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SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: um valor …...criativos da madrugada, os feriados e finais de semana...
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CARLOS EDUARDO DE ALMEIDA RAMÔA
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: um valor estratégico na orientação e formulação
de um modelo de gestão para o setor de cruzeiros marítimos
BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)
2018
FICHA CATALOGRÁFICA
R147s
Ramôa, Carlos Eduardo de Almeida, 1958- Sustentabilidade ambiental: um valor estratégico na orientação e formulação de um modelo de gestão para o setor de cruzeiros marítimos / Carlos Eduardo de Almeida Ramôa. — Balneário Camboriú, SC : C. E. A. Ramôa, 2018. 325 f. : il. ; 30 cm
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos da Silva Flores. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – PPGTH. Curso de Doutorado Acadêmico em Turismo e Hotelaria – UNIVALI, 2018. Bibliografia: f. [245]-288 1. Turismo e Hotelaria. 2. Sustentabilidade ambiental. 3. Gestão estratégica. 4. Planejamento estratégico. 5. Cruzeiros marítimos. I. Silva Flores, Luiz Carlos da. II. Título.
CDU: 380.8
Ficha Catalográfica elaborada por Marli Machado de Souza – Bibliotecária CRB14/785
UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Vice-Reitoria de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – PPGTH
Curso de Doutorado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
CARLOS EDUARDO DE ALMEIDA RAMÔA
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: um valor estratégico na orientação e formulação de um modelo de gestão para o setor de cruzeiros marítimos
Tese apresentada ao colegiado do PPGTH como requisito parcial à obtenção de grau de Doutor em Turismo e Hotelaria - área de concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria (Linha de Pesquisa: Gestão de Empresas de Turismo). Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos da Silva Flores
BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)
2018
UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Vice-Reitoria de Pesquisa, Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – PPGTH
Curso de Doutorado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
CARLOS EDUARDO DE ALMEIDA RAMÔA
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: um valor estratégico na orientação e formulação de um modelo de gestão para o setor de cruzeiros marítimos
Tese avaliada e aprovada pela Comissão Examinadora e referendada pelo Colegiado do PPGTH como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Turismo e Hotelaria.
Balneário Camboriú (SC), 28 de junho de 2018.
Membros da Comissão: Presidente: ______________________________
Dr. Luiz Carlos da Silva Flores Membro externo: ______________________________
Dr. Felix Bernhard Herle University of Applied Sciences, Bremen, Alemanha
Membro externo:
______________________________ Dr. Luiz Gonzaga Godoi Trigo Universidade de São Paulo (USP)
Membro externo:
______________________________ Dr.a Suzana Maria de Conto Universidade de Caxias do Sul (UCS)
Membro interno:
______________________________ Dr. Carlos Marcelo Ardigó
Membro interno:
______________________________ Dr. Paulo dos Santos Pires
Dedico este trabalho à minha querida
esposa Josi pelo apoio em todas as horas.
Aos meus filhos Marcela e Carlos Eduardo,
à minha mãe e à minha irmã Maria de
Fátima, amigos para sempre.
AGRADECIMENTOS
Pesquisar é sempre um processo árduo, porém muito gratificante. Uma pesquisa de
tese requer muita organização, disciplina e perseverança para enfrentar os desafios e
missões em cada parágrafo, cada item, cada capítulo, sem contar que em muitos
momentos também é necessário vencer a solidão que a concentração representa.
No entanto, quando se chega à última linha só consegue se ver a parte boa, um
agregado de conhecimento em que se espera ver transformado todo o esforço em
dever cumprido, um orgulho que representa um prêmio ao sacrifício devido ao
afastamento temporário de algumas coisas boas da vida, dentre elas, graças à bolsa
CAPES, da rotina profissional. E tem também as noites mal dormidas, os insights
criativos da madrugada, os feriados e finais de semana dedicados aos estudos, porém
tudo isso acaba sendo recompensado como um marco vitorioso da vida pessoal.
Apesar de toda aplicação e sacrifício, é injusto dizer que o trabalho é de todo solitário,
afinal foram tantas pessoas que participaram com algum tipo de contribuição que se
pode dizer que esta pesquisa é o resultado de todo o nosso esforço.
Portanto, desejo inicialmente agradecer aos meus pais, Carlos (in memoriam) e Dirce
Ramôa, que formaram o meu caráter, me deram educação e me mostraram que a
força está em acreditar que tudo é possível, por mais que seja difícil.
À minha querida e amada esposa, Josi π, minha parceira de aventuras, a mulher mais
bondosa e sensível que já conheci, apesar de todas as dificuldades que a vida lhe
apresentou. Certamente sem seu apoio e compreensão não teria conseguido cumprir
todas as etapas desse processo de absorção e transformação do conhecimento, de
acordo com o planejado, no tempo pretendido e conforme o resultado esperado.
Aos meus filhos amados e queridos, Marcela e Carlos Eduardo, meus orgulhos. E à
minha netinha Carolina e ao seu pai Diego Pardo, meu genro querido, que cuida tão
bem das minhas meninas.
À minha irmã, Maria de Fátima, minha amiga querida e inseparável em todas as horas.
À CAPES, pelas bolsas de doutorado e de doutorado sanduíche concedidas,
respectivamente no Brasil e na Alemanha (PDSE n⁰ 88881.134585/2016-01).
Ao meu professor e orientador, Luiz Carlos da Silva Flores, meu mentor que transmitiu
todo o seu vasto conhecimento, estrategicamente com muita paciência, pela amizade
e por ter acreditado no meu potencial e nas minhas ideias.
Ao meu querido professor Paulo dos Santos Pires, que me incentivou e ajudou no
enriquecimento desta pesquisa, fazendo com que a sustentabilidade e a atenção ao
meio ambiente passassem a fazer parte da rotina em minha vida.
Aos membros da banca de defesa, professora Suzana Maria de Conto e professores
Felix Bernhard Herle, Luiz Gonzaga Godoi Trigo, Carlos Marcelo Ardigó e Paulo dos
Santos Pires, que contribuíram com seu conhecimento e suas críticas, sempre
procedentes, no enriquecimento do resultado desta pesquisa.
Aos professores Josildete Pereira de Oliveira e Francisco Antônio dos Anjos, não só
como excelentes coordenadores do Programa de Pós-Graduação que são, mas
também como meus professores nas disciplinas, por enriquecer com sua sabedoria
os novos conhecimentos que foram agregados à produção desta tese.
À professora Sara Gadotti dos Anjos, ex-editora da Revista Brasileira de Pesquisa em
Turismo – RBTur, que me concedeu o privilégio de atuar como seu assistente editorial
neste importante periódico científico brasileiro.
Aos professores Felix Herle e Bernd Stecker e à University of Applied Sciences,
Hochschule Bremen, pela gentileza, acolhida e orientação durante minha estada na
Alemanha, durante o período do estágio doutoral.
Aos professores Alexis Papathanassis e James Petrick pela atenção e por
compartilharem o profundo conhecimento sobre o mercado de cruzeiros.
Às secretárias Núbia Teresinha Marchiori e Raisa Silva Homse, pela eficiência,
paciência e por compreenderem a minha ansiedade.
Aos meus queridos colegas que tiveram a paciência de me ouvir e com quem tive o
privilégio de aprender.
Às estradas da vida que fazem do turismo mais do que uma paixão, um desafio em
cada metro percorrido, em cada minuto transcorrido e em cada imagem contemplada.
É minha ardente esperança que a ponderação sobre o passado possa servir de guia nos dias que estão por vir, possa permitir a uma nova geração reparar alguns dos erros de anos anteriores e conduzir, de acordo com a necessidade e a glória do homem, o terrível quadro que se descortina do futuro.
Winston Churchill
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL um valor estratégico na orientação e formulação de um modelo
de gestão para o setor de cruzeiros marítimos
Carlos Eduardo de Almeida Ramôa Junho/2018
Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos da Silva Flores
Área de Concentração: HGTUR – Grupo Hotelaria, Gastronomia e Serviços Turísticos
Linha de Pesquisa: Gestão de Empresas de Turismo
Palavras-chave: turismo e hotelaria; sustentabilidade ambiental; gestão estratégica; formulação da estratégia; cruzeiros marítimos
Número de páginas: 325
RESUMO
Crescimento muitas vezes implica em impactos negativos nos diversos setores da economia, entre os quais o setor turístico. Nesse contexto, inclui-se os navios de cruzeiros que, assim como os destinos turísticos, são ambientes potencialmente poluidores. Este estudo tem a pretensão de contribuir para a construção do conhecimento científico através do preenchimento de uma lacuna científica existente na gestão estratégica das companhias de cruzeiros marítimos com base em fatores ambientais. No contexto sistêmico, adotado nesta pesquisa de tese, conceitua-se navio como sendo um sistema operado por meio de interações diretas e indiretas de pessoas e organizações em todos os processos, desde a sua construção, durante um percurso e no destino final, ao longo de sua vida útil e após, em um eventual processo de sucateamento ou descarte. O estudo tem como objetivo geral propor um modelo integrado de gestão estratégica empresarial, contemplando requisitos e variáveis ambientais, sistematizado aos cruzeiros marítimos. A pesquisa de caráter exploratório e descritivo, com método indutivo, contempla quatro objetivos específicos: (1) Levantar as regulamentações voltadas aos princípios da sustentabilidade ambiental, no âmbito geral e em particular ao produto turístico cruzeiro marítimo; (2) Descrever os requisitos da sustentabilidade ambiental contidos nas regulamentações para o produto turístico cruzeiro marítimo; (3) Descrever as variáveis, a partir dos requisitos da sustentabilidade ambiental, contidas nas regulamentações para o produto turístico cruzeiro marítimo e (4) Formular um modelo integrado de estratégia de valor, que contemple os requisitos e as variáveis da sustentabilidade ambiental para os navios de cruzeiros marítimos. Como resultado desta pesquisa, identificou-se os requisitos e variáveis da sustentabilidade ambiental para os navios de cruzeiros marítimos e a partir deles formulou-se o modelo de gestão. Para confirmar o modelo proposto realizou-se a pesquisa empírica junto aos gestores de portos e terminais marítimos nacionais e internacionais, de organizações especializadas em questões ambientais relacionadas ao ambiente marinho, além de companhias de cruzeiros marítimos. Os resultados confirmaram que para um navio ser considerado ambientalmente sustentável ele deve adotar as melhores práticas no atendimento prioritário a cinco requisitos: (1) gerenciamento das entradas; (2) gerenciamento da energia; (3) gerenciamento da água; (4) gerenciamento dos resíduos e (5) qualidade do ar, divulgando suas ações e resultados dessas atitudes ambientais com transparência à todas as partes interessadas. Ao atender aos objetivos, espera-se proporcionar informações que subsidiem as empresas de cruzeiros na elaboração de suas estratégias, agregando ao produto turístico valores intangíveis que serão oferecidos na conquista e retenção de seus clientes.
ENVIRONMENTAL SUSTAINABILITY: a strategic value in guiding an environmental management
model for the cruise industry
Carlos Eduardo de Almeida Ramôa
June/2018
Advisor: Prof. Dr. Luiz Carlos da Silva Flores
Area of Concentration: Hotel Management, Gastronomy and Tourism Services
Research Line: Tourism Management
Keywords: tourism and hotel management; environmental sustainability; strategy management; strategy formulation; maritime cruises
Number of pages: 325
ABSTRACT
Growth often has negative impacts on various sectors of the economy, including the tourism industry. Cruise ships are part of this industry and, like tourist destinations, are potential polluters. This study aims to contribute to the construction of scientific knowledge, and fill the gap in the literature on environment-based strategic management of cruise companies. According to the systemic approach, adopted in this thesis research, a ship is a system in which people and organizations interact directly and indirectly in all processes, from its construction, through to its route, to its final destination, throughout its useful life, until it is eventually scrapped or disposed of. The objective of the study is to propose an integrated model of strategic business management that considers the environmental requirements and variables, adapted to maritime cruise ships. This is an exploratory and descriptive research, with an inductive approach. It has four specific objectives: (1) To survey the environmental sustainability regulations in general, and in particular, those related to the maritime cruise tourism product; (2) to describe the environmental sustainability requirements included in the regulations for the cruise tourism product; (3) to describe the variables based on the environmental sustainability requirements included in the regulations for the cruise tourism product and, (4) to formulate an integrated model of value strategy, which includes the requirements and variables of environmental sustainability for maritime cruise ships. This study enabled the identification of the requirements and variables of environmental sustainability for ocean cruise ships, and based on these, a management model was formulated. To verify the proposed model, empirical research was conducted with the managers of Brazilian and international ports and terminals, organizations specializing in environmental issues related to the marine environment, and cruise companies. The results showed that for a ship to be considered environmentally sustainable, it must adopt best practices in meeting five priority requirements: (1) input management; (2) energy management; (3) water management; (4) waste management and (5) air quality. It must also provide stakeholders with transparent information about its actions, and the results of these environmental attitudes. Through these objectives, we hope to provide cruise companies with useful information on strategy formulation, adding intangible value to the tourism product that will contribute to winning and retaining customers.
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABREMAR Associação Brasileira de Empresas Marítimas
ANPTUR Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em
Turismo
AMP Áreas Marinhas Protegidas
ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários
AQUA Processo Alta Qualidade Ambiental
BACEN Banco Central do Brasil
BRICS Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior
CLIA Cruise Lines International Association
CMMAD Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento
CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CNUDM Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar
CNUDS Conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável
CPDS Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável
DKN Deutsches Komitee für Nachhaltigkeitsforschung
ESI Environmental Sustainability Index
EPA United States Environmental Protection Agency
GRI Global Reporting Initiative
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICS International Chamber of Shipping
IMO International Maritime Organization
ISO International Organization for Standardization
IUCN International Union for Conservation of Nature and Natural
Resources
MARPOL International Convention for the Prevention of Pollution
from Ships
MMA Ministério do Meio Ambiente
MRE Ministério das Relações Exteriores
MSC Mediterranean Cruise Company
MTur Ministério do Turismo
NBR Norma Brasileira
NCL Norwegian Cruise Company
OECD Organisation for Economic Co-operation and
Development
ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
OMT Organização Mundial do Turismo
ONU Organização das Nações Unidas
PIB Produto Interno Bruto
PLS Partial Least Squares
PNB Produto Nacional Bruto
PNMA Programa Nacional do Meio Ambiente
PNT Plano Nacional de Turismo 2013-2016
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
RCL Royal Caribbean Limited
RIO+10 Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável
RIO+20 United Nations Conference on Sustainable Development
Rio+20
SGA Sistema de Gestão Ambiental
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SOLAS International Convention for the Safety of Life at Sea
UNCED United Nations Conference on Environment and
Development
UNCLOS United Nations Convention on the Law of the Sea
UNEP United Nations Environment Programme
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organization
UNFCCC Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança
do Clima
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância
UNCSD United Nations Conference on Sustainable Development
UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí
UNWTO World Tourism Organization
WEF World Economic Forum
WSSD World Summit on Sustainable Development
WTO World Trade Organization
WTTC World Travel & Tourism Counci
WCS World Conservation Strategy (WCS)
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Síntese das características da pesquisa ................................................. 52
Quadro 2 - Sustentabilidade Ambiental como manutenção do Capital Natural ......... 59
Quadro 3 – Fatos relevantes na cronologia do Desenvolvimento Sustentável ......... 66
Quadro 4 - Temas abordados pelo programa das nações unidas para o meio ambiente
(PNUMA) ................................................................................................................... 71
Quadro 5 - Princípios da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) .................... 72
Quadro 6 – Cúpula do Milênio e os Objetivos de Desenvolvimento .......................... 83
Quadro 7 - 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ....................................... 92
Quadro 8 - Ciclo PDCA de Deming ......................................................................... 106
Quadro 9 - Requisitos para o turismo sustentável (WTO) ....................................... 112
Quadro 10 - Requisitos ambientais para o turismo sustentável .............................. 146
Quadro 11 - Requisitos e variáveis da sustentabilidade ambiental gerenciados nos
navios de cruzeiros ................................................................................................. 149
Quadro 12 - As dez escolas de pensamento estratégico ........................................ 156
Quadro 13 - Metodologia adotada nas etapas da pesquisa .................................... 180
Quadro 14 - Contribuições dos respondentes ......................................................... 230
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Dimensões centrais da pesquisa.............................................................. 25
Figura 2 - Lacuna teórica .......................................................................................... 36
Figura 3 – Produção científica e lacuna teórica no turismo ....................................... 43
Figura 4 - Estrutura da pesquisa ............................................................................... 48
Figura 5 - Linha do tempo dos acordos referentes às Mudanças Climáticas ............ 80
Figura 6 - Os 5 Ps para o Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 ............... 90
Figura 7 – Resíduo sólido compactado em um navio de cruzeiro ........................... 123
Figura 8 - Painel solar em um navio de cruzeiro ..................................................... 127
Figura 9 - O processo da gestão estratégica........................................................... 162
Figura 10 - Modelo teórico de estratégia de valor baseado na sustentabilidade
ambiental ................................................................................................................. 175
Figura 11 - Etapas da pesquisa e respectivos objetivos específicos ....................... 179
Figura 12 - Modelo de Gestão de Estratégia de Valor baseado nos fatores (requisitos)
da Sustentabilidade Ambiental para os navios de cruzeiros marítimos ................... 215
Figura 13 - Modelo Estrutural Completo .................................................................. 233
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Total de publicações em revistas científicas nacionais e internacionais
classificadas pelo sistema Qualis (1995 a 2015) ....................................................... 38
Tabela 2 - Participação % de artigos por temática (1995-2015)................................ 41
Tabela 3 – Total de artigos indexados na base Scopus em cada tema .................... 45
Tabela 4 - Metas de redução da emissão de CO2 pelos navios (MARPOL) ........... 119
Tabela 5 - Dimensões e frequência das palavras-chave (10/08/2017) ................... 204
Tabela 6 - Informações nos websites das companhias de cruzeiros ao mercado
consumidor sobre suas atitudes ambientais (06/08/2017) ...................................... 208
Tabela 7 - Aspectos fundamentais que uma organização deve considerar na formação
de uma estratégia de valor, de maneira a contribuir com a conservação dos recursos
naturais e cooperar com a manutenção do equilíbrio ambiental do planeta ........... 223
Tabela 8 - Medidas para minimizar a poluição do ar, terra e água e para auxiliar na
conservação da diversidade biológica e do património natural ............................... 225
Tabela 9 - Requisitos ambientais que devem ser gerenciados para prevenir e
minimizar a poluição causada pelos navios de cruzeiros marítimos, auxiliando na
manutenção da capacidade de assimilação desses resíduos pelo meio ambiente. 228
Tabela 10 - Valores da qualidade de ajuste do modelo .......................................... 234
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 19
1.1 Contextualização do tema ................................................................................ 19
1.2 Delimitação do problema de pesquisa ............................................................ 26
1.3 Objetivos ............................................................................................................ 31
1.3.1 Objetivo geral: .................................................................................................. 31
1.3.1 Objetivos específicos:....................................................................................... 31
1.4 Justificativa e relevância da pesquisa............................................................. 32
1.5 Estrutura do trabalho ........................................................................................ 47
2. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A SUSTENTABILIDADE
AMBIENTAL ............................................................................................................. 54
2.1 Conceitos para o Desenvolvimento Sustentável ............................................ 55
2.2 Cronologia do Desenvolvimento Sustentável ................................................ 62
2.2.1 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano - 1972 ....... 69
2.2.2 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - 1972 ........................... 70
2.2.3 Lei brasileira de Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) - 1980 .............. 71
2.2.4 Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - Our Common
Future (Nosso Futuro Comum) – 1987 ...................................................................... 73
2.2.5 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMAD) ECO 92 - 1992 ....................................................................................... 75
2.2.6 Agenda 21 Global - 1992 .................................................................................. 76
2.2.7 Conferência das Partes (COP) - 1994 .............................................................. 78
2.2.8 Protocolo de Quioto - 1997 ............................................................................... 81
2.2.9 Cúpula do Milênio - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) – 2000 82
2.2.10 Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +10) - 2002 .......... 84
2.2.11 Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio
+20) - 2012 ................................................................................................................ 87
2.2.12 Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável - 2015 .... 89
2.3 Regulamentações relativas aos princípios da Sustentabilidade Ambiental 95
2.3.1 Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) .................. 96
2.3.2 International Maritime Organization (IMO) ........................................................ 98
2.3.3 International Organization for Standardization (ISO) ...................................... 103
2.3.3.1 Norma ISO 14001 – Sistemas de gestão ambiental .................................... 104
2.3.4 Associação Brasileira de Normas Técnicas ................................................... 105
2.3.4.1 Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR ISO 14001:2015 106
2.3.4.2 Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR 15401:2014 ....... 108
2.3.4.3 Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR ISO 16534:2016 109
2.3.4.4 Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR ISO 50001:2011 110
3. REQUISITOS E VARIÁVEIS AMBIENTAIS PARA O PRODUTO TURÍSTICO
CRUZEIRO MARÍTIMO .......................................................................................... 111
3.1 Contextualizando as atitudes ambientais no setor de cruzeiros marítimos ....
........................................................................................................................ 111
3.2 Identificando os requisitos ambientais em uma perspectiva do produto
turístico cruzeiro marítimo ................................................................................... 128
3.2.1 Ações ambientais das companhias marítimas que operam no Brasil ............ 140
3.3 Apresentando os requisitos e variáveis ambientais para os navios de
cruzeiros marítimos .............................................................................................. 147
4. O FATOR SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL EM UMA FORMULAÇÃO DE
ESTRATÉGIA DE VALOR ...................................................................................... 152
4.1 Reflexões sobre o processo da estratégia .................................................... 152
4.2 Plano de gestão estratégica de valor e suas etapas .................................... 160
4.3 Sustentabilidade ambiental como um princípio de valor estratégico ........ 165
4.4 Fatores ambientais em um modelo de gestão estratégica de valor ........... 172
5. METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................... 178
5.1 Visão geral da metodologia da pesquisa ...................................................... 181
5.1.1 Método de abordagem ................................................................................... 181
5.1.2 Técnicas e procedimentos da pesquisa ......................................................... 182
5.1.3 Dados da pesquisa ......................................................................................... 183
5.1.4 Procedimentos metodológicos da pesquisa ................................................... 185
5.2 Visão geral dos estudos ................................................................................. 186
5.2.1 Síntese da primeira etapa: Regulamentações sobre a sustentabilidade ambiental
................................................................................................................................ 186
5.2.2 Síntese da segunda etapa: O produto turístico cruzeiro marítimos e os requisitos
da sustentabilidade ambiental ................................................................................. 187
5.2.3 Síntese da terceira etapa: O produto turístico cruzeiro marítimos e as variáveis
da sustentabilidade ambiental ................................................................................. 187
5.2.4 Síntese da quarta etapa: formulando uma estratégia de valor para as
companhias de cruzeiros marítimos ........................................................................ 188
5.2.4.1 Integrando a sustentabilidade ambiental na visão estratégica do setor de cruzeiros .................................................................................................................. 188
5.2.4.2 A sustentabilidade ambiental como um valor estratégico na orientação de um modelo de gestão ambiental para o setor de cruzeiros marítimos .......................... 191
6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................... 196
6.1 Estudo 1: Predisposição estratégica das companhias marítimas quanto à
sua responsabilidade ambiental .......................................................................... 196
6.1.1 Discussão dos resultados do estudo 1: Predisposição estratégica das
companhias marítimas quanto à sua responsabilidade ambiental .................. 199
6.1.2 Conclusões do estudo 1: Predisposição estratégica das companhias
marítimas quanto à sua responsabilidade ambiental ........................................ 209
6.2 Estudo 2: Sustentabilidade ambiental: um valor estratégico na orientação
de um modelo de gestão para o setor de cruzeiros marítimos ......................... 211
6.2.1 Discussão dos resultados do estudo 2: A sustentabilidade ambiental como um
valor estratégico na orientação de um modelo de gestão para o setor de cruzeiros
marítimos................................................................................................................. 214
6.2.1.1 O modelo de gestão ambiental para os navios oceânicos .......................... 215
6.2.1.2 A convergência da sustentabilidade ambiental na formulação da estratégia de valor para os navios de cruzeiros ............................................................................ 217
6.2.1.3 Validação do modelo de gestão ambiental para os navios de cruzeiros marítimos................................................................................................................. 218
6.2.1.4 Análise confirmatória e estrutural ................................................................ 232
6.2.2 Conclusões do estudo 2: A sustentabilidade ambiental como um valor
estratégico na orientação de um modelo de gestão para o setor de cruzeiros marítimos
................................................................................................................................ 234
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 237
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 245
ANEXOS ................................................................................................................. 289
APÊNDICES ........................................................................................................... 312
1. INTRODUÇÃO
Este primeiro capítulo apresenta a contextualização das três temáticas do estudo,
Sustentabilidade Ambiental, Formulação da Estratégia e Cruzeiros Marítimos, que
serviram para embasar a delimitação do problema da pesquisa, apresentar os
objetivos, a justificativa e a relevância da tese e, ao final do capítulo, é apresentada a
estrutura do trabalho e a síntese das características da pesquisa, quando será
possível ter uma visão holística da proposta da tese.
1.1 Contextualização do tema
O mundo mantém-se em evolução e os consumidores, ávidos por melhorar sua
qualidade de vida, esperam ter seus desejos e necessidades atendidos pelas
empresas, com produtos cada vez melhores em qualidade e mais avançados
tecnologicamente.
No entanto, na busca por inovação e pela evolução tecnológica é deixado de lado o
mais importante, a saúde do planeta que aos poucos vai se degradando e luta
praticamente sozinho para se recompor das agressões que aumentam com o
crescimento populacional e com a falta de atitudes concretas para reverter a situação,
é o que menciona com propriedade Al Gore no documentário An Incovenient Truth
(GUGGENHEIM et al., 2006).
Um primeiro passo, porém, rumo à conscientização já é refletido pelas organizações
que passaram a respeitar e adotar normas técnicas, como as elaboradas pela
organização internacional independente International Organization for Standardization
(ISO), publicadas em prol dos setores da cadeia produtiva, incluindo o setor de
serviços, através da oferta de mais 21.000 normas que proporcionam benefícios
relativos à qualidade, segurança e eficiência (ISO, 2018a).
É possível, portanto, que a sustentabilidade, de acordo com Elkington (2012, p. 52),
um “princípio que assegura que nossas ações de hoje não limitarão a gama de opções
econômicas, sociais e ambientais disponíveis para as futuras gerações”, passe a ser
uma exigência dos consumidores em sua busca por uma melhor qualidade de vida e
dessa forma torne-se uma obrigação para as empresas.
20
Assim como ocorreu primeiro com a qualidade, na atenção às demandas dos
consumidores em relação ao que deve ser entregue junto aos produtos e serviços,
destaca-se nos dias atuais a sustentabilidade como uma nova demanda.
Essas dimensões estão interligadas uma vez que não se pode falar de
sustentabilidade sem se falar de qualidade, afinal oferecer produtos e serviços com
esses atributos é imprescindível na busca de um planeta sustentável (HOFFMAN;
BATESON; IKEDA, 2009).
Espera-se, portanto, que a sustentabilidade percorra o mesmo caminho trilhado pela
qualidade, não somente com as normas e com a padronização dos processos, mas
com a adoção de medidas, pelas organizações, que visem o seu crescimento e
desenvolvimento de maneira a proporcionar benefícios aos consumidores e, também,
a todos os envolvidos no processo da oferta de produtos e serviços e, assim, por
consequência colaborar com a manutenção de um planeta sustentável.
Nesse contexto espera-se também a contribuição do setor turístico, principalmente
por ser uma atividade com potencial a causar impactos ambientais (BUCKLEY, 2012;
GOPAL, 2014; PIRES, 2012; SANCHO-PEREZ, 2001; SPERB; TEIXEIRA, 2006;
UNWTO, 2015; VEZZANI, 2008).
Dessa forma a sustentabilidade não pode ser vista como uma demanda pontual e
localizada e sim como uma necessidade de todo um ecossistema, onde se inserem
os seres humanos e é uma questão de sobrevivência a longo prazo, ou seja, é a
consciência sobre a qualidade do planeta que se deseja deixar para as gerações
futuras, para que essas gerações possam continuar atendendo suas necessidades
(UNESCO, 1997).
Crescer e desenvolver de maneira sustentável é, portanto, a chave para um futuro
melhor para todos, é o que afirma a Organização das Nações Unidas (ONU) em seu
Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD),
de 1987, no segundo capítulo, intitulado Nosso caminho futuro, rumo ao
desenvolvimento sustentável (UNITED NATIONS, 1987a), ao conceituar
Desenvolvimento Sustentável como o desenvolvimento que atende às necessidades
do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender suas
próprias necessidades.
21
O documento sustenta a prioridade no atendimento aos pobres e ao crescimento
econômico, porém com equilíbrio entre os três aspectos: sociais, econômicos e
ambientais, buscando-se um consenso sobre o conceito básico de desenvolvimento
sustentável com uma estratégia ampla para alcançá-la.
As discussões promovidas pela ONU são importantes no intuito de promover o
desenvolvimento sustentável do planeta, uma vez que através delas os governos
também se sensibilizam e se mobilizam organizando encontros sobre o tema, o que
permite ressaltar sua importância em uma economia globalizada que busca o
crescimento da economia.
Essa conscientização, relativa à sustentabilidade, pode refletir nas organizações, nos
diversos setores da economia, obtendo-se nos esforços a favor dos pilares da
sustentabilidade o fomento necessário à elaboração de acordos internacionais e
orientações voltadas ao desenvolvimento sustentável.
Isso pode inspirar o turismo marítimo e os cruzeiros marítimos, objeto deste estudo,
no qual se inclui as companhias de cruzeiros, responsáveis pela construção de navios
com infraestrutura semelhantes aos destinos (GIBSON, 2012; LOHMANN;
PANOSSO-NETTO, 2012; MANCINI, 2011; NAJAFIPOUR; MARZI; FOROOZANFAR,
2014; PAOLILLO; REJOWSKI, 2002; SANCHO-PEREZ, 2001).
Porém, além dos fatores positivos tem-se os negativos devido aos navios serem
ambientes potencialmente poluidores (BUREAU VERITAS, 2018; EIJGELAAR;
THAPER; PEETERS, 2010; HERZ, 2002; HRITZ; CECIL, 2008; KLEIN, 2010, 2011;
LINDGREN et al., 2016; MARINHA DO BRASIL, 1983; RITTER; SCHAFER, 1998;
STEFANIDAKI; LEKAKOU, 2014; U. S. NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1995;
UNITED NATIONS, 1982a), o que torna imperativo que as companhias armadoras se
conscientizem sobre os impactos que causam ao ambiente e adotem estratégias que
visem a redução desses impactos.
A atitude consciente terá o auxílio das orientações produzidas pela ONU e respectivos
países membros, resultado das diversas conferências realizadas ao longo dos últimos
anos. A correta interpretação dessas orientações, para a linguagem corporativa,
permitirá transmitir ao mercado, através de sua estratégia empresarial, uma atitude
22
que estará em sintonia com as demandas do planeta no processo de conquista de um
novo cliente mais consciente e voltado aos conceitos da sustentabilidade.
As empresas precisarão, então, adotar as melhores práticas sustentáveis em suas
estratégias demostrando consciência e responsabilidade quanto ao futuro do planeta,
isso significa dizer que a atitude responsável deve demonstrar a preocupação, através
de suas ações, de forma preventiva, quanto a prioridade com que respeitam a
sociedade e o meio ambiente.
Nesse contexto, a Sustentabilidade Ambiental, um dos elementos da sustentabilidade,
será a dimensão principal que este estudo está centrado e que será utilizada de
maneira convergente com outras duas dimensões, que são, a Formulação da
Estratégia empresarial e os Cruzeiros Marítimos.
Com a elaboração de uma estratégia focada em promover a proteção do meio
ambiente e a conservação da natureza, o setor de cruzeiros poderá contribuir para a
sustentabilidade ambiental e assim promover o desenvolvimento do turismo marítimo
de maneira sustentável.
Porém, isso somente ocorrerá se houver consciência ambiental de todas as partes
interessadas, de forma direta ou indireta, no processo relativo aos impactos causados,
buscando-se interferir com ações preventivas ou corretivas sempre que for necessário
(PIRES, 2012).
Ressalta-se ainda os interesses dos governos e das empresas em buscar o
crescimento econômico, sendo que ao ambiente corporativo, segundo Kotler (2006),
acrescenta-se um ingrediente, a geração de lucro aos acionistas, fator que também
se aplica às empresas armadoras.
Apesar dos interesses econômicos, não se deve deixar de lado os princípios da
sustentabilidade e para tal deve-se buscar otimizar procedimentos e
empreendimentos, mas, sem maximizar a utilização dos recursos ambientais,
respeitando-se os aspectos socioculturais do ambiente para então viabilizar de forma
sustentável as demandas do crescimento econômico (PIRES, 2012).
O crescimento e desenvolvimento que todos desejam, só será possível caso as
organizações trabalhem na elaboração de ações, com um pretexto estratégico, que
23
sigam um determinado padrão, colocando a empresa em uma posição competitiva no
ambiente em que se encontra, permitindo que este posicionamento estratégico gere
perspectivas positivas no contexto global através do crescimento e desenvolvimento
sustentável.
Tudo isso começará a se tornar possível com a formulação de uma estratégia
adequada, não só permitindo que a empresa cresça no ambiente em que se encontra,
mas também que consolide sua posição frente à demanda existente ou potencial.
Para Porter (1999), a estratégia é criada a partir da compatibilidade entre todas as
atividades realizadas dentro de uma empresa. Caso essa compatibilidade não ocorra,
não haverá então uma estratégia que a diferencie e, portanto, a sustentabilidade será
mínima.
De acordo com Mintzberg et al. (2007) as decisões estratégicas são aquelas que
indicam a direção geral de uma organização e sua viabilidade dentro da previsibilidade
e dos eventuais obstáculos que sinalizem as alterações de rota necessárias, que
possam ocorrer em seus ambientes de ação.
Os autores (op. cit.) complementam que não há um “melhor caminho” para se criar
uma estratégia e não existe uma única definição. O processo da formação da
estratégia é dinâmico, o que faz com que as empresas realizem adaptações sempre
que novas informações sugiram um melhor horizonte futuro.
Uma vez estabelecida, uma estratégia precisa indicar sua força, sua durabilidade, sua
sustentabilidade no processo (MINTZBERG et al., 2007) de maneira que se crie um
valor que gere uma vantagem competitiva (PORTER, 1992), buscando satisfazer as
necessidades e desejos dos clientes atuais e potenciais (KOTLER, 2006).
Para isso as organizações precisam definir suas políticas ambientais para atingir aos
objetivos planejados, os quais transformados em requisitos, ou condições, permitirão
alcançar esses objetivos (WTO, 2005), a partir de então a determinação de uma
estratégia empresarial elaborada com base nos requisitos da sustentabilidade
permitirá agregar este valor desejado e, uma vez adotada, ela identificará a
personalidade da organização, como a de ser uma empresa sustentável, assim como
24
ocorre com a personalidade de um indivíduo ao adotar algum modelo comportamental
(MINTZBERG et al., 2007).
Nesse contexto, o segmento de turismo náutico, particularmente o setor de cruzeiros
marítimos, objeto deste estudo, ao oferecer um mix de serviços turísticos que
contempla atrativos e opções de serviços de lazer, entretenimento e gastronomia
(AMARAL, 2009; DOWLING, 2006; PERUCIC, 2007), agrega valor através desta
variedade de atrativos, fatores que influenciam a decisão de compra de um pacote
marítimo (RAMOA, 2014), refletindo na motivação dos cruzeiristas, que no Brasil
chega a 86,2% dos que afirmam o desejo em voltar a realizar uma viagem em um
navio de cruzeiro (CLIA BRASIL, 2017a).
Resta saber se as companhias marítimas contemplam em suas estratégias
empresariais requisitos no contexto da sustentabilidade ambiental, na conquista de
um novo consumidor ambientalmente consciente (SILVA; MENK, 2014) em sua busca
por uma melhor qualidade de vida através da escolha por produtos e serviços
ambientalmente sustentáveis (BERTOLINI; POSSAMAI, 2005; CHOPRA, 2014;
CRESPO, 2015; JÄCKEL; FODOR; PAPP, 2015; KHARE, 2014; PARK; OH; NA,
2013; WAKITA; OISHI, 2016).
O turismo, em particular o turismo de cruzeiros, pode conter os atrativos que este
consumidor consciente procura. Assim sendo, identifica-se, para a produção desta
tese, a partir da inter-relação e compreensão das três dimensões que se relacionam
(Figura 1): Sustentabilidade Ambiental, Formulação da Estratégia Empresarial e
Cruzeiros Marítimos, a motivação imprescindível à produção de um novo
conhecimento científico.
25
Figura 1 – Dimensões centrais da pesquisa
Fonte: Elaborado pelo autor
A Figura 1, indica que a tese tem como conceito central a sustentabilidade ambiental,
e a partir dele, formula-se a estratégia empresarial para os cruzeiros marítimos:
Sustentabilidade ambiental: é um dos elementos da Agenda 21, um processo que
contempla a manutenção do equilíbrio ambiental do planeta, contribui para a
sustentabilidade social e subsidia o desenvolvimento econômico, é o Tripé da
Sustentabilidade (ELKINGTON, 2012; UNITED NATIONS, 2002a).
A Sustentabilidade Ambiental significa conservação e gestão dos recursos,
especialmente aqueles que não são renováveis ou são preciosos em termos de
suporte à vida. Ela exige medidas para: minimizar a poluição do ar, terra e água e para
conservar a diversidade biológica e o património natural (UNEP, 2005; UNITED
NATIONS, 2002a).
Formulação da estratégia: de acordo com Mintzberg et al. (2007) existem várias
maneiras para se formar, ou formular uma estratégia, no entanto, há uma diferença
entre formação e formulação. De acordo com Mintzberg e Quinn (2001, p. 20)
“estratégias podem ser formadas em uma organização sem serem conscientemente
26
intencionais, isto é, sem serem formuladas”. Isso significa que uma estratégia pode se
formar naturalmente, durante o processo de desenvolvimento e crescimento de uma
empresa, ou ser formulada por uma decisão de necessidade empresarial, neste caso
seguindo um processo organizado de gestão estratégica.
No processo de formulação da estratégia os gestores se posicionam entre o
conhecimento passado e as oportunidades de mercado. A formulação e a
implementação se integram, salvo em momentos de crise, nas quais políticas, valores,
cultura organizacional e estilos de organização determinam ou impõe determinadas
decisões estratégicas. Em outras palavras, deve-se ter uma visão holística, para a
formação da estratégia para que em seu processo construtivo possa-se adotar as
melhores práticas empresariais.
Nesse processo permite-se ter uma orientação mais “subjetiva, interpretativa ou
construtivista” na elaboração da estratégia, como na escola cognitiva (MINTZBERG
et al., 2007, p. 40) para isso, a cognição é usada para construir estratégias como
interpretações criativas, e não simplesmente para mapear a realidade de uma forma
mais ou menos objetiva.
Cruzeiros marítimos: um cruzeiro é uma viagem de férias de navio, excluem-se os
navios de carga, ou qualquer embarcação que tenha fim estritamente comercial,
pequenos veleiros, ou barcos que tenham o objetivo exclusivo do transporte de
passageiros (MANCINI, 2011).
De acordo com Mancini (2011), um cruzeiro é principalmente uma experiência de
férias com a tripulação realizando todo o trabalho, sendo que o objetivo principal do
passageiro é o desejo de ficar longe de tudo, relaxar, experimentar, aprender, ser
mimado, para no final se divertir com a experiência.
Tendo as principais dimensões da pesquisa, Sustentabilidade Ambiental, Formulação
da Estratégia e Cruzeiros Marítimos definidas, permite-se então delimitar o problema
de pesquisa, o que é apresentado a seguir.
1.2 Delimitação do problema de pesquisa
Os governos buscam orientar suas instituições para o crescimento sustentável e são,
eventualmente, capitaneados pela ONU e pelos acordos internacionais, porém, acima
27
de tudo está a soberania do país na elaboração das diretrizes que regem suas leis e
normativas, o que dificulta, muitas vezes, o atendimento aos padrões acordados
globalmente.
As empresas, por sua vez, seguem as orientações governamentais e a legislação,
sendo que algumas delas se destacam ao despertar o interesse dos consumidores
demonstrando que levantam a bandeira da sustentabilidade.
Nesse ambiente existem consumidores conscientes da importância da sobrevivência
do planeta. No entanto, cabe também às empresas o papel do despertar da
consciência ambiental do cliente, ao definirem suas estratégias de gestão, decidindo
suas ações independentemente da existência de uma exigência legal.
Apesar da conscientização que a ONU busca, a atual exigência do crescimento com
sustentabilidade ambiental é um tema polêmico, considerado muitas vezes injusto na
percepção das nações emergentes, criticadas pelo seu processo de crescimento.
Afinal os Estados Unidos, o Japão e alguns países europeus cresceram e se
desenvolveram em um período em que não haviam acordos que monitorassem os
níveis de poluição e os danos causados ao meio ambiente, mesmo porque o tema só
surgiu a partir dos relatórios apresentados por Rachel Carson em 1962 (CARSON,
1962), considerada a “pioneira da revolução ambiental”, segundo Elkington (2012, p.
81).
Com a preocupação crescente sobre o tema em todo o mundo, no contexto regional
o Ministério do Turismo vem apresentando ações estratégicas em Planos Nacionais
de Turismo (MTUR, 2017a, 2018). O Plano 2013-2016 ressalta o fato de que fatores
ambientais “até então ocupavam uma posição periférica na estratégia de turismo no
Brasil” (MTUR, 2013, p. 6), no entanto, o Plano 2018-2022 já está “alinhado à Agenda
para o Desenvolvimento Sustentável de 2030 [...] como uma de suas diretrizes, a
promoção perene e transversal da sustentabilidade no turismo, respeitando todos os
seus aspectos”, o que inclui a sustentabilidade ambiental, sociocultural e a econômica
(MTUR, 2018, p. 59).
Dentre os conceitos apresentados no Plano 2018-2022, inclui-se os fatores da
sustentabilidade, ressaltando-se assegurar o desenvolvimento com a manutenção
“dos processos ecológicos essenciais”, com a preservação da cultura, dos valores e
28
da identidade das comunidades, buscando-se um desenvolvimento econômico eficaz,
com equidade na distribuição dos benefícios resultantes desse desenvolvimento
(MTUR, 2018, p. 58).
Os planos são importantes, tanto quanto as estratégias adotadas pelas organizações,
que muitas vezes as elaboram buscando atender às normas e certificações, além
disso existem as influências causadas pelos impactos econômicos e pelo
comportamento dos clientes.
É o que se percebe em relação às companhias marítimas, representadas pela Cruise
Lines International Association (CLIA), associação que possui 15 escritórios nas
seguintes regiões: Alasca, Alemanha, América do Norte, Australásia, Bélgica &
Luxemburgo, Brasil, Canadá e noroeste, Europa, Espanha, França, Países Baixos,
Itália, Norte da Ásia, Reino Unido e Irlanda e Sudeste da Ásia.
Essa Associação se identifica como sendo uma voz globalizada e unificada por reunir
três setores chave do segmento de cruzeiros marítimos, sendo 60 companhias
marítimas, o que representa 95% do mercado; 300 fornecedores e parceiros de
negócios, que inclui portos e destinos turísticos, estaleiros e desenvolvedores,
fornecedores e prestadores de serviços; além de 15.000 agências de viagens e
operadoras turísticas e 25.000 agentes de viagens (CLIA, 2018a).
Segundo a associação (op. cit.), essa união permite a definição de estratégias globais
conjuntas, com a geração de inúmeras informações relevantes que são utilizadas para
a formulação, direcionamento estratégico e para a promoção e defesa dos interesses
comuns, proporcionando educação à comunidade envolvida com os cruzeiros.
No entanto, apesar dessa união estratégica, verificou-se que os relatórios publicados
pelas Associações globais foca principalmente nos aspectos do perfil e
comportamento do cruzeirista e nos impactos econômicos deste setor do turismo
(CLIA, 2017a; CLIA ASIA, 2017; CLIA AUSTRALASIA, 2017; CLIA BRASIL, 2017a;
CLIA EUROPE, 2015; CLIA NORTH AMERICA, 2015), porém quando se aborda
aspectos ambientais, são reportadas informações superficiais sobre orientações ou
atitudes promovidas pelo turismo de cruzeiro (CLIA, 2018b, 2018c; CLIA ASIA, 2018),
29
Com a pesquisa particularizada para as companhias de cruzeiros, confirma-se que
divulgar relatórios com indicadores relativos à sustentabilidade não é uma prática
comum entre todas as empresas.
Essa falta de transparência é confirmada por Carić e Mackelworth (2014) e por Hall,
Wood e Wilson (2017), porém, segundo Jones, Comfort e Hillier (2016) há exceções,
que são identificadas através das empresas líderes de mercado (CRUISE MARKET
WATCH, 2018), Carnival Corporation e Royal Caribbean Cruises, companhias que
publicam relatórios detalhados sobre aspectos relacionados à sustentabilidade, o que
inclui questões sociais, econômicas e ambientais (CARNIVAL CORPORATION, 2018;
ROYAL CARIBBEAN, 2018).
Apesar destas companhias adotarem uma postura de transparência, ressalta-se a
necessidade da adoção das melhores práticas ambientais por todas as empresas,
além de padronização dos indicadores, para que os resultados possam ser medidos,
avaliados e as práticas melhoradas (ABNT, 2009) e posteriormente comparados.
A atitude sustentável refletirá nos mercados onde essas empresas atuam, como é o
caso do Brasil, uma vez que as companhias marítimas que operam no país, Costa
Cruzeiros e MSC Cruzeiros (CLIA BRASIL, 2018a), são empresas estrangeiras e
portanto estão sujeitas às estratégias globais definidas por suas matrizes (COSTA
CRUISES, 2018; MSC, 2017), o que refletirá nos impactos causados ao ambiente
marinho brasileiro.
Só a união global e a existência de regulamentações, também abrangentes, que tem
o objetivo da proteção ambiental, não serão suficientes se não houver
comprometimento e uma agenda positiva no seu atendimento e na atitude corporativa.
Essa necessidade justifica identificar os atributos que possam subsidiar as
companhias marítimas em relação à sua consciência a respeito do desenvolvimento
sustentável, que servirá de apoio na definição de suas estratégias e modelos de
sustentabilidade após atender as leis e normas ambientais existentes, transformando
o repertório legal e normativo em vantagens competitivas no âmbito do seu negócio.
De uma maneira geral outro aspecto relevante é relativo à interpretação dessas
regulamentações legais e normativas, do conjunto de leis, normas, certificações,
30
programas, acordos, entre outros, que pode não ter um resultado imediato
dependendo de determinadas organizações que não possuem recursos ou acesso a
todas as informações, ao contrário de outras que podem ter estrutura para tal, e
capacidade financeira para a eventual contratação de empresas de consultoria para a
realização da tarefa.
No entanto, independente do porte, ou da capacidade financeira, todas as
organizações devem buscar se conscientizar da importância em atender ao Tripé da
Sustentabilidade, que contempla o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento
social e a proteção ambiental (ELKINGTON, 2012; MMA, 2002; UNITED NATIONS,
2002a).
Dessa forma, no contexto deste estudo, apresentam-se os pressupostos da pesquisa
que visam proporcionar às companhias marítimas armadoras o acesso a um modelo
de formulação da estratégia empresarial com enfoque no contexto da sustentabilidade
ambiental, um dos pilares do Tripé da Sustentabilidade.
Modelo tal que pretende orientá-las no levantamento das informações, planejamento
e implementação de ações voltadas aos requisitos necessários e que eventualmente
poderá ser utilizado como referência a outros produtos turísticos na adoção de
estratégias com este mesmo contexto.
Com o intuito de preencher uma lacuna existente na gestão estratégica das
companhias marítimas, apresenta-se os pressupostos desta tese:
• O conhecimento dos conceitos da gestão estratégica permite às companhias
marítimas a compreensão da realidade do ambiente no qual estão inseridas,
sendo um recurso indispensável para enfrentar os desafios de ordem
econômica, social e ambiental e suas relações;
• A formulação de uma estratégia de valor com base nos requisitos da
sustentabilidade ambiental permite o posicionamento adequado das
companhias marítimas quanto às orientações da ONU, coopera com a
manutenção do equilíbrio ambiental do planeta, contribui para a
sustentabilidade social e subsidia o desenvolvimento econômico;
• A consciência das demandas da sustentabilidade, a adoção das melhores
práticas no contexto dos requisitos ambientais e a formulação de uma
31
estratégia de valor com base nesses requisitos, proporciona às companhias
marítimas subsídios indispensáveis na busca de inovações que permitam
alcançar metas de crescimento econômico, porém, contribuindo com a
conservação dos recursos naturais e com a proteção ambiental.
Para comprovar esses pressupostos, a pesquisa, de caráter exploratório e descritiva,
utiliza o método indutivo e foi realizada com base na abordagem e planejamento
sistêmico, o qual através de sua vocação interdisciplinar, visa a unidade da ciência
(VASCONCELLOS, 2013), possibilitando a compreensão do modelo proposto para o
desenvolvimento do turismo, que se baseia nos conceitos ambientais para a aplicação
de propostas sustentáveis na gestão estratégica das empresas (ANJOS, 2004;
MARTINS; THEÓPHILO, 2009).
A partir do problema apresentado e dos pressupostos desta pesquisa, definiu-se a
questão central da tese:
De que forma pode-se gerenciar o produto turístico cruzeiro marítimo, ao integrar os
requisitos da sustentabilidade ambiental e a estratégia empresarial, com o intuito de
colaborar com o desenvolvimento sustentável do ambiente marinho?
1.3 Objetivos
A fim de encontrar as respostas para a questão desta pesquisa, foram formulados os
seguintes objetivos:
1.3.1 Objetivo geral:
• Propor um modelo integrado de gestão estratégica empresarial,
contemplando os requisitos e variáveis da sustentabilidade ambiental,
sistematizado aos cruzeiros marítimos.
1.3.1 Objetivos específicos:
• Levantar as regulamentações voltadas aos princípios da sustentabilidade
ambiental, no âmbito geral e em particular ao produto turístico cruzeiro
marítimo;
32
• Descrever os requisitos da sustentabilidade ambiental contidos nas
regulamentações para o produto turístico cruzeiro marítimo;
• Descrever as variáveis, a partir dos requisitos da sustentabilidade
ambiental, contidas nas regulamentações para o produto turístico cruzeiro
marítimo;
• Formular um modelo integrado de estratégia de valor, que contemple os
requisitos e as variáveis da sustentabilidade ambiental para os navios de
cruzeiros marítimos.
1.4 Justificativa e relevância da pesquisa
O setor de cruzeiros marítimos tem importância para o desenvolvimento do turismo e,
por consequência, para diversos setores da economia. Isso ocorre devido ao impacto
econômico causado na indústria naval, no setor de transporte e hospedagem, nas
áreas de alimentos e bebidas, na geração de empregos e no desenvolvimento dos
destinos (CLIA, 2016a, 2017a; CLIA ASIA, 2017; CLIA AUSTRALASIA, 2017; CLIA
BRASIL, 2017a; CLIA EUROPE, 2015; CLIA NORTH AMERICA, 2015).
A operação dos 300 navios de cruzeiro, que transportou próximo a 25 milhões de
passageiros em 2017 (CRUISE MARKET WATCH, 2018), proporcionou um
movimento de 117 bilhões de dólares na economia mundial em 2015 (CLIA, 2017a).
No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas Marítimas
(ABREMAR) (CLIA BRASIL, 2017a), o reflexo na economia também é positivo. Na
temporada 2016/2017 os cruzeiristas e tripulantes dos sete navios com embarque e
desembarque no país geraram uma movimentação financeira na ordem de R$ 1,607
bilhão.
Apesar da redução do número de navios, de vinte em 2010/2011 para sete em
2016/2017 e de passageiros transportados de 792.752, em 2010/2011, para 358.024,
em 2016/2017, os benefícios continuaram a ser sentidos pela economia brasileira,
segundo a CLIA (CLIA BRASIL, 2017a).
A temporada 2016/2017, iniciada em 21 de novembro de 2016 e que durou 148 dias,
contabilizou um gasto de R$ 267,2 milhões com combustíveis, R$ 208,3 milhões com
fornecedores de alimentos e bebidas e R$ 24,8 milhões com água e resíduos, além
33
de outras despesas inerentes à uma viagem em um navio de cruzeiro, como o
transporte ao destino e nos destinos, outras hospedagens antes e após o cruzeiro e
os gastos no comércio varejista nos destinos.
Toda essa movimentação de turistas, também acaba refletindo nos impactos
ambientais, afinal a operação do navio, os passageiros, tripulantes e prestadores de
serviços são responsáveis pelo consumo de combustível, água, alimentos, energia, o
que influencia os impactos causados ao ambiente no percurso dos navios e nos
destinos.
Isso significa dizer que apesar do impacto econômico ser positivo, ambientalmente ele
é negativo, uma vez que os navios são potenciais agentes poluidores do meio
ambiente (BUREAU VERITAS, 2018; EIJGELAAR; THAPER; PEETERS, 2010;
HERZ, 2002; HRITZ; CECIL, 2008; KLEIN, 2010, 2011; LINDGREN et al., 2016;
MARINHA DO BRASIL, 1983; RITTER; SCHAFER, 1998; STEFANIDAKI; LEKAKOU,
2014; U. S. NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1995; UNITED NATIONS, 1982a).
Esse potencial poluidor dos cruzeiros marítimos é comprovado pelos números, como
exemplo, um navio de cruzeiro com 3.000 passageiros gera cerca de 50 toneladas de
resíduos durante uma viagem de uma semana (HERZ, 2002), sendo oito toneladas
somente de resíduos sólidos (USDT, 2002).
Isso corresponde a 24% do total de resíduos sólidos gerado pelo total da frota
marítima mundial (HERZ, 2002; U. S. NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1995),
composta de aproximadamente 50.000 navios em todo o globo, apesar dos navios de
cruzeiro representarem apenas 0,6% da frota de embarcações marítimas (CLIA,
2016b).
De acordo com a United States Environmental Protection Agency (EPA) estima-se que
a produção média de resíduos de banheiros, conhecida como água negra, que são os
resíduos do corpo humano, em um navio de cruzeiro é de 31,8 litros por pessoa por
dia e de água cinzenta, que é a água dos banhos, lavanderia e lava-louça, é em média
de 253,6 litros por pessoa, por dia (EPA, 2008). Portanto, um navio com 3.000
passageiros pode gerar 95.400 litros de água negra e 760.800 litros de água cinzenta
por dia.
34
Ainda segundo a Agência (op. cit.), um navio de cruzeiro com capacidade para 3.000
passageiros pode produzir até 10.000 litros de água de esgoto oleosa por dia, que é
a água que tem a mistura de fluidos oleosos, lubrificantes, fluidos de limpeza e outros
resíduos que se acumulam na parte inferior de um navio, como motores, tubulações
e outras instalações mecânicas encontradas em todos os espaços de máquinas.
Dessa forma, pelo potencial impacto causado ao meio ambiente, justifica-se, com o
intuito de atender ao objetivo geral da tese, adotar o produto turístico cruzeiro marítimo
como objeto de estudo e a sustentabilidade ambiental como um fator estratégico,
como um atributo de valor, considerando-se a relevância do setor de cruzeiros para a
economia dos destinos.
Reforça-se à essa inspiração, para a construção de um novo conhecimento científico,
o fato da Sustentabilidade Ambiental ser um tema tão relevante para a humanidade,
a ponto de vir sendo amplamente discutido ao longo dos últimos anos pelos governos,
nas diversas convenções capitaneadas pela ONU, que buscam encontrar soluções a
fim de minimizar os impactos ao ambiente e de proporcionar um mundo melhor para
as gerações atuais e futuras (ONU, 2016; UNITED NATIONS, 2016a).
Como contribuição à essa busca de soluções, tem-se a pretensão através deste
estudo de preencher uma lacuna existente na gestão estratégica ambiental das
empresas, que atuam com a oferta dos produtos turísticos cruzeiros marítimos.
A investigação científica é então utilizada para a identificação dessa lacuna teórica,
um trabalho que apesar de “árduo” (VEAL, 2011, p. 177) é necessário, uma vez que
uma minuciosa busca de informações proporcionará uma melhor avaliação dos
aspectos relevantes para o propósito da tese. Uma investigação meticulosa permite
encontrar respostas aos questionamentos, ou, quando não encontradas, incentivar a
produção científica para a obtenção dessas respostas.
Identificar as lacunas que justifiquem a realização de uma pesquisa é, portanto, tarefa
do pesquisador do turismo, mesmo que tenha que buscar descobertas e respostas
em outras áreas, de outras ciências, tendo como meta contribuir com a formação do
conhecimento científico para o setor turístico.
35
Apesar da área de lazer e turismo ser “enorme” e englobar diversas atividades de
diversas áreas (VEAL, 2011, p. 27), “o estudo do turismo, se comparado ao de outras
ciências [...] é recente” (LOHMANN; PANOSSO-NETTO, 2012). Desta forma, o
turismo, por também ser uma área das Ciências Sociais em constante evolução,
apropria-se dos “métodos e conceitos da maioria das ciências sociais já consolidadas”
para produzir o conhecimento necessário para o seu desenvolvimento (DENCKER,
2003, p. 28).
O setor turístico, por estar inserido em um ambiente em desenvolvimento, e também
por passar por este mesmo processo evolutivo, deve incentivar o investimento em
pesquisa, promovendo uma maior eficácia no processo de investigação permitindo
atender aos objetivos e metas estabelecidas (DENCKER, 2003; SANCHO-PEREZ,
2001).
É o que se espera através desta pesquisa e para tal, buscou-se na literatura, através
de um estudo bibliométrico na área do turismo e outras áreas afins, fontes de
informação voltadas à formação ou formulação da estratégia no contexto da
sustentabilidade ambiental aplicada ao mercado de cruzeiros.
Cabe salientar que a pesquisa foi feita utilizando-se os dois termos formação e
formulação da estratégia, apesar da diferença entre os conceitos, o que já foi
explicado no item anterior. Isso foi feito para evitar que alguma produção científica
deixasse de ser analisada.
Para a realização da pesquisa do estado da arte, primeiramente decidiu-se por um
recorte temporal de 20 anos, porém, como uma forma simbólica, optou-se pelo marco
inicial 1995 por ter sido o ano em que a navegação de cabotagem (navegação
costeira), que é realizada entre portos brasileiros pelos navios de bandeira
estrangeira, foi autorizada. Isso permitiu a esses navios estrangeiros embarcarem e
desembarcarem passageiros no litoral brasileiro (BRASIL, 1995; MTUR, 2002).
Anteriormente à lei, este tipo de navegação era permitido somente aos navios
brasileiros, no entanto, eles deixaram de existir, o que fez com que a lei se tornasse
inócua (PANOSSO-NETTO; TRIGO, 2009).
36
Procurou-se, então, através da revisão da literatura, identificar a lacuna teórica (Figura
2) que contempla os conceitos integrados da Sustentabilidade Ambiental e
Formulação da Estratégia Empresarial aplicada aos Cruzeiros Marítimos e assim
confirmar o ineditismo da pesquisa.
Figura 2 - Lacuna teórica
Fonte: Elaborado pelo autor
Com o intuito de identificar a lacuna científica, através da imbricação das três
dimensões da pesquisa da tese, foi necessário buscar através da revisão da literatura
o que se tem pesquisado sobre esses temas a fim de constatar eventuais limitações
para se construir uma plataforma teórica sobre a temática abordada (MARTINS;
THEÓPHILO, 2009; VEAL, 2011).
O processo de busca, para a identificação da lacuna teórica, foi realizado em duas
etapas. Na primeira etapa acessou-se as revistas científicas nacionais e internacionais
classificadas pelo sistema Qualis (UNIVALI, 2015a, 2015b) na área Tourism,
Hospitality and Leisure. Na pesquisa, realizada no período de junho a julho de 2016,
identificou-se uma limitação no processo, ao se constatar que alguns artigos
consultados em periódicos internacionais não possuem acesso gratuito, o que limitou
a análise à leitura do título, resumo e palavras-chave.
No entanto, constatou-se que apesar desta limitação o método de análise dos artigos
obtidos através desta técnica de pesquisa seria adequado para a identificação da
lacuna teórica, uma vez que em todos os casos buscou-se especificamente aqueles
37
artigos que enfocassem prioritariamente os temas pesquisados individualmente ou de
maneira convergente.
Além disso a limitação não foi um impedimento na segunda etapa de pesquisa,
realizada entre os meses de julho e agosto de 2017, quando a revisão da literatura foi
repetida na pesquisa da produção científica, desta vez diretamente através da base
Scopus, durante o período do estágio doutoral realizado na University of Applied
Sciences, em Bremen, Alemanha, onde os artigos de interesse desta tese foram
acessados sem custo.
Considerando-se que este projeto é realizado em um prazo acima de 24 meses,
entende-se ser justificável realizar a pesquisa exploratória dos dados primários em
duas fases. A primeira fase confirmou a lacuna teórica da tese, justificando a
continuidade da pesquisa e o mesmo ocorreu quando se realizou uma nova
investigação, quando houve a reconfirmação da lacuna científica.
Os detalhes relativos aos procedimentos para a realização da pesquisa bibliográfica
e documental são descritos no capítulo 5, item 5.1.2 Técnicas e procedimentos da
pesquisa e no capítulo 6, APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS. Porém,
cabe neste momento apresentar alguns resultados obtidos na identificação da lacuna
científica, uma vez que eles servem para justificar a relevância desta pesquisa.
A primeira etapa da pesquisa identificou (Tabela 1) no período entre 1995 e 2015, um
total de 3085 artigos sobre a dimensão Sustentabilidade, que engloba o
desenvolvimento social e econômico e a proteção ambiental (ELKINGTON, 2012;
UNITED NATIONS, 2002a), e 128 publicações particularmente sobre Sustentabilidade
Ambiental.
Em relação à dimensão Estratégia, foram localizados 6074 artigos, porém, chama a
atenção pelo fato de ter sido encontradas apenas 25 publicações sobre Formação da
Estratégia. Lembrando-se, porém, que esta fase se limitou a pesquisar artigos
publicados somente em periódicos da área de Tourism, Hospitality and Leisure.
Nota-se, também, a pequena produção científica sobre o tema sustentabilidade
ambiental e isso é explicado pela pesquisa ter se concentrado na busca por artigos
38
que priorizassem o tema, o que pode alertar para uma abrangência limitada no
processo de pesquisa.
Este eventual problema, no critério da pesquisa, foi solucionado ao se utilizar uma
palavra-chave mais abrangente, sustentabilidade, por exemplo, onde os artigos de
interesse da pesquisa poderiam estar inseridos.
Relativo à dimensão Turismo Marítimo identificou-se 981 artigos e mais 252
especificamente sobre os cruzeiros, que é o objeto de estudo para o qual esta tese
formula a estratégia.
Tabela 1 - Total de publicações em revistas científicas nacionais e internacionais classificadas pelo sistema Qualis (1995 a 2015)
Produção de artigos
Sustentabilidade Sustentabilidade
Ambiental Estratégia
Formação da
Estratégia
Turismo Marítimo
Cruzeiros
Revistas brasileiras
234 25 74 6 51 12
Revistas estrangeiras
2851 103 6000 19 930 240
Total de artigos
3085 128 6074 25 981 252
Fonte: Elaborado pelo autor a partir da consulta às revistas do sistema Qualis do Turismo e das bases de dados EBSCO, Emerald, IngentaConnect, SAGE, Scielo, Science Direct, Spell, Taylor & Francis e Wiley (CAPES, 2016; UNIVALI, 2015a, 2015b)
A soma dos artigos encontrados individualmente sobre as três dimensões
pesquisadas, 128 sobre Sustentabilidade Ambiental, 25 sobre Formação da Estratégia
e 252 sobre Cruzeiros, totaliza 405 artigos, os quais foram alvo de profunda
investigação, junto a outras fontes de consulta, com o intuito de atender aos objetivos
do estudo.
Com o intenção de ilustrar a evolução temporal da pesquisa científica no Turismo,
relativo às temáticas pesquisadas Sustentabilidade Ambiental, Formação da
Estratégia e Cruzeiros, apresenta-se o Gráfico 1 e Gráfico 2, respectivamente
referentes às publicações no Brasil e no exterior:
39
Gráfico 1 - Evolução da publicação de artigos científicos em revistas nacionais (1995-2015)
Fonte: Elaborado pelo autor a partir da consulta às revistas do sistema Qualis do Turismo e das bases de dados EBSCO, Emerald, SAGE, Scielo, Science Direct e Spell (UNIVALI, 2015b, 2015a).
No Brasil, apesar do volume de produção não ser significativo, verificou-se que os
números estão crescendo. Sobre Sustentabilidade Ambiental, apesar do crescimento,
o pico foi de apenas cinco artigos em 2011 e em relação aos temas Formação da
Estratégia e Cruzeiros, o pico também foi baixo, de apenas três artigos em 2013.
Sem, ainda, comparar com a produção internacional (Gráfico 2), já é possível afirmar
que o número de artigos científicos, para a área do Turismo, que contemple as
dimensões Sustentabilidade Ambiental, Formação da Estratégia e Cruzeiros, em
revistas de turismo, não é substancial.
