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EUROBARÓMETRO especial 243 “OS EUROPEUS E AS SUAS LÍNGUAS” RESUMO - 1 - INTRODUÇÃO Hoje, a União Europeia abriga 450 milhões de habitantes com origens étnicas, culturais e linguísticas diversas. Os modelos linguísticos dos países europeus são complexos - moldados pela História, por factores geográficos e pela mobilidade das pessoas. Presentemente, a União Europeia reconhece 20 línguas oficiais 1 e cerca de 60 outras línguas indígenas e não indígenas são faladas na área geográfica. O termo multilinguismo aplica-se a uma situação na qual diversas línguas são faladas numa dada área geográfica e à capacidade de uma pessoa dominar várias línguas. Assim, o multilinguismo é uma característica-chave da Europa em ambas as suas acepções. As vantagens de conhecer línguas estrangeiras são inquestionáveis. A língua é a via para a compreensão de outros modos de vida, o que, por sua vez, abre o caminho para a tolerância intercultural. Além disso, as competências linguísticas tornam mais fácil trabalhar, estudar e viajar através da Europa e permitem a comunicação intercultural. A União Europeia é uma instituição verdadeiramente multilingue, que promove o ideal de uma Comunidade única com uma diversidade de culturas e línguas. Para assegurar este desiderato, a Comissão Europeia adoptou em Novembro de 2005 2 a primeira comunicação da Comissão que explora a temática do multilinguismo. Os três objectivos principais da política do multilinguismo da Comissão são incentivar a aprendizagem de línguas, promover uma economia multilingue sólida e facultar aos cidadãos o acesso à legislação, aos procedimentos e à informação da União Europeia nas suas próprias línguas. Entre 5 de Novembro e 7 de Dezembro, 28 694 cidadãos 3 dos 25 países da UE assim como da Bulgária, da Roménia, da Croácia e da Turquia foram inquiridos sobre as suas experiências e percepções de multilinguismo no âmbito da ronda 64.3 do Eurobarómetro. Neste resumo, a análise incide nestes três temas, enquanto factores determinantes numa sociedade multilingue: O objectivo a longo prazo de que todos os cidadãos da UE falem duas línguas para além da sua língua materna 4 Aprendizagem de línguas ao longo da vida desde uma idade muito precoce 5 1 As línguas oficiais da União Europeia são: checo, dinamarquês, neerlandês, estónio, inglês, finlandês, francês, alemão, grego, húngaro, italiano, letão, lituano, maltês, polaco, português, eslovaco, esloveno, espanhol e sueco. O irlandês tornar-se-á a 21ª língua oficial a 1 de Janeiro de 2007. Após a adesão da Bulgária e Roménia a União funcionará com 23 línguas oficiais. 2 COM(2005) 596: Um novo quadro estratégico para o multilinguismo http://europa.eu.int/languages/en/document/74 3 Em cada país, o inquérito cobre a população com idade mínima de 15 anos e que tem cidadania de um dos Estados-Membros. Nos países em fase de adesão ou candidatos, o inquérito abrange cidadãos desses países assim como cidadãos dos Estados-Membros da UE residentes nesses países que têm um domínio da língua ou línguas nacionais respectivas suficiente para responder ao questionário. 4 COM (2003) 449: Promover a aprendizagem das línguas e a diversidade linguística: um plano de acção 2004-2006 http://europa.eu.int/comm/education/doc/official/keydoc/actlang/act_lang_en.pdf 5 Conclusões do Conselho Europeu de Barcelona, de Março de 2002. http://ue.eu.int/ueDocs/cms_Data/docs/pressData/en/ec/71025.pdf

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EUROBARÓMETRO especial 243 “OS EUROPEUS E AS SUAS LÍNGUAS” RESUMO

