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Susana Manuela de Jesus Cipriano
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Motivar para aprendizagem no ensino profissional: a produção de videogramas como estratégia para a promoção da cooperação e colaboração entre pares
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Relatório de EstágioMestrado em Ensino de Informática no 3.º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário
Trabalho realizado sob a orientação da
Doutora Lia Raquel Moreira Oliveira
Universidade do MinhoInstituto de Educação
outubro de 2013
Susana Manuela de Jesus Cipriano
Motivar para aprendizagem no ensino profissional: a produção de videogramas como estratégia para a promoção da cooperação e colaboração entre pares
ii
DECLARAÇÃO
Nome: Susana Manuela de Jesus Cipriano
Endereço eletrónico: [email protected]
Telefone: 965204392
Número do Bilhete de Identidade: 12523252
Título do Relatório: "Motivar para aprendizagem no ensino profissional: a produção de videogramas como estratégia para a promoção da cooperação e colaboração entre pares"
Supervisora: Doutora Lia Raquel Moreira Oliveira
Ano de conclusão: 2013
Designação do Mestrado: Mestrado em Ensino de Informática no 3.º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário
É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTE RELATÓRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;
Universidade do Minho, 28/10/2013
Assinatura: ________________________________________________
iii
iv
Agradecimentos
No final deste percurso é sem dúvida essencial agradecer a quem desempenhou um
papel relevante no caminho que percorri ao longo do processo de construção e execução deste
projeto de investigação-ação.
Agradeço à minha família e amigos que, ao longo de todo este caminho, me motivaram
a continuar, levando-me a acreditar na sua importância. Desde sempre me impulsionaram a
seguir novas ideias, incentivando-me a apostar na minha formação pessoal como forma de
progredir enquanto pessoa e profissional. A professora cooperante, Adla Barbosa, que me
recebeu na escola, merece um grande agradecimento pois, ao longo de toda a minha
permanência na escola, mostrou-me como ser uma melhor profissional, apostando na partilha
de saberes e na entreajuda, sendo um verdadeiro apoio em todas as ações realizadas. Agradeço
ainda a liberdade que deu a todo o núcleo de estágio para aplicarmos os nossos projetos.
Também à supervisora da Universidade, Lia Oliveira, um grande obrigada, pela inspiração que
nos deu desde o primeiro momento em que iniciamos o trabalho, dando o seu apoio e estando
presente, sendo uma verdadeira orientadora neste processo. Ainda devo agradecer a todos os
professores com quem me cruzei ao longo deste mestrado.
Agradeço, ainda, aos meus colegas de estágio e também aos restantes colegas de
mestrado porque fomos um verdadeiro grupo onde a união fez a força. Juntos fizemos este
caminho e juntos foi mais fácil evoluir, aprender e melhorar. É ainda importante agradecer aos
alunos da turma do 10ºL com quem trabalhei ao longo de um ano e que sempre se mostraram
recetivos às atividades que lhes fui propondo e, por fim, agradeço à Escola Secundária Marques
de Castilho que nos acolheu e nos permitiu realizar os nossos projetos.
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"Motivar para aprendizagem no ensino profissional: a produção de videogramas
como estratégia para a promoção da cooperação e colaboração entre pares" Susana Manuela de Jesus Cipriano
Relatório de Estágio
Mestrado em Ensino de Informática no 3.º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário
Universidade do Minho – 2013
Resumo
O presente documento é um relatório que tem como objetivo documentar o projeto de
investigação-ação subordinado ao tema "Motivar para aprendizagem no ensino profissional: a
produção de videogramas como estratégia para a promoção da cooperação e colaboração entre
pares" levado a cabo no contexto do Mestrado em Ensino de Informática no 3.º Ciclo do Ensino
Básico e Secundário da Universidade do Minho.
O projeto teve como público-alvo um turno de uma turma do décimo ano do Ensino
Profissional, do curso de Informática de Gestão. O projeto foi aplicado na disciplina de Sistema
de Informação, da componente técnica do curso. O principal propósito da intervenção foi a
aplicação de uma estratégia pedagógica diferenciada, a criação de videogramas, recorrendo ao
trabalho colaborativo e cooperativo, promovendo a motivação dos alunos pela escola envolvendo-
os ativamente no seu processo de ensino-aprendizagem, avaliando como esta modificou os
comportamentos dos alunos. A intervenção passou por um primeiro momento de investigação,
observação e verificação de estratégias através de uma atividade exploratória, por forma a
verificar a recetividade dos alunos á criação de vídeo. Com a estratégia validada o segundo
momento da intervenção passou pela aplicação do projeto de intervenção pedagógica, onde
além d lecionação de aulas teórico-práticas subordinadas aos conteúdos os alunos ainda
desenvolveram um trabalho de grupo onde criaram um videograma que explicasse uma parte
dos conteúdos programáticos. Como forma de complementar a intervenção o núcleo de estagio,
que desde o inicio apostou num trabalho cooperativo e colaborativo desenvolveu duas atividades
para a comunidade escolar permitindo utilizar o vídeo e as novas tecnologias como forma de
recolher mais informações e de promover a informática e o grupo disciplinar que nos acolheu na
comunidade educativa. O tratamento dos dados recolhidos ao longo da intervenção permitiu
concluir que a utilização de uma estratégia direcionado aos interesses dos alunos foi uma mais-
valia para o seu processo de ensino-aprendizagem, tornando-os ativos no mesmo e melhorando
a motivação e mesmo os resultados escolares.
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viii
"Motivating to learning in vocational education : the production of video as a
strategy for the promotion of cooperation and collaboration among peers"
Susana Manuela de Jesus Cipriano
Relatório de Estágio
Mestrado em Ensino de Informática no 3.º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário
Universidade do Minho – 2013
Abstract
This document is a report that aims to document the action-research project entitled
"Motivating to learning in vocational education: the production of video as a strategy for the
promotion of cooperation and collaboration among peers" carried out in the context of the Master
in Teaching of Informatics in Basic and Secondary Schools held at the University of Minho.
The project's target audience was part of a 10th grade class in an IT Management
Vocational Course. The project was implemented in the Information System subject, included in
the technical component of the course. The primary purpose of the intervention was the
implementation of a differentiated pedagogical strategy , the creation of video recordings, using
collaborative and cooperative work, promoting student motivation towards school, by involving
them actively in their process of learning, assessing how this changed the students' behavior.
The intervention included an initial phase focusing on research, observation and verification of
strategies through an exploratory activity, in order to assess the receptivity of the students to the
strategy of creating video . After validating the strategy, the second step began with applying the
pedagogical intervention project , where besides teaching theoretical and practical classes on the
contents itselves, students also developed, through team work, a video where they had to explain
a small part of the programme. As a complement to the core of the intervention, the group of
master students, like me, that from the beginning has invested in cooperative and collaborative
work, developed two activities for the school community allowing the use of video and new
technologies as a way to gather more information and to promote the IT group, that welcomed us
in the school.
The data collected during the intervention showed us that the use of a strategy directed
to the interests of the students was an asset to the training, making them actively part of it and
improving their motivation and even their school outcomes.
