Tatiana Andreza da Silva Marinho 1 & Florian Wittmann 1 Dinâmica populacional de espécies...
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Tatiana Andreza da Silva Marinho1 & Florian Wittmann1
Dinâmica populacional de espécies madeireiras em florestas de várzea alta na RDS Mamirauá, Amazônia
Central
1. Projeto INPA/Max-Planck ([email protected])
Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
Várzeas
Área ~ 200.000 km2
Inundadas periodicamente por rios de
água branca;
Paisagem formada por depressões e
elevações;
Alto teor de nutrientes no substrato
Alta fertilidade e produtividade
Ecossistema mais influenciado pelo
homem na Amazônia.
Furch,1997; Junk & Piedade, 2000; Sioli, 1991
Foto
: Sin
omar
Fer
reira
da
Fons
eca
Júni
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loria
n W
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ann
Florestas de várzea
Teoricamente, ocorrem acima de uma
inundação máxima de 6,5 –7,0 m;
Não são uniformes → distintos tipos de floresta
com estrutura e composição florística próprias.
Fatores que influenciam no desenvolvimento
dos diferentes tipos de floresta:
Altura e duração da inundação;
Alta diversidade de microhabitats;
Sucessão natural
Wittmann et al., 2002
Foto
: Sin
omar
Fer
reira
da
Fons
eca
Júni
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tos:
Flo
rian
Witt
man
n
ChavascalVárzea alta
Várzea baixa Várzea baixa
Nível máximo rio
Ayres, 1993; Wittmann et al., 2002
erosão sedimentação
Tipos florestais da várzea
~ 10 m
Tipo florestal Duração da fase aquática (dias/ano)
Altura média da inundação(m)
Várzea alta < 50 < 3Várzea baixa 50-230 3-6
Chavascal >230 > 6
macrófitas
Várzea alta
Várzea baixa
Wittmann et al., 2002
Florestas de várzea baixa Florestas de várzea alta
São as florestas alagáveis mais ricas em espécies
do mundo.
Registradas ~1.000 espécies de árvores
tolerantes à inundação.
Estão ameaçadas devido a conversão de suas
florestas em áreas para agricultura (solos produtivos)
e pela exploração madeireira não sustentável.
As florestas de várzea da Amazônia
Wittmann et al., 2006Foto: Sinomar Ferreira da Fonseca Júnior
Foto: Florian Wittmann
Foto: Sinomar Ferreira da Fonseca Júnior
Baixo custo ($) e facilidade de transporte
Balsas e jangadas durante a cheia dos rios
As várzeas altas
Ocorrem acompanhando os canais
Fácil acesso
Abundância de espécies madeireiras
Exploração florestal na várzea
Barros & Uhl, 1995, 1999; Lima et al., 2005; Wittmann. et al.,2004
Fotos: Florian Wittmann
↑50 espécies são utilizadas, no entanto, poucas são de interesse comercial (Worbes et al., 2001)
Práticas insustentáveis de exploração
Ausência de informação sobre processos ecológicos
Espécies desapareceram dos mercados locais e regionais (Higuchi et al., 1994)
Substituiçao de espécies com o mesmo potencial de exploração
Ceiba pentandra
Virola surinamensis
Calophyllum brasiliense
Cedrela odorata
Hura crepitans
Couroupita guianensis
Ocotea cymbarum
Sterculia elata
Produtos florestais não madeireiros (PFNM)
Óleos e resinas
Folhas→ cobertura de casas
Fitoterápicos→ raízes, caules e folhas
Frutos → consumo humano e utilização como
iscas
Látex → borracha
Extratos tóxicos (látex ou resina) → pesca e
caça
Kvist e Nebel, 2001;Klenke e Ohly, 1993; Parolin, 2000; Wittmann e Oliveira-Wittmann, no prelo
Herbários e literatura
186 espécies de árvores investigadas
135 são usadas para diferentes
finalidades
Número de espécies usadas
(%)
Espécies investigadas (186) 135 72.58
único propósito de uso (de 135) 49 36.29
múltiplos propósitos (de 135) 86 63.71
Produtos florestais não madeireiros (186) 98 52.69
Produtos fitoterápicos 43 23.12
Frutos comestíveis 31 16.66
Árvore ornamental 13 6.99
Isca para peixe 11 5.91
Artesanato 9 4.84
Outros 48 25.77
Produtos madeireiros (186) 78 41.94
Construção civil 63 33.87
Carpintaria 22 11.83
Movelaria 21 11.29
Construção naval 20 10.75
Compensado 18 9.68
Construção pesada e dormentes 16 8.6
Assoalhos e paredes 15 8.06
Outros 16 8.06
Inventário etnobotânico
Wittmann & Oliveira-Wittmann, no prelo
Objetivo geral
Descrever a distribuição espacial e a estrutura da população de quatro espécies
madeireiras em função das variáveis ambientais radiação e cota de inundação em
uma floresta de várzea alta na RDS Mamirauá, visando auxiliar na elaboração de
planos de manejo sustentáveis para essas espécies nessa região.
