TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

57
INSTITUTO DE ENSINO VIDA CURSO DE TEOLOGIA LIGIA CLAUDIA PINTO UM BREVE DIALOGO ENTRE CIÊNCIA E RELIGIÃO Ampliando Conhecimentos para a Fé Cristã São Paulo 2015

description

UM BREVE DIALOGO ENTRE CIÊNCIA E RELIGIÃOAmpliando Conhecimentos para a Fé Cristã

Transcript of TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

Page 1: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

INSTITUTO DE ENSINO VIDA

CURSO DE TEOLOGIA

LIGIA CLAUDIA PINTO

UM BREVE DIALOGO ENTRE CIÊNCIA E RELIGIÃO

Ampliando Conhecimentos para a Fé Cristã

São Paulo

2015

Page 2: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

LIGIA CLAUDIA PINTO

UM BREVE DIALOGO ENTRE CIÊNCIA E RELIGIÃO

Ampliando Conhecimentos para a Fé Cristã

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Instituto de Ensino Vida - IEV, como requisito

parcial para a obtenção do título de Bacharel em

Teologia.

Orientador: Prof. Paulo Bruno dos Santos

São Paulo

2015

Page 3: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

LIGIA CLAUDIA PINTO

UM BREVE DIALOGO ENTRE CIÊNCIA E RELIGIÃO

Ampliando Conhecimentos para a Fé Cristã

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado, apresentado ao IEV - Instituto de

Ensino Vida, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em

Teologia, com nota final igual a _____, conferida pela Banca Examinadora

formada pelos professores:

__________, ___ de _____________ de _____.

________________________________________

Prof. _____________________

__________________________

________________________________________

Prof. _____________________

__________________________

________________________________________

Prof. _____________________

__________________________

Page 4: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

Dedico aos colegas e amigos, que

confiando tanto na ciência e não

reconhecendo a plenitude, a sabedoria e

a soberania de Deus sobre todas as

coisas, me inspiraram na escolha deste

tema.

Page 5: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

AGRADECIMENTOS

A Deus, este Pai Maravilhoso, por ter me dado saúde e força para superar todas as

dificuldades.

Ao meu filho, que com dedicação e amor sempre me deu apoio, incentivo e muitas

vezes me animou a prosseguir nesta jornada.

Aos meus pais, pelo amor, carinho, incentivo que me deram durante toda a vida.

Ao Instituto Vida Nova, que Abriu suas portas fornecendo a oportunidade de

enxergar um horizonte mais amplo do que é “Ser Cristão”.

Aos professores, que me ensinaram muito mais que a expectativa. Transformando

meu parco conhecimento em algo melhor para o Reino de Deus.

Ao meu orientador Bruno, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas

correções e incentivos.

Aos colegas de classe, que tornaram as aulas não só fonte de conhecimento, mas

de compartilhamento de vida.

E a todos que direta ou indiretamente participaram do processo de minha formação,

o meu muito obrigado.

Page 6: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

“Tudo dele procede;

Tudo acontece por intermédio dele; Tudo termina nele;

Glória para sempre, Louvor para sempre! Amém. Amém. Amém”.

Romanos 11:36 (Bíblia A Mensagem)

“Quem diz que há oposição entre a Religião e a Ciência apenas mostra que vai atrasado na ciência.

A ciência sem religião é manca; a religião sem ciência é cega.”. Albert Einstein

Page 7: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

PINTO, Ligia Claudia. Um Breve diálogo entre ciência e religião: Ampliando

Conhecimentos para a Fé Cristã. 2015. 57 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso

(Bacharel em Teologia) – Departamento de Ciências Teológicas, do Instituto de

Ensino Vida, São Paulo, 2015.

RESUMO

Atualmente os cristãos trazem a público seus pontos de vista limitando sua postura

apenas ao conhecimento religioso e negligenciando o conhecimento científico. A

proposta deste trabalho é ampliar o conhecimento cristão; mostrando a possibilidade

de diálogo entre a ciência e a religião, através da reflexão de que são temas

complementares na compreensão da ação de Deus, valorizando a diversidade e

buscando uma nova ótica de utilização deste conhecimento para promover o bem

social.

Palavras-chave: religião, ciência, teologia, diálogo, razão, fé.

Page 8: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

PINTO, Ligia Claudia. Um Breve diálogo entre ciência e religião: Ampliando

Conhecimentos para a Fé Cristã. 2015. 57 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso

(Bacharel em Teologia) – Departamento de Ciências Teológicas, do Instituto de

Ensino Vida, São Paulo, 2015.

ABSTRACT

Currently Christians publicly express their views limiting your posture only to the

religious knowledge and neglecting scientific knowledge. The purpose of this work is

to expand the Christian knowledge; showing the possibility of dialogue between

science and religion, through the reflection that both are complementary themes in

the understanding of God's action, valuing diversity and seeking a new way to use

this knowledge to promote social well.

Key-words: religion, science, theology, dialog, reason, faith.

Page 9: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

SUMÁRIO

1 Introdução ........................................................................................................... 10

2 Fatos históricos ................................................................................................... 11

2.1 Os debates astronômicos nos séculos XVI e XVII .................................................. 12

2.2 A visão newtoniana entre os séculos XVII e XVIII .................................................. 16

2.3 A controvérsia darwinista no século XIX. ............................................................... 18

3 Diálogo e Metodologia ........................................................................................ 22

3.1 A Importância do Debate. ....................................................................................... 22

3.2 Tipologia Metodológica .......................................................................................... 24

3.2.1 Conflito ..........................................................................................................................24

3.2.2 Independência. .............................................................................................................25

3.2.3 Diálogo. .........................................................................................................................25

3.2.4 Integração. ....................................................................................................................25

3.3 Considerando a diversidade no diálogo ................................................................. 26

3.3.1 Abertura. .......................................................................................................................26

3.3.2 Crítica. ..........................................................................................................................27

3.3.3 Respeito. .......................................................................................................................27

3.3.4 Não submissão. ............................................................................................................27

4 Os debates entre ciência e religião ..................................................................... 29

4.1 A guerra que não existe ......................................................................................... 29

4.2 As Principais Questões. ......................................................................................... 30

4.2.1 A Origem do Universo ..................................................................................................31

4.2.1.1 Big Bang ......................................................................................................................... 32

4.2.1.2 Princípio Antrópico ......................................................................................................... 33

4.2.2 Evolucionismo ...............................................................................................................34

4.2.2.1 Darwinismo ..................................................................................................................... 35

4.2.2.2 Neodarwinismo ............................................................................................................... 36

4.2.2.3 Teísmo evolucionário ..................................................................................................... 37

5 Nos dias contemporâneos .................................................................................. 39

6 Conclusão ........................................................................................................... 41

Referências ............................................................................................................... 43

Anexos ...................................................................................................................... 46

Anexo A - Pessoas que contribuem/contribuíram para o diálogo ......................................... 47

Anexo B - Supostos erros da Bíblia ..................................................................................... 54

Page 10: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

10

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta um conhecimento básico, introduzindo alguns

princípios necessários para que um cristão, que supostamente pouco ou nada saiba

sobre o tema, precisa para entender o diálogo entre ciência e religião.

Ele começa introduzindo fatos históricos que marcaram o início da ciência

moderna e da física clássica e as mudanças que trouxeram na interpretação dos

textos das Escrituras, e menciona como a “guerra” entre ciência e religião

supostamente teve seu princípio.

Logo após apresenta que para compreender o debate é preciso utilização

de um método, então descreve os tipos metodológicos mais aceitos entre os

acadêmicos cristãos e os teólogos.

Em seguida mostra quais os temas mais discutidos academicamente em

relação ao debate entre ciência e religião.

Por fim, apresenta como este debate se encontra nos dias de hoje.

Na conclusão, reúne os pontos importantes a serem considerados e quais

as possibilidades que o diálogo pode trazer como benefícios a sociedade.

Os anexos trazem nomes de pessoas que hoje são referências,

contribuindo para o debate entre religião e ciência; e alguns argumentos utilizados

para os supostos erros da Bíblia.

Page 11: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

11

2 FATOS HISTÓRICOS

Não é fácil entender como a interação entre ciência e religião começou no

mundo ocidental sem examinar três fatos históricos importantes:

Os debates astronômicos nos séculos XVI e XVII;

A visão newtoniana entre os séculos XVII e XVIII e

A controvérsia darwinista no século XIX.

Estes três temas são muito utilizados e comentados na literatura

relacionada com “ciência e religião”, este é um dos motivos para conhecermos

minimamente sobre eles.

Antes de apresentá-los é preciso contextualizar o cenário ocidental, onde

as ciências naturais se desenvolveram, em três momentos:

Durante a Idade Média importantes textos científicos da antiga tradição

grega e árabe foram traduzidos para o latim, língua corrente dos eruditos europeus.

Muitas obras de Aristóteles e comentários árabes sobre seus textos trouxeram

grande impacto sobre a filosofia e a teologia medievais, estimulando os debates

sobre as ciências naturais, impulsionando o seu desenvolvimento.

Na Europa ocidental aparecem as grandes universidades da Idade

Média, que contribuíram muito para o desenvolvimento das ciências naturais. Nessa

época as faculdades eram basicamente quatro: artes, medicina, direito e teologia,

com ensinamentos de lógica, geometria, música, aritmética, astronomia e filosofia

natural. Nas faculdades de Artes ofereciam as bases para estudos mais avançados

e eram onde se encontravam os cursos de filosofia natural que Abriam as

possibilidades para os estudos de temas científicos.

No contexto universitário começou a surgir uma nova classe de

“filósofos-teólogos naturais” que consideravam que o estudo do mundo natural era

teologicamente legítimo. Aristóteles (embora pagão) oferecia com suas obras,

recursos para a melhor compreensão do mundo natural, que Deus havia criado.

Devemos observar que muitos dos grandes nomes da ciência natural, nesta época,

foram teólogos que não viam contradição entre a fé e o estudo investigativo da

ordem natural.

Page 12: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

12

Dentro deste contexto e com a crescente ênfase na filosofia natural, era

necessário considerar a atenção dada à interpretação da Bíblia. Algumas passagens

eram interpretadas literalmente e outras alegoricamente; o debate acerca desta

questão e seu desenvolvimento adquiriram grande importância na Idade Média.

A distinção entre o sentido literal ou histórico e o sentido espiritual ou

alegórico mais profundo, acabou por ser aceita nos primeiros séculos da Idade

Média. O método de interpretação na época, chamado de “Quadriga” – sentido

quádruplo das Escrituras podia ser resumido em quatro sentidos:

Sentido literal – interpretando o texto como está escrito;

Sentido alegórico – interpretando certas passagens com o objetivo de

estabelecer doutrinas. Levando em consideração passagens pouco compreensíveis

ou com sentido literal inaceitável (por razões teológicas);

Sentido tropológico ou moral – interpretando passagens destinadas à

orientação moral para a conduta cristã;

Sentido analógico – interpretando passagens fundamentadas na

esperança da fé cristã, voltadas para a consumação futura de promessas divinas.

No ápice da Idade Média, Agostinho enfatizava que era necessário

respeitar as conclusões da ciência nos trabalhos interpretativos das Escrituras. Ele

acreditava que era preciso incentivar as pesquisas científicas para ajudar na

compreensão adequada de determinados textos. Para ele a interpretação bíblica

devia considerar o que pudesse ser aceito como fato estabelecido.

O método de Agostinho foi adotado e desenvolvido por Tomás de Aquino,

tornando-se popular entre os acadêmicos, e adotado por influentes e grandes

teólogos católicos romanos no século XVI.

2.1 Os debates astronômicos nos séculos XVI e XVII

Nesta época o mais importante elemento da cosmovisão era a crença no

geocentrismo. A Bíblia era interpreta a luz desta idéia e os pressupostos

geocêntricos eram aplicados a muitas passagens. O modelo geocêntrico foi

imaginado por Claudio Ptolomeu (sec. II) a partir das seguintes premissas:

A terra é o centro do universo.

Todos os corpos celestes circulam ao redor da Terra.

Page 13: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

13

Estas rotações são circulares, o centro das quais se movendo também

em outro círculo.

No final do século XV este modelo tornou-se complexo e insustentável,

conforme a observação mais detalhada acrescentava mais corpos celestes ao

modelo.

Durante o século XVI este modelo geocêntrico foi preterido em favor do

modelo heliocêntrico, onde o Sol ocupava o lugar central do universo e a Terra era

um dos muitos corpos a sua volta. Três grandes cientistas contribuíram para este

modelo:

Nicolau Copérnico (1473-1543)

Tycho Brahe (1546-1601)

Johanes Kepler (1571-1630)

O antigo modelo era amplamente aceito pelos teólogos, eles se

habituaram tanto a leitura bíblica através da visão geocêntrica que sentiam

problemas para a interpretação dos textos pela nova abordagem. Mas, como

encarar os aspectos teológicos deste novo modelo? Como repensar os conceitos

diante de mudança tão radical quanto ao centro do universo?

