ì Tanto faz! Verdade - Estudos Bíblicos em profundidade ... · Agun dos artigos foram traduzidos...
Transcript of ì Tanto faz! Verdade - Estudos Bíblicos em profundidade ... · Agun dos artigos foram traduzidos...
Andandona
Verdade3 João 4
Quando eu crescer . . . . . . . . . . . . 1
ì A Serviço do ReiCerto, mas ainda errado . . . . . . . . . . 3
O que se torna possível pela fé . . . . . 6
Está para baixo? . . . . . . . . . . . . . . . . 7
í A FamíliaEle precisava de um pai fiel . . . . . . . . 9
î Na Casa de DeusLidando com os desanimados e os fracos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Sábado ou domingo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
ï Escrito para o Nosso EnsinoFidelidade e compromisso com Cristo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Deixando Deus ser Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Deixando as pessoas serem pessoas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
A borla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
ð O Poder de Deus para a SalvaçãoUm rapaz perdido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Não é hora de tolice .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
O machado na raiz .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Palavras cruzadas: Jesus entre as igrejas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
ñ Desafios e DúvidasO arrebatamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
A solução rejeitada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Os cuidados do mundo .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
A divindade de Cristo (1 de 2) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Distribuição Gratuita — Venda Proibida
Ano 6 • Número 2 Abril - Junho 2004
Tanto faz!Você quer comer isto ou aquilo? Tanto faz! Já cansei de ouvir
esta resposta do meu filho. Algumas escolhas não têm grande
importância, e ele não demonstra nenhuma preferência.
Alternativas são abundantes, e nem todas as nossas decisões são
significantes.
Mas quando se trata de assuntos espirituais, as nossas escolhas
se tornam extremamente importantes. A escolha entre certo e
errado determinará a direção da nossa vida, até o nosso destino
eterno. Muitos ainda dizem que “tanto faz”, mas se enganam na
sua indiferença.
Questões morais exigem escolhas. Há diferenças críticas entre os
caminhos na nossa frente. Devemos escolher bem.
Diferenças doutrinárias,
também, exigem decisões
sábias baseadas no estudo
cuidadoso da vontade do
Senhor. Existem muitas
opções, mas apenas um
caminho estreito que nos
leva à vida eterna.
Na escolha entre um prato
ou outro, pode não ter
preferência. Mas na decisão
de seguir a Deus ou não, é
importante acertar a única
opção certa!
Andando na Verdade é publicada
trimestralmente e distribuída gratuita-
mente a pessoas interessadas no
estudo da palavra de Deus. Alguns
dos artigos foram traduzidos por
Arthur Nogueira Campos, Heather
Allan da Silva e Megan Allan e usados
com permissão de seus autores e
redatores. Os autores retêm os
direitos ao próprio trabalho.
Redator: Dennis Allan, C.P. 60804,
São Paulo, SP, 05786-990.
E-mail: [email protected]
Estudos Bíblicos na Internet:
www.estudosdabiblia.net
Andando na Verdade 1
Quando eu crescer
Crianças pequenas olham para o futuro com esperança e sonhos. “Quando
eu crescer, eu vou ser... ou eu vou fazer....” O desenvolvimento de uma
pessoa do berço à maturidade é um processo fascinante. Como todos os
pais, eu tenho acompanhado este processo nos meus filhos,
constantemente admirado com a perfeição do plano de Deus de fazer uma
pessoa que cresce física, mental e espiritualmente, passando da infância à
adolescência e, afinal, se tornando adulta independente.
O processo é, do ponto de vista dos pais, assustador! Percebemos perigos que
a criança não compreende. Entendemos riscos que escapam à percepção de um
jovem. Conhecemos dor que ainda não invadiu a vida de um adolescente.
Deus tem me abençoado com muitas oportunidades de observar e participar da
vida de crianças e jovens – sejam meus três filhos ou os filhos dos outros. Apesar
das minhas falhas e imperfeições como pai, eu tenho aprendido e continuo
aprendendo muito com esses jovens. Quero dirigir algumas palavras aos jovens,
especialmente àqueles que estão no final da adolescência, beirando a
independência.
Grandes possibilidades
Você, jovem, encara um mundo cheio de oportunidades e possibilidades.
Faculdade, emprego, namoro, casamento, família, viagens, mudanças. Está
tudo na sua frente! Mais opções do que tem no cardápio de uma pizzaria!
Nos próximos anos, você tomará decisões sobre muitas destas opções. Neste
processo, decidirá passar por algumas portas abertas, pensando nas suas metas,
nos seus sonhos, no seu futuro. Quando toma a decisão de avançar por uma
porta vai perceber que, na maioria dos casos, ela se fecha atrás de você. A
decisão de aceitar um emprego quer dizer que não estará disponível para aceitar
outro. A escolha de um namorado, ou mais ainda, a decisão de casar-se com um
parceiro, exclui todas as outras possibilidades. A decisão de fazer um curso na
faculdade, na maioria dos casos, já define a direção de sua vida escolar e
profissional. Se gastar dinheiro para comprar uma coisa, não o terá para comprar
outra. São as realidades da vida. De todas as decisões, precisa abrir a porta para
Deus e fechar a porta ao pecado: “Lembra-te do teu Criador nos dias da
tua mocidade” (Eclesiastes 12:1).
Estas decisões, muitas vezes, demonstram a diferença entre uma criança e um
adulto. A criança não considera as conseqüências e não calcula o impacto futuro
de suas decisões. Age pelo impulso da imaturidade e procura, depois, fugir das
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conseqüências de suas escolhas más. O adulto, porém, assume
responsabilidades, pensa antes de agir e cumpre seus compromissos.
Grandes riscos e grandes oportunidades
Uma criança toma seus primeiros passos inseguros e cai. Com a ajuda da
mãe, levanta-se e tenta outra vez. Nos meses seguintes, cairá várias vezes.
Algumas vezes vai chorar um pouco, mas raramente se machucará.
Alguns anos depois, a mesma criança começa a andar de bicicleta. Ganhou mais
liberdade, aprendeu como se locomover em maior velocidade. Os pais colocam
limites para não permitir que ande em avenidas muito movimentadas. Quando
cai, pode se machucar, mas, mesmo assim, os riscos são limitados. Ferimentos
graves são possíveis, mas não muito prováveis. A liberdade e a capacidade
aumentaram, e os perigos, também.
Quando a mesma criança, agora jovem, chegar aos 18 anos, vai correndo para
tirar carta de habilitação para andar de moto ou de carro. É isso que é liberdade!
Os riscos, também, multiplicaram. Um acidente agora pode causar ferimentos
graves, ou pode até tirar a vida do próprio jovem ou de outras pessoas.
A independência e a liberdade trazem responsabilidades e riscos
maiores.
Esses exemplos servem para mostrar como outros riscos, também, multiplicam
quando passa da infância à maturidade. Erros da infância raramente estragam
a vida toda. Mas os erros de um adolescente ou jovem adulto podem, sim,
complicar o resto da vida. Se escolher os amigos errados, pode ser induzido a se
envolver em crime e perder a liberdade, ou pior. Se decidir casar com a pessoa
errada, pode sofrer o resto da vida, e as conseqüências podem atingir várias
outras gerações de descendentes. Se experimentar bebidas ou outras drogas,
corre o risco de criar um vício que trará prejuízos em todos os aspectos da vida.
O crescimento nos traz, também, grandes oportunidades. Passando da
adolescência, você terá condições de ajudar outros e contribuir de uma maneira
significativa ao bem das pessoas ao seu redor. Na sua escolha de profissão e na
maneira de tratar as pessoas próximas você poderá mudar para o melhor as
circunstâncias de familiares, amigos e até estranhos.
A influência maior possível será o impacto da sua conduta na vida espiritual dos
outros. A sua decisão de servir ao Senhor trará a possibilidade de conduzir outros
ao Senhor, por suas palavras e seu exemplo. “Ninguém despreza a tua
mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis....” (1 Timóteo 4:12).
–Dennis Allan
São Paulo, SP
Andando na Verdade 3
Certo, mas ainda errado
Amoralidade é um dos tópicos mais mal-entendidos dos nossos dias. Seria
uma exposição grosseiramente incompleta dizer que há muita confusão
neste assunto na nossa sociedade atual. Isso acontece por várias razões,
sendo uma das primeiras o abandono pela nossa cultura da idéia da verdade
absoluta. Jogue a verdade absoluta pela janela e não há motivo de chamar algo
de certo ou errado.
Uma outra maneira que a moralidade é freqüentemente mal-entendida é por
uma super-simplificação dos assuntos sobre certo e errado. Há algumas coisas
que são inerentemente erradas e nada poderá mudar isso (mentir, assassinar,
roubar, etc.) Fazer o certo é um pouco mais complicado, porque há mais que
considerar em fazer o certo do que a ação em si. Devemos pesar vários fatores,
dos quais todos têm que estar certos antes de podermos dizer que fizemos bem.
Resumindo, às vezes é possível fazer algo que em outras situações seria bom e
direito, mas ainda acabar errado. Deixe-me sugerir três exemplos:
Fazer a coisa certa, mas pelo motivo errado
Em Mateus 6, Jesus criticou os fariseus por algo que deveria ser chocante
para eles. Ele contestou as suas orações, os seus jejuns e o seu auxílio aos
pobres. Não era o fato de fazerem estas coisas que provocou a repreensão
de Jesus. De fato, estas eram, em si, coisas perfeitamente boas de se fazer. O
que Jesus não gostou era a razão dos fariseus fazerem estas coisas. Fizeram a
sua justiça, para serem vistos pelos homens, para receber elogios dos homens.
Pegaram coisas que deveriam ser expressões de abnegação e humildade e as
utilizaram para o seu próprio orgulho e egoísmo. De fato, os fariseus se tornaram
mestres neste tipo de perversão da vontade de Deus. Por exemplo, piedosamente
devotariam todo o seu dinheiro a Deus para que tivessem uma desculpa por não
Î A Serviço do Rei Vivendo como Seguidores de CristoÙ Á
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cuidar dos seus pais (Mateus 15:3-9). Fizeram coisas boas com más intenções.
Isaías reclamou de maneira parecida a respeito dos judeus da sua época que
pensaram que Deus se agradava apenas com o ritual do sacrifício e que a
moralidade pessoal não era uma consideração em agradar a Deus. Como
estavam errados! Eles sacrificavam, o que normalmente era uma coisa boa, mas
Deus se recusou a aceitar os seus sacrifícios por causa das intenções com as
quais foram oferecidos.
Se fizermos o que Deus mandou por razões que não sejam as que Deus tinha ao
dar os mandamentos, então não estamos corretos em fazê-los. Por exemplo,
você pode saber de alguma falha em alguém. Seria errado mentir sobre isso. Mas
nem sempre é necessário nem benéfico falar sobre isso, e se você falar a verdade
com o propósito de magoar ou envergonhar alguém, então você não fez bem
mesmo que tenha contado a verdade. Às vezes, contar a verdade pode magoar
alguém sem necessidade, e o silêncio seria melhor. Ou se alguém é batizado
para ser como os seus amigos, ele fez algo que Deus mandou mas por uma
razão totalmente errada. O valor de boas obras pode ser negado pelos motivos
errados.
Fazer a coisa certa, mas da maneira errada
Às vezes, não são as nossas motivações que arruinam as nossas boas obras,
mas os nossos métodos. É importante fazer a coisa certa de tal maneira que
não derrote a bondade da obra em si. Isso tem várias aplicações. Considere,
por exemplo, a pregação do evangelho. O evangelho é uma boa nova e alegra
ao ouvi-lo. Não devemos torná-lo más notícias que ninguém agüenta ouvir pela
maneira que nós a apresentamos. Devemos falar a verdade em amor (Efésios
4:15), não por maldade ou má vontade. Alguns na época de Paulo estavam
pregando o evangelho com o propósito de tornar a prisão de Paulo mais difícil
(Filipenses 1:15). Alguns hoje em dia parecem gostar de pregar de uma maneira
que intencionalmente ofende a sua platéia. Isso apenas estraga qualquer chance
que o evangelho teria com algumas pessoas e perverte a mensagem sagrada de
Deus. De maneira parecida, às vezes precisamos repreender um irmão ou uma
irmã quando faz algo errado. Mas como fazemos isso pode mudar
completamente o final da história. Podemos repreender de uma maneira
degradante e arrogante (o que não adiantará nada), ou podemos restaurar os
errantes num espírito de mansidão e humildade (Gálatas 6:1), o que é a maneira
correta de fazê-lo e que encoraja o pecador a se arrepender.
Também podemos considerar um exemplo que envolve o trabalho da igreja. A
Bíblia claramente ensina que é a vontade de Deus que a igreja local dê sustento
Andando na Verdade 5
financeiro aos que se dedicam à pregação do evangelho (1 Coríntios 9;
Filipenses 1:5; 4:15). Nos tempos modernos, porém, algumas pessoas
montaram organizações humanas (sociedades missionárias e igrejas
patrocinadoras) para “ajudar” a igreja neste trabalho. Com tais arranjos o
pagamento do evangelista é enviado, não diretamente ao evangelista, mas a uma
outra igreja ou organização humana que age como mediadora na transação.
Não há autoridade nas Escrituras para isso. Certo, é correto sustentar o
evangelista, mas deve ser feito de acordo com o padrão de conduta da igreja
primitiva como foi registrado no Novo Testamento. O pecado da sociedade
missionária ou a igreja patrocinadora está em como funciona para fazer o que
Deus mandou fazer de outra maneira. Faz a coisa certa, mas da maneira errada.
Chegando à conclusão correta,mas pelos motivos errados
Por que é errado mentir? Pergunte para praticamente qualquer descrente e
poderá dizer “porque magoa as outras pessoas”. Esta é uma resposta típica
que vem do pragmatismo – a idéia de que algumas coisas não devem ser
feitas, não porque são moralmente erradas, mas porque têm efeitos
desagradáveis ou maléficos (em efeito, é errado porque não funciona bem na
sociedade). Suponho, de acordo com este tipo de pensamento, que, se alguém
conseguisse achar uma maneira de tornar a mentira benéfica, então seria
aceitável mentir. É errado mentir, mas o fato de ser maléfico aos outros não é o
motivo que é errado. É errado porque Deus disse que é; é errado porque a língua
mentirosa fala de um coração decepcionante e malicioso que é motivado pelo
mal. A mentira é má, e é isso que é errado com ela. O fato de ser prejudicial aos
outros apenas acrescenta, ou é um produto maior, da sua maldade.