Vale ressaltar que se deve tomar cuidado ao se afirmar que a produção científica
sobre algum tema de uma determinada área é alta ou baixa, pois depende do
parâmetro de comparação. Por exemplo, está se comparando com o universo de
artigos da área das ciências sociais aplicadas? Com a produção na área do turismo?
Com uma determinada dimensão?
Este cuidado foi tomado na análise dos resultados encontrados neste estudo, uma
vez que foi feito um paralelo com o conceito da significância estatística, ou seja, foi
fixado a priori o percentual de 5% como nível de significância teórico (COSTA, 2002).
Ou seja, determinou-se que a quantidade de artigos identificados, sobre o tema
pesquisado, é considerada pequena quando o valor percentual for menor do que 5%
do total comparado. Como critério, o comparativo se deu somente entre temas das
0
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Núm
ero
de a
rtig
os
Ano
Sustentabilidade Ambiental Formação da Estratégia Cruzeiros
40
mesmas dimensões, por exemplo, Sustentabilidade e Sustentabilidade Ambiental;
Estratégia e Formação da Estratégia e Turismo Marítimo e Cruzeiros.
No Gráfico 2, apresenta-se a evolução da publicação de artigos científicos em revistas
internacionais sobre as mesmas temáticas verificadas nas revistas nacionais.
Gráfico 2 - Evolução da publicação de artigos científicos em revistas internacionais
(1995-2015)
Fonte: Elaborado pelo autor a partir da consulta às revistas do sistema Qualis do Turismo e das bases de dados EBSCO, Emerald, SAGE, Scielo, Science Direct e Spell (UNIVALI, 2015b, 2015a)
Ao se analisar o Gráfico 2, verifica-se uma maior produção sobre a temática Cruzeiros,
mas nota-se também uma tendência de crescimento da produção científica sobre
Sustentabilidade Ambiental.
No entanto, ao se comparar a publicação de artigos dessas duas temáticas com
Formação da Estratégia, chega-se à mesma conclusão em relação à análise feita
sobre as publicações brasileiras, ou seja, quando se compara as três temáticas, a
produção de artigos científicos sobre Formação da Estratégia no turismo não é
significativa (Tabela 2).
0
5
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15
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25
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4
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5
Núm
ero
de a
rtig
os
Ano
Environmental Sustainability Strategy Formulation Cruises
41
Tabela 2 - Participação % de artigos por temática (1995-2015)
Pro
duçã
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de
art
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Suste
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Suste
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Estr
até
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%
Turism
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Marí
tim
o
Cru
zeiros
%
Revistas brasileiras
234 25 10,68 74 6 8,11 51 12 23,33
Revistas internacionais
2851 103 3,61 6000 19 0,32 930 240 25,81
Total de artigos
3085 128 4,15 6074 25 0,41 981 252 25,69
Fonte: Elaborado pelo autor a partir da consulta às revistas do sistema Qualis do Turismo e das bases de dados EBSCO, Emerald, SAGE, Scielo, Science Direct e Spell (UNIVALI, 2015b, 2015a)
A Tabela 2, apresenta a participação percentual de artigos em cada uma das três
dimensões pesquisadas: Sustentabilidade Ambiental, Formação da Estratégia e
Cruzeiros.
Verifica-se, conforme já apresentado anteriormente, com base no percentual de 5%
atribuído a priori, que a produção científica na área do Turismo sobre a dimensão
Formação de Estratégia é baixa, uma vez que corresponde a apenas 0,41% do total
de 6074 artigos sobre a dimensão parâmetro Estratégia.
O mesmo ocorre com a dimensão Sustentabilidade Ambiental, uma vez que os 128
artigos sobre o tema correspondem a 4,15% do total de 3085 artigos sobre
Sustentabilidade.
Quanto à dimensão Cruzeiros, verificou-se que a mesma teve, no período pesquisado,
252 artigos publicados, ou 25,69% do total de 981 artigos encontrados sobre a
dimensão Turismo Marítimo.
Isso significa dizer, com base no critério adotado, que a produção científica no âmbito
do turismo marítimo é relevante, ou seja, não é correto afirmar que existe pouca
produção, ou que a produção científica, sobre o tema cruzeiros é baixa se não for
apresentado um critério comparativo que sustente esta afirmação.
Após a realização desta fase da pesquisa, que teve o intuito de levantar a produção
científica relativa às temáticas Sustentabilidade Ambiental, Formação da Estratégia e
Cruzeiros, buscou-se, então, identificar a Lacuna Teórica, ou seja, quando não ocorre
42
a inter-relação entre as dimensões pesquisadas, o que justificará a elaboração desta
tese.
Com o objetivo de confirmar esta lacuna científica, realizou-se a pesquisa avançada,
utilizando-se as três dimensões convergentes do estudo, nos bancos de dados
EBSCO, Emerald, Ingenta Connect, SAGE, Scielo, Science Direct, Spell, Taylor &
Francis e Wiley.
Além disso, repetiu-se a pesquisa nos bancos de dados de dissertações e teses
brasileiras BDTD e internacionais Dart-Europe E-theses Portal, e nos anais dos cursos
de mestrado e doutorado em turismo, lazer ou hospitalidade, no Brasil, utilizando-se
as mesmas palavras-chave adotadas na investigação dos artigos:
• Mestrado e Doutorado em Estudos do Lazer – Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG);
• Mestrado e Doutorado em Hospitalidade – Universidade Anhembi Morumbi
(UAM);
• Mestrado e Doutorado em Turismo – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN);
• Mestrado e Doutorado em Turismo e Hospitalidade – Universidade de Caxias
do Sul (UCS);
• Mestrado e Doutorado em Turismo e Hotelaria – Universidade do Vale do Itajaí
(UNIVALI);
• Mestrado Profissional em Gestão de Negócios Turísticos – Universidade
Estadual do Ceará (UECE);
• Mestrado Profissional em Turismo – Universidade de Brasília (UNB);
• Mestrado em Turismo – Universidade Federal do Paraná (UFPR);
• Mestrado em Turismo – Escola de Artes, Ciências e Humanidades da
Universidade de São Paulo (EACH/USP).
Mesmo com a ampliação das fontes de consulta, a pesquisa não identificou qualquer
produção científica em que houvesse a convergência das três dimensões
pesquisadas.
43
Após a realização desta fase da pesquisa, seleção e análise das 405 publicações,
confirmou-se, então, a existência da lacuna teórica (Figura 3) relativa à convergência
da Sustentabilidade Ambiental com as outras duas dimensões, Formação da
Estratégia e Cruzeiros Marítimos.
Figura 3 – Produção científica e lacuna teórica no turismo
(% do total de 405 artigos analisados)
Fonte: Elaborado pelo autor a partir da consulta às revistas do sistema Qualis do Turismo e das bases de dados EBSCO, Emerald, SAGE, Scielo, Science Direct e Spell (UNIVALI, 2015b, 2015a)
A Figura 3, apresenta os percentuais e o total de artigos encontrados sobre as
dimensões Formação da Estratégia, Sustentabilidade Ambiental e Cruzeiros
Marítimos e a inter-relação entre os temas.
A ausência da convergência entre as três dimensões justificou a continuidade da
pesquisa e a construção do conhecimento científico proposto, a fim de contribuir,
através da imbricação dos temas, com subsídios às companhias de cruzeiros
marítimos para a adoção das melhores práticas no contexto da sustentabilidade
ambiental e, por consequência, com o desenvolvimento sustentável e com as
pesquisas sobre o turismo que, segundo CARIĆ (2016), não tem sido extensivamente
abordados.
44
Para confirmar esta lacuna, a pesquisa foi repetida, 15 meses depois, desta vez
utilizando-se a base de dados Scopus como fonte de consulta. Assim como ocorreu
na pesquisa preliminar da tese, também não foi identificada qualquer produção
científica especificamente relacionada à formulação de uma estratégia no contexto da
sustentabilidade ambiental nos navios de cruzeiros marítimos, confirmando-se,
portanto, uma lacuna científica resultante da imbricação destes temas, tornando o
ineditismo desta pesquisa relevante à produção de um novo conhecimento.
No entanto, o objetivo desta pesquisa não foi somente a de identificar a lacuna, mas
também de buscar fontes de informação nas publicações relativas aos temas
pesquisados, em particular relativo à sustentabilidade ambiental nos navios de
cruzeiros.
Para a identificação da lacuna teórica utilizou-se a combinação booleana das três
dimensões do estudo e então realizou-se o levantamento com o uso da ferramenta de
busca avançada das próprias bases de dados consultadas.
Vale salientar que o recorte temporal da pesquisa não foi considerado para a
identificação da lacuna, porém, utilizou-se para a realização da pesquisa do estado
da arte, ao levantar os artigos científicos que poderiam fundamentar a construção do
conhecimento, definindo-se o ano inicial de 1995, utilizando-se o mesmo critério
apresentado anteriormente na pesquisa com base no Web Qualis.
Com o intuito de ilustrar esta segunda pesquisa bibliométrica, a produção científica
sobre este setor do turismo foi analisada entre 18 de julho e 14 de agosto de 2017.
Na Tabela 3, é apresentado um resumo desta investigação, sem recorte temporal,
com o número de artigos publicados e indexados na base Scopus, de acordo as
palavras-chave pesquisadas, individualmente ou em combinação booleana.
45
Tabela 3 – Total de artigos indexados na base Scopus em cada tema
Palavras-chave da pesquisa
TOTAL DE ARTIGOS
Todos os artigos
Filtro: articles; social sciences; business, management and
accounting; environmental science
Strategy 5.686.391 1.997.718
Sustainability 461.089 142.672
Tourism 182.346 67.280
Environmental sustainability 42.828 11.430
"maritime tourism" or "nautical tourism" or "cruise tourism" or "cruise industry" or "cruise ship" or "ocean cruising" or "ocean cruise"
7.213 2.363
"maritime tourism" or "nautical tourism" or "cruise tourism" or "cruise industry" or "cruise ship" or "ocean cruising" or "ocean cruise" and "sustainability"
707 373
"maritime tourism" or "nautical tourism" or "cruise tourism" or "cruise industry" or "cruise ship" and "strategy"
435 8
"maritime tourism" or "nautical tourism" or "cruise tourism" or "cruise industry" or "cruise ship" or "ocean cruising" or "ocean cruise" and "environmental sustainability"
106 5
Fonte: elaborado pelo autor
O resultado desta pesquisa permite concluir, verificando-se na tabela, que os 11.430
artigos que abordam o tema sustentabilidade ambiental, correspondem a 16,99% do
total de 67.280 artigos publicados para a área do turismo, utilizando-se como filtro as
áreas social sciences; business, management and accounting e environmental
science, isso significa que a produção científica sobre o tema na área é significativo,
se for fixado a priori o percentual de 5% como nível de significância teórico (COSTA,
2002).
No entanto, utilizando-se o mesmo critério de análise, este percentual é baixo se for
considerado os 2.363 artigos sobre a dimensão turismo marítimo, em uma visão mais
abrangente, ou particularmente à "maritime tourism" or "nautical tourism" or "cruise
tourism" or "cruise industry" or "cruise ship" or "ocean cruising" or "ocean cruise", por
corresponder a apenas 3,51% do total dos mesmos 67.280 artigos das áreas definidas
pelo filtro da pesquisa. A baixa produção científica sobre os temas conjuntamente,
justifica a contribuição desta pesquisa de tese para o estudo da sustentabilidade
ambiental no turismo, em particular do produto turístico cruzeiro marítimo.
46
Verifica-se ainda que na convergência dos temas pesquisados e identificados na
tabela, pela combinação das palavras-chave "maritime tourism" or "nautical tourism"
or "cruise tourism" or "cruise industry" or "cruise ship" or "ocean cruising" or "ocean
cruise" and "sustainability", o número de 707 publicações, após se aplicar os filtros,
reduz para 373 artigos, que são os artigos que devem, prioritariamente, ser
investigados a fim de se encontrar estudos sobre a sustentabilidade ambiental no
turismo de cruzeiros.
Dessa forma considera-se, por meio desta investigação, que produzir conhecimento
sobre os aspectos da sustentabilidade ambiental para os cruzeiros marítimos é
relevante, no entanto, comprometer-se com os fatores do desenvolvimento
sustentável e com as melhores práticas ambientalmente sustentáveis, devem ser um
princípio fundamental constante na agenda, em primeiro plano, das nações que
buscam o caminho da dignidade para seus habitantes e como consequência das
empresas que tem o mesmo princípio estratégico no atendimento às demandas de
seus clientes.
Com base nesses princípios, identificou-se a necessidade da realização de estudos
que possam contribuir, teoricamente e empiricamente, para o desenvolvimento de
ambientes turísticos sustentáveis que possam servir de subsídios a um melhor
planejamento das estratégias do setor e que permita analisar o cenário do mercado
turístico marítimo a fim de orientar investimentos públicos e privados.
Justifica-se, portanto, a partir da relevância do tema e da lacuna encontrada, para
atingir aos objetivos propostos, a realização desta pesquisa no ambiente do setor de
serviços turísticos e mais particularmente no produto turístico cruzeiro marítimo, como
objeto de validação do estudo.
Para tal, definiu-se como população da pesquisa as organizações que atuam
diretamente com a sustentabilidade ambiental no ambiente marinho, como um
princípio de valor estratégico e, como amostra da pesquisa, 90 portos e terminais
marítimos internacionais membros (CLIA, 2018d) ou parceiros (CLIA, 2018e) da CLIA,
18 portos marítimos brasileiros (ANTAQ, 2018a), 62 organizações especializadas em
questões ambientais relacionadas ao ambiente marinho, aqui chamadas de
47
especialistas, além de 26 companhias de cruzeiros marítimos membros da CLIA
(CLIA, 2018d).
Cabe salientar que a opção pelo produto turístico cruzeiro marítimo, como objeto de
estudo desta tese de doutorado, deveu-se ao fato do pesquisador ter atuado com este
objeto de estudo ao longo de sua carreira profissional e acadêmica, mais
recentemente com a pesquisa da dissertação no mestrado acadêmico.
Ao final do estudo pretende-se proporcionar às empresas marítimas um modelo de
estratégia de valor, como alternativa de gestão ambiental, com informações que as
subsidiem na elaboração de suas estratégias empresariais, no atendimento às
regulamentações ambientais e aos requisitos da sustentabilidade ambiental,
proporcionando aos clientes valores intangíveis no contexto da sustentabilidade
ambiental em suas viagens nos navios de cruzeiro.
1.5 Estrutura do trabalho
Com o intuito de atender aos objetivos específicos e então propor um modelo
integrado de gestão estratégica empresarial, que contemple os requisitos da
sustentabilidade ambiental, tendo como objeto os cruzeiros marítimos, que é o
objetivo geral da tese, divide-se o desenvolvimento desta pesquisa em quatro etapas,
que se relacionam com os quatro objetivos específicos.
Tendo como foco principal a dimensão sustentabilidade ambiental e o produto turístico
cruzeiro marítimo como objeto de estudo, tem-se no desenvolvimento das etapas a
intenção de descrever os requisitos e variáveis da sustentabilidade ambiental contidos
nas regulamentações para o produto turístico cruzeiro marítimo e então formular o
modelo de gestão estratégica ambiental proposto.
Com os atributos e variáveis descritos foi possível, então, formular o modelo integrado
de estratégia de valor para os navios de cruzeiros marítimos e então atender ao
objetivo geral da tese.
Na Figura 4 - Estrutura da pesquisa, apresenta-se a síntese da estrutura do trabalho
em suas diversas fases e respectivos procedimentos.
48
Figura 4 - Estrutura da pesquisa
Fonte: Elaborado pelo autor
49
Para atender aos objetivos da tese, geral e específicos, e confirmar os pressupostos,
este trabalho científico é composto por sete capítulos, além das referências, anexos e
apêndices.
No primeiro capítulo, em seu primeiro item, é apresentada a contextualização do tema
de estudo, que serviu de apoio à delimitação do problema, o qual foi descrito no
segundo item, onde foram apresentados os pressupostos da tese e a questão da
pesquisa.
No terceiro item, foram introduzidos os objetivos, geral e específicos, que serviram de
orientação à justificativa da pesquisa. No quarto item apresenta-se a justificativa do
estudo, considerando-se as três dimensões que o fundamentam: Sustentabilidade
Ambiental, Formulação da Estratégia e Cruzeiros Marítimos. Para finalizar o capítulo
inicial apresenta-se um resumo da estrutura do trabalho.
O segundo, terceiro e quarto capítulos são relativos à fundamentação teórica da tese,
tendo como dimensão central a Sustentabilidade Ambiental, porém, buscando-se
sempre convergir com as outras dimensões, Formulação da Estratégia e Cruzeiros
Marítimos, respectivamente, ao longo dos capítulos.
Cabe ressaltar a intenção de realizar a pesquisa com uma perspectiva didática,
quando pretendeu-se apresentar o detalhamento da cronologia do desenvolvimento
sustentável apoiado pela apresentação de quadros e indicação de anexos, com as
informações relevantes sobre o tema e de cada fato, com a pretensão, também, de
auxiliar jovens pesquisadores que tem interesse em encontrar as informações
compiladas em um único local, sem a necessidade da ampliação da pesquisa em
diversas fontes de informação.
Neste marco teórico, inicia-se efetivamente a primeira etapa do estudo, quando em
no segundo capítulo da tese é realizada a revisão da literatura que remete aos
conceitos e regulamentações do desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade.
Este levantamento das regulamentações voltadas aos princípios da sustentabilidade
ambiental, no âmbito geral e em particular ao produto turístico cruzeiro marítimo, visou
atender ao primeiro objetivo específico da tese.
50
Na sequência, chega-se ao terceiro capítulo onde são abordados os cruzeiros
marítimos e sua relação com a sustentabilidade ambiental, correspondendo às etapas
2 e 3, ou segundo e terceiro objetivos específicos da tese, respectivamente. Nestas
etapas são descritos os requisitos e variáveis da sustentabilidade ambiental
relacionados ao objeto de estudo contidos nas regulamentações ambientais
apresentadas no capítulo anterior.
Neste momento da pesquisa obtém-se a resposta teórica e preliminar da questão da
tese: De que forma pode-se gerenciar o produto turístico cruzeiro marítimo, integrando
os requisitos da sustentabilidade ambiental e a estratégia empresarial, com o intuito
de colaborar com o desenvolvimento sustentável do ambiente marinho?
Para finalizar a fundamentação teórica buscou-se, no quarto capítulo, as referências
relativas ao contexto da formulação da estratégia empresarial, através de reflexões
sobre o processo da estratégia, com o intuito de dar embasamento teórico ao quarto
objetivo específico da tese, que é o de formular um modelo integrado de estratégia de
valor, que contemple os requisitos e as variáveis da sustentabilidade ambiental para
o produto turístico cruzeiro marítimo.
Dando sequência ao estudo, no quinto capítulo foi descrita a metodologia da pesquisa,
apresentada inicialmente através de uma visão geral e então separadamente para
cada etapa, relacionando-se os objetivos específicos, respectivos métodos,
abordagens e procedimentos adotados.
No sexto capítulo são apresentados e analisados, de maneira independente, os
resultados da pesquisa da tese na forma de artigos científicos, quando são discutidos
e confirmados os requisitos e variáveis ambientais e o modelo de gestão estratégica
formulado.
O primeiro resultado apresentado é relativo à análise bibliométrica da produção
científica sobre o ambiente dos navios de cruzeiros, quando se buscou pesquisas
relativas às suas práticas ambientalmente sustentáveis.
Na sequência, ainda como parte deste primeiro resultado, procurou-se identificar a
predisposição estratégica das companhias marítimas, associadas à CLIA (CLIA,
2018d), através da intenção em divulgar suas iniciativas ambientais ao mercado
51
consumidor. Foi então verificado como essas companhias marítimas se comunicam
com seus clientes atuais e potenciais, se os requisitos e indicadores avaliados no
contexto da sustentabilidade ambiental de seus navios de cruzeiros marítimos são
divulgados e como são divulgados ao mercado.
A baixa predisposição estratégica em divulgar suas melhores práticas ambientais por
parte das companhias de cruzeiros marítimos (HALL; WOOD; WILSON, 2017;
JONES; COMFORT; HILLIER, 2016; JONES; HILLIER; COMFORT, 2016), justifica a
pesquisa realizada para atender ao quarto objetivo específico da tese. Neste item é
apresentada a pesquisa empírica que converge a formulação de um modelo de
estratégia com a dimensão sustentabilidade ambiental, e tem-se como resultado o
próprio modelo da tese que traz os requisitos ambientais que devem, prioritariamente,
servir como orientação para se medir a sustentabilidade ambiental nos navios de
cruzeiros marítimos.
O resultado obtido neste capítulo buscou, através da pesquisa empírica, confirmar o
modelo proposto e os pressupostos da tese, constatando que a adoção dos conceitos
da gestão estratégica, convergentes com os requisitos da sustentabilidade ambiental,
permite cooperar com a manutenção do equilíbrio ambiental, contribui para a
sustentabilidade social e subsidia o desenvolvimento econômico.
Através da adoção das melhores práticas ambientais tem-se na conservação dos
recursos naturais a contribuição não só de uma melhor qualidade de vida aos
habitantes do planeta, mas também com benefícios intangíveis às próprias
companhias marítimas, de maneira a auxiliar no alcance de metas de
desenvolvimento e crescimento.
Ao final do capítulo contextualizou-se sobre os resultados alcançados os quais
permitiu atender ao objetivo geral, podendo-se propor o modelo integrado de gestão
estratégica empresarial, que contempla os requisitos e variáveis da sustentabilidade
ambiental, sistematizado aos cruzeiros marítimos.
No Quadro 1 , apresenta-se uma síntese das características da pesquisa, cujo intuito
é o de auxiliar, em uma visão holística, a compreensão do contexto da pesquisa.
52
Quadro 1 - Síntese das características da pesquisa
Pressupostos da Tese
• O conhecimento dos conceitos da gestão estratégica permite às
companhias marítimas a compreensão da realidade do ambiente no
qual estão inseridas, sendo um recurso indispensável para enfrentar
os desafios de ordem econômica, social e ambiental e suas relações;
• A formação de uma estratégia de valor com base nos requisitos da
sustentabilidade ambiental permite o posicionamento adequado das
companhias marítimas quanto às orientações da ONU, coopera com a
manutenção do equilíbrio ambiental do planeta, contribui para a
sustentabilidade social e subsidia o desenvolvimento econômico;
• A consciência das demandas da sustentabilidade, a adoção das
melhores práticas no contexto dos requisitos ambientais e a formulação
de uma estratégia de valor com base nesses requisitos, proporciona às
companhias marítimas subsídios indispensáveis na busca de
inovações que permitam alcançar metas de crescimento econômico
contribuindo com a conservação dos recursos naturais.
Tipo de pesquisa Exploratório-descritiva.
Abordagem/Método
Objetivos 1 a 3: Abordagem qualitativa dos dados; Objetivo 4: Abordagem quantitativa, sendo esta com amostragem não probabilística intencional. Método sistêmico
Fontes de pesquisa Livros, revistas científicas, artigos científicos, dissertações, teses, relatórios de pesquisas gerenciais e fontes retiradas da internet.
Fontes de dados
Objetivos 1 a 3: conceitos e atributos relativos às dimensões Sustentabilidade Ambiental, Gestão da Estratégia e Cruzeiros Marítimos; Objetivo 4: representantes de portos e terminais marítimos, de companhias marítimas e de organizações especializadas em questões ambientais relacionadas ao ambiente marinho.
Amostra
Objetivos 1 a 3: regulamentações voltadas ao contexto da Sustentabilidade Ambiental convergentes ao ambiente marinho e aos Cruzeiros Marítimos; Objetivo 4: 90 portos e terminais marítimos internacionais membros (CLIA, 2017c) ou parceiros (CLIA, 2017d) da CLIA, 18 portos marítimos brasileiros (ANTAQ, 2017) e 62 organizações especializadas em questões ambientais relacionadas ao ambiente marinho.
Coleta de dados
Objetivos 1 a 3: pesquisa documental e bibliográfica, com análise qualitativa dos dados; Objetivo 4: pesquisa quantitativa, com aplicação de questionário estruturado e análise dos dados através da estatística descritiva e software smart PLS (Partial Least Squares) para a confirmação dos dados. .
Período da coleta de dados da etapa empírica
Maio a outubro de 2017.
Lacuna Teórica Não há, na literatura consultada, estudos sobre as inter-relações entre as três dimensões: Sustentabilidade Ambiental, Formação da Estratégia e Cruzeiros Marítimos
Fonte: Elaborado pelo autor
53
A intenção deste quadro, é de apresentar uma visão holística da tese, com
informações relevantes, de maneira a permitir a compreensão de sua estrutura e os
procedimentos de execução para o atendimento aos objetivos propostos.
Na continuidade, com o intuito de elaborar formalmente a tese, apresenta-se a
fundamentação teórica, em três capítulos, 2, 3 e 4, baseados, respectivamente em
três dimensões Sustentabilidade Ambiental; Formação da Estratégia e Cruzeiros
Marítimos. Temáticas que compõem a estrutura do estudo para que seja possível
atender aos objetivos propostos.
2. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A SUSTENTABILIDADE
AMBIENTAL
Pretende-se com este capítulo apresentar informações fundamentais para atender
aos objetivos desta tese, que auxiliarão na formatação do modelo proposto de gestão
estratégica empresarial, o qual contempla os requisitos da sustentabilidade ambiental,
sistematizado aos cruzeiros marítimos.
Além de conceituar os elementos da dimensão Desenvolvimento Sustentável, com
enfoque na Sustentabilidade Ambiental, o capítulo tem o intuito de apresentar
informações, obtidas através da pesquisa exploratória e descritiva, a fim de identificar
os requisitos e variáveis ambientais e então atender aos três primeiros objetivos
específicos da tese, que visam levantar as regulamentações ambientais e descrever
os requisitos e variáveis ambientais, contidos nelas.
O texto explora o levantamento realizado sobre as regulamentações aplicáveis aos
princípios da sustentabilidade ambiental, no âmbito geral e em particular buscando-se
identificar especificidades do ambiente marinho e do produto turístico cruzeiro
marítimo.
Este levantamento resulta na descrição da evolução da sustentabilidade, através dos
fatos mais relevantes ao longo do tempo, em ordem cronológica, desde o final da
segunda guerra mundial, quando houve uma mudança de paradigma com o início da
preocupação com a saúde do planeta e, por consequência, com as gerações futuras
(XIMENES, 2011).
A partir da descrição dos fatos, foi possível identificar os principais fatores da
sustentabilidade ambiental, com enfoque estratégico, com o intuito de estabelecer as
variáveis da pesquisa quantitativa, que serão utilizadas na elaboração do instrumento
para a investigação (APÊNDICES) a ser realizada junto aos atores vinculados, ou que
se relacionam, com as questões ambientais no ambiente marinho e sobre os requisitos
da sustentabilidade ambiental.
55
Neste contexto, vale ressaltar que apesar da importância do desenvolvimento
sustentável e da sustentabilidade, como dimensões principais que envolvem o Tripé
da Sustentabilidade (ELKINGTON, 2012; UNITED NATIONS, 2002a) e conforme
afirma Veiga (2010), de que a sustentabilidade só poderá ser avaliada com eficácia
se forem definidos indicadores adequados para sua medição, analisando-se
simultaneamente a dimensão ambiental, o desempenho econômico, e a qualidade de
vida, este estudo tem o foco e portanto convergirá na direção da dimensão da
Sustentabilidade Ambiental, que serve de base teórica para o desenvolvimento da
tese, porém sem deixar de dar a devida importância às outras dimensões sempre que
necessário.
O resultado da pesquisa em relação à esta dimensão é apresentado a seguir, de
maneira sintética, através da descrição dos relatórios das conferências e
regulamentações realizadas nos últimos anos e que servem de orientação às políticas
governamentais e ao posicionamento estratégico, a longo prazo, das organizações.
2.1 Conceitos para o Desenvolvimento Sustentável
Neste item apresenta-se conceitos, cabendo, portanto, introduzir com a definição
reconhecida pela ONU e pelo governo brasileiro sobre sustentabilidade, o qual se
baseia na Declaração de Joanesburgo para o Desenvolvimento Sustentável (UNITED
NATIONS, 2002a).
A ONU (2009, p. 78) conceitua o desenvolvimento sustentável, como sendo o:
desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades. Ele inclui o econômico, ambiental e a sustentabilidade social, que pode ser conseguida através da gestão racional física, natural e do capital humano.
Sobre a expressão Desenvolvimento Sustentável, segundo Veiga (2005, p. 81), quem
melhor define desenvolvimento é o economista Celso Furtado, quando afirma que o
“desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social subjacente”, e não
simplesmente como sinônimo de crescimento econômico, conforme defendem alguns
autores.
56
Ainda de acordo com o autor (op. cit.) Sachs é quem melhor define sustentabilidade,
isso porque ele considera os problemas decorrentes do crescimento econômico que
vem ocorrendo nas últimas décadas.
Para a solução dos problemas, no contexto do desenvolvimento sustentável, deve-se
buscar o equilíbrio, uma vez que, segundo Sachs (1993, p. 36), “as soluções radicais
devem, por definição, tratar das raízes dos problemas e não de seus sintomas”, dessa
forma equilibrada espera-se, portanto, “reduzir a assimetria existente entre os ricos e
os pobres”.
De maneira integrada, “fundamentada na harmonização de objetivos sociais,
ambientais e econômicos” (VEIGA, 2005, p. 171), de acordo com Sachs (1993, p. 37)
o planejamento para o desenvolvimento necessita considerar “simultaneamente” cinco
dimensões de sustentabilidade: social, econômica, ecológica, espacial e cultural.
Estas dimensões formarão o projeto social subjacente que proporcionará um
desenvolvimento sustentável, que visa uma melhor qualidade de vida e um futuro
melhor para as gerações futuras.
Ser sustentável não é, portanto, um objetivo sem importância para as organizações,
afinal pode ser a saída para a qualidade de vida e segurança ambiental, não só para
seus clientes, mas também, para todos que se relacionam com elas, como partes
interessadas.
Segundo a ISO (ISO, 2010), a ABNT (ABNT, 2014, 2015a) e a Global Reporting
Initiative (GRI, 2000), essas partes interessadas, ou stakeholders, são os indivíduos
ou grupos interessados ou influenciados pelas atividades de uma organização cujas
ações possam afetar sua capacidade e seu desempenho ambiental.
É um desafio, mas ao mesmo tempo um diferencial para as empresas turísticas que
precisam considerar a sustentabilidade em suas estratégias competitivas na conquista
de um novo cliente, que tende a ser cada vez mais consciente a respeito desses
aspectos (BARBIERI et al., 2010; PIRES, 2012; TACHIZAWA; ANDRADE, 2008).
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2016a), define sustentabilidade como
sendo a:
57
condição relacionada com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana; um meio de configurar a civilização e atividade humanas de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente e ao mesmo tempo manter indefinidamente a biodiversidade e os ecossistemas naturais; abrange vários níveis de organização desde a vizinhança local até o planeta inteiro.
Apesar da necessidade da proteção do ambiente natural, de acordo com Doran,
Hanss e Larsen (2015) a adoção de uma atitude consciente, que atenda aos preceitos
do desenvolvimento sustentável, ainda é um desafio.
Uma vez que a atitude está sujeita a um esforço que depende da cooperação coletiva
de toda a humanidade, de todos os envolvidos com o ambiente, incluindo governo,
fornecedores, habitantes locais e os turistas. Enfim, todas as partes interessadas
interagem com o destino ou com o produto turístico em questão, o que acaba tornando
difícil a sua conscientização e adoção por todos de maneira sinérgica.
Mas é necessário conscientizar e, para tal, será fundamental e necessário informar
(ABNT, 2014, 2015b; BALLANTYNE; PACKER; FALK, 2011; CHOI; MURRAY, 2010;
DE CONTO et al., 2013; DOLNICAR; LONG, 2009; FEE, 2017; NEIMAN; BARBOSA
FREDERICO; PEREIRA, 2012; PEDRINI et al., 2015; SILVA; MARACAJÁ, 2012;
ZHANG; COLE; CHANCELLOR, 2013) e assim mudar as percepções buscando-se
um engajamento de todos no sentido de atender às demandas do planeta em busca
de um futuro melhor.
A busca por esse futuro melhor e por qualidade de vida, muitas vezes se confunde,
erroneamente, com o acumulo de riqueza e por bens materiais, quando deveria ser
por viver com respeito e dignidade, a partir dos princípios do desenvolvimento
sustentável.
A interpretação errada pela sociedade influencia o custo ambiental, que sofre impacto
direto da exploração dos recursos naturais, tendo sua resiliência afetada pela ação
insustentável do homem para o homem, fazendo com que este comportamento, às
vezes impensado e às vezes consciente, cause uma crise ambiental difícil de ser
revertida caso haja persisitência em sua exploração (KLEIN, 2014).
58
Segundo Goodland (2002), a sustentabilidade ambiental se originou das
preocupações sociais existentes no mundo que convergiram para a necessidade da
manutenção do capital natural, que é composto por água, terra, ar, minerais e serviços
do ecossistema.
Assim, existem diversas definições sobre a sustentabilidade ambiental (DALY; COBB,
1994; DALY, 1990; GOODLAND, 1995, 2002; GOODLAND; DALY, 1996; SACHS,
1993, 2009; SUTTON, 2004; UNITED NATIONS, 2009; UNWTO, 2015; WEF, 2014),
porém, de uma maneira geral, todas convergem para a mesma meta (GOODLAND,
1995) e princípios definidos pelo Tripé da Sustentabilidade (ELKINGTON, 2012;
UNITED NATIONS, 2002a).
Para a ONU (2009), a sustentabilidade ambiental é a capacidade, a longo prazo, dos
recursos naturais e ambientais e os serviços ecossistêmicos de apoiar o bem-estar
contínuo, enquanto isso, o Ministério do Turismo (MTUR, 2017b, p. 9), afirma que “a
sustentabilidade ambiental envolve o controle dos impactos ambientais e a
conservação das áreas naturais e sua biodiversidade”.
No mix de palavras e expressões o objetivo no final é o mesmo, que é de conservar
as áreas e os recursos naturais com todo o seu ecossistema ali existente, através do
controle dos impactos ambientais.
Na mesma linha, porém de maneira elementar, Daly (1990, p. 1) define
sustentabilidade ambiental como sendo “a manutenção do Capital Natural” e
apresenta a regra do input/output (entrada de recursos naturais/saída de resíduos)
(Quadro 2).
59
Quadro 2 - Sustentabilidade Ambiental como manutenção do Capital Natural
INPUT OUTPUT
RECURSOS NATURAIS RESÍDUOS
RENOVÁVEIS NÃO RENOVÁVEIS
Sua taxa de exploração deve ser dentro da capacidade regenerativa do sistema natural que os gera
Sua taxa de esgotamento deve ser definida abaixo da taxa de desenvolvimento de seus substitutos renováveis, inventados pelo homem. Deve-se reservar uma parcela dos recursos afetados à investigação para a busca de substitutos sustentáveis
Em um projeto ou uma atividade, a emissão de resíduos deve ser mantida dentro da capacidade de assimilação do meio ambiente local, sem a degradação inaceitável de sua capacidade futura de absorção dos resíduos
Fonte: Adaptado de (DALY; COBB, 1994; DALY, 1990; GOODLAND, 1995, 2002; GOODLAND;
DALY, 1996)
Nas definições da regra do input/output (Quadro 2) percebe-se a preocupação com os
limites para a exploração dos recursos e emissão dos resíduos, o que significa,
também, uma preocupação com o aspecto qualitativo do desenvolvimento.
Dessa forma para que o capital natural seja mantido, segundo Daly (1990), as
organizações devem buscar o desenvolvimento sustentável e não apenas o
crescimento sustentável, uma vez que desenvolvimento foca nos atributos
qualitativos, que visam a melhoria da qualidade de vida, enquanto que o crescimento
sustentável pode até focar na sustentabilidade, porém, podendo ter como meta final,
e resultado, apenas o aumento quantitativo da economia (ALBRECHT, 2004; DALY,
1990; DIAS, 2015; KOTLER, 2000; SILVA; FERNANDES, 2014).
Goodland (1995, p. 10) confirma Daly (1990), ao afirmar que a sustentabilidade
ambiental é “a manutenção do Capital Natural”, devendo-se, em função disso, dar-se
ênfase ao desenvolvimento ambientalmente sustentável, priorizando a melhoria do
bem-estar humano, o que implica em níveis sustentáveis tanto da produção (na
oferta), quanto no consumo (na demanda) e não no crescimento econômico
sustentável, o que poderia prejudicar o equilíbrio desejado.
Para um desenvolvimento sustentável, segundo Sachs (2004, p. 15) e Veiga (2005, p.
171–172), é necessário que haja sustentabilidade ambiental com base na
necessidade ética e imperativa “de solidariedade sincrônica com a geração atual” em
60
harmonia e equilíbrio “de solidariedade diacrônica com as gerações futuras”, é a busca
pela cooperação através da conscientização da necessidade da adoção de soluções
voltadas ao Tripé: social, econômico e ambiental, eliminando-se “o crescimento
selvagem obtido ao custo de elevadas externalidades negativas, tanto sociais, quando
ambientais”.
De acordo com Goodland e Daly (1996) a sustentabilidade ambiental é a base para a
manutenção do capital natural, dessa forma, as organizações devem adotar a regra
de input/output desde o início do projeto, como um investimento estratégico em que
se afirma que o projeto é sustentável, porém, em uma segunda etapa pode-se, então,
utilizar indicadores específicos para a medição da sustentabilidade ambiental.
Goodland e Daly (1996) complementam que as organizações devem aprender a
gerenciar os recursos renováveis com uma visão de longo prazo, buscando reduzir o
desperdício e a poluição, procurando aprender como utilizar a energia e os materiais
com eficiência e, além disso, deve-se agir, também, com a realização de investimentos
para a reparação dos danos que tem sido causados na Terra nas últimas décadas,
devido ao processo de industrialização.
Outras definições sobre a sustentabilidade ambiental são apresentadas por
organizações internacionais, nacionais e pesquisadores, tais quais as descritas a
seguir.
O World Economic Forum (WEF) (WEF, 2014, p. 55) define sustentabilidade ambiental
como sendo “as instituições, políticas e fatores que garantem uma eficiente gestão
dos recursos que permitam a prosperidade para gerações presentes e futuras”.
Novamente, apresenta-se a preocupação com as próximas gerações, sem a qual não
faria sentido se todo o esforço para o desenvolvimento sustentável tivesse uma visão
de curto prazo, dessa forma ao longo do texto essa preocupação será ressaltada e
repetida sempre que necessário.
Com base no conceito elaborado por Sachs (1993, 2009), o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA, 2010, p. 30) apresenta a sua visão em uma definição mais
objetiva: “a sustentabilidade ambiental relaciona-se à capacidade de suporte,
resiliência e resistência dos ecossistemas”.
61
Na verdade, não importa se a definição, ou o entendimento é objetivo ou prolixo, o
que importa é que no final o conceito destaque a preocupação com a conservação
dos recursos existentes e com o futuro do planeta, sendo que havendo a necessidade
de exploração, necessária ao desenvolvimento, haja também a conscientização de
todos os responsáveis, diretos ou indiretos pelas questões da sustentabilidade, quanto
ao respeito pelo tempo de resiliência de cada organismo.
Para Sutton (2004, p. 1), sustentabilidade ambiental tem um significado para todos
como sendo “a capacidade de manter as coisas ou qualidades que são valorizadas
no ambiente físico”. Sendo que este sistema inclui os ambientes natural e biológico,
ou seja, a terra, as águas e atmosfera, recursos físicos e os edifícios e estradas,
espécies utilizadas pela agricultura, espécies de pragas e espécies nativas, e
comunidades ecológicas.
Segundo o autor (op. cit.), esta é uma maneira simples e fundamental para expressar
o conceito, porém, as pessoas, que adotam a sustentabilidade ambiental, podem
especificar ou elaborar o termo agregando outros significados ou aplicando o conceito
em contextos mais especializadas.
Para Morelli (2011, p. 22) na sustentabilidade ambiental o uso da palavra "ambiental",
muitas vezes tende a ser associada com algum tipo de impacto humano sobre
sistemas naturais e é quase sempre usado em referência à interação humana com o
ecossistema.
Mais especificamente, segundo o autor, com o intuito de minimizar os impactos, a
sustentabilidade ambiental pode ser definida como uma condição de equilíbrio, a
resiliência e interconexão que permite que a sociedade humana satisfaça suas
necessidades sem exceder a capacidade dos seus ecossistemas, permitindo então a
sua regeneração para que o bem-estar comum possa ser alcançado.
Na opinião do autor desta tese, este é o conceito mais completo e que não deixa
dúvidas, quanto à importância e necessidade da sustentabilidade ambiental, para que
o desenvolvimento sustentável seja permitido e alcançado e portanto, será adotado
como fundamento para a pesquisa.
62
2.2 Cronologia do Desenvolvimento Sustentável
Foi a partir do início da década de 1970, quando, de acordo com Sachs (1993), o tema
sustentabilidade passou a ganhar importância e repercussão. Apesar dessa
importância, a discussão mais aprofundada sobre o tema é recente.
Constata-se essa afirmação através do aplicativo Ngram Viewer, que permite analisar
o conteúdo e a frequência de utilização das palavras, e expressões selecionadas, nos
livros digitalizados no Google Books (BANERJEE; PEDERSEN, 2003; LIN et al.,
2012).
Ao se realizar a pesquisa utilizando-se a palavra-chave Sustainabilty, ou seja, sobre
a temática Sustentabilidade abordada nos livros escritos no idioma inglês publicado
em qualquer país, verificou-se que a mesma só começou a ser utilizada a partir da
metade da década de 1980. A mesma pesquisa foi realizada utilizando-se a expressão
Environmental Sustainabilty, tema que será abordado em profundidade neste estudo,
e um resultado semelhante foi obtido (Gráfico 3).
Gráfico 3 - Evolução do uso da temática Environmental Sustainability, nos livros digitalizados no Google Books (1980 a 2008):
Fonte: Elaborado pelo autor (GOOGLE, 2018)
Verifica-se no Gráfico 3, que o tema Environmental Sustainability só passou a ser
discutido na literatura a partir da segunda metade da década de 1980.
Apesar de não ser uma informação científica, e sim técnica, por não ser possível
comprovação com evidência e metodologia precisa, é possível através do aplicativo,
63
a obtenção de uma tendência de uso das palavras chave pesquisadas nos livros
armazenados, isso quer dizer que é possível ter a informação de quantas vezes uma
expressão foi utilizada em um determinado período. Identifica-se, no entanto, uma
limitação do aplicativo que relativo à definição do recorte temporal, uma vez que
permite a pesquisa somente até o ano de 2008, iniciando-se em 1800.
De acordo com Ximenes (2011, p. 68) a atenção com a qualidade ambiental teve maior
ênfase no período pós segunda guerra mundial, ocorrida entre 1939 e 1945. Segundo
o autor, a necessidade de reconstrução das cidades atingidas pelo conflito influenciou
“um novo modo de pensar o desenho urbano”; que teve a preocupação: de evitar a
destruição dos solos, em aumentar as áreas permeáveis, em reduzir o custo de
infraestrutura urbana e de reduzir poluição ambiental.
Essa primeira atenção e preocupação ambiental, fez com que os cientistas e os
governos começassem a se mobilizar, na busca de soluções conjuntas para que o
mundo pudesse crescer, trazendo prosperidade com qualidade de vida, sem o risco
de agressão ao meio ambiente, o que poderia prejudicar o futuro da biodiversidade e,
como consequência, do planeta.
Este item pretende apresentar alguns fatos que se destacam no despertar da
consciência ambiental, no contexto da sustentabilidade, e que formarão a base e
consolidação das dimensões do tripé da sustentabilidade (ONU, 2016; UNITED
NATIONS, 2016a, 2016b), no entanto, antes de avançar com os eventos que
marcaram a evolução deste tema, é necessário contextualizar, mesmo fora da ordem
cronológica dos acontecimentos, a origem da expressão The Triple Botton Line (o
Tripé da Sustentabilidade).
O tripé da sustentabilidade é uma consagrada expressão conhecida originalmente
como Triple Bottom Line (TBL) e foi formulada em 1995 por John Elkington (2012). O
conceito é detalhado pelo autor no livro Sustentabilidade: canibais com garfo e faca
(ELKINGTON, 2012), lançado originalmente em 1997.
O livro apresenta, além da necessidade de mudança de visão corporativa, os
benefícios ao planeta, quando se adotam as melhores práticas no contexto da
sustentabilidade no ambiente dos negócios, públicos e privados, ele oferece às
organizações o caminho ao desenvolvimento sustentável.
64
O conceito do tripé é baseado nos três pilares da sustentabilidade, os 3 Ps: Profit,
Planet e People, (Lucro, Planeta e Pessoas). O Lucro é considerado o pilar econômico
da sustentabilidade, segundo o autor (op. cit.) é o pilar mais confortável para as
empresas, afinal é no lucro que elas focam. Porém, o desafio está na maneira como
as organizações verificam se suas operações são economicamente sustentáveis.
Ao adotar o conceito, uma organização, para ser financeiramente viável, precisa ser
socialmente justa e ambientalmente responsável, ou seja, o autor defende que a
agenda baseada no TBL não trará somente retorno quanto ao valor econômico, mas
haverá o acréscimo à organização, também, do valor ambiental e social, ou seja,
contemplando-se o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento social e a
proteção ambiental (ELKINGTON, 2012; OLIVEIRA et al., 2012).
De acordo com Elkington (2012, p. 29) “o canibalismo corporativo, embora não seja
fácil de ser superado e não ser uma experiência agradável, vai se manter como parte
intrínseca de qualquer economia competitiva”. O autor complementa que é assim que
funciona nas economias capitalistas crescentes, ao adotarem um “canibalismo com
garfos”, em alusão ao título do livro, os canibais, ou seja, as empresas, estariam
apresentando uma evolução em direção ao capitalismo sustentável. Assim elas teriam
que ter um foco em valor e não somente no lucro.
A proposta de valor, conforme afirma o autor (op. cit.), é representada por um garfo e
seus três dentes: a prosperidade econômica, a qualidade ambiental e a justiça social,
sendo que, para se vencer os desafios presentes no século 21, será fundamental que
haja integração entre essas três dimensões.
Além da relação crucial entre elas, o mundo corporativo e as economias devem, ainda,
se preparar para as revoluções que transformarão o planeta em um mundo melhor.
São as sete revoluções que transformam e direcionam as empresas rumo ao
crescimento com entrega de valor e adoção das práticas socialmente e
ambientalmente responsáveis (Anexo A - As sete revoluções da sustentabilidade e as
atitudes para o futuro) (ELKINGTON, 2012).
As sete revoluções (Anexo A), apresentam as novas demandas do planeta, isso
significa dizer que, na conquista do mercado, as empresas que tiverem sua visão
65
focada só no lucro, poderão estar incidindo em um erro por não estarem em sintonia
com uma nova ordem voltada ao desenvolvimento sustentável.
Segundo Elkington (2012), para se desenvolverem de forma sustentável, as empresas
passarão a orientar mais o mercado do que os governos ao adotar estratégias
voltadas à agenda da sustentabilidade, apresentando valores que atendam aos
desejos e necessidades das pessoas, de maneira transparente, com a coparticipação
de todas as partes interessadas, de maneira inclusiva, com melhor gerenciamento do
ciclo de vida dos produtos, com maior benefício e menor custo e com visão de longo
prazo.
Essas organizações devem ter a consciência e a visão de que as melhores práticas,
do desenvolvimento e da concorrência sustentável, não são apenas viáveis, mas uma
questão de sobrevivência àquelas que desejam se manter no mercado, conquistando
novos clientes e retendo os antigos, cada vez mais conscientes das soluções voltadas
à entrega de valor e à responsabilidade social e ambiental (PRAHALAD;
RAMASWAMY, 2004).
A sustentabilidade ambiental, um dos elementos do tripé, conforme já informado,
servirá de fundamentação desta tese de doutoramento, que tem a pretensão de
explorar os conceitos, atributos, seus valores e variáveis, com o intuito da identificação
de requisitos e consequente aplicabilidade no ambiente dos navios de cruzeiros
marítimos.
Para se chegar ao ponto de se obter orientações suficientes voltadas ao contexto do
desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade ambiental, a fim de fundamentar
esta tese, verificou-se que houve muita discussão e muitos encontros foram realizados
para tratar desses temas em profundidade, os quais resultaram em diversas
regulamentações de relevância para o desenvolvimento sustentável do planeta e
algumas delas serão apresentadas ao longo deste estudo.
Nesse sentido apresenta-se no Quadro 3 a cronologia dos fatos que se destacam no
despertar da consciência ambiental e que, por consequência, também contribuiu com
o desenvolvimento sustentável do planeta:
66
Quadro 3 – Fatos relevantes na cronologia do Desenvolvimento Sustentável
(continua)
ANO DESCRIÇÃO DOS FATOS
1949
Publicação do texto Ética da Terra, no livro Sand County Almanac, de Aldo Leopold, que alerta para a necessidade da consciência ecológica através do respeito à terra. A Ética da Terra de Leopold (1968), manifesta a ampliação das fronteiras éticas com a inclusão do respeito ao solo, águas, plantas, animais, ou coletivamente a própria terra, isso significa que os seres vivos, por viverem em um mesmo ambiente, precisam conviver de maneira integrada com todos os elementos da terra (JÜRGENS, 2014).
1962 Publicação do livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson, que alerta para os efeitos nocivos do uso indiscriminado de agrotóxicos na lavoura (CARSON, 1962).
1968 Primeira reunião para a criação do Clube de Roma. Formado por um grupo de cientistas, economistas e empresários que compartilhavam a preocupação com o futuro da humanidade (THE CLUB OF ROME, 2017).
1972
Criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), um órgão que tem entre seus principais objetivos monitorar o estado do meio ambiente global, alertar sobre seus problemas e ameaças e recomendar medidas para melhorar a qualidade de vida da população sem comprometer os recursos e serviços ambientais das gerações futuras (ONU, 2017a).
1972
Sachs (1993) cria as cinco dimensões do ecodesenvolvimento, que afirma que todo planejamento deve contemplar, simultaneamente, as cinco dimensões da sustentabilidade: social, econômica, ecológica, espacial e cultural, com a busca do equilíbrio do capital humano, natural, físico e financeiro. Essas dimensões servem de inspiração na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, Suécia), para a elaboração na Declaração de Estocolmo e seus 26 princípios comuns que devem guiar e inspirar os povos do mundo para a preservação e melhoria do meio ambiente humano.
1980
No ano de 1980 a preocupação com a sustentabilidade obteve, oficialmente, maior ênfase com a adoção do termo Desenvolvimento Sustentável (DS), ocorrida a partir da publicação do documento World Conservation Strategy (WCS) pela instituição International Union for Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN) (GAVARD, 2009; IUCN, 1980).
1981
Lei brasileira de Política Nacional de Meio Ambiente (BRASIL, 1981). Criada em 1981, tem como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, com condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana
1987
Mas, foi em 1987 que a ONU adota o conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS), que é o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender suas próprias necessidades, através do documento Our Common Future (Nosso Futuro Comum) elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) (UNITED NATIONS, 1987a, 1987b, 2010)
1992
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. (Rio de Janeiro). Cúpula da Terra (ECO 92). Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Elaboração da Agenda 21 Global, um plano para repensar as demandas do crescimento econômico, o avanço da igualdade social, assegurando-se da proteção ambiental (ELKINGTON, 2012; MMA, 2002; UNITED NATIONS, 2002a)
1995
Introdução dos três pilares da Sustentabilidade, por John Elkington (ELKINGTON, 2012). Triple Bottom Line (TBL) é uma expressão que ficou consagrada como o Tripé da Sustentabilidade e é baseada no conceito dos 3 Ps: People, Planet e Profit, (Pessoas, Planeta e Lucro). Isso significa que uma organização, para ser financeiramente viável, precisa ser socialmente justa e ambientalmente responsável
67
Quadro 3 – Fatos relevantes na cronologia do Desenvolvimento Sustentável
(continuação)
ANO DESCRIÇÃO DOS FATOS
1997
O Protocolo de Quioto é um acordo ambiental internacional resultante da 3ª Conferência das Partes, realizada na Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climáticas, que estabeleceu metas de redução da emissão de dióxido de carbono (CO2) pelos países industrializados (MMA, 2016b; UNITED NATIONS, 1998, 2005)
2000
Cúpula do Milênio. A Declaração do Milênio é um documento, elaborado por chefes de estado e de governo, que tem como objetivos: a redução pela metade o número de pessoas que vivem na pobreza extrema, o fornecimento de água potável e educação a todos, de inverter a tendência de propagação da AIDS e de alcançar outros objetivos no domínio do desenvolvimento (ONU, 2000)
2002
Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio +10. Foi o encontro, ocorrido em Joanesburgo, África do Sul em 2002, que gerou a Declaração de Joanesburgo (UNITED NATIONS, 2002a), cujo documento ratificou o tripé da sustentabilidade, contemplando o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento social e a proteção ambiental
2012
Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20 (ONU, 2012a), ocorrida no Rio de Janeiro em 2012, quando foram avaliados os avanços realizados, as pendências e os compromissos políticos firmados nos eventos anteriores
2015
Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. Em setembro de 2015, em Nova Iorque, Estados Unidos da América, chefes de Estado e de Governo se reuniram para formalizar uma nova agenda para o desenvolvimento (ONU, 2015a). Essa nova agenda é composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que devem ser implementados ao longo dos quinze anos seguintes, após 2015
Fonte: elaborado pelo autor
Desde os primeiros alertas sobre as questões da natureza, realizados em 1949 no
livro Sand County Almanac, por Aldo Leopold (FERREIRO, 2009; JÜRGENS, 2014;
LEOPOLD, 1968; XIMENES, 2011) até a Cúpula das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável (ONU, 2015a), de 2015, verifica-se uma evolução lenta,
porém consistente, da preocupação em relação à natureza, ao longo do tempo.
Em um primeiro momento, através de ações pontuais de alguns cientistas, como Aldo
Leopold, e suas considerações éticas em relação à propriedade, que, na sua
percepção, não reflete somente em direitos de quem a possui, mas, também, em
deveres recíprocos, ou seja, se a terra é explorada, eticamente o solo, as águas, as
plantas, os animais, ou coletivamente a própria terra, devem ser protegidos pelo seu
próprio agressor (LEOPOLD, 1968).
Após Leopold, outro alerta de destaque ocorreu algumas décadas depois com Rachel
Carson, em 1962, ao chamar a atenção contra o uso indiscriminado de defensivos
68
agrícolas na lavoura, no caso, apresentado em seu livro Primavera Silenciosa
(CARSON, 1962), dos perigos do uso do diclorodifeniltricloroetano (DDT), enfrentando
na época as grandes indústrias químicas, produtoras de fertilizantes e inseticidas.
Este alerta transformou, de acordo Elkington (2012, p. 81) “a indústria química de
salvadora em demoníaca”, isso porque, segundo Carson (1962, p. 22–23) foi
permitido o uso dos produtos químicos, “indiscriminadamente”, por pessoas “de todo
ignorantes, ou quase, quanto à capacidade que tais substâncias têm, de produzir
danos”, e complementa:
Afirmo, ademais, que temos permitido que as mencionadas substâncias químicas sejam usadas sem que haja procedido a investigação alguma, ou a apenas uma investigação insuficiente, quanto aos seus efeitos sobre o solo, sobre a água, sobre a vida dos animais silvestres e também sobre o próprio homem. As gerações futuras não nos perdoarão, com toda probabilidade, a nossa falta e prudente preocupação a respeito da integridade do mundo natural que sustenta a vida toda (CARSON, 1962).
Carson alertava, especificamente, sobre como o uso do DDT ameaçava a
sobrevivência de muitas espécies de aves, interferindo em seu ciclo de reprodução,
devido ao acumulo no ambiente ao ser usado nas plantações.
Seus argumentos conscientizaram a todos quanto aos perigos da poluição química, o
que provocou o início de um movimento ambiental global (CARSON, 1962; ONU,
2016; PAULL, 2013; WORM, 2015).
Posteriormente, a partir da década de 1970, a ONU entra oficialmente nas discussões
com a realização de conferências globais especificamente para discutir questões
voltadas à sustentabilidade, trazendo uma nova luz a este tema tão relevante.
Ao longo de 32 anos, somente no período de fevereiro de 1971 a dezembro de 2003
a ONU emitiu 51 relatórios oriundos de conferências ou comitês especiais, voltados
ao tema da sustentabilidade (UNITED NATIONS, 2016a).
Essa nova visão da ONU, representada nos relatórios a seguir, tem refletido,
diretamente, na tentativa de manutenção do equilíbrio do meio ambiente através da
quebra de paradigmas e da adoção das boas práticas de sustentabilidade pelos vários
ambientes envolvidos direta, ou indiretamente, o que inclui as indústrias, empresas de
serviços, governos, organismos e, também, pela população consciente, que vem
69
agregando cada vez mais pessoas engajadas na defesa do meio ambiente e,
consequentemente, da vida. Atitudes proativas, embasam as dimensões que formam
os pilares da sustentabilidade, proporcionando um crescimento sustentável ao
planeta.
No sequência serão descritos os documentos elaborados a partir das principais
conferências realizadas pela ONU (UNITED NATIONS, 2016a, 2016c), apresentados
anteriormente como fatos relevantes na cronologia do desenvolvimento sustentável.
Em particular buscou-se destacar na temática sustentabilidade ambiental, de
interesse desta tese, os fatos, orientações ou argumentações, que exerçam algum
tipo de influência ao turismo marítimo ou, também, mais particularmente, aos cruzeiros
marítimos.
2.2.1 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano - 1972
A quebra de paradigma inicia-se, realmente, no início da década de 1970 (SACHS,
1993), a partir de junho de 1972, com a realização da Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo na Suécia, quando elaborou-se a
Declaração de Estocolmo (Anexo B) a qual resultou nos 26 princípios que marcaram
o início da integração entre as práticas de preservação ambiental com o
desenvolvimento (MMA, 1972).
Sachs (1993), foi fonte de inspiração dos participantes da Conferência com a criação,
neste mesmo ano de 1972, das cinco dimensões do ecodesenvolvimento, por afirmar
que todo planejamento deve contemplar, simultaneamente, as cinco dimensões da
sustentabilidade: social, econômica, ecológica, espacial e cultural, com a busca do
equilíbrio do capital humano, natural, físico e financeiro.
A Conferência foi um marco, a Declaração de Estocolmo formou os alicerces para o
Desenvolvimento Sustentável, que são os princípios fundamentais para o
desenvolvimento humano e para a proteção do meio ambiente.
O documento apresenta a preocupação com o futuro do planeta e salienta, logo na
introdução (MMA, 1972, p. 1), que a humanidade não pode deixar de se preocupar
com a evolução, em sua busca por melhor qualidade de vida, sugerindo a necessidade
do desenvolvimento “intelectual, moral, social e espiritual”.
70
Pois, apesar de que “a proteção e o melhoramento do meio ambiente humano serem
uma questão fundamental que afeta o bem-estar dos povos” o indivíduo não pode
abandonar a sua própria evolução, assim sendo “o homem deve fazer constante
avaliação de sua experiência e continuar descobrindo, inventando, criando e
progredindo”.
Vale destacar, de interesse deste estudo, o sétimo princípio apresentado na
Declaração de Estocolmo: “Os Estados deverão tomar todas as medidas possíveis
para impedir a poluição dos mares por substâncias que possam pôr em perigo a saúde
do homem, os recursos vivos e a vida marinha, menosprezar as possibilidades de
derramamento ou impedir outras utilizações legítimas do mar”.
2.2.2 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - 1972
Ainda no ano de 1972, em dezembro, a ONU cria o United Nations Environmental
Program (UNEP), que no Brasil é conhecido como Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente (PNUMA). O PNUMA é o principal organismo global, no contexto do
meio ambiente. É uma agência do Sistema das Nações Unidas (ONU), responsável
pela promoção da conservação do meio ambiente e pelo uso eficiente dos recursos
voltados ao desenvolvimento sustentável (ONU, 2017a; UNITED NATIONS, 2016d).
O PNUMA (ONU, 2017a) tem em seu escopo as seguintes áreas temáticas de
atuação: (1) mudanças climáticas; (2) a gestão de ecossistemas e biodiversidade; (3)
o uso eficiente de recursos e o consumo e produção sustentáveis; e (4) a governança
ambiental. Os temas abordados no programa são apresentados no Quadro 4.
71
Quadro 4 - Temas abordados pelo programa das nações unidas para o meio ambiente (PNUMA)
TEMAS
Compilação e análise integrada de informações sobre o estado do meio ambiente e os impactos de processos de desenvolvimento sobre os recursos naturais, com objetivo de produzir subsídios para tomadores de decisão e apoiar a elaboração de políticas ambientais.
Identificação e desenvolvimento de alternativas para minimizar impactos negativos ao meio ambiente causados por padrões insustentáveis de produção e consumo, enfocando, principalmente, na eficiência de recursos.
Assistência ao desenvolvimento de capacidade, de conhecimento científico e transferência de tecnologias para fortalecer a implementação de acordos ambientais multilaterais.
Implementação de ações integradas e de cooperação sul-sul entre países em desenvolvimento no âmbito de blocos regionais e subregionais.
Promoção de parcerias para integrar o setor privado em uma nova cultura de responsabilidade ambiental e criação de espaços para a preparação e participação da sociedade civil e setores acadêmicos em projetos de gestão ambiental e desenvolvimento sustentável.
Fonte: (ONU, 2017a)
O PNUMA tem como objetivo o monitoramento sobre o estado do meio ambiente
global, de maneira a evitar que eventuais problemas ou ameaças possam
comprometer “a qualidade de vida [...] das gerações futuras” (ONU, 2017a). Isso se
aplica ao meio ambiente marinho, onde os navios de cruzeiro são considerados
poluidores (BUREAU VERITAS, 2018; EIJGELAAR; THAPER; PEETERS, 2010;
HERZ, 2002; HRITZ; CECIL, 2008; KLEIN, 2010, 2011; LINDGREN et al., 2016;
MARINHA DO BRASIL, 1983; RITTER; SCHAFER, 1998; STEFANIDAKI; LEKAKOU,
2014; U. S. NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1995; UNITED NATIONS, 1982a),
tanto quanto qualquer destino turístico ou atividade turística (BUCKLEY, 2012;
GOPAL, 2014; PIRES, 2012; SPERB; TEIXEIRA, 2006; UNWTO, 2015; VEZZANI,
2008).
2.2.3 Lei brasileira de Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) - 1980
A primeira lei brasileira de proteção ambiental que surgiu é a lei 6.938, de 31 de agosto
de 1981 e tem como objetivo “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental, com condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana” (Quadro 5) (BRASIL,
1981).
72
Quadro 5 - Princípios da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA)
PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
1 Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo
2 Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar
3 Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais
4 Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas
5 Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras
6 Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais
7 Acompanhamento do estado da qualidade ambiental
8 Recuperação de áreas degradadas
9 Proteção de áreas ameaçadas de degradação
10 Educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente
Fonte: (BRASIL, 1981)
Além dos princípios, a lei define, em seus 21 artigos, a própria política nacional de
meio ambiente, seus objetivos e os participantes do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA), que inclui o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),
órgão que atua com base nas propostas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
A lei, também, apresenta os instrumentos da política nacional de meio ambiente, que
inclui o estabelecimento da padronização da qualidade, o zoneamento ambiental, a
avaliação dos impactos ambientais, o sistema de informações, o cadastro técnico, o
acompanhamento e a fiscalização do licenciamento e o controle e aplicação de
penalidades e multas.
Na lei, em seu Anexo VIII, são apresentadas as atividades potencialmente poluidoras
e utilizadoras de recursos ambientais. No turismo, a lei considera os complexos
turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos, como agentes com pequeno
potencial de poluição (PP) e pequeno grau de utilização (GU) de recursos naturais.
No entanto, define ter alto potencial de poluição (PP) e alto grau de utilização (GU) de
recursos naturais, as atividades de transporte, os terminais, depósitos e o comércio
de materiais, como o transporte de cargas perigosas, transporte por dutos; marinas,
portos e aeroportos; terminais de minério, petróleo e derivados e produtos químicos;
73
depósitos de produtos químicos e produtos perigosos; comércio de combustíveis,
derivados de petróleo e produtos químicos e produtos perigosos.
2.2.4 Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - Our Common
Future (Nosso Futuro Comum) – 1987
De acordo com a ONU (2010), a expressão desenvolvimento sustentável, foi
popularizada a partir da publicação do relatório Our Common Future (Nosso Futuro
Comum), pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CMMAD), no ano de 1987.
Este relatório, também é conhecido como Relatório Brundtland, em homenagem à
primeira-ministra da Noruega, responsável por chefiar a comissão (SENADO
FEDERAL, 2016). A partir dele, segundo Guimarães e Feichas (2009, p. 309), “a
questão ambiental ganhou outra proporção, impulsionando pesquisas sobre
indicadores de sustentabilidade”.
