TCC arqurbuvv A arquitetura como recurso terapêutico: ILPI para idosos com doença de Alzheimer
-
Upload
aghata-lopes -
Category
Documents
-
view
349 -
download
10
description
Transcript of TCC arqurbuvv A arquitetura como recurso terapêutico: ILPI para idosos com doença de Alzheimer
UNIVERSIDADE VILA VELHA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
ÁGHATA BRAGA LOPES
A ARQUITETURA COMO RECURSO TERAPÊUTICO: INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER
VILA VELHA 2014
ÁGHATA BRAGA LOPES
A ARQUITETURA COMO RECURSO TERAPÊUTICO:
INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM DO ENÇA DE
ALZHEIMER
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Profa. Dra. Ana Paula Rabello Lyra
VILA VELHA 2014
AGHATA BRAGA LOPES
A ARQUITETURA COMO RECURSO TERAPÊUTICO: INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para a obtenção do
grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.
Aprovada em_____ de ____________________de 2014.
COMISSÃO EXAMINADORA
Profª. Dra. Ana Paula Rabello Lyra Universidade Vila Velha Orientador
Profª. Me . Edna Mara Pires Gumz Universidade Vila Velha Coorientador
Arquiteto Jorge Freire de Paiva Almeida Secretaria de Saúde de Vila Velha Convidado externo
Dedico este trabalho aos meus pais, que são a minha
motivação e meus exemplos.
A todos os idosos e profissionais que lidam com a Doença de
Alzheimer.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, minha fortaleza, minha fonte de renovação e
perseverança. Se eu cheguei até aqui, foi com a graça de Deus. A Ele toda honra e
toda glória!
Agradeço aos meus pais, por todo amor, zelo e paciência. Agradeço por terem
acreditado em mim até mesmo quando eu não acreditei, por terem me oferecido
todo o suporte para que eu tivesse uma profissão. É por eles e para eles! Agradeço
ao meu irmão, de quem eu tenho tanto orgulho e admiração.
Ao meu noivo, peça fundamental nesta conquista, meu grande companheiro e
amigo, por todo o amor, força, compreensão e paciência.
Agradeço também aos meus amigos, pois mesmo sem saberem, foram minha base
e meu estímulo até nos momentos de brincadeira. Agradeço a Rafaela, minha
grande amiga, que nunca me deixou fraquejar.
Aos meus amigos de turma, que se tornaram minha família nestes 5 anos de
caminhada. Pessoas que eu levarei sempre comigo.
A equipe GS Construtora, por toda a contribuição para o meu crescimento
profissional.
Agradeço ao Jorge Freire, por todo o ensinamento e auxílio que me foi dado neste
projeto. A professora Edna Mara, por tudo o que me ensinou durante o curso e
agora como minha coorientadora.
Por último, mas não menos importante, agradeço a minha orientadora, Ana Paula
Rabello Lyra, por todo a atenção, auxílio, confiança e incentivo que me foram dadas.
No mais, agradeço a todos que entenderam minha ausência e permaneceram
comigo nesta caminhada.
RESUMO
A demência do tipo Alzheimer está ganhando destaque na sociedade brasileira,
tendo em vista o aumento da taxa de envelhecimento da população e o predomínio
da doença entre os idosos. Diante da inexistência de cura para esta demência,
buscam-se alternativas que possibilitem promover o bem-estar dos idosos e retardar
a progressão da doença no indivíduo. Além da medicina, diversas disciplinas estão
relacionadas com o tratamento da doença, dentre as quais está a Arquitetura, devido
a função positiva e indispensável que o espaço pode ter sobre a melhoria da
qualidade de vida do paciente com Alzheimer, adaptando o ambiente às
necessidades que surgem com o envelhecimento e, principalmente, com a doença.
O objetivo deste trabalho foi elaborar o Estudo Preliminar arquitetônico de uma
Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) com a Doença de Alzheimer,
considerando a importância do espaço físico para amenizar os déficits cognitivos e
prolongar a autonomia destes indivíduos, garantindo a qualidade de vida dos
mesmos. A análise foi feita a partir de autores que desenvolveram estudos sobre o
envelhecimento, a Doença de Alzheimer e o ambiente físico como recurso
terapêutico. A revisão teórica foi complementada através da participação em
congresso e da elaboração de estudos de caso. A pesquisa aborda as estatísticas
relacionadas ao envelhecimento, bem como as características, dificuldades e
doenças correlatas a este período do desenvolvimento, dentre as quais estão as
demências. No segundo momento são apresentados os sintomas, estágios e
tratamentos existentes para a Doença de Alzheimer. Na sequência discute-se o
ambiente físico e o papel positivo que este exerce no comportamento do idoso
doente, onde são destacados os benefícios das Instituições de Longa Permanência
para o bem estar de Idosos com Alzheimer, apresentando o histórico, aspectos
positivos, legislações existentes que estabeleceram normas ambientais para as
instituições e exemplos de ILPIs especializadas em Idosos com Alzheimer. Por fim, o
projeto é apresentado, considerando todos os requisitos necessários para a fase de
Estudo Preliminar, desenvolvido com base em todas as informações obtidas durante
as pesquisas realizadas.
Palavras-chave: Ambientes terapêuticos. Arquitetura para Alzheimer. Instituições de
Longa Permanência para Idosos.
ABSTRACT
The Alzheimer's dementia is gaining prominence in Brazilian society, considering the
increased rate of aging population and the prevalence of the disease among the
elderly. Given the absence of a cure for this dementia, alternatives that enable the
well-being of the elderly and slow the progression of the disease in the individual
have been sought. Apart from medicine, various disciplines are related to the
treatment of the disease, among which is architecture, due to the positive and
essential role that space can have on improving the quality of life of patients with
Alzheimer's, adapting the environment to the needs that come with aging and
especially with disease. The aim of this study was to prepare the draft of an
architectural design of a Long Permanence Institution for the Elderly (LPIE) with
Alzheimer's disease, considering the importance of physical space to alleviate the
cognitive deficits and extend the autonomy of individuals, ensuring there quality life.
The analysis was made from authors who developed studies on aging, Alzheimer's
disease and the physical environment as a therapeutic resource. The literature
review was supplemented by participation in congress and the development of case
studies. The research approaches statistics related to aging, as well as the
characteristics, difficulties and diseases related to this period of development, among
which are the dementias. On a second moment, the symptoms, stages and existing
treatments for Alzheimer's disease are presented. Afterwards, there are discussed
the physical environment and the positive role it plays in the behavior of the sick
elderly, as well as the role of Long Permanence Institution for the Elderly with
Alzheimer's, presenting the history, positive aspects, existing laws that established
environmental standards for institutions and examples of LPIE specializing in elderly
with Alzheimer's. Finally, the project is presented, considering all necessary
requirements to the draft stage, developed based on all the information obtained
during the research conducted.
Keywords: Therapeutic environments. Architecture for Alzheimer’s. Long
Permanence Institution for the Elderly.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Índice de crescimento da Terceira Idade .................................................. 22
Figura 2 - Modificações do cérebro na Doença de Alzheimer: 1 – Um cérebro sem a
doença; 2 – Um cérebro com Alzheimer em estágio avançado e; 3 – Uma
comparação entre os dois cérebros. ......................................................................... 28
Figura 3 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos - córtex. ........................... 29
Figura 4 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos – hipocampo. .................. 29
Figura 5 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos - ventrículos. ................... 30
Figura 6 - Dimensões referenciais para deslocamento de idosos em pé .................. 52
Figura 7 - Dimensões do módulo de referência para cadeira de rodas ..................... 52
Figura 8 - Dimensões da área de manobra para cadeira de rodas ........................... 53
Figura 9 - Possibilidade de transferência do cadeirante para o chuveiro .................. 53
Figura 10 - Possibilidades de transferência do cadeirante para o vaso sanitário ...... 54
Figura 11 - Dimensões mínimas para o dormitório do idoso ..................................... 54
Figura 12 - Casa do Alecrim ...................................................................................... 62
Figura 13 - Quarto do idoso na Casa do Alecrim ...................................................... 63
Figura 14 - Quarto do idoso na Casa do Alecrim ...................................................... 63
Figura 15 - Corredores da Casa do Alecrim .............................................................. 64
Figura 16 - Área externa da Casa do Alecrim ........................................................... 64
Figura 17 – Sala de estar da Casa do Alecrim. ......................................................... 65
Figura 18 - Área de estar da Casa do Alecrim .......................................................... 65
Figura 19 - Casa do Alecrim. ..................................................................................... 66
Figura 20 - Alzheimer's Respite Centre ..................................................................... 66
Figura 21 - Planta Baixa do Alzheimer'sRespite Centre ............................................ 68
Figura 22 - Área Externa do Alzheimer Respite Centre ............................................ 69
Figura 23 - Área externa do Alzheimer'sRespite Centre ........................................... 69
Figura 24 - Área de estar interna do Alzheimer'sRespite Centre .............................. 70
Figura 25 - Área de estar e refeições do Alzheimer’sRespite Centre ........................ 70
Figura 26 - Corredor do Alzheimer'sRespite Centre .................................................. 71
Figura 27 - Corredor do Alzheimer'sRespite Centre .................................................. 71
Figura 28 - Quarto do Idoso com Alzheimer's Respite Centre .................................. 72
Figura 29 - Terreno 1: Bairro Coqueiral de Itaparica ................................................. 76
Figura 30 - Terreno 1: Ocupação do entorno ............................................................ 77
Figura 31 - Terreno 1: sentido das vias ..................................................................... 78
Figura 32 - Avenida Aracruz ...................................................................................... 78
Figura 33 - Rua Itaperuna ......................................................................................... 78
Figura 34 - Rodovia do Sol ........................................................................................ 79
Figura 35 - Terreno 1: Zoneamento urbanístico. ....................................................... 79
Figura 36 – Terreno 1: Coeficientes de Aproveitamento do terreno e Parâmetros
Urbanísticos do PDM 2007 de Vila Velha. ................................................................ 80
Figura 37 - Terreno 2: Bairro Morada do Sol ............................................................. 80
Figura 38 - Terreno 2: Ocupação do entorno ............................................................ 81
Figura 39 - Terreno 2: sentido das vias ..................................................................... 82
Figura 40 - Avenida dos Flamboyants ....................................................................... 82
Figura 41 - Avenida Central....................................................................................... 82
Figura 42 - Avenida dos Ipês..................................................................................... 82
Figura 43 - Terreno 2: Zoneamento urbanístico. ....................................................... 83
Figura 44 – Terreno 2: Coeficiente de Aproveitamento do terreno e Parâmetros
Urbanísticos do PDM 2007 de Vila Velha. ................................................................ 83
Figura 45 - Sala de estar integrada com a cozinha terapêutica e sala de jantar da
White Oak Cottages, modelo Green Houses............................................................. 88
Figura 46 - Fluxo entre setores ................................................................................. 98
Figura 47 - Organograma dos setores ...................................................................... 99
Figura 48 - Organograma geral dos ambientes ......................................................... 99
Figura 49 - Imagem 3D da sala de estar gerada a partir do projeto da IPLI
especializada em Alzheimer. ................................................................................... 101
Figura 50 - Imagem 3D da sala de televisão gerada a partir do projeto da ILPI
especializada em Alzheimer. ................................................................................... 102
Figura 51 - Imagem 3D da cozinha terapêutica e sala de jantar gerada a partir do
projeto da ILPI especializada em Alzheimer............................................................ 102
Figura 52 - Imagem 3D do corredor gerada a partir do projeto da ILPI especializada
em Alzheimer. ......................................................................................................... 103
Figura 53 - Imagem 3D do quarto do idoso gerada a partir do projeto da IPLI
especializada em Alzheimer. ................................................................................... 104
Figura 54 - Planta baixa humanizada com setorização. .......................................... 105
Figura 55 - Quadro de área e parâmetros urbanísticos do projeto. ......................... 106
Figura 56 - Planta esquemática da implantação da ILPI com os acessos. ............. 107
Figura 57 - Planta de implantação da ILPI. ............................................................. 108
Figura 58 - Planta humanizada esquemática do jardim terapêutico da IPLI. .......... 109
Figura 59 - Fachada principal. ................................................................................. 110
Figura 60 - Fachada Principal: elementos que resgatam a memória dos idosos.
Jardim reservado com divisória de cobogó. ............................................................ 110
Figura 61 - Fachada Nordeste: tijolo aparente, divisórias das varandas com elemento
vazado de madeira e parada de emergência. ......................................................... 111
Figura 62 - Fachada Noroeste: aberturas do setor administrativo e serviço para a
área externa. ........................................................................................................... 111
LISTA DE SIGLAS
ABN – Academia Brasileira de Neurologia
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer
DA – Doença de Alzheimer
IAB – Instituto Alzheimer Brasil
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos
NBR – Norma Brasileira
NUDEC – Núcleo de Envelhecimento Cerebral
OMS – Organização Mundial da Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
PDM - Plano Diretor Municipal
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
2 O ENVELHECIMENTO E A DOENÇA DE ALZHEIMER ...................................... 21
2.1 AS PRINCIPAIS DEMÊNCIAS DA TERCEIRA IDADE ....................................... 25
2.2 DOENÇA DE ALZHEIMER (DA): A PRINCIPAL DEMÊNCIA DA TERCEIRA
IDADE ....................................................................................................................... 27
2.2.1 Os Sintomas da Doença de Alzheimer ......................................................... 31
2.2.2 O Diagnóstico ................................................................................................. 32
2.2.3 Os Estágios da Doença de Alzheimer .......................................................... 33
2.3 AS FORMAS DE TRATAMENTO DA DEMÊNCIA DO TIPO ALZHEIMER ......... 35
2.3.1 O tratamento não-farmacológico .................................................................. 35
2.3.1.1 Estimulação cognitiva .................................................................................... 36
2.3.1.2 Estimulação social ......................................................................................... 36
2.3.1.3 Estimulação física ......................................................................................... 37
2.3.1.4 Terapia de orientação de realidade (OR) ...................................................... 37
2.3.1.5 Orientação familiar ........................................................................................ 38
2.3.1.6 O ambiente físico .......................................................................................... 38
3 O AMBIENTE COMO RECURSO TERAPÊUTICO ............................................... 40
3.1 RELAÇÕES DO AMBIENTE FÍSICO COM A DOENÇA DE ALZHEIMER .......... 42
3.2 OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS ATRAVÉS DO AMBIENTE FÍSICO ..... 44
3.3 MODALIDADES DE ATENÇÃO AO IDOSO ....................................................... 46
4 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS (IL PIs) ................. 48
4.1 LEGISLAÇÃO ...................................................................................................... 50
4.2 CARACTERÍSTICAS ESPACIAIS IDEAIS PARA IDOSOS COM ALZHEIMER:
EXEMPLOS DE ILPIs ESPECIALIZADAS ................................................................ 55
4.2.1 Instituição 1: Casa do Alecrim ...................................................................... 62
4.2.2 Instituição 2: Alzheimer’sRespite Centre ..................................................... 66
5 INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM ALZHEIMER
EM VILA VELHA, ES : PROJETO ARQUITETÔNICO ............................................. 73
5.1 DELIMITAÇÃO DO PÚBLICO ASSISTIDO ......................................................... 74
5.2 CONSIDERAÇÃO SOBRE O LOCAL DE IMPLANTAÇÃO ................................. 75
5.2.1 Terreno 1 ......................................................................................................... 76
5.2.2 Terreno 2 ......................................................................................................... 80
5.2.3 Definição do terreno ....................................................................................... 84
5.3 DEFINIÇÃO DO PARTIDO ARQUITETÔNICO ................................................... 85
5.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES .................................................................... 90
5.4.1 Setor de Serviço ............................................................................................. 91
5.4.2 Setor Administrativo ...................................................................................... 92
5.4.3 Setor Moradia ................................................................................................. 93
5.4.4 Dimensões dos ambientes ............................................................................ 96
5.5 FLUXOS E SETORIZAÇÃO: DEFINIÇÃO DA PLANTA BAIXA .......................... 97
5.5.1 Planta baixa .................................................................................................. 100
5.5.2 Implantação e Paisagismo ........................................................................... 106
5.5.3 Fachadas ....................................................................................................... 110
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 112
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 115
APÊNDICES ........................................................................................................... 127
15
1 INTRODUÇÃO
A população brasileira está envelhecendo em um ritmo acelerado, passando de 3,3
milhões de pessoas em 1960 para 20,5 milhões em 2010, com previsão de tornar-se
a sexta maior população idosa do mundo até o ano de 2025 (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, 2012), considerando-se
idoso aquele que possui 60 anos ou mais – Lei nº 8.842 (BRASIL, 1994).
Diante disso, o envelhecimento tem ganhado cada vez mais evidência em diferentes
áreas de pesquisas, principalmente pelo fato de que o processo de envelhecer traz
consigo transformações, tanto para quem está envelhecendo quanto para aqueles
que convivem com estas pessoas. Destacam-se nesta fase da vida os problemas
relacionados à saúde, perda de resistência física e psíquica, onde a mais frequente
é a Doença de Alzheimer (DA) (ABRAz, 2013).
A referida doença é caracterizada pela morte dos neurônios, as células constituintes
do cérebro, ocasionando a perda progressiva e contínua da memória, afetando as
capacidades físicas e mentais, deixando o paciente completamente dependente de
terceiros (CANINEU, 2013). Embora ainda não tenha sido descoberta a causa
específica da doença e a sua cura, os profissionais estão se empenhando em
descobrir diferentes formas de tratamento que, ao menos, possibilite retardar o
avanço da doença e permita que o idoso tenha uma melhor qualidade de vida.
Tais tratamentos são classificados em: farmacológico e não-farmacológico (COSTA,
2011), sendo que entre as opções não-farmacológicas, o espaço físico adequado
aparece como um item indispensável para o paciente, devendo atender as suas
necessidades e estimular a sua independência.
O médico André Palmini, membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN),
afirma que os números crescentes da doença no país se tornaram um problema real
de saúde pública (GANDRA, 2011). Porém, os setores de saúde do Brasil oferecem
pouquíssimas alternativas para minimizar os impactos negativos da doença e não
estão preparados para o crescimento do número de idosos com Alzheimer, tendo
em vista que a estimativa é de que existam, atualmente, 1,2 milhões de pessoas
com mais de 65 anos que possuem DA (BORGES, 2012; ABRAz,2012).
16
O idoso, para manter a sua qualidade de vida, necessita de cuidados e serviços
especializados e, para isso, pode recorrer a diversas modalidades de atenção.
Estas, conforme o Decreto Nº 1.948 (BRASIL, 1996), podem ser classificadas como
não-asilares, onde são oferecidos cuidados durante o dia ou parte dele, e asilares,
nas quais os cuidados são permanentes e possuem características de uma
residência, como as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs).
Esta é a modalidade mais recomendada para os idosos que possuem DA, pois estes
necessitam de referências espaciais bem definidas e o fato de passar o dia em um
local e dormir em outro, como acontece na forma não-asilar, poderia prejudicar o
tratamento.
Tais ambientes (asilar e não-asilar), quando devidamente projetados, são capazes
de minimizar os sintomas da DA e melhorar a qualidade de vida do paciente e
daqueles que cuidam do mesmo, permitindo que o idoso se sinta independente e
seguro (NÚCLEO DE ENVELHECIMENTO CEREBRAL, 2012; ABRAz, 2013).
Entretanto, através de visitas em Instituições de Longa Permanência para Idosos e
segundo a Vigilância Sanitária do município de Vila Velha, foi constatado que as
ILPIs existentes foram implantadas em edificações já construídas, de forma que as
adaptações foram feitas dentro do possível para receber idosos com diferentes tipos
de limitações, mas que nenhuma delas, nem em âmbito nacional, são
especializadas em idosos com Doença de Alzheimer.
Estes necessitam de cuidados especiais e, muitas vezes, diferenciados dos que são
oferecidos aos idosos que não possuem um diagnóstico degenerativo, motivo pelo
qual o ambiente em que vive um indivíduo que não possui DA não supre as
necessidades de um idoso com Alzheimer (ALFONSO et al., 2013).
Muitas famílias que possuem em casa um idoso com demência do tipo Alzheimer
optam por levá-lo para uma ILPI, pois, além da falta de infraestrutura física em seus
lares, a doença causa um imenso desgaste psicológico àqueles que convivem
diretamente com o doente, que por não estarem preparados para lidar com todas as
necessidades do idoso com Alzheimer optam pela institucionalização (LEITE, 2000).
17
Entretanto, algumas famílias ainda possuem uma visão negativa sobre os efeitos
que tal institucionalização pode causar no idoso devido ao histórico dos antigos
asilos. Porém, é possível mudar esta impressão através da Arquitetura, projetando
locais de acordo com as necessidades do idoso com Alzheimer. Desta forma, além
de estarem em um local devidamente construído, acessível e que ofereça o
aconchego de um lar, os idosos estarão sob cuidados de profissionais qualificados
para lidarem com todos os efeitos que a Doença de Alzheimer causa nos pacientes
(ROSSETO, 2012).
Ainda que as publicações a respeito do ambiente como recurso terapêutico no Brasil
sejam limitadas, em outros países o estudo dos aspectos ambientais com
perspectiva terapêutica para idosos com Alzheimer vem sendo cada vez mais
aprofundado e utilizado para o tratamento dos indivíduos acometidos por esta
doença.
Diante do exposto, o presente trabalho de conclusão de curso justifica-se ao
considerarmos os índices estatísticos sobre o aumento do número de idosos com
Doença de Alzheimer no Brasil, a falta de estrutura psicológica e ambientes
adequados das famílias que cuidam destes indivíduos, a necessidade da
institucionalização para melhor qualidade de vida tanto do idoso quanto da família, a
ausência de espaços, como as ILPIs, devidamente projetadas para idosos com
Alzheimer e estudos que comprovam a importância do ambiente físico como recurso
terapêutico na modalidade de atenção ao idoso.
Sendo assim, a elaboração de um projeto arquitetônico, em nível de Estudo
Preliminar, de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos com a Doença de
Alzheimer constitui-se como o objetivo geral deste trabalho. Considera-se, neste
caso, a importância do espaço físico ser adequado para suprir os déficits cognitivos
e reforçar as capacidades destes indivíduos, a fim de garantir a qualidade de vida e
a preservação da dignidade dos mesmos.
A problemática ocorre em torno de como a Arquitetura, enquanto recurso terapêutico
pode contribuir para o bem estar do Idoso com a Doença de Alzheimer e como
propor espaços adequados em uma ILPI especializada em Idosos com Alzheimer.
18
Para tanto, foi necessário estudar o processo de envelhecimento do idoso com
Alzheimer; entender os sintomas e as necessidades físicas do idoso doente;
identificar os fatores do ambiente físico, bem como de sua concepção ou adequação
que proporcionasse melhor qualidade de vida a esses idosos; analisar as
contribuições que a Arquitetura, enquanto recurso terapêutico pode trazer para o
tratamento da Doença de Alzheimer; identificar as características ambientais
necessárias para uma Instituição de Longa Permanência para idosos com
Alzheimer; apresentar exemplos de Instituições de Longa Permanência
especializadas em acolher esses idosos, enfatizando os aspectos ambientais das
mesmas; para fundamentar a proposta final desta monografia: uma proposta
projetual em nível de Estudo Preliminar, de uma Instituição de Longa Permanência
para Idosos com Alzheimer.
O presente estudo foi então dividido em três fases distintas, conforme exposto a
seguir:
- Fase 1:
Onde foram levantadas informações sobre o envelhecimento, a Doença de
Alzheimer, as características e necessidades especiais dos idosos que possuem a
doença e a importância do ambiente físico enquanto recurso terapêutico para estes
idosos. Para tanto, foram utilizados além da revisão bibliográfica, índices
estatísticos, diretrizes de legislações que regem os direitos dos idosos quanto ao
ambiente que eles vivem e, relatos de profissionais da área, sejam médicos ou
arquitetos.
Para a elaboração das entrevistas, foi descartada a utilização de um roteiro de
perguntas, devido a diversidades de áreas consultadas e o interesse de obtenção de
informações diferenciadas. Além disso, foi possibilitada em algumas abordagens a
visita em Instituições de Longa Permanência para Idosos, locais.
Dos profissionais entrevistados: duas são fisioterapeutas, sendo uma delas
proprietária de uma das ILPIs visitadas; uma é médica geriatra; outra, psicóloga; e
ainda outras duas que são terapeutas ocupacionais, sendo esta, proprietária da
outra ILPI visitada. Todos os profissionais têm relação com idosos que possuem
Doença de Alzheimer e consideraram este trabalho coerente à realidade local.
19
- Fase 2:
Através dos dados recolhidos nas atividades desenvolvidas na fase 1, foram
levantadas e analisadas as necessidades a serem supridas em uma Instituição de
Longa Permanência para Idosos com Alzheimer. Em seguida, foram apresentados
exemplos de ILPIs especializadas em idosos com este tipo de demência,
possibilitando a análise destes ambientes. Tais instituições foram consultadas
apenas por intermédio da internet devido à impossibilidade de visita por estarem
localizadas no exterior e ao tempo existente para a pesquisa.
