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ficina
Tamanho
não é .DoC II
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Capa:
Erik Kurkowski Weber
Organização e diagramação:
Henry Alfred Bugalho
Esta obra está protegida pela Licença Creative Commons de Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Deriva-das 2.5. Para ver uma cópia desta licença, visite:
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/
2009
Oficina Editora
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SUMÁRIO
Apresentação
Antonio Velasko
Erik Kurkowski Weber
Henry Alfred Bugalho
Rafael T. Okada
Wellington Souza
Wilson Gorj
7
9
29
45
55
67
73
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Apresentação
Twitter s.m. 1 serviço gratuito de rede social e microblogging que permite o envio de mensagens, limitadas a 140 caracteres, para outros usuários.
Microconto s.m. 1 narrativa literária breve, com estrutura semelhante à do do conto, mas de menor extensão, geral-mente, inferior a mil palavras.
Os microcontos que compõem esta obra foram redigidos e postados no Twitter (www.twitter.com) durante o mês de agosto de 2009.
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ANTONIOVELASKO
Mineiro, estudante de Direito,
aspirante à carreira diplomá-
tica, detentor de concepções
filosófico-existenciais paradoxais
e aficionado em animação japo-
nesa. Suas características mais
marcantes, contudo, são sua
indiferença de proporções imen-
suráveis e seu vínculo umbilical
com a literatura. É um excêntrico
totalmente comum.
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“És a mais ridícula de minhas obras”, disse o rabino para o golem. Ou terá sido Deus quem o disse ao homem?
Filho de peixe, peixinho é. Até crescer, é óbvio...
Eis o futuro: a fabricação de se-res humanos perfeitos em labo-ratório. O progresso das taxas de suicídio, porém, será ainda mais avançado.
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Dr. FrankensteinAlgumas perguntas corroíam
sua mente. Naquela noite, ima-ginava no que daria o cruzamen-to da hidra de lerna com o yeti.
A mais saborosa iguaria que o leão já provara fora a domadora do circo onde antes trabalhava.
SeppukuCanhões e armas de fogo con-
tra flechas e espadas. De cabeça erguida morreram os samurais em batalha contra as forças do progresso.
AntonioVELA
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Justiça Divina?Fora responsável por centenas
de mortes no Congo. Vinte minu-tos no confessionário e quarenta rezando. Absolvição total.
Descobriu uma grande verdade: quem fala besteira com autorida-de inventa teoria.
John viajou ao Brasil para praticar português. Perguntou à recepcionista como ela estava. A moça, indignada, respondeu que só falava inglês.
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Ganância“Por que estas malditas não
botam ovos de ouro?” Pensava o rico fazendeiro.
Sabedoria OrientalE o mestre disse: “Não é o tem-
po que passa, gafanhoto; somos nós”.
Levantou e sacudiu a poeira. Antes de dar a volta por cima, porém, sumiu. No fim era só pó mesmo.
AntonioVELA
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“Mamãe, o cavalo de pau está parindo”, falou o menino. “Cala a boca e dorme”, respondeu a mãe. Cinco minutos depois, Tróia es-tava em chamas.
CotidianoTodos os dias ele olhava em
seus olhos e lembrava-se do quanto a amava. O amor em si não crescia, mas ao menos se mantinha vivo.
Assim Medusa conheceu sua maior frustração: transformaria todos os homens que amasse em pedra.
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“Agora é tarde, eu já morri!” Pensou o cadáver de Inês de Cas-tro ao sentar-se no trono.
“Abominação! Abominação!” – Mote bíblico bastante usual.
O japonês, irado, desenhou um olho enorme. Nascia o primeiro mangá.
AntonioVELA
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Gênese“Adão, teu viadinho covarde,
coma logo esta porra de maçã!” Bradava Eva, ameaçadora.
Oráculo de Delfos“Chegará o dia em que nin-
guém saberá mais nada. Só o Google.”
O origamista achava que não tinha nenhum valor. Quando ter-minou o milésimo tsuru desejou ser o melhor dentre os seus.
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Lembrou-se dos dias em que dançava ao fitar a cadeira de rodas ao lado da cama.
