apenas a gestão de despesas. Com o tempo, o volume de

5 A palavra migração é tipicamente associada com algum grau de permanência, mas no mundo dos

negócios contemporâneos, pessoas altamente qualificadas se movem internacionalmente por períodos

variáveis e sua mobilidade é melhor conceituada como movimento.

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28

viagens e interesses para negócios, seja no Brasil, seja para outros países, se

tornaram intensas. Foi percebida a importância de se ter pessoas capazes de

gerenciar estas viagens e que aprimorassem soluções que se adequassem as

necessidades tanto da empresa quanto do funcionário em questão.

Já na atualidade, tratar de mobilidade exige um olhar mais voltado para a

globalização, e na forma com que se ocorrem as relações interpessoais, o que gera

negócios, e a troca de culturas e experiências. Beaverstock (2010) deixa clara a

representação das viagens de negócios como processo de networking, em uma

economia cada vez mais baseada no conhecimento e nas relações. Ser visto é,

acima de tudo ser reconhecido e ser lembrado.

Assim, a relação trazida para o ultimo século, segundo Beaverstock,

consistem:

Indeed, whilst mobility in the late twentieth and early twenty-firt century takes many forms, including tourism and family-related travel, in economic terms business travel now appears to be the fundamental production process in constructing and reproduciong the ‘Network Society’ and the global, knowledge-based economy that have come to be the hallmarks of contemporary capitalism.(BEAVERSTOCK et al (2010, p. 2)6

Este processo de troca nas viagens de negócios, como dito pelo autor,

promove uma maior interação e a construção de uma rede de conhecimentos.

1.2.1 Gestão das viagens corporativas

A gestão de viagens é o escopo das despesas de turismo de negócios.

Wada (2009) cita que é preciso de muitos esclarecimentos na gestão de uma

viagem. Devem ser discriminadas as despesas de transporte e de acomodação,

além dos gastos do funcionário que viaja.

6 Com efeito, enquanto a mobilidade no final do século XX e inicio do século XXI assume muitas

formas, incluindo o turismo e as viagens relacionadas com a família, em termos econômicos viagens

de negócio agora parece ser o processo de produção fundamental na construção e reprodução da

sociedade em rede, e na economia global, baseada no conhecimento, quem tem vindo a ser as

principais características do capitalismo.

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29

Beaverstock (2010, p.2) explica que como em outros processos de gestão,

após a consolidação dos dados, estabelecimento de políticas e respectivas regras

de compliance, avaliação das negociações e da economia, a perspectiva é de um

aumento de complexidade das operações que não são mais restritas para a viagem

em si. Estas avaliações passarão por um processo de possíveis melhorias, visando

reduções de custos, e otimização de processos. Estes procedimentos vão de

encontro com o conceito de mobilidade corporativa.

As viagens corporativas estão entre as maiores despesas em uma empresa, e

assim que as empresas descobriram essa realidade, a necessidade pelas Travel

Management cresceu.

O gerenciamento de viagens consiste na condução e controle dos gastos

relacionados às viagens, de forma direcionada e disciplinada sobre transporte,

acomodação, refeição, e outros gastos envolvidos. Portanto o processo de gestão é

feito às riscas, a fim de garantia de economia, sem esquecer da sua eficiência e

qualidade. Em busca de redução de gastos, a tecnologia vem sido uma das

plataformas para remover a geografia como impedimento para uma negociação, ou

a participação em eventos e feiras.

Segundo NAKANE (2012) inicialmente os eventos virtuais eram utilizados por

grandes corporações já que seus investimentos eram elevados. Atualmente, com a

preocupação de redução dos custos envolvidos e pela perspectiva da economia, já

que não haverão deslocamentos geográficos, hospedagem e alimentação, serviços

de teleconferência e webconference surgem como uma opção

Neste contexto, agências especializadas em gestão de viagens corporativas,

as chamadas Travel Management Companies ou TMC’s, se dedicam na gestão

dessas viagens, como suporte em soluções de gestão de custos, e criação ou

adaptação de políticas de viagem.

Castillo, Aguirre e Stefanini (2011, p. 116) enfatizam que muitos clientes ainda

vêm as TMC’s como um custo adicional sem valor agregado, e não como um agente

envolvido especialista em programar políticas e soluções para redução de custos. A

mobilidade corporativa, portanto considera as soluções tecnológicas como forma de

mobilidade, entretanto a relação estabelecida fisicamente, bem como seus impactos

posteriormente, são muito significantes.

Sobre a tecnologia, Beaverstock aponta:

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30

Mobile workers are logged into other spatial and technological network as they travel. Thus business travel is also about interconnections, both between these various networks and also in terms of specialties. Technological alternative to travel do exist as with video-conferencing and real-time virtual communications. But the need for co-presence or face-to-face meetings seems to remain a consistent motivation for corporate mobility, no doubt partly because of the blurring of motives and the indistinct boundary between business and leisure involved in that form of travel (Beaverstock, 2010, p. 2)7.

Esta complexidade existe, pois as finalidades para uma viagem são variadas,

podendo ter como objetivo a participação em reuniões ou sessões de treinamento;

visitação de clientes para fechamento de contratos, negociação ou fornecimento de

suporte ao produto; participar de feiras/conferências;

Se a uso de tecnologias for identificado como opção para a não realização de

uma viagem, ela será observada dentro da política da empresa, indo de encontro

com os objetivos do deslocamento. Dessa forma, para casos em que é preciso a

presença física do colaborador, como a manutenção técnica ou suporte a um

produto, ou uma visita de inspeção, esse tipo de tecnologia não é considerada. A

gestão precisa analisar de que forma serão realizadas tais atividades.

1.2.2 Mobilidade Corporativa no Brasil

Para melhor compreender a relação em que o país se encontra nessa

vertente, Ferreira (2011, p.11) traz: Entender a dinâmica da mobilidade corporativa

no Brasil e países da América Latina é muito promissor, pois além de serem

mercados tradicionais chave, possuem uma grande procura por recursos naturais,

além de certos países atingirem um nível sólido e estável economicamente.

7 Os trabalhadores móveis são registrados em outra rede espacial e tecnológica enquanto viajam.

Assim também é a viagem de negócios sobre as interconexões, tanto entre estas várias redes, quanto

em termos espaciais. Alternativas tecnológicas existem para as viagens, como as vídeo conferencias e

comunicações virtuais em tempo real. Mas a necessidade de presença física, encontros cara a cara,

permanecem cmo motivação consistente para a mobilidade empresarial, em parte por causa da

indefinição dos motivos e da fronteira indistinta entre negócios e lazer envolvidos nesse tipo de

viagem.

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31

Segundo o manual de segmentação de turismo de negócios (2010 p.13), o

Brasil vem se posicionando por conta do seu desenvolvimento industrial e

respectivos produtos, tanto para exportação, como para a comercialização interna.

As áreas com mais destaque são: agropecuária, telecomunicações, biotecnologia,

meio ambiente, finanças, moda, calçados, joias, têxteis, alimentação, plásticos,

materiais de construção, aviação, finanças e do artesanato, entre outras.

Movimentando milhões na economia global. Segundo estudo GBTA BTI

Outlook, realizado pela GBTA - Global Business Travel Association, uma das

organizações mais importante de viagens de negócios e reuniões corporativas no

mundo, os gastos com viagens corporativas no Brasil deverão crescer 6,3% em

2013, movimentando US$ 31,8 bilhões.

O crescimento vem acompanhando o crescimento do PIB real e o

crescimento no volume das exportações, impulsionado principalmente pelo consumo

interno, investimentos e o avanço das exportações. Assim, o país continua sendo

um mercado global importante. Ainda conforme o estudo, a viagem de negócios do

Brasil vai ultrapassar os da Coreia do Sul, França e Itália ao longo dos próximos

anos e estima-se que terá um crescimento de dois dígitos em 2014. Como desafios,

o estudo aponta que para acompanhar este crescimento, é fundamental os

investimentos em transporte, principalmente na modernização dos portos, expansão

dos aeroportos, e reparação de rodovias.

Como visto a demanda cresce na medida em que aparecem essas

oportunidades de negócios, passando assim para uma analise mais ampla deste

setor. O desenvolvimento de infraestrutura é importante neste sentido.

1.3 Hospitalidade em Mobilidade Corporativa

A mobilidade corporativa compreende a junção de serviços, como visto

anteriormente, a fim de cumprir com as medidas necessárias para a realização da

viagem, atendendo as necessidades do viajante a negócio. Da mesma forma, a

hospitalidade está ligada às necessidades e desejos das pessoas em ser bem

recebido.

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32

“Visto que, o viajante de negócio é considerado turista, o mesmo usufrui de

todo produto oferecido pela cidade, bem como os serviços envolvidos na cadeia. A

única diferença está no seu foco, que corresponde a praticidade, agilidade,

necessidade de respostas rápidas e a acessibilidade.” (STEFANINI, YAMASHITA e

SOUSA, 2012, p.2). Grinover (2002) defende que a hospitalidade implica no

contexto sociocultural com as trocas de bens e serviços, e sua relação, entre

receptor e acolhido ou anfitrião e hóspede. A globalização trouxe a necessidade das

viagens, e que por sua vez, trouxe a troca cultural e social em que um

relacionamento é estabelecido.

Karassawa (2003) trata da relação do turismo e a logística como um processo

de planejamento e gestão de fluxo, sua acomodação, entretenimento, mobilidade

nos centros de interesse, fluxo de informações e suprimento. O autor ainda comenta

que ao tratar de mobilidade, é imprescindível que haja o uso de transporte para

deslocamento, do local de origem até o seu retorno. Mais do que isso, inclui-se

também o atendimento, que nesta perspectiva pode se detectar nos pontos de

embarque, desembarque e transbordo, ou na recepção do hotel, centro de

convenção, restaurantes, etc.

O turista de negócios, que diferente do de lazer não escolhe seu destino, e

muitas vezes não têm poder de decisão dos serviços utilizados em sua viagem,

conta com a infraestrutura oferecida pela cidade e seus serviços. A realização de

seu trabalho, independente de sua duração, depende da infraestrutura e dos

produtos e serviços que constam nela.

Entender a noção da hospitalidade nas relações estabelecidas entre o espaço

físico da cidade e seus habitantes é importante, pois abrange não somente a

acomodação, mas também a alimentação, o conforto e o acolhimento. Estas

características proporcionam uma sensação de bem estar e satisfação ao visitante

(Grinover, 2002, p. 26).

Na mesma visão, Sansolo (2004, p. 167) relaciona o conceito de

hospitalidade com o espaço e lugar, tornando-se uma dimensão relacionada ao

conceito da hospitalidade. Rafestin (apud Sansolo, 2004, p. 168) afirma neste

sentido, que as fronteiras seriam demarcadas como espaços limítrofes entre quem

recebe e quem é recebido, de modo que para ser tratado de forma hospitaleira, é

preciso que o hóspede conheça antes o código do anfitrião, o qual tem na fronteira o

limite de uso desses códigos. Nesta visão o autor apresenta uma forma mais

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33

abrangente de se enxergar a hospitalidade, dando ao viajante a percepção de seu

papel em uma localidade diferente.

A gestão da mobilidade corporativa considera, portanto, as questões que

implicarão nas relações e negócios que o viajante obtiver, entre as diversas escalas

geográficas, do global ao local.

As viagens corporativas compreendem todos os tipo de viajantes, desde os

que passam apenas dois dias para uma reunião de negócios, até os que passam

seis meses, ou mais, em plataformas. Um exemplo de viajantes que se estabelecem

em um período maior são os expatriados. A expatriação é um processo que requer

gestão específica e detalhada, pois leva em conta fatores que configuram diferentes

realidades: econômicas, legais, políticas migratórias e laborais, psicológicas,

familiares e socioculturais das pessoas envolvidas e dos respectivos países de

acolhida. a questão da hospitalidade é importante já que permite a indivíduos ou a

famílias construir sociedade, instalar-se e intermediar práticas de sociabilidade, e

acesso a recursos locais. (ANNE GOTMAN apud GRINOVER, 2007, p. 27).

A hospitalidade e o acolhimento de um visitante em uma nova localidade é

complexa, pois a questão da cultura, leis, costumes e rituais se diferem da situação

de origem do viajante. Desse modo, as expectativas do viajante é assim explicada

por ABREU (2003, p. 29):

Hoje em dia, são raras as situações em que o estrangeiro estará completamente desamparado ao chegar a um lugar, como acontecia com um viajante antigo. Rodeado por um grupo, esperado, acolhido por uma estrutura ou outro grupo, o visitante (viajante) é exposto, ao entrar em um novo ambiente, a todo um código, todo um conjunto de normas e procedimentos a serem observados tanto por ele como pelos que o cercam.

A troca de informações é muito constante, por isso a importância da gestão

de viagens corporativas como base para a realização da viagem. Quando as

informações sobre o destino, cultura, formas de negociação e tradições são

conhecidas posteriormente pelo viajante, o introduz a realidade do lugar.

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1.3.1Tendências de Mercado e a Hospitalidade

Segundo o relatório da Amadeus (p. 21) para 2020, cada vez mais surge a

necessidade da criação de novos serviços para atender as motivações e as

preferências dos viajantes. Entender essas necessidades ampliam as chances de

satisfação e obtenção de resultados, seja para a empresa prestadora de serviços,

seja para o viajante, que consequentemente, ao realizar um bom trabalho,

contribuirá para a empresa da qual ele responde. Ainda segundo o relatório, nas cias

aéreas, a viagem será tratada como uma experiência, segundo a necessidade do

viajante.

A hospitalidade se faz importante para a adequação do trabalho e da

prestação de serviços, principalmente no bom atendimento e no bem receber.

A questão do virtual como já visto, também é a realidade na mobilidade

corporativa. Os serviços tecnológicos criados, as plataformas e aplicativos, exigem

maior integração e soluções de comunicação e conectividade. A intensificação do

uso da tecnologia também gerou um novo ritmo de vida, no qual o consumidor

contemporâneo está bem menos disposto a esperar ou tolerar atrasos. Segundo

Souza (2009, p. 29) especificamente no turismo, o turista conectado tem pouco

tempo disponível para se preparar e colher todas as informações relevantes sobre

sua viagem.

“A comunicação fornece a oportunidade de diálogo e encontro tendo a

hospitalidade como pano de fundo (ou o inverso) para reconhecer e manter o valor

de troca nos relacionamentos estabelecidos entre visitantes e visitados.” (NEVES e

ALEXANDRE, 2006, p.8)

Beaverstock (2010, p.1) enxerga as viagens de negócios como práticas e

processos relacionados não só com a articulação da economia global, mas também

à cultura, comportamento, status e até mesmo a mobilidade de lazer.

A mobilidade corporativa é assim, a gestão de soluções detalhadas que com

os conceitos da hospitalidade, permitem as corporações a estabelecerem regras na

política de viagens. Independente da duração e motivos da viagem, ao considerar a

hospitalidade, neste processo, serão também incluídos os suportes de segurança,

conhecimento da situação da localidade, conforto, acolhimento e receptividade. A

diversidade é grande, é preciso que a escolha dos serviços (incluindo acomodação,

Page 35: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

35

receptivo, mobilidade urbana, alimentação) sejam adequados, e estudadas

assegurando qualidade e ao mesmo tempo redução de custos.

A mobilidade insere os indivíduos no espaço e no tempo, nos remetendo hoje

a globalização, e a intensificação das relações sociais. A hospitalidade nesse

contexto Bauman (1999, apud GUIMARÃES, 2011) entende que o “próximo” é um

espaço onde o individuo se sente a vontade, ele é remetido ao seu ambiente

residencial. Existe um sentido da hospitalidade privada, que traz esta perspectiva. O

“longe” é o local onde pouco se conhece, onde não existe nem mesmo a obrigação

de se cuidar. Levantar questões de hospitalidade em mobilidade corporativa é

importante para o aperfeiçoamento da área.

Page 36: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

36

CAPÍTULO 2 SERVIÇOS E STAKEHOLDERS EM TRAVEL MANAGEMENT COMPANIES

O capítulo tem como objetivo apresentar o conceito de serviços e sua relação

com o turismo, e canais de distribuição, voltando-se mais especificamente para as

Travel Management Companies, as agências especializadas em viagens

corporativas. Serão apresentadas as suas funções, serviços e stakeholders, a fim de

melhor compreender as suas responsabilidades no amplo setor das viagens

corporativas.

2.1 Serviços

Desde o século XX o setor de serviços ganha importância em muitos países

onde a economia baseada em atividade industrial predominava. Até mesmo nos

países em desenvolvimento, onde a atividade está ligada na agricultura, surgem

indícios de soluções para necessidades encontradas. A transição de uma economia

baseada em produção dá lugar para a economia baseada em serviço.

Albrecht (2000, p. 1) explica que nos Estados Unidos, o modelo de

administração de serviços começa a ser adotado em 1985, com conceito básico de

competição no mercado. Nesta mesma época, as empresas começavam a buscar

melhorias no desempenho dos serviços a fim de tornarem-se mais eficazes na

colocação de seus serviços finais. Com as fortes mudanças, empresas aéreas,

bancos, serviços hospitalares, hotelaria, telecomunicações, comércio varejista,

transporte, entre muitas outras passaram a se posicionar com o que diz respeito à

qualidade do serviço.

Os serviços possuem três principais características, como apresentado por

Kotler (2002, p. 15). São elas: intangibilidade, a indivisibilidade, variabilidade e

perecibilidade.

No caso da intangibilidade, os serviços não podem ser observados, provados,

ouvidos ou apalpados. Os clientes procuram então sinais de qualidade por meio das

evidências concretas, como decoração, equipamentos utilizados, comunicação e

pessoas envolvidas. Esta, inclusive, é a diferença entre produto e serviço.

Page 37: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

37

Conforme Berry (apud SILVA, 2004, p. 113) os serviços diferem

fundamentalmente das mercadorias por sua intangibilidade. Uma mercadoria é um

objeto, um serviço, em essência, é um desempenho.

A indivisibilidade por sua vez, pois os serviços são compostos

obrigatoriamente por seus prestadores, portanto não são separados do prestador de

serviços e da maneira como ele é percebido. São assim meios de avaliação para

definição de qualidade do serviço.

É considerado também a variabilidade, já que a qualidade de um serviço

prestado a um cliente varia. Os processos realizados são passiveis de se ter erros,

já que estas falhas são humanas. Silva (2004, p. 116) diz “nesta perspectiva, o

serviço é sentido apenas psicologicamente, e tem valor a partir da qualidade do

serviço prestado. Neste sentido, interfere diretamente na relação cliente-atendente”.

Para uma classificação de serviços, Churchill e Peter (2000, p. 296) dão foco

principal em relação a entrega do serviço. Os autores explicam que os serviços

podem ser entregues através de equipamentos (como por exemplo, serviços de

cinemas e linhas aéreas) ou por meio de pessoas (serviços de contabilidade,

zeladoria, etc). O meio de entrega indica qualidade, que no caso de equipamentos, e

esperado que sejam entregues em perfeitas condições, já para os baseados em

pessoas, o nível de qualidade depende da motivação do funcionário que presta o

serviço.

Assim, as empresas prestadoras de serviços devem utilizar estratégias

diferenciadas para atrair seu mercado consumidor, criando benefícios e vantagens,

com a intenção de manter um relacionamento duradouro e fidelizado. A sociedade,

visando à satisfação de seus desejos, possibilitou a criação de vários núcleos de

serviços, que variam de tipo e qualidade.

2.1.1 Serviços no Turismo

Como visto, os serviços têm como características a intangibilidade, o que faz

com que não possam ser avaliados ou testados antes de sua aquisição. As vendas

de turismo são uma promessa de entrega pelas companhias de transporte, do

consumidor no seu destino, ou o conforto na parte da hospedagem, assim como

Page 38: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

38

afirma Cooper (2005) “O setor de turismo oferece um ama gama de serviços que

forma o produto final. Isso acontece em um sistema fragmentado no qual diferentes

organizações podem ter responsabilidade pelo nível de prestação de serviços”.

