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APAGUE A LUZ! T. S. WILEY BENT FORMBY, Ph.D. Durma melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial e reduza o estresse

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Melatonina - eis o segredo da SAÚDE VERDADEIRA! A toxicidade da luz artificial - câncer - obesidade - doenças cardíacas - ataques cardíacos - paranóia - esquizofrenia - depressão - SONO REPARADOR - nuno cobra - alimentação equilibrada - saúde - vigor - bem estar - felicidade - - -

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APAGUE A LUZ!T. S. WILEY

BENT FORMBY, Ph.D.

Durma melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial e reduza o estresse

Editora Campus2000

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Apague a luz! Durma melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial e reduza o estresse

Bent Formby e T. S. Wiley Auto-Ajuda   377 páginas

Com base em uma pesquisa minuciosa, colhida no National Institutes of Health (Instituto Nacional de Saúde), T.S.Wiley e Bent Formby apresentam descobertas incríveis:os americanos estão doentes de cansaço. Diabetes, doenças do coração, câncer e depressão são enfermidades que crescem em nossa população e estão ligadas à falta de uma boa noite de sono.

Quando não dormimos o suficiente, em sincronia com a exposição sazonal à luz, estamos alterando um equilíbrio da natureza que foi programado em nossa fisiologia desde o Primeiro Dia. A obra revela por que as dietas ricas em carboidratos, recomendadas por muitos profissionais da saúde, não são apenas ineficazes, mas também mortais; por que a informação que salva vidas e que pode reverter tudo é um dos segredos mais bem guardados de nossos dias.

Com o livro, o leitor saberá que:

perder peso é tão simples quanto uma boa noite de sono

temos compulsão por carboidratos e açúcar quando ficamos acordados depois que escurece

a incidência de diabetes tipo II quadruplicou

terminaremos como os dinossauros, se não comermos e dormirmos em sincronia com os movimentos planetários.

T.S.WILEY e BENT FORMBY, Ph.D., são pesquisadores que trabalharam juntos no Sansum Medical Research Institute em Santa Barbara, na Califórnia – o centro de pesquisas de ponta sobre diabetes desde que a insulina foi sintetizada pela primeira vez, lá mesmo, na década de 1920.

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AGRADECIMENTOS

A primeira rodada de agradecimentos vai para nossas famílias, por sua paciência e apoio. Florence, a esposa de Bent, é uma séria candidata à canonização, e meu Neil é, e tem sido sempre, o meu Médici particular. Não sou nada sem ele. Meus filhos, os pobres negligenciados Jake, Max, Zoe e Ian continuam sendo os melhores filhos do planeta. Este esforço levou cinco longos anos, no meu caso, e quase três para o meu colaborador. Durante esse tempo, nossas famílias agüentaram mais “papo ciência” de manhã, de tarde e de noite do que qualquer pessoa mereceria. Quase sempre, o jantar saia tarde e o sofrimento deles era palpável, mas ainda assim eles nos amam, e por isso somos gratos. Tenho uma dívida especial com minhas filhas mais velhas, Mara e Aja, por seus intelectos raros e diferenciados, que serviram para inspirar e expandir meu próprio intelecto. Mara Roden passou horas infindáveis em profundo debate, acrescentou inúmeros conceitos evolucionários e neuroendócrinos, deu apoio incondicional e fez grande parte da primeira e tediosa parte da editoração. Aja Raden, consultora criativa, deu o título ao livro, assim como a vários capítulos, além de criar uma infinidade de subtítulos fortes e mordazes. Também ela passou muitas horas explicando física, química e matemática à sua velha mãe. Wiley Lorente provou que sangue é mais forte que tinta, ao trabalhar ombro a ombro comigo editando, reorganizando ou simplesmente sofrendo, durante os cinco anos e as quatorze versões da obra. E ao meu colaborador, o incrível Dr. Bent Formby, muito obrigada. Obrigada por entender o que eu queria dizer, antes de você me dar as palavras para dizê-lo. Obrigada por ser o professor e mentor mais fantástico do mundo. Obrigada por sua grande capacidade para crescer e mudar. Sem as suas centenas de horas de pesquisa, minhas teorias não passariam de “teorias”. Bent, você é a outra metade do meu cérebro. Muitos outros colegas também colaboraram com este livro. A Dra. Julie Taguchi, do Hospital Cottage, em Santa Bárbara; o Dr. Alex Depaoli, que agora está em Amgen; as Dras. Eve Van Cauter e Martha McClintock, da Universidade de Chicago; Ernst Mayr, de Harvard; e Anthony Cincotta, da Ergo Science. Todos eles me emprestaram seus cérebros mais de uma vez. Não poderia esquecer, é claro, os grandes cérebros forçados a colaborar no National Institutes of Health de Washington: o Dr. Thomas Wehr, su7a pós-doutorada Holly Giessen e a Dra. Ellen Leibenluft.

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Minha assistente Chelsey Haskins trabalhou incansavelmente nas edições e notas. Krista Silva, a gerente de nosso escritório, compilou a volumosa pesquisa de Bent. Ambas passaram horas demais na Federal Express ou no e-mail, ou simplesmente “me agüentando”. Temos também uma dívida de gratidão com todos os leitores voluntários e cobaias – cujo número é grande demais para citarmos nominalmente – que acreditaram em nossas teorias e concordaram em testá-las. Talvez o mais valoroso de todos os soldados, em nossa cruzada para trazer de volta a noite, tenha sido Débora Schneider, nossa agente. Ela identificou e lutou pela verdade anos antes de termos ao pesquisa para comprovar tudo. Sem seu apoio visionário e representação talentosa, nunca teríamos somado nossas forças às do fantástico pessoal da Pocket Books. Minha primeira conversa com emily Bestler e Jane Cavolina me convenceu de que nenhuma outra editora daria conta do recado. O entusiasmo e a rara inteligência de ambas, que se irradiavam pelo telefone a 5 mil quilômetros de distância, naquele dia, aquecem meu coração até hoje. O termo “minha editora” realmente me dá força e energia. Jane Cavolina se apoderou deste projeto e me convenceu completamente de que “não estamos sozinhos nesse negócio”. Sua metáfora para seu artístico trabalho de edição – “faxina” – não lhe faz justiça. Ela tornou o processo de escrever uma versão após outra completamente indolor, e transformou o produto final em algo de que me orgulho profundamente. Obrigado, Jane. E por fim, mas não por último em importância, queremos agradecer a Pam Duevel. Se você tem hoje este livro nas mãos é graças a ela, Pam, a absurdamente talentosa, ridiculamente criativa e dedicada líder da equipe de publicidade da Pocket Books, encarregada de colocar essas informações nas mãos das pessoas que dela precisam.

T. S. Wiley

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SUMÁRIO

Introdução 13

PARTE 1, 21SEGREDOS E MENTIRAS

UM 23Queremos acreditar: a igreja dos falsos deuses

DOIS 41No escuro: Um evento no nível da extinção

PARTE II 59NÃO ESTAMOS SOZINHOS

TRÊS 61Uma autópsia da terra:O meio ambiente controla a genética da obesidade

QUATRO 83No gelo: A evolução, a biofísica e o escuro

PARTE III 97A VERDADE ESTÁ AQUI

CINCO 99Negue tudo:O sono controla o apetite e, portanto, a obesidade, o diabetes e a hipertensão

SEIS 121Tudo está dentro da sua cabeça:Não dormir e comer açúcar demais v]ao levar você à loucura

Sete 145O melhor lugar para esconder uma mentira é entre duas verdades:O que faz parar o maior relógio de seu corpo

OITO 169Dez segundos para a autodestruição:No esquema evolutivo, o câncer é simplesmente o novo “você”

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PARTE IV 193SÓ OS PARANÓICOS SOBREVIVEM

NOVE 195Controle dos danos:O método rítmico de comer para evitar a extinção

DEZ 235Tenha medo, muito medo:Somos uma espécie em perigo

GLOSSÁRIO 245

NOTAS 267

BIBLIOGRAFIA E SUGESTÕES DE LEITURA COMPLEMENTAR 363

ÍNDICE 369

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Não estamos aqui preocupados com esperanças e medos, apenas com a verdade, até onde nossa razão nos permite descobri-la. Já forneci provas, ao máximo de minha capacidade...

- Charles DarwinA descendência do homem

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Pág 13INTRODUÇÃO

O tema é notícia em toda parte. Na revista Life de janeiro de 1998, 70 milhões de americanos finalmente admitiram que, ocasionalmente, dormimos ao volante, deixamos a bola cair ou saímos literalmente do ar. Livros como Power Sleeping e recortes de notícias sobre jet lag estão sempre aparecendo nos meios de comunicação. A falta de sono é o mais novo déficit dos Estados Unidos. Este déficit é uma tremenda cratera que não temos esperança de fechar. Aparentemente, quando perdemos horas de sono, a sensação é igual a correr a pé atrás de um trem em movimento. O problema é que, no caso do sono, realmente não se pode recuperar. Por que não? Seus hormônios não são tão elásticos assim. Hormônios e sono? Isso é novidade. Hormônios como o estrogênio e, ocasionalmente, a testosterona, são sempre notícia. O DHEA e o hormônio do crescimento humano até aparecem de vez em quando, mas sempre nas matérias sobre envelhecimento. O único hormônio ligado ao sono é a boa e velha melatonina – e todo mundo sabe que pode ser comprada sem receita médica. Se precisar é fácil conseguir, certo? Então, por que deixar a falta de sono mantê-lo noites e noites acordado? Porque, quando você dorme menos no que deve, a melatonina não é o único hormônio afetado. Há pelo menos dez hormônios diferentes, e outros tantos neurotransmissores no cérebro, que começam a não funcionar direito quando você não dorme o suficiente. A melatonina é apenas a ponta do iceberg, por assim dizer. Todas as outras alterações é que modificam o apetite, a fertilidade e a saúde mental e cardíaca. Então, porque essa notícia faça parte, separadamente, de cinco ou seis disciplinas acadêmicas diferentes. Por exemplo, a Dra. Eve Van Cauter, da Universidade de Chicago, chama de “dívida de sono” as alterações hormonais que registra em seu laboratório de estudos do sono. Um

Pág 14nome que pode pegar... Talvez assim a perda do sono atraia alguma atenção. De alguma maneira, a idéia de relacionar a perda do sono a ser credor ou devedor de alguma coisa – igual a dinheiro

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– atribua ao assunto maior importância. O dinheiro sempre fala alto – e essa dívida de sono que você está contraindo tem um custo anual direto, para a nação, de 15,9 bilhões de dólares, e um custo indireto de mais de 100 bilhões de dólares, em horas perdidas de trabalho e acidentes. Mas nós dizemos que o custo é, na verdade, bem maior. É o custo da sua vida. Dormir depois que o despertador toca, cochilar no teclado do computador ou derramar o café na mesa de trabalho, não são os principais desastres para quem dorme pouco: a morte é a pior conseqüência. E, quando falamos de morte não estamos falando de acidentes de automóvel. Como a nação, estamos doentes porque não dormimos. Estamos gordos e diabéticos porque não dormimos. Estamos morrendo de câncer ou do coração porque não dormimos. Uma avalanche de artigos científicos escritos e revisados por colegas nossos dão suporte à nossa conclusão de que, quando não dormimos em sincronia com a variação sazonal da exposição à luz, alteramos definitivamente um equilíbrio da natureza que foi programado em nossa fisiologia desde o Primeiro Dia. O relógio cósmico está embutido na fisiologia de cada ser vivo. A história que estamos prestes a contar é tão óbvia e, no entanto tão fantástica, que você não acreditaria, se não fosse verdade. Há mais coisas na história da perda de sono do que qualquer um de nós esperaria, porque até agora ninguém foi capaz de enxergar o quadro completo. Nós enxergamos – e vamos mostrá-lo a você. Em Apague a luz, provamos que a obesidade e os principais assassinos relacionados a ela – doenças cardíacas, diabetes e câncer – são causados por noites curtas, por trabalhar durante horas ridiculamente longas, por, literalmente, queimar a vela nas duas pontas – e pela eletricidade, que nos permite fazer tudo isso. A causa, com toda a certeza, não é comer gordura demais ou a falta de exercício. Pesquisamos o crescimento da obesidade e das chamadas doenças relacionadas a esse aumento de peso durante dois anos e meio. Nossas conclusões são suportadas por mais de uma década de pesquisa feita no National Institutes of Health (NIH), em Washington, e em mais de

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outras fontes científicas. A nova abordagem em relação à doença pode ser humilde e desconcertante, mas é o preço da verdade. Então ouça.

* * *

Quando o dia mais longo, criado pelos ciclos artificiais de claridade e escuridão se tornou a norma, há apenas setenta anos – com o uso indiscriminado das lâmpadas elétricas – obesidade, diabetes, doenças cardíacas e câncer de repente se tornaram as causas oficiais de morte nos relatórios dos investigadores públicos. Desde que essas doenças começaram a aparecer como as principais causas de morte, por volta de meados do século, os esforços por parte da ciência e da medicina para explicar o impressionante aumento de casos nunca examinaram qualquer outra mudança ambiental gritante, a não ser a dieta. E após todos esses anos, enquanto os americanos continuam a morrer, todos os médicos e pesquisadores continuam a insistir no mesmo ponto. É hora de ver a luz. A maior mudança pela qual os seres humanos passaram, nos últimos 10 mil anos, aconteceu há menos de setenta anos. A eletricidade e o uso indiscriminado da lâmpada elétrica figuram, ao lado da descoberta do fogo, do advento da agricultura e da descoberta do tratamento com antibióticos, entre os marcos sem retorno na história da humanidade. Em 1910, um adulto ainda dormia de nove a dez horas por noite. Hoje, esse adulto tem sorte se consegue dormir sete horas por noite. A maioria de nós não consegue. Esses números significam quinhentas horas a mais acordados por ano. Na natureza, dormiríamos 4.370 horas de um possível total de 8.760, ou metade de nossas vidas. Há oitenta anos, já tínhamos caído para 3.395 horas. Agora, temos sorte de atingir umas parcas 2.255 horas. Se a natureza conta o nosso tempo, e apostamos que sim, isso significa que só chegamos a viver a metade do que viveríamos. Talvez tenhamos dobrado esses números com cirurgias e antibióticos, mas imagine o quanto mais poderíamos viver se também dormíssemos. Na década de 1970, os americanos dedicavam 27 horas semanais ao “lazer”. Na década de 1990, essa média caiu para quinze horas. E trabalhamos pelo menos 48 horas semanais, em comparação às 35 que um trabalhador cumpria, em média, na década de 1970. naquela época

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tínhamos hobbies, jogávamos beisebol, montávamos miniaturas de navios, éramos membros de clubes e líderes de escoteiros. Hoje, embora o número de horas que dedicamos ao trabalho e ao lazer seja aproximadamente o mesmo, a proporção mudou consideravelmente. Nos últimos trinta anos, desde 1970, encontramos novas paixões para acrescentar às antigas: fazer exercícios, ir ao médico, agüentar um tráfego cada vez mais ensandecedor, assistir a 150 canais e a filmes de verdade na TV a cabo, além dos mais recentes bandidos: e-mail e eBay. Não admira que não sobra tempo para dormir ou cuidar das crianças. Então, por que os guardiões da nossa saúde não prestam atenção ao estresse e à falta de sono antes de colocarem a culpa na comida? Vai adivinhar. E quando resolveram examinar a dieta dos americanos e dar conselhos, fizeram tudo ao contrário. Disseram à população para comer açúcar e evitar gorduras. Ao revelar como seu corpo evoluiu junto com o planeta e tudo o mais que nele existe, e ao explicar como esse corpo utiliza o alimento para provocar o sono e lidar com o estresse, podemos dizer exatamente o que acontece – à sua mente, ao seu corpo e ao planeta – quando você come. Agora vamos lhe mostrar a luz. A ciência do ritmo circadiano explica tudo. Todos os mistérios podem ser desvendados. Neste livro, examinamos as evidências científicas através das lentes da biologia evolutiva e da biofísica. Os mapas moleculares nos mostram o caminho de casa e nos contam de novo o que sempre soubemos. O sono controla o apetite, e o apetite e o estresse controlam a reprodução. Dormir, comer e fazer amor controlam o envelhecimento. Os hormônios melatonina e a prolactina são atores fundamentais em nossa conexão mente-corpo-planeta. Eles se comunicam com o sistema imunológico e com o sistema de metabolização de energia, em relação aos ciclos de luz-e-escuridão. A insulina e a prolactina orquestram a química cerebral que governa a serotonina e a dopamina no cérebro, para controlar nosso comportamento e estado de espírito. Serotonina e dopamina controlam o comportamento em relação à comida e ao sexo. Resultado: pouco sono faz você ficar gordo, faminto, impotente, hipertenso, canceroso, e com o coração doente. A energia solar é a catalizadora de todo tipo de vida. A quantidade de luz que age sobre você informa os “controles” do seu “sistema” sobre a rotação e a órbita do planeta em que vivemos. Esse posicionamento global ajuda nossos sentidos a ficarem de olho no estoque de alimentos.

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Pág 17É essa comunicação cósmica que nos diz, desde o início dos tempos, quando comer, o que comer e quando reproduzir, para maximizar a comida disponível. Nós e todos os outros organismos neste planeta evoluímos com o giro do planeta – dentro e fora da luz do sol. O fato de você estar lendo isto significa que o sistema teve sucesso. O fato de você querer ler isto mostra que o sistema está desmoronando. A maioria das pessoas está absolutamente cansada de controlar o peso e preocupar-se com o coração. Estamos prestes a lhe dizer como parar. Poderíamos ter dado a este livro o título de Perca peso enquanto você dorme, mas nos pareceu demasiado vulgar. Quase o chamamos de Mantido no escuro, depois que descobrimos exatamente onde eram conduzidos os estudos que provavam nossa premissa: em Washington. E ninguém menos do que o National Institutes of Health confirma que é um “dado” científico dizer que os ciclos de luz-e-escuridão:

ligam e desligam a produção de hormônios ativam o sistema imunológico determinam a liberação diária, particularmente a sazonais,

dos neurotransmissores

Acabamos de dizer que, anos e anos atrás, nós existíamos em sincronia com todos os ciclos biofísicos e ritmos da natureza. Hoje, não apenas controlamos o estoque de alimentos, mas também fazemos retroceder a noite e o tempo. Neste livro dizemos qual é o preço que estamos pagando por querer brincar de Deus. Aqui está a conta: a infindável luz artificial com a qual convivemos é registrada, em nosso relógio interno, igual aos longos dias de verão, porque a noite nunca cai e o inverno nunca chega. Como mamíferos, somos teleguiados para armazenar gordura durante a exposição a dias longos e depois dormir – um pouquinho – ao menor sinal de fome. Só que agora não dormimos e também não sentimos fome; pelo menos, não temos fome de carboidratos. É por isso que estamos gordos e ficamos cada vez mais gordos. Afinal, é sempre verão! Enquanto o fogo, com sua luz, estendeu nosso dia o suficiente para afetar o intelecto e a reprodução, a eletricidade ilimitada pode simplesmente acabar com a gente.

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A menos que o governo faça isso primeiro.

Pág 18 Se o NIH realizou a maior parte dos estudos que fornecem as provas de que a depressão, a obesidade, as doenças do coração e o câncer podem ser prevenidos, em grande parte dos casos, se as pessoas simplesmente dormirem mais e apagarem as luzes, por que eles nos mantiveram no escuro até agora? Por que continuar a insistir que dietas ricas em carboidratos e exercício vão nos curar? Será que eles estão realmente tentando nos matar? A verdade é sempre mais estranha que a ficção. Os cientistas da MacArthur Mind/Body Foundation, da Universidade de Chicago, da NASA, do National Institutes of Health e do National Institutes of Mental Health, esses últimos em Washington, vêm estudando biofísica ao longo da última década. Isso significa que os mais importantes pensadores científicos dos Estados Unidos estão pesquisando a mesma ciência que nós pesquisamos para este livro. Enquanto você lê, também eles estão provando que nos reproduzimos e nos alimentamos sazonalmente, que temos um metabolismo fartura-fome, que desenvolvemos diabetes, doenças cardíacas, câncer e depressões graves se dormirmos menos de nove horas e meia por noite durante pelo menos sete meses no ano. Quando perguntamos ao Dr. Thomas Wehr, o chefe do departamento que estuda os ritmos sazonais e circadianos no NIH em Washington, se ele achava que a população tinha o direito de saber que com menos de nove horas e meia de sono por noite – ou seja, no escuro – as pessoas a) nunca serão capazes de deixar de comer açúcar, fumar e beber álcool; e b) com grande margem de certeza desenvolverão uma das seguintes condições: diabetes, doenças cardíacas, câncer, infertilidade, doença mental e/ou envelhecimento precoce, ele respondeu:”Bem, sim, ela tem o direito de saber. E deve ser informada; mas isso não vai mudar nada. Ninguém vai apagar mesmo as luzes...” Talvez não. Afinal, a luz é sedutora. Quanto mais tempo ficamos acordados, mais aprendemos. É por isso que os americanos são os melhores e os mais brilhantes – e também os mais doentes do mundo. Mas ainda acreditamos que algo pode acontecer. Afinal, quando os números divulgados pelas autoridades disseram aos americanos, no final da década de 1960, que era melhor encontrarem tempo para fazer exercícios ou então morreriam, eles passaram a fazer exercícios. E quando nos disseram para cortar a

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gordura de nossa dieta porque senão morreríamos, todas as fábricas de alimentos se prepararam para isso. Quando a medicina declarou que os remédios para

Pág 19diminuir o colesterol seriam a nossa salvação, enquanto ficávamos cada vez mais doentes. A gente botou as pílulas para dentro como se fossem balas de chocolate. É claro que muita gente ganhou dinheiro com o movimento do condicionamento físico, com os alimentos de baixo teor de gordura e com os remédios. Mas a única pessoa que vai se beneficiar com o sono é você mesmo. O que está em jogo, aqui, é se queremos ou não ir mais cedo para a cama e trabalhar menos horas por dia. Com os minimercados 24 horas, 250 canais de televisão e a internet para surfar a noite toda, reverter nosso ritmo exigiriam um esforço hercúleo. Sabemos disso, mas estamos prestes a fazer da volta ao tempo dos dinossauros uma escolha pessoal, não federal. Acreditamos que a população merece, de nosso governo, o acesso aos fatos e a uma consultoria nutricional mais precisa. Nós pagamos por isso. Todos os americanos sabem que Washington é pródiga em segredos, mas é um pouco difícil de engolir que, ao mesmo tempo que o Departamento Federal de Medicina nos diz para ingerir uma dieta pobre em gordura e 58% de carboidratos para curar obesidade, diabetes, doenças cardíacas e câncer, o NIH, que fica do outro lado da rua, está provando que o consumo excessivo de carboidratos, provocado pela privação do sono, figura entre as causas dessas mesmas doenças. Por que vimos sendo mantidos na ignorância, quando eles sempre souberam da verdade?

PARTE ISEGREDOS E MENTIRAS

Pág 23UMQUEREMOS ACREDITAR:A igreja dos falsos deuses

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Em algum momento do passado, os cientistas descobriram que o tempo flui mais vagarosamente quanto mais longe estivermos do centro da Terra. O efeito é minúsculo, mas pode ser medido com instrumentos extremamente sensíveis. Uma vez conhecido o fenômeno, algumas pessoas, ansiosas por permanecer jovens, mudaram-se para as montanhas. Agora, todas as casas estão construídas em Dom, no Matterhorn, Monte Rosa e outras elevações. É impossível vender casas em qualquer outro lugar... Pilotis... Pessoas ansiosas por viver mais construíram suas casas nos pilotis mais altos... Elas celebram sua juventude e caminham nuas em suas varandas... Com o tempo, as pessoas esqueceram a razão por que o mais alto é melhor. Mesmo assim, continuam a ensinar a seus filhos a evitarem deliberadamente outras crianças que vivem em elevações menores. Elas até se convenceram de que o ar rarefeito é bom para seus corpos e, seguindo essa lógica, adotaram dietas parcimoniosas e recusam tudo que não seja o alimento mais leve. No final, o povo se tornou fino como o ar, ossudo e velho antes da hora.– Alan Lightman,Os sonhos de Einstein

Em O Dorminhoco, clássico de Woody Allen, o personagem Miles Monroe, dono de uma loja de alimentos naturais e clarinetista, dá entrada no Saint Vincent’s Hospital em 1977 para um procedimento de rotina. Tem uma úlcera péptica. Quando acorda, duzentos anos depois, descobre que morreu – e que uma tia carinhosa o colocou em suspensão criogênica.

Pág 24 A trama engrossa quando dois cientistas fora-da-lei o descongelam ilegalmente para tirar vantagem do fato de que ele é uma não entidade numérica – e, como tal, pode ajudá-los a derrubar o regime fascista que controla os Estados Unidos em 2173. Há uma conversa em que eles discutem o progresso do paciente:

– Ele pediu algo especial? – No café da manhã, pediu umas coisas chamadas germe de trigo e mel orgânico. – Aah, sim, parece que naquele tempo as pessoas pensavam que essas coisas eram substâncias encantadas, que continham propriedades capazes de preservar a vida.