Quando a esposa lhe contou suas ideias para aquela noite, ele olhou para ela com cara de bravo e disse: “Porca!”
“Olha! Queijo!” Estas foram as últimas palavras do ratinho.
AntonioVELA
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BastidoresO rei teve de ordenar que
matassem o filho do cocheiro ou não haveria um príncipe encanta-do naquela história.
ConfissãoPra falar a verdade, a madras-
ta da Branca de Neve era bem gostosa.
Conclusão AstralO astrólogo fez um punhado
de mapas e constatou, surpreso, que seu destino era mentir.
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Pinóquio andou por aí e tomou uma decisão. Sujou os pés, ficou sem comer por uns dias e foi pedir esmola. Era um menino de verdade.
PesadeloAbriu o livro predileto e perce-
beu que não sabia ler.
O chinês viu aquele cão garbo-so, forte, e não pôde deter um pensamento instintivo: “Hmmm, que gracinha de bicho”.
AntonioVELA
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O Cúmulo do ChicA iguaria mais apreciada por
Cleópatra eram pérolas diluídas em vinagre.
AutossugestãoOs pontos de interrogação mor-
riam em massa. Como sobrevive-riam fora d’água se achavam que eram cavalos-marinhos.
Ninguém nunca presenciou o florescer daqueles botões. Eis o segredo de sua beleza.
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As mulheres normalmente recebiam flores. A prostituta de Van Gogh surpreendeu-se com a orelha embrulhada em papel de presente.
Love StoryOs dois poetas amavam-se e
desejavam-se loucamente. Isto não mudou nem quando Rim-baud deu um tiro em Verlaine.
IroniaOuviu o granjeiro dizer que pé
de galinha não mata pinto. Antes do entardecer sufocou o pintinho sob as garras da mãe negligente.
AntonioVELA
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Soberba“Pelo menos em meu país não
nos fritam”, vangloriou-se a car-pa para a piaba.
LuxúriaEla disse que o homem já tinha
ficado com todas as putas do estabelecimento. Ele perguntou sobre a cadela que dormia sob a mesa.
AvarezaEra tão avaro que morreu de
inanição. Achava o pão muito caro.
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IraDestruiu tudo o que conseguiu
antes de ir embora. Ninguém sa-bia o motivo daquela raiva toda.
CobiçaPensou que se juntasse todo
aquele dinheiro e enterrasse, poderia suplicar ao pai uma pensão.
GulaEra tanta comida que dava pra
alimentar a África inteira. Sen-tou-se e começou a engolir tudo vagarosamente.
AntonioVELA
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PreguiçaOs bombeiros gritavam para
a mulher que se levantasse e tentasse chegar até eles. Mas ela estava com tanto sono; com tanto calor.
Pílula da Normalidade - efeitos colaterais: frustração, apatia, depressão, além de outras ten-dências autodestrutivas.
Nada tenho; nada tive; nada terei. Eis a biografia do homem comum.
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Ao menos um século levou a bala para percorrer a distância entre o pelotão de fuzilamento e os cadáveres frente ao paredão.
Obviamente pediria mais cem desejos ao gênio.
O mágico apontou o dedo para o pombo: “avestruz”. A ave en-fiou a cabeça na terra. Morreu na hora. Traumatismo craniano.
AntonioVELA
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“Eu já disse que te amo?” Disse o marido apaixonado. Pensava no irmão dela.
canibal: s. aquele que aprecia comer carne humana. necrófilo: s. aquele que aprecia comer car-ne humana morta.
“Tenho um segredo para te contar. Eu assisto animes de ma-drugada”. Disse o homem. “Seu doente!” Respondeu a mulher, que foi embora.
![Page 27: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/27.jpg)
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“Nossa! Que mulher gostosa! Oh, lá em casa, hein!” Édipo, em chegada a Tebas. Falava de Jocas-ta, sua mãe.
Cadê a comida que tava aqui? O gato comeu! Cadê o leite que tava aqui? O gato bebeu! Cadê o dinheiro que tava aqui? Este foi o leão.
O menino caiu. De preguiça, não levantou. Com o tempo, mor-reu. O menino não chegou com o pão, mas ninguém se importou.