ix
Índice
Agradecimentos ........................................................................................................................ iv
Resumo .................................................................................................................................... vi
Abstract ................................................................................................................................... viii
Índice ........................................................................................................................................ x
Índice de Ilustrações ................................................................................................................ xii
Introdução .............................................................................................................................. 16
CAPÍTULO 1 - Contextualização da Intervenção ....................................................................... 21
1.1.Fundamentação Teórica ............................................................................................... 21
1.1.1.O Ensino Profissional ........................................................................................ 21
1.1.2.Produção de Videogramas em sala de aula ........................................................ 23
1.1.3.Motivação ......................................................................................................... 25
1.1.4.Aprendizagem cooperativa e colaborativa ........................................................... 26
1.2.O contexto da intervenção ............................................................................................ 27
1.2.1.A comunidade educativa ................................................................................... 27
1.2.2.A turma ............................................................................................................ 30
1.3.Documentos reguladores do processo de ensino e aprendizagem ................................. 31
1.4.Plano geral de intervenção ............................................................................................ 33
1.4.1.Objetivos e estratégias didáticas e investigativas ................................................ 33
1.4.2.Objetivos de investigação .................................................................................. 34
1.4.3.Objetivos de aprendizagem ................................................................................ 35
1.5.Procedimentos ............................................................................................................. 36
CAPÍTULO 2 - Desenvolvimento e Avaliação da Intervenção ..................................................... 38
2.1.Intervenção pedagógica ................................................................................................ 38
2.1.1.Fase Inicial........................................................................................................ 38
xi
2.1.1.1.Resumo da observação direta da turma ..................................................... 39
2.1.1.2.A atividade exploratória ............................................................................. 40
2.1.1.3.Estudo "Educação para a Tecnologia - Segurança na Internet e hábitos de
utilização do computador versus vida escolar e social" ........................................................ 45
2.1.2.Fase da Implementação .................................................................................... 52
2.1.2.1.1º Momento .............................................................................................. 53
2.1.2.1.1.Plataforma Moodle ............................................................................ 55
2.1.2.2.2º Momento .............................................................................................. 57
2.1.2.3.3ºMomento ............................................................................................... 60
2.1.2.4.Atividades Extra-Aula ................................................................................. 63
2.1.2.4.1.Jornadas Técnicas ............................................................................ 63
2.1.2.4.2.Dia Aberto ......................................................................................... 65
2.1.3.Avaliação e regulação do processo de aprendizagem ......................................... 66
2.2. Síntese avaliativa do projeto ........................................................................................ 68
CAPÍTULO 3 - Considerações Finais ........................................................................................ 77
3.1. Visão da escola .......................................................................................................... 77
3.2. Conclusões ................................................................................................................ 80
Bibliografia ............................................................................................................................. 85
Anexos ................................................................................................................................... 90
Anexo 1 - Reflexão Crítica para Avaliação da Atividade Exploratória ...................................... 90
Anexo 2 - Avaliação da Atividade Exploratória - Tarefa “Anima-te!” – criação de pequenos
vídeos recorrendo à ferramenta web Animoto ...................................................................... 91
Anexo 3 - Folha de rosto do tarefa de vídeo ......................................................................... 97
Anexo 4 - Questionário para avaliação final ......................................................................... 98
Anexo 5 - Grelha de análise dos vídeos dos Dias Técnicos ................................................. 101
xii
Índice de Ilustrações
Gráfico 1 - Elementos obrigatórios ........................................................................................... 43
Gráfico 2 - Elementos Opcionais.............................................................................................. 43
Gráfico 3 - Avaliação da tarefa ................................................................................................. 44
Gráfico 4 - Realização de novos projetos em vídeo ................................................................... 44
Gráfico 5 - Número de horas no computador ........................................................................... 46
Gráfico 6 - Controlo do tempo no computador ......................................................................... 46
Gráfico 7 - Controlo das atividades realizadas no computador .................................................. 47
Gráfico 8 - Redes Sociais utilizadas ......................................................................................... 47
Gráfico 9 - O Porquê da inscrição nas redes sociais ................................................................. 48
Gráfico 10 - Hábitos de sono e utilização do computador ........................................................ 48
Gráfico 11 - Hábitos alimentares e utilização do computador ................................................... 49
Gráfico 12 - Resultados escolares e utilização do computador ................................................. 49
Gráfico 13 - Aulas e utilização do computador ......................................................................... 49
Gráfico 14 - Concentração e utilização do computador ............................................................ 50
Gráfico 15 - Disciplinas a que apresenta dificuldades .............................................................. 50
Gráfico 16 - Avaliação da intervenção ...................................................................................... 68
Gráfico 17 - Avaliação do trabalho realizado ............................................................................ 69
Imagem 1 - Esquema da intervenção ...................................................................................... 36
Imagem 2 - Aspeto da página da disciplina na plataforma Moodle ........................................... 55
Imagem 3 - Workshop "Anima-te" nas Jornadas Técnicas ........................................................ 64
Imagem 4 - Atividade "Eu queria ser..." no Dia Aberto ............................................................. 65
Imagem 5 - Opinião dos alunos sobre o trabalho realizado ...................................................... 67
Imagem 6 - Palavras mais e menos frequentes (Wordle) .......................................................... 77
Imagem 7 - Análise da visão da escola .................................................................................... 78
Tabela 1- Esquema da realização da tarefa Anima-te ............................................................... 41
Tabela 2 - Resumo dos resultados segundo o fator Nível de Preocupação ................................ 72
Tabela 3 - Resumo dos resultados segundo o fator Tonalidade Afetiva ..................................... 72
xiii
Tabela 4 - Resumo dos resultados segundo o fator Necessidade de Sucesso ........................... 72
Tabela 5 - Resumo dos resultados segundo o fator Nível de Interesse ...................................... 73
Tabela 6 - Resumo dos resultados segundo o fator Conhecimento dos Resultados ................... 73
xiv
“Alguns homens vêm as coisas como são, e
dizem: Porquê? Eu sonho com as coisas que
nunca foram e digo: Porque não?”
George Bernard Shaw
16
Introdução
O presente relatório de estágio apresenta os procedimentos desenvolvidos e as
conclusões relativas ao desenvolvimento do projeto de investigação-ação intitulado "Motivar para
aprendizagem no ensino profissional: a produção de videogramas como estratégia para a
promoção da cooperação e colaboração entre pares", levado a cabo no contexto do Mestrado
em Ensino de Informática no 3.º Ciclo do Ensino Básico e Secundário da Universidade do Minho.
Este mestrado teve como objetivo a profissionalização enquanto docente da área da informática,
detendo já habilitação própria para lecionação neste grupo disciplinar, contando já com vários
anos de experiência docente e tendo trabalhado em diversas escolas do ensino básico,
secundário e profissional.
A ideia de desenvolver uma estratégia relacionada com a utilização das novas
tecnologias nasceu desde cedo. Logo na primeira aula observada, verifiquei que os interesses
dos alunos estavam ligadas à utilização da Internet, das redes sociais, de jogos online, estando
bem longe dos conteúdos escolares. Os alunos apresentavam uma grande falta de motivação na
realização das tarefas escolares, não atribuindo grande valor à escola. Este cenário foi também
observado pelos restantes colegas do núcleo de estágio que, nas suas turmas, também o
apontavam como um dos maiores problemas a combater. Nesse momento, o trabalho conjunto
ao nível do núcleo de estágio foi essencial. Se tínhamos apontado o mesmo problema, porque
não encontrar um estratégia que todos pudéssemos trabalhar e depois alargar para além da
nossa turma? A ideia geral era inovar, encontrar um estratégia que captasse a atenção dos
alunos por ser diferente e por ir ao encontro dos seus interesses. Desta forma, pretendíamos
demostrar aos alunos que os seus interesses, os seus hobbies se podem trazer para a sala de
aula e ser usados como estratégia de aprendizagem. Neste seguimento, surgiu a ideia de utilizar
o vídeo como estratégia, não como mero meio de transmissão mas sim colocando os alunos a
produzir os seus próprios videogramas. Colocar os alunos no centro do processo de ensino-
aprendizagem era o grande objetivo, já que pretendia realizar a minha intervenção apoiando-me
nas teorias construtivistas estudadas.
"Não é empreendimento fácil motivar alunos ‘desligados’ da escola, tal como não é
tarefa fácil criar atividades de aprendizagem que desafiem os mais capazes e o mesmo tempo
sustentem o interesse dos menos capazes" (Arends, 1999, p. 122). A afirmação de Arends
17
alerta para a necessidade de criar atividades que despertem o interesse dos alunos. Também ao
longo da minha experiência profissional verifiquei que esta é uma das formas mais eficazes de
trabalhar com os alunos, envolvendo-os ativamente na construção do seu conhecimento.
A estratégia ficou decidida após um momento de investigação, tanto com uma revisão
de literatura, principalmente sobre outros projetos do género, bem como com a aplicação de
uma estratégia exploratória. O principal objetivo foi o de verificar qual o impacto que a utilização
de uma estratégia diferente, a criação de videogramas, teria na motivação dos alunos e no seu
desempenho.
Através deste relatório é possível compreender todo o processo de investigação-ação
desenvolvido, através da descrição pormenorizada de todos os passos dados, desde a
observação e revisão de literatura, passando pela apresentação das estratégias utilizadas, da
informação recolhida e da análise da mesma, bem como das conclusões e reflexões obtidas ao
longo do processo. A aposta na investigação centrou-se no fato de que a sua essência tem como
objetivo beneficiar a aprendizagem dos alunos e o desenvolvimento profissional dos professores
(Stenhouse, 1998). Ao optar por uma estratégia de investigação-ação o professor tem que criar
as suas próprias estratégias de aprendizagem, consoante o contexto em que está a intervir
(Stenhouse, 1998) Desta forma, a sala de aula tornou-se para mim um laboratório onde me foi
possível desenvolver e melhorar a minha prática pedagógica tornando-me numa profissional
mais reflexiva e autónoma, sendo este o grande objetivo da investigação-ação. Este processo
influenciou a minha forma de agir enquanto docente, influenciando as minhas ações futuras e
novos projetos. A metodologia da investigação-ação é também importante pela partilha que
possibilita, beneficiando o desenvolvimento da profissão docente e das práticas dos professores,
o que irá influenciar positivamente as aprendizagens dos alunos.