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– Quer dizer que não havia gordura, churrasco ou cobertura de chocolate quente? – Oh, não, essas coisas eram consideradas más para a saúde – exatamente o oposto do que hoje a gente sabe ser verdade. – Incrível!

O que é mais enervante a respeito desse pequeno flash de cinematografia? Que os números do seguro social classificam todo cidadão em um banco de dados de computador tipo “O Grande Irmão”, que um regime fascista controla os Estados Unidos ou que o New England Journal of Medicine divulgou um estudo em 1998 que conclui que a gordura pode, na verdade, proteger contra doenças cardíacas? Será que a sabedoria nutricional de 1970, na qual confiamos há décadas, pode estar completamente equivocada? O que vem agora? Durma mais ou você terá câncer? Pode considerar profética esta última afirmação. Mais tarde, Miles (Woody) vê o personagem vivido por Diane Keaton acender um cigarro por razões médicas e reclama: “Como pudemos errar tanto? Todo mundo sabia que gordura e cafeína eram substâncias tóxicas!” O outro respondeu: “Miles, todo mundo sabe que as únicas coisas que mantiveram viva a humanidade foram café, cigarros e carne vermelha!” De certa forma não parece tão engraçado, agora que pode ser verdade. Sem dúvida, café e cigarros parecem manter os franceses vivos. Eles até têm uma aparência melhor que a nossa. Nessa mesma cena tragicômica, o germe de trigo é dublê muito velado de nossas saladas e barras

Pág 25nutritivas. Na década de 1970, as saladas e barras nutritivas certamente seriam classificadas como “comida saudável” para os “maníacos da saúde”. Todos se sentiam muito confortáveis com o fato de que havia os “maníacos da saúde” e o resto de nós. Atualmente, se você não cuida da sua saúde, é considerado um imbecil. Hoje em dia tudo é rotulado “de baixo teor de gordura”, “sem gordura”, “99% livre de gordura” ou “com 30% menos de gordura”, na tentativa de se qualificar um “alimento saudável”. Até mesmo os sucos de frutas e as massas secas são vendidas como “sem gordura” porque somos todos imbecis. Seu médico e os doutores que aparecem na mídia, todos dizem – mesmo depois que os livros

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Protein Power do Dr. Atkins, já provaram o contrário – que você não consegue carboidratos de alta qualidade para perder peso a menos que consuma:

5 a 7 porções de frutas e verduras por dia, além das 5 a 7 porções recomendadas de grãos e pães, além de Massas e vinho

Eles nunca contam a Pepsi, a Coca, o mel no chá o xarope de milho com alto teor de frutose, que aparece como conservante em quase todos os alimentos processados. Agora vamos imaginar toda a comida que eles recomendam empilhada sobre a mesa (isto porque jamais caberia no prato). Não lhe parece muita coisa? E se todas essas promessas de baixo teor de gordura gerando vida longa, sem câncer e diabetes, num corpo magro e esbelto, ativado por um coração forte, limpo e sem hipertensão, fossem falsas desde o início? E se os carboidratos, e não a gordura fossem a causa da obesidade, do diabetes e do câncer?

O MÓDULO DE DEUS

A gente acha que o exercício explica por que as pessoas se sentem tão bem quando estão morrendo. É também a razão pela qual algumas pessoas conseguem manter regimes de baixo teor de gordura durante tempo suficiente para se matarem. O que faz uma pessoa agir assim? O desejo de ser magra e se sentir bem? De forma alguma. Michael Persinger, Ph.D., professor de neurociência e psicologia na Laurentian University, no Canadá, isolou uma área dos neurônios, nos

Pág 26lobos temporais do cérebro, que emite repetidamente fagulhas de atividade elétrica quando a pessoa pensa em Deus ou tem qualquer sentimento relativo à espiritualidade. Nós, cientistas, conhecemos isso através das tomografias de monges, freiras e esquizofrênicos, quando “falam com Deus”. Quase na frente desses lobos temporais está a amigdala, um órgão de formato amendoado que imbui os eventos de intensa emoção e de sensação de significado. Devido à forma como os lobos temporais são estruturados e sensorialmente conectados com a amigdala, eles são as regiões mais eletricamente sensíveis do cérebro. O Dr. Persinger tem

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conhecimento pessoal sobre isto porque ele criou um elmo com molas de fios de aço colocadas logo acima das orelhas (lembra Woody Allen em O Dorminhoco?). Ao passar uma corrente elétrica cuidadosamente controlada através dessas molas, o médico cria um campo magnético pulsante que imita os padrões transmissores de energia dos neurônios nos lobos temporais. Isso gera uma experiência espiritual mística completa, com uma saudável dose de paz. Os cobaias do Dr. Persinger relatam um “efeito opiáceo, com uma queda substancial da ansiedade e uma elevada sensação de bem-estar, semelhante aos relatos de iluminação”. Enquanto o Dr. Persinger caprichava em sua melhor caracterização de cientista louco, Vilayanur Ramachandran, Ph.D., diretor do Laboratório do Cérebro e da Percepção da Universidade da Califórnia, em San Diego, entrava em contato com o céu. O Dr. Ramachandran anunciou, em 1998, que havia descoberto o “módulo de Deus”. Este “módulo” está localizado no cérebro, numa área dentro dos lobos temporais, que se torna eletricamente ativada quando uma pessoa pensa em Deus ou em espiritualidade, ou relembra uma experiência “mística”. Olha, isso me parece familiar. Sabemos também que o estresse, a tristeza e principalmente a falta de oxigênio estimulam fortes descargas elétricas na mesma área, vizinha ao módulo de Deus. Como a falta de oxigênio desencadeia estas explosões neurais, alguns cientistas acreditam que esse mecanismo pode ser o responsável pelas várias experiências de euforia e tranqüilidade próximas da morte. Também a apnéia do sono, em pessoas com lobos temporais descontrolados, pode significar que elas ouvem alguém chamar seu nome quando adormecem, ou que têm uma “experiência fora do corpo”, como a sensação de estar voando, durante o sono. Podemos dizer também que a hiperventilação resultante do exercício, junto com o estilo de vida Yuppie-urbano de baixo teor de gordura,

Pág 27aciona o módulo de Deus. É por isso que o barato do corredor é uma experiência tão religiosa. Seu cérebro pensa que você está morrendo. Mas você só está sem fôlego. Receamos que você esteja sem tempo também. A verdade é que todo esse exercício está fazendo mais do que lhe dar um barato. Está exacerbando a queima de seus receptores de cortisol. Correr é uma resposta de medo. No mundo real, significa algo está querendo te pegar; pelo menos é o que seu

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corpo e seu cérebro pensam. Se você correr por tempo suficiente, todos os seus sistemas acreditarão que você vai conseguir ultrapassar aquele predador. A química cerebral que acompanha as corridas longas evolui para tornar mais agradável a saída deste mundo. Isso significa que a falta de oxigênio, sozinha, vai acionar aquela parte do cérebro que nos leva para o céu ou, neste mundo, nos dá uma razão para continuar correndo. O mecanismo da química cerebral que o faz ver Deus enquanto fica sem oxigênio evolui a partir das respostas programadas – respostas a impulsos ambientais que não mais existem, respostas que, num passado remoto, podem ter salvo sua vida ou tornado a morte agradável. Pois agora essas respostas o estão matando.

VIDA SAUDÁVEL?

Que outros impulsos ambientais estão acionando os mecanismos ancestrais da sobrevivência? A resposta a essa questão é uma cena arrepiante, digna de um romance de ficção científica. Ou de um livro como o nosso. Trabalhar até tarde, com luzes bem claras após escurecer, assistir ao programa de David Letterman ou conferir os e-mails tarde da noite, mesmo que seja por apenas meia hora – tudo isso fica registrado como se fosse um longo dia de verão, em seus controles ambientais internos. Isso significa que seu cérebro o forçará a buscar energia para armazenar, através da ingestão de açúcar. O açúcar (carboidratos) é o único caminho para a liberação da insulina; e a função da insulina é armazenar o excesso de carboidratos como gordura e colesterol, para que você tenha algo com que viver quando terminar o verão. A faixa de gordura no abdome, comum nos pacientes cardíacos resistentes à insulina e com colesterol alto, assim como nos diabéticos Tipo

Pág 28II teria servido, em outro tempo e lugar, para manter aquecidos os órgãos internos e ser utilizada como energia durante o período normal de fome (o inverno). A ingestão cada vez maior de carboidratos (açúcar) sempre acaba numa produção maior de colesterol também, porque os carboidratos baixam a temperatura de congelamento da membrana celular. No mundo real, você nunca teria acesso a uma tal quantidade de açúcar, a menos que fosse verão antes do inverno. Mas você não vive no mundo real.

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Da próxima vez que seu médico disser que seu colesterol está alto demais e que você deve cortar gorduras e fazer mais exercício, diga-lhe que ele está errado. Diga-lhe que você não está doente, que só vai hibernar – e que não quer congelar. Talvez ele ache graça. Você, por outro lado, deveria estar chorando pois tem um grande problema. Todos os sistemas que evoluíram para mantê-lo vivo, e que o mantiveram até este ponto, estão berrando: “A fome está chegando!!!” Quando você se exercita dia e noite para driblar o ganho de peso que seu corpo e sua mente desejam, você aciona sua “resposta de estresse”. E a mensagem que você envia a esses sistemas é: “Ai, meu Deus, a fome está chegando e tem um tigre atrás de mim!” Acredite, isso não é solução. Na realidade, o exercício pode muito bem ser o último prego de nossos caixões coletivos. A resposta de estresse ancenada quando você corre para salvar sua vida naquela esteira eleva seus níveis de cortisol. Se você faz isso de vez em quando – digamos, a cada dez dias, a resposta episódica natural do cortisol vai manter seu coração e cérebro saudáveis. Mas se você faz exercício feito um maníaco mais de uma vez por semana, os altos níveis de cortisol resultantes de todo o exercício crônico na verdade imitam o estresse da época da procriação, quando as longas horas de luz e a competição (principalmente para os machos) mantinham o cortisol em picos anuais. A competição sexual é a situação mais estressante possível na natureza, depois da morte. O período da procriação seria um fracasso sem uma base de gordura para sustentar uma gravidez durante o inverno. Assim sendo, não é por acaso que a compulsão por carboidratos, para gerar gordura, coincide com os altos níveis de cortisol e de hormônios sexuais. É preciso ter pão no forno em agosto ou setembro para a maioria dos mamíferos, para que o bebê possa nascer em abril ou maio, na primavera, quando o alimento é abundante.

Pág 29 Agora você está na academia de ginástica, é novembro e o horário é um momento qualquer entre seis e meia e nove e meia da noite; pelo menos dez watts de luzes florescentes estão acesos, intensificados pelos espelhos que brilham diretamente em seus olhos e sobre a pele de seu corpo superexposto. Você levante pesos, corre e caminha numa esteira ou trilha, e se for realmente suicida, está num StairMaster ou girando.

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Saiba que, para seu corpo e sua mente – que evoluíram, ao longo de milênios, para reconhecer os sinais da Natureza – você está numa luta, uma disputa mortal, igualzinho aos gnus que golpeiam com os chifres, que você vê no Discovery. Você está lutando por um ovo, pela imortalidade ou apenas por uma chance no próximo round. Essa luta parece razoável para seu corpo porque as luzes à noite (a luminosidade da sala de ginástica) significa que estamos no auge do verão, e que você deve se acasalar ou vai se tornar violento. É por isso que o cortisol fica elevado durante o dia: para fornecer glicose aos músculos para correr ou fugir, e para mantê-lo calmo para os processos de tomada de decisão – no caso, acasalar-se. É por isso que, quando somos constantemente banhados por luzes inesgotáveis, sentimo-nos todos tão nervosos (leia-se: paranóicos, agressivos, histéricos, apressadíssimos), até mesmo quem não se exercita, até nos desligarmos de tudo. Nesse estado crônico, você não está apenas mantendo alto o nível de açúcar no sangue, o que sobrecarrega o sistema de resposta da insulina com os efeitos mobilizadores do açúcar no sangue do cortisol; na verdade, também está se tornando resistente à insulina enquanto se exercita. Esse fato significa que o exercício pode engordar. Enquanto você faz exercícios feito um maníaco e vive numa dieta de baixo teor de gordura, ganha peso até se cheirar um biscoito. Além disso, de quebra, desperdiça hormônios sexuais, causa câncer e provoca supressão do seu sistema imunológico. O cortisol alto crônico também altera sua percepção do tempo e fez com que você viva constantemente correndo. É essa percepção alterada do tempo que provoca o período de divagação tarde da noite, antes de ir para a cama, quando você fica acordado sob a impressão de que deve haver algo a ser feito, ou de que você não concluiu seu trabalho. Aí você enche mais de açúcar, porque não dormiu – e sua insulina vai à estratosfera. Sabemos que só esse comportamento já o torna gordo e doente. Acredite, a culpa não é da falta de exercício, da carne ou da manteiga. Nem da gordura, de jeito nenhum.

Pág 30 De verdade, gente. Se a ingestão de gordura saturada causasse obesidade, já estaríamos lá na frente, no sentido de reduzir a obesidade nutricionalmente. Todos nós teríamos a aparência de supermodelos. Estamos comendo menos gordura e nos exercitando

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mais do que nunca, mas não lembramos em nada os supermodelos. Na verdade, estamos horríveis. Estamos mais gordos e doentes do que nunca, em toda a história do nosso país. E o problema não é apenas a nossa aparência terrível: nossos planos de erradicar doenças cardíacas, câncer e diabetes foi para o brejo. O americano mediano na verdade ganhou, em média, quatro quilos de peso desde o início da uerra do baixo teor de gordura” contra a obesidade. O pressuposto que cultivamos com carinho durante trinta anos era que perder peso cortando gorduras e fazendo exercícios levaria a uma redução importante nas ocorrências de doenças cardiovasculares, sem mencionar o diabetes e o câncer. Mas não foi o que aconteceu. E quando não aconteceu, a medicina disse que os cientistas disseram que a gente não tinha cortado gordura suficiente. E que, se diminuíssemos o teor de gordura de todos os alimentos processados, se reduzíssemos o consumo de carne vermelha e criássemos imitações de gordura com o Olean, a marca do olestra, a maré finalmente se reverteria. Hoje, todos esses milagres e metas já se concretizaram, a gente se exercita dia e noite – e, no entanto, muitos de nós já tentaram, pelo menos uma vez durante os últimos anos, virar vegans.* Todos os dias os apresentadores de televisão, os documentários, novos âncoras e programas de culinária nos dizem que a vida de baixo teor de gordura funciona. E você jamais saberá que não funciona, a menos que dê uma olhada nas estatísticas e no crescimento das vendas de remédios para dieta. Esses números mostram um quadro totalmente diferente. Dizer que o cenário não é tão róseo, no mínimo, uma brincadeira de mau gosto. Estudos recentes mostraram que perdemos mais de

________________ ___*Vegans: vegetariano radical, que não consome qualquer produto de origem animal, nem mesmo laticínios. (N.T.)

Pág 31um milhão de vidas, só de doenças cardíacas. O grande rumor, entre os estatísticos, é que as mortes por doenças cardiovasculares têm sido omitidas indiscriminadamente. De alguma forma, embora o número de mortes por doenças cardíacas tenha caído, o verdadeiro número de ataques cardíacos subiu bastante. Isto significa que alguém está manipulando os números. Significa, também que as pessoas continuam tendo tantos ataques cardíacos e doenças cardiovasculares quanto sempre

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tiveram; no entanto, procedimentos como cirurgias, angiogramas, uma droga que dissolve coágulos chamada t-PA, 911 e angioplastia as têm salvo, por enquanto, e com isso o índice de mortes tem caído. Isso para falar só em morte cardiovascular; outros 60 milhões de pessoas (isso é 25% da popoulação norte-americana) vão acabar morrendo de doenças cardíacas, tendo em vista seu perfil de risco. Alguns desses “riscos” são cigarro, idade, gênero, pressão alta, elevadas taxas de colesterol, diabetes, estresse e, logicamente, a obesidade, o pesadelo médico de quase todo o mundo (em nossa sociedade), o terror não é a pogreza, as doenças cardíacas ou sequer os crimes violentos; a idéia assustadora de que, um dia, a pessoa pode simplesmente acordar de manhã e constatar que está realmente gorda). Muito bem, agora acorde e sinta o cheiro do milk-shake dietético. O homem mediano, nos Estados Unidos, não é magro. Tem 23% de gordura corporal, enquanto a mulher mediana tem 32%. Esses números tornam o cidadão médio 53% mais gordo do que o ideal saudável, e a cidadã média pelo menos 50% mais gorda. Em 1961, a obesidade atingia, historicamente – ou pelo menos assim se pensava – 20% de toda a população. Em 1995, o Centers for Disease Control and Prevention nos revelou que o número de americanos gravemente obesos havia aumentado 30%, somente durante a década de 1980. lembre-se da academia de ginástica. Nos vinte anos anteriores, essa mesma estatística de obesidade permaneceu inalterada, em um quarto da população. E este é exatamente o mesmo período de vinte anos em que se desenvolveu o grosso da pesquisa nutricional que hoje seguimos. Esse intervalo de vinte anos assistiu também ao fim da comida de verdade, da semana de trabalho de quarenta horas e das férias de suas semanas, assim como ao advento da TV a cabo, dos telefones celulares, do correio de voz e do e-mail.

Pág 32JÁ PENSOU NISSO?

Todos os anos, 80 milhões de americanos “começam com uma dieta”. A quantidade de peso que perdem nem conta, porque 95% deles engordam tudo de novo (e ainda ganham mais alguns quilos) num prazo de cinco anos. Vimos diminuindo regularmente o nosso consumo de gordura e colesterol – e mesmo assim aumentou a incidência de obesidade, doença e morte.

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Desde a virada do século, o consumo de açúcar aumentou 150%. Como o açúcar se revelou um conservante barato, virou aditivo em quase todos os alimentos processados – e, como sabemos, o consumo de alimentos processados nos Estados Unidos vem crescendo exponencialmente ao longo dos últimos cinqüenta anos. Na década de 1940, os aparelhos de televisão eram raros. Em meados da década de 1950, três em cada dez residências já recebiam ondas de rádio visíveis. Mesmo no período de glória da programação tipo Nickelodeon, só ocasionalmente as assoberbadas donas-de-casa envenenavam suas famílias com jantares comprados. Hoje, a família mediana tem dois adultos que trabalham em horário integral e comem fora, ou comida congelada, pelo menos quatro noites por semana. Se essa é a norma numa família tradicional, imagine quão raramente uma casa com um único resposável pode se dar ao luxo de servir uma refeição caseira. Ou a mãe pega as crianças na creche e sai com elas para comer, ou então chama a babá para começar a ferver a água para cozinhar a massa. Já são seis e meia da tarde quando jantar é servido (massa, suco ou leite desnatado para as crianças, além de pão e sobremesa). A mãe precisa de um drinque para se manter de pé – e ainda tem o dever de casa, os banhos a mais a “atenção de qualidade” para das às crianças. Se a mãe faz jantar de verdade, com mais de dois grupos de alimentos reconhecidamente importantes, em vez de alimentar a próxima geração com massa, tudo se atrasa ainda mais. Para isso, a mãe precisa de dois drinques. Bom, já são nove ou nove e meia da noite, e ela não teve ainda um minuto para sentar e descansar depois do trabalho. No verão, isso seria natural. Mas a cena de descrevemos ocorre durante o ano escolar, o que significa durante os “dias escuros” na natureza. Então, essa família de mãe solteira, ou de mãe que trabalha e de “pai ausente”, seja por preguiça ou por trabalhar ainda mais horas, vai agüentar pelo menos

Pág 33cinco, ou talvez sete horas a mais de luz, num período de 24 horas, dia sim dia também, durante sete meses por ano, completamente fora de estação. Isso entra ano e sai ano, década após década – até a mãe ter câncer de mama e a filha ter acne e ser gorda demais para estar na capa da Vogue. E o Júnior, com apenas 1.70 m de altura, ainda por cima ter asma. Se o nosso pai imaginário estiver presente, terá artérias obstruídas, pressão alta e excesso de açúcar no sangue.

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Como tudo isso acontece é um completo mistério para a ciência médica. A desastrosa derrocada na saúde do povo americano corresponde ao aumento das atividades noturnas estimuladas pela luz e ao consumo de carboidratos que as acompanha. Considere apenas o aumento do peso médio de jovens adultos e adolescentes ao longo dos últimos quinze a vinte anos. Na média, esse peso aumentou, previsivelmente, mais de 5 quilos. O percentual de adolescentes obesos estava em 15% na década de 1970, e subiu para 21% na década de 1990. agora, está acima de 30%. Um recente artigo de primeira página do New York Times citou a televisão como a causa do aumento da obesidade entre os jovens. O artigo se baseava apenas na premissa “preguiça”, alegando falta de atividade física exercício). A causa é a televisão, sim, – mas não da forma que eles pensam. Grande parte dos jovens de hoje nasceram num mundo de baixo teor de gordura/exercícios pesados. Mais de um terço deles se autodeclaram vegetarianos, ciclistas, montanhistas e patinadores. E há aproximadamente 12,5 milhões de jovens como esses hoje nos Estados Unidos. E quando se pergunta a esses jovens adultos por que são vegetarianos, a maior parte diz que é por causa da saúde; o resto só acha que é legal. Eles não tem idéia do que estão fazendo a si mesmos.

A SÍNDROME DO ETERNO VERÃO

Além de um aumento regular na ocorrência de doenças cardíacas e de obesidade, as estatísticas já mostram que o diabetes e o câncer também estão aumentando. Talvez não seja só por causa da comida. Na edição de 12 de janeiro de 1998 do U.S. News and World Report, Walter Willet, o chefe do departamento de nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard – um homem muito inconstante – foi questionado

Pág 34com relação ao fracasso da dieta de baixoi teor de gordura em curar doenças ou salvar vidas. Sua resposta fraca e inconsistente: “Desde o início isso era apenas uma hipótese” – não demonstrou vergonha alguma. Essa “hipótese” custou mais vidas do que as duas guerras mundiais e o conflito do Vietnã juntos. Basta verificar as estatísticas da American Câncer Society e da American Heart Association nas

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últimas três décadas. Em 1999, a previsão era de que, só de câncer, 1.257.800 pessoas iriam morrer. Se preferir uma projeção de futuro, consulte os números misteriosos da American Diabetes Association sobre a crescente população de diabéticos Tipo II. Agora, os pesquisadores estão em busca de explicações genéticas para a obesidade porque, se temos certeza de alguma coisa, essa certeza é de que a obesidade é o começo do fim. A obesidade é a precursora do diabetes adulto. Não é coincidência o fato de que, até o final do ano 2000, haverá mais de 25 milhões de diabéticos Tipo II. É cerca de 98% de toda a população diabética. Se todos os 25 milhões se tornarem diabéticos, com certeza uma grande parcela deles terá doenças cardíacas e pressão alta – duas condições que levam ao derrame. Essas complicações são as que mais matam os diabéticos. Há anos que se prevê que a redução da gordura na dieta reduziria também o câncer; só que as estatísticas nos mostram uma crescente incidência de câncer de colo, associada a uma queda na incidência de morte. Isso significa que o câncer de colo está aumentando, mas as pessoas estão morrendo menos disso. Isso não quer dizer cura; no caso do câncer de mama e de próstata, podemos ver aumento na incidência e também nas mortes. Esses dados sobre câncer de mama, próstata e colo são os que, com toda certeza, deveriam ter apresentado queda, dadas as mudanças que os americanos fizeram na dieta dos últimos quinze anos. Em vez de reconhecer a dieta de baixo teor de gordura, a pesquisa médica nos deu Mevacor, Provachol, Proscar – e agora Tamoxifen e Raloxifene. A medicina admite que a “melhora” nas estatísticas de câncer é conseqüência do diagnóstico precoce, não do tratamento ou da prevenção. Mas o diagnóstico procece aumenta apenas o período de conhecimento – a vitima só fica sabendo antes que vai sofrer e morrer. Na verdade, não muda a data da morte. O diagnóstico procece nunca salva vidas; com maior freqüência, apenas as prolonga por tempo suficiente para confundir os números. E todos esses números provam que estamos no caminho ERRADO. Concordamos que a intervenção da dieta com certeza

Pág 35pode reverter o curso da doença. Cortar carboidratos pode curar a obesidade e grande parte do diabetes, mas não as doenças cardíacas, e com certeza nem todos os tipos de câncer. O final dessa história é a EXTINÇÃO. A comida é parte dessa equação, está bem, mas não é a resposta. A resposta está no ritmo circadiano e na evolução.