Os produtos turísticos de hospedagem e lazer são caracterizados por serem

um produto de serviço, ou seja, são perecíveis, não podendo ser estocados. Cooper

ainda explica que elementos tangíveis fazem parte dos serviços do turismo, e que

dão visibilidade sobre a qualidade do serviço, como a decoração, uniformes em

hotéis, alimentos e bebidas, conforto do assento, entretenimento a bordo nos

serviços aéreos.

O Turismo possui produtos diferenciados, onde é preciso identificar um

mercado real e potencial. Santos (2004, p.4) afirma, nesse sentido, que os produtos

se caracterizam pela heterogeneidade e por não serem intercambiáveis, tornando-os

tão diferenciados que cada empresa é capaz de comercializar o produto, sempre de

maneira única.

A estrutura do mercado turístico é definida como a parte da economia que

estuda e analisa a realidade econômica do turismo baseada em um mercado onde

confluem a oferta de produtos e serviços turísticos e a demanda que está

interessada e motivada a consumi-los. (BENI, 1998, p. 149). Assim, Balanza e Nadal

(2005, p. 72) apresentam os componentes do produto e da oferta turística,

separados em quatro elementos. São os recursos turísticos, que são os atrativos de

um lugar, geralmente naturais e não-naturais; as empresas turísticas básicas, que

oferecem os serviços básicos e indispensáveis para o desenvolvimento da atividade,

como as companhias aéreas e ônibus, hotéis e resorts, e agências de viagem e

operadoras turísticas; infraestrutura e instalações públicas e privadas, que são

elementos que permitem acesso, e aproveitamento de recursos, assim como as

estradas, aeroportos, serviços de saneamento, etc; e elementos complementares

que englobam o lazer e entretenimento, restaurantes e parques, etc.

Moraes em uma definição sobre o produto turístico, explica:

O produto turístico é um conjunto de bens e serviços que objetivam satisfazer o cliente. É tangível (bens de consumo e industriais), pois se compõe de uma parte concreta (equipamentos hoteleiros e de restauração e meios de transporte), assim como intangível (prestação de serviços, em um conjunto de ações que possibilita usufruir esses bens). (Moraes, 1999, p. 19).

Page 39: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

39

O produto turístico é composto de serviços diferenciados, organizadas de

forma a atender às necessidades dos turistas e viajantes. Para isso, são

comercializados por intermediários, fornecedores ou pelo próprio consumidor final.

São diversos meios, e a cada dia o mercado se aperfeiçoa, e o consumidor possui

uma gama de opções para a compra de sua viagem, e serviços turísticos.

Conforme Beni (1998) para o Turismo, um tipo de serviço de destaque é a

comunicação, que beneficia e garante agilidade e eficiência dos serviços de reserva,

entre outros prestados pelos hotéis, Companhias aéreas e agências de viagem. A

comunicação é hoje um grande aliado para a efetivação dos serviços no turismo, e

as por meio do avanço da tecnologia, é possível agilizar e mesurar a comunicação

como um todo.

Para a comercialização dos serviços em turismo, foi preciso então criar meios

de distribuição. A seguir serão apresentados os canais de distribuição no turismo,

que criam esse produto e os comercializa.

2.1.2 Canais de Distribuição

Os canais de distribuição do turismo compõem os meios de disseminação dos

serviços turísticos. Conforme Mcintosh e Goeldner (2002, p. 136), estes canais são

estruturas, um sistema ou uma ligação operacional de várias combinações de

organizações através das quais um gerador de produtos turístico descreve, vende ou

confirma as operações para o comprador.

Um prestador de serviços não é capaz de ter um ponto de venda em cada

cidade do mercado. Para isso, é mais viável e produtivo distribuir para vários

comercializadores, como as agências, e assim, elas são comissionadas pela venda

que realizam.

A seguir serão apresentados os canais de distribuição encontrados hoje no

mercado de viagens:

Page 40: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

40

Agências de Viagens e Turismo

As agências trabalham com serviços e fornecedores muito semelhantes entre

si, independentemente do segmento em que se atende (lazer, entretenimento,

corporativo, etc).

As agências de turismo e viagem são empresas formadas com o objetivo de

realizar negócios no amplo setor social e econômico que é o turismo, constituído, em

seu aspecto central, pelo deslocamento de pessoas, seu alojamento e alimentação

nos locais pelos quais viajam (MAMEDE, 2003, p. 1).

Braga (2007, p.) em sua definição, destaca as três funções básicas das

agências: intermediação, operação e consultoria. São intermediadores, já que

mediam as viagens com turistas e empresas, fornecendo os serviços solicitados. As

agências realizam operações, considerando que sua função é planejar, organizar e

vender pacotes elaborados. Por fim, as agências prestam serviços de consultoria,

aconselhando e informando os viajantes no planejamento de sua viagem.

O Estudo da Competitividade do turismo Brasileiro (2006) elaborado pelo

Ministério do Turismo conceitua:

Pode-se afirmar que uma agência de turismo é responsável pela promoção dos destinos e serviços turísticos e/ou assessoria, concepção, organização e/ou operação de programas de viagens e/ou realização de reservas e vendas dos serviços, organizados ou não em pacotes, atuando como intermediária entre as prestadoras dos serviços e o usuário final, para atingir objetivos turísticos, comerciais ou de outra natureza. Em outras palavras, as agências de turismo podem exercer as seguintes funções básicas: promoção (divulgação), assessoria (consultoria), concepção, organização, comercialização e operação (implementação) (Estudo da Competitividade do turismo Brasileiro, 2006, pg.4).

Nesta definição, é apresentado as muitas funções que uma agência é capaz

de fornecer. O trecho citado deixa muito expresso a relação principal da agência

como intermediadora entre as prestadoras de serviços e o usuário, que é o

comprador final e enfatiza a sua contribuição na promoção de um destino turístico.

Page 41: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

41

Consolidadoras

Conforme Santos (2004, p 14) As consolidadoras são facilitadoras de vendas

de bilhetes aéreos para agências de turismo, São credenciadas em organismos

como a IATA e SNEA, eliminando assim procedimentos legais para essa

comercialização. De maneira geral, seu trabalho está na mediação e intermediação

dos serviços das companhias aéreas e as agências de viagem, o que aperfeiçoa o

funcionamento do mercado.

Em se tratando de bloqueios aéreos, como por exemplo, para grandes grupos

como esportistas, ou convenções de negócios ou programas de incentivo, são

importantes para a realização deste tipo de reserva.

Comércio eletrônico

O comércio eletrônico, o chamado e-commerce, tem papel significativo no

turismo e causaram um grande impacto nos canais de distribuição, através do

desenvolvimento tecnológico. Mcintosh, Goeldner e Ritchie (2002) apontam que o

crescimento das vendas on-line cresce exponencialmente a cada ano. Isto se deve,

pois a internet permite venda direta, do fornecedor ao consumidor. Com a chegada

dos computadores e avanço da internet foi possível maior propagação de

informação e uma vasta quantidade de dados, que no turismo são fundamentais, já

que é um mercado baseado em informações. As agências passam a ter seu próprio

site e a rede oferece ao consumidor o poder de planejar e reservas suas próprias

viagens.

Esta liberdade de escolha do cliente leva a uma diversidade de websites e

informação, conforme aponta Braga (2007) Com o advento da internet, o mercado

de agenciamento se torna cada vez mais competitivo. Um exemplo frequente são as

compras de bilhete aéreo diretamente com as transportadoras aéreas, através de

seus portais na internet.

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42

Online Travel Agencies

Após a ascensão da internet, e o comércio de vendas online, um mercado

explorado cada vez mais surge com um modelo de negócio baseado basicamente

na busca do melhor preço online. Assim, o foco desse canal de distribuição é

atender um público preocupado com o preço, mais do que.

De acordo com levantamento divulgado no início deste ano pela E-consulting

empresa de consultoria, o segmento já é responsável por um volume de vendas e

negócios que ultrapassou RS 8,7 bilhões no país. A cada dia, novas parcerias são

firmadas. O espaço e atuação das chamadas OTAs cresce na mesma proporção das

vendas.

De acordo com a Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos

(Ancham), as agências de Turismo online despertam interesse por empresas de

autosserviço. Segundo dados de 2012, as OTAs têm crescido entre 30% e 40% ao

ano e fazem parte de uma categoria específica do e-com- merce.

As facilidades trazidas pelas Online Travel Agencies trouxeram uma

preocupação para as agências de viagens. A ideia de um consumidor poder planejar

sua própria viagem, além de poder realizar o pagamento pela internet, são alguns

dos maiores motivos para a o crescimento deste segmento. Assim, as agências

passam a agregar valor ao serviço prestado, trabalhando com o conceito de

consultoria, ao invés de simplesmente se dominar um agente de viagem.

Departamento de Viagens em Empresas

Mcintosh e Goeldner explicam que, as viagens podem ser gerenciadas

também a partir de empresas, que assim como com a criação de departamentos de

eventos, muitas também passaram a compor uma área especificamente para

gerenciar as viagens de seus funcionários. Isto acontece principalmente nas

empresa com grande demanda de viagens, onde a colocação de um profissional

especializado faz o papel que um agente de viagem faria.

Mesmo que tenham um profissional, dependendo da demanda e dos tipos de

serviços que serão exigidos para a viagem, é preciso contratar uma TMC, em

sistema de contrato por determinado trabalho.

Page 43: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

43

2.2 Travel Management Companies

Como visto no capítulo anterior, as viagens corporativas são impulsionadas

por compromissos empresariais, como reuniões, visitas a clientes ou conferências,

para eventos e feiras, ou até mesmo para serviços de manutenção, visita de

inspeção, etc. São pagas por pessoa jurídica, e por isso possuem objetivos bem

claros e pontuais. Como dito por Braga (2008) o atendimento a esse tipo de turista é

diferente do de lazer ou outros tipos de agenciamento, já que as viagens a negócio

são pontuais e muitas vezes rápidas, o que pede serviços ágeis e precisos.

Conforme Martins e Murad (2010, p. 19) foi preciso estabelecer modelos de

gestão, processos, conceitos, hospitalidade e fornecedores do mercado de viagens

corporativas, onde a profissionalização, produtos e serviços fossem diferentes do de

lazer. Esta diferenciação ocorreu fortemente na Europa e na América do Norte

desde a Segunda Guerra Mundial, e no Brasil, ganhou impulso com o crescimento

do pais e sua instabilidade percebida após a crise mundial de 2008/2009. As

empresas passaram a avaliar seus custos em viagens corporativas, e enxergaram a

necessidade de contratos, negociações mais eficientes.

Os autores ainda abordam que, foi em 1990 que as empresas brasileiras

passaram a valorizar as viagens corporativas, negociando com os fornecedores e

serviços. Essa valorização da gestão das viagens nas empresas, trouxe maior

confiabilidade e transparência para os negócios, de forma que as condições

comerciais, bem como os serviços, aumentavam cada vez mais. Assim, foram

organizados grupos e posteriormente a criação de associações formais e informais

de clientes. Algumas destas associações criadas no Brasil são: O Grupo de

Executivos de Viagens (GEV), que deu origem a ALAGEV (Associação Latino-

americana de Gestores de Eventos e Viagens corporativas), e a FAVECC e TMC

Brasil, que hoje são unificadas, recebendo o nome de ABRACORP.

A TMC é portanto a especialista no negócio, e que irá colaborar para que o

programa seja alcançado com sucesso.

As TMC’s definem-se como agências “especializadas em operacionalizar

viagens, apoiar na elaboração de políticas, disponibilizarem o seu poder de

negociação em nível global aos fornecedores” (STEINBERG, 2008, p. 103). Nesta

definição, Steinberg enfatiza os serviços cabíveis as agências de viagens

Page 44: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

44

especializadas em viagens corporativas, trazendo também o fator da negociação em

nível global em destaque.

Dados de 2009, do relatório TMC Ideal, já apontavam que nas multinacionais

estabelecidas no país, o setor de compras é o principal responsável pela gerência

dos processos de viagem. Entretanto, devido ao volume de contratos e negociações,

e muitas vezes a falta de conhecimento do mercado, as TMC’s surgem para atender

estas necessidades.

As TMC’s têm como clientes os gestores de viagens, que é o funcionário que

contrata a agência de turismo, ou que negocia com as companhias aéreas, hotéis,

agências de eventos, etc.

No relatório realizado pela SABRE (2008), sobre melhores praticas nas

viagens de negócios, uma questão enfatizada é a gestão da informação. Os

gestores de viagem precisam agir como facilitadores de informação, e com a ajuda

de práticas e tecnologias, tornam-se capazes de extrair informações e dados

relevantes para implantação de mudanças.

O agenciamento vai de acordo com a política da empresa, ou seja, a definição

dos serviços turísticos que serão utilizados durante a viagem do funcionário, terão

procedimentos claros de trabalho. A TMC, através de seus consultores, precisa ter à

disposição a política de viagens que minimizará erros na operação. Com a politica

também se garante maior agilidade no processo de agenciamento, já que as

orientações do que é e não é permitido para a viagem, estarão disponíveis.

Diante das características próprias deste mercado, as agências de viagens precisam ter uma atuação dinâmica e flexível junto aos seus clientes corporativos, também conhecidos como contas correntes, nomenclatura que surge em função da frequência de solicitações e características contratuais das empresas clientes (BRAGA, 2008).

Para que tenham procedimentos claros de trabalho, a TMC, através de seus

consultores, precisa ter à disposição a política de viagens que minimizará erros na

operação. Com a politica também se garante maior agilidade no processo de

agenciamento, já que as orientações do que é e não é permitido para a viagem,

estarão disponíveis.

Page 45: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

45

2.2.1 Os serviços nas Travel Management Companies

As agências, de forma geral, são consideradas as intermediadoras dos

clientes e fornecedores. Conforme dito por Mota e Ari (p.430, 2011), a agência é

responsável pelo fornecimento de um conjunto de serviços, sejam eles de receptivo,

transportadoras, seguros, locadoras, organizadores de eventos. A agência é uma

fonte de viabilização destes serviços.

As TMC’s nacionais e multinacionais se diferem de uma agência de turismo

em seus serviços. Martins e Murad (2010, p. 60) propõem seis tipos de serviços

prestados pelas TMC’s. Estes estão voltados a tecnologia, redução de custos,

relatórios gerenciais, análises de mercado, política de viagens e outros serviços. A

seguir, serão explicados cada tipo de serviço:

Fornecer soluções e ferramentas tecnológicas

Segundo o relatório SABRE de 2008, sobre melhores práticas das viagens de

negócios, no inicio de 1980 foi quando as empresas passaram a se concentrar mais

em ferramentas de viagens corporativas. Estas ferramentas logo se tornaram fontes

para a gestão de relatórios de viagem, sistemas de contabilidade, desenvolvidos

pelos GDS’s, o Global Distribution System, que são os principais fornecedores de

sistema de back-office das agências. Compõem como ferramentas os online booking

tools (sistemas que permitem ao usuário dos serviços de viagens efetuarem seus

planos de viagens, incluindo procura e reserva de itinerários), ferramentas de

gestão, portais e sites, sistemas de rastreamento e localização de passageiros,

perfis eletrônicos, controle de dados, entre outros.

Conforme Wada (p. 219, 2009), a tecnologia é um dos serviços mais

diferenciados das TMC’s. já que seus recursos facilitam os processos de serviços

comuns, como o apoio a gestão, pagamento, geração de relatórios. Estes recursos

permitem ainda a redução no tempo em que se processa a viagem, considerando

que o perfil das viagens de negócios exigem agilidade, flexibilidade e pontualidade,

este é um fator bastante considerável. Um serviço prestado, ainda conforme a

autora,é a possibilidade de se obter a localização de seus funcionários em tempo

real durante a viagem, permitindo maior segurança dos mesmos.

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46

Percebe-se cada vez mais a presença destes recursos. Em pesquisa

realizada pela Nielsen (2013), sobre o uso de celulares, em 2013 a marca de venda

de aparelho smartphones chegará a 28,9 milhões de aparelhos, um crescimento de

81% referente ao ano anterior. Isso mostra a acessibilidade tecnológica do qual a

população está sujeita.

Identificar e oferecer opções para redução de custos

É preciso de tempo e conhecimento para se obter bons negócios que

favoreçam o contrato de serviços para as viagens. É um processo que, quando não

bem estruturado, pode acarretar desequilíbrios e insatisfação por parte da empresa

contratante. No primeiro capitulo foi visto a importância da hospitalidade e sua

proximidade com os serviços, de modo que um fornecedor mal escolhido acarreta,

muitas vezes, problemas que marcam um contrato.

Desta forma, a TMC deve ser capaz de analisar os melhores preços, sem que

comprometam a qualidade dos serviços. A empresa deve oferecer rotas alternativas,

firmar acordos com os fornecedores, verificação de flexibilidade de horários e datas,

propor ferramentas online que otimizem o tempo e dinheiro. Segundo o relatório

proposto pela SABRE Consulting (2008), isto é feito como um serviço de consultoria,

que analisa os fornecedores, observa a execução de contratos e de oportunidades

de savings8. Essa relação de parceria será vista em maior profundidade no tópico

seguinte, sobre stakeholders.

Relatórios Gerenciais

Com a consolidação de informações de todas as viagens estabelecidas, a

TMC cria um banco de dados, que é útil para a administração de viagens. São dados

importantes também para analises de possíveis mudanças e otimização de gestão.

São classificados em:

- Gerencial

- De reembolso e trechos não voados

- De atendimento emergencial e em aeroportos

8 Economia, redução de custos.(Oxford Dictionary 2013)

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47

- De economias (savings)

- Outros relatórios de serviços, como vistos e passaportes, eventos e seguro

viagem.

Análises de Mercado

A TMC pode ter sua própria fonte de pesquisa, ou buscar por informações de

mercado, bem como benchmarking, estudos de casos, tendências, atualizações, a

fim de ferramentas de trabalho e gestão. Estas análises dão um direcionamento e

dados de como o mercado se comporta, além de se compreender as suas

tendências, para melhor provisionar e preparar seus serviços. Santos (p. 6) cita o

perfil do consumidor como uma das alterações importantes a serem analisadas no

mercado.

Para se adaptar aos novos clientes, que se tornaram mais exigentes e que

possuem um conhecimento muito maior do produto que desejam, foi preciso uma

adequação das agências frente às mudanças de mercado.

Gerenciamento da política de viagens das empresas clientes

Cumprimento da política estabelecida, sendo responsabilidade dos

funcionários das empresas e a TMC. Conforme Mota e Ari (p. 433, 2011) a política é

um documento que batiza a gestão de viagens e seus processos, é implantada pela

empresa, mas pode ser elaborada sob orientações das agências TMC’s, como forma

de consultoria. Um tipo de serviço adotado também, é o compliace, que significa

“agir de acordo com uma regra, comando ou pedido”. As TMC’s fazem relatórios, a

mando de seus clientes, a fim de mostrar se os funcionários que viajam estão ou não

seguindo a politica estabelecida.

No relatório Best-In-Class, feito pela American Express em 2007, sobre

políticas para viagens corporativas, é apontado três princípios para a criação de uma

política. É algo complexo, pois deve levar muitos informações e dados, sempre com

o objetivo de satisfazer as necessidades culturais e de negócios. Segundo o

relatório, os princípios consistem em maximizar savings para a organização e

garantia de satisfação e produtividade, sempre levando em conta a combinação da

cultura organizacional da empresa e os requisitos para os negócios. Os elementos

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48

que constituem a política devem atender ainda a cultura (influenciados por metas de

gestão, indústria, clima econômico); conteúdo (temas abordados na política);

abrangência (o nível de detalhe fornecido sob cada tópico), comunicação, controle e

compliance. Mota e Ari explicam “fatores diversos podem ser discutidos na política

de viagens tais como preço dos produtos, localização, segurança, prestação de

contas, entre outros”.

Outros serviços

Os autores incluem como outros tipos de serviços, os atendimentos em

aeroportos, abertura para a comercialização de viagens de lazer. Esta última, muito

utilizada, já que atende asa demandas de viagens a lazer e entretenimento dos

próprios funcionários corporativos. Mesmo com as diferenças entre os dois

segmentos, a questão serviços é a mesma, de forma que a TMC já possui grande

abertura as CIAs aéreas, Hotéis, seguros, etc.

