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    AVALIAO

    Avaliao das tecnologias existentesno mercado e solues paramelhorar a eficincia energtica e ouso racional da gua em Habitaode Interesse Social no Brasil

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    AVALIAO

    Avaliao das tecnologias existentes

    no mercado e solues para melhorar

    a eficincia energtica e o uso racional

    da gua em Habitao de Interesse

    Social no Brasil

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    Autores, parceiros e consultores

    Autores:Conselho Brasileiro de Construo Sustentvel (CBCS)Prof. Dr. Vanderley Moacyr John (Prof. Poli-USP e conselheiro CBCS)Msc. Diana Csillag (Diretora CBCS)Dr. Marcelo Vespoli Takaoka (Presidente do Conselho Deliberativo CBCS)Dra. Vanessa M. Taborianski Bessa (Pesquisadora CBCS)

    Msc. Eliane Hayashi Suzuki (Pesquisadora CBCS)

    Parceiros:

    Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e Secretaria da Habitao doEstado de So PauloLair Krahenbuhl (Presidente da CDHU e secretrio da Habitao do Estado de So Paulo)Gil Scatena (Assessor do chefe de gabinete da Secretria da Habitao)

    Leonardo MacDowell de Figueiredo (Membro do Qualihab - Programa da Qualidade da Construo Habitacional doEstado de So Paulo da CDHU)Eduardo Baldacci (Gestor de eficincia energtica da CDHU)Eduardo Trani (Chefe de Gabinete da Secretaria da Habitao)Altamir Tedeschi (Tcnico da rea de projetos de uso racional da gua da CDHU)Ana Maria Antunes Coelho (Tcnica da rea de projetos de paisagismo da CDHU)Arnaldo Rentes (Tcnico da rea de projetos de paisagismo da CDHU)Fbio Leme (Membro do Qualihab da CDHU)Irene Rizzo (Gerente de Projetos da CDHU)Joo Luiz F. Neves (Tcnico da rea de projetos de eficincia energtica da CDHU)Rafael Pileggi (Membro do Qualihab da CDHU)Sandra Pinheiro Mendona (Superintendente de Desenvolvimento Social da CDHU)Stella Bilenjiam (Tcnica da rea de projetos de eficincia energtica da CDHU)Valentina Denizo (Tcnica das Secretarias do Estado dos Negcios Metropolitanos e do Meio Ambiente e da CDHU)Viviane Frost (Superintendente de Aes de Recuperao Urbana da CDHU)Wandenir Dominiqueli (Tcnico da rea de projetos da CDHU)

    Caixa Econmica FederalMara Motta Alvim (Gerente operacional do departamento nacional de meio ambiente)

    Universidade de So PauloProf. Dra. Lucia Helena de Oliveira (Prof. Poli-USP)Prof. Dr. Orestes Marracine Gonalves (Prof. Poli-USP e conselheiro CBCS)

    UnicampProf. Dra. Marina Ilha (Prof. Unicamp)

    Universidade Federal de Santa CatarinaProf. Dr. Roberto Lamberts (Prof. UFSC e conselheiro CBCS)

    Consultores:Msc. Maria Andrea TrianaMsc. Carla SautchukFbio Feldman Consultores

    Revisores:PNUMA Programa das Naes Unidas para o Meio AmbienteTatiana de FeraudyMarina Bortoletti

    Diagramao:Thad MermerJente Minne

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    O Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente(PNUMA) lanou em 2009 o projeto SUSHI (SustainableSocial Housing Initiative), que tem como objetivoestabelecer diretrizes para a incluso de elementossustentveis em projetos de Habitao de InteresseSocial (HIS).

    O projeto SUSHI, por meio de projetos pilotosimplementados no Brasil e na Tailandia, buscou mapear,organizar e definir tecnologias essenciais sustentveisa serem incorporadas na concepo, construo eoperao de Habitaes de Interesse Social, levando

    em considerao todos os agentes envolvidos nesseprocesso, como consumidores, fornecedores e,especialmente, os desenvolvedores desses projetos.

    O setor de construes tem tido uma crescente demandacom a rpida urbanizao e crescimento populacional,principalmente nos pases em desenvolvimento, ondeesses fatores tm sido mais presentes. Considerandoque se trata de um dos setores que mais contribuemcom a emisso de gs carbnico, estudos sobretcnicas de construes sustentveis vm ganhandocada vez mais relevncia.

    Considerando esses fatores, o PNUMA escolheu acidade de So Paulo no Brasil como um dos locaisestratgicos para o desenvolvimento de um projetopiloto para a promoo de tecnologias e estratgiassustentveis em projetos de HIS. Espera-se que a partirdesta experincia obtida localmente os resultados desteprojeto possam ser replicados em outras regies comcaractersticas semelhantes; ou adaptados a regiesdistintas.

    No contexto deste projeto, a equipe liderada peloConselho Brasileiro de Construo Sustentvel (CBCS)

    realizou:1. Avaliao, como estudo de caso, do status das

    HIS no Estado de So Paulo, incluindo uma anlisesobre o conceito de sustentabilidade empregadoe de itens que deveriam ser verificados para umaproposta de iniciativas sustentveis. Resultadosdeste estudo esto compilados no relatriointitulado Mapeamento dos principais interessadose dos processos que afetam a seleo de solues(tecnologias e materiais) para projetos de habitaosocial.

    2. Avaliao das iniciativas anteriores conduzidas pelaCDHU para integrar elementos sustentveis emprojetos de HIS. O estudo incluiu a proposiode mudanas em equipamentos, projetos deconstrues civis, ou fornecimento de fontesalternativas de fornecimento/aquecimento de gua,entre outros.

    3. Compilao dos estudos realizados nos doisprimeiros relatrios e preparao deste presenteRelatrio, que ter como nfase a anlise dastecnologias e modificaes de projetos de

    construes civis que poderiam ser aplicadasaos projetos de HIS em So Paulo, fornecendouma anlise de custos, benefcios e eficinciadas alternativas selecionadas para a melhora dodesempenho sustentvel das unidades habitacionaissociais.

    Embora a rea de construo sustentvel possibilite oestudo de diversos tipos de tcnicas de sustentabilidadee recursos naturais, o projeto SUSHI no Brasil decidiupriorizar, como seu escopo, os temas gua e energia.Neste contexto, na rea de gua optou-se por trabalhar

    opes de solues sustentveis para o uso racionalda gua e gerenciamento de sua demanda em HIS,enquanto que na rea de energia foram estudadassolues de conforto trmico e luminoso, energiarenovvel, aquecimento solar e propostas de medidaspara diminuio do uso de sistemas de ar condicionado.

    O presente relatrio encontra-se dividido em trspartes. A primeira trata do mapeamento de soluessustentveis para HIS, relacionadas aos temas gua eenergia, e j existentes no mercado.

    Para o tema energia so citados: aquecedores solares,uso de equipamentos e eletrodomsticos eficientes,energia fotovoltica, padronizao do p-direito, uso deforro e de cobertura com baixa absortncia, medioremota de insumos, esquadrias e sombreamentoque podem afetar na carga trmica, e aproveitamentode sombreamento natural. J o tema gua inclui:medio individualizada, aproveitamento de gua pluvial,utilizao de equipamentos hidrulicos economizadores,fitotratamento, tratamento de esgoto in situ e uso depavimentos permeveis (como o macadame hidrulico).

    Sumrio

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    A segunda parte fornece um levantamento de itensimportantes para os sistemas prediais referentesa conforto trmico e eficincia energtica, incluindoreferncia a normas e experincias anteriores deconsultores na rea. Como exemplos podemoscitar: a adequao do projeto s zonas bioclimticasestabelecidas pela ABNT NBR 15220 (referente adesempenho trmico), o estudo da qualidade dosmateriais, a interferncia do entorno e do clima naedificao, a gesto da demanda e da oferta de energiae a qualidade da instalao dos sistemas prediais emconformidade com a ABNT NBR 15575, norma de

    desempenho para edifcios residenciais de at cincopavimentos.

    Para os sistemas prediais hidrulicos e uso da gua,foram levantados aspectos relacionados confiabilidade,qualidade e manuteno dos equipamentos sanitrios edos prprios materiais hidrulicos, sade e qualidadeda gua, gesto da demanda e da oferta de gua, carga gerada na infraestrutura de drenagem pluvial eesgoto local e interferncia dos edifcios nos aquferos.

    A terceira parte deste relatrio fornece a avaliao tcnicadas solues apresentadas na parte 1 e 2, e a quarta,

    recomendaes baseadas nas avaliaes tcnicas que

    podem ser teis ao empreendedor para escolha datecnologia sustentvel mais apropriada.

    Foram levados em considerao os custos e benefciosde cada soluo, afim de capacitar os desenvolvedoresde projetos a fazerem suas anlises de solues levandoem conta a vida til do empreendimento. A classificaodas solues sobre uma escala de desempenho visafacilitar a sua avaliao e o processo de escolha dastecnologias. As recomendaes incluem ainda diretrizespreliminares para o empreendedor tomar conhecimentodos tipos de solues existentes no mercado e ter uma

    compreenso do impacto que cada tipo de tecnologiavai gerar e o custo relativo de uma soluo com relao outra.

    Acredita-se que as recomendaes apresentadaspossam ser utilizadas por empreendedores bem comoadaptadas segundo caractristicas regionais, locais,culturais, sociais e econmicas do projeto. O roteirode sustainabilidade ser implementado e verificado noterreno com parceiros do projeto SUSHI nos prximosanos, levando em conta os resultados de uma avaliaops-ocupao, para definir melhor a viabilidade dassolues especialmente atravs da aprovao pelo

    usurio final.