Para atingir os objetivos propostos foi realizada ampla pesquisa bibliográfica e
iconográfica, bem como entrevistas com profissionais conscientes das necessidades
do paciente com DA, abarcando tanto questões específicas da arquitetura quanto
questões médicas e comportamentais.
O capítulo 1 descreve a metodologia utilizada, descrevendo as fases distintas do
projeto. O capítulo 2 traz uma revisão teórica a respeito do envelhecimento e a
Doença de Alzheimer. Neste capítulo fez-se a apresentação da doença, sintomas,
possíveis causas, a evolução dos estágios da doença no idoso e a apresentação
das formas de tratamento, na qual o ambiente físico aparece como um importante
aspecto do tratamento não-farmacológico.
Na sequência, o capítulo 3 aborda o ambiente físico como recurso terapêutico,
enfatizando os benefícios da Arquitetura com a Doença de Alzheimer. Neste capítulo
são destacados os objetivos que devem ser atingidos ao se propor ambientes para
Idosos com Alzheimer e são apresentados, ainda, as diferentes modalidades de
atenção ao idoso, sendo que entre elas está a Instituição de Longa Permanência
destinada a acolhê-los.
O 4º capítulo apresenta o histórico das ILPIs, os aspectos legais que garantem os
direitos dos idosos quanto a um local adequado de moradia e, em seguida,
apresentam-se exemplos de ILPIs especializadas em idosos com Alzheimer,
fazendo uma análise dos seus espaços de acordo com as diretrizes das legislações
e as demais informações obtidas durante o desenvolvimento deste trabalho.
20
- Fase 3
Após todo o embasamento teórico realizado nas fases anteriores, o capítulo 5,
consiste no desenvolvimento do projeto da Instituição de Longa Permanência para
idosos com Doença de Alzheimer, em nível de Estudo Preliminar. Primeiramente, é
definida a quantidade de idosos que a ILPI poderá receber, levando-se em
consideração as pesquisas que já foram feitas relatando a importância e influência
que este aspecto pode causar no idoso com Alzheimer. Em seguida, é feita uma
investigação para definição da área para implantação do projeto, considerando os
aspectos físicos, recomendações encontradas nas pesquisas, condicionantes
climáticas e a legislação vigente. O terreno escolhido fica no bairro Coqueiral de
Itaparica, no município de Vila Velha, Espírito Santo, por ser um local de ambiente
comunitário, com infraestrutura consolidada, próximo a áreas de lazer, comércios,
hospitais e outras ILPIs não especializadas em Alzheimer. Na sequencia, são
descritos os fatores determinantes para a definição do Partido Arquitetônico, assim
como os ambientes necessários levando-se em conta as exigências da legislação
local vigente para projetos de ILPI e as recomendações identificadas em publicações
de especialistas em projetos para idosos com Alzheimer. Por fim, é apresentado o
projeto através de suas diferentes etapas que contemplaram o estudo do fluxograma
e da setorização para melhor definição da implantação e planta baixa, seguidos do
paisagismo projetado com outras opções de estar que estendem os limites e
atividades da edificação para as áreas livres de seu terreno.
O 5º capítulo apresenta as considerações finais deste trabalho de conclusão de
curso, onde os aspectos relevantes ao tema e a aplicabilidade dos condicionantes
de projeto, resultaram no Estudo Preliminar proposto. As dificuldades encontradas
para o desenvolvimento deste trabalho destaca a necessidade de novas pesquisas e
estudos relacionados à arquitetura e a qualidade de vida para idosos com Alzheimer.
Para concluir, foram inseridos ao final deste trabalho as referências bibliográficas
pesquisadas e os anexos, onde se encontra o projeto de arquitetura proposto para a
Instituição de Longa Permanência para Idosos com Doença de Alzheimer em Vila
Velha, Espírito Santo.
21
2 O ENVELHECIMENTO E A DOENÇA DE ALZHEIMER
A vida de qualquer ser humano costuma ser dividida em fases: desenvolvimento,
reprodução e o envelhecimento. As duas primeiras são responsáveis pelo processo
de crescimento, desenvolvimento de órgãos e preparação do organismo para a
reprodução que garante a perpetuação da espécie. Já na fase do envelhecimento,
ocorre o declínio das capacidades adquiridas durante toda a vida (CANCELA, 2007).
Porém, é um processo que possui conceitos distintos e as formas como ocorrem
estes declínios são variadas, pois também são influenciadas pelo estilo de vida de
cada grupo social. Os idosos são uma camada da população com características
próprias e necessidades específicas. (EIZIRIK, CANDIAGO, KNIJIK, 2001).
A Organização das Nações Unidas (ONU) define o idoso a partir da sua idade
cronológica e características socioeconômicas, considerando nos países
desenvolvidos, aquelas pessoas com 65 anos ou mais e nos países em
desenvolvimento, aquelas pessoas com 60 anos ou mais. Esta denominação é
confirmada pela Política Nacional do Idoso – Lei nº 8.842 (1994) e pelo Estatuto do
Idoso – Lei nº 10.741 (2003), onde a pessoa é considerada idosa quando atinge os
60 anos. Embora alguns autores aleguem que é vago e complexo definir o
envelhecimento humano por critério cronológico (STUART- HAMILTON, 2007;
CASARA; CORTELETTI, HERÉDIA, 2010), para efeito desse estudo, têm-se como
referência as definições nacionais e da ONU, isto é, a partir de 60 anos. Além da
denominação “Envelhecimento” e “Idoso”, esta fase da vida também recebe a
classificação de “Terceira Idade” ou “Melhor Idade” (PORTAL DO
ENVELHECIMENTO, 2010).
Nos últimos vinte anos, o idoso vem ganhando cada vez mais espaço na sociedade,
pois, devido à diminuição da taxa de mortalidade e fecundidade registradas desde a
década de 60, o fenômeno do envelhecimento passou a avançar de forma rápida e
contínua, despertando a preocupação da estrutura social e econômica que o país
possui para lidar com a realidade da atual pirâmide etária brasileira (SILVA, 2005).
A comprovação disso pode ser feita através do surgimento de instrumentos de
proteção às pessoas idosas como a Política Nacional do Idoso (PNI) – Lei 8.842/94
regulamentada pelo decreto 1948/96, na qual, mesmo sendo somente em nível
22
legislativo, criou o Conselho Nacional do Idoso, garantindo os direitos sociais, a
autonomia, integração e participação do idoso na sociedade. Já em 2003, através do
projeto de lei nº 10.741/2007, foi criado no Brasil o Estatuto do Idoso, na tentativa de
assegurar o direito dos Idosos.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (G1, 2012),
divulgados em 2012, o número de idosos na população brasileira, em 1960, era de
3,3 milhões e representavam 4,7% da população. Já em 2010, quando foi realizado
o último censo demográfico, os idosos já eram em 20,5 milhões e representavam
10,8% da população brasileira (Figura 1). Percebe-se a mudança na pirâmide
demográfica, pois a base, onde estão as crianças, estreita-se, enquanto o corpo e o
cume alargam-se devido à redução da taxa de natalidade e crescimento da
expectativa de vida da população adulta e idosa.
Figura 1 - Índice de crescimento da Terceira Idade
Fonte: G1 (2012).
De acordo com Bárbara Cobo (G1, 2012), pesquisadora de indicadores sociais do
IBGE: “o envelhecimento da população é uma tendência e grande parte dos países
desenvolvidos já chegaram nessa etapa, decorrentes do maior desenvolvimento
social e do aumento da expectativa de vida.”. Estima-se que em 2025 o Brasil terá a
sexta maior população de idosos do mundo (PORTAL DO ENVELHECIMENTO,
2010).
O fato é que o envelhecimento da população está presente e já deixou de ser um
fator exclusivo de países desenvolvidos. Sendo assim, é impossível não perceber as
mudanças que isso traz à sociedade bem como à vida de cada um. Percebe-se que
algumas mudanças são consideradas agradáveis, visto que pode significar o
23
prolongamento do tempo de vida com saúde, além disso, os idosos podem se
mostrar úteis à sociedade desempenhando alguns papéis importantes no ambiente
familiar ou fora dele. Porém, segundo Cavalcanti e outros(2006), o envelhecimento
pode trazer diversas alterações negativas para o cotidiano dos idosos. Entre eles
estão: problemas econômicos; perda do status profissional; sentimento de inutilidade
e insegurança; falta de oportunidades para ocupação, seja social ou de lazer;
diminuição da capacidade de aprendizagem; transformações físicas, hormonais e
vitais; necessidade de cuidados médicos, gerando mais despesas, mais atenção
familiar e; comprometimento da saúde. Néri (1997, apud PASCALE, 2002) destaca
que no Brasil as apreciações negativas à velhice são improdutividade, dependência,
isolamento e desvalorização e as apreciações positivas estão dirigidas à sabedoria e
à dignidade.
De acordo com Costa (2011) o aumento, tanto relativo como absoluto, do número de
idosos, traz consigo uma maior prevalência de doenças associadas com a idade. As
enfermidades cardiovasculares, as osteo-articulares e as de tipo demencial são
patologias muito frequentes da população idosa, geram uma crescente fragilidade
funcional e psíquica, dando sequência ao alto grau de dependência, obrigando o
idoso e seus familiares a encontrarem meios de adaptação para garantir a saúde e
sua qualidade de vida. De acordo com Fonseca e Paúl (2007), “a saúde
desempenha um papel central no envelhecimento, podendo prever a qualidade de
vida dos indivíduos idosos pela sua saúde”.
A manutenção da saúde no processo de envelhecimento fica condicionada então, a
qualidade de suas funções orgânicas. Sendo que o processo natural e preferencial
do envelhecimento, onde as perdas intelectuais e físicas acontecem em nível
aceitável, é denominado senescência. Já quando as perdas ocorrem de forma
intensa e com grandes sinais de degeneração, este processo é classificado como
senilidade (OLIVEIRA, 2006).
Muitas pessoas possuem medo de envelhecer, devido às mudanças do corpo, a
diminuição de defesas contra doenças, a perda de parentes ou pessoas queridas e a
redução da disposição até mesmo para realizar tarefas diárias (CEREDA, 2013). De
acordo com a psicóloga clínica da Sociedade de Geriatria e Gerontologia do Chile,
24
Maria José Gálvez (2013, apud CEREDA, 2013), é possível diferenciar o medo que
as pessoas sentem ao envelhecer em desenvolver:
- Perdas dos papéis sociais: como, por exemplo, quando o idoso se aposenta
e teme ser excluído da sociedade por estar produzindo, ou quando fica viúvo e teme
a perda do suporte social do restante da família. Além disso, existe o medo de
morrer sozinho e sem dinheiro.
- Mudanças na funcionalidade: a psicóloga afirma que o principal medo dos
idosos é o da dependência. Os idosos temem depender dos outros para executar
tarefas diárias e se tornarem um “peso” na vida dos familiares, principalmente os
filhos. Também relacionado a funcionalidade, existe o medo de déficits sensoriais ou
de mobilidade e o grande temor é a perda da memória ou da capacidade de decisão,
pois temem depender de terceiros para que tomem conta de questões como o
patrimônio e medicamentos.
- Doenças específicas: entre as doenças mais temidas pelos idosos estão a
demência, principalmente a do tipo Alzheimer, câncer e doenças que acarretam a
perda da mobilidade.
Muitos idosos possuem medo de cair ou sofrem da tensão pós-queda, deixando
muitas vezes de realizar algumas atividades por conta do medo. O presidente da
Sociedade de Geriatria e Gerontologia do Chile, Dr. Vítor Hugo Carrasco (CEREDA,
2013) afirma que o medo das doenças está relacionado principalmente ao medo de
sofrer com a dor, depender dos outros ou não ter locais apropriados para viverem
com qualidade de vida.
O idoso pode ter vários problemas de saúde, sendo que as doenças que provocam
perdas cognitivas seguidas de um comprometimento da memória, como as
demências apresentadas a seguir, são os problemas mais comuns apresentados
pelos idosos nos consultórios médicos (RAMOS; MACEDO, 2001, apud PASCALE,
2002).
25
2.1 AS PRINCIPAIS DEMÊNCIAS DA TERCEIRA IDADE
Uma pessoa, durante o processo de envelhecimento, costuma apresentar a perda
dos reflexos rápidos, da coordenação motora, além de perdas sensoriais e
dificuldades em interagir com o meio em que vive. Porém, quando ocorre a perda
cognitiva progressiva, juntamente com alguma confusão mental e com as demais
perdas classificadas como naturais do envelhecimento, é necessário ter mais
atenção, pois são sinais de um possível desenvolvimento de alguma doença
demencial e o idoso terá uma dificuldade muito maior, muito mais comprometida
para manter a interação com a sociedade e o meio ambiente.
A Classificação Internacional de Doenças (CID-10), estabelecida pela Organização
Mundial da Saúde (OMS, 1993) define demência como:
Síndrome decorrente de uma doença cerebral, usualmente de natureza crônica ou progressiva, na qual há perturbação de múltiplas funções corticais superiores, a começar pela memória, incluindo distúrbios do pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprendizagem, linguagem e julgamento.
Dias (2001, apud PASCALE, 2002, p.2) afirma que “a demência é uma doença
cerebral e, portanto, não faz parte do envelhecimento normal”, sendo conhecida
pelos leigos com o nome de “esclerose”.
O idoso que possui alguma demência não perde somente o domínio da atividade
psíquica. Ele perde suas funções intelectuais, afetivas, psicomotoras, linguísticas e
seu comportamento social é afetado junto à vida de todos com os quais ele convive
diretamente.
Muitos estudos e médicos classificam a demência como uma doença em que o
diagnóstico deve ser bem criterioso. Segundo a OMS (1993), a pessoa só é
diagnosticada com demência caso apresente incapacidade de raciocínio e de
abstração (memória e pensamento), em um prazo de pelo menos seis meses de
evolução. Sendo que devem ser realizados exames do estado mental e o
acompanhamento da história clínica do indivíduo.
De acordo com Bizar, Canineu, Canineu (2013) existem aproximadamente sessenta
tipos de demências, sendo que as principais são:
26
- Demências Vasculares: Correspondem a aproximadamente 20% de todos
os tipos de demências. Dependendo do grau de acometimento, elas podem
ocasionar alterações tanto motoras quanto cognitivas e se diferenciam da Doença
de Alzheimer, pois é possível ver alterações dos quadros vasculares nos exames de
imagem cerebrais.
- Demência Fronto – Temporal (DFT): Ela aparece principalmente em
indivíduos que possuem entre 45 a 65 anos de idade e ocorre na mesma proporção
entre homens e mulheres. Entre os sintomas dessa doença estão: desinibição e o
comportamento antissocial, apatia, perda capacidade de planejamento, perda de
significado de palavras ou conceitos. O paciente pode ficar mudo. No diagnóstico
relativo a estes pacientes foi verificada a ausência de células e presença de outras
como, por exemplo, “células de Pick”, diferente do encontrado na Doença de
Alzheimer.
- Demência por Corpúsculos de Lewy (DCL): Depois da Doença de Alzheimer,
é a segunda demência mais frequente em idosos. Os sintomas típicos são: declínio
cognitivo, mudanças no estado de alerta e de atenção, desorientação, dificuldades
de comunicação, alucinações, delírios e quedas frequentes. Diferentemente da
Doença de Alzheimer que não possui causa definida, a DCL tem como causa o
acúmulo de grande quantidade de substâncias chamadas de Corpos de Lewy, no
córtex cerebral.
- Demência na Doença de Parkinson (DP): A demência na DP faz parte do
grupo de demências secundárias a um estado físico. O início da doença em idade
mais avançada, o baixo nível educacional e o baixo nível em testes verbais, são
alguns dos fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento da
demência em pacientes com DP. Os sintomas apresentados são lentidão cognitiva,
apatia, comprometimento da memória e das funções executivas.
- Doença de Huntington: Essa doença é caracterizada por mudanças motoras,
cognitivas e psiquiátricas de caráter progressivo. Possui uma importante influência
genética e começa a aparecer a partir dos 30 e 50 anos.
A demência do tipo Alzheimer está entre as principais demências, sendo a mais
comum entre os idosos (ABRAz, 2012) e será explicada a seguir. De acordo com
27
especialistas da área de geriatria e neurologia, é necessário atenção para diferenciar
as demências de perturbações como delírio, depressão, esquizofrenia ou alterações
naturais do processo de envelhecimento.
2.2 DOENÇA DE ALZHEIMER (DA): A PRINCIPAL DEMÊNCIA DA TERCEIRA
IDADE
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 1993) define a DA como:
Uma doença cerebral degenerativa primária, de etiologia
desconhecida, com aspectos neuropatológicos e neuroquímicos
característicos. Instala-se usualmente, de modo insidioso e
desenvolve-se lenta, mas continuamente por um período de anos, e
este pode ser tão curto, como dois ou três anos, mas ocasionalmente,
pode ser consideravelmente mais prolongado. O início pode ser na
meia-idade ou até mais cedo (início pré-senil), mas a incidência é
maior na idade avançada (início senil). Em casos com início antes da
idade dos sessenta e cinco a setenta anos, há a probabilidade de
uma história familiar de uma demência semelhante, tendo um curso
mais rápido e uma predominância de aspectos de dano do lobo-
temporal e parietal, incluindo disfasia1 ou dispraxia2. Em caso com
início mais tardio, o curso tende a ser mais lento e caracterizado por
um comprometimento mais geral das funções corticais superiores3.
A doença recebeu este nome depois que o médico alemão Alois Alzheimer publicou,
em 1906, um trabalho relatando a avaliação pós-morte feita no tecido cerebral de
uma mulher de cinquenta e um anos que apresentou sintomas de delírio, perda de
memória, alterações na linguagem e que apresentava uma piora progressiva
(COHEN, 1995).
1 Disfasia ou Afasia é uma dificuldade em usar e compreender a linguagem falada e escrita. Incapacidade para ordenar palavras. (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, acesso em 26 set. 2013). 2Dispraxia é um déficit, ou perda parcial da faculdade de executar movimentos coordenados. (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, acesso em 26 set. 2013). 3 Funções corticais superiores ou raciocínio são as capacidades que os indivíduos possuem de calcular, escrever, orientar-se e integrar todos esses conhecimentos (ASPESI; FERREIRA, 2010)
28
A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência e, de acordo com
dados da Organização Mundial da Saúde e da Associação Brasileira de Alzheimer
(ABRAz, 2012), a estimativa é que a doença atinja hoje 1,2 milhão de pessoas com
mais de 60 anos no Brasil e o número de casos vai mais que dobrar até 2030. As
chances de alguém com menos de 60 anos ser diagnosticado com Alzheimer, são
raras. Porém, a partir do 60 anos existe uma prevalência que duplica a cada cinco
anos (ABRAz, 2012).
Na Doença de Alzheimer, ocorre a morte dos neurônios, que são as células
constituintes do cérebro, por motivos ainda não identificados. Essas perdas,
inicialmente, acontecem “especialmente em regiões localizadas no lobo temporal e
parietal, ocasionando diminuição de várias substâncias químicas, especialmente a
acetilcolina, considerada a principal substância envolvida no controle de memória”
(CANINEU, 2013, p.36). Coons (1991, apud PASCALE, 2002) afirma que as
mudanças no cérebro provocadas pela DA são irreversíveis e que o paciente pode
ter uma sobrevida de três a vinte anos após o início dos primeiros sintomas.
Devido à perda de tecido e a morte neural, o cérebro, com o passar do tempo, vai
encolhendo (Figura 2) e afetando quase todas as suas funções (ALZHEIMER’S
ASSOCIATION, acesso em 27 set. 20013).
Figura 2 - Modificações do cérebro na Doença de Alzheimer: 1 – Um cérebro sem a doença; 2 – Um cérebro com Alzheimer em estágio avançado e; 3 – Uma comparação entre os dois cérebros.
Fonte: Alzheimer’sAssociation(Acesso em: 27 set. 2013). Imagem adaptada pela autora De acordo com o Alzheimer’sAssociation (acesso em 27 set. 2013), durante o
desenvolvimento da Doença de Alzheimer: o córtex (Figura 3) encolhe e danifica as
29
regiões envolvidas com os pensamentos e lembranças; devido ao encolhimento, o
hipocampo (Figura 4), região do córtex responsável pela formação de novas
lembranças, também é encolhido e os ventrículos (Figura 5), que são espaços
preenchidos por fluidos dentro do cérebro, ficam maiores.
Figura 3 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos - córtex.
Fonte: Alzheimer’sAssociation.Acesso em: 27 set. 2013
Figura 4 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos – hipocampo. Fonte: Alzheimer’sAssociation. Acesso em: 27 set. 2013
30
Figura 5 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos - ventrículos. Fonte: Alzheimer’sAssociation. Acesso em: 27 set. 2013.
Pascale (2002) cita que a doença não é causada pelo envelhecimento funcional de
vasos e artérias, já que muitos portadores de DA possuem os vasos sanguíneos
normais que fazem a condução ao cérebro. Porém, já foram levantadas algumas
circunstâncias e aspectos que estão sendo associados como favorecedores para o
surgimento e desenvolvimento. Dentre estes aspectos especulam-se, mesmo que
por motivos ainda não comprovados, o paciente ser do sexo feminino, o ambiente
social, o nível de escolaridade, a falta de prática de atividades físicas e o
desenvolvimento de outras doenças como, por exemplo, a hipertensão e diabetes
(FERREIRA, 2013).
Todos esses fatores são possíveis causas e esporádicos. Além desses, existem
outras prováveis causas como a herança genética bem determinada, causas
infecciosas e ambientais. Todas passíveis de erro e sem comprovação, porém, é
levemente maior a possibilidade de desenvolvimento da doença em indivíduos que
possuem algum grau de parentesco de primeiro grau com algum paciente
(FERREIRA, 2013).
Constata-se que mesmo sendo cogitadas algumas hipóteses de causas da doença,
ainda é necessário muito estudo para a comprovação das mesmas.
31
2.2.1 Os Sintomas da Doença de Alzheimer
Para reconhecer os sintomas do Alzheimer, principalmente os iniciais, é necessário
muita atenção aos sinais que as pessoas vêm demonstrando, pois muitos deles
podem se confundir com sintomas do processo natural do envelhecimento. Os
primeiros sintomas que costumam aparecer, na maioria dos casos, estão
relacionados a alterações na memória, de forma que se for uma perda de memória
incomum à velhice, pode significar o desenvolvimento de demência.
O Instituto Alzheimer Brasil (IAB) (acesso em 27 set. 2013) divulgou uma lista de
sintomas que podem indicar manifestações da Doença de Alzheimer. Porém, a
apresentação destes sintomas não significa que a pessoa tem a doença, mas sim
que ela precisa de um acompanhamento médico. Os sinais são:
- Perda de memória: Esquecimento de informações recentes, repetição de
perguntas e histórias por várias vezes, necessidade de auxílio de lembretes e
membros da família para coisas que normalmente a pessoa lembraria sozinha e
dificuldade de aprender novas tarefas. No envelhecimento natural, podem acontecer
lapsos de memórias, porém a pessoa pode lembrar posteriormente, seja sozinha ou
com a ajuda de alguém.
- Trocar o lugar dos objetos: A pessoa passa a colocar as coisas em lugares
inadequados, perder os objetos e ter dificuldade de lembrar onde os guardou.
Porém, não é incomum que a pessoa durante o processo de envelhecimento,
confunda ou esqueça algum lugar.
- Perda de habilidade para realizar tarefas: Pessoas com Alzheimer têm
dificuldade em realizar tarefas que antes fazia com facilidade, como: cozinhar, lidar
com dinheiro, lidar com equipamentos domésticos. Em um processo de
envelhecimento natural, o idoso pode precisar de ajuda para executar algumas
dessas tarefas, mas não de forma sistemática.
- Descuido da aparência e higiene pessoal: A pessoa perde o interesse em se
arrumar, em tomar banho, escovar os dentes e não se incomoda ou percebe o
descuido.
- Alterações de humor e personalidade: O humor e a personalidade das
pessoas com doença de Alzheimer pode alterar-se em um curto espaço de tempo,
do riso ao choro, da tranquilidade à agitação, sem um motivo aparente. A pessoa
torna-se desconfiada, deprimida, ansiosa e costuma se irritar com facilidade. É
32
importante não confundir essas alterações com alterações de humor comuns da
idade, como por exemplo, quando a pessoa só se sente bem em fazer as coisas
somente de uma determinada maneira.
- Apresentação de comportamentos atípicos: A pessoa com Alzheimer pode
apresentar comportamentos estranhos, como tirar comida da boca e jogar no chão.
- Perda da noção de tempo e espaço: A doença de Alzheimer pode fazer com
que a pessoa perca a noção sobre o dia, ano, estação em que estão vivendo. Muitas
vezes não sabe voltar pra casa quando vai para algum lugar desconhecido. Essas
situações são completamente diferentes de quando uma pessoa ao envelhecer
esquece, casualmente, onde estava indo.