É importante observar que os serviços são os grandes diferenciais de uma

TMC. Cada vez mais as Online Travel Agencies ganham espaço. Segundo o Estudo

de Competitividade do Turismo Brasileiro (2006) o futuro das agências brasileiras

depende não somente da evolução do comissionamento recebido, mas também de

sua capacidade de agregar gradativamente valor às suas atividades (por exemplo,

com o desenvolvimento de funções de consultoria e do agenciamento

especializado), utilizando inclusive os avanços tecnológicos atualmente disponíveis,

para gerar novas fontes de receita.

2.3 Stakeholders

Por muito tempo, as organizações foram vistas apenas como propriedade de

seus donos e seus acionistas. Este é um conceito de stockholder, onde os

acionistas, proprietário das ações, detêm atenção central no negócio.

O crescimento da globalização e expansão dos mercados resultou em

grandes mudanças na sociedade, como visto no capítulo iniciante. Mudanças estas,

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49

que resultaram em novas perspectivas organizacionais, estratégicas e de

responsabilidades nas corporações.

No relatório elaborado pela Strategy Partners, a questão do mercado global é

enfatizada, relacionando aos desafios que o mercado enfrenta. Por um lado, os

acionistas buscam por remuneração de capital de forma rápida, e do outro lado o

consumidor cada vez mais no momento da compra.

YILMAZ e GUNEl (2009) enfatizam que nas empresas, lidar apenas com os

chamados “shareholders”, mesma definição para os stockholders, ou seja, os

acionistas, não é suficiente. Existe uma gama de grupos que completam a empresa,

que podem influenciar ou ser influenciado pela organização. São exemplos,

seguindo esta linha, as organizações ambientais, clientes, parceiros estratégicos,

mídia, órgãos de fiscalização pública, instituições financeiras, governo, concorrentes,

associações, entre outros. São todos responsáveis pelo bom funcionamento, alguns

mais outros menos. Por isso estão divididos em primários ou secundários, de acordo

com a relação estabelecida entre seus interesses e a corporação.

Foi em um memorando interno do Stanford Research Institute onde o termo

stakeholder foi usado pela primeira vez.

Freeman (1984), nesse sentido, se preocupou com questões relacionadas

com a criação de valor e comércio. Juntamente com outros pensadores, assuntos

como o capitalismo, ética, sustentabilidade e a responsabilidade social foram

abordados para se chegar a discussões sobre stakeholders e a forma que

influenciam e são influenciados.

Rocha e Goldshmidt (2004) definem os Stakeholders como “públicos de

interesse, grupos ou indivíduos que afetam e são significativamente afetados pelas

atividades da organização: clientes, colaboradores, acionistas, fornecedores,

distribuidores, imprensa, governo, comunidade, entre outros.“ FRIEDMAN e MILES

(2006) usam os dois princípios da concepção dos stakeholders, trazidas por Evan e

Freeman, que são os princípios da legitimidade empresarial e o principio fiduciário

dos stakeholders.

No primeiro principio, entende-se a necessidade da empresa ser gerenciada

para beneficio de seus stakeholders, que seus direitos sejam garantidos, e

posteriormente, participando de decisões empresariais que afetam seu bem estar. O

segundo princípio diz respeito a transparência, honestidade. A empresa deve

trabalhar com os interesses dos stakeholders, já que estes são seus representantes,

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50

e vice-versa. É uma garantia de sobrevivência da empresa, e uma parceria

duradoura. Friedman e Miles (2006) descrevem que a organização deve ser

imaginada como um agrupamento de stakeholders cujos interesses, necessidades e

pontos de vista devem ser administrados, ou seja, um grupo específico de

stakeholders – gerentes (do alto escalão) – é imaginado como o grupo focal,

encarregado de cumprir com o papel da gerência de stakeholder.

Simmons (2004, p. 602), por sua vez, define os stakeholders como “indivíduos

ou grupos de pessoas com interesse em uma questão de uma Organização que

influencia a forma como é concebido e resolvido. O autor defende três premissas

para a teoria dos stakeholders”. São elas:

- As Organizações têm grupos de stakeholders que afetam ou são afetados

por eles;

- Estas interações impactam em stakeholders específicos;

- As Organizações, e as perspectivas das partes interessadas relevantes,

afetam a viabilidade de opções estratégicas;

As diversas definições sobre os stakeholders normalmente permitem a sua

conceituação em função do elo entre a organização e o stakeholder – através de

verbos como afetar, impactar, influenciar ou interagir, e a relação entre os

participantes – por meio de verbos como responsabilizar, apoiar, depender, dar

significado, arriscar algo de valor, investir, prejudicar, beneficiar ou expressar.

(FRIEDMAN e MILES, 2006).

Os stakeholders podem dividir-se em primários e secundários, conforme a

relação entre os interessados e a empresa. Assim, é possível mensurar quais estão

diretamente ligados à produção e a efetivação dos serviços, e os que influenciam em

causas indiretas. Este conhecimento permite a criação de uma estrutura melhor

direcionada, a fim de se compreender as relações de cada stakeholder com a

determinada organização.

Friedman e Miles (2002) apontam que as mudanças de estrutura e as

relações podem ocorrer por diversas formas. Seja por mudanças institucionais

fatores contingentes que emergem, mudança de cultura organizacional, interesses

materiais de uma outra parte. Os contratos são, nesse sentido, a forma que os

relacionamentos são incorporados com algum grau de liberdade e de acordo com os

interesses do contratante, e servem para firmar os interesses e objetivos de cada

parte, seus valores e missão.

Page 51: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

51

Assim, trabalhar o conceito de stakeholders nas Corporações, é criar ou

agregar valor a empresa, já que a qualidade dos relacionamentos corporativos traz

uma maior percepção e objetividade para um bom funcionamento dos serviços

prestados ou para a produção de bens.

2.3.1 Stakeholders das Travel Management Companies

Como visto, existe uma gama de serviços disponibilizados por uma TMC.

Muitas vezes é preciso que se forme uma extensa rede de parceiros e alianças com

fornecedores.

Harrison e Vicks (2010, p. 27) frisam que é preciso ver os interesses dos

stakeholders como conjunto, intrinsecamente ligados. Os autores lembram que não

é fácil acomodar todos os interesses dos stakeholders devido a cultura de cada

empresa, que se diferem em muitas vezes.

Em Se tratando do Turismo em geral, segundo YILMAZ e GUNEl (2009, p.98)

é uma área que compreende amplamente o setor de serviços, que produz e vende

boa parte dos produtos intangíveis. A busca por parcerias é bem mais complexa

neste sentido, pois trata-se de um sistema do turismo. É composto por variados

elementos que dependem de um sistema para fluir, ou seja, as organizações do

setor do turismo são partes interacionadas trabalhando junto para atingir um mesmo

objetivo.

As Travel Management Companies possuem uma gama de serviços, de

fornecedores variados. A figura abaixo, adaptada de Wada (ano, pagina) trata

especificamente da dinâmica do mercado corporativo. Percebe-se as relações que

uma TMC possui no e sua participação e importância para o mercado corporativo.

Conforme Wada (2009) propõe assim a dinâmica do mercado corporativo,

incluindo a TMC:

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52

Figura 2 – Dinâmica do Mercado Corporativo

Fonte: Wada (2009)

Conforme a figura acima é possível enxergar a interatividade e dinâmica do

mercado corporativo, onde a TMC faz o papel de operador, frente aos fornecedores

de serviços – Companhias Aéreas, Locadoras de Automóveis, Hotéis e outros tipos

de serviços. A TMC trabalha com uma conta corrente, uma empresa, que é desta

forma o seu cliente. Stakeholders importantes também são as Organizações de

classe e as Associações, que como visto, são a unificação de agentes, travel

managers, empresas, que juntos buscam uma maior adequação ao mercado. Estes

podem ser considerados os stakeholders primários de uma TMC, pois são

necessários para a efetivação dos serviços, ou seja, estão diretamente ligados com

a produção da viagem. São estes que serão responsáveis por prestar os serviços

que compõem efetivamente a viagem.

Uma proposta então dos stakeholders das TMC’s é trazido abaixo:

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53

Figura 3 – Stakeholders da TMC

Fonte: Própria

A ampla rede de serviços e especialidades cabidas às Travel Management

Companies mostra a complexidade de seu trabalho. As empresas que contratam os

serviços das TMC’s buscam por um maior dinamismo, facilidades, savings e

resultados, já que como visto, as viagens tornam-se complicações para a

corporação, quando mal geridas e não planejadas.

Com as novas tecnologias e avanços do mercado, até mesmo das online

travel agencies, a concorrência pelo mercado de viagens se tornou acirrada,

principalmente no mercado de lazer. No mercado corporativo, espera-se um

gerenciamento mais personalizado. Por isso, as TMC’s têm papel significativo para o

atendimento de viagens corporativas. Assim, faz-se importante as considerações ao

se firmar contratos e acordos com fornecedores e parceiros, dos mais variados, de

hotéis à associações da área, a fim de se obter a garantia de bons serviços. Como

visto, os serviços no turismo são diversos.

Assim, bons serviços, assim como bons fornecedores, agregam valor. Ao

gerir atividades de mobilidade corporativa de uma empresa, é sabido que a

quantidade de serviços esperados é variada, considerando que o viajante poderá ser

desde um executivo indo para uma reunião em outra cidade, até um profissional do

Page 54: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

54

petróleo, que fica muitas vezes meses fora de sua residência. Cada um possui suas

próprias características.

A TMC vende serviços, e depende que estes façam um trabalho de qualidade

e que garanta a satisfação de seu cliente, voltando às questões antes abordadas

referentes ao conceito de hospitalidade. Para o viajante, a hospitalidade, o ser bem

recebido, enaltece o sentimento de satisfação de quem viaja.

Page 55: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

55

CAPITULO 3 ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS

Como proposta da pesquisa, o estudo de casos múltiplos contempla a

situação efetiva do mercado, indo a campo para verificação da atuação das

empresas e seus stakeholders, na forma com que trabalham e se relacionam hoje no

mercado. Como a proposta da pesquisa é apresentar as TMC’s como

disseminadoras de serviços de mobilidade corporativa, foram apresentados objetivos

específicos nos capítulos anteriores, para a compreensão do estado da arte das

palavras chave da pesquisa.

O primeiro capítulo dedicou um olhar mais atento à hospitalidade e a

importância de se trabalha-la no campo do turismo, e na mobilidade corporativa, que

se dedica a criação de estratégias eficientes e eficazes de deslocamentos em

empresas.

Já no segundo capítulo foi possível perceber que estes serviços podem ser

diversos, e se assemelham muito com o que uma Travel Management Company faz,

com a ajuda dos seus stakeholders.

Após estes conceitos estudados, favorecendo o entendimento de cada tema,

o estudo de casos múltiplos busca apresentar a capacidade das TMC’s, seus

deveres e sua forma de trabalho, serviços e soluções disponibilizadas hoje no

mercado corporativo. Desta forma, a melhor maneira de compreender as atividades

de responsabilidade de uma TMC, e seus potenciais, foi procurar diretamente com

elas, através de seus gestores.

Para tal entendimento, foram escolhidas três grandes TMC’s que atuam no

Brasil, e que possuem credibilidade e liderança no mercado de viagens corporativas.

Estas empresas se assemelham por assumirem a gestão de viagens de grandes

empresas, atendendo a um número grande de solicitações ao ano.

Cada entrevista teve agendamento prévio, e já no primeiro contato foi exposto

o objetivo da pesquisa e da entrevista. As entrevistas foram realizadas nos

escritórios de cada empresa, e tiveram duração média de trinta minutos.

Por serem grandes empresas, essas TMC’s possuem muitos parceiros para

atenderem a todos os serviços oferecidos, já que seu campo de trabalho é extenso.

Cada gestor entrevistado sugeriu dois stakeholders, dentre tantos parceiros neste

processo. Nas pesquisas realizadas, é possível perceber a variedade de

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56

stakeholders, sendo eles, associações, companhia aérea, empresa de logística,

locadora de carro e gestor de eventos.

Sendo assim, os três principais entrevistados foram realizadas em Travel

Management Companies, que como apresentado, são agências “especializadas em

operacionalizar viagens, apoiar na elaboração de políticas, disponibilizarem o seu

poder de negociação em nível global aos fornecedores” (STEINBERG, 2008, p. 103).

As outras se deram por indicação, e corresponderam aos próprios

stakeholders destas Travel Management Companies. Stakeholders são definidos por

Rocha e Goldshmidt (2004) como “públicos de interesse, grupos ou indivíduos que

afetam e são significativamente afetados pelas atividades da organização: clientes,

colaboradores, acionistas, fornecedores, distribuidores, imprensa, governo,

comunidade, entre outros“.O roteiro das entrevistas foi personalizado para cada

empresa, mas a sua essência foi conhecer os serviços e parceiros envolvidos, o

envolvimento da hospitalidade e qualidade em seus serviços.

Com este panorama, pode-se a seguir apresentar as descrições de cada

empresa investigada. Estas descrições têm como objetivo propiciar maior

entendimento de suas especialidades e suas missões no mercado bem como

esclarecer a sua relação com a mobilidade corporativa.

3.1 Carlson Wagonlit Travel

Figura 4 Logo Carlson Wagonlit Travel

Fonte: Carlson Wagonlit Site

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57

Com atuação em mais de 150 países e territórios, a Carlson Wagonlit Travel –

CWT - é especializada no gerenciamento de viagens de negócios. Seu fundador, o

belga Georges Nagelmackers deu inicio a empresa que tinha por objetivo atuar

como prestador de serviços à viajantes, com os compartimentos de leitos em trens.

Em 1900 já operava em 160 escritórios na Europa e em 1997 a empresa fundou a

Carlson Wagonlit Travel para viajantes de negócios. Chegando no Brasil em 1998,

tendo sua matriz em São Paulo, e escritórios filiados em Alphaville, Rio de Janeiro,

Porto Alegre e Belo Horizonte, a empresa conta hoje com aproximadamente 900

colaboradores.

A Carlson Wagonlit oferece produtos e serviços divididos em cinco categorias

principais: serviços de viagem & transações, otimização de programas de viagens,

Segurança & Assistência, Grupos & Eventos, e o Energy Service.

A pessoa entrevistada é a coordenadora de marketing da empresa, Flavia

Padeti,

3.1.1 TAM Viagens

A Tam Viagens é uma subsidiaria da companhia aérea TAM. Atua no

mercado desde 1998, é hoje uma das principais operadoras de Turismo do Brasil

possui mais de 600 produtos, entre nacionais e internacionais. A TAM Viagens atua

no segmento Lazer para algumas TMC’s do mercado, tais como Carlson Wagonlit

travel, AVIPAM e BBTour. Além disto, possui postos de atendimento em lojas de

ruas e de shoppings, e obteve grande crescimento após expandir o seu negócio

através de franquias

Atualmente são 200 lojas TAM Viagens e mais 5 mil agências espalhadas no

país. Possui como serviços roteiros para cruzeiros, viagens de trem, shows e

festivais musicais, ingressos para parques de diversão, além de serviços de grandes

redes hoteleiras, e locadoras de carro. Possui mais de 600 roteiros, viajando para

mais de 200 lugares no mundo. Assim como as passagens da TAM, possui acumulo

de pontos múltiplos, um programa de fidelidade da TAM, onde é possível acumular

pontos e trocá-los por outros serviços. Para compor o estudo de caso, a entrevista

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58

foi realizada com Vinicius Braune, representante da área comercial, e lida

diretamente com os clientes de lazer da Carlson Wagonlit Travel.

3.1.2 GBTA

GBTA América Latina é uma rede de profissionais em Viagens e Eventos

Corporativos, organizada em capítulos regionais. GBTA América Latina é uma

extensão da organização global conhecida como GBTA Global Business Travel

Association. Wellington Costa é o presidente do capítulo de afiliados e líderes

voluntários representando o Brasil, assim como em Costa Rica, Panamá, Colômbia,

Argentina, Peru e outros. Estes capítulos surgem para constituir uma representação

dos interesses do segmento de viagens corporativas na região.

A GBTA atua como plataforma para os gestores, compradores e os

fornecedores do segmento de viagens corporativas, a fim de melhorar suas

habilidades de gestão, através de conhecimento e recursos de viagem de negócios,

realizando eventos de classe mundial que oferecem oportunidades educacionais,

pesquisas de mercado, e promovendo uma rede interativa de turismo profissional de

negócios na região. Wellington Costa, presidente da GBTA Brazil, foi o entrevistado

para completar assim os stakeholders indicados pela Carlson Wagonlit.

3.2 ALATUR

Figura 5 Grupo ALATUR

Fonte: Site Grupo ALATUR

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59

A empresa também referência no mercado, foi fundada em 1991, por

Francisco Carpinelli, possuindo atualmente como sócios Marcos Balsamão e Ricardo

Ferreira. A empresa que era nacional, teve 47% de suas operações vendidas para a

agência japonesa JTB, uma das maiores do Japão. A ALATUR representa no país a

HRG Worldwide, uma das maiores companhias de gestão de viagens corporativas.

O Grupo ALATUR possui também joint venture com a MCI, empresa global,

especialista em gerenciamento de associações, comunicação e eventos.

A empresa possui mais de oitocentos clientes e emprega mais de mil

colaboradores, na matriz de São Paulo e escritórios no Rio de Janeiro, Campinas,

São José dos Campos, Curitiba, Belo Horizonte, Joinville e Jaraguá do Sul. Seus

serviços e produtos estão divididos em cinco: Viagens Corporativas, Eventos &

Incentivos, Mobilidade Corporativa, Viagens Pessoais e Soluções ALATUR. Possui

ainda o Instituto ALATUR, que desenvolve conteúdo e disseminação de melhores

praticas, através de publicações, pesquisas e eventos. A gerente do Instituto, Juliana

Aranega, compôs a presente pesquisa.

3.2.1 Shift Mobilidade Corporativa

A Shift foi fundada em 2011, com um conceito diferenciado de logística em

transporte corporativo. A empresa oferece atualmente serviços para eventos,

serviços de receptivo para executivo, aviação executiva, logística de transporte, e

atendimento internacional. Possui frota própria, abrangência nacional e

internacional, trabalhando com variados tipos de transporte: vans, ônibus, micro-

ônibus, sedans compõem a frota atual.

A empresa conta com sedes em São Paulo e no Rio de Janeiro, contando

com três diretores. São eles: Fernando Cavalcanti, Renato Kiste e Alexandre Pinto.

Apesar de serem jovens, já possuem grande experiência no ramo de transportes e

logística. A entrevista foi realizada com Renato Kiste, um dos fundadores e diretor da

empresa.

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3.2.2 Ormene Dorneles

Mestre em hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi, graduada em

Administração de empresas pelo Instituto Costa Braga (1999). Foi gestora de

eventos na empresa farmacêutica Takeda por dez anos. Atualmente é coordenadora

do curso de pós-graduação em eventos do SENAC Santo Amaro, participante do

Comitê de Eventos da ABGEV (Associação Brasileira dos Gestores de Eventos e

Viagens Corporativas) e do Setor Farma Brasil do MPI (Meeting Professionals

International).

3.3 Tour House

Figura 6 Logo Tour House

Fonte: Site Tour House

A Tour House, também TMC, fundada em 1990, é especializada em gestão

de viagens corporativas, eventos e incentivos. Possui escritório em São Paulo e Rio

de Janeiro, e possui apoio em 19 cidades brasileiras, além de mais de 40 países,

através das parcerias com as redes internacionais ITM e GSM Partners. Atualmente

trabalha em cinco vertentes. São elas: Corporativo, Eventos, Incentivos, lazer e VIP

House. Foi a primeira agência do mercado a obter o certificado ISO 9000, e nos dias

de hoje possui a certificação ISSO 9000:2008. A entrevista foi feita com o Marcus

Lima, executivo de contas do segmento corporativo da empresa.