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INTRODUÇÃO Hoje, a União Europeia abriga 450 milhões de habitantes com origens étnicas, culturais e linguísticas diversas. Os modelos linguísticos dos países europeus são complexos - moldados pela História, por factores geográficos e pela mobilidade das pessoas. Presentemente, a União Europeia reconhece 20 línguas oficiais1 e cerca de 60 outras línguas indígenas e não indígenas são faladas na área geográfica. O termo multilinguismo aplica-se a uma situação na qual diversas línguas são faladas numa dada área geográfica e à capacidade de uma pessoa dominar várias línguas. Assim, o multilinguismo é uma característica-chave da Europa em ambas as suas acepções. As vantagens de conhecer línguas estrangeiras são inquestionáveis. A língua é a via para a compreensão de outros modos de vida, o que, por sua vez, abre o caminho para a tolerância intercultural. Além disso, as competências linguísticas tornam mais fácil trabalhar, estudar e viajar através da Europa e permitem a comunicação intercultural. A União Europeia é uma instituição verdadeiramente multilingue, que promove o ideal de uma Comunidade única com uma diversidade de culturas e línguas. Para assegurar este desiderato, a Comissão Europeia adoptou em Novembro de 20052 a primeira comunicação da Comissão que explora a temática do multilinguismo. Os três objectivos principais da política do multilinguismo da Comissão são incentivar a aprendizagem de línguas, promover uma economia multilingue sólida e facultar aos cidadãos o acesso à legislação, aos procedimentos e à informação da União Europeia nas suas próprias línguas. Entre 5 de Novembro e 7 de Dezembro, 28 694 cidadãos3 dos 25 países da UE assim como da Bulgária, da Roménia, da Croácia e da Turquia foram inquiridos sobre as suas experiências e percepções de multilinguismo no âmbito da ronda 64.3 do Eurobarómetro. Neste resumo, a análise incide nestes três temas, enquanto factores determinantes numa sociedade multilingue:

• O objectivo a longo prazo de que todos os cidadãos da UE falem duas línguas para além da sua língua materna4

• Aprendizagem de línguas ao longo da vida desde uma idade muito precoce5

1 As línguas oficiais da União Europeia são: checo, dinamarquês, neerlandês, estónio, inglês, finlandês, francês, alemão, grego, húngaro, italiano, letão, lituano, maltês, polaco, português, eslovaco, esloveno, espanhol e sueco. O irlandês tornar-se-á a 21ª língua oficial a 1 de Janeiro de 2007. Após a adesão da Bulgária e Roménia a União funcionará com 23 línguas oficiais.

2 COM(2005) 596: Um novo quadro estratégico para o multilinguismo

http://europa.eu.int/languages/en/document/74

3 Em cada país, o inquérito cobre a população com idade mínima de 15 anos e que tem cidadania de um dos Estados-Membros. Nos países em fase de adesão ou candidatos, o inquérito abrange cidadãos desses países assim como cidadãos dos Estados-Membros da UE residentes nesses países que têm um domínio da língua ou línguas nacionais respectivas suficiente para responder ao questionário.

4 COM (2003) 449: Promover a aprendizagem das línguas e a diversidade linguística: um plano de acção 2004-2006 http://europa.eu.int/comm/education/doc/official/keydoc/actlang/act_lang_en.pdf

5 Conclusões do Conselho Europeu de Barcelona, de Março de 2002.

http://ue.eu.int/ueDocs/cms_Data/docs/pressData/en/ec/71025.pdf

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• A importância da educação

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EUROBARÓMETRO especial 243 “OS EUROPEUS E AS SUAS LÍNGUAS” RESUMO

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O PONTO DE PARTIDA Hoje, a União Europeia é multilingue numa dupla acepção: muitas línguas nativas são faladas na área geográfica e uma parte razoável de cidadãos tem competências em diversas línguas. Não obstante, as competências linguísticas não estão distribuídas de modo uniforme em toda a Europa e os seus cidadãos parecem precisar de incentivo para aprender línguas estrangeiras.