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    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ART Anotao de Responsabilidade Tcnica

    CATE Centro de Aplicao de Tecnologias Eficientes

    CBCS Conselho Brasileiro de Construo Sustentvel

    CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

    CONPET Programa Nacional de Racionalizao do Uso de Derivados do Petrleo e do Gs Natural

    CREA Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

    DAEE Departamento de gua e Esgoto

    EPS Expanded polystyrene (poliestireno expandido)HIS Habitao de Interesse Social

    INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial

    MME Ministrio de Minas e Energia

    PBE Programa Brasileiro de Energia

    PBQP-H Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat

    PLC Power Line Communication

    PNUMA Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente

    PSQ Programa Setorial da Qualidade

    PROCEL Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica

    QUALINSTAL-GS Programa de Qualificao de Fornecedores de Instalaes Internas de Gases Combustveise Aparelhos a Gs

    QUALISOL Programa de Qualificao de Fornecedores de Sistemas de Aquecimento Solar

    RTQ-R Regulamento Tcnico da Qualidade para o Nvel de Eficincia Energtica de EdificaesResidenciais

    SAS Sistema de Aquecimento Solar

    TV Televiso

    Lista de abreviaturas e siglas

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    ndiceTtulo Pgina

    AUTORES, PARCEIROS E CONSULTORES

    SUMRIO

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    NTRODUO

    1 MAPEAMENTO DAS SOLUES SUSTENTVEIS PARA PROJETOS DE HABITAO DE INTERESSESOCIAL (HIS) DISPONVEIS NO MERCADO BRASILEIRO

    1.1 Energia

    1.1.1 Aquecimento solar de gua.

    1.1.2 Energia fotovoltaica

    1.1.3 Equipamentos e eletrodomsticos eficientes

    1.1.4 Solues de conforto trmico passivo

    1.2 Uso racional da gua

    1.2.1 Medio individualizada de gua

    1.2.2 Medio remota de insumos

    1.2.3 Aproveitamento de gua pluvial

    1.2.4 Equipamentos hidrulicos economizadores

    1.2.5 Fitotratamento1.2.6 Tratamento de esgoto in situ

    1.2.7 Pavimentos permeveis

    2 REQUISITOS DE DESEMPENHO DAS AES SUSTENTVEIS

    2.1 Sistemas prediais para conforto trmico e eficincia energtica

    2.1.1 Requisitos de desempenho para conforto trmico

    2.1.2 Requisitos de desempenho para eficincia energtica

    2.2 Sistemas prediais hidrulicos e gesto uso da gua

    2.2.1 Sistemas prediais hidrulicos e sanitrios2.2.2 Sade e qualidade da gua

    2.2.3 Gesto da delabda de gua

    2.2.4 Gesto da oferta de gua

    2.2.5 Carga na infraestrutura local

    2.2.6 Qualidade dos materiais e componentes hidrulicos

    3 AVALIACAO TCNICA DAS SOLUCES ALTERNATIVAS

    4 DESENVOLVIMENTO DE UM ROTEIRO DE PROJETO BASEADO NA AVALIACO TCNICA DASSOLUCES ALTERNATIVAS

    CONCLUSES

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    Introduo

    O PNUMA, no mbito de seu programa para construese edificaes sustentveis, vem desenvolvendoum projeto de construes sustentveis focado emhabitaes de interesse social (HIS) em pases emdesenvolvimento intitulado SUSHI (Sustainable SocialHousing Initiative).

    O objetivo do projeto SUSHI conceituar HIS e suainterao com o meio urbano e estabelecer diretrizescapazes de direcionar projetos arquitetnicos nestesetor, com a inteno de se obter um lar durvel,confortvel, saudvel, fcil de manter, econmico,

    adequado cultura local e eficiente no uso de energia eno consumo de gua.

    A estratgia do projeto SUSHI consiste em estabeleceruma nova abordagem junto aos parceiros e mostraroportunidades dos novos modelos de HIS para o setorda construo (oportunidades de negcios, empregosverdes), o governo (menos gastos com sade, maisprodutividade dos trabalhadores, melhor capacidadede aprender das crianas), a sociedade (gerao deriqueza, menos poluio) os agentes financeiros (novasoportunidades de financiamento, melhores garantias,

    impedimento de obsolescncia prematura da habitao)e, principalmente, para as famlias que nestas habitaesiro morar com mais qualidade de vida.

    No Brasil, o projeto ganhou um ambiente propcio para seudesenvolvimento, pois mesmo com a crise econmicade 2009, o mercado imobilirio est crescendo de formaconsistente, especialmente na construo de habitaosocial, impulsionado pelo plano de governo que visaconstruir 1 milho de unidades habitacionais em apenasdois anos (2010-2011).

    Diante deste contexto, a equipe brasileira do projeto

    SUSHI criou uma rede de parceiros para discussodos aspectos de sustentabilidade nas HIS no Brasil edesenvolvimento de uma abordagem local para aplicaoe difuso desses conceitos em projetos que sejam maisadequados s necessidades e bem-estar das famlias.

    O Projeto no Brasil, liderado pelo CBCS, agregouinstituies que trazem pessoas de renomada experinciaem HIS, eficincia energtica, conforto trmico e usoracional da gua, como Caixa Econmica Federal(agente financeiro), Companhia de DesenvolvimentoHabitacional e Urbano do Estado de So Paulo CDHU,

    Escola Politcnica da Universidade de So Paulo,

    Universidade Federal de Santa Catarina, UniversidadeEstadual de Campinas e Fbio Feldmann Consultores.

    Como produtos do projeto SUSHI, foi produzido umprimeiro documento denominado Mapeamento dosprincipais interessados e dos processes que afetam aseleo de solues (tecnologias e materiais) para projetosde habitao social, que apresenta um panorama geralsobre HIS no Brasil. A seguir, foi elaborado um segundodocumento denominado Lies Aprendidas: Soluespara sustentabilidade em Habitao de Interesse Socialcom a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e

    Urbano do Estado de So Paulo (CDHU), em que soapresentadas as aes testadas por esta companhia narea de sustentabilidade ao longo de sua existncia.

    J o presente relatrio visa apresentar diretrizes parainsero de aes sustentveis em habitaes deinteresse social no Brasil. As aes propostas nesterelatrio resultaram das pesquisas com a CDHU e dacontribuio de consultores especializados nas reas deeficincia energtica, conforto trmico, e uso racional dagua.

    No captulo 1, so descritas as aes de sustentabilidade

    relacionadas eficincia energtica e ao uso racionalda gua, seguidas de comentrios com foco emsistemas prediais para conforto trmico e hidrulico,fornecendo requisitos de desempenho e de qualidadedas instalaes e de materiais.

    A partir do mapeamento dessas aes, foi realizada umaavaliao tcnica das mesmas com o intuito de verificaralguns parmetros para insero dessas tecnologias nasetapas de projeto, construo e operao/manuteno,alm dos riscos associados adoo dessas aes.So apresentadas 22 tabelas com as solues emeficincia energtica e em uso racional da gua, onde so

    especificadas as aes, dificuldade e disponibilidade defornecedores para cada uma das etapas citadas, sendoatribuda uma classificao (alta/mdia/baixa) de acordocom a viabilidade tcnica.

    Em seguida, definido um roteiro para osempreendimentos de HIS baseado nas aessustentveis apresentadas, na qual so disponibilizadasduas tabelas que auxiliam no processo de escolhade tecnologias. As mesmas solues foram listadasrelacionando-se custo de instalao e de operao,benefcios sociais, econmicos e ambientais e grau de

    eficincia.

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    Avaliao

    Neste captulo so apresentadas, resumidamente,as aes de sustentabilidade que foram mapeadasno Relatrio de Lies Aprendidas: Solues parasustentabilidade em Habitao de Interesse Social (HIS)

    com a Companhia de Desenvolvimento Habitacionale Urbano do Estado de So Paulo (CDHU) e queencontram-se disponveis no mercado brasileiro.

    Aps essa reviso das aes, sero apresentados osrequisitos de desempenho esperados para essas aese as variveis que influenciam os mesmos. Com essesparmetros ser realizada a avaliao tcnica das aessustentveis apresentadas (captulo 3).

    1.1 Energia

    A sustentabilidade relacionada a energia pode combinar

    uso de energias renovveis, de equipamentos maiseficientes e estratgias para a reduo da demanda ouminimizao do seu aumento no longo prazo.

    No Brasil, o consumo de energia no setor residencial divido conforme a figura 1, sendo mais significativas asparcelas correspondentes ao chuveiro (aquecimento degua), geladeira, condicionamento ambiental (incluindoar condicionado) e lmpadas.

    Figura 1 Participao dos eletrodomsticos noconsumo residencial no Brasil (Fonte: Eletrobrs, 2007)

    1.1.1 Aquecimento solar de gua.

    O aquecimento de gua responsvel por uma fraoque varia entre 20% (GHISI; GOSCH; LAMBERTS, 2007)e 24% (ELETROBRS, 2007) do consumo de eletricidaderesidencial. No entanto esta frao varia acentuadamentecom as regies bioclimticas (Ghisi, Gosch e Lamberts,2007). Portanto, a modificao de fonte de energia paraaquecimento de gua como estratgia para promover asustentabilidade relevante especialmente nas regiescentro-oeste, sul e sudeste, pois nas regies norte enordeste esta participao pequena, respectivamente2% e 8% da demanda (ELETROBRS, 2007).

    Segundo a ABNT NBR 15569 (2008), um sistemade aquecimento solar composto por coletor solar,reservatrio trmico, sistema de aquecimento auxiliar,

    acessrios e suas interligaes hidrulicas.

    Os beneficios econmicos e ambientais do aquecedorsolar, tanto para as empresas distribuidoras de eletricidadee os usurios esto demonstrados (NASPOLINI;MILITO; RTHER, 2010). No entanto eles dependemda intensidade de uso ligada a clima e habitos de uso,da eficincia e impacto ambiental da energia utilizadapelo sistema de aquecimento auxiliar e da quantidade degua fria desperdiada na espera da chegada da guaquente, uma vez que no so adotados circuitos onde aagua quente circula.

    Uma soluo de aquecimento auxiliar comum o uso deresistncias trmicas internas no boiler que podem seracionadas de forma manual (o que leva indisponibilidadede gua quente em determinadas momentos) ouautomtica, atravs de termostatos e temporizadores.Temporizadores so raros nos equipamentos brasileiros,o que faz com que em algumas situaes o sistemasolar tenha consumo eletrico superior ao de um chuveiroconvencional. Uma soluo que vem sendo adotada a introduo de chuveiros eltricos, de ajuste manualou automatico da temperatura. Este sistema temmenor consumo de eletricidade, mas o seu benefcio

    1 Mapeamento das soluessustentveis, disponveis no mercado

    brasileiro, aplicveis a projetos dehabitao de interesse social

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    ambiental em reduzir a demanda de ponta de energiaainda desconhecido. A utilizao de sistemas solaresem HIS pode ser eficiente considerando as limitaesidentificadas acima, e levando em considerao aimportancia relativa do aquecimento de gua em relao

    ao consumo total de energia na unidade.

    1.1.2 Energia fotovoltaica

    Por meio do efeito fotovoltaico, a energia contida naluz do sol pode ser convertida diretamente em energiaeltrica. O efeito fotovoltaico obtido atravs de lminasmuito finas de materiais semicondutores como o silcio.Quando os raios solares atingem a superfcie do painelfotovoltaico, criado ento um fluxo de energia eltricaque provoca o acionamento e o funcionamento doaparelho eltrico ligado ao painel.

    Alm da economia de energia, os sistemas fotovoltaicostm como objetivo prover energia eltrica em locaisdistantes de uma rede eltrica ou simplesmente utilizar-se da cogerao de energia eltrica para reduzir osgastos com energia provinda das concessionrias.

    Energia fotovoltaica tem sido adotada em comunidadesisoladas do Brasil, em substituio aos geradores adiesel, embora ainda seja economicamente invivel sempesados subsdios (MARTINS; BAZZO; RTHER, 2005),particularmente para a populao de baixa renda queusufrui de energia fortemente subsidiada.