- Problema com a linguagem: A pessoa pode começar a apresentar
dificuldade em inserir-se numa conversa. Além disso, pode apresentar um
vocabulário empobrecido, dificuldade para encontrar palavras ou substituir palavras
por outras inadequadas.
- Falta de pensamento abstrato: A pessoa apresenta incapacidade para
resolver problemas, planejar suas ações ou trabalhar com números. Podem
apresentar dificuldade em seguir instruções e de se concentrar em tarefas comuns.
A diferença é que no envelhecimento natural, essas dificuldades são ocasionais.
- Lapsos de julgamento: Algumas vezes pode acontecer da pessoa acusar os
outros de terem lhe roubado objetos, vestir-se inadequadamente e não perceber
quando está claramente sendo enganada.
2.2.2 O Diagnóstico
Com o aumento do número de pessoas com a Doença de Alzheimer nos últimos
anos, os pesquisadores estão buscando novos métodos para melhorar e facilitar o
diagnóstico.
Quando precoce esse diagnóstico permite que o paciente e a família se preparem
para lidar com o efeito progressivo da doença. Além disso, aumenta as chances dos
possíveis tratamentos fazerem efeito, retardando as consequências da doença e
melhorando a qualidade do idoso acometido pela doença. Sendo assim, é muito
importante que, mesmo na desconfiança do aparecimento dos sintomas, o idoso
33
seja levado à um médico especialista (neurologista ou psiquiatra), para que eles
façam a detecção dos primeiros sintomas e encaminhe para os próximos exames.
De acordo com a NINCDS/ADRDA 4(1984, apud HOTOTIAN, BOTTINO, AZEVEDO,
2006), o diagnóstico de Alzheimer pode ser classificado em:
- DA possível: apresenta quadros que iniciam com sintomas que não são
característicos apenas da Doença de Alzheimer, como esquecimentos rápidos ou
pequenas perdas na mobilidade; apresenta déficit cognitivo progressivo único sem
que haja outra causa identificável.
- DA provável: quadros com sintomas característicos de DA; apresentação de
déficits cognitivos evidentes em duas ou mais áreas da cognição; início dos
sintomas entre as idades de 40 e 90 anos, mais frequentemente após os 65 anos.
- DA definitiva: confirma o quadro clínico após a morte.
O diagnóstico de demência do tipo Alzheimer, ou demência na doença de Alzheimer (DA) é feito quando está presente quadro clínico caracterizado por declínio cognitivo global, sem distúrbio de consciência, de início habitualmente insidioso e piora progressiva, que interfere nas atividades da vida diária do paciente. Outras condições causadoras de demência devem ser afastadas (hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12, AIDS, doenças neurológicas)(AZEVEDO, BOTTINO, HOTOTIAN, 2006, p. 54).
O diagnóstico da Doença de Alzheimer ainda é complexo e necessita de estudos
para ser aprimorado. É necessária a avaliação de fatores clínicos, neuropsicológicos
e funcionais para a determinação da intensidade e evolução da doença, para que
sejam feitas as estratégias de tratamento. (ENGELHARDT, LAKS, MARINHO, 2006).
2.2.3 Os Estágios da Doença de Alzheimer
Por ser uma doença com efeitos e perdas progressivas que variam de pessoa para
pessoa, foram definidos alguns padrões na forma da sua evolução, dividida em três
estágios (ABRAz, acesso em 27 set. 2013):
4 Instituto Nacional de Doenças Neurológicas, Comunicativas e Acidentes Vasculares Cerebrais e, Associação da
Doença de Alzheimer e Transtornos Relacionados.
34
- Estágio inicial: Este estágio é raramente percebido. Os idosos começam a
apresentar os primeiros sinais da doença. A pessoa apresenta lapsos de memória e
desinteresse por acontecimentos recentes ou informações recém-adquirida. É uma
fase em que a pessoa ainda tem um grau de independência. Porém, é comum a
pessoa que está no primeiro estágio deixar o objeto em algum lugar e logo depois
não se recordar onde deixou (BERGER, 2003). A pessoa não consegue resolver
problemas sozinhos, apresenta dificuldade em conversar, pois esquece as palavras
que serão ditas. Além disso, a pessoa perde o interesse por hobbies, apresenta
mudança de humor, comportamento, personalidade e quadros de depressão.
- Estágio Intermediário: Neste estágio, os sintomas já são perceptíveis com
perda significativa da memória, devido ao agravamento dos sintomas do estágio
anterior. A pessoa pode se perder tanto na rua quanto em casa, já não consegue
viver sozinha, pois não tem mais capacidade de executar tarefas diárias como, por
exemplo, cozinhar, fazer compras, além de necessitar de ajuda para a higiene
pessoal. Ocorre o aumento da dificuldade com a fala e apresenta redução da
capacidade física.
- Estágio avançado: A pessoa passa a ter necessidade de cuidado em tempo
integral. O idoso perde a memória praticamente por completo, inclusive a memória
remota, já não entende o que acontece ao seu redor e mal consegue se comunicar.
Pode apresentar um comportamento inadequado em público. Apresenta dificuldade
para comer, para caminhar, incontinência urinária e fecal. Muitas vezes o idoso fica
confinado em uma cadeira de rodas ou cama e fica muito mais vulnerável a ter
complicações como: lesões de pele, infecção de rins e pulmões, desnutrição, entre
outras.
A ABRAz explica que, embora a doença apresente uma piora progressiva, alguns
pacientes podem ter períodos de estabilidade. Além disso, apesar da divisão de
estágios, os sintomas de diferentes fases podem se misturar no mesmo período,
demandando cuidados especiais no seu tratamento.
35
2.3 AS FORMAS DE TRATAMENTO DA DEMÊNCIA DO TIPO ALZHEIMER
Embora a Doença de Alzheimer ainda não tenha cura, existem medidas que ao
serem administradas podem amenizar os sintomas da doença. Segundo o Instituto
da Memória – Núcleo de Envelhecimento Cerebral (NUDEC) (acesso em 27 set.
2013), atualmente, o tratamento visa aliviar os sintomas, minimizar as perdas
cognitivas e tratar as alterações de humor e comportamento, de forma que os
pacientes tenham uma progressão mais lenta da doença, conseguindo manter sua
independência por mais tempo. Os avanços da medicina associada ao ambiente
físico estão permitindo que, mesmo na fase grave, os pacientes tenham uma melhor
qualidade de vida e maior sobrevida.
É importante que o tratamento seja abordado de forma global, com profissionais de
diferentes áreas, e deve incorporar o tratamento farmacológico, com o uso de
medicamentos que melhoram a função cognitiva e retardam a progressão da
doença, e o tratamento não farmacológico. Para efeito desta monografia, que tem
como objetivo estudar o ambiente físico como fator positivo para o tratamento da
DA, serão abordados a seguir os aspectos relacionados aos tratamentos não
farmacológicos.
2.3.1 O tratamento não-farmacológico
O tratamento não farmacológico visa complementar o tratamento farmacológico na
Doença de Alzheimer, com objetivo de orientar no processo de adaptação da
doença, além de aumentar o funcionamento cognitivo e o bem estar do paciente
(COSTA, 2011). A memória é o principal aspecto afetado pela doença. Portanto, a
prioridade da maioria das intervenções é estimular o uso mais eficiente da memória,
preservando por mais tempo a dignidade e conforto do paciente (ÁVILA, et al.,
2006).
É fundamental que estes tratamentos sejam realizados por uma equipe
multidisciplinar (médico, fisioterapeuta, assistente social, arquiteto) e que as
atividades propostas sejam realizadas em ambientes agradáveis que propiciem o
36
desenvolvimento de suas habilidades cognitivas, sociais e motoras e, de acordo com
as capacidades do paciente.
Segundo a ABRAz (acesso em 27 set. 2013), as principais intervenções não
farmacológicas existentes abordam desde a estimulação cognitiva, social e física
dos pacientes até o bem estar da família, sendo que o ambiente físico, além de ser
um tipo de intervenção não farmacológica, também contribui para as outras
tipologias de intervenção.
2.3.1.1 Estimulação cognitiva
A partir de uma estimulação sistemática juntamente com situações que requerem o
uso do pensamento, raciocínio lógico, atenção, memória, linguagem e pensamento,
deve ocorrer a potencialização das habilidades cognitivas.
Segundo Borges, et al. (2005, apud COSTA, 2011), a estimulação cognitiva pode
ser dividida em reabilitativa e compensatória. A reabilitativa defende o uso da
estimulação, através da realização de atividades de modo repetitivo, para recuperar
os processos cognitivos deteriorados. Já a compensatória parte da premissa de que
os déficits de memória não podem ser enfrentados diretamente. Sendo assim,
devem ser utilizadas agendas, blocos, sinalizações, etc.. Entretanto, Ávila e outros
(2006, pag. 355) afirmam que é uma intervenção limitada, pois alguns pacientes
possuem outros déficits que não os permitem utilizar estes recursos.
As atividades podem ser realizadas em grupo ou individualmente, porém, é preciso
estar atento às necessidades e limitações do paciente, para que os estímulos sejam
eficientes. Burgeois (1990, apud ÁVILA, et al., 2006) diz que “em geral, essas
estratégias trazem maior benefício quando o paciente ainda está em fases precoces
da doença, ou quando o cuidador o auxilia no uso dos recursos”.
2.3.1.2 Estimulação social
Esse estímulo é direcionado para os aspectos comportamentais e emocionais dos
pacientes. O objetivo é estimular as habilidades de comunicação, convivência e
37
afeto, para evitar a apatia, inatividade e promover a integração. É importante que
ocorram atividades de lazer, culturais e celebração de datas comemorativas, mas
que estas sejam desenvolvidas a partir de experiências anteriores dos pacientes e
que estas envolvam temas que interessem a eles. Além disso, é importante se
atentar ao ambiente em que serão realizadas as atividades, pois alguns idosos
podem ficar mais agitados e não desenvolver a tarefa, caso o ambiente seja muito
movimentado (ABRAz, acesso em 27 set. 2013).
2.3.1.3 Estimulação física
A prática de atividades físicas e fisioterápicas contribui para a melhoria da qualidade
de vida da população idosa com ou sem demência, oferecendo benefícios
neurológicos, melhoria na coordenação, força muscular e equilíbrio. Segundo a
ABRAz (acesso em 27 set. 2013), existem estudos comprovando que a prática de
atividades regulares contribuem para a evolução mais lenta da Doença de
Alzheimer.
2.3.1.4 Terapia de orientação de realidade (OR)
A OR visa criar estímulos ambientais que favoreçam a orientação do paciente que o
situe na realidade, apresentados de forma organizada e contínua. Esta terapia
consiste em promover a interação do paciente com o meio social, bem como
melhorar a sua comunicação neste meio, através de sinalizações no ambiente,
treinamento de habilidades cognitivas e linguagem clara ou não verbal. É importante
abordar temas como datas, nome de refeições, clima, espaço, entre outros (ÁVILA,
et al., 2006).
38
2.3.1.5 Orientação familiar
A qualidade de vida do idoso com demência depende, consideravelmente, daqueles
que são responsáveis pelo seu cuidado, tornando indispensável que a família
também faça parte das intervenções e receba orientações.
São preocupantes o estresse e a angústia que o indivíduo acometido de DA provoca na sua família e no contexto social como um todo, pois a pessoa que cuida desse indivíduo, em geral o cônjuge ou outro membro da família, poderá se tornar a segunda vítima da doença (PASCALE, 2002).
Sendo assim, a grande maioria das abordagens terapêuticas de tratamento da
Doença de Alzheimer se estende aos familiares e cuidadores, com objetivo de
ajudar a família a lidar com a sobrecarga emocional e ocupacional, oferecendo
subsídio para as famílias ajudarem o paciente.
Os grupos que oferecem este tipo de serviço para os familiares procuram informar
sobre a doença, a evolução dos sintomas durante as fases da doença, bem como as
possíveis formas de tratamento, orientam sobre como lidar com as situações do dia
a dia, além de possibilitarem a troca de experiência e sentimentos entre os familiares
participantes. Miesen (1997, apud ÁVILA, et al., 2006) destacou que com esses
grupos de orientação, as famílias passam a diminuir o sentimento de incerteza e
culpa, aceitam a doença e suas consequências de forma mais saudável, refletindo
no bem estar no paciente.
2.3.1.6 O ambiente físico
Idosos com a Doença de Alzheimer são pessoas que necessitam de mais tempo
para cuidados e atendimentos pessoais. Sendo assim, é importante um maior
entendimento da arquitetura para que eles vivam em ambientes que favoreçam e
facilite o atendimento de todas as necessidades impostas pela doença. O ambiente,
para o idoso acometido de DA, pode influenciar seu humor, sua relação com as
pessoas e até a capacidade cognitiva. De acordo com a ABRAz, o ambiente
organizado é uma das formas de contribuir para minimizar os sintomas e melhorar a
qualidade de vida. Um ambiente voltado para um idoso com DA deve proporcionar
tranquilidade, ser fácil de localizar e evitar características que causem confusão.
39
De acordo com o neurologista Eduardo Mutarelli (1999), quando os pacientes
apresentam um quadro de agitação e agressividade, é possível que o tratamento
seja apenas comportamental (não farmacológico), estabelecendo um ambiente
tranquilo, acolhedor e colaborativo, pois um ambiente agitado e confuso leva a
agitação do paciente. Caso o paciente não apresente melhoras, é recomendado
acrescentar o uso de remédios.
Além disso, um ambiente bem planejado diminui os riscos de acidentes que podem
comprometer ainda mais a qualidade de vida do idoso, favorecendo o
prolongamento da independência e capacidade de realizar atividades diárias.
O neurologista Rodrigo Rizek Schultz, do NUDEC (2012, apud PENTEADO, 2012),
afirma que um ambiente planejado de acordo com as necessidades do paciente
permite que ele se sinta mais seguro e confiante para transitar pelo local, garantindo
sua sociabilidade por mais tempo, além de trazer tranquilidade aos seus familiares.
A arquitetura, através do ambiente como recurso terapêutico, vem ganhando espaço
entre profissionais da área de medicina, principalmente com os neurologistas, que
buscam cada vez mais encontrar opções de tratamento que amenizem os sintomas
da demência (KINDLE, 2012). A seguir, será abordada a importância e a relação do
ambiente com os idosos que possuem Doença de Alzheimer.
40
3 O AMBIENTE COMO RECURSO TERAPÊUTICO
Como neurocientistas, acreditamos que o cérebro é o órgão que controla o comportamento, que os genes controlam o projeto, a concepção e estrutura do cérebro, mas o ambiente é capaz de modular a função dos genes e, finalmente, a estrutura de seu cérebro. Mudanças no ambiente podem mudar o cérebro e, portanto, mudar o nosso comportamento. O projeto arquitetônico muda nosso cérebro e nosso comportamento. (GAGE, 2003, apud EBERHARD, 2006, p.11).
De acordo com Kindle(2012), a Academia de Neurociência para Arquitetura (ANFA),
existente há quase onze anos, acredita que “[...] o estudo do sistema nervoso pode
fazer a maior contribuição para o campo da construção desde os estudos de física
do século 19, que estabeleceram novos métodos estruturais, acústicos e de
iluminação”, onde o conforto ambiental passa a contar como um importante fator
para amenizar os efeitos de transtornos cognitivos provocados, por exemplo, pela
Doença de Alzheimer.
Há anos, sabe-se que além de todas as atribuições do Arquiteto e Urbanista, existe
a preocupação em propor espaços que contribuam para o bem estar de quem está
nele. Essa preocupação vem aumentando, desde quando estudos divulgados
revelaram a importância da arquitetura no tratamento de doenças cognitivas como,
por exemplo, na Doença de Alzheimer, em que o espaço físico faz parte do
tratamento não farmacológico. Cada vez mais os neurocientistas estão estendendo
sua área de estudo e referenciando a importância do ambiente físico para o cérebro
(EBERHARD, 2006).
Rego (2012, p. 3) define o ambiente terapêutico como:
[...] o cenário de atenção à saúde que estimula o processo de cura através da criação de um ambiente físico e social que promova a sensação de bem-estar, reduza o stress e fadiga, encorajando uma atitude positiva por parte dos pacientes, familiares e dos profissionais de saúde.
Sabe-se que a preocupação em projetar ambientes que promovam o bem estar das
pessoas que possuem algum tipo de deficiência/demência existe desde a
Antiguidade como, por exemplo, nos templos da Grécia e nas termas de Roma,
onde eram oferecidos conforto físico e espiritual para aqueles que precisavam de
algum tratamento (BRAGA; GONÇALVES; TAVARES, 2012).
41
Em 1986, a Organização Mundial da Saúde na 1º Conferência Internacional sobre
promoção da Saúde, apresentou uma proposta para a valorização dos valores
humanísticos para espaços que de alguma forma estavam voltados à saúde
(SAÚDE PÚBLICA, acesso em 30 set. 2013). Esta proposta afirma que estes
espaços precisam de uma abordagem da humanização com uma visão de projeto
que incorpore necessidades técnicas, formais, funcionais, econômicas, bem como
considerar os efeitos que o ambiente provoca no seu usuário, de forma que deve
promover a autonomia, bem-estar e melhoria dos aspectos clínicos do mesmo
(REGO, 2012).
Sendo assim, o conceito de humanização tem sido cada vez mais empregado nos
projetos de arquitetura de espaços para idosos, devido a preocupação com a saúde
dos mesmos. Os arquitetos estão cada vez mais preocupados e atentos a projetar
ambientes conforme a necessidade do usuário, principalmente quando o idoso
possui debilitações cognitivas e físicas.
A terapeuta ocupacional Ana Katharina de Figueiredo Leite (2010) afirma que, como
por exemplo, em uma ILPI os idosos que possuem ou não alguma debilitação
podem ter a qualidade de vida melhorada pelo ambiente construído. Caso os
espaços de moradia dos idosos sejam mal projetados, estes podem contribuir para a
piora do quadro de dependência do idoso (PERRACINI, 2006).
No espaço vivido é muito importante para o idoso ter referências espaciais e
temporais que lhe permitam ter identidade e segurança (PAIVA; VILLAROUCO,
2012), de forma que se deve sempre pensar no caráter afetivo do ambiente, além
das dimensões do local e dos mobiliários (NEUFERT, 1974).
Segundo Benetti (2004), “A arquitetura bem resolvida e de qualidade pode ser
também um ótimo remédio para os males da saúde”. Dentre estes males, encontra-
se a Doença de Alzheimer, na qual, como citado anteriormente, existem estudos que
comprovam o efeito positivo do ambiente para amenizar e retardar o
desenvolvimento da doença.
42
3.1 RELAÇÕES DO AMBIENTE FÍSICO COM A DOENÇA DE ALZHEIMER
O ambiente apropriado para o idoso com Alzheimer faz parte das formas de
tratamento não farmacológico da doença, como já foi citado anteriormente. A
neurociência comprova que o cérebro da pessoa com Alzheimer permanece com os
neurônios saudáveis durante anos, favorecendo as intervenções não farmacológicas
que abordam métodos que contribuam para o bem-estar do idoso e retardem o
desenvolvimento da doença (WISDEM, acesso em 3 set. 2013), contribuindo para
manter a sua dignidade, independência e cuidado.
Segundo o sociólogo americano John Zeisel (2006), que também é doutor em
arquitetura e design, as pessoas com Doença de Alzheimer precisam de ambientes
planejados especialmente para eles, pois além de todos os sintomas já citados, eles
possuem dificuldades de se situar em um ambiente.
Profissionais e disciplinas de diferentes áreas estão cada vez mais focados na
Doença de Alzheimer, preocupando-se em descobrir a causa, obter um diagnóstico
mais preciso e métodos de tratamento para a doença. Muitas destas disciplinas
estão relacionadas à busca de benefícios através do ambiente físico, como é o caso
da Ergonomia, definida como:
[...] uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema. (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE ERGONOMIA - IEA, apud DUL; WEERDMEESTER, 2006, p. 1).
Os domínios da Ergonomia podem ser divididos em (IEA, 2000):
- Ergonomia física: voltada para os aspectos físicos, ambiente físico,
estruturas e funções do corpo (LEITE, 2010). É importante para propiciar espaços
seguros que agem como elementos preventivos para os idosos.
- Ergonomia cognitiva: relacionada a processos mentais, como a memória,
raciocínio e coordenação motora (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA,
acesso em 1 out. 2013).
43
- Ergonomia organizacional: trata da otimização dos processos de produção e
outras questões relacionada a execução de atividades. (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE ERGONOMIA, acesso em 1 out. 2013).
Leite (2000) afirma que a Arquitetura é responsável pelo projeto e edificação dos
ambientes e que em complemento a esta disciplina existem outras que contribuem
para o espaço e a qualidade de vida do idoso. Uma delas é a Ergonomia do
Ambiente Construído (EAC), domínio responsável pela preocupação de projetar e
adaptar o ser humano ao espaço construído, unindo o ambiente arquitetônico à
necessidade do usuário e a Psicologia Ambiental, referente à relação do
comportamento humano e o ambiente físico (LEITE, 2000).
De acordo com Paulo Roberto Canineu, geriatra da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo, “[...] os idosos precisam de condições especiais para que vivam com
conforto e segurança” (MASC, 2011). Os idosos com DA que vivem em um ambiente
devidamente planejado, se tornam mais funcionais, ativos e independentes (ZEISEL,
2006). Estes indivíduos possuem o direito de serem reconhecidos e valorizados e o
ambiente que eles vivem deve contribuir para isso (PASCALE, 2002). Portanto, o
design de ambientes contribui para a redução dos sintomas e, por isso, é
considerado uma importante intervenção não-farmacológica, pois muitos indivíduos
no início ou no meio da doença ainda não necessitam de cuidados médicos
(PASCALE, 2002).
Costa (2011) afirma que o ambiente planejado para os idosos com Alzheimer,
apresenta necessidades diferentes daqueles projetados para idosos com apenas
limitações físicas, tanto no que diz respeito as metas que serão alcançadas, quanto
na orientação do paciente e do cuidador. O arquiteto espanhol Manoel Del Rio,
afirmou em um congresso realizado em Madrid (2011), que o ambiente projetado
para o idoso com Alzheimer atende à outros idosos, pois solucionam problemas de
falta de vigor e outras capacidades. Mas que não é qualquer espaço de idosos sem
DA que atende aos pacientes com demência (ALFONSO et al., 2013).
É importante lembrar que o ambiente planejado não beneficia apenas os idosos com
DA, mas também e tão importante quanto, beneficia àqueles que cuidam e convivem
diretamente com o paciente (ABRAz, acesso em 27 set. 2013). A função do
44
ambiente envolve o bem estar do idoso além de tranquilizar os cuidadores e
familiares que desejam um ambiente seguro e confortável para o paciente, mas que
também os deixem tranquilos de manter o idoso no local. Portanto, os arquitetos
responsáveis por projetarem esses espaços devem se atentar para atender as
necessidades dos utentes, além de agradar os familiares, preocupando-se tanto com
a saúde e segurança, quanto com o ambiente físico. (WISDEM, acesso em 3 set.
2013).
Segundo o psicólogo Donald Normam (1990, apud ZEISEL, 2006), os ambientes
devem ser auto-evidentes, ou seja, sem dificuldade de serem mapeados, pois para o
cérebro da pessoa com Alzheimer, quanto mais difícil entender o ambiente, mais o
idoso ficará agitado, ansioso e assustado.
A DA é progressiva, de forma que os doentes podem chegar a um estágio de
completa dependência. Sendo assim, a arquitetura e o design dos ambientes
tornaram-se um importante meio de contribuir para o estímulo da independência dos
idosos, amenizar os sintomas e retardar o desenvolvimento da doença (PERRACINI;
KATO-NARITA, 2013).
3.2 OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS ATRAVÉS DO AMBIENTE FÍSICO
Embora já existam diversos estudos internacionais que relacionam o ambiente físico
e a Doença de Alzheimer, no Brasil ainda existe uma carência de estudos nessa
área. Acredita-se que tal fato pode ser justificado devido ao envelhecimento
populacional ser um processo recente no país.
Neves Peinado, arquiteta do Centro de Referência Estatal de Autonomia Pessoal e
Ajuda Técnicas da Espanha (CEPAT), afirma que o espaço do idoso com Alzheimer
deve sempre manter a capacidade de adaptação além de possuir três tipos de
intervenções (ALFONSO et al., 2013):
- Segurança: É o grau de intervenção mais básico, pois é fundamental que se
tenha “controle de acesso” do ambiente. O idoso com Alzheimer, ao perder a
memória, perde também a noção de onde está e muitas vezes por julgarem não
conhecer o local, tentam fugir ou entrar em outros ambientes que podem ser
45
perigosos como, por exemplo, as cozinhas. Porém, manter o espaço e o entorno
seguros representa uma das difíceis tarefas dos cuidadores e familiares, pois a
adaptação ou criação de um espaço seguro varia de acordo com o estágio da
doença de Alzheimer, a forma como está progredindo e o perfil da pessoa. À medida
que a doença vai se desenvolvendo, os idosos precisam de mais cuidados e
atenção daqueles que convivem com eles. É uma carga emocional muito pesada,
mas que se o local atender as necessidades de segurança do idoso,
consequentemente contribuirá para o bem estar daquele que cuida.