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61

3.3.1 Unidas

Fundada em 1985, a Unidas é uma empresa especializada em soluções de

locação e gestão de veículos e frotas. Possui 30 mil veículos de diversas marcas e

atende mais de 300 mil clientes em todo o país.

Compõem como acionista a SAG, maior conglomerado português no setor

automotivo que adquiriu a empresa em 2001 e pelos Fundos de Investimentos

Gávea, Kinea e Vinci Partners, cuja capacidade financeira e de gestão são

amplamente reconhecidas e que entraram no capital da empresa em julho de 2011,

compartilhando atualmente o controle de gestão com a SAG.

A Unidas atua em três unidades de negócios estrategicamente

complementares: Terceirização de Frotas, aluguel de Carros e venda de Seminovos.

Aline Gonçalves, executiva de contas foi a representante entrevistada.

3.3.2 ABRACORP

A Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas tem por

objetivo ser fonte de referência no mercado de viagens corporativas, promovendo o

seu desenvolvimento. É uma associação civil sem fins lucrativos, e foi fundada em

2010. Hoje conta com 32 agências de viagens corporativas que movimentaram cerca

de 12 bilhões de reais em 2012.

A ABRACORP promove encontros e parcerias, além de possuírem hoje um

centro de pesquisa de estatística do mercado, lançando os resultados obtidos

trimestralmente. Ela trabalha hoje com quatro Comitês, sendo eles: Comitê de

Produtos e Novos Negócios, Comitê de Tecnologia e Inovação, Comitê de

Desenvolvimento Humano, e Comitê de Eventos. Gervasio Tanabe, diretor executivo

da entidade foi o entrevistado.

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62

3.4 Pressupostos

Considerando a forte globalização vivida nos últimos tempos, as empresas

procuraram pela conectividade e as redes entre países e cidades, disseminando

informações e gerando acordos com multinacionais, oportunidade de novos

negócios, abertura de mercado.

Foi a partir do processo de globalização mundial em que a necessidade de

viajar se tornou maior. Dias (2005) completa que a abertura de mercados trouxe

investimentos diretos de estrangeiros, alianças estratégicas e atuação global,

desenvolvimento de telecomunicações e internet, maior publicidade e visibilidade de

produtos turísticos, padronização de tecnologias de transportes, redução de custos

para viagens. Esse crescimento origina mobilizações por parte das empresas, em

busca de seus negócios e parcerias, que se tornam cada vez mais constantes,

exigindo gestão e controle dessas atividades.

Por sua vez, já foi visto que as TMC’s atuam como especialistas em gestão

de viagens corporativas, e costumam dispor de soluções tecnológicas e de

consultoria para o aprimoramento das viagens. O que se esperou descobrir nesta

análise é se estes serviços atendem as necessidades de mobilidade de uma

Corporação e se são capazes de atender essa demanda.

Foi visto também que o viajante a negócios de difere muito do de lazer. O

colaborador que viaja por determinada empresa possui objetivos muito específicos

em sua viagem. Ele presta contas, e sua viagem será organizada segundo normas

contidas em uma política de viagem.

Com isto, o problema trazido para a pesquisa foi pensado de forma a

compreender uma necessidade atual de empresas, considerando os fatores

apresentados sobre a mobilidade de funcionários. O problema em questão é:

“Porque procurar serviços e soluções de mobilidade corporativa nas TMC’s?”.

Para a resolução desta pergunta, foram elaborados três possíveis

pressupostos. Cada um deles apresentam a sua análise a seguir:

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63

3.4.1 Pressuposto 1

As TMC’s concentram os stakeholders necessários para a realização

de destes serviços

O primeiro pressuposto condiz com uma tarefa que exige tempo, pesquisa e

comprometimento por parte das empresas. Definir parceiros é uma tarefa difícil, pois

é preciso encontrar empresas que atuem conforme a política estabelecida por sua

empresa. Assim, o pressuposto foi pensado tratando-se da necessidade das

empresas por concentrar estes stakeholders. A TMC surge como um parceiro para a

resolução deste problema.

As TMC’s possuem em seu quadro de stakeholders, diversos fornecedores, e

serão escolhidos aqueles que condizem com as necessidades, conforme a política

de viagens da empresa requisitante do serviço. As TMC’s são especialistas neste

mercado, conforme explicado por Ormene (2013), “a TMC ajuda neste aspecto de

escolha dos fornecedores, pois ela entende do negócio, conhece todos os

fornecedores e tem uma gama enorme de relacionamento com o mercado, ou seja,

é fundamental a atuação dela”. Ormene destaca ainda que a TMC como especialista

em viagens, concentra as atividades relacionadas às viagens, enquanto a empresa

deixa sua atenção voltada para o seu estratégico, para a gestão de clientes, gestão

de budget, relatórios e clientes internos.

No caso da Carlson Wagonlit Travel, Flávia (2013) explica que existem

critérios de escolha de seus fornecedores. A equipe de supplier management é a

responsável por captar estes fornecedores, seja hotel, seja cia aérea, e estas

empresas devem entrar em um critério global e regional da Carlson Wagonlit. Alguns

clientes contratam a viagem conforme a emissão de carbono, por exemplo, e a

Carlson possui um estudo de empresas que têm este cuidado, como companhias

aéreas que usam combustíveis mais verdes, ou hotéis que trabalham com um

sistema próprio de uso sustentável.

Aranega (2013) da ALATUR destaca que a partir da política estabelecida da

empresa é possível entender o que a empresa precisa, e então será possível

direcionar o cliente com o que ele espera. A empresa possui hoje uma área voltada

para a Mobilidade Corporativa, atuando nas vertentes: consultoria, expense

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64

management, gestão de expatriados, gestão de frotas, vídeo conferência e

telepresença. Aranega defende que deve ser uma gestão única, concentrada, pois

são todos serviços que estão relacionados entre si. Entretanto, ela explica que o

serviço total da mobilidade corporativa ainda não é muito procurado, pois alguns

destes serviços estão espalhados na empresa. Aranega dá como exemplo, os

expatriados, que hoje estão muitas vezes para responsabilidade do departamento de

Recursos Humanos. Viagens estão com a área de Compras. A parte de

telepresença/teleconferência está com a Tecnologia, e a parte de frotas está com a

infraestrutura. Sendo assim, algumas empresas já possuem stakeholders para tais

atividades, sejam eles internos ou externos.

No mesmo sentido, observou-se que as parcerias entre TMC e stakeholders

contribuem para o oferecimento de oportunidades ao cliente, e são frequentes.

Gonçalves (2013) explica que no caso da locação de carros, na Unidas, muitos

clientes deixaram de optar pelo serviço de táxi, e começam a alugar carros. A

Unidas é hoje uma das parceiras estratégicas da Tour House, entre outras agências,

e possuem parcerias muito forte, onde o cliente da TMC ganha muito.

Na Shift Mobilidade Corporativa, Kiste (2013), que atua com logística e

transporte, 50% do volume de vendas vem de TMC, 30% de organizadores de

eventos e 20% de cliente direto, o que mostra a forte atuação das TMC’s e seus

stakeholders.

Como Dorneles (2013) explica, é preciso ter um equilíbrio entre os

fornecedores que a empresa já possui, e o serviço prestado pela TMC, e obviamente

a TMC é um stakeholder importante para muitas soluções de deslocamento.

A ALATUR possui joint ventures com empresas internacionais, como é o caso

da MCI, especialista em eventos. A Carlson Wagonlit possui escritórios em 150

países, e a Tour House possui parceria com ITM Consulting, rede internacional.

Estes stakeholders permitem, muitas vezes, agilizar serviços e disponibilizar

atendimentos em outros países, ou resolver soluções específicas que a empresa

necessita.

Uma observação importante ao se tratar dos stakeholders nas TMC’s, é que

além de terem muitos fornecedores, a presença das Associações é bem forte, e

contribui para o enriquecimento das atividades da TMC. No estudo de caso

pesquisado, duas Associações foram entrevistas: a ABRACORP e GBTA. Estas

associações fornecem informação constante do mercado e as repassam para os

Page 65: TCC Mobilidade Corporativa e o Estudo de Casos Múltiplos de seus Serviços em Travel Management Companies

65

seus associados, disseminando assim maior conhecimento. Tanabe (2013), da

ABRACORP, reforça que é papel da associação ser fonte para os fornecedores, e é

sua obrigação também procurar o que o mercado oferece e atrair fornecedores e

serviços e apresenta-los para seus associados, no caso, as TMC’s.

Com isto, o pressuposto foi confirmado, já que as TMC’s possuem de fato,

stakeholders que atuam para a gestão de mobilidade corporativa, sejam os

fornecedores que prestarão os serviços, sejam através de informação, repassadas

através das Associações. Apesar de percebido que muitas empresas já possuem

fornecedores próprios para determinadas atividades de mobilidade, as TMC’s têm

amplo conhecimento no mercado e de seus fornecedores, sendo assim uma fonte

confirmada para a concentração de stakeholders para a execução de atividades de

mobilidade corporativa.

3.4.2 Pressuposto 2

As TMC’s possuem uma gestão concentrada, que agiliza as viagens e

serviços, de forma eficaz e com custos reduzidos.

Umas das preocupações da gestão de mobilidade corporativa é a redução de

custos, sem que isto interfira em sua qualidade e objetivos. Já foi visto que uma das

maiores despesas em uma empresa são as viagens realizadas, sendo assim uma

preocupação das corporações. O tempo perdido é outra preocupação, já que uma

semana postergada para a compra de uma passagem, por exemplo, pode torná-la

muito mais cara.

Através do estudo de caso nas TMC’s, foi descoberto que todas elas

possuem o serviço de consultoria muito forte, que identifica e otimiza programas de

viagens entre outros dados estratégicos da empresa, em favor da redução de

custos.

Padeti (2013) explica que na Carlson Wagonlit, por exemplo, existem estudos

que buscam compreender o tempo perdido, e outras formas de impacto no custo de

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uma viagem, como o Travelers Stress Index, que mensura o grau de stress em

tempo perdido durante o deslocamento de uma viagem. Com a pesquisa, hoje é

possível prever 32% dos casos de stress, e se antecipar e economizar 1,1 milhão ao

ano, em uma empresa que faz uma média de 5.000 viagens por ano. Esse estudo é

realizado quando se contrata a consultoria da CWT, responsabilizada por um novo

departamento, denominado Solutions Group. Outras formas disponibilizadas são as

plataformas tecnológicas, como o aplicativo para smartphones, que agilizam o

processo de informações necessárias para a viagem. Serviços de destaque são de

alertas, check in, informações sobre a localidade.

Na ALATUR, Aranega (2013) explica que uma das soluções trazidas para

compor os serviços de mobilidade corporativa, é o expense management, que

analisa todos os gastos que não são o da viagem em si. Como exemplo, ela cita os

adiantamentos, reembolsos de táxi, alimentação, telefonia celular, que trazem custos

expressivos a uma viagem, quando não planejado. Essa ferramenta permite ainda a

geração de relatórios que servem para consulta e futuras análises para a empresa.

Outra forma apresentada pela ALATUR é através da consultoria, que consegue

especificar os tipos de serviços necessários que serão utilizados para cada viagem,

seguindo os padrões e política, e necessidade do viajante. Assim, é possível saber

se determinada viagem pode ou não ser cancelada, utilizando de meios como a

teleconferência/vídeo conferencia, para realizar reuniões ou treinamentos, por

exemplo. É possível então realizar uma consultoria onde serão identificadas quais

viagens são substituíveis, e assim, trazer otimização de tempo. Ela cita que os

benefícios trazidos com este serviço, além da otimização de tempo, ajuda em uma

tomada de decisões mais rápida, redução de custo de transporte, e contribuição na

redução de emissão de CO2 de transportes aéreo e terrestre.

A Tour House atende hoje com serviços voltados para a redução de custos,

através de consultoria e analise de best fare, uma solução que permite fazer o

cálculo das melhores tarifas.

Dorneles (20113) lembra que quando começaram a trabalhar com a ALATUR

na Nycomed (empresa do ramo farmacêutico), foi possível construir processos

juntos, que permitiam maior controle e alcançando assim reduções de custos.

Da mesma forma, Dorneles explica que ao tratar de alguns tipos de serviços

voltados à mobilidade, as soluções apresentadas pela TMC tendem a exigir um

custo maior. Ela exemplifica com o acordo que algumas empresas já possuem com

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67

Cooperativas de Táxi, que fatura os pagamentos através de boletos. Estas parcerias

com as cooperativas permitirão um custo mais reduzido, do que ao contratar um

transfer com a uma TMC.

O pressuposto foi assim parcialmente confirmado, já que por mais que as

soluções trazidas pelas TMC’s ofereçam a possibilidade de otimização de tempo,

nem sempre todos os seus serviços se efetivam em redução de custos, como no

caso de serviços de carros executivos, transfer in, entre outros, que atendem de

forma diferenciada, muitas vezes. Como visto, o valor praticado com parcerias

diretas entre empresas e Cooperativa de táxi se torna inferior. Em compensação,

através da consultoria realizada, e soluções como o expense management,

possibilitam reduções previstas de custos, e formas de otimização de tempo através

dos variados serviços, sejam eles tecnológicos ou de avaliação.

3.4.3 Pressuposto 3

As TMC’s possuem conhecimento técnico e operacional de questões

como o turismo, hospitalidade.

Como visto no primeiro capítulo, a hospitalidade é muito mais do que o bem

receber um visitante. Ela está inserida também no relacionamento com o processo

de troca de produtos e serviços, materiais ou simbólicos, entre anfitrião e o hóspede,

como definido por Selwyn (2004). Ao contratar um serviço, é esperado bom

atendimento, o que gera valor agregado. Nas pesquisas realizadas foi considerado,

portanto, a situação da TMC como uma intermediadora de serviços, que gerencia os

stakeholders para a realização de um serviço, como uma viagem.

Assim, foi considerado questões como atendimento, qualidade e segurança

de serviços.

Carlson Wagonlit, um dos exemplos é o programa Values Rates, que procura

atender critério de fornecedores, atendo a valores específicos. Um dos aspectos

nessa política é de que todos os hotéis devem ter café da manhã e ter conexão de

internet, buscando atingir uma exigência do cliente. A TMC atua ainda na área

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68

específica de Energia, uma das poucas no mercado que oferecem este serviço, e

possuem tecnologia específica para o controle destes viajantes, que muitas vezes

estão em trabalho de risco. Através do comitê de Crise Global são emitidos alertas

que informam crises e a partir disto realiza-se um mapeamento para saber se

clientes da CWT estão nestes lugares.

Padeti ainda explica que no recente momento vivido no Brasil, com as

manifestações, a TMC se dispôs em realizar pesquisas constantes para otimização

de rotas de acesso, bloqueio de vias, entre outras informações que foram julgadas

importantes para o atendimento da satisfação ao cliente. Braune (2013) é

responsável na Tam Viagens, pela área de lazer da CWT, e explica que possui uma

área de qualidade, onde a partir da aplicação de pesquisa de satisfação, é

mensurado a qualidade do serviço e do atendimento.

O processo de mensuração do nível de atendimento e qualidade também é

realizado na Shift Mobilidade Corporativa. Kiste (2013) explica que a empresa optou

por ter um CRM, um sistema capaz de medir os índices de ocorrências e problemas.

Ele enfatiza que a empresa possui de 1 a 2% de índices por mês, o que é pouco.

Como a empresa trabalha com o transporte de pessoas, muitas vezes executivos,

existe o cuidado de se ter motoristas bilíngues, eles são orientados a partir de uma

cartilha de ética e possui padrões de relacionamento com o cliente questionando

sobre o ar condicionado, se o passageiro prefere ouvir uma rádio específica,

disponibiliza água durante o percurso. São detalhes importantes, mas que fazer

diferença na realização de um serviço.

A Unidas também possui esta mensuração, que é denominada Índice de

Satisfação do Cliente, além da fonte de reclame. É uma empresa que preza muito

pelo atendimento, e procura resolver todas as reclamações que recebem.

Dorneles (2013) lembra que deve haver uma sintonia entre a empresa e a

TMC. Segundo ela, os indicadores, a política e o perfil dos viajantes devem ser

compreendidos para que a TMC faça uma análise da necessidade do cliente, e

assim, atende-lo. Ela lembra que quando atuando com a ALATUR, as pesquisas de

satisfação dos clientes nos eventos eram de 97%, o que permitiu conquistas os

clientes.

Um dos objetivos das Associações estudadas é prover de capacitação. A

ABRACORP, conforme explica Tanabe (2013), um dos pilares da associação foi

trabalhar o associado, provendo informação e instrução sobre o mercado. No comitê

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69

de desenvolvimento humano, está previsto a disponibilização de cursos online,

especificamente voltados para o segmento de viagens corporativas. Estas

certificações ampliam as chances de disseminação de informação e capacitação do

mercado.

Costa (2013) da GBTA aponta os cursos de certificação internacionais do

GBTA Global. A Academia GBTA Brazil disponibiliza cursos de certificação

profissional no segmento de viagens. Uma das certificações é a de Global Travel

Professional, e que cotam ainda com parceria com a Universidade de Virginia, nos

Estados Unidos.

O pressuposto se confirma, visto que além de terem em sua rede

stakeholders representativos no mercado, possuem também parcerias com

Associações que buscam constantemente por informação, conceitos, cursos e

treinamentos, eventos e congressos para a disseminação de temáticas importantes

para o mercado de viagens corporativas. Além disto, como mostrado, essas

agências têm em seus valores a busca por parceiros diversos, que serão específicos

para cada tipo de cliente. Isso é descoberto através do conhecimento dos

indicadores e dados da empresa, e da sua politica de viagem, onde as agências

direcionam seus clientes para os devidos fornecedores, atendendo as questões de

hospitalidade e qualidade desejadas pelo cliente.

Assim, é percebido que os pressupostos estabelecidos no início da pesquisa

foram satisfatórios, com exceção de um deles, que foi parcialmente confirmado, a

sua maioria se comprovou através das entrevistas realizadas.

A justificativa da pesquisa já havia sido baseada no forte crescimento do

mercado de viagens corporativas, entretanto ainda não era sólida o bastante para

apresentar concretamente a situação dessa segmentação. Os objetivos foram

construídos para se alcançar e obter a base para esclarecimento dos pressupostos

desenhados.

A pesquisa de campo permitiu ainda a análise mais aprofundada da real

situação das agências de viagens corporativas e de seus stakeholders.

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70

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa teve como objetivo apresentar as Travel Management

Companies como disseminadoras de serviços de mobilidade corporativa. Para tanto,

foi preciso conhecer o mercado mais de perto, através de bibliografia, estudos e

pesquisa em campo para o seu melhor desenvolvimento.

Foram descobertos, através destes meios, a importância da contextualização

dos objetos de estudo das entrevistas realizadas e a junção com o referencial

teórico, para se chegar nesta etapa das considerações da pesquisa.

Os objetivos específicos foram alcançados, e permitiram a composição das

análises dos pressupostos apresentados. Os objetivos eram compostos por:

Analisar os serviços de mobilidade corporativa realizados nas TMC’s;

Identificar os stakeholders das TMC’S;

Compreender a relação de temas como a hospitalidade e a

globalização com a mobilidade corporativa.

A análise dos serviços de mobilidade corporativa nas TMC’s foi desenvolvida

através de referênciais conceituando a área de serviços em primeiro momento, que

permitiu a compreensão dos serviços em turismo e no campo da hospitalidade. Com

este conceito de serviços, foi possível analisar a mobilidade corporativa e os tipos de

serviços que se é preciso alcançar para a sua realização. Foi com as entrevistas que

foram descobertas uma forte presença de serviços como o compliance, gestão de

viagens, serviços e ferramentas tecnológicas que permitem controle de possíveis

gastos, transmitem informação, e potencializam as gestões futuras de viagens

através de diagnósticos, relatórios e estatísticas.