O projeto visou desenvolver diversas competências nos alunos, através da criação de
videogramas, procurando criar uma ponte entre os interesses dos alunos e os conteúdos
programáticos, por forma a aumentar a sua motivação e também a melhorar a sua visão da
escola. Como refere o programa da disciplina
o professor deverá adoptar estratégias que permitam aos alunos estimular e
desenvolver a autonomia, a iniciativa e a pesquisa. Neste sentido, deverá ser
utilizada uma metodologia orientada para a prática experimental e para a
pesquisa, de forma flexível e ajustável às diferentes situações e fases de
18
aprendizagem (DGFV, 2005)
Tendo como ponto de partida o conhecimento que os alunos de hoje são nativos digitais,
sabemos que a tecnologia está presente no seu dia-a-dia de forma bastante enraizada. Os alunos
demostram um grande interesse pela utilização das novas tecnologias mas, maioritariamente,
apenas as utilizam nas suas atividades de lazer. Desta forma, é fulcral trazer estes instrumentos
para a sala de aula e servirmo-nos deles em prol da aula, deixando de olhar para as tecnologias
como um "inimigo" que rouba a atenção do aluno mas como um "aliado" que fomenta a
motivação e promove aprendizagens. O vídeo é hoje uma ferramenta presente no universo dos
alunos, principalmente com a proliferação do Youtube e a possibilidade de filmar com
telemóveis, todos são criadores de vídeo. A familiaridade que os alunos têm com as novas
tecnologias não pode passar ao lado da escola, devendo nós, enquanto professores, explorá-la
para criar novas atividades na escola, adequadas aos alunos atuais.
É necessário repensar os métodos, procurando novas metodologias por forma a utilizar
todos os recursos disponíveis para melhorar o processo de ensino-aprendizagem tendo em conta
que
Los jóvenes de hoy sólo aceptan aquello que ellos mismos descubren y
comprueban. Cualquier enseñanza que no les llegue a través de su propia
experiencia la sienten como un atentado a su libertad y la rechazan de inmediato
(Almacellas, 2004).
Os aluno devem, assim, ser agentes ativos da construção do seu conhecimento,
devendo a escola responder ao desafio de criar uma comunidade que fomente as aprendizagens
individuais mas também as coletivas (FIgueiredo, 2001, p. 42). A aposta no trabalho cooperativo
e colaborativo é, pois, uma necessidade, tendo em conta também que estes alunos estão
inseridos numa via de ensino profissionalizante, que pretende preparar para a inserção no meio
de trabalho, e estas são competências essenciais para o trabalho. Os programas curriculares do
ensino básico e secundário referem que se deve educar os alunos para exercerem uma
cidadania responsável, através do desenvolvimento de valores, atitudes e práticas. Esta
aprendizagem deve ser promovida através do desenvolvimento de atitudes e hábitos de trabalho
individual ou em grupo.
Esta aposta na cooperação e colaboração é também importante entre pares professores,
19
tendo sido uma aposta do núcleo de estágio a criação de uma estratégia conjunta que, através
de um trabalho em grupo, permitisse alargar o nosso âmbito de intervenção, tanto nas nossas
turmas como na comunidade onde estávamos inseridos. Este alargamento, fruto do trabalho
cooperativo e colaborativo, permitiu realizar uma avaliação comparativa entre as três turmas
intervencionadas mas também na realização de duas atividades extra-turmas, para a
comunidade escolar, que nos permitiu fazer uma estudo, através da criação de vídeos, sobre
como os alunos percecionam a escola.
Ao longo do projeto, os dados recolhidos foram tratados com base numa análise critica e
do conteúdo, permitindo que fosse aqui e agora apresentada uma descrição objetiva dos dados.
Para a realização do projeto foram elaborados diversos materiais para recolha de dados, como
atividades e questionários que foram sendo validados por professores do Instituto de Educação
da Universidade do Minho. Por forma a tratar e apresentar os dados foram elaborados gráficos,
quadros e tabelas, muitas vezes recorrendo à ferramenta Google Drive que permite realizar os
questionários online e faz o tratamento automático de alguns dados.
O corpo do relatório encontra-se dividido em três seções. O primeiro aborda a
contextualização da intervenção, subdividindo-se em três partes. A primeira engloba o
enquadramento teórico clarificando a realidade do Ensino Profissional, e abordando conceitos
como produção de videogramas em sala de aula, motivação e aprendizagem cooperativa e
colaborativa. Na segunda parte, encontra-se uma abordagem ao contexto da intervenção, desde
a comunidade educativa à turma onde realizei a intervenção e também as restantes turmas do
núcleo de estágio que depois foram alvo de avaliação comparativa, e ainda os documentos
reguladores do processo de ensino aprendizagem. A terceira parte trata o Plano Geral de
Intervenção apresentando os objetivos e as estratégias aplicadas.
O segundo capitulo descreve sucintamente o desenvolvimento e avaliação da
intervenção, subdividindo-se em duas partes. A primeira apresenta uma descrição detalhada da
intervenção pedagógica. A segunda parte refere-se à síntese avaliativa do projeto, tanto da
avaliação da turma como da avaliação comparativa entre as três turmas alvo de intervenção.
O terceiro capítulo encerra as considerações finais, apresentando as conclusões relativas
a que visão têm os alunos da escola, possível através da atividade extra aula "Para mim a escola
é...". De seguida apresentam-se as conclusões relativas ao projeto de intervenção pedagógica,
descrevendo os pontos fortes e potencialidades do projeto mas também os constrangimentos e
20
limitações encontrados.
Por fim é apresentada a bibliografia completa de todas as obras relevantes para a
construção do relatório e do projeto de intervenção, bem como os anexos necessários para
complementar a leitura do relatório.
21
CAPÍTULO 1 - Contextualização da Intervenção
1.1. Fundamentação Teórica
1.1.1. O Ensino Profissional
A sociedade portuguesa passou por diversas mudanças nas últimas décadas, havendo
grandes alterações na relação da educação com a economia e com o mercado de trabalho. O
mercado laboral mudou, procurando, cada vez mais, mão-de-obra especializada o que levou a
uma grande aposta na profissionalização para qualquer função ou trabalho. “O crescimento do
ensino secundário e a sua massificação têm sido uma realidade, emergindo a par da
diversificação de percursos escolares de carácter qualificante, nomeadamente o ensino técnico-
profissional e o ensino profissional” (Abreu & Roldão, 1989, p. 125). Neste cenário, os cursos
profissionais foram uma das respostas a esta mudança, uma vez que definiram novos perfis
profissionais e escolares. Além disso, “com o incentivo à educação e formação profissional na
ordem do dia, verificou-se um acentuado aumento do número de alunos a frequentar as vias
profissionalizantes (Cerqueira & Martins, 2011, p. 138) e um decréscimo dos alunos que
procuram o ensino secundário tradicional.
A modalidade de ensino profissional, ao contrário da tradicional, tem um duplo objetivo:
o de preparar os alunos para a vida ativa e para a prossecução de estudos no ensino superior.
Por isso, os cursos profissionais baseiam-se “numa estrutura curricular modular e numa
dimensão predominantemente técnica e prática da aprendizagem, preparando para o exercício
profissional qualificado, numa perspectiva de Aprendizagem ao Longo da Vida, tendo sempre
presente a dimensão humana do trabalho” (ME, 2003, p. 5).
O contexto dos cursos profissionais é pois diferente do do ensino secundário regular.
Segundo a Agência Nacional para a Qualificação e Ensino Profissional (2012), a aprendizagem
realizada nestes cursos é caracterizada por uma valorização do “desenvolvimento de
competências para o exercício de uma profissão”, tendo uma “estrutura curricular organizada
por módulos, o que permite maior flexibilidade e respeito pelos seus ritmos de aprendizagem”1.
No ensino profissional, as metodologias de ensino a utilizar devem estar mais direcionadas ao
1 Obtido a 14 de Novembro de 2012 em http://www.anqep.gov.pt/default.aspx
22
contexto de trabalho, a uma aprendizagem mais prática através de um currículo nacional que
não é estanque.