AntonioVELA
SKO
![Page 28: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/28.jpg)
![Page 29: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/29.jpg)
Erik Kurkowski
WEBERFormado em Design Gráfico,
mas busca agora seu lugar à
sombra no funcionalismo públi-
co; nas horas vagas é mais um
gênio da humanidade.
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Filosofia de Café: Há sempre uma luz no fim do funil.
Vô e Vó na pocilga malcheirosa do SexShop; pediram uma máqui-na do Tempo de 30 cm.
Era mãe de seis; um menino, duas meninas, e três números primos.
![Page 31: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/31.jpg)
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Assim que o professor de me-cânica quântica arriou as calças para ela, a aluna suspirou e dis-se, Quark!
Há de se desconfiar de um Adestrador de Animais que, aos 40 anos, ainda é solteiro.
O lado bom de se estuprar al-guém é o lado de dentro.
Erik KurkowskiW
EBER
![Page 32: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/32.jpg)
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Que é a morte senão, ou a regra ou a exceção?
O silêncio é uma locomotiva carregada de chocalhos.
Ela jogava boliche; era a bola.
![Page 33: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/33.jpg)
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Mais vale um cotonete na mão do que dois otorrinolaringologis-tas voando (num AirFrance).
Boa moça, mas deslocou o om-bro ao comprar um vibrador.
A preguiça é a mãe do Congres-so; o pai é o Sarney.
Erik KurkowskiW
EBER
![Page 34: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/34.jpg)
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Perfil falso de Sarney no Twit-ter exibia o codinome de ‘sena-dorsexy23cm’.
Não tinha pênis; tinha uma solitária (...).
Como disse Martin Luther King: ‘Eu tenho um sonho; e ninguém tasca!’.
![Page 35: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/35.jpg)
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Nos dias sórdidos da semana vendia as esfihas da esposa num mercadinho de Bagdá; aos sá-bados e domingos era hora dos bicos como homem bomba.
Morreu ao ser alvejado por um ponto final.
Começou a roubar bancos e carros a conselho da esposa, que queria que ele emagrecesse.
Erik KurkowskiW
EBER
![Page 36: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/36.jpg)
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O surdo tinha uma pulga do MST atrás da orelha.
Prostituta: um útero com taxí-metro.
Na hora do sexo, perguntou para ela, Onde fica o seu Ponto G? E ela disse, entre o Ponto F e o Ponto H.
![Page 37: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/37.jpg)
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O ponto G dela ficava no cartão de crédito dele.
Pisou em tantas macumbas que já não tinha pé para pisar outras.
Não colocava o cinto se segu-rança porque achava que a deixa-va mais gorda.
Erik KurkowskiW
EBER
![Page 38: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/38.jpg)
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Ela era estéril e não podia ter filhos; mas o útero dava uma óti-ma bandeja, disse o psicopata.
Zona Franca de Manaus: lugar do Amazonas onde as prostitutas são muito sinceras.
Era garota de programa for-mada em Letras, especialista em Nabokov.
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Descoberto aparelho reprodu-tor de peixe de 350 milhões de anos; era um VISA de 30 cm.
O pôr do sol é sempre o mes-mo; o que muda é a remela.
Minha alma não só saiu do cor-po sem licença como a pegaram no Teste do Bafômetro.
Erik KurkowskiW
EBER
![Page 40: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/40.jpg)
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40
Relatividade: 10s parecem 2hrs quando se carrega um filme pornô.
Quem nunca jogou pedra em alguém que atire a primeira.
Quem vê coração não vê Pho-toshop (e vice-versa).
![Page 41: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/41.jpg)
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O lado bom das crianças é que elas cabem num liquidificador.
O Gato tinha 7 vidas; e mais dois ‘continues’.
O homem mais velho do mun-do disse, acerca do segredo da sua longevidade: vegetais, exercí-cios físicos, e muito Photoshop.
Erik KurkowskiW
EBER
![Page 42: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/42.jpg)
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Ele disse para ela, Qual dos buracos é o clitóris?
Quando, barrado no salão do clube, Jesus esqueceu o rebolado e disse: “Vão ver só, vou chamar Papai!”.
Quando falaram ao Bispo que a noite era uma criança, ele logo perguntou, bem alegrinho: De quantos anos?
