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Sylvia Adelaide Beato Ferreira Nº de estudante: 20030983 Licenciatura em Sociologia Faculdade de Economia Universidade de Coimbra Cadeira: Fontes de Informação Sociológica Docente: Dr. Paulo Peixoto Coimbra, Janeiro de 2004

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Sylvia Adelaide Beato Ferreira Nº de estudante: 20030983

Licenciatura em Sociologia

Faculdade de Economia

Universidade de Coimbra

Cadeira: Fontes de Informação Sociológica

Docente: Dr. Paulo Peixoto Coimbra, Janeiro de 2004

Introdução...................................................................................................................................... 1 Desenvolvimento........................................................................................................................... 2

A Internet......................................................................................................................... 2

Documento 1

Documento 2

Documento 3

Documento 4

O Livro............................................................................................................................................. 7

Sobre a delinquência juvenil:

Livro 1

Livro 2

Livro 3

Sobre a exclusão social:

Livro 4

Livro 5

Sobre a socialização:

Livro 6

O Filme.................................................................................................................................. 9

Ficha de leitura............................................................................................................................. 10

Avaliação da página Web............................................................................................................. 12

Conclusão..................................................................................................................................... 13

Referências Bibliográficas............................................................................................................. 14

Anexo 1: Texto de análise da ficha de leitura

Anexo 2: Documento 5

Delinquência juvenil

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Este texto é fruto de um trabalho prático de pesquisa documental e bibliográfica. O seu

objectivo é a análise e a crítica de diversas fontes de informação sobre o tema escolhido.

Vários temas considerados como problemas sociológicos foram propostos no início do

semestre pelo professor da cadeira tais como: a violência doméstica, a despenalização do

aborto, a adopção, as barrigas de aluguer,...

O tema aqui tratado é a Delinquência Juvenil em Portugal, fenómeno que teve

tendência a evoluir nestes últimos anos e que tem sido particularmente falado e estudado pela

Sociologia e pela Psicologia.

A Delinquência Juvenil é uma realidade contemporânea, que se relaciona de forma

directa e indirecta com a Exclusão Social. A constatação desta interligação fez com que eu não

pudesse deixar de abordar o referido tema. Desta forma, proponho um desenvolvimento

essencialmente centrado sobre a delinquência juvenil, dividindo-o em três partes: a Internet, o

livro e o filme. Porém, na segunda parte, consagro dois parágrafos à apresentação de dois

livros sobre a Exclusão Social e, finalmente, um livro sobre a Socialização.

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A Internet

O instrumento ao qual recorri em primeiro lugar foi: a Internet. Comecei a minha

pesquisa com o motor de busca “google” (<http://www.google.pt>), fazendo uma pesquisa

simples com as palavras: “delinquência juvenil” (entre aspas), “Sociologia” e “Portugal”

separadas por sinais “mais” (+), princípio da pesquisa booleana como nós aprendemos durante

as aulas práticas da disciplina.

GOOGLE ~ Portugal

“delinquencia juvenil”+sociologia+portugal Pesquisar

Obtive com essa pesquisa 67 resultados, dos quais só guardei cinco que achei

interessantes. Tive que proceder a uma pequena selecção segundo os seguintes critérios: o

fácil acesso a esses documentos ou páginas, o conteúdo, a pertinência da informação e de

abordagem, assim como existirem em versões pdf: o que facilitou a minha pesquisa.

Para iniciar a abordagem do tema do meu trabalho, escolhi a introdução de um relatório

sobre a Exclusão Social escrito pela Comissão de Coordenação da Região do Norte (CCRN,

2002), instituição pública com fins de planeamento e desenvolvimento regional para o Norte de

Portugal, e intra-regional. Segundo os autores, esse estudo sobre a desinserção social na

região Norte é representativo da realidade nacional. Expõe várias faces do fenómeno tal como:

o alcoolismo, a toxicodependência, a SIDA, a prostituição, o racismo, a violência doméstica e a

delinquência juvenil. A introdução do documento contém duas partes: a primeira apresentando

a problemática e a segunda composta por pequenos parágrafos comentando as diferentes

realidades. O que posso reter da primeira parte são definições, nomeadamente, a do marginal: “(...) é aquele que é percebido como o que se coloca fora do sistema por causa de uma qualquer inconformidade face às suas regras. Ele está na periferia ou, em todo o caso,