Para a identificação dos stakeholders das Travel Management Companies, a

conceito de parceiros foi buscado, e entendeu-se a grade influencia que um tem

sobre o outro. Os autores enfatizam a importância de se trabalhar o conceito nas

empresas, e foi percebido que nas empresas estudadas, o conceito de stakeholders

é conhecido, e em muitas delas é trabalhado. Nas TMC’s estes parceiros são os

colaboradores, clientes, fornecedores (que variam, chegando a ser desde hotéis até

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71

cia aérea), governo, a mídia, associações, a comunidade, a responsabilidade social

e ambiental. A escolha de fornecedores é um processo de valores de todas as

agências estudadas. Foi percebida a preocupação com a escolha destes

fornecedores, bem como a constante análise de parcerias, já que estas agências

possuem pesquisa de satisfação dos serviços que vendem. Foram descobertas

também a forte influencia das Associações hoje neste mercado, atuando como

parceiros estratégicos para o relacionamento com o mercado e obtenção de

informação e referencia de mercado.

Já ao compreender os temas relacionados à hospitalidade, globalização e

turismo, as pesquisas bibliográficas resultaram em uma base muito importante para

a observação destes pontos no momento da realização das entrevistas. As questões

históricas trazidas com estes temas foram essenciais, pois contribuíram para

esclarecimentos. Nas entrevistas, o que foi observado é que o tema hospitalidade

não é empregado, mas a sua essência está contida na forma com que trabalham,

através dos serviços que disponibilizam e através da própria missão de cada

agência, que é prover o cliente de serviços de hospitalidade!

Nesse sentido, a hospitalidade foi observada nos serviços diferenciados que

estas agências disponibilizam hoje. As plataformas tecnológicas e aplicativos são

fontes de informação e no contexto virtual respondem às necessidades dos clientes

de forma clara. A preocupação ao se estabelecer a politica da empresa, e de cada

tipo de viajante e nível hierárquico, possibilita a estruturação da viagem segundo o

atendimento destes objetivos. Quando são feitos de forma positiva e gerenciada,

trazem ao viajante a hospitalidade desejada.

Assim, os objetivos foram efetuados e permitiram a realização das análises da

presente pesquisa. Algumas observações foram encontradas no decorrer da

realização do trabalho, e consistem em reflexões trazidas para estas considerações

finais.

Em principio, por se tratar de um tema novo, pouco estudado ainda no país,

foi preciso conhecer o conceito de mobilidade corporativa. Percebe-se que o termo

mobilidade corporativa ainda não é tão conhecido no meio. As referências

bibliográficas na maioria são de fora do país, e no Brasil o tema ainda é pouco

falado. Conforme observado na pesquisa de campo realizada, e na composição das

referencias bibliográficas, percebe-se que o termo é remetido à mobilidade

tecnológica, mais especificamente os dispositivos móveis, como tablets,

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smartphones, etc. empresas onde já se dedicam por prestarem consultoria desse

tipo de mobilidade em empresas. Outra forma encontrada da utilização do seu termo

foi na questão da mobilidade urbana como alternativa para os funcionários de

determinadas empresas. Neste sentido, observaram-se ações mais voltadas às

soluções de deslocamentos que contribuem para a sustentabilidade, como acesso a

ciclo faixas, ciclovias e transporte público, por exemplo.

Após analisar os serviços de mobilidade que hoje existem nas TMC’s,

percebe-se um avanço em informações, especializações por parte de equipe, a

presença muito forte das Associações na contribuição da disseminação de

informações para melhoria dos serviços e sua qualidade, além do desenvolvimento

das ferramentas tecnológicas de suporte ao viajante.

Percebeu-se também que apesar de apenas uma das Travel management

companies visitadas trabalharem o termo mobilidade corporativa, todas elas passam

o entendimento da sua definição e a aplicação nos serviços que oferecem.

De uma forma geral, o tipo de serviço de maior destaque entre estas agências

são os de consultoria e gestão de viagens. As soluções de tele presença e

teleconferência é hoje oferecido apenas na ALATUR. Esta agência, como visto, não

realiza o serviço de webconference, mas sim analisa as melhores opções para a

empresa. A ALATUR é a agência percursora da gestão total da mobilidade

corporativa no mercado de TMC’s.

Analisando os stakeholders das TMC’s, foi possível conhecer a complexidade

e responsabilidade destas agências. Sabe-se que a questão da segurança é fator de

importância. Assim, os valores contidos na escolha de fornecedores e parceiros é

um processo importante e cuidadoso. Percebe-se também que por maior que seja o

contato das agencias, por maior que seja o seu quadro de fornecedores, muitas

empresas, multinacionais, ou da indústria, possuem parceiros já bem estabelecidos,

e uma cultura bastante enraizada.

Assim, algumas soluções de mobilidade corporativa já são feitas através de

stakeholders da própria empresa. Nesse sentido, ao realizar a gestão total da

mobilidade corporativa em muitas corporações, deve-se levar em conta os

stakeholders da empresa. Através das pesquisas realizadas, percebe-se a

importância de ter estes serviços concentrados, assim como diz Juliana Aranega da

ALATUR. Estes serviços são relacionados uns com os outros, então quanto mais

separados eles estiverem, maior a probabilidade de estes serviços se perderem, em

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seus relatórios, na mensuração de custos totais, nas avaliações, etc. É importante

para uma TMC analisar o que a empresa precisa e a partir disto avaliar o que será

mais cabível a ela.

As agências de turismo passam atualmente por um período de incertezas.

Como apresentado, as Online Travel Companies passaram a ter grande crescimento

no mercado por oferecem de forma simples bilhetes aéreos, hospedagem e serviços

de locação de carro, tudo em apenas um site, onde existe um filtro para localizar as

melhores tarifas, as datas desejadas para a viagem, além de terem acesso a

informações dos próprios hospedes sobre determinada hospedagem. O que as

agencias de lazer passam a buscar agora é um trabalho mais voltado a consultoria

do que simplesmente a emissão destes serviços.

Tratando-se das agências de viagens corporativa, observa-se que é muito

semelhante com as agências de lazer neste sentido. A diferença está na

necessidade do cliente corporativo que lida, muitas vezes, com um número grande

de emissões, variados tipos de deslocamentos, com viajantes de níveis hierárquicos

diferentes. Essa variação implica em uma gestão de viagens, não somente a compra

de serviços para viagem. Neste sentido, a necessidade por consultoria, ferramentas

tecnológicas são muito maiores do que nas viagens de lazer. Em entrevista com

Tanabe (2013), foi percebido essa realidade. Na opinião do presidente da

ABRACORP, as agências não acabarão, pois ele entende que cada um possui o seu

papel, e o dever da agencia, o papel dela é fazer a gestão de viagens corporativas e

da mobilidade destas empresas. As agências que não acompanharem essas

evoluções do mercado, a demanda, as necessidades das Corporações, não

conseguirão sobreviver.

Os serviços de gestão da mobilidade corporativa em Travel Management

Companies trazem assim uma nova forma de agregar valor às agências, através de

um serviço personalizado e especializado. A grande demanda por deslocamentos

nos dias de hoje contribuem para a evolução constante de métodos, pesquisas e

serviços. O Brasil passa hoje por um momento de expectativas de negócios no

campo de agronegócios, petróleo e gás natural, nos grandes eventos que receberá.

Eventos que tratam especificamente sobre as áreas de oil & gás travel já estão

sendo realizados, assim como serviços específicos dentro das TMC já vem sido

efetuados, como no forte caso da Carlson wagonlit travel.

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O acompanhamento do mercado por essas novas demandas será

fundamental para a atuação das agências e na composição de novos produtos e

serviços.

Apesar de ser uma temática nova, acredita-se que a presente pesquisa

contribuiu para uma base de entendimento para a pesquisadora e para o leitor que

se dispor a ler este trabalho. Foi possível assim perceber que a disseminação de

trabalhos científicos, a publicação de livros e artigos contribuirão para o

enriquecimento ao tema desta pesquisa, e espera-se que novas publicações sejam

desenvolvidas para este segmento.

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APÊNDICES

Autorizações de gravação - ALATUR

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Shift

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Ormene Dorneles

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Carlson Wagonlit Travel

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GBTA

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TAM Viagens

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UNIDAS Rent a Car

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ABRACORP

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APÊNDICE - Entrevistas

Carlson Wagonlit Travel

Flávia: Aqui na Wagonlit, a gente presta um serviços para os nossos clientes,

através da Unidade de Negócios da Solutions Group, que é uma Unidade

especializada em estudos voltadas ao turismo corporativo.

Laura: É o que está chegando agora em 2013?

Flávia: É o que está chegando agora em 2013. Eu não sei se você chegou a ver o

Travelers Stress Index. É um estudo que mostra o tempo perdido durante o

deslocamento de uma viagem de negócio e o quanto isso impacta em custo para a

empresa. Mas isso é um custo que nem sempre você mensura, porque ele é

intangível. Foi desenvolvida uma fórmula, com cálculos algoritmos, foram

pesquisados 7.300 viajantes pelo mundo, e eles analisaram os diversos geradores

de stress, conforme o perfil do viajante. Então eles entenderam que, por exemplo,

homens casados estressam por motivo x, mulheres casadas por motivos y. Se a

pessoas é solteira, ele não se estressa, mas pode se estressas com outra coisa. Se

a mulher é solteira ela vai se estressar com outra ou dependendo do nível

hierárquico que essa pessoas está, ela leva em consideração alguns pontos, e

estressa com alguns pontos. Então o objetivo é mensurar quais são os gatilhos de

estresse, entender na sua corporação, qual é o perfil principal de viajante, montar

uma política de viagens e acordos com fornecedores que façam com que você se

antecipe ao motivo de estresse do seu viajante e assim você mantem o nível de

estresse mais baixo, aumentando a produtividade dele durante o período de

deslocamento. Então, aqui tem um infográfico que resume bem o estudo. Os

principais indicadores de estresse, de maneira geral, que todos reclamaram,

bagagem perdida, ausência de acesso a internet ou conexão ruim, voar de classe

econômica em uma viagem de longa distância, pelo cansaço, e atrasos em voo. Isso

gera ansiedade, e é um período improdutivo. É um período que a pessoa não

consegue pensar em nada, é um período morto. Ela não consegue pensar em

trabalho, e muitas pessoas trabalham no aeroporto, por isso fazem questão da

internet funcionando. Enquanto se espera o avião, está trabalhando. Então estes

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foram os quatro motivos principais segundo os viajantes. Assim, analisando uma

empresa com 5.000 viagens por ano, eles entenderam que a despesa, o impacto do

stress na viagem, ele custa 662 dólares, o equivalente a 6,9 horas não trabalhadas,

que foi perdido durante o deslocamento, seria 79% do ticket médio de uma

passagem. Então é o quanto você pode economizar e melhorar a produtividade se

você fizer uma política de viagens bem feita. E de tudo isso que foi perdido, o quanto

nós conseguimos trabalhar. É possível prever 32% dos casos de stress, é possível

se antecipar e economizar 1,1 milhão ao ano, em uma empresa que faz uma média

de 5.000 viagens por ano. Esta é a consultoria que o Solutions Group presta.

Neste tipo de solução, a política de viagens ela vai ser feita de acordo com o

compliance da empresa, de acordo com os objetivos de viagens da empresa, mas

também vão ser levados esses pontos em consideração, pra se reduzir lo tempo

perdido de viagem, que é tempo gasto também. Fora isso, nós disponibilizamos uma

ferramenta, um aplicativo no celular, para os viajantes da Wagonlit, que é o CWT to

go, foi eleito como o melhor aplicativo para viagens. É um serviço gratuito, disponível

apenas para clientes da Wagonlit. Os diferenciais do CWT to go é que você recebe

um alerta automático de alteração de voo, ou de portão de embarque. Então nós

temos relatos de pessoas que estavam no saguão do aeroporto, receberam o alerta

de alteração de portão, mas ainda não tinham sido informados no saguão de

embarque, e só quinze minutos depois ele foi avisado que o portão de embarque

havia sido alterado. É in time, é muito rápido. A gente oferece agora sincronização

de calendário, onde você pode incluir a sua viagem a lazer dentro do aplicativo e

tem acesso às mesmas informações que se tem no corporativo. Acesso a

programação de voos, mais informações sobre o destino, câmbio diário, previsão do

empo para cinco dias, acesso a mapas do hotel, lugar para retirada do carro, o

aeroporto para se saber a distância entre um ponto e o outro, a reserva do hotel,

locação de carro, check in em CIAS, com a geração de um código no celular. É

possível também no aplicativo ter acesso a pesquisa de status de voo, além de ser

intuitivo, ou seja, você não fica perdido buscando a informação dentro do aplicativo.

Temos também um relatório que trabalhamos bastante, se chama “Entregando a

viagem perfeita” então a viagem é olhada a partir da experiência do usuário e da

gestão do programa de viagens, levando sempre como base padronização e projeto

de gestão. Do ponto de vista do viajante você tem o portal com todas as informações

sobre a Wagonlit, o portrait, onde ele acessa a politica de viagens, pode entrar nos

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online booking tools, a CW to go, e o Listen que é a pesquisa, o programa

Messenger que emite alertas de não cumprimento da politica de viagem para o travel

manager, caso a politica seja infligida, o PMC, que é a ferramenta de rastreamento

do viajante, o client review que a cada um ano ou seis meses depende do que o

cliente pede, fazemos um client review de todos so gastos com viagens e faz um

comparativo com a politica e de tudo o que foi gasto, online tools bookings, o

Solutions Group que começa a funcionar até o final do ano, e a consolidação de tudo

o que fazemos para o travel manager.

Laura: E isso gera depois um relatório?

Flavia: Vai para a empresa. Então, o que vai de encontro com a mobilidade que você

está procurando são essas duas ferramentas.

Laura: E vocês têm uma área voltada apenas para o Energy Service, que é mais

voltada para o campo de energia petróleo. Nos estudos são apontados também

estes tipos de trabalho e gestão de viagens. Como é relizado aqui na Carlson

Wagonlit?

Flavia: o trabalho que é feito em energy é bem mais complexo. O rastreamento do

viajante, é premissa, é necessário ter. No corporativo dependendo do local que o

viajante vai, dependendo também da politica de viagens da empresa, qual o tipo de

serviço contratado, não existe o rastreamento, embora tenhamos ferramentas que é

possível saber se a pessoa voou para algum lugar ou se estava e, tal lugar, ou se

houve alguma ocorrência. Mas no caso de Energy que é muito sensível e não pode

parar. Se acontece uma tempestade no meio do mar, não tem jeito, tem que

controlar a tripulação. O contigente de crise trabalha 24 horas dedicado à Energy.

Existe uma ferramenta que é possível fazer uma mediação. É uma mapa de crise

que se enxerga. Na ferramenta existe um mapa mundi com pinos onde estão os

viajantes, e acontecendo alguma crise, ou se é algum lugar perigoso, no mapa de

calor ele estará vermelho. Esse pessoal tem uma atenção especial, pois já sabemos

que eles estão mais suscetíveis a algum problema. É eminente. Por exemplo, eu

vivenciei agora hà pouco, a questão do atentado da bomba em Boston. Na época,

em dez minutos nós recebemos um alerta do Comite de Crise Global pedindo que

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checássemos toda a lista de passageiros que estavam lá. Nós sabíamos que havia

passageiro da Wagonlit n redondeza, nenhum no Hotel onde aconteceu o atentado

mas eles estavam próximos. Então poderia ter acontecido delas estarem na rua.

Então recebemos a noticia de que não havia nenhum brasileiro naquela lista de 200

pessoas, então não foi preciso tomar nenhuma atitude, mas é tudo muito rápido!

Quando acontece algo, já aciona o sistema, olha no CRM, pede para o sistema uma

analise dos passageiros naquela região onde houve a crise, para poder ir atrás de

cada um deles, caso estejam dentro da crise, de fato. Um avanço do aplicativo CWT

to go será a deportação da crise para o cliente. Nós recebemos alertas diários, e nós

no marketing vamos monitorando. São duas pessoas que ficam monitorando os

alertas, não só lá fora, mas aqui no Brasil também. Durante as manifestações nós

tivemos um papel quase que investigativo sobre as manifestações para manter os

travel managers atualizados para o que iria acontecer. Foram emitidos alertas nos

dias mais críticos, com as rota de onde iriam passar as manifestações, e o time

inteiro de marketing ficou voltado para isso. Se impediriam realmente a passagem

para o Aeroporto de Guarulhos, Congonhas, Rio de Janeiro, ou outras cidades.

Montamos um mapa, um infográfico conforme a intensidade da manifestação por

estado. Foram 20 dias rastreando estas informações, e tivemos apoio do Comitê de

Crise de Londres. Outro exemplo foi o vulcão que entrou em erupção no Mexico que

poderia ter fechado o espaço aéreo. As atitudes são tomadas não só durante a crise,

mas também no pré crise,

Laura: E isso passa uma confiabilidade para o cliente. O que você falou sobre a

preocupação com o cliente, é uma questão que eu havia colocado no trabalho, que é

a hospitalidade, que é um dos temas que nós tratamos na pesquisa cientifica. Ao

tratar da recepção, por exemplo, inclui=se desde o momento que vocês recebem um

novo cliente até na escolha dos fornecedores de maneira com que o mesmo tenha

um bom serviço. Isso foi bastante percebido no que você me apresentou. Existe

algum critério na escolha de fornecedores, hotéis, cia aérea?

Flavia: Sim existe um critério, Não vou saber te informar o critério, pois não faço

parte da equipe de supplier management. Mas existe um critério tanto global quanto

regional. Existe uma avaliação, e uma serie de questões. Inclusive existe uma

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campanha global da Wagonlit chamada Values rates, onde é falado a questão do

valor, o Hotel precisa obrigatoriamente ter café da manhã, e conexão de internet.

Laura: Pra finalização, eu apontei alguns dos stakeholders considerados importantes

para a empresa. Você gostaria de acrescentar algum parceiro?

Flavia: A wagonlit já tem batido nesse tema, é muito importante a questão da

responsabilidade corporativa, não só interno, como também a prestação de serviço

de responsabilidade corporativa para o nosso cliente. Por exemplo, alguns clientes

contratam a viagem conforme a emissão de carbono por viajante. Então existe um

estudo que aponta as cias aéreas mais verdes, apontamos algumas que tem uma

preocupação maior em relação a isso. Nós trabalhamos uma serie de pontos dentro

da responsabilidade corporativa, este ano o tema escolhido é a sustentabilidade,

então não somente dentro do escritório, como também prestando o serviço ao

cliente. Nós temos assinado o pacto global.

Laura: Uma das propostas da minha entrevista é identificar dentre estes

stakeholders, dois mais importantes, para que eu possa conversar com

representantes deles. Também. Você indicaria ?

Flavia: Não da para dizer o principal, não da para te dizer que os principais são os

fornecedores e o cliente, pois o colaborador também é muito importante. Nós temos

um cuidado com mídia, com a associação, GBTA, no caso, ou LACTE, então talvez

o meu critério seja qual é o mais acessível. De Associação, o Wellington Costa do

GBTA

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ALATUR

Laura: Estou trabalhando sobre o tema de Mobilidade Corporativa, nas TMC’s, como

ela está inserida hoje.

Juliana: Eu imagino que você tenha encontrado durante a sua pesquisa, vários

conceitos sobre mobilidade corporativa. Por que isso nós nos deparamos aqui o

tempo todo. Então quando a gente vai apresentar as vezes pros clientes, a gente

tem que explicar do começo porque é uma coisa muito nova. Então tem gente que

entende que é soluções mobile para viagem. Então você fala não é só isso. Outros

entendem que é só a questão de expatriação, mas não, isto é só uma parte. Então

são muitos conceitos. O que a gente aqui na ALATUR defende como conceito de

mobilidade corporativa, nós entendemos que as empresas estão cada vez mais

globais, com alcances maiores, destinos diferentes, e que pra elas conseguirem

executar o seu trabalho elas precisam mover pessoas ao redor do mundo. Elas

precisam estar conectadas com pessoas. Então existem várias formas delas se

comunicarem com potenciais clientes, fornecedores. A TMC tem de estar atenta a

isso e tem que oferecer todas estas possibilidades pra ela. Nós não podemos nos

limitar a viagem, pois muitas vezes a viagem não é a melhor solução para isso.