Os cursos profissionais emergem como uma alternativa de formação proporcionando
aos alunos diferentes perspetivas quer a nível de inserção qualificada no mercado de trabalho,
quer para uma continuação de estudos superiores mas também como uma alternativa onde
existe sucesso e valorização pessoal. Costa refere que “a preocupação dominante do ensino
profissional é, por um lado, contribuir para a formação integral dos jovens, em pé de igualdade
com os alunos do ensino secundário regular, e, por outro, facultar-lhes contactos com o mundo
do trabalho e experiência profissional que lhes permita uma adequada inserção
socioprofissional” (Costa, 2010, p. 49).
O ensino profissional tem ainda como objetivos combater o insucesso e o abandono
escolar possibilitando aos alunos uma modalidade de ensino mais prática, que possibilite uma
inclusão de sucesso no mercado laboral, de forma a gerir a integração profissional dos jovens e,
ao mesmo tempo, direcioná-los para um ensino alternativo ao regular.
Com o Decreto-Lei nº 74/2004, de 26 de Março, foram regulamentados os princípios
orientadores da organização e da gestão curricular, bem como da avaliação das aprendizagens,
no nível secundário de educação. Este diploma consubstanciou as prioridades da política
educativa nos dois vetores seguintes:
• formação e qualificação dos jovens;
• combate ao insucesso e abandono escolares (Cerqueira & Martins, 2011, p.
141).
Como refere Madeira,
a democratização do ensino e o princípio de igualdade de oportunidades não
impediram que um número significativo de jovens não atingisse os objectivos
que lhes permitiriam obter sucesso escolar. Garantir apenas a igualdade de
oportunidades no acesso tornou-se insuficiente e incapaz de diminuir as
desigualdades sociais. O insucesso e o consequente abandono escolar leva a
que um número significativo de jovens deixe o sistema sem as qualificações
necessárias para ingressar no mundo do trabalho (2006, p. 125).
23
O Plano Nacional de Emprego 2004, elaborado pelo Governo, apontou como uma das
medidas estratégicas destinadas aos “grupos menos qualificados”, o reforço da “aposta nas
modalidades de formação inicial de jovens que permitem a dupla certificação (…) na óptica de
se contribuir, simultaneamente, para a elevação dos baixos níveis de escolaridade da população
portuguesa e dos níveis de qualificação profissional” (Plano Nacional de Emprego 2004, pp 22),
incluindo, nessas modalidades, o ensino profissional. Tem havido, desde então, um aumento de
alunos matriculados nesta modalidade de ensino, passando de 34 414 no ano letivo 2007/2008
(GEPE, 2010, p. 56) para 106 381 alunos em 2010/2011 (DGEEC, 2012, p. 95), dados
referentes ao ensino público em Portugal continental.
Um grande problema que afeta hoje o ensino profissional é o facto de estar associado a
um tipo de aluno, “estão nos cursos profissionais os ‘excluídos do sistema’, não por vontade
própria, mas porque o próprio sistema os empurrou para este tipo de ensino, quando não lhes
reconhece capacidade para prosseguir estudos mais generalistas” (Costa, 2010, p. 55). Devido
a estas ideias pré-concebidas muitos alunos do ensino profissional são encarados como alunos
difíceis e com muitas dificuldades, que dificilmente irão conseguir obter sucesso, levando a que
os próprios alunos destes cursos encarem esta realidade como a sua própria verdade. Este
estigma ‘persegue’ estes alunos ao longo do seu percurso escolar, desmotivando-os das tarefas
escolares e da escola, levando-os a aceitar que não irão ter sucesso no seu percurso (Azevedo,
2010).
Como é referido no documento Avaliação Externa do Impacto da Expansão dos Cursos
Profissionais no Sistema Nacional de Qualificações “a opção pelo curso nem sempre se
fundamenta num projecto de vida pré-definido pelos alunos e, quando assim é, a probabilidade
de os jovens se desinteressarem aumenta” (ANQ, 2010, p. 53).
1.1.2. Produção de Videogramas em sala de aula
As formas de comunicação de hoje não são as mesmas de há uns anos atrás. Os
estímulos visuais e sonoros, o acesso constante à informação a que está sujeita a geração digital
torna obrigatório repensar as formas de ensinar (Jukes, McCain, & Crocket, 2010). As
tecnologias exercem um grande fascínio sobre os alunos, prendendo a sua atenção seja qual for
24
a atividade que estão a realizar. Os professores não podem ignorar este fato, devendo aceitar o
desafio e tentar integrá-las, de forma sensata e gradual, nas suas salas de aulas.
A utilização das tecnologias é intrínseca a esta geração. Computadores, telemóveis são
extensões de si próprios. As redes sociais possibilitam a difusão da esfera particular, usando e
abusando de imagens e vídeos. Esta familiaridade com o vídeo pode torná-lo um instrumento
motivador da aprendizagem, gerando dinâmicas participativas e possibilitando a comunicação
horizontal (Prats e Pina, 1991).
A videografia e todos os elementos que a integram, imagens, som, movimento, estão
presentes na vida dos alunos, sentindo eles já a necessidade e a vontade de criar, de se
tornarem mais que meros espectadores. Koumi (2006) refere que o vídeo educativo pode ser
utilizado como apoio à aprendizagem mas também como forma de estimular a motivação:
"stimulate appetite to learn, e.g. by revealing the fascination of the subject, galvanize/spur into
action, provoke viewers to get up and do things (Koumi, 2006, pp. 3-4)"
O vídeo é a linguagem audiovisual que mais apela à criatividade, permitindo moldar e
criar realidades, permitindo uma
participação activa nas actividades de aprendizagem, socialmente construída, e
permitir a sua real transformação em sujeitos criadores e produtores de
conhecimento. Pode ainda incrementar a partilha e a tutoria entre pares
favorecendo quer o tutor (que assume algumas das funções do professor como a
de explicar ou exemplificar) quer o tutelado visto entre pares as relações de poder
serem mais próximas (Oliveira, 2010, p. 3).
Com o número crescente de software livre para criar videogramas e a facilidade que
também hoje existe na disponibilização global dos mesmos através da Internet, é compreensível
que esta seja uma tecnologia que, cada vez mais, atrai os jovens. Encontra-se também esta
necessidade num dos objetivos do Projeto Curricular da Escola 2009-2013, ou seja, o de
“oferecer um conjunto de oportunidades educativas e culturais aos alunos, que se revelem
pertinentes e eficazes na melhoria da qualidade das aprendizagens.”
Sublinhe-se, entretanto, que o que se pretendeu, na intervenção pedagógica, não foi tanto
utilizar o vídeo para dar uma lição, nem sequer recorrer ao vídeo como apoio da atividade letiva
mas sim desenvolver um vídeo-processo isto é, uma dinâmica em que os alunos se sentissem
25
envolvidos, enquanto criadores ou sujeitos ativos. Neste vídeo-processo o vídeo está nas mãos
dos aluno.
La tecnologia del vídeo sólo será autenticamente libertadora si se pone en manos
de los alunos para que puedan investigar, autoevaluarse, conocer y conocerse,
descobrir nuevas possibilidades de expresión, hacer experiencias de grupo
enunesfuerzo de creación colectiva, experimentar y experimentarse… (Ferrés,
1994, p. 65)
1.1.3. Motivação
Arends refere que a motivação "é um conceito bastante abstrato que não é fácil definir.
Ela é interior à pessoa e portanto não pode ser observada" (Arends, 1999, p. 122). O mesmo
autor refere ainda que um professor deve reconhecer a importância que a motivação tem no
processo ensino-aprendizagem, classificando-a como "uma das forças mais importantes que
orientam as ações dos alunos" (Arends, 1999, p. 122).
A motivação é uma força interna que rege todas as ações humanas tendo em vista a
realização de um objetivo. É difícil definir e classificar de forma exata as diferentes motivações,
contudo, as classificações existentes fazem uma diferenciação entre as motivações inatas -
primárias, fisiológicas, intrínsecas ou individuais - e as motivações adquiridas - secundárias,
psicológicas, extrínsecas ou sociais.
Ao falar em educação é assim impossível não falar em motivação já que observando a
realidade atual das salas de aulas verifica-se que é difícil motivar os alunos a persistirem nas
tarefas de aprendizagem. Para existir aprendizagem efetiva é necessário trabalhar a motivação
dos alunos e não apenas transmitir os conteúdos escolares.
Os estados afectivos e motivacionais têm sido reconhecidos como importantes
factores que afectam o sucesso e o insucesso escolares, especialmente no caso
de alunos e alunas que, embora possuindo capacidades intelectuais médias ou
acima da média, apresentam um baixo rendimento escolar (Lopes da Silva & Sá,
1993, p.26).