Coisas parecidas estão sendo ditas sobre a prática comum das pessoas se
juntarem (incluindo a relação sexual) antes do casamento. Todos os tipos de
estudos concluíram que tais junções não dão certo; apenas desencorajam o
compromisso, resultam em crianças indesejadas e lares com apenas um pai, etc.
Mas por mais que estas coisas sejam más, não são o motivo que “se ajuntar” é
errado. É errado porque é fornicação, e Deus condena a fornicação por viver a
lascívia da carne. O fato que produz vários efeitos ruins é simplesmente uma
função do problema real.
Devemos ter certeza de estarmos corretos em todos os aspectos do nosso
comportamento, não só em obras.–por David McClister
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O que se torna possível pela fé“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus...” (Hebreus 11:6).
É possível que agrademos a Deus, porém somente pela fé podemos
fazê-lo. O exemplo de Enoque nos mostra como podemos nos identificar
com Deus quando temos fé real. Enoque “andava com Deus” (Gênesis
5:24). E sua caminhada com Deus, baseada na fé, teve resultados incríveis.
“Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado,
porque Deus o trasladara. Pois, antes de sua trasladação, obteve
testemunho de haver agradado a Deus” (Hebreus 11:5).
De acordo com o texto, Enoque agradara a Deus pela fé. Isso quer dizer que o
mero fato de “crença” intelectual agrada a Deus? Não! Temos que ter uma fé
que busque diligentemente a Deus em uma confiança que seja tanto
esperançosa quanto amorosa. “Visto que andamos por fé e não pelo que
vemos. Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o
corpo e habitar com o Senhor. É por isso que também nos esforçamos,
quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis.” (2 Coríntios
5:7-9). Se fizermos com que o nosso objetivo agrade a Deus, temos de
compreender que essa possibilidade maravilhosa somente pode ser realizada
pela obediência que vem pela fé. “De fato, sem fé é impossível agradar a
Deus” (Hebreus 11:6).
A fé faz parte do grande trio: fé, esperança e amor. E, de fato, a fé que torna
possível agradar a Deus possui uma grande quantidade de esperança e amor.
Esses três atributos espirituais olham para o futuro com confiança. Trabalhando
juntos, produzem a “operosidade da fé”, a “abnegação do vosso amor” e
a “firmeza da vossa esperança” (1 Tessalonicenses 1:3).
Considere que a fé pela qual chegamos a Deus e lhe agradamos não vive sem
a esperança real. Enquanto a fé nos dá esta visão de como são grandes as
nossas possibilidades com Deus, é a esperança que fervorosamente deseja que
essas possibilidades se realizem. Mais do que isso, a esperança espera que se
realizem! E essa esperança nos leva a imitar o caráter de Deus e crescer na
pureza. “E a si mesmo se purifica todo aquele que nele tem esta
esperança, assim como ele é puro” (1 João 3:3).
Pela fé, buscamos agradar a Deus porque o amamos. É a fé que dá asas ao
desejo natural do amor. Demonstrando-nos, não somente que Deus pode se
Andando na Verdade 7
contentar conosco, mas também como podemos fazê-lo, a fé dá a verdadeira
substância ao desejo mais elevado do amor: agradar ao nosso Deus amado.
A fé é o amor tomando a forma de aspiração.
(William Ellery Channing)
–por Gary Henry
Está para baixo?
Pessoas profissionais dizem-nos que a baixa
auto-estima é um problema sério e comum
que afeta basicamente todos os níveis e
idades da sociedade. Eu acredito. Fracasso, falta
de beleza, obesidade, falta de uma educação
formal, o sentimento de não ser necessário, a falta
de confiança e coisas semelhantes são os culpados
que levam de muitos a sensação de valor. Produzem
sentimentos de inferioridade e pena de si que podem ser prejudiciais tanto ao
pecador quanto ao santo – principalmente se o santo estiver fraco na fé.
De todos os povos, o povo de Deus deve ter uma sensação de valor alta, porém
humilde. Em primeiro lugar, cada homem é parente e descendência do Deus
poderoso (Atos 17:29). Isso torna cada indivíduo especial de uma maneira que
merece apreciação. O “homem interior” (2 Coríntios 4:16) foi feito na própria
imagem de Deus (Gênesis 1:27). Assim como temos “pais segundo a carne”,
também temos um “Pai espiritual” (Hebreus 12:9). Existe algo dentro de cada
homem que não vem, nem pode vir, de pais na carne, mas vem apenas do nosso
Pai espiritual. Que consolação é lembrar que um dia este espírito “volte a Deus,
que o deu” (Eclesiastes 12:7). Devíamos dizer, como uma criança num cartaz,
“Eu sei que sou alguém , porque Deus não faz lixo!”
Mas, não sou apenas descendência de Deus, sou o objeto contínuo de seu amor
e sua preocupação. “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de
Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele
toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pedro 5:6-7).
Sim, “Deus amou ao mundo de tal maneira...” mas isso quer dizer que ele
ama você! Paulo viu em termos pessoais quando ele disse que “me amou e a
si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2:20). Nós também devemos. E
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tem mais uma coisa que o povo de Deus precisa lembrar: já que Deus não faz
acepção de pessoas (Atos 10:34), ele vê você e eu como seus filhos e objetos do
seu amor tanto quanto Paulo, Timóteo, Pedro ou qualquer servo fiel do Velho
Testamento. Como o escritor popular, Francis Schaeffer, escreveu, “Com Deus
não existem pessoas pequenas.” A questão não é se sou um grande apóstolo,
presbítero, evangelista ou professor, mas é se eu estou glorificando a Deus
na minha vida, onde estou, com os recursos e oportunidades que tenho,
agora? (cf. 1 Pedro 4:11). Muitos enganam a si mesmos a pensarem que
poderiam fazer mais para o Senhor em algum outro lugar ou no tempo futuro se
apenas tivessem mais recursos ou talento. Rebaixar a si mesmo leva a pessoa a
pensar no que “poderia ter acontecido” e prejudica as possibilidades de serviço
recompensador agora.
Nenhuma pessoa é sem valor e se vir como tal é enganoso e prejudicial. Fomos
redimidos pelo maior preço já pago por qualquer coisa, “pelo precioso sangue
... o sangue de Cristo” (1 Pedro 1:19). Nós temos uma alma que foi avaliada
pelo Senhor a ter um valor inestimável (Mateus 16:26). Em Cristo nos tornamos
verdadeiramente ricos (2 Coríntios 6:10). Nós realmente acreditamos nisso?
Andar pela fé é reconhecer que longe do Senhor não somos nem podemos ser
nada. Mas nele, graças a Deus, temos a grandeza que precisamos para lembrar,
apreciar e refletir no nosso viver!–por Dan S. Shipley
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Andando na Verdade 9
Ele precisava de um pai fiel
Após a morte de Salomão em 930 a.C., o reino foi dividido. As tribos do norte
rebelaram-se contra a casa de Davi e estabeleceram um nova nação que
continuou a ser chamado de Israel. O reino do sul continuou a reconhecer
a autoridade da casa de Davi; foi chamado de Judá.
Tudo aconteceu durante o reinado de Roboão, o filho de Salomão. A divisão da
nação em duas nações menores deixou ambas mais fracas. Muitas vezes
referimo-nos a decisão ruim de Roboão – seguir o conselho de seus amigos
jovens, ao invés de ouvir os conselheiros mais sábios do seu pai – como o motivo
da divisão da nação. E é verdade que Roboão é responsável pela sua decisão e
pelas suas conseqüências, mas não foi aí que a divisão começou. Os problemas,
porém, começaram durante o reinado de seu pai, Salomão.
A divisão do reino fora profetizada
Deus havia falado a Salomão e lhe falou das conseqüências que resultariam
se ele se tornasse um rei infiel. O Senhor disse: “Quanto a ti, se andares
diante de mim, como andou Davi, teu pai, e fizeres segundo tudo
o que te ordenei, e guardares os meus estatutos e os meus juízos,
também confirmarei o trono do teu reino, segundo a aliança que fiz
com Davi, teu pai, dizendo: Não te faltará sucessor que domine em
Israel. Porém, se vós vos desviardes, e deixardes os meus estatutos e
os meus mandamentos, que vos prescrevi, e fordes, e servirdes a outros
deuses, e os adorardes, então, vos arrancarei da minha terra que vos
dei, e esta casa, que santifiquei ao meu nome, lançarei longe da minha
presença, e a tornarei em provérbio e motejo entre todos os povos” (2
Crônicas 7:17-20).
Ï A FamíliaServindo a Cristo no Lar
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Também, o profeta Aías havia profetizado a Jeroboão: “Toma dez pedaços,
porque assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Eis que rasgarei o reino
da mão de Salomão, e a ti darei dez tribos. Porém ele terá uma tribo,
por amor de Davi, meu servo, e por amor de Jerusalém, a cidade que
escolhi de todas as tribos de Israel. Porque Salomão me deixou e se
encurvou a Astarote, deusa dos sidônios, a Quemos, deus de Moabe, e
a Milcom, deus dos filhos de Amom; e não andou nos meus caminhos
para fazer o que é reto perante mim, a saber, os meus estatutos e os
meus juízos, como fez Davi, seu pai. Porém não tomarei da sua mão o
reino todo; pelo contrário, fá-lo-ei príncipe todos os dias da sua vida,
por amor de Davi, meu servo, a quem elegi, porque guardou os meus
mandamentos e os meus estatutos. Mas da mão de seu filho tomarei o
reino, a saber, as dez tribos, e tas darei a ti” (1 Reis 11:31-35).
A causa principal da divisão era a apostasia de Salomão
Dois reinos independentes foram formados. Jeroboão era rei sobre Israel (10
tribos) no norte (1 Reis 12:20) e Roboão era o rei sobre Judá e Benjamim
no sul (1 Reis 12:21).
Enquanto nós entendemos que Roboão não era simplesmente um espectador
inocente, vemos que seu reinado está adversamente afetado pelas falhas
espirituais do seu pai. Isso não fez Roboão não ser responsável pelas suas
próprias decisões, pois ele era (1 Reis 11:9-13). Mas as ações e atitudes do seu
pai prejudicaram Roboão.
Salomão era um homem muito sábio. Ele era um bom governador e a nação
prosperou sob sua liderança. Mas, no meio de seu reinado, ele começou a
comprometer sua fé e suas convicções. Seus muitos casamentos políticos
realizados para firmar alianças com outras nações trouxeram grande influência
das suas esposas pagãs, e elas o influenciaram a participar da idolatria. Foi nesta
falha que as sementes da divisão começaram a ser semeadas.
Os pais afetarão o futuro dos seus filhos, e Roboão, apesar de ser responsável
pelos seus próprios erros, precisava de pais fiéis para se espelhar. Roboão não
teve isso no seu pai Salomão. Eu não sei como deixar a mensagem mais simples
do que isso.
Andando na Verdade 11
Afetaremos nossos filhos de maneiratão ruim quanto Salomão afetou os dele?
Duvido que Salomão planejava ter um efeito tão prejudicial no seu filho. Suas
falhas espirituais e morais enganaram-no. Isso acontece quando a atenção
correta não é dada ao Senhor e à sua vontade nas nossas vidas. Salomão
deu a estes assuntos o seu lugar correto numa época, mas em algum ponto do
caminho ele se desviou (1 Reis 11:9-13).
Por que Roboão ouviu o conselho insensato dos seus amigos para aumentar o
peso dos impostos do povo (1 Reis 12:9-11) em vez do conselho sábio dos
conselheiros de seu pai e reduzir o peso dos impostos (1 Reis 12:6-8). Era
orgulho? Era falta de respeito ao seu pai, talvez devido às próprias falhas
espirituais do seu pai? Seja o que fosse, o resultado final foi o mesmo. Desastre
nacional e guerra civil.
Então isso foi naquela época e agora é agora. Nós preenchemos os papéis de
pais e filhos. Agora nós estamos vivendo nossas vidas perante Deus. São os
nossos filhos que estão sendo influenciados por nós. Eles estão vendo em nós
exemplos de fé forte e compromisso ou fraqueza e fracasso espiritual. A Bíblia
diz: “Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em
Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a
fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de
nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos seus
descendentes; para que pusessem em Deus a sua confiança e não se
esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os
mandamentos” (Salmo 78:5-7).
No Novo Testamento lemos: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à
ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Efésios
6:4). Também lemos do bom efeito de pais (e avôs) piedosos podem ter nos seus
filhos. Paulo escreveu a Timóteo: “Tu, porém, permanece naquilo que
aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e
que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te
sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 Timóteo 3:14-15, cf. 2
Timóteo 1:5).
Pais! Viveremos para o Senhor como os exemplos de fé que devemos ser diante
dos nossos filhos e de todos, ou teremos que esconder na negligência as coisas
maravilhosas que a graça de Deus nos forneceu? “Não o encobriremos a seus
filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu
poder, e as maravilhas que fez” (Salmo 78:4). Vamos preparar nossos
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corações e seremos fiéis ao nosso Deus! “E que não fossem, como seus pais,
geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo
espírito não foi fiel a Deus” (Salmo 78:8). Não é preciso ser um “Salomão”
para ver claramente o que nossa escolha deve ser.–por Jon W. Quinn
Edições anteriores de A ndando na VerdadeAinda temos alguns exemplares de todas as edições anteriores desta
revista trimestral, exceto as primeiras duas edições (Ano 1, Números 1e
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Andando na Verdade 13
Lidando com osdesanimados e os fracos
Em 1 Tessalonicenses 5:14 Paulo diz aos cristãos: “Consoleis os
desanimados, ampareis os fracos”. A tradução literal da palavra
“desanimados” seria “de alma pequena”, assim sugerindo desânimo ou
timidez. Seja qual for o caso do desânimo e da fraqueza, os cristãos devem
consolar os desanimados e amparar os fracos.