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A resposta está em comer, dormir e reproduzir-se em sincronia com a órbita do planeta, ou acabar como os dinossauros. As longas horas de luz artificial que confundem seu ancestral sistema regulador de energia também destroem o revestimento de seu coração, e portanto o colesterol em excesso pode obstruir o fluxo sangüíneo. Ao longo do curso da evolução, seu subconsciente foi condicionado e ajustado para acreditar a agir da seguinte maneira quando as luzes ficam acesas por um período muito longo: “Coma carboidratos agora, ou morra mais tarde.” Da mesma forma, ao longo do curso da evolução, seu subconsciente foi condicionado e ajustado para acreditar e agir da seguinte maneira quando as luzes ficam acesas por um período muito longo: “Acasale-se ou morra.” Esse instinto que responde à luz tem sido a base de nosso metabolismo fartura-ou-fome e, em última análise, de nossa sobrevivência, durante pelo menos 3 milhões de anos. Todos os efeitos da exposição crônica à luz e o consumo de carboidratos que acompanha essa exposição, em outro tempo e lugar, ter-nos-iam preparado para o pior: para a falta de comida e para os dias mais frios, curtos e escuros, em que há menos sol. Nós sempre “nos fartamos” para agüentar a “fome” que certamente viria – até agora. Infelizmente, a verdade em nosso tempo é que ingerimos carboidratos hoje e morremos mais depressa. Nosso corpo traduz como “verão” as intermináveis horas de luz artificial. Como ele sabe, instintivamente, que o verão vem antes do inverno, e que o inverno significa falta de comida, começamos a desejar carboidratos, para acumular gordura para um período em que o alimento é escasso e deveríamos estar hibernando. Esta é a fórmula:

A. Longas horas de luz artificial = verão na mente.B. Inverno significa fome, para seus controles internos.C. Fome no horizonte significa desejo instintivo de carboidratos, para armazenar gordura para a hibernação e para a escassez.

Pág. 36Essa escassez é acompanhada de:

1. Consumo cada vez maior de carboidratos, até que seu corpo responda a toda a insulina, tornando-se resistente à insulina no tecido muscular;

2. Garantia de que os carboidratos ingeridos se transformem em depósito de gordura;

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3. Fazer com que o fígado use o excesso de açúcar na produção de colesterol, o que evitará que as membranas celulares congelem com as baixas temperaturas.

Se você dormir à noite durante o número de horas em que normalmente estaria escuro lá fora, só vai desejar carboidratos no verão, quando as horas de luz são mais longas. É a “adaptação perene”, ou a crônica e constante intenção de hibernar, que provoca o consumo excessivo de carboidratos e a obesidade – e a conseqüente pressão arterial elevada, o colesterol alto e a inevitável falência cardíaca. As etapas 1, 2 e 3 correspondem também ao quadro hormonal do diabetes Tipo II – doença, na verdade, é o resultado final da fadiga extrema provocada pela “toxidade” da luz. Na caminhada rumo ao fim. Você certamente encontrará uma das seguintes condições: obesidade, doença cardíaca, derrame, doença mental ou câncer. A comunidade médica, a FDA, o Instituto Nacional de Saúde e sua televisão dirão que a causa é uma praga dos céus – que só poderá ser curada com uma dieta com 80% menos de gordura, três a seis horas semanais de exercício pelo menos, e um monte de suplementos e vitaminas. Em quem você vai acreditar? O mercado está saturado de informações sobre dietas de baixo teor de gordura: como se alimentar com pouca gordura, por que se alimentar com pouca gordura, quem deve se alimentar com pouca gordura. Existem apenas algumas opiniões dissidentes, embora o número esteja crescendo a cada dia. Está vazando lentamente na consciência nacional a idéia de que “para algumas pessoas, o baixo teor de gordura talvez não seja a melhor opção”, de acordo com Walter Willet. Este recuo, meio balbuciado, meio escondido, é muito tímido – e vem tarde demais para aqueles que conhecemos e que não sobreviveram ao movimento pela pouca gordura. Esta catástrofe nacional da saúde, na verdade, vem sendo construída há 75 anos. Durante todo esse tempo, um número incalculável de almas lutaram e fracassaram ao seguir um aconselhamento nutricional que nunca poderia levar ao sucesso. Fracassaram porque a comida não era

Pág 37realmente a culpada. A história nos ensina que todas as doenças da civilização surgiram com força total depois da Revolução Industrial, quando a eletricidade tornou real a disponibilidade da luz artificial ilimitada e barata. Foi a lâmpada elétrica que transformou a noite

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em dia. A curva do desempenho de preços da lâmpada elétrica é semelhante à curva do desempenho de preços de um computador portátil. Uma lâmpada de 100 watts custa 33 centavos de dólar em qualquer supermercado; em 1883, a mesma quantidade de luz custaria ao consumidor US$1.445. Os especialistas concluíram que as máquinas usurparam nosso bem-estar físico; na verdade, foram os alimentos processados, refinados e adoçados que entraram pela primeira vez na nossa vida (ao mesmo tempo que as luzes estenderam o nosso dia e mudaram nosso apetite) que provocaram todo esse processo. Embora o instrumento da destruição possa ser a alimentação, a causa da morte é algo bem mais insidioso.

A CAUSA DA MORTE

Seu apetite é apenas um dos sintomas dessa disfunção mortal, assim como a obesidade está associada às doenças cardíacas mas não é a causa. A grande verdade é que a necessidade urgente de dormir é também a causa do diabetes Tipo II. Todas as doenças que não são causadas por contágio ou maus-tratos são provocadas por disfunções imunológicas, em função do metabolismo. Seu sistema imunológico é governado por duas substâncias: a prolactina e a melatonina – e ambas são controladas pelos ciclos de luz e pela escuridão. São esses controles biológicos fundamentais que estão em perigo. A variação sazonal e a intensidade da luz do dia controlam a floração, o crescimento e o estado de dormência nas plantas e nos animais; as mudanças sazonais na iluminação ambiente controlam a hibernação, a migração e o acasalamento. Expor as pessoas ao brilho incessante da luz artificial por um número de horas maior do que o dia claro em si é problema na certa. Até 75 anos atrás, passávamos até quatorze horas por noite, dependendo da estação, no escuro. Por volta de 1920, a maioria das pessoas tinha condições de manter as luzes acesas durante umas duas ou três horas à noite. Tinham condições de comprar uma ou duas novas “lâmpadas” elétricas de Edison, e também a eletricidade necessária para mantê-las acesas, porque a mesma fonte de energia estava construindo uma economia que utilizava uma

Pág 38enorme força de trabalho. As luzes geravam empregos para pagar por elas. No final da década de 1920, as caras máquinas instaladas nas fábricas já haviam começado a funcionar junto com os

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ponteiros do relógio. De repente, estavam rodando durante as 24 horas do dia, enquanto, apenas uma década antes, a energia proveniente do gás era cara demais para ser usada durante a noite inteira. Antes da eletricidade, as fábricas só funcionavam durante dez horas. Essa segunda Revolução Industrial remapeou o panorama econômico. O trabalho noturno trouxe mais dinheiro de várias maneiras. Não apenas forrou os bolsos dos donos das fábricas; gerou também mais empregos e dinheiro para uma subclasse econômica de novos imigrantes. O mais importante, porém, é que o trabalho noturno trouxe com ele uma economia de serviço. Essa economia fez proliferarem transportes, restaurantes e mercados 24 horas, quadras de tênis e jogos de beisebol noturnos, pontos de jogo e por aí vai. A eletricidade alimentou o telefone, que é a base de nossa atual capacidade de comunicação de ficção científica, e que permitiu que os pequenos mercados se tornassem globais. Existe até uma nova pérola de terminologia, na língua inglesa, para este fenômeno, graças à Internet: 24 por 7. Foi um golpe de sorte ridiculamente terrível, num século que de outra forma seria bem interessante, o fato de que, exatamente ao mesmo tempo que o açúcar começou a ser usado para preservar e embalar “comida” industrializada, nós tivéssemos a oportunidade de ficar acordados a noite toda para comê-lo. É claro que, naquela época, não havia muitos alimentos industrializados no mercado; porém os que existiam utilizavam xarope de milho altamente refinado (em máquinas industriais) para evitar perda de umidade e aumentar a vida de prateleiras de produtos. Muitos alimentos industrializados ainda usam o mesmo conservante. Até os pãezinhos de aveia adoçados com mel, feitos com grãos integrais e de baixos teores de gordura, bem embaladinhos, que você encontra próximo às caixas registradoras dos minimercados, são preservados com açúcar. É altamente esclarecedor observar, neste ponto, que a incidência de diabetes Tipo II caiu tremendamente durante as duas guerras mundiais, época em que o açúcar era racionado.

O INSTRUMENTO DA MORTE

Para entender por que os carboidratos são o instrumento da morte, precisamos de um pouquinho de ciência. Só recentemente a ciência e a

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Pág. 39medicina começaram a reconhecer uma condição chamada hiperinsulinemia crônica. Este é o termo que designa a insulina elevada crônica, produzida no próprio organismo. Isso só pode ocorrer quando a pessoa consome carboidratos de forma crônica. Na natureza, nunca seria possível uma pessoa comer carboidratos de forma crônica. As árvores e plantas dão frutos apenas em uma estação e floresce na outra. Viver só de açúcar por mais de um ou dois meses não seria possível, a menos que você estivesse se preparando para hibernar, como uma marmota, durante um longo sono de inverno. A mídia não fala muito sobre insulina, a não ser em relação ao diabetes do Tipo I; por isso mesmo, as pessoas pensam na insulina como um remédio para os diabéticos do Tipo I – que, seja por razões virais ou por serem auto-imunes, não conseguem fabricar a própria insulina. A insulina é o elemento central em ambas as formas de doença, pois ela controla o nível de açúcar no sangue ao se encaixar nos receptores das células como uma chave que abre uma tranca. Uma vez abertos os portões, o açúcar presente no sangue pode entrar e energizar todas as células do organismo. A resistência à insulina é a incapacidade do corpo em responder à insulina que é produzida normalmente, porque os receptores recuam para salvar sua vida. Cada função do seu corpo – desde a comunicação básica molécula a molécula até operações complexas, como o controle do apetite ou da temperatura – está numa estreita zona de normalidade chamada homeostase. Um recuo dos receptores de insulina é uma tentativa de controlar a quantideade de açúcar permitida. Insulina demais não é normal. A pista reveladora de nosso destino ameaçador é que a incidência de resistência à insulina vem ocorrendo em pessoas cada vez mais jovens. A população inteira está envelhecendo em ritmo acelerado. A resposta lógica seria reequipar todas as indústrias alimentícias e aconselhar as pessoas a evitarem o açúcar, certo? Foi essa a nossa abordagem em relação á gordura, e a população aderiu em massa. Acredite em nós, com o açúcar isso não seria assim tão fácil. Seria mais parecido com Proibição. Somos tão viciados numa dieta de baixo teor de gordura e alto teor de açúcar quanto os alcoólatras são viciados em álcool, porque os altos níveis de insulina criam, no cérebro, o mesmo estado criado pelo álcool. Os alcoólatras “dormem” depois de um pileque não apenas porque o álcool em si temum efeito sedante sobre seus receptores opiáceos, mas

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Pág. 40também porque a enorme carga de carboidratos da uva, dos grãos, da batata, do cactus ou, no caso do rum, da cana-de-açúcar contida na bebida literalmente os faz adormecer. Lembre-se disso toda vez que tomar aquela taça de vinho após o jantar. O pico de insulina depois de um pileque transforma a serotonina do cérebro em melatonina – e isso quer dizer luzes apagadas. Em nossa cultura, ingerimos tantos carboidratos num único dia quanto um bêbado durante um porre. Para ele e para nós, a recuperação natural é a mesma. Dormir.

A RESSURREIÇÃO DA VERDADE

Será que a perda de sono pode estar destruindo o relógio endócrino que controla o ganho de peso? Será que a quantidade de horas que você dorme realmente pode controlar seu apetite? Nossas descobertas são quase simples e extraordinárias demais para se acreditar. Mas aqui gostaríamos de recordar a legendária regra da lâmina de Occam, que diz: “Em condições iguais, a resposta mais simples é sempre a correta.” Sabemos que, para a maioria de nós o que estamos dizendo é algo como descobrir que tudo aquilo que você acreditou desde pequeno é mentira. E é! Você não quer saber? Ocorre que tudo o que era fato sobre nossa saúde acaba não sendo mais do que conjecturas absurdas. Conjecturas que não têm evidências científicas que as apóiem. Conjecturas que, para algumas pessoas, fizeram sentido. Só que não fazem mais.

Pág. 41DOIS

No escuro:Um evento no nível de extinção

Dormir, talvez sonhar. - William Shakespeare, Hamlet, 3.2.54, 1554

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Dormir, talvez sonhar,quem sabe transformer a realidade. - Sony Corporation, 1997

Ó tu, escuridão, envolve o espírito daqueles que ignoraram a tuaglória. Leva-nos agora. - Mayra Montero, uma prece para os que estão morrendo, extraído de you, Darkness, 1999

O suave conforto proporcionado pelos sons dos anfíbios na noite está profundamente enraizado na consciência humana, assim como a música prateada do som da água correndo. A batida dos oceanos na praia, uma borbulhante fonte romana, grilos cantando e sapos coaxando – tudo isso antecipa o bem para a humanidade. E nós contamos com isso. Desde o primeiro dia da criação que nos sentimos seguros ao ouvir esses sons, pois eles sempre se traduziram em sobrevivência: comida, água e companhia. Agora, porém, tudo isso está mudando. Os sapos andam quietos demais. O silêncio está ficando surdo. Os anfíbios, sapos e rãs estão morrendo sob cinscunstâncias misteriosas. Em alguns casos, nem os corpos são encontrados. De acordo com a revista New Scientist, no Parque Nacional de Causuco, em Honduras, várias espécies de sapos selvagens desapareceram sem deixar rastro; e também não há mais

Pág 42girinos. Na Austrália, quatro – nem uma, nem duas, nem três: quatro – espécies desapareceram das florestas de Queensland. Na ilha havaiana de Kauai, um tipo de rã que antes abundava na região simplesmente não existe mais. Os nativos disseram aos pesquisadores que todos os sapos tinham “ido embora” um dia. Essas criaturas, agora ausentes, viviam em delicado equilíbrio entre água e terra, ar e luz. Assim como nós. É uma perspectiva apavorante compreender que, no final, o nosso desaparecimento – assim como o dos anfíbios – vai ocorrer, mais provavelmente, como um colapso geral e inespecífico, e não por causa de um asteróide cadente ou um holocausto nuclear. Sabemos que já começou. Nós, os seres humanos vivos de hoje, estamos disparando rumo à extinção.

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O LIVRO DOS MORTOS

Será que nossa extinção é iminente? As perspectivas contrárias a ela não são boas. Já aconteceu mais de uma vez – e pode acontecer de novo. Trinta milhões de espécies vivem atualmente conosco no planeta, e muitas milhões de outras já viveram conosco e desapareceram. Os especialistas em extinção concordam que a biodiversidade está desaparecendo rapidamente, particularmente quando a gente se dá conta de que ocorreram apenas algumas extinções importantes, ao longo dos últimos três bilhões e meio de anos de vida do planeta. Talvez esse seja apenas o curso natural das coisas, a Idade do Gelo que está chegando. O mais provável, porém, é que tudo isso tenha sido inventado por nós mesmos. Seja qual for a causa, o registro histórico verifica os sinais, e esses sinais estão em toda parte. Da queda das taxas de natalidade ao aumento absurdo de diabetes e do câncer, muitos de nós não estão “qualificados” para viver. Alguns estão a ponto de seguir o caminho de outros ramos menos adaptáveis de nossa família, como o Homo habilis, o Homo erectus ou o Homo neanderthalensis. Alguns desses hominídios foram superados, em número, por outros ramos da família, mas a maior parte deles simplesmente eram menos adaptáveis. Quando você transforma o ambiente, o hambiente transforma você – se seus genes assim o permitirem. Toda a nossa atual configuração genética evoluiu num período ocorrido antes de termos a habilidade de trazer a luz à escuridão só porque assim o quisemos um dia – algo tão inimaginável quanto poderia

Pág 43parecer. Nossa primeira investida no terreno do controle celestial – o fogo – transformou aqueles, dentre nós, que tinham condições de ser transformados. O domínio e o uso do fogo foi a primeira descoberta que aumentou nossos dias e encurtou nossas noites. Noites mais curtas significam menos melatonina. Menos melatonina significa mais estrogênio e testosterona, mais cortisol – e, é claro, mais insulina. Aqueles de nós que conseguiram se adaptar a uma vida com menos sono, mais carboidratos e o aumento da fertilidade que isso trouxe, sobreviveram. Os que não conseguiram se adaptar morreram, incapazes de sobreviver ao novo ambiente. O maior réquiem de morte que se seguiu foi a maciça extinção humana que acreditamos deva ter ocorrido bem no limiar do

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advento da agricultura. Como qualquer outro animal, nós nascemos para caçar à luz do dia – seja à cata de frutas e peixes no verão ou de porcos selvagens e cascas no inverno – e para descansar no escuro. Cultivar grãos perto dos locais onde vivíamos mudou tudo isso. Embora o suprimento de energia fornecida por carboidratos o ano inteiro tenha nos ajudado a ser mais populosos do que qualquer coisa viva, exceto os micróbios, este novo milagre – a agricultura – também nos proporcionou a primeira praga auto-infligida. A mudança relativamente súbita na concentração e no tempo de ingestão da nova alimentação à base de carboidratos acabou com muitos de nós ao perturbar o equilíbrio de nossa nutrição, que era 90% proteína e, de repente, passou a ser 80% carboidratos (ou seja, açúcar). Em todo o período prévio da vida humana, ainda que os carboidratos estivessem disponíveis nos meses que vão da primavera ao final do outono, nós nunca os desejamos intensamente até as horas de luz do dia mudarem, ou seja, quando março virava abril e quando abril virava maio. Por volta de junho e julho, nossas noites duravam apenas sete ou oito horas, em comparação com o auge do inverno, quando a escuridão duvara pelo menos treze horas por dia. A agricultura significava que, de repente, passávamos a viver com uma quantidade de carboidratos (açúcar) cada vez maior, até por um período superior a um ano inteiro, devido à nossa habilidade de controlar os períodos de crescimento das lavouras. Depois de atravessar centenas de milênios e algumas Idades do Gelo sem comer açúcar fora da estação, a rapidez (em termos evolutivos) com que ele chegou causou o mesmo tipo de morte que estamos testemunhando atualmente.

Pág 44 Nosso colapso geral e inespecífico mais recente começou com a chegada da eletricidade. Nossa primeira manobra inocente foi carregar as brasas incandescentes que sobrevam da queda dos raios. Aquele “fogo” tinha possibilidades reais. Em seguida, demos um jeito de aprender a reanimar as brasas que haviam esfriado. E assim vivemos por talvez um milhão e meio de anos; depois, em menos de uns ínfimos oitenta anos, resolvemos morar com os deuses.

LUZES INTENSAS, GRANDES CIDADES, MUITO DINHEIRO

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Dessa vez, a gente fez melhor: aprendemos a recriar o raio que nos trouxe a mágica das brasas ardentes. Passamos a deter o tesouro do deus Thor. O controle sobre a energia primal do raio nos deu as chaves do reino; agora vamos pagar por isso. Desde meados do século XVIII até o final do século XIX, europeus como Michael Faraday, Alesandro Volta e alguns outros dispersos pelo mundo perseguiram o magnetismo até que a natureza, sob a forma de elétrons, perfilou-se e bateu continência. Agora, oito mil anos depois do início da agricultura, nós, os arrependidos sobreviventes dessa última grande ameaça da humanidade, enfrentamos um novo tipo de extinção: a luz artificial, a nós proporcionada por Thomas Alva Edison, o Homem do Milênio, segundo a revista Look. Em 1831, Michael Faraday criou o gerador elétrico. Edison viu o aparelho na Exposição de Filadélfia e, assim diz a história, foi inspirado – tão inspirado que veio a se tornar o Bill Gates do século que então se iniciava. A lâmpada elétrica, o fonógrafo, partes do telefone e seus fios e ainda o projetor de cinema – tudo saiu da mente desse único homem. Em 1877, ele tomou dinheiro emprestado com J. P. Morgan e lhe prometeu uma lâmpada elétrica. A equipe inglesa de Sawyer e Mann estava bem próxima de produzir a sua, e Edison queria derrotá-los. Por volta de 1878, ele ainda não tinha uma lâmpada que funcionasse. Um ano depois ele havia perdido sua família e seu dinheiro, e nada de lâmpada. Naquele ponto, porém, ele ainda enxergava. Sob a mira de um revólver, por assim dizer, ele trabalhou 24 horas por dia durante três semanas inteiras, com apenas uma muda de roupa e uma equipe de quinze homens. Fumava vinte cigarros por dia, bebia sem parar e não dormia um minuto sequer. Durante aproximadamente quinhentas horas, com apenas um ou outro cochilo de vinte minutos

Pág 45aqui ou acolá, Edison examinava filamentos incandescentes em tubos no vácuo, tentando descobrir um que pudesse ser confiavelmente religado. Ele tentou de tudo, desde platina a bambu, passando até por linha de costura assada (cujas fibras, ao serem queimadas, produziam carbono). Queimou filamento por filamento, até que um deles ficou aceso durante treze horas. Depois, meio cego, ele finalmente foi dormir, graças ao uísque e a uma quantidade razoável de morfina. Na manhã seguinte, ele convocou uma coletiva de imprensa e

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anunciou uma demonstração. Três mil pessoas foram a Menlo Park, em New Jersey. Edison havia espalhado fios e uma centena de lâmpadas por toda a pequena cidade. Durante a demonstração, ele prometeu encher Nova York de luzes dentro de um ano; só isso já fez dele uma “personalidade”. Embora não tenha cumprido a promessa, dois anos e 3,22 Km de fios mais tarde, cerca de quatrocentos metros de Pearl Street, no centro de Nova Yoirk, ganharam 2.323 lâmpadas que funcionavam. Sua busca enlouquecida pelo filamento perfeito lhe custou sua família, pelos menos metade de sua visão e uma parcela ainda maior de sua saúde. Desde aquele período, ele nunca mais consegiu dormir, de dia ou de noite, sem morfina. Mas ganhou a briga. E sua conquista reconstruiu o mundo, em termos permanentes. Em apenas dois curtos anos, que culminaram em uma noite muito clara, tudo mudou para sempre. Nossa forma de comer, dormir, viver e morrer nunca mais foi a mesma. Embora isso não sirva de muito consolo, aqueles anos também mudaram o próprio Edison. Ele se associou aos ingleses, em 1900, para fundar a General Electric, e perdeu uma amarga batalha AC/DC para a Westinghouse. Embora tenha morrido só um pouco doido, tinha entre seus amigos íntimos homens como Henry Ford e Harvey S. Firestone. Afinal, os carros precisavam de pneus e de faróis.

BEM-VINDOS AO PARADOXO

Por volta de 1925, todas as cidade americanas, não importa o tamanho, estavam acesas; só as áreas rurais ficavam para trás. É um ponto importante o fato de que as áreas rurais ainda são os locais onde a extrema longevidade ocorre com maior freqüência entre os americanos. Todas as doenças contra as quais a medicina moderna declara guerra nunca parecem atingir esses agricultores de noventa anos de idade, que

Pág 46passaram a vida inteira comendo bacon, ovos e manteiga. A mídia, que segue a atual sabedoria médica do baixo teor de gordura, considera isso um paradoxo. Nós não. Para nós, existe uma correlação entre esses exemplos de menos doença e vida mais longa e o fato de a eletricidade ter chegado mais tarde. O REA (Rural Electrification Administration), que foi fundado em 1935, foi criado porque menos de onze fazendas, num universo de cem, possuíam eletricidade naquela época. Em 1950, trinta das cem tinham luz, mas só no finalzinho da década de 1970

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é que 99% delas possuíam rede elétrica e luz. O REA ainda é uma organização viável e ativa, que leva rede elétrica e luzes que ficam acesas 24 horas por dia aos territórios americanos e a Porto Rico, para que todos possamos morrer juntos. O clima, o suprimento de alimentos e a competição sexual serviram para nos adaptar, a nós e a outras espécies, ao ambiente e ao tempo em que vivemos. Somente na última metade do último milhão de anos, mais ou menos, é que nós, humanos, decidimos tomar a nosso cargo a tarefa de criar os meios para nossa extinção, e para a extinção de incontáveis outras espécies. A eletricidade não só nos trouxe luz infindável, renovável e barata; deu-nos também os meios de controlar tudo na natureza, tanto plantas como animais. Iluminar o escuro significava que podíamos ter tratores com faróis e microscópios com luzes internas, e que podíamos controlar outras espécies com estímulos e cercas elétricas.