![Page 43: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/43.jpg)
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43
Há vida após os créditos finais?
Água mole em pedra dura, tan-to bate até que ejacula.
Erik KurkowskiW
EBER
![Page 44: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/44.jpg)
![Page 45: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/45.jpg)
Henry Alfred
BUGALHOFormado em Filosofia pela
UFPR, com ênfase em Estética.
Especialista em Literatura
e História. Autor de quatro
romances e de duas coletâne-
as de contos. Editor da Revista
SAMIZDAT e um dos fundadores
da Oficina Editora. Autor do
livro best-selling "Guia Nova
York para Mãos-de-Vaca". Mora,
atualmente, em Nova York, com
sua esposa Denise e Bia, sua
cachorrinha.
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Don Juan“Vou te amar pra sempre”, ele
repetia todos os dias; cada noite para uma mulher diferente.
Vida comumExcetuando ter ganhado cinco
vezes na megasena, nunca nada de extraordinário ocorria em sua vida.
Acidente— Por acaso você é cega? — o
policial para a motorista com o carro esmagado no poste.
— Sim, seu guarda, mas isto nunca me atrapalhou antes.
![Page 47: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/47.jpg)
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Ladrão de galinhasSer preso injustamente o revol-
tava: acusado de roubar galinhas, ao invés de ter matado o vizinho. O sistema penal está falido, ele dizia.
O caminho das pedras para o sucesso
Descobriu que o caminho das pedras para o sucesso era piso-teando seus colegas. Mas para derrubá-lo bastou uma única pedra solta.
O tornadoOs boatos diziam que aquele
tornado havia sido encomendado pela máfia; a cidade inteira su-miu do mapa, menos a pizzaria do Tony.
Henry AlfredBU
GA
LHO
![Page 48: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/48.jpg)
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História reescrita - Guilherme Tell
Disparou a flecha, que zunindo cruzou o ar. Não acertou a maçã. Foi assim que Guilherme Tell matou o próprio filho.
História reescrita - Caixa de Pandora
Receoso, Epimeteu abriu a cai-xa de Pandora: nela havia delicio-sos bombons de licor.
História reescrita - Branca de Neve
Após entregar a maçã à Bran-ca de Neve, a bruxa saiu rindo e comentando consigo: “se ferrou, amanhã terá um bela dor-de-barriga!”
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Rotina monótonaA rotina cotidiana o oprimia;
pilotar caças de manhã, alimen-tar tubarões à tarde e enfrentar ninjas assassinos à noite era muito tedioso.
História reescrita - UlissesLeopold Bloom abriu a porta do
quarto e encontrou Molly, a espo-sa, traindo-o. Com um homem seria trágico, mas com um vibra-dor era ridídulo!
O fotógrafoSua câmera fotográfica roubava
as almas das pessoas. Nas pare-des de casa, os retratos gemiam e suplicavam por liberdade.
Henry AlfredBU
GA
LHO
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DecepçãoMarinete viajou para a Espa-
nha na esperança de ser escrava sexual. Tinha vergonha de contar para amigas que virara garçone-te.
SolidãoA casa vazia o angustiava.
Enchia-a de indigentes e punha no som CDs do ABBA. “Festas sempre, repletas de amigos”, os vizinhos comentavam.
InsôniaPassava as noites em claro, e os
dias roncando e babando pelos cantos.
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OVNI na favelaA porta do disco voador se
abriu, mas os ETs foram mortos por balas-perdidas de traficantes antes que pudessem fazer con-tato.
InsuportávelFurou os próprios olhos, pois
não suportava ver tanta beleza no mundo.
AzaradoDiziam-lhe que não havia
perigo. Acreditou. De fato, nós ultimos dez anos, ele seria a pri-meira vítima fatal.
Henry AlfredBU
GA
LHO
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RecordaçõesAssim que o garçom trouxe o
prato, ele desatou a chorar. Era o mesmo que ela sempre lhe pre-parava. Garfadas acres por suas lágrimas.
PatriotismoEra um sujeito muito patriota.
Preferiu abandonar o país para não ter de ver seus defeitos.