Na prisão em Roma, Paulo podia ter ficado desanimado; em vez disso ele
escreveu e encorajou a igreja de Filipos: “Alegrai-vos sempre no Senhor;
outra vez digo: alegrai-vos” (Filipenses 4:4). Ele havia aprendido que,
qualquer que fosse a situação, ele devia estar contente (Filipenses 4:11).
Para a igreja em Roma ele escreveu: “Acolhei ao que é débil na fé, não,
porém, para discutir opiniões” (Romanos 14:1). “Ora, nós que somos
fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos
a nós mesmos” (Romanos 15:1). Paulo estava bem equipado para encorajar os
outros devido à força que ele encontrou em Cristo. “Tudo posso naquele que
me fortalece” (Filipenses 4:13).–por Billy Norris
Sábado ou domingo?
Pergunta: Um adventista do sétimo dia diz que a Igreja Católica mudou o dia
de louvor do sétimo ao primeiro dia e mostra citações de livros católicos
para provar. Você pode comentar isso?
Resposta: O Catecismo de Baltimore, pergunta 235, diz em parte, "A Igreja
primitiva mudou o dia de louvor de sábado para domingo pela autoridade
Ð Na Casa de DeusA Igreja no Plano do Senhor
14 2004:2
dada à ela por Cristo. O Novo Testamento não faz menção especifica dos
apóstolos mudarem o dia de louvor, mas conhecemos o fato através da
tradição."
Para entender isso é preciso perceber que o catolicismo ensina que Cristo fundou
a igreja para levar a verdade aos homens; que aquela igreja está sob a autoridade
do Papa e dos bispos em comunhão com ele; que os apóstolos foram os primeiros
bispos e que o Novo Testamento é um produto da igreja citada. No seu modo de
pensar, qualquer citação no Novo Testamento de louvor no primeiro dia (como em
Atos 20:7) é prova de que a Igreja Católica mudou o dia de louvor. Um adventista
que cita tal “autoridade” está dando crédito não merecido ao catolicismo.
O imperador Constantino, em 312 d.C., alegou ter visto uma cruz em chamas
nos céus e sua “conversão” é desta data. Depois ele deu sanção legal oficial ao
“cristianismo”e algumas de suas práticas. Isso não é criar o cristianismo nem as
práticas. Louvor no primeiro dia, assim como o cristianismo, existia muito antes
da “conversão” duvidosa de Constantino. Os católicos não colocam a mudança
numa data tão tarde, mas olham de volta para os mesmos registros que nós
usamos (Atos 20:7, 1 Coríntios 16:2) como prova da mudança. Por exemplo, se
um adventista do sétimo dia ganhasse as eleições presidenciais e conseguisse
apoio suficiente no congresso para fazer leis sobre o sábado – apagando o
domingo como feriado legal – os adventistas diriam que este presidente
originou o sétimo dia como dia de louvor? É claro que não – nem foi o
catolicismo do quarto século que originou domingo como um dia de louvor.
Inácio (30 a 107 d.C.) em sua carta aos magnesianos (capítulo 9) escreveu sobre
guardar o sábado, mas não da maneira judaica. A epístola mais curta lê-se, “não
mais observando o sábado, mas vivendo na comemoração do Dia do Senhor."
A versão mais longa acrescenta, “o dia da ressurreição ... o oitavo dia.” Isso foi
200 anos antes de Constantino.
Justino, o Mártir (114 a 165 d.C.), em sua primeira Apologia (capítulo 67), diz,
“Mas domingo é o dia no qual iremos ter nossa reunião comum, porque foi no
primeiro dia que Deus, tendo feito uma mudança na escuridão e na matéria, fez
o mundo; e Jesus Cristo nosso Salvador, no mesmo dia, ressuscitou dos
mortos.” Isso foi aproximadamente 150 anos antes de Constantino.
A esses podem ser acrescentados escritos seculares e religiosos que tornam
ridículas as alegações dos adventistas. Lembre-se, nós usamos o Novo
Testamento para nossa autoridade a respeito do primeiro dia, mas citamos a
história secular para desmentir uma alegação histórica falsa. O adventista que
cita fontes católicas aceitará aquelas mesmas fontes para outras alegações da
igreja católica romana? Se não, por que não?–por Robert F. Turner
Andando na Verdade 15
Fidelidade ecompromisso com Cristo
Deus manifestou maravilhas ao povo de Israel, mostrando o caminho e
dando ao povo uma terra preciosa. O povo presenciou todos os milagres
de Deus feitos por intermédio de Moisés, provando assim a Faraó e ao
povo egípcio quem verdadeiramente era o Senhor dos exércitos. Deus foi
longânimo e paciente e, mesmo assim, Israel virou as costas várias vezes ao
Senhor. O Senhor escolheu Israel porque o amava e para cumprir a promessa
feita a Abraão (Gênesis 12:7).
Deus sempre amou seu povo e quis o seu bem. Aos que cumprem os seus
mandamentos, Deus é fiel. Mas aqueles que não ouvem a sua palavra, Deus os
faz perecer (Deuteronômio 7:9-10).
No capítulo 7 de Deuteronômio, Deus faz admoestações para que Israel não
se desviasse novamente do seu caminho. Deus apresenta vários conselhos para
o povo sobre respeito e cumprimento de cada estatuto dado nos versículos
1 ao 5.
Deus deixa bem claro no versículo 11 que eles deveriam guardar os
mandamentos, ou seja, eles tinham que ouvir e cumprir aquilo que estava
sendo dito.
Deus firma nova aliança com Israel
Aantiga aliança foi dada com um propósito limitado (Gálatas 3:21-25), e o
povo, pelos seus pecados e infidelidade, não continuou nela. O Senhor
anunciou uma nova aliança, que seria inscrita nos corações: “Porque esta
é a aliança que firmei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz
Ñ Para o Nosso EnsinoLições Valiosas do Antigo Testamento
16 2004:2
o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no
coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”
(Jeremias 31:33).
A lei do Senhor já não está escrita em tábuas de pedra, mas em corações
humanos (2 Coríntios 3:3). A nova aliança é como uma fonte de esperança para
seu povo, trazendo perdão pelos pecados, além de ser eterna.
Todas as profecias em relação à nova aliança apontam diretamente para Cristo,
e todas se cumprem no nome que está acima de todos. “Pelo que também
Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo
nome...” (Filipenses 2:9).
A nova aliança foi constituída somente por meio do sangue de Cristo (Lucas
22:20). Somente através do seu sangue temos a indulgência dos nossos
pecados, e não há outra forma de chegarmos na presença do Deus vivo.
Devemos reconhecer a importância do sacrifício de Cristo, pois é o sangue de
Cristo que “purificará a nossa consciência de obras mortas...” (Hebreus
9:14).
Nossa aliança com Deus nos compromete a sermos servos fiéis. Estaremos
eternamente ligados com Cristo se permanecermos firmes na nossa aliança. De
primeira mão tínhamos apenas os nossos próprios pecados, mas enquanto
estávamos nesta condição Deus nos ofereceu a vida que é Jesus. E não há
salvação em outro nome, a não ser o de Cristo (Atos 4:12).
Jesus Cristo, ao sofrer e morrer por nós, nos deu a vida, estando nós mortos.
Éramos escravos e sujeitos ao pecado e estávamos sob a ira de Deus. Mas por
causa do grande amor de Deus, ele nos transportou do império das trevas para
o amor de Cristo (Colossenses 1:13).
A aliança de Deus com Davi
Davi vê Deus como a Rocha de Israel. Ele lembra de sua aliança feita com
o Senhor, aliança eterna e segura. O compromisso que Davi fez com Deus
não foi esquecido, a decisão de Davi estava dentro do seu coração e
mesmo na sua morte suas últimas palavras foram: “Pois estabeleceu comigo
uma aliança eterna, em tudo bem definida e segura” (2 Samuel 23:5).
Deus é fiel conosco, também. Como Davi, nós podemos olhar para a eternidade
com confiança na aliança eterna que nós dá a esperança da vida eterna.
–por Joel Oliveira Pinto
Andando na Verdade 17
Deixando Deus ser Deus“Sabei que o Senhor é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos
o seu povo e rebanho do seu pastoreio” (Salmo 100:3).
Se a nossa busca por Deus não for reverente, será mal-sucedida.
Temos de reconhecer a soberania de Deus sobre nós, vendo-o não somente
como o Criador, mas também como o nosso sustentador e reitor. É a nossa
tentativa de nos regermos por nós mesmos que nos tem encrencado, e antes
que o reino de Deus possa “chegar”, o nosso precisa “sair”. Temos de humilde,
confiante e contentemente deixar Deus ser Deus.
Humildade. Em um mundo obcecado por si, o louvor a Deus torna-se, muitas
vezes, pouco mais que o louvor aos nossos desejos. Demandamos que Deus seja
aquilo que almejamos e que ele resolva os nossos problemas da maneira que
prescrevemos. Mas Deus não existe para nossos propósitos pragmáticos, e o
aviso de Oswald Chambers é sábio: “Cuidado com a tendência de ditar a Deus
as conseqüências que você permitiria como condição de sua obediência a ele”.
Confiança. Aqueles que se sentam no trono de Deus e tentam controlar o que
acontece no mundo logo reconhecem que o trabalho é, para um ser humano,
tão estressante quanto impossível. Como nos liberta ficar calmos e deixar que
Deus cuide do funcionamento do universo! A pessoa que o busca de forma
reverente descansa na confiança que se pode contar com Deus para
supervisionar o mundo sem o nosso conselho e fazer acontecer seus propósitos
sem o nosso auxílio.
Contentamento. Deus deve ser o nosso centro, a fonte completa de nossa
adequação, a única coisa que verdadeiramente precisamos. Quando chegarmos
a entender a sua suficiência, e quando confiarmos nele sem reservas para suprir
as nossas necessidades pela segurança e significância, poderemos experimentar
uma paz que de outra forma seria inatingível. Dag Hammarskjold expressou a
essência da paz nestas palavras: “Diante de ti em humildade, contigo na fé, em
ti na paz”.
Buscar a Deus – na verdade e não com orgulho e auto-suficiência – é buscá-lo
em reverência. É direito de Deus, não nosso, de estabelecer os termos de nossa
relação com ele, e essa comunhão não será o que ansiamos até que deixemos
Deus ser Deus. “Foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e
rebanho do seu pastoreio.”
O grande ato de fé é um homem decidir que ele não é Deus.
(Oliver Wendell Holmes)
–por Gary Henry
18 2004:2
Deixando as pessoas serem pessoas“Neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode
fazer o homem?” (Salmo 56:11).
Quanto mais confiamos na proteção de Deus, melhor podemos lidar
com a imperfeição humana. Não há outra maneira saudável de
sobreviver em um mundo torto. Nada além do amor divino pode nos
preparar para amar os outros como devemos, pois é a nossa segurança no amor
perfeito de Deus que torna seguro amar aqueles que não são perfeitos. Sem o
Deus que as ordenou, as leis do amor seriam difíceis e perigosas, sem dúvida.
Quando a nossa maior confiança está em Deus, não somos tão vulneráveis em
relação às decepções que surgem ao lidarmos com outras pessoas. Podemos ser
autenticamente pacientes e longânimos. Ainda ficamos profundamente
magoados quando as pessoas nos decepcionam, e, certamente, não é correto
fingir outra coisa. Porém, em nossa mágoa, podemos ver essa realidade de uma
perspectiva muito maior. Quando nossos “tesouros” terrestres são ameaçados,
não reagimos da mesma maneira que reagiríamos se os mesmos fossem os
nossos únicos tesouros.
Até o ponto em que confiamos no poder de Deus para cumprir seus propósitos
à sua própria maneira, não seremos levados pelo impulso de “controlar” o que
acontece ao nosso redor e de evitar que certas coisas aconteçam.“Com o
fortalecer de sua fé você descobrirá que não há mais a necessidade de se ter
uma sensação de controle, que as coisas fluirão do jeito que devem fluir, que
você fluirá com elas para
sua grande alegria e
benefício” (Emanuel).
Quando confiarmos o
cumprimento de nossas
n e c e s s i d a d e s m a i s
profundas a Deus, não
olharemos para outros
seres humanos fazendo
com que nos forneçam
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Andando na Verdade 19
mais do que são capazes de fornecer. Nossas expectativas para com as outras
pessoas serão mais realistas quando vimos Deus como a única fonte daquilo que
mais precisamos. Seguros em seu amor, não colocaremos em mais ninguém a
carga impossível de nos amar perfeitamente.
Deve-se dizer, no entanto, que a confiança na perfeição de Deus nos liberta para
vermos as nossas próprias limitações por um ângulo melhor. O orgulho é, afinal,
algo muito cansativo e improdutivo, e o reconhecimento humilde de que não
somos Deus não nos confina, dá-nos poder. Faremos um trabalho melhor,
tornando-nos verdadeiros seres humanos, quando paramos de tentar fazer o
trabalho de Deus e nos concentramos nas tarefas que verdadeiramente nos
cabem.
A fé permite que as pessoas sejam pessoas
porque permite que Deus seja Deus.
(Carter Lindberg)
–por Gary Henry
A borla“Fala aos filhos de Israel e dize-lhes que nos cantos das suas vestes
façam borlas pelas suas gerações; e as borlas em cada canto, presas
por um cordão azul. E as borlas estarão ali para que, vendo-as, vos
lembreis de todos os mandamentos do SENHOR e os cumprais; não
seguireis os desejos do vosso coração, nem os dos vossos olhos, após
os quais andais adulterando, para que vos lembreis de todos os meus
mandamentos, e os cumprais, e santos sereis a vosso Deus” (Números
15:38-40).
Sob a lei de Moisés os israelitas tinham a borla nas suas vestimentas para
lembrá-los da sua aliança com Deus e da importância da obediência a seus
mandamentos. Sob a nova lei, não há uma borla como lembrete. Há,
porém, um lembrete mais significante. Cristo disse, em relação a tomar a sua
ceia, “fazei isto em memória de mim” (1 Coríntios 11:24). Quando partimos
o pão, lembramos o corpo de Cristo pregado na cruz. Ao bebermos o fruto da
videira, lembramos o seu sangue purificador derramado na sua morte na cruz.