26
Como foi referido acima, o número de alunos que optam por cursos profissionais é cada
vez maior indiciando a confiança dos alunos e dos seus encarregados de educação nesta
modalidade de ensino, enquanto alternativa de formação capaz de proporcionar aos alunos
diferentes perspetivas, quer a nível de inserção qualificada no mercado de trabalho, quer para a
continuação de estudos superiores. Nestas circunstâncias, construir a motivação dos alunos
para a aquisição de aprendizagens significativas constitui um dos desafios mais importantes a
que os docentes devem responder, não podendo limitar-se a exigi-la do discente, consagrando
parte substancial do seu trabalho ao desenvolvimento do desejo de saber e da decisão de
aprender (Perrenoud, 2000).
A descoberta da motivação intrínseca deve ter necessariamente em conta que, num
mundo em mudança, o aluno deste tempo também mudou.
1.1.4. Aprendizagem cooperativa e colaborativa
Por forma a clarificar a diferença entre aprendizagem cooperativa e colaborativa, já que
muitas vezes são tidas como sinónimas, pode referir-se que colaborar tem mais amplitude que
cooperar. Segundo Panitz (1996) a colaboração "é uma filosofia de interacção e estilo pessoal,
enquanto cooperação é uma estrutura de interações desenhada com o fim de facilitar o
cumprimento de um objectivo ou de um produto final" (Freitas & Freitas, 2003, p. 22). No
entanto, como refere Bruffe (1999, p. 93 in Freitas e Freitas, 2003, p. 23) estas são "duas
versões da mesma coisa". A discussão sobre a diferença entre estes dois conceitos é vasta mas,
genericamente, se assume que, enquanto a aprendizagem colaborativa advém de um espírito de
solidariedade e empatia entre indivíduos que, sem qualquer papel protocolar, trabalham em
conjunto para o mesmo fim, a aprendizagem cooperativa rege-se por princípios claros e
previamente estipulados (Freitas & Freitas, 2002).
O trabalho cooperativo e colaborativo está a ser cada vez mais utilizado nas escolas. O
ensino entre pares, apoiando-se nas teorias da aprendizagem construtivista, onde os alunos
devem ter um papel mais interventivo na sua aprendizagem e na dos seus colegas tem vindo a
desenvolver-se. Os autores construtivistas defendem que é mais fácil e vantajoso para os
estudantes aprenderem com os seus pares tornando essa aprendizagem mais efetiva e
significativa para o seu desenvolvimento pessoal, como alunos e mesmo como cidadãos. Desta
27
forma, o professor deve adotar um papel de orientador do processo educativo, tendo em
consideração as suas necessidades e interesses individuais na estruturação das suas estratégias
(Arends, 1999, p. 122).
O trabalho cooperativo potencia a qualidade das aprendizagens levando os alunos ao
debate, à partilha de informação (Arends, 1999, pp. 372-373). Estes entreajudam-se e, juntos,
conseguem superar as dificuldades individuais de cada elemento, tornando o trabalho mais
produtivo e mais motivador. "El trabajo en grupo (…) incrementa la calidad de los aprendizajes y
favorece la adquisición de conocimentosde los alunos y alumnas a través de la interacción entre
ellos" (Bonals, 2000, p. 8)
Através da aprendizagem cooperativa os alunos, membros do grupo, desenvolvem a sua
responsabilidade, já que cada um é responsável pelo sucesso ou insucesso de todo o grupo,
desta forma os alunos são levados a entreajudarem-se por um objetivo comum (Slavin, 1987).
A cooperação e colaboração entre pares assume um papel importante na formação
social dos alunos bem como na preparação destes para o mundo do trabalho, permitindo-lhes
perceber como interagir com pessoas que têm ideias e capacidades diferentes. Nos cursos
profissionais, uma formação mais orientada para o mundo do trabalho, é sem dúvida essencial a
utilização destas estratégias por forma a aproximar o contexto escolar ao contexto laboral.
1.2. O contexto da intervenção
1.2.1. A comunidade educativa
O presente projeto de intervenção pedagógica supervisionada teve lugar na Escola
Secundária Marques de Castilho (ESMC), de tipologia secundária com 3º ciclo, situada no centro
da cidade de Águeda. Segundo o documento da Avaliação Externa da Escola, a escola tinha, no
letivo 2011/2012, cerca de 850 alunos e destes, 242 estavam no ensino profissional,
verificando-se que o número de alunos neste tipo de ensino tem vindo a crescer gradualmente.
Conforme a mesma fonte, o número de alunos com computador e internet, 79%, situa-se acima
da média nacional, demostrando a importância que as novas tecnologias têm na vida dos alunos
estando, sem dúvida, presentes no seu dia-a-dia.
28
No ano letivo anterior, 2012/2013, a escola Secundária Marques de Castilho passou por
um conjunto de mudanças tendo-se agregado a duas outras escolas passando a sede do
Agrupamento de Escolas Águeda Sul. Da análise do documento do Projeto Educativo, elaborado
para o triénio 2009/2013, verificou-se que "um compromisso com a qualidade é o tema
mobilizador da filosofia pedagógica da escola neste Projecto Educativo, concentrado na partilha
de objectivos conducentes à construção da escola da eficácia e do sucesso.” Da análise do
Plano de Intervenção Estratégica, elaborado também para o triénio de 2009/2013, destaca-se o
tema do mesmo, “O Desafio da Qualidade”, onde se refere que "a mudança nas escolas
desenvolve-se a partir de três pilares, a saber: a inovação tecnológica, a renovação didáctica e a
mudança educativa, seja ao nível da organização escolar, seja ao nível da praxis docente."
(Plano de intervenção Estratégica, p. 20). Os processos que tragam mudança e inovação para o
contexto escolar são, pois, de importância basilar para a escola, tendo sido consagrada esta
referência nos seus documentos orientadores.
Segundo a Avaliação Externa, realizada no ano letivo de 2011/2012, nos dias 5 e 6 de
dezembro 2011, cuja análise incidiu sobre a caraterização da escola, resultados académicos,
resultados sociais e práticas de ensino, todos os pontos em análise receberam parecer positivo
(Bom), tendo as práticas de ensino sido classificadas de Muito Bom. A escola realizou também
uma avaliação interna, indo os resultados ao encontro aos já obtidos na avaliação externa,
realçando-se os resultados positivos do tópico recursos e instrumentos utilizados em sala de
aula.
A escola Secundária Marques de Castilho localiza-se no centro da cidade de Águeda,
distrito de Aveiro, e a sua criação remonta a 1927 sob a denominação de Escola Industrial e
Comercial de Águeda. O meio envolvente é maioritariamente do setor terciário mas com uma
forte e tradicional componente industrial, essencialmente de pequenas e médias empresas
ligadas à indústria metalomecânica e cerâmica. A população de Águeda tem diminuído já que,
nos Censos 2001, existiam 49 041 habitantes e mais recentemente, aquando dos Censos 2011,
contabilizaram-se 47 729 habitantes. À semelhança do que acontece a nível nacional, a
estrutura etária do concelho revela um duplo envelhecimento da população, com a diminuição
nas faixas etárias correspondentes às crianças e jovens e o aumento daquelas que representam
os idosos. Esta realidade leva, consequentemente, a uma diminuição do número de alunos.
29
Intervencionada, no âmbito da Parque Escolar, no ano letivo 2009/2010, a escola
apresenta recursos e equipamentos de elevada qualidade: 350 computadores, 12 salas de aula
de informática, 1 projetor e 1 computador por sala de aula e ainda 1 quadro interativo em cada
3 salas de aula. A escola possui ainda ligação a Internet sem fios em banda larga. O quadro
docente e não docente é estável e, globalmente, com longa presença na escola. Também o
número de alunos tem-se mantido relativamente estável nos últimos anos. Relativamente aos
resultados nos Cursos Profissionais, alvo da intervenção pedagógica, verificou-se, até 2009/10,
um aumento do número de inscritos. As taxas de conclusão/transição são, no entanto, baixas.
No ensino secundário as taxas de conclusão/transição situaram-se em 2009/2010 nos 77,3%,
acima da média nacional.
A escola tem apostado numa oferta educativa direcionada a uma diversidade de cursos
profissionais e cursos EFA (Educação e Formação de Adultos), bem como numa multiplicidade
de Projetos e outras iniciativas. As práticas de ensino selecionadas como pilares para a escola
são o ensino adaptado às capacidades e ritmos de aprendizagem, a disponibilização de apoios, a
constituição de turmas por níveis e o trabalho colaborativo.
A utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação surge como prioridade do
currículo, ao nível dos cursos profissionais e cursos de educação e formação, como facilitador do
acesso ao conhecimento e como nova forma de levar o aluno a aprender a aprender. Na escola
existem diversos projetos de utilização e dinamização das TIC, a Seguranet, para alunos, pais e
professores, que tem como objetivo a promoção de uma utilização segura da Internet, a aposta
na oferta educativa da área informática com o curso profissional de técnico de informática de
gestão, a plataforma Escola Virtual, utilizada pelos professores, a aposta na transversalidade. O
uso das TIC é frequente, alguns docentes rentabilizam as tecnologias existentes na sala de aula
(quadros interativos, projetores) para promoverem a aprendizagem. É notório o apoio da escola á
ideia de que se deve encarar as TIC como "um espaço de profunda renovação da escola",
abraçando o desafio de "transformar o modelo escolar que privilegia a lógica da instrução e da
transmissão da informação para um modelo cujo funcionamento se baseia na construção
colaborativa de saberes e na abertura aos contextos sociais e culturais" (Silva, 2001).
30
1.2.2. A turma
O alvo da intervenção foi uma turma do 10º ano do curso de Informática de Gestão,
constituída inicialmente por vinte e quatro alunos, dezassete rapazes e sete raparigas, cuja
média de idades era de quinze vírgula cinco (15,5) anos, no entanto, no decorrer do primeiro
período um aluno anulou a matrícula. Segundo as informações disponibilizadas pela diretora de
turma, metade dos alunos já tinham tido pelo menos uma retenção ao longo do seu percurso
escolar, sendo que seis destes reformularam o seu percurso voltando novamente ao 10º ano
para ingressarem num curso profissional. Segundo ainda informações facultadas pela diretora de
turma, a maioria dos alunos aponta a falta de interesse pelas disciplinas e a falta de
atenção/concentração como causas para o insucesso escolar.
A intervenção foi realizada com a turma dividida em dois turnos com 12 alunos cada, A
(9 rapazes/3 raparigas) e B (8 rapazes/4 raparigas). A disciplina onde decorreu a intervenção foi
a de Sistemas de Informação, que pertence ao conjunto de disciplinas da componente de
formação técnica do curso profissional de Informática de Gestão, com uma carga horária de dois
blocos de 90 minutos para cada turno.
Aquando do inicio da observação de aulas, ficou definido que o turno B seria o foco
principal de intervenção porque o A tinha uma das aulas da disciplina à segunda-feira, dia de
componente letiva na Universidade. Contudo, algum tempo antes do inicio da intervenção mas
após a entrega do projeto de intervenção, os horários da turma foram alterados, tendo sido
trocados os horários dos turnos. Desta forma, por força do novo horário a intervenção realizou-se
no turno A, que aquando a intervenção era constituída por menos uma aluna, num total de 11
alunos (9 rapazes/2 raparigas).
Além da turma intervencionada é ainda importante descrever as duas turmas
intervencionadas pelos restantes colegas do núcleo de estágio já que serão alvo de uma
avaliação comparativa após o final da intervenção. As outras duas turmas intervencionadas
foram uma do 10º ano e outra do 11º ano.
A turma do 10ºano tinha 18 alunos, nove rapazes e nove raparigas. A média de idades
era de 16,9 anos o que indiciava um elevado número de retenções no percurso escolar dos
alunos. Cinco alunos são maiores de idade. Seis frequentaram, na ESMC, o Curso de Educação
e Formação (CEF) de Empregado de Mesa, mantendo-se na mesma área de formação. Os
31
restantes 12 são provenientes de outros percursos educativos do ensino e do secundário: CEFs
de Eletromecânica e de Apoio à Família, Tecnológico de Desporto, Profissional Técnico de
Informática e ensino básico regular. Indicando as dificuldades dos respetivos agregados
familiares, 55,5 % dos alunos da turma beneficiam de apoios sociais ao estudo, número bem
acima da média da escola (42,9%). As expectativas em relação à continuação de estudos pós-
secundário são quase nulas. Dos 17 alunos que preencheram um inquérito realizado pela
diretora de turma, no início do ano letivo, apenas um manifestou interesse no prosseguimento
de estudos. Objetivos divergentes dos da Escola são igualmente evidentes nas respostas, no
mesmo inquérito, à pergunta “gostas de estudar?”. “Nunca”, com 47% e “às vezes”, com 35,3%
são as respostas de 14 dos 17 alunos. A Diretora de Turma já recebeu, desde o início do ano
letivo, 14 participações de ocorrência do foro disciplinar, referentes a 6 dos 17 alunos. Nesta
turma, a intervenção decorreu na disciplina de Tecnologias da Informação e da Comunicação.
A intervenção na turma do 11º ano decorreu na disciplina da componente
técnica Aplicações Informáticas e Sistemas de Exploração, do curso profissional Técnico de
Informática de Gestão. No ano letivo de 2011/2012 a turma possuía 20 alunos inscritos tendo
transitado, para o ano letivo seguinte, 14 alunos, 13 rapazes e 1 rapariga com uma média de
idades de 17 anos, sendo que 3 concluíram o 9ºano em cursos de educação e formação. Dez
dos alunos afirmam não gostar de estudar, os restantes gostam de estudar “às vezes”. A
maioria aponta como principais fatores de insucesso: a indisciplina na sala de aula, falta de
hábitos de estudo e falta de atenção/concentração. Doze dos catorze alunos da turma apontam
como atividade letiva predileta o trabalho de grupo.
1.3. Documentos reguladores do processo de ensino e aprendizagem
No processo de investigação-ação foi de extrema importância a pesquisa de informação
nos documento que regulam o processo de ensino e aprendizagem em que intervim, por forma a
poder fazer escolhas consciente e consistentes para a minha intervenção.
O programa da disciplina facultada pela Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino
Profissional (ANQEP) orientou inicialmente o meu foco de atenção para a importância que as
novas tecnologias, principalmente a internet, têm na construção do conhecimento ligado aos
conteúdos da disciplina.
32
A Internet tem sido, nos últimos anos, um factor decisivo na evolução da
sociedade da informação e na banalização do acesso global às fontes de
informação e uma nova oportunidade de comunicação e de prestação de
serviços interactivos. A publicação de informação na Internet e o seu acesso de
modo universal por parte do cidadão tornou-se neste momento um imperativo
político em toda a parte do Mundo (DGFV, 2005).
O programa refere ainda que o principal objetivo da disciplina é dotar os alunos de
"conceitos e técnicas de informática, teoria de sistemas e administração" que irão facilitar a
solução de "problemas de tratamento de informação nas organizações, por meio da concepção,
construção e manutenção de modelos informatizados" (DGFV, 2005). Na continuação da análise
deste documento foi ainda fulcral perceber a importância dada ao desenvolvimento de
competências como a autonomia, a iniciativa e a pesquisa, pelo que deveria orientar a minha
intervenção para o desenvolvimento destas mesmas aptidões. Neste sentido, o programa refere
que se deve apostar numa "metodologia orientada para a prática experimental e para a
pesquisa, de forma flexível e ajustável às diferentes situações e fases de aprendizagem" (DGFV,
2005). Dessa forma, impôs-se como indispensável a aposta em atividades que envolvessem o
aluno como sujeito ativo da sua aprendizagem mas que pudessem ser adaptadas ao seu ritmo e
mesmo aos seus interesses. A intervenção teve como linha orientadora o desenvolvimento das
competências identificadas como essenciais, através da criação de videogramas e do trabalho
em grupo, promovendo competência de trabalho de projeto, a aceitação e interação em grupo
mas também a responsabilização pessoal e dos colegas levando os alunos a serem autónomos e
reflexivos sobre as suas praticas.
A análise da planificação anual da disciplina, aprovada pelo departamento a que
pertence o Grupo de Informática, serviu também de orientação para a intervenção a par com os
conteúdos programáticos contidos no manual da disciplina. No entanto, deparei-me aqui com
uma primeira adversidade, a rígida estrutura curricular em que estava organizada a disciplina,
tendo que se cumprir um calendário pouco maleável, através de uma planificação pouco flexível
que não deixava muito espaço para a adequação das aprendizagens aos ritmos e necessidades
dos alunos nem para a utilização de estratégias que se afastem do já previamente estabelecido
nas planificações realizadas no início do ano. Foi assim necessário ter em conta este fator para a
definição da intervenção, adaptando as estratégias aos timings já definidos na planificação, não
33
fugindo também do que havia sido definido como estratégias a adotar nas aulas, e que o
programa da disciplina também contempla.
Numa primeira fase, depois da apresentação de conteúdos mais teóricos, o
professor poderá e deverá demonstrar com alguns exemplos, a utilização prática
dos conteúdos abordados inicialmente. Numa segunda fase mediante fichas de
trabalho que contêm o resultado final e alguns dos passos a dar, os alunos
deverão descobrir, experimentar e completar os passos em falta, de forma a
conseguiram atingir o resultado pretendido (DGFV, 2005).