    A adoo de um sistema que viabilize a implantao desistemas fotovoltaicos conectados a rede eltrica (grid-connected), e que dispensam baterias dispendiosas ede elevado impacto ambiental, tem sido defendida porespecialistas apenas para consumidores de maior renda,que paguem tarifa eltrica cheia (RTHER; ZILLES,n.d.). A utilizao de energia fotovoltica em HIS deveser ligada a um estudo apresentando o retorno sobreinvestimento para verificar a viabilidade econmica doprojeto em relao aos benefcios ambientais.

    1.1.3 Equipamentos e eletrodomsticos

    eficientesEsta estratgia consiste na utilizao de equipamentose eletrodomsticos com comprovada eficinciaenergtica, que no caso do Brasil, pode ser feita pormeio do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e dosSelos PROCEL e CONPET.

    De acordo com a (ELETROBRS, 2007) iluminao responsvel por 14% do consumo de eletricidaderesidencia; geladeiras 22% e condicionamento ambiental20%.

    Os equipamentos que podem ser incluidos facilmente naconstruo e aplicveis a HIS (levando em consideraoo baixo custo de instalao e manuteno) soventiladores de teto que poderiam ser uma alternativade reduzir a demanda crescente por ar condicionado

    (GHISI, GOSCH; LAMBERTS, 2007) e lmpadasfluorescentes compactas.

    Outros eletrodomsticos como refrigeradores no sousualmente parte de um projeto de habitao e, comomostra a experincia da CDHU, sua introduo deve serrealizada considerando as necessidades e demanda decada familia.

    1.1.4 Solues de conforto trmico passivo

    O consumo de eletricidade para condicionamentoambiental varia entre 11 e 40% do consumo eletrico

    residencial no Brasil, e vem crescendo pela adoo doar condicionado (GHISI; GOSCH; LAMBERTS, 2007).

    A adoo de solues passivas de conforto podeminimizar esta tendncia, com importantes beneficioseconmicos e ambientais.

    1.1.4.1 Adoo de p-direito elevado

    A altura do p-direito uma caracterstica arquitetnicaque influencia diretamente no conforto trmico devidoao gradiente trmico, propriedade fsica que faz comque o ar quente seja naturalmente armazenado na

    parte superior do ambiente e o ar frio, na parte inferior.Os ambientes que possuem p-direito maior separammelhor o usurio desse estoque de ar quente.

    A ABNT NBR 15575, norma de desempenho paraedifcios de at cinco pavimentos, estipula um p-direitomnimo 2,20 m para banheiros e de 2,50 m para osoutros cmodos da unidade residencial, observando alegislao vigente. A CDHU utiliza um p-direito de 2,60m, altura mnima permitida pelo Cdigo de Obras damaioria das cidades. O aumento do p-direito poderialevar a uma melhoria do conforto trmico em unidades

    de HIS e teria um custo razovel.Porm, para que o efeito desejado seja observado, deveser combinado com outros elementos arquitetnicos quemelhorem a circulao interna do ar e isolem o ambientetermicamente, alm do provimento de adequadaorientao solar na fase de projeto.

    1.1.4.2 Uso de forro isolante

    Segundo Lamberts e Triana (2005), o uso de forroassociado ao telhado necessrio para garantir umdesempenho trmico mnimo e deveria ser um requisito

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    Avaliao

    bsico para aprovao de projetos no setor de habitaesde interesse social, j que 70% da carga trmica provmda cobertura e 30% da fachada (CAVALCANTI; PRADO,2001)

    O uso de forro cria uma camada isolante trmica quesepara o ambiente ocupado pelo usurio do calorirradiado atravs do telhado durante o dia e diminui aperda de calor durante a noite. O forro pode ser demateriais como gesso, madeira e PVC. Tambm podeser usado o forro de laje, que consiste na aplicao decamada de revestimento de concreto armado, podendoser do tipo laje mista com preenchimento em blococermico vazado ou com bloco de EPS.

    O uso de forro isolante em HIS pode ser uma soluoadaptada com uma seleo cuidadosa do tipo de

    material, seu custo, seu desempenho, e o impactopotencial segundo a regio climtica.

    1.1.4.3 Uso de cobertura com baixa absortncia

    Esta ao define a utilizao de coberturas com baixaabsortncia, que normalmente est associado ao usode cores claras. As normas brasileiras especificam aspropriedades da cobertura de acordo com a absortncia,que o quociente da taxa de radiao solar absorvidapor uma superfcie pela taxa de radiao solar incidentesobre esta mesma superfcie (ABNT NBR 15220-1).Krger e Lamberts (2000) detectaram uma reduo de

    at 3,8 K da temperatura interna com a ventilao diurnae 6 K com a ventilao noturna devido ao uso de umapintura branca no telhado e, portanto, baixo coeficientede absoro solar.

    De acordo com Cavalcanti e Prado (2001), ascasas unifamiliares representam a maioria das HIS,se comparadas s unidades multifamiliares e porisso, a cobertura o componente mais exposto svariaes climticas. Segundo dados da Companhiade Processamento de Dados do Estado de So Paulo(PRODESP), dos imveis entregues pela CDHU atdezembro de 2010, 38,7% dos possuam tipologia dehabitao multifamiliar, enquanto que 61,3% eram detipologia unifamiliar1.

    A escolha de coberturas pode estar associada ao clima, disponibilidade do material, durabilidade e tambm necessidade de tratamento acstico, o que em especialdeve ser considerado nas telhas metlicas.

    Tambm deve ser dada ateno manuteno e limpeza da cobertura. A perda de refletncia solar de umacobertura com pintura metalizada encontrada em Cheng

    et al (2011) em um perodo de 1,63 anos foi de 6%,o que implica que considerando um perodo maior detempo, a perda ser proporcionalmente maior, alterandoas propriedades isolantes da cobertura. A refletncia radiao solar o quociente da taxa de radiao de

    ondas longas que refletida por uma superfcie pelataxa de radiao de ondas longas incidente sobre estasuperfcie (ABNT NBR 15220).

    Desta forma, recomenda-se o uso de coberturas combaixa absortncia e alta refletncia, isto , que sejade material metlico (desde que devidamente isoladotermicamente), ou com pintura clara ou metalizada,escolhendo a soluo com custo e desempenhoapropriado para HIS.

    1.1.4.4 Esquadrias e sombreamento

    Segundo Lamberts e Triana (2005) as janelas so osprincipais componentes que influenciam no desempenhotrmico da habitao, e um dos que necessita menordesenvolvimento tecnolgico em todos os setores e emtodas as faixas de renda em nvel geral no Brasil.

    As janelas devem conseguir responder de maneira eficazs diferentes exigncias climticas existentes no pas,apresentando uma boa estanqueidade em locais declima frio e permitindo a ventilao e o sombreamento/escurecimento em locais de clima quente.

    Entre os componentes das janelas devem ser vistos com

    especial ateno as venezianas, pois o sombreamentona janela representa uma importante melhoria nodesempenho trmico do ambiente, em especial quandoconsideradas com cores claras.

    No Brasil, em HIS utiliza-se o padro de janelas decorrer, que diminui a rea efetiva de ventilao para50%. Embora um aumento no vo da janela em teoriaaumentaria o conforto trmico, de acordo com simulaorealizada por Krger e Lamberts (2000) para a cidade deFlorianpolis (latitude 27,5) no ms de janeiro, ao dobrara rea da janela, com alterao da abertura efetiva de50% para 100%, no houve melhoria significativa doconforto trmico, pois o aumento das taxas de fluxo dear no promoveu a diminuio da temperatura interna.Neste caso, esta medida seria eficiente para o maioraproveitamento da iluminao natural, que poderia gerarum menor consumo de energia de lmpadas.

    Para poder utilizar esta soluo, desenvolvedores deprojeto precisam ter flexibilidade para escolha de janelasna etapa de projeto, sem ter que seleccionar o mesmotipo de janela para projetos diferentes e localizados emzonas climticas diferentes.

    1 Em: http://www.prodesp.sp.gov.br/

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    Figura 2 Exemplo de janela de correr utilizada emmoradias populares

    1.1.4.5 Sombreamento natural

    Consiste em criar anteparos naturais, em vez deanteparos artificiais como coberturas metlicas, a fimde diminuir a incidncia dos raios solares no solo e nosveculos, reduzindo os efeitos de ilha de calor. Para isto,poderiam ser plantadas, por exemplo, rvores frutferas,arbustos e plantas trepadeiras, desde que suas razesno causem danos ao piso de circulao.

    As reas cobertas por vegetao apresentam temperaturamais baixa e umidade mais alta, pois alm de reduzira temperatura por sombreamento direto, diminuemo ganho de calor solar devido evapotranspirao

    (BARBOSA; AMO; LABAKI, 2010).Esta soluo apresenta simplicidade e baixo custo, epode ser aplicada em HIS considerando os requisitosespecficos do terreno (rea disponivel) e da rea(preferncia por espcies locais).

    1.2 Uso racional da gua

    A seguir, so apresentadas as aes sustentveis narea de uso racional da gua que podem ser aplicadaspara HIS.

    1.2.1 Medio individualizada de guaMedio individualizada de gua a utilizao dehidrmetro capaz de fornecer o consumo de guapor unidade habitacional nos condomnios verticaise horizontais. Nesse caso, a conta de gua pode serestabelecida, para cada unidade, tendo em vista oconsumo registrado nos respectivos hidrmetros,acrescido da parcela que lhe couber, referente aoconsumo de gua para satisfazer as necessidadescomuns do edifcio (DOMINIQUELI, 2007).

    Para as companhias de saneamento estaduais, a

    medio individualizada de gua surge a partir de umademanda do mercado incentivada pelo uso racionalda gua e principalmente pela necessidade do clienteem realizar a gesto do seu consumo e pagar peloque realmente consome. Desta forma, a gesto dainadimplncia passa a ser da concessionria.

    Esta forma de medio pode ser uma soluointeressante para edficios multifamiliares de HIS, maso impacto ser mais de concientizao que em termoseconomicos levando em conta o baixo preo da gua.

    1.2.2 Medio remota de insumosDenomina-se como telemetria ou telemedio aautomatizao da medio e da transmisso de dadosdas fontes de origem para estaes de processamento.As tecnologias para medio remota de insumos prediaisdisponveis no mercado so: radiofrequncia, PLC, redepblica de telefonia fixa e mvel, TV a cabo, satlite,barramento de campo e sistemas hbridos (ROZAS;PRADO, 2002).

    Alm de garantir mais segurana, pois os tcnicos noprecisam entrar nos edifcios para fazer a leitura dos

    hidrmetros, a medio remota fornece em tempo reala ocorrncia de vazamentos quando houver, evitandoassim maiores desperdcios de gua, e podendo evitarcustos para a concessionria e os moradores de HIS.

    1.2.3 Aproveitamento de gua pluvial

    A principal funo desta medida diminuir o consumode gua potvel fornecida pelas concessionrias pormeio da utilizao da gua pluvial tratada para fins nopotveis.