Dentro deste conceito nós temos trabalhado em cinco frentes, que é a consultoria,

onde fazemos um diagnóstico da empresa e de que tipos de politicas e mecanismos

ela pode criar para melhorar a sua conta de mobilidade corporativa, nós temos

também a parte de expatriação, de expense management que são todos os gastos

que não são o da viagem em si, seriam os adiantamentos e reembolsos

normalmente, táxi, alimentação, até telefonia celular com alguns tipos de pacotes

que se pode fazer lá pra fora. As vezes há economia em uma passagem, mas gasta

cinco mil dólares em telefonia celular por causa do pacote de dados que não

funciona bem lá fora, então isto está dentro da parte de expense management.

Temos também a parte de gestão de frotas, que é principalmente carros, pra força

comercial, nos não fazemos gestão de frota de carros operacionais. Por exemplo, a

NET ou a VIVO que vão na casa das pessoas para fazer manutenção, isso não! Mas

da força de vendas, da diretoria, nós fazemos a gestão de frotas dos veículos

dessas pessoas, e por ultimo vídeo conferencia e teleconferência como alternativa a

viagem. Então como estabelecer uma politica dentro da sua empresa para que você

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use opções de vídeo conferencia e teleconferência como alternativa. Isso é mais

qualidade de vida pro funcionário, pois as vezes perder dois ou três dias para ir a

uma reunião de duas ou três horas e depois voltar, é menos gasto para a empresa,

é sustentável, agride menos o meio ambiente. Então como se cria uma politica para

definir quando que a pessoa deve realmente ir até o local, viajar, ou quando ela deve

usar uma solução de teleconferência ou telepresença. Isso é uma queda de cultura

grande, é difícil de ser implementada, mas alguns clientes já estão procurando por

isto, e tem um resultado muito bom.

Laura: Nas pesquisas são apontadas que aqui no Brasil não se atingirá 100% de

serviços de teleconferência.

Juliana: Acredito que nunca vai ser. Quando falamos de eventos, serão híbridos.

Mas quando falamos de reunião, treinamentos a vide conferencia acaba sendo uma

boa solução. E nos temos ajudado nossos clientes neste sentido, como “só tenho de

ir quando devo concluir algum negócio, quando estiver em fase de negociação”. Tem

uma série de critérios que nós adotamos em parceria com o cliente, de como é o

negócio dele, para que a gente possa estabelecer essa politica.

Laura: E já tem em média dois anos que você tem esses tipos de soluções aqui na

ALATUR?

Juliana: Sim. Mais ou menos isso.

Laura: E vocês trouxeram a pesquisa, e o livro que foi publicado.

Juliana: Isso. O livro nós fizemos com parceria da América Latina, então n´os

usamos toda a rede da HRG América Latina para fazer o panorama do mercado e

nós fizemos no final do ano passado uma pesquisa que foi apresentada no evento

que fizemos, o Workshop de Mobilidade Corporativa, que foi em novembro do ano

passado.

Laura: Então já está se estabelecendo, um período de um ano e meio.

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Juliana: Sim nós fizemos um ano, nós achamos que o Workshop seria uma boa

oportunidade da gente apresentar com mais propriedade cada um dos serviços.

Laura: AS empresas já procuram pelos serviços?

Juliana: A procura ainda não muito grande, até porque hoje estes serviços estão

muito espalhados dentro das empresas. O que nós defendemos é que deve ser uma

gestão única, concentrada, pois são todos serviços que estão relacionados. Então, o

exemplo dos expatriados, hoje está muitas vezes para responsabilidade do RH.

Viagens está com compras. A parte de telepresença teleconferência está com o TI, e

a parte de frotas está com a infraestrutura. Então são interfaces diferentes dentro da

empresa. O que nós temos defendido para os nossos clientes é que é importante

que essa gestão seja integrada porque são áreas que devem conversar, e que se

forem negociadas juntas, fizer uma politica conjunta, você consegue mais economia.

Mas isso é muito difícil, pois essas estruturas destas empresas já estão formadas,

então falar “você tem que mudar essa estrutura” não é uma coisa simples. Então

hoje ainda não existe um cliente que nós fazemos as cinco áreas. Mas nós já temos

clientes que nós fazemos viagens, eventos e telepresença, em outros fazemos frota

e viagens, nós vamos juntando. Mas conseguir tudo, que é um sonho, fazer a

mobilidade por completo, hoje ainda não existe nenhum case.

Laura: Mas já é um grande passo vocês

Juliana: Sim. Para algumas áreas nós já temos clientes sim.

Laura: Sobre a tecnologia, vocês tem investimento nesta área, para estes tipos de

serviços?

Juliana: Existem empresas especialistas. Nós recomendamos, sugere e faz analises

junto com o cliente para escolher. No caso de vídeo conferencia e teleconferência

que é o que mais demanda tecnologia, nós fazemos inclusive uma analise se vale a

pena ele ter uma sala dentro da empresa dele, ou se vale locar, dependendo da

frequência que ele for usar isso. Uma sala é cara, é custoso para se montar e para

manter, se é um espaço que muda a produtividade dele dentro da empresa, e então

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nós fazemos essa analise. Nós temos duas soluções: desde salas espalhas pelo

mundo inteiro. Nós temos uma rede com mais de sete mil salas, que eles podem

locar e nós fazemos toda a politica para que ele loque as salas ou nós falamos “não,

essa empresa tem um porte que demanda ter salas dedicadas dentro dela. E nos

vemos, se deve ser na matriz, na matriz e em filiais, dependendo da demanda.

Laura: E você é responsável pelo Instituto ALATUR?

Juliana: Isto! Eu sou gerente geral do Instituto.

Laura: Falando um pouco mais da sua área, você trabalha diretamente com as

publicações?

Juliana: Sim, eu faço toda a identificação de tendências. Acompanho um pouco do

que está acontecendo lá fora, nos Eventos, Conferencias, e tento trazer um pouco

disto para a nossa realidade. Eu transformo tudo isso em conteúdo e oportunidade

de negócios aqui para a empresa. Existem as publicações, os eventos que nós

organizamos, como o Fórum ALATUR, Fórum HRG, Workshop de Mobilidade, tudo

isso com base no que estamos vendo lá fora que é tendência, e muitas vezes ainda

não chegou no Brasil, está muito inicial.

Laura: Seria um benchmarking?

Juliana: Exatamente.

Laura: Pulando para a segunda parte da entrevista, um dos temas abordados na

pesquisa é a hospitalidade. Nós sabemos que vocês tem o primeiro contato com o

cliente, vocês o recebem, mas vocês vendem serviços, onde essa receptividade

depende dos seus fornecedores também. Existe uma preocupação neste sentido, ao

selecionar fornecedores?

Juliana: Sim, nós temos fornecedores preferenciais, e nós costumamos visitar com

frequência, porque as vezes existem lugares muito remotos, que não tem redes, nós

temos uma equipe de relacionamento com o fornecedor, onde eles fazem visitas

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técnicas para conhecerem os lugares, ver como é a infraestrutura. As vezes nós

temos um cliente que trabalha com grandes empreiteiras, grandes construtoras, e

que as vezes vão para lugares muito remotos, como o interior do Pará, interior de

Rondônia, Roraima, lugares onde há infraestrutura bem restrita, não tem grandes

ofertas, então nós mandamos alguém para lá, fazemos uma analise do mercado,

vemos quais são as melhores opções, a partir dai já temos uma ficha técnica

montada, e nós falamos para o cliente as opções, o que cada lugar oferece, pontos

fortes e pontos fracos, então tudo isso é feito. Nós somos co responsáveis junto com

os nosso fornecedores.

Laura: Isso é uma forma de hospitalidade para o cliente.

Juliana: Sim. O que não quer dizer que é perfeito, pois acontece. Mas nós temos

este cuidado sim!

Laura: Um dos meus objetivos na minha pesquisa é conhecer também os

stakeholders da empresa, os agentes envolvidos. Eu separei alguns.

Juliana: Na parte de fornecedores eu sugeria abrir, porque nós temos por exemplo o

fornecedor de tecnologia. Pra gente é muito importante para controle, porque um

dos nossos principais papéis, enquanto TMC é ter controle total do que está

acontecendo ao cliente, questão de segurança e controle de custo. Nós trabalhamos

muito com tecnologia, estamos buscando na tecnologia, para garantir que ele está

tendo o melhor preço, para que ele saiba o quanto ele está gastando a qualquer

momento, e também para rastrear qualquer viajante dele. Então tem uma ameaça de

bomba em determinado lugar, eu consigo saber na hora quantos viajantes existem

na localidade. E isso depende da tecnologia. Então da pra você abrir uma vertente.

E ai sim os serviços mais voltados para a cadeia. E nós temos também os nossos

parceiros, nós temos diversas Joint Ventures, nós temos muito a filosofia de não

querer inventar rotas, existe gente no mercado com grande expertise, passou um

bom tempo no mercado, e nós procuramos nos unir a essas empresas sempre que

possível. Nós temos a MCI, por exemplo que é uma super especialista em eventos

associativos.

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TOUR HOUSE

Não foi permitida a gravação.

Informação trazida do site.

Fundada em 1990, a Tour House é uma das principais TMCs (Travel Management

Companies) do Brasil, oferecendo serviços de qualidade reconhecida na gestão de

viagens corporativas, eventos e incentivos.

Com escritórios em São Paulo e Rio de Janeiro, a Tour House também oferece

apoio local em 19 cidades no Brasil e em mais de 40 países em todos os

continentes, através das parcerias com as redes ITM (www.itm.tur.br) e GSM

Partners, com serviços exclusivos para os passageiros.

Os clientes contam serviços para o sucesso de seus negócios. Serviços são feitos

por pessoas, por isso investimos pesadamente na qualificação de nossos

profissionais, e prezamos pelo atendimento personalizado, comprometido e sob

medida para cada necessidade.

Nosso expertise está a sua disposição na consultoria de redução de custos, na

implantação de ferramentas tecnológicas e soluções que facilitam os processos

internos das empresas com qualidade superior e total comprometimento com prazos

e resultados. A tudo isso agregamos um ambiente corporativo saudável, preocupado

com o bem-estar de todos os envolvidos, facilitando ainda mais a gestão das

viagens corporativas.

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Shift Mobilidade Corporativa

Laura: Gostaria de saber um pouco da sua função aqui na Shift. Você é Diretor,

correto?

Renato: Nós somos em dois sócios aqui, sou eu e o Alexandre. Estou mais

vinculado na parte comercial, e auxilio na parte de operação, então isso consiste

mais na captação de clientes, manutenção de clientes, estratégia comercial,

participação da Shift em algumas ações, ações para o mercado, relações internas,

eu dou um suporte também, assim como a parte da operação é uma parte delicada,

e está muito vinculada na nossa maneira de enxergar, com o departamento

comercial, então eu faço esse acompanhamento com a parte da operação, reunião

com clientes, autorizações de briefing. Então nós dividimos, eu ficando na parte

operacional, e o Alexandre na parte mais administrativa, e um pouco na parte de

sistemas. Nós trabalhamos com o CRM da Microsoft, um sistema que nós temos que

atualizar dia-a-dia, necessidades novas, então é algo que tem de ficar um pouco

mais a frente. Sistema e a parte financeira. A empresa é nova, tem o corpo de

gestão mais antigo, mais experiente, eu tenho 15 anos no mercado de transporte, o

Alexandre tem 20, o diretor de operações tem 20, não começamos agora, mas a

empresa é relativamente nova, estamos dando um passo de cada vez para crescer.

Laura: E a empresa é especialista em gestão de frotas?

Renato: não, hoje nós estamos segmentados assim: Planejamento em transporte, no

material que eu te dei explica isso, nós iniciamos falando da frota da Shift. O

mercado de transporte é diferente, Laura. pois as empresas hoje do mercado, são

muito segmentadas, o que seria isso? Você tem empresas que só têm carro

executivo, empresas que só têm van, empresas que só têm ônibus, outras que têm

apenas micro-ônibus, e outras que só tem têm carro blindado. Então o mercado é

assim. Nós tentamos diferenciar, de uma maneira mais complexa, nós quisemos

agregar todo o tipo de carro. Então na Shift você tem um carro executivo, uma van,

você tem um ônibus, isso nós temos na frota. Quem tem a frota muito grande não

costuma fazer isso, porque de fato cada tipo de carro tem uma manutenção,

específica, um seguro especifico uma licença para circulação especifica, então

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segmentando fica mais fácil de operar. Então como nem temos a frota tão grande,

nós optamos por diversificar a frota e atende um cliente melhor. Qualquer TMC hoje,

você faz um evento, o presidente da empresa precisa de um carro blindado, um

diretor que precisa de um carro executivo, um grupo ou staff do evento que precisa

de uma van, tem a força de vendas que vai em um ônibus, então as vezes é preciso

acionar quatro, três fornecedores para atender um evento só, e uma empresa como

a Shift que faz o planejamento de transporte, mais essa mobilidade, acaba

encontrando em uma empresa só. Hoje 80% do nosso volume está no planejamento

e transporte. O que nós chamamos de planejamento de transporte é essa logística, e

um estudo do case, do que o cliente precisa. Ele precisa ser transportado, seja em

carro, seja em van seja em micro-ônibus, ônibus, blindado, serviços de shuttle, ou

ele precisa de um carro a disposição por cinco horas, os nossos consultores

entendem isso de uma maneira macro, do que o cliente precisa, e apresenta uma

solução, uma proposta, mas uma solução baseada no que o cliente precisa. Esse é

o nosso carro chefe de serviços. A gente vende alguns outros tipos de serviços,

como o serviço receptivo, que é um serviços um pouquinho mais personalizado,

como city tour, motorista de bilíngue, se precisa de serviço de ingressos, shows,

teatros, acompanhamento, personal shopping, nós oferecemos também. Nós não

temos ainda, mas nós podemos terceirizar isso para você, eu faço esse trabalho de

organização, e apresento isso para o cliente. Nós fazemos alguns eventos que

envolvem isso, como exemplo “os maridos vêm para uma Convenção e as esposas

tem um dia livre, e vão até fazer uma aula de culinária, querem ir em um teatro,

querem ir a um museu, então a gente apresenta essa solução também para essa

parte que é corporativa, mas não está ligada diretamente ao evento. Além de serviço

receptivo, aviação executivo, nós não possuímos nenhuma aeronave própria, nós

temos parcerias com as principais empresas do mercado, então isso nos facilita

também , porque aquilo, pelo fato de eu não ter uma aeronave, ao mesmo tempo eu

tenho todas, porque eu tenho uma serie de parceiros, então tendo a necessidade de

contratar uma, duas, cinco, eu tenho como atender. A minha disponibilidade não é

limitada. Então nós trabalhamos dessa maneira também, utilizando sala VIP, agrega

isso a um serviço de transfer, o cliente comprando uma aviação executiva, um

transfer de Congonhas à Guarulhos de helicóptero para embarcar em um voo

internacional, a gente oferece como cortesia o transporte terrestre, leva-lo até o

heliponto. E o Atendimento internacional que cresceu, hoje já está em quase 10% do

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nosso faturamento, que é tudo isso que eu te falei, transporte de carro, de micro, de

ônibus, só que no mundo inteiro, então o cliente sai daqui do Brasil com tudo pago,

tudo acertado. Nós tivemos uma Convenção médica mês passado em Amsterdã

para mais de 250 médicos, dando todo o transfer in e out para todas as pessoas, um

jantar que teve um evento, que nós coordenamos, uma pessoa vai pra lá, nós

fazemos esse acompanhamento em loco. O serviço internacional vem crescendo,

não é aquilo de fornecedor de Google sabe? São fornecedores que a gente

conhece, alguns que nós já até visitamos pessoalmente, que nós temos esse

acordo, que nós chamamos de incoming, quando mandamos passageiros pra lá,

como outgoing, quando eles mandam passageiros pra cá, é uma parceria que nós

temos com as empresas de transporte. Estes são os quatro serviços que a gente

vende.

Laura: E você tem uma relação com TMC relativamente importante?

Renato: Hoje, 50% do nosso volume vem das agências, das TMC’s, nós temos

muitos funcionários ex TMCs, que trabalhavam do lado de lá, solicitando, e hoje

estão aqui com a gente. Então 50% do volume vem da TMC, 30% organizadoras de

eventos e 20% empresa direto, cliente final, que não usa intermediador, vem direto

para a empresa. Hoje na ALATUR, é basicamente transporte para evento, serviços

executivo, carros simples, aeroporto hotel, esse tipo de coisa. Eles têm outras

empresas.

Laura: Você estava falando um pouco sobre as Associações, eu vi no site que vocês

são associados à ALAGEV, SPCVB, ABEOC, ABLA,?

Renato: A gente participa na maneira que conseguimos, ajudando o mercado,

podendo opinar, fazer esse benchmarking. Eu participo de um Comitê da ALAGEV, o

Comitê de Logística e de Eventos, e eu fui fundados do CLV, que mudou para CMT,

Comitê de Mobilidade Terrestre, mas antigamente era CLV, Comitê de Locadoras de

Veículos quando eu trabalhei com locações de carros eu atuava nesse Comitê.

Depois com a nossa mudança para a Shift, eu achei mais bacana, e estava mais

voltado pra que a gente participasse do Comitê de Logística e Eventos. Eu estou lá

há um ano e pouquinho, participo. O Alexandre é diretor financeiro da ALAGEV, ele

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ajuda também. A gente está sempre apoiando o São Paulo Convention & Visitors

Bureau, visitas técnicas, alguns eventos, muitos eventos importantes para a cidade

de São Paulo, eles entram pelo Convention Bureau. Os promotores, as pessoas de

fora vêm conhecer a cidade, então nós fazemos essa parceria, oferecemos

transporte, para eles virem conhecer a cidade. Mais para motivar e trazer os eventos

pra cá. Apesar de atender todo o Brasil, nós temos escritório também no Rrio de

Janeiro, mas São Paulo é a que detém mais volume de negócios pra gente, a

grande maioria das empresas do corporativo.

Laura: Sobre a hospitalidade, um dos temas abordados no meu trabalho, no caso da

TMC, ela é uma intermediadora destes serviços de vocês, então ela depende

também e espera a qualidade por parte de seus fornecedores. Você mencionou que

possuem motoristas bilíngues, como está inserida essa questão da hospitalidade?

Renato: Hoje, é até bacana dentro desse sistema, a gente trabalha com o Dynmic da

Microsoft, é um CRM muito bacana, então nós fazemos a medição mensalmente do

nosso índice de ocorrências, de problemas, porque a gente trabalha com ser

humanos e com máquinas, o carro pode quebrar, um carro 0 quilômetros, pode

acontecer um problema, o carro sai da concessionaria, e nós tivemos um caso há

duas semanas, não havia passageiros, graças à Deus! Mas ai compramos dois

carros da mesma marca, iguaizinhos, um está rodando há duas semanas e o outro

está no concerto há duas semanas, e não rodou dois dias. Então nós sabemos que

a máquina pode quebrar, estar com um cliente e acontecer. E a outra parte é o ser

humano que pode atrasar, ele tem um serviço, vai buscar uma pessoa no aeroporto,

ele pode se atrasar, pode errar o caminho, pode estar transito, pode ter uma série de

coisas. E o transporte dentro de uma TMC ainda é visto como um sub produto, então

hoje você tem a grosso modo, 60% da venda aérea, 30% hotel, 10% seguro viagem,

locação de veículos, transporte para evento, então nós somos tratados como sub

produto. Um exemplo, a Companhia aérea ia fazer um voo, sai às 10 da manhã,

você compra o bilhete, mas então voo não sai às 10, sai às 11, você é obrigado a

esperar, não tem para quem você reclamar. É assim. Agora no carro, o passageiro

pode escolher o modelo do carro, como “eu trabalho na Toyota, eu quero andar com

um carro da Toyota, quero um motorista falando inglês, quero um motorista de terno

e gravata”, então você escolhe o idioma do motorista, você escolhe o modelo de

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carro, o caminho que ele faça então quanto mais você vai incrementando, mais

chance de ter um problema. Se eu vendesse um serviço empacotado, “meu pacote

eu faço Guarulhos/Congonhas de van! A van é essa, quer comprar? Ok. Não quer,

vai comprar de outro.”. Mas não é a nossa filosofia, é trabalhar com esses eventos

com eventualidade. Nós somos muito sensíveis a isso, então um problema que

aconteça com uma empresa de transporte dentro de uma TMC é muito mais falada,

muito mais reclamado. Então nesse sistema, nós fazemos uma medição mensal do

nosso índice de ocorrência, na prestação de serviços, e para índices habituais, nós

temos um índice muito pequeno. Tem mês que eu não chego a 1%, e nós estamos

em uma média de 400 atendimentos por mês. Um carro executivo, um transfer ponto

a ponto é um serviço, um evento de 3.000 pessoas que eu também atendi, também

é um serviço, então dentro disso, tem meses que eu atinjo 2%, então é muito legal,

estamos trabalhando forte nisso, na qualidade do serviço. Na parte de motoristas

bilíngues, que são as pessoas que estão ali de frente com o cliente, nós orientamos

isso diariamente, nós temos um padrão, e um processo, uma cartilha de ética, onde

o motorista questiona por exemplo o ar condicionado, se o ar está bom ou não, se o

passageiro prefere ouvir alguma rádio, nós acompanhamos de perto, esta entre

outras situações. Está sempre todo mundo de terno e gravata, nós oferecemos água

em todos os serviços, nós tentamos tratar o passageiro com carinho.

