Tanatologia

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Tanatologia É o estudo da morte. No passado, pensava-se que a morte era um cessamento puro e simples da vida. Hoje em dia é consenso que a morte é uma gama de processos que se desencadeia inexoravelmente durante certo período de tempo. A Tanatologia se divide em: Tanatognose Estuda ao diagnóstico da realidade da morte (Estudo dos Fenômenos Cadavéricos ou Sinais Tanatológicos); Cronomatognose Estuda a data aproximada da morte. 1) ESPÉCIES DE MORTE A doutrina costuma a classificar as seguintes espécies de morte: Morte Natural É aquela que sobrevém de causas patológicas ou por malformação do feto; Morte Violenta Aquela que resulta de ação lesiva; Morte Suspeita É aquele que ocorre em pessoas de boa saúde, de forma inesperada, sem causa evidente, ou com sinais de violência; Morte Súbita É aquela que ocorre de forma imprevista, em segundos ou minutos; Morte Agônica Aquela em que a extinção das funções vitais se dá paulatinamente. Obs: Morte Cerebral x Morte Encefálica Ver definição nas aulas do Blanco. - A partir de qual momento está autorizado o transplante de órgãos e tecidos? Da morte encefálica confirmada. 2) FENÔMENOS CADAVÉRICOS Os fenômenos cadavéricos são os sinais da realidade da morte. Eles se dividem em três espécies, que se sucedem cronologicamente: i. Fenômenos Abióticos Imediatos; ii. Fenômenos Abióticos Consecutivos ou Mediatos; iii. Fenômenos Transformadores.

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Tanatologia

É o estudo da morte. No passado, pensava-se que a morte era um cessamento puro e simples da vida. Hoje em dia é consenso que a morte é uma gama de processos que se desencadeia inexoravelmente durante certo período de tempo.

A Tanatologia se divide em:

Tanatognose Estuda ao diagnóstico da realidade da morte (Estudo dos Fenômenos Cadavéricos ou Sinais Tanatológicos);

Cronomatognose Estuda a data aproximada da morte.

1) ESPÉCIES DE MORTE

A doutrina costuma a classificar as seguintes espécies de morte:

Morte Natural É aquela que sobrevém de causas patológicas ou por malformação do feto;

Morte Violenta Aquela que resulta de ação lesiva; Morte Suspeita É aquele que ocorre em pessoas de boa saúde, de forma

inesperada, sem causa evidente, ou com sinais de violência; Morte Súbita É aquela que ocorre de forma imprevista, em segundos ou minutos; Morte Agônica Aquela em que a extinção das funções vitais se dá paulatinamente.

Obs: Morte Cerebral x Morte Encefálica

Ver definição nas aulas do Blanco.

- A partir de qual momento está autorizado o transplante de órgãos e tecidos?

Da morte encefálica confirmada.

2) FENÔMENOS CADAVÉRICOS

Os fenômenos cadavéricos são os sinais da realidade da morte. Eles se dividem em três espécies, que se sucedem cronologicamente:

i. Fenômenos Abióticos Imediatos;ii. Fenômenos Abióticos Consecutivos ou Mediatos;

iii. Fenômenos Transformadores.

ABIÓTICOS IMEDIATOS

- Perda de Consciência- Cessação da Respiração;

- Ausência de Pulso;- Cessação dos

Batimentos Cardíacos;- Etc.

ABIÓTICOS CONSECUTIVOS

- Desidratação; - Resfriamento;

- Livores - Rigidez Cadavérica.

TRANSFORMATIVOS- Destrutivos;

- Conservadores.

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2.A) Fenômenos Abióticos Imediatos

Estes fenômenos apenas insinuam a morte. São aqueles que se verificam imediatamente após a suposição de morte. São exemplos deles:

Perda da Consciência; Abolição do tônus muscular com a imobilidade; Perda da sensibilidade; Relaxamento do esfíncter; Cessação da respiração; Cessação dos batimentos cardíacos.

Na prática, os métodos mais utilizados são a ausculta do coração (sinal de Bouchut), a eletrocardiografia e a prova de fluorescência de Icard.

2. B) Fenômenos Abióticos Consecutivos ou Mediatos

São verificados algum tempo após a morte. Não podem ser considerados os melhores indícios de morte ainda. São basicamente quatro ocorrências, que se dão concomitantemente no tempo.