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para lá da linha do horizonte, o que fez com que o sistema tenha dificuldade em percebê-lo nas suas dinâmicas próprias” (CCRN, 2002). Para além disso, dedica também um

parágrafo à crítica dos mecanismos de recolha de informação em Portugal, das Estatísticas

Sociais nestes domínios (ou seja, a toxicodependência, o alcoolismo, a delinquência juvenil,...)

com dados incompletos, ou ainda dispersão de informação e de fontes. Sempre na primeira

parte, indica-se que os fenómenos estudados tocam a famílias de diferentes meios e classes

sociais e que seja qual for a sua condição social, económica ou religiosa, nenhuma família

poderá ter a certeza de que estará imune a qualquer uma dessas realidades. Sublinha-se

também o facto dessas faces da exclusão social serem ligadas ou melhor “interdependentes”.

Esse estudo pretendeu apenas dar conta da evolução de vários fenómenos sociais

contemporâneos. Da segunda parte do documento, só me vou referir aos dados propostos

sobre a delinquência juvenil. O que sobressai nesse parágrafo é que os jovens delinquentes

institucionalizados, apesar de serem os autores de actos criminosos são antes de mais vítimas

de maus tratamentos, são crianças que foram abandonadas ou então abusadas. O que nos

leva a considerar que “o sistema «criminalizou» a pobreza e a exclusão social”, (CCRN,

2002).

O segundo documento que me pareceu relativamente pertinente em relação ao tema

aqui abordado é um artigo resultante de um estudo que diz respeito a um fenómeno social: o

bando delinquente. Foi escrito por Paulo de Jesus M.O Flor (2000), no âmbito de um estágio

realizado no Instituto de Ciências Policiais e Segurança Interna (ISCPSI) e corresponde a um

trabalho de licenciatura que cada estagiário tem de efectuar no último ano de formação. Esse

dossier dedica uma parte à delinquência juvenil. Primeiro, explica os factores de ordem social,

familiar e económica do fenómeno. Efectivamente, a criança é influenciada pelo estilo de vida

da cidade onde ela vive. É esse ambiente, quer bom, quer mau que lhe transmitirá

respectivamente a sociabilidade ou a anti-sociabilidade. O autor explica que os pais têm um

papel importantíssimo no processo de sociabilização do adolescente. Se reinar “um clima de desleixo, de instabilidade, de marginalidade”, o jovem estará marcado para sempre. O autor

fala-nos de “carência de controlo familiar” (Flor, 2000), o que leva o adolescente para a rua

onde ele esquece os problemas familiares e o ambiente desagradável de casa. Mas surge o

problema do dinheiro do qual os adolescentes precisam para se divertirem (cinema, feira,

máquinas de jogos, etc...; exemplos referidos no texto). Então, eles procuram-no e começam a

roubar; é assim que eles se juntam. Vai-se formando um bando, processo

pormenorizadamente explicado pelo autor. A rua começa a ter um significado especial para o

jovem, onde ele se sente importante. O dinheiro torna-se um vício e os roubos são mais

frequentes (roubos de carros, lojas, armazéns,...). Mas, quais são as condições que privilegiam

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esse tipo de situações? “(...) grande parte dos jovens delinquentes provêem de ambientes onde são inúmeras as carências afectivas. (...) Noutros casos, são climas de desordem com cenas chocantes em torno de uma família que não o que é viver com amor e doçura. (...) Poderemos ainda enumerar aqueles casos em que existe um divórcio e em que a

criança é um prémio (...). Outras vezes é a própria miséria local onde vive que o leva [o

jovem] a tomar determinado tipo de acções delinquentes. A miséria do orçamento

familiar ou do local onde vive e o que geograficamente o rodeia, acabará por frustrar este jovem na necessidade de segurança que ambiciona” (Flor, 2000). Relativamente às

questões dos roubos, são, para o adolescente, formas de protesto contra a sua própria vida. O

jovem “pobre”, quer economica, quer sentimentalmente, precisa também de exprimir essa

pobreza com a destruição, a degradação de objectos. Devido à essa miséria concreta e/ou