    O processo consiste na coleta de gua pluvial de reasimpermeveis (telhados em geral), no tratamento e no

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    Avaliao

    armazenamento em reservatrios de acumulao paraposterior utilizao. O aproveitamento de guas pluviaispara o setor residencial seria mais eficiente se combinadocom o reuso de gua (gua cinza), apresentando umpotencial de economia de gua potvel de at 36%,

    considerando que pode ser usada gua no potvelem vasos sanitrios e em torneiras destinadas a regasde jardim e lavagem de piso. No entanto, o perodode retorno de investimento da medida muito longo,calculado em 17 anos, devido s baixas tarifas dasconcessionrias de gua aplicadas no Brasil (GHISI;OLIVEIRA, 2007), o que leva a pensar que esta soluonao seria ideal para HIS.

    1.2.4 Equipamentos hidrulicoseconomizadores

    Esta soluo consiste na utilizao de dispositivos e

    equipamentos hidrossanitrios que utilizem menosgua para sua operao, em comparao comequipamentos convencionais. Entre estes, podem sercitados arejadores de torneiras, registros reguladoresde vazo, restritores de vazo, bacias sanitrias comcaixa acoplada de volume reduzido, vlvulas e caixas dedescarga de acionamento duplo.

    Em Belo Horizonte, foram instalados alguns dessesequipamentos em habitaes de baixa renda (com rendafamiliar de at 3 salrios mnimos), tais como torneiras defechamento automtico, vlvulas de descarga de vazoregulvel, reguladores de vazo para torneiras e caixa dedescarga de embutir. Verificou-se uma reduo de 7,5%do consumo de gua, considerado um valor espressivopara os autores da pesquisa (VIMIEIRO; PDUA, 2005).A implementao podendo ter um impacto ambiental eeconomico positivo, deveria ser feita em collaboraocom o usurio.

    1.2.5 Fitotratamento

    Tambm conhecido por Solos Filtrantes ou Wetlands,so sistemas que aproveitam as caractersticas filtrantesde um solo preparado para se fazer o tratamento doefluente domstico (OLIVEIRA et al; 2005).

    O processo de descontaminao da gua de reusotorna-se mais eficiente quando vegetaes do tipojuncos ou taboa so plantadas na superfcie da readestinada ao lanamento do efluente a ser tratado.

    Oliveira et al (2005) observam que este sistema detratamento tem a vantagem de economizar energiaeltrica, pois opera atravs de um processo natural.Outra vantagem que ele proporciona a infiltrao degua de chuva que precipita sobre a vala filtrante. Seudesempenho de tratamento geralmente elevado,

    possibilitando a produo de gua de reuso para

    sistemas de descarga de bacias sanitrias, irrigaode jardins e lavagem de pisos. Entretanto, no caso deatender a unidades habitacionais de interesse socialisoladas, torna-se restritivo em funo das pequenasreas dos lotes.

    1.2.6 Tratamento de esgoto in situ

    O tratamento de esgoto in situ proporcionado porestaes compactas ou fossas spticas com filtrosanaerbios que tratam o esgoto no prprio local onde gerado. A aplicao deste soluo em HIS requerconsiderao da localizao da unidade de HIS e danecessidade de manuteno pelo usurio.

    1.2.7 Pavimentos permeveis

    So sistemas simples de infiltrao, onde o escoamento

    superficial desviado atravs de uma superfciepermevel para o interior da estrutura do solo noprocesso de infiltrao, visando a reduo da vazodrenada superficialmente e a melhoria da qualidadeda gua, contribuindo para o aumento da recargade gua subterrnea. As limitaes so o alto custode implementao e a necessidade de manuteno,que seriam compensadas pelos benefcios gerados(ARAJO; TUCCI; GOLDENFUM, 2000) masconsistuem um importante limite para aplicao em HIS.Como exemplos desta tecnologia tm-se o macadamehidrulico, os blocos intertravados e o gramacadame.

    Macadame hidrulico O macadame hidrulico uma tipologia depavimento constituda de agregados grados comdimetro varivel, compactados, com as partculasfirmemente entrosadas umas s outras e os vaziospreenchidos por material de enchimento comoo p-de-pedra ou areia, com ajuda da gua. Aestabilidade da camada obtida a partir da aomecnica enrgica de compactao.

    Blocos intertravados O pavimento com blocos pr-moldados de concreto

    constitui uma verso moderna e aperfeioada dosantigos calamentos de paraleleppedo.

    Gramacadame semelhante ao macadame hidrulico na montagem

    e nos componentes, diferencia-se pela matrizgranulomtrica mais descontnua dos agregados,com maior ndice de vazios e pela ausncia do filler,pasta de p de pedra e gua que preenche os vaziosno macadame hidrulico, em parte substitudo porsubstrato agrcola, que preenche frouxamente amatriz ptrea, de modo a preservar parte de suaporosidade ao ar gua. A grama em placas

    plantada na cobertura.

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    O objetivo deste captulo apresentar os requisitos dedesempenho das aes sustentveis, selecionadascom base nas normas, nas referncias bibliogrficase nos materiais disponveis no mercado. As aesreferentes ao conforto trmico e energia estorelacionadas s diferentes necessidades em funoda zona bioclimtica. A seguir so apresentados osrequisitos de desempenho necessrios para as aesde sustentabilidade levantadas nas reas de confortotrmico, eficincia energtica e uso racional da gua.

    2.1 Sistemas prediais para confortotrmico e eficincia energtica

    Os requisitos de desempenho das aes para o usoracional da energia podem ser divididos em aespara melhoria do conforto trmico ou da em eficinciaenergtica, que so justificadas nas dimensesambiental, social e econmica.

    Com relao dimenso ambiental, o objetivo incorporar aes e tecnologias sustentveis mas que aomesmo tempo proporcionem um ambiente confortvele adequado ao usurio. Estas aes contribuem para

    diminuir ou extinguir a demanda por energia para o uso desistemas mecnicos de ventilao e condicionamento,contribuindo para uma melhor gesto da demanda.Tambm so consideradas aes ligadas ao aumento daoferta de energia por meio do uso de fontes renovveis ealternativas produo de energia eltrica convencional.

    Na dimenso social o foco o usurio, por ter este odireito a um nvel de conforto adequado na habitao, aoacesso energia de forma eficiente e por ser o agenteque ir operar e manter os sistemas da edificao,conforme estipulado no projeto.

    O usurio tambm o foco para a dimensoeconmica dos projetos, que devem ser de baixocusto e proporcionar economia de energia e custosde manuteno reduzidos graas s aes citadas. Oprprio pas, ao mesmo tempo, tambm colhe benficiosdestas aes de sustentabilidade ambiental e aindapode utilizar os estudos tcnicos apresentados peloProjeto SUSHI em tomadas de decises polticas.

    Os requisitos de desempenho das aes de energiapodem ser classificados em:

    Requisitos de desempenho para conforto trmico:

    Adequao construtiva da edificao conforme olocal de implantao (estratgias);

    Sistemas construtivos (qualidade e caractersticasconstrutivas dos materiais e componentesarquitetnicos);

    Interferncia do entorno e do clima local nasedificaes.

    Requisitos de desempenho para eficinciaenergtica:

    Gesto da demanda (tecnologias que proporcionammenor consumo de energia);

    Gesto da oferta (energias renovveis);

    Qualidade na instalao, manuteno e operaodos sistemas prediais para eficincia energtica.

    A seguir sero definidos de forma mais especfica algunsrequisitos de aes dentro de cada um desses itens.

    2 Requisitos de desempenho das aessustentveis

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    Avaliao

    Figura 3 Zoneamento bioclimtico proposto pela ABNT NBR 15220-3 (Fonte: JOHN et al, 2010)

    2.1.1 Requisitos de desempenho paraconforto trmico

    2.1.1.1 Adequao construtiva da edificao

    conforme o local de implantao: normas e

    classificao

    A NBR 15220-3 (ABNT, 2005) fornece informaesreferentes ao zoneamento bioclimtico brasileiro,classificando 330 cidades segundo o tipo de clima emoito zonas bioclimticas.

    A distribuio das Zonas se deu em funo de parmetroscomo temperatura, umidade e altitude das cidades; poresta razo, para cidades que no foram identificadas nanorma, o clima deve ser avaliado em funo das cidadesmais prximas com caractersticas semelhantes.

    A Zona 1 (Z1) refere-se a climas mais frios no sul dopas com invernos mais acentuados e onde h maiornecessidade de aquecimento neste perodo. As Zonas2 e 3, predominantes no sul e sudeste respectivamente,consideram ainda vero e inverno de forma acentuada.As zonas 4, 5 e 6 tambm apresentam diferenas entreestratgias para vero e inverno, porm muito menosacentuadas. Na zona 4 ainda se considera importanteo aquecimento solar passivo da edificao para inverno,enquanto nas zonas 5 e 6 no mais recomendada estaestratgia. As Zonas 7 e 8, representadas pelo Nordestee Norte do pas, apresentam estratgias para o vero ao

    longo do ano. (LAMBERTS; TRIANA, apud JOHN et al,2010).

    No caso do Estado de So Paulo, as cidades estolocalizadas nas zonas bioclimticas 2, 3, 4, 5 e 6.Assim, devem ser estabelecidos os critrios de projetoem funo das zonas bioclimticas onde se localizam os

    projetos de HIS. Neste sentido, a NBR 15220-3 (ABNT,2005) estabelece as estratgias de projeto adequadaspara vero e inverno por zona bioclimtica e, para asedificaes de HIS unifamiliares, estabelece tambm oscritrios de desempenho dos componentes construtivos

    (paredes, coberturas e aberturas).

    J para edificaes multifamiliares, os critrios paraconforto no vero e no inverno, assim como ascaractersticas dos componentes construtivos, sodeterminados pela NBR 15575 (ABNT, 2008) - Norma dedesempenho para edificaes de at cinco pavimentos.Para as paredes e coberturas, so estabelecidos critriosde desempenho trmico em funo da transmitncia eda capacidade trmica do componente (considerandotodas as suas camadas, isto , tipo de telha, isolantee forro). Para as aberturas, so estabelecidas anecessidade de sombreamento e a porcentagem deabertura necessria para ventilao.

    A Tabela 1 apresenta de forma resumida os requisitos daNBR 15575 (ABNT, 2008) para edifcios multifamiliaresem diferentes zonas bioclimticas.

    Em novembro de 2010 foi lanada a Etiqueta de eficinciaenergtica para edificaes residenciais (INMETRO), queclassifica as edificaes conforme o seu desempenhocom uma escala que varia de E at A, sendo o A maiseficiente, e toma como base a Norma NBR 15575(ABNT, 2008), estabelecendo mtodos prescritivos e de

    simulao para verificao da adequao climtica daedificao. Desta forma, as premissas iniciais de projetoe a escolha de estratgias e de materiais devem estarde acordo com estes critrios. O Selo Casa Azul daCAIXA (JOHN et al, 2010) tambm estabelece critriosde avaliao de projeto em funo do conforto, tomandocomo base a NBR 15575 (ABNT, 2008).

