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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Engenharia de Produção JAQUELINE MARTINELLI CAVALCANTE SUSTENTABILIDADE& COMPETITIVIDADE NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA Campinas 2014

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Engenharia de Produção

JAQUELINE MARTINELLI CAVALCANTE

SUSTENTABILIDADE& COMPETITIVIDADE NA INDÚSTRIA

AUTOMOTIVA

Campinas 2014

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JAQUELINE MARTINELLI CAVALCANTE -R.A. 004201000047

SUSTENTABILIDADE & COMPETITIVIDADE NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Produção da Universidade São Francisco, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção. Orientador: Prof.Ms. Emilio GrunebergBoog

Campinas 2014

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“A base de toda a sustentabilidade é o desenvolvimento humano, que deve

contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza.”

Nagib Anderáos Neto

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RESUMO

Este trabalho apresenta a importância da adoção de conceitos e práticas ambientais

mais sustentáveis nas indústrias automotivas, e ainda mostra como a sustentabilidade está

diretamente ligada à competitividade da organização. Ele mostra como a sustentabilidade

nos produtos e processos de uma organização é imprescindível quando buscamos alcançar

competitividade no mercado e aumento de lucro. Isso pode ser alcançado através de

aplicação de conceitosecoeficientes que diminuam os impactos ambientais decorrentes de

seus produtos e processos produtivos. Alguns desses conceitos estudados são:Produção

mais Limpa, Ecoeficiência, Sistema de Gestão Ambiental, Ecodesign, Análise do Ciclo de

Vida e constante Inovação tecnológica. Além disso, há constante inovação nas legislações

estabelecidas pelo governo que são obrigatórias para as indústrias automotivas seguirem.

Da análise dos resultados obtidos pela aplicação de alguns dos conceitos estudados

em indústrias automotivas, pode-se concluir que a implementação desses conceitos em

processos e produtos traz excelentes resultados tanto econômicos quanto ambientais, pois

a partir deles pode-se obter significativa redução de resíduos e eliminação de desperdícios,

redução dos custos produtivos e redução dos impactos ambientais.

Palavras-Chave: sustentabilidade, competitividade, indústria automotiva, produção mais

Limpa, ecoeficiência, sistema de gestão ambiental

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ABSTRACT

The work presents the importance of adopting environmental concepts and practices

that are more sustainable in the automotive industries, moreover it also shows how the

sustainability is straightly connected to the organization competitiveness. It shows how the

sustainability of products and process in the organization is extremely necessary when we

intend to achieve competitiveness in the Market and profit increase. It can be achieved

thorough the application of ecoefficient concepts that can decrease the environmental

impacts from its products and process.Some concepts studied are: Cleaner Production,

Ecoefficiency,Environmental Management System, Ecodesign, Life Cycle Evaluation and

Continuous Technological Innovation.Furthermore, there is continuous innovation in the

lawsestablished by the Government and it is mandatory that the automotive industries follow

them.

From the analysis obtained by the application of concepts studied in the automotive

industries, it can be concluded that the implementation of theses concepts in products and

processcan bring excellent economic and environmental results,because we could achieve

significant reduction of residues and waste of material, cost reduction and also environmental

impacts reduction.

Key-words: sustainability, competitiveness, automotive industry, cleaner production,

ecoefficiency, environmental management system

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 6

1.1. Contextualização do Tema ..................................................................................... 6

1.2. Situação Problema .................................................................................................. 7

1.3. Questão Norteadora ................................................................................................ 7

1.4. Objetivo Geral ......................................................................................................... 8

1.5. Objetivos Específicos ............................................................................................. 8

1.6. Justificativa ............................................................................................................. 8

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 10

2.1. Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável..............................................10

2.2. Sustentabilidade e Competitividade Empresarial .............................................. 18

2.3. Produção Mais limpa ............................................................................................ 24

2.4. Ecoeficiência ......................................................................................................... 27

2.5. Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) ................................................................ 31

2.6. Ecodesign .............................................................................................................. 35

2.7. Análise do Ciclo de Vida ( ACV ) ......................................................................... 37

2.8. Industria Automotiva Brasileira ........................................................................... 39

2.7.1 Introdução. ....................................................................................................... 39

2.7.2 Questões Ambientais. ..................................................................................... 43

2.7.2.1 Matriz industrial esustentabilidade.....................................................44

2.7.3 Desenvolvimento Sustentável & Inovação Tecnológica. ............................. 46

2.7.3.1 Mobilidade e Sustentabilidade.............................................................48

2.7.3.2 Frota e sustentabilidade.......................................................................48

2.7.3.3 Cadeia da Sustentabilidade..................................................................49

2.7.3.4 Biocombustíveis....................................................................................50

2.7.3.5 Veículos flex fuel...................................................................................51

2.7.3.6 Biodiesel................................................................................................52

2.7.3.7 Ganhos ambientais dos veículos........................................................53

2.7.3.8 Proconve – Ganhos tecnológicos e ambientais................................55

2.7.3.9 Os veículos do futuro...........................................................................56

3. METODOLOGIA .............................................................................................................57

3.1 Definição de Metodologia........................................................................................57

3.2 Visão Geral dos Métodos de Pesquisa..................................................................57

3.3 Caracterização da Pesquisa ..................................................................................58

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4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................ 60

4.1. Estudo de caso 1 – Aplicação de SGA................................................................. 60

4.2. Estudo de caso 2 – Aplicação de P+L ..................................................................65

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 74

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 76

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1. INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

O automóvel é o maior bem de consumo durável adquirido pelo homem, e é também

um símbolo de status, de liberdade, de qualidade de vida e de sucesso. A nossa sociedade

estáalicerçada em grande parte nele e nos segmentos industriais a ele relacionados, neles

incluindo as maiores empresas mundiais e brasileiras.

Desde o início do século, quando Ford revolucionou os conceitos da indústria e

conseguiu produzir o automóvel em grande escala, a um preço que era acessível para uma

parcela maior da população, o automóvel passou a estar presente cada vez mais em nossas

vidas. Em diversos países, incluindo o Brasil, políticas públicas de desenvolvimento

contribuíram ainda para o favorecimento do uso dos meios rodoviários de transporte,

reforçando a disponibilidade e as facilidades para o uso de automóveis. Estaindústria

representava, em 1996, 8% do PIBindustrial americano, 10,8% do PIBindustrial japonês, e

7% do PIB industrial e13% das exportações brasileiras (MCKINSEY,1999).

Com o aumento da produção e do uso doautomóvel, veio também a intensificação

dasquestões ambientais associadas, como o consumode combustível, a poluição do ar, o

ruído, odestino de carcaças de carros que não podemmais ser utilizados, etc.

Por outro lado, consumidores cada vez mais exigentes e leis cada vez mais rigorosas

forçam osfabricantes a inovarem tecnologicamente para poderem atingir um desempenho

ambiental cadavez melhor. Custo e inovação tecnológica ganham importância para que

possa ser atingido odesempenho desejado. Em alguns mercados, um melhor desempenho

pode significar umdiferencial competitivo, em outros, mera sobrevivência.

As indústrias como transformadoras de matérias-primas em produtos manufaturados

possuemgrande responsabilidade na proteção, manuseio e utilização de recursos naturais.

Justifica-se assim a procura crescente de desenvolvimento de processos e produtos que

tragam na sua concepção a otimização do uso de matérias-primas, a utilização de

tecnologias limpas, bem como a minimização da geração de resíduos.

Sustentabilidade ao longo dos anos, passou a ser uma imposição da sociedade

mundial para garantir o equilíbrio socioeconômico e ambiental, assim preservando o futuro

da humanidade e garantindo competitividade da empresa no mercado.

O setor automobilístico possui uma extensa cadeia econômica e induz a busca

constante por novas tecnologias, com isso gerando novas economias e consequentemente

impactos ambientais que necessitam ser minimizados e até mesmo eliminados.

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1.2. SITUAÇÃO PROBLEMA

A indústria automobilística e seus produtos têm profundos impactos na

sustentabilidade, refletindo nos meios social, econômico e ambiental. Desdeas matérias-

primas e insumos aos setores de fornecedores e linhas de montagem e, posteriormente, às

redes de comercialização e ao consumidor final,são todos contribuintespara acarretar

grandesdanos ao meio ambiente. Neste sentido, a definição de estratégias empresariais

focadas na ecoeficiência e em práticas sustentáveiséimprescindível, pois desta forma as

empresas podem gerar uma redução de custos a longo prazo, reduzir o risco, melhorar o

uso das receitas, produzir mais com menos recursos naturais, diminuir os impactos

ambientais decorrentes de suas atividades e ainda aumentar sua competitividade e a

margem de lucro. Segundo Schneider, Nehme e Bem (2006), dois dos programas mais

familiares para alcançar a ecoeficiência são os Sistemas de Gestão Ambiental (SGAs) e

programas de Produção mais Limpa (P+L).

Seguindo legislações ou até mesmo com iniciativas próprias, a indústria

automobilística tem buscado modelos sustentáveis, tanto no que se refere a suas atividades

industriais quanto no que diz respeito ao desempenho e à utilização de seus produtos, bem

como quanto aos seus efeitos socioeconômicos nas comunidades onde se instala (CNI,

2012).

A indústria automobilística entende que a sustentabilidade é um processo

abrangente e contínuo de atuação, com visão de futuro e uma questão prioritária a ser

tratada em toda a sua extensão, principalmente no que se diz respeito às questões

ambientais.

Qual a influência da questão ambiental na competitividade do setorautomobilístico no

Brasil? Para serem competitivas e sustentáveis, como devem atuar as montadoras e

autopeças nos próximos anos?

1.3. QUESTÃO NORTEADORA

As organizações se defrontam com problemas ambientais constantemente. Partindo

deste princípio, esta dissertação busca responder a seguinte questão:Será que é possível

reduzir ou até mesmo eliminar os impactos ambientais causados pelas atividades da

indústria automotiva investindo em estratégias empresariais focadas na ecoeficiência,

a fim de se obtera tão esperada sustentabilidade ecompetitividade no mercado?

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1.4. OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem o objetivo de analisar, com base em uma ampla pesquisa

bibliográfica, a importância do desenvolvimento sustentável na indústriaautomobilística do

Brasil e verificar como essas empresas estão desenvolvendo a sustentabilidade focando

apenas em seu aspecto ambiental. O mesmo também irá verificar como o investimento em

estratégias empresariais focadas na ecoeficiência,são ótimas iniciativas para minimizar os

impactos ambientais causados pela atividade do setor e consequentemente garantir

sustentabilidade ecompetitividade para as organizações.

1.5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Comoobjetivos específicos da monografia propõe-se:

1. Analisar conceitos e ferramentas diretamente relacionados à Sustentabilidade

Ambiental e Competitividade das empresas.

2. Analisar o cenário automotivo Brasileiro, bem como seus impactos ambientais e

iniciativas em buscar modelos de desenvolvimento mais sustentáveis.

3. Analisar estudos de caso de aplicação de alguns conceitos estudados na indústria

automotiva( SGA e P+ L ).

1.6. JUSTIFICATIVA

A Sustentabilidade ambiental atualmente para as organizações é sinônimo de

competitividade e lucratividade. Desta forma, é imprescindível que elas tenham ciência dos

impactos ambientais causados pela indústria automotiva para que se busque alternativas

para minimizar e até mesmo eliminar tais impactos e, consequentemente, reduzir e eliminar

desperdícios, assim se tornando uma empresa sustentável e competitiva no mercado. Para

alcançar este objetivo, é imprescindível a definição de estratégias focadas no

desenvolvimento sustentável da organização, bem como a aplicação de conceitoscomo

Produção mais Limpa, Ecoeficiência, Ecodesign , Análise do ciclo de vida, Sistemas de

Gestão Ambiental e Inovação tecnológica.

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Esta dissertação foca especificamente no aspecto ambiental da sustentabilidade,

desta forma não serão discutidas as variáveis econômicas e sociais, fundamentais para o

atendimento ao conceito de Desenvolvimento Sustentável.

Entretanto, haverá uma breve explicação sobre esses aspectos e ao longo do texto

serão feitas referências às questões sociais e econômicas com o objetivo de ressaltar a sua

importância para a sustentabilidade.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu durante a Comissão de Brundtland,

na década de 1980, onde foi elaborado o relatório OurCommom Future,quando a primeira-

ministra norueguesa, GroHarlemBrundtland, apresentou a seguinte definição para oconceito:

“É a forma como as atuais gerações satisfazemas suas necessidades sem, no entanto,

comprometer acapacidade de gerações futuras satisfazerem as suaspróprias necessidades”

(SCHARF, 2004).

Camargo (2003) apresentou na Comissão de Brundtland a seguinte definição: Em

essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a

exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento

tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e

futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas.

Elkington (2001) define a ideia de desenvolvimento sustentável como a harmonia entre

a questão financeira e ambiental. Com isso, muitas empresas aderiram a esse conceito, pois

acreditavam que esse era um desafio de esverdeamento dos negócios, tornando-os mais

eficientes e reduzindo custos.

Mesmo que todas as empresas alcançassem níveis de emissão de poluição zero até o

ano 2010, a Terra ainda estaria estressada além do que os biólogos se referem como

capacidade de suporte. O fato é que, ao atendermos às nossas necessidades, estamos

destruindo a capacidade das gerações futuras atenderem às delas.

Segundo Almeida (2002), durante a Conferência da ONU em Estocolmo, em 1972, a

crescente discussão foi buscar conciliar a atividade econômica com a preservação do meio

ambiente.

Conforme Nobre & Amazonas (2002), o pensamento que se ressaltou durante a

Comissão de Brundtland foi abordado pelo secretário Jim MacNiell, que destacou que a

capacidade de regeneração dos recursos naturais se tornava comprometida, em função do

seu consumo de forma desenfreada.

Segundo Elkington (2001), dez anos após a Comissão, viu-se que somente a resolução

de questões ambientais não resolveria os problemas de uma economia global sustentável.

Seria necessário atingir outros meios para se conseguir a sustentabilidade. “Aqueles que

pensam ser a sustentabilidade somente uma questão de controle de poluição não estão

vendo o quadro completo” (ELKINGTON, 2001).

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Elkington (2001), ainda afirma que “(...) será cada vez mais difícil para as empresas

fazerem negócios, tendo em vista o empobrecimento dos clientes, a degradação do meio

ambiente, a falência dos sistemas políticos e a dissolução da sociedade”.

ParaScharf (2004), o objetivo do desenvolvimento sustentável seria a preservaçãoda

riqueza global, a qual se refere aosativos financeiros, recursosnaturais e qualidade de

vidada população. Durante a Conferência da ONU, ECO-92, documentou-se o crescimento

da consciência sobre os problemas do sistema econômico vigente. Com isso foi promovida

uma discussão entre a relação do desenvolvimento socioeconômico e as transformações

ecológicas.O plano de sustentabilidade da Agenda 21, apresentado na ECO-92, fixava três

áreas dedesenvolvimento sustentável: econômica , social e ambiental.

Na visão de Scharf (2004), o desenvolvimento sustentável baseia-seno tripé formado

pelas dimensões ambientais, econômicas e sociais, ou seja, a sustentabilidade estaria

condicionada ao desenvolvimento simultâneo dos três pilares.

Otermo sustentabilidadesurgiu durante a décadade 1980, diante da preocupação

crescente dos países em descobrir maneiras de promover o crescimento de suaseconomias

sem destruir o meio ambiente ou sacrificar o bem-estar das futuras gerações.

Segundo Keinert (2007), “a noção de sustentabilidade surgiu do conceito

dedesenvolvimento sustentável definido pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente

eDesenvolvimento (CMMAD) da Organização das Nações Unidas (ONU)”.

A concepção de sustentabilidade é um conceito sistêmico em que está relacionado

coma seqüência dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade

humana.

O entendimento do conceito da sustentabilidade está ligado à compreensão do

conceito de recursos naturais, levando em conta que o desenvolvimento sustentável prioriza

a preservação do meio ambiente juntamente com a valorização do ser humano como ser

sociável capaz de desenvolver-se sem agredir o meio em que vive.

Segundo Barbieri (2007), os recursos naturais são bens e serviços originais ou

primários dos quais todos os demais dependem, e envolve elementos do ambiente físico e

biológico que podem ser úteis ou acessíveis à produção da subsistência humana. Recursos

naturais renováveis são aqueles que podem ser obtidos infinitamente de uma mesma fonte,

já os recursos naturais não renováveis são finitos eem algum momento irá se esgotar.

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Figura 1- Recursos naturais renováveis/ não renováveis

Fonte:Barbieri (2007)

De acordo com Tachizawa (2008), o desenvolvimento sustentável admite a utilização

dosrecursos naturais do que se necessita hoje, para permitir uma boa qualidade de vida,

porém sem comprometer a utilização desses mesmos recursos pelas gerações futuras.