“interior”, os bandos nascem agrupando jovens à procura de dignidade, coragem e força. “A família: 52% das crianças encontradas na rua dizem que a principal razão de saírem de casa se deve ao mau ambiente familiar” (idem, 2000). A instabilidade familiar tem como

consequência o facto de os jovens se refugiarem na rua, onde são levados ou influenciados

para negócios ilícitos, como a droga ou a prostituição, por uma questão de dinheiro. Os vários

tipos de maus ambientes familiares que privilegiam isso são por exemplo: o facto de não

conhecerem os pais, conviver com o alcoolismo de um dos pais, ou com os maus-tratos de um

padrasto, o abandono precoce do pai,... são casos particularmente comuns. A escola: apesar

da maior parte dos jovens delinquentes deixarem de ir à escola e de estudarem, têm

consciência da importância da Instituição. Outra face importante da escola, segundo o autor, é

o papel do professor que se torna fundamental no processo da Delinquência Juvenil. De facto,

consegue às vezes evitar o mau encaminhamento de um aluno. Certas crianças procuram nos

professores amor, carinho, preocupação, compreensão, tudo o que eles não recebem dos pais. Outros factores: “é um dado adquirido que a delinquência juvenil concentra-se em áreas nas quais se identifica a deterioração física urbana extrema, a pobreza e a desorganização social”. “Causas psicológicas: a criança delinquente é considerada cada vez mais um doente que urge curar, um desviado que é necessário readaptar, passando a sanção para o segundo plano. (...) algumas das causas psicológicas que levam a criança a delinquir: procura imediata de prazer, recorrendo para o efeito, a grupos de jovens; crianças privadas precocemente do afecto; o comportamento delinquente funciona como uma defesa anti-depressiva; um ambiente familiar passivo que fomente a obediência e a acomodação (delinquência neurótica); um ambiente familiar praticamente inexistente onde o abandono é a regra (delinquência «borderline»); as perdas afectivas ou abandono real, encaminhando a criança para uma «autonomia precoce»” (idem, 2000).

Este mesmo documento fala-nos também da questão da legislação que regula os

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comportamentos delinquentes dos menores. Só vou fazer referência aos últimos diplomas que

foram votados em 1999. Esses textos recentes são: a Lei Tutelar Educativa e a Lei de

Protecção de Crianças e de Jovens em Perigo. O objectivo da primeira lei é garantir a

integração do jovem na sociedade, sem porém negligenciar as leis que punem os menores,

quando eles cometam actos de uma grande injustiça, crimes mais tarde pagos pelo jovem

quando ele atingir a maioridade. “Segundo as estatísticas do Ministério da Justiça, os crimes variam em torno dos 1300 anuais com tendências para aumentar” (Flor, 2000): é a

última informação que me pareceu interessante citar do documento.

Passo agora a apresentar o terceiro documento da minha busca documental que é um

texto sobre a adolescência. Este arquivo é um dossier temático encontrado no site da Netprof,

o clube dos professores portugueses na Internet, que propõe dossiers para pais e outros

professores. O texto é dividido em várias partes. A primeira parte “Sobre a adolescência –

Contributos da Psicologia” sugere-nos uma definição da adolescência: “época da vida humana marcada por profundas transformações fisiológicas, psicológicas, pulsionais, afectivas, intelectuais e sociais vivenciadas num determinado contexto cultural; mais do que uma fase, a adolescência é um processo com características próprias, dinâmico, de passagem entre a infância e a idade adulta” (Netprof, 2003). Neste documento, os autores

fazem referência ao facto de, nos dias de hoje, se conotar “o jovem” com o vandalismo, a

marginalidade, a delinquência e a droga. Parece-me interessante dizer que, segundo o texto,

“a adolescência é um espaço/tempo onde os jovens através de momentos de maturação diversificados fazem um trabalho de reintegração do seu passado e das suas ligações infantis, numa nova unidade” (idem, 2003). Durante o período da adolescência, o

adolescente pretende: orientar-se sexualmente, escolher o seu caminho profissional, integrar-

se socialmente. O facto do jovem não ter um estatuto social definido e a sua responsabilidade

não estar determinada pode fazer-lhe sentir uma certa fragilidade, que pode estimular

comportamentos agressivos, anti-sociais ou outras dificuldades. Segundo a Sociologia, a