Cada dia do Senhor, na ceia, nós anunciamos a morte do Senhor até que ele
venha (1 Coríntios 11:26).–por Billy Norris
20 2004:2
Momentos na vida de Cristo
Um rapaz perdidoJ
esus ensinou parábolas para ilustrar verdades espirituais. A minha predileta
é sobre um rapaz que solicitou, antes do tempo, que lhe fosse entregue a sua
herança (Lucas 15:11-32). Quando seu pai lhe atendeu o pedido,ele foi para
uma terra distante e gastou todo o dinheiro com uma vida “animalesca”. Quando
veio a fome, o dinheiro se esgotou e o rapaz faminto foi obrigado a cuidar de
porcos para sobreviver. Por fim, ele decidiu voltar a casa e pedir ao seu pai que
lhe contratasse como servo. O pai viu esse filho rebelde voltando e correu em sua
direção, abraçando-o e beijando-o. Deu uma festa para comemorar o retorno do
rapaz. O restante da história mostra o ciúme do irmão do rapaz. A história
simboliza a rebeldia do homem em relação a Deus ; o seu retorno a casa; o amor
de Deus pelo homem rebelde quando este se arrepende; e a arrogância daqueles
que pensam que nunca precisarão da graça de Deus.
Examine três lições importantes nessa história: ì O pecado leva ao chiqueiro
de porcos. Esse rapaz, a princípio, desfrutou do pecado, mas as conseqüências
disso lhe foram cobradas. Sempre que agimos indevidamente, desobedecendo
a Deus, acabaremos por nos machucar. í Voltar para Deus não é fácil. O
rapaz teve de reconhecer a sua indignidade, admitir seu estado, confessar seu
pecado e retornar a seu pai. Muitas pessoas nunca se arrependem, nem
retornam a Deus por serem muito orgulhosas para admitir a sua necessiade.
î Deus ama a quem não merece ser amado. São surpreendentes a
compaixão e a receptividade do pai em relação a esse rapaz que gastou todo o
dinheiro dele com um estilo de vida corrupto. Damos por certo que o rapaz, pelo
menos, levará uma boa surra e um grande sermão. Mas ele é recebido com
celebração. Quando nos enxergarmos nos pecados desse rapaz, agradeceremos
a Deus, vez após vez, por seu magnífico amor. Eu sou esse rapaz que se perdeu.
–por Gary Fisher
Ò O Poder de DeusEstudos no Novo Testamento
Andando na Verdade 21
Não é hora de tolice
Aparábola de Jesus sobre a Figueira Estéril (Lucas 13:6-9) é a historia do
proprietário de uma vinha cuja paciência finalmente se esgota pela longa
infertilidade de uma figueira muito favorecida e um cultivador intercessor
que roga por mais uma oportunidade antes de aplicar o machado.
Deus é visto claramente no proprietário da vinha e Cristo no cultivador, enquanto
o impenitente Israel é a árvore ameaçada. A questão entre o proprietário e o
cultivador não é se o julgamento deve vir sobre a figueira sempre inútil, mas
quando. Ainda que haja muita misericórdia e paciência nesta parábola, os tons
sombrios da retribuição iminente predominam.
Conquanto entendendo que esta história ficou originalmente como uma
advertência pictórica da proximidade do divino julgamento de um povo
privilegiado mas rebelde, precisamos também extrair dela os imutáveis princípios
que guiam o tratamento que Deus dá aos homens, em todas as eras.
O primeiro é que seremos julgados, não pelas aparências ou pela mera atividade,
mas por nossa fecundidade. E a fecundidade esperada será determinada pela
extensão do investimento de Deus em nós. Foi o amor concedido à sua amada
vinha (Israel) e a expectativa que ela produziu que lhe deu tanto desgosto pela
sua inutilidade (Isaías 5:1-7). Em Ezequiel, o Senhor observa que, apesar de
todas as bênçãos especiais com que ele tinha coberto seu povo, este tinha se
voltado para fazer coisas piores do que faziam os pagãos à sua volta (5:6).
Bênçãos especiais acarretam responsabilidades especiais.
Este princípio não muda no Novo Testamento. Em conexão com um apelo aos
servos de Deus para sempre estarem prontos para prestar contas, Jesus disse,
“Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lucas
12:48). Isto deverá ser especialmente significativo para os cristãos sobre os quais
Deus derramou o rico tesouro de suas bênçãos em Cristo (Efésios 1:3).
O escritor de Hebreus fala disto quando pergunta duas vezes como, em vista da
rápida punição aplicada aos transgressores sob a lei, pode esperar escapar da
fatalidade mais severa quem ainda negligencia “tão grande salvação”, como
a declarada pela própria boca do Senhor e selada com seu próprio sangue (2:2,
4; 10:28-29). Nenhum discípulo de Jesus se sentiria confortável servindo-o com
despreocupação indiferente em face de seu pesado investimento em nós. Suas
expectativas são justas. Aquele que permanece nele, ele disse, “produz muito
fruto” (João 15:5).
22 2004:2
Mas o que este fruto vital poderá ser? Não poucos têm sugerido que, dado o
propósito de Jesus em vir a este mundo (Lucas 19:10), deve ser conduzir almas
perdidas à salvação. Não pode haver dúvida de que o discípulo de Jesus precisa
tentar salvar os perdidos, e por mim, penso que haja uma grande possibilidade de
um verdadeiro discípulo, que produz frutos durante sua vida, conduzir ou ajudar
a conduzir muitos outros a Cristo. Mas ambos, o Velho e o Novo Testamento
tornam claro que não é nossa máxima responsabilidade converter os não salvos,
mas mostrar-lhes o caminho. A tarefa de Ezequiel foi advertir a obstinada casa de
Israel (3:17-21), pois “quer ouçam, quer deixem de ouvir”, Deus disse: “...
eles saberão que esteve um profeta no meio deles” (2:5). De sua própria
responsabilidade, Paulo disse que era plantar e regar a semente enquanto os
resultados eram deixados para Deus (1 Coríntios 3:6). Infelizmente, a tragédia para
muitos de nós é semente não plantada nem regada.
Então, qual é o fruto que podemos produzir sem questão, que está totalmente
dentro de nosso poder pela graça de Deus atingir? É uma vida piedosa, “cheios
do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e
louvor de Deus” (Filipenses 1:11). É um caráter rico do “fruto do Espírito”
(Gálatas 5:22-23) pelo poder do qual serviremos certamente cada propósito de
nosso Pai no mundo.
E como, por este mesmo princípio, o trabalho das igrejas locais será julgado?
Que tipo de igreja terá sucesso? Elas não serão medidas pelo tamanho que
tiverem, ou por quanto dinheiro coletam e gastam, ou como o seu programa é
ativo e se desenvolve eficientemente. Não. Nem mesmo finalmente pela
habilidade de pregar. Elas serão antes julgadas pela qualidade do povo que elas
estão produzindo para o discipulado na vida diária. Uma igreja local é um campo
de treinamento para equipar o povo de Deus para o serviço fecundo enquanto
elas crescem para a maturidade em Cristo (Efésios 4:12-13). Quando igrejas
fazem isto, todas as outras coisas necessárias serão conseguidas.
A parábola da Figueira Estéril é tanto confortante como ponderada. Na bondade
de Deus temos outra oportunidade se tenhamos vivido vidas espirituais de robôs,
infrutíferas, mas o julgamento está vindo e o machado está posto na raiz das
árvores. Que nenhum homem seja presunçoso.–por Paul Earnhart
Na Internet, você encontrará (grátis):! Centenas de estudos de diversos textos e assuntos
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Andando na Verdade 23
O machado na raiz: Vivendo no tempo prorrogado“Então, Jesus proferiu a seguinte parábola: Certo homem tinha uma
figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou;
pelo que disse ao viticultor: Há três anos que venho procurar fruto
nesta figueira, e não acho; pode cortá-la; para que está ela ainda
ocupando inutilmente a terra? Ele, porém, respondeu: Senhor, deixa-a
ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume.
Se vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-la” (Lucas 13:6-9).
Esta parábola de Jesus fala sombriamente de uma oportunidade perdida em
face de uma sentença pendente. O contexto nos diz que é dirigida à nação
judaica. O capítulo inicia com o apelo de Jesus por um arrependimento
nacional em larga escala e termina com seu lamento de coração partido sobre
a cidade de Jerusalém, cuja teimosa rejeição de seu amor estava levando-a à
desolação (13:34-35).
João Batista tinha primeiro advertido que o tempo estava se esgotando para
Israel. Ele disse: “Já está posto o machado à raiz das árvores; toda
árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada ao fogo”
(Mateus 3:10). E agora Jesus, adiantado em seu terceiro ano de pregação
pública, está dizendo que o desastre chegou mais perto. Ambos clamaram
urgentemente por uma mudança de coração (Mateus 3:2; 4:17).
A ocasião para a parábola da Figueira Estéril foi o relato feito por alguém a Jesus
do massacre de certos galileus “cujo sangue Pilatos misturara com os
sacrifícios que os mesmos realizavam” (Lucas 13:1). As legiões da
ocupação romana eram uma constante provocação para os rebeldes galileus que
ocasionalmente se arremessavam, sem esperança, contra seus opressores,
somente para serem esmagados sem misericórdia. Não temos outro registro
deste evento, mas Josefo registra um número de incidentes semelhantes,
suficiente para torná-lo perfeitamente crível. Pilatos tinha evidentemente pegado
alguns rebeldes galileus em suas devoções e dado cabo deles, com sangue
humano e animal correndo em pavorosa união.
Pela resposta de Jesus (“Pensais que esses galileus eram mais pecadores
do que todos os outros galileus, por terem padecido tais coisas?”, 13:2)
concluímos que o motivo para levantar este assunto não foi indignação, mas
presunçosa hipocrisia, a sugestão de que homens que chegaram a um fim tão
violento, sendo assassinados até na sua adoração, deveriam ser verdadeiramente
24 2004:2
perversos. Jesus replicou que a situação era pior do que eles pensavam e que,
a menos que eles próprios se arrependessem, pereceriam em semelhante horror.
Esta é talvez uma alusão à matança do ano 70 d.C. e, certamente, a um
julgamento divino muito mais terrível. Eram os pecados deles próprios que
deveriam preocupá-los.
A parábola da Figueira Estéril pretende dar uma força pictórica à advertência de
Jesus: “Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes,
todos igualmente perecereis” (Lucas 13:3-5). É uma história da suspensão
da pena no último minuto para uma figueira que, ainda que situada num lugar
favorecido numa vinha, tinha, durante três anos, deixado de produzir um único
figo. O proprietário, frustrado com tão longa esterilidade, disse: “Corta-a. É um
desperdício de solo bom, de tempo e de energia.” Mas o vinhateiro apelou para
o proprietário por mais uma estação, para ver se cuidado mais diligente poderia
levá-la à fecundidade.
A árvore sem frutos simboliza Israel, o povo de Deus favorecido por muito tempo
e ricamente abençoado, cujos modos infiéis e traiçoeiros tinham tentado
profundamente a paciência de Deus. No Velho Testamento, a própria vinha é que
era uma figura estabelecida de Israel (Isaías 5:1-7; Salmo 80:8-16). A. B. Bruce
sugere que a escolha da figueira por Jesus, nesta parábola, era para mostrar que
Israel, como a figueira na vinha, não tinha direito inerente às bênçãos de Deus.
Como a figueira, Israel estava num lugar favorecido, não por natureza ou direito,
mas pela graça do proprietário e a única coisa que o manteria ali era a
fecundidade. Privilégios trazem responsabilidades. Como Jesus mais tarde
observaria, mesmo uma videira não tem direito consagrado numa vinha, se é
infrutífera (João 15:26).
Paulo apresenta um argumento semelhante em Romanos onde, usando a figura
de uma oliveira, ele diz que os judeus, que eram os ramos naturais da árvore
porque as promessas foram feitas a eles, eram, não obstante, cortados por causa
de sua descrença. Quanto mais, então, isto se aplica aos gentios (ramos de
oliveira brava) que eram enxertados. Fiel ou infiel, frutífero ou infrutífero; este era
o assunto principal que regia as outras condições (Romanos 11:17-24).
O destino da figueira é deixado sem resolver, na parábola, justo como o destino
de Israel o é. Graça e oportunidade estão lá. Será agora determinado se Israel,
tendo sido amado e abençoado por Deus tão livremente durante tantos anos
(Deuteronômio 4:7-8) ouvirá afinal a voz do Filho de Deus que vem derramar-se
sobre eles em um último ato redentor. Qualquer que seja o caso, Israel está
vivendo no tempo prorrogado.–por Paul Earnhart
Andando na Verdade 25
Palavras Cruzadas
Jesus entre as Igrejas (Apocalipse 1-3)
1 2
3 4
5
6 7 8
9 10 11
12
13
14
15
16 17
18 19
20
21
22
23
Todas as respostas se encontram nos capítulos de 1 a 3 do Apocalipse, na
versão Almeida Revista e Atualizada, 2ª edição.
26 2004:2
Horizontais
3. Quantas igrejas na Ásia receberam cartas
4. Jesus em relação aos reis
5. Jesus em relação à criação de Deus
6. Mulher que seduzia os servos de Jesus a praticarem a prostituição
12. A igreja desta cidade era fraca mas fiel
13. Livro com os nomes dos salvos
17. Antipas morreu nesta cidade
18. Última letra do alfabeto grego
21. Saía da boca de Jesus
22. Tinha sinagogas em Esmirna e Filadélfia
23. Jesus em relação aos mortos
Verticais
1. O servo do Senhor que escreveu o Apocalipse
2. Bastão de um rei
3. A igreja desta cidade estava morta
7. A igreja desta cidade era morna
8. A igreja desta cidade tolerava uma falsa profetisa
9. Jesus odiava as obras deles
10. Ensinava Balaque a armar ciladas
11. A igreja desta cidade rejeitava falsos apóstolos
14. Jesus tinha sete delas na mão direita
15. O vencedor no santuário de Deus
16. A igreja desta cidade sofreria tribulação de dez dias
19. Remédio para os olhos
20. Ilha onde João recebeu a revelação do Apocalipse
–por Dennis Allan
Andando na Verdade 27
O arrebatamento“A VIAGEM SUPREMA..., Aqueles que ainda estão
vivos para contarem a história do ‘Projeto
Desaparecimento’ tentarão em vão descrever o
acontecimento que irá verificar os segredos mais
antigos da palavra de Deus... ‘Lá estava eu, dirigindo
pela estrada e, de repente, o lugar ficou uma loucura
... tinha carros indo a todas as direções ... e nenhum
deles tinha motorista. Estava uma loucura total! Eu
achava que era uma invasão do espaço!’” (Lindsey
124-125).