EX-PLICAÇÕES

Na verdade, não podemos lutar contra o futuro, mas sem dúvina nenhuma podemos adiá-lo. A partir do momento em que entendermos de verdade os pontos-limite e os mecanismos sinérgicos da vida aqui na Terra, será possível mexer nos botões para tentar driblar a extinção. Neste momento, não há esperança de controle, porque os americanos estão sufocando e, em última análise, morrendo debaixo de pilhas de informações incoerentes. A televisão repete o dia inteiro, programa após programa, as mil maneiras de “diminuir a ingestão de gorduras e aumentar os exercícios”, enquanto seu médico faz coro. Nos Estados Unidos, a Nabisco repõe “a gordura” (?) nos biscoitos SnackWell. O Fen-Phen é retirado do mercado, e depois restituído. As vendas do Prozac vão à extratosfera. Os

Pág 47jornais, é claro, confundem o público ao divulgar, prematuramente, qualquer esperança de salvação, por menor que seja: Angiostatin, Endostatin, Tamoxifen, Raloxifene, Mevacor, Provachol, Zyban, Allegra, Valtrex (“tem a ver com a supressão”) – e, é claro, os primos-irmãos do Fen-Phen, Meridia e Orlistat. Para aqueles de nós que estão cansados ou ligados demais para sacudir a poeira, tem o Tylenol PM – e finalmente o Viagra. Enquanto isso, você, sua família e os amigos ficam cada vez mais doentes.

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Nossa intenção é lhe contar o que tudo isso significa. Nos próximos capítulos, vamos lhe dar uma idéia geral do que existe além da linha mutante que define os limites de seu conhecimento. O mundo é muito mais estranho do que pensamos. A física newtoniana é apenas a ponta do iceberg. Há um universo quântico lá fora, especialmente quando se trata da sua saúde. Os aspectos incompreensíveis dos mapas cósmicos, seu comportamento, sua sorte sob a forma de seus genes, e a doença, tudo isso está conectado em níveis cada vez mais elevados de interatividade, onde tudo se junta para formar um noto tipo de sentido – que significa muito mais do que você jamais imaginou. Nada acontece em contradição com a natureza, somente em contradição com aquilo que sabemos sobre a natureza. A mecânica quântica é um exemplo perfeito. A física newtoniana nunca poderia acomodar a luz. Maçãs em queda, a conseqüente velocidade, até algum tipo de puxa-empurra sob a forma de gravidade, talvez, mas jamais a essência quântica da luz, a luz do sol vem em pacotes de energia, a que chamamos fótons. Esses pacotes de energia luminosa, também chamados de quanta, são ao mesmo tempo uma partícula e uma onda. Imagine uma bola de luz que quiçá e, à medida que quiçá, solta uma trilha de luz. Essa bola quicante de luz – o fóton – também é uma onda de energia. A onda de luz que fica pode ser calor, luminosidade ou energia vibratória, dependendo do ritmo das quicadas. A luz, a temperatura e a gravidade controlam todo o metabolismo de energia e a reprodução, no nível molecular, em cada canto desta terra. Conseqüentemente, controla sua saúde e sua própria existência. Na edição de 5 de junho de 1998 da revista Science, Jay Dunlap, do departamento de bioquímica da Escola de Medicina de Dartmouth, admitiu abertamente:

Os ritmos circadianos e os osciladores celulares que estão abaixo dele são onipresentes – e por uma boa razão. Para a maioria dos

Pág 48organismos, a aurora significa comida, predação e mudanças em todas as variáveis geográficas que acompanham o sol: calor, ventos e assim por diante. Quando o sol nasce, é um acontecimento – e a maior parte das coisas vivas tem seus dias contados a partir de um relógio interno que é sincronizado por senhas externas. Devido a essa pressão evolutiva comum e ancestral, os

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relógios circadianos devem ter evoluído muito cedo, e os elementos comuns tendem a estar presentes ao longo de toda a árvore evolutiva, de cima abaixo. Uma série de artigos que apareceram esta semana nas publicações Science, Cell e Proceedings of the National Academy os Sciences revelam um padrão interessante na “mecânica” dos osciladores circadianos dos seres vivos, desde os fungos até os mamíferos – e isso nos dá uma visão mais aproximada da forma como as engrenagens dentro do relógio fazem funcionar o sistema circadiano de realimentação e retorno.

O que o homem quis dizer é que nós, e todas as outras formas de vida, desde o plâncton e os fungos até os elefantes e as formigas, estamos cincronizados com a órbita e a rotação da Terra, fora e dentro da luz do sol, de modo a garantir a cada um uma cota de alimento. Todas as coisas, grandes ou pequenas, possuem sensores internos de sol, que medem o tempo com relógios moleculares presentes em todas as células, que por sua vez trocam entre si enormes tesouros de genes reguladores que entram e saem. A luz, seja ela uma partícula ou uma onda, sempre provoca reações bioquímicas. A esfera inteira esquenta e esfria, esquenta e esfria, várias vezes, dia sim dia também. As plantas crescem. Os animais as comem e devoram uns aos outros. Nós morremos e viramos fertilizantes. As plantas crescem – e começa tudo de novo. Um mundo sem fim. Amém. Toda essa química selvagem está acontecendo numa terra que gira, roda e oscila – e que toca como um sino (é o que você ouviria, se pudesse escutar a canção do cosmos, do espaço sideral). O sol metaboliza e inspira. A Terra se ergue e suspira – e nós e os vermos tornamos tudo isso que existe fértil de novo. Os antigos estavam certos. Existe um fluxo circulante de energia em constante agitação, movido pela luz. Cada parte de nós lê as mudanças na intensidade e no espectro da luz. Quando você coloca as costas de suas mãos na janela, as células chamadas criptocromos, que estão em sua corrente sangüínea, captam o espectro azul da luz através de sua pele. Esses criptocromos carregam

Pág 49então um pedaço do céu por toda parte, dentro de você. A energia da luz e os carboidratos (açúcar) que você come mantêm até a bactéria simbiótica que vive nas profundezas de seu ser crescendo.

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E, como recompensa por ser um bom hospedeiro, elas o mantém crescendo também. Nós e todos os outros seres vivos da Terra somos verdadeiros seres da luz. Para dar algum sentido às “doenças” como obesidade, diabetes, doenças cardíacas e câncer, tudo o que você precisa entender são suas conexões fisiológicas com a Terra, o sol e o céu. A menos que um micróbio, vírus, toxina ou tigre peguem você de jeito, todos os outros “estados de doença” podem ser explicados pela identificação da função que aquela “doença” específica pode ter tido na cadeia evolutiva, e pela localização do estímulo cultural moderno que desencadeou a resposta fisiológica ancestral. Nós, como pesquisadores, fizemos isso com a obesidade e o diabetes, em relação à variação sazonal no estoque de alimentos e na duração do dia. Fizemos isso com doenças mentais, infertilidade e perda de sono. Ao examinarmos a alimentação, o sono e a reprodução, descobrimos que o câncer e as doenças do coração também têm uma explicação biofísica. Estamos prontos a apostar que tudo o mais também pode ser explicado.

NO MUNDO DAS MARGARIDAS

Na década de 1970, um homem chamado Lovelock propôs uma teoria que dizia que toda vida na Terra se auto-regula. Chamou sua teoria de Gaia. Em termos bem simples, é o conceito de que a terra, as rochas e tudo o mais são seres tão vivos quanto nós. Assim como nossos corpos, a Terra mantém o próprio equilíbrio físico. Na época, ninguém, salvo uns poucos ambientalistas, comprou a idéia. A premissa de Lovelock era vantajosa para os ambientalistas, pois faz sentido presumir que, se nós podemos morrer, uma Terra viva também pode. Embora a idéia possa parecer simplista, os componentes subjacentes da teoria de Gaia envolvem muitas disciplinas – metereologia, oceanografia, entomologia, antropologia e geologia, só para citar algumas. Um modo fácil de entender a hipótese Gaia é observar o modelo do Mundo das Margaridas. Lovelock chegou à conclusão de que todos os organismos alteram seus ambientes só pelo fato de existirem – e que o

Pág 50ambiente alterado, por sua vez, muda o organismo – que, de novo, altera o já alterado ambiente, que certamente transforma ainda mais o organismo, e assim sucessivamente.

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Aceitando essa premissa como a regra fundamental da via, vamos ao Mundo das Margaridas, onde as únicas formas de vida que existem são margaridas pretas e brancas. No início desse nosso hipotético Mundo das Margaridas, quando está escuro e frio, uma margarida preta possui vantagem seletiva, pois consegue absorver toda e qualquer luz solar disponível, por menor que seja. Em outras palavras, como ela tem calor suficiente para se reproduzir, pode espalhar a característica da cor preta. As margaridas brancas não conseguem bons resultados porque não conseguem absorver calor suficiente para florescer e se reproduzir. Temos aqui uma dose de darwinismo puro: é a proliferação da característica da cor preta (ou seja, o crescimento de mais margaridas pretas) que aumenta a temperatura do mundo o suficiente para que as margaridas brancas possam começar a florescer. Quando as margaridas brancas se multiplicam, o mundo começa a esfriar de novo, e aí as margaridas pretas florescem novamente. Aqui, o princípio importante de Darwin é que, quando as margaridas brancas começam a tomar conta do mundo, é sinal de que a temperatura do planeta já chegou ao ponto em que o fato de ser preta não confere mais uma vantagem seletiva ao outro tipo de margarida. No Mundo das Margaridas original, a alteração do meio ambiente que resulta da proliferação de uma característica específica acaba por reduzir a vantagem daquela mesma característica. Em outras palavras, a vida se auto-regula. Todos têm uma chance. Embora esse argumento possa parecer muito restrito à questão do controle do clima, seus princípios se aplicam a qualquer variável ambiental que possa afetar o crescimento. E qualquer pressão seletiva que pode afetar a liberação de hormônios afeta o crescimento. Agora, você está começando a perceber aonde queremos chegar. Essa auto-regulagem é uma propriedade do sistema da vida como um todo,intrinsecamente atrelado ao seu ambiente. Além do mais, a evolução dos organismos e de seu ambiente são tão intimamente ligadas que ambos formam um único processo individual. Plantas, pessoas, animais, rochas e céu, tudo é uma coisa só, um organismo físico gigante que depende tanto da energia solar como do alívio do sol. O calor do sol, que as margaridas absorvem, sempre aumenta. Isso provoca movimento no ar, o que sempre significa vento. O vento

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Pág 51provoca ondas no oceano. As microalgas presentes na água que bate podem viajar até alturas que chegam a 4,6 mil metros, enquanto os sulfitos que elas contêm recolhem o vapor d’água presente nos pontos quentes das margaridas pretas e formam nuvens. Isso significa que as nuvens possuem vida. Enquanto as algas se reproduzem nas nuvens, a 4,6 mil metros de altura, elas produzem calor, que provoca chuva. A chuva esfria o planeta ao mesmo tempo, para que todo o processo recomece. E onde é que nós nos encaixamos, nesse sistema de vida aspirante, suspirante e multiorgânico? A maioria de nós perambula pelo mundo se esquecendo que é parte dele; a verdade, porém, é que nós vivemos no Mundo das Margaridas. Quando você caminha pelo jardim ou no parque, enquanto suas pernas roçam as plantas, as plantas enviam umas às outras moléculas de comunicação – os feromônios que avisam que você está vindo. Quando as plantas que estão à sua frente recebem essa mensagem molecular das plantas que você acabou de saltar, passam por uma alteração bioquímica: tornam-se túrgidas. Essa rigidez é um mecanismo de autodefesa, que as protege de quaisquer danos que você possa causar. Para as plantas, o sacrifício de algumas em favor da maioria sigfnifica uma chance na luta para serem a maioria. Os princípios darwinianos da seleção natural e das características favoráveis são uma combinação ainda mais poderosa quando você os expressa assim: os tipos de vida que deixam o maior número de descendentes acabam por dominar o seu ambiente. Aí, realmente, passa a ser um caso de “ter cuidado com o que você deseja”, porque, ao espalhar as características que lhe deu o predomínio, você automaticamente garante que aquela característica se tornará a menos valiosa. Nunca se esqueça das margaridas pretas, e de que as mudanças que um organismo provoca no ambiente podem ser favoráveis ou desfavoráveis ao crescimento. É precisamente o que está nos acontecendo agora. Quando descobrimos as utilizados do fogo e o levamos para dentro das cavernas, o excesso de luz durante a noite suprimiu nossa melatonina. A falta de melatonina, que normalmente suprimiria os hormônios sexuais como o estrogênio e a testosterona, aumentou a fertilidade daqueles que foram suficientemente espertos para dominar o fogo. Nossas características nos tornaram, então, naturalmente escolhidos, pois, com o aumento da fertilidade, deixamos mais descendentes.

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Pág 52 No entanto, quando esses descendentes descobriram a eletricidade e todo mundo passou a poder deixar as luzes acesas o tempo inteiro, a mesmíssima característica que nos tornou os sobreviventes líderes – nossa capacidade de controlar o ambiente – “mudou de novo a temperatura do ambiente”, por assim dizer. Ao levar as coisas longe demais, ao transformar a noite em dia, cruzamos a fronteira. E alteramos novamente, de maneira fundamental, os requisitos para a homeostase. No passado, os hormônios extras – insulina, estrogênio e testosterona –, que permitiam que nos reproduzíssemos durante o período de escuridão, ampliaram nosso potencial reprodutivo ao nos conseguir “dias” a mais, que os outros animais não tinham. Com isso, todos os nossos hormônios sexuais em excesso não são suprimidos pela melatonina normalmente controlada pelo planeta, porque as luzes estão sempre acesas. Os hormônios sexuais fornecidos pelo fogo aceso, que nos tornaram capazes de procriar o ano inteiro, agora provocam o crescimento desordenado do câncer. Mais uma vez, estamos ameaçando o equilíbrio. Exatamente como no Mundo das Margaridas, a característica que nos deu condições de deixar mais descendentes – maior fertilidade em função da não supressão da melatonina pela luz – agora auto-regula nossa população através do câncer. A natureza odeia coisas boas em excesso. O mesmo princípio se mantém quando analisamos o advento da agricultura. Aqueles que foram espertos o suficiente para gerar um estoque de plantas (carboidratos) o ano inteiro e conservá-los para a época da fome (o inverno) foram recompensados com mais filhos. No início, também, a dieta com maior quantidade de carboidratos, que aumentou nossa insulina, aumentou também as chances de termos gordura corporal para o inverno. No entanto, à medida que a característica de se manter gordo o ano todo se espalhou, a quantidade de insulina que precisávamos por apenas três ou quatro meses no ano passou a causar novos problemas, com a obesidade seguida de diabetes. Toda vez que um organismo conquista um diferencial, o ritmo natural da vida – um passo à frente, dois para trás – segura esse diferencial. Isso tem a ver com equilíbrio. A vida dança. Nunca fica parada.

VOZES ALIENÍGENAS

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Se você curvar sua cabeça por um momento apenas, em total silêncio, quase poderá ouvir uma voz que emana de dentro. Essa voz é um

Pág 53padrão de explosão de neurotransmissores dentro de sua consciência, que vem sendo afiado há milênios. Essa voz é o “instinto”. O sono é um instinto. Quando você está cansado, seu instinto é dormir. Por que você luta contra isso? Se você for bem-sucedido demais, a natureza vai lhe roubar seus descendentes de qualquer jeito. Todo mundo sabe a verdade. E a gente sabe num nível tão profundo que, em toda nossa “arte” humana, desde o desenho animado mais primário, as plantas e os animais cantam e dançam, e as nuvens sorriem. Não os estamos antropormofizando; estamos simplesmente relembrando como as coisas eram. Pense nas margaridas em O Mágico de Oz, cantando: “Saia do escuro e venha para a luz”. É absolutamente assustador como o “plano do jogo” é intrinsecamente tecido nas malhas de nosso tipo de vida. Tão estranho é o conceito, tão completa a amnésia de nossa espécie, que lhe oferecemos uma pequena homilia: Se você não dormir a noite inteira, talvez consiga terminar o trabalho. Se você não dormir por uma semana inteira, não apenas o seu trabalho vai sofrer: você pode morrer.

TODAS AS MENTIRAS LEVAM À VERDADE

O cair da noite, clássico de Isaac Asimov, acontece num planeta que está na órbita de cinco sóis. Nessa história, o mistério proposto é descobrir por que essa civilização entra em colapso a cada dez mil anos. Curiosamente, o colapso sempre coincide com um raro evento astronômico, no qual quatro dos sóis estão abaixo do horizonte e o quinto sofre um eclipse total da única lua do planeta. Quando a história começa, esse evento está prestes a acontecer de novo. A solução para o mistério é tão inevitável quanto o nascer do sol, quando o leitor compreende que a escuridão à noite é o terror final para um povo que, a vida inteira, só conheceu luz perpétua; Do jeito que combatemos o sono, é quase isso o que acontece com os americanos de hoje. Quando a escuridão à noite realmente

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ocorre, durante um eclipse, o efeito é quase o mesmo do cair da noite, que há muito tempo não vivenciamos. Uma sombra surge rapidamente do oeste e então, enquanto a lua dá a primeira mordida no sol, ouve-se um fantástico barulho, pois os pássaros, em pânico, voam para seus ninhos

Pág 54 – levados a pensar quer a noite caiu de repente. Ao mesmo tempo, a temperatura cai precipitadamente. Sem a proteção da luz elétrica, a experiência é ao mesmo tempo impressionante e singela. Na história de Asimov, isso acontece apenas uma vez a cada dez milênios. E assim, uma vez após outra, os habitantes do planeta são levados à loucura quando a noite cai pela primeira vez em dez mil anos. Eles ateiam fogo em qualquer coisa que possam queimar, numa tentativa desesperada de restaurar a luz, inclusive com o registro da última vez que o fenômeno aconteceu. A única razão por que nadamos em menos ironia é que, em nosso caso, o registro chegou tarde demais para que nos lembrássemos da morte que se seguiu à descoberta do fogo e ao advento da agricultura. Em nosso planeta, as culturas ancestrais na Europa, África, Ásia e nas Américas foram aterrorizadas além do que podiam suportar por eclipses, que os antigos acreditavam ser um monstro comendo o sol. Toda vez que esse monstro mergulhava a Terra inteira na fria e densa escuridão da noite, nossos ancestrais se reuniam para fazer tudo o que estivesse ao alcance deles para assustar o monstro e afugentá-lo. Isso normalmente envolvia o rufar dos tambores, além de gritar e berrar o mais alto possível. A medicina vem adotando essa mesma técnica para curar a obesidade, o diabetes, as doenças cardíacas e acima de tudo o câncer. Será que algum dia essa forma de abordar as doenças e o envelhecimento poderá salvar a sua vida? Quem pode saber? Naquele planeta longínquo, numa galáxia distante, o sol voltava toda vez. É esse tipo de sucesso que alimenta a fé profunda em falsos milagres. E a ciência e a medicina estão cheia deles. Desde The 8-Week Cholesterol Cure, publicado no início da década de 1980, até o mais novo compêndio de todas as tendências atuais, The Breast Cancer Preventio Diet, a medicina vem prometendo uma cura após outra, sem que sequer se tenha entendido o mecanismo da doença. Só à luz de uma visão geral da interação subconsciente/inconsciente de todas as formas de vida com as quais convivemos é que as “contradições” que os

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pesquisadores médicos investigam o tempo todo podem ser explicadas. A verdadeira razão pela qual não houve, e nem haverá, qualquer progresso na questão da saúde em nível governamental ou institucional é o fato de eles não entenderem isso.

Pág 55 Compreender uma disfunção fisiológica humana é o mesmo que colar um vaso quebrado. Você começa com as peças grandes – e, finalmente, tudo o que resta é o ponto de impacto. No final, aqueles fragmentos pequenos vão se juntar, mas você nunca poderia ter começado por eles. Aqueles fragmentos são as únicas notícias que chegam até o grande público. É por isso que jornais e revistas estão cheios de “descobertas de ponta” que ostensivamente vão mudar sua vida, mas, em tempo real, jamais respondem por uma única cura. Nos próximos capítulos, vamos examinar o estado da doença – e depois levar em conta a biologia e o comportamento evolutivos, provas clínicas, anedóticas ou folclóricas, práticas de várias culturas e, finalmente, as estatísticas. Nesse ponto, formulamos pressupostos, aos quais aplicamos a ciência da medicina molecular, de genética, da psiconeuroimunologia e da neuroendocrinologia. Em essência, vamos começar com o quadro mais amplo e depois subdividi-lo para você, até chegar às moléculas. Porque Deus está nas moléculas.

HOMENS DE BRANCO Justiça seja feita aos médicos: é o sistema que está subvertido. As faculdades de medicina presumem que algo tão básico como o funcionamento do corpo tenha sido ensinado aos alunos antes de chegarem à faculdade. A maioria dos futuros médicos que entrava nas faculdades de medicina, no passado, vinham de programas de ciências com duração de quatro anos em suas universidades. Isto não é mais o que acontece no mundo todo. Esses estudantes são convencidos por professores confiáveis de que o corpo é um sistema linear e estático, que deve ser tratado apenas durante as crises. A medicina preventiva é vista nos Estados Unidos como uma espécie de medicina alternativa. E não se ensina aos jovens médicos a arte de curar; ensina-se farmacologia. As palestras sobre “drogas e fisiologia”, sempre muito freqüentadas por esses novos médicos, de forma geral sustentam essa abordagem de crise. Em última análise, os médicos americanos aprendem que o paciente é curado quando eles dão um

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jeito de apagar os sintomas da doença. Essa abordagem é particularmente contraproducente e contra-intuitiva, porque todas as doenças são

Pág 56definidas através de seus sintomas. Mas esse método é tudo que eles têm. É por isso que Mevacor, Provachol, Tamoxifen, Raloxifene, Meridia e o grande Fen-Phen ressuscitado, ao lado do Prozac, encabeçam a lista dos mais vendidos. Esses “remédios” obliteram os sintomas de um mal maior, mais insidioso e mais invasivo, que ainda precisa ser identificado pelas pessoas e pelos profissionais que cuidam da sua saúde. A sabedoria médica atualmente aceita não passa de um festival de imprecisões misturadas, para encobrir o fato de que eles não têm sequer uma pista da verdadeira razão pela qual estamos todos morrendo. A única esperança que os médicos e pacientes têm é que os pesquisadores inventem uma nova droga ou terapia genética.

MOSTREM O DINHEIRO

O modelo dentro do qual os pesquisadores devem funcionar, para que continuem a existir, também é contraproducente. A pesquisa farmacológica, nos Estados Unidos, é custeada principalmente pelos fabricantes de remédios e pelo governo. Este método é o que realmente bagunça a pesquisa e os pesquisadores. Até os mais dedicados profissionais não conseguem, na realidade, pesquisar nada, a menos que seja vendável. A medicina é um grande negócio, como tudo o mais. A verdade sobre a pesquisa é que a pesquisa não é feita para descobrir a verdade, e sim para fazer dinheiro! Se os pesquisadores ganham a vida sendo pagos para procurar, eles procuram aquilo que o grupo que os paga quer que eles encontrem. Ao se concentrarem nos potenciais de mercado do produtor de remédios [laboratórios farmacêuticos!!!!] ou no dinheiro tendencioso das fontes do governo, eles acabam fazendo experimentos com peças pequenas, que nunca vão se encaixar. Eles encontram respostas constantemente, sem fazer qualquer pergunta. Os médicos e o público, no entanto, presumem que os pesquisadores estão fazendo o que nós estamos fazendo aqui: engenharia reversa. Só que eles não estão fazendo nada disso.

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Toda a informação incoerente que o público recebe através da mídia, sob a forma de releases, ou da televisão, vem de “pescaria”. Os pesquisadores simplesmente continuam pescando no mesmo laguinho limitado, tentando obter financiamento para os projetos da moda e com retorno

Pág 57garantido, para que possam garantir os próprios salários. Depois tentam fazer com que o que descobriram se encaixe no resto dos dados que todos os outros já coletaram. Imagine esse processo com algo parecido com palavras cruzadas: os pesquisadores deduzem a resposta a uma determinada charada, depois preenchem os claros, uma charada de cada vez, até que todos os claros estejam preenchidos. Eles montam o quebra-cabeça, mas mesmo com as respostas certas de cada charada, individualmente, o conjunto completo ainda não diz nada. Depois eles apresentam ao público um monte de respostas que não têm qualquer relação coerente uma com a outra. É por isso que o pânico e a angústia fora de controle continuam a crescer entre a população. Nada parece fazer sentido. Como os pesquisadores estão trabalhando sem uma hipótese, eles não possuem um mapa da estrada de volta para casa. Com essa abordagem, não há esperança de uma verdadeira recuperação para nós; só uma dieta regular de comprimidos até morrermos. As drogas caras não podem curar nenhuma de nossas doenças, porque as doenças, numa escala evolutiva, são uma resposta de “pressão ambiental”. Não são nenhum tipo de praga real. As novas drogas “milagrosas” são o pior de tudo. A premissa da intervenção da droga é a seguinte: se A é saudável, B está doente e C é a terapia com drogas, C, de alguma forma, fará você voltar a A. C jamais poderá ser A, em planeta algum da galáxia. C está sempre ainda mais distante de A do que o próprio B. A razão pela qual a medicina convencional usa a fórmula ABC está no fato de que as primeiras drogas que foram inventadas foram antibióticos. E como os antibióticos operam para subjugar as outras espécies, o ABC funcionou e nós sobrevivemos. Só que é insano tentar derrotar todos os estados patológicos dessa forma, porque a maioria deles não deriva de patógenos como as bactérias. Os pressupostos dos médicos poderiam ser válidos se eles estivessem lidando com vírus ou germes, e agentes antivirais ou antibióticos. No entanto, quando doenças como a obesidade, o diabetes, cardiopatias ou, em última análise, câncer, surgem de

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disfunções metabólicas com raízes na biologia e na física, as drogas não só são inúteis como, na verdade, atrapalham. As drogas causam novos problemas, mas raramente resolvem algum. Esse fato gritante, aparentemente, nunca vem à baila no FDA. Muitos de nós somos prova disso, particularmente aqueles que já desapareceram. Como os sapos!