História ou ainda a Antropologia, o meio sócio-cultural tem uma influência importante. O texto

fala também do grupo ou dos pares que se formam entre os adolescentes, numa parte

chamada “Aspectos Sociomorais”. É um processo normal naquela fase da vida mas que pode

ter riscos, quando existe uma grande dependência: o que podemos relacionar com o nosso

tema. Uma das partes aborda “Os Jovens Violentos”, e explica que a maior parte dos jovens se

tornam violentos quando são abusados, negligenciados ou maltratadas pelos pais, parentes ou

próximos. Diz-se igualmente no texto que no desporto a violência também é aceite e praticada

por certos treinadores. Expõe-se o papel da televisão no desenvolvimento da violência entre os

jovens, influenciados e estimulados por certas cenas violentas que dão na televisão. Existe

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neste texto um parágrafo sobre a Delinquência Juvenil: “Delinquência Juvenil: Acção ou

Reacção?” que se refere ao caso CREL, que aconteceu há uns anos atrás. Numa noite, um

grupo de adolescentes cometeu violentos assaltos em Lisboa. Este acontecimento fez do

problema da Delinquência Juvenil o “prato do dia” e lançou o pânico no país e particularmente

na capital. Também nos é dado o exemplo de um caso em Liverpool (Inglaterra), onde dois

adolescentes de apenas 10 anos mataram uma criança de dois anos. Segundo os autores, a

evolução delinquente representa um longo trajecto de mal-estar psicossocial, que se inicia

desde criança. Neste documento, é proposta uma solução: a prevenção. Porém, esta inclui

uma condição: as pessoas têm que tomar parte do problema e começar a considerar que a

Delinquência Juvenil não atinge só os outros. O texto faz-nos descobrir também um livro À

Margem do Amor – Notas sobre Delinquência Juvenil de Pedro Strecht, o qual desenvolverei

noutra parte do meu trabalho.

O quarto documento a que me vou referir é um estudo sobre Migrações e Os Sem-

Abrigo, em Portugal, organizado pelo Observatório Europeu sobre Os Sem-Abrigo (European

Observatory of Homelessness) (Costa e Baptista, 2002). Este documento relaciona os

imigrantes de origem africana e a exclusão social. O total de imigrantes em Portugal

representava apenas 1,2% da população portuguesa, dos quais 42% são de origem africana. A

imigração constitui desde sempre um problema social em Portugal. “Muitos vivem em condições materiais degradáveis e degradantes. A sobreposição da diferença com a pobreza e a exclusão social potencia o impacto dos reais problemas (que se não devem negar, sobretudo no domínio da delinquência juvenil) sobre a sociedade e agudizam a imagem negativa dos imigrantes, sobretudo dos de origem africana” (Costa e Baptista,

2002). Esses dados não são propriamente recentes, mas não deixam de representar a

realidade nacional (faço aqui referência a actual vaga de imigração dos países de Leste).

Fiquei particularmente satisfeita com os resultados da pesquisa na Internet. Acho que a

Internet se torna uma fonte de informação e de comunicação, indispensável pela diversidade

de conhecimento que ela oferece e, sobretudo, com um fácil acesso. Basta delimitar bem o seu

tema e saber mais ou menos aquilo que se procura. Contudo, não se pode negligenciar o facto

de, por vezes, não garantir uma qualidade de informação.

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O Livro

O primeiro livro que vou apresentar é de Luís Farinha (2000): Os aprendizes do crime,

delinquência juvenil. O autor é jornalista e o seu objectivo com esse livro foi informar, explicar

como se desenvolveu a Delinquência Juvenil no nosso país. No prefácio, explica que o

problema da Delinquência Juvenil aumentou nesses últimos anos, mas continua a ser ignorado

pelas entidades oficiais. Isto, apesar de ser uma das questões que mais preocupam os

portugueses hoje em dia. Luís Farinha expõe a influência da televisão sobre a delinquência

juvenil, através de filmes com cenas de grande violência. Explica que para a maior parte dos

pais, a educação é da responsabilidade da escola. O jornalista propõe-se inquirir a

comunidade. Os resultados obtidos são apresentados neste livro.

O segundo livro do qual vou fazer a apresentação é sobre a criminalidade em França.