Foi o relatório Our Common Future (UNITED NATIONS, 1987a, 1987b, 2010) que
introduziu a definição do desenvolvimento sustentável e que é aceito
internacionalmente (LOCARNO; BAHIA; FERREIRA, 2010; SCHALTEGGER;
LÜDEKE-FREUND; HANSEN, 2016; UNEP, 2005; VISBECK et al., 2013): "o
desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades".
Além deste importante conceito para a temática sustentabilidade, foi a partir da
aceitação do relatório, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que as nações
passaram a dar maior importância política ao tema (DALY, 1990; ELKINGTON, 2012;
MITCHELL, 2012; SUTTON, 2004).
Dividido em três partes, com um total de doze requisitos, o relatório1 busca
compatibilizar a relação do homem com o meio ambiente e, de uma maneira
harmônica, com as questões sociais.
O relatório manifesta a preocupação, não só com o desenvolvimento sustentável nos
ambientes na Terra, mas, também no espaço, e alerta para a necessidade do
1 Um resumo do relatório é apresentado no Anexo C.
74
comprometimento das instituições, mais do que o uso da tecnologia, para a conquista
e exploração sustentável deste ambiente: “o futuro do espaço como recurso não
dependerá tanto da tecnologia, mas da lenta e difícil batalha para criar instituições
internacionais competentes para administrar esse recurso” (CMMAD, 1991; UNITED
NATIONS, 1987b).
Em relação aos oceanos, o relatório Nosso Futuro Comum, contém um item
específico, que é o Capítulo 10: A administração das Áreas Comuns, Item I, Oceanos
o Equilíbrio da Vida, no qual consta que os oceanos são fontes de alimentos,
proporcionando transporte, energia, emprego, Iazer e tantas outras atividades sociais,
econômicas e culturais, no entanto, apesar de sua importância para a economia dos
países este ambiente permanece em constante ameaça (CMMAD, 1991; UNITED
NATIONS, 1987b).
Ainda de acordo com o relatório (CMMAD, 1991; UNITED NATIONS, 1987b), nos
oceanos o alto-mar é considerado uma área comum, que pode ser explorada por todos
os países, uma vez que está fora de uma jurisdição específica, no entanto, as espécies
marinhas ali presentes e os efeitos resultantes do desenvolvimento, como a própria
poluição, acabam não respeitando as fronteiras legais, prejudicando o
desenvolvimento sustentável e todo este ambiente.
A ameaça existe e a poluição é cada vez mais crescente e apesar da existência de
medidas de controle da deposição de rejeitos como a Convenção sobre a Prevenção
da Poluição Marinha por Despejo de Rejeitos e outras Substâncias (IMO, 1972), é
necessário que haja controle sobre a natureza e a quantidade desses rejeitos que são
despejados nos oceanos, que segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(BRASIL, 2010), são os resíduos sólidos que devem ser ambientalmente descartados
por não ser mais possível sua recuperação ou tratamento.
A Convenção, de prevenção da poluição marinha, será abordada mais
detalhadamente mais adiante, no item 2.3.2 International Maritime Organization (IMO).
75
2.2.5 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMAD) ECO 92 - 1992
O relatório Our Common Future, apresentado no item anterior, teve grande relevância
política, a ponto de sua aceitação influenciar a United Nations Conference on
Environment and Development (UNCED), ou Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), chamada de Cúpula da Terra e
popularmente conhecida como ECO 92 (OLIVEIRA et al., 2012).
Ela foi realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro, quando foi elaborada a
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ONU, 1992; UNITED
NATIONS, 1992a), na década, o ápice de atenção ao tema Sustentabilidade.
Depois de duas décadas de trabalho, iniciados em 1972, a Declaração de Estocolmo
foi reafirmada nessa oportunidade, com o intuito de:
avançar a partir dela, com o objetivo de estabelecer uma nova e justa parceria global mediante a criação de novos níveis de cooperação entre os Estados, os setores-chaves da sociedade e os indivíduos, trabalhando com vistas à conclusão de acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e protejam a integridade do sistema global de meio ambiente e desenvolvimento, reconhecendo a natureza integral e interdependente da Terra, nosso lar” (ONU, 1992; UNITED NATIONS, 1992a).
A Declaração do Rio, um dos mais importantes fóruns internacionais relacionados ao
meio ambiente (MMA, 1992a), abrange 27 princípios (Anexo D), os quais focam na
questão do desenvolvimento sustentável ao reconhecer a necessidade de construir
uma sinergia do desenvolvimento social e econômico com o uso do capital natural.
Além da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o encontro
produziu quatro documentos relevantes ao desenvolvimento sustentável:
1. Declaração de Princípios sobre Florestas;
2. Agenda 21;
3. Convenção sobre Biodiversidade Biológica;
4. Convenção Quadro sobre a Mudança do Clima.
Verifica-se, ainda, no texto, a preocupação com os países em desenvolvimento, em
particular com os menos desenvolvidos, enfatizando que deve haver uma cooperação
de todos, pois, o desenvolvimento sustentável é uma responsabilidade global,
76
inclusive alerta, com preocupação, para o equilíbrio na busca pela qualidade de vida,
para a qual os Estados devem procurar reduzir e eliminar padrões de consumo
insustentáveis de produção e consumo.
Apesar de sua importância para o desenvolvimento sustentável do planeta, no
contexto marítimo não há uma menção específica nos 27 princípios da Declaração do
Rio, porém, está implícito que para se obter um desenvolvimento sustentável, a
participação do Estado é fundamental no processo de proteção e respeito ao meio
ambiente, o que inclui o ambiente marinho, afinal todos são responsáveis, neste caso,
não somente o Estado, mas também todos os indivíduos, incluindo o ambiente
corporativo, como requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável.
No entanto, apesar de não constar nos 27 princípios da Declaração do Rio, os
Oceanos foram abordados na Cúpula da Terra, na Agenda 21 Global (MMA, 1992b),
que é um destaque do fórum, um plano para repensar as demandas do crescimento
econômico, o avanço da igualdade social, assegurando-se da proteção ambiental
(ELKINGTON, 2012; MMA, 2002; UNITED NATIONS, 2002a). Alguns capítulos da
Agenda 21 Global, relevantes para esta pesquisa, são apresentados a seguir.
2.2.6 Agenda 21 Global - 1992
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 1992b), o termo Agenda 21 foi adotado
com o intuito de manifestar a intenção de mudar o modelo de desenvolvimento
previsto para o século XXI e é definida como “um instrumento de planejamento para
a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que
concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica”.
A Agenda 21 Global (MMA, 1992b), manifesta a intenção do despertar para os
problemas sociais logo no Preâmbulo, ao alertar quanto às “disparidades existentes
entre as nações e no interior delas, o agravamento da pobreza, da fome, das doenças
e do analfabetismo, e com a deterioração contínua dos ecossistemas de que depende
nosso bem-estar”.
Acrescenta-se aos problemas sociais, “as preocupações relativas a meio ambiente e
desenvolvimento”, necessitando que se dedique mais tempo à essas questões para
que seja possível atender “às necessidades básicas, elevar o nível da vida de todos,
77
obter ecossistemas melhor protegidos e gerenciados e construir um futuro mais
próspero e seguro”.
São metas factíveis, porém, o Estado não consegue agir sozinho, é necessária a
participação de todos, internamente e externamente “em uma associação mundial em
prol do desenvolvimento sustentável” (MMA, 1992b).
Ao se analisar os quarenta capítulos da Agenda 21 Global (Anexo E), buscando-se
referências relativas ao ambiente marinho, onde os Cruzeiros Marítimos estão
presentes, verifica-se que, em alguns capítulos, o tema é abordado direta, ou
indiretamente.
O quarto capítulo, por exemplo, sugere uma revisão e definição das políticas quanto
aos padrões insustentáveis de produção e consumo, uma vez que a falta de equilíbrio
entre a oferta e a demanda, de acordo com o documento, pode levar à
insustentabilidade ambiental.
O capítulo 15, tem como objetivo a melhoria da diversidade biológica nas florestas,
savanas, pradarias e pastagens, desertos, tundras, rios, lagos e nos mares, ambiente
utilizado como via de transporte comercial, e de turismo, e que possui ricos recursos
biológicos naturais que nos proporciona espécies e ecossistemas que servem à
produção de alimentos e geração de riquezas naturais.
O capítulo 17 aborda especificamente a “proteção dos oceanos, de todos os tipos de
mares, inclusive mares fechados e semifechados e das zonas costeiras, e proteção,
uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos”.
Segundo o acordo, elaborado por chefes de estado dos 179 países participantes, o
ambiente marinho, que inclui os oceanos, mares e as regiões costeiras, “forma um
todo integrado que é um componente essencial do sistema que possibilita a existência
de vida sobre a Terra, além de ser uma riqueza que oferece possibilidades para um
desenvolvimento sustentável”.
Aproveita-se, neste momento, para relembrar o objetivo geral desta pesquisa que é
de propor um modelo integrado de gestão estratégica empresarial, contemplando os
requisitos da sustentabilidade ambiental, sistematizado aos cruzeiros marítimos.
78
Mas para a formulação de uma estratégia, o gestor necessitará de informações para
decidir e para tal, essas informações devem ser confiáveis. É o que trata o capítulo
40, de interesse particular para esta tese por abordar o uso adequado das informações
que são utilizadas nas tomadas de decisões.
Nesse capítulo 40, da Agenda 21 Global, os chefes de Estado enfatizam suas
intenções de reduzir as “diferenças em matéria de dados e melhorar a “disponibilidade
da informação”.
Para isso, ao se adotar o desenvolvimento sustentável, considera-se que cada
indivíduo é, ao mesmo tempo, usuário e provedor da informação, desde a mais
simples, incluindo-se as experiências e conhecimentos adquiridos ao longo do tempo,
até as mais complexas.
É, portanto, fundamental para a tomada de decisão, que todos os níveis, no ambiente
público, corporativo, comunitário ou individual, tenham acesso a informações
confiáveis para que o resultado alcançado possa atender aos requisitos da
sustentabilidade.
O documento, resultado da Cúpula da Terra, a Agenda 21 Global, reflete a importância
que os países devem dar aos problemas ambientais do planeta. É um documento que
estabelece a necessidade de comprometimento de todos sobre um tema, tão
relevante para o desenvolvimento sustentável, e que convoca os setores da sociedade
para o comprometimento, cooperação e ação na busca de soluções sustentáveis para
os problemas do planeta.
A Agenda 21 Global, tem sua importância para o futuro do planeta, assim como
Conferência das Partes (COP), que é apresentada na sequência.
2.2.7 Conferência das Partes (COP) - 1994
A Conferência das Partes (COP), é um órgão decisório supremo da Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) (MMA, 2016c;
UNITED NATIONS, 2016e), organizado durante a Conferência ECO 92, possui sede
em Bonn, Alemanha, e iniciou oficialmente suas atividades em março de 1994.
79
A COP se reúne a cada ano, ou quando necessário, com o intuito de rever o progresso
na implementação da Convenção e para definir programas de trabalho a fim de
combater as mudanças climáticas. Segundo o MMA (MMA, 2016c),
a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) tem o objetivo de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático. Esse nível deverá ser alcançado em um prazo suficiente que permita aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mudança do clima, assegurando que a produção de alimentos não seja ameaçada e permitindo ao desenvolvimento econômico prosseguir de maneira sustentável.
Para que isso aconteça, criam-se grupos de trabalho que elaboram recomendações à
COP e, também, para fornecer subsídios como instrumento às negociações que
definem os compromissos e as responsabilidades comuns que os países, que são as
Partes da Convenção, devem adotar em uma estratégia global que visa a proteção do
sistema climático. Conforme o MMA (MMA, 2016c):
O princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, afirma que as Partes devem proteger o sistema climático em benefício das gerações presentes e futuras com base na equidade e em conformidade com suas respectivas capacidades. Em decorrência disso, os países desenvolvidos que participam da Convenção devem tomar a iniciativa no combate à mudança do clima e seus efeitos, devendo considerar as necessidades específicas dos países em desenvolvimento, em especial os particularmente vulneráveis aos efeitos negativos da mudança do clima.
O Brasil foi o primeiro país a assinar a Convenção e assumiu o compromisso de
reduzir a emissão de gases até 2030 (Figura 5).
80
Figura 5 - Linha do tempo dos acordos referentes às Mudanças Climáticas
Fonte: (MMA, 2016c)
O compromisso assumido pelo governo brasileiro e por outros países na UNFCCC,
culminou com o Acordo de Paris, de 2015, chamado COP 21 (MMA, 2015; ONU,
2015b), que definiu o limite para a emissão de gases, com a meta de reduzir a emissão
de carbono em 37% até 2025 e 43% até 2030, e como consequência assumir o desafio
para limitar o aumento da temperatura da terra em no máximo 1,5° C até 2030 (MMA,
2016b).
81
No contexto dos cruzeiros, a CLIA (2016), em seu relatório CLIA Environment
Sustainability Report 2016, apoia o desenvolvimento e implementação das medidas
adotadas pela COP 21, incluindo a redução de 30% das taxas de emissão de carbono
até 2025 para os novos navios. Os dados deste relatório serão apresentados em mais
detalhes no capítulo 3 - REQUISITOS E VARIÁVEIS AMBIENTAIS PARA O
PRODUTO TURÍSTICO CRUZEIRO MARÍTIMO.
Desde a Declaração de Estocolmo, de 1972, a ONU tem organizado conferências que
discutem o tema Sustentabilidade, como a ECO 92 apresentada anteriormente. Ao
longo do tempo, os acordos vêm passando por revisões periódicas, sendo que uma
das mais emblemáticas foi a que formalizou o Protocolo de Quioto a ser apresentada
a seguir.
2.2.8 Protocolo de Quioto - 1997
O ano de 1997 foi marcado pela criação do Kyoto Protocol, ou, em português,
Protocolo de Quioto, que definiu metas de redução de emissões de gases para os
países desenvolvidos (MMA, 2016b; UNITED NATIONS, 1998, 2005).
Durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em 1992, os chefes de
estado dos 179 países participantes elaboraram uma agenda global que visava
minimizar os problemas ambientais existentes em todo o planeta.
Dentre os temas tratados, estavam os efeitos nocivos da emissão de gases, que
causavam o efeito estufa2 e, por consequência, o aquecimento global. Nesta
Conferência realizou-se, o embrião do Protocolo de Quioto, a Convenção Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) (MMA, 2016c).
Foi, portanto, a partir dessa Convenção, que as discussões sobre os efeitos do
crescimento evoluíram, refletindo na elaboração do Protocolo de Quioto, que foi o
resultado de um tratado complementar à essa Convenção, que estabeleceu metas,
2 Apesar de ser considerado um fenômeno natural, o efeito estufa tem aumentado nas últimas décadas e gerado as mudanças do clima. Essas alterações são fruto do aumento descontrolado das emissões de gases de efeito estufa– como o dióxido de carbono e o metano. A liberação dessas substâncias na atmosfera ocorre por conta de diversas atividades humanas, entre elas o transporte, o desmatamento, a agricultura, a pecuária e a geração e o consumo de energia (MMA, 2016b).
82
de redução da emissão de gases poluentes pelos países industrializados (as Partes),
no qual o Brasil ratifica em 2002, através do Decreto Legislativo nº 144 de 2002 (MMA,
2016b).
Este foi mais um passo rumo a consolidação da ideia do desenvolvimento sustentável,
que busca um modelo de crescimento econômico e social aliado à preservação
ambiental e ao equilíbrio climático em todo o planeta. O Protocolo entrou, oficialmente,
em vigor em 16 de fevereiro de 2005:
logo após o atendimento às condições que exigiam a ratificação por, no mínimo, 55% do total de países-membros da Convenção e que fossem responsáveis por, pelo menos, 55% do total das emissões de 1990. Durante o primeiro período de compromisso, entre 2008-2012, 37 países industrializados e a Comunidade Europeia comprometeram-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) para uma média de 5% em relação aos níveis de 1990. No segundo período de compromisso, as Partes se comprometeram a reduzir as emissões de GEE em pelo menos 18% abaixo dos níveis de 1990 no período de oito anos, entre 2013-2020. Cada país negociou a sua própria meta de redução de emissões em função da sua visão sobre a capacidade de atingi-la no período considerado (MMA, 2016b).
O Protocolo de Quioto, contém 28 artigos que formalizam os compromissos e as
responsabilidades das Partes para a redução da emissão de gases de efeito estufa, a
fim de promover o desenvolvimento sustentável. Os gases de efeito estufa
considerados, pela Convenção, são: dióxido de carbono (C02); metano (CH4); oxido
nítrico (N20); hidrofluorocarbonetos (HFCs); perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto
de enxofre (SF6) (UNITED NATIONS, 1998).
Apesar da importância desse acordo e do fato de China e Estados Unidos, países com
as maiores economias (WORLD BANK, 2015) e também os mais poluidores do mundo
(BANG; UNDERDAL; ANDRESEN, 2015) não terem ratificado o Protocolo de Quioto
e das controvérsias sobre as causas e efeitos das mudanças climáticas (FELÍCIO,
2014), as ações para o fortalecimento do Desenvolvimento Sustentável continuaram
a ser realizadas pela ONU, através das Conferências Rio+10, de 2002 e a Rio+20, de
2012, que mantiveram a busca de atitudes conjuntas para um futuro melhor, as quais
serão abordadas na sequência.
2.2.9 Cúpula do Milênio - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) – 2000
Em setembro de 2000, chefes de Estado e de Governo, se reuniram em Nova Iorque,
Estados Unidos da América, para formalizar A Declaração do Milênio (ONU, 2000),
83
na qual são definidos valores e princípios para o novo milênio, enfatizando o
reconhecimento da responsabilidade global quanto aos princípios da dignidade
humana, da igualdade e da equidade, para todos os povos.
As nações formalizaram, por meio da Declaração, o comprometimento com a redução
da pobreza extrema, através de oito objetivos que são conhecidos como os Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio (ODM) (Quadro 6) (ONU, 2015a).
Quadro 6 – Cúpula do Milênio e os Objetivos de Desenvolvimento
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO
1 Erradicar a extrema pobreza e a fome
2 Atingir o ensino básico universal
3 Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres
4 Reduzir a mortalidade na infância
5 Melhorar a saúde materna
6 Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças
7 Garantir a sustentabilidade ambiental
8 Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento
Fonte: (UNICEF, 2000)
Segundo a ONU (2015c), o compromisso estabelecido na Cúpula do Milênio teve a
participação efetiva da academia, da sociedade civil e do setor privado no
estabelecimento de metas para o combater à pobreza, à fome, às doenças, ao
analfabetismo, à degradação ambiental e à discriminação contra as mulheres.
O que foi considerado um momento singular que envolveu a união de todos,
concentrados na promoção de um mundo melhor, não só com a melhoria da qualidade
de vida, mas com o intuito de proporcionar um mínimo de dignidade humana às
pessoas necessitadas, que vivem na extrema pobreza, subnutridas, sem acesso à
escola, com as mulheres sendo discriminadas, com mortalidade infantil elevada e
crescente, com doentes, sem remédios e sem atendimento, sem água potável para
beber, em localidades sem proteção ambiental e sem acesso a um mínimo de
informação.
84
Este é, portanto, mais um documento que serve de base para a busca do
desenvolvimento sustentável e para as decisões adotadas em outras conferências
promovidas pela ONU, como a Rio +10 e Rio +20, que serão apresentadas a seguir.
2.2.10 Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +10) - 2002
O conceito do desenvolvimento sustentável começa a se consolidar em 2002, no
evento organizado pela ONU chamado World Summit on Sustainable Development
(WSSD), ou Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, também conhecida
como Rio+10.
A cúpula reuniu chefes de Estado, além de representantes da sociedade civil, entre
eles, líderes de organizações não-governamentais (ONGs) e de empresas
interessadas em chamar a atenção do mundo na busca de soluções para enfrentar os
desafios que visam a melhoria da qualidade de vida das pessoas e a conservação dos
recursos naturais, que, segundo a ONU (2002b), cresce com o aumento populacional,
o que reflete na necessidade cada maior de alimentos, água, abrigo, saneamento,
energia, serviços de saúde e segurança econômica.
O encontro realizado na cidade de Joanesburgo, África do Sul, tinha como principal
objetivo a revisão das metas propostas na Agenda 21, de 1992 (MMA, 1992b), no
entanto, segundo Sequinel (2002, p. 13) a proposta final ficou aquém do esperado,
em função “dos poucos resultados práticos alcançados”.
Isso se comprova na Declaração de Joanesburgo (UNITED NATIONS, 2002a), cujo
documento se limita a ratificar as propostas vinculadas ao Tripé da Sustentabilidade
que contempla o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento social e a proteção
ambiental (ELKINGTON, 2012; MMA, 2002; UNITED NATIONS, 2002a).
Através dele, os chefes de Estado reafirmam o compromisso com o desenvolvimento
sustentável, através da proposta de atingir as metas acordadas nas principais
conferências e acordos internacionais realizados pela ONU desde 1992.
Na Declaração de Joanesburgo (op. cit.) os membros signatários, ainda, assumem a
responsabilidade quanto ao avanço e fortalecimento dos pilares do desenvolvimento
sustentável, com a necessidade de uma mudança de paradigma cujo foco, antes
somente, no lucro, deverá também se alinhar aos princípios da sustentabilidade, ou
85
seja, no desenvolvimento econômico e no desenvolvimento social com proteção
ambiental em todos os setores da sociedade (ELKINGTON, 2012; MMA, 2002;
UNITED NATIONS, 2002a).
Com base nesses princípios os chefes de Estado formalizam o Tripé da
Sustentabilidade, no anexo da Declaração de Joanesburgo sobre o Desenvolvimento
Sustentável, no item Nossas Origens ao Futuro, subitem 5:
Assumimos a responsabilidade coletiva de fazer avançar e fortalecer os pilares interdependentes e que se sustentam mutuamente do desenvolvimento sustentável - desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental - nos âmbitos local, nacional, regional e global.
O documento ratificando comprometimento com o Desenvolvimento Sustentável
apresenta propostas relevantes (UNITED NATIONS, 2002c), baseados em seu
principal objetivo, de formalmente revisar toda a Agenda 21.
Destaca-se o Capítulo 17, que trata sobre os Oceanos e Mares, o qual gerou
recomendações sobre questões chave relativas ao ambiente marinho (UNITED
NATIONS, 2002d). A proposta contempla a criação de mecanismos necessários para
a sua proteção, baseada em princípios de gestão integrada e boa governança e com
um alerta para a necessidade do aumento dos recursos, da ampliação da consciência
pública e da participação efetiva das partes interessadas.
Segundo o documento, o ambiente marinho é a principal interface para o maior setor
econômico do mundo, o turismo, além disso, essa atividade econômica traz muitos
benefícios potenciais, em termos de crescimento económico, desenvolvimento de
infraestrutura e serviços públicos, mas também tem, potencialmente, enormes custos
para as comunidades costeiras, e para o meio ambiente, como resultado de um
número crescente de turistas nacionais e internacionais que as visitam.
Ainda de acordo com o texto, o desenvolvimento costeiro de maneira desordenada,
resultou na erosão e destruição de habitats chave, como os manguezais, as ervas
marinhas e os recifes de coral, que influenciou na perda de espécies dependentes
desse ambiente para sobreviver.
Outras questões chave, que influenciaram a destruição costeira, são elencadas, como
o aumento dos níveis do turismo e do comércio, que trouxeram uma transformação
86
rápida e drástica para as áreas costeira e marinha, como a qualidade das águas que
diminuiu devido a descargas crescentes de resíduos urbanos não tratados.
No contexto do turismo, o documento complementa que além da sua interferência nos
impactos do desenvolvimento do ambiente marinho e costeiro, ele também influencia
o crescimento das cidades ao redor dessas regiões, intensificando a necessidade do
combate ao crescimento da pobreza urbana e costeira.
A Declaração também afirma que para enfrentar os desafios do crescimento é
necessário a implementação do programa de trabalho no turismo e desenvolvimento
costeiro, elaborado pela Comissão das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (UNITED NATIONS, 1992b), que deve ser aplicado para incentivar um
melhor desenvolvimento do turismo em torno de áreas costeiras e marinhas.
Além disso enfatiza a necessidade da formulação de estratégias de turismo, voltadas
ao desenvolvimento sustentável, que precisam ser mais eficazmente integradas ao
desenvolvimento e implementação de planos locais e nacionais da zona costeira. Para
tal sugere a implantação de sistemas de gestão de negócios e a aplicação de códigos
de conduta eficazes no setor do turismo, com a participação de organismos
competentes da ONU, autoridades locais, comunidades e outras partes interessadas.
No âmbito dos cruzeiros marítimos, o texto alerta para a necessidade de avançar
significativamente para garantir a adoção de regras rígidas quanto à descarga de
resíduos pelos navios de cruzeiro, regras que, também, orientem quanto à eliminação
eficaz como uma prática ambiental comum.
Além disso, o documento estabelece a necessidade de se constituir um grande grupo
que vise o entendimento comum sobre a importância do ecossistema marinho, tanto
em relação à pesca e as atividades em terra, bem como as instituições e os processos
envolvidos em sua exploração (UNITED NATIONS, 2002d).
Enfatizou-se, também, que a Cúpula poderia desempenhar um papel importante no
processo de construção desse grupo, consciente com as questões da sustentabilidade
voltadas ao ambiente marinho, com a proposição de que uma melhor governança dos
oceanos permitiria contribuir para o desenvolvimento sustentável em todo o mundo,
87
incluindo a melhoria da segurança alimentar, da saúde, do crescimento econômico,
da integridade do ecossistema e da redução da pobreza.
2.2.11 Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio
+20) - 2012
Dez anos após o encontro de Joanesburgo (op. cit.) e vinte anos depois da Cúpula da
Terra de 1992, realizou-se no Rio de Janeiro em 2012 a United Nations Conference
on Sustainable Development (UNCSD), ou Conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável (CNUDS), também conhecida como Rio+20 (ONU,
2012a), quando foram avaliados os avanços realizados, as pendências e os
compromissos políticos firmados nos eventos anteriores (ONU, 2012b).
Segundo a ONU (2012c) o encontro resultou em um documento que contém medidas
práticas para a implementação do desenvolvimento sustentável. Na declaração final
da Conferência, os chefes de Estado publicaram o texto chamado: O Futuro que
Queremos (MMA, 2012; UNITED NATIONS, 2012b), onde renovam o “compromisso
com o desenvolvimento sustentável e com a promoção de um futuro econômico, social
e ambientalmente sustentável para o nosso planeta e para as atuais e futuras
gerações”.
O documento ressalta o esforço comum pela economia verde, que segundo o PNUMA
(2011, p. 2):
resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecológica. Em outras palavras, uma economia verde pode ser considerada como tendo baixa emissão de carbono, é eficiente em seu uso de recursos e socialmente inclusiva. Em uma economia verde, o crescimento de renda e de emprego deve ser impulsionado por investimentos públicos e privados que reduzem as emissões de carbono e poluição e aumentam a eficiência energética e o uso de recursos, e previnem perdas de biodiversidade e serviços ecossistêmicos.
Além da economia verde, destacam, também, a necessidade do combate à fome e a
pobreza, como requisitos indispensáveis para o desenvolvimento sustentável. Os
governantes reconhecem que a erradicação da pobreza e a mudança de hábitos de
consumo e da produção não sustentável, bem como a proteção dos recursos naturais,
88
são objetivos indispensáveis que devem ser alcançados com o intuito de se buscar
construir um mundo melhor.
No combate à pobreza e a fome, a criação de conceitos, normas e diretrizes, pela
ONU, incentiva os governos, em um primeiro momento, e as organizações como
consequência, a criarem agendas sustentáveis que promovam o desenvolvimento e o
crescimento que respeitem o meio ambiente, o ser humano e suas necessidades
fisiológicas, de segurança, social e de estima, como na hierarquia das necessidades
de Maslow (ROSS, 2001), proporcionando ao indivíduo dignidade em seu
desenvolvimento pessoal, familiar e comunitário.
Nesse contexto, a Conferência apresenta o Quadro de Ação e Acompanhamento, que
serve para acompanhar o atingimento dos objetivos e metas traçadas para
desenvolvimento sustentável. O documento trata, principalmente, da revisão dos
Objetivos do Milênio (ODM), e nele os chefes de Estado ressaltam alertas, reafirmam
e reconhecem a sua importância, ratificando os compromissos anteriormente
estabelecidos.
Em relação aos Oceanos e Mares, o texto reafirma o reconhecimento de que eles são
fundamentais para a sobrevivência do planeta, dessa forma, ressalta o PNUMA (2011,
p. 35), que:
a utilização sustentável dos oceanos, mares e seus recursos contribui para a erradicação da pobreza, crescimento econômico sustentável, segurança alimentar, criação de meios de subsistência sustentáveis e trabalho decente, protegendo, ao mesmo tempo, a biodiversidade e o ambiente marinho e remediando os impactos da mudança climática.
Ainda, em relação ao documento (PNUMA, 2011), visando a proteção dos mares e
oceanos, os governantes se comprometem com a manutenção da biodiversidade
marinha, alertando para o fato de que seu ecossistema é afetado pela poluição através
de detritos que são descartados por diversas fontes marinhas e terrestres, incluindo
os transportes marítimos e as águas de escoamento. Dessa forma se comprometem
a tomar medidas para reduzir a incidência e os impactos da poluição nos ecossistemas
marinhos, principalmente, aplicando de forma eficaz as convenções em vigor
adotadas no âmbito da Organização Marítima Internacional (IMO)”.
89
Através deste compromisso a Conferência enfatiza a necessidade do
comprometimento político, voltado ao desenvolvimento sustentável que inclua a
economia verde e a erradicação da pobreza, sendo fundamental que haja, ainda, a
manutenção do comprometimento na implementação dos resultados oriundos das
propostas elaboradas nas Cúpulas que visam o desenvolvimento sustentável.
2.2.12 Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável - 2015
Em setembro de 2015, em Nova Iorque, Estados Unidos da América, chefes de Estado
e de Governo se reuniram para formalizar uma nova agenda para o desenvolvimento
(ONU, 2015a). Essa nova agenda é composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), que devem ser implementados ao longo dos quinze anos
seguintes a 2015.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE, 2015), os Objetivos são o
resultado de orientações voltadas ao Desenvolvimento do Milênio ratificadas na
Conferência Rio +20 e que, ao longo de três anos foram discutidas e enfim aprovadas
pelos líderes globais, resultando no documento Transformando Nosso Mundo: A
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (ONU, 2015d).
Para o MRE (2015), este documento deverá nortear as políticas nacionais
direcionadas ao Desenvolvimento Sustentável, sucedendo e atualizando os Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio (ODM) (ONU, 2015e).
Segundo a ONU (2015d) “a Agenda é um plano de ação para as pessoas, o planeta
e a prosperidade. Ela busca fortalecer a paz universal com mais liberdade, e
reconhece que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões,
incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global ao desenvolvimento
sustentável”. Ela reflete nos 5 Ps para o Desenvolvimento Sustentável, como meta
para 2030 (Figura 6).
90
Figura 6 - Os 5 Ps para o Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030
Fonte: (ONU, 2015e)
As metas representadas pelos 5 Ps, da Agenda 2030, buscam promover, com a
participação dos governos, sociedade civil, setor privado e academia, medidas que
visam direcionar o mundo, rumo a um caminho sustentável e resiliente, conforme as
definições a seguir:
• Pessoas: Erradicar a pobreza e a fome de todas as maneiras e garantir a
dignidade e a igualdade;
• Prosperidade: Garantir vidas prósperas e plenas, em harmonia com a natureza;
• Paz: Promover sociedades pacíficas, justas e inclusivas;
• Parcerias: Implementar a agenda por meio de uma parceria global sólida;
• Planeta: Proteger os recursos naturais e o clima do nosso planeta para as
gerações futuras.
Os 5 Ps significam a integração das Pessoas para o bem comum, rumo à
Prosperidade com dignidade, promovendo a Paz universal, fomentando as Parcerias
91
em direção ao Desenvolvimento Sustentável e proporcionando a esperança de um
futuro melhor para as gerações futuras e para o Planeta.
A perspectiva da ONU, através dos Objetivos e Metas da Agenda 2030, é de levar em
conta o legado e, também, avançar em relação às metas não alcançadas dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Espera-se, ainda, atender às três
dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental e
para tal, definiram-se os 17 objetivos e 169 metas que devem ser alcançados até 2030
(ONU, 2015d). A seguir, são apresentados os 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (Quadro 7).
92
Quadro 7 - 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
OBJETIVOS
1 Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares
2 Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
3 Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
4 Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
5 Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
6 Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e o saneamento para todos
7 Assegurar a todos o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia
8 Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos
9 Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação
10 Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles
11 Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis
12 Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
13 Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e os seus impactos
14 Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável
15 Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade
16 Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis
17 Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
Fonte: (ONU, 2015a, 2015d)
93
Os 17 objetivos são claros quanto ao que precisa ser feito para que o mundo se torne
um lugar melhor para viver, agora e no futuro para as gerações que virão. Porém,
muita coisa ainda precisa ser realizada.
É necessário que haja o comprometimento de todos, e não somente dos países mais
ricos, ou que a responsabilidade não seja só dos governantes, todos significa dizer
que é preciso haver a conscientização da sociedade para que as palavras não se
percam nos discursos, nos papeis ou nas redes sociais, também, é preciso que os
discursos não passem de retórica no exercício do poder.
Assim, é necessário que até 2030, a pobreza extrema e a fome sejam erradicadas,
que a mortalidade infantil reduza radicalmente, que todos tenham acesso à educação,
que não haja discriminação, que a água seja um recurso de acesso universal, que a
higiene e o saneamento sejam um direito com acesso a todos, que a diversidade nos
mares, oceanos e florestas sejam respeitados.
Através da conservação e do uso sustentável, além de tantos outros objetivos que
deveriam ser um direito básico e universal, no entanto, muitas vezes são apenas um
sonho distante para muitos que querem apenas viver com dignidade.
Os Objetivos e Metas da Agenda 2030, também, contemplam o turismo, uma vez que
segundo a ONU (2015d) é um setor importante para o desenvolvimento sustentável,
por contribuir para a manutenção do equilíbrio ambiental do planeta, para a
sustentabilidade social e para subsidiar o desenvolvimento econômico.
Isso ocorre através da geração de empregos, promoção da cultura e o
desenvolvimento das localidades, no entanto, para tal, devem-se definir e implantar
políticas que promovam o turismo sustentável e utilizar ferramentas para monitorar os
impactos causados para o seu desenvolvimento sustentável e assim contribuir e
atender aos desafios do milênio.
Todos os objetivos e metas são importantes direta ou indiretamente para o
desenvolvimento sustentável do ambiente marinho e para o desenvolvimento do
turismo de cruzeiros, no entanto, três objetivos se destacam no interesse desta
pesquisa, dentre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) (ONU,
2015a), que são:
94
• Objetivo 6: água potável e saneamento (assegurar a disponibilidade e gestão
sustentável da água e o saneamento para todos);
• Objetivo 7: energia limpa e acessível (assegurar o acesso confiável,
sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos);
• Objetivo 14: vida na água (conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os
mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável).
No entanto, um Objetivo, o 14 (ODS14) (SCHMIDT et al., 2017; UNITED NATIONS,
2015a), rege esta tese por tratar diretamente da conservação e uso de forma
sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos, que sofre com os impactos
causados pelo homem.
O ODS14 é um dos mais importantes por considerar que os oceanos são a maior fonte
de proteínas do mundo, com mais de três bilhões de pessoas dependendo de sua
biodiversidade marinha e costeira para subsistência e que mais de 200 milhões de
pessoas viverem direta ou indiretamente da pesca, o que, no entanto, tem contribuído
para a redução de espécies de peixes devido aos subsídios recebidos, o que acaba
refletindo no volume crescente da pesca predatória.
O texto ressalta ainda que a superfície dos oceanos cobre três quartos da superfície
terrestre, contém 97% da água e representam 99% do espaço vivo no planeta por
volume, tornando este ambiente um filtro que absorve cerca de 30% do dióxido de
carbono (CO2) produzido pelo ser humano, o que de certa forma minimiza os impactos
do aquecimento global.
Tornando-se necessária a orientação quanto ao seu uso de forma sustentável e
quanto à capacitação e governança oceânica, a fim de minimizar esses impactos o
ODS14 definiu as seguintes metas:
• Até 2025, evitar e reduzir significativamente a poluição marinha de todos os
tipos;
• Até 2020, gerenciar e proteger de forma sustentável os ecossistemas marinhos
e costeiros para evitar impactos adversos significativos;
• Minimizar e abordar os impactos da acidificação dos oceanos;
95
• Até 2020, efetivamente regular a pesca, acabando com pesca ilegal;
• Até 2020, conservar pelo menos 10% das áreas costeiras e marinhas;
• Até 2020, proibir certas formas de subsídios à pesca que contribuam para a
exploração excessiva e pesca ilegal;
• Até 2030, aumentar os benefícios econômicos para os pequenos Estados
insulares em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos a partir do uso
sustentável dos recursos marinhos, inclusive através da gestão sustentável das
pescarias, da aquicultura e do turismo;
• Aumentar o conhecimento científico, desenvolver a capacidade de pesquisa e
transferir tecnologia marinha, a fim de melhorar a saúde oceânica e aumentar
a contribuição da biodiversidade marinha para o desenvolvimento dos países
em desenvolvimento, em particular os pequenos Estados insulares em
desenvolvimento e os países menos desenvolvidos;
• Fornecer acesso aos pescadores artesanais em pequena escala a recursos e
mercados marinhos;
• Melhorar a conservação e o uso sustentável dos oceanos e seus recursos
através da implementação do direito internacional.
Essas metas precisam ser atingidas sob o risco de minimizar a importância dos
oceanos, que vai além da fonte de alimentos ou de absorção de CO2, por permitir a
criação de empregos dignos que possam reduzir a pobreza em ambientes onde o
turismo possa ser sustentavelmente explorado, através da promoção de um padrão
inclusivo de crescimento e desenvolvimento (SCHMIDT et al., 2017).
No próximo item serão apresentadas regulamentações voltadas aos princípios da
sustentabilidade ambiental, que são destacadas por organizações que orientam ações
voltadas ao desenvolvimento sustentável do planeta. Espera-se buscar, nessas
informações, os subsídios necessários para a proposição do modelo de gestão
estratégica para os cruzeiros marítimos.
2.3 Regulamentações relativas aos princípios da Sustentabilidade Ambiental
A globalização permitiu que, ao longo dos anos, os mercados se integrassem em
diversos setores da economia para além do comércio, como o próprio turismo,
principal tema deste estudo.
96
Para que houvesse integração, os organismos internacionais, instituições e os
Estados produziram um conjunto de normas de regulação com o intuito de orientar as
ações de seus afiliados, seguindo as orientações da ONU e que visassem atender às
diretrizes voltadas ao contexto da Sustentabilidade e assim promover o
Desenvolvimento Sustentável, para que seja possível manter o planeta habitável com
condições dignas de sobrevivência para toda a biodiversidade.
Com base na pesquisa exploratória, identificou-se as regulamentações relacionadas
aos princípios da Sustentabilidade Ambiental, destacadas pela ONU (MMA, 1995;
UNITED NATIONS, 1982a); International Maritime Organization (IMO) (IMO, 1983,
2018a; MARINHA DO BRASIL, 1983); International Organization for Standardization
(ISO) (ISO, 2018b) e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (ABNT,
2018).
2.3.1 Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM)
Em dezembro de 1982, em Montego Bay, na Jamaica, foi concluída a negociação
sobre a United Nations Convention on the Law of the Sea (UNCLOS), ou, em
português, Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM).
Segundo o MMA (1995), o objetivo da Convenção foi de:
estabelecer um novo regime legal abrangente para os mares e oceanos e, no que concerne às questões ambientais, estabelecer regras práticas relativas aos padrões ambientais, assim como o cumprimento dos dispositivos que regulamentam a poluição do meio ambiente marinho; promover a utilização equitativa e eficiente dos recursos naturais, a conservação dos recursos vivos e o estudo, a proteção e a preservação do meio marinho.
Através dela, define-se o regime jurídico sobre os assuntos relativos aos mares e
oceanos, incluindo o próprio mar territorial e zona contígua, no que diz respeito à sua
exploração (UNITED NATIONS, 1982a).
Destaca-se na Convenção (UNITED NATIONS, 1982a), referente aos Cruzeiros
Marítimos, a Parte XII: Proteção e Preservação do Meio Marinho; seção 5: Regras
Internacionais e Legislação Nacional para Prevenir, Reduzir e Controlar a Poluição do
Meio Marinho, os artigos: (210) o lixo jogado ao mar; (211) a poluição causada pelos
navios e (212) a poluição atmosférica.
97
Quanto aos resíduos jogados ao mar, a Convenção prevê que os Estados são
responsáveis por adotar leis e regulamentos para prevenir, reduzir e controlar a
poluição devido ao despejo de resíduos.
Sobre a poluição causada pelos navios, prevê-se que os Estados, apoiados por meio
de uma organização internacional competente, devam estabelecer regras
internacionais e normas para prevenir, reduzir e controlar a poluição do meio ambiente
marinho, proveniente de embarcações, além de estabelecer rotas destinadas a
minimizar o risco de acidentes que possam causar poluição, incluindo o litoral.
Quanto à poluição do ar, prevê-se que os Estados devam adotar leis e regulamentos
para prevenir, reduzir e controlar a poluição do meio ambiente marinho, aplicável ao
espaço aéreo sob sua soberania e aos navios que adotam a sua bandeira, ou
embarcações ou aeronaves registadas no seu território, considerando-se as regras
acordadas, normas e práticas recomendadas, procedimentos e segurança da
navegação aérea, adotadas no âmbito internacional.
No entanto, não é só a poluição uma ameaça aos mares e oceanos, mas também a
possibilidade de sua utilização para fins não pacíficos. No turismo, a paz é essencial
para sua prática, e neste contexto, ao se tratar, por exemplo, da navegação dos navios
de cruzeiro, identifica-se o artigo 301, contido na Parte XVI, Disposições Gerais, que
trata do uso pacífico dos mares, cuja afirmação contempla que os Estados devem
abster-se de qualquer ameaça ou uso da força contra a integridade territorial ou a
independência política de qualquer Estado.
Ressalta-se que um navio possui a nacionalidade do Estado cuja bandeira esteja
autorizado a arvorar, de forma compatível com os princípios do direito internacional
consagrados na Carta das Nações Unidas (ONU, 1945) e conforme o Artigo 91 da
Convenção (UNITED NATIONS, 1982a), que trata da Nacionalidade dos Navios,
independente se é utilizado para uso comercial ou para transporte de passageiros, ou
em uma viagem de lazer em um cruzeiro. A soberania é respeitada por esta
Convenção, que reconhece o direito do Estado em estabelecer a largura de seu mar
territorial até o limite máximo de 12 milhas náuticas, sendo que além dessa distância
deve-se respeitar as normas do direito internacional.
98
O mesmo se aplica aos destinos e aos navios de cruzeiros, considerado o próprio
destino (DOWLING, 2006; GIBSON, 2012; LOHMANN; PANOSSO-NETTO, 2012;
MANCINI, 2011; NAJAFIPOUR; MARZI; FOROOZANFAR, 2014; PAOLILLO;
REJOWSKI, 2002; SANCHO-PEREZ, 2001) com as características legais de um
Estado, que navega pelos mares e oceanos de um destino a outro em busca do calor
e do sol.
2.3.2 International Maritime Organization (IMO)
A International Maritime Organization (IMO), ou em português, Organização Marítima
Internacional (OMI), segundo a Marinha do Brasil (MARINHA DO BRASIL, 2016) e a
Associação Nacional de Transporte Aquaviário (ANTAQ) (ANTAQ, 2018b), é uma
agência da ONU criada em 1948 e tem o intuito de definir um padrão global para a
segurança e desempenho ambiental do transporte marítimo internacional (IMO,
2018a).
Sua função principal, é de criar um quadro regulatório para o setor de transporte
marítimo que seja universalmente adotado e implementado, em igualdade de
condições, por operadores de navios sem comprometer a segurança e o desempenho
ambiental.
Resumidamente a IMO tem por objetivo:
padronizar, manter e controlar todas as regras de navegação, segurança (SOLAS), meio ambiente marinho (MARPOL), cooperação técnica e certificação de profissionais e embarcações, ou seja, ela é responsável pela padronização mundial da indústria marítima (que compreende navegação, construção naval, pesca e portos) (ANTAQ, 2018b).
De acordo com a IMO (IMO, 2018a), o setor marítimo é o meio de transporte mais
eficiente e de baixo custo que existe, transporta mais de 80% das mercadorias em
todo o mundo, por oferecer um meio confiável e de baixo custo para o comércio global,
facilitando a realização de negócios, o que permite levar prosperidade aos povos e
nações.
Ainda segundo a Organização, a promoção do transporte e desenvolvimento marítimo
sustentável é uma de suas prioridades, por ser um componente essencial para o
desenvolvimento sustentável.
99
O transporte marítimo é uma atividade internacional que só pode funcionar de forma
eficaz se os regulamentos e normas forem elaboradas, adotadas e implementadas em
uma base internacional.
O mundo depende de um de transporte marítimo seguro e as medidas da IMO
contemplam aspectos relevantes de um navio, o que inclui seu projeto, a construção,
os equipamentos, o funcionamento, a tripulação e os descartes de resíduos e esgoto,
tudo o que garanta que este setor, vital para a economia, mantenha-se seguro,
ambientalmente saudável e com eficiência energética (IMO, 2018a).
Atendendo ao objetivo da IMO, definiu-se a International Convention for the Safety of
Life at Sea (SOLAS) (IMO, 1980), ou em português Convenção Internacional para a
Salvaguarda da Vida Humana no Mar, cujo objetivo principal é o de especificar normas
mínimas relativas à construção, seus equipamentos e a operação de navios,
compatível com a sua segurança.
Relativo à International Convention for the Prevention of Pollution from Ships
(MARPOL) (IMO, 1983), em português, Convenção Internacional para a Prevenção
da Poluição por Navios (MARINHA DO BRASIL, 1983), tem por objetivo, através de
disposições regulamentares, a prevenção e a minimização da poluição causada pelos
navios, seja de maneira acidental, ou a partir de operações de rotina.
Para a MARPOL, Navio significa: “uma embarcação de qualquer tipo operando no
meio ambiente marinho e abrange embarcações do tipo hidrofólio, veículos que se
deslocam sobre um colchão de ar, submersíveis, embarcações flutuantes e
plataformas fixas ou flutuantes”.
Além da própria Convenção e seus artigos, que apresentam as obrigações das Partes
e as ações em caso de haver violações, o documento apresenta seis anexos técnicos:
I. Regras para a prevenção da poluição por óleo;
II. Controle da poluição por substâncias líquidas nocivas a granel;
III. Prevenção da poluição por substâncias nocivas transportadas por via marítima
de embalados;
IV. Prevenção da poluição por esgoto por navios;
V. Prevenção da poluição por lixo dos navios;
VI. Prevenção da poluição do ar por navios.
100
Um navio de cruzeiro, ao navegar, produz esgoto e resíduos, além de emitir gases de
efeito estufa (ANDRADE et al., 2014), dessa forma as orientações, tanto da SOLAS,
quanto da MARPOL, são importantes para os navios de cruzeiro, isso porque, em
função de sua infraestrutura, são considerados como pequenas cidades (BRITO,
2009).
E como se movimentam de um destino a outro, precisam ser autossuficientes quanto
ao tratamento da água e do esgoto, e no transporte e descarga dos resíduos
produzidos a bordo, atendendo às exigências legais dessas normas internacionais.
A água é um recurso crítico a bordo dos navios, especialmente aqueles que atendem
a um número grande de passageiros (MOUCHTOURI et al., 2012), apesar de muitos
desses navios, mais modernos, já produzirem a água potável consumida a bordo,
através do processo de dessalinização (GULER E. et al., 2015), no entanto deve-se
tomar o devido cuidado quanto ao seu manuseio, tanto na entrada, bunkering
(abastecimento), quanto na descarga ao mar que deve atender às orientações das
normas internacionais.
A descarga, de acordo com a MARPOL (IMO, 1983; MARINHA DO BRASIL, 1983):
com relação a substâncias danosas ou a efluentes contendo tais substâncias, significa qualquer liberação, qualquer que seja a sua forma, causada por um navio e abrange qualquer escapamento, lançamento, derramamento, vazamento, bombeamento, emissão ou esgoto.
Em seu Artigo I – Obrigações gerais de acordo com a Convenção, e seus Anexos,
definem-se as obrigações a cumprir “para impedir a poluição do meio ambiente
marinho através da descarga de substâncias danosas ou de efluentes contendo tais
substâncias, contrariando a Convenção”.
Dentre os seis anexos técnicos da MARPOL (IMO, 1983; MARINHA DO BRASIL,
1983) que visam combater a poluição no ambiente marinho, esta pesquisa destaca
quatro de importância para a tese.
Ao se analisar os seis anexos (IMO, 1983), verifica-se que, com exceção do Anexo II,
que trata do transporte de substâncias líquidas nocivas a granel e do Anexo III, que
contempla as substâncias nocivas transportadas embaladas, ambas em navios de
101
carga e não em um navio de cruzeiro, os outros quatro anexos são relevantes ao
contexto desta pesquisa.
Conclui-se, então, que os anexos I, IV, V e VI, podem ser adotados como fonte de
referência para a definição dos requisitos da sustentabilidade ambiental no transporte
marítimo de passageiros e assim prevenir e minimizar a poluição causada pelos
navios, seja de maneira acidental, ou a partir de operações de rotina.
O Anexo I define as regras para a prevenção da poluição por óleo em situações
operacionais ou no caso de descargas acidentais (IMO, 2016a, 2016b). O texto
considera que qualquer descarga ao mar, oriunda de misturas de petróleo, ou de óleo,
pelos navios com tonelagem igual ou superior a 400 toneladas brutas é proibida,
exceto quando todas as seguintes condições são satisfeitas:
• O navio segue a sua rota;
• A mistura oleosa é processada através de equipamentos de filtragem de
óleo, que atenda aos requisitos da regra 14 do presente anexo;
• O teor de óleo do efluente, sem diluição, não excede 15 partes por milhão;
• A mistura oleosa não se origina a partir da bomba de porão de navio
petroleiro;
• A mistura oleosa, no caso de navios petroleiros, não é misturada com
resíduos da carga de óleo.
Em relação ao Esgoto, o Anexo IV - Regras para a prevenção da poluição por esgoto
dos navios (IMO, 2016c), define como sendo:
(1) a descarga e outros rejeitos provenientes de qualquer tipo de instalações sanitárias ou mictórios; (2) a descarga proveniente de compartimentos médicos (farmácias, enfermarias, etc.), feita através de pias, banheiras e dalas ou embornais localizados naqueles compartimentos; (3) a descarga proveniente de compartimentos que contenham animais vivos; ou (4) outras descargas de água quando misturadas com as descargas mencionadas acima.
A Convenção proíbe a descarga do esgoto ao mar, a menos (IMO, 2016d) que tenha
sido triturado e desinfetado de acordo com um sistema que siga as orientações da
Regra 9.1.2 (IMO, 2016e).
102
Dessa maneira, a descarga deve ser realizada a uma distância de mais de 3 milhas
náuticas da terra mais próxima ou, caso o esgoto não tenha sido triturado nem
desinfetado, a uma distância maior que 12 milhas náuticas da terra mais próxima, ou
ainda quando os navios estiverem operando em águas sob a jurisdição de um Estado
que tenha exigências, eventualmente, menos rigorosas.
Em qualquer caso, o esgoto que foi armazenado em tanques de retenção não deverá
ser descarregado instantaneamente, mas a um ritmo moderado, quando o navio
estiver navegando a uma velocidade acima de 4 nós.
Outra definição, importante para o desenvolvimento deste estudo é relativo aos
resíduos, que são produzidos nos navios e assim considerado como sendo:
todos os tipos de rejeitos de mantimentos, rejeitos domésticos e operacionais, exceto peixe fresco e suas partes, gerados durante a operação normal do navio e passíveis de serem descartados contínua ou periodicamente, exceto aquelas substâncias que estão definidas ou listadas em outros Anexos da presente Convenção.
De acordo com a MARPOL (IMO, 1983, 2016f; MARINHA DO BRASIL, 1983), em seu
Anexo V - Regras para a prevenção da poluição por lixo dos navios, é proibido o
lançamento ao mar de qualquer tipo de plásticos, no entanto, é permitido, além de
doze milhas náuticas, que haja descarga de restos de comida e todos os outros tipos
de lixo, como papéis, trapos, vidros, metais, garrafas, louças e rejeitos semelhantes.
O Anexo VI, da Convenção (IMO, 1983, 2016g; MARINHA DO BRASIL, 1983), define
as Regras para a prevenção da poluição do ar por navios, e no documento define
Emissão como sendo “qualquer liberação por navios, para a atmosfera ou para o mar,
de substâncias sujeitas a controle” definidos nos anexos da Convenção, como, por
exemplo, as substâncias redutoras da camada de ozônio.
Segundo Lindgren et al (2016), a indústria naval é causadora de diversos tipos de
problemas ambientais, como a poluição por hidrocarbonetos, águas residuais, tinta
anti-incrustação, água de lastro e os resíduos produzidos a bordo. Conforme o autor,
a poluição por hidrocarbonetos pode causar grandes acidentes devido a pequenos
vazamentos contínuos como, por exemplo, podendo danificar os rolamentos do eixo
da hélice, além disso, o óleo no contato com o mar irá causar um dano direto ao
103
ambiente. O mesmo ocorre com as águas residuais provenientes de navios, como o
seu esgoto.
Por outro lado, a incrustação em cascos de navios, não polui diretamente os oceanos,
no entanto, afeta o desempenho do navio e por consequência o aumento do consumo
de combustível causando a poluição do ar.
Ainda de acordo com Lindgren et al (2016), uma das ações poluidoras mais graves é
o descarte da água de lastro no mar, que é a água marítima bombeada para os
tanques e tem o objetivo de controlar e ajustar a navegação e estabilidade do navio.
Ela contém organismos que podem se tornar invasivos, se for despejada em uma nova
área geográfica, diferente da origem. Essas espécies invasoras podem implicar em
custos elevados ao destino, onde a água de lastro3 foi lançada, com a eventual
contaminação do ambiente natural.
Essa água de lastro, de acordo com a Klein (KLEIN, 2009), muitas vezes inclui
espécies não-nativas, que podem causar danos e põe em risco a saúde pública e o
ambiente, além de custos econômicos significativos para os sistemas de
abastecimento de água e energia, para a pesca comercial e recreativa, agricultura e,
também, para o turismo.
Apesar do transporte aquaviário ser um tipo de modal que polui o ambiente, de acordo
com (ANDRADE et al., 2014), ele é dos que menos agride a natureza por ser um dos
que menos emite gases de efeito estufa, isso considerando-se o volume de carga
transportada e também, comparando-se com outros tipos de modais, como o
caminhão e o trem.
2.3.3 International Organization for Standardization (ISO)
A ISO é uma Organização Internacional voltada à Normalização, que conta com 160
países membros que adotam suas mais de 18.000 normas técnicas.
3 Segundo a IMO (IMO, 2017a), sempre que houver necessidade de troca de água de lastro, o ideal é que ela seja realizada em pelo menos 200 milhas náuticas longe da terra mais próxima e em águas com pelo menos 200 metros de profundidade. Caso não seja possível, pelo menos o descarte deve ser feito o mais longe possível da terra mais próxima e em todos os casos a pelo menos 50 milhas náuticas do solo mais próximo e em água a pelo menos 200 metros de profundidade.
104
Através delas as organizações tem acesso a ferramentas de gestão para avaliar,
relatar e melhorar o seu desempenho (LEGRAND et al., 2014) e atender aos requisitos
do Tripé da Sustentabilidade em suas três dimensões para o Desenvolvimento
Sustentável: o desenvolvimento econômico, o desenvolvimento social e a proteção
ambiental (ELKINGTON, 2012; MMA, 2002; UNITED NATIONS, 2002a).
As normas ISO evitam sobreposição ao apoiar as regulamentações da IMO, como um
complemento técnico na cooperação do desenvolvimento de padrões (ISO, 2007) e
contribuem com as empresas, governos e sociedade, que desejam adotar ações
proativas no atendimento às melhores práticas da qualidade, ecologia, segurança,
economia, confiabilidade, compatibilidade, interoperabilidade, conformidade,
eficiência e eficácia (ISO, 2009).
De acordo com a ISO, que tem como um de seus desafios o combate à emissão dos
gases do efeito de estufa (2016a), “uma norma é um documento que fornece
requisitos, especificações, diretrizes ou características que podem ser usados de
forma consistente para assegurar que os materiais, produtos, processos e serviços
são adequados para os fins”.
Ainda segundo a ISO (2016a), suas normas são, para o ambiente dos negócios,
ferramentas estratégicas que permitem a otimização dos recursos, refletindo na
redução dos custos, do desperdício e dos erros, com o consequente aumento da
produtividade.
As organizações que as utilizam têm acesso a novos mercados, muitos deles já
exigindo a sua adoção como pré-requisito para a realização de negócios, além de que
permite um nivelamento na atitude responsável para os países em desenvolvimento,
visando e proporcionando o comércio mundial livre.
2.3.3.1 Norma ISO 14001 – Sistemas de gestão ambiental
Em todas as atividades, é necessário que haja um engajamento, um
comprometimento com as práticas sustentáveis e nesse contexto a ISO criou o comitê
técnico ISO/TC 207 (ISO, 2009) de gestão ambiental, que é responsável pelo
desenvolvimento e manutenção a família de normas ISO 14000.
105
A ISO/TC 207 foi criada em 1993 devido ao compromisso assumido para atender à
demanda do "desenvolvimento sustentável", articulada em 1992 durante Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de
Janeiro.
A norma ISO 14001 é a mais reconhecida globalmente para sistemas de gestão
ambiental (SGA) (ISO, 2009), no apoio às organizações na gestão dos impactos
causados em suas atividades sobre o meio ambiente (LEGRAND et al., 2014). O
comitê ISO/TC 207 possui 38 normas publicadas (Anexo F) e, até fevereiro de 2018,
havia mais 25 em desenvolvimento sob sua responsabilidade (ISO, 2018c).
A família de normas ISO 14000 (ISO, 2015) fornece ferramentas para que as
empresas e organizações possam, através da adoção das melhores práticas,
gerenciar suas responsabilidades ambientais.
Neste estudo tem-se a intenção, através da série de normas ISO 14000, de identificar
os requisitos que serão adotados para a formulação do modelo de gestão estratégica,
no contexto da sustentabilidade ambiental, voltada aos cruzeiros marítimos, no
entanto, para esse fim será analisada a norma ABNT NBR ISO 14001:2015, que é a
norma brasileira correspondente à ISO 14001 e que será apresentada a seguir.
2.3.4 Associação Brasileira de Normas Técnicas
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma entidade privada, sem
fins lucrativos, responsável pelas Normas Brasileiras (ABNT NBR), elaboradas pelos
Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS)
e Comissões de Estudo Especiais (ABNT/CEE) (ABNT, 2018).
A Associação é membro fundador da International Organization for Standardization
(Organização Internacional de Normalização - ISO), da Comisión Panamericana de
Normas Técnicas (Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas - Copant) e da
Asociación Mercosur de Normalización (Associação Mercosul de Normalização -
AMN).
106
2.3.4.1 Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR ISO 14001:2015
No Brasil, a ABNT apresenta a ISO 14001 (Environmental management systems -
Requirements with guidance for use) (ISO, 2016a) como ABNT NBR ISO 14001:2015
(Sistemas de gestão ambiental - Requisitos com orientações para uso) (ABNT, 2015a,
2015b), cujo objetivo é de especificar os requisitos que devem ser atendidos pelas
empresas na adoção de um sistema de gestão ambiental.
A norma adota a metodologia do Ciclo PDCA (Planejar, Implementar, Verificar e Agir),
(Quadro 8), de Deming (DAYCHOUM, 2016; PEREIRA, 2015), que tem por filosofia a
melhoria contínua do processo da qualidade.
Quadro 8 - Ciclo PDCA de Deming
PDCA DESCRIÇÃO
Plan (Planejar) Estabelecer os objetivos e processos necessários para fornecer os resultados de acordo com a política do empreendimento (neste caso, política de sustentabilidade).
Do (Implementar) Implementar os processos
Check (Verificar) Monitorar e medir o resultado dos processos em relação à política, objetivos e metas e reportar os resultados
Act (Agir) Tomar ações para melhorar continuamente a performance do sistema de gestão. Analisar criticamente.
Fonte: adaptado de (ABNT, 2014)
Ao adotar esta metodologia, a organização tem a possibilidade de gerenciar seus
procedimentos de maneira sistemática e contínua em todas suas operações em um
“processo dinâmico e cíclico de planejar, implementar, verificar e analisar
criticamente” (ABNT, 2015a). É, portanto, responsabilidade da empresa possuir um
sistema de gestão da sustentabilidade e através dele atender aos princípios do
desenvolvimento sustentável.
Segundo a ABNT (2015a, p. 2-3) a norma auxilia as empresas em sua gestão
ambiental orientando na utilização “eficiente dos recursos e da redução da quantidade
de resíduos, ganhando assim vantagem competitiva e a confiança das partes
interessadas”.
107
Além disso “ela exige que as empresas considerem todas as questões ambientais
relativas às suas operações, como a poluição do ar, questões referentes à água e ao
esgoto, a gestão de resíduos, a contaminação do solo, a mitigação e adaptação às
alterações climáticas e a utilização e eficiência dos recursos”.
De acordo com a Norma, ao longo de todo o processo de gestão, a organização
deverá realizar auditorias a fim de fornecer à administração as informações
detalhadas sobre o sistema adotado e os resultados das avaliações, documentando
toda a análise crítica (ABNT, 2015b; ISO, 2016a).
As diretrizes para essas auditorias de sistemas de gestão ambiental, assim como da
qualidade, são apresentadas na norma NBR ISO 19011, Diretrizes para auditorias de
sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental (ABNT, 2002).
Neste processo é fundamental que, em um pensamento estratégico, as informações
sejam divulgadas de forma transparente, como um princípio, seguindo orientação da
norma NBR ISO 14063, Gestão ambiental - Comunicação ambiental - Diretrizes e
exemplos, que considera três formas de comunicação, unilateral, bilateral e com
processo decisório participativo (ABNT, 2009). Quanto à transparência, a Norma
afirma que isso significa “fazer com que os processos, métodos, fontes de informação
e suposições usadas na comunicação ambiental estejam à disposição das partes
interessadas, levando em consideração a confidencialidade da informação conforme
requerido” (ABNT, 2009, p. 2).
Com isso, na comunicação ambiental, a transparência permitirá “compartilhar
informações para construir confiança, credibilidade e parcerias” (ABNT, 2009, p. v),
auxiliando no aumento da consciência ambiental, buscando-se, portanto o
engajamento das partes interessadas também com atitudes relacionadas às melhores
práticas ambientais.
Além da ABNT NBR ISO 14001 e das Normas mencionadas acima, a série é composta
por outras normas complementares (ABNT, 2015a), no entanto, este estudo focará
nos atributos da ISO 14001, buscando em sua análise identificar os impactos
causados pelos navios de cruzeiro em suas variáveis relativas à (1) poluição por óleo,
(2) poluição por esgoto, (3) a gestão de resíduos sólidos e líquidos e a (4) poluição do
ar as quais são estabelecidas pela MARPOL (IMO, 1983, 2006; UNITED NATIONS,
108
1982a), ou de outras regulamentações que eventualmente possam surgir ao longo da
pesquisa.
Nesse contexto a Norma confirma alguns destes requisitos, ao orientar a identificação
de aspectos ambientais relacionados às emissões atmosféricas e gerenciamento de
resíduos. Outros fatores mencionados são relevantes quanto aos impactos que
possam causar ao ambiente e por consequência de interesse desta pesquisa, como
o uso de matérias primas e recursos naturais, o que pode ser entendido como a
atenção aos impactos que podem ser causados por materiais que entram (input) no
ambiente avaliado e que não são ambientalmente sustentáveis.
Além deste, há ainda “outras questões locais relativas ao meio ambiente e à
comunidade”, dando margem a inúmeros fatores ambientais que podem ser medidos
em uma organização consciente das questões ambientais (ABNT, 2015b, p. 13).
2.3.4.2 Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR 15401:2014
Ainda no que tange ao sistema de gestão da sustentabilidade, no caso relativo aos
requisitos sustentáveis nos meios de hospedagem, os quais se relacionam com os
navios de cruzeiros (AGARWAL, 2002; AMARAL, 2009; DOWLING, 2006; MENDES;
SILVA, 2012; OMT, 2008; PAPATHEODOROU, 2004; TARLOW, 2012; WALTON,
2009), tem-se a norma ABNT NBR 15401:2014 (ABNT, 2014) que especifica e,
através dela, estabelece:
critérios mínimos específicos de desempenho em relação à sustentabilidade e permitindo que um meio de hospedagem formule uma política e objetivos que levem em conta os requisitos legais e as informações referentes aos impactos ambientais, socioculturais e econômicos significativos.