ParaAlmeida (2002), “trata-se da gestão do desenvolvimento pontual ou abrangente,

nosgovernos ou nas empresas que deve considerar as dimensões ambientais, econômicas

e sociaisterem como objetivo a garantia de perenidade da base natural, da infraestrutura

econômica eda sociedade”.

Segundo Barbieri (2007), “o desenvolvimento sustentável deve se estender

àsgerações futuras e espera-se que elas nunca acabem que sempre haja vida humana, de

modo

que a sustentabilidade deve estender-se continuamente, algo pouco provável se mantidas

as

formas atuais de produção e consumo”.

Segundo o Instituto Ethos (2005), durante conferência realizada em Chapel Hill,

EUA, em 1999, no desenvolvimento sustentável deve-se levar em consideraçãoas questões

ambientais, econômicas e sociais, o que resulta na visão do Triple BottomLine. Com isso,

podemos perceber que o conceito de desenvolvimento sustentável evoluiu até que se

chegasse à composição de três pilares: social, econômico e ambiental.

De acordo com Elkington (2001), o pilar econômico se resume ao lucroda empresa,

portanto para calculá-lo os contadoresutilizam apenas dados numéricos. A abordagem

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queserá feita desse pilar, entretanto, requer uma busca desustentabilidade econômica da

empresa a longo prazo.É preciso entender como as empresas avaliam se suasatividades

sãoeconomicamente sustentáveis, e issopassa necessariamente pela compreensão

dosignificadode capital econômico. Poiso capital de uma empresa é adiferença entre seus

ativose suas obrigações e pode ser encontrado de duas formasprincipais: capital físico e

capital financeiro.

Segundo o autor, o pilar socialconsidera o capitalhumano, na forma de saúde,

habilidades e educação, mastambém deve abranger medidas mais amplas de saúde

dasociedade e do potencial de criação de riqueza.

Fukuyama(1995), afirma que “ocapital social é uma capacidade que surge da

prevalênciada confiança em uma sociedade ou em partes dela”.E, “capacidade de as

pessoas trabalharem juntas, emgrupos ou organizações, para um objetivo comum”.

Essaunião da sociedade visando o desenvolvimento pode serbenéfica para que o objetivo

das ações seja atingido. Segundo o autor, se a sociedade trabalharjunta, em contato com as

normas e regras, o objetivoresultadoserá atingido de maneira mais facilitada.

A sustentabilidade a longo prazo pode ser verificadaatravés da relação entre os

membros da organização e osseus consumidores. Essa relação de transparência gera

mais resultados para a organização, pois a consciênciaadquirida pela sociedade atual faz

com que a relaçãoentre ambos seja estreita e ainda aumente o anseio deas empresas

participarem cada vez mais a favor de ações sociais e assim diminuir adesigualdade social.

Segundo Elkington (2001), o pilar ambiental é oque se relaciona com a questão

social e também com a econômica. Para o autor, as empresasprecisam saber avaliar se

sãoambientalmente sustentáveise, para isso, é preciso compreender primeiramente

osignificado da expressão capital natural.

O autor explica o conceito de riqueza natural utilizando o exemplo de uma floresta.

Pois não basta contar o número de árvores para se avaliar seucapital natural, é preciso

avaliar a“riqueza natural que sustenta o ecossistema da floresta”,os benefícios por ela

gerados, a flora, a fauna e os produtosdela extraídos, que podem ser comercializados.

O autor defende a existência deduas formas principais de capital natural: O

‘capitalnatural crítico’, que seria aquele fundamental paraa perpetuidade do ecossistema, e o

capital naturalrenovável ou substituível, sendo este, os recursos naturais renováveis,

recuperáveisou substituíveis.

Segundo Elkington (2001), após a compreensão dos conceitos acima, as empresas

ainda precisam identificarquais as formas de capital natural impactadas pelassuas

operações, avaliar se elas são sustentáveis, se onível de estresse causado é sustentável e

se o equilíbrio da natureza está sendo afetado de formasignificativa.

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De acordo com Almeida (2002), amaior dificuldade não está em elaborar oconceito

dedesenvolvimento sustentável, mas sim em colocá-lo emprática.

As empresas devem gerir o desenvolvimentosempre considerando os aspectos

ambientais, sociais eeconômicos. Segundo o autor, para que o conceito sejacolocado em

prática é preciso que se estabeleçam comocritérios:

• Democracia e estabilidade política;

• Paz;

• Respeito à lei e à propriedade;

• Respeito aos instrumentos de mercado;

• Ausência de corrupção;

• Transparência e previsibilidade de governos;

• Reversão do atual quadro de concentração da renda emesfera local e global.

Scharf (2004) menciona também a dificuldade de secolocar em prática o conceito de

desenvolvimentosustentável por envolver uma mudança na cultura daorganização e de seus

funcionários, além de demandartempo e recursos financeiros.

Para que aempresa seja sustentável, é preciso minimizar seusriscos, criando

condições para um futuro mais estável,garantindo a continuidade do negócio e o

relacionamentoamigável com a sociedade. A autora identifica onzeindicadores de

sustentabilidade:

1. Mantém uma perspectiva de rentabilidade econômica nomédio-longo prazo.

2. Opera dentro da lei, sem passivos que possam gerarprejuízos inesperados.

3. Minimiza sua dependência de recursos esgotáveis ousujeito a escassez.

4. Minimiza seus impactos sobre os recursos naturais e apaisagem.

5. Desenvolve produtos ou serviços que contribuem para oque é percebido pela sociedade

como um benefício sociale ambiental.

6. Estabelece uma relação de respeito e minimiza o conflitocom seus

funcionários,fornecedores, clientes, acionistas eoutros stakeholders – ou seja, os diversos

atores que têminteresses diretos ou indiretos no empreendimento.

7. Cultiva a eficiência no uso dos recursos renováveis e nãorenováveis– com investimentos

em tecnologia avançadae soluções de longo prazo –, assim como se preocupa comos

impactos de seus bens e serviços ao longo de todo o seuciclo de vida.

8. Reduz os resíduos e recicla os materiais que descarta.

9. Tem transparência na gestão independente de possuircapital aberto, promovendo assim a

confiança dosacionistas, investidores, fornecedores, clientes, etc.

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10. Evita o uso de formas de propaganda maliciosa, queinduzam o público a confundir a

verdadeira atuação daempresa com ações beneficentes que não influenciam suaatuação.

11. Relaciona-se com demandas de ordem global (oaquecimento do planeta ou osurgimento

de consumidoresengajados em outros continentes) e local (a comunidadeque a sua atuação

afeta).

Para Scharf (2004), o desenvolvimento sustentável setornou imprescindível

àsobrevivência das empresas e do planeta Terra. Uma empresaque visa à sustentabilidade,

deve ser transparente e capazde avaliar seu desempenho socioambiental. A melhormaneira

de se fazer isso é por meio do relatório anual desustentabilidade,pois esse relatório aponta

diversos indicadores sociais,econômicos e ambientaisreferentes ao desempenho

daempresa, além de ressaltar seus valores. Trata-se de umdocumento que melhora o

envolvimento da organizaçãocom os stakeholders e oferece ao empreendedor umavisão

geral de sua gestão, facilitando assim a autoavaliaçãode seu negócio. “Para uma

multinacional,publicar um balanço de sustentabilidade é umaquestão de sobrevivência. Isso

porque quem legitima asustentabilidade é o stakeholder” (SCHARF,2004).

Há três tipos de balançosocioambiental utilizados no Brasil:

1. O balanço proposto pelo Ibase – Instituto Brasileiro deAnálises Sociais e Econômicas é o

mais antigo deles,que através de uma planilha apresenta detalhadamenteos

númerosrelacionados à responsabilidade social daempresa.

2. O Guia de Elaboração de Relatórios e Balanço Anualde Responsabilidade

SocialEmpresarial, elaboradopelo Instituto Ethos, utiliza a planilha do Ibase, porémapresenta

de forma mais detalhada as ações e princípiosdesenvolvidos pela empresa. Ele apresenta

indicadoressociais, econômicos e ambientais, onde se esclarece osobjetivos em relação à

produtividade, investimentos, bem-estar da força de trabalho e seus direitos e impactos

sobreo meio ambiente, como poluição, desmatamento entreoutros.

3. GRI – Global ReportingInitiative, lançado em 1997,utilizado mundialmente, tem por

objetivo tornar o balançosocioambiental cada vez mais popular e é um dos relatóriospara se

comparar o desempenho das empresas.

Scharf (2004) afirma que, a sustentabilidade nas empresas dependede um aumento

em sua democracia com o objetivo deestabelecer soluções conjuntas, respeitando as

opiniõesde todos os envolvidos no negócio.“Há três meios deinduzir uma mudança de

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comportamento nas empresas,de modo a reduzir seus impactos sobre o meio ambientee a

sociedade: os mecanismos de comando e controle, aauto regulação e os instrumentos

econômicos”(SCHARF,2004).

Segundo Scharf (2004), quando se cria uma área dedesenvolvimento sustentável ou

ambiental nas empresasbrasileiras, elas são subordinadas à área de Marketing,quando na

verdade deveriam ficar sob a guarda deseus diretores, responsáveis por tomar as

decisões.Entretanto, todos os empregados devem se envolverno cumprimento das

metassociais e ambientais, juntamente com oapoio da diretoria.

Segundo Ethos(2005), há um constante aprimoramento das práticas

empresariaisrelacionadas à Responsabilidade Social Empresarial(RSE), e já existem

empresas bem evoluídasnesse sentido, estando próximas daexcelência. “Essas empresas

caminham em direção a modelos de maior consistênciasistêmica, como o de

sustentabilidade empresarial, derivado doconceito de desenvolvimento sustentável (DS),

este emanadodo conceito de responsabilidade social é trazido para a práticade negócios por

meio do modelo do Triple BottomLine” (ETHOS, 2005).

Osmodelos de RSE e DSapresentam propósitos equivalentes quando analisadossob

o aspecto conceitual e sob os fatores que basearama sua criação. Ambos sugerem a

criação de valor tantono aspecto social quanto no econômico, com o intuito debeneficiar a

sociedade e as gerações futuras e mostrar aimportância da comunicação e participação de

todas asáreas interessadas da empresa.

“Pode-se dizer, num amplo sentido, que uma organizaçãopratica de modo genuíno a

RSE quando é gerida em concordânciacom os princípios e os temas focais do DS.

Portanto,é indispensável para a prática de uma gestão socialmente responsávelque os

administradores conheçam em profundidade etenham plena compreensão da filosofia e das

propostas do DS eda razão pela qual essa abordagem é crucial para a perpetuidadedos

empreendimentos” (ETHOS, 2005).

Segundo Tenório (2004), é do WBCSD(World Business Council for

SustainableDevelopment)a idéia de que a Responsabilidade Social Empresarial fazparte do

desenvolvimento sustentável.

De acordo com Melo, Neto e Froes (2002), aresponsabilidade social faz partedo

conceitode desenvolvimento sustentável e está inserida no aspecto social que, juntamente

com os aspectoseconômicos e ambientais, constituem os três pilares desse conceito.

Para Borges, Monteiro e Nogueira (2006), de acordo com a CMDMA(Comissão

Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento), o desenvolvimentosustentável apoia-

se no seguinte tripé: equilíbrio ambiental, equidade social e crescimentoeconômico.

Na figura 1 abaixo, podemos verificar o tripé da sustentabilidade, conceito que foi

desenvolvido porJohn Elkington, e foi nomeado de triple bottomline.

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Figura 1- Triple BottomLine

Fonte: Baseado emElkington (2001)

Para Porter (2009), um dos principais objetivos do tripé da sustentabilidade é

informar

que o assunto se trata de negócios, porque além de ser o objetivo das empresas é o que o

mercado exigirá cada vez mais. Sendo assim, o tripé da sustentabilidade éum conceito que

ajuda a pensar no futuro de uma maneira mais ampla e é preciso, porém queessa

preocupação atinja também as esferas políticas de modo decisivo, porque as

empresasdependem de mudanças de atitude nesse âmbito.

Conforme Almeida (2007) a sustentabilidade mexe com as estruturas de poder, além

de exigir o equilíbrio dos objetivos econômicos, ambientais e sociais, operar na

sustentabilidadeimplica atuar num mundo tripolar, em que o poder tende a se repetir, de

maneira cada vezmais equilibrada, entre governos, empresas e organizações da sociedade

civil.

De acordo com Dias (2006), a sustentabilidade corporativa pode ter

estascaracterísticas, que são as formadoras do equilíbrio dinâmico da sustentabilidade:

(A) Sustentabilidade Econômica: Garantir que em qualquer momento ofluxo de

caixa é suficiente para assegurar a liquidez da organização;

(B) Sustentabilidade Social: Agregar valor para as comunidades onde as

empresas atuam, aumentando o capital humano de parceiros individuais. As empresas

devem gerenciar o capital social de uma forma que deixe os stakeholders entender a

motivação da companhia e de um modo geral, concordar com osistema de valores da

companhia;

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(C) Sustentabilidade Ambiental: Usar apenas recursosnaturais que devemser

consumidos em uma taxa abaixo de sua reprodução natural, ou emoutra taxa menor que o

desenvolvimento dos seus substitutos, e que estesrecursos nãocausem emissões que

fiquem acumuladas no meio ambiente em taxa além da capacidade dosistema natural de

absorver e acumular. Finalmente, a empresa não pode se engajar ematividades que

degradem o ecossistema.

2.2. SUSTENTABILIDADE E COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

Segundo Lelé (1991), a sustentabilidade não se trata de um conceito recente, mas

tem sido apropriado, ultimamente, por diferentes grupos de interesse na sociedade, que a

entendem de variadas formas e geram diferentes expectativas,nissoestão incluidos desde

grupos ambientalistas radicais, organizações Não-Governamentais (ONGs), governos e

organismos internacionais, até chegar ao mundo dos gestores de operações nas

organizações.

O conceito de sustentabilidade pode apresentar dois grandes enfoques: o da

competitividade empresarial e o da gestão ambiental, ou seja, uma empresa sustentável

além de se tornar mais competitiva no mercado, ela ainda protege nosso meio ambiente.

Sustentabilidade em operações está associado à perspectiva de construção de vantagens

competitivas duradouras nos negócios.

Para Slack e Lewis (2002), o objetivo principal da sustentabilidade em operações, é

promover a conciliação entre a produçãoe os mercados. Pois, as decisõesestratégicas em

operações refletem na ampliaçãoda performance em termos de qualidade,

velocidade,confiabilidade, flexibilidade e custos, não só na capacidade operacional, mas

tambémno desenvolvimento de redes de suprimentos, deinovação tecnológica e dos

sistemas de gerenciamentoda organização.

A sustentabilidade consisteno equilíbrio entre capacidadeoperacional e atendimento

aos requisitosdo mercado ao longo do tempo. Pode ser concebidatanto em termos estáticos

– manutenção domesmo nível de equilíbrio entre capacidade operacionale requisitos do

mercado – quanto dinâmicos– que envolve mudança do ponto de

equilíbrio,preferencialmente de forma ascendente, entre aadequação de capacidades

operacionais e as demandasde mercado.

Nas últimas décadas temos tido muitastransformações sociais e econômicas, devido

à grande preocupação com o futuroda humanidade e questões ambientais. Com isso, as

preocupaçõesambientais têm levantado grandes questionamentos, não só quanto à

extraçãode insumos produtivos da natureza, mas tambémem relação às consequênciasdos

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modelos de produção em massa adotados pelas empresase de consumo excessivo por

parte da sociedade. Esse processo tem se mostrado muito intenso emsetores empresariais

que historicamente foram associados àdegradação do meio ambiente.

De acordo com Alvater (1995), no início do século XX, as estratégias de gestão de

operações nas grandes empresas, eram orientadaspara ganhos crescentes em grande

escala, através do uso intensivo de insumos produtivos,principalmente os extraídos da

natureza. Porém essa forma de competitividade empresarial chegou ao limite emdecorrência

de diversos fatores, devido aosdanos causados ao meio ambiente.

Segundo Backer (1995), a necessidade de modernização dos processos produtivos é

contínua,e o foco deve estar na preservaçãodas áreas ambientais afetadas e não mais na

recomposição das mesmas. Porém essa mudança de filosofia empresarialgeraconflitos

entre grupos de interesses divergentesna sociedade e, principalmente, nas organizações.

Segundo Hart (2005), essesprocessos são denominados de “esverdeamento” das

operações.

Para Aktouf (1996), a renovação da gestãode operações é a construção de bases

quenortearão a relação da empresa com o meio ambiente,com a força de trabalho e com a

culturaorganizacional. No entanto, essa trajetória de modernizaçãoda gestão ambiental nas

empresasparece ser influenciada, tantopor fatores externos à realidade

organizacionalquanto por fatores internos aos processosgerenciais.Para Tibor eFeldman

(1996),são as variáveisexternas e internasque podem propiciar justificativase motivações

para a adoção de políticasde gestão ambiental pelas organizações.