É de Georges Fenech (2001), o seu título é Tolerância zero: acabar com a criminalidade e a

violência urbana. Tem uma parte sobre a Delinquência Juvenil, fenómeno mais antigo em

França e muito mais visível. Sugere-se uma classificação original de actos delinquentes

ocorridos no verão de 1999. Explica o quanto a escola é o “receptáculo de todos os desvios”, “o espelho dos desequilíbrios sociais” (Fenech, 2001). A Delinquência Juvenil

afecta também o resto da juventude e da população. Caracteriza também esta geração. O

autor fala igualmente da “explosão da delinquência juvenil” (idem, 2001), dando-nos

números assustadores.

O terceiro livro que proponho descobrir é À Margem do Amor de Pedro Strecht. Por

falta de tempo e de recursos financeiros, não pude nem comprar, nem ler o livro todo. Contudo,

gostei muito de ler o prefácio escrito por Jane Pooley (Educare, 2003), consultora e

psicoterapeuta familiar inglesa, e o primeiro capítulo. O autor, pedopsiquiatria português muito

conceituado, analisa a origem do problema da delinquência juvenil. Fala igualmente da

importância da prevenção, do problema do abuso sexual,... Descobrimos com este livro,

baseando-se em casos concretos, outra face da delinquência juvenil: a tristeza interior, “os assassinatos da alma” (L. Shengold, anos 80), a morte psíquica,...

Os seguintes livros vão abordar o tema da Exclusão Social. Primeiro, vou falar de um

livro de José Luís Garcia, Helena Mateus Jerónimo, Rui Norberto e Maria Inês Amaro,

Estranhos, Juventude e Dinâmicas de Exclusão Social em Lisboa. Este livro é o resultado de

um estudo realizado num projecto orientado para a reflexão e acção sobre a pobreza e a

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Exclusão Social na juventude. Os objectivos do projecto foram: “ aprofundar o conhecimento sobre a exclusão social nos jovens entre os 15 e 25 anos de seis dos mais importantes municípios da cidade de Lisboa: Almada, Amadora, Cascais, Lisboa, Loures e Oeiras”; “conhecer a resposta oferecida pelas organizações e instituições”; “experimentar e qualificar novas modalidades de intervenção social” (Garcia et al, 2000). Este livro

apresenta as várias faces da Exclusão Social, baseando-se em teorias sociológicas que fazem

referências a grandes nomes da Sociologia como Max Weber ou Émile Durkheim, …

O segundo livro sobre a Exclusão Social é de Martine Xiberras (1994): Les Théories de

L’Exclusion. Existe uma versão traduzida em português As Teorias da Exclusão, mas já tinha

sido requisitado por outra pessoa. Por isso, tendo bons conhecimentos em francês, resolvi

requisitar esta versão. A autora propõe uma definição de Exclusão Social e desenvolve várias

teorias: Teoria da Sociologia Clássica, da Sociologia do Desvio e da Sociologia

Contemporânea. Na última parte, explica a importância do laço social e da vida em

colectividade.

O último livro que eu proponho descobrir é um livro escolar: Sociologia 12º ano de

Manuela Silvestre e Maria Rosa Moínhos (2000), que dedica um capítulo à Socialização. O que

é o processo de socialização? “É um processo geral e contínuo que engloba todos os aspectos da vida humana” (Silvestre e Moínhos, 2000). “Nas Ciências Sociais, entende-se por socialização o processos através dos quais os homens adquirem um certo número de conhecimentos, de mecanismos e de respostas às diferentes circunstâncias da vida social, graças aos quais se adaptam às exigências da vida colectiva e se integram nas suas estruturas. Esta aprendizagem social tem como objectivo fazer do indivíduo um membro mais ou menos adaptado à sociedade em que se encontra. No entanto, o indivíduo não é passivo, ele próprio também participa na socialização” (Silvestre e

Moínhos, 2000).

Com este tipo de fontes de informação, temos a garantia de ter uma qualidade na

informação, sem necessitar de uma filtragem ou de uma selecção de certa informação

indesejável, como acontece na Internet por exemplo. A única desvantagem é o facto de ter que

pagar esta qualidade, quer seja um livro, uma revista ou um jornal. O suporte escrito é também

uma vantagem, sobretudo para este tipo de trabalho. A informação é ordenada em índices, o

que permite igualmente seleccionar logo o que nos interessa.