Isso levou os teólogos a reformular a interpretação de algumas

passagens bíblicas. Foram três tipos de interpretação mais importantes usados com

relação ao diálogo entre ciência e religião:

O modo literal – considera o texto como ele está escrito. Ao interpretar

o primeiro capítulo do Gênesis afirma que a obra da criação foi realizada em seis

dias (seis períodos de 24 horas cada).

O modo alegórico – admite que algumas passagens foram escritas de

forma inadequada a interpretação literal. Neste caso os primeiros capítulos de

Gênesis considerados narrativas poéticas ou alegóricas, de onde se tiravam

princípios éticos e teológicos; não tratando estas passagens como relatos históricos

literais sobre as origens da Terra.

O modo por acomodação - Este foi considerado o mais importante

método interpretação para a interação entre as ciências naturais e a interpretação

bíblica. Considerando que a revelação se dá de maneiras e formas cultural e

antropologicamente condicionadas, exigindo uma interpretação adequada. Entendia-

Page 14: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

14

se que os primeiros capítulos de Gênesis usam uma linguagem e imagens

correspondentes à cultura da audiência original e que deveriam ser interpretados

pelos contemporâneos adaptados, ou melhor, acomodados às condições de cultura

e dos costumes da época e local em que foram escritos.

O método por acomodação tornou-se de grande valor nos debates sobre

a relação entre teologia e astronomia nos séculos XVI e XVII.

O reformador João Calvino (1509-1564) fez duas contribuições positivas

para a avaliação e o desenvolvimento das ciências naturais. Incentivando o estudo

científico da natureza sua primeira contribuição diz respeito especificamente à

ênfase na ordem da criação, tanto o mundo físico como o corpo humano dá

testemunho da sabedoria e do caráter de Deus. A segunda contribuição importante

de Calvino foi eliminar o literalismo bíblico, que oferecia obstáculos ao

desenvolvimento das ciências naturais. Ele que a Bíblia se preocupava com o

conhecimento de Jesus, portanto, não era um texto astronômico, biológico ou

geográfico. Para a interpretação deveria ter em mente o fato de que Deus se “ajusta”

ás capacidades da razão e do coração humano. Deus precisa chegar ao nível

humano para que haja revelação, essa revelação oferece uma versão “acomodada”

e flexível de Deus para conosco, por causa de nossas limitações.

O impacto destas ideias no processo de teorização científica,

principalmente no século XVII, foi considerável.

No início do século XVII, na Itália, surgiu uma nova controvérsia

relacionada com o sistema heliocêntrico. Galileu Galilei (1564-1642) ao adotar a

posição copernicana em montar a principal defesa da teoria de copernicana do

sistema solar, usou um método de interpretação da Bíblia semelhante ao do frei

carmelita Paolo Antonio Foscarini. Este método não introduzia nenhum principio

novo, utilizando regras já existentes e argumentava que o modelo heliocêntrico não

era incompatível com a Bíblia, conforme a Lettera sopra l’opinione de Pittagorici e

del Copernico (Carta sobre a opinião dos pitagóricos e Copérnico), trabalho

publicado em 1615 por Foscarini.

Inicialmente as idéias de Galileu foram recebidas com simpatia nos

círculos mais respeitáveis da Igreja, influenciados por sua amizade com Giovanni

Ciampoli, o favorito do papa. Mas com a queda de Ciampoli em 1632, Galileu

tornou-se vulnerável as acusações e a Igreja Católica Romana acabou por condená-

lo, publicando a sua sentença em 1633. Esta condenação e a controvérsia gerada

Page 15: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

15

quase sempre são consideradas a luta entre ciência e religião ou entre o liberalismo

e autoritarismo, mas ficou claro que o tema dominante da discussão entre Galileu e

seus críticos estava na maneira de interpretar certas passagens. A condenação

oficial baseou-se em duas considerações:

Primeira: As Escrituras deviam ser interpretadas segundo o “significado

próprio das palavras”. Assim o método de Foscarini foi rejeitado a favor do método

literal. Ambos os métodos, eram considerados legítimos, além de há muito tempo

serem utilizados na teologia. O debate centralizou-se em determinar qual deles seria

o apropriado para certas passagens.

Segunda: A Bíblia deveria ser interpretada segundo a “interpretação e

a compreensão comuns dos Santos Padres e dos teólogos competentes”. O

argumento principal era que nenhuma “autoridade” respeitável havia adotado o

método de Foscarini até o momento, portanto deveria ser rejeitado como inovação.

Determinou-se, que para o catolicismo romano, os procedimentos de

Foscarini e Galileu fossem abandonados, pois não possuíam precedentes na história

do pensamento cristão.

O segundo ponto citado acima é muito importante e precisa ser analisado

com cuidado. Ele se relaciona principalmente com o amargo e longo debate

incentivado pela Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) entre o protestantismo e o

catolicismo romano. A ideia da imutabilidade da tradição católica tornou-se elemento

integral e constante da polêmica contra os protestantes.

O ambiente altamente politizado da época prejudicava o diálogo teológico,

com medo de que qualquer concessão ao novo pudesse ser considerada como

apoio às reivindicações protestantes de legitimidade.

Compreende-se assim por que as ideias de Galileu foram recebidas com

resistência. A questão principal era a inovação teológica: a aceitação do método de

interpretação utilizado por Galileu em certas passagens arruinaria a crítica católica

ao protestantismo. Para a igreja católica os protestantes introduziram novas

(portanto, erradas) interpretações.

Assim, a rejeição completa do ponto de vista de Galileu já estava

marcada. Em sua condenação por “heresia por inovação” Galileu teve a sentença de

abjurar publicamente suas ideias e à prisão por tempo indeterminado. Seus livros

foram censurados e inscritos no Index Librorum Prohibitorum (índice de livros

proibidos) do catolicismo romano.

Page 16: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

16

2.2 A visão newtoniana entre os séculos XVII e XVIII

O surgimento do modelo heliocêntrico resolvera os problemas de

geometria, no entanto, as questões de mecânica continuavam sem solução. Kepler

estabelecera princípios sobre o movimento e as órbitas planetárias, mas ainda era

necessário verificar seus fundamentos e sua importância. Era possível a

determinação destes movimentos poderiam depender de um único princípio? Isaac

Newton (1642-1727) utilizou grande parte de sua genialidade em demonstrar que

esse princípio poderia se fundamentar na “mecânica celeste”.

A contribuição dele foi demonstrar a conexão entre observações que

aparentemente não se relacionavam entre si e estabelecendo precisão a ideias que

não eram discutidas com frequência.

Ele começou seu trabalho buscando descobrir as leis que geravam os

movimentos, Definiu três leis que determinavam os princípios gerais do movimento

terrestre. Ao estudar as leis de Kepler, conseguir demonstrar que a força de atração

entre o sol e os planetas poderia ser determinada matematicamente, conhecida

depois por “lei da gravitação universal”.

Newton conseguiu determinar a órbita da lua com uma margem de

aproximadamente 10% de erro, margem que mais tarde foi corrigida quando a

distância entre a terra e a lua foi determinada com maior precisão; provando que a

teoria e a observação coincidiam.

Após esta breve análise histórica (sem grandes detalhes) de Newton e

suas conclusões, pode-se ver a importância de que Newton foi capaz de demonstrar

que uma grande parte das observações e dos seus dados era explicada a partir de

princípios universais.

O sucesso destas explicações da mecânica terrestre e celestial contribuiu

para o surgimento da “visão mecanicista” do mundo, que se baseava na ideia de um

universo considerado como uma grande máquina funcionando segundo “leis fixas”.

Esta teoria gerou implicações religiosas. Newton aceitava a interpretação

de que a ideia de um mundo como uma máquina sugeria uma imagem de design.

Alguns escritores posteriores sugeriam que este mecanismo era autocontido,

autogovernado e autossustentado, assim, não havia exigência da existência de

Deus. Esta visão não era comum por volta de 1690. Aplicando o pensamento de

Newton, Willian Paley, em seus escritos, comparava a complexidade do mundo

Page 17: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

17

natural ao mecanismo de um relógio. Ambas as realidades, necessitavam de

desenho e propósito, portanto, precisavam de um projetista criador.

O sucesso da cosmovisão mecanicista impulsionou o desenvolvimento

religioso, ajudando no surgimento do “deísmo”. Este termo é usado para a doutrina

que aceita a criação divina, mas nega o envolvimento de Deus com o mundo. O

deísmo pode ser avaliado como uma forma de cristianismo dado o destaque dado a

regularidade do mundo e muito criticado por reduzir Deus a um mero relojoeiro.

A cosmovisão newtoniana forneceu ao deísmo meios mais apurados de

defender e propagar suas ideias, concentrando-se no ponto da sabedoria de Deus

para criar o mundo.

John Locke, em 1690, com Essay concerning Human Understanding

(Ensaio sobre o entendimento humano) estabeleceu grande parte dos fundamentos

do deísmo. Em resumo, ele afirmava que a ideia de Deus resulta de nossas

qualidades morais e racionais elevadas a um grau infinito.

Para Matthew Tindal a religião cristã nada mais era de uma “reedição da

religião da natureza”, onde Deus é compreendido como uma extensão das ideias

humanas de justiça, racionalidade e sabedoria. Esta “religião universal” estaria

sempre disponível em todos os lugares em todos os tempos, já o cristianismo

dependeria sempre da revelação divina, não alcançando aqueles que viveram antes

do Cristo. Estes pontos de vista de Tindal se disseminaram e ilustravam o

racionalismo peculiar que posteriormente exerceram grande influência no

iluminismo.

O racionalismo iluminista tem sido considerado muitas vezes como o

ápice final do florescimento do deísmo inglês. É necessário observar o consenso

entre o deísmo e a cosmovisão newtoniana. Podemos afirmar, assim, que o grande

sucesso do deísmo deve-se à visão mecanicista do mundo postulado por Newton.

Como apontamos anteriormente, as discordâncias entre a mecânica

celeste e a religião estavam diminuindo. Esta mecânica celeste sugeria que o mundo

constituía-se de um mecanismo autossuficiente sem necessidade alguma de

intervenção divina para seu funcionamento. Porém, alguns estudiosos e interpretes

da obra de Newton já identificavam o perigo e apresentavam preocupação com as

possíveis implicações desta crescente ênfase na regularidade da natureza, como

Samuel Clark. A imagem do Deus “relojoeiro” poderia influenciar uma compreensão

puramente naturalista do universo, onde Deus nada representava.

Page 18: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

18

2.3 A controvérsia darwinista no século XIX.

Assim como Newton usou sua genialidade ao relacionar observações que

já existiam, mas ainda não tinham conexão, Charles Darwin (1809-1882) também foi

influenciado por estudos que contribuíram para o desenvolvimento de sua teoria.

Entre estes estudos a obra Principles of Geology (Princípios da Geologia)

de Charles Liell publicado em 1830. Ele apresentava a ideia do “uniformismo”, onde

as forças que podem ser agora observadas atuando no mundo seriam as mesmas

em ação ao longo de extensos períodos no passado. Darwin Baseou-se em

premissas relacionadas a esta ideia: de que forças provocadoras de novos tipos de

animais e plantas no presente já operavam ao longo de tempos passados.

O naturalista sueco Carl Von Linné (1707-1778), conhecido por Carolus

Linnaeus (versão latina de seu nome) influenciou Darwin como um rival póstumo.

Ele argumentava a favor da “fixidez das espécies”, ou seja, alegava que a

quantidade de espécies agora observadas representava o modo como as coisas

haviam acontecido no passado e como seriam no futuro. A classificação detalhada

das espécies que realizou aparentava que a natureza era fixa desde o momento de

sua origem. Conceito este que parecia Ester de acordo com a tradicional narrativa

de Genesis, e sugeria que o mundo de hoje seria muito semelhante ao constituído

na criação. Ele compreendia que Deus havia criado cada espécie separada e

distinta e recebiam um caráter imutável.

Já o George-Louis Leclerk (1707-1788), conde de Buffon, influenciou

Darwin com suas observações de que alguns fosseis continham evidências da

extinção de algumas espécies, os fosseis encontrados continham restos

preservados de animais e plantas que já não existiam mais. Ora, isso não

contradizia a “imutabilidade” das espécies? E se antigas espécies desapareciam, era

possível que novas surgissem? Outros pontos também divergiam da criação

especial, como a distribuição geográfica irregular das espécies como Darwin

observara em suas viagens.

Para Darwin haviam determinados pontos que careciam de explicação:

Adaptação: A maneira que as formas dos organismos se adaptam as

suas necessidades, A doutrina da criação especial argumentava que o criador

relacionara cada organismo criado com o seu ambiente.

Page 19: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

19

Extinção de algumas espécies: inicialmente só era possível explicar a

extinção de uma espécie notadamente bem adaptada e bem sucedida através da

utilização de teorias de “catástrofes”.

Distribuição desigual das espécies: as viagens de Darwin

convenceram-no que era preciso uma teoria capaz de explicar as particularidades

das populações das ilhas.