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    Tabela 1 Requisitos da NBR 15575 (ABNT, 2008) para as diferentes zonas bioclimticas brasileiras.

    Z

    ona Estratgias 15575 Abertura para

    ventilao*

    sombreamento

    das aberturas

    Parede Externas Cobertura

    vero inverno U min CT min U

    1 a) aquecimentosolar da edifio / b)Vedaes internaspesadas (inrciatrmica)

    A 8%Aberturas mdias

    Permitir sol durante oinverno

    2,50(Parede

    leve) 130 2,30 -

    2

    a) Ventilao cruzada

    a) aquecimentosolar da edifio / b)Vedaes internaspesadas (inrciatrmica)

    A 8%Aberturas mdias

    Permitir sol durante oinverno

    2,50(Parede

    leve) 130 2,30 -

    3

    a) Ventilao cruzada

    a) aquecimentosolar da edifio / b)Vedaes internaspesadas (inrciatrmica)

    A 8%Aberturas mdias

    Permitir sol durante oinverno

    3,70 e< 0,60

    130 2,30

    0,6

    2,50 e 0,60

    1,50 >

    0,6

    4a) Resfriamento evaporativoe Massa Trmica pararesfriamento / b) Ventilaoseletiva (nos perodosquentes em que atermperatura interna sejasuperior externa

    a) aquecimentosolar da edifio / b)Vedaes internaspesadas (inrciatrmica)

    A 8%Aberturas mdias

    Sombrear aberturas

    3,70 e< 0,60

    130

    2,30

    0,6

    2,50 e 0,60

    1,50>0,6

    5

    a) Ventilao cruzadaa) Vedaes internaspesadas (inrciatrmica)

    A 8%Aberturas mdias

    Sombrear aberturas

    3,70 e< 0,60

    130 2,30

    0,6

    2,50 e 0,60

    1,50>0,6

    6 a) Resfriamento evaporativoe Massa Trmica pararesfriamento / b) Ventilaoseletiva (nos perodosquentes em que atermperatura interna sejasuperior externa

    a) Vedaes internaspesadas (inrciatrmica)

    A 8%Aberturas mdias

    Sombrear aberturas

    3,70 e< 0,60

    130

    2,30

    0,6

    2,50 e 0,60

    1,50>0,6

    7 a) Resfriamento evaporativo

    e Massa Trmica pararesfriamento / b) Ventilaoseletiva (nos perodosquentes em que atermperatura interna sejasuperior externa

    Pequenas A 5%

    Sombrear aberturas

    3,70 e< 0,60

    130

    2,30

    FV

    0,4

    2,50 e 0,60

    1,50FV

    >0,4

    8 a) Ventilao cruzadapermanente.

    OBS: O condicionamentopassivo ser insufficientedurante as horas maisquentes.

    Grandes A 15%

    Sombrear aberturas

    3,70 e< 0,60

    semexigncia

    2,30FV

    0,4

    2,50 e 0,60

    1,50FV

    >0,4

    Smbolos e unidades: Transmitncia trmica U: W/m2.K Absortncia- Capacidade Trmica: CT: kJ/(mK)OBS: * Nas zonas 1 a 6, as reas de ventilao devem ser passveis de serem vedadas durante o perodo de frio.

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    Avaliao

    2.1.1.2 Sistemas construtivos

    Os componentes usados para a edificao apresentamcaractersticas especficas de desempenho trmicoe devem ser observados os cuidados na instalao,operao e manuteno. Para garantir o seu adequado

    desempenho, necessrio observar o local e aorientao de implantao para verificar se o material tero desempenho trmico desejado, as recomendaesdos fabricantes na instalao dos componentes, amanuteno necessria e a capacitao de usuriospara utilizao adequada dos equipamentos.

    Devem ser observados os fornecedores que,preferencialmente, tenham implantado o ProgramaBrasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP-Habitat)assim como verificar os catlogos tcnicos para ofornecimento de informaes precisas sobre a correta

    instalao e desempenho dos produtos.Os componentes construtivos (paredes, coberturase aberturas) devem ser escolhidos em funo dodesempenho trmico e acstico e das caractersticasde disponibilidade e reposio dos materiais conformeo local de implantao.

    Desempenho de paredes e coberturas

    Durabilidade

    Para a escolha dos componentes da edificaoem termos de durabilidade, deve-se atentar sespecificaes de instalao e das caractersticaslocais, como ventos dominantes, insolao, presena dechuva cida, maresia, etc. Como exemplo, coberturascom telhas metlicas devem ser montadas no sentidocontrrio aos dos ventos dominantes para garantirmaior estanqueidade, com ateno ao recobrimentonecessrio entre uma telha e outra dependendo da suainclinao. Em locais onde ocorre chuva cida, no indicado este tipo de telha.

    Desempenho trmico

    No caso das paredes, deve ser observada a capacidadetrmica requerida (sendo que a baixa possui menor

    inrcia trmica e a alta, maior inrcia trmica) e a suanecessidade de transmitncia trmica (que maior separedes forem leves, ou menor se as paredes forempesadas ou mais isoladas). J para as coberturas, deveser observado o grau de isolamento requerido paraverificar a incorporao do tipo de cobertura (telha outeto jardim), de forro e a necessidade de uso de barreirasradiantes (isolantes).

    Capacidade trmica

    A capacidade trmica (CT) definida como a quantidadede calor que um determinado corpo deve trocar paraque sua temperatura sofra uma variao unitria.Paredes e coberturas com capacidade trmica alta, e,

    portanto, com alta inrcia trmica, devem ser restritasem regies com vero acentuado devido ao efeito doatraso trmico, j que acumulam calor durante o dia eo transferem noite para o interior da edificao, o que adequado para o inverno, mas no para vero. Para acobertura, importante o uso de isolante trmico paraminimizar o efeito de sobreaquecimento do ambiente novero devido incidncia direta de raios solares duranteo dia.

    Transmitncia trmicaPara determinar a transmitncia trmica final das paredes

    e coberturas necessrio saber as propriedades decondutividade (W/m.K) e de espessura de todos ascamadas que formam o componente. A resistnciatrmica da cmara de ar, quando existente, definidaem funo do sentido do fluxo de calor (horizontal paraparedes e vertical para coberturas). A NBR 15220-2(ABNT, 2005) fornece os clculos para transmitnciae capacidade trmica das coberturas, enquanto quea NBR 15220-3 (ABNT, 2005) e o selo Casa Azul daCaixa (JOHN et al, 2010) fornecem alguns exemplos depropriedades trmicas de paredes e coberturas.

    Alm do material, a cor tambm influencia nodesempenho; por esta razo, na NBR 15575 (ABNT,2008) se determinam as propriedades de transmitnciatrmica em funo da absortncia das paredes e dacobertura. Desta forma, aconselha-se o uso de coresclaras (baixa absortncia) na grande maioria dos climas,pois as caractersticas tpicas do vero tropical sopredominantes no pas em boa parte do ano e na maioriadas regies.

    Resistncia trmicaO uso de forro na cobertura aumenta a resistncia

    trmica do telhado, em especial quando associado auma cmara de ar, proporcionando ambientes internosmais agradveis. Os forros de madeira, gesso e PVCapresentam um peso menor para a estrutura e umamenor capacidade trmica quando comparados comos forros de laje (mista ou com EPS). Os forros de lajefacilitam a manuteno dos sistemas que se encontramabaixo da cobertura.

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    Tambm podem ser associadas barreiras radiantes sparedes ou s coberturas, de materiais tais como mantasaluminizadas e l de rocha, com o objetivo de aumentar aresistncia trmica dos componentes. Deve-se verificar odesempenho do material com os fornecedores por meio

    dos catlogos tcnicos, assim como a sua instalao naobra. O desempenho das barreiras radiantes varia emfuno da espessura da manta e da presena de alumnioem uma ou nas duas faces. A espuma de polietilenoapresenta uma baixa condutividade trmica, enquantoque o alumnio apresenta uma baixa emisso de calor,baixa absortncia radiao solar e alta reflexo.

    Desempenho de janelas (esquadrias)

    Em relao especificao do componente esquadrias,segundo Ino et al. (2003), os agentes externos e internos edificao que contribuem para o desempenho

    adequado da janela s exigncias do usurio podemser traduzidos em quatro requisitos de desempenho:estrutural, utilizao, estanqueidade e durabilidade.

    As esquadrias devem ser flexveis e permitir adaptaoclimtica respondendo s necessidades do local deimplantao em relao ventilao, sombreamento,escurecimento, proteo chuva e segurana.Neste sentido, a nova Norma da ABNT NBR 10821 Esquadrias externas para edificaes est sendorevisada e conter cinco partes: terminologia, requisitose classificao, mtodos de ensaio, requisitos dedesempenho adicionais (acstica e conforto trmico) einstalao e manuteno.

    Conforme entrevista da eng. Fabiola Rago pela AEC Web(2010), as maiores alteraes da norma esto na Parte2 Requisitos e Classificao. Nesta, as esquadrias soclassificadas conforme o local de instalao, em relaoao nmero de pavimentos da edificao e a regiodo Pas. Sero cinco classes em que as presses deensaio, de segurana e de estanqueidade gua so

    informadas na forma de tabela para dar maior clarezaao meio tcnico. Quanto aos casos de esquadriasinstaladas em posies que no sejam na vertical ou emedifcios de forma no retangular ou ainda em edifcioscom exigncias especficas, as necessidades e as

    exigncias especiais de utilizao deve ser consultadasna norma ABNT NBR 6123, de Foras devidas ao ventoem edificaes, para a determinao da presso deprojeto (Pp) e da presso de ensaio (Pe). A nova normaclassificar as esquadrias nos nveis de desempenhomnimo, intermedirio e superior.

    A estanqueidade dos caixilhos muito importante parapermitir maior controle dos ganhos e perdas trmicas daedificao, alm do aumento de durabilidade que podeproporcionar ao evitar a penetrao de gua.

    Para determinao da esquadria ideal, necessriopensar no material que ser usado, na necessidade deabertura para ventilao/iluminao e no sombreamento.Assim, para materiais como alumnio e PVC, deve-se determinar o correto dimensionamento das barraspara minimizar perdas, verificando com o fabricantea dimenso do perfil necessria para compatibilizarrequisitos tcnicos e financeiros. Em relao aosmateriais como madeira, a escolha depende da garantiada qualidade do fornecedor e da trabalhabilidade damadeira a ser usada.

    A rea de abertura necessria em relao rea de

    piso do ambiente (em porcentagem) e a necessidadede sombreamento podem ser determinadas conformeos requisitos especificados pela NBR 15575 (ABNT,2008) e pelo RTQ-R (MME, 2010). A Tabela 2 consideraas zonas bioclimticas de 2 a 6 presentes no Estadode So Paulo em relao ao tipo de sombreamentonecessrio, vo de abertura para ventilao, iluminaoe outras caractersticas das esquadrias conforme oscritrios das fontes acima colocadas.