Segundo a norma, não se trata apenas em controlar os impactos ambientais, mas
também de proporcionar, além de resultados transparentes, éticos, justos nos
aspectos sociais e econômicos e também, soluções ambientalmente sustentáveis aos
meios de hospedagem, com o intuito de contribuir para a conservação, revitalização
e recuperação dos recursos naturais de maneira integrada com os parceiros do
ambiente turístico, dando condições de adoção das melhores práticas ambientais,
independente de região geográfica onde esteja inserido o empreendimento.
109
Com o objetivo de contribuir com os aspectos ambientais do setor turístico,
particularmente com os meios de hospedagem, a norma é voltada às organizações
que necessitem implementar práticas sustentáveis, que sejam de tal maneira
consistentes e consolidadas a ponto de poderem ser certificadas e auditadas a
qualquer tempo com base nos requisitos da norma.
Essas práticas dependem da adoção de requisitos sustentáveis compatíveis com a
política de gestão da sustentabilidade da organização, os quais, no contexto ambiental
e de interesse desta tese, a Norma aborda os seguintes: resíduos sólidos e efluentes
líquidos; emissões para o ar (gases e ruído); eficiência energética; conservação e
gestão do uso da água; áreas naturais, flora e fauna.
Uma análise mais profunda desta Norma é realizada no capítulo 3, item 3.1, quando
se apresentam os requisitos ambientais em uma perspectiva do produto turístico
cruzeiro marítimo.
2.3.4.3 Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR ISO 16534:2016
A norma ABNT NBR ISO 16534:2016 trata dos indicadores de desempenho para o
sistema de gestão da sustentabilidade nos meios de hospedagem (ABNT, 2016),
possibilitando a partir deles, a implementação de um sistema de certificação.
A gestão dos indicadores ambientais permite, na visão da Norma, obter maior
eficiência energética, otimização do uso dos insumos, matérias-primas e recursos
hídricos, além da redução da geração de resíduos. Como complemento dessas
melhores práticas tem-se a maior conscientização e motivação das partes
interessadas internas à organização.
A Norma estabelece os indicadores ambientais que devem ser medidos, a
periodicidade do cálculo, a respectiva fórmula, regras e eventuais exceções a elas.
Extrai-se dessa norma de gestão dos meios de hospedagem os indicadores que tem
relação com o ambiente marinho e devem ser contemplados neste estudo, por
estarem de acordo com os requisitos ambientais relacionados pela MARPOL (IMO,
1983, 2006; UNITED NATIONS, 1982a), que são o consumo de água, consumo de
energia e geração de resíduos.
110
Além destes, a Norma também estabelece a necessidade de se calcular o porcentual
da receita bruta aplicado em iniciativas socioambientais e o número de ações de
conservação de áreas naturais, flora e fauna, o que deverá refletir na imagem e no
processo de transparência da organização quando da divulgação dessas informações
à todas as partes interessadas em um processo transparente de gestão.
2.3.4.4 Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR ISO 50001:2011
Outra norma que complementa as regulamentações analisadas nesta tese é a ABNT
NBR ISO 50001:2011, que aborda os Sistemas de Gestão da Energia (SGE) e os
requisitos com orientações para o seu uso (ABNT, 2011).
A Norma busca a melhoria contínua do sistema de gestão e desempenho energético,
contemplando a eficiência no uso e no consumo da energia, ressaltando a
necessidade do atendimento aos aspectos legais não só dos requisitos aplicáveis,
mas também daqueles aos quais a organização deve se subordinar
Nesse processo de melhoria contínua do uso racional da energia, ela também destaca
a responsabilidade que a organização tem no estabelecimento da política energética,
do planejamento, implementação, operação, verificação e análise crítica de todo o
sistema e seu desempenho.
Na definição dos requisitos energéticos e estabelecimento da política é importante
ressaltar que a organização deve proporcionar uma estrutura comprometida,
consciente e treinada quanto aos objetivos e metas energéticas, apoiando não
somente as atitudes sustentáveis internas, mas também externas na aquisição de
produtos e serviços energeticamente eficientes.
Ao final deste capítulo, após o levantamento das regulamentações ambientais e
análise das informações obtidas sobre as dimensões desenvolvimento sustentável e
sustentabilidade ambiental, foi possível identificar os requisitos e variáveis ambientais
que devem ser contemplados em um sistema de gestão para os navios de cruzeiros
marítimos.
A descrição detalhada destes requisitos e variáveis é apresentada no próximo capítulo
quando estes fatores são discutidos com base em fundamentos técnicos e científicos
a partir de dados primários e secundários.
3. REQUISITOS E VARIÁVEIS AMBIENTAIS PARA O PRODUTO TURÍSTICO
CRUZEIRO MARÍTIMO
Este capítulo apresenta os fatores ambientais, sistematizados ao produto turístico
cruzeiro marítimo e que são aqui representados pelos requisitos e suas variáveis,
compilados a partir do levantamento das regulamentações relacionadas aos princípios
da sustentabilidade ambiental apresentadas no capítulo anterior.
Estes requisitos e suas variáveis são fundamentais para a proposta desta tese, que
visa proporcionar às companhias marítimas um modelo de gestão estratégica como
uma oportunidade de incentivar a adoção das melhores práticas ambientais e assim
influenciar clientes, fornecedores e todas partes interessadas neste contexto.
3.1 Contextualizando as atitudes ambientais no setor de cruzeiros marítimos
A conscientização e atitudes das companhias marítimas e de todas as partes
interessadas, incluindo-se os clientes que poderão ser influenciados pelas melhores
práticas ambientais, em suas atitudes dentro e fora do ambiente do navio, permitirá à
elas realizar ações mais efetivas no sentido de minimizar os impactos que causam ao
ambiente marinho em cada viagem em seus navios.
Segundo o programa Cleanseas (2018), criado pela ONU em fevereiro de 2017 com
o objetivo de envolver os governos, o público em geral, a sociedade civil e o setor
privado na luta contra os resíduos plásticos jogados no ambiente marinho, a cada ano
são despejados oito milhões de toneladas de objetos plásticos nos oceanos, sendo
que até o ano de 2050, 99% dos pássaros marinhos terá ingerido algum resíduo
plástico, isso porque calcula-se existir 51 trilhões de micro partículas plásticas
depositadas nos oceanos.
Um oceano mais limpo auxilia o crescimento do turismo, que depende da
sustentabilidade para que possa se desenvolver e proporcionar bem-estar para as
comunidades onde está presente.
É o que afirma o Ministério do Turismo (MTUR, 2017b, p. 9), quando diz que: “toda
atividade socioeconômica, incluindo o turismo, está intimamente ligada ao meio
ambiente. É necessário protegê-lo e usufruir de seus elementos com responsabilidade
para a conservação do destino e da qualidade de vida da comunidade receptora”.
112
No contexto turístico, a WTO (2015) define turismo sustentável como sendo o que tem
a plena consciência dos seus impactos econômicos, sociais e ambientais, atuais e
futuros, ao abordar as necessidades dos visitantes, das organizações, do meio
ambiente e das comunidades receptoras. Dessa maneira, para alcançar o
desenvolvimento sustentável do turismo, alguns requisitos devem ser seguidos
(Quadro 9).
Quadro 9 - Requisitos para o turismo sustentável (WTO)
REQUISITOS PARA O TURISMO SUSTENTÁVEL
Faça um ótimo uso dos recursos ambientais que constituem um elemento-chave no desenvolvimento do turismo, mantendo os processos ecológicos essenciais e ajudando a conservar o património natural e a biodiversidade
Respeite a autenticidade sociocultural das comunidades anfitriãs, conserve seu patrimônio material, cultural e seus valores tradicionais, e contribua para a compreensão intercultural e tolerância
Assegure viabilizar operações econômicas de longo prazo, proporcionando distribuição justa de benefícios socioeconômicos a todos os interessados, incluindo o emprego estável e oportunidades de geração de renda e serviços sociais às comunidades anfitriãs, dessa forma contribuindo para a redução da pobreza.
Fonte: Adaptado de (UNWTO, 2015)
Segundo a UNWTO, para que ocorra o desenvolvimento sustentável do turismo em
uma localidade, será necessário que estes três requisitos sejam atendidos, porém os
resultados acontecerão somente com a participação de todos os interessados e com
apoio político, de maneira a garantir que o conhecimento dos benefícios, com essa
ampla participação, atinja a um consenso comum.
Mas isso não é suficiente, pois alcançar o turismo sustentável é um processo contínuo
e requer monitoramento constante dos impactos, com a introdução de medidas
preventivas e/ou corretivas sempre que necessário.
O turismo sustentável, no final, deverá atingir ao turista, que requer um alto nível de
satisfação em uma experiência marcante, o que se refletirá em sua conscientização
ou ampliação de sua consciência sobre as questões da sustentabilidade.
O ambiente marinho, que contribui para a importância do turismo (UNITED NATIONS,
2015a) e de interesse desta tese, deve ser explorado, porém de forma consciente, o
113
que para alguns países pode não ser uma tarefa fácil, como é o caso do Brasil
(BROTTO et al., 2016), que apesar do empenho e reconhecimento da necessidade
por parte do governo (BRASIL, 2017) é um dos cinco países mais desiguais do mundo
(SOUZA; MEDEIROS, 2017).
Essa desigualdade e a falta de ações mais efetivas do próprio governo, seja relativo
a ações educativas ou de fiscalização reflete no turismo, dificultando a
conscientização dos habitantes locais e também dos turistas (OLIVEIRA; DA SILVA,
2016; PIRAJÁ, 2015).
Ao longo da história, oceanos e mares têm fornecido recursos vitais para o comércio,
transporte e sobrevivência da humanidade, portanto, com o intuito de gerenciar o
ambiente marinho, proporcionando a ele a esperança de um futuro sustentável, a ONU
definiu o Objetivo 14, que visa a conservação e uso sustentável dos oceanos, mares
e dos recursos marinhos (UNITED NATIONS, 2015a), o qual foi apresentado
anteriormente no item 2.2.12 Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento
Sustentável - 2015.
O ambiente marinho é o ambiente dos navios de cruzeiro e nesse contexto o Objetivo
14 é relevante para o tema por apresentar a preocupação com a manutenção do
capital natural, uma vez que, segundo a ONU (UNITED NATIONS, 2015a), os oceanos
fornecem importantes recursos naturais, incluindo alimentos, medicamentos,
biocombustíveis e outros produtos, além de proporcionar atrativos para a prática do
turismo e lazer e, através das Áreas Marinhas Protegidas (AMP) contribuir para a
redução da pobreza através do trabalho na pesca de pequena escala (ALVES;
HANAZAKI, 2015; FOURNIER; PANIZZA, 2003).
É reconhecida a importância do setor de cruzeiros marítimos para o turismo, conforme
afirmam diversos pesquisadores sobre o tema (AMARAL, 2009; COGGINS JR, 2014;
HERZ, 2002; HWANG; HAN, 2014; KERSWILL; MAIR, 2015; KLEIN, 2011;
PANOSSO-NETTO; TRIGO, 2009; PAVLIĆ, 2013; PRATT; BLAKE, 2009; RAMOA,
2014; WEEDEN; LESTER; THYNE, 2011), apesar da baixa produção de artigos que
relaciona os temas sustentabilidade ambiental e os cruzeiros marítimos de maneira
convergente, conforme apresentado anteriormente no item 1.4 Justificativa e
relevância da pesquisa.
114
Essa baixa produção acadêmica, em sua forma conjunta e inter-relacionada, não faz
jus à relevância que o segmento de cruzeiros tem para o setor turístico e que a
sustentabilidade ambiental tem, como um elemento fundamental, para o
desenvolvimento sustentável do planeta.
Um espaço sustentável poderá ser um fator que auxiliará a conquistar clientes
ambientalmente conscientes. Pelo lado prático sob a ótica de um turista os navios de
cruzeiros, segundo Ward (2017), tem vários atributos que o atrai, como permitir a ele
relaxar e descontrair em um ambiente confortável, com um serviço atencioso, com
boa comida, com vários atrativos e além de tudo o próprio navio é que é responsável
por mudar o cenário, permitindo que vários destinos sejam visitados em uma mesma
viagem e tudo isso poderá refletir na satisfação desse cruzeirista se a viagem for
realizada em um ambiente reconhecidamente sustentável.
Conforme o autor (op. cit.) um cruzeiro é uma estadia segura, que proporciona valor
ao dinheiro gasto com a viagem, através da oferta de variedade de destinos visitados,
das instalações requintadas, opções de consumo, gastronomia, opções de lazer e
entretenimento, variedade de atividades e excursões em terra, em uma oportunidade
de explorar novos lugares, conhecer novas pessoas e fazer amigos.
As facilidades oferecidas a bordo refletem nos resultados econômicos que este
mercado proporciona, tanto para as companhias marítimas, quanto para os destinos,
para onde os navios se dirigem.
Ressalta-se que sua importância para o turismo revelou-se tão logo ele deixou de ser
um simples meio de transporte e passou a ser utilizado para um período de férias,
assim como ocorre em um destino turístico, para uma escapada do estresse e da
tensão da vida em terra, porém, em um resort flutuante onde se desfaz as malas
apenas uma vez (WARD, 2017).
O impacto econômico é reflexo da revolução nos transportes que, de acordo com
Showker (2010), ocorreu no ano de 1958, quando os jatos comerciais começaram a
cruzar o oceano atlântico reduzindo o tempo de viagem de cinco dias para cinco horas.
Com o objetivo de evitar que o mercado de transporte de passageiros acabasse, uma
outra revolução ocorreu no segmento marítimo, isso já no ano de 1960, com a decisão
115
das novas companhias de substituir a formalidade das viagens marítimas pela
diversão, com uma nova atmosfera a bordo, eliminando-se a barreira da separação
de classes e adaptando os novos espaços para a prática de esportes, recreação e
entretenimento (SHOWKER, 2010).
Atualmente, verificando-se o mercado global de cruzeiros marítimos, constata-se que
desde 2004, quando o setor transportou 13 milhões de hóspedes, a demanda de
cruzeiristas vem mantendo taxas positivas de crescimento, com o mercado
praticamente dobrando em 2017 (CLIA, 2017a; CLIA EUROPE, 2015; CRUISE
MARKET WATCH, 2018).
Apesar do crescimento global, em situações pontuais, alguns países sentiram mais os
efeitos das crises internacionais. É o caso da Espanha, que ainda sofre os reflexos
dos colapsos econômicos de 2008 e 2012, e o Brasil, que teve a oferta de navios
reduzida por uma decisão estratégica das companhias marítimas, países que viram a
demanda cair significativamente ao longo dos últimos anos (CLIA BRASIL, 2017b;
CLIA EUROPE, 2014; RAMOA, 2014; RAMOA; FLORES, 2017).
No entanto, de maneira geral, com a estabilidade e o crescimento dos principais
mercados internacionais, que são as regiões da América do Norte (CLIA, 2017a) e
Europa (CLIA EUROPE, 2015), com 55% e 29% de participação, respectivamente, na
demanda global de cruzeiristas, as companhias marítimas se motivam a encomendar
a construção de novas embarcações, tendo já confirmado, segundo a CLIA (2016c),
97 navios de cruzeiro, sendo 80 marítimos e 17 fluviais, para o período de 2017 a
2026, acrescentando 230.788 leitos à oferta atual.
Esta quantidade de navios a ser construído, no prazo de dez anos, é significativa
levando-se em consideração o tamanho da frota atual. Segundo a CLIA (CLIA, 2016b),
o mercado de cruzeiros não pode ser considerado grande, em número de
embarcações, pois em 2015 era constituído por apenas 300 navios oceânicos,
compondo uma pequena parcela da frota marítima comercial internacional, que
compreende aproximadamente 50.000 navios no mundo inteiro.
Apesar da pequena quantidade de unidades, em termos globais o fator econômico é
relevante, considerando-se o impacto na economia no ano de 2015, que transportou
25,3 milhões de passageiros, gerou 956.597 empregos, proporcionou US$ 38 bilhões
116
em salários, gerando um impacto total de US$ 117 bilhões na economia mundial
(CLIA, 2016a).
Apenas para se ter uma ideia de grandeza, comparando-se o impacto econômico, do
setor de cruzeiros marítimos, com o PIB nominal dos países membros do BRICS,
verifica-se que as taxas porcentuais são expressivas, principalmente por se tratar de
uma única atividade turística, conforme se constata na relação do movimento
econômico de US$ 117 bilhões com o PIB dos países: Brasil (7,63%); Rússia
(10,33%); Índia (5,11%); China (1,03%) e África do Sul (43,99%) (BACEN, 2017).
No Brasil, apesar do mercado de cruzeiros marítimos estar com a oferta de navios e
demanda de passageiros em queda, ao longo dos últimos anos (CLIA BRASIL, 2017c,
2017b; RAMOA, 2014; RAMOA et al., 2015; RAMOA; FLORES, 2014, 2015a, 2015b,
2015c; ROBLES; GALVÃO; PEREIRA, 2015; ZINDEL, 2016), devido à redução de
vinte embarcações na temporada 2010/2011 para cinco, em 2016/2017 e com a
demanda de passageiros também reduzida de 805.189 cruzeiristas em 2011/2012
para 381.694 em 2016/2017, o impacto na economia brasileira ainda é positivo.
Isso ocorre devido à movimentação econômica de R$ 2.142 bilhões das empresas
armadoras (53%) e dos cruzeiristas e tripulantes (47%) no período de novembro de
2014 à maio de 2015 (CLIA BRASIL, 2017c, 2017b). Para a temporada 2017/2018
previu-se uma ligeira alta na oferta e na demanda, com embarque de 439.700
cruzeiristas em sete navios até abril de 2018 (CLIA BRASIL, 2017d).
O aumento da frota e o crescimento econômico trazem benefícios ao desenvolvimento
dos destinos e como consequência aos países onde estes estão localizados, no
entanto, apesar dos esforços para minimizar os impactos causados pelos navios
(CLIA, 2016b), este fluxo positivo de pessoas pode refletir no desenvolvimento de
maneira sustentável, por exemplo, nos próprios portos nos destinos, principalmente
no Brasil onde a infraestrutura é deficitária (FARIAS, 2016; RAMOA, 2014).x
No entanto, tem-se a percepção de que esse impacto é minimizado ao se comparar
os navios de cruzeiro com os destinos turísticos, pois, conforme afirma a CLIA
(2016d), os navios reciclam 60% a mais por passageiro do que as pessoas em terra,
além de contribuírem com outros fatores para a redução dos impactos causados ao
ambiente.
117
As melhores práticas ambientais são relevantes no contexto da sustentabilidade e a
CLIA, que representa o mercado global de cruzeiros (CLIA, 2017a), ressalta este apoio
em sua missão (CLIA, 2018a) no âmbito de sua estratégia, apesar de não especificar
a proteção ambiental em particular, o que pode não ser um problema, uma vez que o
termo, por princípio, engloba esta temática (ELKINGTON, 2012).
A missão da CLIA como organização global unificada, é de auxiliar seus membros a
obter sucesso na defesa, educação e promoção dos interesses comuns da
comunidade de cruzeiros (CLIA, 2018a). Fundada em 1975, considera-se
a maior associação comercial da indústria de cruzeiros do mundo, proporcionando uma voz unificada e de principal autoridade da comunidade global de cruzeiros. A CLIA apoia as políticas e práticas que promovam, no navio de cruzeiro, um ambiente, seguro, saudável e sustentável, e se dedica a promover a experiência de uma viagem de cruzeiro (CLIA, 2018a).
A CLIA afirma no texto seu objetivo em proporcionar a satisfação do cruzeirista em
um ambiente seguro, saudável e sustentável e para isso apoia seus membros na
promoção de ações nesse sentido.
No entanto, ao se analisar os 36 arquivos disponibilizados para consulta na página da
CLIA, The Research Center (CLIA, 2018a), verifica-se que apenas o relatório
Enviroment Sustainability Report 2016 e o Infográfico 2016 Cruise Industry
Environment Infographic dão ênfase às iniciativas ambientais, todos os outros
relatórios, originários de diversos países, inclusive do Brasil (CLIA BRASIL, 2018b;
FGV, 2017), não destacam atributos relativos às práticas ambientais e são em geral
relatórios comerciais, ou que ressaltam os impactos econômicos que o produto
turístico causa.
Apesar de alguns membros da CLIA não relatarem individualmente as eventuais
ações realizadas com o intuito de promover a sustentabilidade ambiental, tarefa
cumprida apenas pelos grupos Carnival Corporation (CARNIVAL CORPORATION,
2018) e Royal Caribbean Cruises (ROYAL CARIBBEAN, 2015a, 2015b, 2016a, 2016b,
2017a, 2018), que publicam relatórios sobre o tema (JONES; COMFORT; HILLIER,
2016; JONES; HILLIER; COMFORT, 2016), tem-se no documento Enviroment
Sustainability Report 2016 (CLIA, 2016b) uma visão geral das iniciativas
ambientalmente sustentáveis realizadas pelas companhias de cruzeiros, membros da
118
Associação, com destaque às ações relativas à melhoria da Qualidade do Ar, o
Gerenciamento de Resíduos e a Eficiência Energética.
O turismo, a despeito dos impactos causados (BUCKLEY, 2012; GOPAL, 2014;
PIRES, 2012; SANCHO-PEREZ, 2001; SPERB; TEIXEIRA, 2006; UNWTO, 2015;
VEZZANI, 2008), pode ser uma alternativa ao desenvolvimento sustentável em um
destino (PIRES, 1998; SÄYNÄJOKI et al., 2014; VEZZANI, 2008) uma vez que as
práticas ambientais auxiliam na promoção do desenvolvimento social e econômico
(LAIDENS; ZANETTE; TOMAZZONI, 2011) e na atração de turistas que, de acordo
com Doran e Larsen (2014), possuem uma visão positiva sobre as questões da
sustentabilidade ambiental.
O turismo sustentável, segundo a Organização Mundial do Turismo (WTO, 2015), leva
em conta os impactos que causa atuais e futuros na economia, na sociedade e no
ambiente, portanto, ao se considerar de forma integrada as necessidades da demanda
e da oferta turística e das comunidades envolvidas, deve-se também dar atenção aos
impactos que a atividade pode causar ao meio ambiente.
No contexto do turismo marítimo as companhias armadoras não podem, portanto, ficar
alheias às demandas do desenvolvimento sustentável, mesmo porque os navios são
agentes potencialmente poluidores do ambiente marinho (BUREAU VERITAS, 2018;
EIJGELAAR; THAPER; PEETERS, 2010; HERZ, 2002; HRITZ; CECIL, 2008; KLEIN,
2010, 2011; LINDGREN et al., 2016; MARINHA DO BRASIL, 1983; RITTER;
SCHAFER, 1998; STEFANIDAKI; LEKAKOU, 2014; U. S. NATIONAL RESEARCH
COUNCIL, 1995; UNITED NATIONS, 1982a).
Portanto, como potenciais causadores de impactos ambientais, as companhias
marítimas devem definir estratégias de gestão que sirvam de modelo às empresas do
setor de turismo marítimo em suas ações voltadas a proteger o ambiente natural.
Atitudes responsáveis são importantes para a manutenção da saúde do ambiente
marinho. Nesse aspecto, uma boa notícia foi dada pela IMO (IMO, 2014), relativo à
redução das emissões de CO2 pelo setor marítimo internacional em mais de 10% entre
2007 e 2012, apesar do aumento do volume do comércio marítimo. No entanto,
ressalta que a crise econômica internacional de 2008 contribuiu para essa redução.
119
Apesar da diminuição das emissões dos gases de efeito estufa neste período, o
potencial impacto ambiental no ambiente marinho é uma realidade, conforme já
mencionado anteriormente e em função disso a IMO, no âmbito global, está em
sintonia com as metas do Acordo de Paris (MMA, 2015; ONU, 2015b) regulamentando
a emissão de gases da frota naval, prevendo a sua redução em 37% até 2025 e 43%
até 2030 (ICS, 2016a; IMO, 2014) (Tabela 4).
Tabela 4 - Metas de redução da emissão de CO2 pelos navios (MARPOL)
TIPO DE NAVIO TAMANHO DO NAVIO
(TONELADAS) PERÍODO/METAS DE REDUÇÃO (%)
2015-2019 2020-2024 2025 em diante
Navios de carga Maior que 10.000 10% 20% 30%
Navios de cruzeiro
Entre 25.000 e 85.000* 0-5% 0-10% 0-20%
Acima de 85.000 5% 20% 30%
Fonte: adaptado de (ICS, 2014, 2016a; IMO, 2016h)
Nota (*): Cálculo proporcional tonelagem/porcentual de redução das emissões
Considerando-se a meta da MARPOL para a redução da emissão de CO2 nos navios
de cruzeiro (IMO, 2016h), verifica-se que na frota existente em 2017 (Anexo G), as
quatro maiores companhias globais (WARD, 2017): Costa Cruzeiros; MSC Cruzeiros;
Norwegian Cruise Line e Royal Caribbean, empresas associadas à CLIA ABREMAR
(CLIA BRASIL, 2018a), possuem 30% de suas embarcações com tonelagem inferior
a 85.000 toneladas, o que significa que a maioria de seus navios tem uma meta de
redução de CO2.maior do que nestes navios com menor tonelagem.
Segundo a International Chamber of Shipping (ICS) (ICS, 2014, 2016a), o desafio de
reduzir a emissão de carbono, fez com que a indústria naval definisse metas de
construir navios mais eficientes nos próximos anos, com objetivo de, em 2050, possuir
toda a frota 30% mais eficiente do que é atualmente.
Para atingir a este objetivo pretende-se construir novos navios 20% mais eficientes
até 2025 e 30% mais ainda até 2030. Com isso, deseja-se reduzir as emissões no
período de 2015 a 2019 em 10%, 15% entre 2020 e 2024, 30% a partir de 2025 e 50%
até 2050 (ICS, 2014, 2016a; IMO, 2016h).
De acordo com o relatório da CLIA Enviroment Sustainability Report 2016 (CLIA,
2016b), os novos navios de cruzeiro em construção já apresentam um nível de
120
emissão próximo a 20% menor do que os navios construídos há apenas alguns anos
atrás.
Essa atitude é fundamental para se atingir a meta definida pela MARPOL, que, em
sua resolução 14 (IMO, 2016i), exige que os navios em todo o mundo utilizem óleo
combustível com um teor máximo de enxofre de 3,5%, até 2020 e 0,5% após este
período (ICS, 2016b; IMO, 2016j).
Apesar do benefício ambiental, essa decisão reflete diretamente impacto econômico,
uma vez que o custo do combustível, compatível com baixo teor de enxofre, é mais
do que 50% acima do custo do combustível utilizado pela maioria dos navios fora da
Área de Controle de Emissão (ECA) (ICS, 2016c; IMO, 2016k).
Um dos benefícios apontado pela CLIA (CLIA, 2016b), com a utilização de tecnologias
inovadoras, foi relativo ao uso de sistemas de limpeza dos gases de escape em vários
dos seus navios. A tecnologia permite que o enxofre possa ser removido dos gases
que passam pelo escape, junto com algumas pequenas partículas residuais de
carbono. O sistema é baseado em rotinas já adotadas em fábricas, usinas de energia
e automóveis.
Outro avanço, teoricamente simples, é relativo ao fornecimento de energia ao navio,
que pode ser conectado à rede elétrica do porto quando atracado (conhecido como
cold ironing), evitando dessa forma a queima de combustível e a emissão de carbono
na atmosfera, enquanto o navio está parado no porto, uma vez que a energia de terra
é mais limpa.
Com a evolução dos regulamentos, limitando o teor de enxofre em todas as regiões
em que as embarcações operam, e com a padronização, os navios não precisarão
mais transportar diferentes tipos de combustível, que atendam aos diversos
regulamentos.
Isso ainda ocorre porque foram definidas diferentes Áreas de Controle de Emissão
(ECA), que são áreas estabelecidas na regra 13 do Anexo VI da MARPOL, sobre o
controle das emissões de dióxido de enxofre (ICS, 2016c; IMO, 2016f).
121
Outra solução em estudo é referente ao uso de combustíveis alternativos, como o Gás
Natural Liquefeito (GNL), que é uma opção aos combustíveis fósseis tradicionais,
principalmente porque o GNL não contém enxofre. Segundo a CLIA (CLIA, 2016b)
seus membros já investiram mais de US$ 1 bilhão em novas tecnologias ambientais
e combustíveis limpos ao longo da última década, além de ter comprometido mais de
US$ 8 bilhões no desenvolvimento de navios que utilizam GNL.
Ainda de acordo com o relatório da CLIA (CLIA, 2016b) alguns de seus membros
demonstram seu compromisso com a gestão ambiental, de maneira independente e
voluntária através da certificação do seu sistema de gestão ambiental (SGA) com a
adoção da norma ISO 14001:2015.
Além disso, também utilizam serviços de Sociedades de Classificação, que são
organizações não-governamentais, que realizam inspeções nos navios de cruzeiro
que estão em construção e, em todo o seu ciclo de vida, com o objetivo de assegurar
o cumprimento de requisitos ambientais e assim reduzir os impactos causados. A
verificação inclui uma gama de potenciais impactos, como a poluição com óleo,
esgoto, resíduos, emissões pelo escape, água de lastro e outros.
Quando os navios excedem os requisitos da IMO, essas sociedades de classificação
são chamadas para avaliar os principais impactos ambientais causados, incluindo:
• Instalação e operação de sistemas de tratamento de água de lastro;
• Tratamento de água da piscina antes da sua descarga ao mar;
• Instalação e operação de separadores de água e óleo, em que a descarga
padrão excede os limites da IMO;
• Uso de gases refrigerantes não agressores ao ambiente, e/ou uso de
substâncias naturais que não destroem a camada de ozônio;
• Revestimentos anti-incrustantes não prejudiciais aos organismos marinhos.
Quanto à prevenção da poluição devido à emissão de resíduos, com base no relatório
CLIA (CLIA, 2016b), os navios seguem as orientações do Anexo IV da MARPOL (IMO,
2016c) para o tratamento relacionado aos resíduos oleosos, substâncias perigosas,
resíduos e esgoto, entre outros, como óleo de cozinha, cinzas de incineração,
resíduos de fluido de limpeza a seco, equipamentos eletrônicos, produtos
farmacêuticos, baterias, águas residuais, água oleosa e plásticos.
122
Conforme a CLIA (CLIA, 2016b), enquanto as leis internacionais permitem a descarga
de águas residuais não tratadas doze milhas náuticas a partir da costa (IMO, 1983,
2016f; MARINHA DO BRASIL, 1983), a Política de Gestão de Resíduos para os
membros da Associação, contempla o comprometimento de que todo o esgoto seja
tratado antes da descarga.
Além disso, a Política de Gestão de Resíduos determina que o esgoto tratado não
seja descarregado dentro de quatro milhas náuticas da terra e em velocidade inferior
a seis nós, a não ser que sejam processadas por um sistema do tipo Advanced
Wastewater Purification System (AWPS), ou Sistema Avançado de Purificação de
Águas Residuais4 (BAKER; STOCKTON, 2013; ROYAL CARIBBEAN, 2016a;
THOMPSON, 1981).
Quanto aos resíduos sólidos, ainda de acordo com o relatório da CLIA (op. cit.), as
companhias de cruzeiro, também, são orientadas para a reciclagem, com a adoção
de procedimentos voltados à minimização da geração de novos resíduos e com a
implantação de política de redução do desperdício potencial de tudo que é embarcado,
através de parcerias com fornecedores, por exemplo, com o uso de embalagens
menores.
No processo de reciclagem todo o resíduo é armazenado no navio até que ele possa
ser transferido para instalações adequadas em terra (Figura 7).
4 Sistema AWPS: O sistema é utilizado para o tratamento de águas residuais com descargas orgânicas associadas e consiste no tratamento da água em um complexo tanque onde os resíduos orgânicos são reduzidos a formas inorgânicas e disponibilizadas para a cultura de microalgas nos tanques concebidos exclusivamente para crescimento rápido. Utilizando efluentes orgânicos como recurso renovável, o sistema tem o potencial de desenvolver, a partir de um processo de tratamento de águas residuais, a remoção do excesso de nutrientes. A água, após a remoção dos resíduos sólidos é bombeada através de filtros de polimento. Em seguida, um reator de luz ultravioleta realiza uma desinfecção final. Os sólidos resultantes do processo são bombeados para um tanque para posterior secagem e incineração e então descartados em uma instalação baseada em terra ou no mar, de acordo com os padrões internacionais aprovados (ROYAL CARIBBEAN, 2016a; THOMPSON, 1981).
123
Figura 7 – Resíduo sólido compactado em um navio de cruzeiro
Fonte: (CLIA, 2016b)
Além do controle do que entra a bordo de um navio, algumas medidas são tomadas
para minimizar o impacto através da geração de resíduos, como por exemplo:
• Separação meticulosa dos materiais recicláveis;
• Compactação das latas de alumínio em blocos;
• Compactação de plásticos e esmagamento de vidro;
• Achatamento ou trituração de papel e papelão, sendo que os materiais
recicláveis devem ser descarregados quando o navio atraca no porto e enviado
para um centro de reciclagem adequado na costa.
Quando os materiais são incinerados a bordo, a cinza resultante também é
desembarcada em terra para instalações adequadas e caso os resíduos sejam
perigosos, eles também são desembarcados seguindo os procedimentos de
segurança e em conformidade com as exigências locais.
Os resíduos classificados como perigosos, segundo a ABNT NBR 10004: 2004, são
aqueles que oferecem risco ao meio ambiente e à saúde, levando-se em consideração
suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e patogenicidade.
Os resíduos oleosos de acordo com as regras internacionais, sem diluição, devem
conter menos de 15 partes por milhão (ppm) de óleo (IMO, 2016a), porém, a CLIA
utiliza um sistema que adota o padrão de limpeza da água próximo a 2 ppm.
124
Soma-se às atitudes, para reduzir os impactos ambientais, a substituição dos óleos
tradicionais por lubrificantes que sejam ambientalmente sensíveis, o que traz como
principal vantagem a degradação acelerada, com mais de 60 por cento no prazo de
28 dias e dessa forma reduzindo mais ainda a quantidade a ser descartada de
resíduos.
A água de lastro também é um problema para o meio ambiente, isso porque a vida
vegetal e os peixes não podem ser transferidos de um volume de água para outro não-
nativo, por apresentar em alguns casos riscos para o ambiente em que a água foi
descartada (CHAN et al., 2013; DAVID; GOLLASCH; LEPPÄKOSKI, 2013; OLENIN
et al., 2016).
De acordo com a IMO (IMO, 2016l), enquanto a água de lastro é essencial para as
operações de transporte, há a possibilidade dela representar sérios problemas
ecológicos, econômicos e de saúde devido ao grande número de espécies marinhas
transportadas nessa água nos navios.
A contaminação inclui bactérias, micróbios, pequenos invertebrados, ovos, larvas e
cistos de várias espécies. Essas espécies quando transferidas podem sobreviver e
estabelecer uma população reprodutiva no ambiente de acolhimento, tornando-se
espécies nativas invasivas, concorrentes, multiplicando-se em proporções de pragas.
No caso dos navios de carga este problema é maior devido ao volume de carga
transportado, que pode variar, pois precisam utilizar este volume, mais a água de
lastro, como fatores de estabilidade e integridade estrutural, portanto nos navios de
carga, muitas vezes, a água de lastro precisa compensar a ausência de uma
mercadoria já entregue (IMO, 2016l).
Segundo a IMO (IMO, 2016l), a água de lastro é bombeada para manter as condições
operacionais seguras em toda a viagem. Esta prática reduz o estresse no casco,
fornece estabilidade transversal, melhora a propulsão e a capacidade de manobra,
além de compensar as mudanças de peso devido à carga e consumo de combustível
e água.
Ainda de acordo o Instituto (op. cit.), nos navios de cruzeiro, no entanto, este volume
desempenha um papel diferente, pois, por serem relativamente pequenos, alguns
125
navios, podem gerenciar seu lastro através de movimentação interna, sem
necessidade de descarga, podendo evitar um eventual descarte de água
potencialmente contaminada com espécies invasoras.
Mesmo assim, alguns cruzeiros marítimos podem ter que descarregar a água de
lastro, porém, segundo o relatório da CLIA (CLIA, 2016b), raramente irão fazê-los em
um ambiente marinho diferente da origem, isso ocorre devido ao seu itinerário que,
por ser uma embarcação de lazer, navega repetindo seu trajeto em uma temporada.
Outro fator potencialmente agressivo ao meio ambiente, que é abordado no relatório,
é a cobertura do casco, uma vez que a utilização de determinadas tintas em um navio
de cruzeiro pode ter benefícios na redução da poluição do ambiente e no consumo de
energia.
É um benefício duplo, primeiro, com a utilização de tintas chamadas eco-friendly
(ecologicamente amigáveis), por possuírem menos toxinas que as tintas à base de
organoestânicos (CASTRO; WESTPHAL; FILLMANN, 2011), que seriam lançadas na
atmosfera no momento de sua aplicação.
Outra vantagem, de acordo com Buskens et al. (2013), é que os revestimentos anti-
incrustantes, utilizados nos cascos de navios, são essenciais no que diz respeito ao
menor consumo de combustível dos navios. Se o revestimento não for deste tipo,
organismos aderem ao casco do navio, ocasionando um aumento gradual do arrasto
e por consequência no consumo de combustível.
A utilização de tintas não tóxicas, permite, então, maior eficiência na movimentação
na água, proporcionando a redução no consumo de energia. Ainda, segundo o
relatório, essas tintas proporcionam uma economia de até 5% do combustível em um
navio de cruzeiro.
Além do uso da tinta correta, o desenho do casco, também, pode proporcionar
economia no consumo, assim, os membros da CLIA, em parceria com os estaleiros,
consultores e fabricantes de materiais, desenvolveram um casco com o desenho da
proa otimizada para reduzir o arrasto e, com consequente, eficiência energética,
chegando a proporcionar 15% de economia no consumo de energia (CLIA, 2016b).
126
Papanikolaou (2014), se baseia no Princípio de Arquimedes5 para explicar a
navegabilidade e a estabilidade de um navio, para o qual a força necessária para
movimentá-lo não depende somente da força hidrodinâmica, dos propulsores, mas
também, da força hidrostática e de sua força de flutuabilidade, o que facilitará o
deslocamento de um maior volume de água com menor consumo de energia.
Buscando a economia no consumo, os fabricantes de navios, em parceria com a CLIA,
encontram soluções que transformam desperdício em energia, por exemplo, com a
utilização de sistemas de recuperação dessa energia com o uso de trocadores de
calor (CLIA, 2016b).
De acordo com Baldi e Gabrielii (2015), o uso deste sistema pode proporcionar uma
economia de combustível de 5% a 15%, dependendo das fontes de calor residual
utilizadas e da eficiência esperada.
Este sistema funciona a partir do calor dissipado dos motores, gerando vapor e este
vapor é transformado em água potável, utilizada para consumo, para uso em
chuveiros, ou até mesmo para o aquecimento das cabines de passageiros (CLIA,
2016b).
Ainda em relação ao uso eficiente da energia, a iluminação em navios mais novos,
representa apenas 10% da energia consumida. Isso é possível devido ao uso de
lâmpadas fluorescentes e de led e com o uso de sistemas de controle automático de
iluminação, regulado conforme a intensidade da luz solar.
Apesar dos benefícios do uso de energia mais barata, proporcionada pela troca das
lâmpadas tradicionais por lâmpadas de led, segundo KYBA et al. (2014), deve-se
tomar cuidado para que este benefício não se torne em desperdício sem resultar em
economia de energia ou reduções nas emissões de gases de efeito estufa.
De acordo com os autores (op. cit.), isso pode ocorrer quando a luz se torna mais
barata, podendo ocasionar o aumento da iluminação no local e de áreas que
anteriormente não eram iluminadas.
5 Princípio de Arquimedes: Qualquer corpo total ou parcialmente imerso em um fluido experimenta uma força de empuxo para cima igual, mas em sentido oposto, ao peso do fluido deslocado pelo corpo (CASTRO, 2010; KNIGHT, 2009)
127
Outros benefícios, com o intuito de economizar energia, foram implementados nos
navios da frota dos Associados da CLIA (2016b), como exemplos:
• Utilização de cartão magnético na cabine, que desliga as luzes e equipamentos
elétricos com a ausência do passageiro;
• Iluminação sensível ao movimento;
• Janelas com vidro coloridos, que utilizam revestimentos térmicos especiais que
reduzem a quantidade de calor transferido para fora do navio;
• Utilização de painéis solares (Figura 8) que absorvem calor e o transforma em
energia.
Figura 8 - Painel solar em um navio de cruzeiro
Fonte: (CLIA, 2016b)
De acordo com Adam Godstein, ex-presidente da CLIA (CLIA, 2018a), “ser
ambientalmente consciente e proativo não é apenas uma necessidade para o setor
de cruzeiros, mas é um desejo fundamental para a forma de como fazemos negócios”
(CLIA, 2016d).
128
Essa afirmação, bem como as informações contidas no relatório da CLIA demonstram
a consciência sobre a necessidade de atitudes sustentáveis, no entanto, resta saber
em qual nível as companhias marítimas são conscientes, ao ponto de adotar todos os
requisitos que a tornariam 100% ambientalmente sustentáveis. Outra questão que se
coloca é relativa aos navios mais antigos, que não possuem tecnologia embarcada
atualizada, de maneira a torna-los ambientes minimamente impactantes.
Nesse contexto, questiona-se se a CLIA, em defesa de seus Associados que visam o
crescimento de suas companhias, está em sintonia com os requisitos para o
desenvolvimento sustentável e, por consequência, com as diretrizes da IMO.
Constata-se que, segundo a própria CLIA (CLIA, 2017b), seu papel junto à IMO é de
caráter consultivo e sua participação permite, com o aval do setor de cruzeiros, decidir
sobre regulamentações e diretrizes internacionais voltadas ao desenvolvimento
sustentável do ambiente marinho.
Com este poder outorgado por seus membros, a CLIA determina, então, o
cumprimento das regulamentações definidas pela IMO, que são as normas
internacionais que englobam a concepção, construção e operação de navios de alto
mar com base nas especificações da SOLAS (CLIA, 2017b) e MARPOL (CLIA,
2016e).
Porém, apesar da informação genérica obtida nos relatórios da CLIA ter este viés da
sustentabilidade, é necessário investigar individualmente as companhias e seus
navios, a fim de assegurar se as empresas marítimas estão cumprindo com as
regulamentações pertinentes, através de suas práticas ambientalmente sustentáveis.
3.2 Identificando os requisitos ambientais em uma perspectiva do produto
turístico cruzeiro marítimo
O desenvolvimento sustentável, como um pilar fundamental para o equilíbrio do
planeta, passa por um processo de conscientização, portanto, é necessário avaliar as
ações realizadas pelas organizações no atendimento às orientações da ONU e para
tal é preciso adotar um método de avaliação que procure mensurar o grau de
sustentabilidade do desenvolvimento (BELLEN, 2004, 2007).
129
No caso desta tese, sugere-se que as melhores práticas corporativas se baseiem na
dimensão Sustentabilidade Ambiental e nos requisitos que atendam a Agenda 21
(MMA, 1992b), relativo à “proteção dos oceanos, de todos os tipos de mares, inclusive
mares fechados e semifechados e das zonas costeiras e proteção, uso racional e
desenvolvimento de seus recursos vivos” e aos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS) (ONU, 2015a), particularmente quanto ao seu objetivo 14 que é de
“conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos
para o desenvolvimento sustentável”.
Os problemas relativos ao desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e
sustentabilidade ambiental, como um de seus pilares, são antigos, no entanto, já
existe uma consciência de que algo precisa ser feito para que hajam relações de
equilíbrio de todo o sistema na busca de uma escala global, de indicadores que
atendam aos requisitos ambientais.
O que se espera é que seja possível medir e limitar a ação do homem a níveis
aceitáveis, que dê folego à resiliência do planeta (MEADOWS, 1998), permitindo que,
no caminho para o desenvolvimento sustentável, respeite-se a capacidade de
autodepuração do ambiente natural (SACHS, 2009) .
Para atender aos requisitos ambientais, definidos basicamente como “as exigências
colocadas para produtos e processos no sentido de reduzir seus impactos sobre a
qualidade e quantidade de recursos naturais como água, ar e solo” (MAZON;
MORAES, 2011, p. 173) e consolidar as práticas ambientalmente sustentáveis, é
necessário, então, que os procedimentos de gestão sejam estruturados, formalizados
e integrados com as rotinas da organização (ABNT, 2015b).
Na sistematização desse processo, a norma NBR 15401 recomenda, assim como faz
a norma ISO 14001 (ISO, 2016a), a adoção do Ciclo PDCA de Deming, apresentado
anteriormente (2.3.4.1 Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR ISO
14001:2015p. 106), que tem por filosofia a melhoria contínua do processo da
qualidade (DAYCHOUM, 2016; PEREIRA, 2015).
Essa melhoria contínua do sistema de gestão, baseado no Ciclo, só será possível se
os processos de planejamento, implementação, verificação e ação forem estruturados
e formalizados de maneira a atender aos requisitos da sustentabilidade ambiental em
130
sua plenitude, com a consciência da empresa de que é responsável pela adoção de
um sistema de gestão que tenha como meta e objetivo atender de maneira
consolidada e contínua aos princípios do desenvolvimento sustentável.
Com esses princípios definidos, é necessário, então, decidir sobre os requisitos da
sustentabilidade ambiental, para então definir os indicadores de performance que
serão medidos a fim de se avaliar os resultados das ações implementadas pela
organização.
Nesse contexto a ISO 14001:2015 (ABNT, 2015b), estabelece que uma organização
deve, em seu sistema de gestão ambiental, definir requisitos que contemplem uma
política voltada aos princípios ambientais:
a. Com o devido planejamento dos aspectos ambientais que serão controlados;
b. Com uma estrutura de implementação e respectivas responsabilidades
claramente definidas;
c. Que contemple ações corretivas na ocorrência de eventuais impactos
causados ao ambiente pelos processos e;
d. Que estes sejam analisados criticamente e ciclicamente ao longo do tempo em
que o sistema de gestão ambiental for adotado.
Ao definir os parâmetros dos requisitos ambientais, a norma está exigindo que a
organização aja de maneira consciente, assegurando, que sua política ambiental
(ABNT, 2015b):
a. Seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades,
produtos ou serviços;
b. Inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção de
poluição;
c. Inclua o comprometimento com o atendimento à legislação e normas
ambientais aplicáveis, e demais requisitos subscritos pela organização;
d. Forneça a estrutura para o estabelecimento e revisão dos objetivos e metas
ambientais;
e. Seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os
empregados;
f. Esteja disponível para o público.
131
Com os requisitos estabelecidos é necessário, então, definir os indicadores que serão
utilizados para a análise dos requisitos. Estes indicadores nada mais são do que
variáveis, com valores estabelecidos como parâmetro, e através deles será possível
avaliar o que se deseja analisar (COOPER; SCHINDLER, 2003).
Bellen (2007, p. 43) afirma que variável pode ter o mesmo conceito de indicador, com
significados distintos, como “norma, padrão, meta e objetivo”:
a partir de um certo nível de agregação ou percepção, indicadores podem ser definidos como variáveis individuais ou uma variável em função de outras variáveis. A função pode ser simples como: uma relação que, mede a variação da variável em relação a uma base específica; um índice, um número simples que é uma função simples de duas ou mais variáveis; ou complexa como o resultado de um grande modelo de simulação.
Segundo o autor (op. cit.) na definição dos indicadores, deve-se decidir se será
qualitativo ou quantitativo, isso porque na medida quantitativa os dados técnicos são
fáceis de serem mensurados, enquanto que qualitativamente, aspectos sociais e
tendências podem depender de análises subjetivas, não sendo de fácil obtenção.
De acordo com Hammond et al. (1995), o termo indicador tem origem no verbo latino
indicare, cujo significado é apontar, estimar ou anunciar sobre o progresso relacionado
a metas sociais como o desenvolvimento sustentável, ou a sustentabilidade ambiental
como uma de suas dimensões.
Uma política de desenvolvimento sustentável só será possível com a adoção de
indicadores, é o que afirma Louette (2009, p. 22), que complementa dizendo que
novos indicadores, auxiliam as organizações e as partes interessadas, em suas
decisões e nas estratégias empresariais, combinando com os atuais anseios da
sociedade, que vive em um “mundo, de escassez e insustentabilidade”, mas busca
um futuro melhor e mais sustentável.
Para o IBGE (2015), ao atender aos desafios do desenvolvimento sustentável, é
necessário estabelecer ferramentas de mensuração e para tal utilizam-se indicadores,
que “são ferramentas constituídas por uma ou mais variáveis que, associadas através
de diversas formas, revelam significados mais amplos sobre os fenômenos a que se
referem”.
132
Bossel (1998), assim como Meadows (1998), afirmam que o indicador deve ser o mais
simples possível, porém, não mais simples que isso, parafraseando Albert Einstein. O
mais simples seria um indicador único, como o utilizado para medir a economia e o
desenvolvimento de um país, no caso o Produto Nacional Bruto (PNB), que apesar de
agregar todos os bens e serviços, não captura as dimensões do desenvolvimento
social, ou seja, não faz distinção do que é melhor para a sociedade (BOSSEL, 1998;
LOUETTE, 2009).
Uma outra maneira de medir, segundo o autor, seria através de um conjunto de
indicadores agregados, porém, este método, também, falha por não possuir uma
estrutura teórica que contemple o sistema como um todo, pois ele sempre reflete uma
característica específica do pesquisador e como consequência, podem ser robustas
para algumas áreas e rasas para outras.
Ao analisar diversos métodos para a definição de indicadores, Bossel (1998) e Bellen
(2007) consideram que nenhum deles é adequado em proporcionar todas as
informações desejadas sobre a viabilidade ou a contribuição do desenvolvimento
sustentável e em avaliar a sustentabilidade.
Veiga (2009, p. 432) concorda e afirma que “é impossível vislumbrar alguma forma de
mensurar o desenvolvimento sustentável, ou tão somente a sustentabilidade
ambiental, que possa vir a ter ampla aceitação”, no entanto, a adoção de um método
é necessário para definir as variáveis e indicadores, pensando sempre nos objetivos
do desenvolvimento sustentável e suas implicações éticas, a fim de definir o peso
adequado e atenção que deve ser dado nos parâmetros adotados.
Para Meadows (1998), indicadores são reflexões parciais da realidade, baseada na
incerteza de modelos imperfeitos, eles são definidos a partir de valores que se
desejam medir, aquilo que precisa de cuidado e atenção, sendo que eles criam valor
quando causam preocupação com o que é necessário medir e através deles é possível
limitar as diferenças existentes em diversos pontos de vista.
Sua utilização e propagação pode ser uma ferramenta de mudança, utilizada em um
processo de aprendizagem e divulgação de status, como avaliar o estágio da
sustentabilidade ambiental de um navio de cruzeiro de uma determinada companhia
marítima, por exemplo.
133
Veiga (2010, p. 49) afirma que “o processo de avaliação da sustentabilidade requer
um pequeno conjunto bem escolhido de indicadores, bem diferente dos que podem
avaliar qualidade de vida e desempenho econômico e [...] os aspectos ambientais da
sustentabilidade exigem acompanhamento específico por indicadores físicos”.
De qualquer maneira é necessário desenvolver um método que interprete uma
realidade que permita incorporar o conhecimento e as experiências que visam o bem-
estar das pessoas e o bem-comum. Então, a adoção de indicadores pode ser um
caminho para alertar e regular contra as imperfeições e os desvios. Em função disso
a Agenda 21 (MMA, 1992b), em seu capítulo 40.4, confirma a necessidade de se
adotar indicadores para medir o desenvolvimento sustentável.
Os indicadores comumente utilizados, como o produto nacional bruto (PNB) e as medições dos fluxos individuais de poluição ou de recursos, não dão indicações adequadas de sustentabilidade. Os métodos de avaliação das interações entre diferentes parâmetros setoriais ambientais, demográficos, sociais e de desenvolvimento não estão suficientemente desenvolvidos ou aplicados. É preciso desenvolver indicadores do desenvolvimento sustentável que sirvam de base sólida para a tomada de decisões em todos os níveis e que contribuam para uma sustentabilidade autorregulada dos sistemas integrados de meio ambiente e desenvolvimento.
Neste momento, cabe ressaltar que esta tese tem o propósito de apresentar os
requisitos da sustentabilidade ambiental e, a partir deles, as variáveis que permitirão
avaliar os aspectos ambientais nos navios de cruzeiros marítimos.
Em relação à esses aspectos, optou-se por adotar o termo variável e não indicador,
apesar de ter o mesmo significado (BELLEN, 2007), conforme visto anteriormente,
simplesmente para diferenciar o fato de que esta pesquisa não tem o propósito de
definir parâmetros numéricos, para avaliar, por exemplo, o volume em quilogramas
que uma pessoa produz de resíduos por dia em um navio de cruzeiro, mas sim de
descrever variáveis ambientais relacionadas ao objeto do estudo.
No entanto, a parametrização poderá ser feita no futuro, adotando-se os índices que
a própria ONU apresentará para os ODS (ONU, 2017b), ou outros como resultado de
um novo estudo. Relembrando que o objetivo desta tese é de propor um modelo de
gestão estratégica que sirva de orientação às companhias marítimas na adoção das
melhores práticas ambientais, portanto, sem ter a intenção de definir os parâmetros
de desempenho ambiental.
134
Bossel (1998) e Meadows (1998) afirmam que a proposta de um modelo deve seguir
a orientação da objetividade e simplicidade, portanto, para isso serão utilizadas como
fonte de conhecimento regulamentações existentes sobre a temática estudada ou, na
falta delas, normas adaptadas ao contexto da pesquisa, enriquecidas com
contribuições de organizações que proporcionam orientações e conhecimento,
visando o desenvolvimento sustentável do planeta.
Através desse conjunto de conhecimento espera-se ser possível formular um modelo
de gestão objetivo, porém, robusto o suficiente que possa orientar as organizações
marítimas no atendimento aos requisitos ambientais prioritários.
Ressalta-se que este estudo não identificou uma norma específica, ou pesquisas, que
contemplassem os requisitos da sustentabilidade ambiental, aplicada ao objeto de
estudo, portanto, na falta deles, buscou-se uma alternativa que tenha identificação
com o produto turístico cruzeiro marítimo.
Neste caso será, então, utilizada a norma ABNT NBR 15401:2014 (ABNT, 2014) como
uma das referências, por apresentar os requisitos do sistema de gestão da
sustentabilidade nos meios de hospedagem, que inclui os fatores que atendem aos
requisitos da sustentabilidade ambiental (SOUZA et al., 2014).
De acordo com a Norma (ABNT, 2014, p. 9), “as práticas do empreendimento devem
ser sustentáveis e minimizar a degradação do ambiente”, como são passíveis os
meios de hospedagem, assim como os navios de cruzeiro, que são segundo a ABNT
(2014, p. 2):
empreendimentos ou estabelecimentos, independentemente de sua forma de construção, destinados a prestar serviços de alojamento temporário, ofertados em unidades de frequência individual e de uso exclusivo do hóspede, bem como outros serviços necessários aos usuários, denominados de serviços de hospedagem, mediante adoção de instrumento contratual, tácito ou expresso, e cobrança diária, [...] os meios de hospedagem podem ter outras atividades e oferecer
outros serviços turísticos.
Portanto, justifica-se a adoção dessa Norma como orientação da pesquisa, uma vez
que os resorts são, também, considerados meios de hospedagem (AGARWAL, 2002;
PAPATHEODOROU, 2004; WALTON, 2009), além disso os cruzeiros assemelham-
se a um resort móvel (AMARAL, 2009; DOWLING, 2006; MENDES; SILVA, 2012;
135
OMT, 2008; TARLOW, 2012) por transportar hóspedes de um lugar para outro,
podendo-os considerar então como meios de hospedagem.
Considerando-se um navio de cruzeiro como o próprio meio de hospedagem, adota-
se a norma ABNT NBR 15401:2014, como uma norma válida para este estudo, por
especificar
os requisitos relativos à sustentabilidade de meios de hospedagem, estabelecendo critérios mínimos específicos de desempenho em relação à sustentabilidade e permitindo que um meio de hospedagem formule uma política e objetivos que levem em conta os requisitos legais e as informações referentes aos impactos ambientais, socioculturais e econômicos significativos (ABNT, 2014).
O processo de gestão da sustentabilidade não tem fim, é um processo contínuo que
deve ser estabelecido na organização como um princípio (FODNESS, 2016; UNITED
NATIONS, 2015b), de maneira a assegurar ao ambiente no qual está inserido um
atendimento continuo e sistemático dos princípios do turismo sustentável.
De acordo com a Norma (ABNT, 2014, p. vii) os princípios para o turismo sustentável
são:
1. Respeitar a legislação vigente:
O turismo deve respeitar a legislação vigente em todos os níveis no país e as
convenções internacionais de que o país é signatário;
2. Garantir os direitos das populações locais:
O turismo deve buscar e promover mecanismos e ações de responsabilidade
social, ambiental e de equidade econômica, inclusive a defesa dos direitos
humanos e de uso da terra, mantendo ou ampliando, a médio e longo prazos,
a dignidade dos trabalhadores e comunidades envolvidas.
3. Conservar o ambiente natural e sua biodiversidade:
Em todas as fases de implantação e operação, o turismo deve adotar práticas
de mínimo impacto sobre o ambiente natural, monitorando e mitigando
efetivamente os impactos, de forma a contribuir para a manutenção das
dinâmicas e processos naturais em seus aspectos paisagísticos, físicos e
biológicos, considerando o contexto social e econômico existente.
4. Considerar o patrimônio cultural e valores locais:
136
O turismo deve reconhecer e respeitar o patrimônio histórico-cultural das
regiões e localidades receptoras e ser planejado, implementado e gerenciado
em harmonia com as tradições e valores culturais, colaborando para seu
desenvolvimento.
5. Estimular o desenvolvimento social e econômico dos destinos turísticos:
O turismo deve contribuir para o fortalecimento das economias locais, a
qualificação das pessoas, a geração crescente de trabalho, emprego e renda e
o fomento da capacidade local de desenvolver empreendimentos turísticos.
6. Garantir a qualidade dos produtos, processos e atitudes:
O turismo deve avaliar a satisfação do turista e verificar a adoção de padrões
de higiene, segurança, informação, educação ambiental e atendimento
estabelecidos, documentados, divulgados e reconhecidos.
7. Estabelecer o planejamento e a gestão responsáveis:
O turismo deve estabelecer procedimentos éticos de negócio, visando engajar
a responsabilidade social, econômica e ambiental de todos os integrantes da
atividade, incrementando o comprometimento do seu pessoal, fornecedores e
turistas, em assuntos de sustentabilidade, desde a elaboração de sua missão,
objetivos, estratégias, metas, planos e processos de gestão.
O processo de viabilização dos princípios acima descritos, visam eliminar, ou reduzir
eventuais impactos, assim sendo devem ser adotados pela organização de maneira a
não serem apenas controlados, eles precisam, no processo de melhoria contínua, ser
conhecidos e implementados, não como uma obrigação, mas como um processo
consciente, que siga as recomendações da norma como um sistema de gestão
baseado no Ciclo PDCA, que, por sua vez, também é recomendado pelo Sistema de
Gestão Ambiental ISO 14001 (ABNT, 2015b).
Nesse processo, o objetivo da ABNT, é buscar a melhoria contínua no sistema de
gestão da sustentabilidade que será implementado no meio de hospedagem,
trata-se, portanto, de normalizar os aspectos do sistema de gestão do empreendimento que constituem fatores- chave da sustentabilidade. Ou seja, não apenas controlar os impactos ambientais no meio natural, mas também buscar os resultados que irão propiciar ao empreendimento: a) contribuir ativamente para a conservação, a revitalização e a recuperação dos recursos naturais; b) buscar resultados econômicos com ética, contribuindo para a justiça social e a valorização das culturas locais; c) buscar a legitimidade política em
137
termos de participação e transparência nos processos de decisão e representação comunitária; d) interagir com os integrantes da cadeia produtiva do turismo, de maneira a construir as condições operacionais para implementar sistemas de gestão da sustentabilidade do turismo com abrangências setorial e geográfica (ABNT, 2014, p. vi).
Dessa forma, a norma tem como objetivo especificar
os requisitos relativos à sustentabilidade de meios de hospedagem, estabelecendo critérios mínimos específicos de desempenho em relação à sustentabilidade e permitindo a um empreendimento formular uma política e objetivos que levem em conta os requisitos legais e as informações referentes aos impactos ambientais, socioculturais e econômicos significativos. Ela se aplica aos aspectos que podem ser controlados pelo empreendimento ou sobre os quais ele possa exercer influência. Esta Norma se aplica a qualquer meio de hospedagem que deseje: a) implementar, manter e aprimorar práticas sustentáveis para as suas operações; b) assegurar-se de sua conformidade com sua política de sustentabilidade definida; c) demonstrar tal conformidade a terceiros; d) buscar a certificação segundo esta Norma por uma organização externa; ou e) realizar uma auto avaliação da conformidade com esta Norma (ABNT, 2014, p. 1).
Ainda segundo a ABNT (2014, p. 2), são exemplos de aspectos controláveis pelo
empreendimento, relativos à sustentabilidade ambiental: consumo de energia elétrica,
geração de resíduos sólidos, embalagens recicláveis, consumo de água, etc.”.
Aspectos que no caso desta tese estão sendo nomeados de variáveis ambientais e
que são encontrados nos meios de hospedagem, sejam hotéis ou resorts em terra, ou
nos navios de cruzeiro.
Com a compreensão de que a Norma se aplica a qualquer meio de hospedagem,
desde que atenda aos seus requisitos, confirma-se, portanto, a sua adoção para o
ambiente dos navios de cruzeiro quando se deseja identificar os requisitos da
sustentabilidade ambiental.
Essa decisão vai de encontro aos alertas ambientais e consequente orientações,
originadas das diversas convenções realizadas pela ONU ao longo dos anos, que
culminaram com os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) (Agenda
2030), com Acordo de Paris (Conferência das Partes – COP 21) e com as
regulamentações da IMO e ISO.
A IMO e ISO, são instituições que reiteram que na gestão ambiental se deve buscar o
uso eficiente dos recursos, complementando-se com a redução da poluição do ar e
138
da geração de resíduos, com o descarte de maneira adequada a não impactar
negativamente o ambiente.
No entanto, apesar do consenso entre diversas entidades, o Ministério do Turismo
(MTUR, 2017b, p. 5) ao estimular o “trade turístico a adotar práticas sustentáveis” e
elencar quatro princípios, considerados requisitos para a sustentabilidade ambiental,
não menciona a poluição do ar como sendo relevante para o “controle dos impactos
ambientais e a conservação das área naturais e sua biodiversidade”, limitando-se: ao
uso racional da água; a eficiência energética; a gestão de resíduos sólidos e a redução
do desperdício.
Apesar disso, este estudo segue às recomendações da ONU, IMO e ISO (ABNT,
2014, 2015b, 2015a; CLIA, 2016b; IMO, 1983, 2006; ISO, 2016a; UNITED NATIONS,
1982a) e a partir delas define os requisitos ambientais a serem adotados na tese e
que são utilizados para definir as respectivas variáveis da sustentabilidade ambiental
que devem ser contempladas na gestão do produto turístico cruzeiro marítimo, no
contexto de sua estratégia empresarial.
Com a adoção de requisitos ambientais pelas empresas de cruzeiros marítimos em
seus navios, tem-se a pretensão, então, de combater as ameaças à sustentabilidade
ambiental, uma vez que, quando não gerenciadas de maneira eficaz, os impactos
negativos podem ser irreversíveis no meio ambiente (BAX et al., 2003; DAVENPORT;
DAVENPORT, 2006), portanto, identificar os riscos, gerenciá-los e combatê-los
adequadamente é necessário para minimizar qualquer ameaça potencial.
Nesse contexto, segundo a CLIA (CLIA, 2016f), com o intuito de proteger o ar, os
oceanos e o ecossistema, investimentos com tecnologia e inovação tem sido
realizados na construção de novos navios, reforma e manutenção das embarcações
mais antigas, o que tem consumido centenas de milhões de dólares nos últimos anos.
Ainda de acordo com a CLIA, os navios de cruzeiro não descartam o esgoto, não
tratado, ao mar. Além disso, adotam soluções simples com o objetivo de reduzir as
emissões atmosféricas, como o uso da energia do porto quando o navio está atracado,
atitude que causa imediata economia de combustível, que seria necessário para
manter a estrutura do navio funcionando, como iluminação, sistemas de refrigeração
do ambiente e conservação de alimentos, entre outros (CLIA, 2016f).
139
Alguns navios de cruzeiro mais modernos já processam 100% dos resíduos sólidos
gerados a bordo. Isso ocorre após sua compactação, quando são reutilizados, doados
ou reciclados. Em média o setor de cruzeiros recicla 80.000 toneladas de papel,
plástico, vidro e latas de alumínio, de acordo com a associação (op. cit.).
Segundo a empresa norueguesa DNV GL, especializada em prestar consultoria em
segurança e sustentabilidade nos setores marítimo, energia e óleo & gás (DNV GL,
2015), o ano de 2015 foi o recordista global em investimentos com energia limpa, em
particular com energia solar e eólica.