D484a Qual é a sua língua materna? LÍNGUA MATERNA -% MENÇÕES (RESPOSTAS ESPONTÂNEAS-VÁRIAS RESPOSTAS POSSÍVEIS)6

Línguas nacionais, línguas oficiais que têm estatuto

oficial na UE7

Outras línguas comunitárias

oficiais8

Outras línguas9

BE Neerlandês 56%, francês 38%, alemão 0.4 % 5% 3%

CZ 98% 2% 0.7%

DK 97% 2% 2%

DE 90% 3% 8%

EE 82% 1% 18%

EL 99% 0.2% 0.7%

ES Espanhol 89%, catalão10 9%, galego11 5%, basco12 1%

1% 2%

FR 93% 6% 3%

IE Inglês 94%, irlandês 11% 2% 0.2%

IT 95% 5% 1%

CY 98% 2% 1%

LV 73% 1% 27%

LT 88% 5% 7%

LU Luxemburguês 77%, francês 6%, alemão 4% 14% 0.8%

HU 100% 0.8% 0.6%

MT 97% maltês, 2%inglês 0.6% -

NL 96% 3% 3%

AT 96% 3% 2%

PL 98% 1% 1%

PT 100% 0.6% 0.1%

SI 95% 1% 5%

SK 88% 12% 2%

FI Finlandês 94%, sueco 5% 0.8% 0.4%

6 A questão permite respostas múltiplas, ou seja, os inquiridos podem nomear várias línguas como língua materna. "Não sabe" também é uma opção possível. Desta forma, as percentagens somadas de línguas faladas num país podem ir até mais ou menos que 100%. As respostas são dadas espontaneamente e codificadas numa lista previamente elaborada.

7 As línguas nacionais têm estatuto oficial num dado país. Línguas oficiais têm um estatuto oficial numa dada região num país ou em todo um Estado. Línguas regionais que têm um estatuto oficial na UE são o catalão, o galego e o basco.

8 A categoria "outras línguas comunitárias oficiais" inclui as línguas oficiais da UE que são faladas num país onde não têm estatuto de línguas nacionais.

9 A categoria "outras línguas" inclui línguas não indígenas e línguas regionais/minoritárias que não têm estatuto de língua oficial da UE.

10 O catalão está protegido pelo Estatuto de Autonomia da Catalunha (4/1979), que determina que o catalão e o castelhano são as línguas oficiais da Catalunha. A Lei 7/1983 sobre a estandardização linguística na Catalunha foi substituída pela lei sobre a política linguística (Lei n.º 1 de 7 de Janeiro de 1998).

11 O galego está protegido pelo Estatuto de Autonomia da Galiza (1982), que especifica que galego e castelhano são as línguas oficiais. A lei galega da estandardização linguística (1983) promove o galego em todos os domínios da sociedade.

12 O basco está protegido pelo Estatuto de Autonomia do País Basco (1979), que determina que o basco e o castelhano (espanhol) são línguas oficiais no País Basco.

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EUROBARÓMETRO especial 243 “OS EUROPEUS E AS SUAS LÍNGUAS” RESUMO

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SE 95% 5% 2% UK 92% 3% 5%

BG 90% 0.4% 11% HR 98% 1% 0.8% RO 95% 6% 0.7% TR 93% 0.5% 7%

Não surpreende portanto, que a língua materna da maioria dos europeus seja uma das línguas nacionais do respectivo país. 100% dos húngaros e dos portugueses nomeiam as suas línguas nacionais respectivas como a sua língua materna. Contudo, em cada país inquirido, existe uma minoria que fala uma outra língua oficial da UE que não a língua nacional ou uma língua não europeia como sua língua materna. 14% dos inquiridos no Luxemburgo indicam que falam outra língua da UE para além das três línguas nacionais. Tal situação pode ser atribuída ao facto de existir uma minoria substancial de portugueses que reside país (língua materna de 9%) e a presença no país de instituições internacionais. No caso da Eslováquia, 10% dos inquiridos falam húngaro como língua materna13. Quanto às línguas não-UE, na Letónia e na Estónia existe uma parte significativa de cidadãos que fala russo como língua materna (26% e 17%, respectivamente), o que é compreensível por razões históricas e geográficas. Este efeito é detectado também na Bulgária, país candidato, onde 8% dos inquiridos indicam o turco como língua materna. Por último, para alguns dos cidadãos da UE, a língua materna é a língua do respectivo país de origem fora da UE. Esta situação observa-se nos países que têm tradicionalmente grandes populações de imigrantes tais como a Alemanha, a França e o Reino Unido. 56% dos cidadãos dos Estados-Membros da UE são capazes de manter uma conversa numa língua diferente da sua língua materna. Esta percentagem cresceu 9 pontos em relação a 2001 entre os 15 Estados-Membros da altura14. 99% dos luxemburgueses, 97% dos eslovacos e 95% dos letões indicam que sabem pelo menos uma língua estrangeira.