Esta é a descrição de Hal Lindsey do “arrebatamento”, um conceito
extremamente popular entre os fundamentalistas evangélicos. O que a
Bíblia ensina sobre a doutrina do “arrebatamento”?
A doutrina definida
Para responder esta pergunta, primeiro precisamos saber qual é a doutrina.
Lindsey afirma o seguinte:
“Algum dia, um dia que apenas Deus sabe qual é, Jesus Cristo virá para
levar embora aqueles que crêem nele. Ele virá para encontrar os verdadeiros
crentes no ar... Será o final vivo. A viagem suprema.” (Ibid. 126)
“... nós acreditamos que a Bíblia distingue entre o arrebatamento e a segunda
vinda de Cristo e .... eles não acontecerão simultaneamente.” (lbid.)
Então, de acordo com os pré-milenaristas (que acreditam num reinado futuro de
Cristo na terra durante mil anos), não há apenas uma segunda vinda de Cristo,
há uma segunda e uma terceira (e, na verdade, até uma quarta). A próxima vez
que Jesus vier, dizem os pré-milenaristas, ele secretamente “arrebatará”
Ó Desafios e DúvidasCrescendo em Conhecimento e Fé?
28 2004:2
(“apanhará”) os verdadeiros crentes. Ele ressuscitará os justos mortos. Mas os
descrentes e os mortos perdidos permanecerão.
Termos chaves
Há algumas palavras bíblicas chaves associadas com esta doutrina que
precisamos entender. O termo arrebatamento em si é derivado da versão
Vulgata Latina de 1 Tessalonicenses 4:17 onde aparece a expressão
“arrebatados”. De lá que parte a idéia de que os cristãos vivos na época da vinda
de Cristo serão trasladados e arrebatados para encontrarem o Senhor no ar
(Walvoord. 248).
Em 1 Tessalonicenses 4:17 a palavra grega “harpazo” é traduzida “arrebatados”
na versão Almeida Revista e Atualizada. O termo significa “agarrar, apanhar”
(Arndt & Gingrich. 108). A palavra “vinda”, usada para descrever a vinda de Cristo
(1 Tessalonicenses 4:15) é traduzida a partir da palavra grega “parousia”. Ela
significa presença, vinda, chegada” (Ibid. 635). Sempre foi usada para presença
literal (cf. Filipenses 2:12). Finalmente, a palavra “manifestação” usada para
descrever a segunda vinda de Jesus (1 Timóteo 6:14), vem do grego
“epiphaneia” (equivalente em português a epifania). Esta palavra refere-se a
“uma manifestação visível de uma divindade escondida” (Ibid. 304).
A doutrina descrita
Há seis partes principais à doutrina pré-milenarista do arrebatamento:
ì A “segunda vinda” de Cristo é diferente de, e vem após, o
“arrebatamento”: “... nós acreditamos que a Bíblia distingue entre o
arrebatamento e a segunda vinda de Cristo e .... eles não acontecerão
simultaneamente” (Lindsey 131).
í O arrebatamento será secreto: “...no arrebatamento, apenas os cristãos o
verão — é um mistério, um segredo. Quando os crentes vivos são levados, o
mundo será mistificado” (Ibid. 131).
î Apenas os justos serão ressuscitados na época do arrebatamento: os injustos
serão ressuscitados no final “do milênio” (Ibid. 130-31).
ï A igreja estará no céu por um período de sete anos (durante a Grande
Tribulação): “ ...sua presença durante este período dos últimos sete anos na
história depende completamente de você” (Ibid. 127).
ð Os acontecimentos na terra continuarão: “Estes crentes serão removidos da
terra antes da Grande Tribulação — antes daquele período da mais terrível
pestilência, matança e fome que o mundo jamais conheceu” (lbid).
Andando na Verdade 29
ñ Muitos serão levados a Cristo após tudo isso: “Nós precisamos entender que
durante a Tribulação de sete anos haverá pessoas que se tornarão crentes
naquela época” (Ibid. 132).
O que a Bíblia diz
ABíblia usa as palavras “arrebatados” (harpazo), “vinda” (parousia) e
“manifestação” (epiphaneia), de modo trocável, para descrever a segunda
vinda de Cristo. O Senhor irá destruir o sem lei “pela manifestação
(epiphaneia) de sua vinda (parousia)” (2 Tessalonicenses 2:8). Esta “vinda”
(parousia) é na mesma hora que ele arrebatará os santos (1 Tessalonicenses
4:15,17). Jesus não voltará uma terceira e quarta vez; há apenas a segunda
vinda. Estes acontecimentos, os cristãos sendo arrebatados e a segunda vinda
de Cristo, não serão separados por 1007 anos (a “Grande Tribulação de sete
anos seguida pelo reinado de 1000), como os pré-milenaristas afirmam, mas
ambos acontecerão ao mesmo tempo.
Quando ele vier pelos santos, não será secreto. “Porquanto o Senhor mesmo,
dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a
trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro” (1 Tessalonicenses 4:16).
Não haverá um período de 1007 anos entre a ressurreição dos justos e a
ressurreição dos injustos. Todos os mortos serão ressuscitados ao mesmo
tempo. “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os
que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem
feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o
mal, para a ressurreição do juízo” (João 5:28-29).
Os cristãos não vão ficar com o Senhor e depois voltar para a terra por mil anos.
Vamos deixar esta terra para sempre quando ele voltar. “Porquanto o Senhor
mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e
ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos
arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do
Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (1
Tessalonicenses 4:16-17).
A palavra “assim” é um advérbio que significa “nesta maneira”. Desta maneira,
no ar “estaremos para sempre com o Senhor”, não diz que apenas por sete anos
estaremos com o Senhor.
Na sua vinda (parousia) a terra, até o universo, será destruída (1 Coríntios 15:20-
24,50-54; 2 Pedro 3:1-12).
30 2004:2
Não haverá uma segunda chance para ser salvo, pois na sua vinda todos serão
julgados e receberão a eternidade no céu ou no inferno (Mateus 25:31-46).
A Bíblia não ensina a doutrina do pré-milenarismo do “arrebatamento”. Esta
doutrina alimenta a esperança falsa de uma segunda chance depois da volta de
Jesus. É uma parte integrante do sistema falso e materialista do pré-milenarismo.
Quando Cristo voltar, este mundo chegará ao fim, todos nós seremos julgados
e a eternidade começará.
“Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais
como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e
apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus,
incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão”
(2 Pedro 3:11-12).–por Keith Sharp
___________
Obras citadas:
Arndt, F.W. e W.F. Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament.
Lindsey, Hal. The Late Great Planet Earth.
Walvoord, John F. The Millennial Kingdom.
A solução rejeitada
Antes de Israel chegar à Terra Prometida, após sua fuga da escravidão
egípcia, tiveram problemas com aqueles que seriam seus vizinhos e até com
aqueles que eram seus parentes.
Os amonitas e moabitas eram descendentes de Ló, e por isso eram parentes de
Israel. No entanto, se mostraram inimigos de Israel repetidas vezes. Moisés disse
a seu respeito: “Nenhum amonita ou moabita entrará na assembléia do
SENHOR; nem ainda a sua décima geração entrará na assembléia do
SENHOR, eternamente. Porquanto não foram ao vosso encontro com
pão e água, no caminho, quando saíeis do Egito; e porque alugaram
contra ti Balaão, filho de Beor, de Petor, da Mesopotâmia, para te
amaldiçoar” (Deuteronômio 23:3-4).
Durante o longo período dos juízes e reis, Israel freqüentemente entrava em
conflito com os estados vizinhos até o reino do norte, Israel, ser levado ao
cativeiro assírio (721 a.C.), para nunca se recuperar. No fim, o reino do sul, Judá,
foi levado ao cativeiro babilônico (586 a.C.).
Andando na Verdade 31
Os samaritanos
Sargão, o rei da Assíria, deportou os judeus do reino do norte, Israel, e
colocou pessoas de outros povos no seu lugar. Como resultado, os judeus
que ficaram na terra e os estrangeiros que foram levados para lá se
tornaram uma raça mista com uma religião mista. “Assim, estas nações
temiam o SENHOR e serviam as suas próprias imagens de escultura;
como fizeram seus pais, assim fazem também seus filhos e os filhos de
seus filhos, até ao dia de hoje” (2 Reis 17:41). Esta raça mista de pessoas
ficou conhecida como os samaritanos, devido ao nome do território onde
moravam. Apesar de aceitarem o Pentateuco (os primeiros cinco livros do Velho
Testamento) e terem construído um templo no Monte Gerizim, havia ódio mútuo
entre os samaritanos e os judeus.
Na época de Cristo, uma mulher samaritana lhe perguntou: “Como, sendo tu
judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os
judeus não se dão com os samaritanos)?” (João 4:9). Os judeus mostraram
seu ódio tanto de Cristo quanto dos samaritanos: “Porventura, não temos
razão em dizer que és samaritano e tens demônio?” (João 8:48). Quando
Jesus e seus discípulos entraram numa vila dos samaritanos e eles não quiseram
o receber, Tiago e João propuseram que chamassem fogo do céu para consumi-
los. Jesus lhes disse: “...o Filho do Homem não veio para destruir as
almas dos homens, mas para salvá-las. E seguiram para outra aldeia”
(Lucas 9:56). Jesus colocou grande honra sobre alguns samaritanos nas lições
que ensinava. Ele contou a história do Bom Samaritano que saiu do seu caminho
para ajudar o judeu que fora espancado, roubado e deixado quase morto ao lado
do estrado de Jericó. O sacerdote e levita havia passado sem oferecer qualquer
ajuda (Lucas 10:30-36). Ele também contou dos dez leprosos que curou. Apenas
um voltou “e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus,
agradecendo-lhe; e este era samaritano. Então, Jesus lhe perguntou:
Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove?” (Lucas
17:16-17).
O poder do evangelho que uni
Para cumprir a profecia, a igreja foi estabelecida em Jerusalém no dia de
Pentecostes após a ressurreição de Cristo (Isaías 2:2-4; Atos 2). Muitos
obedeceram ao evangelho — 3000 (Atos 2:41), 5000 (Atos 4:4). “Crescia
a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos
discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé” (Atos 6:7).
O crescimento tão rápido e o fato de que até os sacerdotes judeus estavam se
32 2004:2
convertendo trouxe ressentimento e depois perseguição. Estêvão foi assassinado,
e um zelote judeu chamado Saulo “assolava a igreja, entrando pelas casas;
e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.
Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a
palavra. Filipe, descendo à cidade de Samaria, anunciava-lhes a
Cristo” (Atos 8:3-5).
Onde Filipe foi? Para esta raça mista de pessoas aos quais os judeus olhavam
com desprezo. “As multidões atendiam, unânimes, às coisas que Filipe
dizia ... E houve grande alegria naquela cidade” (Atos 8:6-8). Agora os
cristãos judeus estavam unidos com os cristãos samaritanos, todos um em
Cristo. “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo
Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo
nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em
Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão
e herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3:26-29).
Os muçulmanos
Estes são um povo numeroso que ocupa e controla muitos países, com
concentração maior no Oriente Próximo. Sua religião é o islamismo,
definido como “uma religião monoteísta caracterizada pela aceitação da
doutrina de submissão a Deus e a Maomé como principal e último profeta de
Deus”. Dizem que é uma religião de paz. Devido ao ódio fanático – demonstrado
em múltiplos atos de terrorismo e na morte de milhares de pessoas inocentes –
é difícil achar qualquer medida de paz nesta religião. Se for verdade que o
islamismo é uma religião de paz, extremistas e fanáticos entre eles estão dando
uma impressão errada de sua religião para o mundo. Se há pessoas pacíficas
entre eles, está na hora de elas se mostrarem.
Em Cristo, todas as pessoas, sejam judeus ou samaritanos, sejam judeus ou
muçulmanos, podem ser de um coração e uma alma. Deus provou isso através
do seu Filho, o Príncipe da Paz. Mas tanto os muçulmanos quanto os judeus têm
rejeitado esta maneira. Os muçulmanos preferem odiar o cristianismo, e os
judeus, há muito tempo, escolheram negar Cristo, o Filho de Deus e Salvador do
homem perdido.
Então as nações que andaram pelo caminho baixo do ódio durante milhares de
anos continuam a escolher aquele caminho triste de sofrimento e lágrimas sem
fim. Ai! Ai!–por Billy Norris
Andando na Verdade 33
Os desafios na vida do novo cristão (20)
Os cuidados do mundoU
m amigo meu queria um jardim no seu quintal. Depois de gastar muito
tempo, dinheiro e esforço, o seu quintal não produzia nada. Outro amigo,
após gastar pouco tempo, dinheiro e esforço em seu quintal, teve uma
“safra” inigualável.
Como se pode explicar a diferença entre esses dois jardins? Os dois terrenos
receberam fertilizantes, cultivo, sementes de alta qualidade e sol e chuva como
deviam. A única diferença estava na qualidade do solo. Um era improdutivo e
barrento, ao passo que o outro era rico e fértil. Não é difícil ver uma semelhança
com os cristãos.
“Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à
beira do caminho.... Outra parte caiu em solo rochoso.... Outra caiu
entre os espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram. Outra, enfim,
caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um”
(Mateus 13:3-8).
O solo ao lado do caminho entrava em contato com a semente, mas não a
aceitava (Lucas 8:12). O solo rochoso (pedregoso) tinha tão pouca profundidade,
que a semente não conseguiu sobreviver às provações e às tentações que se
seguiram (Lucas 8:13). O solo espinhoso era fértil, mas já tinha ocupantes: “O
que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os
cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e
fica infrutífera” (Mateus 13:22). Em nossa atual sociedade ativa, o solo
espinhoso tem muitos exemplos.
Os “cuidados do mundo” são preocupações e interesses mundanos.