I. Desidratação Cadavérica Ocorre pela evaporação tegumentar. Nesse momento, há várias consequências da perda de líquidos, como por exemplo:

- Perda de peso do corpo;- Pergaminhamento da Pele;- Dessecação das mucosas (boca e lábios);- Fenômenos oculares (ex: tela albuminosa tela que se forma no globo ocular em função do acúmulo de poeira, já que o olho não se auto hidratada mais // Perda de transparência da córnea, etc,)

II. Resfriamento do corpo (“ALGOR MORTIS”) o corpo começa a resfriar-se, entrando

num processo de troca da calor com o ambiente. O resfriamento de idosos e crianças é mais rápido que o dos adultos. (Blanco defende que pode ocorrer o aquecimento, se o ambiente estiver mais quente que o corpo – ex: sol do deserto)Fatores externos influenciam no resfriamento como vestes, temperatura do local, umidade, etc.;

III. Manchas de Hipóstases (“LIVOR MORTIS” ou Cadavérico) acontece quando da morte do indivíduo, o sangue para de circular no corpo e se acumula em determinadas partes do corpo, segundo a força da gravidade. No início, o sangue se localiza nas veias, mas, transcorrido algum tempo, podem romper as veias e se alojar no tecido. A partir desse momento, mexer no cadáver não irá deslocar o sangue conforme a gravidade, pois já “manchou” o tecido. - Livores x Morte Agônica Os livores se formam mais lentamente.(Difere-se da esquimose – pequena hemorragia oriunda de lesão – o sangue penetra de cara no tecido em face da agressão e são fixos, ao contrário dos livores.)Os livores podem ser viscerais (Órgãos internos) ou cutâneos (pele);

IV. Rigidez Cadavérica (“RIGOR MORTIS”) é a desidratação muscular que produz a coagulação de miosina associada ao aumento do teor lático dos músculos, o que leva ao enrijecimento da musculatura. (“Ninguém cai duro” – cai mole e vai endurecendo aos poucos).

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Nysten-Sommer: Nos cadáveres em decúbito dorsal, a rigidez se inicia pela face, mandíbula e nuca, seguindo os músculos abaixo até os membros inferiores, voltando pelo mesmo caminho.- Espasmo Cadavéricos é também denominado rigidez plástica. Se dá quando antes de morre, em razão de algum choque vital, o indivíduo “congela” numa posição. É fenômeno muito raro.

- O que é a Tríade da Morte?

É com se chama a atuação da LAR (Livor, Algor e Rigor Mortis)

2.C) Fenômenos Transformativos

Resultam de alterações somáticas tardias tão intensas que a vida se torna absolutamente impossível. São os melhores sinais da certeza da realidade de morte!

Podem ser divididos em: (i) destrutivos e (ii) conservadores.

A) DESTRUTIVOS

- Autólise após a morte, cessam as trocas nutritivas intracelulares. Com isso, as células se rompem e ocorre a acidificação dos tecidos (por diminuição do pH).

- Putrefação Após a autólise, os micróbios presentes em nosso corpo começam a agir livremente (sem equilíbrio) e com isso, inicia-se um processo de putrefação. A marca desse processo é a existência da MACHA VERDE ABDOMINAL, oriunda dos processos de produção de gases decorrentes da atuação desses microrganismos. Dá-se na região abdominal, pois é no intestino onde se encontram a maior parte das bactérias.

Depois, a mancha verde se espalha por todo tronco, cabeça e membros, gerando no defunto uma tonalidade verde-enegrecida na pele.

Nos fetos e recém-nascidos Aqui a mancha verde-enegrecida se inicia nas cavidades dos orifícios, pois eles ainda não tem uma flora de microrganismos como os adultos. Nesses casos, os microrganismos entram pelas cavidades assim que eles nascem, por é nos orifícios que se inicia tal processo. Por essa razão a mancha verde se espalha desses locais para o resto do corpo.

Nos afogados Como a água é grande meio de cultura desses microrganismos, quando um sujeito morre afogado, a mancha irá aparecer nos locais onde a água entrou e permaneceu (pulmões e cabeça). Por essa razão a mancha verde se espalha desses locais para o resto do corpo.

A putrefação possui 4 fases:

1. Fase de Coloração: fase em que surge a cor verde-enegrecida da pela. Início da atuação dos micróbios;

2. Fase Gasosa: Os gases internos começam a se espalhar pelo corpo, inflando o cadáver*;

3. Fase Coliquativa: É o início da dissolução pútrida das partes moles do cadáver pela ação das bactérias e da fauna necrófaga**. O corpo exala odor e começa a perde a forma;

4. Fase de Equeletização: A ação do meio ambiente e da fauna cadavérica** destrói o que sobrou.

*Obs: CIRCULAÇÃO PÓSTUMA DA BROUARDEL. (36/48h pós morte)

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Com o início da fase gasoso, a produção de gases que se acumula dentre do corpo humano, desloca novamente o sangue para dentro dos vasos sanguíneos, provocando manchas vermelhas escurar irregulares pelo corpo. A pressão dos gases nos vasos capilares provoca o descolamento da epiderme, gerando muitas vezes manchas em relevo. Está entre a fase de coloração e a fase gasosa.