D48b-d D48d Quais as línguas que fala suficientemente bem, ao ponto de poder manter uma conversa,

excluindo a sua língua materna?

44%

11%

28%

56%

0% 60%

Nenhuma

Pelo menos três línguas

Pelo menos duas línguas

Pelo menos uma língua

13 A lei sobre línguas minoritárias foi adoptada na Eslováquia em 10 de Julho de 1999. Essa lei permite a utilização de línguas minoritárias na administração pública a nível local, onde pelo menos 20% da comunidade pertençam a um grupo minoritário.

14 Standard EB 55.1 in http://www.europa.eu.int/comm/public_opinion/archives/eb/eb55/eb55_en.pdf

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No que se refere ao objectivo de cada cidadão da UE conhecer duas línguas para além da sua língua materna, 28% dos inquiridos indicam que falam duas línguas estrangeiras suficientemente bem para manter uma conversa. Esta situação verifica-se particularmente no Luxemburgo (92%), nos Países Baixos (75%) e na Eslovénia (71%). 11% dos inquiridos indicam que dominam pelo menos três línguas para além da sua língua materna. Ainda assim, quase metade dos inquiridos, 44%, admitem não saber qualquer outra língua para além da sua língua materna. Em seis Estados-Membros, a saber, Irlanda (66%), Reino Unido (62%), Itália (59%), Hungria (58%), Portugal (58%) e Espanha (56%), a maioria dos cidadãos encontra-se neste grupo. O inglês continua a ser a língua estrangeira mais amplamente falada na Europa. 38% dos cidadãos da UE indicam que têm competências suficientes em inglês para manter uma conversa. Em 19 dos 29 países inquiridos, o inglês é a língua mais amplamente conhecida para além da língua materna, como se verifica no caso da Suécia (89%), de Malta (88%) e dos Países Baixos (87%). 14% dos europeus afirmam que conhecem também o francês ou o alemão conjuntamente com a sua língua materna. O francês é a língua estrangeira mais falada no Reino Unido (23%) e na Irlanda (20%), ao passo que os cidadãos da República Checa (28%) e da Hungria (25%) são aqueles que, com maior probabilidade, poderão dominar o alemão. O espanhol e o russo completam o grupo das cinco línguas mais amplamente conhecidas para além da língua materna, com uma quota de 6% dos cidadãos europeus que sabem cada uma delas.

Em conclusão, as línguas nacionais dos Estados-Membros mais populosos são, sem surpresa, as línguas nativas mais amplamente conhecidas na UE, sendo o alemão a língua materna mais falada (18%). Quando se combinam estes resultados com as competências em línguas estrangeiras, pode-se notar que o inglês é claramente a língua mais comummente utilizada na EU, sendo que mais de metade dos inquiridos (51%) a falam quer como língua materna quer como língua estrangeira.

Línguas mais comummente utilizadas na UE - %

9%

13%

12%

18%

13%

14%

14%

38%

9%

6%

1%

6%

3%

Russo

Polaco

Espanhol

Italiano

Francês

Alemão

Inglês

Língua marterna Língua estrangeira TOTAL

51%

32%

26%

16%

15%

10%

7%

Ao mesmo tempo, vale a pena assinalar que as competências linguísticas são distribuídas de maneira desigual pela área geográfica da Europa e pelos grupos sociodemográficos.