- Acessibilidade: durante o desenvolvimento da DA, o idoso acaba perdendo a
capacidade de se deslocar sozinho ou de realizar atividades que conseguia fazer
sem auxílio de terceiros. A arquiteta enfatiza que a acessibilidade torna os locais
mais seguros e permite que os idosos tenham mais independência. Além disso, a
acessibilidade precisa deixar de ser algo imposto, mas sim ser um item natural na
concepção do projeto.
- Personalização: Em virtude dos sintomas como a perda de memória,
alterações de personalidade e lapsos de julgamento, uma das grandes dificuldades
do idoso com Alzheimer é manter a sua identidade. Sendo assim, o ambiente deve
criar formas de manter a referência, estimular a memória e preservar a história de
vida do morador. É necessário que as pessoas, ao entrarem no ambiente, saibam
que ali reside um idoso.
Santiago Quesada, professor da escola de arquitetura de Málaga – Espanha, afirma
que diante da perda da noção de tempo e espaço que ocorrem com os idosos com
DA, os ambientes projetados para eles devem ser iluminados com luz natural, para
que o idoso possa perceber a passagem do tempo e com identidade doméstica,
para que o idoso associe a uma referência familiar (ALFONSO et al.,2013).
Além destes objetivos, Pascale (2002) complementa que é muito importante
oportunizar a sociabilidade, de forma que o ambiente deve inibir e facilitar o contato
do individuo com outros moradores do local. Além disso, a autora afirma que o
ambiente deve estimular a execução das atividades da vida diária do idoso,
influenciando de forma positiva na sua autoestima e na sensação de competência,
principalmente quando os ambientes em questão objetivam receber e abrigar idosos
46
com DA, como é o caso dos locais que auxiliam a promoção do bem-estar dos
idosos ou as ILPIs, local cada vez mais escolhido como moradia para idosos com
DA.
3.3 MODALIDADES DE ATENÇÃO AO IDOSO
Como pode ser visto nos capítulos anteriores, a população idosa brasileira está
crescendo e tende a crescer cada vez mais, assim como os casos de Doença de
Alzheimer nos idosos. Sendo assim, a necessidade de melhorar e manter a
qualidade de vida dos idosos tem despertado cada vez mais a preocupação com
aspectos relacionados ao ambiente em que esta população está vivendo.
Diante destas preocupações e com a criação de leis que asseguram direitos aos
idosos, foram estabelecidas modalidades de atenção ao idoso. Trata-se de
alternativas que possibilitam auxílio às famílias que não possuem plenas condições
de garantir a qualidade de vida do idoso. As modalidades podem ser classificadas
em: não-asilares e asilares.
De acordo com o art. 4º, do Decreto nº 1.948 (BRASIL, 1996, p.1):
Art. 4º. Entende-se por modalidade não-asilar de atendimento: I – Centro de Convivência: local destinado à permanência do idoso, onde são desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas, culturais, associativas e de educação para a cidadania; II – Centro de Cuidados Diurno: Hospital-Dia e Centro-Dia – local destinado à permanência diurna do idoso dependente ou que possua deficiência temporária e necessite de assistência médica ou de assistência multiprofissional; III – Casa-Lar: residência, em sistema participativo, cedida por instituições públicas ou privadas, destinada a idosos detentores de renda insuficiente para a sua manutenção e sem família; IV – Oficina Abrigada de Trabalho: local destinado ao desenvolvimento, pelo idoso, de atividades produtivas, proporcionando-lhe oportunidade de elevar sua renda, sendo regida por normas específicas; V – Atendimento Domiciliar: é o serviço prestado ao idoso que vive só e seja dependente, a fim de supriras suas necessidades da vida diária. Esse serviço é prestado em seu próprio lar, por profissionais da área de saúde ou por pessoas da própria comunidade; VI – Outras formas de atendimento: iniciativas surgidas na própria comunidade, que visem à promoção e à integração da pessoa idosa na família e na sociedade.
De acordo com conversas obtidas com profissionais da área, embora o Centro-Dia
surja como uma ótima opção para as famílias que desejam manter o idoso em suas
47
residências, mesmo que em um curto tempo, ela não é uma modalidade que deve
ser tão indicada para idosos com a Doença de Alzheimer. Eles alegam que o idoso
com Alzheimer precisa de uma referência espacial e que passar o dia em um local e
dormir em outro poderia confundi-los. Além disso, muitas famílias não conseguem
manter a rotina de levar e buscar o idoso todos os dias, no mesmo horário, já que é
uma das características do Centro-Dia, de forma que muitas famílias acabam
trocando para a modalidade da ILPI. (OLIVEIRA5; RODRIGUES6; PINTO7,
informação verbal).
As ILPIs são classificadas como atividade de modalidade na qual o atendimento
acontece de forma contínua, em regime de internato, para idosos que não possuem
vínculo familiar ou para aqueles que possuem, mas a família não tem condições de
mantê-los em casa (BRASIL,1996). Estas instituições, foco deste trabalho de
conclusão de curso, serão detalhadas no capítulo seguinte.
5OLIVEIRA, Maria Trícia Guerra e. Doença de Alzheimer . 2013. Entrevista concedida a Ághata Braga Lopes, Vila Velha, 10 set. 2013.
6RODRIGUES, L. A. B. de S. Doença de Alzheimer . 2013. Entrevista concedida a Ághata Braga Lopes, Vila Velha, 3 set. 2013.
7PINTO, C. C. H. Doença de Alzheimer . 2013. Entrevista concedida a Ághata Braga Lopes, Vila Velha, 24 set. 2013.
48
4 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS (IL PIs)
Na bibliografia disponível sobre as ILPIs são encontradas diversas denominações
sobre este tipo de modalidade de atenção ao idoso: asilo, abrigo, lar de idosos,
clínica geriátrica, casa de repouso e ancianato (LEITE, 2010).
O termo mais antigo é “asilo”, definido de acordo com a Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (2003, apud TOSTA, 2008) como: “[...] casa de Assistência
Social onde são recolhidas, para sustento ou também para educação, pessoas
pobres e desamparadas, como mendigos, crianças abandonadas, órfãos e velhos”.
Born (2005, apud TOSTA, 2008) afirma que a primeira instituição para idosos surgiu
em 1782, no Rio de Janeiro, fundada pela Ordem Terceira da Imaculada Conceição.
Em 1989, no mesmo estado, surgiu o “Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada”.
Era um asilo apenas para idosos que dava suporte as necessidades básicas como
alimentação e vestuário e era sustentado pela sociedade (SILVEIRA, 2012).
Foi a partir da Constituição Federal de 1988, quando a assistência social passou a
fazer parte da política pública brasileira, que os serviços aos idosos foram inclusos
da rede da Assistência Social, divididos entre modalidade asilar e não asilar
(SILVEIRA, 2012).
Silveira (2012) afirma que a partir deste decreto nº 1.948, no qual ficaram definidas
as modalidades de atenção ao idoso, o número de idosos institucionalizados
começou a crescer, pois esta passou a ser reconhecida pela família e pelo
Estado,como uma forma de oferecer melhor qualidade de vida, principalmente dos
idosos com Alzheimer.
Por outro lado, as instituições ainda são associadas a uma imagem negativa dos
antigos asilos. Para Casara e outros (2010) a entrada do idoso em uma instituição
asilar representava o abandono, a velhice vista como degeneração e que a
sociedade descartava os indivíduos no momento em que eles começavam a não ser
produtivos. O mesmo pensamento é apresentado por Cupertino (1996, apud
TOMASINI; ALVES, 2006), que afirma que o idoso quando vai para um asilo se
sente abandonado e solitário.
49
Os antigos asilos eram conhecidos como locais sem higiene adequada, mantidos
por ajuda do governo, ocupados por idosos que eram abandonados por suas
famílias (LAFIN, 2010). Devido a este histórico, a denominação “asilo” faz referência
a imagens negativas, pobreza e abandono (BORN; BOECHAT, 2006).
Com o objetivo de desvincular das imagens negativas e tendo em vista a demanda
que existe e que vai existir, órgãos competentes estão buscando meios de
estabelecer regras básicas para o funcionamento destas instituições (NETO;
CARRÉRA, 2013). Um exemplo disso é a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)
283, criada em 2005 pela ANVISA, na qual estabelece como padrão a mudança da
nomenclatura “asilo” para Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI)
definida como:
[...] Instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinadas a domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e dignidade e cidadania. (RDC 283, 2005).
De acordo com Rosseto (2012), é possível diferenciar as ILPIs das antigas
Instituições Asilares, pois estas eram locais em que os idosos viviam isolados,
inativos fisicamente e mentalmente. Já a ILPI é um lar especializado, oferece
assistência médica, mas ao mesmo tempo, um ambiente doméstico que transmite
aconchego, preserva a identidade, a dignidade e intimidades dos idosos residentes.
Os idosos com DA, assim como foi mostrado no capítulo 2, precisam de atenção e
cuidados especiais, por serem pessoas dependentes, necessitando de referências
psicológicas e ambientais que contribuam para retardar o desenvolvimento da
doença. Porém,as famílias estão com cada vez menos suporte para manter um
idoso em casa, principalmente aqueles que possuem dependência, seja por
questões psicológicas e emocionais ou pela ausência de infraestrutura adequada.
Sendo assim, estes aspectos estão determinando a procura cada vez maior por
ILPIs (LEITE, 2010). Esse fato é confirmado por Rosseto (2012) que afirma que
embora as famílias ainda tenham resistência e preconceito em levar o idoso para
morar em uma ILPI, a falta de alternativas que permitam manter o idoso com DA em
casa, torna crescente a procura por ILPI em todo o país.
50
Diante da necessidade dos idosos com DA viverem em ambientes adequados, Born
e Boechat (2002, apud TOMASINI; ALVES, 2006) afirmam que caso as ILPIs sejam
projetadas garantindo a qualidade de vida do idoso e, automaticamente, daqueles
que cuidam e convivem diretamente com o paciente, estas serão instituições cada
vez mais procuradas pelas famílias que se sentirão seguras em oferecer a seu
parente uma nova opção digna de moradia.
4.1 LEGISLAÇÃO
O ambiente em que o idoso vive deve ser devidamente apropriado às necessidades
impostas pelas perdas físicas e cognitivas decorrentes do processo de
envelhecimento, seja ele ocorrido de forma natural ou não, pois os idosos, como um
todo, são suscetíveis a influências ambientais, como iluminação, cores, ruídos e
variação de temperatura.
Esta monografia pretende abordar dentre todas as normas relativas ao
envelhecimento, aquelas sobre o ambiente físico, mais especificamente as ILPIs.
Segundo a arquiteta e mestre em gerontologia, Adriana Romeiro de Almeida Prado
(2003), quando a pessoa envelhece ela passa a não suportar os níveis baixo de
conforto do ambiente e tende a perder a capacidade de adaptação ao espaço.
Sendo assim, é importante criar ambientes que promovam a independência e
inclusão dos idosos.
De acordo com o artigo 10 da Política Nacional do Idoso, estabelecida na Lei
Federal nº 8.842 de 1994, deve-se:
[...] Incluir nos programas de assistência ao idoso, formas de melhoria de condições de habitualidade e adaptação de moradia, considerando seu estado físico e sua independência de locomoção.
[...]
Outra diretriz que comprova a necessidade da preocupação com os referidos
ambientes está no artigo 38 do Estatuto do Idoso, estabelecido na Lei nº 10.741 de
2003, em que trata da habitação e que afirma a necessidade de um ambiente que
51
tenha “[...] eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de
acessibilidade ao idoso. [...]”.
Portanto, diante da evidência de que a acessibilidade deve ser garantida no
ambiente físico, foi criada pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT)
a Norma Brasileira (NBR) 9050, que estabelece parâmetros técnicos a serem
observados seja na concepção do projeto e construção, ou na adequação de
espaços já existentes de forma a promover a inclusão de todas as pessoas.
A primeira NBR 9050 foi publicada em 1985, tratando especificamente de pessoas
com deficiência. Em 1994 ela passou por uma nova revisão, sendo que em 2003, a
norma foi concluída e denominada como: “Acessibilidade a edificações, mobiliário,
espaços e equipamentos urbanos” (CASA SEGURA, acesso em 15 de out. 2013).
Trata-se da principal norma focada na acessibilidade de pessoas com deficiência ou
mobilidade reduzida, gestantes, idosos e obesos (ABNT, acesso em 16 set. 2013). A
NBR 9050 tornou-se o instrumento de consulta oficial para projetar ambientes
acessíveis e funcionais (MARTINEZ; EMMEL, 2013).
As normas da NBR 9050 não abordam diretamente os ambientes específicos para
os idosos. Entretanto algumas delas contemplam as necessidades e limitações
destes como, por exemplo, a definição de medidas padrões para pessoas que
necessitam de bengala, andador e muletas para se locomoverem (Figura 6). Essas
medidas são fundamentais para especificar as dimensões dos ambientes de uma
ILPI como, por exemplo, os corredores.
52
Figura 6 - Dimensões referenciais para deslocamento de idosos em pé Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).Nota: Figura adaptada pela autora.
Além de normas para pessoas que se locomovem em pé, mas com limitações, a
NBR 9050 estabelece as dimensões das cadeiras de rodas (Figura 7) e os espaços
necessários para a locomoção de cadeirantes (Figura 8). Essas medidas são
necessárias, pois em uma ILPI é importante que tenha os espaços adequados para
a circulação, assim como locais para guardar as cadeiras.
Figura 7 - Dimensões do módulo de referência para cadeira de rodas
Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).
53
Figura 8 - Dimensões da área de manobra para cadeira de rodas Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).
Dentre outras recomendações, a norma também estabeleceu dimensões a serem
seguidas para os banheiros acessíveis, com áreas de transferências para o chuveiro
(Figura 9), para o vaso sanitário (Figura 10), barras de apoio e piso antiderrapante,
informações essenciais para o projeto da Instituição de Longa Permanência para
Idosos, onde é indispensável a existência dos mesmos. Além disso, para os demais
ambientes é fundamental se atentar para as regras estabelecidas quanto a
inclinação de rampa, altura e posicionamento de corrimãos e, dimensões mínimas
para dormitórios, sendo que estes devem ter a área de manobra para cadeiras de
rodas (Figura 11).
Figura 9 - Possibilidade de transferência do cadeirante para o chuveiro
Fonte: ABNT NBR 9050 (2004)
54
Figura 10 - Possibilidades de transferência do cadeirante para o vaso sanitário Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).
Figura 11 - Dimensões mínimas para o dormitório do idoso Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).
Todas estas normas exemplificadas, assim como as demais citadas na NBR 9050,
juntamente com determinações do Estatuto do Idoso e outras normas da ABNT,
estabeleceram diretrizes para a RDC 283.
A RDC 283, de 26 de setembro de 2005, foi criada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) com o objetivo de estabelecer normas para o
55
funcionamento das Instituições de Longa Permanência para Idosos. Tal
denominação foi definida nesta norma, pois até então ainda eram usados termos
como “Casa de Repouso” e “Asilos” (LEITE, 2010).
Este Regulamento Técnico foi adotado,
Considerando a necessidade de garantir a população idosa os direitos assegurados na legislação em vigor; considerando a necessidade de prevenção e redução dos riscos à saúde ao quais ficam expostos os idosos residentes em instituições de Longa Permanência; considerando a necessidade de definir critérios mínimos para o funcionamento e avaliação, bem como mecanismos de monitoramento das Instituições de Longa Permanência para idosos e; considerando a necessidade de qualificar a prestação de serviços públicos e privados das Instituições de Longa Permanência para Idosos [...](RDC/ANVISA 283, 2005).
Levando em consideração o direito dos idosos, a norma define os graus de
dependência dos idosos, além de condições indispensáveis para a organização e
estruturação de uma ILPI, desde aspectos administrativos até infraestrutura.
Segundo a gerente-geral de Tecnologia em Serviços de Saúde da Anvisa, Flávia
Freitas, a RDC 283 representa mais um instrumento de atuação das vigilâncias
sanitária na realização de fiscalizações, garantindo medidas que não coloquem a
vida do idoso em risco e consolidando os direitos já estabelecidos no Estatuto do
Idoso (VISA, 2011).
Considerando o objetivo desta monografia apresentado anteriormente, as diretrizes
mais detalhadas da RDC 283 a respeito dos ambientes físicos serão abordadas para
a formulação do plano de necessidades a ser desenvolvido na segunda etapa deste
trabalho de conclusão de curso.
4.2 CARACTERÍSTICAS ESPACIAIS IDEAIS PARA IDOSOS COM ALZHEIMER:
EXEMPLOS DE ILPIs ESPECIALIZADAS
No Brasil existe uma carência muito grande de estudos voltados para a relação entre
a Arquitetura e os benefícios que ela pode trazer para o tratamento da Doença de
Alzheimer. Sendo que, durante todas as pesquisas realizadas para a elaboração
desta monografia, foram identificadas poucas referências brasileiras, exceto a RDC
56
283, que pudessem auxiliar na produção de um projeto arquitetônico de uma
Instituição de Longa Permanência para Idosos com demência do tipo Alzheimer. A
mesma carência foi notada no que diz respeito a existência de ILPIs brasileiras
especializadas em idosos com Alzheimer, fator estimulante para o desenvolvimento
deste trabalho, tendo em vista a crescente demanda de possíveis usuários.
Entretanto, existem diversas referências internacionais que estabelecem
recomendações para tornar o ambiente do idoso com Alzheimer apropriado para a
sua moradia, assim como existem instituições em outros países que foram
projetadas para os idosos com DA. De forma que, estas referências também servirão
como base para o desenvolvimento desta pesquisa, tendo em vista que as
características, sintomas e necessidades do idoso com DA são as mesmas.
A ABRAz afirma que o ambiente bem planejado melhora a qualidade de vida do
paciente e facilitam a vida do cuidador (PERRACINI; KATO-NARITA, 2013). No livro
“Você não está sozinho... nós continuamos com você” lançado em 2013 pela
ABRAz, mostra algumas recomendações que devem ser consideradas quanto ao
ambiente seguro para o idoso com DA (PERRACINI; KATO-NARITA, 2013):
- Controlar os acessos, pois muitos idosos com Alzheimer perdem a noção de
tempo e espaço e, muitas vezes tentam fugir ou entrar em locais que são perigosos.
- Espelhos causam alucinações, devendo ser usados apenas no banheiro e
assim mesmo, com atenção ao efeito que estará causando ao paciente;
- Objetos como quadros, tapeçarias e porta-retratos causam excesso de
estímulos ou alucinações, de forma que devem ser retirados ou utilizados de acordo
com o comportamento do paciente;
- Evitar o uso de eletrodomésticos que fazem barulho, na presença de uma
pessoa com DA;
- A luminosidade, caso provoque ofuscamento da visão, deve ser controlada
com cortinas. Em relação aos abajures que refletem sombra na pele, estes devem
ser evitados;
57
- Passadeiras e tapetes soltos podem provocar quedas. Caso a retirada dos
mesmos provoque agitação no idoso, os mesmo devem ser fixados no chão com
fitas adesivas e antiderrapantes;
- É importante se atentar para a disposição dos móveis, de forma que facilite
a passagem da pessoa. As mesas de centros podem ser retiradas, deixar poucas
opções de cadeiras para sentar, demarcando a favorita do doente com algo que
facilite o seu reconhecimento;
- As cores do chão e das portas devem ter contrastes, pois favorecem a
noção de espaço e equilíbrio;
- Cozinhas, escadas e outras áreas de perigo devem ser protegidas e ter
acesso restrito;
- Objetos no chão, como fios de telefone, sapato e brinquedos, devem ser
retirados.
Estas adaptações devem ser feitas respeitando a relação que o paciente tem com o
local, pois qualquer mudança repentina pode provocar a sensação de desorientação
do paciente.
Arantes (2013) reforça a importância do cuidado com o ambiente complementando
com outras recomendações:
- Mobílias: devem-se utilizar móveis de centro e de canto sem quinas; as
poltronas devem ter encostos para as costas e apoio para os braços;
- Quartos: a localização deve ser preferencialmente no térreo com banheiros
próximos; as janelas devem ser de correr; camas com altura de 45 cm e; interruptor
perto da cama;
- Banheiro: devem ter barras de apoio; pia fixa; cadeira adequada para banho
e piso antiderrapante;
Na Espanha, profissionais de diversas áreas, o Governo, o Centro de Referência
Estadual de Atenção a Pessoas com Doença de Alzheimer e outras demências da
Salamanca e a Confederação Espanhola das Associações de familiares de pessoas
com Doença de Alzheimer e outras demências elaboraram uma cartilha com
58
recomendações específicas para o ambiente do idoso com Alzheimer. O objetivo é
mostrar soluções precisas para o espaço destinado aos idosos com DA, e auxiliar o
trabalho dos arquitetos.
Nesta cartilha intitulada “Guia de Implantação – O espaço e o tempo na Doença de
Alzheimer” (IMSERSO8; CEAFA9, 2013, tradução nossa), as recomendações foram
separadas por ambientes, o que garante o entendimento dos leitores. São diretrizes
que podem auxiliar a eliminar as dificuldades existentes nos diferentes locais de uma
residência, e que auxiliam a adaptação ou construção de um ambiente com as
necessidades do idoso.
Segundo o guia, a ILPI deve ter características familiares, não deve remeter a um
hospital ou qualquer ambiente do gênero. O idoso precisa se sentir em casa, ter
estímulos que o mantenha independente e continue praticando suas atividades
diárias. O espaço precisa oferecer comodidade, de forma que as características do
ambiente sejam agradáveis, respeitando a privacidade, dignidade e opiniões
pessoais. A Instituição deve ter ambientes que permitam atividades tanto no interior
quando ao ar livre, mas permitindo que o idoso escolha participar ou não. Sendo
que se o ambiente permitir a autonomia do enfermo, seja sem obstáculos ou com
mecanismos que compensem a perda da mobilidade, este aumenta a participação
nas atividades propostas.
De acordo com a cartilha, a ILPI deve conciliar a intimidade e a convivência dos
usuários através de zonas de uso comum como a cozinha, sala de estar, locais para
receber visita da família, além de espaços individuais como os quartos e banheiros.
Os espaços devem ser iluminados e alegres. Com relação às áreas comuns que
recebem os familiares, estas devem manter a privacidade para que as visitas não
atrapalhem ou incomodem os outros moradores. As áreas comuns, como a sala de
estar, devem estar na melhor orientação possível e sempre visível. As áreas
externas, como os jardins, devem ser acessíveis, sem obstáculos, estimuladores e
com espaços de descanso.
8 Instituto de Idosos e Serviços Sociais – Centro de Referência Estatal de Atenção a pessoas com Doença de
Alzheimer e outras demências da Salamanca (Espanha). 9 Confederação Espanhola das Associações de Familiares de pessoas com Alzheimer e outras demências.
59
É importante lembrar que um ambiente bem planejado, não favorece apenas ao
paciente, mas também, aos cuidadores dos idosos e demais funcionários da ILPI.
Com relação às cores e iluminação, a cartilha explica que como os idosos com
Alzheimer possuem mudanças na visão, como a dificuldade de percepção, a
iluminação pode ajudar de forma eficaz a identificar contrastes das cores. Sendo que
este contraste deve ser cuidadosamente considerado quando da escolha das cores,
pois muitas vezes estas podem causar desconforto aos usuários já que o contraste
pode aumentar ou reduzir a visibilidade do paciente.
Cooper (1993, apud PASCALE, 2002) confirmou que o indivíduo durante o processo
de envelhecimento passa por um decréscimo na capacidade de distinguir cores frias
como, por exemplo, azul, verde ou demais cores que transmitem frescor e repouso
físico. O autor afirma que os tons lavanda, rosa e pastéis podem confundir os
idosos, pois para eles essas cores podem parecer bem similares e devem ser
usadas com cuidado em ILPIs.
Cores quentes como, por exemplo, vermelho e laranja, são mais fáceis de serem
distinguidas pelos idosos. Estas cores são estimulantes e devem ser usadas em
ambientes onde o indivíduo necessite de ação e entusiasmo (VERDUSSEN, 1978,
apud PASCALE, 2002).
Das recomendações citadas para cada ambiente específico estão (IMSERSO;
CEAFA, 2013):
- Banheiros: Com relação aos banheiros, o guia orienta que o mesmo deve
localizar-se dentro do quarto, já que o paciente pode ter dificuldade de orientação,
localização e mobilidade. Como a doença provoca déficits sensoriais, que aumentam
os riscos de queimaduras, devem-se utilizar reguladores de temperatura da água. O
piso precisa ser com um material antiderrapante e de secagem rápida, pois o idoso
com Alzheimer possui maior risco de perda do equilíbrio. Com relação a pia, ela
deve ter uma altura apropriada para cadeira de rodas e não deve ter armários
embaixo. O vaso deve ter barras de ambos os lados. Não é recomendado o uso de
banheiras. O espaço do box do chuveiro deve permitir a entrada de uma cadeira de
banho. É recomendável que as cores dos revestimentos do banheiro sejam claras,
60
para que o idoso fique relaxado, pois o paciente com Alzheimer tende a ficar agitado
e nervoso durante o banho.