Área de estudo
Localização geográfica da RDSM (20 51`S, 640 55`W)
RDSA,RDSM e PNJ compõem uma área de 6.500.000 ha
Corredor Central da Amazônia (MMA/PPG7)
Reserva da Biosfera da Amazônia Central (MaB/UNESCO)
Sítio Natural do Patrimônio Mundial (UNESCO/IUCN)Queiroz, 2005
TeféRio Japurá
Rio Solimões
Aranapú
Boa União
HorizonteJarauá
Tijuaca
Barroso
Liberdade
Proteção permanente Manejo sustentável Eco-turismo
Zoneamento
Mam
irauá
Ingá
0 10 20 40 km
Rio
Juru
á
TocantínsFonte Boa
Japurá
Juruá
Tefé
Alvarães
Uariní
Área focalÁrea subsidiária
Rio Japurá
Rio Japurá
Rio Solim
ões
Rio Auatí-paraná
Rio Jutaí
~246.000 ha
0 20 40 60 80
Jutaí
~878.000 ha
Maraã
km
Queiroz, 2005 , Schöngart et al, 2004
Área focal→ Proteção da fauna e flora
Área Subsidiária→ Uso sustentável dos recursos naturais
Área ~1.120.000 ha
RDSM
Floresta de várzea alta
Paraná do Paracuúba
→ Comunidade São Raimundo do Jarauá
Total de área amostral → 7,5 hectares de floresta
Guarea guidonia
Levantamento dos indivíduos
Hura crepitans
Ocotea cymbarum
Sterculia elata
Indivíduos >1,0 m de altura
Cota de inundação → Marca da água nos troncos das árvores. Comparação → Porto de Manaus (1903-2006)
Radiação Fotossinteticamente Ativa (rPAR)→ <10,0 cm de diâmetro
Hura crepitans L.
Habitat: Várzea alta
Altura: 30-40 m
Densidade madeira: 0.36-0.42 g cm-3
Incremento radial: 4.2 ± 4.1 mm yr-1
Exsudado: látex branco aquoso
Importância econômicaMadeira para portas, janelas, funilados, brinquedos,
compensados, embalagens e bóias flutuantes.
Foto
s: F
loria
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ann
Assacu
Wittmann et al, no prelo
Ocotea cymbarum Kunth
Louro-inamuí
Importância econômicaMadeira para construção civil em geral.
O óleo da madeira contém safrol, que em baixa concentração
é um componente para fragrâncias e perfumes.
Habitat: Várzea alta e Terra firme
Altura: 30-35 m
Densidade madeira: 0.60 g cm-3
Incremento: 3.0 ± 1.8 mm yr-1
Exsudado: transparente e aromático
Foto
s: F
loria
n W
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Wittmann et al, no prelo
Sterculia elata Ducke
Distribuição Neotropical
Habitat:Várzea alta e Terra firme
Altura: 30-35 m
Densidade madeira: 0.47 g cm-3
Tacacazeiro
Importância econômicaEmbalagens, palitos, fósforos e compensado.
Troncos para canoas.
Sementes comestíveis.
Árvore ornamental.
Foto
s: F
loria
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Wittmann et al, no prelo
Guarea guidonia (L.) Sleumer
Distribuição Neotropical
Habitat:Várzea alta e Terra firme
Altura: 30-35 m
Densidade madeira: 0.53 g cm-3
Jitó
Importância econômicaMovelaria e construção civil.
Extrato da casca apresenta propriedades laxantes,
febrífugas (Oga et al. 1981) e vermífugas.