A análise cuidada de documentos relativos à escola, tais como o Projeto educativo, plano
curricular da escola e, mesmo, documento relativos a avaliações da escola, tanto internas como
externas, foi também de extrema importância tanto para o conhecimento da escola que nos
acolheu, percebendo melhor a realidade onde nos estávamos a inserir mas, também, para
compreender quais as linhas que orientam a ação escolar. Desta forma foi possível apreender
que a escola pretende que os elementos que a constituem sejam pessoas que "são capazes de
dar respostas rápidas, eficazes, criativas, respondendo de maneira eficiente ao grande desafio
dos novos tempos: o da ‘sociedade do conhecimento’" (Escola Secundária Marques de Castilho).
Neste sentido a aposta na criação de videogramas em sala de aula como
estratégia inovadora de aprendizagem vai ao encontro, sem dúvida, do que é defendido nestes
documentos, podendo referir o Plano Curricular da Escola onde se encontra definida como
prioridade a adoção de uma nova praxis educativa.
.
1.4. Plano geral de intervenção
1.4.1. Objetivos e estratégias didáticas e investigativas
O desempenho dos alunos é influenciado pela motivação e não apenas pelas suas
capacidades intelectuais, por isso, é necessário pensar que estratégias utilizar para motivar os
alunos, tendo sempre presente que não existe uma “receita” que funcione para todos (Arends,
1999, pp. 123-124). O professor deve ser reflexivo nas suas práticas e verificar o que melhor se
adequa ao grupo para que este consiga desenvolver em pleno as suas capacidades. Hoje em dia
existe ainda uma visão muito tradicionalista da aprendizagem (Kincheloe, 2008) pelo que, é
necessário mudar, de alguma forma, o paradigma vigente do professor como mestre que apenas
34
“passa conhecimento” aos seus alunos, permitindo antes aos alunos serem parte ativa do seu
processo de aprendizagem. É necessário trazer criatividade mas também autonomia para a
prática docente. “A criança não é simplesmente uma tábua rasa a impregnar pelos adultos, mas
antes um agente activo no seu desenvolvimento” (Sacristán, 2003, p. 24).
Durante a fase de observação e após uma análise de toda a informação de que
dispunhamos, o núcleo de estágio verificou que nas três turmas de ensino profissional onde
iriamos realizar as intervenções pedagógicas a realidade era muito semelhante. Identificámos
como principal problema a falta de motivação apresentada pelos alunos. Estes não
demostravam interesse no seu percurso escolar, pelos conteúdos nem pela realização das
tarefas, apesar de estarem numa área, supostamente, escolhida por eles.
Neste sentido ficou definido que o principal propósito da intervenção seria a utilização de
uma estratégia pedagógica diferenciada, a criação de videogramas, recorrendo ao trabalho
colaborativo e cooperativo, promovendo a motivação dos alunos pela escola envolvendo-os
ativamente no seu processo de ensino-aprendizagem. Esta estratégia pedagógica, de caráter
experimental e investigativo foi orientada pelas seguintes questões:
1. Que estratégias se podem utilizar para promover a motivação dos alunos para o trabalho em
sala de aula?
2. Como aliar os interesses dos alunos com as estratégias utilizadas em sala de aula?
1.4.2. Objetivos de investigação
Observar os interesses e motivações demonstradas pelos alunos;
Desenvolver estratégias que permitam relacionar os interesses dos alunos com a
matéria a lecionar;
Desenvolver estratégias que tornem os alunos intervenientes diretos do processo de
ensino-aprendizagem;
Promover o trabalho entre pares como facilitador da aquisição de conhecimentos
Avaliar o impacto das estratégias propostas na motivação dos alunos.
35
1.4.3. Objetivos de aprendizagem
Com a implementação deste plano pretende-se que os alunos:
demonstrem uma maior motivação no processo ensino-aprendizagem, através
da sua responsabilização na construção de materiais para serem utilizados em sala de
aula bem como pela aprendizagem dos seus pares;
adquiram os conhecimentos previstos para o módulo abordado (módulo 2 –
Programação SQL) através da utilização de uma estratégia diferente e que está mais
direcionada aos seus interesses pessoais;
desenvolvam um maior espírito de cooperação e colaboração, autonomia e
criatividade.
Mediante uma comparação com os resultados da implementação de estratégias
similares pelos colegas do núcleo de estágio em que me insiro, será espectável encontrar
diferenças ou similitudes entre os alunos dos cursos de área de Informática e os alunos da área
de Restauração.
O facto de escolher como estratégia algo que está presente no seu ambiente, o vídeo,
tem como objetivo motivar o aluno para a aprendizagem já que este faz uma aprendizagem mais
significativa quando as tarefas estão ligadas aos seus interesses pessoais.
Encarou-se como estratégia a adotar trazer a Sociedade da Informação para a sala de
aula, pois não nos podemos esquecer que os alunos de hoje em dia são nativos digitais, a
tecnologia faz parte do seu dia-a-dia, preenchendo os lugares cimeiros nos seus interesses e nas
suas atividades. Desta forma em vez de encarar as tecnologias como uma distração, algo
negativo para a aula, uma barreira entre o aluno e professor/conteúdos/escola é necessário
pegar nessas ferramentas e colocá-las ao serviço do processo de ensino-aprendizagem.
36
1.5. Procedimentos
Imagem 1 - Esquema da intervenção
De acordo com a imagem acima é possível verificar que o processo de investigação-ação
foi desenvolvido de acordo com as seguintes fases de implementação:
Fase inicial: onde procedi a uma análise do contexto educativo, procedi a uma revisão
de literatura, recolhi e analisei informação através da observação direta e de
documentos oficiais da escola, apliquei uma tarefa exploratória para avaliar os interesses
dos alunos, realizei um estudo sobre os hábitos de utilização das tecnologias para
melhor caracterizar a turma, elaborei o projeto de intervenção onde defini as estratégias
para a intervenção pedagógica, criei material necessário para a implementação do
projeto.
Fase de implementação: nesta fase desenvolvi o plano de intervenção; planifiquei as
aulas e duas atividades extra-aula, apliquei estratégias de investigação-ação; criei e
apliquei instrumentos de recolha de informação e de avaliação das ações, analisei dados
e reformulei estratégias (sendo constante a reflexão sobre a intervenção), continuei a
revisão de literatura; realizei uma avaliação contínua da intervenção, e ainda elaborei um
portefólio individual onde explanei sobre todo o processo de investigação-ação.
Fase de avaliação: realizei a avaliação da intervenção na turma e a avaliação
37
comparativa entre as três turmas do núcleo de estágio, continuei a pesquisa
bibliográfica, retirei conclusões, elaborei o presente relatório.
Toda a informação recolhida ao longo do processo foi analisada tendo em vista a
reflexão sobre as estratégias adotadas, permitindo ir reformulando decisões. A intervenção não
foi um caminho linear, mas foi direcionado para a ação, pelo que sempre que necessário as
opções tomadas eram repensadas. Também ao longo da intervenção foram realizadas diversas
reflexões sobre o processo pedagógica e ação dos professores que foram incluídas no portfolio
individual.
38
CAPÍTULO 2 - Desenvolvimento e Avaliação da Intervenção
2.1. Intervenção pedagógica
2.1.1. Fase Inicial
Como ponto de partida da intervenção foi necessário proceder a uma fase de observação
dos alunos por forma a perceber quais os seus objetivos, as suas dificuldades, as suas
motivações e interesses. Ao longo desta observação foram surgindo diversas questões que
orientaram a intervenção: Como motivar os alunos para os conteúdos escolares? Como adequar
o trabalho de sala de aula aos seus interesses? Através da observação direta realizada foi
possível verificar que os alunos, de ambos os turnos, apesar de não apresentarem problemas
graves de comportamento, apresentavam uma grande falta de motivação para o trabalho em
sala de aula. Os alunos demostram falta de atenção e concentração e pouco interesse pelas
atividades desenvolvidas na sala de aula, o que se reflete negativamente nos seus resultados
escolares na disciplina em questão, bem como nas restantes disciplinas do curso. Esta
observação vai ao encontro da informação que a diretora de turma havia facultado, no início da
observação, pois, num inquérito realizado aos alunos no início do ano letivo, estes apontam a
falta de interesse pela disciplina bem como a falta de atenção/concentração como algumas das
principais causas para o insucesso escolar. Com esta observação foi possível concluir que os
alunos não reagiam positivamente a conceitos novos, não demonstrando interesse e motivação
para novas aprendizagens em sala de aula, focando a sua atenção em atividades lúdicas e
desviantes dos seu percurso escolar, como exemplo as redes sociais e os jogos online. No
entanto, este período foi também importante para perceber quais as tendências dos professores
no que diz respeito ao uso de recursos, materiais e ferramentas (fichas preparadas pelos
docentes, exercícios do manual, outros livros, internet, etc.).