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SONO DE FÉ

Estamos morrendo hoje porque perdemos a fé. O homem sempre recorreu aos céus para decidir sua sorte. Os médicos e os homens da medicina sempre recorreram aos céus para decidir sua sorte. Todo mundo sabia como funcionava. A própria palavra “influenza” se referia à “influência” do sol, da lua, dos planetas e das estrelas sobre nossa saúde. Sempre soubemos que havia determinadas regras para permanecer vivos, em harmonia com todas as outras coisas vivas – a quantidade de comida que se podia comer, o número de horas que se podia ficar acordado e o volume de estresse que se podia suportar. Do alto de nossa arrogância, desprezamos as regras. Nós já fomos mais sábios. Existe uma enorme diferente entre conhecimento, informação e entendimento. Em nosso tempo, conquistamos um enorme entendimento do mundo natural, através de um tesouro de informações, mas perdemos o conhecimento de como nos encaixamos nesse mundo. Em função dessa queda em desgraça, estamos perdendo nossas vidas prematuramente. A devoção que temos pelo mundo da medicina e das drogas é um equívoco. A recuperação pode vir de dentro de nós mesmos. Nós, o povo, temos o poder de curar essas doenças “incuráveis” com o simples apertar de um interruptor. [apagar a luz] Os primeiros médicos gregos, como Galeno e Hipócrates, há mais de dois milênios, “modernizaram” a medicina ao insistir em que as causas da doença não são atribuíveis a deuses contrariados e vingativos, como o sol ou a lua. Bem, nós estamos aqui para insistir no contrário... e afirmar que talvez essa seja a hora de encarar isso como religião.

PARTE IINÃO ESTAMOS

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SOZINHOS

Pág 61TRÊS

Uma autópsia da Terra:O meio ambiente controla a genética da obesidade

O argumentador ideal seria capaz de, ao lhe ser mostrado um único fato, em todas as suas implicações, deduzir a partir dele não apenas toda a cadeia de eventos que levaram àquele fato, mas também todas as conseqüências que decorreriam dele. – Sir Arthur Conan Doyle,As cinco sementes de laranja de Sherlock Holmes

Nós fomos feitos para correr atrás de comida e sexo, conseguir os dois e depois seguir para as montanhas, onde havia cavernas onde era frio e escuro à noite. Nada muito complicado. Uma cena exatamente igual à vivida pelos ancestrais de seus cães e gatos – e igual ao que os gorilas das montanhas fazem ainda hoje. Pense nisso. Você não vê um monte de esquilos plantando, ou cobras e pássaros fazendo churrascos por aí. A Mãe Natureza ainda entoca o resto do mundo animal quando a noite cai, mas o homem se tornou um órfão. Num planeta habitado por trilhões de formas de vida, somente nós, humanos, temos o controle da luz. E acredite, é caro. Possuir a noite não ficou nada barato. O uso do fogo para proteção, calor e para cozinhar deixou uma marca em nossos sistemas imunológico e reprodutivo que ainda hoje exige sacrifício de vidas humanas. Ao alterar o ritmo da exposição à luz e à escuridão, nós, que controlamos a luz, nunca sentimos frio, e repelimos a noite e quaisquer predadores, humanos ou animais, que possam estar à espreita, nas sombras. E também alteramos, literalmente, a

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rotação de nosso planeta, até onde nossas mentes e corpos podem registrá-lo. Virtualmente, interrompemos a órbita do nosso planeta em torno do Sol, assim como interrompemos sua rotação. Abolimos o inverno. Agora apenas nós, em toda a galáxia e no universo, ficamos em pé. O inverno, ou qualquer período de frio, é algo muito importante na evolução. A adversidade (neste caso, o frio) é um dos principais agentes motivadores. Pense na forma como você lida pessoalmente com a sensação de frio: você faz tudo o que estiver a seu alcance para se aquecer. Seu carro quebra na neve, você encontra logo um lugar para esperar o socorro, bola um plano para consertá-lo e a lembrança do incidente permanece dentro de você, mudando para sempre o seu comportamento. Os vencedores, em qualquer loteria evolucionista, são os que resolvem problemas. Se todas essas mudanças ocorreram dentro de você por causa de um inconveniente isolado – o fato de seu transporte/abrigo ter quebrado na neve – imagine o que milênios de gelo e neve fizeram à nossa espécie, em termos intelectuais. Tudo o que evoluiu em nossa fisiologia e em nosso intelecto é, literalmente, direcionado para luz e escuridão, quente e frio. Assim como o conteúdo mineral de nossos ossos, idêntico à poeira de estrelas, é testemunho de nossa origem extraterrestre, as células fotoperiódicas em nosso sangue nos ligam ao Sol e à Lua. Somos sempre, a cada minuto de cada dia em nossa existência terrena, uma parte integral disso tudo. Até mesmo o propalado “aquecimento global”, que vivemos estudando, está fora do nosso controle. Quando o nosso planeta esquenta, o que ocorre a cada dez ou quinze mil anos, tudo germina e prolifera, até alcançar um verdadeiro estado febril – e depois, previsivelmente, a febre “se parte” e o frio entra em cena, para esfriar e exterminar o excesso de vida. Pense nesta grande virada do pêndulo como um botão cósmico que liga tudo outra vez, para que a dança comece de novo. No último século, após sobreviver a muitas, muitas idades do gelo, começamos a viver num planeta com múltiplos “sóis”, como os personagens da história de Isaac Asimov. Em vez da escuridão do eclipse à tarde, que os levou à loucura, no entanto, nós criamos a manhã à meia-noite. E pode acreditar isto está nos levando à loucura. Todas as formas de vida precisam adormecer para poder sobreviver à escuridão e ao frio, ou perderão a capacidade de planejar e adaptar-se. Os estudos da hibernação provam que a aprendizagem e a retentividade melhoram nos animais que têm permissão de encontrar algum alívio da vida.

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Pág 63 Durante longos períodos de frio, nossos ancestraiss dormiam aqui e ali durante semanas seguidas de cada vez, em cavernas escuras, desacelerando as funções metabólicas para economizar energia, quando o alimento era escasso. Este sistema espelhou, ao longo de toda uma revolução em torno do Sol, o mesmo plano de jogo que utilizamos a cada rotação para dentro e para fora do sistema solar. Falando em termos de “padrões”, o dia e a noite são “versões reduzidas” do verão e do inverno. Ao longo dos milênios, passamos por períodos de hibernação e gestação que sempre terminavam na primavera, quando o alimento era fresco e abundante. Nosso primeiro encontro com o “controle da energia” ou, mais precisamente, com o fogo, mudou tudo isso para sempre. A luz que vinha do fogo era suficiente para criar o verão em nossos ovários o ano inteiro. A partir do instante em que todos esses hormônios sexuais abundantes para a reprodução nos mantiveram acordados o inverno inteiro, por suprimirem a melatonina, nós deixamos a família da Terra – para nunca mais voltar.

O SALTO QUÂNTICO

Nós estamos fisiologicamente interconectados com todas as outras formas de vida na Terra. A vida é um emaranhado quântico. Os emaranhados quânticos são o que os físicos chamam de um problema de “perfeita ordem”. A perfeita ordem é a teoria de que toda matéria é viva e interligada, através de um fluxo constante de energia. Tudo o que existe é uma coisa só. Todos nós, juntos, somos então mais ligados ainda ao Sol, à Lua e às estrelas, pela biofísica. Isso significa que nossa biologia é um produto dos fótons, do magnetismo e da gravidade. Existem monitores sensíveis à luz embutidos nas células de nossos olhos, pele, sangue e ossos. E nós – desde os tempos mais imemoriais – sempre registramos a rotação da Terra em torno do Sol. Mamutes, carnívoros, ratos e micróbios, todos com a mesma origem humilde, desenvolveram controles fisiológicos baseados em luz e escuridão. Nós e as plantas somos um. A molécula de hematina, que estrutura o grupo de células sangüíneas chamada hemoglobina, é a mesma molécula que estrutura o sangue das plantas – ou seja, a clorofila. Nós realmente somos todos um. A energia que o Sol libera sustenta a bioquímica que é a base dos sistemas biológicos que respondem por toda a vida aqui na Terra.

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Pág. 64Biofísica, portanto. A energia da luz solar – como os fótons, o calor (temperatura) que os fótons produzem e a gravidade eletromagnética a que estamos sujeitos – controla cada milímetro do metabolismo de energia e da reprodução, no nível molecular, aqui na Terra. A luz, não importa a forma que tome – seja ela uma partícula ou uma onda – provoca reações bioquímicas maciças em cascata em todas as formas de vida, exceto à noite, quando todas as coisas descansam da luz. O grande problema de cancelar a noite e o inverno está numa questão de dualidade: yin e yang, para cima e para baixo, aqui e lá, esquerda e direita. O dia precisa da noite para existir. A primeira parte de toda equação só existe por causa da existência da segunda parte. No universo, a simetria é tudo que existe. Verão/inverno, primavera/outono, luz/escuridão, branco/negro, quente/frio, homem/mulher, mortos e vivos – todos têm um ao outro para agradecer por sua existência. Os físicos quânticos de vanguarda acreditam que o Universo é feito de energia, em padrões que obedecem a uma “ordem de simetria”. Faz sentido para nós. A teoria quântica líder atualmente é até chamada de supersimetria. Se a supersimetria é uma lei quântica cósmica, pode apostar que é uma lei biológica também. Toda espécie de vida, tal como a conhecemos, baseia-se nos princípios da biologia, que, por sua vez, baseiam-se nos princípios da bioquímica. Em qualquer reação química, a forma como as moléculas se ligam às outras moléculas, ou a forma como as células distribuem a polaridade dentro e fora de todas as reações químicas, continua a ser regida pelas regras da atração elétrica. As reações de atração e de polarização, que são a marca registrada da bioquímica, são definidas pelos princípios da física que utilizam. Tudo o que estamos mostrando, em nossas teorias sobre o metabolismo da energia, é que, nessa hierarquia, o sol é o gerador de toda a vida e energia básicas. O sol é o principal controlador de todo tipo de vida, simplesmente por causa da estrutura da matéria. Existem dois ramos principais da física: a newtoniana e a quântica. A física newtoniana se concentra nos mecanismos – a maçã em queda sempre atinge Newton na cabeça, e se você fechar o punho e socar alguma coisa, existe uma equação para mensurar a força do soco. A física quântica tem mais chances de explicar o QI e a telepatia. A diferença teórica entre as previsões mecânicas da física newtoniana e as previsões da mecânica quântica é que as mesmas

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condições experimentais podem levar a vários resultados finais diferentes num mundo quântico – mas nunca num mundo newtoniano.

Pág. 65 A imprevisibilidade da vida, além do domínio da mecânica newtoniana, é explicada pela teoria das cordas. Trata-se de uma noção romântica, porém não totalmente infundada. Segundo ela, a música da vida é, na verdade, uma função de um universo formado por cordas, todas elas vibrando. De acordo com a teoria das cordas, toda vida emana da mesma estrutura fundamental: uma corda esticada. Assim, um número infinito de resultados são possíveis para qualquer situação, por causa das diferentes maneiras como a corda fundamental pode vibrar, da mesma forma que diferentes harmonias estão presentes no som emitido por uma corda de violão. Como há um número infinito de vibrações possíveis, é razoável que haja um número infinito de resultados para o mesmo conjunto de condições iniciais. A compreensão da supersimetria e da teoria das cordas dá um novo sentido à idéia de que a vida é um jogo de dados. A única esperança de possuir uma perna com que ficar de pé (todos os trocadilhos são intencionais) é uma coisa chamada teoria do caos. A teoria do caos sustenta que os eventos ou ocorrências que parecem mais aleatórios ou sem sentido são, na verdade, bastante previsíveis, se você puder se distanciar deles o suficiente para observá-los. Sustenta, também, que, ao longo do tempo, tudo possui um padrão de comportamento genuíno, embora difícil de discernir. Se partirmos dessa premissa, podemos compreender os enigmas da doença na medicina. Só precisamos aprender a melodia para apreciar a música.

DE PÉ NUMA PRANCHA SOBRE UM TRONCO

Já que somos, parte por parte e até os ossos, apenas uma ínfima peça do universo, que existe dentro de um sistema de leis como a do caos e a da simetria, nossa fisiologia e nosso ânimo também devem ser regidos por elas. Essa dualidade, ou simetria, existe para nós como equilíbrio. Em termos harmônicos, somos parte de uma música maior. O tom em que cantamos é escrito pelos ritmos naturais de nosso ambiente.

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A única maneira de permanecer no jogo ou de continuar estável é ser capaz de rolar com os golpes. Todos os sistemas que funcionam hoje para realizar as ações compensatórias constantes, necessárias à sobrevivência foram desenvolvidos pela “inteligência” adaptativa, em resposta às pressões ambientais ao longo de milênios. Nenhuma característica ou Pág. 66comportamento é caprichoso. Viver ou continuar vivo é exatamente como ficar de pé numa prancha sobre um tronco. Só que, nesse caso, se você perder o equilíbrio, a queda é longa. E não há sobreviventes lá embaixo. Nossa viabilidade, como forma de vida, significa que nossa capacidade de responder às estações do ano, em termos de comida e reprodução, é tudo que pode nos garantir uma chance de terminar no topo, no sentido darwiniano. É por isso que nossos genes possuem interruptores de “ligar e desligar”, controlados pelos hormônios, que respondem aos sinais ambientais. Estamos em sintonia fina com a sobrevivência, ao dar respostas evento a evento, pois o único fato certo na natureza é que as circunstâncias mudam. Sem esse sistema, não poderíamos variar nosso comportamento em sincronia com o imediatismo de cada ocorrência. A vida é uma dança. Nós escutamos a música e gingamos. As vibrações vindas do ambiente são captadas pela interface hormonal que chamamos sistema endócrino. Esse sistema endócrino age como o software que aciona um computador orgânico chamado corpo/cérebro. A quantidade de luz (luminosidade, temperatura e eletricidade) e de gravidade (magnetismo) á qual você é exposto é o programa que roda o software. Sob os auspícios deste software hormonal, que aciona os interruptores dos genes que controlam a máquina nanossegundo por nanossegundo, você se equilibra na prancha sobre o tronco. Essa “submáquina humana” inteira é parte integrante da máquina maior do ambiente, ou biosfera. Todo ser vivente é uma máquina interativa ou biocomputador, programado para a inteligência adaptativa. Isso significa que a definição de “vida” é a capacidade de aprender e mudar em resposta às experiências. Esse sistema decisório baseado na experiência permite que cada forma de vida mude em resposta a todas as outras formas de vida, porque os hormônios controlam seu comportamento e seus genes. As atitudes que você toma, ao longo de um dia, não são realmente decorrentes da livre vontade. São, ao contrário, um produto do “pensamentoware”. Os elementos presentes no

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ambiente controlam os processos hormonais em seu corpo, que programam seu cérebro para controlar seu comportamento. Dessa forma, um cérebro sem um corpo não possui mente, mas um corpo sem um ambiente não possui cérebro. A base de gordura flutuante naquele corpo é, na verdade, uma resposta imunológica que o protege e o torna viável em todas as estações do ano.

Pág 67Seu comportamento em relação às compulsões alimentares e ao apetite é simplesmente uma resposta imunológica também. Tudo ao redor com o qual coexistimos se equilibra em tensão conosco. Imagine duas pessoas, num ginásio, jogando uma pesada bola para a frente e para trás. Quando duas pessoas jogam cath com uma bola pesada, elas são mais ou menos empurradas para trás, por causa do peso. A constante troca de peso faz o jogo andar. O mesmo acontece com a vida: para a frente e para trás, para a frente e para trás. Para permanecer no jogo temos uma existência circunscrita a um pequeno conjunto de opções. Considere essas opções como sendo um “campo de jogo”. As horas de luz a que você fica exposto controlam os interruptores genéticos reais de “ligar e desligar”, a atividade enzimática e, o que é mais importante, o crescimento de dois quilos de bactérias simbióticas que vivem em suas entranhas. Essas “meninas” são a chave da vida, da morte e do manequim que você usa.

NÃO ESTAMOS SOZINHOS

Suas “bactérias pessoais” estão constantemente em guerra com outras bactérias e vírus, para controlar você. A forma como esse Armagedon cria e mantém seu sistema imunológico – o mesmo que controla seu metabolismo e sua fertilidade – é a chave de toda a luta mortal entre a luz e a saúde. Mas essa batalha só é travada à noite, quando você dorme. A cada manhã, o resultado da guerra dita não só sua imunidade, fertilidade e peso, mas também sua saúde mental. Nossas vidas, como você vê, não são nada nossas. Não passamos de simbiontes controlados por uma forma de vida diferente que tem prioridades próprias. Quando estamos expostos à luz, captamos essa luz através da pele e carregamos essa energia, em células chamadas criptocromos, até as bactérias simbióticas que vivem em nossas entranhas. Elas adoram luz e açúcar.

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Acreditamos que adorem hormônios reprodutivos também. A idéia, muito difundida, de que os jovens e os velhos possuem sistemas imunológicos mais frágeis é uma interpretação errônea. A verdade é que os adultos reprodutivos possuem sistemas imunológicos mais fortes do que os velhos e as crianças pequenas porque as bactérias dentro da gente adoram esteróides sexuais no café da manhã, e porque, quando nos

Pág 68reproduzimos, geramos mais “condomínios” para elas morarem. Esse princípio é o motivo pelo qual as mulheres costumam ter diarréia durante o período menstrual, quando seus níveis hormonais estão estáveis e os bichinhos estão abandonando o navio afundado.

O NÚMERO UM É O MAIS SOLITÁRIO

Em seu artigo “Co-evolutionary Theory os Sleep”, publicado em 1995 no Journal of Mecical Hypothesys, Carsten Korth concorda conosco, no sentido de que o desenvolvimento do sono, tal como o conhecemos, foi uma estratégia evolucionista para nos dar condições de empatar com os micróbios. A colônia de bactérias dentro de você libera endotoxinas que controlam sua fisiologia. As endotoxinas liberadas são constituintes da parede celular – espécie de feromônios, ou suor dos germes. À medida que as bactérias proliferam ao longo de um dia, as endotoxinas vão se acumulando. Num determinado nível, seu sistema imunológico entra em cena para baixá-las, para que você continue a funcionar. Isso é conhecido como resposta do hospedeiro. Nós só vamos dormir quando uma substância chamada endotoxina LPS é liberada, ao longo do dia, por essas bactérias amigas que vivem dentro de nós. Vamos dormir quando a LPS em nossa corrente sangüínea atinge uma concentração crítica o suficiente para provocar uma resposta imunológica. E dormir é uma resposta imunológica. As células brancas, chamadas macrófagos e leucócitos, multiplicam-se e matam algumas das bactérias de seu sistema. É sabido que o sono é induzido por uma “expressão” imune, ou uma citocina, chamada interleucina-2, que ocorre em resposta à LPS liberada pelas bactérias de nossas entranhas. Esses “vizinhos” se tornaram participantes ativos de toda nossa existência imunológica, na medida em que tem relação com a órbita

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do planeta e todos os seus outros habitantes. Eles são mais numerosos que nós. E estão em toda parte. Só o nosso intestino contém um quilo de bactérias. E tem mais em sua boca e em sua pele. Todas as espécies em evolução tiveram de evoluir em torno de – ou, mais precisamente, com – as bactérias. Elas eram donas do terreno muito antes de qualquer um de nós ter chegado aqui. Não tivemos escolha, a não ser negociar.

Pág 69 Nossa co-evolução é só um caso de domesticação, de ambas as partes. Ao longo de milênios de simbiose entre nós e elas, nossos sistemas imunológicos humanos evoluíram em resposta à orquestração delas. Elas nos deram um sistema imunológico para funcionar como um mecanismo autocontrolado e também como defesa do território delas. Para nós, o sono na verdade é só uma forma de “diminuir o rebanho”. As colônias de bactérias são exatamente iguais às criações de gado bem-sucedidas, onde se atinge a homeostase comendo ou vendendo só o suficiente para manter o rebanho administrável. Nossa forma de domesticar bactérias funciona do mesmo jeito. Tanto o rebanho quanto o rancheiro se beneficiam. A tática evolucionista do sono é só uma adaptação esperta, que nos permite ter vantagem sobre elas, uma vez a cada rotação planetária. A desigualdade, em qualquer guerra, só surge quando um dos lados pára de avançar; assim sendo, sem sono não há vantagem. As expressões imunológicas, ou citocinas, que sucedem os altos níveis de endotoxinas, podem atuar como neurotransmissores e literalmente derrubar a gente também. Ao torná-lo incosnciente, elas fecham seus olhos. E olhos fechados significam que aí vem melatonina – e mais tarde, no meio da noite, prolactina. Ambos os hormônios intermedeiam a função imunológica através de outras citocinas, chamadas interleucinas. Em vez de nomes, as interleucinas possuem números, como IL-1, 2 ou 3, provavelmente porque existem zilhões delas. Altos níveis de IL-2 são sempre encontrados nos estados de sono, até mesmo naqueles de decorrem de doenças. Logo que você adormece, a onda de melatonina estimula a atividade dos leucócitos, nesse caso voltada especificamente para responder a patógenos como as bactérias que vivem dentro de você. Desnecessário dizer que, seja porque alguém fechou os olhos ou porque o sol está do outro lado do globo, escuro é escuro; e quanto mais escuro, melhor para a produção de melatonina. O sono doentio é mais intenso e mais relacionado ao fenômeno da febre,

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através das IL-1 e 6. Você precisa dormir quando está doente, ou não sobreviverá a um ataque da “outra”. O sono é o momento em que a melatonina e a prolactina entram em cena para fabricar leucócitos, células T e células NK (assassinas naturais). Um intestino “fora de ordem” – ou seja, com pouca quantidade ou com o tipo errado de bactérias atacando um relógio interno quebrado – é sinal de um sistema imunológico seriamente danificado.

Pág 70 Por isso, não dormir de propósito, quando escurece, é o mesmo que destruir um ecossistema ancestral. Lembre-se de que a co-evolução significa que devemos dançar, não pisar nos dedões. Essas bactérias o mantêm vivo; é claro que por razões próprias, mas ainda assim é vida. Tudo o que elas querem é um pouco de açúcar, um pouco de luz e alguns hormônios sexuais, para controlar seu ambiente interno – que, por sua vez, controla seu ambiente externo.

MENTES CURIOSAS QUEREM SABER

Todos os seus hormônios – melatonina, prolactina, cortisol, insulina e hormônios sexuais também – são a interface entre seu sistema nervoso central (pensamento e reações) e o ambiente. As perguntas que ficam no ar, no “quadro maior”, entre você, as bactérias e o ambiente se reduzem a: Está claro? Está escuro? Está frio? Está quente? Onde está a comida? O que está me perseguindo? E com quem posso me acasalar? Todas as informações relacionadas a essas perguntas são adquiridas através de visão, audição, paladar, toque e olfato. Da mesma forma que assar biscoitos ou pão evoca uma reação por parte de suas glândulas salivares, a luz que bate em seus olhos e em sua pele ativa outras glândulas e diz às bactérias dentro de você que horas são. Ao marcar as horas em 24, a melatonina dispara o timer da prolactina, para dizer a seu cérebro que tipo de alimento ele deve desejar. Os níveis de insulina estão em sinergia com os hormônios sexuais, como estrogênio e testosterona, para procriar. Todos esses fragmentos de informação são espremidos pelo prisma de seu hipotálamo (que marca o tempo), sua pituitária (que controla o sexo) e suas glândulas adrenais (que medem o estresse). Esse eixo hipotálamo-pituitária-adrenais, ou HPA, serve como um timer embutido, não muito diferente daquele que liga sua

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cafeteira automaticamente todas as manhãs, a não ser pelo fato de estar ligando e desligando funções biológicas. Esse “eixo HPA” funciona de acordo com o ambiente, para sintetizar e disseminar os “raios” de informação traduzidos, que foram recolhidos dos sinais provenientes do ambiente. Sem essa constante síntese entre os sinais do ambiente e sua reação física a eles, não há forma de se adaptar às flutuações do ambiente e de permanecer vivo.