Existência de certos vestígios de estruturas: como, por exemplo, os

mamilos em mamíferos machos. Não era possível explicar pela teoria da criação

especial, pois eram características redundantes e não possuíam propósito

específico.

Darwin publicou seis edições de The Origen of Species (A Origem das

Espécies) entre 1859 e 1872. Os principais pontos abordados eram:

A forma como novos tipos de animais e plantas eram produzidos por

produtores comerciais.

A adaptação. Era um processo que lhe parecia semelhante ao dos

produtores, mas as variações ocorriam naturalmente. As menores variações

tenderiam a tornarem-se grandes variações com o tempo. Mas havia o

questionamento se a nova variante seria mais bem adaptada a sobreviver do que a

variante anterior.

A sobrevivência do mais apto. As variantes melhor adaptadas teriam

maiores chances de sobrevivência, passando suas características para as novas

gerações.

A Seleção Natural. Influenciado pelos estudos de Thomas Malthus

(1766-1834) sobre populações, onde a ideia de que a competição pela sobrevivência

de uma espécie seria superada por espécies melhores adaptadas, não sendo

necessário recorrer a “teorias de catástrofe” para explicar a extinção de espécies.

Darwin então busca adaptar a teoria de Malthus com muita ênfase para os reinos

animal e vegetal.

Examinando as dificuldades. Darwin sabia que havia certos pontos em

sua teoria que eram problemáticos, como as imperfeições de dados geológicos que

indicavam a não existência de espécies intermediárias e como a extrema perfeição e

complexidade de certos órgãos individuais como o olho.

Page 20: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

20

Sua teoria mostrava inúmeras fraquezas e inconsequências. Uma delas

era a exigência de que o surgimento de novas espécies sempre ocorreria, mas não

existiam evidências disso. Porém, ele acreditava que estas dificuldades poderiam

ser toleradas diante da superioridade explanatória de sua abordagem. Sabia que

sua teoria não resolveria todas as questões, mas tinha o conhecimento de que sua

explicação era a melhor disponível:

Muitas objeções se devem, sem dúvida, ter apresentado ao espírito do leitor antes que haja chegado a esta parte da minha obra. Umas são tão graves que ainda hoje não posso refletir nelas sem me sentir um tanto abalado; mas, tanto quanto posso julgar, a maior parte são apenas aparentes, e quanto às dificuldades reais, não são, creio eu, fatais à hipótese que sustento. (DARWIN, C. The Origen of Species, Poeteiro Editor Digital - São Paulo – 2014, p.138).

A Origem das Espécies e Descent of Man (A descendência do Homem),

de 1871, os principais livros de Darwin, afirmavam que todas as espécies – incluindo

a humanidade – resultam de um longo e complexo processo de evolução biológica.

As implicações religiosas eram claras. A teoria de Darwin sugeria que a

humanidade desenvolvera-se gradualmente ao longo dos tempos e que não havia

distinção biológica (origem e desenvolvimento) entre o homem e os animais,

enquanto o pensamento cristão tradicional considerava a humanidade separada por

Deus do resto da criação como a “coroa da criação” e única possuidora da “imagem

e semelhança de Deus”.

Samuel Wilberforce, bispo de Oxford, escreveu longa resenha sobre A

Origem das Espécies indicando algumas de suas sérias fraquezas, mas não

apresentava vestígios de “obscurantismo eclesiástico”. Darwin levou tão a sério a

resenha, que modificou alguns pontos de sua discussão em resposta às críticas de

Wilberforce.

A controvérsia darwinista tornou-se popular depois do encontro da

Associação Britânica de Oxford, em 30 de junho de 1860. O principal objetivo desta

associação era a popularização da ciência, então era natura a discussão sobre a

obra de Darwin, publicada um ano antes.

A teoria de Darwin tornou-se ainda mais popular devido a uma lendária

discussão durante este encontro, entre Wilberforce e Thomas Henry Huxley

(cientista amigo e defensor de Darwin e suas ideias). O encontro tinha centenas de

espectadores, a maioria interessada nos pensamentos de Huxley. Ao contrário da

crença popular, Wilberforce não foi intolerante às teorias de Darwin durante o

Page 21: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

21

debate, apresentando até mesmo argumentos científicos, mas ao argumentar que a

teoria da evolução ensinava que os humanos tinham macacos por descendência, foi

duramente corrigido e criticado por Huxley e no calor do debate Wilberforce

perguntou se "foi através da sua avó ou do seu avô", que Huxley, "considerava a

descendência de um símio". Huxley prontamente respondeu que "preferia ser

descendente de um símio a um homem altamente favorecido pela natureza que

possui grande capacidade de influência, mas mesmo assim emprega essa

capacidade e influência para o mero propósito de introduzir o ridículo em uma

discussão científica séria".

No início do século XIX com essa lendária discussão já estabelecida o

modelo de “conflito” ou de “guerra” entre a ciência e a religião foi consideravelmente

reforçado.

Cronologia de personalidades, fatos e publicações descritos neste capítulo.

Page 22: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

22

3 DIÁLOGO E METODOLOGIA

3.1 A Importância do Debate.

Apresentamos aqui a opinião de quatro personalidades, três

estadunidenses e um indiano quanto ao debate sobre religião e ciência.

Para John Polkinghorne, a ciência e a teologia têm coisas a dizer uma a

outra, pois compartilham uma conexão na busca comum pela verdade real atingível.

Tanto a ciência como a teologia procura explorar a natureza da realidade,

mas o fazem em esferas diferentes e para responder questões diferentes.

As ciências naturais têm como objeto de estudo o mundo físico e os seres

vivos que o habitam. O propósito da ciência é compreender precisamente como as

coisas acontecem. Sua preocupação é descobrir como os processos ocorrem no

mundo.

A teologia trata que questão da verdade sobre a natureza de Deus, Seu

propósito central é responder por que os eventos ocorrem. Sua preocupação é com

temas de significado e propósito. Crer em um Deus criador exige que uma

inteligência divina esteja por trás do que ocorrem no universo.

As crenças religiosas e científicas têm motivações diferentes, mas ambas

procuram responder ao real, então, deve existir um ponto de concordância entre

suas respostas. São duas questões que nos ajudam a admitir estes pontos de

concordância: a questão da admirável capacidade humana de capturar

reacionalmente a estrutura da natureza e a questão da ética, de como usar os

poderes que a ciência torna disponíveis.

Para Holmes Roston III, a importância do diálogo é vital e objetivamente

lista seis razões:

A ciência não pode ensinar o que mais precisamos saber sobre a

natureza, ou seja, como apreciá-la e valorizá-la;

A ciência não pode ensinar o que mais precisamos saber sobre a

cultura, ou seja, como apreciá-la e valorizá-la;

A ciência apresenta cada vez mais questões religiosas;

Page 23: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

23

O futuro da religião depende deste diálogo;

O diálogo oferece novas oportunidades para confrontação do

sofrimento e do mal e

O diálogo é importante porque o futuro da humanidade e do planeta

depende dele.

Para George Ellis, o diálogo traria benefícios para ambos os lados. A

religião ganhará porque uma percepção religiosa amadurecida conviverá melhor

com a ciência e uma ciência aberta a realidade suprema e a riqueza da humanidade

se guardará melhor do fundamentalismo científico e de visões desumanizantes.

Juntas, poderão definir valores éticos e afirmar as dimensões plenas da

humanidade, conduzindo-nos a sermos “plenamente humanos”, livres de

fundamentalismos, seja religioso, seja científico.

Para Amit Goswani, nossa fé nos elementos espirituais da vida está

sendo minada e corroída por um ataque implacável do materialismo científico.

Desde os primórdios da ciência aceitamos o materialismo apesar da

inaptidão de explicar as experiências mais simples da vida cotidiana. Temos uma

visão incoerente do mundo. As adversidades da vida tem fomentado a exigência de

um novo modelo que construa uma ponte sobre o abismo que hoje se encontra entre

a ciência e a religião, um modelo que apresente uma visão do mundo que integre

mente e espírito na ciência.

Há possibilidade de se construir uma ciência que Abranja as religiões,

trabalhando juntas para compreender a condição humana em sua totalidade. Este

novo modelo deve refletir o reconhecimento de que a ciência moderna confirme que

a ideia de consciência - e não matéria - é o fundamento, a essência de tudo o que

existe.

Page 24: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

24

3.2 Tipologia Metodológica

Como deve ser a interação entre teologia e ciência? Para que o diálogo

possa se iniciar devemos considerar que esta é uma questão de metodologia.

Nas últimas décadas surgiu um grande em número de modelos

metodológicos importantes. Embora as questões essenciais sejam diferentes estes

modelos se desenvolveram convergindo desde um ponto único até uma grande

variedade de propostas de pesquisa.

Citando brevemente o entendimento de John Polkinghorne sobre a

relação entre religião e ciência diz que esta relação é desenvolvida entre diferentes

áreas de conhecimento e tem sido definidas por uma variedade de posições, entre

estas posições as mais importantes seriam: a independência, o diálogo, a interação,

a consonância e a assimilação. Onde nas posições conflitantes uma área quer

ultrapassar a legitimidade da outra.

Entre as tipologias metodológicas que surgiram nas últimas décadas para

classificar a interação entre ciência e religião, a tipologia proposta pelo físico Ian

Barbour ainda é a mais utilizada pelos estudiosos e acadêmicos. Ele simplifica as

demais tipologias e lista quatro posições possíveis nesta interação:

3.2.1 Conflito

Identificado pelo materialismo científico de um lado e o literalismo bíblico

de outro. O materialismo científico afirma que o mundo é formado apenas de

matéria, onde não há lugar para a mente, para a consciência, para o espírito e para

Deus; impossibilitando assim uma precisa percepção religiosa do mundo. O

literalismo bíblico se estabelece como o único detentor da verdade, acreditando que

a Bíblia deve ser interpretada literalmente e que só através dela obtemos o

conhecimento real a respeito do mundo, da humanidade e de Deus.

Podemos dizer que o materialismo científico, em seu máximo sentido, e o

fundamentalismo bíblico radical são duas posições que trazem prejuízo tanto a

religião como a ciência; por causa da arrogância e falta de tolerância de ambos os

Page 25: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

25

lados. No materialismo científico, a ciência engole a religião; no literalismo bíblico, a

religião engole a ciência.

3.2.2 Independência.

Entende a religião e ciência como independentes e autônomas, adotando

métodos contrastantes e linguagens diferentes e isoladas uma da outra.

Entende que o desenvolvimento das investigações são totalmente

diferentes, com a fé e a razão em pontos opostos, com a ciência firmando-se em

fatos e a religião em valores. Este dualismo entre espírito e matéria, entre o corpo e

a alma, traz o enfraquecimento desta posição, separando as duas áreas evitando o

conflito e não apresentado a possibilidade do diálogo.

3.2.3 Diálogo.

Baseia-se em admitir e aceitar que cada uma, tanto ciência como religião,

tem algo a dizer e aprender uma a outra; considerando as questões limítrofes e as

analogias metodológicas. Apesar de a ciência trazer o conhecimento de muitas

coisas a respeito do mundo, existem questões que ela faz que beirem os seus

limites, questões que não consegue responder. Algumas destas questões podem ser

respondidas através de textos sagrados, experiências religiosas ou litúrgicas. Ambas

usam a razão, ambas estão em busca da verdade.

Num diálogo entre ciência e religião, ambas devem contribuir com

estudiosos que tenham a disposição de encontrar juntos a verdade, valorizando o

que a ciência pode acrescentar para o refinamento do pensamento teológico e

também admitindo que a religião possa contribuir com posições básicas para um

crescimento científico em favor da promoção da vida e da justiça social.

3.2.4 Integração.

Caracteriza a relação entre teologia natural, teologia da natureza e

síntese sistemática. A teologia natural envolve a utilização de métodos científicos

para buscar “provas” da existência de Deus. A teologia na natureza parte da

proposta de acomodar suas crenças na tentativa de incorporar as descobertas da

Page 26: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

26

ciência na teologia. A síntese sistemática tem como objetivo a concordância entre

teologia e ciência usando modos similares nas teorias e nas pesquisas, como uma

estrutura única.

Para reforçar esta posição podemos atribuir uma disposição filosófica

onde se entende que as estruturas da consciência podem estar de acordo com as

estruturas do mundo, pois ambas surgem de um único pensamento absoluto.

Como ponto negativo, podemos citar que a utilização de modelos

científicos impostos a religião é temporariedade das teorias e postulados científicos,

pois devido à acomodação de crenças tornaria provisória a construção teológica.

Portanto, o ideal na integração é que o relacionamento entre ciência e

religião deve existir para que uma contribua com a outra promovendo o

desenvolvimento do conhecimento humano, mas sem necessariamente reformular

suas bases.