Segundo Nascimento(1997), governos, legislação ambiental, públicoconsumidor,

acionistas, movimentos ambientalistase instituições financeiras, entre outras, são exemplos

de variáveis externas. Já a redução de desperdício, reciclagem, menor consumo de energia

e a substituiçãode insumos, são exemplos de variáveis internas.

De acordo com Fernandes (1997), apesar da pressão ocasionada pelos fatores

externos e internos sersignificativa, as dificuldades de chegar a um consensonesse campo

podem ser observadas nas discussõesem torno da implantação da certificaçãoambiental

ISO 14000 entre as empresas instaladasno país.Para abrir portas para o mercadoexterno,

muitas empresas começaram adaptar suas operações rumo ao“esverdeamento”.Uma

questão que tem gerado polêmicaentre as próprias empresas, e que permaneceem aberto,

é se o processo de certificação representarealmente uma transformação das

políticasgerenciais, um avanço em relação à preservaçãodo meio ambiente, ou se constitui

apenas mais umprocesso reativo e burocrático, de resultados duvidosos a ser seguido

passo a passo, como ocorrecom a implantação da certificação ISO 9000, emque muitas das

organizações imitam inovaçõesem operações, sem repensar e reordenar

maissubstancialmente as estratégias operacionais.

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Para Donaire (1994), essas transformações na ação empresarialindicam que a

abordagem da questão ambientalprecisa ocorrer em todas as dimensões estratégicasdas

operações empresariais.Além disso são fatores importantes a cultura organizacional,

aspráticas de gestão nos locais de trabalho, os fluxosde decisão e a elaboração do

planejamento estratégico.

Backer (1995) afirma que um sistema de gestão ambiental eficienteprecisa articular

diferentesáreas da organização, principalmente os setores de marketing, produção,

recursoshumanos, jurídico e financeiro e pesquisa e desenvolvimento.É papel do

marketingdefinir e propagar a imagem e a filosofia de posicionamentocomercial praticada

pela organização,estruturando planos de comunicação internae externa no que se refere ao

marketing relacionadosaos valores ambientais da empresa. A produção,tem o papel de

mensurar riscos internose externos, por meio das auditorias de qualidade e de risco técnico,

além de estruturar um planode investimentos pautado na reflexão sobre acadeia de

produtos e as opções ecologicamentecorretas. Já a área de pesquisa e

desenvolvimentodeve buscar a vocação tecnológica da organizaçãoe manter constante o

processo de inovaçãotecnológica, ao passo que o setor de recursoshumanos tem como

meta levar a cabo planos deformação ambiental e de construção do

“comportamentoambiental”. Já as áreas jurídicae financeira devem encarregar-se da

conformidadelegal, da diminuição de riscos e da elevação devantagens financeiras, valendo-

se, para isso, daexecução de auditorias jurídicas, de balanços e derelatórios ecológicos.

De acordo com Demajorovic (1995), os instrumentostradicionais do Estado, em

termos degestão ambiental, caracterizam-se por regulamentosde comando e de controle.

Atualmente essesmecanismos têm dividido sua importância comosinstrumentos

econômicos. Entre osinstrumentos de controle encontra-se a regulaçãodireta do Estado, por

meio de legislação rigorosa ede políticas eficientes de fiscalização, com base

nadeterminação de padrões técnicos e operacionaissobre processos produtivos, e a ênfase

é sobrea redução de resíduos e a reciclagem. Quanto aos instrumentos econômicos de

gestãoambiental, a estratégia fundamenta-se na adoçãode mecanismos de mercado, que

acarretem umaelevação dos custos e do preço final dos produtospara aquelas empresas

que não operam comníveis avançados de eficiência e racionalidade naemissão de poluentes

ou à exploraçãode recursos naturais. Os instrumentos econômicosde gestão ambiental são

mais eficazes e recomendáveis principalmente para ospaíses em desenvolvimento como no

Brasil, eentre as suas vantagens pode-se citar oestímulo ao desenvolvimento de tecnologias

decontrole de poluição no setor privado, a eliminaçãoda necessidade de legislação extensa

edetalhada de controle e de seus respectivos aparatosinstitucionais e o aumento de adoção

derecursos pelo governo para programasambientais de outra natureza.

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De acordo comDemajorovic (1995), no início da décadade 1970 a prioridadeera na

distribuição e na disposição espacial dosresíduos gerados nas cidades,preocupando-se

principalmente com alocalização dos depósitos de lixo. Em meados damesma década, as

prioridades mudaram para aredução da geração de resíduos e para o aumentoda

reciclagem de material, além do reaproveitamentode energia. Na década de 1980, surgem

propostasde gestão de resíduos poluentes com fortes rebatimentossobre o controle

governamental e sociale em relação às estratégias de operações. Isso implicariauma

transformação profunda do comportamentode todos os atores sociais, principalmentedas

empresas, na medida em que demandaria uma redefinição doprojeto dos produtos

(materiais reaproveitáveis,produtos de longa vida e facilidade de reparação);uma alteração

no modelo de produção (menorconsumo de energia e de matérias-primas);

umatransformação no sistema de distribuição (priorizaçãode embalagens reutilizáveis); uma

mudançanos hábitos de consumo (programas educacionaise de conscientização ecológica,

estímulo ao hábitode devolução de embalagens recicláveis).

Segundo Barbieri (2002), tanto mecanismosde controle por parte doEstado quanto os

de competição ambiental entreempresas têm um papel decisivo no avanço dasestratégias

de gestão ambiental em operações, sobretudoem economias como a brasileira, em quesão

necessários avanços em termos de universalizaçãodos direitos socioambientais.

ConformeKazu(1997), as empresas que sãocompetitivas no ambiente global

atuariam combase na estratégia kyosei, que implica níveis gradativosde evolução dos

negócios e o envolvendo comquestões globais como a erradicação da pobreza,a pacificação

do planeta e a proteção ambiental.O esverdeamento das estratégias de operações implica

em promover a eficiênciaecoprodutiva da empresa e vai além das relaçõescom

trabalhadores e organizações da cadeiaprodutiva, atingindo a participação ativa das

corporaçõesem temas globais e na construção deparcerias com governos nacionais e

organismosinternacionais, para promover o desenvolvimentosustentável. A concepção de

parceria distancia-se dosinstrumentos e das práticas tradicionais associadasà relação entre

empresas e governos,tais como subsídios fiscais e proteção contracompetidores externos.

Para Costa (2002), as empresas distribuemos investimentos socioambientais em três

níveis.No primeiro nível, os esforços estão voltados parao público interno, que é o

investimento a melhoria das condições de trabalho,da estrutura salarial, da alimentação

fornecidae dos benefícios dados aos empregados, entreoutros. No segundo, a organização

privadadestina recursos e ações para a comunidade local, como a construção e a

manutenção deáreas de esporte e lazer, escolas e outras instalaçõesde provisão de

serviços socioambientais. No terceiro, os recursos são focados na luta por direitos

ambientais, independentedo público-alvo ou de as conquistasestarem ou não ligadas

diretamente à organizaçãoou à comunidade. Nesse nível de intervençãodas empresas nos

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problemas socioambientais, asações concentram-se em campanhas de conscientizaçãoe de

informação da população, dos gruposformadores de opinião e das diferentes instânciasde

decisão sobre problemas globais na área ambientale social.

Azevedo (2000) elaborou um esquema formado por quatro quadrantes para avaliar o

posicionamentodas empresas no quese refere às suas estratégias de intervenção nos

problemas socioambientais. Os quadrantes sãoformados a partir de dois vetores:

responsabilidadesocioambiental e negocial. No primeiro,o autor entende todo e qualquer tipo

de investimentoque envolva não apenas contrapartidaspara seu público interno

(trabalhadores, gestoresetc.), mas também a destinação de recursos,serviços e produtos

para o público externo (comunidade,consumidores, ONGs, entre outros).Já no segundo é

compreendido como o compromissoda organização com seus proprietários/acionistas em

termos de lucratividade e perenidadedo investimento. Esse modelo parte do pressuposto

deque ganhos competitivos sustentáveis para asempresas podem ser compatíveis com

avançossocioambientais.

Na figura 2 abaixo, pode-se verificar o modelo desenvolvido por Azevedo (2000).

Figura 2- Dimensões da responsabilidadesocial corporativa

Fonte: Azevedo (2000)

A partir desse modelo, no quadrante A, encontram-se empresascom baixa

performance competitiva em seus mercadose sem nenhuma intervenção socioambiental, e

é importante ressaltar que, nesse momento, a organizaçãonão atende nem mesmo aos

requisitos deseu papel, que é negocial. Pois ofertar bense serviços e gerar empregos já

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esgota a responsabilidadeda empresa com a sociedade. Ultrapassaresse ponto seria intervir

em esferas diferentes domercado, sobrepondo desnecessariamente papéiscom o Estado e

a sociedade civil organizada.

No quadrante B, estão concentradosos investimentos socioambientais, que

sebaseiam em estratégias de operações que nãoimplicam nenhum tipo de retorno para a

corporaçãoprivada, tomando como principais beneficiáriosapenas os grupos sociais

favorecidos pelaempresa. Esta dimensão de responsabilidade

socioambiental,aparentemente, seria a desejável,tendo em vista a autonomia dos atores em

tornoda provisão de políticas sociais. Há mais condições de garantia dessa autonomia, em

razão dea empresa repassar recursos sem esperar retornoem termos de negócio. No

entanto, o autor afirma que no quadrante B reforça-se oassistencialismo e o centralismo das

decisões deinvestimento. Além disso, em momentos de crisede rentabilidade do negócio, os

investimentos socioambientaisse tornariam alvo direto, pois nãosão considerados elementos

agregadores de competitividadee de sustentabilidade para a empresa.De tudo o que se

expôs, o resultado seria a fragmentaçãode ações, a reduzida sustentabilidadedos negócios

e dos projetos socioambientais.

No quadrante C, encontram-se estratégiasconsideradas espúrias para a

sustentabilidadedos negócios, pois não partem de efetivo reordenamentodas estratégias de

operações, masda maquiagem de ações socioambientais. As intervençõessobre os

problemas ambientais visariama assegurar maior espaço na mídia, além defidelizar clientes,

em detrimento de impactos socioambientaismais consistentes sobre a realidade.Em

decorrência disso, seriam abertos flancospara futuros ataques do jornalismo de denúncia

edos grupos ambientalistas radicais contra a reputaçãoda empresa. Apesar desse

quadrante assegurar ganhosde competitividade à empresa, grande parte daliteratura sobre

responsabilidade socioambientalaponta os riscos advindos desse tipo de estratégia.

O quadrante D é o desejável, porque compatibilizaresultados socioambientais

relevantescom ganhos competitivos para a empresa, fazendocom que os projetos sociais

adquiram maior capacidadede sustentabilidade a longo prazo e que, aomesmo tempo,

estejam menos sujeitos a variaçõesdecorrentes de mudanças de diretoria, decrise

empresarial ou de inversão das prioridadesestratégicas em operações. O gasto com

projetos socioambientaispassa a ser considerado investimento,e é realizado em parceria

com outras organizações governamentais e não-governamentais.

Conforme Hart (2005), pode-se perceber que a visualizaçãoda convergência das

concepções sobresustentabilidade entre estratégias de operaçõese gestão do meio

ambiente ganha maior complexidadeanalítica e capacidade explicativa. Para oautor, o

esverdeamento das operações, por si só,não resulta em sustentabilidade dos negócios, pois

há umlongo caminho das empresas em direção à sustentabilidadee as vantagens

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competitivas implicamno desenvolvimento de novas tecnologias capazesde gerar

transformações significativas nos negócios. A concepção de sustentabilidade de Hart

(2005), procura compatibilizaratuação no curto prazo com metas de longoprazo nas

estratégias de operações, além de incorporardimensões internas e externas aos processos

organizacionais. Se anteriormente à incorporaçãode atores externos a empresa alcançava

empresasda cadeia de operações e concorrentes, ou atémesmo o governo, com Hart

(2005), a idéia é dealcançar também a sociedade civil organizada comníveis altos e médios

de renda e a população excluída.

Sustentabilidade é um tema que é amplamente discutido em movimentos ambientais,

comunidades, governos e entre gestores de empresas. Os desafios com que asempresas se

deparam são muitos quando partem da transição de modelos gerenciais tradicionaispara

estratégias sustentáveis de negócios, poisanteriormente esse não era o foco dasestratégias

corporativas.

2.3. PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Pnuma (2004) definiuo conceito de Produção mais Limpa (P+L) como sendo “a

aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada aos processos,

produtos e serviços para aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos ao homem e ao meio

ambiente”. Este conceito é confirmado em artigos internacionais sobre o tema, publicados

no JournalofCleanerProduction (BAAS, 2007; BERKEL, 2007).

O conceito de Produção mais limpa pode- se aplicar à:

- Processos produtivos: conservação de recursos naturais e energia, eliminação de

matérias-primas tóxicas e redução da quantidade e da toxicidade dos resíduos e emissões.

- Produtos: redução dos impactos negativos ao longo do ciclo de vida de um produto,

desde a extração de matérias-primas até sua forma final.

- Serviços: estratégia para a incorporação de considerações ambientais no

planejamento e entrega dos serviços.

De acordo com Baas (2007), cada país possui suas estratégias de disseminação das

práticas do conceito de P+L.Na Europa ocorreu através das organizações como a United

NationsNationalCleanerProduction Centres (NCPC), na China foi através de agências do

governo, e no Brasil a iniciativa foi dada pelo SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem

Industrial).

Segundo Hinz, Valentina e Franco (2007), a P+L é um conceito aplicado na produção

e nos produtos a fim de economizar e maximizar a eficiência do uso de energia, matérias-

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primas e água e ainda minimizar ou reaproveitar resíduos gerados. Os procedimentos são

simples e econômicos, e a análise é feita sem considerar a cadeia produtiva como um todo,

ou seja, fornecedores e clientes não são foco do estudo.

De acordo com Pnuma (2004), ao aplicar os conceitos de P+L, as empresas além de

poluir menos acabam gerando ganhos econômicos, que são resultantes de melhorias de

seus processos produtivos e redução de gastos no tratamento dos resíduos provenientes

dos processos produtivos, o que acaba consequentemente resultando em uma vantagem de

custo em relação aos concorrentes.

O uso dessas técnicas de P+Lsãoótimas oportunidades para organizações que

almejam elevar sua competitividade, contudo o sistema fim de tubo ainda é utilizado em

processos de muitas empresas.

Baas (2007) afirma que em pesquisas de gestão ambiental realizadas em algumas

empresas holandesas foi constatado quemuitosgestores de empresasnão sabem a

diferença entre Produção mais Limpa e fim de tubo, e acabam achando que é a mesma

coisa.

Segundo CNTL (2007), P+L é uma ação preventiva que busca evitar, por exemplo, a

geração de resíduos por meio do aproveitamento das matérias-primas utilizadas durante o

processo produtivo. Já as técnicas fim de tubo são ações que apenas ajudam a diminuir o

impacto ambiental de determinados resíduos através de tratamentos. Portanto, o fim de tubo

só é válido para tratar aqueles resíduos que não puderam ser evitados no processo, sendo

considerado uma alternativa de amenização do problema, enquanto que P+L é uma

proposta de solução para acabar com o problema.

De acordo com Berkel (2007), a metodologia de Produção mais Limpa não é uma

solução rígida, mas sim um conceito que possibilita práticas de prevenção, trazendo

melhorias para o negócio, reduzindo custos e riscos, aumentando a eficiência, produtividade

e a rentabilidade da empresa.

Segundo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb, 2001),

adotando as práticas de P+L é possível atingir os seguintes benefícios:

- Redução da responsabilidade das empresas geradoras de contaminação a longo

prazo num mesmo local, ainda que atendendo à legislação;

- Aumento da rentabilidade do negócio;

- Melhoria da imagem corporativa e apoio em ações de marketing;

- Redução dos custos de produção;

- Aumento da produtividade;

- Retorno do capital investido nas melhorias em curto período;

- Expansão no mercado dos produtos da empresa;

- Uso mais racional da água, da energia e das matérias-primas;

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- Redução no uso das substâncias tóxicas;

- Redução da geração de resíduos, efluentes e emissões; e de gastos com seu

tratamento e destinação final;

- Motivação dos funcionários à participação no aporte de ideias;

- Redução dos riscos de acidentes ambientais e ocupacionais;

- Melhoria do relacionamento com a comunidade e com os órgãos públicos.

Com base nestes aspectos, é possível utilizar técnicas/medidas de Produção mais

Limpa visando à minimização de resíduos. Estas técnicas estão agrupadas, representando

níveis diferenciados de aplicação de P+L, conforme pode ser visto na figura 3 abaixo:

Figura 3- Fluxograma para o estabelecimento de prioridades de P+L

Fonte: Hillig, Schneider e Pavoni (2004)

De acordo com Hillig, Schneider e Pavoni (2004), asistematização das ações busca a

prevenção aos impactos ambientais a partir da redução de resíduos, efluentes e emissões

na fonte (nível 1), pois o ideal é evitar a geração de resíduos, e quando não se pode evita-

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los, deve-se reintegrá-los ao processo de produção (nível 2). Quando não for possível

reutilizar esses resíduos, a reciclagem externa deve ser adotada(nível 3).A P+L faz com que

as matérias-primas sejam mais bem utilizadas,processos otimizados e diminuição de

resíduos, consequentemente trazendo benefício econômico e ambiental para a empresa.