Pág. 71 Um grande segredo: a vida é baseada num paradoxo. A estabilidade de funções necessárias para permanecer vivo só é possível através da mudança constante em resposta ao ambiente. Os hormônios produzidos por essas glândulas – seus hormônios HPA – são, por sua vez, chamados a atuar. Esses hormônios percorrem toda a escala, desde os esteróides sexuais, como estrogênio e testosterona, ao cortisol, ao hormônio do crescimento humano e à leptina, presente em sua base de gordura. Esses hormônios acionam os interruptores que desligam e ligam instantaneamente as funções vitais. Os hormônios fazem isso ao se fixarem a “regiões promotoras” nos filamentos de DNA chamados genes, e acionarem os interruptores que estimulam a ação genética. O fato de o gene produzir ou não sua proteína é função de ser ou não acionado por um hormônio, fator de crescimento, pelo sol ou por um impulso elétrico. As proteínas produzidas por esses genes, quando ligados, encaixam-se em receptores em todas as suas células – que, por sua vez, enviam as mensagens ao núcleo da própria célula, para acionar outros interruptores, e assim sucessivamente. Esses comunicados são efêmeros. Sua rede hormonal toma decisões em meio segundo, para responder às pressões ambientais. Se algum desses interruptores enguiçar ligado ou desligado, a natureza o considera doente demais para fazer parte do projeto. É quando seus interruptores enguiçam – ligados ou desligados – que a doença ocorre. Níveis elevados de qualquer hormônio, se mantidos por muito tempo, são instintivamente inadaptáveis para manter seu equilíbrio em cima da prancha, sobre aquele tronco. Na nossa sinfonia química, qualquer nota hormonal sustentada destrói a harmonia. Dessa forma, estrogênio elevado, sem progesterona caçadora para diminuí-lo, causa câncer; e níveis elevados e crônicos de insulina, entra dia e sai dia, levam às doenças cardíacas, ao diabetes e ao câncer. Como perdeu o ritmo uma vez,

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você está fora do esquema e perde o equilíbrio. Aqui começa a queda – em desgraça.

ESTRANHAS VIBRAÇÕES

Como acima, embaixo. As mesmas cadeias que atiram elétrons, quarks e neutrinos em dez diferentes dimensões, que fazem os átomos, que fazem as moléculas, que fazem os hormônios e recebem vibrações das ondas

Pág. 72de luz e da gravidade, tocam a música do cosmos para nossos corpos, através de nossos receptores hormonais. Somos como diapasões. Vibramos – literalmente – no impacto com o ambiente. As vibrações que conhecemos como verdadeira música provocam vibrações verdadeiras, que atingem os neurônios no cérebro através do tímpano e provocam emoção. Em seu livro A Medusa e o Caramujo, Lewis Thomas disse: “A música é o esforço que fazemos para explicar a nós mesmos como nosso cérebro funciona. Ouvimos Bach em transe porque isso significa ouvir uma mente humana.” Em 1976, Leonard Bernstein tentou aplicar o trabalho de Noam Chomsky com a linguagem ao seu esforço para encontrar uma estrutura para a resposta humana à música. Chomsky descobriu que bebês com apenas quatro meses de idade sempre preferem músicas com intervalos constantes de ritmo; a natureza também. Em seu livro How the mind works, Steven Pinker utilize a terminologia musical de “prolongamento e redução” para definir a forma como as melodias são dissecadas. Ele define seu processo como “o fluxo musical captado ao longo de frases, com a tensão sendo construída e liberadas em passagens cada vez mais longas ao longo do curso da peça – e culminando com uma sensação de repouso ao final... A tensão aumenta à medida que a melodia se afasta das notas musicais estáveis, em direção às menos estáveis, e é descarregada quando a melodia retorna às notas estáveis”. Nas palavras do inesquecível Frank Sinatra: “É a vida.” Para citar nós mesmos; “É o caos.” Da mesma forma que a música se satisfaz ao conduzir tensão e resolução ao longo de intervalos instáveis e estáveis, seu metabolismo banquete-ou-fome tem a mesma necessidade de intervalo e ritmo,caso contrário você ficará doente. Seu sistema

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imunológico e suas bactérias, num período de 24 horas, têm a mesma necessidade de tensão e resolução. O mesmo acontece com sua mente. Em seu aparelho de CD no nível molecular, existe e tem de existir um ritmo que aumenta e diminui, para medir a sua rotação no planeta – seja ela a batida de seu coração em 4/4, seu ritmo circadiano ou seu ciclo menstrual. De outra forma você não poderia lidar com os ataques. E a chave de tudo é descobrir uma forma de lidar com os ataques. Sua consciência e vontade são formadas por interações complexas entre o ambiente, os hormônios e o comportamento, todas as quais

Pág. 73acionadas por cronômetros. Estamos dizendo que essas mesmas interações existem entre você e o ambiente, e que tudo que os sistemas circulares de resposta fazem é monitorar e registrar a melodia. A música pode soar como Wagner ou Pachelbel, mas precisa ser música, deve parar e continuar, ou então não é adaptável. E o que não é adaptável, de acordo com nossas definições anteriores, quase sempre acaba em morte, ainda que isso aconteça por suas próprias mãos. Quando os esquizofrênicos ouvem vozes, essas vozes, essas vozes invariavelmente dizem; “Mate-se.” Como precursor da morte, o comportamento não adaptável quase sempre significa não reprodutivo, e isso é o que faz soar um alarme na natureza. Quando você não se reproduz, você não conta, no grande esquema das coisas aqui na Terra. É por isso que o câncer, o diabetes tipo II e as doenças cardíacas sempre acompanham a obesidade, que sempre significa envelhecimento acelerado, em anos planetários. No mundo real, a vida durava enquanto durava o potencial reprodutivo. Um período de 25 a 30 anos era suficientemente longo para duplicar o DNA e a cultura. Agora, vivemos demais e comemos demais para nossos marcos antiquados.

O HOMEM COM DOIS CÉREBROS

Quem responde ao seu sistema endócrino é seu sistema nervoso central, através de seu cérebro e de suas entranhas. Seus hormônios informam quaisquer alterações em seu eixo HPA ao sistema imunológico, que utiliza as citocinas ou neuropeptídeos para dirigir todo o tráfego relacionado à homeostase. O sistema imunológico se parece mais com a medula óssea ou o baço, os

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nódulos linfáticos agregados ou células do timo. Mesmo o sistema linfático é apenas uma parte daquilo que chamamos de sistema imunológico. Esses pontos, na verdade, são apenas fábricas que produzem os leucócitos, os linfócitos ou as agora infames células T. Cerca de 80% da força total de seu sistema imunológico defensivo está em seus instintos ou entranhas. Isso faz sentido, já que a maior parte das toxinas entra por sua boca. Embora tenhamos sido levados a acreditar que o sistema imunológico é o nosso sistema defensivo, nada poderia estar mais longe da verdade. O sistema imunológico é planetário, não individual. Nossa interface hormonal com o mundo, representada pelo eixo HPA, significa que o sistema imunológico é, na realidade, “o homem por trás da cortina” que

Pág. 74aciona os botões e dials que fazem com que o cérebro pareça tão competente. Todos os elementos do sistema imunológico – entranhas, pele, gordura, linfa, cérebro e glândulas – reconhecem, comunicam, memorizam, reagem e até planejam sobreviver às mudanças na Terra que foram inseridas em nossa programação ao longo de milênios de experiência. Essas capacidades significam que o sistema imunológico é tão sensível quanto você acredita que você próprio seja. Também faz sentido o fato de 80% do sistema imunológico estar localizado no intestino, porque o intestino era originalmente o nosso cérebro. Enquanto deslizávamos nas rochas, antes do “cérebro na cabeça”, os neurotransmissores que conhecemos hoje, como a dopamina, a serotonina, e a norepinefrina, além de hormônios como adrenalina e a insulina, rodaram O Projeto a partir de nosso plexo solar. A verdadeira chave para o impressionante poder e controle que o sistema imunológico possui está na compreensão de que ele é completamente móvel, assim como o indivíduo livre e pensante que você acredita ser. O sistema imunológico interno é, pelo menos igual. Seu sistema imunológico controla seu comportamento ao controlar a atividade dos neurotransmissores. Todas as células imunes possuem receptores que lêem tanto os neurotransmissores quanto os hormônios que controlam o fluxo de energia e os hormônios sexuais. Da mesma forma, as expressões imunológicas chamadas citocinas são ativas em suas entranhas, em seu cérebro, em sua base de gordura e gônadas. É o sistema imunológico, em estreita cooperação com a pressão ambiental e bioecosfera, que pode marcar o Dia do Juízo, seja por

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falta de defesa ou em função de um ataque completo ao seu corpo. Se você perde o equilíbrio em relação a outras formas de vida no cosmos, o sistema imunológico vai reagir para compensar isso. Muitas vezes, as causas reais daquilo que percebemos como doença são apenas os mecanismos compensatórios. Quando você sente a garganta arder, em conseqüência dos padecimentos de uma infecção viral, a dor que você sente não vem, de forma alguma, do vírus; em vez disso, é a dor das células agonizantes, sacrificadas (assassinadas) por seu próprio sistema imunológico. O mesmo ocorre nas dores do corpo, febre e dor de cabeça. Não é o patógeno, de jeito nenhum, o que o torna doente. É o sistema imunológico planetário dentro de você que o torna doente, na tentativa de livrá-lo de tecido infectado pelo vírus no ponto de origem, que é a sua garganta ou seu nariz – tudo para restabelecer a ordem em todas as coisas viventes. Se o vírus chegar até seu estômago, seu sistema imunoló-

Pág 75gico vai sacrificar a parede do estômago para acabar com o vírus. Aí você vai ter dor de estômago e diarréia, para aumentar seu sofrimento.

SINTA FRIO

O controle da temperatura durante o sono é outra estratégia antibactérias que desenvolvemos. Embora um organismo muito quente tenha diversas vantagens adaptativas, em função da flexibilidade de conquistar novos habitats, o calor constante oferece condições ideais para o crescimento da maior parte das bactérias. O melhor é esfriar. É por isso que nossa temperatura cai à noite. Como você não consegue encontrar comida à noite – na verdade, o mais provável seria você virar comida – a melatonina age como um reostato, que baixa a temperatura do corpo durante o sono NREM (Non-Rapid Eye Movement, ou movimento não acelerado dos olhos), de modo a desacelerar os processos metabólicos e enganar a fome. O lucro é que as bactérias também respondem à temperatura menos balsâmica. O frio que desacelera nosso metabolismo desacelera também o delas No início do sono, você sonha um pouco enquanto o corpo esfria e a melatonina sobe; você sonha de novo durante as horas que antecedem o raiar do dia, antes de acordar, enquanto o nível de melatonina cai e o corpo se aquece. Os mamíferos que vivem em

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climas frios dormem durante meses a fio, ou hibernam, para desacelerar os processos metabólicos durante os períodos de escassez de comida e os dias mais escuros. Ao nos esfriar no escuro, a melatonina executa um trabalho antioxidante, acerta o relógio das funções ovariana e testicular, e acelera o sistema imunológico para o próximo período acordado, quando vamos precisar manter os micróbios noviços afastados, por trás das trincheiras. O sono é o maior esquema de defesa imunológica que já surgiu, pois não só nos defende contra outros organismos em nosso ambiente interno como também nos defende contra a fome, através do sistema insulina-melatonina. A insulina só é produzida quando o corpo percebe açúcar ou estresse. Como o estresse é anunciado pelo cortisol, e o cortisol fica elevado enquanto você se banha em luz, o ritmo circadiano, ou os ciclos de dia e noite, controla sua produção de insulina, junto com os carboidratos. Os ciclos de luz e escuridão controlam a insulina para

Pág 76que você possa armazenar gordura para a hibernação ou a dormência. Dias longos significam o fim do verão e do alimento abundante. Os ciclos curtos de sono dos dias longos se traduzem, hormonalmente, numa necessidade maior de carboidratos, para armazenar gordura, e desencadeiam uma reação em cascata dos outros hormônios para fazê-lo dormir. A compulsão por carboidratos é um precursor do sono ao qual ainda respondemos todas as noites em que ficamos acordados até tarde. As tendências à hibernação nos fazem tomar sorvete ou beber uma taça de vinho após um longo dia. Lembre-se, o lanchinho no meio da noite nunca é um ovo quente. Aquele último alimento em que você pensa, que você quer comer antes de desistir da luz, é sempre qualquer tipo de açúcar que caia em suas mãos. A produção de insulina é controlada pelos alimentos que você ingere, mas o alimento que você quer é controlado pelo seu sistema imunológico, em resposta à variação sazonal de luz percebida por ele. Quando seu corpo e cérebro precisam dormir, para manter a imunidade e a capacidade reprodutiva, a melatonina e a prolactina precisam fluir. Temos receptores de melatonina até nos ovários e testículos, que “lêem” os ciclos de luz e escuridão. A melatonina é um potente antioxidante que, junto com a prolactina, controla a imunidade enquanto você dorme. Sem o sono, você se torna indefeso e auto-imune. Seu sistema imunológico

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também, como qualquer outro mecanismo de vida, é dotado de uma dualidade sagrada. As células Th1 e Th2 ficam em pé naquela prancha, sobre aquele tronco, como as duas metades de uma função imunológica. Um lado controla a defesa e o outro controla o ataque, porque aquilo que chamamos de “seu sistema imunológico” não pertence realmente a você, per se. A verdadeira entidade que funciona como seu sistema imunológico é uma força sensível, assustadora, inteligente, que lembra a proverbial figura da Morte, e que conta seus pontos. Esse policial/porteiro espiritual realmente existe para equiparar os pontos de tudo que é vivo. Na verdade, é o sistema imunológico da biosfera, não o seu. Você só conseguirá ser parte de todo o esquema se jogar de acordo com as regras. Isso quer dizer: levante junto com o sol, durma junto com a lua, coma apenas a sua parte, frutifique-se e multiplique-se. É isso aí. É para isso que você foi feito, nem mais, nem menos. Na verdade, a evolução não reservou nada mais do que isso para você.

ARQUIVOS SEXUAIS

A característica fundamental da sobrevivência é a reprodução. A vida continua. Por isso, depois de corações batendo e pulmões respirando, toda a energia é dirigida para a reprodução. A vida, sem tudo aquilo que a gente faz para matar o tempo, resume-se a dormir, comer e fazer sexo. Essas atividades têm de ser mantidas a qualquer custo, ou a natureza o identifica como indesejável. Dormir, e depois comer, são pré-requisitos para a reprodução, nessa ordem. Os primatas humanos sempre foram reprodutores sazonais, até que o fogo chegou para ficar. É desnecessário dizer que a reprodução sazonal é controlada por um relógio totalmente dependente dos ciclos de luz e escuridão. As funções reprodutoras dependem de relógios e mecanismos metabólicos. Não se pode reproduzir sem gordura suficiente para sobreviver. É por isso que as atletas femininas magrinhas costumam parar de ovular e de ter períodos menstruais. Sem gordura não há futuro... para você ou suas crias. Então, por que desperdiçar os ovos? É assim que a natureza vê o assunto. A fertilidade e o sono estão tão intimamente ligados quanto a alimentação e o sono, porque, no final, é tudo uma coisa só. No mundo real, a função perfeita – seja ela a reprodução, uma boa noite de sono ou ter o peso certo – existe numa fronteira

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estreita, que é dinâmica em relação a todas as outras formas de vida. Não há realmente margem para erro. O “dar e receber” entre as formas de vida em nossa bola feita de rocha cria nosso bioecossistema, nosso mundo. A força vital do bioecossistema é toda energia do sol que circula naquilo que a ciência conhece como a cadeia alimentar. Cadeias alimentares simples se entrelaçam, em função de suas interações entre si, para encadear todas as substâncias e espécies em “sistemas circulares de resposta” menores, dentro dos quais cada espécie afeta outra. Os peixes grandes comem os peixes pequenos, que comem peixes ainda menores, que comem plantas e retiram nutrientes das rochas, e assim sucessivamente. Este é um sistema circular de resposta positivo. Muitos, porém, são “negativos”, ou sistemas circulares de resposta inseguros. Todos os sistemas circulares de resposta funcionam como a transmissão automática de seu carro. Se você aumenta a pressão sobre o acelerador, à medida que o carro anda mais rápido, a transmissão vai acionar um mecanismo para compensar. Se você desce uma ladeira, diminuindo a marcha no caminho, a transmissão naturalmente aciona

Pág 78outro mecanismo para que você desacelere. A transmissão funciona perfeitamente a menos que você mantenha a pressão no acelerador enquanto mantém o pé no freio. Tenha em mente essa imagem. Não somente você está indo a lugar algum como está destruindo o seu carro. Sistemas circulares de resposta são mecanismos delicados que lêem um sinal de um sistema no corpo e enviam de volta para outro. Sistemas circulares de resposta negativa lêem um sinal e controlam a reação nesse sistema como a transmissão de um carro ladeira abaixo. Em geral, o sinal enviado em um sistema circular de resposta negativo será pare, ou pelo menos diminua o ritmo. Esses sistemas transmitem informações dentro de você e de todas as outras espécies, e depois dão retorno ao ecossistema mais amplo. Todos os chatos do Greenpeace estão certos. O cosmos, o planeta, os pequenos animais e as pessoas estão todos conectados biologicamente em um grande sistema circular de resposta, igualzinho ao Mundo das Margaridas. Se você estivesse no parque de sua cidade de tange, esses sistemas teriam uma chance de fazer seu trabalho acuradamente. Estar sentado diante de uma mesa de trabalho ou em uma sala de reuniões, sob luz fluorescente, usando Calvin Klein muito depois do

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cair da noite bagunça totalmente seus sistemas circulares de resposta. De acordo com um recente estudo da revista Nature, até sexo demais ou de menos muda o tamanho dos neurônios. Se isso é verdade, sem dúvida podemos concluir que a quantidade de sono afeta o apetite e a fertilidade, o que afeta o metabolismo. Todas essas ações, juntas, são parte integrante do sistema imunológico.

AUTOCONTROLE

Lembre-se de que a inteligência adaptativa continua a evoluir, ao reagir aos estímulos do ambiente, fornecidos pelos sistemas circulares de resposta movidos pela informação. Esses sistemas circulares de resposta são, na verdade, apenas fluxo de informação que voltam de vários “postos avançados” aos seus pontos de origem, de modo a controlar o processo. Façamos uma viagem a um lugar imaginário: o mundo natural, onde você não vive mais. Você está andando de quatro com um amigo, quando vê uma enorme fruta-pão. O fato de você ter visto uma enorme fruta-pão significa que as árvores estão dando frutos, não florescendo, e

Pág 79que estamos no final da primavera ou no início do verão. O cheiro faz suas glândulas salivarem, e você se lembra de ter comido uma antes. E, como foi uma boa experiência, você toma a decisão de comer outra. O açúcar atinge a veia porta entre seu fígado e o estômago, e o pâncreas entra em cena, com uma grande injeção de insulina. Justo quando o açúcar da fruta está cruzando a barreira entre o sangue e o cérebro, para mandá-lo à Terra da Alegria, aquela superinjeção de insulina, ao mesmo tempo, envia o excesso de açúcar para a armazenagem rápida. A armazenagem rápida em seu fígado e músculos não tem condições de receber muita quantidade, porque você comeu aquele outro tipo de fruta com larvas dentro e aquele arbusto com espinhos e frutos, há cerca de uma hora. Então, em vez disso, a insulina converte parte dessa fruta-pão em colesterol, e o resto é mandado para sua coxa interna para armazenagem de gordura, porque, se você come fruta-pão e bagos ou qualquer outra fruta, seu sistema imunológico sabe que o inverno deve estar chegando – e, como todo sistema imunológico também sabe, isso significa que em pouco tempo não vai haver mais fruta-pão.

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Dessa forma, a insulina e o açúcar armazenado sob a forma de gordura chegam à sua perna (armazenagem de longo prazo). Você come muito, e já ganhou uns dez quilos de gordura; por isso, a leptina de suas células de gordura envia um sinal ao seu cérebro. Essa leptina aciona um botão em seu cérebro, chamado neuropeptídeo Y, que controla o apetite por carboidratos. Esse apetite então se desliga. Você para de comer, porque já tem energia suficiente, na armazenagem de curto e de longo prazo, para chegar até o dia seguinte. Esse é um sistema circular de resposta negativo – ou seja, um programa autocontrolado que funciona dia a dia. Existem também sistemas circulares de resposta de autoperpe-tuação. Esses tendem a funcionar anualmente, ou a cada estação. Por exemplo, se estamos no final do verão e os dias são longos, e se você já tem mais de dez quilos de gordura e mais um bom estoque na armazenagem de curto prazo, a história é muito diferente. Trata-se de um conto de inverno. Em vez de um sistema circular de resposta negativo, o positivo vai entrar em ação. Uma cena adaptativa hormonal e comportamental vai ocorrer, porque foram apertados os botões ambientais diferentes. Os dias em setembro estão encurtando e, portanto, em vez de contar apenas com o “sinal da luz”, a natureza inventou um sistema de bônus para um dia literalmente chuvoso. O sistema circular de resposta positivo em seus recém-adquiridos dez quilos significa que você pode

Pág 80continuar a engordar, impelido por sua base de gordura em expansão, até que todos os carboidratos tenham realmente acabado. Isso vai enganar a resposta à luz e lhe dar um mês ou dois para ficar realmente gordo. Só então a comida terá acabado definitivamente até a próxima primavera, quando o planeta despertará de novo. Assim sendo, o final do verão é a única época, na natureza, em que você poderia ter bons estoques e dez quilos a mais, proporcionados pela maior quantidade de luz e pelas noites curtas. A prolactina empurrada para o período do dia pelas noites curtas suprimiu a leptina e deixou seu apetite por carboidratos (o neuropeptídeo Y) “ligado”. Isso lhe deu dez quilos para manter a bola rolando. Depois, a leptina de sua base de gordura assumiu o controle para criar resistência à leptina. Esse mecanismo de desativação da leptina serve ao propósito de evitar que você fique querendo alguma coisa (açúcar) que acabou

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há algum tempo e só estará disponível no próximo verão. Seus receptores de leptina no botão do neuropeptídeo Y ficam inativos devido à sobrecarga. Sem receptores para decodificar a leptina, é como se não tivesse nenhuma, e seu apetite por carboidratos fica permanentemente ligado, até que todos os carboidratos acabem. Este mecanismo existe porque, na natureza, você nunca engordaria, a menos que precisasse, porque todo o alimento iria acabar. O problema, no mundo em que vivemos, é que o alimento (açúcar) nunca vai acabar. Em nosso mundo antinatural, de verão e açúcar infindáveis, esse “botão de excesso” de leptina fica com defeito. Em nosso mundo, tudo o que você precisa fazer é ficar dez quilos acima do peso, para que a leptina que flui de sua base de gordura em expansão faça com que os receptores de leptina em seu cérebro deixem de funcionar, criando a resistência à leptina e fazendo com que os gordos engordem mais, porque as pessoas gordas estão sempre com fome. Por quê? Porque o seu sistema circular de resposta negativo está quebrado: seus receptores de leptina se exauriram, e não há mais controle de sua compulsão por açúcar.

AGENDA OCULTA

A insulina e os hormônios contra-reguladores cortisol, hormônio do crescimento humano e epinefrina lidam com o uso final dos alimentos

Pág 81que você ingere. E também controlam o sono junto com a melatonina e a prolactina. Para os primatas humanos, o alimento existe num total de três possibilidades: proteína, gordura e carboidrato. Os caminhos de proteína, gordura e carboidratos, dentro do corpo, são todos distintos. E três neurotransmissores muito diferentes controlam o seu apetite por cada uma das três substâncias. O controle da ingestão de carboidratos pelo neurotransmissor NPY (neuropeptídeo Y) em nada se parece com os controles de seu apetite por proteínas ou por gordura. O consumo de carboidratos é parte de um metabolismo planetário de energia, que é o mesmo para todos os organismos que têm insulina. Os carboidratos são energia que pode ser armazenada, e eles só podem ser armazenados através da insulina. É por isso que

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você não consegue comer gordura e ficar gordo; mas você come açúcar e fica gordo. Nenhuma outra substância que você come provoca uma resposta insulínica. Esses diferentes caminhos do açúcar e da gordura na dieta são, e sempre foram, ditados pela interação dos hormônios, em resposta ao ambiente e a seus níveis de estresse. A insulina está de um lado, na prancha sobre o tronco, e a epinefrina, o cortisol, o hormônio do crescimento humano e o glucagon estão do outro lado. O equilíbrio entre os dois lados da prancha é alcançado quando uma molécula de hormônio se dirige para um receptor – em geral que lhe seja próprio, porém nem sempre. Lembre-se de que a sobrevivência reside na comunicação cruzada. Os hormônios e seus receptores são moléculas isoladas de pesos diferentes. “Ligando” é outro termo que designa qualquer molécula que adere a um receptor – não apenas hormônios, mas também neuropeptídeos do cérebro e dos intestinos e citocinas do sistema imunológico. Lembre-se da metáfora do cadeado e da chave. As moléculas do receptor são grandes e as moléculas do ligando são pequenas. Ligare vem do latim e significa “aquilo que liga”. (Ligare é também origem da palavra “religião”. Não se trata de coincidência.) Os receptores flutuam à superfície, vindos de dentro das células, como folhas de vitórias-régias com raízes bem compridas. Quando as folhas das vitórias-régias recebem um chamado para “ir à superfície” para ter uma interface, as raízes se esticam, para se conectarem ao núcleo da célula. Um mecanismo chamado quemotaxe guia a molécula parceira em perspectiva até o encontro com o receptor, na folha das vitórias-régias. A quemotaxe funciona igual ao raio trator, do filme Jornada nas Estrelas. Quando a

Pág 82molécula de hormônio, neurotransmissor ou expressão imunológica (citocina) cai na vitória-régia, as “pétalas” respondem. O receptor muda de forma na presença de um ligando. A molécula do receptor, na verdade, abraça a chave química do ligando. Quando isso acontece, o receptor começa a sacudir e tremer, e a dança – ou mensagem – é transmitida enquanto o receptor e o ligando vibram e murmuram – literalmente, não figurativamente. Em Molecules of Emotion, Candace Pert diz que “uma descrição mais dinâmica desse processo poderia defini-lo como duas vozes – a do ligando e a do receptor – atingindo a mesma nota”. Temos aí a música de novo.