- Zonas comuns e sala de estar: Além dos cuidados anteriormente com os
mobiliários, é importante sinalizar adequadamente as zonas de jardins, salas de
terapia e outras áreas comuns da instituição. Sendo que estas sinalizações devem
estar visíveis para um cadeirante.É importante que os ambientes das áreas comuns
tenham aspecto bem familiar, pois é onde os idosos recebem os familiares e
interagem com os demais moradores.
- Cozinha: Devido aos problemas de memória dos pacientes com Alzheimer, a
cozinha é tida como um espaço perigoso. Sendo assim, deve ter entrada restrita aos
funcionários. A cozinha é um espaço onde deve prevalecer a segurança e
funcionalidade. Porém, é recomendado que os idosos possam praticar as atividades
diárias, como por exemplo, cozinhar. Por isso, podem ser criadas duas cozinhas,
uma central para a produção diária, com entrada restrita e uma cozinha terapêutica,
com acesso livre e utensílios seguros.
- Corredores: Devem ser livres de obstáculos, com boa ventilação e
iluminação. Os corredores precisam ter corrimãos nos dois lados e identificação dos
ambientes aos quais ele está interligado.
- Sala de jantar: Deve ser um ambiente agradável, estimulante e que não
tenha a imagem vinculada a um ambiente hospitalar. A cartilha recomenda que a
cozinha esteja próxima da sala de jantar, para que o cheiro da comida sendo
preparada estimule o apetite dos idosos, mas que é importante se atentar ao ruído
que pode vir em virtude do manuseio de louças, talheres etc. Com relação ao
mobiliário, as mesas devem ter altura suficiente para o conforto de um usuário
cadeirante, tendo no mínimo 74 cm de altura livre.
- Quarto: O quarto é o único lugar onde pode reforçar a identidade pessoal e
atuar como um local de refúgio. As cores da parede devem ser suaves e claras, pois
é uma área de descanso. Elementos como interruptores devem ter cores
diferenciadas da parede para facilitar a localização. O quarto deve possuir janelas
que possibilitem a entrada de iluminação natural. Quanto ao mobiliário, as camas
61
devem possuir proteção lateral e regulagem de altura e, o guarda-roupa deve ser
adaptado para cadeirantes.
- Espaços externos: Os espaços externos como, por exemplo, os jardins
podem melhorar a qualidade de vida dos idosos com Alzheimer, tendo um grande
potencial terapêutico quando bem planejado. Os caminhos devem ser livres de
obstáculos, reduzindo os riscos e respeitando o direito de ir e vir do usuário. Os
elementos paisagísticos e a vegetação podem estimular sensações boas nos idosos
com DA remetendo a um ambiente sossegado. Para promover o uso e a
estimulação sensorial, deve-se atentar para a variedade da vegetação, as espécies
e os aromas naturais. Os jardins devem ser seguros, com caminhos acessíveis e
delimitações seguras, para permitir que os idosos tenham liberdade e
independência. É fundamental que os caminhos para a área externa sejam
visualmente acessíveis desde alguns locais internos, o que favorece a iniciativa
própria de alguns pacientes irem até os jardins. Porém estes caminhos devem ser
direcionais, com sinais de orientação, evitar desníveis, ser acessíveis para
cadeirantes e ter corrimãos, para que o usuário se sinta mais seguro. Além de
jardins, hortas favorecem o cultivo, estimulando a atividade e os sentidos dos idosos.
É interessante colocar mesas de baralho ou outros jogos que podem servir como
outro estímulo a memória, sendo que os mobiliários devem ser pesados e difíceis de
mover sem ajuda de outra pessoa e resistente as variações climáticas. Os
mobiliários devem ser distribuídos estrategicamente em áreas com sombra, ou
ensolaradas para um banho de sol e até mesmo em áreas que garantam mais
privacidade. Além disso, é indicada a possibilidade de colocar áreas como salão de
jogos infantis e outros ambientes em que o idoso poderá receber os netos e
familiares.
No ano de 2007 foi inaugurado no bairro Morumbi, em São Paulo, o Hiléa, que
funcionava como um hotel, residencial e clube, especializado em idosos com a
Doença de Alzheimer. O local, que tinha qualidade de hotel cinco estrelas, funcionou
por três anos e em 2009 encerrou suas atividades por problemas de administração
(GONÇALVES, 2009).
Sendo assim, os exemplos utilizados para comprovar a aplicabilidade das
recomendações de ILPIs especializadas em Idosos com Alzheimer, serão expostos
62
e explicados baseados nas informações disponíveis em sites, tendo em vista o
desconhecimento de instituições com esta especialidade no Brasil, a impossibilidade
de visita por estarem localizadas no exterior, pouco tempo existente para a pesquisa
e a falta de recursos para visitas fora do país.
4.2.1 Instituição 1: Casa do Alecrim
A Casa do Alecrim (Figura 12) é o primeiro lar da Associação Alzheimer Portugal,
construído exclusivamente para idosos com Alzheimer. A casa foi inaugurada em
janeiro de 2013 e fica localizado em Cascais, Portugal (ALZHEIMER PORTUGAL,
acesso em 28 out. 2013).
Figura 12 - Casa do Alecrim
Fonte: Alzheimer Portugal (Acesso em: 30 out. 2013).
A instituição oferece serviços para longa permanência, centro-dia e apoio
domiciliário. São oferecidos serviços especializados e individualizados, prezando
pela qualidade de vida do idoso e apoio as famílias. No local são desenvolvidas
atividades de estimulação cognitiva, sensorial e motora. A casa tem capacidade para
acolher 30 clientes para longa permanência e 15 em centro-dia (ALZHEIMER
PORTUGAL, acesso em 30 out. 2013). A Casa foi um resultado de parcerias
públicas e privadas, como várias doações que vão desde o terreno, até o projeto de
interiores.
63
Com relação aos quartos (Figura 13), eles podem ser individualizados ou duplos,
todos com banheiros. Cada quarto é decorado de uma forma diferenciada, com o
objetivo de ajudar na referência dos usuários (ALZHEIMER PORTUGAL, 2013).
Figura 13 - Quarto do idoso na Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (2013).
As cores são claras e diferenciadas quanto ao piso, parede e teto. Os quartos
possuem iluminação natural, sendo que a sua incidência é controlada com o auxílio
de cortinas e, iluminação artificial com arandelas e abajures posicionados de forma a
não causar sombra, como pode ser visto na Figura 14.
Figura 14 - Quarto do idoso na Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (2013).
De acordo com a Figura 15, os corredores são amplos, devidamente equipados com
corrimãos. O revestimento é diferenciado para sinalizar a entrada dos ambientes que
não possuem portas.
64
Figura 15 - Corredores da Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (2013).
A Casa possui jardins e amplas áreas de vivência, tanto no interior quanto no
exterior da edificação (Figura 16). A proposta é que todos os usuários tenham
acesso às áreas de vivência, sendo os espaços estimulantes em nível de cheiros,
cores e ruídos. Todas as áreas possuem boa ventilação e iluminação natural
(CIÊNCIA PT, acesso em 28 out. 2013).
Figura 16 - Área externa da Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (2013).
As áreas comuns internas, como por exemplo a sala de estar, possui diversas
aberturas para as áreas externas pemitindo a entrada de luz natural, que também
são controladas pelas cortinas (Figura 17). Os revestimentos de piso e parede são
diferencidados e a disposição dos móveis permite o tráfego livre. Mas, conforme
observado na Figura 18, os mobiliários não possuem muita variedade de cor, o que
65
pode causar dificuldades para que os idosos identifiquem e referencie o seu
assento, a não ser que a Instituição utilize de outros métodos para identificar os
assentos. A ABRAz, como foi dito anteriormente, recomenda que os assentos
possuam algum tipo de identificação que facilite a localização para o idoso.
Figura 17 – Sala de estar da Casa do Alecrim. Fonte: Alzheimer Portugal(2013).
Figura 18 - Área de estar da Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal(2013).
De acordo com levantamentos feitos em entrevistas com profissionais da área, os
mesmos informaram sobre a desvantagem de uma Instituição com mais de um
pavimento, como é a Casa do Alecrim (Figura 19). A informação obtida é que a
casa, quando não funciona apenas no térreo, exige maiores cuidados e mais gastos.
Além disso, precisam ter circulação vertical e, como já foi visto anteriormente, as
escadas representam um perigo para os idosos com Alzheimer, servindo como
limitadores do deslocamento dos mesmos.
66
Figura 19 - Casa do Alecrim.
Fonte: Alzheimer Portugal. Acesso em: 30 out. 2013.
4.2.2 Instituição 2: Alzheimer’sRespite Centre
O Centro de Refúgio de Alzheimer (Figura20) fica localizado em Dublin, Irlanda. O
projeto arquitetônico foi elaborado por Niall McLaughlinArchitects e as obras foram
concluídas em 2009.
Figura20 - Alzheimer's Respite Centre
Fonte:Níall McLaughlin Architects (Acessoem: 30 out. 2013).
O Centro funciona como um local de apoio temporário para os idosos com DA,
oferecendo o serviço de Centro-Dia e estadia temporária. Além disso, conta com
escritórios da Sociedade do Alzheimer da Irlanda, que oferecem serviços de apoio
aos cuidadores e familiares (LABEAU, acesso em 28 out. 2013).
67
A área total do edifício é de 1392m² e foi construído em um jardim murado do século
XVIII adjacente a um convento, que foi considerado como restrições do projeto, pois
os muros são protegidos pela lei de conservação da Irlanda e não poderiam ser
demolidos. O objetivo do arquiteto foi de eliminar qualquer vínculo com o ambiente
hospitalar, propondo um fluxo descontraído de espaços externos e internos e,
aproveitando a luz natural (MC LAUGHLIN, acesso em 30 out. 2013).
A edificação consiste em pavilhões interligados com jardins e pátios. Como pode ser
visto na
Figura 21, a entrada dos escritórios (1) da Sociedade do Alzheimer da Irlanda fica
separada da entrada e recepção do Centro (2), o que garante a segurança e
privacidade das pessoas que frequentam os dois espaços. O projeto foi pensado de
forma a favorecer também as pessoas que ficam nos escritórios, pois eles possuem
acesso ao Jardim dos Funcionários (21) e como foi citado nos capítulos anteriores, é
muito importante garantir o bem estar das pessoas que convivem diariamente com
os idosos. Já na parte do Centro, os pacientes podem transitar livremente, pois a
disposição dos ambientes foi feita de forma que áreas de risco como a cozinha (3)
ficassem isolada dos espaços de vivência como as salas de estar (7). Os quartos (9)
ficaram em uma ala única, o que garante a privacidade e conforto para o descanso,
mas para maior segurança, ficam próximo das salas da enfermagem e outras que
fazem partem da administração interna (12), que também possuem vista para os
ambientes comuns como o espaço central (6) e a sala de contemplação (8),
posicionada de frente para o pátio magnólia (17). A edificação está locada no centro
do terreno e no seu entorno estão os jardins que ficam orientados para uma direção
diferente.
68
Figura 21 - Planta Baixa do Alzheimer'sRespite Centre
Fonte: Curtis (2011).
O projeto teve como partido arquitetônico o terreno acidentado. Sendo assim, o
arquiteto projetou um jardim em três níveis, de forma que a edificação ficasse no
nível intermediário (Figura 22). De acordo com a figura 21, nestes jardins/áreas
externas foram planejados pátios, pomares e gramados. Mas, analisando a planta
baixa, percebe-se que os acessos aos mesmos são através de escadas, tornando-
se um fator limitante para os idosos cadeirantes. O muro antigo e preservado foi
revestido com tijolo stocks (Figura 23), que favorecem a temperatura agradável com
relação ao clima da região (CURTIS,2011).
LEGENDA:
1-Entrada do Escritório da Sociedade do Alzheimer da Irlanda; 2- Entrada para o Centro; 3 – Cozinha; 4 – Sala de Jantar; 5 – Sala das atividades; 6 – Espaço Central; 7 – Salas de Estar; 8 – Sala de contemplação; 9 – Quartos; 10 – Cabeleireiro; 11- Administração do Centro; 12 – Administração da Sociedade do Alzheimer da Irlanda; 13 – Sala de terapia; 14 – Terraço da manhã; 15 – Terraço superior; 16 – Terraço da tarde; 17 – Pátio Magnólia; 18 – Terraço da Noite; 19 – Terraço Herb e Scent; 20 – Pomar; 21- Jardim dos Funcionários.
69
Figura 22 - Área Externa do Alzheimer Respite Centre
Fonte: Curtis (2011).
Figura 23 - Área externa do Alzheimer'sRespite Centre
Fonte: Curtis (2011).
De acordo com as imagens das áreas externas, pode-se notar que os pátios não
aparentam serem estimulantes, são monocromáticos, com pouca vegetação e
mobiliários. Porém, as áreas de vivência internas possuem cores vibrantes, que
estimulam o usuário. As cores diferenciadas servem para marcar determinadas
áreas da instituição. Os pisos e paredes são diferenciados por cores (Figura 24). Já
o mobiliário possui cores padronizadas para não confundir com as cores das
paredes (CURTIS, 2011). Isso favorece aos usuários a identificação dos mesmos no
ambiente, mas, levando-se em conta as recomendações da ABRAz, é recomendável
alguma identificação nas cadeiras ou poltronas.
As áreas internas possuem aberturas, com janelas de madeiras em diferentes
alturas, que possibilitam a vista para o jardim de diferentes locais da instituição.
70
Além disso, permite que o usuário acompanhe a passagem do sol durante o dia,
para que não se sintam perdidos no tempo (LABEAU, acesso em 28 out. 2013). Um
aspecto negativo destas aberturas é que elas não possuem cortinas, para controlar
a incidência da luz natural, como mostra a Figura 25.
Figura 24 - Área de estar interna do Alzheimer'sRespite Centre
Fonte: Curtis (2011).
Figura 25 - Área de estar e refeições do Alzheimer’sRespite Centre Fonte:Architizer (Acesso em: 30 out. 2013).
Os corredores (Figura 26), para não ficarem monótonos, receberam assentos e
janelas, de forma que também se tornaram espaços de interação. Além disso,
corrimãos foram instalados por todas as paredes para facilitar e estimular o
deslocamento do usuário (LABEAU, acesso em 28 out. 2013).
71
Figura 26 - Corredor do Alzheimer'sRespite Centre Fonte: Bennett (Acesso em: 30 out. 2013).
As entradas dos quartos são marcadas por cores diferenciadas, de acordo com a
Figura 27, para facilitar a referência do idoso de onde ele pode ou não entrar
(CURTIS,2011).
Figura 27 - Corredor do Alzheimer'sRespite Centre
Fonte: Architizer (Acesso em: 30 out. 2013).
72
Além disso, os quartos (Figura 28) são individuais, com banheiros privativos e
possuem vista para o jardim externo. Quanto ao mobiliário, foram usados mesas e
assentos para cada quarto com o intuito de permitir que o idoso se aproprie do
ambiente, coloque objetos pessoais e arrume de acordo com o gosto pessoal.
Figura 28 - Quarto do Idoso com Alzheimer's Respite Centre
Fonte: Curtis (2011).
73
5 INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM ALZHEIMER
EM VILA VELHA, ES : PROJETO ARQUITETÔNICO
Conforme apresentado nos capítulos anteriores e segundo Marquardt (2009), a
maioria das pessoas com Alzheimer são institucionalizadas em algum momento da
doença. Os cuidados que envolvem o bem estar e a segurança destas pessoas
demandam configurações espaciais e conhecimentos específicos que vão além das
possibilidades físicas e emocionais de seus familiares e suas residências.
As ILPIs localizadas em Vila Velha não possuem infraestrutura necessária para
atender a todas as necessidades impostas pelo avanço da doença de Alzheimer,
pois ocuparam imóveis já existentes, com adaptações que, quando acontecem, se
restringem basicamente a adequação largura das portas, colocação de barras de
apoio ou inserção de rampas. Segundo Assad (informação verbal) a cidade
necessita da construção de um local devidamente planejado para receber os idosos.
Este capítulo traz informações referentes aos aspectos necessários para
desenvolvimento do projeto arquitetônico, em nível de Estudo Preliminar de uma
ILPI destinada e planejada para acolher idosos com Alzheimer, contemplando:
• A delimitação do número ideal de idosos a serem assistido pela instituição
proposta;
• As considerações sobre o lugar escolhido para implantação da edificação;
• O partido arquitetônico que resgata os aspectos referentes ao ambiente como
recurso terapêutico descrito no capítulo 3 (três).
• O programa de necessidades, contendo os ambientes exigidos pela RDC 283
e aqueles recomendados pelas pesquisas consultadas, específicos para uma
ILPI especializada em Alzheimer;
• Fluxograma e setorização, levando em conta a necessidade do controle de
acesso dos idosos e, ao mesmo tempo, permitindo que os mesmos se sintam
livres e independentes. A definição da planta baixa, acontece baseada nas
decisões aqui tomadas, tendo em vista a importância da setorização clara e
objetiva como uma das principais garantias de qualidade de vida para o idoso
com Alzheimer (MARQUARDT, 2011).
74
• Implantação e paisagismo, considerando as decisões tomadas na setorização
e no desenvolvimento da planta baixa.
5.1 DELIMITAÇÃO DO PÚBLICO ASSISTIDO
Considerando as ILPIs em funcionamento hoje, conforme descrito no capítulo 4, e o
número médio de vagas disponíveis, foi observado que estas disponibilizam de 15 a
25 leitos por Instituição, muitas vezes com quartos compartilhados entre até 4
idosos. Entretanto, Cantley e Wilson (2002), ao analisarem o design de Instituições
destinadas ao tratamento de idosos com Alzheimer, destacaram algumas distinções
entre estas e aquelas que funcionam como lares para idosos que não apresentam
limitações cognitivas.
Ainda que ambas apresentem algumas necessidades comuns aos idosos, tais como
segurança, conforto e um ambiente agradável e estimulante, as instituições
destinadas a acolher idosos que recebem o diagnóstico de Alzheimer necessitam de
requisitos adicionais que contribuam para estimular e intensificar as formas de
tratamento não-farmacológicas.
Neste caso, a quantidade de moradores na instituição torna-se um fator de grande
influência no bem-estar dos idosos com Alzheimer, uma vez que o nível de
orientação dos idosos com demência tende a diminuir na medida em que se
aumenta o número de pessoas com quem eles dividem o ambiente. Além disso, a
redução do número de idosos em um mesmo local produz efeitos positivos como:
diminuição da agitação e do estresse, maior interação dos familiares durante as
visitas, aumento da facilidade para os cuidadores e da percepção de um ambiente
familiar pelos moradores (CANTLEY, WILSON, 2002; MARQUARDT,2009; CALKINS
2011).
Segundo Benbow (2013) e Calkins (2011) o número ideal de moradores que ajuda a
preservar a qualidade de vida dos idosos é de 10 a 12 habitantes. Portanto, diante
dos benefícios citados, das recomendações dos autores e da ausência de uma
diretriz que estabeleça a quantidade mínima ou máxima de moradores em uma ILPI,
fica definido para este projeto a capacidade máxima de 12 habitantes.
75
Condicionado a definição do número de habitantes está a quantidade de cuidadores
para os idosos, uma vez que a RDC 283 estabelece um número mínimo relacionado
ao Grau de Dependência dos Idosos. A ILPI proposta está enquadrada no grau III
que é referente a idosos que necessitam de assistência em todas as atividades
diárias e que possuem comprometimento cognitivo. Neste caso a norma estabelece
que o número mínimo seja de 1 cuidador para 6 idosos. Entretanto, a mesma norma
não especifica a quantidade ideal para uma instituição especializada em idosos com
Alzheimer, motivo pelo qual adotou-se como parâmetro para este projeto o número
de 3 cuidadores para 6 idosos, totalizando 6 cuidadores.
5.2 CONSIDERAÇÃO SOBRE O LOCAL DE IMPLANTAÇÃO
O município de Vila Velha, cidade escolhida para a implantação da ILPI
especializada em idosos com Alzheimer, faz parte da Região Metropolitana do
Estado do Espírito Santo. De acordo com o Plano Municipal de Saúde de Vila Velha
(2013), no Censo realizado em 2012, o município possuía 424.948 habitantes, sendo
que destes 45.596 faziam parte da população idosa com uma taxa de crescimento
de 4,13%.
A cidade de Vila Velha já possuía em 2009 cerca de 20 ILPIs (FELIZ, 2010)
quantidade esta que só aumentou e tende a aumentar. Assad (informação verbal)
informou que, atualmente, o município possui 24 ILPIs em funcionamento. Sendo
assim, a cidade se mostra apta a receber locais nesta classificação de atividade,
Entretanto, segundo entrevistas realizadas com alguns proprietários, nenhuma
destas IPLIs tenham sido construídas especificamente para atender as
necessidades além de ainda não existir nenhuma ILPI na região que tenha sido
projetada para acolher exclusivamente Idosos com o diagnóstico da doença de
Alzheimer.
Buscando atender aos objetivos deste TCC, embora seja escolhido apenas um
terreno, foram identificados dois terrenos para serem analisados a respeito de suas
potencialidades para receber uma ILPI. Para análise dos condicionantes legais
destes terrenos foi considerado o Plano Diretor Municipal (PDM) de Vila Velha do
ano de 2007
76
5.2.1 Terreno 1
O primeiro terreno analisado fica localizado no Bairro Coqueiral de Itaparica, Vila
Velha na esquina da Avenida Aracruz com a rua Itaperuna, confrontando com a
Rodovia do Sol e ocupa uma área de 4929,87m².
Figura 29 - Terreno 1: Bairro Coqueiral de Itaparica
Fonte: Google Earth (2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.
O bairro possui um uso predominante residencial, conhecido pelos conjuntos
habitacionais, porém com um setor de comércio e prestação de serviços já
consolidados.
Ao lado do terreno encontram-se uma clínica de especialidades médicas, como a
geriatria, uma Igreja e várias residências, dentre elas, um condomínio horizontal.
Nas suas proximidades existem dois supermercados, duas padarias, farmácias, um
posto de saúde, uma praça para lazer, bancos, a Sede da Prefeitura de Vila Velha,
três Instituições de Longa Permanência para Idosos, um hospital e diferentes tipos
de comércio local. Além disso, o terreno fica próximo a pontos de táxi e ônibus.
77
Trata-se de um dos poucos terrenos ainda desocupados na região e inserido em um
contexto já consolidado.
Figura 30 - Terreno 1: Ocupação do entorno Fonte: Google Earth (2014)
Nota: Imagem adaptada pela autora.
Com relação ao fluxo de veículos, ele é intenso com sentido único na Avenida
Aracruz e duplo na Rodovia do Sol, porém é reduzido e com sentido duplo na Rua
Itaperuna. Todas as vias são asfaltadas e devidamente sinalizadas. Já a calçada
que contorna o terreno precisa ser reconstruída.
78
Figura 31 - Terreno 1: sentido das vias
Fonte: Google Earth (2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.
Figura 32 - Avenida Aracruz
Fonte: Arquivo Pessoal (2014). Figura 33 - Rua Itaperuna
Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
79
Figura 34 - Rodovia do Sol
Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
No que diz respeito a legislação de Uso e Ocupação do Solo no Município de Vila
Velha, o terreno está localizado na Zona de Ocupação Prioritária 3 - ZOP 3 e
atividade na qual uma ILPI está enquadrada é "Prestação de serviços a pessoas de
terceira idade) classificada como Grau de Impacto I.
Figura 35 - Terreno 1: Zoneamento urbanístico.
O terreno está sinalizado em vermelho localizado na ZOP3 Fonte: PDM 2007 de Vila Velha (Acesso em 12 mar. 2014)
Nota: Imagem adaptada pela autora.
De acordo com o Quadro V referente aos Coeficientes de Aproveitamento da zona
em que se situa o terreno e Parâmetros Urbanísticos do Plano Diretor vigente, o
coeficiente de aproveitamento máximo para este terreno é de 3.5, a taxa de
ocupação de 60% e taxa de permeabilidade de 10%. O gabarito para ZOP3 é de no
máximo 15 pavimentos com altura máxima de 52,6m.
80
Figura 36 – Terreno 1: Coeficientes de Aproveitamento do terreno e Parâmetros Urbanísticos do PDM 2007 de Vila Velha.
Fonte: PDM 2007 de Vila Velha (Acesso em: 12 mar. 2014)
Segundo o Censo realizado em 2010, o bairro possui 13.696 habitantes, sendo que
destes, 1004 são idosos (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 2013). Portanto,
diante de todas as características citadas acima, o bairro é classificado como um
bom local para receber uma nova ILPIs.