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Observam-se competências linguísticas de nível razoavelmente bom em Estados-Membros relativamente pequenos que têm diversas línguas nacionais, línguas nativas menos utilizadas ou com "intercâmbio linguístico" com países limítrofes. Tal acontece, por exemplo, no Luxemburgo, onde 92% falam pelo menos duas línguas. Os que vivem nos países da Europa do Sul ou nos países onde uma das línguas europeias importantes é uma língua nacional apresentam competências linguísticas moderadas. Apenas 5% de turcos, 13% de irlandeses e 16% de italianos dominam pelo menos duas línguas para além da sua língua materna. Um europeu "multilingue" é normalmente um jovem, com um nível de escolaridade elevado ou ainda a estudar, nascido noutro país que não aquele em que reside, que utiliza as línguas estrangeiras para fins profissionais e está motivado para aprender. Consequentemente, parece que uma grande parte da sociedade europeia não está a beneficiar das vantagens do multilinguismo. Finalmente, o nível de motivação dos cidadãos da UE para aprender línguas é moderado. Nos últimos dois anos, 18% dos cidadãos da UE referem estar a aprender línguas estrangeiras ou a melhorar as suas competências linguísticas e 21% indicam que têm a intenção de o fazer no próximo ano. Com base nestes resultados, aproximadamente 1 em cada 5 europeus pode ser descrito como um estudante de línguas activo15 que recentemente melhorou as suas competências linguísticas ou pretende fazê-lo durante os próximos 12 meses. Apenas 12% dos inquiridos melhoraram os seus conhecimentos linguísticos no passado e pretendem fazê-lo também no próximo ano, ganhando com isso o estatuto de estudante de línguas muito activo. Os três factores mais frequentemente mencionados como desincentivadores da aprendizagem de línguas são: falta de tempo (34%), motivação (30%), e o custo dos cursos de línguas (22%). Os incentivos que são vistos como propícios a uma melhoria dos conhecimentos linguísticos reflectem estes resultados: entre os mais votados são os cursos de línguas gratuitos, com 26%, seguidos dos cursos flexíveis que se adaptam ao calendário de cada um, com 18%. A nível mais geral, as razões para aprender línguas estão a ficar cada vez mais ligadas às vantagens práticas, como sejam oportunidades de utilizar as competências no trabalho (32%) ou de trabalhar no estrangeiro (27%) em comparação com os resultados de há quatro anos. Todavia, outros motivos "menos utilitários" tais como a utilização de línguas estrangeiras em férias (35%) ou para satisfação pessoal (27%), ainda se mantêm bem alto nas preferências dos inquiridos.

15 Por estudante de línguas muito activo entende-se alguém que aprendeu ou melhorou as suas competências linguísticas durante os últimos dois anos e tem intenção de prosseguir essa actividade nos próximos 12 meses. Por estudante de línguas activo entende-se alguém que aprendeu/melhorou as suas competências linguísticas durante os últimos dois anos ou pretende fazê-lo durante os próximos 12 meses. Por estudante de línguas não activo entende-se alguém que não adquiriu ou melhorou conhecimentos linguísticos durante os últimos dois anos nem pretende fazê-lo nos próximos 12 meses.

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QA5 Quais seriam as suas razões para aprender uma nova língua?

6%

21%

20%

24%

22%

18%

37%

26%

47%

14%

17%

17%

21%

23%

27%

27%

32%

35%

0% 50%

Para poder estudar noutro país

Para encontrar pessoas de outros países

Para saber uma língua que é muito falada nomundo

Para poder compreender as pessoas de outrasculturas

Para ter um emprego melhor (NOSSO PAÍS)

Para poder trabalhar noutro país

Para satisfação pessoal

Para poder usar no trabalho (incluindo viajar pormotivos profissionais no estrangeiro)