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O Filme

O filme que eu escolhi e que me parece representar bem o tema do trabalho é: ZONA J,

realizado por Leonel Vieira, produzido por Tino Navarro e difundido pela Lusomundo. Acho que

o filme é representativo da atitude delinquente em Lisboa. A história desenrola-se num bairro

situado na periferia da cidade que se chama Chelas. Os protagonistas são jovens de origem

africana da segunda geração, filhos de operários e de mulheres de limpeza: referências

familiares que privilegiam a delinquência juvenil, como temos vindo a verificar ao longo deste

trabalho. O sonho do herói, Tó é fugir para a Angola, para ter uma vida melhor. Podemos ver

nesse filme, diferentes formas de actos delinquentes: roubos de carros, de telemóvel, assalto a

uma ourivesaria,... O que pode também chocar é a linguagem, o estilo de vida, o consumo de

drogas,... O que particularmente gosto neste filme, é o fim aberto que o realizador propõe ao

espectador.

Os materiais audiovisuais foram uma das fontes com a qual mais gostei de trabalhar. A

capacidade imaginativa é suportada pela representação visual da história, o que facilita a sua

apreensão e compreensão.

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Referências do documento:

• Título do artigo: Delinquência juvenil, família e escola

• Autor: Pedro Moura Ferreira

• Tipo: Artigo de revista baseada numa Tese de Doutoramento

• Título da publicação: Análise Social

• Edição: número 143; Volume: XXXII; Páginas: 913-924

• Ano da publicação: 1997

• Local onde se encontra: Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

• Assunto: Delinquência Juvenil

• Palavras-chaves: Delinquência Juvenil, família, escola,

Sociologia, socialização

• Área científica: Sociologia Resumo:

A tese de doutoramento de Pedro Moura Ferreira divide-se em nove pontos e expõe os

papéis da família e da escola no desenvolvimento da Delinquência Juvenil.

1. O autor apresenta a problemática: “A família e a escola estão no centro da problemática em

torno da «delinquência juvenil» ”. Enuncia a ideia de que essas instituições são incapazes de

completar, acabar e, certas vezes, começar e levar a cabo o processo de Socialização.

2. Propõe-se questionar o conceito da “delinquência juvenil”. Explica que é uma ruptura no

fenómeno da socialização.

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3. Pedro Ferreira faz-nos descobrir outros conceitos, nomeadamente, a delinquência enquanto

comportamento: “A delinquência é comportamento: o comportamento que os jovens

estabelecem com a família, os amigos e outros adultos nos espaços onde a delinquência

emerge”. Fala-se também da gravidade dos comportamentos delinquentes, propondo uma

pequena classificação entre os actos “legais” e os actos ilegais.

4. A delinquência não é uma oposição entre a infracção e a moral. Esses dois conceitos têm

uma relação complexa, porque os adolescentes se situam entre a lei e a imagem que eles

devem dar ao grupo. Por várias razões, os adolescentes delinquentes não são diferentes dos

outros adolescentes, explica o autor.

5. O autor apresenta a repartição da delinquência juvenil nos adolescentes, segundo o sexo, a

idade, a classe social, o espaço.

6. Pedro Ferreira propõe explicações do fenómeno da delinquência juvenil segundo duas

imagens: o delinquente sub socializado e o delinquente socializado.

7. e 8. Fala de dois factores importantes: o papel dos controlos (interno e externo) e a

exposição das acções dos delinquentes. No que diz respeito ao controlo, explica os papéis da

família e da escola na origem e no desenvolvimento da delinquência juvenil.

9. Conclui, explicando a importância das duas instituições no processo de socialização.

Enuncia também a ideia de que a delinquência juvenil pode contribuir a este processo, sendo

um exemplo negativo para o adolescente: representa o que não se deve fazer, uma atitude que

não se deve seguir.

Pontos fortes do documento: O documento apresenta-se de forma esquemática, nomeadamente, subdividindo-se em nove

pontos, o que facilita a compreensão e integração das ideias veiculadas pelo documento. A

referida compreensão e integração é favorecida pela linguagem acessível do documento.

Pontos fracos do documento: O único aspecto que eu posso apontar relativamente ao documento, é a ausência de

exemplos/casos concretos.

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A página Internet que eu escolhi por me parecer interessante foi:

http://www.sociologia.org.br/tex/pscl10.htm (Lopes, s/d).

É uma tese escrita por um mestre em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e de

Ciências de Educação da Universidade de Coimbra: Sara Martins Lopes. O título desta tese é:

Os Filhos da Privação, e o subtítulo é: “«Norma» e «Desvio» no comportamento delinquente”.