3.3 Considerando a diversidade no diálogo

Mário Antônio Sanches tem afirmado que diante da diversidade cultural a

sociedade necessita acolher e valorizar o diferente, o outro. Para tal valoração uma

cultura deve aprender com a outra (abertura), deve admitir que existissem em outras

culturas elementos que não compreendemos total ou parcialmente (respeito), deve

saber que os esquemas culturais ocultam vínculos de poder (crítica) e não deve se

deixar ser engolida ou dominada por outra (não submissão). Estas posturas:

abertura, crítica, respeito e não submissão; são um bom caminho para o diálogo

com a diversidade.

Sanches mostra a possibilidade de aplicar estas posturas ao diálogo entre

religião e ciência, considerando que a sabedoria produz conhecimentos que não se

limitam aos métodos científicos nem as crenças religiosas e que cada conhecimento

é diferente de outro.

3.3.1 Abertura.

Entende que o ponto inicial do diálogo precisa do compartilhamento dos

conhecimentos entre religião e ciência. A teologia que possui um conhecimento

milenar tem maior dificuldade para compreender e aceitar os questionamentos pelas

Page 27: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

27

recentes descobertas de outras áreas de conhecimento. A postura de abertura é

indispensável para que uma visão coerente da realidade seja construída através da

somatória das conquistas do passado e das novas descobertas.

3.3.2 Crítica.

Esta postura apresenta se apresenta quando se compreende que cada

religião surgiu dentro de um contexto sócio-histórico-cultural específico e que a

ciência também está envolvida com a realidade histórica, cultural e social.

Considerando que a base do fundamentalismo religioso é defender a sua visão

como única visão possível e correta e que a na ciência coexistem várias teorias

científicas sobre o mesmo objeto, portanto não é tão universal quanto se julga. A

postura de um religioso com conhecimentos científicos ou de um cientista que

também é religioso, deve ser crítica e consciente da complexidade das relações

entre religião e ciência, sabendo que alem do tratarem de conhecimentos

diferenciados, também considerando a problemática do poder envolvida nestas

relações.

3.3.3 Respeito.

Esta postura é necessária para que não exista a diminuição ou

simplificação, nem da ciência, nem da religião. Ambas Abrangem áreas diversas da

realidade humana, às vezes reconhecendo que a interação seja possível sem

prejuízo a elas e às vezes reconhecendo que q mútua independência seja o melhor

caminho. Em algumas áreas o conflito poderá se estabelecer, mas não

necessariamente gerar arrogância ou intolerância. Mas sabendo que sempre será

indispensável um diálogo sincero, humilde e aberto.

3.3.4 Não submissão.

Entende que muitas vezes ciência e religião são complementares, por

isso não deve existir submissão de uma a outra. Compreendendo que a ciência trata

de fenômenos físicos e a religião trata da contemplação de princípios morais e de

Page 28: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

28

crença. O que uma enxerga, a outra não alcança a visão, por que observam a

mesma realidade de ângulos diferentes.

Como percebemos os debates tem sido intensos, mas entre teólogos e

cientistas há um aumento no consenso de que só será possível uma interação

satisfatória se for considerado com seriedade o assunto pela visão da diversidade,

incluindo a diversidade religiosa.

No caso do cristão, este pode sustentar que a sua visão de Deus é

compatível com o avanço da ciência, mas de forma alguma pode afirmar que

apenas a visão cristã possibilita o diálogo entre religião e ciência de forma coerente

e adequada.

Page 29: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

29

4 OS DEBATES ENTRE CIÊNCIA E RELIGIÃO

4.1 A guerra que não existe

A imagem de conflito e antagonismo entre ciência e religião é muito

recente. Esta ideia de batalha surgiu no final do século XIX, um dos primeiros

colaboradores para esta situação foi Tomas Huxley (como citado no Capitulo 1,

amigo e defensor de Darwin).

Durante os séculos XVI a XIX houve praticamente 300 anos onde o

relacionamento entre ciência e religião podia ser visto até como uma aliança. Até o

final do século XIX, os cientistas eram caracteristicamente cristãos e não

consideravam a existência de qualquer conflito entre a ciência e a sua fé. Para eles

o objetivo da ciência era buscar “a glória de Deus e o benefício da humanidade”,

mesmo enfrentando oposição política do clero católico. Boa parte deles produziam

tanto textos científicos como teológicos, incluindo orações e louvores em suas

anotações (como Paracelsus, Boyle, Kepler, Newton, etc.).

Podemos citar Kepler, que ao criar o conceito das orbitas elípticas que

resolvia a diferença de 8 minutos entre os cálculos das orbitas circulares e as

medições observadas; se referiu a esses 8 minutos como uma “dádiva de Deus”.

Abaixo uma observação encontrada em um dos seus trabalhos:

I give you thanks, Creator and God, that you have given me this joy in thy creation, and I rejoice in the works of your hands. See I have now complete the work to which I was Called. In it I have used all the talents you have lent to my spirit. I have revealed the majesty of your works to those who will read my words, insofar as my narrow understanding can comprehend their infinite richness. (JOHANNES KEPPLER citado em: KAISER, CHRISTOPHER B. Creation and the history of science, Marshall Pickering, 1991, p.127) Eu te dou graças, Criador e Deus, pois tem me dado essa alegria em tua criação e me alegro nas obras de suas mãos. Veja, completei agora o trabalho para o qual fui chamado. Nele usei todos os talentos que concedeu ao meu espírito. Eu revelei a majestade de suas obras para aqueles que lerão minhas palavras, na medida em que o meu limitado entendimento pode compreender sua infinita riqueza. (tradução livre)

A partir do final do século XIX, os naturalistas fomentaram a ideia da

“guerra” entre religião e ciência, uma vez que aspiravam sufocar o domínio cultural

do cristianismo ocidental substituindo-o pelo naturalismo.

Na segunda metade do século XX, surgiram filósofos, cientistas,

acadêmicos e estudiosos que compreenderam que esta “guerra” entre a ciência e a

Page 30: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

30

teologia era inegavelmente banal. Amit Goswami, autor de O Universo

Autoconsciente, afirma que o florescimento da física quântica e as mudanças na

psicologia transpessoal, na biologia evolucionista e na medicina; a ciência vem

sofrendo mudanças de visão, de extremamente materialista para espiritualista, onde

a consciência é considerada como uma possibilidade e deve ser usada como base

na ciência, solucionando um dos problemas mais estudados na física: o problema da

medição quântica.

Não podemos esquecer que também surgiram estudiosos e cientistas que

atuam na divulgação do naturalismo. Eles acreditam que de alguma forma a ciência

apoia e suporta ou mesmo é amigável ao naturalismo. Eles relacionam a ciência ao

neoateísmo que defende agregar a ciência como arma de ataque a religião. Os

neoateus produzem literatura e artigos que defendem esta posição, entre eles os

mais conhecidos são Richard Dawkins, Daniel Dennet, Steven Weinberg, Sam Harris

e Christopher Hitchens.

4.2 As Principais Questões.

As questões mais importantes serão brevemente descritas. A intenção

não é que haja uma compreensão científica ou teológica profunda, mas que pelo

menos um conhecimento básico seja apresentado.

Considerando que hoje há uma diversidade de disciplinas nas ciências

naturais e que dentro de cada disciplina há diferenças entre as várias matérias,

estas são as áreas onde os debates são mais significativos:

Física e cosmologia: Big Bang e Princípio Antrópico.

Biologia: Darwinismo, Neodarwinismo e Teísmo Evolucionário.

Não serão considerados os pontos de conflito constantes entre

extremistas científicos e fundamentalistas religiosos (entre estes, os criacionistas

radicais), pois um lado despreza ou reduz o potencial de conhecimento do outro.

Page 31: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

31

4.2.1 A Origem do Universo

Quando se fala sobre a origem do universo há duas questões a

considerar:

Tempo e eternidade:

A principal visão de tempo aceita pelos teólogos é uma visão de tempo

que surge da experiência humana comum, chamada de “tempo em fluxo”, o que era

presente se torna parte do passado enquanto um novo momento futura Roma o seu

lugar. A visão de eternidade é que está corresponde ao “tempo todo”, sem a

percepção do passado perdido e do futuro potencial, a relação de Deus com o

tempo, é uma visão onde Deus eterno é a fonte “supratemporal” da temporariedade

do mundo. A eternidade está antes, acima e após o tempo do universo.

Esta noção de “tempo em fluxo” foi incorporada a ciência nos séculos XVI

e XVII. A física clássica pressupõe que o tempo linear e refere-se a passado,

presente e futuro.

A teoria da relatividade especial de Einstein trouxe um desafio a esta

noção de “tempo em fluxo” por que elimina dois pressupostos: o primeiro, que o

tempo presente é compartilhado universalmente por todos os observadores e o

segundo, que o ritmo como o tempo flui do futuro para o passado é o mesmo para

todos os observadores.

As implicações teológicas não provem diretamente da teoria científica,

mas como será interpretada filosoficamente. Tanto entre teólogos quanto entre

cientistas existem várias interpretações, portanto, a questão de “tempo e eternidade”

ainda se encontra nas fronteiras entre teologia e ciência.

A ação divina:

Esta é uma questão explicita da teologia filosófica e surge exclusivamente

nas discussões entre ciência e teologia, seguindo subjacente a toda extensão da

teologia sistemática.

Segundo a doutrina da criação cristã Deus fez o universo a partir do nada

(ex nihilo) dando a ele uma estrutura racional e inteligível, também continua a criar

estruturas no tempo (cratio continua). A “providência geral” de Deus guia todos os

processos e eventos. A “providência especial” sustenta que Deus às vezes opera

Page 32: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

32

intencionalmente por meio de processos e eventos específicos, caracterizados como

“milagres”, mas parecem não pertencer ao que a natureza poder realizar sozinha.

Cientistas cristãos e teólogos se agrupam e apresentam diversas abordagens para

esta questão.

O grande desafio de mostrar como Deus gera inovações quando a ciência

retrata a natureza de modo determinista, desde Newton e sua visão mecanicista até

o desenvolvimento e a grande extensão da física quântica e da biologia evolutiva,

ainda existe a busca em responder a abordagem à questão “tempo/eternidade”

apresentada anteriormente.

4.2.1.1 Big Bang

Ao contrário do que muitos cristãos pensam a teoria da evolução e a

teoria do Big Bang não são complementares, nem possuem fundamentos comuns. A

teoria da evolução é uma área da biologia que trata da explicação sobre a evolução

das espécies de seres vivos, a teoria do Big Bang é um modelo cosmológico que

trata da origem e das transformações que o universo passou por bilhões de anos.

Outro grande erro é que grande parte dos protestantes (a maioria

criacionistas) define esta teoria como antibíblica, pois foi uma “explosão” que

aconteceu há bilhões de anos. Mas o conceito real desta teoria é o de “expansão”. A

teoria diz que no princípio de todo universo tempo e espaço estavam restritos a uma

singularidade (nome dado pela ciência a algo desconhecido para ela), havia

somente esta singularidade, nada mais, até que “algo” ou “alguém” fez com que esta

singularidade sofresse uma grande liberação de energia, gerando o espaço-tempo e

iniciando o processo de expansão do universo. As primeiras partículas começaram a

se associar formando os átomos leves, como hidrogênio, hélio e lítio. O universo ao

se expandir também se esfriou, cerca de um milhão de anos do início a matéria e a

radiação luminosa se separaram. Cerca de um bilhão de anos após os elementos

químicos começaram a se unir, dando origem as galáxias.

Existem evidências a favor da teoria do Big Bang. Muitos cientistas

contribuíram para o desenvolvimento da teoria para ela ser o que é atualmente.

Einstein e sua teoria geral da relatividade apresenta que o universo não pode ser

estático, portanto, ou está em expansão oi em retração. A lei de Hubble mostra na

prática que quanto mais distante está uma galáxia mais rápido ela se afasta.

Page 33: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

33

A teoria do Big Bang também consegue explicar aspectos aparentemente

inexplicáveis antes de sua formulação:

Prevê que a radiação cósmica de fundo deveria aparecer de forma

igual em todas as direções. Esta previsão pode ser observada na prática através da

termodinâmica.

Prevê e explica a abundância de elementos primordiais (hidrogênio,

deutério, hélio e lítio) Nenhuma teoria jamais foi capaz de fazer isso.

Prevê que o universo muda com o tempo. Como a velocidade da luz é

constante, olhar para grandes distâncias significa olhar para o passado.

Prevê a existência de matéria escura. Existência que já foi comprovada

pelos efeitos gravitacionais que causa em corpos celestes e na luz. Apesar de não

ser definida ao certo o que é a matéria escura, atualmente não há dúvidas quanto a

sua existência.

Muitos dizem que apesar de possuir fundamentos científicos suficientes

há um grande confronto como o que diz a Bíblia. Na verdade, antes da teoria do Big

Bang, os cientistas acreditavam que o universo sempre havia existido, assim como

toda a matéria e energia nele existente. Quando a teoria foi formulada afirmando que

o universo não é eterno e que teve um início causou grande rejeição de muitos

cientistas que até hoje tentam refutá-la, tentando propor várias teorias para explicar

o que havia antes do Big Bang e o que causou a expansão.