No setor marítimo, também, houve investimentos com a geração deste tipo de energia
não poluente, um exemplo é a substituição de geradores movidos a óleo combustível,
emissores de CO2, pelo uso de baterias fotovoltaicas. De acordo com a empresa o uso
dessas baterias, nos navios, proporciona eficiência energética 95% superior na
geração de eletricidade a bordo (DNV GL, 2015).
As orientações da ONU e regulamentações da IMO seriam em vão se as companhias
marítimas associadas à CLIA, em parceria com os estaleiros, não se empenhassem
no cumprimento das metas ambientais. Portanto, é necessário que haja consciência
e sensibilidade em relação às práticas ambientalmente sustentáveis, com visão de
futuro e com esforço em investir.
Nesse contexto, torna-se relevante que as empresas armadoras divulguem os
indicadores avaliados, relativos à essas práticas sustentáveis, não só como um fator
estratégico de valor, mas, também, como uma informação de utilidade ao planeta.
Assim as instituições e o mercado tomarão conhecimento do que está sendo feito no
âmbito de proteção dos oceanos, o que poderia proporcionar um alento ou um alerta
quanto ao futuro do ambiente marinho.
No entanto, há discussões se as companhias marítimas são ou não ambientalmente
responsáveis, porém, de acordo com Hall, Wood e Wilson (2017, p. 441) “não há
nenhuma dúvida que houve melhorias no setor com respeito à sustentabilidade”.
Apesar disso, divulgar resultados não é uma prática comum adotada por todas
companhias marítimas (HALL; WOOD; WILSON, 2017), é que se constata neste
estudo, particularmente relativo às empresas de cruzeiros marítimas pesquisadas.
140
O fornecimento de informações sobre os requisitos ambientais e a forma de como
cumpri-los, poderá variar de acordo com os padrões e regulamentos estabelecidos
por decisões governamentais ou por organizações privadas (WTO, 2004), no entanto,
é necessário que haja uma coerência entre os critérios de avaliação adotados pelas
empresas em um mesmo segmento, para que as comparações possam ser feitas sem
prejuízo à percepção dos clientes interessados no serviço.
Nesse sentido, os grupos Carnival Corporation (CARNIVAL CORPORATION, 2018) e
Royal Caribbean Cruises (ROYAL CARIBBEAN, 2018) são organizações que
publicam relatórios detalhados sobre aspectos relacionados à sustentabilidade
(JONES; COMFORT; HILLIER, 2016; JONES; HILLIER; COMFORT, 2016) e adotam
os mesmos indicadores GRI definidos pela Global Reporting Initiative (GRI) (GRI,
2018a), que são parâmetros de desempenho recomendados pela United Nations
Environment Programme (GRI, 2018b; UNEP, 2013).
A GRI é uma organização não-governamental internacional, com sede em Amsterdam
(Holanda) e realiza pesquisas a fim de “compreender e comunicar o impacto dos
negócios em questões críticas de sustentabilidade, como as mudanças climáticas, os
direitos humanos, a corrupção e muitos outros”.
Os relatórios apresentados pelos dois grupos marítimos são baseados nas diretrizes
da quarta geração (G4) de indicadores da GRI, de 2013 (GRI, 2013), um conjunto de
variáveis de aspectos econômicos, ambientais e sociais do desempenho dos
negócios.
No contexto ambiental deste relatório, de interesse deste estudo, os indicadores
apresentados são relativos aos fatores energia, água, emissões, efluentes e resíduos,
conformidade e avaliação ambiental de fornecedores.
3.2.1 Ações ambientais das companhias marítimas que operam no Brasil
A Carnival Corporation e a Royal Caribbean Cruises possuem escritórios no Brasil
através de suas companhias marítimas Costa Cruzeiros e Royal Caribbean Line (CLIA
BRASIL, 2018a), assim como a MSC Cruzeiros (MSC, 2017) e a Norwegian Cruise
Line (NCL, 2017a) que, apesar de afirmarem ter respeito ao meio ambiente, não
141
apresentam os indicadores resultantes de suas ações, limitando-se a divulgar
algumas informações ambientais em suas respectivas páginas na internet.
É o caso da NCL (NCL, 2017a), que não se aprofunda nos detalhes, limitando-se a
informar superficialmente sobre a quantidade de óleo de cozinha que é transferido
para o continente, sobre os benefícios dos novos depuradores de gases de escape e
sobre os novos navios que possuem conexão de energia com o porto.
A MSC (MSC, 2017), por sua vez, informa que recebeu a gradução 7 Golden Pearls,
relativo à certificação de sistemas de tratamento de ar, água e resíduos, bem como
certificação para gestão ambiental, segurança alimentar e saúde, além de segurança
ocupacional, concedido pela empresa de certificação Bureau Veritas.
Em ambos os casos, verifica-se que o discurso está em sintonia com as necessidades
de proteção ambiental do meio marinho, porém, sem dar a devida importância ao
aspecto transparência ao não divulgar os relatórios, em particular aos seus clientes,
principalmente por serem responsáveis por um produto turístico potencialmente
poluidor desse ambiente.
Vale ressaltar, no entanto, que não está se afirmando que as empresas citadas não
adotem as melhores práticas ambientais, o que a pesquisa percebe é que os
resultados das ações não são divulgados para o mercado consumidor, pelo menos
não nos respectivos websites.
É o que afirmam Hall, Wood e Wilson (2017, p. 448) sobre “a falta de identificação da
provisão de documentação online, não significa necessariamente que as empresas
não tenham empreendido análise ambiental ou relatórios”.
No entanto, a falta de transparência não permite que os benefícios obtidos possam
ser avaliados e comparados com o discurso de que são empresas ambientalmente
conscientes, dessa forma não se podendo utilizar esses resultados como um
importante fator estratégico na escolha dos serviços pelos turistas.
Apesar disso há alternativas para a obtenção de informações ambientais sobre as
companhias e seus navios de cruzeiro, como o relatório produzido pela organização
não governamental Friends of Earth (FOE) (FRIENDS OF EARTH, 2016), que atribui
graus de A a F para medir os seguintes requisitos ambientais:
142
• Tratamento do esgoto;
• Redução da poluição do ar;
• Compromisso com a qualidade da água e;
• Transparência da organização.
Através dessa graduação, é possível avaliar e comparar companhias marítimas e
navios, quanto ao grau de sustentabilidade ambiental em cada um dos requisitos
propostos.
A FOE tem como princípio assegurar que os recursos naturais sejam usados de forma
justa para que todas as pessoas possam levar uma vida saudável e satisfatória,
possam respirar ar puro, beber água limpa e desfrutar de um clima estável (FRIENDS
OF EARTH, 2017a) e com base nestes princípios classifica as empresas de cruzeiros
marítimos e seus navios, individualmente.
No relatório de 2016 (FRIENDS OF EARTH, 2016), as quatro companhias associadas
à CLIA Brasil (CLIA BRASIL, 2018a), de um total de 17 companhias analisadas,
ficaram nas seguintes posições, quanto aos critérios ambientais: NCL (4°); RCL (10°);
Costa (14°) e MSC (16°). As três primeiras posições foram das empresas: Disney
Cruise Line (1°); Cunard Cruise Line (2°) e Holland America Line (3°).
Apesar da MSC e NCL não divulgarem os resultados das medições dos indicadores
ambientais, a RCL e a Costa Cruzeiros os divulgam, em conjunto com informações
detalhadas sobre o compromisso com as melhores práticas ambientais.
No caso da Costa Cruzeiros, em seu relatório Sustainability Report: results for 2015
and outlook for the future (COSTA CRUISES, 2015), a companhia ressalta alguns
requisitos que devem ser gerenciados com o objetivo de minimizar os riscos que são
chave no impacto à sustentabilidade em geral e em particular no âmbito ambiental,
que são:
1. Preservação do ambiente natural;
2. Gerenciamento e uso dos recursos de maneira eficiente e sustentável;
3. Minimizar o consumo de combustível;
4. Redução das emissões de CO2 e;
5. Melhoria do gerenciamento dos recursos naturais.
143
Na prática, o relatório apresenta informações relevantes das ações adotadas cujo
objetivo é o de contribuir com o desenvolvimento sustentável. Destacando, por
exemplo, a redução do consumo de água de fonte externa, devido a produção nos
próprios navios de 69% da água necessária a bordo, dessa maneira, ressalta o
benefício de ter contribuído com a proteção deste recurso natural em áreas onde ela
é escassa.
Além disso destaca, também, a instalação de tecnologia de trocadores de calor, que
aproveita a emissão térmica dos motores para aquecimento da água, o que acarretou
na redução de 97% de emissão de CO2, devido ao uso de uma nova fonte de energia,
proporcionando um mesmo conforto térmico.
Em relação aos resíduos líquidos, todos os navios da frota são equipados com
purificadores certificados pela IMO (IMO, 2016e), sendo que este esgoto, após
tratado, somente é descartado ao mar a uma distância maior que 12 milhas náuticas
da costa mais próxima e quando o navio está viajando a velocidade superior a 6 nós.
Ainda segundo o relatório, a troca da água de lastro, quando necessária, é realizada
além das 200 milhas náuticas da terra mais próxima e com pelo menos 50 metros de
profundidade. O navio só descarrega a água de lastro em mar aberto, antes de atingir
um novo destino.
Relativo ao consumo de combustível, em 2015, houve 3% de redução, considerando-
se o consumo de um passageiro/dia. A partir de 2018 os navios utilizarão motores
movidos a Liquefied Natural Gas (LNG), o que trará redução, para próximo de zero,
na emissão de gases de efeito estufa.
Em relação à RCL, sobre as melhores práticas voltadas à sustentabilidade ambiental,
a companhia traz em seu relatório 2015 Sustainability Report (ROYAL CARIBBEAN,
2015a, 2017a) informações relevantes sobre o tema. Sobre as emissões de CO2, o
documento informa que 95% tem origem no consumo de combustível nos navios, o
que justifica a realização de investimentos direcionados a substituir o tipo de
combustível utilizado, permitindo assim a redução dos impactos causados ao
ambiente.
144
Os resultados atuais apontam uma redução de 25% na emissão de gases de efeito
estufa, no período de 2005 a 2015. De acordo com a empresa, essa economia foi
possível através da operação mais eficiente dos motores, proporcionada pelo uso de
softwares para seu gerenciamento.
A RCL afirma que seus novos navios já apresentam contribuições para reduzir a
poluição ambiental, por exemplo, navios da classe Quantum: Quantum of the Seas,
Anthem of the Seas e Ovation of the Seas, de 2014, 2015 e 2016 (WARD, 2017),
respectivamente, com 168.666 toneladas e que transportam 4.180 passageiros a
bordo (Anexo G), produzem 20% menos CO2, por passageiros, por dia, comparando-
se com os navios construídos entre cinco a dez anos atrás.
Em relação aos resíduos sólidos, em 2007, o descarte da RCL era próximo a 1.000
gramas, por passageiro/dia. Buscando reduzir o impacto causado ao meio ambiente,
a companhia armadora adota o modelo de "Reduzir-Reutilizar-Reciclar", através do
qual, conforme consta no relato, conseguiu diminuir a média de resíduos enviados
para aterro, por passageiro, para menos de 210 gramas por dia, resultado que
ultrapassou a meta definida, tendo como ano base 2007, de reduzir em 50%, o que
ocorreu em 2011 e chegou a 70% em 2015 (ROYAL CARIBBEAN, 2015b).
Segundo o relatório, a empresa tem o objetivo de reduzir o desperdício, “sempre que
possível” e como resultado das ações, a partir de 2015, houve o aumento do volume
de resíduos reciclados nos navios da RCL em 144%, o que corresponde a cerca de
14.500 toneladas. Isso foi possível com ações realizadas em conjunto com
fornecedores, quando buscou-se a redução dos materiais de embalagem, que foram
substituídos por recursos mais sustentáveis.
Contribuindo com o desenvolvimento sustentável, passageiros e tripulação são
elementos-chave no processo de conscientização ambiental, dessa forma, como
maneira de incentivar os passageiros a contribuírem com os esforços, é solicitado a
eles a participação em programas de conservação e coleta seletiva de recursos que
são oferecidos a bordo.
Ainda de acordo com a RCL, a reciclagem de resíduos a bordo é contínua e tem
trazido benefícios por ser uma prática ambientalmente sustentável. Isso ocorre com a
separação sendo realizada pelos próprios tripulantes que determinam o que pode, ou
145
não, ser reciclado. Para auxiliar na conservação, os navios são equipados com
instalações específicas de armazenamento climatizadas que mantém os materiais
recicláveis até que o momento de reciclagem seja aprovado, ou o material liberado.
Um outro programa que obteve êxito, segundo a companhia, foi realizado no ano de
2015, com a doação de 8.500 colchões que no passado seriam direcionados para
aterros sanitários. Para o futuro, em 2020, a RCL estabeleceu o objetivo de reduzir os
resíduos enviados para aterros sanitários em 85%, em relação ao ano base de 2007,
até chegar próximo à meta do desperdício zero.
Para a RCL, a comunicação, o engajamento e as respostas às partes interessadas,
que incluem acionistas, convidados, funcionários, fornecedores, comunidades de
destino, políticos, agentes de viagens, organizações não governamentais e
instituições de pesquisa, são importantes no processo de redução dos respectivos
impactos econômicos, ambientais e sociais causados.
Nesse processo de engajamento e participação, segundo a RCL, são criados grupos
de trabalho, são realizados eventos regionais e conferências, informações são
publicadas em jornais, projetos e programas são criados, pesquisas realizadas e
excursões em ambientes específicos sobre o tema são organizados.
A transparência através da divulgação dos resultados obtidos pelos esforços para a
redução dos impactos, também é uma atitude sustentável, porém, para que os
resultados possam ser melhor avaliados, é necessário que haja uma padronização e
este padrão depende das regulamentações que devem ser atendidas com respeito às
melhores práticas ambientais adotadas pelas companhias marítimas.
Apesar das empresas armadoras adotarem práticas ambientalmente sustentáveis,
segundo afirmam e conforme apresentado neste item, como contribuição científica
deste estudo é necessário neste momento compilar as informações obtidas nesta
etapa da pesquisa exploratória e descritiva, definindo-se as variáveis, a partir dos
requisitos ambientais que devem ser gerenciados por essas companhias para que
possam ser percebidas como organizações símbolo na contribuição à proteção do
ambiente marinho.
146
Dessa maneira, buscando-se confirmar os requisitos da sustentabilidade ambiental e,
posteriormente, definir as variáveis, identifica-se na norma na norma NBR 15401:2014
(Quadro 10) os mesmos requisitos definidos pelo Ministério do Turismo (MTUR,
2017b) para o turismo sustentável, alguns dos quais serão adotados neste estudo.
Quadro 10 - Requisitos ambientais para o turismo sustentável
OBJETIVOS E METAS
Preparação e atendimento a emergências ambientais
Áreas naturais, flora e fauna
Arquitetura e impactos da construção local
Paisagismo
Resíduos sólidos, efluentes e emissões
Eficiência energética
Conservação e gestão do uso da água
Fonte: (ABNT, 2014)
Dentre esses requisitos da ABNT NBR 15401:2014, quatro serão utilizados, e
adaptados, para esta pesquisa: (1) áreas naturais, flora e fauna; (2) resíduos sólidos,
efluentes e emissões; (3) eficiência energética e (4) conservação e gestão do uso da
água.
Esta decisão deve-se ao fato de que estes quatro fatores são requisitos da
sustentabilidade ambiental abordados pela ABNT NBR ISO 14001 (ABNT, 2015b,
2015a; ISO, 2016a). O critério de escolha procurou identificar os impactos que
poderiam ser causados pelos navios de cruzeiro.
Além da NBR 15401, buscou-se nos anexos da IMO, também identificados com os
atributos da NBR 14001, os requisitos da sustentabilidade ambiental que serão
abordados nesta pesquisa.
Selecionou-se, então, os Anexos I (IMO, 2016a, 2016b), IV (IMO, 2016c, 2016m), V
(IMO, 2016f, 2016n) e VI (IMO, 2016j, 2016g), respectivamente que tratam da poluição
por óleo; poluição por esgoto; poluição por resíduos e poluição do ar (IMO, 1983, 2006;
UNITED NATIONS, 1982a). Agrega-se à esses requisitos a gestão da água de porão
(IMO, 2016l).
Após a identificação dos requisitos ambientais, contidos nas regulamentações
voltadas ao desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e sustentabilidade
ambiental, chegou-se a um conjunto de fatores que devem ser gerenciados em um
147
navio de cruzeiro marítimo para que este produto turístico possa ser considerado
como um destino ambientalmente sustentável.
Estes fatores, chamados de requisitos e variáveis ambientais são apresentados em
uma forma compilada no item a seguir.
3.3 Apresentando os requisitos e variáveis ambientais para os navios de
cruzeiros marítimos
O pioneirismo na formulação de uma estratégia com base nas orientações da ONU,
relativas aos objetivos do desenvolvimento sustentável (UNITED NATIONS, 2002a,
2015c), poderá transformar a organização em uma alternativa diferenciada ao
mercado (KIM; MAUBORGNE, 2005; PORTER, 1986), comparando-se com empresas
que não adotam ou não divulgam suas práticas ambientais, ou mesmo com produtos
ou serviços concorrentes, contribuindo na construção da sua imagem.
Essa imagem associada aos atributos da sustentabilidade ambiental poderá, então,
ser um fator estratégico que direcionará a empresa a um outro nível na expectativa e
percepção de seu público, cada vez mais influenciado pelas práticas ambientalmente
sustentáveis (CHIU; LEE; CHEN, 2013; FODNESS, 2016; LIN, 2017; PIRES, 2012;
TIAGO et al., 2016).
Assim como em um destino turístico, um navio de cruzeiro (GIBSON, 2012;
LOHMANN; PANOSSO-NETTO, 2012; MANCINI, 2011; NAJAFIPOUR; MARZI;
FOROOZANFAR, 2014), também poderá ser percebido pelos turistas como um
ambiente sustentável, porém as empresas precisam contemplar fatores ambientais
que possam ser potenciais causadores de impactos.
Esses fatores, como em um modelo sistêmico (LOHMANN; PANOSSO-NETTO, 2012;
VASCONCELLOS, 2013), devem contemplar as entradas (inputs) e as saídas
(outputs) de materiais e produtos consumidos e descartados, considerando-se o
consumo dos passageiros e tripulação a bordo e suas interações nas diversas
atividades, no lazer, alimentação, ou na operação e manutenção em cada navio, até
o final de sua vida útil, inclusive considerando-se o seu próprio descarte.
Resumidamente, com base nos dados compilados na pesquisa exploratória e
descritiva apresentada até agora, sugere-se (Quadro 11) os requisitos e variáveis
148
ambientais que devem, prioritariamente, ser gerenciados em um navio de cruzeiro
marítimo para, com base em parâmetros, apoiar na definição de indicadores de
desempenho a fim de, após a devida avaliação, poderem ser considerados como
destinos ambientalmente sustentáveis.
149
Quadro 11 - Requisitos e variáveis da sustentabilidade ambiental gerenciados nos navios de cruzeiros
REQUISITOS AMBIENTAIS
n VARIÁVEIS AMBIENTAIS
1 Gerenciamento das entradas
1 Consumo de produtos ambientalmente sustentáveis
(ABNT, 2014, 2015b, GRI, 2016a, 2016b; ISO, 2016a)
2 Gerenciamento
da energia 2 Eficiência energética (uso eficiente)
(ABNT, 2011, 2014, 2016; GRI, 2016c; GSTC, 2013; ISO, 2016b; PIRES, 2012)
3 Gerenciamento
da água 3
Eficiência no consumo da água (uso eficiente da água)
(ABNT, 2014, 2016; FRIENDS OF EARTH, 2016; GRI, 2016d, 2016e; GSTC, 2013; ISO, 2014; KLEIN, 2009; PIRES, 2012)
4 Gerenciamento dos resíduos
4 Resíduo líquido - black water: (água negra - resíduos humanos dos banheiros)
(ABNT, 2014, 2015b, 2016; FRIENDS OF EARTH, 2016; GRI, 2016e; GSTC, 2013; IMO, 1983, 2006, 2016e; KLEIN, 2009; PIRES, 2012; UNITED NATIONS, 1982a)
5 Resíduo líquido - gray water (água cinzenta – água das torneiras, chuveiros, cozinha, lavanderia e limpeza)
6 Lodo de esgoto (lodo proveniente do tratamento de águas residuais)
7 Resíduos sólidos (não perigosos: plástico, papel, madeira, papelão, resíduos alimentares, latas, vidros, outros)
(ABNT, 2014, 2015b, 2016; FRIENDS OF EARTH, 2016; GSTC, 2013; IMO, 1983, 2006, 2016n; KLEIN, 2009; PIRES, 2012; UNITED NATIONS, 1982a)
8
Resíduos perigosos (produtos químicos, resíduos de limpeza a seco, sobra de tinta, solventes, produtos químicos expirados e produtos farmacêuticos, lâmpadas fluorescentes e de vapor de mercúrio, baterias, outros)
(GRI, 2016e; IMO, 1983, 2006; KLEIN, 2009)
9
Água de esgoto oleosa (água com combustível, óleo e águas residuais dos motores, resíduos sólidos, como trapos, aparas de metal, pintura, vidro, agentes de limpeza, outros)
(IMO, 1983, 2016b; KLEIN, 2009)
10 Água de lastro (utilizada para estabilizar o navio e transporta espécies não-nativas para o destino)
(FRIENDS OF EARTH, 2016; IMO, 2016l, 2017a; KLEIN, 2009)
5 Qualidade do
ar
11 Poluição do ar – Gases (Poluentes atmosféricos contidos nos gases de escape dos navios e incineração realizada a bordo)
(ABNT, 2014, 2015b; FRIENDS OF EARTH, 2016; GRI, 2016f; GSTC, 2013; IMO, 2016k; KLEIN, 2009; PIRES, 2012)
12 Poluição do ar – Sonora (ruídos das máquinas) (ABNT, 2014, 2015b; GSTC, 2013; IMO, 1980; PIRES, 2012)
Fonte: elaborado pelo autor
150
Os requisitos e variáveis propostos se baseiam em regulamentações e contribuições
do conhecimento técnico e científico relacionados à sustentabilidade, em particular
neste estudo em uma de suas dimensões, a sustentabilidade ambiental.
Eles foram identificados e descritos com o objetivo de auxiliar as companhias
marítimas, individualmente em seus navios de cruzeiro, no gerenciamento das
entradas; gerenciamento da energia; gerenciamento da água; gerenciamento dos
resíduos e qualidade do ar, sugerindo que a adoção de um modelo de gestão com
base nestes fatores será imprescindível às empresas armadoras que desejam
gerenciar e controlar, de forma independente e transparente cada navio, quanto aos
eventuais impactos que possam causar ao ambiente.
Com a definição dos requisitos ambientais, as companhias de cruzeiros precisarão,
então, adotar indicadores ambientais globalmente reconhecidos, como os indicadores
definidos pela Agenda 2030 (IBGE, 2018), ou, na falta destes, as diretrizes
estabelecidas pela GRI (GRI, 2018a; UNEP, 2013), por exemplo, que são parâmetros
de desempenho recomendados pela United Nations Environment Programme (GRI,
2018b; UNEP, 2013).
Ao fazer isso, a organização estabelecerá uma atitude estratégica de valor que
permitirá destacar sua postura transparente ao informar ao mercado suas iniciativas
ambientais, e assim agregar valor à sua imagem como de uma empresa
ambientalmente sustentável (JONES; COMFORT; HILLIER, 2016; JONES; HILLIER;
COMFORT, 2016; KLEIN, 2009) que gera o menor impacto possível ao ambiente
marinho, aos portos e destinos (PORTOPIA, 2016).
As empresas precisam, nesse processo de minimizar os impactos causados ao
ambiente, se conscientizar de que sempre que não for possível otimizar os recursos
com eficácia, pelo menos que a agressão proporcionada ao meio ambiente seja
mínima, considerando-se a possibilidade de regeneração (ESPINER; ORCHISTON;
HIGHAM, 2017; O’LEARY et al., 2017), no entanto, dentro das leis e normas vigentes,
respeitando-se o equilíbrio ambiental.
Dessa forma uma organização será capaz de se destacar se conseguir oferecer
produtos e serviços ambientalmente sustentáveis, evitando-se agredir o ambiente e
assim conservando a diversidade biológica e o património natural (UNEP, 2005;
151
UNITED NATIONS, 2002a) de maneira a não colocar em risco a saúde do homem,
dos recursos vivos e da vida marinha (MMA, 1972).
Portanto, ressalta-se mais uma vez a importância do equilíbrio entre os três pilares da
sustentabilidade (VEZZANI, 2008), desenvolvimento econômico, desenvolvimento
social com proteção ambiental (ELKINGTON, 2012; MMA, 2002; UNITED NATIONS,
2002a) para que se alcance o desenvolvimento sustentável, porém, conforme já
informado, este estudo tem o foco na sustentabilidade ambiental como forma de
promover as melhores práticas, em um contexto responsável, como um fator
estratégico que deve ser adotado pelas companhias de cruzeiros marítimos e que será
apresentado na sequência, no próximo capítulo, na formulação da estratégia de valor.
4. O FATOR SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL EM UMA FORMULAÇÃO DE
ESTRATÉGIA DE VALOR
Este capítulo utiliza informações dos capítulos anteriores como fundamento para a
formulação do modelo de estratégia de valor proposto por esta tese. O modelo é
formulado sugerindo-se às companhias marítimas a adoção da Escola do
Posicionamento e da estratégia genérica de diferenciação (PORTER, 1986, 1992,
1996, 1999), conceitos que serão apresentados no item a seguir.
O capítulo segue contextualizando alguns conceitos sobre estratégia e valor,
passando pela apresentação de um plano de gestão, ressaltando a sustentabilidade
ambiental como um elemento de valor estratégico para as organizações, finalizando
com o modelo que adota a sustentabilidade ambiental como um princípio de estratégia
valor.
Conforme afirma Elkington (2012) as empresas evoluem em direção ao capitalismo
sustentável ao focarem em uma proposta de valor baseada na prosperidade
econômica, qualidade ambiental e justiça social, para assim vencer os desafios do
século 21, isso significa, segundo o autor, que elas teriam que ter um foco em valor e
não somente no lucro.
É então estratégico para as organizações saberem medir, verificando se atendem aos
requisitos da sustentabilidade ambiental e com esse intuito esta tese proporciona, em
uma visão sistêmica, orientação para a definição de parâmetros que permitirão
controlar as entradas, os processos e as saídas, no ambiente de um navio de cruzeiro,
visando eliminar o despejo de rejeitos nos oceanos (IMO, 1972) e a poluição causada
(ANDRADE et al., 2014; UNITED NATIONS, 1982a), reduzindo-se assim a incidência
e os impactos negativos nos ecossistemas marinhos (ONU, 2012a).
4.1 Reflexões sobre o processo da estratégia
Estratégia, segundo Porter (1986), é um padrão que integra de maneira ampla as
principais metas, políticas e sequência de ações de uma organização. É uma fórmula
que determina como a empresa se comportará no mercado em que atua.
153
Sobre Porter, cabe salientar que apesar de alguns autores ressaltarem seu viés
industrial (ARAÚJO, 2017; DOMARESKI, 2011; LOBATO et al., 2009), refletido em
sua obra (PORTER, 1986, 1992, 1996, 1999), é importante comentar que o termo
industry, adotado pelo autor, que tem origem na língua inglesa, não se refere apenas
às indústrias de manufatura, mas todas as companhias envolvidas com um tipo
particular de negócio, segundo a própria definição de industry apresentada pelo
dicionário Cambridge University (2018).
Isso fica evidente quando o autor (PORTER, 1992, p. 3) afirma que uma estratégia
competitiva deve contemplar “qualquer indústria, seja ela doméstica ou internacional,
produza um produto ou um serviço”, ou seja, os conceitos apresentados “aplicam-se
igualmente a produtos e serviços”, referindo-se tanto a “industrias de produtos como
de serviços” (PORTER, 1992, p. 26).
Para deixar claro para os leitores da língua portuguesa, sugere-se que ao se traduzir
para o português alguma expressão para o setor de serviços que contemple o termo
industry, esta seja relacionada com algum setor de negócios da economia e não
industrial. Como tourism industry, cruise industry, ou gastronomy industry, só para
ficar com alguns exemplos, que poderiam ser traduzidos como setor turístico, setor de
cruzeiros e setor gastronômico e não como indústria do turismo, indústria de cruzeiros
e indústria gastronômica.
Estrategicamente isso torna-se importante no contexto didático, ao se evitar eventuais
incompreensões principalmente por parte de jovens pesquisadores. Esta
interpretação é adotada nesta tese, ao se traduzir cruise industry (CLIA, 2017a; CLIA
AUSTRALIA, 2015; COGGINS JR, 2014; HUNG; PETRICK, 2011) como setor de
cruzeiros e não como indústria de cruzeiros, como preferem alguns autores (CLIA
BRASIL, 2011, 2015, 2016).
O termo Estratégia tem origem na área militar (EVANS; STONEHOUSE; CAMPBELL,
2012; KIM; MAUBORGNE, 2005; LUECKE, 2009; MINTZBERG et al., 2007;
OKUMUS; ALTINAY; CHATHOTH, 2010) e de acordo com Mintzberg et al. (2007) as
estratégias militares tem sido utilizadas em diferentes tipos de conflitos desde o
período pré-histórico.
154
Ao longo da história, apesar do flagelo que é uma guerra, é possível transformar o
conhecimento dos fatos bélicos e de suas estratégias (TZU, 2002) em soluções para
o mundo corporativo e como em um campo de batalha, determinar eventuais brechas
existentes a fim de consolidar uma posição ou expandir um domínio (MCCREADIE,
2008).
Nesse contexto, da metade do século XX em diante, após a segunda guerra mundial,
diversos autores vêm apresentando definições e técnicas de estratégia no âmbito
empresarial, proporcionando aos gestores ferramentas de gestão estratégica às suas
organizações (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010).
A partir deste conhecimento, é então necessário, de acordo com Mintzberg et al.
(2007), que as organizações adotem estratégias no auxílio ao seu desenvolvimento,
através de um padrão de crescimento de maneira sustentável.
Esse padrão será fundamental em todo o processo da estratégia (SLACK;
CHAMBERS; JOHNSTON, 2002), mas para tal é necessário adotar um modelo, cujos
valores estejam em consonância com os padrões do desenvolvimento sustentável,
agregando à organização uma nova percepção de imagem da empresa, o que será
relevante na conquista e manutenção de seus clientes (EMMERICK; PEREIRA, 2007).
No entanto, antes de se formular um modelo é necessário conhecer o conceito de
estratégia para sua formulação, apesar de que, de acordo com Mainardes, Ferreira e
Raposo (2012), não existe uma definição única sobre o que seja, devido ao
conhecimento existente a respeito ainda estar em fase de construção (EVANS;
STONEHOUSE; CAMPBELL, 2012; MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010;
TSE; JOGARATNAM, 2008).
Segundo Mintzberg; Ahlstrand e Lampel (2010, p. 177), as estratégias são formadas
como parte da cultura organizacional, ao longo do tempo, a partir das ações e atitudes
realizadas pelas pessoas que detém conhecimento dentro da empresa, “algumas
vezes de forma acidental, sem considerar as consequências estratégicas”.
No entanto, decisões acidentais não é o que se espera de uma estratégia baseada
nos requisitos da sustentabilidade ambiental, que depende de conhecimento e
atitudes conscientes, de maneira a contribuir positivamente com todo o processo da
155
gestão da estratégia e com o desenvolvimento sustentável no ambiente onde a
organização interage.
Porém independente da ferramenta de estratégia adotada é através da gestão que,
segundo Emmerick e Pereira (2007, p. 53), “tem como objetivos principais criar, aplicar
e controlar a estratégia para assegurar à organização o caminho para o sucesso”, que
as empresas incorporam em seus modelos de negócios, as habilidades necessárias
para enfrentar desafios, preparando-as para as tomadas de decisão frente às
eventualidades que possam surgir no caminho de seu desenvolvimento
(MAINARDES; FERREIRA; RAPOSO, 2012).
No auxílio para a formulação da estratégia, Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010)
apresentam as dez escolas de pensamento estratégico (Quadro 12), as quais são
segmentadas em dois grupos, chamados de escolas prescritivas e escolas descritivas.
As escolas prescritivas se preocupam mais em como as estratégias devem ser
formuladas do que como se formam, por outro lado as escolas descritivas são mais
formais, se preocupam com o planejamento sistemático da estratégia, em como são
realmente formadas.
156
Quadro 12 - As dez escolas de pensamento estratégico
Tipos de
Escolas
Nome das
Escolas Visão das Escolas
Pre
scritivas
Escola do Design
Propõe um modelo de formulação de estratégia como um processo de concepção, com a compreensão e análise entre as capacidades internas (forças e fraquezas) e as possibilidades externas (ameaças e oportunidades).
Escola do Planejamento
É um processo que segue os passos da Escola do Design, porém, com suas etapas, de planejamento, organização, revisão, viabilidade, formalmente constituídas, bem definidas e quantificáveis, com previsões e avaliações.
Escola do Posicionamento
O processo analítico, interno e externo, é base para a formulação deste tipo de estratégia, com a visão de que estratégias são posições genéricas com base em cálculos analíticos que são utilizados no processo decisório e no controle das opções oferecidas.
Descritivas
Escola Empreendedora
A estratégia é um processo visionário de um líder que adota a intuição, o julgamento e experiência, com critérios próprios de visão estratégica na perspectiva de sua percepção do negócio.
Escola Cognitiva
É um processo mental de criação, que busca extrair as informações da mente do estrategista para montar estruturas, conceitos, mapas e modelos de maneira cognitiva na criação da estratégia.
Escola de Aprendizado
A estratégia emerge, quando as pessoas individualmente, ou coletivamente, aprendem sobre algo na organização, através própria da capacidade de absorver o conhecimento e através dele definir os fluxos das ações organizacionais.
Escola do Poder
É um processo de negociação, um exercício de influência, em duas dimensões micro é interno e macro é externo. O poder micro ocorre dentro da organização, no confronto entre as pessoas que detém o poder e o poder macro ocorre no ambiente externo à empresa, é o poder sobre outras organizações, na busca de alianças estratégicas coletivas.
Escola Cultural
Tem base no contexto cultural da organização, no processo coletivo de interação social com base nas interpretações, hábitos, crenças e tradições comuns aos membros da organização e relacionadas à história e produtos da empresa.
Escola Ambiental
A formulação da estratégia é vista como um processo reativo, ou seja, a organização é passiva em relação ao ambiente em que está inserido e reage a ele na medida em que este estabelece as pressões e os critérios que devem ser seguidos.
Híb
rid
a
Escola de Configuração
É um processo de transformação que parte de determinadas configurações, que tem características e comportamentos distintos. As estratégias mudam sempre que é necessário corrigir o rumo e alterar para uma nova configuração organizacional
Fonte: adaptado de (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010)
Considerando-se as escolas apresentadas, ressalta-se que esta tese tem um viés
orientado para a formulação do modelo de estratégia relacionado à Escola do
Posicionamento, por considerar que o modelo proposto se baseia nos requisitos,
variáveis e indicadores ambientais, que devem ser utilizados como elementos em uma
estratégia de oferta de valor, com o intuito de posicionar as organizações como
157
empresas que respeitam e adotam as melhores práticas ambientalmente
sustentáveis.
Para essa decisão considerou-se que o processo de formulação do modelo desta tese
é analítico em ambos os ambientes, interno e externo, aceita os fatores genéricos que
influenciam a estratégia adotada, uma vez implementado exigirá uma sustentação
analítica contínua no controle das soluções alternativas que se apresentem e também
no processo decisório (PORTER, 1986, 1992, 1996, 1999).
Apesar dessa definição, vale salientar que, segundo Mintzberg, Ahlstrand e Lampel
(2010, p. 59) “existem centenas de modelos de planejamento estratégico”, no entanto,
os modelos possuem particularidades, com seus critérios, vantagens, benefícios,
sutilezas, limitações e contribuições, existindo, portanto, diversas alternativas de
modelos com a visão do processo da estratégia que a organização necessita.
As dez escolas apresentadas não são, portanto, as únicas, porém segundo os autores
(op. cit.) cada uma delas reflete a prática gerencial e aspectos importantes do
processo de formulação, que em conjunto, de forma sinérgica, se combinam em uma
estratégia única coerente e sustentável.
Definida e Escola, deve-se então estabelecer uma das diferentes estratégias
competitivas que a organização poderia implementar em seu processo de
desenvolvimento (JEVTIĆ; ČUDANOV; KRIVOKAPIĆ, 2012).
Porter apresenta em suas propostas de estratégias genéricas (DÜLGER et al., 2014;
JEVTIĆ; ČUDANOV; KRIVOKAPIĆ, 2012; LOBATO et al., 2009; PORTER, 1986,
1992, 1996, 1999) três opções que as empresas podem desenvolver como vantagem
competitiva em relação aos seus concorrentes, são as estratégias: liderança no custo,
diferenciação e enfoque.
A primeira estratégia genérica contempla fatores que buscam a liderança de mercado
através do custo de todo o processo para proporcionar a oferta, neste caso
relacionado ao volume que se obtém em uma economia de escala, sem a
preocupação de segmentar em relação a um perfil de consumidor ou mesmo em uma
determinada área de atuação da organização.
158
Baseado no conceito de Porter (1986, 1992, 1999, 1996), no âmbito dos navios de
cruzeiros, pode-se dizer que esta estratégia se relaciona à oferta de um produto
turístico de baixo custo, que proporcione uma alta taxa de ocupação das cabines.
A segunda opção de estratégia diferencia-se da primeira ao enfocar um determinado
segmento ou nicho em um mercado em que a empresa atua, ou tem intenção de atuar.
Esta estratégia de posicionamento pode abranger um segmento específico, um
mercado geográfico, ou mesmo um determinado perfil de consumidor.
Em relação aos cruzeiros esta estratégia se relaciona a um produto turístico que pode
ser segmentado por perfil do cruzeirista, por região, pelo luxo oferecido, opções
temáticas, para solteiros ou família, voltados à expedições, entre outros (WARD,
2017).
O terceiro fator estratégico, o qual é sugerido por esta tese para as companhias de
cruzeiros que desejam incorporar a dimensão sustentabilidade ambiental como um
valor estratégico, é conhecido como estratégia de diferenciação e é utilizado quando
uma organização busca se destacar de seus competidores através de alguma
vantagem competitiva específica.
Como é o caso da adoção das melhores práticas ambientais e das atitudes e
resultados obtidos como um fator diferencial para a construção da imagem da
empresa contribuindo, através das ações que visam o equilíbrio ambiental, com o
desenvolvimento sustentável do mercado e por consequência com o desenvolvimento
e crescimento da organização.
Nesse contexto, com o intuito de se diferenciar, Kaplan e Norton (2004), também,
afirmam que uma organização, deve definir sua estratégia com o foco na criação de
valor, no entanto, deve-se tomar cuidado ao se adotar uma estratégia que seja
baseada em um potencial Oceano Vermelho, que é o ambiente conhecido e
amplamente desenvolvido e explorado e não o Azul, que, conforme Kim e Mauborgne
(2005, p. 4) são “todos os setores não existentes” no mercado e se caracterizam “por
espaços inexplorados, pela criação de demanda e pelo crescimento altamente
lucrativo”.
159
Os autores afirmam que a diferença das empresas de sucesso, que adotam a
estratégia do Oceano Azul, de outras empresas, é a maneira como definem suas
estratégias. Quem cria um Oceano Azul, adota a estratégia de inovação de valor, não
apenas a estratégia de valor, uma vez que valor sem inovação pode não ser suficiente
para se destacar em um mercado competitivo.
No entanto, uma empresa, ao adotar a estratégia de valor baseada no
desenvolvimento sustentável e na sustentabilidade ambiental, deve ter em mente que
essa estratégia não pode ser temporária, como um Oceano Azul com data de validade,
mas uma estratégia de valor em todas as percepções do mercado, como valor de
marca, de imagem e dos produtos e serviços oferecidos.
Portanto, neste contexto estratégico, a adoção de práticas sustentáveis nas
organizações pode ser considerada uma vantagem competitiva em uma política a ser
seguida em suas ações voltadas ao seu desenvolvimento e das comunidades onde
interage.
Dessa maneira, em uma estratégia de diferenciação, este novo requisito, por ser
inicialmente único, torna-se relevante em um ambiente competitivo (PORTER, 1986).
Da mesma forma a sustentabilidade ambiental, como um elemento do tripé da
sustentabilidade e como um fator intangível no produto turístico cruzeiro marítimo,
também, poderá ser incorporado como um atributo estratégico.
Essa dimensão poderá ser percebida, em um primeiro momento, como um benefício,
porém, ao longo do tempo deixará de ser um diferencial competitivo no processo de
escolha, para tornar-se uma alternativa lógica do consumidor consciente com as
demandas do planeta, podendo também se tornar um produto substituto às
alternativas de compra (PORTER, 1986), como os hotéis e resorts, por exemplo.
Ressalta-se que, ao se tratar de sustentabilidade ambiental, uma dimensão que tem
estado na pauta das discussões da ONU e dos Estados membro, não se pode
simplesmente adotar este fator como um diferencial competitivo com o objetivo único
de conquistar clientes, o que se espera é que a estratégia de uma organização, com
entrega de valor, tenha nos requisitos da sustentabilidade ambiental um fator implícito
nos seus princípios e valores, assim como deve ser a qualidade dos produtos e
serviços.
160
De qualquer maneira, estrategicamente a empresa se diferenciará dos seus
concorrentes que ainda não adotaram esses princípios, com a pretensão de que os
clientes atuais e potenciais percebam a imagem da organização como sendo de uma
empresa ambientalmente sustentável, antes mesmo que não seja mais possível
aceitar produtos e serviços que não atendam a esses requisitos, assim como não se
pode aceitar produtos sem qualidade.
Considerando-se os requisitos da sustentabilidade ambiental como um fator
estratégico, é necessário então formular e implementar a estratégia com base nesse
princípio, porém essa não é uma tarefa simples, mesmo que seja para atender às
orientações da ONU, isso irá requerer pesquisa e análise criteriosa (MINTZBERG;
AHLSTRAND; LAMPEL, 2010).
Deve-se ainda considerar que independente da estratégia adotada, o seu
planejamento permitirá organizar o pensamento, irá consolidar as ideias, transformará
as análises em objetivos e metas, definirá onde a organização pretende chegar,
apesar de que o plano sozinho não surtirá efeito se não for gerenciado
adequadamente.
4.2 Plano de gestão estratégica de valor e suas etapas
Levando-se em consideração que a gestão estratégica é um elemento do
planejamento, deve-se entender que a estratégia só será eficaz se a organização
enxergar a gestão como um pilar fundamental e a sua precisa formulação como um
de seus principais elementos, afinal, não é só o planejamento que importa, mas
também o gerenciamento, isso significa dizer que no processo organizacional a gestão
estratégica é tão importante quanto o próprio planejamento (EMMERICK; PEREIRA,
2007; PRAHALAD; HAMEL, 2005).
Para que a estratégia funcione, no entanto é necessário que a organização capacite
sua estrutura e incorpore a sustentabilidade como cultura corporativa, investindo na
confiança, engajamento e lealdade dos colaboradores, para que possa se considerar
uma empresa sustentável e dessa maneira interagir com as partes interessadas no
âmbito de sua atuação e em seu objetivo de influenciar o ambiente em que a
organização faz parte, como a própria comunidade.
161
De acordo com Tse e Jogaratnam (2008), Evans, Stonehouse e Campbell (2012) e
Tesone (2012), a noção de estratégia e gestão estratégica, por parte dos gestores,
também é essencial para o turismo, pois permite que um plano bem elaborado e
gerenciado adequadamente possa atender a oferta de valor desejada e esperada
pelas partes interessadas, em um ambiente agradável e com serviço de acordo com
as expectativas.
Conforme Tesone (2012), o maior benefício da gestão estratégica é que ela
organizará a compreensão das forças que existem no ambiente externo
proporcionando o fortalecimento das forças internas, é a maneira como as
organizações poderão obter vantagem competitiva através de uma performance
estratégica superior.
No processo da estratégia, que contempla o planejamento e a gestão do plano na
busca pela excelência, a organização necessitará identificar nos fatores estratégicos,
que se relacionam com o ambiente interno e externo, uma maneira de conectar a
estratégia planejada com todas as partes interessadas.
Nesse processo de gestão, o planejamento contempla as etapas (Figura 9) que devem
estabelecer como a organização deve agir para que a estratégia estabelecida no plano
seja implementada com sucesso, significando que “o planejamento sintoniza a
estratégia com a organização e [...] o planejamento estratégico estabelece o que a
organização irá fazer e indica como as atividades do processo tornarão realidade o
que foi planejado” (EMMERICK; PEREIRA, 2007, p. 51).
162
Figura 9 - O processo da gestão estratégica
Fonte: adaptado de (BAPTISTA, 2003; EMMERICK; PEREIRA, 2007; KOTLER, 2000; OKUMUS;
ALTINAY; CHATHOTH, 2010)
De acordo com Emmerick e Pereira (2007), o sucesso da gestão estratégica depende
da atuação dos gestores em todo o ciclo (Figura 9), é um processo contínuo, dinâmico
e sinérgico, que faz deles figuras chave no comprometimento com a proliferação dos
conceitos e técnicas em todos os níveis e para todos membros da organização.
Kotler e Keller (2012) afirmam que serão os gestores quem irão cumprir a missão
definida como propósito, direção e oportunidades declaradas pela organização e que
determinarão a visão que direcionará o negócio no longo prazo, com base nos valores
estabelecidos para que as metas e objetivos sejam cumpridos.
Segundo os autores (op. cit.), são eles que realizam a análise do ambiente do negócio,
identificando a capacidade de todas as partes interessadas, sejam internas através
da estrutura organizacional ou externa que inclui fornecedores, consumidores,
concorrentes e público em geral, sempre contemplando os fatores do macroambiente
externo quanto aos aspectos demográficas, tecnológico e político-legal, somado às
dimensões do tripé da sustentabilidade em seus ambientes natural, econômico e
social.
Após analisar profundamente todo o ambiente do negócio, será possível interpretar
os objetivos e metas de longo prazo, transformando-os no plano formulado que será
implementado respeitando os princípios da organização e também das partes
163
interessadas, os acionistas, a sociedade, os parceiros internos, os clientes e os
parceiros de negócios (ABNT, 2014; ISO, 2016a).
Através do plano a empresa deverá implementar a estratégia de valor de maneira
transparente a fim de traçar os caminhos orientados pela adoção das melhores
práticas corporativas, considerando os limites internos e externos e os fatores
estratégicos, tendo a sustentabilidade ambiental como um valor intrínseco de sua
existência, de maneira consciente como um elemento para o atendimento das
demandas para o desenvolvimento sustentável (OLIVEIRA, 2015).
Com a adoção desse modelo de negócio os gestores, em um processo contínuo,
deverão realizar um diagnóstico do ambiente, avaliando a estratégia adotada e
atualizando os objetivos e metas de maneira compatível com os princípios da
organização (FERNANDES, 2015; JOHNSON; SCHOLES; WHITTINGTON, 2007;
MAINARDES; FERREIRA; RAPOSO, 2012; SCHNEIDER, 2013; SRDJEVIC;
BAJCETIC; SRDJEVIC, 2012).
Através desse mapeamento constante, será possível posicionar-se adequadamente
no ambiente do negócio, podendo definir as opções e o melhor caminho para atender
à essas metas e objetivos (BAPTISTA, 2003; EMMERICK; PEREIRA, 2007; KOTLER,
2000; OKUMUS; ALTINAY; CHATHOTH, 2010; TSE; JOGARATNAM, 2008).
Nesse processo de gestão, com uma atitude ética e consciente das demandas do
planeta, de maneira sustentável, a empresa poderá gerar valor e atingir aos resultados
esperados, porém, somente se conseguir compreender todo o ambiente onde a
empresa está inserida e não só o próprio negócio, em uma visão de longo prazo.
Nesse contexto, Okumus, Altinay e Chathoth (2010, p. 5), consideram que a gestão
estratégica é
um campo de estudo que envolve o processo pelo qual as empresas definem suas missões, visões, metas e objetivos, bem como elaboram e executam estratégias em vários níveis das hierarquias das empresas para criar e sustentar uma vantagem competitiva. Ela ajuda as organizações a priorizar o que é importante para elas e fornece uma visão holística de uma organização.
Segundo Prahalad e Hamel (2005) o problema de competitividade que as empresas
enfrentam não é devido à competição entre elas, ou por falta de eficiência, mas devido
164
ao atraso em inovar, ou pela falta de criatividade em se conectar com a realidade em
uma visão de futuro. É, portanto, preciso que as empresas enxerguem além das
soluções ortodoxas. De acordo com as autoras, é necessário haver quebra de
paradigmas no processo de formulação da estratégia em uma nova competição pelo
futuro para ver quem conseguirá chegar primeiro a ele.
Para Porter (1986, p. 15) uma estratégia competitiva “é, em essência, o
desenvolvimento de uma fórmula ampla para o modo como uma empresa irá competir,
quais deveriam ser as suas metas e quais as políticas necessárias para levar-se a
cabo estas metas”.
Ressalta-se, no entanto, assim como afirmou Porter (1996), que uma empresa que
possui eficácia operacional não significa que ela tenha um desempenho satisfatório,
que a destaque no mercado em que atua. Para o autor, a essência da estratégia é
fazer diferente do que os competidores fazem e para se diferenciar, é necessário que
atenda às melhores práticas, que seja flexível e que reaja rapidamente em relação às
mudanças que o mercado exige.
Nesse sentido, “a essência da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar
uma companhia ao seu meio ambiente” (PORTER, 1986, p. 22), é, portanto
necessário enfrentar a intensidade com que as forças que orientam a concorrência
exercem, sejam os concorrentes atuais, os novos que estão por vir, ou mesmo os
produtos substitutos, que no caso dos cruzeiros marítimos podem ser os resorts de
praia, ou vice-versa, por também serem meios de hospedagem (AGARWAL, 2002;
AMARAL, 2009; DOWLING, 2006; MENDES; SILVA, 2012; OMT, 2008;
PAPATHEODOROU, 2004; TARLOW, 2012; WALTON, 2009) e por possuírem
conflitos mercadológicos na disputa pelo mercado em que atuam (DOWLING, 2006;
FONSECA, 2012; SANTOS, 2009).
Dessa forma, o modelo deverá contemplar os passos do processo de gestão
estratégica que a organização deve seguir, como uma receita em sua trajetória rumo
ao seu desenvolvimento, tendo na sustentabilidade ambiental a sua linha mestra, um
dos elementos de um tripé, que somado aos outros dois elementos, econômico e
social, permitirá que a empresa seja vista como um agente de mudança, um modelo
165
de destaque a ser seguido, que entrega valor não só no ambiente em que atua, mas
além dele.
4.3 Sustentabilidade ambiental como um princípio de valor estratégico
Com base no resultado da pesquisa exploratória, pode-se dizer que uma empresa que
adota a sustentabilidade ambiental como um fator estratégico, em seus princípios e
valores, estará contribuindo para o desenvolvimento e consequente crescimento
sustentável do planeta.
Stubbs e Cocklin (2008) corroboram ao enfatizar que as organizações só serão
sustentáveis se o modelo estratégico voltar-se de maneira prioritária às questões
sociais e ambientais. Os autores afirmam, ainda, que em um modelo sustentável de
negócio, os conceitos, no âmbito da sustentabilidade, é que devem estabelecer os
critérios de tomada das decisões.
Isso significa dizer, conforme afirmam Schaltegger, Lüdeke-Freund e Hansen (2016),
que a sustentabilidade não será alcançada se as organizações não adotarem o
desenvolvimento sustentável como modelo de negócio, como um fator estratégico
chave.
Porém, ser estratégico não significa que se deva somente adotar um discurso focado
na sustentabilidade. O discurso não importa se a atitude não for proativa, eficaz e com
base em conceitos reconhecidos pela comunidade científica, portanto as
organizações somente serão sustentáveis se estiverem em consonância com as
orientações do COP 21 e dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS)
definidos pela ONU (2015b).
Assim, o Objetivo 14 - Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos
recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável, de interesse desta tese, pode
ser adotado pelas companhias de cruzeiros marítimos como um valor estratégico, em
uma missão corporativa, que deve refletir na estratégia formulada pelas empresas que
operam navios de cruzeiro.
Porém, para que essa estratégia seja eficaz, esses princípios e valores precisam fazer
parte de todas as etapas do processo de gestão, sem exceção, em todas as análises
e decisões, em todos os níveis e atividades, no posicionamento e atitude dos
166
colaboradores e acionistas (MMA, 2016d; SAMPAIO, 2003), desde o processo inicial
na fase de conscientização, até o final, na implementação e consolidação, de maneira
a refletir na imagem da organização como uma empresa que entrega valor por ser
ambientalmente sustentável.
Para Prahalad e Ramaswamy (2004), criar valor significa encontrar, através da
experiência de cocriação, uma solução que deve ser desenvolvida através de
interações entre a oferta e a demanda, em um determinado local, por um determinado
período de tempo no atendimento à uma certa necessidade.
Essa sintonia entre fornecedor e consumidor, visando primeiro conhecer as reais
necessidades para depois atendê-las, significa que a estratégia adotada na
formulação de um plano estratégico deverá estabelecer um processo de interações
propositadas e troca de experiências personalizadas, entre o consumidor, que busca
seu bem estar e a empresa, que aspira seu crescimento no mercado, criando assim
uma estratégia na demanda em um processo evolutivo da estratégia da oferta
(PRAHALAD; RAMASWAMY, 2004; RAMOA, 2014; RAMOA et al., 2015).
Ainda sobre valor, Kotler (2000) esclarece que este fator é a relação entre os
benefícios que o consumidor recebe e aquilo que ele oferece em troca. Os benefícios,
segundo Kotler (2000), Dev e Schultz (2005) e Schultz e Dev (2012), podem ser
funcionais ou emocionais, e o custo total pode ser um conjunto de diversos fatores,
como o custo financeiro, o tempo dispendido, a energia gasta e os custos psicológicos,
que são entregues na compra de um produto, ou na realização de uma experiência
para a obtenção da satisfação desejada.
Deve-se considerar, no entanto, que para um consumidor não importa se valor é um
fator subjetivo, se é tangível ou intangível, no final, por depender de sua percepção,
em sua avaliação, ele sempre estará buscando bem estar e melhor qualidade de vida
ao satisfazer seus desejos e necessidades (ALBRECHT, 2004; DIAS, 2015; KOTLER,
2000; SILVA; FERNANDES, 2014).
Dev e Schultz (2005) e Schultz e Dev (2012) esclarecem que a empresa no
atendimento às necessidades de seus clientes precisarão primeiro entender o
mercado, para depois estabelecer qual é o valor desejado, a fim de poder avaliar os
167
recursos disponíveis e então executar um plano eficaz que reflita na satisfação e
resultados pretendidos.
Os autores (op. cit.) complementam que feito isso, será necessário avaliar alternativas
de valor que poderão ser oferecidos aos clientes e se eles as desejam, ou precisam
desse valor. Em seguida, a organização deverá determinar como irá realizar o plano
e como medirá os resultados da satisfação em relação ao valor que foi entregue ao
cliente e não somente o retorno que a empresa teve.
Para implementar esse plano Dev e Schultz (2005) apresentam uma evolução do mix
de marketing6, que atende pelo acrônimo SIVA (Solução, Informação, Valor e Acesso),
considerada uma ferramenta estratégica que evoluiu das necessidades da empresa
para um conjunto de fatores estratégicos que atendem as necessidades da demanda,
justamente com foco no valor que é desejado pelo cliente para atender aos seus
desejos e melhorar sua qualidade de vida (DEV; SCHULTZ, 2005a, 2005b).
Sobre o SIVA, Ramoa (2014) e Ramoa et al. (2015) afirmam que a solução poderá
atender aos desejos e necessidades do cliente se o foco for na entrega de valor, no
entanto, ela será mais eficaz se houver sua participação no processo, ou seja, o foco
deve ser no cliente e não somente do cliente, como em um processo de cocriação de
valor (PRAHALAD; RAMASWAMY, 2004).
No contexto dos cruzeiros marítimos, como um sistema em um processo contínuo e
sinérgico, a Solução estratégica para as companhias que tem a intenção de
proporcionar bem-estar aos seus clientes a partir da adoção das melhores práticas
ambientais, deve estar relacionada, também, com a transparência em Informar essas
atitudes de entrega de Valor às comunidades que interagem com seus navios de
cruzeiros, o próprio ambiente marinho ao longo do percurso, os portos, terminais
marítimos, passageiros, comunidades e o próprio destino, proporcionando todas as
Informações inerentes ao sistema, com Acesso livre ao mecanismo de controle dos
6 O mix de marketing é uma ferramenta estratégica que considera fatores que influenciam o comportamento do consumidor (KOTLER; KELLER, 2012). É uma ideia original de Borden (1984) concebida nos anos de 1940 a qual foi adotada como os 4Ps (Produto Preço, Praça e Promoção) por McCarthy (PERREAULT JR; MCCARTHY, 2003) no final dos anos de 1950 e popularizada nas últimas décadas por Kotler (SCHULTZ; DEV, 2012). O conceito evoluiu ao longo dos anos para os 4Cs (Cliente, Custo, Conveniência e Comunicação) (SCHULTZ; TANNENBAUM; LAUTERBORN, 1994) e posteriormente para o SIVA (Solução, Informação, Valor e Acesso) (DEV; SCHULTZ, 2005a, 2005b).
168
requisitos ambientais, variáveis e resultados obtidos dos indicadores, por parte das
partes interessadas envolvidas, direta ou indiretamente com o processo.
Portanto, a partir desse entendimento as empresas de cruzeiros devem buscar
atender aos seus clientes não somente no contexto comercial e econômico, mas
também através da entrega de valor que se relacione com a adoção das melhores
práticas ambientais com a visão de proporcionar resultados não somente à própria
empresa e ao seu cliente, mas também a todas as partes interessadas, que interagem
com o sistema.
Objetivamente para o consumidor de um produto ou serviço, a essência da estratégia
estará em uma proposta de valor que englobe o conjunto de fatores que avaliem o
desempenho e as funções que se propõe, tais como inovação, qualidade, custo,
opções, serviço e imagem (KOTLER, 2000; PORTER, 1986; SILVA; FERNANDES,
2014).
Agrega-se a esses fatores a sustentabilidade como um princípio, como uma nova
oferta de valor, que será agregada em um primeiro momento como sustentação a uma
estratégia pontual da empresa, porém, a ser incorporada como um requisito natural
da demanda global.
Essa decisão estratégica vai de encontro à afirmação de Oliveira (2015, p. 339) que
define valor como sendo “o conjunto dos princípios, crenças e questões éticas
fundamentais de uma empresa”, sustentando as decisões estratégicas no processo
de competição no mercado em que atua.
De acordo com Emmerick e Pereira (2007, p. 53), “é pela estratégia que a organização
define como lidar com a concorrência” ao enfrentar as forças competitivas do mercado,
sejam de produtos do mesmo segmento ou mesmo os substitutos, uma organização
precisa ter uma posição eficiente e flexível em situações onde o ambiente possa
interferir no processo de desenvolvimento e de geração de valor, no atendimento aos
desejos e necessidades dos consumidores.
Porém, tem-se que tomar cuidado para não confundir valor com preço baixo, o que é
comum para algumas organizações que acreditam que podem fornecer valor
agregado somente oferecendo produtos baratos, tentando atrair clientes sensíveis ao
169
preço, o que pode ser um erro (AMBEC et al., 2013; DOBBS, 2014; DOH; LAWTON;
RAJWANI, 2012; KARAGIANNOPOULOS; GEORGOPOULOS; NIKOLOPOULOS,
2005; PORTER, 1986; RAMOA; ARDIGÓ; FLORES, 2016).
A menos que a estratégia da empresa seja baseada na liderança pelo custo (DÜLGER
et al., 2014; JEVTIĆ; ČUDANOV; KRIVOKAPIĆ, 2012; LOBATO et al., 2009;
PORTER, 1986, 1992, 1996, 1999), conforme visto anteriormente, neste caso
buscando-se volume de venda, tendo a entrega de valor relacionada a algum outro
fator estratégico.
Isso significa que na formulação da estratégia, baseada na diferenciação, a adoção
de valor é feita não pelo preço, mas através de elementos obtidos em soluções
sustentáveis que reflitam na imagem positiva da empresa e em seu desenvolvimento,
onde só oferecer melhores serviços, melhor qualidade e confiabilidade superior, já não
é suficiente, isso já está implícito para o cliente.
O que a empresa precisa é proporcionar ao mercado uma solução diferenciada que
signifique para ele valor baseado em princípios, que contribua para a melhora da
qualidade de vida atual e como uma perspectiva para o futuro.
A estratégia precisa ser avaliada constantemente para sustentar qualquer vantagem
que a solução possua, informando os atributos do produto ou serviço de maneira
adequada e facilitando o acesso, sempre fazendo com que o cliente perceba o
coquetel de valor que proporcionará não só satisfação, mas também, uma imagem
positiva que será percebida, também, pelo ambiente onde a empresa está inserida
(DEV; SCHULTZ, 2005a; JEVTIĆ; ČUDANOV; KRIVOKAPIĆ, 2012; KOTLER, 2000;
OKUMUS; ALTINAY; CHATHOTH, 2010; RAMOA et al., 2015; SCHULTZ; DEV,
2012).
De acordo com Baptista (2003, p. 30) “o primeiro passo numa efetiva gestão
estratégica é o de identificar as forças de mudança emergentes e escolher os métodos
competitivos que permitam concorrer no futuro”.
Assim quanto mais cedo ela for percebida pelo mercado como uma empresa
ambientalmente sustentável, mais cedo ela será admirada e desejada com o intuito
170
de atender às necessidades dos consumidores conscientes das demandas para o
desenvolvimento sustentável.
Segundo Jevtić, Čudanov e Krivokapić (2012), as abordagens mais eficazes para
oferecer soluções diferenciadas são aquelas que são difíceis de serem copiadas pelos
concorrentes, é a singularidade como foco para atender ao segmento-alvo, sendo que
a estratégia atinge ao seu objetivo quando, na percepção dos clientes, a organização
consegue atender as expectativas relativas ao valor agregado do produto ou serviço
ofertado, diferenciando-se das ofertas existentes, independente de quanto os
consumidores dispõem-se a pagar por isso.
No entanto, este não é o caso da sustentabilidade ambiental, enquanto fator
diferenciado, que poderá agregar valor à imagem percebida pelos clientes, pois essa
estratégia é uma necessidade do planeta, uma obrigação das empresas e não apenas
uma demanda pontual que será atendida para a conquista de um segmento ou nicho.
De acordo com Kotler (2000, p. 279) segmentos “são grandes e atraem vários
concorrentes” e os “nichos são pequenos e normalmente atraem apenas um ou dois
concorrentes”, ou seja, não é o que se deseja, o que se espera é que todo o planeta
esteja em sintonia com os objetivos para o seu desenvolvimento sustentável.
Afinal, particularmente, a sustentabilidade ambiental não pode ser uma estratégia que
vise apenas uma determinada região geográfica, em uma estratégia de enfoque
(DÜLGER et al., 2014; JEVTIĆ; ČUDANOV; KRIVOKAPIĆ, 2012; LOBATO et al.,
2009; PORTER, 1986, 1992, 1996, 1999), ela deve atender a todos e em todos os
lugares do planeta como um princípio existencial.
É o que consideram Jevtić, Čudanov e Krivokapić (2012), quando afirmam que a
estratégia deve ser um objetivo fundamental, o ponto de partida em uma organização,
como parte de seus valores, missão e visão (CASSIDY, 2016; WRIGHT; KROLL;
PARNELL, 1998), não como uma solução completa e definitiva, mas apenas o início
de um processo quando outros elementos de análise do ambiente para a formulação
da estratégia serão definidos e as decisões estratégicas serão tomadas.
Para Wright, Kroll e Parnell (1998), no dia a dia, o ambiente em que uma organização
está inserido é dinâmico, com muitas variáveis que exigem dos gestores decisões
171
rápidas, a partir de informações concisas, porém, devendo ser precisas. Isso significa
que na gestão de uma estratégia que foi conscientemente formulada, a maneira como
os gestores tratam essas informações e as transformam em decisões estratégicas,
farão a diferença entre a organização bem-sucedida e as problemáticas ou
ineficientes.
Quando uma organização tem o objetivo de se desenvolver e crescer no mercado em
que atua, é necessário sensibilizar o consumidor das demandas para o
desenvolvimento sustentável.
Portanto, de acordo com Jevtić, Čudanov e Krivokapić (2012), ao implementar uma
estratégia, a empresa precisa definir seu caminho, qual direção pretende seguir para
atender às metas e objetivos, é necessário que o escopo de suas decisões
estratégicas contemple os segmentos-alvo da organização, porém com o foco em
todos os consumidores, independentes se são, ou serão, sensibilizados com os
produtos ambientalmente sustentáveis. É como a organização entregará valor e se
diferenciará de seus concorrentes.
Prahalad e Hamel (2005) e Johnson, Scholes e Whittington (2007), também, afirmam
que uma empresa precisa identificar a direção que deve seguir no macroambiente,
reconhecendo lacunas estratégicas e oportunidades no mercado, para a construção
de cenários alternativos. Porém, de acordo com Mintzberg e Lampel (2002, p. 60) ao
elaborar uma estratégia é necessário que haja um incentivo voltado às “preocupações
da vida real, e não por conceitos retificados”.