As oportunidades para a redução do desperdício e prevenção da poluição podem ser

identificadas em várias etapas do processo, e envolve algumas das ações abaixo:

- Nova concepção de produto;

- Alteração da sequência ou do processo fabril;

- Eventual substituição de matérias-primas e subsidiárias por outras menos

poluentes;

- Purificação das matérias-primas que entram nas fábricas;

- Reciclagem interna de resíduos, de água e de outras substâncias;

- Aumento da eficiência na geração e uso de energia;

- Escolha criteriosa das técnicas de operação;

- Controle e otimização do processo.

A P+L além de contribuir para a eficiência das empresas, a competitividade dos

produtos, ela também busca a ecoeficiência, que é atualmente perseguida em todo o

mundo, e considerada a melhor forma de compatibilizar os processos produtivos com os

recursos naturais do planeta, pois visa a racionalização do uso de energia, de água e de

todas as matérias-primas usadas pelos diversos setores de produção. SegundoBerkel

(2007) pode-se abordar ecoeficiência como o lado estratégico do negócio, e a Produção

mais limpa é o lado operacional.

De acordo com CEBDS (2001), para implementar a P+L deve-se fazer uma avaliação

baseada na realização de balanços de massa e energia para avaliar os processos e

produtos, a fim de identificar oportunidades de melhoria que levam em conta aspectos

técnicos, ambientais e econômicos, definindo e implantando-se indicadores para

monitoramento. As intervenções podem assumir diferentes formas, sendo que o mais

comum em projetos de P+L, são as intervenções limitadas à tecnologia.

Conforme Baas (2007), a capacidade de romper rotinas existentes é parte de uma

eventual mudança organizacional, para isso deve-se realizar uma avaliação interna na

organização para verificar se a estrutura e a cultura organizacional entendem o conceito de

P+L e acima de tudo se estão dispostas as mudanças na organização.

2.4. ECOEFICIÊNCIA

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Segundo Dias (2006), a adoção do conceito de desenvolvimento sustentável no

meioempresarial tem se dado mais como um modo de empresas assumirem de gestão

maiseficiente, com práticas identificadas como a ecoeficiência e a produção mais limpa, do

queuma elevação do nível de consciência do empresariado em torno de uma perspectiva de

umdesenvolvimento econômico mais sustentável.

Conforme Savitz (2007), “empresa sustentável é aquela que gera lucro para

osacionistas, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente e melhora a vida das

pessoascom que mantém interações”.

SegundoTachizawa (2008), “a inclusão da proteçãodo meio ambiente entre os

objetivos estratégicos da organização amplia substancialmente todo oconceito de

administração”. Com isso,os empresáriosintroduziram em suas empresas programas de

reciclagem, medidas para poupar recursos eoutras inovações tecnológicas.

Segundo Vilela eDemajorovic (2006), normalmente na implantação de um projeto

sujeito ao licenciamento ambiental, oempreendedor assume diversos compromissos que

foram propostos no estudo de impacto ambiental, negociados ou impostos pelo órgão

licenciador.

Conforme Tinoco e Kraemer (2004), ao implantar uma política de Gestão Ambiental,

estamos incluindo naestrutura organizacional, atividadesde planejamento,

responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos paradesenvolver,

implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental. Com isso, a gestão

econômica nas empresas deve ser alcançada através do gerenciamento e utilização mais

eficiente dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos eprivados.

De acordo com Vilela e Demajorovic (2006), nas últimas décadas, além da discussão

sobre desenvolvimento sustentável, várias ferramentas e conceitos têm sido discutidos,

entre eles estão: produçãolimpa, produção mais limpa, prevenção à poluição e

ecoeficiência.Contudo, os resultados provenientes dessa mudança de comportamento, não

seconcretizam de imediato, as organizações devem planejar e organizar todos os passos

para aassimilação da variável ambiental na empresa, para que posteriormente ela possa

atingir o conceito deexcelência ambiental, trazendo com isso vantagem competitiva para os

negócios. Essa busca pela excelência das empresas passa a ter como objetivo a qualidade

nas relações e asustentabilidade econômica, social e ambiental.

Segundo o ConselhoEmpresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável

(2007), os elementos daecoeficiência são:

reduzir o consumo de materiais com bens e serviços

reduzir o consumo deenergia com bens e serviços

reduzir a dispersão de substâncias tóxicas

intensificar a reciclagem de materiais

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maximizar o uso sustentável de recursos renováveis

prolongar a durabilidade dos produtos

agregar valor aos bens e serviços

Segundo Dias (2006),empresas ecoeficientes são aquelas quealcançam de forma

continua maiores níveis de eficiência, evitando a contaminação mediante asubstituição de

materiais, tecnologias e produtos mais limpos e a busca de uso mais eficiente ea

recuperação dos recursos através de uma boa gestão.

Conforme Vilela e Demajorovic (2006), ecoeficiência significa gerar mais produtos e

serviços com menor uso dos recursos e diminuição de resíduos e poluentes e tem

conseguido grande aceitação no meioempresarial.

Já para Almeida (2002),a ecoeficiência é uma filosofia de gestão empresarial que

incorpora a gestãoambiental, assim podendo ser considerada uma forma de

responsabilidade ambientalcorporativa.Além disso conseguemencorajar as empresas de

qualquer setor, porte e localizaçãogeográfica a se tornarem mais competitivas, inovadoras e

ambientalmenteresponsáveis.

De acordo com Vilela e Demajorovic (2006), as empresas ecoeficientes são aquelas

que obtêm benefícios econômicos, agilidadeem seus processos e qualidade de seus

produtos, com redução nos custos associados aosdesperdícios de água, energia e

materiais, e à medida que obtêm benefícios ambientais por meioda redução progressiva da

geração de resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissõesatmosféricas, introduzindo em

seu processo gerencial o conceito de prevenção da poluição ede riscos ocupacionais.

No conceito de Dias (2006), a ecoeficiência é obtida através da oferta de bens

eserviços a preços competitivos, e que ao mesmo tempo satisfaçam as necessidades

humanas econtribuam para a qualidade de vida e reduzam progressivamente o

impactoecológico e a intensidade de utilização de recursos, até atingirem umnível que

respeite a capacidade de sustentação do planeta Terra.

Conforme Barbieri (2007), as empresas não podem desconsiderar a capacidade

derenovação dos recursos naturais, pois a exploração predatória leva ao esgotamento

damatéria prima, o que torna insustentável o próprio negócio. Por isso, a gestão

ecoeficienteaproveita ao máximo o potencial dos recursos e reaproveitamento dos mesmos,

por meio de reuso e reciclagem.

Na concepção de Almeida (2007), os elementos da ecoeficiência são:

Reduzir oconsumo de materiais com bens e serviços;

Reduzir o consumo de energia com bens eserviços;

Reduzir a dispersão de substâncias tóxicas

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Intensificar a reciclagem de materiais

Maximizar o uso sustentável de recursos renováveis

Prolongar a durabilidade dos produtos

Agregar valor aos bens e serviços

Segundo Vilela e Demajorovic (2006), a ecoeficiência tem assumido um papel

cadavez mais importante nas estratégias de gestão ambiental das organizações.

Pressionadas poruma legislação mais rigorosa e pelo aumento de custos com o uso dos

recursos naturais, cada vez mais empresas tem superado o paradigma que prevaleceu até a

décadade 1980 de que meio ambiente e competitividade seriam variáveis opostas.

Atualmente isso se tornou uma questão de sobrevivência da organização no

mercado,poisseus clientes tendem a ser mais exigentes tanto no que se refere às condições

de preço e qualidadede seus produtos, como em relação à sustentabilidade, ou seja, elas

serão analisadas pelasociedade de acordo com a sua ecoeficiência.O continuo avanço

tecnológico também vem propiciando mudanças emprocessos e produtos que conciliam o

aumento da eficiência econômica e ambiental dasempresas, e o setor industrial têm a

gestão ambientalcomo ferramenta primordial para a sustentabilidade dos empreendimentos

no mercado de hoje.

De acordo com Dias (2006), ecoeficiência e produção mais limpa, estão entre os

conceitos mais discutidos pelas organizações empresariaisinternacionais e nacionais, pois

são capazes de se completar e fortalecer os Sistemas de GestãoAmbiental nas empresas.

Neste sentido, de acordo com o Centro Nacional de Tecnologia Limpa (2008),

asestratégias fundamentais para a ecoeficiênciasão :

processosecoeficientes

revalorização de resíduos e subprodutos

criação de novos e melhores produtos

alterações das relações entre consumidor e mercado

Com isso, a criaçãode produtos e serviços com novas e melhores funcionalidades,

seguindo regras de eco design,e melhorando o seu desempenho ambiental, pode contribuir

efetivamente para a ecoeficiência.Portanto ter umaprodução mais limpa ou ecoeficiência,

éum diferencial competitivo em relação às demais empresasque não procuram inovar. Desta

forma,a ecoeficiência adiciona novasestratégias proporcionando além da redução de custos,

diminuição do uso de recursos e aumento dos lucros e possível aumento em seu Market

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2.5. Sistemas de Gestão Ambiental (SGA)

Segundo Backman (1997), na década de 90, foram desenvolvidas várias normas e

padrões ambientais internacionais, para a regulamentação dos SGA’s nas empresas. O

primeiro padrão de SGA foi desenvolvido e publicado pela British Standard Institution (BS)

em 1992, esse sistema de gestão é conhecido como BS 7750.

Em 1996, aInternationalStandardizationOrganization (ISO) desenvolveu a série ISO

14000, que está baseada na BS 7750 e estabelece um padrão internacional para um SGA.

A série ISO 14000 que certifica o Sistema de Gestão Ambiental é a ISO 14001.

Segundo Rosen (2001), alguns dos motivos para que as empresas busquem um

melhordesempenho ambiental são:

o regime de leis internacionais que está mudando emdireção a exigências

crescentes em relação à proteção ambiental

o mercado queestá se tornando cada vez mais exigente

o conhecimento e divulgação das causas e conseqüências dos danos

ambientais

A busca de procedimentos gerenciais ambientalmente corretos, incluindo a adoção

de umSistema de Gestão Ambiental (SGA), é justificada pelos seguintes fatores:

1. Os recursos naturais (matérias-primas) são limitados e portanto estão cada vez

mais escassos e mais caros.

2. O crescimento da população exerce forte conseqüência negativa ao meio

ambiente e faz repensar os impactos.

3. A legislação ambiental exige cada vez mais cuidado com o meio ambiente.

4. Pressões públicas locais, nacionais e mesmo internacional impõe cada vez mais

responsabilidades ambientais nas organizações.

5. Bancos, financiadores e seguradoras dão privilégios a empresas ambientalmente

sadias ou exigem taxas financeiras mais elevadas de empresas poluidoras.

6. A sociedade está cada vez mais exigente e crítica no que diz respeito a danos

ambientais e à poluição causados pelas organizações.

7. Organizações não-governamentais estão mais vigilantes, exigindo o cumprimento

dalegislação ambiental, a minimização de impactos e a reparação de danos ambientais.

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8. A imagem de empresas ambientalmente saudáveis é mais bem aceita por

acionistas, consumidores, fornecedores e autoridades públicas.

9. Acionistas conscientes da responsabilidade ambiental preferem investir em

empresaslucrativas sim, mas que sejam ambientalmente responsáveis.

10. Cada vez mais compradores, principalmente importadores, estão exigindo a

certificação ambiental, nos moldes da ISO 14.001, ou certificados ambientais

específicos.

--- Quadro 1 – Benefícios Resultantes do SGA

Fonte: Sturm (1998)

Como podemos notar, mais do que nunca há motivos para as

organizaçõesimplantarem um SGA, seja por motivo legal, social e até mesmo econômico a

fim de se obter vantagens competitivas para a organização. Após a implantação do mesmo,

a própria organizaçãodeve garantir o cumprimento e aprimoramento contínuo do mesmo,

pois ele se torna muito importante para estratégia organizacional da empresa.

Etapas de Implantação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) a) Avaliação Ambiental Inicial

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De acordo com a NBR ISO 14.001 (1996),a avaliação inicial possibilita a formação de

um diagnóstico da organização já que elas possuem uma série de problemas ambientais

que vão desde suas fontes poluidoras, destino de resíduo e despejos perigosos, até o

cumprimento da legislação ambiental. Com isso, uma avaliação ambiental inicial permite às

organizações conhecer seu perfil e desempenho ambiental, adquirir experiência na

identificação e análise de problemas ambientais, identificarem pontos fracos que

possibilitem obter benefícios ambientais e econômicos, muitas vezes óbvios, tornar mais

eficientes à utilização de matérias-primas e insumos para servir de subsídios para fixar a

política ambiental da organização.

b) Implantação

De acordo com a NBR ISO 14.001 (1996),para implantar um SGA a empresa tem

que adotar várias medidasque são exigidas pela norma e pela legislação ambiental. É

necessário que a alta administração defina a política ambiental da organizaçãoe assegure

seu comprometimento com a melhoria contínua, a prevenção da poluição, oatendimento à

legislação e as normas ambientais aplicáveis e demais requisitos subscritospela

organização.

ETAPAS AÇÕES RECOMENDADAS

Designar equipe e coordenador para gerenciar a implantação

Um representante da alta administração para liderar os trabalhos. Iniciar treinamento interno de pessoal para gestão ambiental. Estabelecer meios para a documentação do SGA.

Fazer auto-avaliação da organização

Fazer uma avaliação ambiental inicial. Examinar a existência de um SGA. Fazer uma avaliação de conformidade de toda a legislação ambiental pertinente. Levantar exigências ambientais de clientes.

Definir a política ambiental

Redigir a política ambiental da organização. Redigir a documentação básica do SGA

Elaborar o plano de ação

Fazer um plano de implementação, por escrito, considerando: o que, onde, quando, como, responsável, recursos humanos e financeiros necessários.

Elaborar um manual de gestão ambiental

Revisar e incorporar procedimentos (manuais) isolados existentes. Definir o fluxo de encaminhamento do manual. Testar a eficiência do fluxo, inclusive o acesso. Estabelecer prazos e formas de revisão. Submeter à aprovação da comissão coordenadora.

Elaborar instruções operativas

Plano emergencial para áreas de risco. Para processos operativos.

Revisão e análise Auditoria interna. Auditoria externa

Plano de ação de melhoria

Fazer avaliação de pontos fortes e fracos Fazer avaliação ou reavaliação de desempenho ambiental. Preparar plano e/ou procedimentos específicos para a

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melhoria contínua. Quadro-2- Etapas Implantação SGA

Fonte: http://www.ambientebrasil.com.br

Segundo a norma, a empresa deve estabelecer e manter procedimentos para

identificar os aspectos ambientais de suas atividades, serviços ou produtos, que possam por

ela ser controlados e determinar aqueles que tenham e possam ter impactos significativos

sobre o meio ambiente. Neste momento deve-se elaborar o Levantamento dos Aspectos e

Impactos Ambientais (LAIA) que deve ser periodicamente analisado e atualizado.

A NBR ISO 14.001 considera que a organização deve fornecer treinamento a todos

os funcionários cujas tarefas possam criar um impacto significativo sobre o meio ambiente

os conscientizado sobre a importância da conformidade com a política ambiental, dos

impactos ambientais significativos (reais e potenciais), da preparação e atendimento às

emergências e das conseqüências de procedimentos operacionais específicos.

Ainda segundo a normaNBR ISO 14.001, “a auditoria é um processo de verificação

sistemática e documentada que objetiva obter e avaliar evidências para determinar se o

sistema de gestão ambiental da organização está conforme aos critérios de auditoria do

sistema, estabelecidos pelaorganização, e para a comunicação dos resultados desse

processo de gestão”

c) Operacionalização

A operação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) necessita que na capacitação

emecanismos de apoio a política, os objetivos e as metas ambientais da organização sejam

viáveis. É necessário que no contexto da melhoria contínua da qualidade ambiental, as

exigências de capacitação e os mecanismos de apoio estejam sempre evoluindo, ou seja,

aperfeiçoados ou adequados sempre que se fizer necessário.

Segundo a NBR-ISO 14.001 a operação do SGA engloba os seguintes aspectos:

Estrutura e responsabilidade;

Treinamento, conscientização e competência;

Comunicação;

Documentação do SGA;

Controle de documentos;

Controle operacional;

Preparação e atendimento a emergências.

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EXEMPLOS DE RESPONSABILIDADES AMBIENTAIS

RESPONSÁVEL

Estabelecer a orientação geral Presidente, Executivo Principal, Diretoria.

Desenvolver a política ambiental Presidente, Executivo, Gerente de Meio Ambiente.