Enquadram-se em três categorias:
ì Alguns cuidados são sempre pecaminosos. “Acautelai-vos por vós
mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique
sobrecarregado com as conseqüências da orgia, da embriaguez e das
preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós
repentinamente” (Lucas 21:34). Nunca é certo fazer as obras da carne
(adultério, prostituição, sensualidade, idolatria, etc. S Gálatas 5:19-21).
Parece-lhe estranho que o Novo Testamento alerte os cristãos de um
comportamento tão repulsivo quanto esse? Todos os pecados desta lista foram
praticados por pessoas que se diziam seguir a Cristo.
A ansiedade é outro exemplo do cuidado mundano que sempre é pecaminoso.
“Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao
34 2004:2
que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que
haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais
do que as vestes?” (Mateus 6:25).
í Alguns cuidados são sempre certos. “O que realmente eu quero é que
estejais livres de preocupações. Quem não é casado cuida das coisas
do Senhor, de como agradar ao Senhor” (1 Coríntios 7:32). “Cooperem
os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros” (1 Coríntios
12:25). “Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim
diariamente, a preocupação com todas as igrejas” (2 Coríntios 11:28).
Sempre é certo obedecer a Deus. Devemos importar-nos mais com Deus, que
exige honestidade, do que pelo empregador que exige que mintamos para
protegê-lo. Devemos importar-nos mais em nos reunir com os santos do que
com o salário por trabalho extra. Seja no vestir, no falar ou no agir, devemos
obedecer a Deus e não aos homens (Atos 5:29). Alguns estão no pecado
simplesmente porque não se importam.
î Alguns cuidados podem ser certos ou errados, dependendo das
circunstâncias. “Mas o que se casou cuida das coisas do mundo, de
como agradar à esposa” (1 Coríntios 7:33). O marido deve manter o equilíbrio
correto entre a atenção que deve dispensar à esposa e as demais atividades que
Deus exige dele. O pai deve corretamente dividir o seu tempo entre os filhos e as
demais obrigações. Educação boa é a que melhor prepara para servir ao Senhor;
é má se leva o indivíduo a negligenciar ao Senhor. Deus nos providenciou boas
coisas para o nosso prazer (1 Timóteo 6:17); mas também nos adverte quanto
ao mau uso do prazer (2 Timóteo 3:4).
Romanos 14 discute algumas coisas que, dependendo das circunstâncias, podem
ser certas ou erradas. Há uma diferença entre quem comete fornicação (sempre
errado) e quem come presunto (correto em si, mas errado se leva outro a tropeçar).
Fazer natação não é errado, mas, se praticado em presença de pessoas vestidas
de forma inadequada, pode ocasionar a tentação (Mateus 5:28; Romanos 14:13).
Assistir a televisão não é errado, mas, quando consome muito do nosso tempo
ou enche a nossa mente de lixo moral, devemo-nos arrepender (Provérbios 4:23;
Efésios 5:16; Filipenses 4:8).
O Novo Testamento não precisa citar uma prática condenável para que seja
pecaminosa. As “tais coisas” de Gálatas 5:21 são igualmente condenadas em
princípio como outros pecados são condenados pelo preceito. Alguns estão
em pecado por não distinguirem entre os cuidados certos e os errados.
Nem de longe podemos estimar quanto custou a Deus tornar-nos bom solo. Por
isso, não deixe que os cuidados do mundo o impeçam de dar frutos para o
Senhor (Mateus 13:23).
–por Rick Duggin
Andando na Verdade 35
Parte 1 de 2
A divindade de Jesus Cristo[Nota do redator: Esta é a primeira de duas partes de um estudo sobre a divindade deJesus. Por envolver pesquisas detalhadas e argumentos técnicos, todas as obras citadas,mesmo as de outras línguas, aparecerão na bibliografia no final da segunda parte, queserá publicada na próxima edição desta revista.]
Aquestão da divindade de Jesus Cristo, há muito tempo, tem sido um assunto
debatido. Desde o tempo em que Jesus viveu na terra, as pessoas têm tido
vários pontos de vista a respeito dele. Alguns o chamaram de embusteiro
(Mateus 27:63). Alguns disseram que ele desencaminhava as multidões; outros
disseram que ele era um bom homem (João 7:12). Alguns declaravam que ele
era um dos profetas, como Elias ou Jeremias (Mateus 16:14). Seus discípulos
confessaram sua fé em que ele era o Cristo, o Filho de Deus (Mateus 16:16).
Depois do primeiro século houve continuados debates sobre a natureza e a
identidade de Jesus. “As controvérsias cristológicas do fim do segundo século
e do início do terceiro foram assim uma parte da dialética interna da fé cristã”
(Ferguson 18). Para evitar os extremos do adopcionismo (Jesus era um bom
homem a quem Deus adotou como seu Filho) e do modalismo (Jesus era a
mesma pessoa que o Pai, que se manifestava em diferentes modos), “a solução
ortodoxa foi afirmar ao mesmo tempo a unidade de Deus, a divindade de Cristo,
e a distinção entre o Filho e o Pai” (Ferguson 18). Devido aos esforços para
tentar explicar tudo isto, as controvérsias “trinitárias” do quarto século nasceram.
Ainda que sempre tenha havido dissidentes, a posição ortodoxa definida por
diversos concílios que se conveniaram durante os próximos poucos séculos foi
que Jesus era verdadeiramente Deus, e que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são
personalidades distintas. Aqueles que negavam isto foram considerados
“anátemas” (Hardy 379). Em tempos modernos, o debate não diminuiu. A
teologia liberal do último par de séculos tem questionado o ponto de vista
“ortodoxo”, e tem tentado redescobrir o histórico Jesus. O resultado tem sido
uma negação da divindade de Jesus nesta era moderna de ceticismo.
O propósito deste estudo é considerar o que a Bíblia ensina sobre a identidade
de Jesus. A Bíblia contém a verdade histórica sobre Jesus, e estamos buscando
entender as muitas passagens bíblicas relativas à questão de sua identidade.
Mesmo dentro de modernos círculos religiosos, entre aqueles que declaram
aceitar a Bíblia como verdadeira, tem havido desacordo muito espalhado quanto
a se Jesus era Deus ou não. Há também a questão bíblica a respeito do que
36 2004:2
Jesus renunciou quando veio à terra. Alguns ensinam que Jesus era Deus
enquanto estava no céu mas, quando veio à terra, despiu sua divindade e se
tornou nada mais do que um humano. Estas questões teológicas têm grandes
implicações práticas. Se Jesus realmente era Deus, então ele merece pleno
compromisso e submissão. Se não era quem declarava ser, então era uma
fraude e merece ser relegado ao status de charlatão ou louco.
Nesta dissertação, o foco será sobre o que a própria Bíblia diz a respeito de Jesus
Cristo. Será feita menção às modernas tendências que se afastam da aceitação
de Jesus como Deus, mas será dada especial atenção aos textos bíblicos. A
intenção é mostrar que a Bíblia de fato ensina a divindade de Jesus Cristo.
Atenção especial será dada aos versículos específicos que ensinam sobre Jesus.
A moderna tendência de rejeitar a divindade de Jesus
Alguém que escreveu sobre esta questão fez a seguinte observação:
“Hoje em dia, pode-se encontrar evidência virtualmente em toda
parte – em todos os continentes, tanto nos círculos católicos
romanos como nos protestantes – que o que está teologicamente
“na moda” é contender por um Jesus que era somente um
homem por natureza e por uma Bíblia que virtualmente silencia a
respeito da clássica cristologia da encarnação de um Cristo de
dupla natureza – verdadeiro Deus e verdadeiro homem na única
pessoa de Jesus Cristo. Está muito em voga acreditar que a
melhor solução pode ser entender Jesus como somente um
homem – um homem muito incomum, naturalmente, com uma
missão especial de Deus – e explicar as atribuições bíblicas a ele
de qualidades divinas em outros termos não ontológicos”
(Reymond 2-3).
Esta citação descreve com precisão o pensamento religioso moderno daqueles
que são crentes professos em Deus. Tanto estudiosos protestantes como
católicos romanos estão ensinando que Jesus não era realmente Deus. Eles
estão dizendo que ele nem mesmo declarou ser Deus, mas discípulos mais tarde
atribuíram divindade a ele. Parte da razão por que a tendência moderna tem
estado afastada da crença na divindade de Jesus é devida à questão da
confiabilidade das narrações do evangelho. A questão geral tem sido levantada
sobre se os evangelhos, como os temos, são ou não verdadeiras representações
da vida e das declarações de Jesus Cristo.
Andando na Verdade 37
Rudolph Bultmann era um importante estudante liberal que questionou a crença
na veracidade histórica das narrações do evangelho. A teologia de Bultmann
estava baseada no conceito de que se precisa “desmitologizar” as narrações. Isto
significa que é preciso ficar por trás do que é dito para tentar achar o que a
verdade real é, o que pode estar escondido em algum lugar nas profundezas do
ensinamento mítico. Bultmann questionou a idéia de que Jesus tivesse uma
consciência messiânica (Bultmann 26). Ele apoiou o conceito que diz que pontos
de vista como estes sobre Jesus foram sobrepostos sobre Jesus por discípulos
posteriores. Esta abordagem básica é agora adotada por um grande número de
estudiosos. Ele assumiu que os relatos do evangelho são informação de segunda
mão e que eles contêm tradições humanas sobre Jesus. A “forma de crítica” de
Bultmann tomou o mundo teológico como uma tempestade no vigésimo século
(Praamsma 61).
Talvez o mais significativo desenvolvimento na era moderna do entendimento
bíblico seja a popularização de um “novo” Jesus histórico pelo “Seminário de
Jesus”. Este seminário, realizado primeiramente em 1985 sob a liderança de
Robert Funk, reuniu-se em várias ocasiões para chegar a conclusões a respeito
de quem Jesus realmente foi e quais, dos relatos do evangelho, são suas palavras
e declarações reais. “Poderia a fé ter feito com que os escritores de todos os
quatro Evangelhos embelezassem o fato real? Teriam as políticas da igreja
primitiva feito com que eles alterassem ou acrescentassem à história de Jesus?
Quais partes do Novo Testamento poderiam ser relatos puros e não mitificações
piedosas?” (Ostling e Towle 54-55). Eles decidiram, através de um processo de
votação com contas coloridas, que menos do que um quinto dos tradicionais
ditos de Jesus são autênticos. Suas conclusões estão publicadas numa obra
chamada The Five Gospels (significa “Os Cinco Evangelhos”). Suas conclusões
têm recebido muita atenção dos meios de publicação, e a popularização de suas
idéias parece que terá um forte impacto sobre a opinião pública nos anos
vindouros. Ainda que não esteja dentro do objetivo desta dissertação comentar
o Seminário de Jesus, precisa-se questionar o processo de votação sobre as
palavras de Jesus por pessoas que estão perto de dois mil anos afastadas dos
eventos. O ponto é que há um continuado esforço para redefinir o Jesus dos
relatos evangélicos. Tudo isto parece realçado por uma tendência anti-
sobrenatural e a recusa a considerar os relatos do evangelho como documentos
históricos por causa do tipo de material que ele contém. Eles assumem que ele
não pode conter material contemporâneo, e que qualquer registro de eventos
notáveis ou declarações são automaticamente não confiáveis. “E eles então
chegam a conclusões baseadas na fé, freqüentemente de sua própria criação”
(Woodward 2).
38 2004:2
Um escritor conservador, que tem devotado trabalho à crítica do revisionismo
moderno, mostra que ainda há boas razões para se aceitarem os relatos
históricos do evangelho. Depois de criticar a evidência da confiabilidade do
evangelho de Marcos, ele observa o seguinte:
“O Jesus sobrenatural do Evangelho de Marcos, naturalmente, é difícil
de ser aceito por muitas pessoas do vigésimo século. Não é o tipo de
retrato que se pudesse esperar que um moderno aceitasse, se boa
evidência não houvesse aí em seu favor. Mas a evidência aí está. E,
antes que ajustar a evidência para fazer Jesus mais palatável às
sensibilidades do século vinte, parece mais razoável deixá-la intacta e
simplesmente permitir que o enigma deste judeu do primeiro século
confronte nossas sensibilidades do século vinte. Pode mesmo ser que
a história, afinal, não seja um continuum, fechado!” (Boyd 243).
Como é o caso em muitos campos, a tendência é freqüentemente o fator
determinante de a pessoa aceitar ou não Jesus como os relatos do evangelho o
apresentam. Há sempre um outro lado das histórias que é popularizado nos
meios de comunicação. Em qualquer caso, a fé é envolvida no processo de
aceitação. “Assim, se a pessoa mantém que Jesus era o Filho de Deus e foi
levantado dos mortos, ou se a pessoa acredita que Jesus era um filósofo cínico
cujo corpo foi finalmente devorado pelas bestas selvagens, a fé é
necessariamente envolvida” (Boyd 293). Há muita especulação e pouca
evidência objetiva que existe por parte de muitos revisionistas. Em vez disso, “a
narrativa dos Evangelhos é descartada e pedaços da Escritura são embaralhados
para revelar o ‘Jesus histórico’ do próprio estudioso” (Woodward 65). Parece
mais razoável considerar os evangelhos à sua luz histórica. Eles declaram ter sido
escritos e confirmados por testemunhas oculares (1 João 1:1-3; Lucas 1:1-4; 2
Pedro 1:16). Jesus foi visto, ouvido e seguido. Somente demonstrando que estes
escritores eram mentirosos, iludidos, ou de algum outro modo os
desacreditando, poderemos assumir que os relatos do evangelho não são
designados a serem entendidos historicamente.