    FONTE

    Ventilaoambientes de

    permannciaprolongada

    Ventilaocozinha

    Ventilaobanheiros

    Iluminaoambientes de

    permannciaprolongada

    Iluminaocozinhas

    Iluminaobanheiros

    Necessidade desombreamento

    Outros

    NBR15575

    A 8 A 8 Sombrear aberturas epermitir sol durante oinverno nas zonas 2 e 3

    RTQ-R

    (nvel A)

    A 8 A 8 A 10% A 12.5% A 12,5% A 10% Bonificao parautilizao dedispositivos especiaisque favoream

    ventilao com acesso luz natural (ie.

    Venezianas, etc)

    Garantia deventilaonoturna comproteo chuva esegurana

    Tabela 2 Zonas bioclimticas 2 a 6 presentes no Estado de So Paulo.

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    Operao e manuteno

    A operao e manuteno devem ser realizadas naedificao a fim de manter o desempenho dos sistemase dos componentes conforme previsto em projeto. Emrelao manuteno, deve ser pensando nos projetositens que facilitem a mesma.

    E tanto para a manuteno quanto para a operao muito importante a capacitao do usurio na entregada obra, alm da entrega do manual do usurio, j quea falta de manuteno e a operao de forma muitodiferente ao programado nos projetos podem afetar odesempenho trmico das edificaes.

    2.1.1.3 Interferncia do entorno e do clima local

    nas edificaes

    A estratgia do sombreamento natural pode ser utilizadade forma a diminuir a carga trmica dos ambientesinternos, com o uso de tetos jardins ou de vegetaono caso de ambientes internos, ou tambm no uso devegetao para as reas externas do empreendimento,como estacionamentos e caminhos de pedestres,minimizando o efeito das ilhas de calor no entorno.

    Para um sombreamento natural efetivo importanteconsiderar a trajetria solar sobre a edificao ou sobreos ambientes externos limtrofes do terreno, prevendo anecessidade de sombreamento adequado dependendoda localizao e das necessidades microclimticas do

    projeto.

    Na especificao da vegetao deve-se consideraro tipo, dimenso e forma para atingir os resultados desombreamento desejados; para isto, importante que asrvores sejam plantadas j com crescimento adequadoao tipo de clima do local.

    Deve ser considerada tambm a forma de crescimentoda vegetao em relao s estaes, privilegiandorvores caducas quando for necessrio aquecimento noinverno e sombreamento no vero.

    No caso de tetos jardins importante atentar-se aocrescimento das plantas/grama, necessidade demanuteno e peso total do sistema em conjunto com oclculo estrutural.

    2.1.2 Requisitos de desempenho paraeficincia energtica

    2.1.2.1 Gesto da demanda

    Para a gesto da demanda, podem ser consideradasaes que possibilitem reduo da demanda deenergia das habitaes, concentrando esforos emequipamentos como geladeiras, chuveiro eltrico,iluminao e ar condicionado, que so os principaisusos finais das habitaes brasileiras. Faz-se necessrio,desta forma, o uso de tecnologias eficientes em conjuntocom as aes dos usurios.

    Nesta linha encontram-se aes como incentivo ao usode equipamentos e eletrodomsticos eficientes; uso detecnologias alternativas para o aquecimento de gua;maior aproveitamento de iluminao natural e uso de

    sistemas de iluminao artificial com menor consumo deenergia; seleo de sistemas construtivos nas edificaesde forma que respondam de forma adequada ao climalocal; e medio de insumos energticos.

    Uso de equipamentos e eletrodomsticoseficientes.

    O requisito de desempenho principal para o uso deequipamentos e eletrodomsticos eficientes que seugrau de eficincia possa ser comprovado de formaefetiva. O Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)do INMETRO mostra a classificao dos aparelhoseltricos conforme o seu consumo de energia, comocondicionadores de ar de janela e split, coletores solares,reservatrios trmicos, congeladores, lmpadas ereatores, lavadoras, motores, refrigeradores, televisores,ventiladores de teto e mdulos fotovoltaicos; assim comopara equipamentos com consumo de gs. Desta forma oideal especificar equipamentos e eletrodomsticos queapresentem no mnimo nvel A e de preferncia os selosPROCEL, para equipamentos consumidores de energiaeltrica ou CONPET, para equipamentos consumidoresde gs, o que garantir um baixo consumo de energia.

    No caso do no fornecimento de equipamentos com

    eficincia energtica, o empreendedor deve garantirque o futuro locatrio ou comprador receba informaopor meio do Manual do usurio, que explica sobre aimportncia e os benefcios de se economizar energiae quais os custo de operao destes equipamentos

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    dotados dos selos PROCEL e CONPET para o consumode energia, de forma a incentiv-los escolha conscientequando da aquisio de seus eletrodomsticosindividuais ou para uso das reas comuns.

    A Figura 4 mostra as economias de energia possveisde serem obtidas com o uso de alguns equipamentos eeletrodomsticos eficientes.

    Figura 4 - Economia mdia de energia obtida com aescolha de eletrodomsticos com Selo PROCEL. Centro de

    Aplicao de Tecnologias Eficientes (CATE).Fonte: Caixa (2010)

    Similarmente, o site do CONPET fornece uma lista anualcom os equipamentos que obtiveram o selo no ano,disponvel emwww.conpet.gov.br.

    O site do INMETRO fornece tabelas de consumo e de nvelde eficincia energtica de todos os eletrodomsticos eequipamentos catalogados, disponvel em:http://www.inmetro.gov.br/consumidor/tabelas.asp.

    O usurio deve verificar o nvel de eficincia doequipamento que est sendo adquirido/especificado.Dentro da etiqueta de energia do INMETRO, tantoeltrica quanto de gs, importante considerar, para aescolha do equipamento, a tenso (110V ou 220V); aletra indicando a eficincia que varia de E at A, sendo Ea menos eficiente e A a mais eficiente; e o consumo deenergia em kWh/ms, que pode variar muito em relaoao tipo de equipamento mesmo que tenham o mesmonvel de eficincia energtica.

    Quando estes equipamentos so fornecidos junto coma habitao, um dos principais requisitos promoveropes de maior personalizao para que esta aoseja bem sucedida, estabelecendo, por exemplo,parcerias com fornecedores que do a possibilidade deque o usurio escolha equipamentos mais adequadosaos seus gostos pessoais.

    Uso de tecnologias alternativas para o

    aquecimento de guaSistemas eficientes de gua quente como alternativaao uso do chuveiro eltrico podem ser baseados emenergias renovveis, como caso do aquecimentosolar ou de outros sistemas como gs ou bombasde calor. Para eles, importante que sejam avaliadasas necessidades conforme a tipologia (unifamiliar oumultifamiliar), o local, as possibilidades de implantaode forma que o sistema instalado apresente o melhordesempenho possvel e a necessidade de manuteno.No caso de edificaes multifamiliares, devem seravaliadas as alternativas de instalao no projeto para

    medio individualizada da gua quente e a possibilidadede operao dos sistemas.

    Para cada um dos sistemas instalados devem serobservados requisitos de desempenho especficos. Oaquecimento solar uma tima opo para climas quetenham uma ampla disponibilidade do sol ao longo doano e, em especial, para tipologias como as habitaesresidenciais unifamiliares. Devem ser observadas anormativa em relao aos projetos, a qualidade dosinstaladores e a distribuio da conta para residncias

    O site da Eletrobrs, empresa do setor de energiaeltrica controlada pelo governo brasileiro, fornece todoano uma lista com os equipamentos que obtiveram oselo PROCEL, disponvel em:http://www.eletrobras.com/elb/procel/main.asp.

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    Avaliao

    multifamiliares. Igualmente, para sua implantao, devemser consideradas as diferenas climticas e tambm asfaixas de renda. De forma geral, o projeto deve fornecera melhor alternativa em termos de custo-benefcio,considerando que a eficincia do sistema depende da

    frao solar atingida.

    Para edificaes residenciais multifamiliares, os sistemasa gs podem ser utilizados como alternativa tecnolgicaao aquecimento de gua, sendo mais eficientes quandono local de implantao do projeto existir rede pblicade gs natural. Tambm podem ser incorporados comoaquecimento auxiliar ao sistema de aquecimento solar,em especial em edificaes multifamiliares.

    Como requisitos de desempenho dos sistemas a gs,devem ser verificados:

    Componentes: Dever constar de aquecedorinstantneo (passagem) e chamin (individualou coletiva), que dever abastecer, com guaquente, somente o ponto do chuveiro em unidadeshabitacionais.

    Eficincia do equipamento: Os aquecedores a gsdo tipo instantneo devem possuir preferencialmentenvel A ou B no PBE, sendo que nos casos deutilizao de reservatrio de gua quente, este deveter isolamento trmico e capacidade adequados.Os aquecedores devem estar instalados em lugaresprotegidos permanentemente contra intempries ecom ventilao adequada para no interferir em suaeficincia.

    Instalao: Na instalao do sistema deve-sedar preferncia a instaladores que fazem partedo Programa de Qualificao de Fornecedoresde Instalaes Internas de Gases Combustveis eAparelhos a Gs QUALINSTAL GS.

    Isolamento da tubulao:Verificar necessidade deisolamento da tubulao conforme a distncia entreo equipamento e o ponto de consumo.

    Dimensionamento da tubulao: Verificar odimensionamento necessrio para atendimento amais de um banheiro simultaneamente.

    Aplicao das normas pertinentes: Normassobre a utilizao de gs combustvel em sistemasprediais:

    - NBR 14570 Instalaes Internas para UsoAlternativo dos Gases GN e GLP.

    - NBR 13103 Adequao de ambientesresidenciais para instalao de aparelhos queutilizam gs combustvel.

    - NBR 13523 Central predial de gs liquefeito

    de petrleo.- NBR 13932 Instalaes internas de gs

    liquefeito de petrleo (GLP) - Projeto eexecuo.

    - NBR 13933 Instalaes internas de gsnatural (GN)- Projeto e execuo.

    - NBR 14024 Centrais prediais e industriaisde gs liquefeito de petrleo (GLP) - Sistemade abastecimento a granel.

    - COMPAGAS. Regulamento para instalaesprediais de gs. Disponvel em: http://www.compagas.com.br

    Maior aproveitamento de iluminao natural euso de sistemas de iluminao artificial commenor consumo de energia

    Com relao ao uso de iluminao eficiente, estaao pode ser pensada tanto em aes para o maioraproveitamento da iluminao natural, quanto emaes para o uso de iluminao artificial eficiente.Para a iluminao natural dos ambientes tanto dashabitaes unifamiliares quanto das multifamiliaresdevem ser observados o acesso s fachadas externas

    atravs de aberturas, as profundidades dos ambientes,a porcentagem de iluminao necessria conformeas normas e a refletncias das paredes internas dosambientes. A NBR 15575 (ABNT, 2008) estabelecena sua Parte 1- Requisitos gerais para desempenholumnico, nveis mnimos de iluminamento natural e nveismnimos de iluminamento artificial.