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Hormônios, neurotransmissores e citocinas são ligandos cuja mensagem é traduzida pelo efeito de uma molécula cutucando um receptor, até que a perturbação cria uma mudança que acomoda tudo. A partir do momento em que o receptor domina a situação e o “crescendo” acaba, a mensagem da molécula do ligando viaja através da raiz da vitória-régia, bem abaixo da superfície, para acionar interruptores no filamento de DNA dentro do núcleo. Quando você deixa as luzes acesas, você come açúcar; seus hormônios respondem de forma apropriada aos carboidratos que você consome, o que finalmente afeta o DNA de todas as células de seu corpo. É assim que uma espécie consegue se adaptar ao ambiente e ao alimento disponível. Se a disponibilidade de um dos três grupos alimentares muda, o animal vai acabar mudando também. Portanto, se você tentar viver com apenas um dos grupos alimentares e excluir os outros dois, acontecimentos ruins vão suceder. Em essência, aqueles de nós que ainda não são capazes de lidar com a mudança nos ciclos de luz e/ou no estoque de alimentos vão morrer. A exposição à luz artificial foi mínima durante a maior parte da existência da humanidade; uma brasa ardente aqui, uma vela ali. Dormíamos mais e não tínhamos acesso ao poder calórico do açúcar e da farinha refinados. Agora, nossa existência de 24 horas bem acesas, que substituiu a noite pelo dia, diz aos nossos controles internos que o verão não acaba nunca, e essa mensagem exige um banquete contínuo. Então, banqueteamos-nos. Porque o açúcar não acaba nunca.

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QUATRO

No gelo:A evolução, a biofísica e o escuro

Sou parte do sol, como minha Eva é parte de mim. Que sou parte da terra, meus pés o sabem perfeitamente, e meu sangue é parte do mar. – D. H. Lawrence

O açúcar é a luz do sol capturada. A energia revigorante do sol é absorvida pela vida vegetal do planeta. Quando comemos açúcar,

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as moléculas dos carboidratos se transformam em energia ATP (trifosfato de adenosina), nos centros de força de nossas células. Qualquer porção da energia solar que não seja imediatamente utilizada é reorganizada para ser armazenada, sob a forma de gordura corporal, para garantir alimento no dia em que as plantas estiverem adormecidas. Sobreviver é ter açúcar em quantidade suficiente para se armazenar um pouco para quando não houver nenhum disponível. Sobreviver nunca foi comer gordura, sempre foi fabricar gordura. Sobrevivência, teu nome é açúcar. Esta é a única verdade que existe, aqui e agora nos Estados Unidos, e desde o tempo mais longínquo que se possa imaginar. Sempre foi assim, desde a nebulosa história pré-humana. Pelo menos desde que se originou um verme sem cérebro e sem coração, chamado C. elegans, a sobrevivência sempre teve a ver com o açúcar. O nome científico do açúcar é carboidrato. Os carboidratos são o único alimento que podemos armazenar, ao contrário do que lhe informaram. Muitos carboidratos que comemos hoje “vieram com” o planeta – maçãs, ervilhas, feijões, cenouras, cana-de-açúcar e beterrabas, em sua forma original. Nós humanos, sempre ansiosos para melhorar a natureza, inventamos muitos outros: pão, sacarose, vinho, massas e bolos de arroz. E não importa muito se se trata de um carboidrato

Pág 84complexo ou simples refinado; tudo não passa de açúcar, e para qualquer organismo dotado da mágica molécula de insulina, isso significa sobrevivência. Os vermes lhe diriam isso, se possuíssem mente. Ainda é objeto de debate descobrir o que, exatamente, seria um carboidrato para o C. elegans, mas sabemos que ele o utilizava para sobreviver, pois possuía um gene capaz de produzir insulina quase exatamente igual ao nosso. O que significa que o tataravô de nossas origens comuns, há centenas de milhões de anos, era movido pelo mesmo combustível que nós, porque era o que o planeta tinha para oferecer. A insulina é a razão pela qual o nosso sangue pode ser usado como combustível por nossas células. Sem a insulina, nossos tecidos passam fome, e os mecanismos celulares e mitocondriais se desfazem em pedaços. Se a vida é lux, ficar sem insulina é a escuridão.

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O TEMPO CERTO É TUDO

Para a maioria dos americanos, insulina é um remédio. Sem dúvida, todos os diabéticos sabem que não podemos viver sem ela. As pessoas que viram o filme O reverso da fortuna sabem que o excesso de insulina envenenou Sunny von Bülow. Mas, para a maioria dos americanos, a insulina é algo sem maior importância, ou assim eles acham. A insulina é uma molécula relativamente pequena, produzida nas células beta de seu pâncreas. Tem a dupla tarefa de dar às células acesso ao açúcar que está no sangue, e de girar os botões para armazenar o restante, numa forma “mais leve”, como gordura corporal. A insulina é o hormônio da armazenagem. Além de proporcionar aos músculos, cérebro e fígado o acesso ao açúcar, a principal tarefa da insulina é lidar com o excesso. Possuímos este mecanismo receptor de insulina para administrar o excesso de açúcar ingerido porque sempre se esperou que ingeríssemos açúcar em excesso toda vez que pudéssemos. Comer açúcar demais, em termos de sobrevivência, é instinto. Na natureza, que para nós mal existe ainda, os animais sempre comem carboidratos em excesso toda vez que os encontram, para o caso de não encontrarem mais no dia seguinte. Todo o açúcar que você come é muito pesado, porque os carbo-“hidratos” são hidratados. Os carboidratos são combustível e água juntos. Sem a água embutida, as moléculas de carbono pesam bem

Pág 85menos. Essas moléculas de duplo carbono liberadas depois que a água se dissipa, através das lágrimas, do suor ou da urina, são gordura corporal. Você pode concentrar muito maior quantidade da energia dos carboidratos na forma de gordura leve. A quantidade de gordura que você precisa armazenar, como mamífero, depende do tempo que você planeja ficar sem comida e de quanto tempo você precisa para se reproduzir. Isso nos traz de volta a questão da sobrevivência. O prolactina é o hormônio da sobrevivência. A maioria de nós pensa que a prolactina só produz leite humano. Ela realmente faz isso, mas seu papel mais importante é fazer com que possamos sobreviver durante a nossa vida, pois ela controla o nosso apetite. Como recém-nascidos, o primeiro gosto de sobrevivência que sentimos é doce. Precisamos gerar gordura a partir do açúcar desde o primeiro dia. O leite de todos os mamíferos tem um teor

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astronômico de açúcar. O leite do seio é um fluido corporal rico em carboidratos, incrementado com um pouco de proteína, para criar as moléculas necessárias à função imunológica, e uma quantidade enorme de cadeias de ácido graxo molecular, para produzir hormônios que vão interagir com o novo ambiente da criança. É a prolactina da mamãe, que não apenas cria nossa dependência do sabor doce, tipo “a primeira dose é de graça”, mas cria também nossa ligação com o sistema imunológico do planeta, ao alimentar essa dependência. No mesmo nível de importância, a prolactina da mamãe vai à estratosfera quando ela produz esse leite, porque prolactina altíssima é sinônimo de um estado de ser auto-imune. A auto-imunidade significa apenas que o sistema imunológico da mamãe está trabalhando além da conta, despejando funções imunológicas no leite do peito, para programar o sistema imunológico do bebê com toda a memória coletiva que o sistema imunológico da mamãe, assim como o de sua mãe e o da mãe desta, vem transmitindo sobre seus ambientes, muito antes que o bebê sequer tivesse um nome. Enquanto a insulina nos torna capaz de desviar os golpes quando lutamos com a natureza, ao armazenar energia do sol/açúcar para usar mais tarde, a prolactina é quem realmente controla nosso apetite pelo resto de nossas vidas, ao suprimir a leptina – que, obviamente, é o botão que aciona o NPY, responsável por nosso gosto pelos alimentos que podem ser armazenados. Mesmo com a capacidade de armazenar carboidratos, a sobrevivência – antes dos hortifruti e dos freezers – dependia inteiramente da época certa de cada alimento, particularmente durante a escassez provocada pelas mudanças do clima. Nosso metabolismo banquete-ou-fome nos dava a dianteira.

Pág 86 Nossos genes internos sensíveis à luz, movidos pelos céus, na verdade “cronometram” o tempo necessário para produzir a melatonina, de modo a dar à prolactina a “previsão do tempo”, para que essa possa programar nosso apetite em sincronia com o ciclo de rotação. A conseqüente duração da produção de prolactina, a partir do relatório da melatonina, vai determinar se será necessário ou não produzir prolactina no dia seguinte. No inverno, o “relógio melatonina” faz o “timer da prolactina” trabalhar um pouco mais à noite, o que, por sua vez, significa que não secretamos prolactina durante o dia. Isso ocorre porque se a prolactina for produzida durante o dia, ela não apenas suprimirá a ação da leptina e deixará à solta o seu desejo por açúcar (numa

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época em que não há açúcar disponível), mas também, no glossário da natureza, significará que homens e mulheres estariam na “lactação”. Graças, portanto, ao envelhecimento e aos relógios enguiçados, todos nós, a essa altura, somos muito auto-imunes. (Este é o efeito colateral de estar fora de ritmo que gera grandes lucros para os fabricantes de anti-histamínicos). A produção de leptina a partir de nossa base de gordura é o “mediador graduado” que informa o NPY quais são nossos níveis de gordura, e se ele deve ou não ativar nossa compulsão por açúcar. A premissa é que, se você possui gordura suficiente, a leptina que ela produz vai desativar o seu apetite por açúcar. Lembre-se dos caras da fruta-pão. Quando a prolactina do dia suprime de sua base de gordura, o NPY interpreta isso como “falta de gordura” – e seu apetite por açúcar permanece ativado durante todo o dia e parte da noite. Se você não dormir, e a luz (ou sua ausência), que acertaria seu relógio de melatonina ao longo de todos esses ciclos, nunca se apagar, você simplesmente continuará a comer açúcar e a produzir gordura até explodir, porque seu relógio está andando depressa demais. Sua mola-mestra está quebrada. É pessoal, é mais ou menos onde nós estamos agora. Esse metabolismo banque-ou-fome, embutido no sistema insulina/carboidrato, facilitava nossa sobrevivência ao armazenar os carboidratos como gordura. Essa conexão programada com o ambiente tornou possível a adaptação a um clima completamente diferente, quando migramos para o norte, além da África. À medida que seguíamos para lugares de climas cada vez mais frios, com enormes variações em relação à abundância sazonal, a capacidade que o nosso

Pág 87corpo tinha de marcar os ciclos de luz e escuridão assumia uma importância ainda maior. O fato de possuir uma conexão solar que controlava o momento de direcionar nosso apetite para carboidratos e o nosso despertar para a reprodução não foi apenas o que nos manteve vivos a cada dia; na verdade, foi o que nos garantiu a própria vida humana. Nossa sobrevivência, como espécie, dependia de comer o suficiente para que pudéssemos nos reproduzir, e de fazer com que a reprodução coincidisse com a primavera, quando haveria alimento suficiente para manter vivos a mãe e a prole. A subida aparição de um sol que nunca se põe está matando aqueles de nós que evoluem mais lentamente, nos menos de

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oitenta anos desde que foi criado – período que não é, pelos padrões de hoje, sequer a duração completa de uma existência humana. A ironia é que nós conseguimos usar o fogo durante pelo menos 45 mil existências humanas somadas. O trabalho arqueológico de campo desenterrou pontas de lança de madeira de 300 mil anos atrás que pareciam ter sido endurecidas pelo fogo; no entanto, levou muito tempo até que o domesticássemos. Em algum momento dos 230 mil anos seguintes, nós começamos a “viver” dentro de habitações, não apenas a buscar abrigo para dormir ou se proteger da inclemência do tempo; mas não há evidências de que o fogo tenha sido usado para cozinhar até há uns 70 mil anos atrás. É mais ou menos o mesmo período em que a arte das cavernas da era Paleolítica começa a apresentar sinais de desenhos feitos a carvão. Até aqui – depois do inverno gelado, escuro e sonolento de dias curtos e de noites longas – o sol sempre voltava, as plantas cresciam e os bebês nasciam. Os dias espelhavam os anos: a cada revolução do planeta, da luz para a escuridão, quando o sol desaparecia, tudo adormecia – até despertar de novo, assim como o verão sempre se transformava em inverno e depois voltava novamente. Era um sistema perfeito, até o homem dominar a arte de transportar o fogo. Já que podíamos levar e finalmente recriar as conseqüências de relâmpagos e trovões, tudo começou a mudar. Com a energia portátil, podíamos estender o dia para nosso uso internamente – à noite. Nenhum outro ser vivente podia fazer aquilo. Nós, os filhos de Prometeu, distanciamo-nos assim das outras formas de vida. Foi essa luz após cair da noite, em bases regulares, o que fez os ciclos de melatonina encurtarem o suficiente para deixar a testosterona e o estrogênio virem à tona, que ótimo, o ano inteiro. Essa mudança

Pág 88aparentemente simples apagou os sinais sazonais normais que indicavam a época da procriação. Nossas estimativa é que paramos de “hibernar”, ou dormir durante dias ou semanas a cada vez, também durante a escassez de comida nos climas frios, porque foram encontrados restos fossilizados de moluscos, crustáceos e pequenos gamos em cavernas da Idade do Gelo. Agora, então, vivíamos dentro de habitações, longe do gelo, relativamente aquecidos e, sem dúvida, incrivelmente entediados. Esse período produzir a primeira fase da arte das cavernas, talvez também a arte de contar histórias e a religião. Talvez rezássemos

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para ter algo algo que fazer além de desenhos na parede. Em vez de dormir ou cochilar para reduzir o metabolismo e as necessidades físicas, e também aumentar as funções imunológicas, ficávamos o dia inteiro à-toa, sem ter o que fazer, a não ser comer e ficar deitado. Igualzinho a hoje. Como ocorre com todos os sistemas circulares de resposta positivos, menos torpor queria dizer mais tempo acordado – e mais tempo acordado era igual a maior uso do fogo, e assim por diante. Esse crescimento auto-alimentado do uso do fogo significava, é claro, ainda mais luz para bagunçar a capacidade da melatonina de transmitir informações relativas à rotação e à órbita. Veja você como a evolução simplesmente fica fora de controle. Durante todos os períodos antes do atual – não apenas no período humano ou mesmo no hominídeo/primata –, desenvolvemos estratégias bem-sucedidas para lidar com as forças da natureza. De uma vivência marcada por ritmos sazonais associados à existência de alimento para permitir a reprodução, nós viemos – assim como todos os outros animais da terra – para um lugar novo, sozinhos, sem o resto da família. Uma fez fora do Éden, não havia mais volta. A luz nos transformaria mais do que sequer ousaríamos imaginar. A luz, em si, era muito mais sedutora do que qualquer serpente com um carboidrato. A luz nos deu mais tempo para aprender do que qualquer outra espécie poderia ter e, em última análise nos deu, também, a capacidade de nos reproduzirmos mais do que todas as outras espécies. É claro que teve de haver algumas compensações. As pessoas começaram a morrer de novas maneiras. Fumaça em espaços fechados e o aumento dos hormônios sexuais acabaram logo de cara com muitos de nós.

ESPÉCIE II

Mas aqueles que permaneceram vivos após o milagre do fogo móvel dormiram menos, imaginaram mais e começaram a falar durante o período escuro e frio, porque não era mais tão escuro ou tão frio dentro de casa, graças ao fogo. Não sabíamos que o fogo, através da sua luz, podia matar sem deixar marcas, sem mais do que uma bolha. Não tínhamos idéia, então, de que o fato de sermos banhados por luz artificial durante aquelas horas da noite em que sempre havia reinado a mais completa escuridão estava nos transformando por dentro.

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Moléculas como a melatonina, um hormônio que sabemos que é produzido durante o período escuro, informam sobre o ângulo e a órbita do planeta. Quando as horas de luz pararam de variar gritantemente com as estações, graças à luz produzida pelo fogo, nossas “molécula-sentinela” ficaram paradas numa informação de primavera. No início, foi só o suficiente para nos tornar um pouco mais inteligentes também. Os sonhos, que costumavam acontecer só à noite, passaram a acontecer também de dia, graças à transferência da produção de prolactina para a manhã. Começamos a imaginar. A crescente necessidade de comunicar e simbolizar esses sonhos diurnos nos deu a língua. Depois da conquista do fogo, foi a reprodução o que nos diferenciou de todas as outras formas de vida ao aumentar artificialmente a nossa quantidade. Os bebês não esperavam mais a primavera para nascer. Éramos férteis o ano inteiro, porque o verão era eterno em nossos ovários e em nossas mentes. Embora muitos bebês tenham morrido de fome no início, havia tantos que, de alguma maneira, era mais fácil criá-los. A memória, também, graças ao aumento da dopamina provocado pela luz, começou a povoar nossos cérebros em expansão com “atalhos de recompensa” para nos dar vantagem intelectual. Esse fenômeno, junto com toda a carne que comíamos no inverno, tornou a expansão do cérebro uma realidade física também. Imagine a bagunça homeostática que todos aqueles artistas sensíveis, que ficavam acordados a noite inteira e o inverno inteiro, que se multiplicavam sem controle, que tinham cérebros grandes e mentes pequenas, que estavam eternamente famintos e eram loucos por sexo, devem ter criado para o resto das criaturas que, na Terra, ainda viviam em sincronia umas com as outras e com o cosmos.

Pág 90 GELO, GELO, BABY

Durante as últimas centenas de milhares de anos, mais ou menos, nossa Família Humana caçou para obter proteínas sob a forma de peixes, animais, amêndoas e insetos, e colheu frutas, raízes comestíveis, cascas e folhagens da estação, durante o período de dormência que chamamos de inverno. Durante grande parte deste período, as condições climáticas foram esfriando lentamente o planeta, e muitos de seus habitantes, até chegar a um congelamento profundo que durou muitos milênios e condenou grandes quantidades de vegetação à extinção permanente. Se ainda não tivéssemos o fogo, teríamos perecido também. O mais

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recente desses períodos glaciais cíclicos que duravam 100 mil anos terminou há cerda de 10 mil anos. Essa última idade do gelo enterrou grande parte da Europa Continental e da América do Norte, onde chegou ao sul, além de Nova York, e também a Chicago, com uma camada de gelo sólido que, em alguns lugares, chegou a ter 4,8 km de profundidade. Nós, humanos, não vivemos nenhuma das idades do gelo anteriores, porque não havíamos migrado para o norte até essa última. As grandes rochas redondas que se destacam no Central Park de Nova York vêm de uma vasta planície, no alto do continente norte-americano, chamada Labrador Oon Gala. O termo nativo que designa as rochas – na língua esquimó dos povos que vivem onde elas se originam – é nuno tacs, ou “pedras solitárias”. Sempre que um glaciar derrete, essas rochas ficam. O gelo virá de novo. Vai esmagar cidades e sugar os mares. Mas nós vamos sobreviver, assim como os nossos ancestrais sobreviveram. O gelo sempre voltará, até o final da vida da Terra no universo, porque sua chegada é marcada pelo tempo de nossa viagem em torno do sol, e pelo ângulo em que viajamos. Nossa posição em relação ao sol, ou a inclinação em nosso eixo, varia a cada 41 mil anos mais ou menos, e nosso “sacolejo” (pense num pião girando) provoca uma perturbação importante a cada 20 mil anos. Quando essas duas variações acontecem juntas, desencadeiam um grande evento – uma mudança no formato da órbita terrestre, que passa de circular para elíptica. Isso que acontece a cada 100 mil anos, como um relógio, para mergulhar a Terra e nós homens em outra Idade do Gelo. O efeito combinado de três ciclos orbitais altera o ângulo e a distância em que a luz do sol atinge a Terra nas latitudes mais ao norte. O norte é a chave desse processo. Quanto menos sol no norte, no pólo, mais gelo se acumula, mais reflexiva fica a

Pág 91superfície do gelo, mais sol se reflete para longe da Terra – o que significa ainda menos sol, mais gelo, e assim por diante... Esses séculos de Idade do Gelo mudaram mudaram nosso metabolismo de forma permanente. Durante verões muito curtos e não terrivelmente quentes, conseguimos carboidratos que mal foram suficientes para sobreviver. Aqueles que eram mais sensíveis à luz e tinham maior potencial de armazenagem sobreviveram, e nós somos os seus descendentes. Agora, essas características são uma sentença de morte.

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Se o homem paleolítico não tivesse ingerido uma dieta em que predominavam a proteína e a gordura na melhor porção de cada dia, isso significaria que ele teria de ficar sem alimento durante milhares de anos a cada vez. Lamento, vegans, mas isso seria altamente improvável. Esses milhares de anos marcados por uma violenta ingestão de proteínas e gorduras provocaram um aumento direto no peso do cérebro, o que alimentou a expansão neural evolutiva da qual já falamos. Durante toda a trajetória da humanidade, o homem viveu e evoluiu com uma dieta composta de 80% a 90% de proteína e de teor de gordura nela presente, durante pelo menos sete ou oito meses no ano, e durante o resto do tempo de vegetação colhida somente na estação. A total ausência de pedras de amolar, pilões e pás define com clareza o tipo de nutrição da Idade do Gelo. Eles nunca tiveram alimentos em quantidade suficiente para se darem ao trabalho de inventar a moagem ou a trituração. Os esqueletos remanescentes também são testemunho do tipo de dieta da época. Em 1988, antropólogos da Emory University compararam os estilos de vida atual e paleolítico no trabalho “The Paleolithic Prescription”: “Ao estudarmos os esqueletos remanescentes o último período paleolítico e analisarmos os atributos de recentes grupos de caçadores-coletores, é possível desenvolver um perfil anatômico – e até certo ponto bioquímico – detalhado. Deduzimos a estatura do primeiro ser humano a partir de um único osso de um dos membros, com uma fórmula que relaciona a altura total ao tamanho do osso de um membro. Há 30 mil anos, os machos do leste mediterrâneo tinham uma altura média estimada de 1,77 m, mas os fósseis Leakey-Walker apontam mais na direção de uma média em torno de 1,88 m”. Esses povos atingiam alturas maiores que as, ou comparáveis às, das populações “bem-nutridas” de hoje. Os antropólogos prosseguem: “Esses esqueletos remanescentes também refletem força e musculatura; o tamanho das juntas e os locais

Pág 92onde os músculos se encaixam nos ossos indicam a massa muscular dessas pessoas e a quantidade de força que podiam exercer. O CrogMagnon médio era sem dúvida tão forte quanto os atletas femininos e masculinos superiores de hoje em dia. Eles trabalhavam muito menos horas do que os posteriores agricultores, mas eram muito mais robustos.”

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Mesmo há 50 mil anos, não é possível distinguir o hominídeo Homo sapiens sapiens de nós, em termos biológicos. Se estivesse usando chapéu e óculos escuros, não conseguiríamos identificá-lo numa fila. Em termos culturais e sociais, as mesmas características que o mantiveram vivo são as que nos mantêm vivos hoje. Criamos utensílios de pedra, deixamos uma estrutura cultural, aprendemos técnicas e praticamos soluções, tudo dentro das noções aceitas de família e estrutura de parentesco. Essas qualidades de vida ainda são reconhecidas hoje como importantes ao bem-estar mental funcional. Os antropólogos e especialistas em medicina forense, que recriam as faces verdadeiras a partir de partes fossilizadas de mandíbulas e crânios, dizem que as faces do Cro-Magnon eram completamente modernas. Embora as pessoas que viveram no período entre 40 mil e 10 mil anos atrás não tenham alterado o mundo natural à sua volta de modo a continuar a existir por um milhão de gerações, talvez algum dia alguma mulher, cansada de montar e desmontar o acampamento, tenha dito ao marido: “Meu bem, e se a gente tentasse fazer essa coisa crescer bem pertinho da nossa porta?” Nesse dia, o mundo mudou para sempre. Foi só há 10 mil anos realmente curtos, não importa se um milênio a mais ou a menos, que nós nos tornamos capazes de controlar o estoque interativo de alimentos fornecidos pela terra que asseguravam nossa sobrevivência. Até este último século, desde aquele momento distante, dez milênios atrás – ou seja, durante nossa existência pré-histórica inteira – só podíamos comer os carboidratos que pudéssemos roubar e tomar da cornucópia do planeta. Isso significa que comemos os mesmos tipos de carboidratos “naturais” durnate os últimos 9.900 anos, nas mesmas quantidades. Agora não é mais assim. Nenhuma outra espécie, em tempo algum, teve acesso ilimitado à energia de carboidratos sem se preocupar com esforço, estação, competição e desastres naturais. A agricultura alterou para sempre o equilíbrio da natureza. Se antes tínhamos problemas, a partir daí passamos a corre sério perigo.