5.2.2 Terreno 2
O segundo terreno analisado fica localizado no Bairro Morada do Sol, Vila Velha
entre a Rua dos Flamboyants e a Avenida dos Ipês, confrontando com a Avenida
Central e ocupa uma área de 4800m².
Figura 37 - Terreno 2: Bairro Morada do Sol Fonte: Google Earth (2014)
Nota: Imagem adaptada pela autora.
81
O bairro possui um uso predominante residencial, muitos terrenos vazios e na visita
em campo, não foram identificados comércios e serviços locais. Porém é um bairro
silencioso, em desenvolvimento e próximo da Rodovia do Sol, importante via arterial
que faz conexão com outros bairros vizinhos. Além disso, o bairro é conhecido por
possuir uma lagoa e a proximidade com a praia.
Figura 38 - Terreno 2: Ocupação do entorno
Fonte: Google Earth (2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.
Com relação ao fluxo de veículos, ele é reduzido em todas as vias do bairro. As vias
de acesso ao terreno são asfaltadas, com sentido duplo e pouco sinalização (Figura
39).
82
Figura 39 - Terreno 2: sentido das vias Fonte: Google Earth (2014)
Nota: Imagem adaptada pela autora
Figura 40 - Avenida dos Flamboyants
Fonte: Arquivo Pessoal (2014) Figura 41 - Avenida Central
Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
Figura 42 - Avenida dos Ipês
Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
83
No que diz respeito a legislação de Uso e Ocupação do Solo no Município de Vila
Velha, o terreno está localizado na Zona de Ocupação Controlada 1 - ZOC 1 e
atividade na qual uma ILPI está enquadrada é "Prestação de serviços a pessoas de
terceira idade) classificada como Grau de Impacto I.
Figura 43 - Terreno 2: Zoneamento urbanístico. O terreno está circulado localizado na ZOC1.
Fonte: PDM 2007 de Vila Velha (Acesso em 12 mar. 2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.
De acordo com o Quadro V referente aos Coeficientes de Aproveitamento da zona
em que se situa o terreno e Parâmetros Urbanísticos do Plano Diretor vigente, o
coeficiente de aproveitamento básico para este terreno é 1, a taxa de ocupação de
50% e taxa de permeabilidade de 20%. O gabarito para ZOC1 é de no máximo 2
pavimentos com altura máxima de 9m.
Figura 44 – Terreno 2: Coeficiente de Aproveitamento do terreno e Parâmetros Urbanísticos do
PDM 2007 de Vila Velha. Fonte: PDM 2007 de Vila Velha (Acesso em: 12 mar. 2014)
Segundo o Censo realizado em 2010, o bairro possui 341 habitantes, sendo que
destes 26 são idosos (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 2013). Portando,
84
diante de todas as informações obtidas, conclui-se que o bairro é um bom local para
receber uma ILPI.
5.2.3 Definição do terreno
De acordo com a RDC 283, a localização de uma ILPI deve analisar se o local
possui infraestrutura como água, esgoto e telefone. Além disso, o terreno
preferencialmente não deve apresentar desníveis, mas caso isso aconteça, devem-
se implantar rampas.
O Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) (Acesso
em: 12 mar. 2014) divulgou em sua cartilha de ideias de negócios que, ao escolher
um terreno para implantar uma ILPIs, o empreendedor deve considerar o tráfego no
local, a facilidade de acesso e a proximidade com pontos de ônibus e táxi. Além
disso, recomendam que um terreno de esquina com via de mão dupla é sempre a
melhor opção e que se deve considerar um local onde exista a presença de pessoas
para que os idosos fiquem integrados a sociedade. Cantley e Wilson (2002), afirmam
que é necessário muito rigor na escolha de um terreno, analisando os acesso, que o
mesmo esteja inserido em um ambiente comunitário e os serviços de transportes
públicos.
Diante das análises dos terrenos e os aspectos destacados pelos autores e
legislações descritos, entende-se que os pontos principais a serem analisados são:
infraestrutura e serviços públicos, topografia, acessos, fluxos e a proximidade com a
comunidade.
Com relação à infraestrutura e serviços públicos, tanto a região do terreno 1 quanto
do terreno 2 possui abastecimento de água, tratamento de esgoto, rede elétrica,
telefone, recolhimento de lixo e distribuição de gás. No que diz respeito ao
transporte público, o terreno 1 atende aos requisitos pois, como citado
anteriormente, ele possui pontos de ônibus e táxis, ao contrário do terreno 2 no qual
o ponto de ônibus fica distante e não possui pontos de táxi.
A topografia nos dois terrenos possui pequenas diferenças que podem ser
resolvidas com aterros. Embora ambos os terrenos estejam em uma esquina,
85
próximos a importantes vias do bairro no qual se situam, o acesso ao terreno 1 é
mais simples que ao terreno 2, tendo em vista que o último está localizado em um
bairro ainda em crescimento e que precisa de melhores sinalizações. Já o terreno 1
está localizado próximo a importantes comércios e pontos de referências do bairro.
O fluxo de veículos é grande nas proximidades do terreno 1, pois localiza-se atrás
da Rodovia do Sol que é uma via arterial de fluxo intenso. Já o no terreno 2,
praticamente não há fluxo de veículos, ocorrendo uma movimentação maior nos
finais de semana devido a proximidade com a praia. Um fator importantíssimo que
não pode ser esquecido é o ruído provocado pelos veículos, pois o terreno 1 é
prejudicado nessa questão devido ao alto movimento no local.
O terreno 1 está em um local próximo a praça de lazer, comércios, hospitais e até
mesmo de outras ILPIs, estando inserido em um ambiente comunitário, onde os
idosos estariam integrados e inseridos na sociedade, além de ser um local de fácil
acesso para os seu familiares. Já o terreno 2, não oferece esse ambiente
comunitário, pois o bairro ainda está em desenvolvimento e fica em um local mais
isolado, sendo mais difícil o acesso da família.
Diante das análises e comparações feitas, o Terreno 1 ficou definido como o local
de implantação da ILPI especializada em idosos com Alzheimer, considerando a
facilidade que as famílias terão em visitar os idosos e a praticidade de estar perto
dos equipamentos urbanos já citados. Com relação aos aspectos negativos, como o
ruído provocado pelo alto fluxo de veículos, para minimizar os impactos causados
aos residentes, itens como vegetação, posicionamento dos quartos e materiais anti-
ruído deverão ser levados em conta durante o desenvolvimento do projeto.
5.3 DEFINIÇÃO DO PARTIDO ARQUITETÔNICO
Para definição do partido arquitetônico foi levado em consideração as necessidades
daqueles que estarão na ILPIs prestando serviço, dos idosos que irão residir nesta
instituição e de seus familiares que também precisam sentir que o ambiente
proporcionado pela arquitetura é adequada é confortável e seguro para seus
parentes.
86
Neste caso, o desafio está em desenvolver um projeto que ofereça a estes idosos,
que serão de fato os moradores desta instituição, ambientes que reproduzam as
características do que eles se habituaram a chamar de casa e que de alguma forma,
segundo pesquisadores, ficou gravado na memória coletiva dos idosos, mesmo
quando acometidos pelos sintomas da demência.
Se considerarmos a faixa etária que caracteriza o idoso como aquele que possui 60
anos ou mais e as fachadas de grande parte das residências unifamiliares do
período em que estes eram jovens ou adultos, nota-se que as casas possuem
características da arquitetura colonial: casas simples, esquadrias de madeiras
emolduradas, aberturas amplas e altas, e telhado de duas águas com telhas
cerâmicas aparentes e grandes beirais (GALLO, acesso em 31 mai. 2014).
Baseado nas características supracitadas, a fachada da edificação da ILPI aqui
proposta neste trabalho procura resgatar a simplicidade, harmonia e tranquilidade de
um lar familiar para aqueles que chegam ao local, de forma que, optou-se por utilizar
os conceitos e traços da arquitetura colonial com telhado de telha cerâmica
aparentes, esquadrias de madeira de demolição, grandes vãos para iluminação
natural e revestimentos de tijolo aparente de cor branca e bege.
Características estas, de uma residência compacta que para Benbow (2014), remete
ao ambiente doméstico e familiar, composta pelos tradicionais setores sociais,
serviço e íntimo que compõem uma residência unifamiliar, constituindo assim o
conceito espacial mais indicado para configuração de instituições destinadas a
abrigar residentes idosos que desenvolveram perdas cognitivas caracterizadas pela
demência. Porém, é importante atentar para os ambientes em que os idosos não
devem circular, como por exemplo as áreas de serviço e, através da distribuição dos
espaços, criar maneiras de isolar estas área. A criação de blocos destes setores
torna-se fundamental, pois facilita este isolamento, mas permite também a interação
entre os ambientes que devem ser de livre acesso. Estes blocos permitem o jogo de
volume e trazem movimento para fachada, sendo o bloco das áreas comuns aquele
que se destaca.
A desorientação espacial é um dos primeiro motivos que levam a institucionalização
(MCSHANE et al, 1998, apud MARQUARDT, 2011). Portanto, o partido deve prezar
87
pela funcionalidade e simplicidade, de forma a tornar os ambientes de fácil
percepção e localização para quem mora na ILPI, sendo este aspecto determinante
para a proposta projetual, pois a capacidade que os idosos têm para se localizar
dentro de uma ILPI é um pré-requisito para garantia de uma vida confortável e
segura (GONZÁLES-SALVADOR et al., 2000, apud MARQUARDT, 2011).
Em relação ao exposto, Marquardt (2011) estabeleceu quatro diretrizes de apoio que
podem aumentar a capacidade de localização dos idosos com Alzheimer em
projetos de arquitetura:
- a tipologia do edifício deve ter uma forma conhecida, sem exigir dos
moradores novas habilidades para se localizarem nos ambientes. Um layout simples
com planta baixa bem definida são pré-requisitos para uma boa orientação espacial
em IPLI;
- Os locais relevantes, devem estar localizados de forma que permitam o
acesso visual direto, para que os idosos consigam reconhecer todo o ambiente de
forma imediata.
- Evitar mudanças de direção nos corredores que provoquem a tomada de
decisão dos idosos, pois com o avanço da demência, estas decisões se tornam cada
vez mais difíceis. Os corredores devem ser direcionais e caso necessário, deve-se
usar pontos de referências nos locais onde ocorrerem estas mudanças. Estes
pontos podem ser objetos, ou até mesmo ambientes como a cozinha terapêutica.
- A função de cada ambiente devem ser bem definida e legível para os idosos.
Isto pode ser proporcionado através de móveis diferenciados para cada ambiente,
cores e dimensão dos espaços.
88
Considerando estas diretrizes e inspirando-se no conceito da "Green House"10, o
interior da edificação deve promover interação dos residentes através de áreas
comuns abertas como, por exemplo, sala de jantar integrada com a cozinha e área
de estar (Figura 45) porém, garantindo a privacidade de forma que cada residente
tenha o seu quarto com banheiros.
Figura 45 - Sala de estar integrada com a cozinha terapêutica e sala de jantar da White Oak Cottages, modelo Green Houses.
Fonte: White Oak Cottages (Acesso em: 31 mai. 2014).
Sendo assim, diante de todas as recomendações vistas, verificou-se qual seria a
melhor distribuição dos setores da edificação no terreno, levando em conta a
insolação, ventilação e as recomendações estabelecidas para um design que
contribuísse para a localização espacial de idosos com Alzheimer (MARQUARDT,
2011). Trata-se de uma edificação térrea, com 12 moradores e, portanto, compacta,
para proporcionar melhor localização espacial e segurança aos idosos (NETTEN,
1989, apud BENBOW, 2013). A disposição horizontal da planta da edificação
permite a mobilidade plena de todas as pessoas independente de suas limitações
físicas por toda a casa, proporcionando um conforto na circulação dos moradores.
Para favorecer mais a independência e o sentido de localização dos moradores, o
projeto deverá prever corredores curtos e com pontos de referências (ambientes ou
mobiliários) nos locais onde ocorrem as mudanças de direções além de procurar
fornecer o acesso visual direto para que o idoso saiba onde ele se encontra e para
10
O Projeto GreenHouses, foi criado pelo médico Biil Tomas em 2003 e fica localizado no Texas, Estados Unidos. O projeto visa conciliar a filosofia de cuidados com idosos, a arquitetura e a estrutura organizacional de cuidado a longo prazo para criar modelos do que é chamado de Instituição de Longa Permanência. São casas projetadas para no máximo 12 residentes, também especializadas em idosos com demência, com quartos e banheiros individuais e áreas comuns integradas. Além disso, possuem equipes treinadas que trabalham como gestores das casas. Atualmente o projeto conta com mais de 200 casas em operação ou desenvolvimento, espalhadas por 27 estados do país (THE GREEN HOUSE PROJECT, acesso em 27 mar. 2014).
89
onde ele está indo, facilitando e estimulando a liberdade de escolha no uso dos
diferentes ambientes da residência (MARQUARDT, 2009).
Com relação a iluminação e ventilação, o projeto deverá conter grandes e
numerosas aberturas nos cômodos, favorecendo tanto a ventilação quanto a
iluminação natural, sendo que o nível de incidência da iluminação será controlada
através do uso de cortinas, para que não cause desconforto aos moradores. Para
garantir o conforto ambiental em todos os cômodos, o projeto contará com jardins
internos que, através de aberturas localizadas sobre eles em um bloco com altura
superior que se destacará dos demais cômodos, garantirão maior entrada da
iluminação natural e melhor circulação da ventilação O projeto deverá prever ainda
um sistema complementar de climatização com uma ventilação artificial de ar
condicionado e, iluminação artificial, utilizando lâmpadas com a precaução de não
provocar sombras que causem delírios nos idosos. Os quartos deverão possuir
varandas, cuja cobertura funciona como um brise favorecendo a ventilação
necessária ao considerarmos o clima local, e que servirão como transição do
interior para o exterior, sendo de grande utilidade, principalmente, para os
moradores que não conseguem se locomover e são acamados pois poderão ter
maior contato com os ambientes das áreas comuns externas a edificação.
Além de se diferenciarem pelos tipos de mobiliários e pictogramas, os ambientes
terão suas cores escolhidas de forma que sirvam de ponto de reconhecimento para
os habitantes. Todos eles terão contrastes entre a cor do mobiliário, da parede e das
portas. As cores vibrantes serão restritas a função de reconhecimento de ambiente e
para estimular o usuário como, por exemplo, nas áreas de vivência. Já nos quartos,
as cores serão suaves e claras, mantendo entretanto, um contraste entre piso,
parede e teto.
Assim como foi citado no capítulo 4, as áreas externas quando bem planejadas
podem melhorar a qualidade de vida dos idosos com Alzheimer, proporcionando um
outro potencial terapêutico a unidade. Nestas áreas os idosos irão contar com
espaços que estimulem a sua memória, locais de relaxamento e também que
estimulem a prática de atividades que eles poderiam realizar diariamente em suas
antigas casas. Deverão ser utilizados elementos que incentivam e chamam a
atenção dos idosos, como por exemplo a água cujo som torna-se atrativo, para que
90
as áreas externas sejam utilizadas, além de saídas da área interna para o jardim
com elementos visuais que se destacam convidando moradores a se aproximarem.
Portanto, deve ser possível que da área interna, tanto os idosos quanto os
funcionários vejam a área externa ou vice-versa. Isto permitirá que os moradores se
sintam independentes e facilitará o monitoramento por parte dos funcionários. No
jardim, o caminho deve ser evidenciado pelo contraste entre revestimento e massas
verdes, sem obstáculos e contínuo formando um percurso cujo ponto de origem e
fim seja o acesso a área interna da edificação, para que mesmo se o idoso se sentir
perdido, ele possa voltar para o ponto de onde saiu apenas seguindo o caminho
(BENBOW, 2014).
5.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES
O programa de necessidades é a fase em que são definidos os ambientes que irão
compor o edifício com base nas exigências legais e nas necessidades e
expectativas dos usuários finais: moradores, funcionários e visitantes.
As atividades e as demandas legais e cognitivas referentes ao edifício de uma ILPI
especializada em Doença de Alzheimer descritas nos capítulos 3 e 4, definem as
condicionantes para elaboração do programa de necessidades e consequentemente
o pré-dimensionamento dos ambientes que o compõem necessários para auxiliar na
escolha do terreno e para definição de sua implantação.
De acordo com as pesquisas feitas no decorrer da primeira fase deste trabalho, além
de entrevistas realizadas com profissionais desta área de prestação de serviço ao
idoso, os edifícios de uma ILPI devem funcionar em apenas um pavimento térreo,
pois assim permite uma maior vigilância por parte dos funcionários além de maior
liberdade e segurança na mobilidade de seus residentes.
Objetivando atender as demandas de uma ILPI destinada a abrigar 12 idosos que
possuem Alzheimer, será necessário a criação de ambientes distribuídos em três
setores complementares: Serviço; Administrativo e Moradia.
91
5.4.1 Setor de Serviço
O setor de serviço deverá abrigar as instalações de apoio para o funcionamento e
manutenção da instituição. Estes deverão ser de uso exclusivo dos funcionários e
seu acesso deverá ser controlado para segurança dos moradores.
Para este setor, a RDC 283 estabelece a necessidade de previsão dos seguintes
ambientes:
- Lavanderia: Embora a RDC 283 estabeleça que este serviço possa ser
terceirizado, através de entrevistas com profissionais da área e visitas a ILPIs locais
percebeu-se que a terceirização é fator limitante, tendo em vista a alta demanda dos
serviços. A norma estabelece que a lavanderia deve contemplar o processo de
lavagem e secagem das roupas, espaço para passá-las e armazená-las até a
distribuição. Baseando-se no Manual Técnico de Processamento de Roupas de
Serviço de Saúde da Anvisa (2007), foram calculados o peso de roupas a serem
processadas por dia, para que assim fosse estabelecido a quantidade de
equipamentos e o tamanho do ambiente. A quantidade total de roupas a serem
lavadas foi de aproximadamente 28kg/dia. Sendo assim, a lavanderia da ILPIs
possuirá uma sala para a entrada e separação da roupa suja, e a mesma possuirá
uma única máquina de lavar de 30kg que possui duas portas e funciona como
barreira entre a área suja e limpa. Já na área limpa, possuirá uma centrífuga, uma
máquina centrífuga e uma máquina secadora. Para o processo de passar e
armazenar as roupas, o ambiente possuirá uma calandra para passar lençóis e uma
bancada para passar o restante das roupas. A lavanderia deverá reservar ainda um
local para guarda de roupa de uso coletivo com armários que possibilitem a
armazenagem separada por tipo de roupa;
- Local para guarda de material de limpeza: Os materiais devem ser
armazenados em um local arejado com prateleiras;
- Vestiários e banheiros para funcionários: Segundo a RDC 283, estes
espaços devem ser separados por sexo, de forma que a cada 10 funcionários, deve-
se disponibilizar 1 vaso sanitário, 1 lavatório e 1 chuveiro e, uma área mínima de
0,5m² por funcionário;
92
- Cozinha: Assim como a lavanderia, a RDC 283 também estabelece que
serviços de alimentação podem ser terceirizados. Mas esta prática não é exercida
pelos profissionais entrevistados ou nas ILPIs visitadas. Sendo assim, a norma
impõe que a cozinha deve possuir espaço para manipulação, preparação,
fracionamento, armazenamento e distribuição de alimentos, seguindo o que está
estabelecido na RDC n° 216/2004 correspondente ao Regulamento Técnico de Boas
Práticas para Serviços de Alimentação;
- Lixeira: A RDC 283 exige que a ILPIs tenha uma lixeira ou abrigo externo à
edificação para armazenamento de resíduos até o momento da coleta;
Além dos ambientes definidos na RDC, esta proposta considerou as necessidades
impostas pelos profissionais entrevistados nas ILPIs locais. Desta forma o setor
também contará com os seguintes ambientes:
- Depósito de mobiliários: Este ambiente será utilizado como apoio para
guarda de cadeiras de rodas, camas e demais mobiliários que não podem faltar na
ILPIs;
- Copa e espaço de descanso: Os funcionários entrevistados relataram a
necessidade de um espaço diferenciado para fazer suas refeições assim como um
local de descanso, tendo em vista toda a demanda psicológica e física exigida de um
profissional que trabalha diariamente com idosos que possuem a Doença de
Alzheimer;
5.4.2 Setor Administrativo
O setor administrativo é composto de ambientes destinados a funcionários e
visitantes da ILPIs.
Conforme a RDC 283, toda ILPIs deve ter os seguintes ambientes:
- Sala Administrativa/Reunião: Embora a norma permita que as duas atividade
funcionem em uma mesma sala, o projeto permitirá que estas funcionem em
ambientes diferenciados visando não interferir na rotina de trabalho do funcionário
da administração quando ocorrerem reuniões de outros setores e até mesmo cursos
93
para os demais funcionários. A sala da administração contará com espaço para dois
funcionários trabalharem e receberem os visitantes;
- Sala de Reunião: Será projetada para comportar 8 pessoas, pois foi previsto
um número máximo de 16 funcionários na instituição e assim a mesma deverá
manter pelo menos metade deles trabalhando. Caso tenha a necessidade de reunir
mais pessoas, a reunião poderá acontecer na área externa coberta.
- Almoxarifado: Destinado a armazenar objetos e materiais do setor
administrativo, a RDC estabelece que este ambiente deve possuir 10m²;
Além destes ambientes, também fará parte deste setor:
- Arquivo morto: Os profissionais entrevistados relataram a necessidade de
um espaço para guardar documentos tanto dos idosos que moram ali, quanto dos
que já moraram. Por isso, o projeto contará com este ambiente que possuirá
armários para guardar estes documentos quando impressos. Aqueles que estiverem
em formato digital, poderão ser acessados pelos computadores da administração.
- Farmácia e esterilização: Embora não seja citada na RDC 283, a farmácia é
um ambiente indispensável nas ILPis, pois todos os medicamentos dos idosos
devem ficar guardados em um local sem acesso para os moradores e que seja
controlado pelos funcionários. Além disso alguns idosos utilizam sondas ou
necessitam de seringas para os uso de medicações, de forma que os profissionais
consultados sentem necessidade de um local para esterilizar estes ou demais
materiais que exigem esta prática.Neste local deve ter uma pia e armários para
armazenagem dos materiais.
- Posto de enfermagem: Embora a ILPI não deva apresentar semelhanças
com um ambiente hospitalar, é importante a existência de um local anexo a farmácia
e esterilização e, próximo aos quartos e áreas comuns. No posto de enfermagem
poderão ser armazenadas as fraldas trazidas pelos familiares, separadas por
morador, pois existe um grande consumo deste produto.
5.4.3 Setor Moradia
O setor Moradia é formado pelos ambientes que os idosos moradores da ILPIs
poderão acessá-los ou utilizá-los, assim como os funcionários e visitantes.
94
A RDC 283 estabelece que é obrigatório a existência dos seguintes ambientes:
- Sala para atividades coletivas: A norma recomenda que este ambiente seja
usado por no máximo 15 moradores e que este possua área mínima de 1,0m² por
pessoa;
- Sala de estar: De acordo com a RDC, deve-se oferecer um espaço para
convivência com dimensão calculada para 1,3m² por pessoa;
- Sala para atividades de apoio individual e sócio familiar (consultórios): As
ILPIs oferecem serviços de fisioterapia, dentista e demais atendimentos médicos de
forma que profissional vai até a instituição para atender os idosos. A norma
recomenda que estes ambientes devem ter acima de 9m²;
- Espaço ecumênico: A RDC estabelece como obrigatório este tipo de espaço,
mas não estipula qual a dimensão do ambiente. Entende-se que deve ser um
ambiente que respeite a crença de todos os residentes e que o ideal seja um
ambiente que também permita a interação com a família, de forma que optou-se por
calcular como uma área de estar;
- Dormitórios: A RDC 283 estabelece ainda que os dormitórios podem ter no
máximo 4 pessoas com área mínima de 5m² por cama. Porém, de acordo com
Calkins (2011) quando se trata de idosos com demência, a mudança de um quarto
compartilhado para um individual contribui para o sono do residente e para o seu
comportamento agitado. Além disso, o autor afirma que em uma pesquisa realizada
em uma ILPI especializada em Idosos com Alzheimer, os próprios funcionários se
sentiam menos estressados quando os idosos ficavam em quartos individuais. A
mesma opinião é apresentada por Benbow (2014), que afirma que, no caso de
idosos com Alzheimer, quando o quarto não é compartilhado os residentes podem
receber uma melhor assistência, além de oferecer maior privacidade, redução do
ruído, redução do constrangimento, melhora a qualidade do sono, evita o incomodo
a outros residentes e os próprios familiares preferem, pois se sentem mais a vontade
caso precisem dormir no local algum dia.
95
Sendo assim, todos os residentes possuirão quartos individuais, totalizando 12
unidades e cada uma com banheiro respeitando a área mínima de 3,60m² estipulada
pela RDC.