A questão se Jesus era ou não o Filho de Deus parece ser mais um assunto
filosófico nesta era moderna. Muitos não crêem nele simplesmente porque
pensam que é tolice aceitar que um homem que viveu dois mil anos atrás possa
ser um salvador numa era moderna. Alguns não aceitarão o conceito de
ressurreição sem se importar com quanta evidência é mostrada para isso. A
própria Bíblia antecipa que muitos pensariam deste modo (1 Coríntios 1:18 e
segs.). Não obstante, houve milhares de cristãos que deram suas vidas pela sua
fé na ressurreição, inclusive aqueles que andaram com Jesus. Há “pouca dúvida
de que o levantamento de Jesus por Deus para uma nova vida foi uma convicção
Andando na Verdade 39
cristã primitiva” (Woodward 66). Eles podem ter sido “tolos,” mas estavam
convencidos e convictos. E mais, poderia parecer lógico que estas pessoas que
viveram com Jesus, e durante um tão curto tempo depois de Jesus, soubessem
mais sobre a vida, os cenários e os tempos de Jesus do que qualquer pessoa
moderna saberia. Eles não podem ser desacreditados porque aceitaram Jesus
como o Filho de Deus: seus atos baseados em suas convicções deverão dar-lhes
credibilidade. Naturalmente, eles também tinham uma tendência, como todos
têm; mas pode ser que sua tendência realmente fosse fundada em terreno
sólido.
O que a Bíblia diz sobre Jesus?
Apartir deste ponto, o foco mudará para os textos escriturais e perguntará: a
Bíblia, de fato, ensina que Jesus era Deus? Há muitos que professam que
a Bíblia é historicamente verdadeira, mas que não crêem que Jesus fosse
Deus. É este problema que será enfrentado.
O que significa “divindade”?
Divindade é, geralmente, uma referência a um ser que está no estado de ser
Deus. Ao dizer que um ser é “divino”, está-se dizendo que este ser possui
a natureza de Deus, ou está no estado de ser Deus. Na Bíblia, Theos,
Deus, refere-se “ao ser supremo sobrenatural como criador e mantenedor do
universo: Deus” (Louw e Nida 137). A Bíblia se refere a Deus como aquele que
“fez o mundo e tudo o que nele existe” (Atos 17:24). Palavras derivadas de
theos, como theotes, se referem à “natureza ou estado de ser Deus” (Louw e
Nida 140). Esta é a idéia como é encontrada em Colossenses 2:9, que afirma
com referência a Jesus, “nele habita corporalmente toda a plenitude da
Divindade”. Ao afirmar que Jesus é divino, está-se dizendo que Jesus possui
certas características divinas. Antes, está-se dizendo que ele é propriamente
Deus, o ser supremo sobrenatural que criou e sustenta o universo.
Pode ser mostrado pela Bíblia que Jesus possui a natureza de Deus, então será
mostrado que a Bíblia ensina que ele é Deus. A “natureza” se refere aos atributos,
características e qualidades que fazem de alguma coisa o que ela é. São os
traços essenciais que pertencem a alguma coisa. Se alguém é desprovido destes
traços essenciais de divindade,essa pessoa não é Deus. Gálatas 4:8 se refere
“àqueles que por natureza não são deuses”. Essas pessoas tinham adorado
40 2004:2
alguma coisa que não era Deus; esses ídolos não continham a essência da
divindade. Conquanto seja impossível definir todos os atributos essenciais de
Deus, e isso não esteja dentro do alcance deste estudo, algumas das
características específicas que se ajustariam dentro desta categoria incluem a
onipotência e a eternidade. Somente Deus é “Todo-Poderoso” e eterno, no
sentido em que ele não teve princípio e não tem fim. Qualquer ser que possuísse
esta característica seria certamente considerado divino. A questão é: são tais
atributos atribuídos a Jesus Cristo na Bíblia? Este estudo responde
afirmativamente, e procurará mostrar algumas das várias provas bíblicas da
divindade de Jesus. Evidências de ambos, do Velho como do Novo Testamento,
serão consideradas.
O Velho Testamento
Para mostrar que Jesus é o Messias, é comum ir ao Velho Testamento para
considerar as muitas profecias e alusões (mais de 300) a respeito do
Messias. Depois, deve mostrar no Novo Testamento como Jesus cumpriu
estas profecias. Algumas destas profecias incluem referências ao Messias como
sendo divindade.
Isaías 9:6 se refere ao Messias como “Deus Poderoso” (El Gibbor). Em Jeremias
32:18, o nome de “Deus Poderoso” é identificado como “SENHOR (Yahweh) dos
exércitos”. Alguns têm argumentado que “Deus Poderoso” não é o mesmo que
“Deus Todo-Poderoso” e, portanto, Jesus não era realmente Yahweh. Jeremias
responde essa questão. O “Deus Poderoso” é “Yahweh dos exércitos.”
“Yahweh” (Jeová ou Javé) é usado 6.800 vezes no Velho Testamento. É o nome
mais precioso para Deus. “Jesus,” como abreviação de Jehoshua, significa
“Jeová, o Salvador”. Para seus pais terrestres, foi dada a mensagem que seu filho
se chamaria “Jesus” (Mateus 1:21). Isto não foi acidental. A Bíblia de fato ensina
que Jesus era Yahweh feito carne (João 1:1,14). Considere as seguintes ligações
bíblicas:
ì Isaías 8:13-14 se refere a Yahweh como aquele que se tornaria uma pedra de
tropeço e uma rocha de ofensa. O Novo Testamento aplica isto a Jesus em 1
Pedro 2:8.
í Isaías 40:3 fala daquele que viria diante de “Yahweh” no deserto. Isto é
aplicado a João Batista quando preparava o caminho para Jesus, o Cristo
(Mateus 3:3; Lucas 1:76; João 3:28).
Andando na Verdade 41
î Em Isaías 42:8, Yahweh fala da glória que pertence somente a ele, e que ela
não seria dada a outro. Jesus pregou sobre a glória que ele partilhava com o Pai
antes que houvesse mundo (João 17:5). Em Isaías 6 é relatada uma visão na
qual Isaías viu Yahweh sentado em seu trono. João 12:36-41 registra que
afirmações feitas por Isaías foram pronunciadas “porque ele viu sua glória, e
falou dele”. No contexto, isto é claramente uma referência a Jesus. Isaías viu
“sua” glória e falou “dele”, de Jesus. Isto liga Jesus a Yahweh.
ï Isaías 44:6 faz uma afirmação clara a respeito de Yahweh: “Eu sou o
primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus”. Seria lógico que
alguém que declarasse isto teria que ser Deus, ou teria que ser um mentiroso. O
Novo Testamento atribui esta mesma frase, “o primeiro e o último”, a Jesus
(Apocalipse 1:17-18; 2:8: 22:13-16). Estas referências ensinam que Jesus é
Yahweh.
ð Salmo 102 começa uma oração a Yahweh. Uma parte desta mesma oração
é aplicada a Jesus em Hebreus 1:10-12. Seria difícil conciliar como uma oração
(ou mesmo uma parte de uma) feita a Yahweh pudesse ser assim aplicada a
alguém que não é Deus.
Estas e outras referências tomadas juntamente provêem um apoio muito forte
para a divindade de Cristo sendo ensinada pelo Velho Testamento. Não parece
ser por acidente que tais ligações fossem feitas entre os Testamentos. Jesus não
estava vindo a esta terra para ser só qualquer outro homem; ele estava vindo
para ser o salvador do mundo. Definitivamente, somente o próprio Deus poderia
preencher este papel.
O que os relatos do Evangelho ensinam?
Os relatos do Evangelho não fornecem biografias completas da vida de
Jesus. Eles, contudo, dão eventos relevantes, atos, declarações
ensinamentos de Jesus enquanto ele vivia nesta terra. Portanto, é
apropriado considerar o testemunho destes registros. Ensinam eles que Jesus é
divindade? Nem todos os registros dão o mesmo destaque aos atos e
ensinamentos que outros. Cada evangelho foi escrito por propósito pretendido
e para uma audiência especial. Diferentes ângulos são considerados nos
ensinamentos de Jesus, e diferentes fatos são enfatizados.
ì As declarações de Jesus. Conquanto Jesus não tenha feito nenhuma
declaração explícita de que era Deus, ele de fato fez declarações que
definitivamente o identificavam como Deus. Tomadas em conjunto, elas apóiam
uma questão para o entendimento de Jesus, que ele é Deus.
42 2004:2
a. Ele declarou ter uma relação inigualável com o Pai. Ele não
declarou apenas crer ou amar a Deus; ele declarou que ele e o Pai eram um
(João 10:30). Ele não se referiu a si mesmo como um filho de Deus, mas o
Filho de Deus. João 5:17-18 registra uma ocasião quando Jesus tinha feito
um milagre justamente no sábado. Ele disse aos judeus: “Meu Pai
trabalha até agora, e eu trabalho também”. Isto enfureceu os judeus,
por isso “ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente
violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai,
fazendo-se igual a Deus”. Eles entenderam que Jesus estava alegando
ter uma relação com o Pai num sentido incomparável, e creram que isto era
blasfêmia, pois ele estava “fazendo-se igual a Deus”.
b. Ele declarava ter autoridade para perdoar pecados. Marcos 2
registra quando Jesus, confrontado com um homem paralítico,
simplesmente disse: “Filho, teus pecados são perdoados”. Os judeus
pensaram que isto era errado, pois ninguém “pode perdoar pecados a
não ser Deus somente”. De modo a provar que ele tinha autoridade para
perdoar, Jesus curou o homem. O direito a perdoar pecados é um direito
divino.
c. Ele se declarou sem pecado (João 8:29,46; 18:23). Outras passagens
bíblicas apóiam esta declaração (Hebreus 4:15), que põe Jesus em nítido
contraste com todos os outros, pois pecaram (Romanos 3:23).
d. Ele declarou ter autoridade para julgar o mundo (João 5:25-27). Ele
disse que suas palavras haveriam de julgar no último dia (João 12:48). Ou
ele se entendia como Deus, ou era o homem mais convencido e arrogante
que jamais viveu.
e. Ele declarou falar as próprias palavras de Deus. Ele disse: “Minhas
palavras não passarão” (Mateus 24:35). Ele colocou suas próprias
palavras em igualdade com as palavras de Deus.
f. Ele declarou ser o único caminho para a salvação. Ele disse: “Eu
sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por
mim” (João 14:6). Não se pode ficar neutro diante de uma declaração
como esta. Ela é estreita e exclusiva. Mais tarde, os apóstolos
testemunharam que não há outro nome dado pelo qual podemos ser salvos
(Atos 4:12). Se não, a Bíblia está afirmando salvação através de alguém que
não tem direito a declarar ser o único caminho até Deus.
g. Ele declarou ser o Autor e Doador da vida. “O Filho do homem dá
vida a quem ele quer” (João 5:21). Ele se chamou o “pão da vida”
(João 6:48), e a “ressurreição e a vida” (João 11:25).
Andando na Verdade 43
h. Jesus exigiu a mais alta lealdade da humanidade. Ele disse que
seus seguidores têm que negar a si mesmos e segui-lo (Lucas 9:23). Ele
disse a seus seguidores que eles têm que amá-lo acima de tudo o mais,
incluindo membros da família (Lucas 14:26; Mateus 10:34-39). Se Jesus
não pensasse que ele era Deus, o que mais poderia ele estar pensando?
i. Ele declarou cumprir todas as profecias do Velho Testamento a
respeito do Messias. (Lucas 24:44). Considerando quantas profecias há
sobre o Messias, esta é uma admirável declaração. Uma vez que, conforme
já foi demonstrado, o Velho Testamento liga o Messias a Yahweh, então a
declaração de Jesus de ser o Messias é também uma declaração de
divindade.
j. Jesus declarou ser Deus. Ao falar aos judeus sobre Abraão, Jesus
disse: “Antes que Abraão fosse, eu sou” (João 8:58). Isto levaria os
judeus de volta ao tempo quando Yahweh falou a Moisés no arbusto
ardente, declarando ser “EU SOU O QUE SOU” (Êxodo 3:14). Por causa
desta declaração os judeus pegaram pedras para atirar em Jesus, pois eles
sabiam as suas implicações. Nesta afirmação, Jesus estava declarando
existência eterna e auto-suficiência. Se ele não fosse Deus, então isto
realmente seria blasfêmia.
Estas declarações demonstram o ensinamento bíblico que Jesus tinha uma
consciência messiânica e divina. Rejeitar todas elas como sendo sobrepostas a
Jesus por discípulos ulteriores não é consistente com a evidência, e retrata os
discípulos ulteriores como sendo tão espertos e fraudulentos que se torna difícil
imaginar. Estas declarações são sutis, ainda que fortes. Tomadas em conjunto,
elas argumentam que Jesus declarou ser Deus.
í As obras de Jesus. Não era suficiente para Jesus fazer declarações
espetaculares. Ele precisava apoiar o que dizia. Este era o propósito das obras
dele. Em João 5, Jesus afirmou que seu próprio testemunho, por si só, não seria
válido. Ele defendeu-se apelando para outros testemunhos. Um destes
testemunhos são as obras que ele realizava: “as obras que o Pai me confiou
para que eu as realizasse, essas que eu faço, testemunham a meu
respeito, de que o Pai me enviou” (João 5:36). Nicodemos tinha vindo antes
a Jesus e disse: “Rabi, sabemos que és mestre, vindo da parte de Deus;
porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não
estiver com ele” (João 3:2). Mais tarde, Jesus disse aos judeus: “Se não faço
as obras de meu Pai, não me acrediteis; mas, se faço, e não me credes,
crede nas obras; para que possais saber e compreender que o Pai está
em mim, e eu estou no Pai” (João 10:37-38). João 20:30-31 afirma que as
obras que Jesus fez tinham a intenção de acender a fé naqueles que sabiam
44 2004:2
delas. Pedro disse a alguns judeus no Pentecostes que Jesus era “varão
aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os
quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós
mesmos sabeis” (Atos 2:22). É impossível separar Jesus de suas atividades. Os
milagres e as obras que Jesus fez são inseparavelmente ligados com sua vida na
terra; e não podem ser rejeitados simplesmente por serem milagrosos.
Jesus fez diferentes tipos de milagres, mas podem todos ser classificados em três
categorias: milagres sobre a natureza (p. ex., acalmando a tempestade), milagres
de curas físicas (p. ex., curando o homem paralítico), e milagres de ressurreição
(p. ex., Lázaro). Houve muitas testemunhas da maioria destes milagres. Mesmo
os inimigos de Jesus os admitiam. O ponto aqui é que a Bíblia ensina que Jesus
operou milagres de modo a apoiar suas declarações. Portanto, o que quer que
seja que Jesus declarou, de acordo com a Bíblia, foi provado por suas obras.