Desenvolver objetivos, metas e programasambientais.

Gerentes envolvidos

Monitorar desempenho global do SGA Gerente do meio ambiente

Assegurar o cumprimento dos

regulamentos

Gerente Operacional

Assegurar melhoria contínua Todos os gerentes

Identificar as expectativas dos clientes Pessoal de Venda e de Marketing

Identificar as expectativas dos fornecedores Pessoal de Compras e de Contratação

Desenvolver e manter procedimentos Contábeis

Gerentes financeiros e contábeis

Cumprir os procedimentos definidos Todo o pessoal

Quadro-3 - Exemplos de Responsabilidades Ambientais

Fonte: NBR-ISO 14001(1996)

Como podemos ver no Quadro2, toda a organização está envolvida com

aoperacionalização.O SGA é um processo lento e continuo onde desde a avaliação inicial

até a suaoperacionalização , a organização deve-se preocupar na incorporação da gestão

ambiental na sua estrutura, política e principalmente nas práticasdiárias, considerando-a

parte estratégica da organização quanto a sua sustentabilidade futura.

2.6. Ecodesign

Segundo Borchardt (2007), o ecodesign surgiu na década de 1990, quando

aindústria eletrônica dos EUA procurava minimizar o impacto no meio ambiente decorrente

de sua atividade. A partir dai, o nível de interesse pelo assunto cresceu e os termos

Ecodesign ou Design for Environmentpassaram a ser comuns e diretamente relacionados

comprogramas de gestão ambiental .

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Segundo Karlsson e Luttropp (2006), ecodesign é um método de desenvolvimento de

produtos que tem como objetivo a redução do impacto ambiental e usa a criatividade para

gerarprodutos e processos mais eficientes visando a sustentabilidade.

Johansson (2002) propôs a integração de requisitos de aspectos ambientaisaos

requisitos usuais do projeto de produto, pois antes eram basicamente considerados

osaspectos técnicos e econômicos.

O mapa linguístico da palavra EcoDesign que podemos ver na figura 5, demonstra

que a mesma combina a orientação geral dos negócios em termos econômicos com os

aspectos ambientais.

Figura 5 – Mapa linguístico do EcoDesign

Fonte: Karlsson e Luttropp (2006)

Conforme Venzke (2002), exemplos de práticas de aplicação dos conceitos de

EcoDesign são:

escolha de materiais de baixo impacto ambiental

projetos voltados à simplicidade e modularidade

redução do uso de energia na produção, na distribuição e durante o uso dos

produtos

uso de formas de energia renováveis

produtos multifuncionais

produtos com maior durabilidade

recuperação de embalagens

não utilização de substâncias perigosas

Segundo Boks (2006), alguns fatores que influenciam a implementação do EcoDesign

são:

pressãoexterna e requisitos legais

influências econômicas originárias dos interesses dos parceirosda cadeia de valor

conscientização e valorização do consumidor em relação à redução impacto ambiental de um produto

desenvolvimento de novas tecnologias

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Portanto, oEcodesign nada mais é do que a integração de aspectos ambientais no

projeto e desenvolvimento de produtos, assim gerando produtos e processos mais eficientes

que são concebidos para consumir menos energia e recursos, produzir menos resíduos e

ser mais durável.Um produto com Ecodesign eficaz pode trazer grande redução de custos

para a empresa e reduzir grande impacto ambiental.

2.7. Análise do Ciclo de Vida ( ACV )

Para Chehebe (2002), a Análise do Ciclo de Vida (ACV) é uma técnica de avaliação dos

aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um produto.

Segundo Jungberg(2005), a ACV engloba etapas que vão desde a retirada no meio

ambiente das matérias primas utilizadas nos produtos, até a disposição do produto final.

Os impactos ambientais de um produto são determinados pelas entradas e saídas

durante o seuciclo de vida, no qual se pode obter uma série de efeitos

ambientaisquantificados, tais como:

entradas de matérias primas ou energia

saídas relativas à emissão total de gases,lançamento total dos efluentes, geração

total de resíduos e contaminação total do solo, alémde outras liberações como ruído,

vibrações, radiações e calor.

Para Aurich, Fuchs e Wagenknecht (2006), a análise do ciclo de vida, efetuada no

projeto debens e serviços, pode ter duas perspectivas:

1. Considerando o ponto de vista do produtor. O ciclo de vida do produto começa com o

projetodo produto, seguido pela análise da manufatura do produto, dos serviços

associados e daremanufatura, partindo da premissa de que, para os clientes de

produtos industriais, apreocupação com os produtos foca-se em aquisição, uso e

disposição final. Busca-se umbalanço entre tempo de produção, custos e qualidade.

Como conseqüência, o projeto dociclo de vida de um produto freqüentemente é

orientado com base no paradigma dacustomização em massa

2. Considerando o ponto de vista do consumidor. Neste caso, os autores consideram

que, paraserviços técnicos, existe interação significativa entre produtor e consumidor

nas fases deaquisição, uso e disposição final. O produto passa a ser definido em

função decaracterísticas específicas demandadas pelo consumidor, o que requer

soluçõesindividualizadas. Nesta perspectiva o ciclo de vida é orientado ao serviço e

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definidoconforme o pacote de bens e serviços e respectivos usos, individualmente

para cadaconsumidor.

Giannetti, Biagio e Almeida (2006) destacam as seguintes vantagens na aplicação da

ACV naindústria:

1. Identificar os processos, materiais e sistemas que mais contribuem para o

Impacto ambiental;

2. Comparar as diversas opções, em processo particular, para minimizar oimpacto

ambiental;

3. Fornecer um guia que permita traçar uma estratégica de longo prazoque leve em

conta o projeto e utilização de materiais de um produto.

Segundo Giannetti, Biagio e Almeida (2006), a maior limitação da técnica relativa ao uso

da ACV refere-se à abrangência com a qual deve serefetuada a análise de todo o fluxo de

material e energia. Dentre as fontes de incertezas dométodo destaca-se a exclusão de uma

ou mais etapas do processo consideradas incorretamente de pouca importância, e isso pode

conduzir a erros. Deve-se considerar que a matriz energética de cada região édiferenciada

em relação à emissão de CO2 (hidroelétrica, termoelétrica, etc.) e aabrangência escolhida

para delimitar o escopo de uma análise deve ser coerente com asdemais alternativas para

possibilitar a comparação.

A ACV pode ser adequada para implementar aspráticas do EcoDesign, visto que

permite o levantamento de informações relevantes aoimpacto ambiental tanto na fase de

projeto do produto, no projeto do processo e na disposiçãofinal, após o uso.

2.7. INDUSTRIA AUTOMOTIVA BRASILEIRA

2.7.1. INTRODUÇÃO

A indústria automobilística brasileira se iniciou na década de 20 com a instalação da

Ford Motors do Brasil em São Paulo, em 1923 e da General Motors do Brasil, em1925.

Inicialmente, a indústria automotiva nacional limitou-se somente àprodução e não ao

desenvolvimento tecnológico dos produtos. Os projetoschegavam definidos na sua

concepção básica e a engenharia o adaptava àscondições estruturais e climáticas e definia

as melhoresestratégias de produção (FLEURY E FLEURY, 1995).

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No início dos anos 60, chegaram ao Brasil as empresas automobilísticas do setorde

transporte pesados (Mercedes-Benz, SAAB-Scania), em decorrência dadecisão do governo

de dar prioridade para o transporte rodoviário de cargas. Nadécada de 70, instalou-se a

FIAT (1973), com uma forte ênfase exportadora euma linha de produtos mais atualizados, e

a Volvo-Caminhões (1978). Em ambosos casos, a decisão se instalaram fora da zona

industrial de São Paulo,foi emBetim e Curitiba respectivamente, esse foi o primeiro passo na

descentralização daprodução automobilística no Brasil (FLEURYE FLEURY, 1995).

Ainda segundo Fleury e Fleury(1995), nos anos 80 os padrões de competitividade na

indústriaautomobilística brasileira começaram a mudar significativamente, a GM

aumentouseus investimentos, enquanto a Volkswagen e a Ford se uniram para criar

aAutolatina. Ao mesmo tempo, a FIAT iniciou um programa agressivo paraaumentar sua

participação no mercado brasileiro, aperfeiçoando seus produtos, que até então de baixa

qualidade e preços baixos.

Apesar de que um grande número de projetos tenham sido originados nos anos 80,

as mudanças somente começaram a ocorrer nos anos 90, pois até a década de 90,as

fábricas de automóveis instaladas no Brasil operaram num contexto protegidoe subsidiado.

Após os brutais impactos do Plano Collor, que ocorreu em março de 1990, queconfiscou

quase todas as reservas e deixou a demanda próxima a zero (para asempresas

automobilísticas isto durou quase três meses), seguiu-se a liberaçãodas importações . A

abertura do mercado deixou claro que existia uma grande ineficiência na indústria nacional e

as empresas foramobrigadas a melhorar seus produtos, embora ainda permanecessem

distantes donível de desempenho internacional.

Em meados da década de 90, o modelode produção enxuta e os investimentos por

parte das montadoras chegaram comtoda a força no Brasil (CARS, 1999).

Para as multinacionais, os investimentos representam oportunidade de mercadoe,

para a região que recebe os investimentos representam a oportunidade dedesenvolvimento

local, a melhoria da infra-estrutura (portos, aeroportos,estradas), o aumento das

competências (tecnologia) e aumento das relações como exterior (FLEURY, 1998).

De Acordo com Cars (1999), no Brasil existem dois pólos automotivos já

consolidados, localizados em SãoPaulo e em Minas Gerais, porque foram exatamente

nesses estados onde seconcentraram inicialmente os investimentos da indústria automotiva.

Existem também pólos em desenvolvimento localizados no Rio de Janeiro, Paraná e

RioGrande do Sul que receberam grande volume de investimentos nos últimos anosda

década de 90. Os estados da Bahia eGoiás também receberam novas fábricas da Ford e

Mitsubishi respectivamente,mas estes ainda não formaram um pólo de produção

automotiva.

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Segundo CNI (2012), atualmente a indústria automobilística brasileira posiciona-se

entre os maiores do mundo: o Brasil é o 4° maior mercado e o 6° maior produtor automotivo

mundial em 2010.

Estão estabelecidos no país os mais importantes grupos automotivos presentes no

cenário global. São 20 fabricantes de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e

ônibus) e 7 produtores de máquinas agrícolas que são: tratores, colheitadeiras e outros

produtos.

FIGURA 5-Complexo automotivo Brasileiro

FONTE:CNI,2012

O complexo industrial automotivo, como podemos verificar na figura 5, é composto por

indústria fornecedora de autopeças e fabricantes de veículos e máquinas agrícolas, além de

desenvolvida engenharia automotiva nacional e quadro de pessoal altamente qualificado. Na

ponta do mercado, setores de comercialização e de serviços cobrem todo o país (CNI,

2012).

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FIGURA 6- Cadeia econômica automotiva

FONTE:CNI,2012

Segundo CNI (2012), a indústria automobilística tem efeitos sobre múltiplos setores da

sociedade. Mais de 200 mil empresas no Brasil têm suas atividades ligadas ao setor

automotivo.

Nas figuras 7 e 8,podemos verificar a quantidade total de veículos fabricados

elicenciados nos anos de 2002 até 2013 no Brasil.

FIGURA 7- Produção de Veículos Brasil

FONTE:CNI,2012

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FIGURA 8- Licenciamento de veículos novos

FONTE:CNI,2012

Como podemos verificar na figura 9, os veículos de motorização 1.0 representam

historicamente mais de 50% da produção e do mercado interno automotivo brasileiro (CNI,

2012).

FIGURA 9- Licenciamento de veículos por combustível (2011)

FONTE:CNI,2012

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2.7.2. QUESTÕES AMBIENTAIS

“A expressão Carros ‘Mais Verdes’ pode terinterpretações distintas para

pessoasdiferentes.Para algumas, pode significar a redução dasemissões, as grandes vilãs

no aquecimentoglobal. Significa a redução do consumo decombustíveis fósseis nos veículos

eprocessos de produção.Para outras, ‘mais verdes’, significa aredução da poluição. Em

outraspalavras,veículos e processos de produçãoutilizariam alternativas

energéticasconvencionais, porém mais limpas. Istotambém implica o desenvolvimento

defontes de energias alternativas.Existem também aquelas que acreditam que‘mais verde’

significa carros mais recicláveis”(TOYOTA, 1999).

De acordo com Kazazian (2005), a indústria automotiva atua em mercado

competitivo, de alto valor agregado, e com distribuição de produtos em nível mundial.

Devido a requisitos de segurança, a tolerância a falhas é pequena e,de modo geral, veículos

têm apresentado balanço ambiental negativo. Na fase de produção, são deslocadas quinze

toneladas de matéria-prima, dez vezes o peso médio do produto final, e são requeridos

quarenta mil litros de água.Na fase de utilização, há consumo de combustíveis e

lubrificantes e consequentes emissões de CO2e SO2(gases associados ao efeito estufa e à

chuva ácida). Na fase de descarte, há problemas com a destinação de pneus e com a

reciclagem de plásticos e de resíduos eletroeletrônico. Já os metais, de modo geral, são

aproveitados como sucata metálica e matéria-prima da indústria siderúrgica.

Segundo Borchardt,Poltosi e Sellito (2008), os fabricantes automotivos restringiram o

uso de substâncias perigosas através das chamadas lista negra e cinza. Na lista negra,

estão listadas as substâncias totalmente proibidas, e na lista cinza, estão listadas as

substâncias que podem ser utilizadas em quantidades restritas. Para ambos os casos, o

fornecedor da indústria automotiva deve emitir uma declaração confirmando que seu

produto atende às restrições e caso não consiga atender às restrições, deve solicitar

derroga temporária à montadora, justificando o desvio, e apresentando um plano de ação

para regularização. Além disso o fornecedor deve registrar todosos produtos na International

Material Data System (IMDS), que é um banco de dados com registros de todas as partes

de itens automotivos e suas respectivas composições químicas.

A respeito da reciclagem e ao reaproveitamento, cabe observar que as normas do setor

impedem que itens de segurança que falharam, possam ser retrabalhados ou recuperados.

No entanto, é possível modificar o projeto, de modo que itens que apresentaram falhas

possam ser facilmente desmontados e as suas partes recicladas.

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Abaixo podemos ver alguns exemplos de quea indústria automotiva tem consciência

de seu papel nas questões ambientais e tem trabalhado para reduzir os impactos causados

pelas suas atividades produtivas e uso de seus veículos.

desenvolvimento de motores de alto rendimento e com energias alternativas,

como a elétrica;

fabricação de partes facilmente recicláveis;

desenvolvimento de lubrificantes sintéticos de alta durabilidade;

possibilidade de uso combustíveis renováveis;

2.7.2.1 Matriz industrial e sustentabilidade

Segundo CNI (2012),a questão ambiental é um dos pilares da sustentabilidade da

matriz industrial dosetor automotivo. Sistemas, processos e gestãopara maior qualidade

ambiental, com processos de produção limpos, economiade recursos, redução de

desperdício, tratamento e redução de efluentes, além deganhos de competência e

produtividade nas empresas, são fatores essenciais paraa sustentabilidade nas empresas.

As políticas e os princípios de sustentabilidade ambiental e social adotados na

indústria, sãoaplicáveis a todas as cadeias de suprimentos anteriores eposteriores às linhas

de montagem, alinhando fornecedores de matérias-primas eintermediários, bem como

logística e concessionários.

Na questão ambiental da indústria automobilística, os principais indicadores

dizemrespeito à queda de consumo de insumos por veículo produzido,redução dos gases de

efeito estufa e resíduose resíduos reciclados. Na figura 10, 11 e 12 podemos verificar como

a indústria vem cada vez mais reduzindo os insumos utilizados nas suas atividades e

também a emissão de gases do efeito estufa.

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Figura 10- Utilização de Insumos da Indústria Automobilística Brasileira

FONTE:CNI,2012

Figura 11- Emissões de Gases de Efeito Estufa da Indústria Automobilística Brasileira

FONTE:CNI,2012

Figura 12- Gerenciamento de Resíduos da Indústria Automobilística Brasileira

FONTE:CNI,2012

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No quadro3, podemos ver os principais resíduos gerados pela indústria automotiva

Brasileira.

Quadrox- Principais Resíduos na Indústria Automobilística Brasileira

FONTE:CNI,2012

2.7.3. SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Segundo CNI (2012), a indústria automobilística é uma indústria com reflexos em

cadeias importantescomo a siderúrgica, eletrônica, informática, combustíveis e

agroindústria, além deuma infinidade de serviços. Por isso, a indústria automobilísticaé uma

forte cadeia econômica com múltiplos efeitos sobre o aspecto econômicoe social. Seus

produtos, os veículos, continuam por anos a gerar novas rendas eimpostos, movimentando

novos negócios, empregos e investimentos.

