TCC LOGÍSTICA INTEGRADA A
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A INADEQUAÇÃO DA CONTABILIDADE TRADICIONAL NO TRATAMENTO DOS CUSTOS LOGÍSTICOS
AUTORA: BRUNA DE ARAUJO PAREDES
PROFESSORA ORIENTADORA: ENY MANSO LUZ
RESUMO
Este estudo tem como objetivo mostrar através de pesquisa bibliográfica que a contabilidade tradicional, em geral, interpreta de forma equivocada os custos logísticos e a sua importância dentro do planejamento estratégico das organizações. A função da logística vem se tornando cada mais vital nas organizações por conta da complexidade no desenvolvimento dos processos de distribuição física e administração dos materiais. A contabilidade, muitas vezes desconsidera processos que são determinantes na obtenção final de um menor custo de produção e distribuição. Conceitos como supply chain management e trade-off, vem sendo aplicados com a finalidade de otimizar a logística integrada e gerar padrões de qualidade nos produtos e serviços, que utilizados estrategicamente, se tornam uma excelente ferramenta de vantagem competitiva dentro do mercado. O estudo busca demonstrar os processos e trocas compensatórias determinantes para melhor tomada de decisão que devem ser consideradas pelas organizações, bem como apontar os erros cometidos nas organizações que tomam determinadas decisões apoiadas apenas no pilar da contabilidade geral.
PALAVRA-CHAVE: globalização , logística, supply chain management,
INTRODUÇÃO
A logística está presente em praticamente todas as atividades exercidas em nosso dia a
dia, e nas organizações não poderia ocorrer diferente, porém seu conceito sofreu modificações
ao longo do tempo, influenciadas pelas constantes mudanças no ambiente externo. A
velocidade com a qual a informação passou a circular, junto à sofisticação das necessidades
dos clientes fizeram com que os avanços tecnológicos se dessem na mesma intensidade, o que
permitiu uma verdadeira expansão nos conceitos de qualidade e compromisso com o cliente,
afinal, já não bastava simplesmente obter um produto, e sim, obtê-lo com um
comprometimento de curto espaço de tempo e qualidade exemplar.
Com os avanços tecnológicos e a implantação da logística integrada facilitaram-se e
aprimoraram-se os serviços de distribuição e administração dos materiais e produtos. O
desenvolvimento de softwares de sistemas logísticos integrados permitiram o maior controle
no estoque; melhor escolha do modal de transporte; e maior agilidade no processamento dos
pedidos, tudo isso faz com que as entregas aconteçam de forma muito mais eficaz e com
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qualidade garantida, gerando quando não um custo mais baixo, um valor maior agregado pelo
cliente.
O estudo tem por objetivo fazer com que as empresas passem a enxergar seus fluxos
de materiais, de informações e de recursos financeiros sob um anglo multifuncional e assim
tornar a atividade de logística uma das principais ferramentas para aumentar a
competitividade em empresas dos mais variados setores, visando agregar valor para os
clientes e otimizar os custos.
REVISÃO DE LITERATURA
A ideia de adicionar a esta pesquisa a evolução dos conceitos da logística até a sua
posição gerencial atual, constitui uma base fundamental para o entendimento das relações
compensatórias que hoje regem os mais diversos processos de distribuição física e
administração de materiais em todo mundo. Segundo Chiavenatto (2005), o avanço das
empresas japonesas na década de 60, foi fundamental para a evolução dos processos e estudos
de logística. A criação de novos processos de produção e as políticas de qualidade foram
determinantes na conceituação da logística moderna. Sendo assim, começa-se a entender o
conceito de logística através de Ballou (1993), que identificou o seu estágio de empresarial
como sendo a entrega acertada do produto nas condições pré-determinadas, já citando
preocupações também com os custos deste processo, e assim a logística foi evoluindo até que
no início dos anos 80, novos conceitos e preocupações surgiram dentro das organizações. O
avanço da tecnologia de informação permitiu uma revolução em diversos setores
empresariais, entre eles, o setor logístico. A introdução de sistemas integrados e a
informatização dos processos permitiram, de acordo com Novaes (2007), uma reavaliação dos
custos logísticos, que passaram a considerar também o desempenho realizado em suas
diversas etapas.
A importância em acompanhar a globalização, o aumento da velocidade da informação
e os dos desejos do cliente, vem tornando a logística uma das áreas fundamentais dentro das
organizações. A ideia de avaliar os componente logísticos e identificar a melhor maneira de
combiná-los; somada aos avanços da tecnologia e a integração dos sistemas são os
ingredientes necessários para obter o menor custo para toda uma operação de entrega de
produto, além de agregar cada vez mais valor ao produto ou serviço acabado. Harisson
(2005) identifica toda essa integração, que inclui a geração de valor par o cliente, como uma
estratégia, uma vantagem competitiva para as organizações.