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Unidas Rent a Car

Laura: Me fala um pouco sobre o seu cargo, quanto tempo você está na empresa.

Aline: Eu sou executiva de contas. Estou aqui na Unidas na área comercial há dois

anos e meio, ao todo na Unidas há quatro anos. Eu comecei como assistente

comercial e agora eu sou executiva de contas. Eu sou responsável por atender

todas as agências da região do centro daqui de São Paulo, onde estão concentradas

as maiores agências, e também o PJ que é a empresa por tabela, porque as

agências atendem as empresas, e nós atendemos as agências e também as

empresas, mas o foco principal é agência.

Laura: E o objetivo da empresa é a locação de carros.

Aline: Como é que nós trabalhamos. Hoje nós temos dois segmentos, a Unidas

trabalha com terceirização de frota, e locação eventual, que nós chamamos de rent a

car. Eu sou do segmento de rente a car que atende as agências. Terceirização de

frota não é o caso, pois é só para empresas. No caso de rent a car, nós fazemos um

cadastro com a agência, no caso essas agências já trabalham com a gente há

bastante tempo, no caso da Tour House, nós somos fornecedores preferenciais

estratégicos, que é o que eles chamam lá na Tour House. Nós patrocinamos alguns

eventos e em troca disso nós temos visitas semanais, vou lá todas as terças feiras a

tarde, visito todos os emissores, executivos de conta, então temos uma relação bem

estreita mesmo, inclusive nós somos preferenciais, então eles vão tentar primeiro

conosco, e se não tiver disponibilidade, eles vão para outras locadoras. Além disso,

para as agências, nós fazemos um acordo, propondo um desconto na tarifa balcão,

e também fazemos acordos de três partes que a gente chama com as empresas. As

agencias acabam utilizando mais pra fins corporativos e utilizam as nossas locações

em todo Brasil, que é um acordo que é válido para todo o país. Então, a partir do

momento que ele faz um acordo aqui em São Paulo vale para todas as regiões, e

basicamente é isso, este é o serviço de locação eventual que é onde o cliente vai

até a loja, escolhe um veículo faz a locação do carro.

Laura: E qual é a razão, na maioria das vezes, para a locação? Para qual objetivo?

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Aline: A maioria é viagem corporativa, ou projetos, ou algumas empresas de telecom

usam bastante as nossas locações, as vezes vão para trabalhar, por exemplo, um

expatriado que vem para morar no Brasil e a empresa custeia esse valor para o

funcionário. Então geralmente são fins corporativos, pra pessoa ter um meio de

locomoção para o trabalho.

Laura: Um dos objetivos da mobilidade corporativa é alcançar qualidade, tendo ao

mesmo tempo redução de custos. São soluções eficientes e eficazes. Como a

empresa atua neste sentido com seus serviços?

Aline: Hoje muitas empresas substituíram o serviço de táxi, pela locação de carros, e

vem crescendo muito, porque o brasileiro não tem muito a cultura de alugar carro.

Nós fizemos uma pesquisa recente, perguntando para as pessoas: “se você tiver

uma reunião, no outro lado da cidade, o que você faz? Ônibus, a pé, de bicicleta, de

carona?”, a última opção era alugar um carro. Então essa ainda não é uma cultura

que o brasileiro tem, mas que vem crescendo devido ao turismo, globalização, as

pessoas estão viajando mais, então estão trazendo isso de fora, vendo que é tão

fácil alugar, e aqui também é fácil, não precisa de tanta coisa para alugar, porque

vem aquele monstro na cabeça: “mas eu preciso de mil documentos , cartão para

alugar um carro!”, e não é nada disso, na verdade só precisa de uma habilitação,

cartão.

Laura: Então um bom começo é atuar com as agências para ir disseminando o

serviço.

Aline: Exatamente, porque o colaborador acaba vendo: “minha empresa alugou um

carro para poder usá-lo, e vou viajar para o nordeste, o que vou fazer? Vou alugar

um carro também.”, então a gente acaba exatamente, disseminando essa cultura.

Laura: As agências como intermediadoras precisam muito da confiabilidade do

serviço que elas vendem. Como a qualidade e a hospitalidade estão envolvidas

neste processo aqui na empresa.

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106

Aline: Claro! Hoje inclusive nós temos um serviço interno chamado isel, índice de

satisfação do cliente, onde após a locação ele diz se está satisfeito, muito satisfeito,

ou se ele não está satisfeito om a locação, então a gente faz essa medição. E

também através do reclame, que é um programa que vale para todas as locadoras, e

a Unidas tem um índice muito bom. A gente se preocupa bastante, ainda mais

depois que a Unidas passou por uma fusão, onde nós recebemos um aporte

financeiro de alguns investidores, hoje a Unidas está crescendo bastante, abrindo

bastante lojas, e nós procuramos o resultado, não queremos ser a maior neste

momento, mas sim ser a melhor em atendimento, em ter os melhores veículos, os

veículos mais novos, e tudo mais. Então nós estamos sempre muito preocupados

com a satisfação do nosso cliente. Nenhuma reclamação fica parada, chega para a

gente, e já vamos devolver para o cliente com uma resposta ou uma solução.

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107

Ormene Dorneles

Laura: Você pode falar um pouco do que você faz atualmente, e o que já fez.

Ormene: Atualmente eu dou aulas, eu coordeno a pós-graduação em administração

e organização de eventos aqui do SENAC. Dou aula na pós-graduação na Anhembi

Morumbi na parte de produção de eventos também, na parte de Gestão Estratégica

de Eventos e dou aula na Academia de Viagens, faço serviço de consultoria na parte

de eventos corporativos, viagens e eventos corporativos, sendo mais eventos

corporativos que é mais a minha especialidade. Então as empresas ou querem

organizar os seus Departamentos, ou querem organizar os seus processos, e nós

entramos com essa ajuda nas empresas.

Laura: E você trabalhou na gestão de eventos.

Ormene: Sim, eu trabalhei mais de dez anos como gerente de eventos da Takeda,

que é uma empresa Farmacêutica, ela é a primeira no Japão, e ela chegou agora no

Brasil. Ela adquiriu uma empresa que antigamente chamava-se Nycomed, e era uma

empresa de capital europeu, a Takeda chegou e adquiriu a empresa para ganhar

abrangência na América Latina e começar entrada nos Estados Unidos. Fiquei dez

anos como gerente de eventos, antes disso já trabalhei na parte de secretaria, mas

mais específico, que acho que é o foco do seu interesse, é a parte de eventos

corporativos. Nós fazíamos cerca de 460 eventos anuais, desde clientes diretos até

funcionários, tudo o que era evento relacionado a negócios. Então era evento para

treinamento de força de vendas, ou eventos com o nosso cliente médico ou

distribuidor, cliente comercial ou cliente que chamávamos de visitação, que é a parte

médica.

Laura: E vocês trabalhavam com uma TMC? Como era este processo?

Ormene: Houveram várias fases. Quando eu cheguei lá, havia uma TMC bem

pequena que não atendia muito o volume que nós tínhamos. Apesar de eles terem

um cuidado especial com os nossos clientes, a empresa começou a crescer e eles

não tinham braço para poder acompanhar. Então quando eu entrei, nós estávamos

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justamente nessa transição de olhar o que tínhamos em casa, para saber o que

tinha lá fora, para saber o que iriamos fazer. Então nós começamos a trabalhar com

a ALATUR na época, que é a TMC que a Juliana Aranega comentou contigo, e

trabalhamos com eles por 5 anos. Foi muito legal, pois nós construímos processos

juntos, nós construímos algo bem saudável, e nós conseguimos não só um objetivo

de redução de custos, mas conseguimos também conquistar os nossos clientes.

Então as nossas pesquisas de satisfação eram de 97%, era maravilhoso. Realmente

nós conseguimos um diferencial de mercado, tanto na parte de custos, pois

fazíamos uma gestão bem estreita, quanto na parte de satisfação de cliente. Então

foi bem satisfatório. Em seguida nós trocamos. Aquelas coisas, o que é cíclico em

cada empresa, elas querem mais contatos, querem pagar menos, enfim. E nós

fizemos outras experiências com outras empresas também, mas nunca deixamos de

trabalhar com TMC, pois ela é o teu braço direito quando você precisa. Você foca a

sua atenção, você deixa a sua atenção toda direcionada para o estratégico, para a

gestão de clientes, para a gestão de budget, gestão de relatórios, de cliente interno,

e deixa a TMC cuidar da operação da história. Assim, você consegue aperfeiçoar o

seu tempo, e a sua energia, em termos financeiros inclusive.

Laura: É confiável ter essa parceria com a TMC?

Ormene: Eu acho que é obrigatório, pois não é o seu negócio principal. Como, a

Takeda ela quer se relacionar com o médico, quer se relacionar com o cliente

comercial, quer formar o seu corpo de vendas para poder se relacionar corretamente

com esse pessoal. Ela não precisa ficar se preocupando com mobilidade

corporativa, ela tem que ter alguém que faça isso para ela. E é a TMC que vai fazer.

Laura: Vocês confiam então que a TMC pode oferecer a hospitalidade nos serviços

ao cliente?

Ormene: Não. Acho que não é confiar que ela pode fazer tudo, como se fosse uma

terceirização. A minha visão é que tem de ser mão dupla, e tem que ser um trabalho

a duas mãos. Não adianta eu delegar totalmente a minha necessidade de

hospitalidade, para quem quer que seja. Se eu não tiver consciência disso e não

souber como solicitar isso. Principalmente na área de eventos nós enxergamos

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muito esse problema, na área de mobilidade corporativa não é diferente. As vezes

nosso cliente não sabe o que ele quer. A TMC faz o melhor que ela tem, dentro do

leque do que ela conhece. Se o cliente não chega para ela e diz “olha, o meu

indicador de performances é esse, e eu quero que você haja desta forma”, não

adianta que a TMC não vai chegar naquilo. Eu acho que o grande problema é que

as empresas deleguem isso sem dar o direcionamento adequado. Agora com

certeza, a TMC ajuda muito nisso, porque ela conhece o negócio, ela conhece todos

os fornecedores, tem uma gama enorme de relacionamento de mercado, nesse

mercado de mobilidade. Muito mais do que as empresas, pois as empresas estão

direcionadas aos seus negócios.

Laura: A partir do mapa de stakeholders, quais seriam os stakeholders principais no

seu olhar de cliente?

Ormene: Temos vários. Quando a gente fala de stakeholder, dá pra fazer aulas e

aulas sobre o assunto. Na mobilidade corporativa, você tem que colocar desde o seu

cliente, que vai ser o móvel da história, quem vai se deslocar. Então nós vemos o

cliente interno, cliente externo, e toda a gama de fornecedores, que vão participar

dessa história. A TMC normalmente ajuda com a maior gama, mas nem sempre a

gente utiliza totalmente a TMC. Por exemplo, “eu tenho uma parte do meu público

que quer ser atendida por essas empresas específicas”, seja ela de fretamento, seja

de qualquer outro tipo de transporte, ou até mesmo os hotéis que a empresa tem

tarifa acordo, com os Hotéis que visitam diretamente a empresa, e por aí a fora. A

gama de fornecedores é imensa, alimentos e bebidas,

Laura: É isso mesmo que eu queria entender. Não é só a TMC, existe parceiros

mesmo da própria empresa. Depende do evento, dependo da viagem.

Ormene: Depende do tipo de mobilidade que você precisa, do deslocamento, o

objetivo do deslocamento e onde ele está inserido. “É um deslocamento para uma

reunião? TMC emite!”. Ou então “Não. É um deslocamento para uma reunião muito

importante, então eu vou criar um comitê multidisciplinar na empresa que vai cuidar

dessa reunião importante. E ai a TMC ajuda, ela é um dos parceiros. Até umas

coisas mais simples, por exemplo, a maioria das empresas hoje tem acordo com

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Cooperativa de Táxi. Então em vez de pegar um transfer com a TMC, que custa três

vezes mais, eu pego a Cooperativa de Táxi, e acordamos “eu preciso transportar

esse pessoal daqui para lá, eu vou te dar o papel, e nós faturamos o pagamento.”

Então é muito especifico, dependendo do tipo de deslocamento, é que você vai

construir a sua gama de fornecedores, e obviamente eles são stakeholders

importantíssimos. Outra coisa que acontece, você disse que para otimizar custos, é

cada vez mais o questionamento se vale realmente a pena o deslocamento. A

primeira pergunta que as empresas estão fazendo para os seus stakeholders

internos é “você consegue fazer isso por teleconferência? Você consegue fazer isso

por web?”. E quantas e quantas vezes nós cancelamos viagens inteiras por

questões de economia, e óbvio, praticidade porque hoje em dia o tempo é muito

precioso. Então você não economiza só o dinheiro de um aéreo, você economiza o

tempo do executivo., desse deslocamento. Então ao invés dele se deslocar até a

Bahia, ou até Zurich, ele vai até um centro de web conference.

Laura: A ALATUR já vem fazendo isso.

Ormene: Exatamente. E não só o tele, mas também o web com treinamentos, por

exemplo, eu fiz nesse último ano que eu fiquei lá, de janeiro a junho que eu estava

lá, só para fazer essa transição de terceirização de eventos, acho que nós já fizemos

4 webs. Porque eu não vou ter tempo de deslocar a minha força de vendas do

campo, para um lugar onde eles vão perder dia de visitação, vão perder resultado

da empresa, então eu prefiro que eles continuem no campo, nós separamos uma

parte do dia para fazer o web, do que eu pegar três dias de treinamento. As

empresas já estão bem conscientes, e a web é mais efetiva do que a

teleconferência, pois a web a pessoa consegue te ver. Você consegue realmente

passar uma imagem mais efetiva.

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TAM Viagens

Laura: Você poderia contar um pouco das suas responsabilidades aqui na TAM

Viagens. Você atua com Lazer, correto?

Vinicius Braune: Isso. Na verdade a parceria com a Carlson Wagonlit para o

atendimento da área de lazer que começou em 2009. E eu trabalho na área

comercial aqui da TAM Viagens que é responsável por desenvolver todas as

parcerias da Carlson Wagonlit. Eu sou o contato direto com o cliente. Sou eu quem

visita o cliente, falo com eles se eles fazem a liberação de divulgar a área de lazer

para o cliente, e vou conduzindo o dia-a-dia.

Laura: Você falou que atua diretamente com o cliente.

Vinicius: Perfeito. Em parceria com a Account Manager. Eles falam “Vinicius, vamos

lá visitar tal empresa, que eles querem conhecer a área de lazer da Wagonlit”. Nós

vamos até lá, apresentamos a área de lazer, e depois a partir daí começa o

relacionamento. Eu vivo mandando promoções para eles, para que eles divulguem

internamente nas empresas.

Laura: Como é essa demanda? Pois é um público corporativo, que tem essa

possibilidade de adquirir uma viagem de lazer.

Vinicius: Sim. A diferença é que no Corporativo, quem paga é a empresa, direto com

a Carlson Wagonlit, e que no lazer cada um paga a sua viagem diretamente o cliente

final.

Laura: Então basicamente, os clientes da Wagonlit.

Vinicius: Sim, os colaboradores das empresas clientes da Wagonlit.

Laura: e vocês atuam com outras TMC’s, outras agências?

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Vinicius: Sim. Hoje com a AVIPAM e também a BBTur. Todas nesse segmento. São

agências que deixaram de ter uma área lazer, e optaram por contratar uma empresa

terceira para realizar esse atendimento.

Laura: No caso a TAM Viagens. E vocês já possuem toda a expertise de atuar com a

TAM Viagens, e já adiciona isso com esses clientes.

Vinicius: Perfeito. Mas são equipes diferentes que cuidam de cada TMC. Eu

particularmente cuido da Wagonlit.

Laura: Gostaria de saber sobre a hospitalidade. Pois eles estão vendendo um

serviço, eles são intermediadores, eles têm vocês como parceiros, e dependem

também da qualidade do serviço que vocês oferecem. A TAM Viagens tem uma

preocupação com a qualidade, fornecedores?

Vinicius: Sim. A TAM Viagens tem uma área de qualidade. Que é uma área que vive

fazendo controle. Então se o fornecedor tem mais que três reclamações, esse

fornecedor passa a ser visitado, sendo ele um hotel, sendo ele uma empresa de

logística, e a partir dai ele é avaliado se ele continua ou não sendo fornecedor da

empresa.

Laura: E os clientes, no caso eles fazem isso através de pesquisa no site?

Vinicius: Isso. É porque a Carlson Wagonlit aplica uma pesquisa de satisfação em

cima de todo o trabalho que a TAM Viagens faz mensalmente. Então ali eles falam

como está a qualidade do serviço, como está a qualidade do atendimento, e nós

temos um nível mínimo que temos que atingir. E a TAM Viagens vem atingindo esse

mínimo desde 2009, então é algo que nós não temos problema.

Laura: Que ótimo. Então é bem positiva essa relação entre vocês e o cliente da

Carlson Wagonlit.

Vinicius: Super positivo! Nós tivemos crescimento de 31% em 2013, comparado com

2012, o que é bacana. Só vem crescendo, acho que é uma ideia inteligente da

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Carlson Wagonlit, de contratar uma empresa que é especializada, assim ela não sai

do foco dela que é o atendimento corporativo.

Laura: E você está aqui há quanto tempo?

Vinicius: Estou aqui desde o ano passado, todo esse tempo cuidando da Carlson

Wagonlit.

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ABRACORP

Tanabe: A ABRACORP é uma associação que hoje congrega 32 agências de

viagens, essas agências movimentaram algo em torno de 12 bilhões de reais no ano

passado, 2012. E qual é a missão da entidade? É ela ser um referencial para a

indústria como um todo, para todos os stakeholders. Ela ser um referencial no

processo de gestão de viagens, ou o que está se dizendo agora, gestão da

mobilidade corporativa nas organizações, então sermos uma referência. E ser uma

referência como? Para o associado, trazer as melhores práticas, inclusive de fora do

nosso ambiente. Nós também temos relacionamento com várias associações,

inclusive de clientes, e de fornecedores, para que nós possamos interagir com eles,

conhecendo o que eles têm de novo, voltado evidentemente para o segmento

corporativo. E nós tentarmos trazer isso, trazer a informação para o associado, do

que está acontecendo de novo e do que pode vir a acontecer no nosso setor. O

papel da associação é prover ao associado com informações, com dados

estratégicos, ou com informações estratégicas, para que ele consiga fazer o

desenho do negócio dele, e adaptar o negócio dele. Não que ele vá fazer o que a

associação fala, mas vai evidentemente servir como guia para ele tomar algumas

decisões estratégicas na empresa. É a referência que nós falamos. E dentro deste

contexto, a ABRACORP tem alguns Comitês, hoje nós temos 3 comitês bastante

atuantes. O primeiro comitê, que é de Produtos e novos negócios, é isso, como por

exemplo, semana que vem nós teremos uma reunião com uma cia aérea, que está

indo para o mercado com uma ferramenta, um produto novo, e então chamamos

eles e “venham explicar para nós o que é essa ferramenta, e de que forma a

associação e seus associados podem interagir, entender como funciona”. Então

esse Comitê de Produtos e novos negócios, que é formada por associados, os

nossos Comitês são exclusivamente dos nossos associados e para os associados.