Considerando os impactos negativos e positivos a partir desuas atividades e de seus

produtos na sustentabilidade, a indústria automobilísticatrabalha seguindo princípios

ambientais e socioeconômicos para tornar os processos de produção e administração mais

enxutos e mais limpos, tornar seus produtos mais econômicos e ambientais, e promover

melhorias nas comunidades e regiões onde está instalada, por meiode investimentos e

ações sociais, econômicas e ambientais.

Abaixo podemos verificar alguns dos princípios de sustentabilidade da indústria

automotiva.

• Sustentabilidade nos Produtos

Performance dos motores e veículos

Redução de emissões atmosféricas

Desenvolvimento de produtos com energia alternativa

Redução de ruídos

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Novas tecnologias e materiais verdes

Reciclabilidade

Nanotecnologia e eletrônica embarcada

• Sustentabilidade nas Fábricas

Compras sustentáveis

Acompanhamento da cadeia de fornecimento

Economia de energia e recursos

Redução das emissões e tratamento de efluentes industriais

Gerenciamento de resíduos, com redução, reutilização e reciclagem

Melhoria da logística

Qualificação dos trabalhadores

Condições de trabalho adequadas

Valorização das pessoas

• Sustentabilidade nos Escritórios

Economia de energia e recursos

Funcionalidade

Redução de desperdício

Reaproveitamento de materiais e insumos

Melhoria dos índices de reciclagem

Uso máximo de energia solar

• Sustentabilidade nos Concessionários

Melhoria da eficiência energética das instalações

Economia e redução de recursos (água, eletricidade, ar condicionado)

Destinação adequada de resíduos e efluentes

• Sustentabilidade nas Comunidades

Investimentos

Emprego e trabalho

Qualificação profissional

Renda

Qualidade de vida

Inclusão social

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2.7.3.1 Mobilidade eSustentabilidade

Segundo relatos da CNI (2012), o tema da mobilidade urbana nas metrópoles passa

a ser presença constante ecrescente na vida dos cidadãos, dos governantes e das

empresas, devido aos seus efeitossobre a qualidade de vida dos habitantes, sobre o meio

ambiente e mesmo sobre acompetitividade das economias metropolitanas. A

mobilidadeurbana vai além dos problemas de congestionamento do dia a dia, pois é uma

questãosocial, ambiental e econômica, tanto para o cidadão quanto para a própria

sustentabilidade das economias das metrópoles.

Desta forma, cabe a indústria automobilística o desenvolvimento e a produção de

veículos tecnologicamente aptos a promovera redução do consumo de combustível,

menores níveis de emissões e ruídos,motorizações com combustíveis alternativos e

veículos aptos a rodar dentro dospadrões de segurança veicular exigidos, além dissoé

constante a busca por tecnologias que se traduzam em mobilidade e

sustentabilidadeambiental das metrópoles, tanto aos veículos para o transportepessoal

quanto para o transporte público.

2.7.3.2 Frota e sustentabilidade

SegundoCNI (2012), a frota de veículos do Brasil é estimada em cerca de 32 milhões

de veículos (2010),sendo 28 milhões de automóveis e cerca de 4 milhões de veículos

comerciais leves,caminhões e ônibus.

As projeções indicam que o mercado brasileiro poderáadquirir mais de 6,3 milhões de

veículos por ano nos próximos anos, sendo que a estabilização dafrota brasileira ocorrerá

com cerca de 70 milhões de unidades após 2020, sendo assim seria um veículopara cada

três habitantes.

Nos últimos anos, vem ocorrendo renovação natural da frota brasileira e redução

desua idade média. Atualmente considera-se que a frota brasileira de automóveis e

comerciaisleves tenha idade média de cerca de 8 anos.

A renovação da frota e a adoção de programas de inspeção veicular em

nívelnacional, juntamente à futura estabilização da frota, contribuirão para a melhoria

daqualidade ambiental, da mobilidade urbana e da segurança de trânsito, que são

fatoresrelevantes de sustentabilidade.

Na figura 14 podemos verificar o cenário da frota da de veículos do Brasil.

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Figura 14- Frota de Veículos Brasil-2010

FONTE:CNI,2012

2.7.3.3 Cadeia da Sustentabilidade

Conforme CNI (2012), no mundo todo são intensos os trabalhos de pesquisa e

desenvolvimento de inovaçõese tecnologias para a cadeia de sustentabilidade da matriz

energética veicular,envolvendo combustíveis e veículos.

Na área de combustíveis, os trabalhos concentram-se em novas fontes

energéticasalternativas aos combustíveis fósseis, biocombustíveis renováveis, combustíveis

sintéticose célula de combustível. Na área de motores, os desenvolvimentos visam à maior

eficiência energética para os motores de combustão interna, veículos híbridos e motores

elétricos.

No Brasil, a viabilização técnica e econômica está no planodos motores a combustão,

com a utilização de derivados de petróleo e biocombustíveiscomo o etanol e o biodiesel. Há

também casos pontuais de utilização de motores elétricosveiculares ou híbridos, em geral

para frotas de empresas e instituições.

Na figura 15, podemos ver a cadeia da sustentabilidade automotiva.

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Figura 15- Cadeia da Sustentabilidade Automotiva

FONTE:CNI,2012

2.7.3.4 Biocombustíveis

Segundo CNI (2012), com o etanol o Brasil é pioneiro no mundo na utilização

emlarga escala de biocombustívelrenovável como energia veicular.

A partir de 1979, com o Programa Nacional do Álcool e o início da produção de

veículosa etanol, criou-se no país uma nova e extensa cadeia econômica, da produçãodo

etanol na agroindústria canavieira. Entre 1979 e 2000 foramproduzidos 5,6 milhões de

veículos movidos exclusivamente a etanol.A partir de 2003, com desenvolvimentos

tecnológicos próprios, são lançados noBrasil os veículos flexfuel, que podem consumir

indistintamente, ou ao mesmotempo, etanol e gasolina, em qualquer proporção. Já são 15

milhões de veículosflex em circulação no país, que representam mais de 40% da frota, da

ordem de32 milhões de veículos (2010).

Além dos benefícios socioeconômicos estão os ganhos ambientais da produçãoe do

consumo do etanol, com a redução das emissões de CO2 na atmosfera.

O balanço ambiental do etanol é positivo, considerando-se que suas emissões

deCO2 durante o consumo são compensadas pelo cultivo de cana-de-açúcar para

aprodução do combustível.

Na figura 17, podemos verificar as vantagens da utilização do etanol.

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Figura 17-Vantagens da Utilização Do Etanol

FONTE:CNI,2012

2.7.3.5 Veículos flexfuel

Segundo CNI (2012), os veículos flexfuel são projetados para serem abastecidos com

gasolina, etanol ou qualquer mistura destes dois combustíveis. Por meio de alguns sensores

especiais, o computador de bordo reconhece qualé o combustível e ajusta adequadamente

os parâmetros de combustão do motor.

Introduzido nobrasil em março de 2003, os veículos flex já representam mais de 40%

da frota de veículos leves no Brasil e vem aumento a cada ano, como podemos verificar na

figura 16.

Figura 16- Licenciamento de veículos Flex Fuel

FONTE:CNI,2012

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2.7.3.6 Biodiesel

Segundo CNI (2012), nos últimos anos o Brasil passou a desenvolver o Programa do

Biodiesel, que podetransformar-se em nova e importante cadeia econômica sustentável,

com fortes reflexoseconômicos, sociais e ambientais.

Com esse programa, o Brasil passou a adicionar 2% de biodiesel (óleo vegetal

esterificado,biomassa renovável) ao combustível diesel consumido no país pelos veículosde

transporte de carga e de passageiros. Atualmente, a adição do biodiesel já chega a 5%.

As projeções indicam grande participação dos biocombustíveis no consumo

deenergia veicular do país, com efeitos positivos sobre o equilíbrio ambiental e geraçãode

novas economias no interior do país. Na figura 18 abaixo, pode-se constatar essas

informações.

Figura 18-Biocombustíveis

FONTE:CNI,2012

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2.7.3.7 Ganhos ambientais dos veículos

Conforme CNI (2012), os produtos automotivos têm longo ciclo de vida e isso

representa impactos significativosna sociedade, em termos de meio ambiente, mobilidade

urbana, segurança detrânsito e na sustentabilidade.

São fundamentais investimentos em inovações nos veículos quanto às tecnologias de

motores e de combustíveis alternativos e quanto aopróprio design e performance geral dos

produtos automotivos.Motorizações mais eficientes, de menor consumo e menores

emissões, bem comocombustíveis alternativos aos derivados de petróleo, estão no foco dos

projetos doscentros de pesquisas e desenvolvimento automotivo no Brasil e em todo o

mundo.

Os ganhos de eficiência energética e de redução de emissões no Brasil são

significativos.No caso das emissões, os veículos brasileiros leves e pesados cumprem

oatendimento de suas respectivas legislações, com redução de emissões de monóxidode

carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxido de nitrogênio (NOx), aldeídos totais(CHO) e

material particulado (MP).

Já é intensa a utilização de novos materiais e tecnologias menos poluidoras e

maisrecicláveis e isso se intensificará e se consolidará no futuro. A introdução dos

chamados“pneus verdes”,de menor coeficiente de atrito, menor desgaste emaior

durabilidade, amplia-se nas linhas de montagem, gerando ganhos ambientaisnas operações

dos veículos em uso.

Como resultado representativo do Proconve – Programa de Controle da Poluição

doAr por Veículos Automotores, constata-se que um automóvel de hoje emite 28

vezesmenos que um veículo produzido nos anos 1980.

A partir de 2012 e 2013, entram em vigor os novos limites de emissões para

veículosa diesel (fases P 7 e L 6 do Proconve, equivalentes à Euro 5), estabelecendo

novasreduções de emissões, sobretudo de óxido de nitrogênio e de material particulado.

No caso dos veículos leves do ciclo Otto (gasolina e etanol), nova etapa (L 6) entrou

emvigor em 2014, reduzindo os limites de emissões.

Como podemos verificar na figura 19 abaixo,os limites de emissões veiculares no

Brasil avançam e equiparam-se aos padrõesinternacionais, tanto para veículos leves como

para pesados.

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Figura 19-Limites Emissões Veículos Leves

FONTE:CNI,2012

Como podemos verificar nas figuras 19 e 20 abaixo, entre 1985 e 2011, o Brasil

reduziu em 97% os níveis de emissões veiculares.

Figura 19-Redução de EmissõesVeículos Leves

FONTE:CNI,2012

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Figura 20-Redução de EmissõesVeículos Pesados

FONTE:CNI,2012

2.7.3.8 Proconve – Ganhostecnológicos e ambientais

Segundo CNI (2012), o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos

Automotores (Proconve) foi criado em 1986, e estabeleceu novos paradigmas para as

emissões veiculares no Brasil. Abaixo podemos verificar alguns dos benefícios que o

programa trouxe.

• Modernização do parque industrial automotivo brasileiro como produtos de nível

internacional, processos produtivos modernos e aumento da produtividade.

• Adoção, atualização e desenvolvimento de novas tecnologias como injeção

eletrônica, catalisadores e cânisters.

• Melhoria da qualidade do combustível como a eliminação do chumbo, redução do

enxofre e ampliação do uso de biocombustíveis.

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• Formação de técnicos altamente qualificados, desenvolvimento de tecnologia

brasileira, uso de biocombustíveis edesenvolvimento do flexfuel.

• Investimentos na cadeia produtiva, em novos produtos e em laboratórios de

controle.

2.7.3.9 Os veículos do futuro

Segundo CNI (2012), os veículos caminham para inovações e tecnologias que

favoreçamo meio ambiente, a mobilidade urbana e a segurança do trânsito.

Com o processo dinâmico da tecnologia, os veículos tornam-se mais sustentáveis.

Há uma verdadeira revolução tecnológicanos centros mundiais de pesquisa e

desenvolvimento de veículos, priorizando cadavez mais no DNA dos veículos do futuro os

conceitos de segurança veicular, qualidadeambiental e mobilidade urbana. São projetos que

enfatizam carros compactos,motorizações de maior eficiência, menor consumo e menores

emissões e uso decombustíveis alternativos aos derivados de petróleo.

A eletrônica, a informática e a conectividade das mais variadas formas estão e

estarãoem crescente presença nos veículos, acionando-os e movimentando-os,

definindopercursos e orientando operações de maior dirigibilidade ao condutor, com

economiade tempo e de recursos, com adequados padrões de segurança de trânsito e de

qualidadeambiental. Novos materiais e a nanotecnologia tornam os veículos mais leves

etambém mais recicláveis ao fim do ciclo de vida.

As emissões de poluentes dos veículos serão cada vez menores eaté provavelmente

eliminadas. Biocombustíveis, veículos híbridose elétricos já são realidades que ganham

campo. Outras energias veiculares,como célula de hidrogênio e outras ainda inimagináveis,

serão testadas em novasformas de mover os veículos nos anos futuros.

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3. METODOLOGIA

3.1 Definição de metodologia

Segundo GIL (1996), a pesquisa é “desenvolvida mediante o concurso dos

conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros

procedimentos científicos”.

BERTO e NAKANO (1998) relatam que: A metodologia da pesquisa provê subsídios

ao planejamento e desenvolvimento sistematizado de uma investigação científica, a respeito

de um fenômeno observado na "realidade do mundo físico/material". Utiliza um ou vários

métodos combinados de observação, de maneira a aprender fatos e dados dessa realidade,

com a intenção de entender, explicar e, se possível ou necessário, aplicá-la ou replicá-la em

favor de outros eventos ou episódios semelhantes. Os métodos de pesquisa assim como os

instrumentos para a coleta de dados devem ser escolhidos e organizados de acordo com o

propósito de cada investigação.

3.2 Visão geral dos métodos de pesquisa

De acordo com Silva e Menezes (2001), a abordagem do problema, as pesquisas

poderão ser classificadas em dois tipos:

Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito,

isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito,

que torna impossível traduzi-los em números;

Quantitativa: salienta o uso de recursos e de técnicas estatísticas e considera que

tudo pode ser quantificável.

Segundo GIL (1996), as pesquisas podem ser classificadas quanto ao seu objetivo

em três grupos:

Exploratória: têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema,

com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. O planejamento de

pesquisas exploratórias é bastante flexível, sendo que na maioria dos casos, assume

a forma de pesquisa bibliográfica ou estudo de caso;

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Descritiva: têm como objetivo primordial a descrição das características de

determinada população ou fenômeno, podendo também estabelecer relações entre

variáveis. Assume em geral a forma de Levantamento;

Explicativa: têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou

que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Assume, em geral, as formas de

Ainda segundo o autor, entre os métodos de procedimentos técnicos, as pesquisas

podem ser classificadas como :

Bibliográfica: é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído

principalmente de livros e artigos científicos;

Documental: assemelha-se à pesquisa bibliográfica, no entanto a pesquisa

documental vale-se de materiais que não receberam ainda tratamento analítico, tais

como arquivos de órgãos públicos e instituições privadas;

Experimental: consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis

que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação

dos efeitos que a variável produz no objeto;

Levantamento: caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo

comportamento se deseja conhecer;

Estudo de caso: é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de

poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento;

Ex-post-facto: quando o “experimento” se realiza depois dos fatos;

Pesquisa-ação: quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação

ou com a resolução de um problema coletivo;

Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e

membros das situações investigadas.

3.3. Caracterização de pesquisa

Para alcançar os objetivos propostos, o método utilizado foi realizado por meio do

levantamento dos principais estudos teóricos e empíricos que abordam e analisam o

desenvolvimento sustentável da indústria automotiva focando na questão ambiental e

competitiva.

Primeiramente fez-se um levantamento bibliográfico e sua contextualização sobre

osconceitos que envolvem o desenvolvimento sustentável e sua aplicação como prática

estratégica de aumento de competitividade e diminuição de impactos ambientais

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causadospela organização, isso ocorre por meio da implantação de Sistema de Gestão

Ambiental e aplicação de vários outros conceitos sustentáveis.

A segunda parte do estudo baseou-se em estudos de caso referente à aplicação de

conceitos abordados no primeiro momento e suas práticas aplicadas a indústria

automobilística, mostrando os resultados por ela alcançados na implantação desses

conceitos.

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4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Estudo de Caso 1: Grupo FIAT do Brasil – Implementação de SGA

Segundo Corá e Corá (2005), a preocupação ambiental vem sendodemonstrada pelo

Grupo Fiat no Brasil que por meio de açõesambientais possui processos aperfeiçoados de

gerenciamento de recursos e odesenvolvimento de pesquisas ambientais que conscientizam

seus funcionários eproporciona qualidade nosprocessos e produtos gerando redução de

custo, aumento dalucratividade e melhoria de sua imagem institucional.

Instalada desde 1976 em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte, a montadora

FIAT,em 2006 produziu oito milhões e trezentos mil automóveis, obtendo um faturamento

brutoaproximadamente de US$8 bilhões.