Além dos ambientes exigidos pela norma, neste setor também foram previstos
ambientes que foram classificados como indispensáveis pelos profissionais e
estudos consultados, sendo eles:
- Sala de jantar: Embora não se tenha uma referência na RDC 283, o projeto
de ILPIs em questão terá uma sala de jantar integrada a cozinha terapêutica com o
objetivo de possibilitar a participação dos idosos que quiserem ajudar na
organização da casa. Para este ambiente foi adotado como base o cálculo de 1m²
por pessoa utilizado pela norma para a sala de atividades coletivas;
- Cozinha e lavanderia terapêutica : A intenção é fazer os idosos se sentirem
em sua casa, de forma que aqueles que sentirem falta de ajudar nas tarefas, tenham
a oportunidade de cozinhar, lavar roupa ou qualquer outra atividade relacionada a
cozinha ou lavandeira. Ambientes como a cozinha e a lavanderia terapêutica são
importantes para que os idosos se sintam estimulados a praticar atividades diárias e
se sintam prestativos (CANTLEY, WILSON, 2002). Elas não devem substituir a
cozinha e lavanderia da casa, pois devem ser utilizadas apenas como apoio
terapêutico sem o uso de utensílios de risco. A cozinha terapêutica pode ser
integrada a sala de jantar e a lavanderia próxima ao jardim externo. Os cálculo de
área suficiente serão baseados na sala de jantar.
- Salão de Beleza: Assim como os serviços médicos a domicílio, o serviço de
beleza são utilizados pelos idosos e por isso é de extrema importância, segundo os
proprietários de ILPIs consultadas, que possua um espaço para este serviço, até
mesmo para o idoso se sentir independente.
- Sala de televisão: Segundo os profissionais que trabalham nas ILPIs
visitadas, é muito importante que se tenha um ambiente para assistir televisão, pois
existem idosos que preferem não ver ou aqueles que precisam do som mais alto.
Por isso é fundamental que se tenha um ambiente específico para esta atividade. O
cálculo também será baseado no recomendado para sala de atividades coletivas
com acréscimo dos mobiliários.
96
5.4.4 Dimensões dos ambientes
Assim como os ambientes básicos para uma ILPI, a RDC 283 determina também a
dimensão mínima para os mesmos. Partindo da análise da norma juntamente com
as necessidades impostas pelos profissionais da área que foram entrevistados,
foram estabelecidas as áreas dos ambientes para que auxiliassem na escolha do
terreno de implantação. A área final da edificação apontada neste item levará em
conta que ao menos 20% da área total do edifício deverá ser ocupada por
circulações que, somadas com as áreas previstas para os demais ambientes,
totalizam a área final aproximada de 1780m², conforme a Quadro 1.
97
SETOR SERVIÇO
SETOR ADMINISTRATIVO
SETOR MORADIA
AMBIENTE ÁREA AMBIENTE ÁREA AMBIENTE ÁREA
Lavanderia 40,73m² Administração 22,75m² Sala de estar e leitura
78,80m²
Arm. Roupa 11,28m² Sala de reunião 16,45m² Sala para atividades 45,90m²
Arm. Mat. Limpeza 10m² Almoxarifado 10,50m²
Sala de televisão 83,78m²
Vestiário/Banh. Func. (2) 28,76m² Arquivo Morto 8,05m²
Espaço Ecumênico
28,30m² Lixeira externa 12m² Farmácia/
Esterilização 8,58m²
Despensa 14,75m² Enfermagem 20,57m² Suítes (12) 12x27 = 324m²
Cozinha 34,60m²
Sala para fisioterapia
42,30m²
Depósito de mobiliários 13m²
Sala para consultório 13,70m²
Copa para funcionários 11m²
Salão de Beleza 13,30m²
Descanso para
funcionários
14m²
Cozinha terapêutica/
Sala de jantar
58,22m²
Lavanderia terapêutica
20,55m²
Banheiros (4)
9m²
Área de estar
coberta 94,53m²
Total 190,12m² Total 86,90m² Total 812,38m²
Circulações (aprox.) 691,52m²
Área total 1780,92m²
Quadro 1 – Programa de Necessidades Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
5.5 FLUXOS E SETORIZAÇÃO: DEFINIÇÃO DA PLANTA BAIXA
Conforme informado na definição do Programa de Necessidades, para fins de
setorização e organização, o projeto foi dividido em três setores: Serviço,
Administrativo e Moradia. Tendo em vista que será uma edificação com apenas um
98
pavimento, esta setorização permite também a melhor definição dos ambientes em
que cada tipo de usuário (morador, funcionário ou visitante) poderá acessar na
Instituição pois, como já foi citado anteriormente, os idosos não podem ter acesso a
ambientes que representem risco a saúde e integridade física deles. Portanto, a
Figura 46 representa um esquema ilustrativo sobre os fluxos entre todos os setores.
Figura 46 - Fluxo entre setores Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
Aqueles que estiverem no setor de Serviço (funcionários) poderão ter acesso ao
setor Administrativo e Moradia. Funcionários que estiverem no setor Administrativo
poderão transitar para o setor Serviço e Moradia. Já os visitantes que estiverem no
Administrativo poderão transitar para o setor Moradia. Por fim, os idosos que
ocupam o setor Moradia não terão acesso aos demais setores já citados.
No Partido Arquitetônico ficou definido que embora a Instituição de Longa
Permanência para Idosos com Alzheimer seja um local de prestação de serviço, a
ideia é que reproduza as características de uma residência unifamiliar. Sendo assim,
como em uma habitação, a Instituição possuirá uma entrada principal que dará
acesso à uma área social e, a partir desta, as conexões ao demais setores (moradia,
serviço e administrativo), apresentando ainda uma entrada externa adicional para a
área de serviços (Figura 47).
99
Figura 47 - Organograma dos setores
Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
A partir da definição do fluxo entre os setores, estabeleceu-se os fluxos e conexões
entre os ambientes já citados no Programa de Necessidades (Figura 48).
Figura 48 - Organograma geral dos ambientes
Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
De acordo com Marquardt (2011) e Benbow (2014), a disposição dos ambientes que
compõem uma IPLI é a garantia de eficácia dos benefícios que uma IPLI pode trazer
100
para o idoso com Alzheimer, pois a maior dificuldade do idoso doente é se situar
dentro de um ambiente e reconhecer tudo que está a sua volta. Sendo assim,
espera-se que um projeto com as inúmeras especificidades impostas pelos usuários,
como o caso dos idosos com Alzheimer, é fundamental que a setorização dos
ambientes e o fluxo entre eles sejam os principais norteadores do projeto e,
consequentemente, as decisões tomadas no desenvolvimento da planta baixa sejam
fatores determinantes para os demais aspectos do projeto arquitetônico, como por
exemplo, a implantação e o paisagismo.
5.5.1 Planta baixa
A edificação possui dois acessos pois, conforme a RDC 283, a ILPI deve ter, no
mínimo, duas portas para separar a entrada de serviço da entrada de residentes e
familiares. Na proposta, os funcionários entram pela entrada de serviço, indo
diretamente para o vestiário e seguem para os seus respectivos ambientes de
trabalho. Entre a lavanderia e a rouparia existe um acesso direto para melhor
organização e agilidade no processo de lavagem das roupas. O mesmo acontece
entre a despensa e a cozinha, sendo que esta também tem conexão direta com a
sala de jantar (Setor Moradia). A copa dos funcionários fica perto da cozinha e do
descanso dos funcionários. Este fica próximo a circulação principal que leva para o
Setor Moradia.
O setor Administrativo está localizado ao lado do hall social para facilitar o acesso
dos visitantes e evitar o fluxo de desconhecidos por demais áreas da Instituição. A
sala da administração possui janelas de frente para a entrada externa principal,
permitindo um maior controle de acesso. A entrada do arquivo morto é através da
administração, pois é um ambiente de acesso exclusivo dos funcionários do setor. O
final do corredor administrativo possui uma janela com vista para a área externa da
edificação, favorecendo a ventilação e iluminação natural.
Entre o hall social e o setor Moradia, existe uma porta para controlar o acesso, pois
assim como citado no capítulo 4, além de impedir a circulação de pessoas não
autorizadas, é fundamental que os idosos com Alzheimer tenham este tipo de
controle, evitando que eles saiam do local sem que ninguém perceba e se percam
101
em outros ambientes. O posto de enfermagem localizado na entrada do setor possui
uma posição estratégica para auxiliar no controle de acesso e supervisionar os
idosos nos demais ambientes da instituição. Ao entrar no setor Moradia, a proposta
é que, assim como costuma acontecer em diversas residências, os moradores ou
visitantes possuem uma vista geral das áreas comuns, mantendo os quartos e
outras áreas íntimas mais reservados. As salas de estar (Figura 49) , televisão
(Figura 50) e jantar, possuem acesso livre e contínuo entre elas, sendo que a última
funciona como espaço de refeições e cozinha terapêutica (Figura 51). Através
destas salas, os idosos poderão acessar o pátio externo coberto, que também
funciona como área de integração, e dá acesso a sala de fisioterapia, sala de
atividades e lavanderia terapêutica. O objetivo é que, como os idosos não terão
passagem livre para o hall social, este pátio funcione como a entrada e saída da
"casa", resgatando a imagem das varandas com quintais comuns nas residências
antigas, já que este é o acesso direto que eles terão para os jardins, Espaço
Ecumênico e demais áreas de vivência e relaxamento.
Figura 49 - Imagem 3D da sala de estar gerada a partir do projeto da IPLI especializada em Alzheimer. Os idosos podem circular livremente entre os ambientes. A cor das paredes e do mobiliário servem de
referência para reconhecer o ambiente que possui uma porta de conexão com a área externa. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
102
Figura 50 - Imagem 3D da sala de televisão gerada a partir do projeto da ILPI especializada em Alzheimer.
Uso de cores e mobiliários diferenciados dos outros ambientes para facilitar o reconhecimento da atividade do local
Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
Figura 51 - Imagem 3D da cozinha terapêutica e sala de jantar gerada a partir do projeto da ILPI
especializada em Alzheimer. Cores vibrantes que estimulam a atividade.
Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
Assim como citado anteriormente, procurou-se localizar os quartos de maneira que
preserve a intimidade dos idosos mas sem perder e proposta de que eles saiam do
quarto e tenham uma vista geral dos demais ambientes. Para isso, os quartos estão
103
localizados contornando as áreas comuns através de um corredor em formato de "L"
e com grandes vãos distribuídos estrategicamente ao longo do corredor, para que os
idosos consigam reconhecer os ambientes. Espera-se, com isso, que os quartos não
fiquem totalmente visíveis, aproveitando-se da setorização de ambientes, como o
posto de enfermagem que já funciona como uma barreira, além de paredes que
receberam pinturas diferenciadas e os jardins internos que receberão flores com
cores e disposição das plantas diferenciadas para delimitar a função que cada jardim
tem na orientação espacial. Seguindo as informações obtidas no estudo de caso,
optou-se por utilizar cores diferenciadas nas entradas dos quartos, facilitando o
reconhecimento dos mesmos ao longo do corredor (Figura 52).
Figura 52 - Imagem 3D do corredor gerada a partir do projeto da ILPI especializada em Alzheimer.
Cores diferenciadas nas portas dos quartos para facilitar reconhecimento. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
Com relação ao layout interno dos quartos (Figura 53), assim como citado no Partido
Arquitetônico, todos eles terão diferença nas cores de revestimento entre piso,
parede e teto. Além disso, cada idoso poderá utilizar objetos pessoais como porta-
retratos, quadros e até mesmo substituir os mobiliários. Seguindo a recomendação
feita por todos os autores citados, é fundamental que a posição da cama permaneça
a mesma, pois permite que o idoso, mesmo deitado, tenha visão direta para o
banheiro.
104
Assim como indicado anteriormente, cada quarto conta com uma varanda que dá
acesso ao jardim reservado da Instituição, possibilitando que mesmo o idoso
acamado tenha contato com a área externa.
Figura 53 - Imagem 3D do quarto do idoso gerada a partir do projeto da IPLI especializada em
Alzheimer. As cores utilizadas variam entres os quartos. Os mobiliários podem ser alterados e o idoso pode
utilizar objetos pessoais que favorecem o reconhecimento do ambiente. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
Outro aspecto importante do projeto é a existência de uma saída de emergência
situada no final do corredor, próxima aos quartos para que, caso algum idoso
precise de atendimento hospitalar ou venha a óbito, a saída seja feita de forma
discreta sem causar agitação nos demais moradores.
No final do outro corredor está uma janela que possui vista para o jardim e o Espaço
Ecumênico. A opção de não ter outras aberturas além da que existe na sala de estar
visa garantir um maior controle dos idosos e que estes não se sintam confusos por
usarem mais de um acesso.
105
Figura 54 - Planta baixa humanizada com setorização.
Vermelho: setor de Serviço; azul: setor Administrativo; laranja: Hall social; amarelo: setor Moradia e; verde: Área Externa Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
106
5.5.2 Implantação e Paisagismo
Assim como citado anteriormente, a implantação da edificação no terreno foi
desenvolvida através da definição dos fluxos na planta-baixa interna da ILPI em
consenso com algumas decisões tomadas ao analisar o entorno, como, por
exemplo, os acessos e, atendendo as normas estabelecidas no Plano Diretor
Vigente.
Conforme apontado no item 5.2, o terreno está localizado na ZOP3 e diante das
demais informações obtidas, conclui-se que o projeto atende todas as
condicionantes solicitadas no PDM de 2007 da cidade de Vila Velha (Figura 55).
Considerando que o projeto da ILPI proposta se limitou ao número máximo de dois
pavimentos e que o presente terreno está localizado entre duas esquinas, entende-
se que não possui fundos, de forma que foram considerados os valores mínimos de
afastamento frontal e lateral.
Figura 55 - Quadro de área e parâmetros urbanísticos do projeto.
Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
107
Levando-se em conta as análises feitas na definição do terreno houve a
necessidade de propor soluções quanto aos acessos e minimizar o ruído provocado
pelas vias do entorno, principalmente a Rodovia do Sol. Optou-se por estabelecer
três acessos diferentes: entrada e saída de serviço, pela Avenida Aracruz; entrada e
saída de moradores, visitantes e de emergência, ambos pela rua Itaperuna. O lado
do terreno que confronta com a Rodovia do Sol não terá nenhum acesso e o muro
receberá tratamento acústico (Figura 56).
Figura 56 - Planta esquemática da implantação da ILPI com os acessos.
Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
A edificação foi posicionada de forma que os quartos recebam a maior incidência do
sol da manhã (faces de orientação nordeste), tendo em vista os benefícios do sol da
manhã, já que são áreas de grande permanência dos idosos que trazem maior
apropriação das áreas propostas, como por exemplo as varandas e o gramado com
mesas e banquinhos na frente dos quartos.
As áreas de estar externas e os jardins ficaram localizados na parte de trás da ILPI,
garantindo maior privacidade ao usuários e menor incidência do sol da tarde. As
áreas de serviço ficaram posicionadas na orientação noroeste, aproveitando-se
também do posicionamento do acesso de serviço (Figura 57).
108
Figura 57 - Planta de implantação da ILPI. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
As áreas externas e jardins a serem utilizadas pelos idosos foram separadas das
demais através de divisórias com elementos vazados. O objetivo é que os idosos
não vejam carros entrando e saindo do local, assim como a circulação de
prestadores de serviços, para que não se confundam, o que pode aumentar a
agitação e diminuir a sensação de estarem em suas próprias casas.
Com base nas recomendações citadas por Benbow (2014), a respeito do design das
áreas externas de Instituições de Longa Permanência para Idosos com Alzheimer,
para facilitar e incentivar o uso dos jardins e espaços de vivência externos, estes
foram posicionados de forma visível e com fácil acesso para os idosos, a partir das
áreas comuns (sala de estar e pátio coberto). Isso traz sensação de independência
para os moradores e segurança pois poderão ser vistos pelos funcionários que
podem estar na área interna. Outro aspecto fundamental para o jardim é que ele
tenha um caminho orientador, ou seja, que o idoso consiga identificar pelo próprio
percurso por onde que ele pode sair ou voltar para a área interna da edificação. Por
isso, o layout do jardim da ILPI foi feito de forma simples, com um caminho que
109
passa por toda a área externa, revestido com material antiderrapante e que conduz
o idoso a partir de qualquer ponto do jardim para a área interna da ILPI.
Além disso, o paisagismo externo segue o conceito de reproduzir ambientes que
sejam familiares aos seus residentes. Foram propostas áreas para aqueles que
desejarem trabalhar com o plantio nas hortas que são elevadas para também serem
utilizadas por cadeirantes, bem como áreas para relaxar e tomar sol contemplando o
jardim com o as mesas no entorno do espaço ecumênico. Os idosos também podem
colher frutas ou simplesmente sentarem em bancos no deck de madeira para
observar os pássaros sob um pergolado com um formato que acompanha a linhas
do caminho.
Os netos que vierem visitar os avós, podem brincar no playground enquanto o
restante da família os observam, sentados nas mesas sob o pergolado coberto por
trepadeiras bem como nos banquinhos próximos a "parede das águas". Somado a
isto, criou-se ambientes cenográficos com um carro locado estrategicamente, para
idosos que sentem falta de cuidar dos seus veículos e também um ponto de ônibus,
para os idosos que quiserem "esperar" um ônibus, mas que necessitam ser
protegidos para que não saiam e se percam pela cidade. Já aqueles que desejarem
ficar mais reservados ou que tiverem maior dificuldade de se locomover, poderão
acessar, através das rampas nas varandas, o jardim em frente aos quartos.
Figura 58 - Planta humanizada esquemática do jardim terapêutico da IPLI.
Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
110
5.5.3 Fachadas
Assim como definidas no partido arquitetônico, a fachada da ILPI proposta, utiliza
materiais característicos da Arquitetura colonial, objetivando associar com a imagens
das casas em que os idosos viviam e eliminar qualquer relação da ILPI com um
ambiente hospitalar.
Figura 59 - Fachada principal. Materiais que resgatam a memória dos idosos: cobogós, madeira, telhado aparente, tijolo aparente e
esquadrias de madeira. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
Figura 60 - Fachada Principal: elementos que resgatam a memória dos idosos. Jardim reservado com divisória de cobogó.
Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
111
Figura 61 - Fachada Nordeste: tijolo aparente, divisórias das varandas com elemento vazado de madeira e parada de emergência.
Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
Figura 62 - Fachada Noroeste: aberturas do setor administrativo e serviço para a área externa. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
112
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O aumento do número da população idosa, especificamente no Brasil, é crescente e
segundo dados do IBGE só tende a aumentar. Paralelamente ao processo de
envelhecimento surgem doenças que atingem a maioria dos idosos, dentre as quais
se destacou a Doença de Alzheimer.
Esta, conforme descrito nos capítulos anteriores, é um tipo de demência que afeta o
sistema cognitivo do idoso e a sua memória, tornando-o uma pessoa dependente,
afetando não somente a vida dele, mas também aqueles que convivem diretamente
com o doente, pois a vulnerabilidade e a dependência em que o indivíduo se
encontra exigem um controle psicológico e emocional muito grande daquele que
cuida.
Nesta situação, muitas famílias têm optado por levar o idoso com Alzheimer para
alguma Instituição de Longa Permanência (comumente denominada “Casa de
Repouso”). Entretanto, muitos impedimentos e resistência são apresentados antes
da institucionalização devido à preocupação que a família possui com o impacto que
isso pode causar no idoso, bem como pela falta de locais com ambientes planejados
e especializados para o tratamento da doença. Além disso, parte desta resistência
deve-se ao preconceito, fruto das imagens negativas dos antigos asilos e do receio
de que o idoso não seja bem cuidado.
Um ambiente físico bem estruturado e planejado conforme as necessidades desses
idosos é de fundamental importância no tratamento da doença e influencia
diretamente na qualidade de vida do idoso com Alzheimer, tornando os arquitetos
personagens extremamente importantes na promoção de bem-estar do idoso com
Alzheimer.
Os autores citados neste trabalho de conclusão de curso (TCC) como, por exemplo,
Sérgio Luiz Valente Tomasini e Simone Alves, acreditam que existe uma demanda
por locais adequados a estes idosos, que reproduza a sensação de bem estar de um
lar, assistidos por profissionais habilitados a lidarem com a Doença de Alzheimer.
Considerando todas as características e especificidades da Doença de Alzheimer, a
falta de preparo das famílias bem como de infraestrutura física adequada em suas
casas e nas ILPIs do Espírito Santo, identificou-se nesta carência a necessidade do
113
projeto arquitetônico de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos com
Alzheimer no município de Vila Velha -ES, foco do presente trabalho.
Este projeto teve como diretrizes norteadoras as comprovações feitas por médicos e
pesquisadores sobre a influência direta do ambiente na progressão da doença e na
qualidade de vida do doente, bem como recomendações feitas pelos mesmos sobre
como devem ser estes ambientes terapêuticos que, em conjunto com as
informações do capítulo 4 sobre o espaço adequado de uma ILPI especializada em
Idosos com Alzheimer e os exemplos de instituições existentes, serviram como
bases para o desenvolvimento do projeto arquitetônico.
Para Implantação e definição deste Projeto considerou-se a demanda e legislação
urbanística local; bem como o partido arquitetônico desejado que procurou resgatar
características das residências do imaginário coletivo dos futuros residentes. As
necessidades espaciais dos ambientes levaram em consideração dentre outras
coisas, os aspectos espaciais que inibissem a confusão com corredores curtos onde
cada mudança de direção foi sinalizada por um ambiente que se utilizou do princípio
da fácil legibilidade do desenho universal, destinado a favorecer o idoso na
identificação dos diferentes espaços projetados para a residência. Além do
programa de necessidades desta Instituição de Longa Permanência para Idosos
com Alzeimer ter seguido as normas que regem o funcionamento regular de tal
modalidade; destaca-se ainda a proposta do projeto de paisagismo do entorno da
edificação que incorporou os estudos relacionados às características de ambientes
destinados ao tratamento não-farmacológico de Idosos com Alzheimer para as áreas
livres do terreno da ILPI ao propor através de seu desenho estender as atividades e
ambientes terapêuticos para o exterior da edificação. Tais características foram
fundamentais para o resultado final proposto no projeto apresentado de uma
Instituição de Longa Permanência destinada especificamente a acolher Idosos com
Alzheimer.
Até a conclusão desta pesquisa, é desconhecida a existência de alguma ILPI
especializada em idosos com Doença de Alzheimer no Brasil. Na realidade, uma das
grandes dificuldades e até mesmo limitação foi a ausência de pesquisas brasileiras
relacionadas ao tema. Este cenário é completamente diferente em outros países
como, por exemplo, Portugal, Estados Unidos, Irlanda e Alemanha. Nestes países
114
existem inúmeras pesquisas e publicações a este respeito, muitas delas foram
usadas como referência neste trabalho, além de profissionais da Arquitetura que
fizeram especialização em ambientes para idosos com Alzheimer e das diversas
instituições estrangeiras especializadas neste tipo de demência, como é o caso das
casas modelo “Green House”, citadas no capítulo 5.
Portanto, através dos dados estatísticos crescentes a cerca da taxa de
envelhecimento e de idosos com Doença de Alzheimer, as pesquisas apresentadas
sobre o benefício do ambiente devidamente projetado para o idoso doente e a
carência de Instituições especializadas em Alzheimer no Brasil, sugere a relevância
deste trabalho cujo tema envolvente despertou o interesse desta autora em dar
continuidade ao estudo desta temática através de uma posterior pós graduação, pois
assim como foi afirmado pela autora Gesine Marquardt (2011), a influência positiva
da arquitetura na melhoria da qualidade de vida de idosos com Doença e Alzheimer,
será cada vez maior e necessária, tendo em vista os efeitos benéficos destes
ambientes na qualidade de vida desses pacientes.
115
7 REFERÊNCIAS
ALFONSO et al. El Espacio y Tiempo: una visión de losarchitectos. In: IMSERSO;
CEAFA. El Espacio y El Tiempo em laEnfermedad de Alzheimer : Guia de
Implantação.Espanha:2013. Disponível
em:<http://www.imserso.es/imserso_01/documentacion/publicaciones/colecciones/fol
letos/IM_075938> Acesso em: 27 out. 2013.
ALZHEIMER PORTUGAL. Lar e Centro-Dia Casa do Alecrim . [s.d.]. Disponível
em: <http://alzheimerportugal.org/pt/text-0-10-54-87-lar-e-centro-de-dia-casa-do-
alecrim>. Acesso em: 30 out. 2013.
ALZHEIMER PORTUGAL. Lar e Centro-Dia Casa do Alecrim. 2013. Disponível
em: <http://goo.gl/V5pvfX>. Acesso em: 30 out. 2013.
ALZHEIMER’S ASSOCIATION. A Doença de Alzheimer e o cérebro . [s.d.].
Disponível em <http://www.alz.org/brain_portuguese/08.asp>. Acesso em: 30 set.
2013.