    Para a iluminao artificial eficiente devem serconsiderados os requisitos j colocados para o uso detecnologias eficientes.

    Medio de insumos energticos

    Outra ao importante que deve ser considerada nagesto da demanda de energia a medio de insumosenergticos, que possibilita ao usurio o controle do seuconsumo e, desta forma, uma reduo na demandade energia, aps uma conscientizao incentivada peladiminuio do custo em funo da reduo do consumo.

    Para isto, os sistemas instalados devem garantiruma medio por uso final segura e automatizada dahabitao/edificao.

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    Mas o principal fator para o sucesso de qualquer ao emrelao gesto da demanda de energia e independentedo sistema/tecnologia adotado o usurio, tanto emtermos de operao e manuteno das tecnologias,quanto de conscientizao em relao importncia de

    aes para a conservao da energia. Neste sentido muito importante que qualquer ao esteja associadaa uma iniciativa de educao e conscientizao dosusurios, sendo que a medio de insumos energticospode ser um ponto de partida para alcanar este objetivo.

    2.1.2.2 Gesto da oferta

    As principais aes a serem contempladas como gestode oferta de energia so atravs da incorporao deenergias renovveis nas edificaes, que podem sertanto para produo de energia trmica (aquecimentosolar de gua) quanto para produo de energia eltrica

    (atravs de energia fotovoltaica, energia elica, biomassaetc).

    Produo de energia trmica: aquecimento solar degua

    Para a escolha do uso de um sistema de aquecimentosolar de gua para HIS, necessrio verificar as opesdisponveis, custo de cada alternativa e desempenhoesperado da tipologia construtiva do Sistema deAquecimento Solar (SAS), perfis de consumo, climalocal e caractersticas tcnicas da instalao (SOUZA;ABREU, 2009).

    Tambm importante verificar o grau de manutenonecessria ao sistema e o envolvimento dos usurios nasua operao e na conscientizao do consumo tantode gua quanto de energia.

    De forma mais especfica importante se atentar aosseguintes requisitos de desempenho:

    Nveis de insolao adequados: Devem serverificados os nveis de insolao adequados nolocal em que se pretende implantar o sistema.De forma geral, o Estado de So Paulo apresentandices de insolao mdias dirias aceitveis quevariam entre 6 a 8 horas, sendo que a radiao globalmdia no sudeste de 5,6 kWh/m2 e a radiaomdia no plano inclinado de 5,7 kWh/m2. Valoresde insolao diria podem ser encontrados no AtlasBrasileiro de Energia Solar (PEREIRA et al, 2006).

    Viabilidade para posicionamento das placas: importante tambm observar a viabilidade parao posicionamento das placas coletoras conformea obteno da sua mxima eficincia. As placasdevem ser orientadas para o Norte verdadeiro (Norte

    considerando a declinao magntica), podendo terum desvio de mais ou menos 30 nas direes lesteou oeste. Do mesmo modo, devem ser posicionadasem um ngulo de inclinao conforme a latitude dolocal, dando preferncia inclinao da latitude mais

    10 para aumentar a eficincia do sistema na pocade inverno.

    Frao solar atingida: O Regulamento Tcnicoda Qualidade para o Nvel de Eficincia Energticade Edificaes Residenciais /RTQ-R2 (MME, 2010)estabelece os nveis de eficincia conforme afrao solar atendida, sendo que entre 60% e 69%corresponde ao nvel B e 70% ou mais correspondeao nvel A. J o selo Casa Azul da Caixa (JOHNet al, 2010) incentiva instalaes com frao solaratendida entre 60% e 80%. Por fim, a Lei n 14.459,

    que torna obrigatria a instalao de sistemas deaquecimento de gua por meio do meio do uso deenergia solar nas novas edificaes em So Paulo,incentiva edificaes que atinjam 40% ou mais defrao solar.

    Manuteno: muito importante pensar nafacilidade de manuteno como critrio de escolhado sistema e, caso o sistema solar utilizado emedificaes multifamiliares seja individual, ou seja,contenha um aquecedor por apartamento, devehaver uma preocupao quanto manuteno dosistema, uma vez que ela deixa de ser condominial

    e passa a ser individual.

    Medio individualizada da conta: As soluesadotadas devem possibilitar a medio individual,mesmo em habitaes multifamiliares.

    Garantia de alto desempenho do sistema:Obrigatoriedade do uso de substnciasanticongelantes pela empresa fornecedora naimplantao do sistema, nos locais em que sejanecessrio, devido ocorrncia desse fenmenoem algumas cidades do Estado de So Paulo.

    Estabelecimento de planos de Medio eVerificao (M&V):para monitoramento do sistemaaplicado sempre que possvel.

    Ponto de abastecimento:A gua quente deve serusada principalmente para abastecer o chuveiro.

    Eficincia dos componentes do sistema:

    - Coletores: Devem possuir elevadaeficincia na converso de energia, sendopreferencialmente etiquetados pelo Programa

    2 Regulamento que se encontra em desenvolvimento e estar disponvel para download a partir de 2011. Ser disponvel em: http://www.labeee.ufsc.br/.

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    Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do INMETROcom os nveis A ou B. Verificar a superfcie totaldos coletores em relao necessidade devolume armazenado.

    - Reservatrios: O reservatrio deve serdimensionado de forma a atender a demanda porgua quente da habitao conforme normativase pode ser integrado ou separado do coletor.Reservatrios devem preferencialmente possuirselo PROCEL e devem ter isolamento trmicoadequado e capacidade de armazenamentomnimo compatvel com o dimensionamentoproposto. Deve-se atentar distncia entre oreservatrio de gua quente e os coletores e adistncia entre o reservatrio de gua quente eos pontos de consumo.

    - Fonte auxiliar: Pode ser a gs ou eltrica. Deveser facilmente desligada pelo usurio, mas depreferncia automatizada.

    Instalao qualificada:Dar preferncia a empresase instaladores certificados pelos programasQUALISOL (Programa de Qualificao deFornecedores de Sistemas de Aquecimento Solar)e QUALINSTAL.

    Tambm devem ser atendidos os requisitos dedesempenho das normas pertinentes:

    NBR 15569: Norma sobre aquecimento solarde gua

    NBR 5626: Norma de instalaes de guafria

    NBR 7198: Norma de instalaes de guaquente

    NBR 5410: Norma sobre aquecimento auxiliar(backup) eltrico

    NBR 13013: Norma sobre aquecimento

    auxiliar (backup) a gs Verificar outras normativas ou leis municipais

    Produo de energia eltrica

    O uso de fontes renovveis de energia no poluentespara produo de energia eltrica ainda no muitodifundido no pas, em especial em HIS, principalmentedevido ao alto custo de implantao. A obtenode energias renovveis pode ser por meio de painisfotovoltaicos, gerador elico, biomassa, entre outros.Como requisitos de desempenho so importantes:

    Comprovao da eficincia pelo fabricante;

    Previso da porcentagem de energia que sersuprida;

    Avaliao do empreendimento por meio de estudoda relao custobenefcio considerando ascaractersticas do local de implantao em relao disponibilidade do insumo e dimenses adequadaspara a incorporao do sistema;

    Manuteno;

    Durabilidade.

    A energia elica pode ser incorporada s edificaes,mas uma tecnologia apropriada para locais com ventosde velocidades elevadas e constantes; j a biomassapode ser considerada para a produo de energiaeltrica e/ou biogs para abastecimento de cozinhas.

    O caso da energia fotovoltaicaUmas das fontes alternativas para produo deenergia eltrica que mais factvel no futuro de serincorporada nas edificaes residenciais, ao menosconsiderando o cenrio atual, a energia fotovoltaica.Com relao ao seu uso para tipologias unifamiliares,podem ser levantadas algumas previses: suprimentode todo o seu consumo atravs do sistema fotovoltaicoinstalado, instalao de potncia instalada superior necessria ao consumo para que seja possvel exportarenergia que ajudar na gerao lucro, ou suprir umaporcentagem do consumo necessrio que permita

    manter-se no consumo de energia da rede eltrica nacategoria de baixa renda. Para tipologias multifamiliares,o ideal suprir energia suficiente para o consumo docondomnio, j que normalmente h problemas demenores reas disponveis para instalao do sistemae maior consumo. Para locais providos de infraestruturaurbana, o mais adequado propor sistemas de energiafotovoltaica conectadas rede. Para locais sem acesso rede eltrica, usam-se sistemas isolados. Qualqueruma destas aes depende da avaliao de viabilidadefinanceira.

    De forma mais especfica, os requisitos de desempenhode um sistema fotovoltaico integrado edificaodependem de algumas variveis:

    Local de implantao: pode ser implantado comobrise ou como algum elemento de proteo, emparedes ou integrado cobertura. Na latitude de SoPaulo, a radiao incidente em elementos verticais,como paredes, normalmente muito inferior (emtorno de 40 a 50% menor) se comparada aos locaiscom inclinaes menores como as coberturas.Por esta razo, aconselha-se seu uso integrado cobertura ou elementos de proteo que tenham

    ngulos de inclinao menores.

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    Nvel de radiao (em Wh/m2/dia) que atingeo plano onde ser colocado o sistema: Deveser verificada a radiao incidente no planoproposto considerando a mdia diria mensal deradiao. A radiao incidente determinada pela

    latitude, longitude e altitude do local e os dadosso medidos em estaes solarimtricas no pas.Tambm vai influenciar a posio em relao aoNorte dos mdulos solares (azimute) e o ngulo deinclinao dos mesmos. De forma geral, os mdulosfotovoltaicos orientados para o Norte verdadeirocom o ngulo de inclinao conforme a latitude localapresentam os nveis de radiao mais elevados,embora planos horizontais no apresentam perdasmuito grandes em relao situao ideal.

    Potncia nominal instalada (em kWp):A potnciainstalada no sistema deve estar de acordo com a

    porcentagem do consumo de energia eltrica quese busca suprir por meio do sistema fotovoltaico.A potncia final instalada deve estar distribudade forma equitativa em cada uma das fases quecompem o sistema eltrico da edificao (quepode ser trifsico ou monofsico).