Nós estudamos as mudanças que ocorrem no setor, na indústria, para nós

prepararmos e levar ao associado. Dentro desse comitê também nós trabalhamos

com prevenção de fraudes, que hoje está muito complicado, então já é um tema que

estamos abordando muito forte, inclusive com as outras associações e fornecedores,

como a ABEAR, que é a Associação Brasileira de Empresas Aéreas. Nós temos

conversado com eles nessa linha. Temos também o Comitê de desenvolvimento

humano que já trabalha a capacitação do profissional que trabalha na ABRACORP,

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nas associadas da ABRACORP. Hoje a ABRACORP tem mais de 9.000

colaboradores trabalhando nela, diretamente. Nós tentamos preparar capacitação de

liderança, principalmente capacitação de lideranças, que é o grande problema que o

setor vive, pessoas que não estão preparadas estão assumindo algumas funções de

liderança, e ai você imagina, se ela não é preparada, imagina o caos que vai gerar

pra baixo dela! Nós estamos tentando preparar, levar orientação, levar empresas

que possam preparar esses profissionais, dentro das associações. Capacitação é

um tema muito forte dentro da ABRACORP e dentro desse Comitê. O terceiro

Comitê é o de Tecnologia, como o próprio nome diz, nós acompanhamos o que está

acontecendo na indústria de novo, trazer para dentro de casa, preparar, e também,

fazer um benchmarking interno, das melhores praticas que cada um está adotando

em tecnologia. Com isso, nós tentamos reduzir custos para os associados, trazer

novos fornecedores para atender os associados, para que possam oferecer menor

custo, e isso a gente transfere para o nosso associado. Outro comitê que nós

estamos formatando agora e a gente vai entrar mais forte em 2014 é o comitê de

eventos. É um comitê que vai trabalhar o que acontece na indústria de eventos,

como é que nós temos de estar preparados para enfrentar o que está acontecendo

nesse setor que nós temos uma interação direta, ainda mais que 2014 temos uma

ano com Copa do mundo, nós não sabemos o que vai acontecer. Ontem nós

soltamos uma pesquisa para 550 empresas perguntando sobre qual é a perspectiva

que eles estão vendo para 2014, sobre vários aspectos, não é especifico sobre um

tema, mas sobre alguns temas, para que a gente possa compartilhar com os nossos

associados, e para que a gente possa compartilhar nossa perspectiva para os

clientes também. De outra parte, além da questão dos comitês, o nosso objetivo é de

trazer e juntar todas as informações possíveis que acontecem na indústria,

centralizando isso na ABRACORP, e depois disseminando isso como informação.

No nosso site nós temos uma parte hoje chamada biblioteca, onde você vai

encontrar várias pesquisas. Todo trabalho, encontros e palestras, nós carregamos

na biblioteca. Então ele começa a ser a referencia sobre todos os aspectos, não só

ao nosso associado, mas ele passa a ser uma referencia para o cliente corporativo,

e passa a ser uma referencia para o fornecedor, para que veja como a ABRACORP

e seus associados estão vendo essa indústria. Então nosso trabalho é trazer em um

único ambiente todos esses stakeholders que existem, e nós trabalharmos essa

informação e fazer uma interação de out put e de in put, para que não haja

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surpresas no meio do caminho de referencias do que está acontecendo e do que

não está acontecendo. Então nos tentamos cumprir essa missão de ser a referencia,

e para cumprir essa missão nós temos alguns steps, seguindo alguns princípios. Nós

temos princípios muito claros de sermos uma entidade transparente, uma entidade

ética na sua relação com o associado e com o fornecedor, e vários outros aspectos,

de qualidade, desenvolvimento, uma série de coisas, mas acho que o principal hoje

para uma associação, é transparência e ética. Esses dois pintos são fundamentais.

As entidades e as pessoas procuram ver em uma associação esse tipo de postura.

Que seja transparente no compartilhamento de informação, com todos os seus

stakeholders, e que ela tenha uma conduta muito ética nessa relação. E por causa

disto nós temos ido a empresas, e empresas tem vindo até a ABRACORP para

entender como é esse ciclo da relação coma TMC, qual é o papel, que hoje a TMC

está executando. Então nós temos ido a grandes empresas fazer esse trabalho.

Algumas empresas querem até contratar a ABRACORP para fazer uma consultoria,

o que não é o caso. Nós podemos até fazer a consultoria, mas sem custo nenhum

porque para a ABRACORP é importante isso. É importante que o cliente entenda

claramente como é esse mapa de jogo, e como funcionam as regras, porque aí ele

vai poder interagir com a TMC que é nosso associado, de uma forma muito mais

tranquila.

Laura: Isto que eu gostaria de saber, e você explicou, essa relação que vocês têm

com as empresas.

Tanabe: é nós temos ido, e nessa semana mesmo, nós estamos lançando uma

plataforma, apoiando um provedor, que está oferecendo um ambiente seguro de

trabalho, um ambiente de baixo custo, para se relacionar com a hotelaria, e as redes

de hotéis que existem no Brasil. Este cara lançou, a ABRACORP está investindo

nessa plataforma, e evidentemente a gente está apoiando para divulgar essa

plataforma. Nós estivemos no Rio de Janeiro divulgando isso, para um grupo de

empresas, estava lá a Transpetro, Petrobras, e nós estávamos explicando o que é

essa plataforma e ao mesmo tempo interagindo com esse cliente. A mesma coisa

nós faremos em um grupo de empresas aqui em São Paulo e mais para o final do

mês em Campinas com um outro grupo de empresas. Então esse é o papel nosso,

da ABRACORP, de forma transparente e ética, estar se relacionando com o cliente,

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porque ali dentro, existem muitos clientes que são atendidos pelos nossos

associados, pela ALATUR, pela Flytour, pela Carlson entre outros. Tem que ter uma

relação muito ética, não só com o associado, como com o cliente dele. Tem que ter

muito cuidado com o que eu falo, os ele, cliente, pode usar de uma informação que

eu soltei para atacar o meu associado até, “pressionar”. Então eu tenho que ser

muito verdadeiro e muito transparente no meu comunicado, ou na minha interação

com esse cliente final. Mas nós achamos um ponto fundamental. Quando eu assumi

a ABRACORP aqui como diretor executivo em 2012, nós estabelecemos como meta

uma atuação em três pilares. O primeiro pilar era o associado. Nós precisávamos

fazer com que a “Laura” que trabalha na Carlson Wagonlit como consultora, que ela

soubesse o que é a ABRACORP e seu papel. Era fundamental isso, pois a “Laura”

está falando com o cliente, e o cliente houve sobre a ABRACORP em algum lugar e

pergunta “Laura” o que é a ABRACORP. Imagina ela dizer que não sabe? Faz parte

dessa associação. Então nós começamos a trabalhar no ano passado uma

comunicação mais forte, mais próxima do associado, não é com nível hierárquico

superior, nós temos também reunião todo o mês com os diretores gerais das

agências, mas também de baixo, nós atuamos diretamente com a comunicação de

email marketing com esse consultor, nós tentamos nos aproximar. Claro que não é

da noite pro dia isso. nós começamos a fazer esse trabalho e hoje nós acreditamos

que a percepção é outra. O outro tripé que nós atuamos, é o fornecedor, pois ele

precisa entender que aa ABRACORP pode ser um canal de comunicação se ele

quer se relacionar a agência. Nós queremos que o fornecedor entenda que a

associação é uma importantíssima via de comunicação. E o que eu falo para o

fornecedor “Fornecedor, aquilo que você fala que vai entregar, você está entregando

mesmo? Se está entregando ok, nós vamos te apoiar, para divulgar o seu produto lá

na agência, explicando que é um produto que tem valor agregado para a agência e

para o cliente dela. Nós começamos a fazer isso no ano passado, e estamos em

relativo sucesso. E o terceiro ponto desse tripé que é o cliente final, que era distante

da ABRACORP, ou raramente se encontrava com a ABRACORP, e nós começamos

desde o ano passado uma interação muito forte com esses clientes finais, e nós

tínhamos 50m clientes corporativos cadastrados no nosso mailing, ao todo hoje nós

temos quase 600 clientes cadastrados. Mensalmente nós soltamos na comunicação,

um boletim informativo da ABRACORP. As coisas que estão acontecendo na

associação, ou na indústria, a gente precisa comunicar. Nós precisamos falar com o

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nosso cliente final “olha, está havendo um problema de fraude muito sério, muito

perigoso, as cias aéreas estão sendo fraudadas, as agências de viagens também.

Nós estamos tomando algumas ações para evitar isso, nosso cliente final precisa

saber disso, que o mundo da internet não é essa maravilha, que é só um toque e

está tudo bem, não é assim. Você tem n situações de fraudes que acontecem hoje

na internet, e que hoje a cia aérea, as agencias estão pagando por causa desse tipo

de coisa. Estando esse tripé, o associado, o fornecedor e cliente final, conhecendo o

que a ABRACORP faz, conhecendo o espaço que ele pode explorar na

ABRACORP, como ele pode explorar, obtendo informação, distribuindo informação,

pesquisando, sabendo que ele pode usar a ABRACORP, a ABRACORP vai estar

exercendo o seu papel, sendo um driver no mercado de viagens corporativas e de

mobilidade corporativa. Nós vamos estar atuando como drivers, é isso que nós

entendemos e que é a nossa missão.

Laura: Disponibilizar essas informações é importante até mesmo para nós alunos.

Tanabe: Sim. No nosso quadro de estatísticas nós analisamos o mercado de

viagens e sempre fazemos um comentário, uma analise nossa do que vai acontecer

no setor, ou na indústria. No ano que vem nós já estaremos com dados mais

completos sobre a questão da mobilidade como um todo, ou seja, os recursos que

hoje fazem com que a agência de viagem corporativa consiga ser um elo de ligação

dentro dessa complexa rede de mobilidade. Qual a leitura que eu faço hoje, o papel

da uma agência hoje não é apenas fazer gestão de viagens. A gestão de viagens

hoje é muito pequeno, o que nós temos que fazer de verdade, é a partir do momento

em que a “Laura” trabalha em uma empresa x, e ela recebeu a missão de fazer uma

viagem a fim de negócio, nós agência de viagem temos que cuidar da “Laura” desde

o momento que ela sai de casa, até o momento que ela volta pra casa. Ou seja, nós

temos que prover informação para você, tem que prover recursos para você, para

que de forma móbil, consiga verificar isso. até a questão de táxi hoje, para lançar as

despesas, não se preocupa em ter que fazer uma prestação de contas depois. Hoje

existe uma palavra chamada expense management que é exatamente dentro do

recurso de viagens corporativas. É isso que nós estamos fazendo hoje, desde o

momento que ela sai até o momento que ela chega em casa, a agencia de viagens

tem que estar interagindo, ela tem que ser um elo de ligação. Se tiver um problema,

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pra quem vai recorrer? Vamos recorrer a uma agencia de viagens corporativas, este

é o intuito que você deve ter detectado nos seus encontros, e é exatamente isso que

a gente está buscando. Comprar uma passagem aérea você pode fazer em qualquer

lugar hoje, assim como reservar um hotel. O que nós temos que fazer é que você

reserve o melhor hotel dentro do seu critério de necessidade que você precisa. Se a

“Laura” vai viajar para o Rio de Janeiro, vai se reunir com alguém na Av. Rio Branco,

não adianta simplesmente ver um hotel no Rio de Janeiro mais barato. Esse hotel

mais barato no Rio de Janeiro pode ficar na Barra, isso é algo que nós temos que

preparar o nosso consultor para que ele consiga fazer isso, atender de forma

coerente, e preparar tecnologia para isso, buscar tecnologia para isso. outra coisa,

não é o papel da TMC desenvolver a tecnologia. O papel dela é fazer as conexões

necessárias para que isso aconteça. É isso que nós temos que fazer. E você pode

até perguntar “com isso a agência de viagens vai morrer, pois todo mundo faz

tecnologicamente”. Não. A nossa percepção é, por exemplo, nos Estados Unidos

hoje você percebe isso, as agências de lá morreram? Não. Qual é o índice de

utilização de internet lá? É absurdo. Todo mundo usa um iphone ou um tablet, um

smartphone, usa para tudo hoje, até para pagar conta. E as agências de viagens

existem, e gigantescas estruturas. Por quê? Cliente corporativo, pois ele necessita, e

vai necessitar sempre, de uma estruturação, de um suporte de uma TMC, não tem

como. Não vamos dizer eternamente. A TMC vai morrer se ficar parado pensando

que ele só tem que emitir passagem aérea, se ele pensar isso ele vai morrer. Ele já

morreu. Qual o problema que as agências de varejo hoje estão sofrendo, que são

essas agências de rua que atendem o CPF, não o CNPJ? Essas agências estão

sofrendo muito porque a grande maioria delas está esperando no escritório, o cliente

vir. Ele não vai vir, porque ele está dentro de casa, acessando a internet. Nós, a

agência de viagem de varejo, ela tem que bater porta a porta e convencer a pessoa

a ir à agência para comprar. E outro detalhe, a diferença de valor quando a pessoa

está dentro da agência, eles conseguem oferecer um valor agregado para o cliente,

coisa que na internet você não consegue. Ninguém consegue oferecer valor

agregado pra você. Agora, uma TMC, um agente bem capacitado, ele consegue

oferecer valor agregado. Tanto é que saiu uma matéria na Revista Exame, do

Hotel.com, que é um dos gigantes da venda online, tem um projeto de abrir 10 lojas

em shopping no ano que vem. Porque um bilhete, ou um produto que ele vende no

site, o cliente gasta 100 reais. Agora se o cliente vai a loja, ela gasta 200 reais. É o

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ticket médio. Então as lojas têm que fazer um ticket médio melhor, e uma loja de rua

faz isso melhor porque o vendedor consegue te oferecer alternativas e você como

cliente, com expectativas, começa a perceber que é legal. Por exemplo, você vai

World Tennis, e você gosta de um tênis de 150m reais. Você entra e vê que não tem

o seu tamanho e já te aconselham um outro que custa 250 reais. Essa é a estratégia

de marketing, apresenta um preço super competitivo para você, te conquistas, e

você entra, se o vendedor for bom, você sai com a sacola. Não tem jeito! Isso é algo

que vai existir sempre, em minha opinião. Porque o ser humano tem aquele

sentimento da satisfação pessoal, da compra, da conquista de um bem ou coisa

parecida. A loja de varejo ela tem como existir, mas ela tem que se reinventar,

investir capacitar mais o funcionário. É isso que nós temos de fazer. E o corporativo

é a mesma coisa, só que o corporativo tem que gerir um monte de informação, coisa

que um cliente corporativo não vai ter tempo, e não vai querer fazer isso. esse é o

papel de cada um. O cliente está começando a entender que o papel dele é produzir

remédio, é vender remédio. E ele sabe que o papel dele não e fazer gestão do

processo de mobilidade, quem tem que fazer isso pra ele, através de um SLA, uma

regrinha de entrega de tempo que você tem que cumprir com o cliente. Então com

um contrato bem feito disso, e a agência tem que responder isso em tanto tempo.

Documenta isso e acabou. Esse vai ser o papel da agência. Essa é a linha. E a

agência também não tem que investir para desenvolver em treinamento. Ela chama

um parceiro e diz “é isso que eu tenho necessidade, desenvolve para mim”. É cada

um cumprindo o seu papel.

Laura: Eu trato também sobre a hospitalidade no meu trabalho, e o papel de vocês,

o acesso a informações, valoriza o serviço da TMC.

Tanabe: o que as TMC’s precisam entender, e esse é um papel que nós

trabalhamos, de orientação, é dar valor a si. Valorizar o seu papel, transformar em

valores financeiros mesmo a qualidade do serviço que ele presta. E ele presta hoje

serviços para todos os stakeholders. Para o cliente ele presta serviços, para o

fornecedor, para o colaborador. Ele presta serviço e tem de cobrar serviço para

todos estes aqui. Hoje a TMC cobra serviço só em um. Está errado, pois ele presta

serviço para todos, e precisa cobrar por este serviço. É isso que a gente está

mudando, a perspectiva de que a TMC ela é uma prestadora de serviços, e como tal,

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ela presta serviço também para o fornecedor, hoje acontece isso. então a relação

começa a mudar, como quem paga o quê, e quem paga pra quem. Isso está

mudado também na indústria, agora tem de ser de uma forma muito clara e

transparente essa relação. Mas é algo que vai ter muitas mudanças daqui a alguns

anos. Muita interação de investimento em tecnologia, mas a tecnologia tem um

limite, pois é o lógico. Isso funciona através de lógica, 1 + 1 tem que ser 2. E as

vezes dentro dessa ralação, 1 + 1 aqui fica 1,5, ou 3. Que é a interação do ser

humano, do toque humano no processo e é isso que sempre vai existir. Mas é um

sistema logico, alguém tem que operar. É isso que as pessoas se esquecem.

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GBTA

Laura: Fale-me um pouco sobre a GBTA e o trabalho dela.

Wellington: A GBTA tem 40 anos, antiga NBTA. E em 2010 ela se torna a GBTA, por

conta da globalização. Ela possui hoje mais de 6.000 membros no mundo, e está em

todos os BRICS. Aqui no Brasil está presente há quase 2 anos, em escritório

compartilhado. Na GBTA Brasil já possuímos 100 associados, entre TMC’s, gestores

de viagens e de eventos, companhias aéreas, hotéis.

Laura: E especificamente com as TMC’s?

Wellington: Atuamos principalmente com fonte de pesquisa, através da Fundação

GBTA, a Academia GBTA Brasil, com certificação profissional e internacional.

Atuamos com as melhores praticas no mercado. Além disto, as empresas que são

membros da GBTA Brasil, também se tornam membros da GBTA global, e todas

podem estar nos eventos, como o GBTA Convention que acontece nos Estados

Unidos todos os anos.

Laura: Essa parceria é importante, então?

Wellington: É importante por conta da globalização, é uma associação global. Assim

como algumas TMC’s já são internacionais, como é o caso da Carlson Wagonlit, e

agora da ALATUR. Toda TMC deve buscar por evolução e competitividade.

Laura: Como você vê a mobilidade corporativa hoje nas TMC’s?

Wellington: Está se tornando uma especialidade nas TMC’s, ainda mais por

questões estratégicas. As TMC’ que não buscarem por tecnologia, inovação, não

terão espaço no mercado.

Laura: Vocês realizaram no Rio de Janeiro o Simpósio de Viagens Oil, Gás &

Marine. Poderia falar um pouco mais sobre o evento?

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Wellington: Essa é uma realidade brasileira, então o momento para a realização

desse evento foi muito bom. É um segmento muito forte, e vai se tornar cada vez

mais forte por tendências de crescimento aqui no brasil, como o pré sal. o evento

contou com mais de 100 profissionais de viagens corporativas.

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MAPA DE STAKEHOLDERS

Sobre stakeholders:

“ qualquer grupo ou individuo que afeta ou é afetado pelo alcance dos

objetivos da empresa”. (FREEMAN, 1984)

“Gestão da mobilidade corporativa visa minimizar os riscos, custos e

incidentes imprevisíveis na movimentação de pessoas de uma determinada

organização, desfragmentando operações que estão excessivamente diluídas no

cotidiano das empresas; a falta de uma visão geral de brechas e falhas que

podem levar a más decisões, sejam de natureza financeira, ou acima de tudo,

aqueles que são supostamente para garantir o bem estar dos viajantes.”

(FERREIRA e WADA, 2011).