Para poder falar nas férias no estrangeiro

EB54.1/2001 EB 64.3/2005

OS DESAFIOS A situação actual levanta desafios consideráveis para o futuro relativamente aos objectivos estabelecidos para uma sociedade europeia multilingue. Entre eles estão os desafios de atender à vontade dos cidadãos de aprender línguas, atingir os objectivos a nível político e alcançar o objectivo da "língua materna + duas". Em primeiro lugar, prevalece entre os europeus um consenso notável sobre as vantagens de saber várias línguas. 83% dos cidadãos dos Estados-Membros consideram que saber línguas estrangeiras é ou pode ser muito útil para eles pessoalmente, dos quais, mais de metade (53%) consideram os conhecimentos linguísticos muito úteis. Apenas 16%, dos inquiridos não reconhecem as vantagens do multilinguismo.

Praticamente toda a gente na Suécia (99%), em Chipre (98%) e no Luxemburgo (97%) reconhece as vantagens, e mesmo nos países com o menor apoio desta ideia, Portugal e Grécia, 3 em cada 4 cidadãos consideram os conhecimentos linguísticos como úteis.

QA1 Considera que o conhecimento de outras línguas para além da sua língua materna é, ou poderia ser, muito útil, bastante

útil, não muito útil ou nada útil para si?

53% 30% 8% 8%

0% 50% 100%

Muito útill Bastante útil Não muito útil Nada útil NS/NR

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Este apoio estende-se até ao nível político, uma vez que 67% dos inquiridos concordam com a ideia de que o ensino das línguas deveria ser uma prioridade política, mostrando-se 29% inteiramente de acordo com este ponto de vista. Em 26 dos 29 países inquiridos, a maioria da população compartilha deste ponto de vista. É o caso, em particular, dos países da Europa do Sul onde se tem consciência de que as competências em línguas são moderadas. 87% de cipriotas e 82% de gregos veriam o ensino das línguas como uma prioridade política, ao passo que na Croácia, país candidato (55% discordam) e na Finlândia (53%) a maioria dos cidadãos está contra esta ideia.

QA12.1 Por favor, diga-me em que medida concorda ou discorda com cada uma das seguintes afirmações: O ensino das

línguas deveria ser uma prioridade política - % EU

29% 38% 19% 9% 6%

0% 50% 100%

Totalmente de acordo Tendo a concordar

Por último, o objectivo da "língua materna + duas" recolhe um apoio cauteloso da parte dos europeus, uma vez que 50% de europeus concordam com a ideia de que todos na UE devem poder falar duas línguas para além da sua língua materna. 44% dos inquiridos estão contra esta opção. Presentemente, 28% dos europeus afirmam poder manter uma conversa em duas línguas estrangeiras. A nível dos países, observam-se variações dignas de nota. Aparentemente, são os países do Sul e do Leste da Europa que, com maior probabilidade, apoiam esse objectivo. Destacam-se nessa posição a Polónia (75%), a Grécia (74%) e a Lituânia (69%). A Suécia (27%) e a Bulgária, país em fase de adesão (27%), têm as mais baixas proporções de cidadãos que aceitam a ideia de todos falarem pelo menos duas línguas em conjunto com a sua língua materna. Este objectivo foi avançado pela primeira em Barcelona, em Março de 2002, pelos Chefes de Estado ou de Governo16, que apelou a que fossem ensinadas pelo menos duas línguas estrangeiras desde a idade mais precoce. Este objectivo é para alcançar a longo prazo, pelo que há que dar continuidade ao trabalho encetado. A base de apoio existe, uma vez que 84% dos europeus concordam que na União Europeia todos devem falar uma língua para além da sua língua materna.

16 Conclusões do Conselho Europeu de Barcelona, de Março de 2002.

http://ue.eu.int/ueDocs/cms_Data/docs/pressData/en/ec/71025.pdf

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O ENSINO É A SOLUÇÃO Os sistemas educativos de cada país e as gerações futuras serão os elementos cruciais para vencer os desafios do multilinguismo. É convicção do Comissário Ján Figel’ (responsável pelo pelouro da Educação, Formação, Cultura e Multilinguismo), "que a jovem geração de hoje contribuirá integralmente para enriquecer a sociedade multilingue da Europa"17.