Podemos entender que na visão cristã se a teoria do Big Bang afirma que

o universo teve um princípio, fortalece exatamente o que a Bíblia diz.

4.2.1.2 Princípio Antrópico

A ideia principal do Principio Antrópico (PA) é de estabelecer que o

caráter de qualquer teoria válida sobre o universo tem que assumir um forma muito

particular (ajuste-fino das leis naturais) para a possibilidade do aparecimento do “ser

humano”, ou seja, toda teoria tem que ser consistente com a existência do “ser

humano”.

Todos os cientistas concordam que o desenvolvimento físico do universo

concebeu uma forma única para que a vida baseada em carbono evoluísse ao longo

de sua história. O atrito se inicia quando o debate trata de qual seria a relevância

deste notável evento. A inclinação natural é achar que o universo seja tipicamente

Page 34: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

34

como deveria ser, mas o Princípio Antrópico demonstrou que o nosso universo é

muito especial: A estrutura inerente deste mundo precisou estar dentro de limites

restritos para a viabilidade da vida baseada em carbono. Porém, se o universo foi

dotado com particularidades finamente e delicadamente ajustadas, isto indica a

necessidade de uma “mente” ajustadora.

Para o debate sobre a interpretação foram estabelecidas formulações

distintas do Principio Antrópico:

PAS (Princípio Antrópico Suave): Alega que o universo se comportou

de tal forma que possibilitou a nossa presença em seu interior.

PAF (Princípio Antrópico Forte): Alega que o universo teve

necessariamente que possuir as propriedades e as grandezas físicas e

cosmológicas assumem os valores necessários para permitir o surgimento e

desenvolvimento da vida. Esta é uma declaração fortemente teológica, por que

parece não se fundamentar na ciência.

PAP (Princípio Antrópico Participativo): Afirma que há necessidade de

observadores para trazer o universo a existência. Apela para uma polêmica

interpretação da teoria quântica que considera uma “realidade criada pelo

observador”, mas é difícil concordar que os observadores tenham aparecido antes

do universo existir.

PAFi (Princípio Antrópico Final): Alega que uma vez que o processo

inteligente de informação tenha se iniciado no universo, ele continuará para sempre.

Todas estas formulações têm seus problemas, a sugestão de John

Polkinghorne é que se deve buscar uma formulação de um Princípio Antrópico

Moderado, onde seja considerada a atenção ao caráter especial do universo e

reconheça que o mesmo não poderia ser tratado como um feliz acidente, mas como

algo que clama por uma explicação.

4.2.2 Evolucionismo

Em relação às ciências biológicas uma das questões mais importantes é a

origem da humanidade e suas implicações, desde a explicação darwiniana até o

entendimento cristão da natureza humana.

Page 35: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

35

4.2.2.1 Darwinismo

Alguns aspectos principais sobre o darwinismo e suas controvérsias foram

examinados no capítulo 2 (item 2.3). No momento é interessante conhecer temas

específicos que possuem relação direta com a religião.

A seguir estão elencados quatro temas significativos encontrados nas

obras de Darwin:

Darwin sugeriu evidências que tanto espécies animais como vegetais

sofrem mudanças e desenvolvimento, ou seja, certas espécies que existem hoje não

existiam no passado e certas espécies que existiam no passado já se encontram

extintas. Este método evolucionário contradiz a visão defendida pela teologia

tradicional que as narrativas bíblicas sobre a criação deveriam ser interpretadas

como atos permanentes que determinaram a ordem imutável da natureza.

A teoria de Darwin apresentava que o processo evolutivo se

desenvolvera caminhando junto com grandes lutas pela existência, assim muitas

espécies teriam sido extintas pela competição entre elas. Este elemento de perda

aparentemente entrava em conflito com a noção da “providência divina”: como um

Deus bondoso e sábio poderia permitir este desperdício na natureza? Neste ponto a

teoria também aparentava salientar as implicações relacionadas ao tradicional

problema do mal: por que há tanto sofrimento no mundo se Deus é essencialmente

onipotente e bom?

A função do acaso no processo evolutivo, a solução natural e a noção

de “sobrevivência do mais apto” aparentemente afirmavam que o desenvolvimento

acontecera através de inúmeros eventos acidentais e ocasionais, sem nenhum a

interferência da orientação divina, sem interferência de um Deus “planejador”.

A maior dificuldade religiosa com a teoria da evolução provavelmente é

em relação com a posição da humanidade neste processo. Darwin sugeriu, com

muita cautela, que assim como as plantas e os animais descendiam de outras

formas de vida, assim também acontecia com a espécie humana, da mesma forma

herdando as características de seus antecessores. Darwin considerava a

humanidade como o mais excelente produto da evolução e que exercia domínio

sobre a natureza devido a sua tremenda capacidade de sobrevivência. Claro que

esta visão foi de encontro com as ideias tradicionais cristãs, sobre a criação especial

da humanidade (Gênesis 1 e 2) e feria especialmente a noção de “imagem e

Page 36: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

36

semelhança de Deus”. Darwin não discordava da superioridade humana sobre o

resto da ordem natural, mas a forma como ele apresentava esta superioridades era

completamente incompatível com o tradicional pensamento religioso.

A partir destes pontos surgiram duas vertentes de pensamento. A primeira

descarta a crença em Deus e se baseia em descobertas posteriores da biologia

molecular (neodarwinismo). A segunda acredita que o darwinismo força a teologia

cristã a ponderar a sua visão sobre o governo de Deus na ordem natural, mas não

descarta a crença fundamental de que Deus tenha criado tudo (teísmo

evolucionário).

4.2.2.2 Neodarwinismo

No começo de século XX foi redescoberta a obra de Gregor Mendel

(ignorada por quase 50 anos), com isso houve um crescimento rápido nos

conhecimentos sobre a “base cromossômica da herança”. O que para Mendel era

um conceito de quantificação tornou-se uma entidade física. Em meados do século

XX agregou-se o material de Frederich Meischer (de aproximadamente um século

antes) nas pesquisas e conseguiu-se demonstrar a natureza química dos genes

(DNA). Da associação da genética com a biologia molecular surgiu a síntese

neodarwiniana.

Este novo modelo acrescentou novas características a teoria de Darwin:

Os genes apresentam informações na forma de combinação linear das

bases nitrogenadas que formam o DNA nos cromossomos.

O genótipo (informações encontradas nos genes) são expressas no

fenótipo (características de um organismo).

Em organismos individuais são observadas variações sutis nestas

informações. Estas variações correspondem a alterações na ordem dos pares de

base que formam genes específicos.

As alterações nos genes surgem por ocorrência de mutações que

acontecem “aleatoriamente”. Este “aleatório” significa a imprevisibilidade no sentindo

mecânico quântico e de nenhuma forma significa ocorrências caóticas.

Uma população de organismos terá diversidade de características

resultantes de ocorrências de mutação.

Page 37: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

37

Assim, a força da seleção natural atua na diversidade genética,

permitindo que a características com maior aptidão de reprodução estejam

representadas nas próximas gerações.

Com o modelo neodarwiniano organizado a biologia moderna conseguiu

levantar grande quantidade de dados convincentes o suficiente para sustentar o

modelo darwiniano de história natural. A genômica e a bioinformática fornecem

volumes consideráveis de dados que sustentam a noção da descendência de um

ancestral comum. No raciocínio biológico este modelo se aplica a todos os níveis de

organização: do micro (moléculas) ao macro (ecossistemas).

Porém, esta nova maneira de enxergar a natureza afetou tanto as

ciências naturais quanto a postura filosófica de cientistas e teólogos.

Um dos defensores mais ferrenhos deste novo paradigma é Richard

Dawkins que como James Watson e Edward Wilson (citados neste capítulo, item

4.1) defendem pressupostos materialistas e reducionistas. Estes pressupostos não

consideram uma “ação divina” e adotam como tipologia metodológica a posição de

conflito do materialismo científico (capitulo 3, item 3.2), são eles:

A ciência só considera os aspectos naturais do mundo natural.

A ciência se limita a causas secundárias ignorando a causa primária

(ação divina) para fundamentar suas explicações.

A ciência busca reduzir os sistemas observados a suas partes

componentes simplificando a observação e a explicação dos níveis superiores da

organização.

4.2.2.3 Teísmo evolucionário

Muitos teólogos consideravam as ideias de Darwin hostis a fé cristã, mais

uma vez a narração de Genesis e a humanidade como coroação da criação

(imagem e semelhança de Deus) gerou conflito.

Porém, com o passar do tempo alguns viram que no processo

evolucionário era possível considerar a atuação de Deus dirigindo a criação a graus

mais elevados de consciência e desenvolvimento.

No século XIX já existiam teólogos que compartilhavam a possibilidade da

teologia cristã da providência divina se integrar a teoria de Darwin.

Page 38: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

38

Henry Ward Beecher (1818-1887) é um ótimo exemplo, escritor simpático

ao calvinismo, adotou certa forma de evolução teísta. Ele expôs sua visão do

complexo processo de evolução guiado por Deus em sua obra Evolution and

Religion (Evolução e Religião) de 1885. Para ele, Deus providencialmente ordenou a

gradual eliminação das origens animais da humanidade, estabelecendo assim sua

capacidade superior moral e espiritual.

Benjamin B, Warfield (1887-1921) um dos maiores pensadores

protestantes conservadores, professor de teologia em Princeton, com notável

reputação para a ortodoxia protestante, era também teísta evolucionista. Pra ele não

existiam incompatibilidades entres o cristianismo e a teoria darwinista. Defendia que

a ideia de seleção natural poderá ser aceita sem dificuldades pelos evangélicos,

como uma lei natural agindo sob a proteção geral da providencia divina.

Muitos outros estudiosos defenderam o teísmo evolucionário e ainda o

defendem.

A Criação e o Cristo: reflexões no âmbito da Biologia e Teologia de Mário

Antônio Sanches, publicado em 2012, é um exemplo de como a biologia e a teologia

podem interagir positivamente. Ele afirma que existem duas visões de “ser humano”,

na biologia – uma espécie de ser vivo entre milhares de outras – e na teologia

bíblica – um ser chamado a uma relação especial com o criador, criado a sua

imagem e semelhança. As duas visões são compatíveis e trazem um entendimento

mais amplo do ser humano e do papel que ele exerce na criação. O cristão,

atualmente, necessita de todos os recursos disponíveis para construir uma visão

integral da realidade. Para fazer biologia é não necessário livrar-se dos

conhecimentos teológicos e não é possível fazer teologia negando os

conhecimentos comprovados da biologia moderna, pois, o ser humano redefinido

pelo biologia poderia ser reduzida apenas a dimensão genética. Para propor que o

reducionismo é insustentável se deve acrescentar o envolvimento de outras

disciplinas, no caso a teologia, criando um discurso mais amplo. Este novo discurso

necessita fazer justiça a dignidade humana, sem desconsiderar as comprovações

científicas que podem gerar novas perspectivas para que a mesma dignidade

humana seja contemplada.

Page 39: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

39

5 NOS DIAS CONTEMPORÂNEOS

A Igreja Católica Romana hoje assume em papel determinado pelo Papa

atual (Francisco I), que aceita alguma legitimidade científica quando declara que

tanto a “evolução” quanto o “Big Bang” são compatíveis com a existência de um

Deus criador, mas assume uma posição conservadora quanto à contracepção, o uso

de células-tronco embrionárias e o uso dos preservativos, entre outros. Conclui-se

então que há um princípio de diálogo, mas também de conflito, dependendo do tema

em pauta.

Hoje no Brasil, há uma posição de independência pela maioria das Igrejas

Protestantes. Geralmente as duas áreas, ciência e religião, são separadas para

evitar o conflito.

Abaixo um resumo de um trecho do “Fórum – Ortodoxia e Reforma” do

Congresso Lutando Pela Igreja (Missão Integral) onde o teólogo e filósofo Ariovaldo

Ramos comenta sobre o tema:

Ele afirma que a Bíblia é por definição um livro de fé, infalível e inerrante e

que a relação entre a fé (bíblica cristã) e a ciência é dialética e não dilemática. A fé

não abre mão das suas certezas e a ciência não precisa abrir mão das suas

dúvidas. A ciência prescinde de Deus e a fé diz que Deus fez e faz ciência. A fé e a

ciência só são dadas a seres racionais, só seres racionais investigam e somente

seres racionais creem. A ciência tem um método diferente da fé, enquanto o método

da fé é dedutivo (parte da certeza de que há um todo e busca o significado das

partes) o método da ciência é indutivo (investiga as partes para ver a possibilidade

de haver um todo). O cristão deve perder a carência infantil e se sentir forçado a

provar a sua fé pela ciência, precisa perder a vergonha de crer e a necessidade de

precisar de aval para sua fé. A fé é tão racional quanto a ciência, não há questão de

um julgar o outro.