ARANTES, M. B. F. Atividade Física para o Paciente e para o Cuidador. In:
CANINEU, P.; CAOVILLA, V. P. Você não está sozinho - nós continuamos com
você . Barueri: Novo Século, 2013. p. 78-85.
ARCHITIZER. Alzheimer’sRespite Centre . [s.d.]. Disponível
em:<http://architizer.com/projects/alzheimers-respite-centre/>. Acesso em: 30 out.
2013.
ASPESI, N. V.; FERREIRA, M. Demência . 2010. Disponível
em:<http://www.abcdasaude.com.br>. Acesso em: 26 set. 2013.
ASSAD, Cíntia Freitas. Instituição de Longa Permanência para Idosos em Vil a
Velha . 2014. Entrevista concedida a Ághata Braga Lopes, Vila Velha, 01 abr. 2014
pela responsável do setor de Referência Técnica da Vigilância Sanitária da
Prefeitura de Vila Velha.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER – ABRAz. Disponível em:
<http://abraz.org.br>. Acesso em 22 set. 2013.
116
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER – ABRAz. Doença de Alzheimer .
2012. Disponível em: <http://abraz.org.br/abraz-na-midia/release-institucional-
doenca-de-alzheimer>. Acesso em 22 set. 2013.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER – ABRAz. Evolução da doença .
[s.d.]. Disponível em: <http://abraz.org.br/sobre-alzheimer/evolucao-da-doenca>.
Acesso em 27 set. 2013.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER – ABRAz. Tratamento . [s.d.].
Disponível em: <http://abraz.org.br/sobre-alzheimer/tratamento>. Acesso em 27 set.
2013
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. O que é ergonomia . [s.d.].
Disponível em <http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia>.
Acesso em: 1 out. 2013.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Acessibilidade em
Consulta Nacional . [s.d.]. Disponível em
<http://www.abnt.org.br/m5.asp?cod_noticia=1098&cod_pagina=962>. Acesso em:
16 set. 2013.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro. 2004.
ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL 2013. Perfil do município
de Vila Velha . [s.d.]. Disponível em: <http://atlasbrasil.org.br/2013/perfil_print/vila-
velha_es >. Acesso em: 12 mar. 2014.
ÁVILA, et al. Reabilitação Cognitiva em pacientes com Doença de Alzheimer. In:
BLAY, S.L.; BOTTINO, C.M.C.; LAKS, J. Demência e Transtornos cognitivos em
idosos . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 353-361.
AZEVEDO, D.; BOTTINO, C.M.C.; HOTOTIAN, S.R. Critérios e Instrumentos para o
diagnóstico da Síndrome Demencial. In: BLAY, S.L.; BOTTINO, C.M.C.; LAKS, J.
Demência e Transtornos cognitivos em idosos . Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006. p. 353-361.
117
BENBOW, William. Dementia Design Guidelines: best practice design guideline for
Nursing Home. 2014. Disponível em:
<http://www.comfortcarehomes.com/images/evidence-based-design.pdf>. Acesso
em: 18 mar. 2014.
BENBOW, William. Evidence-based checklist for wayfinding design in dementia care
facilities. In: CanadianNursing Home. Canadá, v. 24, n. 1, p. 4-10,abr./mai. 2013.
Disponível em:<http://wabenbow.com/wp-content/uploads/2014/02/Wayfinding-
Compressed.pdf >. Acesso em: 27 mar. 2014.
BENNET, Tom. Alzheimer’sRespite Centre . 2012. Disponível em: <http://myth-
esis.blogspot.com.br/2012/12/alzheimers-respite-centre.html>. Acesso em 30 out.
2013.
BENETTI, P. In: SANTOS, M.; BURSZTYN, I. Saúde e Arquitetura : caminhos para
a humanização dos ambientes hospitalares, 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Senac
Rio, 2004. p.109 .
BERGER, Kathleen S. O desenvolvimento da pessoa da infância à terceira
idade . Tradução de Dalton Conde de Alencar. 5.ed. Rio de janeiro: Ed. LTC, 2003.
BIZAR, P.R.B.C.; CANINEU, P.; CANINEU, R.F.B.; As principais demências e suas
características. In: CANINEU, P.; CAOVILLA, V. P. Você não está sozinho - nós
continuamos com você . Barueri: Novo Século, 2013. p. 23-44.
BORGES, Márcio. Números impressionantes sobre o Alzheimer, 2012. Disponível
em: <https://www.cuidardeidosos.com.br/numeros-impressionantes-sobre-
alzheimer/>. Acesso em: 22 set. 2013.
BORN, T.; BOECHAT, N.S. A qualidade dos cuidados ao idoso institucionalizado. In:
FREITAS, E.V. de.; PY, Lígia. Tratado de Geriatria e Gerontologia . Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan; 2006. p. 1131-1141.
BRAGA, P.R.; GONÇALVES, M.L.C.; TAVARES, D.P. Recomendações para
Projetos de Arquitetura de Ambientes de Tratamento da Tuberculose.
Publicação – Projeto Fundo Global Tuberculose Brasil, Rio de Janeiro, 2012.
118
BRASIL. Decreto nº 1.948, de 3 de julho de 1996. Regulamenta a Lei 8.842, de
04/01/1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e dá outras previdências.
Política Nacional do Idoso , Brasília, 3 jul. 1996.
BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso
e dá outras previdências. Estatuto do Idoso , Brasília, 21 ago.2003. Disponível em:
<http://direitodoidoso.braslink.com/05/estatuto.html>. Acesso em: 22 set. 2013.
BRASIL. Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a política nacional do
Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Política
Nacional do Idoso , Brasília. p. 5-45. Jul.2007.
BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 283, de 26 de Setembro de
2005. Estabelece o padrão mínimo de funcionamento das Instituições de Longa
Permanência para Idosos. Ministério da Saúde . Brasília, DF, 2005. Brasília.
Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=18850>.
Acesso em: 16 out. 2013.
BURSZTYN, I; SANTOS, M. S. Saúde e Arquitetura : caminhos para a humanização
dos ambientes hospitalares. Rio de Janeiro: Senac Rio de Janeiro, 2004.
CALKINS, Margaret P. Evidence-based design for dementia:
Findingsfromthepastfiveyears.2011. Disponível em:
<http://www.comfortcarehomes.com/images/evidence-based-design.pdf>. Acesso
em: 18 mar. 2014.
CANCELA, Diana Manuela Gomes. O processo de envelhecimento . 2007. 15f.
Trabalho Acadêmico (Licenciatura em Psicologia) – Complemento de Estágio,
Universidade Lusíada do Porto, Portugal.
CANTLEY, Caroline; WILSON, Robert.Put yourself in my place: Designing and
managing care homes for people with dementia.2011. Disponível em:
<http://www.jrf.org.uk/sites/files/jrf/1861348118.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2014.
CASA segura. Ergonomia . [s.d.]. Disponível em
<http://www.casasegura.arq.br/ergonomia.html>. Acesso em: 15 out. 2013.
119
CASARA, M.B.; CORTELETTI, I.A.; HERÉDIA, V.B.M. Idoso Asilado um estudo
gerontológico . 2.ed. Rio Grande do Sul: Educs. Porto Alegre: Edipucrs. 2010.
CAVALCANTI, T. A. et al. Direito dos Idosos. In: FIGUEIREDO, N. M. A de; TONINI,
T. Gerontologia: Atuação da Enfermagem no Processo de Envelhecimento. São
Caetano do Sul: Yendis, 2006. p. 295-351.
CEREDA, Renata. O que temem os idosos de hoje? Texto disponibilizado em 18
mai. 2013. In: REABILITAÇÃO Gerontológica, protagonismo e inclusão. Disponível
em: <http://reabgeronto.wordpress.com/2013/05/18/medos/>. Acesso em: 22 set.
2013.
CIÊNCIA PT. Alzheimer Portugal inaugurou o seu primeiro lar . 2013. Disponível
em:<http://www.cienciapt.net/pt/index.php?option=com_content&task=view&id=107
649&Itemid=341>. Acesso em: 28 out. 2013.
COHEN, Gene D. O cérebro no envelhecimento humano. Tradução de Lauro
Santos Brandi. 1.ed. São Paulo: Ed. Organização Andrei Ltda, 1995.
COSTA Luciana Patrícia Dias da.Memórias Enclausuradas: a institucionalização
de doentes de Alzheimer em respostas sociais não específicas. 2011. 236 f.
Dissertação (Faculdade de Ciências Sociais) – II Ciclo de estudos em Gerontologia
Social Aplicada, Universidade Católica Portuguesa, Centro Regional de Braga,
Braga.
CURTIS, W. J. Alzheimer’s Respite Centre, Dublin, by Niall Mc Lau ghlin
Architects .2011. Disponível em: <http://www.architectsjournal.co.uk/alzheimers-
respite-centre-dublin-by-niall-mclaughlin-architects/8611134.article>. Acesso em 28
out. 2013.
DICIONÁRIO Online de Português. Disfasia . [s.d.]. Disponível
em:<http://www.dicio.com.br/disfasia/>. Acesso em: 26 set. 2013.
DICIONÁRIO Online de Português. Dispraxia . [s.d]. Disponível
em:<http://www.dicio.com.br/dispraxia/>. Acesso em: 26 set. 2013.
DUL, Jan; WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia Prática . Tradução de ItiroIida.
2.ed. Porto Alegre: Ed. EdgardBlütcher, 2006.
120
EBERHARD, J. P. Introdução. In: ZEISEL, John. Inquiry by design: Environment/
Behavior/ Neuroscience in Architecture, Interiors, Landscape and Planning. 1 ed.
New York: Norton & Company, 2006. p. 11 – 12.
EIZIRIK, C.L.; CADIAGO, R.H.; KNIJIK, R.H. A velhice. In: EIZIRIK, C.L;
KAPEZINSKI, R.H; BASSOLS, M. A. S. O ciclo da vida humana : Uma perspectiva
psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 169-189.
ENGELHARDT, E.; LAKS, J.; MARINHO, V. Diagnóstico Clínico da Doença de
Alzheimer. In: BLAY, S.L.; BOTTINO, C.M.C.; LAKS, J. Demência e Transtornos
cognitivos em idosos . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 353-361.
FELIZ, Claudia. Mercado de olho na população idosa. Gazeta Online , Espírito
Santo, 21 fev. 2010. Disponível em:
<http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2010/02/604158-
mercado+de+olho+na+populacao+idosa.html >. Acesso em: 12 mar. 2014.
FERREIRA, Rita C. R.; Situação do diagnóstico e do tratamento da Doença de
Alzheimer no Brasil. In: CANINEU, P.; CAOVILLA, V. P. Você não está sozinho -
nós continuamos com você . Barueri: Novo Século, 2013. p. 45-49.
FIGUEIREDO, N.M.A.; TONINI, T. Gerontologia Atuação da Enfermagem no
Processo de Envelhecimento. 1.ed. São Paulo: Yendis, 2006.
FONSECA, A. M.; PAÚL, C. Sáude e qualidade de vida ao envelhecer : perdas,
ganhos e um paradoxo. Portugal: 2007. Disponível em:
<http://www.sbgg.org.br/profissionais/arquivo/revista/volume2-numero1/artigo8.pdf>.
Acesso em: 22 set. 2013.
FONTES, Maria P. Z. Imagens da arquitetura da saúde mental: Um estudo sobre
a requalificação dos Espaços da Casa do Sol, Instituto Municipal de Assistência à
Saúde Nise da Silveira. 2003. 219f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) –
Programa de Pós-graduação em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
FORNAZIER, Alessandra. Governo lança Política Estadual de Atenção à Saúde
da Pessoa Idosa . 2012. Disponível em:
<http://www.es.gov.br/Noticias/151884/governo-do-es-lanca-politica-estadual-de-
121
atencao-a-saude-da-pessoa-idosa-nesta-quintafeira-28.htm >. Acesso em 12 mar.
2014.
GALLO, Rodrigo. Da época da colonização do Brasil. Revista Casa &
Construção. [s/d]. Disponível em: <
http://festaviva.uol.com.br/ESCC/Edicoes/56/imprime167999.asp > Acesso em: 31
mai. 2014.
GANDRA, Alana. Especialista diz que Alzheimer cresce no Brasil entre idosos, mas
fatores de risco podem ser reduzidos. Agência Brasil , Rio de Janeiro, 2011.
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-09-21/especialista-diz-
que-alzheimer-cresce-no-brasil-entre-idosos-mas-fatores-de-risco-podem-ser-
reduzidos>. Acesso em: 06 out. 2013.
GONÇALVES, Alexandre. Centro para idosos fecha a porta em São Paulo. Estadão ,
São Paulo, 11 jul. 2009. Disponível em:
<http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,centro-para-idosos-fecha-as-portas-
em-sp,401481,0.htm>. Acesso em: 12 nov. 2013.
IMSERSO; CEAFA. El Espacio y El Tiempo em laEnfermedad de Alzheimer : Guia
de Implantação. Espanha, 2013. Disponível em:
<http://www.imserso.es/imserso_01/documentacion/publicaciones/colecciones/folleto
s/IM_075938> Acesso em: 27 out. 2013.
INSTITUTO ALZHEIMER BRASIL – IAB. Sinais da Doença de Alzheimer . [s.d.].
Disponível em: <http://www.institutoalzheimerbrasil.org.br/demencias-detalhes-
Instituto_Alzheimer_Brasil/35/sinais_da_doenca_de_alzheimer>. Acesso em: 27 set.
2013.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Disponível em
<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 22 set. 2013.
KINDLE, Mariana. Pode a arquitetura alterar o cérebro? Casa Vogue , São Paulo, 3
dez. 2012. Disponível em:
<http://casavogue.globo.com/Arquitetura/noticia/2012/12/arquitetura-cerebro-
neurociencia.html> Acesso em: 26 set. 2013.
122
LABEAU, Jasmine. Lost in Confusion: Alzheimer’s and Architecture.[s.d.].
Disponível em: <http://jasminelabeau.com/Alzheimer-s-and-Architecture>. Acesso
em: 28 out. 2013.
LAFIN, S. H. F. Asilos: Algumas reflexões. In: CASARA, M.B.; CORTELETTI, I.A.;
HERÉDIA, V.B.M. Idoso Asilado um estudo gerontológico . 2.ed. Rio Grande do
Sul: Educs. Porto Alegre: Edipucrs. 2010. p. 111 – 115.
LEITE, Ana K. de F. Avaliação do ambiente construído de Instituição de Longa
Permanência para Idosos. 2010. 173 f. Dissertação (Mestrado em Design e
Ergonomia) – Programa de Pós-Graduação em Design, Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, 2010.
MASC, Silvia. Idosos com Alzheimer devem viver em ambientes bem
projetados. 2011. Disponível em: <http://longevidade-
silvia.blogspot.com.br/2011/02/idosos-com-alzheimer-devem-viver-
em.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+Longe
vidade+(LONGEVIDADE)>. Acesso em: 04 nov. 2013.
MARQUARDT, Gesine. Wayfinding for People With Dementia: The Roleof
Architectural Design. In: Health EnvironmentsResearch& Design Journal . Estados
Unidos, v. 4, n. 2, p. 22–41,2011. Disponível
em:<http://turesden.de/die_tu_dresden/fakultaeten/fakultaet_architektur/ige/aidw/dat
eien/Marquardt_2011.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2014.
MARQUARDT, Gesine; SCHMIEG, Peter. Dementia-Friendly
Architecture:Environments That Facilitate Wayfinding in Nursing Homes. In:
American Journal of Alzheimer’s Disease &Other Deme ntias . Estados Unidos,
v.24,n.4, p. 333 –340,2009. Disponível
em:<http://aja.sagepub.com/content/24/4/333.abstract>. Acesso em: 27 mar. 2014.
MARTINEZ, L. B. A.; EMMEL, M. L. G. Elaboração de um roteiro para avaliação do
ambiente do mobiliário no domicílio de idosos. Revista de Terapia Ocupacional da
Universidade de São Paulo. São Paulo, v. 24, p. 18-27, jan/abr. 2013. Disponível
em: <http://www.revistas.usp.br/rto/article/view/61986/64836>. Acesso em: 15 out.
2013.
123
MUTARELLI, Eduardo. Como Diagnosticar e tratar demências. Revista Brasileira
de Medicina. São Paulo, v. 56, p. 30-34, set. 1999. Disponível em:
<http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=445>. Acesso em:
26 set. 2013.
NETO, Z. V.; CARRÉRA, M. Análise da Arquitetura Inclusiva nas Instituições de
Longa Permanência em Recife-PE. Architecton-Revista de Arquitetura e
Urbanismo , Recife, v.3, n.4, p.104-130. 2013. Disponível em:
<http://www.faculdadedamas.edu.br/revistas/index.php/arquitetura/article/viewFile/29
6/302>. Acesso em 21 out.2013.
NEUFERT, E. A arte de projetar em arquitetura. Tradução da 21ª edição alemã. 5
ed. São Paulo: Gustavo Gili do Brasil, 1976.
NÍALL McLaughlinArchitects. Alzheimer’sRespite Centre, Dublin. [s.d.]. Disponível
em:<http://www.niallmclaughlin.com/projects/alzheimers-respite-centre-dublin/>.
Acesso em: 30 out. 2013
NÚCLEO de Envelhecimento Cerebral - NUDEC. A Doença de Alzheimer . [s.d].
Disponível em
<http://www.doencadealzheimer.com.br/index.php?modulo=pacientes_outros_editais
&id_mat=47>. Acesso em: 27 set. 2013.
OLIVEIRA, Rosane M. P. de. O idoso com problemas mentais: aspectos clínicos. In:
FIGUEIREDO, N. M. A de; TONINI, T. Gerontologia: Atuação da Enfermagem no
Processo de Envelhecimento. São Caetano do Sul: Yendis, 2006. p. 263-293.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. The ICD-10 Classification of Mental and
Behavioural Disorders .Geneva, 1993. Disponível em: <http://www.who.int/en/>.
Acesso em: 21 set. 2013.
PAIVA, Marie M. B.; VILLAROUCO, Vilma. Ergonomia no ambiente construído em
moradia para idosos: Estudo de caso em Portugal. In: Ação Ergonômica
RevistaBrasileira de Ergonomia . Volume 7, Número 3. João Pessoa, 2012.
Artigos, p. 56 – 75.
PASCALE, Maria Aparecida. Ergonomia e Alzheimer : a contribuição dos fatores
ambientais como recurso terapêutico nos cuidados de idosos portadores da
124
demência do tipo Alzheimer. 2002. 120 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.
PENTEADO, Ana Maria. Alzheimer – ajustes na rotina ajudam na independênc ia
do paciente . 2012. Disponível em: <http://goo.gl/Yx6Hfh>. Acesso em: 27 set. 2013.
PERCENTUAL da população idosa no Brasil. G1, 2012. Disponível em:
<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/04/em-50-anos-percentual-de-idosos-mais-
que-dobra-no-brasil.html> Acesso em: 22 set. 2013.
PERRACINI, M. R.; KATO-NARITA, E. M. Estimulando a mobilidade, evitando
complicações. In: CANINEU, P.; CAOVILLA, V. P. Você não está sozinho - nós
continuamos com você . Barueri: Novo Século, 2013. p. 63-77.
PERRACINI, M.R. Planejamento e adaptação do ambiente para pessoas idosas. In:
FREITAS, E. V. De. Tratado de geriatria e Gerontologia . 2. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006. p. 1142-1151.
PORTAL DO ENVELHECIMENTO. Disponível em:
<http://portaldoenvelhecimento.org.br/> Acesso em: 22 set. 2013.
PORTAL do Envelhecimento. Censo aponta : crescimento da população idosa
inspira cuidados, 2010. Disponível em:
<http://portaldoenvelhecimento.org.br/noticias/longevidade/censo-aponta-
crescimento-da-populacao-idosa-inspira-cuidados.html> Acesso em: 22 set. 2013.
PRADO, A.R. de A. Acessibilidade e Desenho Universal. In: CONGRESSO
PAULISTA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA, 3., 2003, Santos. Anais
Eletrônicos... Disponível em:
<http://direitodoidoso.braslink.com/pdf/acessibilidade.pdf>. Acesso em: 15 out. 2013.
REGO, Daniel P. S. A Arquitectura como Instrumento Medicinal: o papel
terapêutico dos espaços de saúde na sua missão de curar e cuidar. 2012. 177f.
Dissertação (Mestrado em Arquitetura), Instituto Superior Técnico, Lisboa, Portugal.
ROSSETO, Fábio. Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI ’S): uma
tendência para sustentabilidade da saúde no Brasil. 2012. Disponível em:
125
<http://www.diagnosticoweb.com.br/blogs/fabio-rossetto/instituicoes-de-longa-
permanencia-para-idosos-ilpis-uma-tendencia-para-sustentabilidade-da-saude-no-
brasil.html>. Acesso em: 24 out. 2013.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Cartilha
de ideias de Negócios. Casa de Repouso . [s.d.]. Disponível em
<http://vix.sebraees.com.br/ideiasnegocios/arquivos/CasadeRepouso.pdf>. Acesso
em: 12 mar. 2014.
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE. Setor de Planejamento. Plano Municipal de
Saúde. 2013. Disponível em
<http://issuu.com/vilavelha/docs/plano_municipal_de_saude>. Acesso em: 12mar.
2014.
SAÚDE PÚBLICA. Carta de Ottawa: Promoção da Saúde nos Países
Industrializados. [s.d.]. Disponível em <http://www.saudepublica.web.pt/05-
PromocaoSaude/Dec_Ottawa.htm>. Acesso em: 30 set. 2013.
SILVA, Marina da Cruz. O processo de envelhecimento no Brasil: desafios e
perspectivas. Textos envelhecimento. Rio de Janeiro, v8, n1, 2005. Disponível em
<http://revista.unati.uerj.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
59282005000100004&lng=pt&nrm=iso> Acesso em: 22 set. 2013.
SILVEIRA, Laís Faria. Instituições de Longa Permanência para Idosos do
Recôncavo Sul da Bahia. 2012. 132 f. Dissertação (Graduação em Serviço Social)
– Colegiado de Artes, Humanidades e Letras, Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia, Cachoeira.
STUART-HAMILTON, Ian. A psicologia do Envelhecimento: uma introdução.
Tradução de Maria Adriana Veríssimo Veronese. 3.ed. Porto Alegre: Ed. Artmed,
2002.
THE GREEN HOUSE PROJECT.The Green House Model .[s.d.]. Disponível em:
<http://thegreenhouseproject.org/green-house-model>. Acesso em: 27 mar. 2014.
TOLEDO, Luiz C. Feitos para cuidar : a Arquitetura como um gesto médico e a
humanização do edifício hospitalar. 2008. 238f. Tese (Doutorado em Ciências da
126
Arquitetura) – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
TOMASINI, S. L. V.; ALVES, S. O Envelhecimento bem sucedido e o ambiente das
instituições de longa permanência. Revista Brasileira de Ciências do
Envelhecimento Humano , Passo Fundo, v. 4, n. 1, p. 88-102, jan./jun.2007.
Disponível em: <http://www.upf.br/seer/index.php/rbceh/article/view/119/0>. Acesso
em 21 out.2013.
TOSTA, A.C. Instituições de Longa Permanência para Idosos : o que é, como
funciona? 2008. Disponível em:
<http://www.medicinageriatrica.com.br/2008/05/06/instituicoes-de-longa-ermanencia-
para-idosos-ilpi/>. Acesso em: 20 set. 2013.
VILA VELHA. Lei nº 4..575, de 26 de novembro de 2007. Plano Diretor Municipal de
Vila Velha, Espírito Santo, 26 nov. 2007. Disponível em: <
http://www.cmvv.es.gov.br/PDM/PDM-VV-2007-PDM-Lei-4575-07-Consolidado-
Texto.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2014.
VISA. Idosos : as regras para as instituições em prol da saúde. 2011. Disponível em:
<http://www.visatx.com.br/2011/07/idosos-as-regras-para-instituicoes-em.html>.
Acesso em 16 out. 2013.
WHITE OAK COTTAGES. White Oak Cottages. 2013. Disponível em: <
http://whiteoakcottages.com/about-us/whoweare/>. Acesso em: 31 mai. 2014.
WISDEM. Design de Ambientes e Demência. [s.d.]. Disponível
em:<http://www.wisdem.org/sites/default/files/manifestos/projecto_ambiental_manife
sto.pdf>. Acessoem: 3 set. 2013.
ZEISEL, John. Inquiry by design : environment/ behavior/ Neurosciense in
architecture, Interiors, Landscape, and Panning. 1 ed. New York: Norton &Company,
2006.
127
APÊNDICES
APÊNDICE A - Prancha 01/07: Planta de Situação e Lo cação
APÊNDICE B - Prancha 02/07: Implantação e Paisagism o
APÊNDICE C - Prancha 03/07: Planta Baixa
APÊNDICE D - Prancha 04/07: Planta Baixa Humanizada
APÊNDICE E - Prancha 05/07: Planta Baixa - Cobertur a
APÊNDICE F - Prancha 06/07: Corte AA e Corte BB
APÊNDICE D - Prancha 07/07: Fachadas