Neste caso, a adoção dos princípios da sustentabilidade ambiental e sua utilização
como estratégia empresarial poderá levar a empresa a um outro nível na expectativa
e percepção de seu público.
É necessário, então que se procure enxergar todo o processo, a partir de seu conteúdo
e de suas implicações e influências, mesmo que não seja possível ter essa visão
holística pretendida é preciso compreender as partes para que o todo seja
compreendido (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010), com isso será possível
construir uma imagem relacionada a valores que possam ser positivamente
percebidos pelo mercado.
172
De acordo com Beltrán-Bueno e Parra-Meroño (2016) a imagem é um fator chave
considerado pelos turistas, no seu interesse em visitar um destino. É o que afirmam
Flores e Mendes (2014), que consideram que é o turista, em sua percepção, quem
melhor contribui com a formação da imagem de um destino, uma vez que a imagem
está relacionada com suas emoções, como consumidor de um produto, ou serviço
turístico (RECH; FARIAS, 2008).
Portanto, o posicionamento com o foco na sustentabilidade ambiental, também, pode
ser uma estratégia válida, como argumento de marketing em uma organização, por
ser um fator relevante na construção da imagem perante seu atual, ou potencial,
cliente (JANISZEWSKA; INSCH, 2012).
Porém, insiste-se que, por princípio, a sustentabilidade ambiental não é uma
alternativa, é um fator estratégico que visa o desenvolvimento de uma organização
que não foca apenas no lucro, mas no valor agregado que o desenvolvimento
sustentável traz (GÖSSLING et al., 2012; KRAEMER, 2005; LIMA et al., 2012;
MCNAMARA; GIBSON, 2008; MELISSEN, 2013; MORIARTY, 2012; OLIVEIRA;
MARTINS; LIMA, 2010; OLIVEIRA et al., 2012; POMERINGA; NOBLEA; JOHNSON,
2011), o qual no final poderá refletir no seu desenvolvimento e consequente
crescimento.
4.4 Fatores ambientais em um modelo de gestão estratégica de valor
Para o WEF (WEF, 2016), como estratégia de crescimento, de um país, ou mesmo
uma empresa, é necessário desenvolver práticas sustentáveis, uma vez que os
recursos naturais da Terra são limitados ou são renovados a uma determinada taxa,
que eventualmente pode levar ao esgotamento de recursos essenciais.
Esse problema gera, então uma necessidade de se encontrar soluções que combinem
o desenvolvimento com a capacidade de carga do planeta, a fim de se evitar que os
recursos, que são limitados, se tornem um impedimento ao crescimento e ao
desenvolvimento sustentável.
Uma solução é então apresentada por esta pesquisa de tese, considerando-se os
cruzeiros marítimos como objeto de estudo. Pressupõe-se que a dimensão
sustentabilidade ambiental é um fator estratégico, uma maneira de adicionar valor ao
173
produto turístico e uma alternativa às empresas, que desejam se destacar em um
mercado com consumidores cada dia melhor informados, conectados e ativos sobre
as questões globais (PRAHALAD; RAMASWAMY, 2004), tornando-se cada vez mais
conscientes e sensíveis das demandas do planeta e em função disso buscam atender
suas expectativas em produtos ambientalmente sustentáveis (CHIU; LEE; CHEN,
2013; FODNESS, 2016; LIN, 2017; PIRES, 2012; TIAGO et al., 2016). Este é um dos
postulados que está sendo incorporado no processo de formulação da estratégia
desta pesquisa.
No entanto, pode-se enfrentar um problema ao se formular uma estratégia com
atributos ambientais, que é o de conscientizar os céticos, as pessoas que se
conformam com a modernidade líquida de Bauman (2005), que considera este um
período em que impera a individualidade, a fragilidade dos laços humanos e da fluidez
das solidariedades.
Porém, ao se olhar a modernidade líquida com um outro prisma, com uma visão
estratégica, Vogel e Oschmann (2013, p. 68) sugerem que essa situação
contemporânea pode ter sido uma pré-condição para o setor de cruzeiros crescer fora
de seu “pequeno nicho elitista”, o que permitiu tornar-se o negócio global que é hoje.
Segundo os autores, (op. cit.), essa visão líquida criou os cruzeiros com estilo livre,
aqueles sem horários fixos das refeições, sem assentos previamente marcados, com
entretenimento o tempo todo, com infraestrutura a bordo que permite aos passageiros
que escapem de aglomerados de pessoas, que proporciona mais liberdade a bordo
devido ao tempo menos estruturado e mais líquido para os passageiros, fazendo-os
questionar se este tipo de cruzeiro não seria uma estratégia ocacional.
Elucubrações à parte, espera-se que no final as pessoas se sensibilizem com os
problemas ambientais e com as demandas do planeta, caso contrário correm o risco
de verem a transformação de ativos em passivos e habilidades em incapacidades e
assim comprovarem que a Teoria de Gaia, de Lovelock (LOVELOCK, 2000;
LOVELOCK; MARGULIS, 1974), é correta.
De acordo com Lovelock, a Terra é resiliente e como um organismo vivo é capaz de
obter energia para seu funcionamento, de regular o clima e a temperatura, de eliminar
os detritos, porém, já se encontra em um ponto sem retorno, devido à ação destrutiva
174
do homem e que apesar de sua capacidade de se autorregular se tornará um ambiente
inóspito para os seres humanos, fazendo com que o desenvolvimento sustentável não
seja suficiente por já ter passado do tempo de recuperação (VALADÃO et al., 2008).
Apesar dessa visão apocalíptica, essas reflexões sobre o processo de estratégia
servem para perceber e orientar a pesquisa, direcionando as organizações aos
princípios éticos, com estratégias orientadas para o futuro, com crescimento e lucro
como consequências das ações, voltadas ao desenvolvimento sustentável, da própria
empresa e de todas as partes interessadas, com transparência, ética e integradas ao
processo da vida.
Portanto, apesar de se considerar que não há um “melhor caminho” para a formulação
de uma estratégia, mas uma orientação que deve indicar a direção geral da
organização, conforme afirma Mintzberg et al. (2007, p. 7), espera-se que a
sustentabilidade ambiental seja incorporada como um princípio estratégico, a ser
seguido por todos, em todos os momentos, orientando a empresa rumo a um melhor
horizonte futuro, conforme sugere o autor (op. cit.), em um planeta melhor de se viver,
conforme orienta a ONU.
Neste contexto, apresenta-se o modelo de estratégia baseado em valores ambientais,
que orienta esta tese, e que será sugerido para as organizações marítimas que
operam navios de cruzeiro (Figura 10).
175
Figura 10 - Modelo teórico de estratégia de valor baseado na sustentabilidade ambiental
Fonte: elaborado pelo autor
A Figura 10 representa o modelo no qual uma empresa deve se inspirar para
efetivamente ser considerada como uma organização ambientalmente sustentável.
Propositadamente as fontes de informações, representadas pelos blocos, não
possuem indicação de ligação, por serem fontes que se relacionam de maneira
flexível, com os conceitos e regulamentações normativas e orientativas, interagindo
entre si.
O modelo de gestão deve ser, então, construído com base nos fatores estratégicos
obtidos nas regulamentações ambientais, no caso particular desta tese com ênfase
ao ambiente marinho e ao setor de cruzeiros marítimos, em conjunto com as
informações originárias dos influenciadores das decisões relacionadas à
sustentabilidade ambiental, obtidas em relatórios, livros e pesquisas técnico-
176
científicas sobre ambiente da pesquisa e com as pessoas que possam interferir ou
sofrer com algum tipo de impacto.
Como em um ambiente sistêmico, que busca por soluções sustentáveis, todos os
elementos do modelo devem interagir de maneira interdependente e transparente,
porém como se estivessem interligados, para que se possa adotar práticas ambientais
com percepção e visão adequada da realidade do mundo atual, no entanto com visão
de longo prazo, respeitando-se todas as gerações, atuais e futuras (CAPRA, 1997).
No contexto ambiental o modelo sugere que as organizações elenquem os requisitos
e variáveis que devem prioritariamente ser avaliados e que servirão de orientação na
definição dos indicadores ambientais que, de maneira transparente, serão divulgados
a todas as partes interessadas a fim de refletir a real imagem de uma empresa
ambientalmente sustentável.
A partir do amplo domínio dos conceitos de gestão estratégica, que subsidiarão a
formulação do modelo, será possível às companhias marítimas compreender a
realidade do ambiente no qual estão inseridas, como um recurso indispensável para
enfrentar os desafios de ordem econômica, social e ambiental e suas relações.
No caso desta tese, é importante relembrar que o estudo se limita a definir e
apresentar os requisitos e variáveis da sustentabilidade ambiental para o produto
turístico cruzeiro marítimo a partir das informações coletadas na pesquisa qualitativa,
obtidas nos capítulos anteriores e com base nos resultados da pesquisa quantitativa
apresentada na sequência, logo após a apresentação da metodologia da pesquisa.
Em um momento futuro, após definirem-se os requisitos e consequentemente as
variáveis ambientais, somando-se os parâmetros de dados obtidos nas
regulamentações de cada região de atuação, será possível definir os indicadores
estratégicos da sustentabilidade ambiental.
Isso fará com que a formulação da estratégia de valor com base nos requisitos da
sustentabilidade ambiental posicione adequadamente as companhias marítimas
quanto às orientações da ONU e como consequência cooperando com a manutenção
do equilíbrio ambiental do planeta, contribuindo para a sustentabilidade social e
subsidiando o desenvolvimento econômico.
177
Estrategicamente, no âmbito das companhias de cruzeiros marítimos ressalta-se que,
além de se adotar as melhores práticas ambientais, não basta somente transportar os
cruzeiristas, a responsabilidade não se encerra nos limites do navio, pois é necessário
que haja conscientização dos impactos causados nas comunidades em que interage,
ao integrar pessoas, economias e culturas nas viagens que realiza.
Assim, a gestão estratégica com base na dimensão Sustentabilidade Ambiental,
enquanto elemento do tripé da sustentabilidade, proporcionará às companhias
marítimas subsídios indispensáveis na busca de inovações que permitam alcançar
metas de crescimento econômico com a conservação dos recursos naturais.
A partir do modelo teórico, apresentado neste item, será possível incorporar os
respectivos fatores, representados pelos requisitos e variáveis ambientais, ao modelo
de gestão, que é apresentado como parte dos resultados deste estudo, no item 6.2
Estudo 2: Sustentabilidade ambiental: um valor estratégico na orientação de um
modelo de gestão para o setor de cruzeiros marítimos.
Antes dos resultados da pesquisa e o modelo de gestão de estratégia de valor para
os navios de cruzeiros marítimos, apresenta-se no próximo capítulo a metodologia da
pesquisa com o detalhamento da tipologia, procedimentos e técnicas adotadas para
a elaboração desta pesquisa de tese.
5. METODOLOGIA DA PESQUISA
De acordo com o dicionário Merriam-Webster (2018), pesquisa significa realizar
uma investigação cuidadosa que visa a descoberta e interpretação de fatos,
obtenção de informações ou revisão de teorias ou leis à luz de determinados
assuntos, ou aplicação prática de tais teorias ou leis para se encontrar novos
conhecimentos sobre algo.
Para a realização de pesquisas, segundo Panosso e Trigo (2009) instituições
públicas e privadas, incluindo as universidades, vem se organizando com o
intuito de analisar as variáveis que compõem os diversos ambientes. Essa
análise, de acordo com Dencker (2003), possibilitará ao homem interagir e
intervir na construção de um novo cenário mais estável, o que proporcionará o
desenvolvimento sustentável deste ambiente.
Visando contribuir com a construção de um novo conhecimento que contempla
a convergência da formulação de uma estratégia empresarial com os requisitos
da sustentabilidade ambiental nos navios de cruzeiros marítimos, esta pesquisa
de tese tem sua metodologia relacionada às quatro etapas do estudo, as quais
visam atender ao objetivo geral da pesquisa. Cada etapa do estudo corresponde
a um dos quatro objetivos específicos. Estas fases e respectivos objetivos do
estudo são apresentados na Figura 11 e os respectivos detalhamentos são
exibidos na sequência.
179
Figura 11 - Etapas da pesquisa e respectivos objetivos específicos
Fonte: Elaborado pelo autor
A Figura 11, autoexplicativa, apresenta as etapas do estudo, as dimensões e os
respectivos objetivos específicos para a construção do modelo proposto,
relacionando-se à cada capítulo onde a dimensão é analisada e descrita.
No Quadro 13 apresenta-se a síntese das metodologias adotadas em cada etapa
da pesquisa.
180
Quadro 13 - Metodologia adotada nas etapas da pesquisa
Fonte: elaborado pelo autor
As três primeiras etapas da pesquisa são exclusivamente exploratórias e
descritivas e servem de base teórica para a formulação do modelo proposto, o
qual é apresentado na quarta fase do estudo. Ao longo do capítulo 6,
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS, utilizando-se os dados
obtidos na pesquisa teórica da tese para se discutir, na pesquisa empírica, o
modelo com o intuito de confirmá-lo e propô-lo às companhias de cruzeiros
marítimos.
OBJETIVO
ESPECÍFICODADOS ABORDAGEM FONTES
PROCEDIMENTOS
DE
COLETA
VARIÁVEIS
DE
ANÁLISE
TRATAMENTO
E
ANÁLISE
1
Primários
e
secundários
Levantamento dos
dados qualitativos
voltados aos
princípios da
sustentabilidade
ambiental
Dimensões da
sustentabilidade
2
Primários
e
secundários
Descrição dos
requisitos
ambientais
contidos nos dados
qualitativos obtidos
na etapa anterior
3
Primários
e
secundários
Descrição das
variáveis
ambientais
relacionadas ao
produto turístico
cruzeiro marítimo
contidas nos
requisitos
ambientais
4Pesquisa
empíricaQuantitativa
Portos e terminais
marítimos,
Organizações
especialistas em
sustentabilidade
ambiental,
Companhias de
cruzeiros
Envio de
questionários,
através do software
Survey Monkey,
com questões
estruturadas e
fechadas, sendo
cinco com opção
de múltipla escolha
e duas em escala
tipo Likert
Fatores
estratégicos e os
Requisitos e
Variáveis
relacionadas ao
contexto da
sustentabilidade
ambiental
Publicações
técnicas e
científicas e
regulamentações
voltadas aos
princípios da
sustentabilidade Os requisitos e
variáveis
ambientais
foram utilizados
na formulação
do modelo de
gestão
estratégica
Qualitativa
Requisitos e
Variáveis
relacionadas ao
contexto da
sustentabilidade
ambiental
181
5.1 Visão geral da metodologia da pesquisa
O turismo, assim como ocorre em outras áreas, necessita da pesquisa para
investigar, questionar, discutir realidades, sistematizar informações para formar
uma base sólida, a partir de situações e realidades descritas, e então construir
novos conhecimentos (SANCHO-PEREZ, 2006).
Essa sistematização, que é apresentada nos próximos itens, depende da
tipologia, procedimentos e técnicas que são adotados nesta pesquisa e que
servirão de apoio ao desenvolvimento das etapas do estudo.
5.1.1 Método de abordagem
A abordagem sistêmica, cuja origem está associada à Teoria Geral dos Sistemas
(TGS) elaborada por Bertalanffy (BERTALANFFY, 2008; DOLCI;
BERGAMASCHI; VARGAS, 2008; KASPER, 2000; LOHMANN; PANOSSO-
NETTO, 2012; MACHADO; GOSLING, 2009; MARTINS; THEÓPHILO, 2009;
VASCONCELLOS, 2013), é adotada nesta tese. A TGS considera que um
determinado problema se caracteriza “pela predominância do todo sobre as
partes. Por isso, privilegia o estudo do seu objeto de forma globalizada, com
ênfase nos aspectos estruturais e nas relações entre seus elementos
constitutivos” (MARTINS; THEÓPHILO, 2009, p. 42).
Segundo Bertalanffy (1975), o todo é diferente da soma das partes, ou seja,
sistema é um conjunto de partes que interagem entre si, são interdependentes e
formam um único todo. O pensamento sistêmico tem, portanto, o objetivo de
analisar essas partes, que interagem entre si, formando um novo todo que
contempla informações relevantes que o comporão.
Ainda de acordo com o autor (op. cit.), a TGS é, portanto, um instrumento capaz
de criar modelos que serão utilizados em diversas áreas evitando-se o risco de
se adotar analogias superficiais. A interação entre os conceitos e informações
de diversas áreas será adotada nesta tese, a qual considera que as partes serão
compostas pelos requisitos e variáveis da Sustentabilidade Ambiental, pelos
conceitos da Formulação da Estratégia e pelas características dos Cruzeiros
182
Marítimos, sendo que cada dimensão formará um todo interdependente que ao
interagirem entre si formarão um novo todo que comporá o modelo integrado de
gestão estratégica empresarial, que contemplará os requisitos estratégicos da
sustentabilidade ambiental, sistematizado para os cruzeiros marítimos. Uma
visão ilustrativa deste modelo, com base na TGS, será apresentada mais adiante
no item 6.2 Estudo 2.
Relativo à esta pesquisa o modelo apresentado considera as relações entre o
meio ambiente marinho e o navio de cruzeiro com seus inputs (entradas), outputs
(saídas) e as interações com as partes interessadas internas e externas (IMO,
2016n; KLEIN, 2009).
Considera-se como inputs tudo o que entra e é consumido no navio em sua
operação ou manutenção da vida a bordo e os outputs são todas as saídas,
incluindo-se os materiais, resíduos sólidos, líquidos e o ar processado em forma
de som ou gases.
No contexto sistêmico, o navio é, portanto, um sistema operado por meio de
interações diretas e indiretas das pessoas e organizações em todos os
processos, desde a sua construção até sua operação ao longo do percurso e no
destino final, durante sua vida útil e após em um eventual processo de
sucateamento ou descarte.
5.1.2 Técnicas e procedimentos da pesquisa
Este estudo, de caráter exploratório e descritivo, adota o procedimento
bibliográfico e documental com a finalidade de atender aos objetivos propostos.
Através da pesquisa exploratória é possível verificar, analisar e mapear o
conhecimento no turismo em toda a sua multidisciplinaridade,
transdisciplinaridade e interdisciplinaridade (VEAL, 2011, p. 51).
Complementando a pesquisa exploratória foi realizada também a pesquisa
descritiva, que permitiu descrever ao longo da investigação o objeto de estudo
que é, de acordo com Veal (2011), muito utilizada na área de lazer e turismo por
ser uma ciência ainda em fase inicial de conhecimento.
183
As informações adquiridas através do procedimento bibliográfico e documental
foram analisadas e descritas qualitativamente e indutivamente, indo ao encontro
a Matias-Pereira (2012, p. 84) que afirma que “no método qualitativo a pesquisa
é descritiva, ou seja, as informações obtidas não podem ser quantificáveis” além
disso “os dados obtidos são analisados de forma indutiva”.
Portanto, a pesquisa adotou, como abordagem a indução, que, segundo Veal
(2011), inicia-se na descrição conceitual dos temas, atributos e variáveis, para
então se elaborar as respectivas análises, induzindo-se a uma consequente
explicação, podendo-se comprovar os pressupostos da pesquisa.
A abordagem indutiva difere da abordagem dedutiva por basear-se
especificamente em pressupostos e não em hipóteses (VEAL, 2011) uma vez
que, segundo Sampieri; Collado e Lucio (2013, p. 113) em estudo exploratório,
“não são formuladas hipóteses”.
5.1.3 Dados da pesquisa
Para a realização do estudo foram utilizados, como fonte de consulta, dados
primários e secundários. Segundo Decker (2003) e Veal (2011), os dados
primários são os dados originais, as informações que não tenham sua estrutura
modificada, conforme exemplifica os autores, os dados primários podem ser
obtidos em revistas científicas, literatura acadêmica, livros e com pessoas que
tenham conhecimento e informações sobre o objeto de estudo pesquisado.
Também são considerados dados primários as informações geradas pela
pesquisa quantitativa, obtidos na quarta etapa da pesquisa, através dos
representantes de portos e terminais marítimos, companhias de cruzeiros
marítimos e organizações especializadas em questões ambientais relacionadas
ao ambiente marinho.
Os dados secundários foram obtidos através da pesquisa exploratória realizada
sobre as regulamentações relacionadas diretamente sobre os temas do estudo.
As fontes secundárias, são fontes que contém informações já organizadas,
tratadas, as quais foram coletadas para outras finalidades, que tenham seu
184
próprio problema de pesquisa. As fontes secundárias são os governos,
organizações, instituições não governamentais, resumos, relatórios, bancos de
dados e informações contidas na internet (AAKER; KUMAR; DAY, 2004;
DENCKER, 2003; MATTAR, 1997; SANCHO-PEREZ, 2006).
O procedimento adotado por este estudo visou explorar e descrever as
informações obtidas nas fontes documentais e o resultado foi então apresentado
na fundamentação teórica da tese, quando se formulou o modelo proposto.
Posteriormente, agregou-se à esta investigação preliminar o resultado da
pesquisa empírica, com o qual foi possível confirmar o modelo de formulação da
estratégia.
Relativo aos dados sobre o produto turístico cruzeiro marítimo, adotou-se como
fonte de consulta as informações contidas nos websites e relatórios produzidos
pela CLIA e seus associados, parceiros e membros divididos em sete regiões:
Australásia; Brasil; Europa, América do Norte, Reino Unido e Irlanda, Ásia e
Canadá (CLIA, 2018a, 2018d, 2018e).
Em relação ao contexto da sustentabilidade ambiental, particularmente aplicada
ao ambiente marinho e a influência dos navios de cruzeiros, buscou-se subsídios
à elaboração do modelo de estratégia de valor nas normas técnicas ISO e ABNT
(ABNT, 2018; ISO, 2018b).
Além delas, também se pesquisou os documentos emitidos pela ONU e suas
agências, que são os relatórios resultantes de conferências e convenções
realizadas sobre o desenvolvimento sustentável do planeta (ONU, 2018a, 2018b,
2018c), além de outras fontes também examinadas quando relevantes ao
interesse desta tese.
Sobre a pesquisa bibliográfica, consultou-se os artigos científicos que tratassem
das temáticas pesquisadas: Sustentabilidade Ambiental, Formulação da
Estratégia e Cruzeiros Marítimos nos principais periódicos científicos nacionais
e internacionais (CAPES, 2016).
185
A investigação foi realizada em duas etapas, a primeira em junho a julho de 2016
e a segunda em julho e agosto de 2017, inicialmente com a intenção prioritária
de confirmar a lacuna teórica de maneira a justificar a elaboração desta tese.
Confirmada a falta de convergência entre as dimensões pesquisadas,
Sustentabilidade Ambiental, Formulação da Estratégia e Cruzeiros Marítimos,
buscou-se nas publicações para a área do turismo e outras áreas de estudo
informações relevantes para a construção do modelo teórico proposto.
Nesse processo investigativo procurou-se também identificar estudos
pertinentes aos temas pesquisados em dissertações e teses brasileiras e
estrangeiras, armazenados nos bancos de dados das instituições responsáveis
pelas publicações e em outros, como o BDTD, Dart-Europe e E-theses Portal.
Ressalta-se a importância das publicações identificadas, na pesquisa
exploratória, quanto à sua contribuição à ciência e em particular, no caso deste
estudo, à área do turismo e como fonte de consulta para a identificação dos
requisitos e variáveis que foram utilizados na elaboração do modelo proposto.
5.1.4 Procedimentos metodológicos da pesquisa
A abordagem desta pesquisa nas três primeiras etapas é qualitativa, que
segundo Sampieri, Collado e Lucio (2013), assim como em uma abordagem
quantitativa, que é adotada na quarta etapa, tem na coleta de informações a
possibilidade de se obter respostas para a formação de novos conhecimentos.
Ainda de acordo com os autores (op. cit.), diferente da pesquisa quantitativa, que
tem como propósito “medir variáveis para realizar inferências e análise
estatística”, o que se busca em um estudo qualitativo é a obtenção de
informações e percepções que interessem ao contexto da investigação e que
possam ser analisados e compreendidos a fim de se responder às questões da
pesquisa e assim gerar conhecimento (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013, p.
417).
186
A avaliação qualitativa é caracterizada, portanto, “pela descrição, compreensão
e interpretação dos fatos e fenômenos, em contrapartida à avaliação
quantitativa, denominada pesquisa quantitativa, onde predominam
mensurações” (MARTINS; THEÓPHILO, 2009, p. 61).
A partir da visão geral da metodologia da pesquisa, apresenta-se nos itens
subsequentes as particularidades para atender a cada um dos objetivos
específicos da pesquisa.
5.2 Visão geral dos estudos
Os quatro objetivos específicos apresentados por esta tese foram definidos com
o intuito dar subsídios à proposição de um modelo integrado de gestão
estratégica empresarial, o qual contempla os requisitos da sustentabilidade
ambiental, sistematizado aos navios de cruzeiros marítimos.
Ao longo da tese, os capítulos e itens se relacionam com esses objetivos e são
essas relações e metodologias que são apresentadas a seguir.
5.2.1 Síntese da primeira etapa: Regulamentações sobre a sustentabilidade
ambiental
A fim de atender ao primeiro objetivo da pesquisa, que é de levantar as
regulamentações voltadas aos princípios da sustentabilidade ambiental, no
âmbito geral e em particular ao produto turístico cruzeiro marítimo, foram
utilizadas técnicas de documentação indireta e procedimento documental e
bibliográfico.
A técnica de pesquisa bibliográfica, segundo Dencker (2003, p. 125):
É desenvolvida a partir de material já elaborado: livros e artigos científicos [...] e o procedimento documental difere da pesquisa bibliográfica por utilizar material que ainda não recebeu tratamento analítico ou que pode ser reelaborado.
O resultado desta fase da pesquisa é apresentada no capítulo 2 - O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A SUSTENTABILIDADE
AMBIENTAL, quando levantou-se informações e orientações sobre as melhores
187
práticas ambientais, expressadas através de: (1) os conceitos para o
desenvolvimento sustentável; (2) a cronologia do desenvolvimento sustentável e
(3) as regulamentações relativas aos princípios da sustentabilidade ambiental.
Os dados coletados nesta etapa serviram de fonte de referência para identificar
e descrever os requisitos e variáveis ambientais a fim de atender aos objetivos
propostos nas etapas posteriores deste estudo.
5.2.2 Síntese da segunda etapa: O produto turístico cruzeiro marítimos e os
requisitos da sustentabilidade ambiental
Para atender ao segundo objetivo da pesquisa, que é de descrever os requisitos
da sustentabilidade ambiental contidos nas regulamentações para o produto
turístico cruzeiro marítimo, os dados qualitativos foram analisados de maneira
descritiva, quando foram identificados e selecionados os requisitos ambientais,
procurando-se identificar especificamente aqueles que se relacionam com o
ambiente marinho e com o objeto do estudo.
Os dados coletados foram ordenados e são apresentados ao longo do capítulo
3 - REQUISITOS E VARIÁVEIS AMBIENTAIS PARA O PRODUTO TURÍSTICO
CRUZEIRO MARÍTIMO e, mais particularmente, no item 3.2 Identificando os
requisitos ambientais em uma perspectiva do produto turístico cruzeiro marítimo.
As informações obtidas foram descritas e utilizadas como referências para a
identificação das variáveis ambientais, que são apresentados no próximo item.
5.2.3 Síntese da terceira etapa: O produto turístico cruzeiro marítimos e as
variáveis da sustentabilidade ambiental
Ainda em um processo exploratório e descritivo, esta terceira etapa do estudo
tem o objetivo de descrever as variáveis, a partir dos requisitos da
sustentabilidade ambiental, contidas nas regulamentações para o produto
turístico cruzeiro marítimo, as quais foram identificados e descritos na etapa
anterior.
188
Após uma extensa análise das regulamentações e requisitos ambientais,
voltados ao âmbito geral e em particular ao ambiente marinho e aos navios de
cruzeiros, as variáveis ambientais foram descritas no item 3.3 Apresentando os
requisitos e variáveis ambientais para os navios de cruzeiro.
Com os requisitos e variáveis ambientais identificados e descritos (Quadro 11,
p.149) foi possível formular o modelo de estratégia proposto, o qual é
apresentado a seguir, na próxima etapa do estudo.
5.2.4 Síntese da quarta etapa: formulando uma estratégia de valor para as
companhias de cruzeiros marítimos
O objetivo desta etapa é de apresentar a formulação de um modelo de estratégia
de valor, que contempla os requisitos e as variáveis da sustentabilidade
ambiental para os navios de cruzeiros marítimos.
Para chegar ao modelo final (Figura 12, p.215) foi necessário realizar extensa
revisão da literatura técnica e científica, que se deu através da análise dos dados
primários e secundários, priorizando-se as questões ambientais, não só
relacionado ao âmbito do objeto de estudo, mas em todo o contexto do
desenvolvimento sustentável, além desta fase exploratória e descritiva, a
pesquisa incluiu um processo empírico com a finalidade de confirmar o modelo
proposto.
Os resultados desta etapa são apresentados através de dois estudos, que foram
posteriormente compilados na forma de artigos científicos. A metodologia destas
pesquisas é apresentada na sequência.
5.2.4.1 Integrando a sustentabilidade ambiental na visão estratégica do setor de
cruzeiros
O primeiro estudo (6.1 Predisposição estratégica das companhias marítimas
quanto à sua responsabilidade ambiental) buscou inspiração no resultado da
pesquisa exploratória e descritiva das etapas anteriores, quando se identificou e
analisou no âmbito acadêmico, a partir de uma análise bibliométrica, a produção
189
científica sobre o ambiente dos navios de cruzeiros, particularmente sobre
abordagem de práticas ambientais. Na sequência examinou-se, no aspecto
mercadológico, a inclinação estratégica das companhias de cruzeiros quanto à
divulgação de informações ao mercado sobre suas iniciativas ambientais.
Nestes dois momentos desta etapa pesquisa foi possível identificar, tanto o nível
de interesse científico sobre o produto turístico cruzeiro marítimo, refletido no
volume de produção de artigos sobre o turismo marítimo, quanto o interesse das
companhias de cruzeiros em revelar suas práticas ambientais, expressado de
maneira transparente através das informações que são divulgadas diretamente
à sociedade em seus websites corporativos.
O gerenciamento dos requisitos da sustentabilidade, por parte das organizações,
tem trazido benefícios para a sociedade, isso porque essa dimensão ganhou
importância na administração dos riscos envolvidos no turismo de cruzeiros,
transformando seus relatórios em ferramentas úteis para se buscar argumentos
na melhoria da imagem das companhias dentro de um mercado altamente
competitivo (BONILLA-PRIEGO; FONT; PACHECO-OLIVARES, 2014; JONES;
COMFORT; HILLIER, 2016; KLEIN, 2011; WALKER; MOSCARDO, 2014).
É, portanto, fundamental que, a partir das diversas fontes de informações,
técnicas e científicas, sejam criados mecanismos capazes de avaliar qual é o
nível de sustentabilidade que as organizações devem adotar relativo às
melhores práticas no contexto da formulação de suas estratégias.
Para atender aos objetivos propostos, o artigo composto pelas duas etapas
analíticas, Estudo 1 e Estudo 2, se baseia no fato de que as companhias de
cruzeiros não priorizam as questões ambientais em suas estratégias (FRIENDS
OF EARTH, 2016; HALL; WOOD; WILSON, 2017; JONES; COMFORT;
HILLIER, 2016; JONES; HILLIER; COMFORT, 2016; KLEIN, 2009). Com base
nisso, o estudo se fundamentou no pressuposto de que o conhecimento dos
requisitos para a sustentabilidade ambiental auxilia as companhias marítimas na
compreensão da realidade do ambiente no qual estão inseridas, sendo um
recurso indispensável para enfrentar os desafios de ordem econômica, social e
ambiental e suas relações.
190
Neste contexto, este estudo de caráter exploratório e descritivo, utilizou o método
indutivo e abordagem qualitativa e apresentou o resultado de pesquisas
bibliométricas que permitiram analisar a produção científica sobre a
sustentabilidade ambiental no ambiente dos navios de cruzeiros marítimos.
As delimitações da pesquisa, bem como o detalhamento dos resultados é
apresentado no item 6.1 Estudo 1: Predisposição estratégica das companhias
marítimas quanto à sua responsabilidade ambiental.
Para o levantamento da produção científica sobre os temas pesquisados, foi
realizada uma pesquisa bibliométrica preliminar no período entre junho e julho
de 2016, com acesso direto às bases de dados EBSCO, Emerald, Ingenta
Connect, SAGE, Scielo, Science Direct, Spell, Taylor & Francis, Wiley, e Dart-
Europe E-theses Portal.
A razão para o uso destas bases de dados foi devido a impossibilidade, neste
estágio da pesquisa, de acessar uma base única mais abrangente, em uma
instituição não pública, sem acesso livre a todas as bases de dados. No entanto,
posteriormente a investigação foi completada através de um segundo estudo
bibliométrico, realizado nos meses de julho e agosto de 2017, este com acesso
à base Scopus.
Em complemento à análise bibliométrica, realizou-se uma pesquisa qualitativa
para se verificar se as companhias de cruzeiros marítimos divulgam para seus
clientes, atuais e potenciais, informações sobre requisitos e indicadores da
sustentabilidade que são medidos em seus navios (GODEMANN; MICHELSEN,
2011; HERZIG; SCHALTEGGER, 2011). Esta análise foi realizada nos websites
de 31 companhias de cruzeiros globais, membros da Cruise Line International
Association (CLIA, 2018d).
Cabe salientar que, apesar do interesse principal desta pesquisa ser relativa ao
ambiente marinho, não houve a preocupação em identificar se as companhias
eram marítimas ou fluviais, isso porque algumas delas atuam em ambos os
ambientes, o que foi percebido durante a pesquisa, além disso a
sustentabilidade, seja econômica, sociocultural ou ambiental, é um princípio que
deve fazer parte dos valores de qualquer organização, independentemente de
191
sua atividade ou área de atuação (UNITED NATIONS, 2007, 2012b, 2015c;
WEF, 2014; WORLD BANK, 2016).
A seguir é apresentado a metodologia do segundo estudo (6.2 Sustentabilidade
ambiental: um valor estratégico na orientação de um modelo de gestão para o
setor de cruzeiros marítimos), resultado da pesquisa empírica, a qual teve a
intenção de confirmar a modelo de gestão estratégica ambiental proposto por
esta tese.
5.2.4.2 A sustentabilidade ambiental como um valor estratégico na orientação de
um modelo de gestão ambiental para o setor de cruzeiros marítimos
Assim como no anterior, este segundo estudo (6.2) parte da pesquisa
exploratória e descritiva das etapas anteriores para buscar a convergência da
dimensão formulação da estratégia com a sustentabilidade ambiental,
considerando-se esta interação como um princípio de valor (FODNESS, 2016;
UNITED NATIONS, 2015b) a ser incorporado no gerenciamento dos navios
oceânicos, a fim de propor o modelo de gestão estratégica, com base nos
requisitos ambientais que devem, prioritariamente, servir como orientação para
se medir a sustentabilidade ambiental nos navios de cruzeiros marítimos.
Ao final, para confirmar o modelo proposto o estudo buscou respostas, através
de uma pesquisa quantitativa com amostragem não probabilística intencional,
junto aos portos, especialistas em sustentabilidade ambiental e companhias de
cruzeiros marítimos. A pesquisa buscou confirmar cinco requisitos ambientais
que devem prioritariamente ser gerenciados pelas companhias armadoras em
seus navios de cruzeiros marítimos: gerenciamento das entradas (input
management); gerenciamento da energia (energy management); gerenciamento
da água (water management); gerenciamento dos resíduos (waste management)
e qualidade do ar (air quality)
A visão organizacional com foco em atitudes ambientais poderá influenciar a
percepção das pessoas quanto ao risco que empresas, produtos e serviços
insustentáveis podem causar ao ambiente, isso significa que, estrategicamente,
a adoção e a divulgação de um modelo de desenvolvimento sustentável, que
192
agregue à organização uma nova percepção sobre sua imagem, será relevante
na conquista e manutenção de clientes em sintonia com soluções
ambientalmente sustentáveis (BARBIERI et al., 2010; CHIU; LEE; CHEN, 2013;
LIN, 2017; PIRES, 2012; TIAGO et al., 2016).
Sobre o setor de cruzeiros, pesquisadores afirmam que as informações
publicadas pelas companhias armadoras, sobre a sustentabilidade, são muito
limitadas (JONES; COMFORT; HILLIER, 2016), apesar disso, entende-se que
não são as companhias que deveriam definir indicadores e parâmetros para as
suas práticas ambientais, uma vez que esta deve ser uma tarefa para os
cientistas e organizações independentes (DJSI, 2017; GLOBAL FOOTPRINT
NETWORK, 2017; GRI, 2000; OECD, 2001; WORLD BANK, 2016), cujos
modelos podem melhor refletir uma realidade, mesmo que imperfeita
(MEADOWS, 1998).
Este estudo apresenta, a partir da pesquisa exploratória, os requisitos e variáveis
da sustentabilidade ambiental que servirão de parâmetro para a formulação do
modelo de gestão que orientará a identificação desses indicadores da
sustentabilidade ambiental.
No auxílio à seleção de respondentes, buscou-se, então, intencionalmente
identificar as amostras representativas com o apoio de um dos pesquisadores,
que possui experiência profissional e acadêmica no setor de cruzeiros marítimos,
e de especialistas com relevante conhecimento da dimensão sustentabilidade
ambiental e do ambiente marinho (AAKER; KUMAR; DAY, 2004).
A amostragem da pesquisa, composta por 196 organizações, foi selecionada
intencionalmente entre três diferentes grupos de respondentes, com o intuito de
confirmar a confiabilidade dos resultados (VEAL, 2011), dentre os quais: (1) 90
portos e terminais marítimos internacionais, respectivamente membros (CLIA,
2018d) e parceiros (CLIA, 2018e), da Cruise Line International Association
(CLIA) e 18 portos brasileiros (ANTAQ, 2018a); (2) 62 organizações não
governamentais reconhecidas por sua atuação com as questões ambientais
relacionadas ao ambiente marinho, aqui chamadas simplesmente de
193
especialistas, e (3) 26 companhias de cruzeiros marítimos membros da CLIA
(CLIA, 2018d).
Nesta pesquisa optou-se por dissociar o ambiente marítimo do fluvial, pois o
objeto de estudo desta pesquisa são os navios oceânicos e não os cruzeiros
fluviais.
O instrumento de coleta de dados (APÊNDICES) utilizado possui sete questões
estruturadas e fechadas, sendo cinco com opção de múltipla escolha e duas em
escala de importância, que é uma variação da escala tipo Likert (MARTINS;
THEÓPHILO, 2009).
Sendo assim, em cada uma das afirmações foi possível atribuir um dos cinco
níveis de importância, na percepção dos respondentes: (4) muito importante; (3)
importante; (2) pouco importante; (1) sem importância ou (0) sem opinião a
respeito, ou não deseja opinar.
A finalidade das duas questões em escala foi de medir o grau de importância de
cada variável em função dos temas da pesquisa, formulação de estratégia e
sustentabilidade ambiental e das atitudes que as organizações entendem serem
relevantes em relação aos temas pesquisados (DENCKER, 2003; MARTINS;
THEÓPHILO, 2009).
Na análise, com o intuito de se medir as crenças através da direção do grau de
importância, os níveis foram agrupados com as opções de escala 1 e 2, baixa
importância; 3 e 4, alta importância e 0, neutra (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO,
2013).
Para o tratamento dos dados utilizou-se, em um primeiro momento, a técnica de
análise estatística descritiva, buscando-se tirar conclusões a partir das respostas
ao questionário, as quais foram avaliadas numericamente através do cálculo da
frequência e médias porcentuais, método de avaliação comumente utilizado em
pesquisas britânicas em lazer e turismo (VEAL, 2011).
A análise foi realizada através do cálculo das frequências das variáveis, absoluta
(fa), representada pelo número de respondentes em cada grupo consultado, e
relativa (fr), que é o resultado porcentual da relação entre a frequência absoluta
194
(fa) e a frequência total de respostas válidas (f). Em complemento à análise das
respostas das questões em escala, também, foi calculada a média ponderada,
utilizada para identificar a medida de tendência central dos níveis de escala.
A confiabilidade das questões foi confirmada pela medição dos coeficientes de
confiabilidade interna dos dados, alfa de Cronbach, que é a medida mais
amplamente utilizada para a consistência de escalas (HAIR et al., 2009).
Para a depuração das variáveis, vinculadas aos requisitos ambientais, os dados
da pesquisa empírica foram analisados em uma segunda etapa confirmatória-
descritiva com a ajuda do software Smart-PLS (RINGLE; WENDE; BECKER,
2015), valendo-se de sua vantagem para a formulação de construtos e teorias
(HAIR et al., 2014; JULIEN; RAMANGALAHY, 2003) e, também, para cálculos
com pequenas amostras (FORNELL; BOOKSTEIN, 1982; HAIR et al., 2014),
situações apresentadas neste estudo que propõe a formulação do modelo de
gestão estratégica.
O modelo em questão e a definição dos requisitos ambientais, baseou-se no
modelo sistêmico (LOHMANN; PANOSSO-NETTO, 2012; VASCONCELLOS,
2013) por considerar no estudo as relações entre o meio ambiente marinho e o
navio de cruzeiro com seus inputs, outputs e as interações com as partes
interessadas internas e externas (IMO, 2016n; KLEIN, 2009).
O modelo considera que, uma vez a bordo, estes inputs, consumidos por
passageiros e tripulação e na operação e manutenção dos navios, geram as
saídas em forma de descartes de resíduos líquidos, sólidos e através do ar em
forma de gases e ruídos (FRIENDS OF EARTH, 2016; IMO, 2016b, 2016m,
2016n, 2016h; KLEIN, 2009). A interação existente entre esses fatores
proporciona uma relação contínua entre eles que, gerenciados de forma
otimizada, propõe minimizar os impactos causados ao meio ambiente marinho.
A partir da confirmação do modelo formulado foi possível atender a todos os
objetivos específicos desta tese e também ao objetivo geral e assim propor o
modelo integrado de gestão estratégica empresarial, assunto discutido nas
considerações finais.
195
O conhecimento dos conceitos da gestão estratégica permite às companhias
marítimas a compreensão da realidade do ambiente no qual estão inseridas,
sendo um recurso indispensável para enfrentar os desafios de ordem econômica,
social e ambiental e suas relações;
A formulação de uma estratégia de valor com base nos requisitos da
sustentabilidade ambiental permite o posicionamento adequado das companhias
marítimas quanto às orientações da ONU, coopera com a manutenção do
equilíbrio ambiental do planeta, contribui para a sustentabilidade social e
subsidia o desenvolvimento econômico;
A consciência das demandas da sustentabilidade, a adoção das melhores
práticas no contexto dos requisitos ambientais e a formulação de uma estratégia
de valor com base nesses requisitos, proporciona às companhias marítimas
subsídios indispensáveis na busca de inovações que permitam alcançar metas
de crescimento econômico, porém, contribuindo com a conservação dos
recursos naturais.
6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
A seguir apresenta-se os resultados da pesquisa da tese. Os itens 6.1 e 6.2
representam a introdução, discussão dos resultados e conclusão no formato de
dois artigos científicos baseados neste estudo.
As respectivas fundamentações teóricas foram apresentadas na forma
expandida nos capítulos 2, 3 e 4 e a metodologia de cada pesquisa é detalhada
nos itens 5.2 Visão geral dos estudos, respectivamente, 5.2.4.1 Integrando a
sustentabilidade ambiental na visão estratégica do setor de cruzeiros e 5.2.4.2 A
sustentabilidade ambiental como um valor estratégico na orientação de um
modelo de gestão ambiental para o setor de cruzeiros marítimos.
6.1 Estudo 1: Predisposição estratégica das companhias marítimas quanto
à sua responsabilidade ambiental7
O desenvolvimento sustentável tem sido tema de discussão em diversos setores
da economia, nas mais diversas atividades, dentre elas a turística (BROTTO et
al., 2012; DORAN; LARSEN, 2014; FELIX; SANTOS; SILVA, 2013; HSIEH,
2012; JITPAKDEE; THAPA, 2012; KIM, 2012; LAWTON, 2012; MARZO-
NAVARRO; PEDRAJA-IGLESIAS; VINZÓN, 2015; MENEZES; CUNHA, 2014;
PICKERING, 2011; ROE; HRYMAK; DIMANCHE, 2014; ROSALIND JENKINS;
KARANIKOLA, 2014; SÖRENSSON; VON FRIEDRICHS, 2013; VAN RHEEDE;
BLOMME, 2012; WHITFIELD; DIOKO; WEBBER, 2014; YUAN, 2013; ZHANG et
al., 2014; ZHANG; JOGLEKAR; VERMA, 2012a, 2012b).
7Artigo publicado no periódico científico Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo (RBTur) no
Volume 12, número 2 (2018), sob o título The convergence of environmental sustainability and
ocean cruises in two moments: in the academic research and corporate communication (RAMOA;
FLORES; STECKER, 2018).
197
O turismo é considerado um setor relevante para a economia e para o
desenvolvimento sustentável por contribuir com a manutenção do equilíbrio
ambiental do planeta, com a sustentabilidade social e com desenvolvimento
econômico dos destinos (BOJANIC, 2011; KUŠČER, 2013; MARZO-NAVARRO;
PEDRAJA-IGLESIAS; VINZÓN, 2015; PULINA; CORTÉS-JIMÉNEZ, 2010;
RODRIGUES; RODRIGUES; PEROFF, 2015; SUNTIKUL; DORJI, 2016; VAN
RHEEDE; BLOMME, 2012; ZHANG; JOGLEKAR; VERMA, 2012a).
No entanto, apesar desse potencial sustentável, como em um empreendimento
industrial, o setor turístico é responsável por um alto grau de irreversibilidade no
processo de agressão ao meio ambiente, tornando-se, portanto, inevitável que a
atividade cause impactos ambientais, afinal utiliza sistemas de transportes
poluidores e desenvolve empreendimentos imobiliários prejudiciais aos
ambientes naturais, além de promover atividades que provocam a ruptura da
biodiversidade (BUCKLEY, 2012; GOPAL, 2014; PIRES, 2012; SANCHO-
PEREZ, 2001; SPERB; TEIXEIRA, 2006; UNWTO, 2015; VEZZANI, 2008).
Contribuindo com esses impactos insere-se o setor de cruzeiros, que vem
crescendo rapidamente e representa próximo a 2% do turismo de lazer mundial
em número de viajantes (BRIDA et al., 2012), são 23 milhões de passageiros
que navegam em mais de 300 navios de cruzeiro movimentando US$ 117
bilhões na economia mundial (CLIA, 2016a, 2016b), proporcionando o
desenvolvimento do turismo e consequentemente de vários setores da economia
(JONES; COMFORT; HILLIER, 2016; STRAZZA et al., 2015a), como a indústria
naval, o setor de transporte e hospedagem, as áreas de alimentos e bebidas,
com a geração de empregos e o desenvolvimento dos destinos (CLIA, 2016a;
CLIA EUROPE, 2015; FGV, 2016).
198
A despeito de sua importância para desenvolvimento econômico dos destinos
costeiros, os navios de cruzeiros, cada vez maiores, transportando mais
passageiros, com infraestrutura semelhante ao de um destino turístico (GIBSON,
2012; LOHMANN; PANOSSO-NETTO, 2012; MANCINI, 2011; NAJAFIPOUR;
MARZI; FOROOZANFAR, 2014; PAOLILLO; REJOWSKI, 2002; SANCHO-
PEREZ, 2001), são ambientes potencialmente poluidores (BUREAU VERITAS,
2018; EIJGELAAR; THAPER; PEETERS, 2010; FRIENDS OF EARTH, 2016;
HALL; WOOD; WILSON, 2017; KLEIN, 2009, 2010, 2011; LINDGREN et al.,
2016; STEFANIDAKI; LEKAKOU, 2014; U. S. NATIONAL RESEARCH
COUNCIL, 1995), tanto quanto qualquer outro destino (BUCKLEY, 2012;
FRIENDS OF EARTH, 2016; MALIK; BHAT, 2015; MARZOUKI; FROGER;
BALLET, 2012; MICHAILIDOU et al., 2016; TSAI et al., 2016).
Essa posição de risco ao ambiente requer uma postura sustentável e proativa
das organizações, não só necessariamente voltadas à essa nova realidade
global, mas por ver surgir nos turistas uma consciência ambiental antes
inexistente (CHIU; LEE; CHEN, 2013; LIN, 2017; PIRES, 2012; TIAGO et al.,
2016).
Um diferencial estratégico a ser considerado pode ser, portanto, a adoção de
fatores relativos à sustentabilidade ambiental, como um valor utilizado para
conquistar este novo consumidor, consciente dessa demanda, que busca uma
melhor qualidade de vida. Isso se refletirá na escolha por produtos e serviços
ambientalmente sustentáveis (ADAMS; FONT; STANFORD, 2017; ARDOIN et
al., 2015; CHOPRA, 2014; CRESPO, 2015; JÄCKEL; FODOR; PAPP, 2015;
KHARE, 2014; PARK; OH; NA, 2013; SILVA; MENK, 2014; WAKITA; OISHI,
2016; WALKER; MOSCARDO, 2014).
Este estudo de caráter exploratório e descritivo, com método indutivo e
abordagem qualitativa tem o intuito de expor a predisposição estratégica das
companhias marítimas quanto à sua responsabilidade ambiental, refletida
através de sua comunicação com o mercado consumidor em seus websites
corporativos.
199
Além disso tem também o intuito de verificar a relevância do tema no meio
científico, particularmente através da convergência entre as dimensões
sustentabilidade ambiental e os cruzeiros marítimos, o que foi feito através de
uma análise bibliométrica realizada entre os meses de julho e agosto de 2017,
tendo como fonte de conhecimento a revisão da literatura realizada através de
uma pesquisa da produção científica indexada na base Scopus.
6.1.1 Discussão dos resultados do estudo 1: Predisposição estratégica das
companhias marítimas quanto à sua responsabilidade ambiental
É reconhecida a importância do setor de cruzeiros para o turismo (COGGINS
JR, 2014; HWANG; HAN, 2014; KERSWILL; MAIR, 2015; KLEIN, 2011;
PANOSSO-NETTO; TRIGO, 2009; PAVLIĆ, 2013; RAMOA; FLORES, 2015c;
WEEDEN; LESTER; THYNE, 2011), porém, isso não se reflete no volume da
produção científica constatada nesta pesquisa, que identificou 925 publicações
indexadas na base Scopus com a menção à esta dimensão, o que corresponde
a somente 0,5% do número de publicações relacionados à dimensão turismo.
A produção científica sobre este setor do turismo é analisada nesta primeira
etapa do estudo, em uma pesquisa realizada no Scopus, entre 18 de julho e 14
de agosto de 2017, que procurou identificar publicações que contivessem a
convergência de duas dimensões: (1) cruises e (2) sustainability.
Estas palavras-chave foram escolhidas devido à interação com o escopo
conceitual do estudo, que reflete a importância do desenvolvimento sustentável
e da sustentabilidade, em particular em uma de suas dimensões a
sustentabilidade ambiental e sua interação com o objeto do estudo, os cruzeiros
marítimos.
Para atender ao objetivo de analisar a produção científica, com foco na
sustentabilidade ambiental no ambiente dos navios de cruzeiros marítimos,
definiu-se primeiramente um conjunto de palavras-chave referentes à dimensão
cruises, que são: “cruise” or "cruise ship" or "cruise industry" or "cruise tourism"
or “maritime cruise” or "maritime tourism" or "nautical tourism" or “ocean cruising”,
200
obtendo-se a partir delas o número de 5859 produções científicas, as quais
abordam este tema em algum momento da pesquisa.
A dimensão “sustainability” foi incluída na fórmula booleana (and ou or) da
pesquisa, resultando na redução para o número para 707 publicações. Um novo
filtro foi então inserido, restringindo-se a pesquisa aos “articles” publicados nas
áreas “Business, Management and Accounting”, “Social Science” and
“Environmental Science”, até 09/8/2017, tendo como retorno 373 artigos
científicos.
Se for considerado 2012 como o ano inicial da pesquisa, obtém-se então 262
artigos. Este ano tem um significado determinante para as questões ambientais
por ser o ano da realização da United Nations Conference on Sustainable
Development (UNCSD), Rio+20, realizada no Rio de Janeiro, Brazil (UNITED
NATIONS, 2012a), quando iniciou-se o processo de definição das 17
Sustainable Development Goals (SDGs) e da Agenda 2030 (UNITED NATIONS,
2015c), considerada um marco por incluir o desenvolvimento sustentável na
agenda global de longo prazo e pela perspectiva de transformar palavras em
ações por parte de governos e sociedade (SCHMALZBAUER; VISBECK, 2017).
Apesar da definição do ano de 2012 como ano limite inferior da análise
bibliométrica, vale ressaltar que em uma fase preliminar do estudo, sem recorte
temporal, com as mesmas palavras-chave, foi identificado um único artigo de
interesse da pesquisa, publicado em 2011 sob o título Responsible Cruise
Tourism: Issues of Cruise Tourism and Sustainability (KLEIN, 2011).
Neste artigo Klein discute os impactos causados pelo turismo de cruzeiros em
ambientes costeiros e marinhos e realiza uma análise sobre a necessidade de
se praticar um turismo responsável, que contemple aspectos econômicos,
socioculturais e ambientais e é neste contexto que o autor enfatiza a
necessidade de se controlar os fatores causadores de impactos ambientais,
como a emissão dos resíduos líquidos e sólidos e as emissões derivadas da
queima de combustível fóssil. O autor também sugere a necessidade de haver
201
maior transparência sobre as práticas ambientais por parte das companhias
marítimas, por essa prática refletir em um senso de responsabilidade corporativa.
A partir da análise destes estudos, foram selecionados e avaliados doze artigos,
por apresentarem conteúdo com aspectos relacionados ao desenvolvimento
sustentável e sustentabilidade, particularmente no âmbito da sustentabilidade
ambiental, de interesse desta pesquisa.
Cabe ressaltar uma limitação que surgiu durante a pesquisa, ao verificar que
alguns dos artigos consultados não possuem acesso gratuito, limitando a análise
à leitura do título, resumo e palavras chave. No entanto, no universo pesquisado
foi possível identificar, e acessar integralmente, os doze artigos que abordam os
temas de interesse do estudo.
A análise desses doze artigos buscou identificar os requisitos ambientais
apresentados pelos estudos, como na redução do impacto ambiental destacada
nas pesquisas de Hearin et al (2015) e Tribou and Swain (2015), que discutem
a vantagem de realizar a limpeza semanal nos painéis dos cascos dos navios,
proporcionando a liberação de materiais incrustantes e como consequência
reduzindo o consumo de combustível e os impactos causados ao ambiente.
A redução do consumo de combustível, também, é enfatizada por Acciaro (2014)
que apresenta um modelo que comprova que o uso de LNG (Liquefied Natural
Gas), como combustível nos navios, já poderia ser economicamente viável na
relação custo versus benefício a partir de 2015.
Um menor consumo de combustível passa a ser relevante por impactar
diretamente na redução das emissões atmosféricas (ABNT, 2014; ISO, 2016b)
e nesse contexto Bouman et al. (2017) e Schembari et al. (2012) realizaram
estudos sobre as emissões de CO2, com o intuito de identificar práticas que
permitam a redução dos impactos ambientais causados pelo transporte
marítimo, de carga e de passageiros, e assim contribuir com a redução das
emissões no ambiente marinho, durante a navegação e também no período em
que estão atracados nos portos.
202
A poluição do ar também é enfatizada por Schembari et al. (2014), através de
seu estudo que busca identificar fontes de aerosol, com a utilização de diferentes
técnicas de análise (EPA, 2017) das emissões nos navios.
O gerenciamento dos resíduos é abordado através da análise dos impactos
causados pelos materiais consumidos a bordo e seus descartes (input e output).
Este requisito ambiental é discutido por Strazza et al. (2015a) que analisam o
consumo de papel, e a possibilidade de redução deste consumo através da
adoção de alternativas de sua substituição, ou eliminação. Strazza et al. (2015b)
estudam a alternativa de utilização dos resíduos alimentares reciclados como
alimentação no setor de aquicultura. Strazza et al. (2016) avaliam os benefícios
da substituição de materiais das embalagens, de vidro por plástico, nas garrafas
de água.
Jones et al. (2016a, 2016b) destacam a transparência das companhias de
cruzeiros refletida em seus relatórios sobre a sustentabilidade, com destaque à
Carnival Corporation e Royal Caribbean Cruises, únicas empresas que divulgam
informações sobre as dimensões da sustentabilidade. Ressaltam que outras
companhias, dentre as mais bem colocadas no ranking do setor de cruzeiros,
publicam informações limitadas, ou não publicam nada em seus websites em
relação a este tema. Além disso, em um senso crítico, os autores afirmam que
as companhias marítimas não adotam a sustentabilidade em seu escopo
estratégico, dando uma ênfase maior aos resultados econômicos, sem a devida
atenção à proteção e manutenção do ambiente natural.
Carić e Mackelworth (2014) discutem o desenvolvimento do turismo costeiro no
Mar Adriático, sua exploração e os problemas causados por ela, em função disso
apresentam alternativas para a gestão ambiental, apontando que o turismo de
cruzeiros com práticas mais sustentáveis, integradas à economia local e à
comunidade poderá desencorajar as práticas não sustentáveis na região,
previnindo impactos negativos a curto prazo, no entanto, os autores alertam que
a falta de transparência das companhias dificulta as ações e a avaliação dos
impactos causados pelas emissões, pelos resíduos líquidos e sólidos, materiais
203
e resíduos perigosos, emissões atmosféricas e água de lastro, nas diversas
regiões.
A análise destes 12 artigos, computou 65 palavras-chave que serviram para
identificar os temas mais pesquisados pelos autores, indicando sua relevância
nos respectivos estudos.
A Tabela 5 apresenta os temas abordados com base nas palavras-chave
utilizadas, as quais estão concentradas em dois grupos: Environmental e Outras
variáveis não ambientais.
204
Tabela 5 - Dimensões e frequência das palavras-chave (10/08/2017)
DIMENSÃO PALAVRA-CHAVE REPETIÇÕES FREQUENCIA
(%)
Environmental (ambiental)
Ship emissions 2 3,08%
Abatement options 1 1,54%
Air quality 1 1,54%
Antifouling coatings 1 1,54%
Biofilms 1 1,54%
Biofouling 1 1,54%
Carbon footprint 1 1,54%
Emission reductions 1 1,54%
Environment 1 1,54%
EPD (Environmental Product Declarations) 1 1,54%
Fouling 1 1,54%
Fouling release coatings 1 1,54%
Green shipping 1 1,54%
Greenhouse gases 1 1,54%
Industrial ecology 1 1,54%
Macrofouling 1 1,54%
Paper waste 1 1,54%
PM10 1 1,54%
Shipping and the environment 1 1,54%
SOx 1 1,54%
Sulphur dioxide 1 1,54%
Sulphur emissions 1 1,54%
Sustainability 1 1,54%
Waste 1 1,54%
Waste minimization 1 1,54%
Waste reduction 1 1,54%
Water footprint 1 1,54% 28 43,08%
Outras variáveis não ambientais
Adhesion, Assurance, Bottled water, Brush, Communities, Conjoint analysis, Consumer behaviour decision making, Corporate social responsibility, Corporate sustainability, Cradle-to-cradle, Cruise (2), Digitalization, Expedition cruising, Factorization, Feed, Glass, Grooming, Harbours, Interpretation, LCA (Life Cycle assessment), Life cycle assessment, LNG retrofit, Maritime transport, Materiality, Means-end analysis, Mediterranean, Mediterranean Sea, Ocean cruising industry, Plastic, Positive matrix, Real options, Shear stress, Ship hull, Ship hull grooming, Source appointment, Tourist experiences, Tourist industry.
37 56,92%
65 100,00%
Fonte: elaborado pelo autor a partir da consulta às publicações indexadas na base de dados Scopus
Verifica-se na Tabela 5 apresenta no grupo Environmental, a concentração de
43,08% das palavras-chave relacionadas aos requisitos ambientais
205
especificados anteriormente neste estudo, ou suas variáveis, os quais servirão
para a definição de variáveis ou indicadores que devem ser medidos em um
navio de cruzeiro. Dos cinco requisitos relacionados por esta pesquisa, quatro
são identificados neste grupo e apresentados a seguir, junto às respectivas
palavras-chave utilizadas: Gerenciamento dos Resíduos: Waste management
(waste minimization and waste reduction); Qualidade do Ar: Air quality
(abatement options, emission reductions and carbon footprint, ship emissions);
Gerenciamento da Energia: Energy management (antifouling coatings) e
Gerenciamento da Água: Water management (water footprint). Inclui-se neste
grupo a Transparência: Transparency (EPD), como um fator fundamental a ser
utilizado na gestão estratégica das companhias marítimas.
Ao se analisar estas palavras-chave e relacioná-las aos requisitos, verificou-se
que o requisito Gerenciamento das Entradas não é citado diretamente neste
grupo, apesar de indiretamente constar da pesquisa de Strazza et al. (2015a),
quando os autores analisam alternativas para a redução do consumo de papel a
bordo dos navios. Essa redução poderia impactar na entrada deste material, no
entanto, o artigo adota palavras-chave relacionadas ao output (saída), que é o
requisito waste management.
Nessa análise cabe ainda a reflexão de que em um trabalho de melhoria
contínua, no sentido de se buscar reduzir a geração de resíduos, deve-se
considerar também as causas dos impactos e não apenas os efeitos (FODNESS,
2016), portanto, ao se analisar o consumo de materiais a bordo, deve-se realizar
o gerenciamento das saídas, tanto quanto o quanto das entradas, ao especificar
e controlar os materiais que entram em um navio, incluindo-se as embalagens
dos produtos consumidos, os combustíveis utilizados, os produtos de limpeza,
entre outros.
Outras palavras-chave são utilizadas no grupo Environment, porém fazem
referência a aspectos gerais desta dimensão, são elas environment, green
shipping, industrial ecology, shipping and the environment e sustainability, esta
última que poderia representar qualquer um dos três fatores do tripé da
206
sustentabilidade, é utilizada por Strazza et al. (2015a) no artigo que analisa
alternativas para a redução do consumo de papel.
Salienta-se ainda a constatação de que há um número reduzido de pesquisas,
relativos aos requisitos relacionados à responsabilidade ambiental em um navio
de cruzeiro.
Finalmente, o grupo Outras Variáveis não Ambientais apresenta o maior número
de dimensões estudadas pelos pesquisadores, com 56,92% das palavras-chave
utilizadas, no entanto, ressalta-se que elas não têm relação direta com uma das
principais dimensões analisadas neste artigo, que é a sustentabilidade
ambiental, mesmo quando se pesquisa a sustentabilidade de maneira mais
ampla, ou seja, não há uma forte convergência entre os temas pesquisados.
Um aspecto que chama a atenção é a falta de repetição das palavras-chave,
ocorrendo somente com cruise e ship emissions, ambas utilizadas duas vezes.
Isso significa que as pesquisas sobre a sustentabilidade ambiental nos navios
de cruzeiros marítimos, por serem ainda incipientes, não permite se ter um
número significativo de estudos a ponto de haver uma concentração de temas
comuns.
Mais um fato relevante a se destacar é relativo à abordagem que Jones et al.
(2016a, 2016b) dão ao requisito Transparency, isso porque ser transparente e
divulgar informações sobre as práticas ambientais pode ser útil no auxílio à
percepção dos cruzeiristas como porta-vozes dos impactos positivos gerados
pelas companhias de cruzeiros.
Apesar de que impactos negativos, se ocorrerem, também poderão ser
divulgados, neste caso causando maiores danos à imagem organizacional, uma
vez que as reputações poderão ser afetadas por fatos, ou mesmo por intenções,
fazendo com que percepções negativas sejam incorporadas à imagem da
companhia a partir dessas discussões (CARPENTER, 2014; FRANDSEN, 2017).
Apesar disso não se deve evitar de divulgar os índices de sustentabilidade,
portanto, informar e educar é fundamental em um processo transparente de
207
conscientização e mudança de percepção (ABNT, 2009, 2014, 2015b;
BALLANTYNE; PACKER; FALK, 2011; CHOI; MURRAY, 2010; DE CONTO et
al., 2013; FEE, 2017; GSTC, 2017; NEIMAN; BARBOSA FREDERICO;
PEREIRA, 2012; PEDRINI et al., 2015; SILVA; MARACAJÁ, 2012; UNEP, 2005;
ZHANG; COLE; CHANCELLOR, 2013), na busca de um engajamento das
pessoas no atendimento às demandas do planeta, visando dessa forma um
futuro melhor para todos.
A pesquisa científica traz informações relevantes sobre os requisitos que as
empresas devem gerenciar para serem percebidas como organizações
ambientalmente sustentáveis, no entanto, isso não será suficiente se essas
atitudes não forem transparentes e para isso as empresas devem disponibilizar
informações suficientes de maneira a influenciar a decisão de compra por parte
dos clientes (RAMOA, 2014).