Desde 1990, a Fiat investiu cerca de US$ 90 milhões em tecnologia e projetos para

apreservação e melhoria do meio ambiente. A crescente preocupação com o meio ambiente

éresultado de uma profunda reflexão da sociedade mundial onde busca possuir um eficiente

sistema de gestão ambiental que proporcione conscientização entre seus colaboradores e o

uso de tecnologias mais adequadas para o controle de poluição e gestão dos

impactosambientais.

As diretrizes e padrões legais de emissão de poluentes, estabelecidos

peloPROCONVE, são seguidos à risca pela Fiat, utilizando modernas tecnologias

deotimização de motores, diminuindo as emissões e tornando seus veículos ainda

maiseconômicos. Devido a essa consciência de preservação do meio ambiente que a Fiat

foiaprimeira montadora no Brasil, a receber o certificado ISO 14.001.

Princípios e Diretrizes da Política Ambiental

Considerando que a conservação do meio ambiente é essencial para a qualidade de

vida epara o desenvolvimento sustentável, a Fiat Automóveis segue a seguinte política:

• Manter um Sistema de Gestão Ambiental para assegurar o atendimento

aosrequisitos legais e outros requisitos em seus processos, produtos e serviços.

• Promover a utilização otimizada de recursos energéticos.

• Gerenciar os resíduos industriais, minimizando a sua geração e otimizando

areciclagem dos mesmos.

• Buscar a melhoria contínua do desempenho ambiental de suas atividades,

visandosempre à prevenção da poluição e aplicando tecnologia economicamente viável.

• Produzir veículos condizentes com a legislação ambiental vigente.

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• Promover a conscientização e o envolvimento dos seus colaboradores,

contratadose subcontratados que trabalham em suas instalações para que atuem de

formaambientalmente correta.

Em busca de alcançar essas diretrizes, o Grupo FIAT possui alguns

programasambientais onde a partir deles a organização implantou seu SGA,e esses

programas fazem parte do planejamento estratégico da mesma.

Abaixo podemos verificaros programas que demonstram as interfaces da FIAT com o

meio ambiente:

a) Ilha Ecológica É umespaço dentro da fábrica de automóveis em Betim, onde os resíduos industriais

sãoseparados por categoria, armazenados e transformados em novas matérias-primas por

meiode processos de reciclagem. Este processo é feito por empresas de reciclagem ou

detratamento, que tenham suas atividades licenciadas pelos órgãos ambientais

competentes.

As vantagens do projeto: • Desde 1994, a Ilha Ecológica já permitiu a reciclagem de aproximadamente 18 mil

toneladas de papel e papelão;

• São mais de 360 mil árvores poupadas a partir da reciclagem de papel;

• 6.150 toneladas de plásticos diversos e 1.700 toneladas de isopor foram recolhidas

e encaminhadas para reciclagem. Essas quantidades são equivalentes à utilização

de 78 toneladas de petróleo como matéria-prima.

O programa seletivo da montadora é baseado nos 5S: organização, participação,

simplificação, limpeza econservação. A Fiat inovou ao acrescentar os 3R: redução na

geração de resíduos;reutilização dos resíduos ao máximo; e reciclagem com a utilização de

matéria-prima para afabricação de outros produtos.

A Fiat promove a reciclagem de isopor, óleos, borras de tinta, papéis, plásticos,

chapas deaço, limalhas de ferro, madeiras, entre outros materiais totalizando 17 mil

toneladas deresíduos sólidos por mês, que são transformados em matéria-prima nos

diversos segmentosda indústria de transformação. A Ilha Ecológica possibilita a reciclagem

de 90% do que é gerado nosprocessos de produção.

Todos os trabalhadores da fábrica estão habituados a separar olixo para a

reciclagem, pois a coleta seletiva é fundamental nesse processo.

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b) Estação de Tratamento de Água Há nove estações de tratamento dos efluentes líquidos,provenientes dos serviços

higiênicos e dos processos produtivos da fábrica. Para isso édotada de sistemas de esgotos

separados: sólidos, líquidos e gasosos.

Com isso, a Fiat consegue uma recirculação de 92% de toda água utilizada em

seusprocessos. Desde a implantação deste sistema em 2001, o tratamento de efluentes

jáeconomizou nove bilhões de litros de água, o suficiente para abastecer uma cidade

comcerca de 120 mil habitantes por um ano.

A COPASA, Concessionária de Água de MinasGerais, disponibiliza esta água para

comunidades e empresas, que não precisam investir naconstrução de estruturas de

tratamento de água.

c) Estação de Tratamento de Poluentes A Fiat foia primeira montadora do Brasil a eliminar totalmente as emissões de

solventesprovenientes dos fornos de secagem da pintura. Para isso a empresa investiu 11,5

milhões dedólares em equipamentos, para monitorar continuamente as emissões mais

relevantesde seu processo e assegurar-se de que elas atendam os limites da legislação.

Uma indústria automotiva produz gases nas etapas de secagem da pintura,

essesgases são coletados e purificados, por meio de incineração, por pós-combustores

importadosde última geração evitando a liberação de poluentes. Após esse processo o ar

que retorna àatmosfera encontra-se completamente livre dos solventes e gases poluentes.

d) Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores

(PROCONVE) A Fiat utiliza modernas tecnologias de otimização de motores, o que diminui as

emissões depoluentes. As diretrizes e padrões legais de emissão de poluentes

estabelecidos peloPROCONVE, são seguidos à risca pela Fiat, tendo comometa a redução

da contaminação atmosférica, a empresa realiza um exigenteacompanhamento de sua linha

de produção.

e) Programa FARE – Fiat Auto Recycling A fábrica de Betim aboliu os gases CFC e o chumbo na confecção decarroceria. Toda

a linha Palio foi projetada para ser montada e desmontada, enquanto aspeças plásticas com

peso superior a 300 gramas são marcadas para facilitar a separação deplásticos

reaproveitáveis dos não-reaproveitáveis no desmanche, facilitando a reciclagem.

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f) Projeto Estacionamento Ecológico Esse programa prevê o aluguel deautomóveis elétricos com livre acesso a áreas

restritas a veículos movidos por combustíveispoluentes. O objetivo é reduzir o número de

automóveis nas zonas consideradas críticas sobo ponto de vista de poluição atmosférica

sem afetar o livre acesso da população.

g) Investimentos no Controle Ambiental A Fiat Automóveis foi à primeira montadora brasileira de automóveis e veículos

comerciaisleves a obter o certificado de qualidade ambiental ISO 14.001. Para obter a

mesma, a montadora teve que implantar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) que, em

umaprimeira etapa, detectou a necessidade de aperfeiçoamento e treinamento em

diversossetores, com isso o SGA investiu 54 mil horas de treinamento a funcionários e

terceirizados.

Para conscientizar os fornecedores foi desenvolvido um trabalho de motivação junto

a eles, através de visitas e solicitação para que se adequassem às novas regras. Além disso

os fornecedores da montadora precisam ter desde licenciamentoambiental até inspeções

nas empresas.

Resultados

O Grupo FIAT alcançou excelentesresultados financeiros a partir da implantação so

Sistema de Gestão Ambiental. A empresa tem açõesde sensibilização junto aos

funcionários, visando à redução do desperdício em todas as áreasda empresa, desde os

processos produtivos degestão da água, ar comprimido, energiaelétrica, vapor e

combustíveis até amudança dos hábitos pessoais dos colaboradores.

Na tabela 4 abaixo, podemos verificar o status antes e após a implementação do

SGA no Grupo Fiat:

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Quadro x. Comparação do SGA do Grupo Fiat

ANTES DEPOIS

Consumo de Energia

Elétrica

795kWh/ veículo 430 kWh/ veículo

Consumo de Água 7,0 m3/ veículo 4,0 m3/ veículo

Recirculação de Água 60% 92%

Geração de Resíduos 400 kg/ veículo 250 kg/ veículo

Reciclagem de resíduos 70% 90%

Lixo doméstico 500 t/ mês 96 t/ mês

Fonte: www.fiat.com.br

-

O consumo de energia elétrica e água foram reduzidos em aproximadamente 46% e

43%, ou seja, emambos os casos, houve uma economia de gasto em quase metade do que

se era consumido,sendo que além de ter reduzido o consumo de água 92% dela é

reutilizada na organização.

Além disso ao considerar a geração de resíduos teve a redução de 150 kgpor carro

produzido, além disso, sobre esses resíduos ainda 90% são reciclados. O lixodoméstico

reduziu 80% o que demonstra a mobilização e conscientização dosfuncionários.

Todas essas melhorias proporcionadas pelo SGA proporcionaram o reconhecimento

e acertificação ambiental, concedido pela BureauVeritasQuality (BVQ), da Inglaterra,

quepassou a incluir a montadora no seleto grupo de 30 empresas automobilísticas a exibir a

ISSO 14.001 acompanhado da certificação 9002 de qualidade.

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4.2Estudo de Caso 2: Empresas Fabricantes de Componentes automotivos –

Aplicação de Produção + Limpa

SegundoVenanzi e Moris (2013), a pesquisa proposta é classificada como descritiva,

pois visa descrever características de determinada população ou fenômeno, ou estabelecer

diferenças entre variáveis. Esse estudo visa observar as práticas e o perfil ambiental das

empresas fabricantes de componentes automotivos da cidade de Sorocaba (população em

estudo), provendo conhecimento sobre o estado atual dessas empresas em relação à

utilização da Metodologia de Produção Mais Limpa. A amostra analisada é formadapor seis

empresas fornecedoras de componentes automotivos. A amostra pode ser considerada

significativa, pois segundo dados do cadastro do Sindicato Nacional da Indústria de

Componentes para Veículos Automotores (2011), existem 10 empresas deste setor na

cidade.

Assim, por representar 60% da população local e abordar as empresas de grande

porte, conforme dados disponibilizados pelo SINDIPECAS-2010, a amostra escolhidapode

ser considerada expressiva para se traçar um perfil da utilização da metodologia de

produção mais limpa nas empresas fornecedoras de componentes automotivos da cidade

de Sorocaba.

No quadro5 abaixo, podemos verificar as empresas estudadas:

Quadro5–Denominação Empresas

Empresas Produtos Principais clientes

Porte Entrevistado (cargo)

A Molas helicoidais

GM, Autopeças Pequeno Gerente de Produção

B Eixos diferenciais

GM, Toyota, VW

Grande Coordenador de Meio Ambiente

C Sistemas de transmissão

MB, Volvo, Ford, Scania,

Iveco

Grande Técnico do Meio Ambiente

D Rolamentos Montadoras e aftermarket

Grande Gerente da Qualidade

E Baterias Montadoras e distribuidores nacionais e

internacionais

Grande Diretor de Logística e Exportação

F Sistemas de dobradiças

Fiat, VW, Renault,Ford,

Médio Coordenador do Sistema

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GM Integrado de Gestão

Fonte: Venanzi e Moris (2013)

Com o intuito de alcançar os objetivos definidos, o tema foi desenvolvido sob dois

enfoques. Em uma primeira abordagem foram utilizados dados secundários como artigos

publicados em congressos, revistas científicas e livros, que serviram de base para o

referencial teórico e a elaboração de questionários.

Em um segundo momento dados primários foram obtidos com a utilização dos

questionários semi-estruturados. Questionários semi-estruturados foram empregados nesta

pesquisa, pois possibilitaram alcançar um maior número de empresas. Esses foram

elaborados em parceria com profissionais da área Engenharia de Produção e Engenharia

Química e abordaram questões que envolvem as etapas do processo de implementação da

Metodologia de ProduçãoMais Limpa, assim como, de forma geral, outras ferramentas

utilizadas para o gerenciamento ambiental. Os questionários foram enviados às

organizações por meio eletrônico. Os dados obtidos foram tratados de forma quantitativa e

qualitativa, e comparados com os resultados disponíveis na literatura.

Dentre as empresas que receberam os questionários, quatro são empresas de grande

porte cuja maior parte da formação do seu capital é de origem estrangeira, uma de médio

porte comtodo o seu capital de origem estrangeiro e somente uma de pequeno porte e

capital de origem nacional. Todas elas informaram fornecer seus componentes e peças às

montadoras, porém somente a empresa “A”, de pequeno porte, informou que a maior parte

de suas vendas está relacionada a autopeças, sendo somente 10% para montadoras.

A importância da cidade de Sorocaba como pólo industrial pode ser observada

recentemente com o anúncio da construção da nova fábrica da Toyota. Como citado pelo

Jornal Estadão (2010), a instalação da montadora na cidade irá produzir uma grande

transformação no perfil da cidade, poishaverá investimento de R$1 bilhão em sua nova

unidade, e a organização trará outras 12 empresas fabricantes de componentes

(sistemistas) e prestadores de serviço, assim gerando em torno de 1,5 mil empregos diretos.

Pelo fato das empresas de grande porte estarem localizadas próximas aos níveis

superiores da cadeia de suprimentos das montadoras, essas estão mais expostas às

exigências do setor, fato pelo qual mostra o maior númerode certificações. Devido às

exigências do setor, 100% da amostra é certificada pela ISO/TS 16.949 e ISO 9.001.

Somente a empresa de pequeno porte ainda não possui certificação ISO 14.001, porém tem

como meta obter a certificação nos próximos dois anos. As demais, que possuem essa

certificação, foram certificadas entre os anos de 2000-2004 e mostram que os principais

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motivos para obterem as certificações foram relacionados à exigência de mercado e

clientes, e as leis ambientais.

Através dos questionários aplicados pode-se observar que o foco das empresas para a

gestão de seus resíduos sólidos está em reduzi-los, e somente as empresas “B” e “E”

mencionam que a prevenção desses resíduos também é uma prioridade. Além disso,

grande parte dos entrevistados quando citam os seus principais resíduos e seu destino final,

mostram que suas práticas estão mais relacionadas ao terceiro nível hierárquico da

metodologia de Produção Mais Limpa (reuso de resíduos como reciclagem externa) do que

no segundo nível (reciclagem interna) ou primeiro (redução na fonte), conforme pode ser

observado no quadro6abaixo.

Quadro6–Gestão de Resíduos

Empresa Resíduos Sólidos Destino Final

A - Carepa de ferro - Pó de granalha de aço - Borra ácida

- Reciclagem externa

B - Sucata metálica - Madeira - Plástico

- Reciclagem externa - Reutilização como combustível - Reciclagem externa

C - Óleo lubrificante usado - Borra de retífica com óleo - Lodo da estação de tratamento de efluentes

- Refino (reciclagem externa) - Beneficiamento (reciclagem externa) -Co-processamento (reciclagem externa)

D - Cavacos de aço - Galhos plásticos da injeção - Refugo de peças

- Siderurgia p/tornar aço novamente - Reaproveitamento no processo - Siderurgia p/tornar aço novamente

E - Resíduos de chumbo (fundição) - Resíduos sólidos contaminados com chumbo - Resíduos de madeira não contaminadas (Classe IIA)

- Reciclagem externa - Aterro Classe I (licenciado) - Queima em olarias

F - Cavacos - Lama do processo de tamboreamento

- Reciclagem externa - Aterro Classe II

Fonte: Venanzi e Moris (2013)

Quatro empresas responderam possuir como objetivo reduzir as emissões gasosas,

somente a empresa “E” menciona que também preocupa-se em previní-las. Esta questão

para a empresa “F” não é aplicável. A mesma questão foi feita para os efluentes líquidos

gerados, o resultado mostrou que as empresas “B” e “F” apresentaram ações voltadas a

prevenção, enquanto duas empresas citam o foco na reutilização e orestante em redução

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(empresas “C” e “A”). Quanto aos efluentes líquidos gerados, somente a “A” e “F” citam não

possuir estação de tratamento de efluentes própria.

Adoção de P+L

As medidas adotadas pelas empresas para evitar a geração de desperdícios, podem

ser observadas no quadro 7 abaixo.

Quadro 7–Medidas para evitar desperdícios

Empresa Água Energia Matéria-Prima

A Conscientização com palestras

Maior utilização do equipamento

Padronização no processo

B Programas e Metas Ambientais

Maior utilização do equipamento

Padronização no processo

C Programa de Conscientização e eliminação de vazamentos

Projeto de otimização de uso de luz natural

Kaizen

D Tratamento e Reutilização em circuito fechado

Equipamentos modernos com menor consumo de energia

Otimização de processos produtivos

E Reuso da água da chuva

Kaizen Kaizen

F Reutilização da água utilizada nos processos (circuito fechado)

Substituição de telhas metálicas por transparentes, sensores de presença e eliminação de vazamento de ar comprimido

Kaizen

Fonte: Venanzi e Moris (2013)

Pode-se notar que medidas adotadas visando não ocorrer o desperdício de água estão

relacionadas a programas de conscientização, e projetos que objetivam a reutilização na

busca do fechamento do ciclo. A questão relacionada a medidas para evitar o desperdício

de energia se concentram na utilização eficiente dos equipamentos. Com isso, somente as

empresas “C” e “F” citam a possibilidade de evitar o seu desperdício com uma medida que

visa a melhor utilização da luz natural para iluminação do ambiente. Por fim, quanto aos

desperdícios ocasionados em relação às matérias-primas, as empresas mencionam

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melhorias no processo e projetos de melhoria continua como fator primordial na obtenção

desse objetivo.