Porém no meio acadêmico percebemos que a cada dia a posição de

diálogo cresce, principalmente nas áreas de teologia, ciência da religião, biologia,

neurociência, bioética, genética, termodinâmica, física e mecânica quântica, entre

outras. Curiosamente as instituições que apoiam e financiam pesquisas e debates,

envolvendo teologia e ciência, são cristãs como, por exemplo, a PUCSP, PUCPR e

Universidade Mackenzie, outras instituições laicas como UNESP e USP também

fornecem grandes contribuições.

Page 40: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

40

A grande maioria das pesquisas se dedica a ir além de comparar as

competências e legitimidades dos diferentes conhecimentos e também a abordar

temas específicos e tratá-los a partir de múltiplas visões.

Há também, no Brasil, outros grupos que debatem o tema como, por

exemplo, o Encontro Internacional de Cientistas Cristãos, mas devemos considerar

que a maioria dos palestrantes são tendenciosamente criacionistas quando utilizam

uma posição de conflito entre a religião cristã e a ciência, defendendo principalmente

os conceitos do “Design Inteligente” (não apresentado neste trabalho pelas razões

descritas no item 4.2).

Já nos Estados Unidos e na Europa, nas últimas décadas, há um

crescimento do diálogo entre ciência e religião.

Inúmeras instituições e sociedades tem se formado para a promoção

deste diálogo, como: European Society for the Study of Science and Theology

(Sociedade Europeia para Estudos da Ciência e Teologia), Science and Religion

Forum (Fórum sobre Ciência e Religião), Berkeley Center for Theology and Natural

Science (Centro para Teologia e Ciência Natural de Berkeley), entre outros. O

Centro de Berkeley e o Observatório do Vaticano têm patrocinado conferências

significativas, onde grandes cientistas como Stephen Hawking e Paul Davies junto

com notáveis teólogos como John Polkinghorne e Wolfhart Pannenberg, exploram

juntos as implicações da ciência para a teologia.

Também existem inúmeros periódicos dedicados a este tema, não só no

campo teológico e científico como no meio secular, que publicam artigos, trabalhos e

teses sobre as implicações mútuas da ciência e da religião.

A fundação Templeton oferece uma premiação em ciência e religião, de

um milhão de dólares, para os mais notáveis pensadores integrativos, como: John

Polkinghorne, George Ellis e Paul Davies.

Este diálogo entre ciência e religião atingiu tamanha importância que

universidades com Oxford e Cambridge instituíram cátedras em ciências e religião.

Os acadêmicos estão entendendo que, cada vez mais, o diálogo se torna

significativo, ciência e religião descobriram que possuem importantes interesses

mútuos e considerações relevantes uma para com a outra, explorando juntas as

maneiras que as tornam aliadas na busca pela verdade.

Page 41: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

41

6 CONCLUSÃO

A partir do que foi apresentado neste trabalho pode-se considerar que:

Os debates entre ciência e religião se dão quase totalmente em

ambientes acadêmicos e estão crescendo cada vez mais com o passar do tempo.

Os cristãos geralmente não são instruídos para pensar além da

“espiritualidade”.

A ciência e a fé não são opostas, mas complementares.

E preciso pensar que nem toda a ciência é boa, deve-se distinguir a

boa e a má ciência, assim como se deve distinguir a boa e a má fé.

É necessário uma dose extra de fé para crer nas teorias do início do

universo, acreditando ou não em Deus.

Assim como a progresso na ciência, a teologia também deve progredir.

Os cristãos devem olhar ao redor e perceber a realidade que o cerca.

Precisa desacelerar o ritmo que se vive atualmente e buscar o autoconhecimento, a

adoração e a humildade para não tornar o presente absoluto e imediatista. Deve

contemplar as obras de Deus através da ciência, pois Ele é soberano para dar

capacidade e inteligência aos homens para o desenvolvimento da ciência e para

descobertas que podem melhorar a qualidade de vida da humanidade.

Os cristãos devem retirar o diálogo entre ciência e religião da quase

exclusividade acadêmica, tentando trazer este diálogo mais próximo da comunidade,

utilizando a ciência para o bem comum, tratando e restaurando a dignidade daquele

que precisa.

Os cristãos devem fazer a diferença utilizando as novas tecnologias e

descobertas para fazer justiça, glorificando a Deus, tentando ser a voz daqueles que

não tem voz, lutando para que todos “tenham vida e a tenham em abundância” (Jô

10:10).

A formação de líderes cristãos deve ser focada na manifestação do

amor de Deus e na expansão do seu “Reino” e não focada na importância da

intelectualização e da manipulação das massas.

Tanto a religião quanto a ciência devem ser observadas para o

estabelecimento de limites que não permitam agressões ao direito de vida.

Page 42: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

42

Finalmente, e infelizmente, os cristãos devem reconhecer que mesmo

entre eles não há um consenso, ainda que utilizem o mesmo “livro de fé”, que

possuam o mesmo Salvador, que tenham o mesmo objeto de adoração, Deus Pai, e

o mesmo orientador e consolador, o Espírito Santo; ainda não conseguem obter um

diálogo interdenominacional. Os cristãos devem reconhecer que ainda resta

percorrer um longo caminho para estarem amadurecidos e abrir possibilidades para

um diálogo mais popular entre a Fé Cristã e a Ciência Moderna.

Page 43: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

REFERÊNCIAS

CARSON, D. A. Cristo & cultura: uma releitura. São Paulo, Vida Nova, 2012. GEISLER, Norman, BOCCHINO, Peter. Fundamentos inabaláveis. São Paulo: Editora Vida, 2003. GOSWAMI, Amit. O universo autoconsciente: como a consciência cria o mundo material. 2ª ed. São Paulo: Editora Aleph, 2008. HUTCHINSON, Robert J. Uma história politicamente incorreta da Bíblia. Rio de Janeiro: Agir, 2012. McGRATH, Alister E. Fundamentos do diálogo entre Ciência e Religião. São Paulo: Editora Loyola, 2005. NICHOLLS, Bruce J. Contextualização: uma teologia do evangelho e cultura. 2ª Ed. São Paulo: Vida Nova, 2012. PETERS, Ted; BENNETT, Gaymon. Construindo Pontes entre a Ciência e a Religião. São Paulo: Editora Loyola; Editora UNESP, 2003. BOTELHO, Marcos C. Conhecimento e Fé: processos históricos da relação ciência e religião. Vox Faifae: Revista de Teologia da Faculdade FAIFA, v. 3, nº 2. 2011. Edição Especial - II Conferência Nacional Crer é Pensar. Disponível em: http://www.faifa.edu.br/revista/index.php/voxfaifae/article/view/37/56. Acessado em 28 Nov 2014. CAMENIETZKI, Carlos Z. Cientistas e religiosos. 10 Mai 2005. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/2005/05/11.shtml. Acessado em 13 Dez 2014. CARVALHO, Guilherme V. R. Resenha: Por que o Diálogo de Ciência e Religião é Importante. (WATTS, Fraser, DUTTON, Kevin). Disponível em: http://ultimato.com.br/sites/testedafebrasil/resenha-por-que-o-dialogo-de-ciencia-e-religiao-e-importante/. Acessado em 13 Dez 2014. COUTINHO, Francisco A., SILVA, Fábio A. R. Ciência e Religião: uma guerra desnecessária. Revista Ciência Hoje, Ed. 304. Jun 2013. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2013/304/pdf_aberto/cienciaereligiao304.pdf/ at_download/file. Acessado em 30 Jan 2015. CRAIG, Willian L. Tradução: Marcos Vasconcelos. Que relação existe entre ciência e religião? Disponível em: http://www.reasonablefaith.org/portuguese/que-relacaeo-existe-entre-ciencia-e-religiaeo. Acessado em 13 Dez 2014. GOMES, Rodrigo. Um “Big Bang!” no princípio... 07 Nov 2012. Disponível em: http://genesisum.blogspot.com.br/2012/11/um-big-bang-no-principio.html. Acessado em 30 Jan 2015.

Page 44: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

KIENITZ, Karl H. Ouvidos Tapados, olhos fechados. 30 Jun 2010. Disponível em: http://www.ultimato.com.br/conteudo/ouvidos-tapados-olhos-fechados. Acessado em 13 Dez 2014. LOPES, AUGUSTUS N. Homilia: A Guerra entre o cristianismo e a Ciência. Disponível em: http://www.mackenzie.br/guerra_cristianismo.html. Acessado em 17 Fev 2014. MACHADO, Jonatas E. M. Uma Dicotomia Enganadora. 01 Mar 2008. Disponível em: http://www.universocriacionista.com.br/content/blogcategory/22/45/. Acessado em 30 Jan 2015. MATEUS, Gabriela. Ponto para a Igreja Católica: Papa Francisco declara que teorias da Evolução e do Big Bang são reais. Disponível em: http://hypescience.com/papa-francisco-evolucao-big-bang/. Acessado em 19 Mar 2015. GROSSMANN, Cesar. Igreja Católica e Ciência: uma relação complicada. Disponível em: http://hypescience.com/igreja-catolica-e-ciencia-uma-relacao-complicada/. Acessado em 19 Mar 2015. PAIVA, Geraldo J. Ciência e Religião. 10 Mai 2005. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/2005/05/09.shtml. Acessado em 13 Dez 2014. PLANTINGA, Alvin. Tradução: Daniel Brisolara. Evolução versus Naturalismo, 18 Out 2011. Disponível em: http://www.respostasaoateismo.com/2011/10/evolucao-versus-naturalismo.html. Acessado em 30 Jan 2015. POLKINGHORNE, John. Tradução: Guilherme V. R. de Carvalho, Set 2007. O debate sobre religião e ciência: uma introdução. Abr 2007. The Faraday Institute for Science and Religion. https://www.faraday.st-edmunds.cam.ac.uk/resources/Faraday%20Papers/Faraday%20Paper%201%20Polkinghorne_PORT.pdf. Acessado em 30 Jan 2015. POLKINGHORNE, John. Tradução: Guilherme V. R. de Carvalho, Set 2007. O princípio antrópico e o debate entre ciência e religião. Abr 2007. The Faraday Institute for Science and Religion. https://www.faraday.st-edmunds.cam.ac.uk/resources/Faraday%20Papers/Faraday%20Paper%204%20Polkinghorne_PORT.pdf. Acessado em 30 Jan 2015. ROCHA, Alessyo Patrick de S. Fé e Ciência – resposta ao texto “Entre Deus e o orientador ateu” do professor Luiz Oswaldo Carneiro Rodrigues. Out 2011. Disponível em: http://www.medicina.ufmg.br/noticias/wp-content/uploads/ 2011/10/F%C3%A9-e-ci%C3%AAncia-resposta.pdf. Acessado em 17 Fev 2014. RODRIGUES, Wellington G. As relações entre ciência e religião segundo Ian Barbour. Disponível em http://www.ebah.com.br/content/ABAAABeWsAE/as-relacoes-entre-ciencia-religiao-segundo-ian-barbour#. Acessado em 13 Dez 2014. SANCHES, Mário Antonio. O diálogo entre teologia e ciências naturais. O mundo

Page 45: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

da saúde, ano 31, v.31, nº. 2, Abr/Jun, 2007. São Paulo: São Camilo, 179-186. Disponível em: http://igrejasaojoseoperario.com.br/pdf/artigos/8.pdf. Acessado em 28 Nov 2014. SANCHES, Mário Antonio. Espiritualidade e ciência na sociedade do conhecimento. Estudos Teológicos, São Leopoldo, v. 49, n. 2, Jul/Dez. 2009, p. 291-304. Disponível em: http://periodicos.est.edu.br/index.php/estudos_teologicos/ article/download/89/83. Acessado em 28 Nov 2014. SANCHES, Mário Antonio. A criação e o Cristo: reflexões no âmbito da biologia e teologia. In: OLIVEIRA, Paulo Eduardo de; TESCAROLO, Ricardo (org.). Ensaios sobre ciência e fé. Curitiba: Círculo de Estudos Bandeirantes, 2012. Disponível em: http://www.pucpr.br/arquivosUpload/1237436911336151755.pdf. Acessado em: 28 Nov 2014. SANTOS, Valdeci S.. Resenha: A Alma da Ciência (PEARCY, Nancey, TAXTON, Charles). Revista Fides Reformata Vol. XI, Nº 1, 2006, 141-145. Disponível em: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XI__2006__1/valdeci_01.pdf. Acessado em 30 Jan 2015. SILVA, Maria Freire. Resenha: Cristianismo e Ciência: Para uma teologia da natureza (HAUGHT, John F.). Revista de Cultura Teológica - v.18 – nº 69 – Jan/Mar 2010. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/culturateo/article/ download/15429/11529. Acessado em: 17 Fev 2014. SOUSA, David. Resenha: A Alma da Ciência (PEARCY, Nancey, TAXTON, Charles), 26 Ago 2011. Disponível em: http://www.respostasaoateismo.com/2011/08/ alma-da-ciencia-anotacoes-do-primeiro.html. Acessado em 30 Jan 2015. TAIT, Márcia. Ciência e religião; discursos nem sempre conflitantes. 10 Mai 2005. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/2005/05/07.shtml. Acessado em 13 Dez 2014. Fórum – Ortodoxia e Reforma - Painel com Hernandes Dias Lopes, Burjack, Ariovaldo Ramos e Ricardo Bitun no Congresso Lutando Pela Igreja. 03 Mai 2014 – comentário de Ariovaldo Ramos em 1:08:25 até 1:14:25 (Canal Missão na Integra). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xVJjrYQL42s. Acessado em 13 Mar 2015. Transcrição completa da entrevista concedida pelo físico Amit Goswami ao programa "Roda Viva" da TV Cultura, no dia 12 Mar 2010. Disponível em: http://www.saindodamatrix.com.br/archives/goswami.htm. Acessado em 19 Mar 2015.