QA7a Vou mencionar meios para se aprender uma língua estrangeira. Poderia identificar aqueles que já usou? - % EU

15%

16%

18%

22%

65%

13%

12%

10%

10%

0% 70%

Por mim próprio(a) utilizando meios audiovisuais(cassetes audio, CD audio, cassetes vídeo, etc.

Vendo filmes na versão original (cinema/TV)(NOVA)

Conversas com alguém que tem esta língua comolíngua materna (ex. uma hora na sua língua, uma

hora na língua dessa pessoa)

Por mim próprio(a) lendo livros

Visitas prolongadas ou frequentes a um país ondeesta língua é falada

Falar de maneira informal com alguém que temesta língua como língua materna

Nenhum destes meios (ESPONTÂNEA)

Curso de línguas em grupo com um professor

Curso de línguas na escola (NOVA)

Os europeus aprendem línguas na escola e principalmente no ensino secundário. Uma grande maioria, 65%, indica as aulas de línguas na escola como o método que seguiram para aprender línguas estrangeiras. Quando interrogados sobre onde tinham melhorado os seus conhecimentos linguísticos, 59% dos inquiridos mencionaram a escola secundária e 24% a escola primária. De facto, para muitos europeus, a escola é, aparentemente, o único lugar onde alguma vez aprenderam línguas estrangeiras. Verifica-se um amplo consenso entre os europeus acerca da importância da aprendizagem de línguas estrangeiras por parte dos jovens. 73% dos cidadãos da UE referem as melhores oportunidades de emprego como a razão principal para que

17 Comunicado de imprensa sobre o Dia Europeu das Línguas, 26 de Setembro de 2005

http://europa.eu.int/rapid/pressReleasesAction.do?reference=IP/05/1179&format=HTML&aged=0&language=EN&guiLanguage=fr

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os jovens aprendam outras línguas para além da sua língua materna, seguidos de 38% dos inquiridos que indicam o estatuto global da língua como um motivo para que os jovens estudem línguas. Não há praticamente ninguém (0,4%) que não considere importante que os jovens adquiram conhecimentos linguísticos. A maioria dos europeus pensa que a melhor idade para começar a ensinar às crianças a primeira e a segunda línguas estrangeiras é a partir dos seis anos de idade (55% e 64%, respectivamente), por outras palavras, na escola primária.

A propósito do desafio de um início precoce para aprender duas línguas estrangeiras, 39% dos cidadãos da UE aceitariam que as crianças começassem a aprender a primeira língua para além da sua língua materna antes dos 6 anos de idade. Contudo, no que se refere à segunda, apenas 17% dos inquiridos subscrevem este ponto de vista.

77% dos cidadãos da UE consideram que as crianças devem aprender inglês como primeira língua estrangeira. O inglês aparece no primeiro lugar em todos os países inquiridos, com excepção do Reino Unido, Irlanda e Luxemburgo. O francês segue na segunda posição com 33% e o alemão recebe a preferência de 28% dos inquiridos.

QA2b E quais as duas línguas, para além da sua língua materna, que consideraque as crianças devem aprender?18 Inglês Francês Alemão Espanhol Russo Italiano Sueco