O monitoramento através de indicadores dos resíduos sólidos, efluentes e emissões

gasosas, são de primordial importância para a melhoria continua de projetos que visam à

Produção mais Limpa. Dentre as empresas entrevistadas, somente a empresa “A” disse não

haver um monitoramento por indicadores. As demais empresas citaram como indicadores o

consumo de água/unidade produzida, resíduos sólidos gerados/unidade produzida e

consumo de energia elétrica/unidade produzida. No caso da empresa “D” tem-se também o

monitoramento por indicadores a quantidade de resíduos sólidos Classe I e Classe II

gerados e das emissões gasosas geradas pelas chaminés.

A reintegração aos ciclos biogênicos, como a compostagem é uma técnica que

nenhuma das empresas abordadas possuem. Com o intuito de observar o quão influente as

decisões sobre práticas sustentáveis estão relacionadas aos seus processos, a questão

sobre na adoção de uma nova tecnologia qual fator que apresentaria prioridade foi

levantada. As empresas “A” e “E” citaram o fator decisivo como sendo o custo, por outro

lado as entrevistadas “F” e “B” mencionaram o aumento da produtividade. Somente a

empresa “D” cita a segurança dessa nova tecnologia, e a “C” o impacto ambiental dessa

nova tecnologia como o fator de maior importância. Também foram abordadas as questões

referentes à substituição de matérias-primas de fontes não-renováveis, por renováveis, três

empresas da amostra responderam que estão direcionando ações quanto a este aspecto.

Dentre as ações tomadas foram citadas, a utilização de pallets de origem de madeira

reflorestada pela empresa “E”, a empresa “C” cita a substituição do gás propano pelo gás

natural como combustível para seus fornos, a entrevistada “A” apostou na troca do

combustível que aquece os fornos (de óleo BPF para o gás natural).

Nestes casos da troca de combustível, vale ressaltar, que estudos feitos mostram que o

gás natural, quando comparado com outras fontes de energia, como óleo diesel e carvão

mineral, reduz em 53% a 65% a emissão dos gases do efeito estufa (MARQUES, 2006).

Quanto a preocupação com a questão do destino final dos seus produtos após o fim da

vida útil, as entrevistadas “A” e “C” não mencionam o tratamento desta questão por suas

empresas. A empresa “B” menciona tratar essa questão em conjunto com seus clientes, a

“E” esclarece que seus produtos são coletados de acordo com a resolução CONAMA

vigente, enquanto a D” e “F” citam que após o fim da vida útil do produto este pode ser

descartado pelo usuário final para reciclagem. Também com o intuito de questionar se as

mesmas possuem a preocupação sustentável na concepção do produto ou processo

(Análise de Ciclo de Vida), somente as empresas “B” e “D” mencionaram adotar a prática na

fase de desenvolvimento pela engenharia do produto.

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No ano de 2000, Madruga, em seus estudos sobre as exigências feitas pelas

montadoras aos seus fornecedores relacionado à gestão ambiental, pode verificar na época

que “As montadoras se limitam, principalmente, a exigir o cumprimento das disposições

legais por parte dos fornecedores, mas também é possível verificar que enviam

questionários para observar a gestão de resíduos.”, hoje, após 10 anos da pesquisa feita

pela autora, pode-se observar algumas mudanças. Por meio das questões aplicadas às

empresas estudadas, pode-se observar que algumas mencionam que seus clientes exigem

a certificação ISO 14.001, enquanto outras citam que as montadoras e de mais clientes

vêem a certificação ISO 14.001 como um diferencial, enviam questionários e buscam em

suas auditorias, reduções de desperdícios e de utilização de metais pesados, pois

claramente houve um aumento na exigência por parte das montadoras.

Esta cobrança também aumentou por parte das empresas entrevistadas com os seus

fornecedores. A empresa “B” menciona que todos seus fornecedores deverão ter a

certificação ISO 14.001 até o final do ano de 2011, as demais empresas mencionam a

exigência de alguns itens da ISO 14.001, assim como o cumprimento das legislações

ambientais e licenças de operação dos órgãos ambientais. Somente a empresa “A” ainda

não faz nenhuma requisição, porém pretende fazer nos próximos anos.

Das empresas selecionadas que responderam o questionário, cinco afirmaram adotar

práticas de produção mais limpa. Todas mencionaram como grande motivo para adotarem a

P+L a redução no desperdício que é possível alcançar. Conforme, menciona a empresa “C”,

outras razões estão relacionadas à melhor utilização dos recursos e baixa geração de

resíduos. A empresa “A” cita também a possibilidade de um ambiente organizacional mais

agradável (ambiente mais limpo devido às tecnologias, pois resíduos são devidamente

coletados em áreas específicas, proporcionando uma melhor organização do local de

trabalho e motivador para os funcionários), já a empresa “D” refere-se ao menor impacto

causado ao meio ambiente.

Barreiras na Adoção de P+L

Entre as barreiras encontradas durante a implantação das tecnologias mais limpas, a

empresa “B” cita não ter passado por nenhum tipo de barreira, enquanto “C” e “D” men-

cionam os aspectos econômicos e a falta de incentivos fiscais do governo para as empresas

que buscam tecnologias mais limpas. Em relação à dificuldade mencionada pela empresa

“D”, recentemente, foi criada uma nova linha de crédito, pelo governo estadual paulista, a

linha economia verde, que pode vir a modificar essa barreira encontrada pelas empresas.

Essa está voltada para o auxílio de projetos que venham a contribuir para a redução da

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emissão de gases estufas, oferece uma das menores taxas de juros do mercado e

possibilidade de financiamento de 100% do projeto.

Com relação às dificuldades encontradas pela empresa “A” tem-se às relacionadas aos

aspectos organizacionais, técnicos e de resistência a mudança. Conforme literatura do

CNTL (2007), consideramos como barreiras organizacionais aquelas relacionadas à

estrutura organizacional e ao envolvimento dos funcionários em projetos de P+L e como

barreiras técnicas listam-se a necessidade de empreender uma avaliação extensa e

profunda para identificação de oportunidades da P+L. O maior número de barreiras

encontradas na empresa “A” pode estar fortemente relacionado com o fato dela ser de

pequeno porte e estar no começo da adoção dessas práticas.

Porém, em estudos feitos por Figueiredo (2004), uma das barreiras mais importante

para o insucesso da implantação de projetos de P+L esteve relacionado à falta de recursos

econômico-financeiros. No entanto, a empresa “A” não o cita como principal dificuldade, e

sim as empresas “C” e “D”, consideradas de grande porte. Tal evidência pode estar

relacionada à empresa “A” ainda estar no começo da implementação da metodologia P+L,

na qual práticas de terceiro nível e modificações pequenas e baratas ainda são a maioria

das atividades feitas.Por fim, a empresa “F” também menciona, assim como a “A”, a

resistência a mudança. A mesma ainda aponta outra dificuldade como a interpretação

limitada do conceito de P+L. Em relação aos elementos facilitadores para a adoção de

tecnologias mais limpas, as empresas mencionaram o apoio da alta direção, a crescente

exigência do mercado e a possibilidade de parcerias e desenvolvimento de produtos com o

auxílio de fornecedores. Por fim, como vantagens as empresas mencionam novamente a

questão da redução de desperdícios que os motivaram, baixos custos, satisfação dos seus

colaboradores e um ambiente de trabalho mais limpo e motivador.

Resultados

Pode-se observar por meio da pesquisa feita que as empresas entrevistadas utilizam

medidas que referenciam a metodologia de Produção Mais Limpa. Neste estudo, utilizou-se

como base a hierarquia da metodologia de Produção Mais Limpa proposta pelo CNTL, desta

forma foi possível observar que as práticas adotadas pela amostra estudada se enquadram,

em grande parte, no nível 2 (reciclagem interna) e 3 (reuso de resíduos, efluentes e

emissões). A melhoria de processo foi a principal medida para evitar o desperdício de

matéria-prima, enquanto para água e energia, tem-se projetos de conscientização e

reutilização, e equipamentos com melhor consumo energético como também a utilização de

energia natural, respectivamente.

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A ferramenta de Análise do Ciclo de Vida do Produto ou Processo mostrou-se ser

pouca utilizada, somente duas empresas citaram a prática, fato o qual reforça que a amostra

de empresas ainda está pouco engajada em práticas que buscam a prevenção. A ACV e a

Produção Mais Limpa podem ser consideradas duas metodologias que se preocupam em

usar tecnologias limpas para evitar a agressão ao meio ambiente, que resíduos sejam gera

englobando a gestão do sistema de produção, auxiliando as organizações a se manterem

ambientalmente sustentáveis. Porém, como citado Produção + Limpa enfoca o aumento da

produtividade através de ações ecologicamente corretas possibilitando o uso racional dos

recursos, de forma geral sua análise se compreende apenas a unidade fabril, enquanto a

ACV engloba dados externos, portanto sendo mais complexa, na qual estudos mais

aprofundados precisam ser feitos, principalmente em relação às consequências ao meio am-

biente.

De forma geral, com o estudo feito podemos observar no quadro 8 abaixo, segundo a

hierarquia da Produção Mais Limpa,a classificação das empresas estudadas.

Quadro 8–Nível hierárquico metodologia de P+L

Empresas Nível 3

reuso de resíduos

como reciclagem

externa

Nível 2

reciclagem interna

Nível 1

redução na fonte

A X

B X

C X

D X

E X

F X

Fonte: Venanzi e Moris (2013)

Assim, a empresa “A” de pequeno porte, ainda está no terceiro nível, com práticas

em que o foco está no reuso de resíduos como a reciclagem externa. A empresa B, possui a

maior parte de suas ações voltadas a reciclagem interna e redução com somente a atitude

de prevenção dos efluentes líquidos gerados, da mesma forma a entrevistada “C” também

possui a maioria de suas atitudes voltadas para o nível 2 da hierarquia da metodologia. No

caso da empresa “D” tem-se novamente o foco das decisões no nível 2. A empresa “E” e “F”

possuem pequenas ações no nível 1, como, no caso da primeira, a prevenção das emissões

gasosas, e a prevenção de efluentes líquidos no caso da última.Pelo estudo feito ter

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abordado em sua maioria as empresas de grande porte de fabricantes de componentes

automotivos da cidade de Sorocaba, a amostra analisada pode ser considerada expressiva.

A partir da análise pode-se inferir que, de forma geral, as empresas ainda se encontram no

nível 2 da hierarquia de Produção Mais Limpa, com o foco em suas ações voltadas para a

reciclagem interna e reutilização.

Por serem fornecedores do ramo automobilístico, pode-se perceber a exigência com

relação às práticas ambientalmente corretas, e a tendência de essa aumentar com o passar

dos anos, não só para os fornecedores das indústrias automotivas, mas também para os

fornecedores desses fabricantes de componentes automotivos. Esse cenário mostra a

importância que a metodologia de Produção Mais Limpa possui e a tendência de cada vez

mais ser adotadas pelas empresas. Quanto às dificuldades encontradas, essas se resumem

em econômicas, organizacionais, técnicas e de resistência a mudança. Em relação aos

aspectos que facilitaram a adoção da P+L, o apoio da alta direção foi fundamental. As

empresas observam diversas vantagens na adoção da metodologia P+L, entre elas a

redução dos custos e desperdícios, satisfação dos seus colaboradores e um ambiente limpo

e organizado. Por meio do estudo feito pode-se observar a tendência crescente da adoção

de práticas de Produção Mais Limpa nos membros da cadeia de suprimentos da indústria

automobilística, motivo o qual está relacionado às legislações rígidas e clientes cada vez

mais interessados nas ações ambientalmente corretas de seus fornecedores.

5. CONCLUSÃO

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A indústria automobilística é uma indústria com reflexos em cadeias

importantescomo a siderúrgica,eletrônica, informática, combustíveis e agroindústria, além

deuma infinidade de serviços. Por ser extensa, a mesmaé uma forte cadeia econômica com

grande impacto na sustentabilidade, desta formaa indústria automobilísticatrabalha seguindo

princípios ambientais esocioeconômicos, a fim de tornar os processos de produção e

administração mais enxutos e mais limpos e consequentemente tornar seus produtos mais

sustentáveis e econômicos.

O conceito de sustentabilidade pode apresentar dois grandes enfoques: o da

competitividade empresarial e o da gestão ambiental. Com isso, uma empresa sustentável

além de se tornar mais competitiva no mercado, ela ainda protege nosso meio ambiente.

Portanto, a cada dia que passa as organizações estão percebendo que agir com

responsabilidade ambiental é vantajoso para a própria empresa, pois problemas ambientais

têm impacto direto nos negócios e quando isso afeta o lucro a questão é levada mais a sério

e com isso as organizações começam a buscar alternativas e implantar conceitos e práticas

sustentáveis que diminuam significativamente os impactos ambientais decorrentes de suas

atividades, desta forma a sustentabilidade pode gerar lucro e competitividade para a

empresa, além de proporcionar melhorias sociais e fortalecimento da imagem

organizacional.

Além disso, cada vez maistanto no mercado nacional quanto internacional, são

exigidas as certificações e a responsabilidade ambiental. Nas indústrias automotivas, o

conceito deecoeficiência tem a finalidade de minimizar o consumo de recursos naturais e os

impactos ambientais, assim relacionando o processo produtivo diretamente com seu

impacto no meio ambiente e por fim proporcionando maior competitividade e lucratividade

para as indústrias.

A avaliação ambiental deve ser a base inicial dessas organizações, pois permite

saber onde e em que estado a organização se encontra em relação às questões ambientais,

para que posteriormente se comprometacom a causa e defina sua política ambiental.É

necessário, que a política ambiental da organização esteja espalhada por toda a empresa, e

além disso é importante ressaltar que o sucesso da mudança se deve à participação e

envolvimento de todos os funcionários com as metas e objetivos estabelecidos.

É de vital importância para a organização e meio ambiente, aceitar e cumprir os

requisitos exigidos por lei, como licenciamento ambiental, controle de emissões, tratamento

de resíduos, etc. Porém vale a pena ressaltar, que em termos de gestão ambiental a adoção

de um SGA não é obrigatória, portanto nenhuma empresa é obrigada a adotar uma política

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ambiental ou procedimentos ambientais espontâneos, a não ser os exigidos por lei

comentados anteriormente.

Como podemos verificar no estudo de caso do Grupo FIAT apresentado, mostra que

ao implementar o SGA, foi dado o primeiro passo na busca do desenvolvimento sustentável

e da excelência ambiental, tomando as medidas necessárias em relação às questões

comerciais, financeiras e jurídicas,que podeminfluenciar a participação da empresa no

mercado, comprometendo seu crescimento e até mesmo sua sobrevivência, permitindo a

concessão da certificação ISSO 14.001 demonstrando o sucesso de práticas ambientais e

tornando-se uma vantagem competitiva no mercado automobilístico no Brasil.

Já no estudo de caso da implantação do conceito de Produção mais Limpa em

fornecedores de componentes automotivos, constatamos que as empresas ainda

necessitam de um maior apoio na estrutura estratégica, pois há grandes diferenças entre as

empresas pesquisadas.Algumas das empresas promovem a reciclagem interna,

modificações em seus processos e se necessário a substituição de matérias-primas,

resultando em eficiência nos processos e reduzindo riscos para a empresa e o meio

ambiente, e além disso são certificadas ISO 9001, portanto já têm a cultura favorável para a

implementação de P+L. Entretanto, as demais empresas estudadas ainda necessitam de

ajustes, para se enquadrarem à metodologia. Logo com os resultados apresentados,

podemos perceber que a cultura organizacional também tem grande influência na adoção da

metodologia de P+L, ealém dissoos órgãos governamentais não dão apoio e incentivos

necessários para as empresas na adoção de investimentos para a metodologia P+L.

Portanto está claro que a adoção de práticas e conceitos sustentáveis como

Produção mais Limpa, Ecoeficiência, Sistema de Gestão Ambiental, Ecodesign, Análise do

Ciclo de Vida e constante Inovação tecnológica, são de extrema importância para que se

consiga garantir uma empresa Sustentável e Competitiva no mercado, pois a partir da

implementação desses conceitos, podemos ver claramente melhorias como a redução do

uso de matéria-prima e da geração de resíduos, redução do consumo de energia, aumento

da vida útil dos produtos, reintrodução de materiais recicláveis no ciclo industrial, melhor

tratamento dos resíduos gerados pelos processos decorrentes da indústria, entre outras

inúmeras melhorias. Desta forma, há grandesperspectivas de aumento de sustentabilidade e

competitividade da empresa devido à significativa racionalização dos processos, redução do

impacto ambiental e dos custos produtivos e diminuição ou eliminação dos desperdícios,

obtidos através da implantação de processos produtivos ecoeficientes e adoção de práticas

ambientais sustentáveis.

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