    Eficincia dos mdulos fotovoltaicos (em %):Aeficincia dos mdulos fotovoltaicos determinadapela tecnologia adotada. As tecnologias maisutilizadas so as de silcio cristalino e silcioamorfo. Dentro da tecnologia do silcio amorfoencontram-se mdulos rgidos (podem ser opacos

    e semitransparentes) e flexveis (opacos). Osmdulos flexveis podem ser facilmente adaptadoss coberturas, fazendo curvas, se necessrio. Atecnologia de silcio amorfo apresenta as menoresporcentagens de eficincia, em torno de 6%, etambm o menor custo. Os mdulos de silciocristalino apresentam eficincias maiores, na mdia,sendo os de silcio policristalino em torno de 12%e chegando at no mximo de 19% para algunsmodelos de monocristalino. Desta forma, o maisimportante determinar a eficincia necessriaao sistema, que vai estar aliado ao custo e rea

    disponvel. Escolha dos inversores:A escolhas dos inversores

    depende das caractersticas do mdulo fotovoltaicoque est sendo usado e da potncia nominal a serinstalada, de forma que as caractersticas do inversorsuportem as condies do arranjo fotovoltaico

    escolhido em relao potncia mxima de entrada(Wp), tenso de operao (V), tenso de circuitoaberto (V), corrente de operao (A) e corrente decurto circuito (A). A seleo dos inversores deveser criteriosa, pois no podem ser subtilizados, de

    forma que a potncia mxima de entrada deles deveestar muito prxima potncia nominal instalada nosistema. Deve ser prevista tambm em projeto area para a locao dos inversores.

    rea necessria implantao do sistema: area necessria para incorporar todos os mdulosfotovoltaicos de forma a que atinjam toda ou a parteque se considere necessria da potncia nominalinstalada. A rea necessria vai estar determinadapela potncia instalada e pelo rendimento dosmdulos fotovoltaicos.

    Cuidados com sombreamento: importante averificao do sombreamento que se tenha nolocal, pois o mesmo pode prejudicar o desempenhodo sistema, diminuindo a radiao incidente nosmdulos fotovoltaicos instalados. Assim, devem serevitados os locais que apresentem sombreamentocontnuo ao longo do ano e para os que apresentamsombreamentos em algumas horas, deve serverificada a porcentagem de sombreamento, paravalidar a implantao do sistema e o arranjo entreas conexes de sries de paralelos dos mdulosde forma que as eventuais sombras no atinjam o

    sistema como um todo, seno uma parte dele.

    Energia gerada pelo sistema (em kWh/dia, kWh/ms ou kWh/ano): Deve ser verificado se o sistemaest cobrindo 100% do consumo da habitao,se somente uma porcentagem. Se est cobrindomais do que consumido, poder-se desta formaexportar energia concessionria, o que podegerar lucro para os usurios, uma vez que sejamamparados por uma poltica pblica, que hoje seencontra em processo de tramitao.

    Alm dos requisitos acima listados, devero tambm serprevistos eletrodutos para os condutores, suportes oupontos de fixao dos mdulos fotovoltaicos, espaoadequado para instalao dos demais componentesdo sistema (chaves, inversores, medidor de energia etc)bem como eletrodutos para os condutores de conexo rede.

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    2.1.2.3 Qualidade na instalao, manuteno e

    operao dos sistemas prediais

    Os cuidados no projeto e na instalao dos componentese nas tecnologias adotadas so de extrema importncia

    para o funcionamento esperado dos sistemas, razopela qual deve ser priorizada a instalao por meio deempresas e profissionais com comprovada experinciano setor.

    Com relao durabilidade e manutenabilidade dossistemas construtivos, a NBR 15575 (ABNT, 2005)apresenta parmetros para as fachadas (parte 4) ecoberturas (parte 5), alm de requisitos gerais paraas edificaes (parte 1). Segundo esta norma, oselementos, componentes e instalaes das edificaeshabitacionais, submetidos a intervenes peridicas

    de manuteno e conservao segundo instruesespecficas do fornecedor, devem manter suacapacidade funcional durante toda a vida til prevista noprojeto.

    Assim, coloca-se a manuteno peridica como sendomuito importante para o funcionamento correto e contnuodos sistemas. Desta forma, deve ser dada uma educaoao usurio, o que pode ser feita atravs de manuais oupalestras na entrega das habitaes, mostrando osrequisitos de conforto trmico e eficincia energticaimplementados e sua necessidade e periodicidade demanuteno. importante tambm, quando pensadoem termos de edificaes multifamiliares, que aadministrao do condomnio seja feita por empresasou pessoas que entendam sobre manuteno predialdos sistemas. Tambm deve ser destacada a reposiode peas ou elementos necessrios que mantenhamo mesmo grau de eficincia proporcionado peloselementos iniciais propostos nos projetos.

    2.2 Sistemas prediais hidrulicos e

    uso e gesto da gua

    essencial a anlise da importncia do uso da guaem suas vrias dimenses, ou seja, ambiental, social,

    econmica, cultural, etc.

    Na dimenso social, o trato apropriado da gua, ouseja, a disponibilidade da gua de qualidade, bem comoo devido cuidado na coleta dos efluentes gerados,tratamento e disposio final influenciam diretamente naqualidade de vida das pessoas, no somente no habitatlocal, mas principalmente no meio urbano e rural. Nota-se que, em locais onde a infraestrutura apropriada noque diz respeito gua, as condies de sade e higienetambm so adequadas, o que melhora a qualidade devida das pessoas.

    Na dimenso econmica, a gua utilizada de formadireta nas atividades de higiene humana, ou de formaindireta incorporando-a como produto ou utilizando-a emprocessos produtivos, por exemplo.

    Na dimenso ambiental, possvel utilizar a guacausando o mnimo impacto ao meio ambiente e paratal, cabe salientar a importncia do saneamento bsico,do uso racional da gua atravs da gesto da demandae da aplicao da gesto da oferta de gua atravs daanlise de critrios de risco e de controles para garantiada qualidade e resguardo dos usos e usurios.

    No que diz respeito ao uso da gua nas edificaes, importante que o insumo seja usado com parcimnia,resguardando a sade dos usurios e a qualidade eprodutividade das atividades consumidoras.

    Para tal, vale ressaltar que as questes de desempenhodos sistemas prediais hidrulicos tornam-sefundamentais para a garantia do uso sustentvel desteinsumo. Os vrios modelos de sistemas de avaliao desustentabilidade de edifcios consideram a gua comotema importante para que um edifcio seja sustentvele as aes que visem otimizar e garantir a qualidade douso deste insumo so estimuladas e pontuadas.

    Segundo Kalbusch (2007), podemos agrupar osseguintes itens de avaliao dos sistemas prediaishidrulicos e do uso da gua nos seguintes requisitos:

    Confiabilidade, qualidade e manutenabilidade dossistemas prediais hidrulicos e sanitrios;

    Sade e qualidade da gua;

    Gesto da demanda de gua;

    Gesto da oferta de gua (aproveitamento de guas

    pluviais e reuso);

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    Carga na infraestrutura local (drenagem pluvial etratamento de esgotos);

    Interferncia dos edifcios nos aquferos subterrneos;

    Qualidade dos materiais e componentes hidrulicos

    aplicados.A seguir ser descrito o detalhamento destes requisitospara a edificao.

    2.2.1 Sistemas prediais hidrulicos esanitrios

    Neste requisito, as normas brasileiras NBR 14037(ABNT, 1998) e a norma de desempenho de edifcioshabitacionais de at 5 pavimentos (ABNT, 2004a)possuem explicitada a necessidade de um manualorientativo contendo informaes quanto a rotinas de

    manuteno preventiva dos sistemas prediais hidrulicos,cabendo aqui salientar que este dever incorporar ossistemas prediais hidrulicos potveis e no potveis.Dever ainda possuir informaes quanto conservaode gua e cuidados relativos qualidade da gua. Essesmanuais devem apresentar uma explicao tcnica dofuncionamento dos sistemas prediais e, desta forma,garantir a maior vida til dos sistemas.

    Outro ponto crtico diz respeito ao projeto as built,prtica ainda no incorporada pela construo civil. Naanlise do ciclo de vida da edificao, a ausncia destadocumentao causa danos significativos ao longo do

    tempo, inviabilizando uma futura interveno ou mesmomanuteno por falta de informaes.

    Capacitao dos usurios

    Outro tema importante diz respeito capacitao dosusurios finais. Com a complexidade dos sistemasprediais hidrulicos e com a incluso de aes a favorda conservao de gua, torna-se fundamental acapacitao dos usurios finais. Nos edifcios novos, asinformaes devem estar contidas nos manuais ou guiasinformativos, porm, na entrega do empreendimento, seriafundamental que construtoras e tambm concessionrias

    locais capacitassem os novos moradores sobre osbenefcios gerados pela conservao de insumos e pelogerenciamento adequado dos sistemas.

    Nos edifcios existentes, os setores de administraode condomnios poderiam realizar campanhas deconscientizao juntamente com as concessionriaslocais para a garantia permanente da busca pelaotimizao do consumo de gua, reciclando asinformaes das inovaes tecnolgicas para asociedade, ressaltando sempre o cuidado com a sadedas pessoas e desta forma, contribuindo com o ciclo de

    vida das edificaes.

    Confiabilidade

    Ainda, sob o tema da confiabilidade, cabe salientar anecessidade da identificao apropriada dos diferentessistemas prediais que transportam gua, principalmentecom a complexidade de diferenciao dos sistemas degua potvel e de no potvel. Os riscos e falhas quepodem existir no projeto, execuo e manuteno soelevados, e o resultado de uma falha pode causar danosgraves aos usurios finais, bem como aos sistemas. ANBR 13969 (ABNT, 1997) recomenda a identificao dossistemas de reserva e distribuio de gua de reuso, asinalizao, as tubulaes de cores distintas e algumasnormas internacionais, como Guidelines for water reuse(EPA, 2004) recomendam a pigmentao da gua nopotvel.

    Manutenabilidade

    No que diz respeito manutenabilidade dos sistemasprediais, a NBR 5626 (ABNT, 1998) explicita que oprojeto deve garantir a fcil manuteno dos sistemas,recomendando o uso de registros de fechamento e ouso de outros dispositivos que cumpram a funo,de forma a evitar dificuldades e onerar futuramente amanuteno da edificao.

    Ainda, cabe aqui salientar que o uso de sistemas prediaishidrulicos com menor nmero de conexes, muitasvezes acessveis ou contidos em paredes hidrulicasde fcil acesso, racionaliza a manuteno futura dos

    sistemas. A manuteno deve ser sempre compreendidacomo uma ao contnua, programada e realizadapreferencialmente por profissionais capacitados. Parasua viabilizao, fundamental que as informaesrelativas aos sistemas prediais hidrulicos sejamdisponibilizadas ao condomnio.

    Qualidade

    Outro tpico relativo ao requisito diz respeito ao controleda manuteno da temperatura de gua no sistemapredial de gua quente. Este tema fundamental paraa garantia do resguardo da sade dos usurios, bem

    como segurana e conforto.Deve ser feito o controle de qualidade da gua etomar algumas medidas de preveno a fim deevitar a infestao de agentes biolgicos nocivos. Acontaminao pela bactria Legionella pneumophilapode ocorrer nas seguintes condies:

    Uso de temperatura entre 25 C e 50 C;

    gua estagnada;

    Perodos longos sem uso do sistema;

    Sedimentao e formao de biofilme.

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    Avaliao

    Neste caso, cabe salientar os cuidados a s