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Complementando todo o estudo, Fleury (2000) defende a inadequação das práticas
tradicionais da contabilidade em relação aos custos logísticos, que em sua maioria das vezes,
deixa de considerar vital para toda a organização, o gerenciamento de toda a cadeia de
suprimentos e suas considerações desde a obtenção da matéria-prima até a chegada do
produto ao consumidor final.
Seção 1: O CONCEITO DA LOGÍSTICA INTEGRADA
Muito antes de existir como um conceito gerencial, a logística já era praticada pelos
povos mais antigos. Alimentos e outras mercadorias eram espalhados pelo mundo, e para
adquiri-los, consumi-los ou utiliza-los como “moeda de troca” o homem, tinha de fazer uso
das três principais atividades da logística: estoque, armazenagem e transporte, porém, a
grande novidade no conceito, surgiu apenas no século XX, devido à globalização, incertezas
econômicas, proliferação de novos produtos e o encurtamento de seus ciclos de vida, e
também a maior exigência nos serviços. O efeito da globalização na logística foi
surpreendente, encurtar a distância entre os pontos de venda e os clientes, comprar e vender
em diversos locais do mundo acarretou um aumento bastante significativo nos números de
clientes, pontos de venda, fornecedores e locais de fornecimento, e fez com que a logística
virasse uma função vital para a empresa. Segundo Ballou:
Logística empresarial tem com objetivo prover o cliente com os níveis de serviço desejados. A meta de serviço logístico é providenciar bens e serviços corretos no lugar certo, no tempo exato e na condição desejada ao menor custo possível. (BALLOU, 1993, p.38)
Diminuir o hiato entre a produção e a demanda, fazer chegar o produto certo, nos
lugares e quantidades certos, no tempo determinado, nas condições estabelecidas no pedido e
ao menor custo, foi a novidade surgida no século XX, a agora chamada logística integrada.
A figura 1 abaixo mostra o modelo conceitual de logística integrada e a forma como
suas etapas estão interligadas.
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A integração entre as etapas do processo logístico possibilitando a circulação maior
das informações, permite maior acerto nas tomadas de decisões referentes à administração de
materiais e à distribuição física dos produtos, pois colabora para uma melhor avaliação das
relações entre as etapas participantes do processo logístico, evitando desperdícios e
retrabalhos com entregas erradas, além do comprometimento da relação cliente x empresa.
Seção2: SUPPLY CHAIN MANAGEMENT – A TRANSFORMAÇÃO DA LOGÍSTICA
INTEGRADA
Para chegar à prateleira de uma loja ou à própria casa do consumidor final, o produto
passa por um longo caminho, que se estende desde o fornecimento de matérias-primas, passa
pelos fabricantes de componentes, manufatura do produto até a sua distribuição. A esse longo
caminho percorrido, formado pelos participantes de cada etapa, foi dado o nome de cadeia de
suprimentos e ao seu gerenciamento, através da integração dos processos de cada etapa, de
maneira a agregar valor ao produto final, chamamos supply chain management .
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O gerenciamento da cadeia de suprimentos ou supply chain management (SCM) veio
como uma grande transformação da logística integrada. Os avanços tecnológicos na
informática e nas telecomunicações viabilizaram esse conceito, integrando os processos
através de sistemas de informação, e permitindo uma maior coordenação e sincronização das
unidades organizacionais, em outras palavras, o SCM analisa a cadeia de suprimentos como
um todo e não um conjunto de etapas separadas. De acordo com Novaes:
(...) os ganhos que podem ser obtidos através da integração efetiva dos elementos da cadeia, com a otimização global de custos e de desempenho, são mais expressivos do que a soma dos possíveis ganhos individuais de cada participante, quando atuando separadamente. (NOVAES, 2007, p.40)
Através desta nova forma de análise e gerenciamento da cadeia é possível realizar
relações compensatórias (trade offs) entre as etapas, como por exemplo: em determinadas
situações, a escolha de um modal de transporte mais rápido, mesmo que com um custo mais
elevado, pode eliminar um local de armazenagem intermediário ou um centro de distribuição,
evitando assim um custo de armazenagem da mercadoria, e ainda pode acelerar o processo de
chegado do produto ao cliente, agregando assim valores aos seus serviços. Complementando
o pensamento, Chiavenato (2005, p.52) ressalta que ao se tratar a movimentação dos
materiais, que é uma etapa da cadeia de suprimentos, como um processo separado dos demais,
poderar-se-á erroneamente buscar soluções para reduzir custos, que poderiam ocasionar
perdas em um outro setor, anulando o objetivo inicial de redução de custo.
Seção 3: A EQUAÇÃO ENTRE LOGÍSTICA, CADEIA DE VALOR E VANTAGEM
COMPETITIVA.