Page 46: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

ANEXOS

Page 47: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

Anexo A - Pessoas que contribuem/contribuíram para o diálogo

Alister E. McGrath (1953-): formado em química, cursou teologia em

Oxford e Cambridge, detém dois doutorados da Universidade de Oxford, Um Ph.D.

em Biofísica Molecular e um doutorado em Divindade em Teologia.

Amit Goswani (1936-): físico nuclear e quântico, Ph.D. em física

quântica e professor titular de Física da Universidade de Oregon.

Aracy Terezinha Martignoni: graduada em Teologia pela Faculdade

Missioneira do Paraná e possui mestrado em Teologia Sistemática Pastoral pela

Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Arthur Peacocke (1924-2006): bioquímico físico, teólogo e padre

anglicano, foi pioneiro na investigação do DNA na área físico-química, se tornou um

dos principais defensores para a interação criativa entre fé e ciência. Possui vários

doutorados e Ph.D. em suas áreas de atuação. Vencedor do Prêmio Templeton para

o Progresso da Religião 2001.

Charles A. Coulson (1910-1974): Atuou nas áreas de química, física e

química, Professor e cátedra na Universidade de Oxford, escreveu muitos livros

nestas áreas e outras tantas sobre as relações das ciências com a fé cristã.

Charles H. Townes (1915-2015): Físico e teólogo, Ph.D. em Física

Nuclear. Ganhou o Nobel de Física em 1964, por trabalhos fundamentais no campo

da eletrônica quântica, Vencedor do Prêmio Templeton para o Progresso da Religião

2005.

Denis Alexander (1945-): biólogo molecular e autor sobre religião e

ciência. Doutor Emérito do Instituto Faraday para Ciência e Religião no St. Edmund

College, Cambridge. Editor do periódico Science and Christian Belief., estudou

bioquímica e possui Ph.D. em neuroquímica do Instituto de Psiquiatria, ambos em

Oxford.

Eduardo Rodrigues da Cruz: Mestrado em Física Nuclear pela USP,

bacharel em teologia pela Faculdade Teologia N.Sa. Assunção, professor na

PUCSP, doutorado em Teologia pela Lutheran School of Theology em Chicago e

pós-doutorado no Institute for the Advanced Study of Religion. Recebe vários

auxílios da Fundação John Templeton para pesquisas.

Page 48: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

Elizabeth A. Johnson (1941-): teóloga feminista cristã, professora de

Teologia na Universidade de Fordham. Membro das Irmãs de São José de

Brentwood. Atuou como presidente da Sociedade Teológica Católica da América.

Ernan McMullin (1924-2011): sacerdote católico, filósofo da ciência

internacionalmente respeitado que escreveu e ensinou extensivamente sobre

assuntos que vão desde a relação entre a cosmologia e a teologia, ao papel dos

valores na compreensão da ciência, ao impacto do Darwinismo no pensamento

religioso ocidental. Ele era um especialista sobre a vida de Galileu.

Freeman Dyson (1923-): matemático e físico teórico, recebeu vários

prêmios, entre eles, o Templeton de 2000. Participa de eventos internacionais para

difundir o estudo da Teologia Natural.

Gaymon Bennett: Ph.D. em Antropologia pela Universidade de

Berkeley, Ph.D. em Teologia pela Graduate Theological Union. Coordenador de

Comunicações, Programa de Cursos de Ciência e Religião do Centro para Teologia

e Ciências Naturais, em Berkeley.

George Francis Rayner Ellis (1939-): professor emérito de Sistemas

Complexos no Departamento de Matemática e Matemática Aplicada na Universidade

da Cidade do Cabo na África do Sul. Foi coautor de The Large Scale Structure of

Space-Time junto com o físico Stephen Hawking, publicado em 1973, e é

considerado um dos teóricos mais importantes do mundo em cosmologia. Ganhou o

Prêmio Templeton, em 2004, por suas pesquisas centradas sobre os aspectos mais

filosóficos da cosmologia.

George L. Murphy: associado de pastoral na Igreja Episcopal de St.

Paul em Ohio. Leciona e realiza pesquisas no Luther College, The University of

Western Australia, e no Westminster College. Ganhou o prêmio Templeton para o

desenvolvimento de cursos de ciência-religião, em 1995. É profissional associado a

instituições como The American Physical Society, The Center for Theology and the

Natural Sciences, e the American Scientific Affiliation.

Guilherme V. R Carvalho: formado pela Escola Superior de Teologia

Mackenzie, mestre em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo, e

mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Foi

professor de teologia por vários anos, e tem interesse especial por filosofia da

religião, teologia natural e teologia da cultura. Atualmente é pastor da Igreja

Esperança em Belo Horizonte e diretor de L’Abri Fellowship Brasil.

Page 49: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

Holmes Roston III (1932-): filósofo, professor de filosofia na

Universidade Estadual do Colorado. Conhecido por suas contribuições para a ética

ambiental e para a relação entre ciência e religião. Entre outras honrarias, ganhou o

Prêmio Templeton 2003.

Ian G. Barbour (1923-2013): físico, com vários doutorados e Ph.D. em

física. Ganhou Prêmio Templeton, em 1999, por seus esforços para criar um diálogo

entre os mundos da ciência e da religião. Recebeu o crédito de ter criado a área

contemporânea de estudo da ciência e da religião, por realizar estudos com grande

amplitude de tópicos e campos trazidos para essa integração.

Ian H. Hutchinson (1951-): Bacharel em física pela Universidade de

Cambridge, PH.D. em Engenharia Física pela Universidade Australiana Nacional,

professor de Ciência e Engenharia Nuclear no Instituto de Tecnologia de

Massachusetts (MIT). Ele tem se relacionado com a American Scientific Affiliation

sobre as interseções do cristianismo com a ciência, e no Fórum Veritas.

John Carson Lennox (1945-): professor de Matemática da Universidade

de Oxford, orientador em Matemática e Filosofia da Ciência e conselheiro pastoral

no Green Templeton College de Oxford, professor Adjunto da Wycliffe Hall na

Universidade de Oxford e no Centro de Oxford para Apologética Cristã, orientador

sênior do Trinity Forum. e apologista cristão. Estudioso das relações entre ciência e

religião, publicou vários livros e participa de debates públicos sobre o assunto,

notoriamente com o neoateísta Richard Dawkins.

John Polkinghorne (1930-): físico teórico Inglês, teólogo, escritor e

sacerdote anglicano. Trabalhou com física teórica de partículas elementares por 25

anos; foi Professor de Física Matemática na Universidade de Cambridge e, em

seguida, Presidente do Queens’ College, em Cambridge. Membro da Royal Society,

foi o Presidente Fundador da International Society for Science and Religion e é autor

de cinco livros sobre física, e 26 sobre a relação entre ciência e religião; Suas

publicações incluem o mundo quântico (1989), Física Quântica e Teologia:, incluindo

Science and Theology, além de inúmeros artigos e trabalhos em periódicos

internacionais.

Kirk Wegter McNelly: professor assistente do Departamento de Estudos

Religiosos da Manhattan College, Nova York, onde leciona cursos voltados para a

relação entre religião e ciência. Possui doutorado em teologia sistemática e filosófica

da Graduate Theological Union, em Berkeley. Produziu trabalhos que lidam com a

Page 50: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

ação divina, uma focada em biologia evolutiva e outra sobre as neurociências. Suas

pesquisas se concentram no envolvimento entre a teologia cristã e a física

contemporânea. Ganhador de vários prêmios tanto na área das ciências Naturais

como em teologia.

Marcos Campos Botelho: graduado em Teologia pelo Seminário

Presbiteriano Brasil Central em Goiânia, graduado e mestre em Filosofia pela

Universidade Federal de Goiás e professor da Faculdade FAIFA e do Seminário

Presbiteriano Brasil Central.

Mariano Artigas (1938-2006): físico, filósofo, professor universitário e

sacerdote da Igreja Católica, membro da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz e

Opus Dei. Foi membro da European Association for the Study of Science and

Theology, do Comitê do projeto Science Human Values, da Academia Pontifícia de

Santo Tomás (Vaticano), da Sociedade Internacional para a Ciência e Religião da

Universidade de Cambridge, subvencionado pela European Science Foundation e

correspondente da Academia Internacional de Filosofia das Ciências. Foi consultor

do Pontifício Conselho para o Diálogo com os não crentes, professor em diversas

universidades latinas (Peru; Colômbia, Chile, México) e europeias (Roma, Suíça,

Holanda). Recebeu bolsa da Fundação Templeton por seus trabalhos na área da

ciência e da religião.

Mário Antônio Sanches: pós-doutorado em Bioética na Cátedra de

Bioética da Universidad Pontificia Comillas, em Madrid, com bolsa da

CAPES/Fundação Carolina, doutor em Teologia, mestre em Antropologia Social pela

UFPR, especialista em Bioética e licenciado em Filosofia, professor no Programa de

Pós-Graduação em Teologia, coordenador do Programa de Pós-Graduação em

Bioética da PUCPR, líder do Grupo de Pesquisa Teologia e Bioética da PUCPR,

membro da SBB/PR e membro do Comitê de Ética em Pesquisa. Possui vasta lista

de publicações acadêmicas, artigos e periódicos em suas áreas de atuação onde

grande parte há relacionamento entre ciência e teologia.

Martinez J. Hewlett (1942-):Professor Emérito de Biologia Molecular e

Celular da Universidade do Arizona. Professor adjunto na Escola Dominicana de

Filosofia e Teologia da Graduate Theological Union e um membro leigo da Ordem

Dominicana. Autor de dois livros sobre a relação entre ciência e religião com Ted

Peters.

Page 51: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

Muzaffar Iqbal (1954-): químico, presidente fundador do Center for

Islamic Sciences, Canadá. Escreveu vinte e três livros. Editor de uma revista de

perspectivas islâmicas sobre ciência e civilização, Islamic Sciences. Suas obras são

sobre o Islã, o sufismo, os muçulmanos e sua relação com a modernidade. Foi um

dos experts para o Physics and Cosmology Group of the Center for Theology and

the Natural Sciences, ao lado de cientistas como Andrei Linde, John Polkinghorne,

Paul Davies e Charles Townes; entre 1996 e 2003 o grupo realizou um diálogo

público intensivo sobre ciência e espiritualidade.

Nancey Murphy (1951-): filósofa e teóloga, professora de Filosofia

Cristã no Fuller Theological Seminary em Pasadena. Bacharel em filosofia e

psicologia pela Universidade de Creighton, Ph.D. em filosofia da ciência pela

Universidade da Califórnia, em Berkeley e Doutora em Teologia pela Graduate

Theological Union. Seus interesses de pesquisa concentram no papel da filosofia

moderna e pós-moderna na formação da teologia cristã; sobre as relações entre a

teologia e a ciência; e mais recentemente na filosofia da mente e da neurociência

Nancey Randolph Pearcey (1952-): bacharel pela Universidade

Estadual de Iowa e Mestra em Estudos Bíblicos pelo Covenant Theological

Seminary em St. Louis, Missouri. Realizou um estudo adicional em filosofia no

Institute for Christian Studies em Toronto. Foi acadêmica durante muitos anos do

Francis A. Schaeffer no World Journalism Institute. Em 2007, nomeada acadêmica

pelo Worldview Studies at the Center for University Studies at Philadelphia Biblical

University, Pennsylvania, e acadêmica na Residence at Houston Baptist University.

Paul Davies (1946-): físico, escritor e apresentador, reconhecido

internacionalmente. Atualmente ocupa o cargo de professor de Filosofia Natural no

Centro Australiano de Astrobiologia na Universidade de Macquaire, Sydney. Doutor

pela Universidade de Londres, trabalhou também nas universidades de Cambridge e

de Adelaide. Seus campos de pesquisa incluem cosmologia, teoria quântica de

campos e Astrobiologia. Desde 2005, ocupa a liderança da SETI: Post-Detection

Science and Technology Taskgroup da International Academy of Astronautics.

Recebeu o Prêmio Templeton de 1995 por suas contribuições às implicações mais

profundas da ciência.