A autora apresenta o comportamento delinquente como uma patologia. Propõe várias

definições, quer jurídicas, quer psicológicas ou sociológicas sobre a “delinquência” e o verbo

“delinquir”. Explicita também os carácteres de “norma” e de “desvio”, no que diz respeito ao

comportamento delinquente. Integra a delinquência num espaço sócio-cultural, explica o

quanto as noções religiosas, sociais e outras influenciam o adolescente. Resume, antes de

acabar o seu desenvolvimento, em sete pontos diferentes, o que ela tentou expor e explicar

com esta tese. Tem o cuidado de concluir deixando uma “mensagem”: fazer do problema da

delinquência o nosso problema, continuar o nosso papel enquanto pais, professores e

cidadãos, … para que “os filhos da privação” se tornem pais, professores e cidadãos

respeitáveis.

Esta página suscitou o meu interesse por me apresentar uma nova problemática, a

Delinquência Juvenil enquanto patologia. Porém, uma das críticas que eu posso apontar a esta

tese é o facto de, por vezes, utilizar uma linguagem demasiado técnica. A página tem também

uma formatação que não favorece a leitura e a compreensão do texto proposto.

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Tentei com este trabalho responder às exigências do professor da cadeira, reunindo

várias fontes de informação sobre o tema da Delinquência Juvenil e da Exclusão Social. Penso

que esteja aqui implícito um número de documentos suficientes para o desenvolvimento de um

trabalho de investigação mais aprofundado sobre o referido tema. Propus também a análise de

alguns documentos, nomeadamente, dos documentos da Internet.

Gostei imenso de fazer este tipo de trabalho, tendo sido para mim uma nova

experiência. Tive a oportunidade de trabalhar com várias tipos de fontes de informação e de

assimilar vários conhecimentos acerca do tema.

A maior dificuldade que eu encontrei foi a elaboração do trabalho pelo meu domínio da

língua portuguesa ter alguns lapsos.

Delinquência juvenil

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Livros: Farinha, Luís (2000), Os aprendizes do Crime: delinquência juvenil. Lisboa: Hugin Editores.

Fenech, Georges (2001), Tolerância zero: acabar com a criminalidade e a violência urbana.

Lisboa: Editorial Inquérito.

Ferreira, Pedro Moura (1997), Delinquência juvenil: família e escola. Revista de Análise Social,

143, 913-924.

Garcia, José Luís et al (2000), Estranhos: juventude e dinâmicas de exclusão social em Lisboa.

Oeiras: Celta Editora.

Silvestre, Manuela e Moínhos, Maria Rosa (2000), Sociologia, 12º/ensino secundário. Lisboa:

Lisboa Editora.

Xiberras, Martine (1994), Les Théories de l’Exclusion. Paris: Méridiens Klincksieck.

Páginas Internet : Comissão de Coordenação da Região do Norte (CCRN), “A Inserção Social: Percursos e

Desvios de um Processo”, (2002). Página consultada em 18 de Novembro de 2003, disponível

em <http://www.ccr-norte.pt/regnorte/mono03.pdf>.

Costa, Alfredo Bruto da e Baptista, Isabel (2002), “Migrações e Os Sem-Abrigo em Portugal”.

Página consultada em 18 de Dezembro de 2003, disponível em

<http://www.feantsa.org/obs/national_reports/portugal/portugal_immig_pt_2002.doc.>.

Delinquência juvenil

FIS 2004

Educare (2003), Strecht, Pedro, Á Margem do Amor. Página consultada em 5 de Janeiro de

2004, disponível em <http://www.educare.pt./noticias>,

Flor, Paulo de Jesus M.O (2000), “As Manifestações do Desvio nas Áreas Metropolitanas, O

Bando”. Página consultada em 18 de Novembro de 2003, disponível em <http://www.dgsi.pt>

ou <http://www.esp.pt/teses/teseflor.pdf>.

Lopes, Sara Martins (s/d), “Os Filhos da Privação”, «Norma» e «Desvio» no comportamento

delinquente. Página consultada em 18 de Dezembro de 2003, disponível em

<http://www.sociologia.org.br/tex/pscl10.htm>.

Netprof (2003), “Adolescência”. Página consultada em 18 de Novembro de 2003, disponível em <http://www.netprof.pt/PDF/adolescência.pdf>,

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