Desde que suas declarações implicam, direta ou indiretamente, que ele é Deus,
então as obras que ele fez verificam isto e a proposição deste estudo é
verdadeira: a Bíblia ensina a divindade de Jesus Cristo.
î A aceitação de adoração. Outra importante prova bíblica da divindade de
Jesus é sua aceitação de adoração. A Bíblia ensina que o único que deve ser
adorado é Deus. O próprio Jesus reconheceu isto (Mateus 4:10). Conquanto seja
possível para alguém que não é Deus aceitar adoração, a aceitação de adoração
por Jesus mostra, pelo menos, que ele pensava ser divino. Muitos exemplos disto
são dados nos relatos do evangelho (cf. Mateus 8:2; 9:18; 14:33; 28:9,17).
Merecem observação especial três passagens do Novo Testamento ligadas com
isto:
a. João 5:23. Jesus afirmou que todos deverão honrar o Filho (Jesus)
exatamente assim como ele honrava o Pai. Se ele não pensasse que era
Deus, então ele era culpado de blasfêmia. Esta afirmação sozinha
demonstra o ensinamento bíblico da divindade de Jesus. Para que alguém
declare que merece a mesma honra que o Pai, teria que ser Deus, ou teria
que ser um mentiroso.
b. João 20:28. Depois da ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos.
Tomé não estava presente no primeiro aparecimento, e duvidou que Jesus
tivesse realmente sido visto. Quando Jesus apareceu novamente, Tomé viu
e fez a seguinte afirmação a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus”. Não há
indicação de que Jesus tentasse corrigir isto. Jesus aceitou esta adoração,
tanto como a referência a sua divindade. De fato, ele respondeu a Tomé:
“Porque tu me viste, acreditaste?” (20:29).
c. Hebreus 1:6. Referindo-se a Jesus, o texto diz: “Que todos os anjos
de Deus o adorem”. Esta instrução é dada pelo Pai. A Bíblia mostra que
Andando na Verdade 45
os anjos sabiam que o único que poderiam adorar corretamente era Deus.
(Apocalipse 19:10). Se lhes é dito por Deus para adorarem Jesus, então esta
é uma clara implicação do ensinamento de que Jesus é Deus.
ï A ressurreição. Se há um evento no qual todo o ensinamento bíblico
repousa, é a ressurreição. Pela ressurreição, Jesus foi “designado Filho de
Deus com poder” (Romanos 1:4). Este é o único milagre na Bíblia que, se
historicamente verdadeiro, valida a possibilidade de todos os outros milagres, e
a história como registrada na Bíblia. Por esta razão, é uma das questões mais
acaloradamente debatidas. Os revisionistas têm buscado várias explicações para
o corpo de Cristo desaparecido do túmulo. “A ressurreição é excluída a priori do
tribunal porque ela transcende tempo e espaço. Os historiadores têm então que
arranjar outra razão para explicar as origens do cristianismo” (Woodward 65). Um
estudioso do Novo Testamento argumentou que a ressurreição é uma “fórmula
vazia” que precisa ser rejeitada por alguém que tenha um “ponto de vista
científico” (Woodward 62). Assim, alguns, como Crossan, argumentam que o
corpo de Jesus foi devorado por cães selvagens. Outros dizem que ele apenas
pareceu estar morto. Outros argumentam que seu corpo apodreceu no túmulo,
e que os discípulos foram à sepultura errada. Então alguns argumentam que os
aparecimentos de Jesus foram somente experiências psicológicas, “um êxtase
de massa”. É interessante que, na busca pelo Jesus “histórico,” estudiosos
especulem sobre estas coisas para as quais eles não têm evidência histórica
concreta, objetiva. Ainda assim, esperam que esqueçamos a evidência bíblica e
aceitemos as especulações.
Contudo, como muitos outros argumentam, há forte evidência histórica para a
declaração de Jesus de ser o Messias, e para sua ressurreição corporal (cf.
Ostling e Towle 58). Para descartar definitivamente a evidência bíblica por causa
da suposição de que milagres como a ressurreição não poderiam ter ocorrido
reflete falta de investigação honesta de matérias históricas. Testemunhas
oculares declaram ter visto Jesus vivo depois que ele tinha morrido. O corpo
tinha sumido do túmulo depois do sepultamento, e “nenhuma explicação natural
convincente é disponível para responder por este fato” (Craig 280). Na verdade,
qualquer outra explicação envolverá necessariamente especulação, pois não há
nenhuma evidência contemporânea primitiva crível que responda pelos fatos de
outra maneira. Se alguém está indo buscar o Jesus histórico, então os registros
do evangelho têm que ser trazidos para testemunho, pois não tem havido
“nenhum dado novo sobre a pessoa de Jesus desde que os Evangelhos foram
escritos” (Woodward 70).
A evidência histórica é suficientemente maciça para convencer o investigador de
mente aberta. Por analogia com qualquer outro evento histórico, a ressurreição
tem evidência eminentemente crível por trás dela. Para desacreditar, precisa-se
46 2004:2
deliberadamente fazer exceção às regras que se usam em toda parte na história.
Agora, porque alguém haveria de querer fazer isso? (Kreeft e Tacelli 197).
A ressurreição atesta a identidade de Jesus. Ela declara, com poder, que Jesus foi
o Filho de Deus (Romanos 1:4). A Bíblia usa a ressurreição para reforçar a crença
em Jesus como o Filho de Deus. Os discípulos que ficaram grandemente
desalentados com a morte de Jesus, ficaram convencidos de que Jesus se
levantou e se mostraram, subseqüentemente, dispostos a morrer para pregar isso.
De todos os milagres e notáveis eventos registrados na Bíblia, a ressurreição é o
mais significativo. Se ela não aconteceu, então aqueles que dedicam suas vidas a
Jesus fazem-no em vão (1 Coríntios 15:12-19). Se ela, de fato, aconteceu, “valida
sua declaração de ser divino e não meramente humano, pois a ressurreição da
morte está além do poder humano; e sua divindade convalida a verdade de tudo
o mais que ele disse, pois Deus não pode mentir” (Kreeft e Tacelli 176).
Títulos atribuídos a Jesus
Jesus se refere a si mesmo por vários títulos, e outros escritores do Novo
Testamento se referem a ele por vários descrições. Estas referências a Jesus
demonstram uma alta Cristologia na Bíblia. Elas mostram tanto a concepção
que Jesus faz de si mesmo como os pontos de vista de outros sobre ele. Esta parte
discutirá quatro dos importantes e debatidos títulos, bem como descrições que
foram usadas para Jesus, tanto nos relatos do Evangelho como nas epístolas.
ì Filho de Deus. A Bíblia se refere freqüentemente a Jesus como o Filho de
Deus. Ainda que Jesus não usasse isto para referir a si mesmo, ele de fato falou
de tal modo que apoiaria seu entendimento de que ele era o Filho de Deus (João
5:17-19). Alguns tomaram a frase “Filho de Deus” para significar que Jesus era
o “descendente” de Deus. Ela é usada, então, para dizer que a Bíblia ensina que
Jesus foi um ser criado. Contudo, a frase “filho de” é aberta para diferentes
significados na Bíblia. Ela pode significar “descendente”, porém não
necessariamente em todo contexto. Ela pode também ter o significado de
identidade, aquele que compartilha da mesma natureza ou exibe as mesmas
características que outro. Por exemplo, Jesus se referiu a Tiago e João como
“filhos do trovão” (Marcos 3:17). Ele falou de “um filho de paz” (Lucas
10:6). Judas foi mencionado como o “filho da perdição” (João 17:12).
Portanto, “filho de” nem sempre traz uma idéia física, literal, de “descendente.”
Com respeito a Jesus, Filho de Deus significa “aquele que tem as características
essenciais e a natureza de Deus” (Louw e Nida 141). Quando Jesus declarou ser
o Filho de Deus, ele estava declarando ter uma relação inigualável com o Pai. Os
judeus entenderam que Jesus quis dizer que ele era “igual a Deus” (João 5:17-
18; 10:30-38). Assim, ao afirmar que Jesus é o Filho de Deus, está-se afirmando
Andando na Verdade 47
que Jesus compartilhou da mesma natureza que o Pai. Ele é, em essência, “Deus
o Filho.” Jesus é o Filho de Deus naquele muito inigualável sentido que ele é uno
com o Pai. Isso nada tem a ver com sua origem.
í Filho do Homem. Jesus referiu a si mesmo freqüentemente como o “Filho
do Homem”. Isso é usado cerca de 82 vezes nos Evangelhos. A primeira
impressão que se tem do uso deste título é que ele identifica Jesus com a
humanidade. A Bíblia ensina que Jesus era um humano real. “Filho do Homem”
pode certamente implicar que Jesus compartilhava da natureza e caráter da
humanidade. Parece, contudo, que isto não explica adequadamente a frase.
Jesus nunca teve que provar que ele era humano, era óbvio ao se olhar para ele.
Este uso do termo era uma auto-designação, mas parece haver aí mais do que
isso. A evidência indicaria que a frase “Filho do Homem” também era messiânica
por natureza. O melhor apoio para isto pode ser dado pelas afirmações
messiânicas em Daniel 7:13-14, onde o Messias é retratado como um “Filho do
Homem”, ou figura de aparência humana, a quem é dado “domínio, glória e
um reino”. Isto prepara o ambiente para o uso do título por Jesus.
Jesus usou a frase “Filho do Homem” em diferentes situações. Primeiro, ele
usou-a para falar de si mesmo quando cumpria seu ministério na terra (p. ex.,
Mateus 8:20; 11:19). Segundo, ele usou a frase para falar de si mesmo como
sofredor nas mãos dos homens, que o maltrataram e o executaram (p. ex.,
Marcos 9:12, 31; Lucas 24:7). Terceiro, ele usou-a para se referir ao seu
aparecimento em glória, como juiz supremo (p. ex., Mateus 16:27; 25:31; João
5:27). Jesus é tanto o “servo sofredor” como o juiz de toda a terra. Reymond
observou:
“Não pode haver dúvida, então, que todos os quatro evangelistas,
quando interpretados corretamente, pretenderam que seus leitores
entendessem que Jesus é o Salvador do homem nos papéis de servo
sofredor, que veio tanto para ‘buscar e salvar o perdido’ (Lucas
19:10), como ‘não veio para ser servido, mas para servir e dar
a sua vida em resgate por muitos’ (Marcos 10:45; Mateus 20:28),
bem como vinha como juiz e Rei escatológico” (Reymond 57).
î Primogênito. A Bíblia se refere a Jesus como “primogênito” (Colossenses
1:15-18; Romanos 8:29). Este termo também é aberto a um par de significados.
Ele poderia significar primogênito em tempo (Gênesis 27:19; Êxodo 11:5; Lucas
2:7). Neste sentido ele se refere ao primeiro filho nascido numa família. Alguns
têm tomado este significado e concluído que o uso da palavra “primogênito”,
com referência a Jesus, significa que ele foi o primeiro ser criado. Contudo, isto
não se mantém. O termo “primogênito” também é usado para representar
posição superior. Por exemplo, a Bíblia fala de “primogênito de morte”,
significando a doença mais fatal e mortal (Jó 18:13). Isaías 14:30 fala de
48 2004:2
“primogênito dos desamparados”, significando aqueles que mais precisam
de auxílio. Outras passagens usam o termo deste modo (Êxodo 4:22; Jeremias
31:9; Salmo 89:27). Nestes casos ele significa “preeminente”.
A respeito de Jesus, “primogênito” significa aquele que é primeiro e preeminente
sobre todos. Jesus existia antes da criação, e é superior à criação (Louw e Nida
117). Ele é chamado “primogênito entre muitos irmãos”, o que se refere a
posição e não a tempo (Romanos 8:29). Ele é chamado o “Primogênito dos
mortos”, significando que ele foi o primeiro a ser levantado para nunca mais
morrer (Apocalipse 1:5). Colossenses 1:15 deverá ser entendido como
significando que Jesus é preeminente sobre toda a criação porque ele mesmo
é o Criador. “A palavra enfatiza a preexistência e incomparabilidade de Cristo
com sua superioridade sobre a criação. O termo não indica que Cristo foi uma
criação ou um ser criado” (Reinecker 567). Portanto o título “Primogênito”
mostra uma alta Cristologia; Jesus é superior a tudo. Isto demonstra ainda mais
o ensinamento bíblico que o próprio Jesus é Deus.
ï Unigênito. A expressão “unigênito” (monogenes) aparece cinco vezes com
referência a Jesus (João 1:14,18; 3:16,18; 1 João 4:9). Novamente, isto nada
tem a ver com a decisão sobre se Jesus é ou não um ser criado. É uma outra
afirmação da posição ímpar mantida por Jesus. Em cada caso, ela significa
“único” ou “só”: “pertencente ao que é único no sentido de ser o único da
mesma qualidade ou classe” (Louw e Nida 591). Por esta razão, a Nova Versão
Internacional explica, numa nota sobre João 3:16, que “unigênito” indica
“único”. O mesmo termo é usado para Isaque, como o “único” filho (Hebreus
11:17). Isto lança luz sobre o significado do termo. Isaque não era o “unigênito”
de Abraão em sentido estrito, literal. Nem Isaque era o filho primogênito em
tempo. Contudo, Isaque ocupou uma posição singular e superior como o
“único” filho da promessa de Abraão. Por esta razão, Isaque foi o único filho de
seu tipo, e o termo pode ser usado adequadamente para ele. Isto é o que o
termo significa com referência a Jesus. Ele foi o Filho único de Deus, o único de
sua qualidade. É um título de posição, e não de origem.
Há outros termos aplicados a Jesus que são significantes. Por exemplo, Jesus é
chamado “o resplendor da glória” de Deus e “a expressão exata de seu
ser” (Hebreus 1:3). Jesus não era apenas um reflexo de Deus; a glória de Deus
resplandecia através dele de tal modo que quando se via Jesus, via-se Deus (cf.
João l4:9-11). Estes termos não poderiam ser corretamente aplicados a alguém
que fosse um homem comum. Se eles forem aplicados adequadamente, eles
implicarão que o próprio Jesus é Deus. Todos esses termos tomados
conjuntamente demonstram a alta Cristologia da Escritura. O ensinamento
uniforme é que Jesus foi Deus manifestado em carne.– por Doy Moyer
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