Filosofia de pastelariaFitava o pastel de carne com
aspecto duvidoso na estufa. Em seus pensamentos, o aforismo nietzschiano: “o que não me mata, fortacele-me”.
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Rafael T.
OKADAVinte e cinco anos, estudan-
te de engenharia mecânica da
Universidade Estadual Paulista
(UNESP), mora atualmente na
República Vamointão com doze
outros estudandes. E não ve a
hora de formar-se. Sempre gos-
tou de ler, porém nunca escre-
veu nada com mais de cento e
quarenta caracteres.
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A melhor das maquiagensAté então não tinha percebi-
do que através da web todas as pessoas são lindas, legais e até inteligentes.
Maria vai com as outras “Cara, agora é a minha vez...”,
o chapado gritando para o gno-mo que havia acabado de pular da janela do sétimo andar.
Ovelha negra Disseram-lhe que era a ovelha
negra da família, mas ainda não sabiam de nada. Era a cor-de-rosa.
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Rafael T.O
KAD
A
Dura realidadeQuando percebeu que na rea-
lidade o gnomo sabia voar, não havia mais tempo: ia se espatifar na calçada sete andares abaixo.
Ovelha cor-de-rosaMais tarde naquela reunião de
família, percebeu que gostava mais quando eles o tratavam como uma ovelha negra.
Outro sonho de liberdadeDepois que o papagaio desco-
briu que sabia voar, achava que todo sonho se tornava realida-de. Desta vez sonhou que era o batman.
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Mais louco que o BatmanE não é que vale mais um pás-
saro na mão que dois voando? A criança segurava um papagaio que se achava o Batman.
Domingão No sétimo dia, por preguiça, o
mundo não se tornou um lugar melhor.
Cadê o Greenpeace? Era tão feia que quando pulou
ao mar, o coitado do golfinho morrreu afogado.
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Havia uma porta no caminhoEstava atrasado para sua en-
trevista de emprego e não per-cebera que havia uma porta de vidro. Acabou que não conseguiu o emprego.
Os importantes do mundoSe fosse qualquer um falando
seria uma imbecilidade, mas era um cineasta. Todos bateram pal-mas no fim.
Aos dezA menina descobriu que o dedo
servia para mais coisas além de cutucar o nariz: cutucar o ouvi-do.
Rafael T.O
KAD
A
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Aos trezeA menina descobriu que o ou-
vido e o nariz não estavam com nada.
Enfim...Aos vinte e um, conhecia
poucos lugares onde conseguia enfiar o pulso: dois.
As gatas Depois de tantas loiras, russas
e mexicanas, decidira beber bre-jas, vodkas e tequilas. Certamen-te sairia mais barato.
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Todas formas de pagamentoDepois de ter começado lá de
baixo, sabia que a felicidade cabia na carteira. E vinha em cheques, cartões ou em dinheiro mesmo.
O nível das coisasDecidira que a partir de hoje
seria um homem culto. Comprou um livrinho de citações.
Desculpa esfarrapadaDisse que estava grávida, mas
não fizera sexo. Seu pai respon-deu: “Já usaram esta desculpa há uns dois mil anos.”
Rafael T.O
KAD
A
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A melhor desculpa de todasPara encobrir a gravidez, a
esposa do marceneiro disse que o bebê em seu ventre era filho de deus. E todos acreditaram!
ArrependimentoToda vez que roubava era a
mesma coisa: sentia-se muito mal. Precisava parar com aquilo, precisava perder o peso na con-sicência.
A curiosidade mataEm 2097, descobriram que
existe vida após à morte, e então todos esqueceram-se que tam-bém existe vida antes.
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Ô gostosa...Hoje, decidiu permanecer na
cama com sua nova amante: a depressão. No colo dela, curtia a balada com wisky e Prozac.
O cara sabiaMaconha, balas, doces e até
cola de sapateiro. Finalmente chegara em pasárgada. Manuel bandeira tinha razão.
Ninguém viuQuando viu que estava fudido,
o padre pediu para a freira fazer o aborto.
Rafael T.O
KAD
A
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Me conta outraDurante a vida estudou muito,
então morreu. O que iria fazer com todo aquele conhecimento? Contar para deus?
A maior curtiçãoA velhinha, agora, abria cami-
nho entre os marmanjões espir-rando em suas caras. Esta gripe veio a calhar.