A integração dos processos através do SCM trouxe bastantes benefícios para a redução
dos custos logísticos, porém, tornou-se uma integração ainda mais estratégica ao levar em
conta as atividades geradoras de valor que ocorrem durante todo o caminho percorrido até que
o produto/serviço final chegue à casa do consumidor, que foram definidas por Porter como
atividades primárias e atividades de apoio, conforme ilustra a figura 2 abaixo:
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Mesmo a logística estando entre as principais atividades, chamada primárias, o
importante na análise da cadeia de valor, é justamente o elo entre essas atividades, uma
grande organização pode obter vantagem competitiva em qualquer atividade primária,
secundária, na combinação das duas ou em sua combinação com o ambiente externo.
De acordo com Harisson (2005, p.83) “A cadeia de valor divide os processos
organizacionais em atividades distintas, que criam valor para o cliente. As atividades que
agregam valor são uma fonte de força ou vantagem competitiva”, ou seja, não se deve levar
em consideração apenas a execução de cada etapa em si, e sim na forma como elas são
executadas.
É de suma importância adquirir uma imagem forte, confiável para a organização não
só pela qualidade do produto/serviço vendido e sim por todo o atendimento prestado ao
cliente, acumulando assim um capital muito mais valioso do que qualquer economia adquirida
ao longo do processo, que é satisfação do consumidor.
Seção 4: CONTABILIDADE TRADICIONAL – VERDADEIRA BARREIRA DE
IMPLANTAÇÃO DA LOGÍSTICA MODERNA
De um modo geral, a organização vem prestando maior atenção no que a contabilidade
tradicional chamou de atividades indiretas, que são atividades que não estão diretamente
relacionadas à produção, tais como marketing, transporte, armazenagem, serviços
direcionados ao cliente. Fleury (2000, p.67) aponta que “Na prática tradicional, faz-se um
rateio dos custos indiretos de acordo com o volume de vendas a cada cliente”, ou seja, se os
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custos indiretos da organização representam 20% do valor do total das vendas, para o total de
cada cliente será considerado também 20% como sendo valor dos custos administrativos,
porém, em nenhum momento a contabilidade considera o esforço de venda para aquele cliente
ou o tempo de processamento de pedido, o número de pedidos que esse cliente faz se existe
necessidade de embalagem especial, enfim a contabilidade tradicional não considera o tipo do
cliente, ele é simplesmente medido pelo seu valor bruto de compra. Ao analisar a fundo todas
as relações, chega-se a conclusão que na empresa existem clientes que não são rentáveis, que
são àqueles que contribuem muito pouco para o lucro ou chegam a dar uma contribuição
negativa, pois o seu custo de atendimento é superior ao valor da venda. Desta forma,
considerando a doutrina aplicada pela contabilidade, clientes rentáveis e não rentáveis são
percebidos da mesma forma, dispensando assim uma oportunidade estratégica de investir no
relacionamento com cliente.
Na logística moderna existe ainda outra prática que a contabilidade não considera que
vem se tornando fundamental na composição dos custos logísticos, é o uso das relações
compensatórias, uma espécie de balanceamento entre as etapas da cadeia de suprimentos, os
chamados trade-offs realizados ao longo do processo logístico. A contabilidade prioriza a
redução do custo individual de cada etapa sem avaliar os impactos na etapa seguinte,
possibilitando assim mais uma prática que pode comprometer a qualidade do serviço em
relação ao atendimento ao cliente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O presente artigo buscou mostrar a evolução do conceito de logística ao longo dos
tempos, mapeou seus aspectos principais e identificou as barreiras existentes para sua
implantação dentro das organizações.
Desta forma, a pesquisa feita através da leitura e interpretação de diversos autores
colaborou para um maior entendimento sobre a importância de um processo em si e de tudo
que a ele está relacionado. O pensamento do processo em forma de cadeia e o gerenciamento
adequado a ele aplicado, destacando-se a relevância entre os elos de cada etapa vem se
mostrando uma estratégia bastante utilizada pelas organizações.
A escolha desse tema deve ser justificada pela sua relevância nos dias de hoje. Ao
contrário do século XX, o século XXI já começou com total ênfase nos componentes
logísticos, e é de fundamental importância conhecer seus aspectos positivos e suas
dificuldades. O domínio desse tema diferencia um profissional dentro do mercado da
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administração, visto que nenhuma grande organização hoje funciona sem um profissional de
logística. A todo tempo surgem novas estratégias baseadas nos componentes logísticos como
tempo, transporte, estoques e nos trade offs entre eles.
REFERÊNCIAS
BALLOU, Ronald H., Logística empresarial- transportes administração de materiais distribuição física, Ed. Atlas, 1993.
CHIAVENATO, Idalberto, Administração de materiais: uma abordagem introdutória, Ed. Elsevier, 2005.
FLEURY, Paulo Fernando; WANKE, Peter; FIGUEIREDO, Kleber F., Logística Empresarial – A Perspectiva Brasileira, Ed.Atlas, São Paulo, 2009
HARRISON, Jefrey S., Administração estratégica de recursos e relacionamentos, Ed. Bookman, Edição 1, 2005.
NOVAES, Antonio G., Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição, Ed. Elsevier, Edição 3, 2007.