Foto
s: F
loria
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Wittmann et al, no prelo
Espécie N° ind. Dens./parcela Dens./ha Diâmetro(cm) Altura (m)
Ocotea cymbarum Kunth. 128 4.2 17 23,1±15,2 16,4±6,9
Hura crepitans L. 91 3.0 12.1 30,4±39,5 11,4±10,5
Guarea guidonia (L.) Sleumer 83 2.7 11 18,15±13,2 11,9±5,1
Sterculia elata Ducke 42 1.4 5.6 17,6±23,5 10,9±8,9
Total 344 - - - -
Resultados
0-1010-20
20-3030-40
40-5050-60
60-7070-80
80-9090-100
>100
Classe de diâmetro (cm)
0
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Núm
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Núm
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40-5050-60
60-7070-80
80-9090-100
>100
Classe de diâmetro (cm)
0
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Núm
ero
de in
diví
duos
0-1010-20
20-3030-40
40-5050-60
60-7070-80
80-9090-100
>100
Classe de diâmetro (cm)
0
10
20
30
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Núm
ero
de in
diví
duos
Guarea guidonia Hura crepitans
Ocotea cymbarum Sterculia elata
51%
Cattanio et al., 2002; Jones et al.,1994
Diferentes amplitudes de inundação
Variações na topografia local estabelecimento
Zonação de espécies em pequenas e micro-escalas
Adulto JovemIndivíduos
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
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Adulto JovemIndivíduos
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Guarea guidonia Hura crepitans
Ocotea cymbarum Sterculia elata
ab
ab
aa a
a
ns*ns*
* não significativo, α=0.05
Espécie N°indivíduos rPAR (%)
Ocotea cymbarum Kunth. 28 1,9 ±0,7
Hura crepitans L. 45 3,2±1,8
Guarea guidonia (L.) Sleumer 26 1,5±0,6
Sterculia elata Ducke 26 2,5±1,4
Total 125
Valores não refletem áreas abertas ou clareiras 100% de luz
Hura crepitans e Sterculia elata: “intolerantes” ao sombreamento
Guarea guidonia e Ocotea cymbarum: tolerantes ao sombreamento
Instrução normativa n° 5 de 11 de dezembro de 2006 (IBAMA)
Diâmetro mínimo de corte (DMC) de 50 cm
Ciclo de corte de 25 anos
5 árvores por hectare
Restrições ao manejo:ora super ora sub-estimar o potencial de exploração de uma área!
Implicações para o manejo florestal
Espécies Densidade/ha
(DAP > 50 cm)
Volume(m3/ha)
(DAP > 50 cm)
Volume Total
(m3/ha)
Ocotea cymbarum Kunth. 1,3 4,8 13,8
Hura crepitans L. 2,8 34,3 36,7
Guarea guidonia (L.) Sleumer 0,5 1,2 4,2
Sterculia elata Ducke 0,4 4,8 6,4
Baixa densidade de indivíduos
Práticas de manejo na RDSM
Desaparecimento local das espécies!
Planos de manejo sustentáveis
Estrutura populacional
Distribuição espacial
Modelos de crescimento das espécies
Monitoramento a médio e longo prazo
Produtos florestais não madeireiros (PFNM)
Ocotea cymbarum: óleo na indústria da perfumaria
Hura crepitans: sementes para a pesca
Sterculia elata: sementes comestíveis
PFNM: Não há informações sobre a intensidade de exploração e da prática comercial desses produtos!
Sustentabilidade em programas de manejo florestal
Considerações finais
As florestas de várzea alta por serem localizadas em regiões topograficamente altas
estão sujeitas a uma baixa influência da dinâmica hidro-geomorfológica da várzea.
Contudo, as variações micro-topográficas parecem afetar diretamente a distribuição das
espécies arbóreas estudadas nessas áreas.
As características estruturais e a distribuição das espécies investigadas resultam da
tolerância das espécies à inundação e à radiação.
Hura crepitans tolera níveis moderados de luz e apresenta uma ampla distribuição nas
diferentes cotas de inundação da várzea alta, sendo que a regeneração se concentra em
áreas topograficamente mais elevadas do que os indivíduos adultos.
Ocotea cymbarum apesar de se distribuir amplamente em diferentes cotas de
inundação mostrou preferência por ambientes sujeitos a maiores amplitudes de
inundação, mas em locais onde os níveis de radiação são baixos.
Sterculia elata tolera níveis intermediários de inundação e de radiação moderada
quando comparada com as outras três populações.
Guarea guidonia mostrou preferência por ambientes menos inundados e com
pequenas variações na amplitude de inundação anual e em áreas com níveis muito
baixos de incidência de luz.
Estudos sobre distribuição e estrutura populacional de espécies arbóreas e de
potencial econômico são essenciais para subsidiar planos de uso sustentável, como os
realizados na RDS Mamirauá, contribuindo assim, para a conservação de florestas
alagáveis da Amazônia.
OBRIGADA!