Com esse intuito, verificou-se o comportamento das companhias de cruzeiros no
contexto de sua comunicação, verificando-se se essas empresas marítimas
informam suas atitudes ambientais ao mercado. Isso foi feito através da análise
dos websites das 31 companhias de cruzeiros associadas à CLIA (CLIA, 2018d)
(Tabela 6).
208
Tabela 6 - Informações nos websites das companhias de cruzeiros8 ao mercado consumidor sobre suas atitudes ambientais (06/08/2017)
Companhias de cruzeiros
Disponibiliza informações sobre as práticas ambientais
Divulga informações sobre requisitos e indicadores da sustentabilidade ambiental avaliados
Disponibiliza algum canal de comunicação para informar sobre práticas ambientais
n Nome da companhia Sim/ Não
Frequência (%)
Sim/Não
Frequência (%)
Sim/ Não
Frequência (%)
1 Ama Waterways Não - Não - Não -
2 AIDA Cruises Sim 3,23% Sim 3,23% Não -
3 American Cruise Lines Não - Não - Não -
4 Avalon Waterways Não - Não - Não -
5 Azamara Club Cruises Não - Não - Não -
6 Carnival Cruise Line Sim 3,23% Sim 3,23% Sim 3,23%
7 Celebrity Cruises Sim 3,23% Não - Não -
8 Celestyal Cruises Não - Não - Não -
9 Costa Cruise Lines Sim 3,23% Sim 3,23% Não -
10 Crystal Cruises Não - Não - Não -
11 Cunard Line Não - Não - Não -
12 Disney Cruise Line Não - Não - Não -
13 Emerald Waterways Não - Não - Não -
14 Holland America Line Sim 3,23% Não - Sim 3,23%
15 MSC Cruises Não - Não - Não -
16 Norwegian Cruise Line Não - Não - Não -
17 Oceania Cruises Não - Não - Não -
18 Paul Gauguin Cruises Não - Não - Não -
19 Pearl Seas Cruises Não - Não - Não -
20 PONANT Yacht Cruises
Não - Não - Não -
21 Princess Cruises Não - Não - Não -
22 Regent Seven Seas Cruises
Não - Não - Não -
23 Royal Caribbean International
Sim 3,23% Sim 3,23% Não -
24 Scenic Luxury Cruises & Tours
Não - Não - Não -
25 Seabourn Não - Não - Não -
26 SeaDream Yacht Club Não - Não - Não -
27 Silversea Cruises Não - Não - Não -
28 Tauck River Cruises Não - Não - Não -
29 TUI Cruises Sim 3,23% Sim 3,23% Sim 3,23%
30 Uniworld Boutique River Cruise
Não - Não - Não -
31 Windstar Cruises Não - Não - Não -
Predisposição Estratégica Ambiental
Sim (7)
22,58% Sim (5)
16,13% Sim (3)
9,68%
Fonte: elaborado pelo autor
A tabela mostra que na consulta aos websites das companhias verificou-se que, em
geral as empresas focam em divulgar as características da frota, roteiros, atrativos a
8 A pesquisa identificou 5 companhias de cruzeiros exclusivamente fluviais e 26 companhias que atuam em ambos os ambientes marinho e fluvial, totalizando 31 companhias de cruzeiros.
209
bordo e os preços dos pacotes, sem a preocupação em informar sobre as práticas,
iniciativas e relatórios de performance ambientais.
Apenas sete companhias (22,58%), das 31 consultadas, oferecem um link específico
para acesso às informações a respeito das práticas ambientais realizadas e somente
cinco empresas (16,13%) divulgam ao mercado consumidor seus relatórios com
informações sobre os requisitos e indicadores da sustentabilidade ambiental.
Para os potenciais hóspedes que desejam fazer contato a fim de obter informações
sobre as práticas adotadas e os benefícios ambientais obtidos pelas companhias,
somente três (9,68%), das 31 empresas de cruzeiros, oferecem essa alternativa.
Estes números servem de alerta às empresas de cruzeiros que optam por não divulgar
informações sobre suas iniciativas ambientais, indo contra a um novo comportamento
do consumidor, mais consciente das questões ambientais e que não considera
somente o preço uma questão fundamental em seu processo de escolha por produtos
e serviços (AMBEC et al., 2013; DOBBS, 2014; DOH; LAWTON; RAJWANI, 2012;
PORTER, 1986; RAMOA; ARDIGÓ; FLORES, 2016), portanto, sabendo que este
cliente está à procura de valor e não de preço (AAKER; MCLOUGHLIN, 2010; LEE;
YOO, 2015; WALKER; MOSCARDO, 2014) as organizações devem considerar que
fatores ambientais positivos podem melhorar sua imagem perante o mercado, o que
pode ser interpretado pelos compradores como um valor agregado que irá atraí-lo
(GÖSSLING et al., 2012; LIMA et al., 2012; MELISSEN, 2013; MORIARTY, 2012;
OLIVEIRA; MARTINS; LIMA, 2010; OLIVEIRA et al., 2012; POMERINGA; NOBLEA;
JOHNSON, 2011).
6.1.2 Conclusões do estudo 1: Predisposição estratégica das companhias
marítimas quanto à sua responsabilidade ambiental
O tema sustentabilidade é ainda muito jovem no contexto internacional. Após os
alertas de Aldo Leopold, em seu livro Sand County Almanac, de 1949 (LEOPOLD,
1968), quando se manifesta sobre a necessidade de respeitar o solo, águas, plantas
e animais e anos mais tarde, em 1962, com Rachel Carson em seu livro Silent Spring
(CARSON, 1962), chamando a atenção para os efeitos nocivos do uso indiscriminado
de agrotóxicos na lavoura, passaram-se 10 anos até que a ONU despertasse e
210
criasse, em 1972 o United Nations Environment Programme (Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente) (UNEP, 2002).
Após a criação da UNEP, a dimensão sustentabilidade passou a ser abordada em
maior profundidade, principalmente com a oficialização do termo desenvolvimento
sustentável ocorrida em 1980 (GAVARD, 2009; IUCN, 1980). Este tema tão instigante
ganhou força, forma e repercussão internacional a partir das discussões realizadas
em Conferências realizadas pela ONU e está agora sendo discutida dentro das
organizações e com maior força devido à definição dos objetivos e metas da Agenda
2030 (UNITED NATIONS, 2015c).
O tema é amplo e gera importantes discussões em diversos setores da economia
inclusive no turismo e seus segmentos, que demandam estratégias agora não mais
focadas exclusivamente no lucro, mas também nos aspectos socioculturais e
ambientais visando proporcionar, não só o crescimento, mas também, o
desenvolvimento sustentável do planeta a fim de atender aos desejos e necessidades
das gerações atuais e futuras com melhor qualidade de vida.
As organizações devem, então, passar a abordar, em seu planejamento estratégico,
as dimensões do desenvolvimento sustentável, a partir de uma análise profunda da
Agenda 2030, considerando as responsabilidades que lhes cabem.
No entanto, partindo da premissa estabelecida neste estudo, em que as companhias
de cruzeiros marítimos devem adotar as melhores práticas ambientais como um
princípio (FODNESS, 2016; UNITED NATIONS, 2015b), este estudo constatou que
apenas 22,58% das empresas analisadas são transparentes em relação à divulgação
de suas práticas ambientais a ponto de, estrategicamente, poderem influenciar seus
clientes atuais e potenciais em seu processo de escolha por produtos turísticos
ambientalmente sustentáveis, o que causa um alerta para a existência de uma lacuna
entre o ambiente corporativo e o mercado.
Academicamente, relativo às pesquisas relacionadas ao turismo de cruzeiros e mais
particularmente a estudos que abordem a sustentabilidade ambiental nos navios,
também se constatou uma carência de pesquisas sem que se possa dizer que a
discussão está esgotada ou que o tema está consolidado entre os pesquisadores de
maneira a inspirar novas pesquisas.
211
Em ambos os casos verificou-se que apesar da importância do tema e dos esforços
por parte de diversas organizações no fomento às práticas sustentáveis (ABNT,
2015b; BOELL, 2017; DKN FUTURE EARTH, 2017; FEE, 2017; FRIENDS OF
EARTH, 2017b; GRI, 2018a; GSTC, 2017; IMO, 2017b; ISO, 2016a; IUCN, 2017;
UNITED NATIONS, 2016d), o tema precisa convergir entre os atores de maneira a
incentivar a produção de estudos técnicos e científicos que possam influenciar
atitudes sustentáveis em todos os níveis, como um agente de mudança que inspire a
participação dos governos, corporações, academia e sociedade.
Apesar de não existir um melhor caminho (MINTZBERG et al., 2007), nem uma
abordagem padrão na formação de estratégias de sustentabilidade (ALMEIDA et al.,
2015), este estudo tem a pretensão de servir de inspiração para o desenvolvimento
de um modelo de gestão que considere a dimensão sustentabilidade ambiental como
um valor estratégico a ser incorporado pelas companhias de cruzeiros e em seus
navios auxiliando-as na compreensão da realidade do ambiente no qual estão
inseridas, a fim de enfrentar os desafios de ordem econômica, social e ambiental e
suas relações.
A intenção desta pesquisa ao focar na sustentabilidade ambiental não é de
menosprezar as outras dimensões do Triple Bottom Line (TBL), cuja relevância é
inquestionável, no entanto, destaca-se o interesse em alertar as empresas marítimas
quanto a sua responsabilidade sobre a conservação do ambiente marinho e dos
impactos causados nos destinos visitados.
Com isso essa estratégia, conforme sugere Almeida et al. (2015), mesmo que
formulada individualmente poderá contribuir para alcançar os objetivos e metas do
desenvolvimento sustentável, integrando uma operação mais limpa dos navios de
cruzeiro com o meio marinho.
6.2 Estudo 2: Sustentabilidade ambiental: um valor estratégico na orientação de
um modelo de gestão para o setor de cruzeiros marítimos9
Estratégias tem sido adotadas para resolver diferentes tipos de conflitos desde o
período pré-histórico (MINTZBERG et al., 2007) e vem se aperfeiçoando ao longo dos
9 Artigo submetido em periódico científico e aguardando parecer final para publicação.
212
anos, refletindo na gestão coorporativa das empresas no enfrentamento não somente
do conhecido, mas também de ambientes inexplorados onde impera o imprevisível e
o incógnito.
Nesse sentido em muitas atividades os fatos do dia a dia, seja na política, na
competição entre empresas ou mesmo nas catástrofes ambientais, produz-se algum
tipo de conhecimento que poderá influenciar a formação de estratégias para o mundo
corporativo.
Portanto, é imperativo, de acordo com Mintzberg et al. (2007), que as empresas
adotem estratégias em sua orientação para a tomada de decisões, porém, é
necessário definir um padrão para que essas estratégias se tornem realmente
eficazes e que não sejam apenas um conjunto de decisões com origem em
compreensões generalizadas e não integradas.
Esse padrão será fundamental no processo decisório, quando se deseja atender aos
objetivos e metas da organização, isso porque, independente da variedade de
definições e da evolução constante do processo de estratégia (MINTZBERG;
AHLSTRAND; LAMPEL, 2010; SCHNEIDER, 2013) ele será essencial nas ações de
posicionamento (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002) e, por consequência, na
orientação da empresa na formulação de sua estratégia.
Porém, ela não pode ser baseada simplesmente na conquista de novos consumidores
ou em metas de crescimento no mercado, a estratégia precisa estar em sinergia com
as novas demandas do planeta que, apesar de sua capacidade de resiliência
(ESPINER; ORCHISTON; HIGHAM, 2017; O’LEARY et al., 2017), vem sofrendo com
diversos tipos de agressões, interferindo dessa forma na sustentabilidade de seu
desenvolvimento.
É nesse contexto, com o intuito de orientar Governos e Organizações, que a United
Nations Organization (UN) tem realizado Conferências a fim de mudar as percepções
em relação à maneira de atingir metas de crescimento com um mínimo de impacto
possível (SCHMALZBAUER; VISBECK, 2017; UNITED NATIONS, 1992a, 1998, 2000,
2002a, 2005, 2010, 2012a, 2012b, 2016f).
213
Conforme já mencionado em itens anteriores, em um desses encontros, realizado em
setembro de 2015, foi formalizada a agenda para o desenvolvimento global, ocasião
em que chefes de Estado e de Governo se reuniram em Nova Iorque, Estados Unidos,
para criar a Agenda 2030 e seus 17 Sustainable Development Goals (SDGs) e 169
metas, que servirão de bússola para as ações dos governos, e por consequência dos
diversos setores da economia, ao longo dos próximos quinze anos a partir de 2015
(SCHMIDT et al., 2017; UNITED NATIONS, 2016f).
Particularmente, de interesse desta etapa da pesquisa, destaca-se o objetivo 14 que
visa a “conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos
marinhos para o desenvolvimento sustentável”, um ambiente no qual os cruzeiros
marítimos, objeto deste estudo, estão inseridos (UNITED NATIONS, 2015c).
O setor turístico, influenciado pelo desenvolvimento sustentável, e, também,
influenciador desse processo (BROTTO et al., 2012; DORAN; LARSEN, 2014; FELIX;
SANTOS; SILVA, 2013; HSIEH, 2012; JITPAKDEE; THAPA, 2012; KIM, 2012;
LAWTON, 2012; MARZO-NAVARRO; PEDRAJA-IGLESIAS; VINZÓN, 2015;
MENEZES; CUNHA, 2014; PICKERING, 2011; ROE; HRYMAK; DIMANCHE, 2014;
ROSALIND JENKINS; KARANIKOLA, 2014; SÖRENSSON; VON FRIEDRICHS,
2013; VAN RHEEDE; BLOMME, 2012; WHITFIELD; DIOKO; WEBBER, 2014; YUAN,
2013; ZHANG et al., 2014; ZHANG; JOGLEKAR; VERMA, 2012a, 2012b) e as
companhias de cruzeiros e seus navios potencialmente poluidores e causadores de
impactos ao ambiente (BUREAU VERITAS, 2018; EIJGELAAR; THAPER; PEETERS,
2010; FRIENDS OF EARTH, 2016; HALL; WOOD; WILSON, 2017; KLEIN, 2009,
2010, 2011; LINDGREN et al., 2016; STEFANIDAKI; LEKAKOU, 2014), também
precisam, ao visar o crescimento e conquista de mercado, formular estratégias com
foco não somente no lucro, mas no atendimento às demandas do planeta e de seus
habitantes, buscando assim, segundo Elkington (2012) crescer visando um
desenvolvimento sustentável, respeitando o planeta e seus habitantes.
Com o intuito de atender à proposta deste estudo exploratório buscou-se identificar os
requisitos ambientais que devem ser gerenciados pelas companhias marítimas em
seus navios de cruzeiros com o objetivo de avaliar se seus produtos turísticos são
ambientalmente sustentáveis. Para isso, definiu-se como objetivo geral desta
pesquisa propor um modelo integrado de gestão estratégica, com base nos requisitos
214
ambientais que devem, de maneira prioritária, servir de orientação para se avaliar a
sustentabilidade ambiental nos navios de cruzeiros marítimos.
Com base nesses requisitos e suas respectivas variáveis ambientais o modelo foi
validado através de uma pesquisa quantitativa junto aos atores que de alguma
maneira influenciam ou são influenciados pelos impactos ambientais causados pelos
navios, dentre eles, os portos, organizações especializadas na temática
sustentabilidade ambiental e as próprias companhias armadoras.
6.2.1 Discussão dos resultados do estudo 2: A sustentabilidade ambiental como um
valor estratégico na orientação de um modelo de gestão para o setor de cruzeiros
marítimos
São poucas as companhias de cruzeiros que divulgam seus indicadores da
sustentabilidade (HALL; WOOD; WILSON, 2017; JONES; COMFORT; HILLIER, 2016;
JONES; HILLIER; COMFORT, 2016), entre as empresas líderes do mercado (CRUISE
MARKET WATCH, 2018) apenas os grupos Carnival Corporation (CARNIVAL
CORPORATION, 2018) e Royal Caribbean Cruises (ROYAL CARIBBEAN, 2015a,
2015b, 2016a, 2016b, 2017a, 2018) publicam relatórios completos, que incluem
questões sociais, econômicas e ambientais. Outras companhias, entre elas a
Norwegian Cruise Lines, MSC Cruises, Disney Cruises, Thomson Cruises, Star
Cruises e Silversea, também, publicam informações sobre o tema, porém de maneira
limitada (JONES; COMFORT; HILLIER, 2016; JONES; HILLIER; COMFORT, 2016).
O pequeno grupo de organizações conscientes com as questões ambientais ressalta
a importância da necessidade do gerenciamento dos fatores geradores dos impactos
causados pelos navios (IMO, 2016b, 2016e, 2016n, 2016h; KLEIN, 2009), o qual será
fundamental na busca das razões dos fatos e das ações necessárias para minimizá-
los, como uma fonte de conhecimento do processo de formação da imagem e
transparência da empresa, que ocorre através do processo informativo e educativo às
partes interessadas sobre suas iniciativas ambientais (DE CONTO et al., 2013;
NEIMAN; BARBOSA FREDERICO; PEREIRA, 2012; PEDRINI et al., 2015; ZHANG;
COLE; CHANCELLOR, 2013).
Dessa maneira ousa-se sinalizar ainda que, a partir da adoção das melhores práticas
ambientais, os navios de cruzeiros poderiam vir a se tornar espaços educadores
215
sustentáveis, que na concepção de Trajber e Sato (2010) são aqueles que mantêm
uma relação equilibrada com o meio ambiente e que compensam seus impactos com
o desenvolvimento de tecnologias apropriadas, potencializando a qualidade de vida
as gerações presentes e futuras.
6.2.1.1 O modelo de gestão ambiental para os navios oceânicos
Nesse processo de transparência e gerenciamento das organizações, buscou-se na
pesquisa exploratória desta tese e em sua análise qualitativa, os cinco requisitos
prioritários sugeridos ao longo do Capítulo 3, item 3.3 Apresentando os requisitos e
variáveis ambientais para os navios de cruzeiro (p.147), para a avaliação dos
processos ambientais nos navios oceânicos, as quais comporão o modelo integrado
de gestão estratégica, formalizado na Figura 12 , a fim de propor às companhias de
cruzeiros marítimos na adoção das melhores práticas ambientais que visem o
desenvolvimento sustentável de seu produto turístico.
Figura 12 - Modelo de Gestão de Estratégia de Valor baseado nos fatores (requisitos) da Sustentabilidade Ambiental para os navios de cruzeiros marítimos
Fonte: elaborado pelo autor
Pressupõe-se, conforme representado na Figura 12, que o gerenciamento contínuo e
a adoção das melhores práticas ambientais permitirá às companhias marítimas
minimizar os impactos causados ao meio ambiente por seus navios de cruzeiros, para
isso o modelo considera gerenciar cinco requisitos ambientais: (1) entradas (input), ou
216
seja, tudo o que é consumido no navio, incluindo os materiais e suas embalagens,
insumos, alimentos, combustíveis, lubrificantes, produtos de limpeza e medicamentos,
entre outros (ABNT, 2014; ISO, 2016a), para aquilo que for processado a bordo cause
o menor impacto possível ao ambiente marinho, aos portos, terminais marítimos,
comunidades e ao próprio destino do navio ou ao longo do percurso.
A partir do processamento adequado das entradas, ressalta-se a importância do (2)
gerenciamento dos resíduos líquidos e sólidos (ABNT, 2014; FRIENDS OF EARTH,
2016; IMO, 1980, 1983, 2006, 2016m, 2016n, 2016b; KLEIN, 2009; UNITED
NATIONS, 1982b) a fim de se evitar o descarte indevido diretamente no oceano, sem
o correto tratamento ou armazenamento para um posterior descarte, ou seja,
respeitando-se as regulamentações vigentes, como as orientações da agência da
ONU, International Maritime Organization (IMO, 2017b).
Uma das variáveis a ser gerenciada, além das que englobam os resíduos líquidos
(água negra, água cinzenta, lodo de esgoto, resíduos perigosos e águas oleosas) e
sólidos, trata-se da água de lastro, que é abordada por uma das regulamentações da
IMO que trata do uso da água para a manutenção da estabilidade da embarcação
(IMO, 2016l, 2017a). Um cuidado adicional deve ser tomado no descarte deste lastro,
quando o navio se encontra em um destino diferente da origem onde houve o
abastecimento, isso porque este resíduo liquido pode conter organismos diferentes do
ambiente onde ela foi embarcada, podendo, neste caso, causar a contaminação
marinha (KLEIN, 2009).
O terceiro requisito considerado pelo modelo é a (3) manutenção da qualidade do ar,
não só por exigir ações corretivas através do uso de filtros e proteções, mas também
por ações preventivas que visem minimizar os impactos causados pela poluição por
gases ou sonora, particularmente, àquelas produzidos pelos motores dos navios
(ABNT, 2014; FRIENDS OF EARTH, 2016; IMO, 2016k; KLEIN, 2009), que poderá
interferir não só com o ambiente interno do navio, mas com o ambiente marinho onde
a embarcação interage.
Um dos fatores ambientais que pode auxiliar neste sentido é o (4) o gerenciamento
da energia, através do uso de lâmpadas mais econômicas e de janelas e paredes com
isolamento térmico e também com o aproveitamento da luz solar e utilização da
217
energia dos portos, quando o navio está atracado, atitudes que contribuirão com a
redução do consumo de combustível e por consequência com a redução das emissões
atmosféricas (ABNT, 2014; ISO, 2016b).
O (5) gerenciamento da água utilizada a bordo, para consumo humano, banho e
limpeza, também é de extrema importância na operação de um navio e assim como
ocorre com a água de lastro, este é um processo que pode impactar diretamente
qualquer ambiente, seja a origem, onde a água foi embarcada, ou o próprio ambiente
marinho, onde ela poderá ser descartada (ABNT, 2014; FRIENDS OF EARTH, 2016;
ISO, 2014; KLEIN, 2009).
O gerenciamento destes requisitos ambientais e a avaliação dos respectivos
indicadores de desempenho, permitirá, em função dos resultados obtidos, classificar
um navio de cruzeiro como sendo ambientalmente sustentável, ou não (KLEIN, 2009).
No entanto, para que estes resultados possam ser utilizados como um fator
estratégico de valor, na conquista e manutenção de clientes, é crucial que a
companhia seja transparente (OECD, 2005) divulgando essas informações, com fácil
acesso à todas as partes interessadas, para que a companhia marítima seja percebida
positivamente pelo mercado, como uma organização consciente, contribuindo com o
desenvolvimento sustentável do ambiente onde está inserida.
6.2.1.2 A convergência da sustentabilidade ambiental na formulação da estratégia de
valor para os navios de cruzeiros
Antes de apresentar o detalhamento dos resultados da análise da pesquisa
quantitativa e a validação do modelo de gestão ambiental, ressalta-se a realização,
em 22.08.2017, da pesquisa exploratória sobre a produção científica indexada na
base Scopus, cujo intuito foi de identificar estudos relacionados à convergência entre
os temas centrais deste artigo: Formulação da Estratégia, Sustentabilidade Ambiental
e Cruzeiros.
Utilizando-se inicialmente as palavras-chave “strategy”, “environmental sustainability”
e “cruises” em uma combinação booleana: “cruise” ou "cruise ship" ou "cruise industry"
ou "cruise tourism" ou “maritime cruise” ou "maritime tourism" ou "nautical tourism" ou
“ocean cruising”, foram identificadas 133 publicações científicas. Buscando-se ser
218
mais específico, concentrando-se na convergência das palavras-chave centrais e
suas derivadas, “strategy” or “strategy formation” or “strategy formulation” and
“environmental sustainability” and “cruises”, verificou-se que em nenhum dos casos
foi identificado qualquer produção científica especificamente relacionada à formulação
de uma estratégia no contexto da sustentabilidade ambiental nos navios de cruzeiros
marítimos, identificando-se, portanto, uma lacuna científica resultante da imbricação
destes temas, tornando o ineditismo desta pesquisa relevante à produção de um novo
conhecimento.
6.2.1.3 Validação do modelo de gestão ambiental para os navios de cruzeiros
marítimos
Com o intuito de preencher a lacuna teórica e de atender ao objetivo proposto buscou-
se, então, através da realização de uma pesquisa quantitativa confirmar os requisitos
ambientais apresentados neste estudo e assim subsidiar as companhias armadoras,
na avaliação de seus navios de cruzeiros, no que diz respeito a atender às orientações
da ONU em seu objetivo 14 da Agenda 2030 (UNITED NATIONS, 2015c).
Conforme informado anteriormente, a pesquisa internacional aqui apresentada foi
enviada para 196 organizações, sendo 90 portos e terminais marítimos internacionais
membros (CLIA, 2018d) ou parceiros (CLIA, 2018e) da CLIA, 18 portos marítimos
brasileiros (ANTAQ, 2018a), 62 organizações especializadas em questões ambientais
relacionadas ao ambiente marinho, aqui chamadas de especialistas, além de 26
companhias de cruzeiros marítimos membros da CLIA (CLIA, 2018d).
Os questionários, elaborados com questões nos idiomas inglês e português, foram
enviados por e-mail através do aplicativo Survey Monkey, sendo que os endereços
eletrônicos foram obtidos diretamente nos sites corporativos, acreditando-se que a
relevância e atualidade do tema seria um fator motivador às empresas na divulgação
de suas crenças relacionadas às iniciativas ambientais, no entanto, verificou-se que
disponibilizar um canal de comunicação especificamente relacionado a um tema da
sustentabilidade não é uma prática comum entre as organizações consultadas. No
caso das companhias de cruzeiros identificou-se que apenas as empresas Aida
Cruises, Costa Cruise Lines, Royal Caribbean e Tui Cruises, indicam um canal de
comunicação em páginas específicas sobre a dimensão sustainability.
219
A falta de um meio de interlocução com o mercado, que permita o acesso às
informações sobre a adoção das melhores práticas sustentáveis, não significa
necessariamente que as empresas não as adotem, no entanto, uma eventual falta de
interesse na divulgação pode ter refletido no baixo porcentual de respostas às
consultas, com o retorno de 101 questionários, sendo computadas 72 respostas
válidas, ou seja, 36,73% do total das 196 organizações consultadas responderam
positivamente à pergunta: Você tem algum conhecimento sobre os temas
desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade, ou sustentabilidade ambiental?
Os questionários foram respondidos pelos três grupos consultados: Portos,
Especialistas e Companhias de Cruzeiros Marítimos. Ao final obteve-se respostas de
36 portos marítimos (40%), 24 organizações especialistas no tema central da pesquisa
(38,71%) e 12 companhias de cruzeiros marítimos (46,15%).
Como exemplo das instituições especialistas, que autorizaram a divulgação do
nome10, destaca-se a: Heinrich Böll Foundation (BOELL, 2017), uma organização com
sede em Berlin, Alemanha, que possui 33 escritórios em cinco continentes e atua em
defesa das questões sociais, econômicas e ambientais; a DKN Future Earth, sediada
em Stuttgart, Alemanha, agrega um conselho consultivo científico e realiza pesquisas
em várias partes do planeta com o intuito de entender a dinâmica e a causalidade da
mudança global e os problemas da sustentabilidade (DKN FUTURE EARTH, 2017); e
a International Union for Conservation of Nature (IUCN, 2017), sediada em Gland,
Suiça, criada em 1948, uma organização que engloba 1.300 associações membros,
no âmbito público, privado e organizações não-governamentais (ONGs) e mais 16.000
especialistas que pesquisam as necessidades para a capacitação do progresso
humano, desenvolvimento econômico e proteção do ambiente natural.
Relativo às companhias de cruzeiros marítimos que responderam à pesquisa,
ressalta-se sua importância para o setor de cruzeiros, tanto pelo número de
passageiros transportados quanto pelo volume de vendas, isso porque as 12
companhias respondentes fazem parte da parcela responsável pelo transporte de
10 Solicitou-se aos respondentes a autorização para a divulgação do nome da empresa e do próprio respondente, sendo que, do total de respostas válidas, apenas 33,8% autorizaram a divulgação.
220
71,20% dos passageiros e 64,30% das vendas globais previstas para 2018, segundo
Cruise Market Watch (CRUISE MARKET WATCH, 2018).
Dentre elas constam quatro empresas do grupo Carnival Corporation, com
participação de 47,4% no mercado de passageiros e 39,4% do total do faturamento
do setor de cruzeiros e três da Royal Caribbean International com 23,0% e 20,2%,
totalizando 71,2% de participação no mercado e 64,3% de faturamento,
respectivamente, ambos os grupos que demonstram transparência ao divulgar seus
relatórios sobre a sustentabilidade (CARNIVAL CORPORATION, 2018; JONES;
COMFORT; HILLIER, 2016; JONES; HILLIER; COMFORT, 2016; ROYAL
CARIBBEAN, 2016b).
A seguir apresenta-se o resultado da análise da pesquisa quantitativa, cujo
questionário (APÊNDICES) é composto por três blocos, sendo o primeiro com duas
questões genéricas (Q1 e Q2) que teve o intuito de avaliar o nível de conhecimento
dos respondentes sobre temas relativos ao Desenvolvimento Sustentável, o segundo
bloco contém três questões (Q3, Q4 e Q5) que enfatizam o tema Estratégia e o terceiro
bloco com duas questões (Q6 e Q7) relacionadas à temática Sustentabilidade
Ambiental, sendo a última (Q7) especificamente formulada a fim de confirmar os
requisitos e variáveis ambientais definidas neste estudo.
No primeiro bloco, a primeira questão (Q1) avalia a capacidade do respondente em
responder ao questionário: (V1) Você tem algum conhecimento sobre os temas
desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade, ou sustentabilidade ambiental? Em
caso de resposta negativa, agradecia-se pela participação e a pesquisa era
encerrada, caso contrário, ao responder pelo menos uma questão, o questionário era
considerado válido para o prosseguimento da pesquisa.
Na segunda questão (Q2) perguntou-se sobre o conhecimento em relação à Agenda
2030 da ONU (UNITED NATIONS, 2015c): (V2) Você está familiarizado com os 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ONU) e a agenda que deve ser
implementada por todos os países até 2030? Para esta pergunta foram computadas
72 respostas válidas, sendo 25,00% “total conhecimento”; 50,00% “conhecimento
parcial” e 25,00% “não tenho conhecimento”.
221
Analisando-se os dois primeiros conjuntos de respostas separadamente em grupos,
constatou-se que, entre os 25,00%, que responderam “total conhecimento”, 19,44%
dos portos consultados apresentaram esta resposta, 25,00% dos especialistas em
sustentabilidade ambiental no ambiente marinho afirmaram o mesmo e 41,67% das
companhias marítimas entrevistadas afirmaram ter pleno conhecimento da Agenda
2030. Dos 50,00% respondentes com “conhecimento parcial”, 52,78% dos portos e
terminais, 45,83% dos especialistas no tema pesquisado e 50,00% das empresas de
cruzeiros marítimos consultadas apresentaram esta afirmação.
Ao analisar estes porcentuais, constata-se que a maioria dos respondentes não tem
conhecimento profundo sobre a Agenda 2030, resolução que foi adotada pela ONU
(UNITED NATIONS, 2015c), em setembro de 2015. No entanto, nota-se que o
conhecimento é maior entre as companhias de cruzeiros marítimos (41,67%),
comparando-se com os outros grupos consultados.
O segundo bloco, composto pelas questões Q3, Q4 e Q5, foi relacionado ao contexto
da estratégia. A pergunta Q3 se refere à decisão das organizações em realizarem
ações ambientais somente se forem legalmente obrigadas: (V3) Em sua opinião a
adoção das melhores práticas ambientalmente sustentáveis depende de ações dos
governos, através da criação de leis específicas sobre o tema, ou deve ser uma atitude
proativa das próprias organizações, como um princípio de valor, independente de uma
exigência legal?
Do total de 72 respostas, a maioria das organizações consultadas, 81,94%,
responderam positivamente sobre a necessidade estratégica de serem proativas nas
questões ambientais, 12,50% acreditam que a adoção das melhores práticas
ambientalmente sustentáveis depende de imposição legal e 5,56% não tem opinião a
respeito.
Entre as empresas que acreditam que deve haver atitude proativa em relação às
melhores práticas ambientais, 83,33% dos portos respondentes tem esta opinião,
79,17% de especialistas em sustentabilidade ambiental e 83,33% das companhias de
cruzeiros marítimos também afirmam o mesmo ao serem consultados a respeito.
222
As respostas traduzem a necessidade estratégica das empresas em adotarem
atitudes proativas nas ações ambientais, não apenas por obrigação legal, mas pela
consciência por ser uma necessidade global.
Na questão Q4 perguntou-se sobre a percepção das empresas em relação ao
comportamento dos consumidores, em seu processo de escolha, relativo às atitudes
ambientais das organizações (V4): Em sua opinião a adoção das melhores práticas
ambientalmente sustentáveis e a divulgação dessas práticas ao mercado é uma
estratégia que pode influenciar o processo de escolha da organização, ou de seus
produtos, pelos consumidores?
Nas respostas obtidas verificou-se que 86,11% profissionais que representam as
empresas consultadas, acreditam que sim, que o mercado é influenciado pelas
práticas ambientais, 6,94% disseram que não, que não há influência e 6,94% das
empresas não tinham opinião a respeito.
Separadamente, analisando-se as respostas dos grupos, verificou-se que do total dos
respondentes que afirmam que os clientes são suscetíveis às ações ambientais em
seu processo de escolha, 88,89% dos respondentes representantes dos portos ou
terminais, 87,50% que respondem pelo grupo de especialistas em sustentabilidade
ambiental e 75,00% que representam as companhias marítimas afirmam que as
decisões do mercado são influenciadas pelas práticas ambientais.
Nesse sentido, concluiu-se que a maioria das empresas estão cientes de que a
passividade em relação às atitudes ambientais e o apoio ao desenvolvimento
sustentável, pode ser um fator negativo em seu próprio crescimento e
desenvolvimento.
A questão Q5 apresenta uma série de fatores ambientais e nela solicita-se aos
respondentes que assinalem a escala de importância (0 a 4), correspondente aos
aspectos que são essenciais, na percepção deles como representantes das
organizações consultadas, ao se formular uma estratégia: São aspectos fundamentais
que uma organização deve considerar na formação de uma estratégia de valor, de
maneira a contribuir com a conservação dos recursos naturais e cooperar com a
manutenção do equilíbrio ambiental do planeta (Tabela 7).
223
Tabela 7 - Aspectos fundamentais que uma organização deve considerar na formação de uma estratégia de valor, de maneira a contribuir com a conservação dos recursos naturais e cooperar com a manutenção do equilíbrio ambiental do planeta
Fonte: elaborado pelo autor
Na análise das escalas, verificou-se que todos os fatores informados têm importância
positiva para o maior porcentual de respondentes, ou seja, a maioria deles assinalou
as escalas 3 (importante) ou 4 (muito importante), significando que para os gestores,
as estratégias devem ser formuladas de forma consciente, com conhecimento dos
conceitos empregados e com engajamento de todos no processo, assim como
sugerem Mintzberg, Lampel, Quinn, & Ghoshal (2007). Os respondentes afirmam,
ainda, que a dimensão sustentabilidade ambiental e o gerenciamento dos seus
requisitos e indicadores, a partir da adoção das melhores práticas ambientais, são
fatores importantes a serem considerados em uma estratégia de criação de valor com
a finalidade de explorar de maneira positiva sua imagem perante o mercado.
As questões Q6 e Q7 correspondem ao terceiro bloco de questionamentos,
especificamente com foco na dimensão central do artigo que é a sustentabilidade
ambiental.
fa1-2 fr1-2 % fa3-4 fr3-4 % fat3-4 frt3-4 % fa0 fr0 %
Portos 2 2,78 33 45,83 1 1,39 3,42
Especialistas 3 4,17 21 29,17 0 0,00 3,21
Cia. Cruzeiros 1 1,39 11 15,28 0 0,00 3,33
Portos 1 1,39 34 47,22 1 1,39 3,47
Especialistas 1 1,39 23 31,94 0 0,00 3,63
Cia. Cruzeiros 0 0,00 12 16,67 0 0,00 3,58
Portos 3 4,17 33 45,83 0 0,00 3,61
Especialistas 0 0,00 23 31,94 1 1,39 3,58
Cia. Cruzeiros 0 0,00 11 15,28 1 1,39 3,42
Portos 3 4,17 33 45,83 0 0,00 3,50
Especialistas 2 2,78 21 29,17 1 1,39 3,33
Cia. Cruzeiros 3 4,17 9 12,50 0 0,00 3,17
Portos 0 0,00 36 50,00 0 0,00 3,64
Especialistas 1 1,39 23 31,94 0 0,00 3,67
Cia. Cruzeiros 0 0,00 12 16,67 0 0,00 3,50
Portos 6 8,33 30 41,67 0 0,00 3,33
Especialistas 3 4,17 21 29,17 0 0,00 3,29
Cia. Cruzeiros 3 4,17 8 11,11 1 1,39 2,75
Portos 3 4,17 33 45,83 0 0,00 3,50
Especialistas 0 0,00 24 33,33 0 0,00 3,54
Cia. Cruzeiros 0 0,00 12 16,67 0 0,00 3,67
69 95,83
0,729
0,739
0,762
0,702
0,745
0,749
0,738
63 87,50
71 98,61
59 81,94V10
Explorar a imagem da organização
para ser percebida como uma
empresa consciente das
demandas ambientais do planeta
V11
Gerenciar e controlar os
indicadores da sustentabilidade
ambiental
65 90,28
69 95,83
67 93,06V7
Adotar a sustentabilidade
ambiental como um princípio
empresarial, como um elemento
de estratégia de valor
V8
Formular a estratégia empresarial
com base nos requisitos da
sustentabilidade ambiental
V9Adotar as melhores práticas no
contexto dos requisitos ambientais
Média
Ponderada
Alfa de
Cronbach1 - 2 3 - 4 0
V5
Ter conhecimento dos
conceitos de gestão
estratégica
72
V6
Promover o engajamento
dos gestores em todo o ciclo da
gestão estratégica
Q5 - Dimensão Formulação da Estratégia
Aspectos essenciais para formular a
estratégia
Respondentes
Frequência
(f)
Grupo de
respondentes
Importância
Negativa
Importância
PositivaNeutra
224
Em relação à questão Q6 procurou-se saber a importância em se adotar medidas com
o intuito de minimizar os impactos ambientais. Ao relacionar as 16 medidas, solicitou-
se aos respondentes que indicassem, na percepção deles, o grau de importância de
cada um dos fatores apresentados como (Q6) medidas para minimizar a poluição do
ar, terra e água e para auxiliar na conservação da diversidade biológica e do
património natural (Tabela 8).
225
Tabela 8 - Medidas para minimizar a poluição do ar, terra e água e para auxiliar na conservação da diversidade biológica e do património natural
(continua)
Fonte: elaborado pelo autor
fa1-2 fr1-2 % fa3-4 fr3-4 % fat3-4 frt3-4 % fa0 fr0 %
Portos 0 0,00 36 50,00 0 0,00 3,75
Especialistas 0 0,00 24 33,33 0 0,00 3,92
Cia. Cruzeiros 0 0,00 12 16,67 0 0,00 3,67
Portos 0 0,00 36 50,00 0 0,00 3,78
Especialistas 0 0,00 24 33,33 0 0,00 3,88
Cia. Cruzeiros 0 0,00 12 16,67 0 0,00 3,83
Portos 3 4,17 33 45,83 0 0,00 3,44
Especialistas 1 1,39 23 31,94 0 0,00 3,67
Cia. Cruzeiros 0 0,00 12 16,67 0 0,00 3,67
Portos 6 8,33 30 41,67 0 0,00 3,28
Especialistas 2 2,78 22 30,56 0 0,00 3,46
Cia. Cruzeiros 1 1,39 11 15,28 0 0,00 3,33
Portos 3 4,17 33 45,83 0 0,00 3,44
Especialistas 0 0,00 23 31,94 1 1,39 3,42
Cia. Cruzeiros 0 0,00 12 16,67 0 0,00 3,50
Portos 0 0,00 36 50,00 0 0,00 3,81
Especialistas 0 0,00 24 33,33 0 0,00 3,92
Cia. Cruzeiros 0 0,00 12 16,67 0 0,00 4,00
Portos 2 2,78 34 47,22 0 0,00 3,50
Especialistas 0 0,00 24 33,33 0 0,00 3,75
Cia. Cruzeiros 1 1,39 11 15,28 0 0,00 3,25
Portos 1 1,39 35 48,61 0 0,00 3,58
Especialistas 0 0,00 24 33,33 0 0,00 3,79
Cia. Cruzeiros 1 1,39 11 15,28 0 0,00 3,75
Portos 2 2,78 34 47,22 0 0,00 3,56
Especialistas 1 1,39 23 31,94 0 0,00 3,54
Cia. Cruzeiros 1 1,39 11 15,28 0 0,00 3,50
72
V20
Promover manutenções preventivas
de seus equipamentos e
infraestruturas, minimizando
impactos negativos aos
ecossistemas marinhos
68 94,44 0,898
V18
Optar por fornecedores conscientes
das suas responsabilidades
ambientais
69 95,83 0,898
V19
Reduzir, reciclar e/ou minimizar a
produção de resíduos sólidos e
efluentes líquidos
70 97,22 0,899
V16
Estabelecer e difundir amplamente
um código de comportamento
ambiental para toda a organização,
atingindo as partes interessadas que
a apoiam
68 94,44 0,896
V17Estar em conformidade com a
legislação ambiental vigente 72 100,00 0,907
V14
Estabelecer programas de educação
ambiental com o objetivo de
conscientizar as partes interessadas
sobre os limites e capacidades de
seus recursos naturais
68 94,44 0,898
V15
Construir mecanismos informativos
que permitam que os turistas
reconheçam as fragilidades
relacionadas à fauna e flora marinha
63 87,50 0,898
0,905
V13
Não permitir que quaisquer tipos de
resíduos contaminem os recursos
hídricos de qualquer espécie e/ou
zonas costeiras e marinhas
72 100,00 0,907
Média
Ponderada
Alfa de
Cronbach(1 - 2) (3 - 4) (0)
V12
Cumprir os requisitos necessários
para prover a qualidade da água, seja
para consumo ou para o banho, com
o tratamento dos resíduos líquidos
antes de seu descarte ao ambiente
72 100,00
Q6 - Dimensão Sustentabilidade Ambiental: Medidas
para minimizar os impactos
Frequência
de
respostas
válidas
(f)
Grupo de
Respondent
es
Importância
Negativa
Importância
PositivaNeutra
226
Tabela 6 - Medidas para minimizar a poluição do ar, terra e água e para auxiliar na conservação
da diversidade biológica e do património natural
(conclusão)
Fonte: elaborado pelo autor
Esta questão, foi elaborada a partir de uma adaptação dos critérios especificados por
Santos; Méxas; Meiriño (2017) que realizaram um estudo para o gerenciamento dos
fatores relativos ao desenvolvimento sustentável em hotéis, o que permite, em função
disso, relacionar os requisitos ambientais ao produto turístico cruzeiro marítimo, os
quais foram especificados neste estudo, devido ao fato deste também ser considerado
fa1-2 fr1-2 % fa3-4 fr3-4 % fat3-4 frt3-4 % fa0 fr0 %
Portos 1 1,39 35 48,61 0 0,00 3,58
Especialistas 1 1,39 23 31,94 0 0,00 3,71
Cia. Cruzeiros 1 1,39 11 15,28 0 0,00 3,58
Portos 4 5,56 32 44,44 0 0,00 3,28
Especialistas 3 4,17 20 27,78 1 1,39 3,25
Cia. Cruzeiros 1 1,39 11 15,28 0 0,00 3,25
Portos 2 2,78 33 45,83 1 1,39 3,31
Especialistas 2 2,78 21 29,17 1 1,39 3,33
Cia. Cruzeiros 1 1,39 11 15,28 0 0,00 3,33
Portos 2 2,78 34 47,22 0 0,00 3,53
Especialistas 1 1,39 22 30,56 1 1,39 3,50
Cia. Cruzeiros 0 0,00 12 16,67 0 0,00 3,50
Portos 1 1,39 35 48,61 0 0,00 3,56
Especialistas 0 0,00 24 33,33 0 0,00 3,63
Cia. Cruzeiros 0 0,00 12 16,67 0 0,00 3,50
Portos 2 2,78 34 47,22 0 0,00 3,61
Especialistas 0 0,00 24 33,33 0 0,00 3,75
Cia. Cruzeiros 0 0,00 12 16,67 0 0,00 3,50
Portos 2 2,78 34 47,22 0 0,00 3,61
Especialistas 1 1,39 23 31,94 0 0,00 3,50
Cia. Cruzeiros 0 0,00 12 16,67 0 0,00 3,58
0,900
72
Neutra
Média
Ponderada
Alfa de
Cronbach(1 - 2) (3 - 4) (0)
Q6 - Dimensão Sustentabilidade Ambiental: Medidas
para minimizar os impactos
Frequência
de
respostas
válidas
(f)
Grupo de
Respondent
es
Importância
Negativa
Importância
Positiva
V21
Propor uma política organizacional
que dissemine o uso de energias
renováveis e a inserção de
mecanismos eco-eficientes que
permitam uma melhor utilização da
água e da energia elétrica
69 95,83
V26Promover a proteção da flora e fauna
marinha 70 97,22 0,900
V27Definir ações de responsabilidade
sobre as emergências ambientais 69 95,83 0,904
V24Reduzir a emissão de gases, de
ruído e odores 68 94,44 0,902
V25
Minimizar o uso de insumos com
potenciais influências negativas ao
meio ambiente
71 98,61 0,897
V22Utilizar produtos biodegradáveis em
processos de limpeza 63 87,50 0,899
V23
Efetivar uma gestão participativa
para que os objetivos ambientais
sejam cumpridos
65 90,28 0,900
227
um meio de hospedagem (AGARWAL, 2002; PAPATHEODOROU, 2004; WALTON,
2009).
Os fatores apresentados aos respondentes representam, de maneira geral, os
requisitos e variáveis ambientais estabelecidos pelo modelo de gestão estratégica de
valor definido por este estudo, para os navios de cruzeiros marítimos, contemplando
desde o controle das entradas através da escolha de fornecedores ambientalmente
responsáveis, passando pelo gerenciamento dos resíduos, da qualidade do ar, do
gerenciamento da energia e da água utilizada a bordo, além da adoção de ações
preventivas como a manutenção de equipamentos e transparentes através da
educação ambiental das partes interessadas, de maneira a se buscar um novo
comportamento ambiental de todos os envolvidos nos processos de operação,
manutenção e utilização das áreas dos navios de cruzeiros marítimos.
As respostas apresentadas pelos respondentes mantém a direção das questões
anteriores, confirmando a importância positiva dos fatores ambientais que devem ser
gerenciados em um navio de cruzeiro como medidas para minimizar a poluição do ar,
terra e água e para auxiliar na conservação da diversidade biológica e do património
natural, o que sustenta a necessidade das empresas não só formularem estratégias
visando a adoção das melhores práticas no contexto da sustentabilidade ambiental,
mas efetivamente a praticarem para que possam crescer a partir do desenvolvimento
sustentável de seu negócio.
O grupo de afirmações Q7 particulariza, de forma mais direta, as variáveis ambientais
que devem ser gerenciadas pelas companhias de cruzeiros em seus navios, ao
questionar sobre os (Q7): requisitos ambientais que devem ser gerenciados para
prevenir e minimizar a poluição causada pelos navios de cruzeiros marítimos,
auxiliando na manutenção da capacidade de assimilação desses resíduos pelo meio
ambiente. Essas variáveis, que formam o conjunto de requisitos ambientais, foram
apresentadas em sequência, as quais poderiam ser escolhidas livremente com base
no conhecimento sobre o tema, podendo ser selecionada uma ou mais, ou mesmo
nenhuma (Tabela 9).
228
Tabela 9 - Requisitos ambientais que devem ser gerenciados para prevenir e minimizar a poluição causada pelos navios de cruzeiros marítimos, auxiliando na manutenção da capacidade de assimilação desses resíduos pelo meio ambiente
(continua)
Fonte: elaborado pelo autor
Portos 32 44,44
Especialistas 20 27,78
Cia. Cruzeiros 11 15,28
Portos 31 43,06
Especialistas 18 25,00
Cia. Cruzeiros 11 15,28
Portos 30 41,67
Especialistas 19 26,39
Cia. Cruzeiros 10 13,89
Portos 31 43,06
Especialistas 21 29,17
Cia. Cruzeiros 10 13,89
Portos 30 41,67
Especialistas 21 29,17
Cia. Cruzeiros 10 13,89
Portos 25 34,72
Especialistas 19 26,39
Cia. Cruzeiros 9 12,50
V33
Gerenciar o lastro
internamente, sem
necessidade de
descarga, ou quando
necessário realizar o
descarte de
maneira segura e de acordo
72 53 73,61 0,676
V32
Realizar o manejo seguro
dos resíduos oleosos em
cada navio
72 61 84,72 0,680
V31
Realizar o manejo seguro
dos resíduos perigosos em
cada navio
72 62 86,11 0,691
V30
Realizar o manejo seguro
dos resíduos sólidos em
cada
navio
72 59 81,94 0,671
V29
Realizar o manejo seguro
dos esgotos em cada
navio
72 60 83,33 0,686
frt
%
Alfa de
Cronbach
V28
Realizar o manejo seguro
das águas residuais em
cada
navio (black e gray water)
72 63 87,50 0,714
Q7 - Dimensão Sustentabilidade
Ambiental:
Requisitos ambientais gerenciados
nos navios de cruzeiros
Frequência de
respostas
válidas
(f)
Grupo de
Respondentesfa
fr
%fat
229
Tabela 9 - Requisitos ambientais que devem ser gerenciados para prevenir e minimizar a poluição causada pelos navios de cruzeiros marítimos, auxiliando na manutenção da capacidade de assimilação desses resíduos pelo meio ambiente
(conclusão)
Fonte: elaborado pelo autor
Do total de 101 questionários considerados válidos, 72 respondentes optaram por
selecionar pelo menos uma variável dentre as apresentadas, correspondendo a
71,28% dos respondentes.
Esta questão teve uma opção aberta, para que o respondente pudesse informar
livremente sobre outros requisitos ambientais. Oito respondentes contribuíram
agregando suas opiniões às respostas (Quadro 14).
Portos 25 34,72
Especialistas 17 23,61
Cia. Cruzeiros 9 12,50
Portos 24 33,33
Especialistas 18 25,00
Cia. Cruzeiros 10 13,89
72 Portos 25 34,72
Especialistas 17 23,61
Cia. Cruzeiros 8 11,11
72 Portos 26 36,11
Especialistas 18 25,00
Cia. Cruzeiros 9 12,50
Alfa de
Cronbach
50
53
69,44
73,61 0,653
0,663
Q7 - Dimensão Sustentabilidade
Ambiental:
Requisitos ambientais gerenciados
nos navios de cruzeiros
Frequência de
respostas
válidas
(f)
Grupo de
Respondentesfa
fr
%fat
frt
%
Desenvolver uma política de
melhoria contínua da
gestão racional do uso da
água
V36
V37
Adotar uma política de
minimizar o desperdício
potencial de tudo o que é
embarcado, não só dos
recursos naturais, mas
também de produtos
industrializados, necessários
V35
Desenvolver uma política de
gestão energética,
adotando-se programas de
energia renovável, que
contemple a redução do
consumo da energia
72 52 72,22 0,695
V34
Adotar uma política
organizacional, seguindo as
orientações do Acordo de
Paris (COP 21), para a
redução da emissão de
gases poluidores do meio
ambiente
72 51 70,83 0,671
230
Quadro 14 - Contribuições dos respondentes
Respondente Requisitos ambientais
Sugestões
1 Gerenciamento dos resíduos
Resolução A.962 (23), Diretrizes da IMO sobre reciclagem de navios
2 Qualidade do
ar Não utilizar HFO (óleo combustível residual)
3 Qualidade do
ar O consumo total de energia nos navios de cruzeiro é muito alto. Minimizar o consumo total deve ser uma questão importante
4 Qualidade do
ar Reduzir as emissões de SOX (óxido de enxofre) e NOX (óxido de nitrogênio). Adotar processos de Educação Ambiental
5 Todos Desenvolver programa de manutenção preventiva dos equipamentos
6 - Nós apenas entregamos nossos serviços em terra
7 -
Muitos dos requisitos acima mencionados já estão em operação ou implementados no noroeste da Europa, mas ainda são necessários controles e são possíveis e necessárias novas melhorias
Fonte: elaborado pelo autor
Ao analisar as respostas, verifica-se que as contribuições apresentadas estão de
acordo com os requisitos ambientais apresentados por este estudo, em alguns casos
na forma mais particular, como é o caso do item 1, que aborda a Convenção
internacional de Hong Kong para o reciclagem segura e ecológica dos navios (IMO,
2009), no caso desta pesquisa tratado como o próprio requisito ambiental
gerenciamento das saídas (output).
As sugestões 2, 3 e 4 tratam da qualidade do ar, em particular do óleo combustível
residual (HFO), que são resíduos do processo de refino do petróleo, como a gasolina,
querosene e diesel e lubrificantes, utilizado como principal combustível em sistemas
de aquecimento e no transporte marítimo (AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE,
2012).
Segundo a International Energy Agency (IEA), atualmente 84% das misturas de
combustível utiliza HFOs, no entanto, a IMO definiu um padrão de eficiência
energética para navios novos, que entrará em vigor em 2020. Este padrão,
231
especificado no Energy Efficiency Design Index (EEDI), define um limite global de
enxofre em 0,5% nos combustíveis navais (IMO, 2018b).
Prevê-se que o cumprimento desta exigência levará ao aumento do preço do
combustível marítimo, portanto, para resolver este impacto na economia a IMO sugere
a substituição por combustíveis com baixo teor de enxofre, GLP, biocombustíveis ou
combustíveis sintéticos. De qualquer maneira os navios precisarão ser equipados com
depuradores para reduzir as emissões de SOx (IEA, 2017)
Uma sugestão adicional, informada por um dos respondentes (item 4), trata da
educação ambiental, a qual é abordada por este estudo como o fator transparência,
que é crucial para as organizações (OECD, 2005) como um processo informativo e
educativo das melhores práticas ambientais à todas as partes interessadas (ABNT,
2009; DE CONTO et al., 2013; NEIMAN; BARBOSA FREDERICO; PEREIRA, 2012;
PEDRINI et al., 2015; ZHANG; COLE; CHANCELLOR, 2013).
Ao final, ao se analisar as respostas e sugestões, permite-se qualificá-las
positivamente, por identificar nelas uma direção comum (SAMPIERI; COLLADO;
LUCIO, 2013) relativa à necessidade de atitudes ambientais por parte das
organizações, representadas pela maioria dos respondentes, que confirmaram os
cinco requisitos ambientais, gerenciamento das entradas; gerenciamento da energia;
gerenciamento da água; gerenciamento dos resíduos e qualidade do ar, que devem
ser prioritariamente gerenciados pelas companhias de cruzeiros para prevenir e
reduzir os impactos causados por seus navios.
Confirmando o modelo proposto, ressalta-se ainda que, a pesquisa apresentou
resultados confiáveis, com nível de precisão aceitável dos coeficientes de
confiabilidade interna dos dados, alfa de Cronbach, ou seja, dentro dos padrões
internacionais de aceitação (HAIR et al., 2009; MAROCO; GARCIA-MARQUES,
2013).
Além dos requisitos ambientais, necessários ao desenvolvimento sustentável do
produto turístico cruzeiro marítimo, o estudo confirmou a importância da formação dos
gestores quanto ao conhecimento e engajamento em relação às questões ambientais,
para que possam atender aos novos desafios relativos ao desenvolvimento
232
sustentável do planeta, em particular com a contribuição de todos rumo a um objetivo
comum.
Confirmou, ainda que as companhias de cruzeiros marítimos devem adotar as
melhores práticas no contexto da sustentabilidade ambiental como uma estratégia de
valor, adotando os requisitos ambientais aqui expostos, no entanto, devendo ser
gerenciados individualmente em cada um de seus navios de cruzeiros.
6.2.1.4 Análise confirmatória e estrutural
A fim de consolidar os resultados, com o intuito de depurar as variáveis ambientais e
assim confirmá-las, os dados da pesquisa empírica foram submetidos à uma segunda
análise, chamada de etapa confirmatória-descritiva, feita com auxílio do software
Smart-PLS. Para esta análise empregou-se um modelo com 10 variáveis relacionadas
aos cinco requisitos ambientais propostos por este estudo, as variáveis latentes:
gerenciamento das entradas (input management); gerenciamento da energia (energy
management); gerenciamento da água (water management); gerenciamento dos
resíduos (waste management) e air quality (qualidade do ar).
Antes de rodar o PLS, a fim de validar o teste, foi calculado o tamanho mínimo da
amostra, feito através do software G*Power 3.1.9.2 (FAUL et al., 2009). Seguindo a
recomendação de Hair, Sarstedt, Hopkins, & Kuppelwieser (2014) adotou-se como
parâmetros, para o cálculo a priori, poder de teste (Power = 1 – β err prob) como 0.80
e effect size (f2) de 0.15. O resultado apresentou a necessidade de uma amostra
mínima de 68 respostas, portanto, inferior aos 72 questionários válidos obtidos na
pesquisa, apesar de que para se obter um modelo mais consistente sugere-se utilizar
amostras duas ou três vezes maiores (RINGLE; DA SILVA; BIDO, 2014).
Com a amostra mínima validada, executou-se o PLS, cujo modelo estrutural completo
sua análise e resultados são apresentados na Figura 13.
233
Figura 13 - Modelo Estrutural Completo
Fonte: elaborado pelo autor
A intensidade das setas internas indica que os requisitos ambientais apresentados
são coerentes com as variáveis relacionadas a elas, com uma maior influência do
gerenciamento das entradas em relação ao gerenciamento dos resíduos (0,370) e,
principalmente, ao gerenciamento da água (0,557), que por sua vez exerce
significante impacto ao gerenciamento dos resíduos (0,378). Ressalta-se, também, a
significativa influência do gerenciamento dos resíduos em relação à qualidade do ar
(0.426), o que pode ser explicado em parte quando há um processo de incineração
dos resíduos a bordo (KLEIN, 2009).
Para confirmar, acrescenta-se que as relações entre estas variáveis latentes
apresentaram ainda significância estatística (P), superior a 0,05. Estes resultados, em
conjunto com a análise das relações com as variáveis observáveis, demonstram que
o modelo apresentado indica uma relação significativa entre todas as variáveis,
latentes ou não, mesmo havendo impactos menores pode-se dizer que a operação do
navio pode ser afetada por um mal gerenciamento das entradas, dos resíduos, da
água e da energia, o que poderá influenciar nos impactos causados ao meio ambiente
marinho.
A análise do resultado apresentado confirma a viabilidade do modelo, uma vez que os
construtos testados apresentaram índices, tanto da Confiabilidade Composta
234
(Composite Reliability) (CR), quanto da Variância Média Extraída (Average Varince
Extracted) (AVE), com taxas superiores ao mínimo esperado de 0,7 e 0,5,
respectivamente (RINGLE; DA SILVA; BIDO, 2014) (Tabela 10).
Tabela 10 - Valores da qualidade de ajuste do modelo
Cronbachs
Alpha rho_A
Composite Reliability
(CR)
Average Variance
Extracted (AVE)
Qualidade do Ar 1.000 1.000 1.000 1.000
Gerenciamento da Energia 1.000 1.000 1.000 1.000
Gerenciamento das Entradas 1.000 1.000 1.000 1.000
Gerenciamento dos Resíduos 0.912 0.914 0.933 0.700
Gerenciamento da Água 1.000 1.000 1.000 1.000
Fonte: elaborado pelo autor
Finalmente a análise relativa às validades convergentes demonstra que os valores
obtidos no teste PLS indicam que o modelo tem acurácia e que os requisitos e suas
variáveis são relevantes, podendo-se sugerir o uso do modelo às companhias de
cruzeiros marítimos conforme proposta deste estudo.
6.2.2 Conclusões do estudo 2: A sustentabilidade ambiental como um valor
estratégico na orientação de um modelo de gestão para o setor de cruzeiros marítimos
Em um período em que se discute aspectos da sustentabilidade além da biosfera, com
abordagens sobre o turismo espacial e até como viabilidade de nossa espécie
(SPECTOR; HIGHAM; DOERING, 2017), por enquanto, é aqui na Terra que as
soluções para os problemas do presente e do futuro precisam mais urgentemente ser
encontradas.
E é no cumprimento dos objetivos para o desenvolvimento sustentável, estabelecidos
na Agenda 2030, ao atender suas demandas e necessidades do planeta, que as
organizações poderão se transformar em um ativo sustentável, encontrando no lucro
um elemento dependente de sua responsabilidade social e ambiental, mesmo que não
seja uma obrigatoriedade legal, a Agenda passou a ser uma necessidade ética, por
ser moralmente obrigatória.
235
Dessa maneira as empresas que adotarem na formulação de suas estratégias e em
toda a gestão de seu negócio, além da responsabilidade social e econômica, a
sustentabilidade ambiental como um princípio de valor fundamental na intenção de
atender aos desejos e necessidades de seus atuais e potenciais clientes, poderão ser
percebidas no mercado como uma organização consciente e atuante em favor do
planeta e das gerações futuras.
É a contribuição que esta pesquisa apresenta, ao reconhecer a importância do
engajamento dos gestores e partes interessadas em um processo de estratégia de
valor baseado nas melhores práticas ambientais com a consequente necessidade de
adoção de indicadores de desempenho ambiental a fim de se monitorar e reduzir os
impactos causados pela geração de resíduos líquidos e sólidos, da qualidade do ar
produzido e da otimização da energia e da água consumida a bordo, tudo isso de
forma transparente a fim de ter no cliente um parceiro em suas ações ambientalmente
sustentáveis.
Nesse contexto, este estudo confirmou o modelo integrado de gestão estratégica, com
base nestes requisitos ambientais que devem, de maneira prioritária, medir a
sustentabilidade ambiental nos navios de cruzeiros marítimos.
No entanto, de nada vale se as empresas não forem transparentes e não divulgarem
suas atitudes relativas às melhores práticas no atendimento aos requisitos da Agenda
2030 e demandas das pessoas e do planeta, de maneira a permitir que o coquetel de
valor oferecido, com base nos requisitos da sustentabilidade, influencie a imagem
percebida pelo ambiente onde a empresa está inserida (DEV; SCHULTZ, 2005a;
JEVTIĆ; ČUDANOV; KRIVOKAPIĆ, 2012; KOTLER, 2000; OKUMUS; ALTINAY;
CHATHOTH, 2010; RAMOA et al., 2015; SCHULTZ; DEV, 2012).
Finalmente, ressalta-se a confiabilidade dos resultados, pela direção das respostas
aos questionários e pelos diferentes grupos de respondentes (VEAL, 2011),
permitindo confirmar o modelo apresentado, principalmente pela consulta ter sido
realizada com três grupos distintos, as companhias de cruzeiros marítimos, que são
potenciais causadores dos impactos, os portos, que são ambientes que
eventualmente podem sofrer com os impactos causados pelos navios, e os
236
especialistas, que são os avaliadores e formadores de conceitos e opiniões e que
analisam as práticas ambientais adotadas pelas organizações.
Com o modelo formulado e confirmado, baseado nas regulamentações voltadas ao
contexto do desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade ambiental em
particular e com a identificação dos requisitos e as variáveis da sustentabilidade
ambiental para o produto turístico cruzeiro marítimo, foi possível subsidiar
conceitualmente a formulação do modelo proposto.
Por sua vez, a investigação realizada através da pesquisa empírica permitiu obter os
subsídios que faltavam para poder propor às companhias armadoras um instrumento
de gestão estratégica com a pretensão de que elas possam contribuir com os
compromissos assumidos pelos governos quanto aos requisitos da Agenda 21 e dos
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, portanto, valorizando sua imagem junto
às instituições públicas e privadas, e em especial aos seus clientes, atuais e
potenciais, com a utilização de argumentos sustentáveis na sua conquista e retenção,
proporcionando crescimento econômico, porém, contribuindo para o desenvolvimento
sustentável.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema sustentabilidade é ainda jovem no contexto da sociedade moderna,
considerando-se que faz menos de 50 anos que ele começou a ser abordado em
profundidade, inicialmente apenas no âmbito do ONU até ganhar repercussão global
a partir das discussões realizadas na Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) no Rio de Janeiro em 1992 (ONU, 1992).
Nesse contexto, este estudo se apropria dos atributos e fatores da dimensão
sustentabilidade ambiental sem querer menosprezar as outras dimensões do TBL, a
social e a econômica, cuja relevância é inquestionável, no entanto, destaca-se o
interesse em alertar as companhias de cruzeiros quanto à sua responsabilidade sobre
a conservação do ambiente marinho e impactos causados pelos navios ao longo do
percurso e nos destinos visitados.
A sustentabilidade passou a fazer parte da rotina das organizações conscientes com
as demandas do planeta, no entanto espera-se que isso ocorra cada vez com maior
intensidade, uma vez que os 17 Objetivos e 169 Metas de Desenvolvimento
Sustentável, contidas na Agenda 2030 (UNITED NATIONS, 2015c), representam um
marco que pode refletir no processo inicial de mudança das percepções e atitudes
ambientalmente sustentáveis, o que contribuirá com um melhor futuro,
sustentavelmente falando, do planeta e por consequência de toda sua biodiversidade.