Ledo enganoPercebera que as drogas o
deixaram burro quando cheirou a bala, injetou o beck e fumou o doce.
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Bênção dos santosPadre justificava-se no inferno
lembrando a todos que para bai-xo todo santo ajuda.
Rafael T.O
KAD
A
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Wellington
SouzaPaulistano, mas morou tam-
bém em Ribeirão Preto, onde
cursou economia na Universi-
dade de São Paulo. Hoje, reside
novamente no bairro em que
nasceu. Participou das antologias
do concurso Nacional de Contos
da Cidade de Porto Seguro e do
Poetas de Gaveta/USP. Escre-
ve poemas, contos, crônicas e
ensaios literáios em um blog
(Hiper-link), na revista digital
SAMIZDAT e no portal Sociedade
Literária. “Escrever é um modo
de ser outro ser”.
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Foi até a padaria chutando pedra. Voltou na mesma, mais o balanço do saco. Ante o gol, sofreu pênalti de um Uno que ganhou contramão.
-Desce pinga! -Hum -Virou bixa; guri vai sair de casa, agora; Morar com amiga e amigo. -Hum -Que vá, não ligo.Ouviu: que vá!! -Hum...
“...não tenho dinheiro”, “tem sim”, a respondeu. Ela, mulher, captou e se despiu. O pior era a certeza do prazer e da pompa vitoriosa.
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WellingtonSO
UZA
Não sei até quando ficarei aca-bando. Será que depois de muito acabar, que parar de vez de ver tudo, ficarei como a mesa ou as cadeiras?
Não morreu pelo atropelamen-to, nem pela nuca no meio fio. Queria era se apagar, dormir, esquecer, então não resistiu ao soninho que veio...
Gostava, quando criança, de jogar bola – resta a saudade. On-tem em plena chuva não resisti e fui também. Agora os pneumoco-cos estão jogando.
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Matou o amante da esposa. Tatuou (braço e peito) um caixão, nome do alvo e a data, se fun-dem ali. Esperou, com cerveja e futebol, a polícia.
A casa pegando fogo, o Homem Moderno parou na janela e per-guntou: “como está o tempo ai fora?”. Silêncio, todos esperavam um vôo triunfante.
Se eu não terminar, ela não sofrerá agora e sim depois. Se terminar, sofre agora: o futuro não sei. Não, agora não, arruma-rei outra antes.
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Roxo ou preto? unha negra ou branca? Com ou sem decote? Sombra clara ou forte? Para que isso, se depois da queda meu caixão ficará fechado!
WellingtonSO
UZA
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![Page 73: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/73.jpg)
Wilson
GORJAutor do livro Sem Contos
Longos. Tem contos, minicon-
tos e poesias publicados em
antologias e premiados em
alguns concursos. Mantém o
blog O Muro & Outras Páginas
(omuroeoutraspgs. blogspot.com),
onde expõe seus textos e outras
novidades vinculadas ao mundo
da micronarrativa.
![Page 74: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/74.jpg)
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FRUTASMulher melancia, mulher me-
lão, mulher maçã, mulher moran-guinho - todas comprometidas. Cada qual acompanhada do seu homem banana.
NAMORAR? – Você não me aguentaria. Sou
muito chata.– As medalhas de ouro também
o são.
e-manchete [email protected]
![Page 75: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/75.jpg)
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PENSAMENTO POSITIVODeparou-se com uma filosofia
barata.Esmagou-a na sola do seu pes-
simismo.
PUNGÊNCIASofria de gases. Que sofrimento
pum-gente!
ATENTADO– Embaixador. Tem um ponti-
nho vermelho dançando em sua testa.
WilsonG
ORJ
![Page 76: Tamanho não é .DOC](https://reader031.fdocumentos.tips/reader031/viewer/2022013105/5571f35149795947648dd4f8/html5/thumbnails/76.jpg)
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BALA VS. VIDAAmbas perdidas.
T_IRÃ_NOQuanto mais enriquece urânio,
tanto mais empobrece o país.
SUICÍDIODeixou a própria vida incompl
DESCASOA Praça Publica não tinha acen-
to.
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