**Obs: Fauna Necrófaga ou Cadavérica: são os animais, insetos e microrganismo que atuam no processo de decomposição do cadáver.

- Maceração É o fenômeno da transformação destrutiva que afeta os submersos em meio líquido – decomposição em líquido.

Líquido contaminado – Maceração Séptica;

Líquido Intrauterino a partir do 5º mês de gestação - Maceração Asséptica.

B) CONSERVADORES

- Mumificação É o processo artificial de conservação do corpo, que envolve a dissecação – retirar de órgãos vitais – muito utilizado no passado pelos Incas e Egípcios;

- Saponificação ou Adipocera é a conservação do cadáver em face do local onde permanece e de condições físicas do morto (ex: salas fechadas, solo argiloso e úmido,

intoxicação pelo álcool, obesidade). Tais fatores fazem com que o cadáver adquira uma consistência untosa, como sabão ou cera, exalando um odor forte, como de queijo. É um processo natural.

2.D) CRONOMATOGENESE

FENÔMENOS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS ou MEDIATOS

ALGOR MORTISInício: Cessação da Vida

Máximo: 24/26h

RIGOR MORTIS

(Nysten-Sommer)Início: 1 a 2h

Máximo: 8/36h (RIGIDEZ GENERALIZADA)

Depois da rigidez, o corpo entra em novo em processo de flacidez.FLACIDEZ:

Início: 24/36hFLACIDEZ GENERALIZADA: 36/48h

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LIVOR MORTISInício: 2 a 3h

Fixação Definitiva do Livor: 8/12h

FATORES DESTRUTIVOS (Transformativos)

AUTÓLISE Logo após a morte

PUTREFAÇÃO

MANCHA VERDE (Fase da Coloração)Início: 18/24h (Verão)Máximo: 3º a 5º dia

FASE GASOSAInício: 48/72h

Máx: 5º ao 7º dia

FASE COLIQUATIVAInício: 3ª SEMANA

Duração: Vários Meses

FASE DA ESQUELETIZAÇÃOInício: 3ª/4ª SEMANA

Duração: Variável. (média + 36 MESES)

3) LESÕES ANTE E POST MORTEM

Contéudo estomacal

período de digestão:

refeição pesada - 5 a 7h

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refeição média - 3 a 4h

refeição leve - 1h30m a 2h

se encontrar alimentos plenamente reconheciveis - fase inicial da digestão - a pessoa faleceu de 1 a 2hs após a última refeição

Enforcamento:a força que aperta o laço (de uma corda, por exemplo) é o peso do próprio corpo.

Estrangulamento:a força que aperta o laço é qualquer outra força que não seja a do próprio corpo. Pode ser feita pela mão de alguém, mas apertando o laço.

Esganadura:mãos humanas apertando o pescoço de alguém. Não há laço.

Essas ações deixam “sulco” na vítima.

A) Enforcamento:

 

É o impedimento da passagem de arrespirável pela constrição do pescoço por um laçofixo, acionado pelo peso da própria vítima, comoforça ativa. Suicídio é o mais comum, mas também pode ocorrer em um Homicídio, em um Acidente ou em uma execução judicial (nos lugares, onde permitido).

 

Tipos de Enforcamento: 1) Completo: Caracteriza-se pela suspensão completa do corpo ou 2) Incompleto: Ocorre suspensão parcial do corpo, que fica apoiado em alguma superfície.

 

Características da Lesão: Lesão externa: Sulco geralmente único, oblíquo e ascendente. O laço é interrompido no nível do nó. Nó na região occipital é o mais comum (típico).

 

B) Estrangulamento

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É o impedimento da passagem de ar respirável, que ocorre pela constrição do pescoço através de um laço acionado por uma força estranha, de forma ativa. Homicídio é o mais comum, mas também pode ocorrer por acidente e suicídio (suicídio é raríssimo).

 

Características da Lesão: Lesão externa: freqüentemente duplo ou múltiplo, horizontal, contínuo e uniforme em todo o pescoço, por baixo da cartilagem tireóidea. Ausência de nó.

  

C) Esganadura:

 

Também conhecido como estrangulamentopelas mãos, é o impedimento da passagem de arrespirável pela constrição do pescoço pelas mãos.Sempre Homicídio, é impossível ocorrer por acidente ou suicídio.

Sinais externos e internos de asfixias

Congestão de face;

Cogumelo de espuma;

Equimoses de pele e mucosa;

Fenômenos cadavéricos alterados;

Projeção da língua;

Exoftalmia;

Fluidez e cor do sangue;

Congestão polivisceral;

Equimoses viscerais (Petéquias de Tardieu e Paltauf)