As conferências promovidas pela ONU são importantes, porém o momento é
preocupante, afinal chegou-se a um ponto em que só discutir os problemas em
conferências pode não ser eficaz caso não se avance para a obtenção de resultados
práticos. No entanto, as definições da Agenda 2030 pode ser um alento àqueles que
se preocupam com o futuro do planeta, por apresentar pela primeira vez orientações
mais efetivas, traduzidas pelas 169 metas relativas às atitudes que devem ser
tomadas e que servirão de bússola para as ações dos governos, e por consequência
dos diversos setores da economia.
238
O cumprimento dos Objetivos permitirá às empresas inseridas nesse processo
transformar sua estratégia, ressaltada por suas melhores práticas ambientais, em um
ativo sustentável, no entanto, apesar da reconhecida importância, a ausência de uma
definição mais clara relativa aos indicadores de performance pode ser um fator
limitador ao atendimento às metas nos prazos estabelecidos.
Independente das limitações, a definição dos 17 ODS já é um fato relevante no
contexto do desenvolvimento sustentável, desde que a ONU passou a abordar o tema
em suas Conferências. Nesse aspecto tem-se no Objetivo 14, da Agenda 2030, que
aborda a vida na água e a conservação e uso sustentável dos oceanos, mares e
recursos marinhos, uma direção para o desenvolvimento sustentável do ambiente
marinho e que serviu de orientação para esta tese.
Deve-se, no entanto, considerar que apesar da Agenda não ser uma regulamentação
legalmente obrigatória, a atitude corporativa nesse sentido deve ser interpretada pelo
mercado como um fator ético e em função disso deve ser moralmente atendida.
Portanto, com o intuito de contribuir com a produção de um novo conhecimento, no
âmbito do desenvolvimento sustentável do planeta, a partir da constatação da
existência de uma lacuna científica na convergência das dimensões do estudo,
Sustentabilidade Ambiental, Formulação da Estratégia e Cruzeiros Marítimos, esta
pesquisa buscou inspiração no ambiente marinho para a formulação de um modelo
de gestão estratégica de valor, baseando-se nos requisitos da sustentabilidade
ambiental para o setor de cruzeiros marítimos.
Um setor que tem o professor Luiz Trigo como um pioneiro na pesquisa científica no
Brasil. Este pioneirismo é refletido por meio de um histórico sobre as viagens à
Antártica, no artigo O Continente da Solidão (TRIGO, 1999). Neste artigo, o autor
relata sua experiência a bordo de um navio de passageiros, em uma viagem à essa
região descrita como sendo uma fronteira biológica e inóspita, onde há um rígido
controle ambiental regido pelo Tratado Antártico.
O exemplo do respeito ao meio ambiente, verificado na Antártida, deveria ser seguindo
em todos os continentes, evitando-se os impactos causados pelas agressões ao
ambiente marinho, onde os navios de cruzeiros interagem. Porém, para tal é
necessário haver mudanças nas percepções da realidade, no entanto, isso só
acontecerá se houver respeito aos princípios ambientais, em uma estratégia de valor
239
e em um processo educativo, por parte das companhias marítimas que devem ser
proativas ao adotar atitudes ambientalmente sustentáveis, iniciando essas práticas
imediatamente mesmo que ocorram casos em que a percepção seja subjetiva e
intangível e os benefícios só possam surtir efeito no longo prazo.
Nesse sentido esta tese contribui com as organizações, ao propor um modelo de
gestão baseado no valor que a sustentabilidade ambiental proporciona, como
benefício a todo o ecossistema marinho, no entanto, elas precisarão ter uma nova
visão de mercado, ao abordar em seu planejamento esses valores como um princípio
fundamental.
Ao adotar a dimensão ambiental como um princípio, as companhias de cruzeiros
marítimos poderão ser então percebidas como entidades sustentáveis, que se
preocupam não só com o lucro e com bem-estar de seus clientes, mas com a proteção
do planeta que permitirá proporcionar uma melhor qualidade de vida para as gerações
futuras.
Dessa maneira o modelo proposto por esta tese só terá sua eficácia comprovada se
houver engajamento das empresas, dos colaboradores, gestores e parceiros, enfim
de todas as partes interessadas em um processo sinérgico e transparente de
estratégia de valor que se baseie nas atitudes ambientais de todos os envolvidos no
processo.
No caso das companhias marítimas essas práticas se relacionam ao gerenciamento
dos requisitos ambientais no incentivo à redução dos impactos causados por suas
embarcações, gerenciando-se as entradas de materiais, evitando-se a geração de
resíduos e poluição do ar, eliminando-se o desperdício de energia e de recursos
hídricos.
Além disso, a eficácia se completará se houver transparência e divulgação das ações
ambientais, assim os clientes e as partes interessadas poderão perceber suas atitudes
influenciando na imagem de organização ambientalmente sustentável que a empresa
deseja, não só sendo percebida como tal, mas sendo reconhecida de fato.
Nesse contexto, a pesquisa empírica confirmou o modelo proposto de gestão
estratégica de valor e seus cinco requisitos ambientais, que devem prioritariamente
avaliar o nível de sustentabilidade ambiental nos navios de cruzeiros marítimos,
fomentando-se a educação ambiental e de maneira transparente divulgando-se à
240
todas as partes interessadas, os fatores: (1) gerenciamento das entradas; (2)
gerenciamento da energia; (3) gerenciamento da água; (4) gerenciamento dos
resíduos e (5) qualidade do ar. Com isso respondeu-se à questão central da pesquisa,
tendo nesses requisitos ambientais os fatores necessários, que devem ser
gerenciados, com o intuito de colaborar com o desenvolvimento sustentável do
ambiente marinho.
Com base na investigação realizada a pesquisa, também, concluiu que um modelo
que vise agregar valor a um determinado produto ou serviço só fará sentido se for
proporcionar ao indivíduo, ou à sociedade, bem-estar e qualidade de vida, porém, com
uma visão de futuro, ao contribuir com os requisitos do tripé da sustentabilidade, como
um elemento que se somará ao conjunto de fatores que visem o desenvolvimento
sustentável do planeta.
Ao final dos trabalhos, analisando-se os objetivos geral e específicos e os
pressupostos, concluiu-se que esta tese atende à sua proposta. Tanto a pesquisa
exploratória e descritiva, quanto a pesquisa empírica validam os postulados, podendo-
se afirmar que o conhecimento dos conceitos da gestão estratégica permite às
companhias marítimas a compreensão da realidade do ambiente no qual estão
inseridas, sendo um recurso indispensável para enfrentar os desafios de ordem
econômica, social e ambiental e suas relações.
Verifica-se, ainda, que o modelo de estratégia apresentado indica uma direção geral,
força, durabilidade, sustentabilidade no processo de gestão (MINTZBERG et al., 2007)
com a adoção das melhores práticas ambientais pelas companhas de cruzeiros
marítimos, agregando-se valor ao produto turístico (DEV; SCHULTZ, 2005a, 2005b;
RAMOA, 2014; RAMOA et al., 2015; SCHULTZ; DEV, 2012), permitindo assim gerar
uma vantagem competitiva, proporcionando ao seu cliente atual e potencial
(PORTER, 1992) as soluções que procuram, em sua busca para satisfazer suas
necessidades e desejos (KOTLER, 2006).
Os resultados confirmam também que, ao adotar uma estratégia de valor baseada nos
requisitos da sustentabilidade ambiental, seguindo as orientações da ONU, as
empresas estarão cooperando diretamente com a manutenção do equilíbrio ambiental
241
do planeta, o que contribuirá indiretamente com a sustentabilidade social e com o
desenvolvimento econômico no ambiente onde elas interagem.
De maneira geral as organizações poderiam não se interessar em abordar em seu
planejamento estratégico a temática da sustentabilidade ambiental, simplesmente por
não terem acesso a um modelo integrado que contemple todos os fatores necessários
que possam interferir positivamente na orientação para o seu crescimento sustentável,
de maneira a agregar valor ao seu produto ou serviço.
Talvez por entenderem que existem outras orientações estratégicas com foco em
atributos mais importantes para a entrega de valor ao seu cliente. No entanto, a
pesquisa empírica mostrou que essas companhias compactuam com os conceitos e
práticas ambientais, apesar de que efetivamente algumas delas não são
transparentes, por não as praticarem ou por não divulgarem essas práticas ao
mercado.
No caso das companhias de cruzeiros identificou-se que apenas sete das 31
empresas analisadas, Aida Cruises, Carnival Cruise Line, Celebrity Cruises, Costa
Cruise, Holland America, Royal Caribbean e TUI Cruises, disponibilizam informações
nos websites corporativos sobre suas práticas ambientais sendo que as companhias
Aida Cruises, Costa Cruise Lines, Royal Caribbean e Tui Cruises, indicam um canal
de comunicação exclusivo sobre a dimensão sustentabilidade e suas melhores
práticas corporativas.
Verificou-se, também, que tanto as companhias marítimas, quanto as Associações
regionais vinculadas à CLIA, enfatizam seus relatórios relacionados aos impactos
econômicos, o que não significa um problema, no entanto, a medição dos resultados
orientados por variáveis e indicadores da sustentabilidade ambiental poderá
estabelecer parâmetros corretivos, visando-se adotar as melhores práticas ambientais
preventivas para a proteção dos oceanos, atendendo a um dos fatores do Tripé da
Sustentabilidade e assim contribuir com o desenvolvimento sustentável do ambiente
marinho, não só por proporcionar benefícios econômicos às partes interessadas, mas
também por fomentar a proteção ambiental do planeta.
Tornar-se uma organização ambientalmente sustentável significará, portanto,
segundo a Global Sustainable Tourism Council (GSTC), praticar e contribuir para a
242
qualidade do meio ambiente a longo prazo, aproveitando-se dos recursos renováveis
ou não renováveis sem danos ao local onde está inserida ou se relaciona.
Conclui-se, através deste estudo, que buscar o desenvolvimento sustentável
orientado pelas melhores práticas ambientais, como estratégia de valor, é um caminho
para formar uma imagem positiva da empresa e por consequência contribuirá com o
seu crescimento econômico e com a conservação dos recursos naturais.
Ressalta-se que o estágio doutoral realizado na Hochschule Bremen, University of
Applied Sciences, em Bremen, Alemanha, no período de abril a agosto de 2017, sob
a supervisão do Professor Dr. Felix Herle, foi fundamental para a obtenção das
informações necessárias a fim de complementar e confirmar as dimensões estudadas
e permitir formular o modelo de gestão proposto.
Apesar da distância que o ambiente corporativo está de assuntos relacionados ao
tema sustentabilidade (BUCKLEY, 2012) e da falta de atenção que o segmento
turístico dá às pesquisas (BUCKLEY, 2008, 2012; LANE, 2009), esta tese tem a
pretensão de que este modelo possa ser utilizado como orientação na formulação das
estratégias empresariais para o mercado de cruzeiros marítimos.
No entanto, para tal é fundamental que as companhias marítimas adotem uma visão
holística para perceber que os elementos que compõe um navio, desde o início de
seu projeto até o fim de sua vida útil, formam um modelo sistêmico. Ao se adotar a
abordagem sistêmica, utilizada nesta pesquisa de tese na formulação do modelo de
gestão estratégica, permite-se afirmar que um navio será um meio ambientalmente
sustentável ao se contemplar as melhores práticas em todo o seu sistema, em seu
processo operacional, através de interações diretas e indiretas de pessoas e
organizações, desde a sua construção, durante um percurso e no destino final, ao
longo de sua vida útil e após, em um eventual processo de sucateamento ou descarte.
Dessa maneira espera-se que as companhias marítimas, que sejam conscientes com
as questões ambientais, contribuam como atores importantes no processo de
consolidação da sustentabilidade ambiental e por consequência para o
desenvolvimento sustentável, gerando visibilidade para a organização, agregando
valor ao produto turístico cruzeiro marítimo, não somente como uma estratégia de
marketing, mas como uma estratégia corporativa, que faça parte da missão, visão e
243
dos valores da companhia, contribuindo para a construção de um mundo melhor para
as gerações futuras.
Esta pesquisa pretende ainda, a partir de seu resultado, inspirar e contribuir com
organizações que adotam, ou pretendem adotar, a responsabilidade ambiental como
um princípio, não somente como uma estratégia corporativa, mas como fonte de
inspiração a todas as partes interessadas, em todos os setores da economia como
forma de incentivar a realização de pesquisas futuras sobre a sustentabilidade
ambiental em apoio aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e à Agenda 2030.
Isso significa que o fato deste estudo ter particularizado o produto turístico cruzeiro
marítimo como objeto de pesquisa, não impede, ao validar o modelo, de adaptá-lo a
outros objetos após uma análise criteriosa de viabilidade, como por exemplo, aos
navios de cruzeiros fluviais ou de transporte de carga, ao setor hoteleiro, não somente
no ambiente do turismo costeiro, ou mesmo em outro setor que não seja o turístico e
o ambiente que não seja o marinho.
Como limitações ao estudo realizado aponta-se para as amostras da pesquisa, em
particular as companhias de cruzeiros marítimos, que por serem potenciais
causadores dos impactos ambientais poderiam de maneira inconsciente, ou auto
defensiva, responder ao questionário de forma parcial, porém, não foi o que se
verificou uma vez que as respostas apresentadas seguem a mesma direção dos
outros dois grupos consultados, os portos e os especialistas em sustentabilidade
ambiental.
Uma outra limitação identificada neste estudo é relativa à não definição dos
indicadores de desempenho ambiental, com os valores estabelecidos como
parâmetro, limitando-se a apresentar os requisitos e variáveis que possam monitorar
os impactos causados pelos navios de cruzeiros marítimos.
Essa decisão deveu-se ao tempo disponível insuficiente para o aprofundamento da
pesquisa, de maneira a se chegar a resultados confiáveis, no entanto, apresentou-se
os indicadores GRI (GRI, 2018a), que são parâmetros de desempenho recomendados
pela United Nations Environment Programme (GRI, 2018b; UNEP, 2013) e que já são
utilizados pelos grupos Carnival Corporation (CARNIVAL CORPORATION, 2018) e
Royal Caribbean Cruises (ROYAL CARIBBEAN, 2018).
244
Uma outra razão é devido a Agenda 2030 prever a definição de indicadores para cada
um dos 17 ODS e 169 metas de desenvolvimento sustentável (IBGE, 2018), o que
não havia ocorrido até a conclusão desta pesquisa, particularmente em relação ao
ODS 14, de interesse deste estudo.
Isso incentiva a realização de pesquisas futuras com as companhias de cruzeiros
marítimos, buscando-se identificar os resultados comparativos a partir da avaliação
de indicadores de performance comuns a todas elas de maneira a se criar um padrão
comparativo.
Também para a realização de pesquisas futuras, sugere-se a aplicação deste modelo
a um número maior de especialistas em sustentabilidade ambiental, preferencialmente
com reconhecida expertise no ambiente marinho, além deste grupo, sugere-se a
realização da pesquisa de avaliação do modelo junto aos cruzeiristas, buscando
conhecer e analisar suas percepções em relação às práticas ambientalmente
sustentáveis adotadas pelas companhias armadoras em seus navios de cruzeiros
marítimos.
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ANEXOS
Anexo A - As sete revoluções da sustentabilidade e as atitudes para o futuro
(continua)
1 Mercados
(1) O desenvolvimento sustentável será orientado, cada vez mais por empresas, e menos pelos governos; (2) As empresas passarão pela transição estratégica, voltada à agenda da sustentabilidade, geradas por reguladores, modeladores de mercado e concorrentes, na busca de desempenho em relação aos três pilares; (3) Os líderes executivos, que conduzirão a mudança, precisam focar na adição de valor e não na adição de volume.
2 Valores
(1) Valores são essenciais para criação de riqueza. Os relacionamentos humanos e sociais precisam ser postos em evidência através do compartilhamento dos valores culturais e a diversidade vinculada a eles; (2) A integração dos três pilares nas estratégias das empresas poderá trazer novos valores à tona. Valores econômicos, sociais e éticos e os valores ambientais e da sustentabilidade, nas empresas, deveriam ser auditados e divulgados publicamente; (3) O desenvolvimento sustentável depende, também, da estabilidade populacional, da redução da pobreza, da integração feminina na sociedade e do respeito aos direitos humanos. Esses objetivos, éticos, sociais e políticos, precisam ser dirigidos à toda a sociedade, no entanto, a participação das empresas é fundamental para o sucesso. As empresas precisam se tornar "ativistas sociais", direcionando novos pensamentos e valores em suas cadeias de valor.
3 Transparência
(1) A comunicação e a conexão existente atualmente, com internet e as redes sociais amplia o alcance geográfico e expõe as empresas; (2) As empresas precisam expor seus dados, divulgando os indicadores vinculados aos três pilares. Isso deve ser feito antes que se torne obrigatório pelos governos; (3) Os stakeholders precisam se engajar no processo de decisão referente a indicadores, objetivos e métodos de geração de informações. As empresas, por seu lado, devem identificar as emoções e percepções, e não só divulgar fatos e ciências.
4 Tecnologia do Ciclo de Vida
(1) As empresas devem desenvolver sua capacidade de identificar e gerenciar sua cadeia de valor. O resultado se dará minimizando os custos econômicos, sociais e ambientais do ciclo de vida de seus produtos; (2) As informações sobre o ciclo de vida de matéria prima, componentes e produtos se tornarão uma condição necessária na venda aos mercados cada vez mais conscientizados. Os clientes, com o tempo, pensarão mais nos benefícios dos produtos, do que sobre ele mesmo; (3) Mesmo na busca da sustentabilidade, os resultados são imprevistos. A imprevisibilidade das ações requer capacidade para responder e tratar os efeitos adversos imprevistos.
5 Parcerias
(1) Com o tempo, haverá cada mais simbiose governo-indústria-ONGs. Essas parcerias e complementos de ações serão importantes para o desenvolvimento da agenda da sustentabilidade global; (2) As empresas precisam estar preparadas para serem desafiadas, pelos seus parceiros e complementadores, fazendo com que as escolhas sejam um fator crucial no processo; (3) A construção da confiança torna-se um dos principais investimentos na criação do capital social. Portanto, deve-se tomar o cuidado com as alianças feitas de qualquer maneira, sem critérios, o que poderia inviabilizar a realização das ações propostas e, portanto, resultar em uma quebra de confiança.
290
Anexo A - As sete revoluções da sustentabilidade e as atitudes para o futuro
(conclusão)
6 Tempo
(1) O tempo é um indicador básico da sustentabilidade, todos necessitam, então, dar mais atenção à dimensão do tempo. As empresas, economias e sociedades deverão construir obras e fabricar produtos que durem, portanto, nas ações e projetos deve-se ter uma visão de longo prazo; (2) A visão futura depende de decisões certas com base em cenários visualizados na atualidade. Com o tempo avançando, o futuro torna-se cada vez mais complexo, portanto, se a visão for errada pode-se perder oportunidades relativas às novas realidades emergentes; (3) A sociedade precisa identificar maneiras de representar as necessidades de futuras gerações nas tomadas de decisões atuais.
7
Governança Corporativa
(1) Há uma visão crítica relativa à agenda da sustentabilidade, portanto, é necessário dar atenção aos comitês, quanto ao entendimento, estabelecimento de prioridades, monitoramento e certificação do progresso, quanto ao atendimento dos objetivos voltados à sustentabilidade; (2) As empresas precisam desenvolver maneiras inclusivas no estabelecimento do diálogo com o stakeholder. Pode-se realizar auditorias da sustentabilidade com a participação dos principais stakeholders auxiliando o processo; (3) A diversidade e a escala de tempo fazem parte do desafio da sustentabilidade. Para responder à esse desafio, as empresa devem desenvolver visões e objetivos compartilhados, além de se prepararem para evoluir em uma velocidade compatível com a concorrência. A questão é se as empresas estão aptas a sustentar seus objetivos, no contexto da sustentabilidade.
Fonte: Elkington (2012)
291
Anexo B - Princípios da Declaração de Estocolmo
(continua) P
RIN
CÍP
IO
DESCRIÇÃO
1
O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. A este respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação estrangeira são condenadas e devem ser eliminadas.
2 Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento.
3 Deve-se manter, e sempre que possível, restaurar ou melhorar a capacidade da terra em produzir recursos vitais renováveis.
4
O homem tem a responsabilidade especial de preservar e administrar judiciosamente o patrimônio da flora e da fauna silvestres e seu habitat, que se encontram atualmente, em grave perigo, devido a uma combinação de fatores adversos. Consequentemente, ao planificar o desenvolvimento econômico deve-se atribuir importância à conservação da natureza, incluídas a flora e a fauna silvestres.
5 Os recursos não renováveis da terra devem empregar-se de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se assegure que toda a humanidade compartilhe dos benefícios de sua utilização.
6
Deve-se pôr fim à descarga de substâncias tóxicas ou de outros materiais que liberam calor, em quantidades ou concentrações tais que o meio ambiente não possa neutralizá-los, para que não se causem danos graves e irreparáveis aos ecossistemas. Deve-se apoiar a justa luta dos povos de todos os países contra a poluição.
7
Os Estados deverão tomar todas as medidas possíveis para impedir a poluição dos mares por substâncias que possam pôr em perigo a saúde do homem, os recursos vivos e a vida marinha, menosprezar as possibilidades de derramamento ou impedir outras utilizações legítimas do mar.
8 O desenvolvimento econômico e social é indispensável para assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho favorável e para criar na terra as condições necessárias de melhoria da qualidade de vida.
9
As deficiências do meio ambiente originárias das condições de subdesenvolvimento e os desastres naturais colocam graves problemas. A melhor maneira de saná-los está no desenvolvimento acelerado, mediante a transferência de quantidades consideráveis de assistência financeira e tecnológica que complementem os esforços internos dos países em desenvolvimento e a ajuda oportuna que possam requerer.
292
Anexo B - Princípios da Declaração de Estocolmo
(continuação) P
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CÍP
IO
DESCRIÇÃO
10
Para os países em desenvolvimento, a estabilidade dos preços e a obtenção de ingressos adequados dos produtos básicos e de matérias primas são elementos essenciais para o ordenamento do meio ambiente, já que há de se ter em conta os fatores econômicos e os processos ecológicos.
11
As políticas ambientais de todos os Estados deveriam estar encaminhadas para aumentar o potencial de crescimento atual ou futuro dos países em desenvolvimento e não deveriam restringir esse potencial nem colocar obstáculos à conquista de melhores condições de vida para todos. Os Estados e as organizações internacionais deveriam tomar disposições pertinentes, com vistas a chegar a um acordo, para se poder enfrentar as consequências econômicas que poderiam resultar da aplicação de medidas ambientais, nos planos nacional e internacional.
12
Recursos deveriam ser destinados para a preservação e melhoramento do meio ambiente tendo em conta as circunstâncias e as necessidades especiais dos países em desenvolvimento e gastos que pudessem originar a inclusão de medidas de conservação do meio ambiente em seus planos de desenvolvimento, bem como a necessidade de oferecer-lhes, quando solicitado, mais assistência técnica e financeira internacional com este fim.
13
Com o fim de se conseguir um ordenamento mais racional dos recursos e melhorar assim as condições ambientais, os Estados deveriam adotar um enfoque integrado e coordenado de planejamento de seu desenvolvimento, de modo a que fique assegurada a compatibilidade entre o desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente humano em benefício de sua população.
14 O planejamento racional constitui um instrumento indispensável para conciliar às diferenças que possam surgir entre as exigências do desenvolvimento e a necessidade de proteger y melhorar o meio ambiente.
15
Deve-se aplicar o planejamento aos assentamentos humanos e à urbanização com vistas a evitar repercussões prejudiciais sobre o meio ambiente e a obter os máximos benefícios sociais, econômicos e ambientais para todos. A este respeito devem-se abandonar os projetos destinados à dominação colonialista e racista.
16
Nas regiões onde exista o risco de que a taxa de crescimento demográfico ou as concentrações excessivas de população prejudiquem o meio ambiente ou o desenvolvimento, ou onde, a baixa densidade d4e população possa impedir o melhoramento do meio ambiente humano e limitar o desenvolvimento, deveriam se aplicadas políticas demográficas que respeitassem os direitos humanos fundamentais e contassem com a aprovação dos governos interessados.
17 Deve-se confiar às instituições nacionais competentes a tarefa de planejar, administrar ou controlar a utilização dos recursos ambientais do estado, com o fim de melhorar a qualidade do meio ambiente.
293
Anexo B - Princípios da Declaração de Estocolmo
(continuação) P
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CÍP
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DESCRIÇÃO
18 Como parte de sua contribuição ao desenvolvimento econômico e social deve-se utilizar a ciência e a tecnologia para descobrir, evitar e combater os riscos que ameaçam o meio ambiente, para solucionar os problemas ambientais e para o bem comum da humanidade.
19
É indispensável um esforço para a educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial que os meios de comunicação de massas evitem contribuir para a deterioração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos.
20
Devem-se fomentar em todos os países, especialmente nos países em desenvolvimento, a pesquisa e o desenvolvimento científicos referentes aos problemas ambientais, tanto nacionais como multinacionais. Neste caso, o livre intercâmbio de informação científica atualizada e de experiência sobre a transferência deve ser objeto de apoio e de assistência, a fim de facilitar a solução dos problemas ambientais. As tecnologias ambientais devem ser postas à disposição dos países em desenvolvimento de forma a favorecer sua ampla difusão, sem que constituam uma carga econômica para esses países.
21
Em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios de direito internacional, os Estados têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos em aplicação de sua própria política ambiental e a obrigação de assegurar-se de que as atividades que se levem a cabo, dentro de sua jurisdição, ou sob seu controle, não prejudiquem o meio ambiente de outros Estados ou de zonas situadas fora de toda jurisdição nacional.
22
Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direito internacional no que se refere à responsabilidade e à indenização às vítimas da poluição e de outros danos ambientais que as atividades realizadas dentro da jurisdição ou sob o controle de tais Estados causem a zonas fora de sua jurisdição.
23
Sem prejuízo dos critérios de consenso da comunidade internacional e das normas que deverão ser definidas a nível nacional, em todos os casos será indispensável considerar os sistemas de valores prevalecentes em cada país, e, a aplicabilidade de normas que, embora válidas para os países mais avançados, possam ser inadequadas e de alto custo social para países em desenvolvimento.
24
Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se com espírito e cooperação e em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção e melhoramento do meio ambiente. É indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir e eliminar eficazmente os efeitos prejudiciais que as atividades que se realizem em qualquer esfera, possam ter para o meio ambiente, mediante acordos multilaterais ou bilaterais, ou por outros meios apropriados, respeitados a soberania e os interesses de todos os estados.
294
Anexo B - Princípios da Declaração de Estocolmo
(conclusão) P
RIN
CÍP
IO
DESCRIÇÃO
25 Os Estados devem assegurar-se de que as organizações internacionais realizem um trabalho coordenado, eficaz e dinâmico na conservação e no melhoramento do meio ambiente.
26
É preciso livrar o homem e seu meio ambiente dos efeitos das armas nucleares e de todos os demais meios de destruição em massa. Os Estados devem-se esforçar para chegar logo a um acordo – nos órgãos internacionais pertinentes - sobre a eliminação e a destruição completa de tais armas.
Fonte: (MMA, 1972)
295
Anexo C - Princípios do Nosso Futuro Comum
(continua)
PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO
PA
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1 Um futuro ameaçado
Os recursos da Terra estão sendo consumidos tão rapidamente que sobrará pouco para as futuras gerações. Portanto, deve-se buscar compreender os sintomas, identificar as causas e definir novos métodos para administrar os recursos ambientais, visando a manutenção do desenvolvimento humano. As causas da ameaça são: a pobreza, o crescimento populacional, a sobrevivência a qualquer custo e as crises econômicas.
2 Rumo ao Desenvolvimento Sustentável
Objetiva-se satisfazer as necessidades básicas e dar oportunidade para que as pessoas possam almejar e conquistar uma vida melhor, atendendo aos seus desejos e necessidades de forma equitativa. No entanto, devem-se definir estratégias para que o processo de crescimento seja sustentável. Essas estratégias devem contemplar o crescimento, alterar a qualidade do desenvolvimento; satisfazer das necessidades humanas essenciais (emprego, alimentação, energia, água e saneamento), manter um nível populacional sustentável, conservar e melhorar a base de recursos, reorientar a tecnologia e o gerenciamento do risco; unir meio ambiente e economia no processo de tomada de descisão.
3 O papel da economia internacional
A expansão do comércio internacional afetou a segurança ambiental. É, portanto, necessário que haja uma garantia da manutenção dos ecossistemas e esse equilíbrio deve ser processado de maneira conjunta entre os parceiros econômicos. Para um crescimento sustentável é necessário que se estimule o fluxo de recursos para os países em desenvolvimento, com o aumento, também, do fluxo de financiamento. Deve-se, também, buscar mecanismos para a proteção e manutenção do meio ambiente nos países com alto comércio de produtos primários, em especial de recursos não renováveis. O que se espera é o surgimento de uma economia mundial sustentável.
296
Anexo C - Princípios do Nosso Futuro Comum
(continuação)
PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO
PA
RT
E 2
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om
un
s
4 População e recursos Humanos
A cada ano aumenta o número de pessoas no mundo, no entanto, os recursos naturais destinados ao sustento da população permanece finito. Todos tem direito a uma vida plena e digna, portanto, é necessário que haja um controle populacional e controle dos efeitos desse aumento sobre os recursos.
5
Segurança alimentar: mantendo o potencial
Apesar da produção alimentar ser alta, muitas pessoas ainda não comem o suficiente de maneira a permitir levar uma vida produtiva e digna. Há lugares onde não há cultivo ou mesmo dinheiro para a compra de alimentos, portanto, apesar da existência de recursos agrícolas e tecnologia, faltam políticas que assegurem que o alimento seja produzido, também, em locais que possam garantir a subsistência das populações pobres. O desafio é, aumentar a produção de alimentos, para equipará-la à demanda e ao mesmo tempo mantendo a integridade ecológica dos sistemas de produção.
6
Espécies e ecossistemas: recursos para o desenvolvimento
A conservação dos recursos naturais, vivos e não vivos, é fundamental para o desenvolvimento. O desafio não é mais se a conservação é uma boa ideia, mas como implementá-la, de acordo com o interesse nacional e com os meios disponíveis em cada país. Há, portanto, necessidade de ação, para evitar a perda de espécies e de seus ecossistemas, que é um pré-requisito indispensável ao desenvolvimento sustentável.
7
Energia: opções para o meio ambiente e desenvolvimento
A energia é indispensável para a sobrevivência e o desenvolvimento futuro depende da disponibilidade da energia, em quantidades cada vez maiores e de fontes seguras, confiáveis e adequadas ao meio ambiente. O aumento da demanda de energia em virtude a industrialização, da urbanização e da melhoria das condições soiais levou a uma distribuição desigual do consumo de energia primária. A melhor maneira para se chegar a um futuro sustentável é o consumo de menos energia, no entanto, como isso não possível, é necessário a criação de grandes programas de formas sustentáveis de energia renovável, que dê início à transição para uma era energética mais segura e sustentável.
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Anexo C - Princípios do Nosso Futuro Comum
(continuação)
PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO
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8 Indústria: produzir mais com menos
A indústria é fundamental nas economias das sociedades modernas e fator indispensável ao crescimento e é essencial nos países em desenvolvimento, no entanto, a indústria e seus produtos exercem um impacto sobre a base de recursos nalurais da civilização ao longo de lodo o ciclo de exploração e extração de malérias primas e na sua transformação em produtos. Para ser sustentável a longo prazo, o desenvolvimento industrial terá de mudar radicalmente em termos de qualidade, em particular nos países induslrializados. Ao lidar com poluição industrial e deterioração de recursos, é essencial que a indústria, o governo e o público em geral tenham pontos de referência bem definidos. Os governos devem definir claramente as metas ambientais e estabelecer leis, regulamentações, incentivos e padrões ambientais para as empresas industriais.
9 O desafio urbano
O sistema econômico mundial torna-se cada vez mais urbano, no entanto, em muitas nações, alguns tipos de indústrias, e empresas de serviços, tem se desenvolvido em áreas rurais. Isso ocorre, pois, as áreas rurais estão se desenvolvendo e recebendo serviços infraestrutura de qualidade e de tecomunicações. Para o desenvolvimento do interior, é neçessárlo um maior fluxo de recursos intemacionais para ajudar os países em desenvolvimento em seus esforços para superar a crescente crise urbana.
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10 A administração das áreas comuns
Na ambiente da vida na Terra, o equillbrio provém dos oceanos, que desempenham papel fundamental na manutenção de seus sistemas de sustentação da vida, no abrandamento do clima e na conservação da flora e da fauna, inclusive do diminuto fitoplancto produtor de oxigênio. Os oceanos proporcionam proteína, transporte, energia, emprego, Iazer e outras atividades sociais, econômicas e culturais. Os oceanos são também o derradeiro sorvedouro dos subprodutos das atividades humanas. Os recursos vivos do mar estão sob a ameaça da superexploração, da poluição e das atividades praticadas em terra. A Comissão está convencida de que o desenvolvimento sustentável, se não a própria sobrevivência, depende de avanços significativos no campo da administração dos oceanos. Serão necessárias grandes mudanças nas políticas e instituições, e terão de ser investidos mais recursos na administração dos oceanos.
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Anexo C - Princípios do Nosso Futuro Comum
(conclusão)
PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO
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11 Paz, segurança, desenvolvimento e meio ambiente
Dentre os perigos que ameaçam o meio ambiente, o mais grave é a possibilidade de uma guerra nuclear, ou de um conflito militar de menor escala que envolva armas de destruição em massa. As nações devem abandonar a lógica destrutiva da cultura armamentista e concentrar-se em seu futuro comum. Devem enfrentar o desafio comum de trabalhar pelo desenvolvimento sustentável e agir em harmonia para pôr fim às fontes ambientais de conflito.
12
Para a ação comum: propostas para a institucionais e mudança legal
As alterações, desde a deterioração ambiental até a destruição nuclear, acarretam ameaças à vida. Esta realidade tem de ser reconhecida e enfrentada. A sobrevivência e o bem-estar da humanidade dependem do sucesso em alcançar uma ética global para o desenvolvimento sustentável. É necessário combater a pobreza internacional, manter a paz e reforçar a segurança no mundo. Os países em desenvolvimento enfrentam os desafios da desertificação, do desflorestamento e da poluição, e suportam a maior parte da pobreza ligada à deterioração ambiental. Para um futuro melhor, são definidas prioridades para ações conjuntas, portanto, a comissão propõe as principais diretrizes da mudança institucional e legal necessária à transição para o desenvolvimento sustentável. (1) descobrir as origens; (2) lidar com os efeitos; (3) avaliar os riscos globais; (4) fazer opções com base segura; (5) fornecer os meios legais; (6) investir em nosso futuro.
Fonte: (CMMAD, 1991; UNITED NATIONS, 1987a)
299
Anexo D - Princípios da Declaração do Rio sobre meio ambiente e desenvolvimento
(continua) P
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DESCRIÇÃO
1 Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza.
2
Os Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e com os princípios do direito internacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e de desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou seu controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional.
3 O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras.
4 Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente deste.
5
Para todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável, irão cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza, a fim de reduzir as disparidades de padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da população do mundo.
6
Será dada prioridade especial à situação e às necessidades especiais dos países em desenvolvimento, especialmente dos países menos desenvolvidos e daqueles ecologicamente mais vulneráveis. As ações internacionais na área do meio ambiente e do desenvolvimento devem também atender aos interesses e às necessidades de todos os países.
7
Os Estados irão cooperar, em espírito de parceria global, para a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do ecossistema terrestre. Considerando as diversas contribuições para a degradação do meio ambiente global, os Estados têm responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que lhes cabe na busca internacional do desenvolvimento sustentável, tendo em vista as pressões exercidas por suas sociedades sobre o meio ambiente global e as tecnologias e recursos financeiros que controlam.
8 Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma qualidade de vida mais elevada para todos, os Estados devem reduzir e eliminar os padrões insustentáveis de produção e consumo, e promover políticas demográficas adequadas.
9
Os Estados devem cooperar no fortalecimento da capacitação endógena para o desenvolvimento sustentável, mediante o aprimoramento da compreensão científica por meio do intercâmbio de conhecimentos científicos e tecnológicos, e mediante a intensificação do desenvolvimento, da adaptação, da difusão e da transferência de tecnologias, incluindo as tecnologias novas e inovadoras.
300
Anexo D - Princípios da Declaração do Rio sobre meio ambiente e desenvolvimento
(continuação) P
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DESCRIÇÃO
10
A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a conscientização e a participação popular, colocando as informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos.
11
Os Estados adotarão legislação ambiental eficaz. As normas ambientais, e os objetivos e as prioridades de gerenciamento deverão refletir o contexto ambiental e de meio ambiente a que se aplicam. As normas aplicadas por alguns países poderão ser inadequadas para outros, em particular para os países em desenvolvimento, acarretando custos econômicos e sociais injustificados.
12
Os Estados devem cooperar na promoção de um sistema econômico internacional aberto e favorável, propício ao crescimento econômico e ao desenvolvimento sustentável em todos os países, de forma a possibilitar o tratamento mais adequado dos problemas da degradação ambiental. As medidas de política comercial para fins ambientais não devem constituir um meio de discriminação arbitrária ou injustificável, ou uma restrição disfarçada ao comércio internacional. Devem ser evitadas ações unilaterais para o tratamento dos desafios internacionais fora da jurisdição do país importador. As medidas internacionais relativas a problemas ambientais transfronteiriços ou globais deve, na medida do possível, basear-se no consenso internacional.
13
Os Estados irão desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e à indenização das vítimas de poluição e de outros danos ambientais. Os Estados irão também cooperar, de maneira expedita e mais determinada, no desenvolvimento do direito internacional no que se refere à responsabilidade e à indenização por efeitos adversos dos danos ambientais causados, em áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua jurisdição ou sob seu controle.
14 Os Estados devem cooperar de forma efetiva para desestimular ou prevenir a realocação e transferência, para outros Estados, de atividades e substâncias que causem degradação ambiental grave ou que sejam prejudiciais à saúde humana.
15
Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.
16
As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais.
301
Anexo D - Princípios da Declaração do Rio sobre meio ambiente e desenvolvimento
(conclusão)
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INC
ÍPIO
DESCRIÇÃO
17 A avaliação do impacto ambiental, como instrumento nacional, será efetuada para as atividades planejadas que possam vir a ter um impacto adverso significativo sobre o meio ambiente e estejam sujeitas à decisão de uma autoridade nacional competente.
18
Os Estados notificarão imediatamente outros Estados acerca de desastres naturais ou outras situações de emergência que possam vir a provocar súbitos efeitos prejudiciais sobre o meio ambiente destes últimos. Todos os esforços serão envidados pela comunidade internacional para ajudar os Estados afetados.
19
Os Estados fornecerão, oportunamente, aos Estados potencialmente afetados, notificação prévia e informações relevantes acerca de atividades que possam vir a ter considerável impacto transfronteiriço negativo sobre o meio ambiente, e se consultarão com estes tão logo seja possível e de boa fé.
20 As mulheres têm um papel vital no gerenciamento do meio ambiente e no desenvolvimento. Sua participação plena é, portanto, essencial para se alcançar o desenvolvimento sustentável.
21 A criatividade, os ideais e a coragem dos jovens do mundo devem ser mobilizados para criar uma parceria global com vistas a alcançar o desenvolvimento sustentável e assegurar um futuro melhor para todos.
22
Os povos indígenas e suas comunidades, bem como outras comunidades locais, têm um papel vital no gerenciamento ambiental e no desenvolvimento, em virtude de seus conhecimentos e de suas práticas tradicionais. Os Estados devem reconhecer e apoiar adequadamente sua identidade, cultura e interesses, e oferecer condições para sua efetiva participação no atingimento do desenvolvimento sustentável.
23 O meio ambiente e os recursos naturais dos povos submetidos a opressão, dominação e ocupação serão protegidos.
24
A guerra é, por definição, prejudicial ao desenvolvimento sustentável. Os Estados irão, por conseguinte, respeitar o direito internacional aplicável à proteção do meio ambiente em tempos de conflitos armados e irão cooperar para seu desenvolvimento progressivo, quando necessário.
25 A paz, o desenvolvimento e a proteção ambiental são interdependentes e indivisíveis.
26 Os Estados solucionarão todas as suas controvérsias ambientais de forma pacífica, utilizando-se dos meios apropriados, de conformidade com a Carta das Nações Unidas.
27 Os Estados e os povos irão cooperar de boa fé e imbuídos de um espírito de parceria para a realização dos princípios consubstanciados nesta Declaração, e para o desenvolvimento progressivo do direito internacional no campo do desenvolvimento sustentável.
Fonte: (ONU, 1992; UNITED NATIONS, 1992a)
302
Anexo E - Agenda 21 Global
(continua) C
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DESCRIÇÃO
1 Preâmbulo
2 Cooperação Internacional para acelerar o desenvolvimento sustentável dos países em desenvolvimento e políticas internas correlatadas
3 Combate à pobreza
4 Mudança dos padrões de consumo
5 Dinâmica demográfica e sustentabilidade
6 Proteção e promoção das condições da saúde humana
7 Promoção do Desenvolvimento Sustentável dos assentamentos humanos
8 Integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões
9 Proteção da atmosfera
10 Abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recursos terrestres
11 Combate ao desflorestamento
12 Manejo de ecossistemas frágeis: a luta contra a desertificação e a seca
13 Gerenciamento de ecossistemas frágeis: DS das montanhas
14 Promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável
15 Conservação da diversidade biológica
16 Manejo ambientalmente saudável da biotecnologia
17 Proteção de oceanos, de todos os tipos de mares - inclusive mares fechados - e das zonas costeiras e proteção. Uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos
18 Proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos: aplicação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos recursos hídricos
303
Anexo E - Agenda 21 Global
(continuação) C
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DESCRIÇÃO
19 Manejo ecologicamente saudável das substâncias químicas tóxicas, incluída na prevenção do tráfico internacional dos produtos tóxicos e perigosos
20 Manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos. Incluindo a prevenção do tráfico internacional ilícito de resíduos perigosos
21 Manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões relacionadas com os esgotos
22 Manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos radioativos
23 Fortalecimento do papel dos grupos principais
24 Ação mundial pela mulher, com vistas a um desenvolvimento sustentável equitativo
25 A infância e a juventude no desenvolvimento sustentável
26 Reconhecimento e fortalecimento do papel das populações indígenas e suas comunidades
27 Fortalecimento do papel das Organizações Não-Governamentais: parceiros para um DS
28 Iniciativas das autoridades locais em apoio à agenda 21
29 Fortalecimento do papel dos trabalhadores e de seus sindicatos
30 Fortalecimento do papel do comércio e da indústria
31 Contribuição da comunidade científica e tecnológica
32 Fortalecimento do papel dos agricultores
33 Recursos e mecanismos de financiamento
34 Transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e fortalecimento institucional
35 A ciência para o Desenvolvimento Sustentável
36 Promoção do ensino, da conscientização e do treinamento
304
Anexo E - Agenda 21 Global
(conclusão) C
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DESCRIÇÃO
37 Mecanismos nacionais e cooperação internacional para fortalecimento institucional nos países em desenvolvimento
38 Arranjos institucionais internacionais
39 Instrumentos e mecanismos jurídicos internacionais
40 Informação para a tomada de decisões
Fonte: (MMA, 1992b)
305
Anexo F - ISO/TC 207 Gestão Ambiental
(continua)
ISO DESCRIÇÃO
ISO Guide 64:2008
Guia para solução de problemas ambientais em normas de produtos
ISO 14001:2015
Sistemas de gestão ambiental - Requisitos com orientações para uso
ISO 14004:2016
Sistemas de gestão ambiental - Diretrizes gerais sobre a implementação
ISO 14005:2010
Sistemas de gestão ambiental - Diretrizes para a implementação faseada de um sistema de gestão ambiental, incluindo o uso de avaliação de desempenho ambiental
ISO 14006:2011
Sistemas de gestão ambiental - Diretrizes para incorporar o ecodesign
ISO 14015:2001
Gestão ambiental - Avaliação ambiental de sites e organizações (GEAA)
ISO 14020:2000
Rótulos e declarações ambientais - princípios gerais
ISO 14021:2016
Rótulos e declarações ambientais - reivindicações ambientais auto-declaradas (Tipo II rotulagem ambiental)
ISO 14024:1999
Rótulos e declarações ambientais - Tipo I rotulagem ambiental - Princípios e procedimentos
ISO 14025:2006
Rótulos e declarações ambientais - Tipo III declarações ambientais - Princípios e procedimentos
ISO 14031:2013
Gestão ambiental - Avaliação do desempenho ambiental – Orientações
ISO/TS 14033:2012
Gestão ambiental - da informação ambiental quantitativa - Diretrizes e exemplos
ISO 14040:2006
Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Princípios e estrutura
ISO 14044:2006
Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Requisitos e orientações
ISO 14045:2012
Gestão ambiental - Avaliação de Eco-eficiência dos sistemas de produtos - Princípios, requisitos e orientações
ISO 14046:2014
Gestão ambiental - pegada de água - Princípios, requisitos e orientações
ISO/TR 14047:2012
Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Os exemplos ilustrativos de como aplicar ISO 14044 para impactar as situações de avaliação
306
Anexo F - ISO/TC 207 Gestão Ambiental
(conclusão)
ISO DESCRIÇÃO
ISO/TS 14048:2002
Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - formato de documentação de dados
ISO/TR 14049:2012
Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Os exemplos ilustrativos de como aplicar ISO 14044 para o gol e definição do escopo e análise de inventário
ISO 14050:2009
Gestão ambiental – Vocabulário
ISO 14051:2011
Gestão ambiental - contabilidade de custos de fluxo de material - Quadro geral
ISO/TR 14062:2002
Gestão ambiental - Integração dos aspectos ambientais na concepção e desenvolvimento de produtos
ISO 14063:2006
Gestão ambiental - Comunicação ambiental - Diretrizes e exemplos
ISO 14064-1:2006
Gases de efeito estufa - Parte 1: Especificação e orientação a organizações para quantificação e comunicação das emissões de gases com efeito de estufa e remoções
ISO 14064-2:2006
Gases de efeito estufa - Parte 2: Especificação com guia no nível de projeto para quantificação, monitoramento e relatórios das reduções de emissões de gases com efeito de estufa ou melhorias de remoção
ISO 14064-3:2006
Gases de efeito estufa - Parte 3: Especificação com guia para a validação e verificação de afirmações gases de efeito estufa
ISO 14065:2013
Gases de efeito estufa - Requisitos para organismos de validação de gases de efeito estufa e de verificação para uso em acreditação ou outras formas de reconhecimento
ISO 14066:2011
Gases de efeito estufa - requisitos de competência para as equipes de validação de gases de efeito estufa e as equipes de verificação
ISO/TS 14067:2013
Gases de efeito estufa - pegada de carbono de produtos - Requisitos e diretrizes para a quantificação e comunicação
ISO/TR 14069:2013
Gases de efeito estufa - Quantificação e comunicação das emissões de gases com efeito de estufa para as organizações - Orientações para a aplicação da ISO 14064-1
ISO/TS 14071:2014
Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - processos de revisão crítica e competências colaborador: requisitos e diretrizes adicionais para ISO 14044: 2006
ISO/TS 14072:2014
Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Requisitos e orientações para a avaliação do ciclo de vida organizacional
Fonte: (ISO, 2018c)
307
Anexo G - Características dos Navios de Cruzeiro
(continua)
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Costa Cruzeiros
Costa Diadema 132.500 3.708 1.253
Costa Fascinosa 114.500 3.016 1.090
Costa Favolosa 114.500 3.012 1.110
Costa Deliziosa 92.700 2.260 1.050
Costa Pacifica 114.500 3.012 1.110
Costa Luminosa 92.700 2.260 1.050
Costa Magica 102.587 2.718 1.068
Costa Mediterranea 85.700 2.112 920
Costa neoRiviera 48.200 1.248 600
Costa neoRomantica 57.150 1.578 662
Costa neoClassica 52.950 1.308 650
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Anexo G - Características dos Navios de Cruzeiro
(continuação)
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MSC Cruzeiros
MSC Armonia 58.625 1.566 710
MSC Divina 139.400 3.502 1.388
MSC Fantasia 137.936 3.274 1.325
MSC Lirica 65.542 1.976 721
MSC Magnifica 92.409 2.550 987
MSC Meraviglia 167.600 4.500 1.536
MSC Musica 92.409 2.550 987
MSC Opera 59.058 1.756 701
MSC Orchestra 92.409 2.550 987
MSC Poesia 92.490 2.550 987
MSC Preziosa 140.000 3.502 1.390
MSC Seaside (2018) 160.000 4.140 1.413
MSC Seaview (2018) 154.000 5.179 1.413
MSC Sinfonia 55.452 1.960 721
MSC Splendida 137.936 3.274 1.313
309
Anexo G - Características dos Navios de Cruzeiro
(continuação)
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Nowegian Cruise Line
Norwegian Bliss (2018) 163.000 4.200 2.100
Norwegian Breakway 144017 3998 1595
Norwegian Dawn 91.740 2.476 1.069
Norwegian Epic 155.873 4.200 1.730
Norwegian Escape 165.157 4.266 1.651
Norwegian Gem 93.530 2.394 1.126
Norwegian Getaway 145.655 3.998 1.646
Norwegian Jade 93.558 2.466 1.076
Norwegian Jewel 93.502 2.376 1.089
Norwegian Joy 165.157 4.200 1.700
Norwegian Sky 77.104 2.002 914
Norwegian Spirit 75.338 1.976 948
Norwegian Star 91.740 2.244 1.063
Norwegian Sun 78.309 1.936 916
Pride of America 80.439 2.186 940
310
Anexo G - Características dos Navios de Cruzeiro
(continuação)
CO
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Royal Caribbean
Adventure of the seas 137.276 3.114 1.185
Allure of the seas 225.062 5.408 2.164
Anthem of the seas 168.666 4.180 1.300
Brillance of the seas 90.090 2.112 869
Empress of the seas 48.563 1.600 685
Enchantment of the seas 81.500 2.252 840
Explorer of the seas 137.308 3.114 1.181
Freedom of the seas 154.407 3.634 1.397
Grandeur of the seas 74.137 1.950 760
Harmony of the seas 226.963 5.496 2.175
Independence of the seas 154.407 3.634 1.397
Jewel of the seas 90.090 2.110 858
Legend of the seas 69.472 1.804 726
Liberty of the seas 154.407 3.634 1.397
Majesty of the seas 73.491 2.380 827
Mariner of the seas 137.276 3.114 1.185
Navigator of the seas 137.276 3.114 1.185
Oasis of the seas 225.282 5.408 2.164
Ovation of the seas 168.666 4.180 1.500
Quantum of the seas 168.888 4.180 1.500
Radiance of the seas 90.090 2.146 858
Rhapsody of the seas 78.491 2.000 765
311
Anexo G - Características dos Navios de Cruzeiro
(conclusão)
CO
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Royal Caribbean
Serenade of the seas 90.090 2.100 858
Vision of the seas 78.491 2.000 735
Voyager of the seas 137.280 3.114 1.176
Fonte: (COSTA CRUZEIROS, 2017; MSC CRUZEIROS, 2017; NCL, 2017b; ROYAL CARIBBEAN,
2017b; WARD, 2017)
APÊNDICES
APÊNDICE A - Instrumento de Coleta de Dados (Português)
E-mail às organizações respondentes:
Título do e-mail: Pesquisa Doutoral sobre a Sustentabilidade Ambiental – Universidade Univali-SC
Prezados Senhores (as),
Sou doutorando em Turismo e Hotelaria e realizo um estudo sobre a Sustentabilidade Ambiental no Ambiente Marinho. Esta investigação é parte da minha pesquisa de tese do Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú/SC.
Objetivo e justificativa:
Ser comprometido com o desenvolvimento sustentável, e com as melhores práticas ambientalmente sustentáveis, deve ser um princípio de valor fundamental na agenda das organizações.
Com base neste princípio, esta pesquisa tem por objetivo formular e propor um modelo integrado de gestão estratégica empresarial, que contempla os requisitos da sustentabilidade ambiental, sistematizado aos cruzeiros marítimos.
A ONU declarou 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento, portanto, devemos todos nos engajar à essa proposta.
Mas, se você acredita não ter condições de responder à esta pesquisa cujo tema central é a Sustentabilidade Ambiental, por favor, não delete esta mensagem, envie-a a alguém na sua organização que possa respondê-la.
Assim, sua empresa estará ajudando, através deste questionário, a manter o ambiente marinho sustentável.
A participação de todos do setor público ou privado é extremamente importante e levará aproximadamente 10 minutos para responder.
Agradecemos antecipadamente.
Atenciosamente, Me. Carlos Eduardo de Almeida Ramôa Doutorando em Turismo e Hotelaria (UNIVALI) [email protected] Prof. Dr. Luiz Carlos da Silva Flores (Orientador) Professor no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria (UNIVALI) [email protected]
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APÊNDICE B – Instrumento de Coleta de Dados (Português)
PESQUISA SOBRE A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NOS
NAVIOS DE CRUZEIROS MARÍTIMOS
Prezado respondente,
Este questionário insere-se em uma pesquisa de doutoramento do programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí – Univali, Balneário Camboriú/SC, Brasil.
Sua participação é extremamente importante e levará aproximadamente 10 minutos.
Objetivo e justificativa:
Ser comprometido com o desenvolvimento sustentável, e com as melhores práticas ambientalmente sustentáveis, deve ser um princípio de valor fundamental na agenda das organizações.
Com base neste princípio, esta pesquisa tem por objetivo formular e propor um modelo integrado de gestão estratégica empresarial, que contempla os requisitos da sustentabilidade ambiental, sistematizado aos cruzeiros marítimos.
Responsáveis pela pesquisa:
Me. Carlos Eduardo de Almeida Ramôa Doutorando em Turismo e Hotelaria (UNIVALI) [email protected]
Prof. Dr. Luiz Carlos da Silva Flores (Orientador) Professor do Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria, Mestrado e Doutorado (UNIVALI) [email protected]
Informamos que as respostas serão analisadas de forma sigilosa e avaliadas resumidamente, sendo que o nome da organização somente será divulgado com a sua autorização e os resultados serão disponibilizados tão logo a publicação do estudo seja autorizada pela Universidade Univali.
O questionário é dividido em duas partes, na primeira apresenta-se questões mais abrangentes, relativas às dimensões formação da estratégia e sustentabilidade ambiental e na segunda parte pretende-se, particularmente, validar os requisitos ambientais para o produto turístico cruzeiro marítimo
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*1. Você tem algum conhecimento sobre os temas desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade, ou sustentabilidade ambiental? w
Sim
Não PARTE 1: FATORES ESTRATÉGICOS DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL Responda às questões a seguir afirmativamente ou negativamente e complemente a resposta quando for solicitado *2. Você está familiarizado com os 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ONU) e a agenda que deve ser implementada por todos os países
até 2030? W
Sim, tenho pleno conhecimento
Sim, porém o conhecimento é parcial
Não tenho conhecimento *3. Em sua opinião a adoção das melhores práticas ambientalmente
sustentáveis depende de ações dos governos, através da criação de leis
específicas sobre o tema, ou deve ser uma atitude proativa das próprias
organizações, como um princípio de valor, independente de uma exigência
legal?
A adoção das melhores práticas ambientalmente sustentáveis deve fazer parte da visão estratégica da organização, independentemente de exigências legais
As melhores práticas ambientalmente sustentáveis somente são adotadas se houver imposição legal
Sem opinião *4. Em sua opinião a adoção das melhores práticas ambientalmente
sustentáveis, e a divulgação dessas práticas ao mercado, é uma estratégia que
pode influenciar o processo de escolha da organização, ou de seus produtos,
pelos consumidores? W
Sim, influencia
Não influencia
Sem opinião
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PARTE 1: FATORES ESTRATÉGICOS DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
Assinale a escala correspondente ao nível de IMPORTÂNCIA, para as afirmações a
seguir:
*5. São aspectos fundamentais que uma organização deve considerar na
formação de uma estratégia de valor, de maneira a contribuir com a conservação
dos recursos naturais e cooperar com a manutenção do equilíbrio ambiental do
planeta:
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PARTE 1: FATORES ESTRATÉGICOS DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
De acordo com a ONU, sustentabilidade ambiental significa conservação e gestão dos
recursos, especialmente aqueles que não são renováveis ou são preciosos em termos
de suporte à vida. Ela exige medidas para minimizar a poluição do ar, terra e água e
para conservar a diversidade biológica e o património natural.
Questionário adaptado de Santos; Méxas; Meiriño (2017).
Assinale a escala correspondente ao nível de IMPORTÂNCIA, para as afirmações a
seguir:
*6. São medidas para minimizar a poluição do ar, terra e água e para auxiliar na
conservação da diversidade biológica e do património natural:
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318
PARTE 2: REQUISITOS AMBIENTAIS DOS NAVIOS DE CRUZEIROS MARÍTIMOS
Esta parte da pesquisa sugere possíveis critérios adotados pelas companhias de
cruzeiros marítimos, na elaboração de uma estratégia de valor para o
desenvolvimento sustentável do ambiente marinho.
Em um projeto ou uma atividade, a emissão de resíduos deve ser mantida dentro da
capacidade de assimilação do meio ambiente local, sem a degradação inaceitável de
sua capacidade futura de absorção desses resíduos.
Por favor, assinale os requisitos ambientais que as companhias de cruzeiros
marítimos devem considerar ao definir indicadores referenciais que deseja reportar.
*7. São requisitos ambientais que devem ser atendidos para prevenir e minimizar a poluição causada pelos navios de cruzeiros marítimos, auxiliando na manutenção da capacidade de assimilação desses resíduos pelo meio ambiente:
Realizar o manejo seguro das águas residuais em cada navio (black e gray water)
Realizar o manejo seguro dos esgotos em cada navio
Realizar o manejo seguro dos resíduos sólidos em cada navio
Realizar o manejo seguro dos resíduos perigosos em cada navio
Realizar o manejo seguro dos resíduos oleosos em cada navio
Gerenciar o lastro internamente, sem necessidade de descarga, ou quando necessário realizar o descarte de maneira segura e de acordo com a legislação vigente
Adotar uma política organizacional, seguindo as orientações do Acordo de Paris (COP 21), para a redução da emissão de gases poluidores do meio ambiente
Desenvolver uma política de gestão energética, adotando-se programas de energia renovável, que contemple a redução do consumo da energia
Desenvolver uma política de melhoria contínua da gestão racional do uso da água
Adotar uma política de minimizar o desperdício potencial de tudo o que é embarcado, não só dos recursos naturais, mas também de produtos industrializados, necessários à operação do navio e atendimento aos hóspedes e tripulação
Divulgar os indicadores ambientais de maneira clara e com fácil acesso pelo mercado
Outros requisitos ambientais (especifique)
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APÊNDICE C – Instrumento de Coleta de Dados (Inglês)
E-mail às organizações respondentes:
Título do e-mail: Research on Environmental Sustainability – Univali University - Brazil
Dear Sirs,
I am a Doctoral Student from Brazil and this research, about the Environmental Sustainability in the cruise ships, is part of my PhD research of the Postgraduate Program in Tourism and Hospitality from the University of Vale do Itajaí - Univali, Balneário Camboriú/SC, Brazil.
The reason of this message is to know your opinion about the Environmental Sustainability in the marine environment.
OBJECTIVE AND JUSTIFICATION:
Commitment to sustainable development and to environmentally sustainable practices should be a core principle for the organizations.
Based on this principle, the OBJECTIVE OF THIS RESEARCH IS TO FORMULATE AN INTEGRATED MODEL OF STRATEGIC MANAGEMENT, ENCOMPASSING THE ENVIRONMENTAL SUSTAINABILITY REQUIREMENTS, AIMED AT THE CRUISE INDUSTRY.
If you believe you are unable to respond this survey, which focus the Environmental Sustainability, please do not delete this message, send it to someone in your organization who can respond it. Thus, your organization will be helping to maintain the marine environment sustainable.
The participation of your organization is extremely important and will take approximately 10 minutes.
Carlos Eduardo de Almeida Ramôa (MSc) PhD Student in Tourism and Hospitality (UNIVALI) [email protected] Luiz Carlos da Silva Flores (PhD) PhD Supervisor Professor in the Postgraduate Program of Tourism and Hospitality, Master’s Degree, and Doctorate (UNIVALI) [email protected]
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APÊNDICE D – Instrumento de Coleta de Dados (Inglês)
RESEARCH ON ENVIRONMENTAL SUSTAINABILITY IN SEA CRUISES
Dear Participant,
This survey is part of a PhD research of the Postgraduate Program in Tourism and
Hospitality from the University of Vale do Itajaí - Univali, Balneário Camboriú/SC,
Brazil.
Your participation is extremely important and it will take you approximately 10 minutes.
Objective and justification:
Commitment to sustainable development and to environmentally sustainable practices
should be a core principle for the organizations.
Based on this principle, the objective of this research is to formulate an integrated
model of strategic management, encompassing the environmental sustainability
requirements, aimed at the cruise industry.
Responsible for researching:
Carlos Eduardo de Almeida Ramôa (MSc) PhD Student in Tourism and Hospitality (UNIVALI) [email protected] Luiz Carlos da Silva Flores (PhD) PhD Supervisor Professor in the Postgraduate Program of Tourism and Hospitality, Master’s Degree, and Doctorate (UNIVALI) [email protected] Please note that the answers will be handled confidentially and briefly assessed, the name of the organization will only be disclosed with consent and the results will be made available as soon as Univali University authorizes the publication of the study.
The questionnaire is divided into two parts. The first part contains general questions related to dimensions strategy formation and environmental sustainability and the second part addresses the validation of the environmental requirements for the cruise tourism product.
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*1. Do you have any knowledge about the scope of sustainable development or
sustainability, or environmental sustainability? w
Yes
No
PART 1: STRATEGIC FACTORS IN THE ENVIRONMENTAL SUSTAINABILITY
Please, answer ‘yes’ or ‘no’ to the following questions.
*2. Are you familiar with the 17 Sustainable Development Goals (UN) of the 2030
Agenda for Sustainable Development to be implemented by all countries? w
Yes, fully aware
Yes, partially aware
Not aware
Do not know *3. In your opinion, is the adoption of environmentally sustainable best practices
a result of government actions, such as specific laws on the subject, or should
it be part of a proactive strategy of the organization, as a principle of value,
regardless of legal requirements?
The adoption of environmentally sustainable best practices should be part of the
strategic vision of the organization regardless of legal requirements
The environmentally sustainable best practices are only addopted in case of legal obligation
No opinion *4. In your opinion, is the adoption, and dissemination, of environmentally
sustainable best practices a strategy that can affect the consumers’ decision of
choosing the organization or its products? w
Yes
No
No opinion
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PART 1: STRATEGIC FACTORS IN THE ENVIRONMENTAL SUSTAINABILITY
Please, rate the level of IMPORTANCE with the following sentences:
*5. They are essential aspects an organization must consider to formulate a
value strategy in the organization, in order to contribute to the conservation of
the natural resources and to the maintenance of the environmental balance of
the planet:
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PART 1: STRATEGIC FACTORS IN THE ENVIRONMENTAL SUSTAINABILITY
According to the UN, environmental sustainability means conservation and
management of resources, especially those that are not renewable or are precious in
terms of life support. It requires measures to reduce air, land, and water pollution and
to conserve biological diversity and natural heritage.
Questionnaire adapted from Santos; Méxas; Meiriño (2017).
Please, rate your level of IMPORTANCE of the following sentences:
*6. These are measures to minimize air, land, and water pollution and to assist
in the conservation of biological diversity and natural heritage:
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PART 2: ENVIRONMENTAL REQUIREMENTS FOR SEA CRUISE SHIPS
The second part of the research suggests possible environment requirements adopted
by cruise ships for the sustainable development of the marine environment.
In a project or activity, the emission of waste must be maintained within the assimilation
capacity of the local environment, without compromising the future waste absorption.
Please, indicate the environmental requirements that cruise companies should
consider when define environmental indicators to be reported.
*7. Environmental requirements must be met to prevent and reduce the pollution
caused by cruise ships, helping to maintain the environmental waste
assimilation capacity w
To carry out the safe handling of wastewater (black and grey water) in each ship
To carry out the safe handling of sewage sludge in each ship
To carry out the safe handling of solid waste in each ship
To carry out the safe handling of hazardous waste in each ship
To carry out the safe handling of oily residues in each ship
To manage the ballast internally, without discharge, or when necessary to carry out the disposal safely, according to the law
To adopt a management policy, following the guidelines of the Paris Agreement (COP 21), to reduce the emission of gases polluting the environment
To develop an energy management policy, adopting renewable energy programs, encompassing the reduction of energy consumption
To develop a policy of continuous improvement of water use management
To adopt a policy of reducing the potential waste of all that is shipped, not only natural resources, but also manufactured products, necessary for the ship’s operation and to provide service to guests and crew
Disclosure of environmental indicators in a clear and easily accessible manner by the market
Other environmental requirements (please specify)