EU25 77% 33% 28% 19% 3% 2% 0%

BE 88% 50% 7% 9% 0% 1% -

CZ 89% 9% 66% 4% 9% 0% -

DK 94% 13% 62% 13% 0% 0% 0%

DE 89% 45% 3% 16% 6% 2% -

EE 94% 6% 22% 1% 47% 0% 1%

EL 96% 34% 50% 3% 0% 6% -

ES 85% 44% 14% 4% 0% 1% -

FR 91% 2% 24% 45% 0% 6% -

IE 3% 64% 42% 35% 1% 4% 0%

IT 84% 34% 17% 17% 0% 0% -

CY 98% 49% 19% 2% 4% 4% 0%

LV 94% 6% 28% 1% 42% 0% 0%

LT 93% 6% 34% 2% 43% 0% 0%

LU 59% 83% 43% 2% 0% 1% -

HU 85% 4% 73% 3% 2% 2% -

MT 90% 24% 13% 2% - 61% -

NL 90% 22% 40% 21% 0% 0% -

AT 84% 29% 2% 10% 4% 11% -

PL 90% 7% 69% 1% 10% 1% -

PT 90% 60% 8% 7% - 0% -

SI 96% 6% 69% 3% 0% 12% 0%

SK 87% 7% 75% 3% 6% 1% 0%

FI 85% 10% 24% 3% 10% 0% 38%

SE 99% 17% 35% 31% 1% 0% 1%

UK 5% 71% 34% 39% 1% 3% -

18 No quadro, são apresentadas apenas as línguas que recebem as duas primeiras menções.

Page 12: Table des matières - European Commissionas suas línguas nacionais respectivas como a sua língua materna. Contudo, em cada país inquirido, existe uma minoria que fala uma outra

EUROBARÓMETRO especial 243 “OS EUROPEUS E AS SUAS LÍNGUAS” RESUMO

- 12 -

BG 87% 13% 49% 5% 14% 1% -

HR 82% 5% 69% 2% 0% 14% -

RO 64% 34% 17% 7% 2% 8% -

TR 72% 12% 52% 1% 2% 1% -

= primeira língua = segunda língua

Para além da educação escolar, existem muitas outras maneiras de aprender línguas e diferentes ambientes de aprendizagem. A título de exemplo, estudos mostram que a utilização de legendas pode incentivar e facilitar a aprendizagem de línguas. Nos países onde é habitual a utilização de legendas, é significativamente mais elevado o apoio que granjeia a visão de filmes e programas estrangeiros na língua original. Esse é o caso de 94% dos suecos e dinamarqueses e 93% dos inquiridos finlandeses. Pode notar-se que estes países estão entre os Estados-Membros onde os cidadãos tendem a dominar diversas línguas. Em média, 10% dos cidadãos da UE afirmam que se serviram de filmes na sua versão original como meio de aprender línguas. Contudo, a maioria dos europeus, 56%, prefere ver os filmes e programas estrangeiros dobrados a ouvir a língua original com legendas. Este é especialmente o caso da Hungria (84%) e da República Checa (78%).

QA11.8 Diga-me se tende a concordar com as afirmações seguintes ou a discordar. Prefiro ver filmes e programas estrangeiros com legendagem do que dobrados - % EU

37% 6%56%

0% 50% 100%

1

Tendo a concordar Tendo a discordar NS/NR

v

FINALMENTE À luz dos objectivos fixados para uma Europa multilingue, a situação pode ser considerada com promissora. Comparados estes resultados com os dos inquéritos Eurobarómetro levados a cabo em 200119, pode dizer-se que a evolução ao longo destes quatro anos foi positiva:

• O número de cidadãos da UE que sabem pelo menos uma língua estrangeira aumentou linearmente de 47% em 2001 para 56% em 2005.

• O nível de auto-percepção dos conhecimentos linguísticos dos europeus está a melhorar. Comparada com os resultados de 2001, a proporção das pessoas que dominam o inglês e o espanhol aumentou 4 pontos e a proporção das pessoas que falam muito bem o francês e o alemão aumentou 3 e 2 pontos respectivamente20.

19 EB54.1 Os Europeus e as Línguas

http://www.europa.eu.int/comm/public_opinion/archives/ebs/ebs_147_summ_en.pdf e Standard EB 55.1 in http://www.europa.eu.int/comm/public_opinion/archives/eb/eb55/eb55_en.pdf

20 O nível de russo não foi coberto no EB54.1

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EUROBARÓMETRO especial 243 “OS EUROPEUS E AS SUAS LÍNGUAS” RESUMO

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• Hoje em dia, há mais europeus convencidos de que saber línguas estrangeiras é útil em comparação com a situação de há quatro anos (83% em 2005 contra 72% em 2001).