Peter M. J. Hess: trabalha como Diretor de Extensão para

Comunidades Religiosas com o Centro Nacional de Ciências da Educação em

Oakland, para promover a compreensão da relação entre a ciência e crença

Page 52: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

religiosa. Mestre pela Universidade de Oxford e Ph.D. pela Graduate Theological

Union, em Berkeley. Coautor de foi coautor do livro Catholicism and Science com

Paul Allen . Membro da Sociedade Internacional para a Ciência e Religião (ISSR).

Atualmente ministra cursos em ética ambiental e ciência e religião em várias

universidades na área da Baía de San Francisco.

Philip Clayton (1955-): teólogo e filósofo contemporâneo, professor de

Teologia em Ingraham Claremont School of Theology. Possui doutorado duplo de

filosofia e teologia em Yale, orientado por Louis Dupre. Foi bolsista do Serviço

Alemão de Intercâmbio Acadêmico sob orientação de Wolfhart Pannenberg,

eventualmente trabalha como tradutor da obra de Pannenberg. Manteve cátedras

na Williams College, na California State University Sonoma, na Universidade de

Harvard e na Universidade de Cambridge. Sua pesquisa se concentra na relação

entre religião e ciência, teologia do processo, filosofia da religião, e questões

contemporâneas em ecologia, religião e ética. Recebeu várias bolsas de

investigação e docência internacional.

Robert John Russell: fundador e diretor do Center for Theology and the

Natural Sciences e do Ian G. Barbour Professor of Theology and Science in

Residence na Graduate Theological Union. Ele escreveu e editou uma grande

quantidade de trabalhos sobre os possíveis mecanismos científicos para as crenças

do cristianismo. Ministro ordenado na Igreja Unida de Cristo. Ph.D. em Física pela

Universidade da Califórnia, bacharel em física pela Universidade de Stanford, mestre

em física pela UCLA, mestre em Teologia e M. Div. pela Pacific School of Religion.

Ensinou física em Carleton College e ciência e religião com Ian Barbour por vários

anos antes de se juntar a Graduate Theological Union em 1981. Publicou vários

trabalhos que exploram consonância e dissonância entre a física moderna, biologia

evolutiva e da teologia cristã. Pesquisador principal do STARS: Science and

Transcendence Advanced Research Series. No livro God’s Action in Nature’s World:

Essays in Honour of Robert John Russell, 15 acadêmicos analisam os pontos de

vista da contribuição de Russel sobre a interação entre a teologia e a ciência.

Ted Peters (1941-): teólogo luterano, professor de Teologia Sistemática

no Pacific Lutheran Theological Seminary. Trabalha como teólogo e educador, é um

autor prolífico e editor sobre a teologia cristã e luterana no mundo moderno, editor-

chefe de Dialog, A Journal of Theology, uma revista acadêmica trimestral da teologia

moderna e pós-moderna e coeditor de Theology and Science publicado pelo Center

Page 53: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

for Theology and the Natural Sciences, em Berkeley. Bacharel pela Michigan State

University, M.Div. do Trinity Lutheran Seminary e mestre e doutor pela Universidade

de Chicago.

Varadaraja V. Raman (1932): professor emérito de Física e

Humanidades no Instituto de Tecnologia de Rochester. Lecionou e escreveu sobre o

patrimônio e a cultura indiana, autor de vários livros, resenhas de livros e artigos

sobre ciência e religião. Ele é considerado especialista na religião hindu,

especialmente a forma como ele se relaciona com a ciência moderna. Eleito membro

sênior do Instituto Metanexus. Recebeu o Raja Rao Award, em 2006, que reconhece

escritores que fizeram contribuições relevantes para a literatura da diáspora asiática

do Sul.

Willian Lane Craig (1949-): filósofo e teólogo cristão americano. Como

filósofo, se especializou em filosofia da religião, metafísica, e filosofia do tempo.

Como teólogo, sua especialidade são os estudos sobre o Jesus histórico e teologia

filosófica. Fez importantes contribuições para as discussões sobre o argumento

cosmológico em favor da existência de Deus, a onisciência divina, teorias do tempo

e eternidade e para a historicidade da ressurreição de Jesus. Doutor em filosofia

pela Universidade de Birmingham e em teologia pela Universidade de Munique.

Atualmente leciona filosofia na Talbot School of Theology. Conferencista

internacional e autor de dezenas de artigos e livros no campo da filosofia e da

apologética.

Wolfhart Pannenberg (1928-2014): teólogo protestante que mais

atenção deu à relação entre fé e razão na teologia contemporânea, chamado, muitas

vezes, de o maior teólogo da segunda metade do século 20. Foi professor em

diversas renomadas Universidades. Autor extremamente produtivo escreveu livros,

artigos e publicações acadêmicas (em dezembro de 2008, a sua “página de

publicação” na Universidade de site de Munique listava 645 publicações acadêmicas

para o seu nome). A obra Teologia Sistemática de Wolfhart Pannenberg, em três

volumes, é considerada a melhor teologia sistemática do século 20.

Page 54: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

Anexo B - Supostos erros da Bíblia

O livro Uma História Politicamente Incorreta da Bíblia, de Robert J.

Hutchinson, apresenta em seu terceiro capítulo alguns argumentos utilizados pelos

neoateístas para buscar discrepâncias, criticar e atacar a Bíblia e a fé cristã; e

também apresenta as possíveis respostas a estes argumentos. Abaixo um breve

resumo do conteúdo deste capítulo.

Supostos erros.

Não é errado que nos dias de hoje, as pessoas questionem certas

passagens bíblicas e por que parecem ser inverossímeis em relação a outras áreas

de conhecimento como a ciência moderna e a história. Este fato é normal e

totalmente endossado pela Bíblia quando Paulo recomenda “Examinei tudo.

Retende o bem.” (1 Ts 5:21).

Porém, toda a contradição, discrepância, suposto erro histórico ou

científico, incorreção gramatical, fato ou comentário controverso referente à Bíblia e

apontado nos dias atuais; já foram percebidos, discutidos e debatidos

exaustivamente, milhares de vezes, por centenas de anos pelas maiores mentes da

história. Mas isso não significa que toda questão foi resolvida ou todo o problema

solucionado. Indica sim, que se deve ter um pouco de modéstia e respeito ao se

tratar com o livro sagrado de uma terço da população mundial, e antes de

anunciarem os “problemas” bíblicos, dever-se-ia verificar com aqueles de creem na

Bíblia se já perceberam estes fatos e como lidaram com essas potenciais ameaças a

sua fé.

Supostas inconsistências.

As inconsistências são conhecidas entre os cristãos conservadores como

“dificuldades bíblicas” e existem livros inteiros dedicados a elas, na tentativa de

resolvê-las, se é que realmente precisam ser resolvidas. Porém, muitas delas podem

ser explicáveis com uma leitura mais cuidadosa dos textos:

- O dilúvio durou quarenta dias (Gn 7:4) ou um ano inteiro (Gn 7:11)? A

duração do dilúvio é aparentemente contraditória, mas os textos salientam que

quarenta dias foi o tempo da duração da chuva, enquanto o ano inteiro foi o período

Page 55: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

em que Noé e sua família permaneceram na arca até que as águas baixassem e

eles pudessem pisar em terra firme.

- Quantos animais de cada espécie entraram na arca, dois (Gn 6:19) ou

sete (Gn 7:2) ? Em Gn 6:19-20 fala-se de pelo menos dois animais de cada espécie,

enquanto Gn 7:2 é mais detalhado e diz sete pares de todos os animais limpos

(puros) e apenas um casal dos não limpos (impuros).

- Afinal Abraão veio de Ur dos Caldeus (Gn 11:28) ou de Harã (Gn 29:4)?

A família de Abraão era originalmente de Ur, mas migrou para Harã antes dele

receber o chamado de Deus.

- Quanto aos filhos de Abraão, Isaque era o “filho único” (Gn 22:2), havia

outro primogênito (Gn 16) ou Abraão tinha outros filhos (Gn 25)? Neste caso, como

na maioria das inconsistências apontadas, o problema é histórico-socio-cultural,

onde tentam impor um padrão mais atual e regional a pessoas que possuíam estilos

de vida, cultura e panoramas diferentes. Os outros filhos de Abraão, incluindo aí

Ismael, eram crianças que foram geradas com escravas, concubinas e com sua

segunda esposa, Quetura (após a morte de Sara).

Supostos erros de citações

Os autores do Novo Testamento parecem. muitas vezes, equivocar-se

nas citações das escrituras. Não necessariamente são erros como apontam os

críticos. Por exemplo, Mateus 4:14-16 cita Isaias 9:12, mas a citação não combina

com nossos textos de Isaías, nem na versão hebraica, nem na grega. Mateus 2:6

parece reproduzir Miquéias de modo errôneo, adicionando palavras que não

pertencem ao original. E Mateus 2:23 cita uma profecia “Ele será chamado

Nazareno” que nãoexiste na bíblia hebraica que temos acesso.

Estes exemplos podem ser explicados pelo fato que na época os judeus

citavam a Bíblia de cor e dificilmente ipsis literis (o acesso aos textos era restrito).

Muito frequentemente recorriam a paráfrases em aramaico muito livres do texto em

hebraicos, conhecidas como targumin (traduções). É possível que os textos do

nosso Novo Testamento pudessem ser traduções para o grego de paráfrases livres

do aramaico de citações em hebraico. Não é surpresa que os textos não sejam

citações feitas palavra por palavra.

Page 56: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

Supostos erros históricos

Muitos dos supostos erros históricos ou anacronismos envolvem

topônimos – o que sugere a existência de um editor posterior à escrita do que um

“erro”. Por exemplo, em Genesis 14 descreve-se a perseguição dos reis

sobreviventes de Sodoma e Gomorra por Abraão até a cidade de Dã, mas esta não

existia nesta época. É como considerar um erro histórico a afirmação que “os

holandeses fundaram Nova York” quando, tecnicamente, não o fizeram: eles

fundaram Nova Amsterdã, que posteriormente foi rebatizada de Nova York.

Outro exemplo é a referencia aos “filisteus” em Genesis 21, pois este

povo só surgiu por volta do ano 1180 A.C., também solucionado como o exemplo

anterior, porque o texto se refere a “terra dos filisteus” e não ao povo.

Uma denúncia mais grave são as referências ao uso de camelos no

Genesis, porque aparentemente estes animais ainda não haviam sido domesticados.

Porém, já existem evidências de que nesta época e talvez antes, estes animais já

haviam sido domesticados pelos sumérios por volta de 1900 A.C., além de fosseis

de camelos encontrados em escavações de acampamentos humanos, no Irã

oriental, que levaram os cientistas a concluírem que pelos idos de 2700 A.C. os

camelos começaram a ser domesticados no Turcomenistão. Então, é possível que

os habitantes da Síria-Palestina possam ter tido contato com camelos domesticados.

Supostos erros científicos

Os refutadores contemporâneos insistem na questão do “morcego” e isto

prova que a Bíblia esta repleta de erros científicos. Em Levítico 11:19 há uma

descrição deste animal como pertencente ao grupo das “aves”, porém são

“mamíferos” voadores. Ainda há outros “erros científicos” apontados na Bíblia:

- Lv 11:6 – Os coelhos são descritos como “ruminantes”.

- Lv 11:21-24 – os gafanhotos e besouros são descritos como

possuidores de “quatro pés” (insetos possuem seis).

- Lv 11:4 – O camelo é descrito como não tendo “unhas fendidas” (quando

as tem).

- Gn 3:14 – É dito que a serpente estaria condenada a andar sobre o

próprio ventre (embora não tenha sido sempre assim).

- 2 Rs 6:5-6 – O profeta Eliseu é descrito como tendo feito um machado

de ferro flutuar na superfície da água (ferro não boia).

Page 57: TCC - Dialogo Ciencia x Religião - V.05 - Final

Entretanto, esses erros são apenas tentativas de impor uma precisão

científica a textos que não tem a pretensão de o ser. A Bíblia usa a linguagem

casual e imprecisa da vida cotidiana, e não a linguagem da ciência empírica. A Bíblia

se propões a transmitir amplas idéias morais e filosóficas e não minúcias sobre

zoologia.

Por exemplo, em hebraico a palavra para ave (ohf) pode também ser

traduzida como “coisa voadora”, em outras passagens é usada para pássaros,

morcegos e insetos. A expressão “andar em quatro pés” é coloquial, não tem cunho

científico. Os coelhos, em Levítico, são classificados como ruminantes, o que hoje

sabemos serem da família dos leporídeos coprófagos, mas esta classificação não

existia no passado.

Muitos outros erros a qual os críticos apontam se referem a milagres,

como na passagem de Eliseu e o machado, esta passagem é descrita como uma

acontecimento milagroso e não como um fenômeno normal da natureza. Enfim,

quase todos os exemplos de “erros científicos” são tentativas de recorrer a uma

linguagem padrão sistemática da ciência contemporânea, quando a Bíblia nunca

aspirou a ser, mas apenas refletiu a linguagem das pessoas comuns.