Pág 93 O advento da agricultura, há 10 mil anos, como uma alternativa viável em relação a caçar e a colher os frutos da natureza, concluiu efetivamente o período paleolítico e praticamente eliminou o estilo

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de vida de caça e colheita no mundo todo. A Revolução Neolítica trouxe o fim de nossa coexistência com tudo o mais, nos termos da Terra. A partir daí, todas as interações aconteceriam nos nossos termos. “Revolução” implica uma derrocada intencional de uma instituição em favor de outra. Na realidade, a súbita abundância que se tornou possível quando o estoque de alimentos passou a ser controlado pelo consumidor também proporcionou calorias em número suficiente para sustentar os padrões de reprodução em transformação.

O HOMEM SE FIXA À TERRA

Depois que aprendemos a “cultivar essa coisa perto da parta de casa”, paramos de nos mudar tanto. Em vez de seguir o gado para comer o que precisávamos, começamos a armazenar quantidades cada vez maiores de grãos e frutas selvagens, além da carne. Essas previsões eram pesadas demais para transportar em viagens, mas com elas podíamos alimentar todas as novas boquinhas; então, pelo bem das crianças, começamos a nos fixar. Nos velhos tempos, um caçador podia sustentar a si mesmo, a uma mulher grávida, talvez duas crianças e até mesmo um parente idoso. As mulheres grávidas e os mais velhos, junto com uma ou duas crianças, ajudavam a aumentar as provisões recolhendo insetos e nozes para suplementar as proteínas necessárias. A dupla caçador-colhedor, homem-mulher, representava uma divisão do trabalho economicamente “igual”. Quando nos fixamos para cultivar a terra, no entanto, a dinâmica passou a pesar mais na direção do controle econômico pelo macho. Foi assim que nasceu a desigualdade sexual. Um fazendeiro podia sustentar não apenas mais filhos, em termos nutricionais; às vezes podia até sustentar mais mulheres e seus filhos. Um “dono” de terras, na verdade, podia sustentar tudo isso e mais os homens necessários para defender a terra, além das mulheres que esses homens possuíam. Em algum ponto da jornada, o grande fazendeiro dono de terras se transformou num sultão, dono de 16 mil virgens, porque podia alimentá-las. A agricultura não se traduziu apenas pelo fato de o número de fazendeiros superar o de caçadores-colhedores; ela

Pág 94se tornou também o meio para qualquer homem alcançar um sucesso inimaginável em termos reprodutivos.

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A Bíblia nos diz isso. Começamos também a trabalhar juntos em grupos maiores. Essa domesticação se estendeu além de nossa pequena esfera humana. Ao dominarmos as plantas, finalmente dominávamos os animais. Tudo o que cultivávamos em volta de nossos assentamentos atraía os animais até nossa porta – e tínhamos duas espécies pelo preço de uma. Pela primeira vez, desde que aprendemos a mentir uns para os outros, comíamos regularmente, ao enganarmos outras espécies com oferta de comida. Todo o excesso de luz e de aprendizagem estava desenvolvendo em nós um novo tipo de memória e de instinto, do qual os outros animais não podiam participar. Esse pacto com o diabo, que chamamos de agricultura, alimentou uma enorme explosão populacional. Nós, macacos humanos, não estávamos mais apenas perturbando uns aos outros; éramos uma força a ser computada. Havia seres humanos em número suficiente para “reformar” a Terra de acordo com nossas necessidades e escravizar a maior parte das outras formas de vida. Isso não se parecia, de jeito nenhum, com nossa humilde origem de caçadores-colhedores.

DESDE a.C.

Como os glaciares começavam a se derreter lentamente e o globo estava mais quente e molhado, e porque a noção de tempo de nossos ancestrais era impecável, a civilização deu um salto naquele período. No início, quando ficávamos acordados por mais tempo, enganávamos os órgãos reprodutores, fazendo com que trabalhassem em “turnos duplos”, o que nos mantinha reprodutivos o ano todo. A supressão da melatonina e a crescente exposição ao estrogênio e à testosterona já haviam modificado nossa capacidade de nos reproduzirmos. Agora a insulina seria testada. Que qualidade de açúcar poderíamos suportar? A agricultura havia transformado o equilíbrio nutricional para 90% de carboidratos e 10% de proteínas e gordura – quase uma dieta de baixo teor de gordura. Seguiram-se séculos de morte e doença. Os humanos, ao longo do curso dos últimos 7.500 anos, perderam uma média de 1,5 cm em altura. Éramos seres bem pequenos, de forma geral, até recentemente.

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É por isso que, nos museus, você vê aquelas armaduras pequeninas e aqueles sapatos vitorianos do tamanho do pé de Cinderela – e na rua, do lado de fora do museu, encontra nisseis americanos muito altos, que abandonaram sua dieta predominantemente baseada em arroz, desde que vieram viver nos Estados Unidos. Só no último século é que a nossa dieta provocou um retorno a um potencial fenotípico de dormência recuperado. Traduzindo: com mais proteína em nossa dieta, quase voltamos ao nosso tamanho original. As conseqüências, em termos de doenças, da dieta gerada pela agricultura só foram mitigadas pelo esforço físico insano necessário para manter as plantações. A agricultura é um trabalho pesado – pesado o suficiente para queimar mais de 90% de uma dieta de carboidratos, se você fizer todo o trabalho pessoalmente – você e talvez seu touro. O fato é que o dispêndio de calorias necessário para os fazendeiros puxarem os próprios arados e trabalharem dez horas por dia explica porque sobrevivemos tão bem, mesmo comendo a quantidade de pão que comíamos. A agricultura também acrescentou outra mentalidade à nossa visão da nutrição: a economia acima da necessidade. A principal razão para o crescente percentual de carboidratos na dieta foi que matar os animais simplesmente para comer nos parecia uma visão curta. Dividir a colheita com eles significava que haveria menos para nós durante o inverno; por outro lado, se os mantivéssemos vivos, eles poderiam nos fornecer leite para fazer queijo – e ainda continuar a produzir filhotes de sua espécie. Começava a se desenvolver uma espécie de especulação. Não estávamos enganando apenas duas outras espécies; estávamos enganando a Mãe Natureza. A agricultura, assim como o fogo, não só nos isolou de todos os outros seres viventos; também nos fez ficar muito doentes, mais uma vez. Logo que os bebês começaram a nascer o ano todo, a taxa de mortalidade cresceu, mas naquela época isso mal era notado, em função do grande aumento da população em geral. O valor da vida foi ficando menor por causa da onipresença do homem Mais um Mundo das Margaridas déjà vu.

O ENVELHECIMENTO DA MÁQUINA

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Nosso próximo passo gigantesco para sair do éden (este foi o terceiro) foi criar máquinas simples para aumentar nossa força física e nossa

Pág 96capacidade. Isso impulsionou nossa capacidade de especulação um pouco mais para cima, e nos levou a conquistar o trovão, depois as plantas e depois os animais. Tudo começou com o pilão e a pá. Se partíssemos os grãos em pedaços menores, ele durava mais. Um pão feito com duas mancheias de grãos podia alimentar mais de duas pessoas; com o aumento do número de pessoas, muito, muito mais pessoas passaram a querer muito, muito mais pão. Esse crescente e contínuo consumo de carboidratos, por pessoas que estavam programadas para comê-los apenas durante alguns meses do ano, matou tanta gente naquela época como mata agora. A verdadeira dizimação começou – e continua para nós, 10 mil anos depois – quando o homem passou a refinar os carboidratos. Os grãos moídos e, mais tarde, o suco doce das beterrabas e da cana-de-açúcar, depois de seco e transformado em pó, eram registrados pelo nosso sistema insulina/açúcar no sangue como pássaros no fundo do oceano. Não tínhamos qualquer referência para aquilo; não fazia sentido. Não havia um lugar, em nossos sistemas, onde tanta energia, chegando de uma vez só, pudesse caber. Mais e mais pessoas, com isso, passaram a usar seus casacos de gordura ao longo da primavera e do verão também.

BRILHANTES IDÉIAS

Embora tenham diminuído a nossa marcha, todas as bocas a mais para alimentar também passaram a demandar, de seus pais, soluções criativas. Um homem que adorava a eletricidade uma vez disse: “A necessidade é a mãe da invenção”. Para os seres humanos, a necessidade perturbou o equilíbrio. Até hoje, não fomos superados por qualquer outra espécie na Terra, quando o assunto é a produção de alimentos e a quantidade que podemos armazenar. Nós, humanos primatas, nos distinguimos das outras espécies que habitam o planeta não porque caminhamos eretos, mas porque ficamos acordados por mais tempo para aprender – e porque aquecemos o nosso ambiente quando estava frio demais para sobreviver. Nós aumentamos o abismo entre “eles e nós” com a agricultura – ou, mais precisamente, ao capturá-los e confiná-los. Não dá mais para voltar.

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PARTE III

A VERDADEESTÁ AQUI

Pág 99CINCO

Negue tudo:O sono controla o apetite e, portanto,a obesidade, o diabetes e a hipertensão

“Tenho apenas um parco conhecimento funcional do cérebro humano, mas ele é suficiente para me tornar orgulhoso por ser americano. Seu cérebro possui um trilhão de neurônios, e cada neurônio possui dez mil pequenos dendritos. O sistema de intercomunicação inspira admiração. É como uma galáxia que você pode segurar com as mãos, só que mais complexa, mais misteriosa.” “E por que isso o torna orgulhoso por ser americano?” “O cérebro da criança se desenvolve em resposta aos estímulos. Em termos de estímulos, nós ainda somos os líderes mundiais...” - Don DeLillo, White Noise

Os Estados Unidos são a terra das pessoas melhores, mais brilhantes e mais doentes do mundo. Somos os líderes em produtividade, distúrbios alimentares, pontuação em testes de aptidão acadêmica, diabetes, tecnologia de ponta, doenças cardíacas e câncer. O que todas essas realizações têm em comum? Sem dúvida não é a dieta rica em gorduras. Em nossa cultura, as pessoas se vangloriam da pouca gordura que comem e da pouca quantidade de sono de que necessitam. Essas duas conquistas são uma revelação direta de nossa ambição e força de vontade. Nosso lema nacional é: “Se cochilar, você perde.” A expressão “hora extra” se tornou arcaica. Para aplicar tal medida ao tempo, teríamos de reconhecer um ponto de parada no

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dia de trabalho. O conceito de “abolir o tempo” é que é o verdadeiro achado hoje.

Pág 100 Veja quantos termos nós inventamos para descrever o estresse do sucesso – desde as inofensivas “personalidades tipo A” ou “quem corre atrás” até termos mais disparatados como “um caso de exaustão” e “fanático pelo sucesso”. Os europeus não chamam uns aos outros de nomes assim. Nos Estados Unidos, trabalhamos pelo menos dez horas por dia, tentamos fazer exercício durante algumas horas por semana – e sofremos. Dean Ornish diz que o amor vai nos manter juntos e o Dr. Andrew Weil até sugere um “baseado” ou dois por razões médicas. Nessa cultura, quando somos jovens, tomamos drogas para relaxar; quando ficamos velhos, tomamos drogas para sobreviver. Será que sempre foi assim? Só para os baby-boomers. Por volta de 1940, os Estados Unidos pós-guerra descreviam nosso estilo de vida com expressões do tipo “aturar os vizinhos”, “ascender na escala corporativa” – e o nosso sucesso com frases do tipo “é o bom e velho trabalho duro”, como se fôssemos as únicas pessoas do mundo que tentavam realizar alguma coisa. Para conquistar a liderança mundial, os americanos, em termos metafóricos, resolveram “virar uma noite” que já dura oitenta anos. Vivemos em cidades que nunca dormem, num país que se agita 24 horas por dia. Ocorre que deter a liderança em obesidade, diabetes, doenças cardíacas e câncer foi só um bônus. É claro que o golfe teve de ser sacrificado, assim como aqueles piqueniques dominicais com a família. Nós, americanos, só temos tempo para um hobby realmente sério na década de 1990: preocuparmo-nos com a morte. Agora, que manter nossos falhos corações funcionando toma todo e qualquer tempinho que teríamos depois do trabalho para nossas esposas ou filhos, uma coisa tão sem importância como dormir é verdadeiramente inimaginável.

SAIR DO ÉDEN

Os americanos acabaram desistindo de dormir. No máximo, conse-guimos umas cinco ou seis horas direto por noite. E todos nós acre-ditamos que estamos muito bem assim. Usamos despertadores, café e, na década de 1980, quando queríamos ser os donos do Universo, coca. Nesse caso, a coisa real, não abebida. Talvez este-

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jamos cansados, mas não estamos demonstrando... ou será que estamos?

(... continua até à página377...)

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Home About T.S. Wiley T.S. Wiley Bio

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T.S. Wiley Biography | creator of The Wiley Protocol natural hormone replacement

T. S. WileyMedical Writer/Researcher

A Beverly Hills, California-based medical practitioner, Dr. Christian Renna said that he believes T.S Wiley has made, “one of the most important discoveries in this century” a simple molecular mechanism that up until now, everyone else has missed. Her revolutionary discovery is the fact that it’s the rhythm that matters in the accurate physiological replacement of hormones without side-effects for women in the second half of life. Wiley’s findings may have important implications across a wide range of areas, from the treatment of menopause and anti-aging to all of the other diseases of aging such as heart disease and stroke, Type II diabetes, cancer and Alzheimer’s disease.

The heart of Wiley’s endocrine research in women is based in chronobiology and circadian rhythmicity. Her work rests on the simple fact that the circadian clock in every cell of every human body measures one spin of the earth, and the planet’s constant companion, the moon, tracks 28 days 13 times in one revolution around the sun.

This light and dark cycle response on hormone receptors has evolved the 28 day menstrual cycle embedded in the physiological

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make-up of all women. That’s why replacing hormones for women with static one-time-a-day, same-amount-every-day, dosing has been so unsuccessfully lethal that most women get sick and some women die whether they take synthetic or bio-identical hormones in such a non-natural regimen.

After years of research, T.S. Wiley created The Wiley Protocol®, a patent pending delivery system consisting of bio-identical estradiol and progesterone in topical cream preparations dosed to mimic the natural hormones produced by a twenty year-old woman. The creams and their amounts vary throughout the 28 day cycle to mimic the hormone levels of youth. The Protocol is the only bio-identical hormone replacement therapy (BHRT) that has ever been developed under the scrutiny of a practicing oncologist.

The Wiley Protocol formulation and manner of dosing bio-identical HRT started out as a "thought experiment” when Wiley asked herself and the doctors she worked with the question - "if hormone replacement consisted of real bio-identical hormones and was dosed to mimic the ups and downs of the blood levels seen in a healthy menstrual cycle of a 20 year-old woman, would all of the symptoms and disease states of aging decline or even, disappear?"

Well, to her surprise and many others, the logic holds - it seems from mounting evidence on the Wiley Protocol, it was the rhythm that was always missing in other regimens.

Since the National Institutes of Health (NIH) stopped the Women’s Health Initiative (WHI) in 2003 because the synthetic hormones – Premarin and PremPro were deemed too dangerous, the common assumption among women using bio-identical regimens is that they are doing something “safer.” However, Wiley points out that the synthetics may have caused the harm reported, not just because they weren’t bio-identical hormone molecules, but because of the way they were statically dosed. Perhaps, bio-identicals, currently dosed in the Standard of Care mode, may, too, be in need of study and improvement for safety.

As a medical writer and researcher, T.S. Wiley is the author of “Sex, Lies & Menopause,” Harper Collins, 2005, a landmark work where a doctor, a philosopher, and a scientist prove that by postponing marriage and motherhood, women have accelerated the aging process, resulting in earlier menopause and, ultimately for

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thousands, earlier death. The book also examines the introduction of the birth control pill in the early 1960’s and the impact of not breast-feeding our young.

In her first book, “Lights Out: Sleep, Sugar and Survival, ” Pocket Books, 2000, Wiley points out how the discovery of electricity and the light bulb put us out of sync with nature. Before Edison, people spent summers sleeping less and eating heavily in preparation for winter because light triggers the hunger for carbohydrates. Now, with light available 24 hours a day, we can consume carbohydrates year round, and sleep less. In Wiley’s modest opinion, sleep is the best medicine.

T. S. Wiley spent eight years in private tutorial in molecular biology with Dr. Bent Formby, PH. D., and has been in clinical private tutorial in oncology with Dr. Julie Taguchi since 1998. She has also been a guest investigator at Sansum Medical Research Institute, Santa Barbara, CA. Her focus is on what she refers to as Darwinian Medicine or “environmental endocrinology” and evolutionary biology as it pertains to molecular medicine, oncology and genetics.

Professional Affiliations

A member of the New York Academy of Sciences, and the American Anthropological Association, Wiley often lectures, and has been a keynote speaker at the following venues:

International Hormone Society, "Multi-Phasic, Cyclical Hormone Replacement Therapy with Bio-Identical E2/P4" in December 2005

Keynote speaker, American College for Advancement in Medicine (ACAM), “Multi-Phasic, Cyclical Hormone Therapy with Bio-Identical E2/P4, Clinical Aspects” in May 2005

Presenter, World Conference on Breast Cancer, “Natural progesterone and the evolution of breast cancer” in Kingston, Ontario, Canada, 1997.

Wiley has made numerous national radio and television appearances and since 2000 continues to present and lecture on Multi-Phasic, Rhythmic Cyclic BHRT and Hibernation and Metabolic

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States. Wiley’s Seminar’s on the Natural History of Endocrinology are attended by physicians from all over the world and they are awarded CME credits for her work.

Peer Reviewed Journals

Stern R, Shuster S, Wiley TS, Formby B. Hyaluronidase can modulate expression of CD44. Exp Cell Res. 2001 May 15; 266(1):167-76.

Formby B, Wiley TS.  Bcl-2, survivin and variant CD44 v7-v10 are downregulated and p53 is upregulated in breast cancer cells by progesterone: inhibition of cell growth and induction of apoptosis.  Mol Cell Biochem. 1999 Dec; 202(1-2):53-61.

Formby B, Wiley TS.  Progesterone inhibits growth and induces apoptosis in breast cancer cells: inverse effects on Bcl-2 and p53.  Ann Clin Lab Sci. 1998 Nov-Dec; 28(6):360-9.

Formby B, Wiley TS.  Insulin modulates expression of the estrogen-induced genes Bcl-2, c-fos and LucCa-2 in MCF-7 breast tumor cells: evidence for association between breast cancer risk and Type 2 diabetes?  Diabetes, poster presentation, American Diabetes Association, June 16, 1997.

Projects

“Protocol for the study of natural progesterone and its clinical effects on advanced metastic cancer.” with Dr. Bent Formby and Dr. Julie Taguchi 1999 (not reported)

“Randomized, placebo controlled, double blind trial of testosterone in men with elevated age specific PSA and benign prostatic hypertrophy.” with Dr. David Laub and Dr. Julie Taguchi 1999  (as yet unpublished)

“Natural progesterone for the treatment of multiple forms of cancer.” 1998 (U.S. patent-pending)

"Insulin for Cosmetic Use" 1999 (U.S. patent)

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"Multi-Phasic, Rhythmic, Cyclic Dosing, The Wiley Protocol" 2004 (U.S. patent pending)

“B.H.O.T.  Bio-identical Hormones On Trial: A Comparison of Routes of Administration and Dosing of Compounded Bio-Identical Hormone Therapy; Study Team: Julie Taguchi, MD, oncologist and clinical researcher, Sansum Clinic, Santa Barbara, California, Janith Williams, DNP, WHNP, RNP, researcher, consultant, clinician and faculty member, Assistant Professor, College of Nursing and Health Sciences, The University of Texas at Tyler, GYN/OB MD, Functional Medicine MD, Pharm. D., two biostatisticians, 10-12 primary care providers with expertise in care of peri-menopausal and menopausal women, Advisory Board with nationally recognized content experts and researchers, Study IRB approval in process, study number pending: The University of Texas at Tyler, Tyler, Texas April 2007”

"Oral versus Transdermal (cream) Estradiol plus Estriol With Sequential Oral or Transdermal Progesterone, Transdermal Estradiol Patch with Oral Progesterone Versus A Control Arm in Peri-Menopausal Women "(IRB approved pending start date) Projected October 2008

Fonte: http://thewileyprotocol.com/index.php?option=com_content&task=view&id=19&Itemid=29

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Home About T.S. Wiley Lights Out: Sleep, Sugar, and Survival

Lights Out: Sleep, Sugar, and Survival

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Written by Booklist   

The lightbulb put us out of sync with nature. Way back when, people spent the summer sleeping less and eating heavily in preparation for winter because light triggers the hunger for carbohydrates. Now, with light available 24 hours a day, we gulp down food all year long. So, Wiley and Formby assert, it is light, not what we eat or whether we exercise, that causes obesity--and diabetes, heart disease, and cancer. Indeed, eating bacon, ham, butter, and eggs for breakfast doesn't impair health, and exercise can make you fat. If we considered our waking periods as equivalent to the long days of summer and the short ones of winter, we would avoid those health problems. Wiley and Formby offer three steps for improvement, but they aren't optimistic, because the light-driven speed and intensity of contemporary life may be too much to overcome. Still, try, first, plugging the leaks in your psyche; then, because you will have lost weight, resisting carbohydrates; and, finally, swallowing a few pills and helpful foods. William Beatty --This text refers to an out of print or unavailable edition of this title.

To order Lights Out -- please contact Simon and Schuster @ 212 695-2105 

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Home About T.S. Wiley Sex Lies and Menopause | A book of feminist medicine

http://www.thewileyprotocol.com/content/view/18/71/

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Sex Lies and Menopause | A book of feminist medicine

In this revolutionary work -- a landmark that signals the true beginning of feminist medicine -- a doctor, a philosopher, and a scientist prove that by postponing marriage and motherhood, women have accelerated the aging process, resulting in earlier menopause and, ultimately for thousands, earlier death. In Sex, Lies, and Menopause, T.S. Wiley, Julie Taguchi, M.D., and Bent Formby, Ph.D., turn thirty years of medical and cultural wisdom on its head, challenging both the medical establishment and modern feminists who believe women can delay childbearing that menopause, a natural state of female maturity, does not have to lead to potentially deadly medical conditions.

Sex, Lies, and Menopause offers strong evidence that the use of synthetic hormones leads to cancer and advises women to turn to natural hormone replacement therapy -- derived from plants, not drugs -- to help them elevate their estrogen level for greater energy, libido, and intellectual capacity. A groundbreaking effort of creative insight and astute research, this book fearlessly tackles one of the greatest health crises facing American women today.

Provocative, empowering, and scientifically sound, Sex, Lies, and Menopause addresses the inherent benefits of natural progesterone, reveals the lies advanced by the medical and drug establishments, and challenges women to demand a medical future where their health comes first. The research presented here will at last allow women to create their own plan of action by safely putting themselves on the path to better health and hormonal balance at any stage of life.

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 To order Sex, Lies and Menopause -- please contact Harper Collins @ 212 207-7000

http://www.thewileyprotocol.com/content/view/12/71/

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Apague a luz! Durma melhor e: perca peso, diminua a pressão arterial e reduza o estresse Bent Formby e T. S. Wiley Auto-Ajuda   384 páginas

Com base em uma pesquisa minuciosa, colhida no National Institutes of Health (Instituto Nacional de Saúde), T.S.Wiley e Bent Formby apresentam descobertas incríveis:os americanos estão doentes de cansaço. Diabetes, doenças do coração, câncer e depressão são enfermidades que crescem em nossa população e estão ligadas à falta de uma boa noite de sono.

Quando não dormimos o suficiente, em sincronia com a exposição sazonal à luz, estamos alterando um equilíbrio da natureza que foi programado em nossa fisiologia desde o Primeiro Dia. A obra revela por que as dietas ricas em carboidratos, recomendadas por muitos profissionais da saúde, não são apenas ineficazes, mas também mortais; por que a informação que salva vidas e que pode reverter tudo é um dos segredos mais bem guardados de nossos dias.

Com o livro, o leitor saberá que:

perder peso é tão simples quanto uma boa noite de sono

temos compulsão por carboidratos e açúcar quando ficamos acordados depois que escurece

a incidência de diabetes tipo II quadruplicou

terminaremos como os dinossauros, se não comermos e dormirmos em sincronia com os movimentos planetários.

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T.S.WILEY e BENT FORMBY, Ph.D., são pesquisadores que trabalharam juntos no Sansum Medical Research Institute em Santa Barbara, na Califórnia – o centro de pesquisas de ponta sobre diabetes desde que a insulina foi sintetizada pela primeira vez, lá mesmo, na década de 1920.

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