Esta observação aliada a uma revisão de literatura e a frequentes reuniões tanto com a
professora cooperante tanto com a supervisora da universidade permitiram traçar uma linha
orientadora para a minha intervenção e definir estratégias de ação educativa. Neste ponto foi
também essencial o trabalho realizado em parceria com o restante núcleo de estágio pois
optámos por uma estratégia conjunta que levaria a uma futura comparação de resultados, não
nos cingindo apenas à nossa turma mas alargando o raio de ação a outros cursos profissionais e
39
a outros anos de escolaridade.
2.1.1.1. Resumo da observação direta da turma
A primeira impressão da turma observada foi, sem dúvida, boa pois encontrei um grupo
agradável. No entanto verifiquei que os seus interesses vagueiam para bem longe da matéria
escolar que nesse dia estavam a trabalhar e que foi alvo de avaliação. A Internet, com o
Facebook, Youtube, jogos online, entre outros, são, sem dúvida, o seu foco principal de
interesse. Nos momentos livres todos querem saber as últimas novidades, que vídeos estava
este ou aquele a ver, que jogo jogava determinado aluno, trocando impressões entre si. Foi ainda
notória a falta de autonomia apresentada pelos alunos na realização das tarefas propostas pela
professora.
Estes comportamentos levaram-me a verificar que a motivação dos alunos se foca mais
nas suas atividades de lazer do que nos conteúdos da disciplina, devendo ser trabalhada, para
que os alunos possam progredir na sua aprendizagem. Se os interesses dos alunos diferem da
matéria, fica a questão, por que não trazer esses mesmos interesses para a aula e estabelecer
entre eles e a matéria uma qualquer relação?
Com o decorrer do ano letivo, fui verificando que os comportamentos desviantes dos
alunos foram crescendo. Aquando da receção dos seus resultados escolares, maioritariamente
negativos, os alunos não mostraram grande admiração e preocupação, desculpando-se com o
fato de não terem estudado porque não têm internet em casa, não podendo aceder ao materiais
no Moodle, entre outros, o que não se afigura como desculpa plausível pois a escola possibilita o
acesso à internet na biblioteca.
Ao longo das aulas, principalmente nas exposições teóricas, é notório que os alunos, por
vezes, dispersam por não estarem a compreender a matéria mas não apresentam qualquer
esforço e interesse em ultrapassarem esta dificuldade. Quando é proposta alguma atividade
prática, os alunos levam algum tempo até iniciar a mesma, no entanto, ao longo da realização
da mesma, entreajudam-se, denotando uma união entre os alunos.
Em ambos os turnos existem alunos que não realizam as tarefas propostas, estando
repetidamente na internet a jogar online, apesar de serem chamados à atenção por diversas
vezes. No entanto, há também um grupo pequeno de alunos que, apesar de conversador se
40
empenha em realizar as tarefas. Quando é pedido aos alunos para realizarem um trabalho para
a aula seguinte (trabalho de casa), raramente algum aluno o concretiza.
Ao longo do período de observação foi possível concluir que os alunos apresentavam
muitas dificuldades em compreender a matéria sem, no entanto, se preocuparam em prestar
atenção para as superar. Foi notória ainda uma falta de preocupação pelos seus resultados
escolares e pelo seu sucesso, falta de autonomia e falta de interesse pelos conteúdos escolares
e mesmo pela escola em geral.
Ao longo dos anos em que já lecionei conteúdos de programação fui-me deparando com
um grande dificuldade: como tornar os conteúdos mais ‘interessantes’ para os alunos? Este
‘interessantes’ prende-se com o fato de que são conteúdos muito teóricos, tendo os alunos que
aprender a sintaxe da linguagem de programação para depois construir linhas de código. Assim
que me foi atribuído o módulo de Programação SQL para a intervenção pedagógica, deparei-me
com o mesmo problema. E ao longo da observação verifiquei que os alunos apresentavam uma
baixa motivação para a escola, principalmente no que tocava a aulas e conteúdos teóricos.
Assim, um dos desafios foi pensar como ultrapassar esta dificuldade já que a matéria tinha que
ser dada e, neste módulo ,não iria existir aplicabilidade pratica da programação SQL em
qualquer programa (o que iria acontecer no módulo seguinte). Assim, este é um módulo apenas
teórico que tem como objetivos compreender e utilizar a linguagem SQL, na construção e
manutenção de uma base de dados.
2.1.1.2. A atividade exploratória
Nesta fase inicial surgiu a possibilidade de trabalhar a problemática encontrada, a falta
de motivação dos alunos, através da criação de videogramas por parte dos alunos sobre
conteúdos escolares. Koumi (2006) refere que o vídeo educativo pode ser utilizado como apoio à
aprendizagem mas também como forma de estimular a motivação: "stimulate appetite to learn,
e.g. by revealing the fascination of the subject, galvanize/spur into action, provoke viewers to get
up and do things" (Koumi, 2006, pp. 3-4).
No entanto, era necessário perceber qual o interesse dos alunos por esta estratégia
didática. Assim surgiu a tarefa Anima-te! Que pretendeu apurar o interesse, a motivação e os
41
conhecimentos prévios dos alunos para a edição de vídeo, mas que auxiliou ainda na sua
caracterização. Os objetivos da tarefa foram os seguinte:
1. Diagnosticar o nível de interesse e empenho na utilização de ferramentas de edição de
vídeo;
1.1. Diagnosticar o nível de domínio das ferramentas tecnológicas por parte dos alunos,
nomeadamente, ferramentas de edição de vídeo;
1.2. Proporcionar contato com a produção vídeo;
1.3. Estimular o recurso a novas ferramentas de edição vídeo disponíveis na internet;
1.4. Permitir a aquisição de competências base de planeamento de edição de vídeo;
1.5. Fomentar o sentido estético na produção de vídeo, recorrendo a modelos;
1.6. Fomentar o espirito crítico sobre o trabalho desenvolvido;
2. Complementar a caraterização dos alunos recebida do diretor de turma
2.1. Conhecer os focos de interesse dos alunos para futura adequação de materiais e
tarefas a desenvolver;
A tarefa consistia em realizar um pequeno vídeo (cerca de 30 segundos), recorrendo à
ferramenta web Animoto (www.animoto.com). O vídeo tinha como finalidade a criação de uma
mensagem multimédia de natal para um destinatário à escolha do autor, o que era apropriado
ao momento da atividade – mês de Novembro. Deveria conter os seguintes elementos
obrigatórios: imagem; som; texto; créditos. Podendo ainda conter elementos opcionais como:
excertos de vídeo e/ou locução. A atividade decorreu em sala e tempo de aula, desenrolando-se
conforme o esquema da tabela seguinte:
Atividade Recursos Responsável
1. Exposição sobre o modo de funcionamento da ferramenta
Computador Quadro interativo Acesso à internet
Professor
2. Realização do vídeo
Computadores Acesso à internet
Escolher o destinatário.
Aluno
Registar no Animoto.
Selecionar imagens/vídeos/som.
Selecionar modelo conforme o seu gosto e o gosto do destinatário.
Elaborar o guião do vídeo.
Edição e produção do vídeo.
Disponibilização do vídeo. 3 Elaboração da reflexão crítica. Ficha de reflexão crítica Professor e aluno
Tabela 1- Esquema da realização da tarefa Anima-te
42
A tarefa foi realizada pela turma alvo da intervenção bem como pelas turmas
intervencionadas pelos restantes elementos do grupo de estágio. Deste modo a amostra
consistiu em duas turmas do 10º e uma do 11º ano do ensino profissional, sendo uma turma
(10º) da área da restauração e bar e as outras duas (10º e 11º) da área de informática. O total
da amostra foi de 51 alunos, 37 do 10º ano e 14 do 11º ano), com uma média de idades de
16,3.
De salientar que apesar de na altura da aplicação da tarefa exploratória apesar de a
intervenção estar definida para o turno B da turma por uma questão de equidade entre os turnos
foi decidido com a professora cooperante que ambos os turnos iriam realizar a tarefa. Desta
forma o público-alvo da tarefa foi superior ao público analisado aquando da avaliação da
intervenção. Mais tarde esta opção revelou-se uma mais valia já que pelos motivos já explicados,
o turno alvo da intervenção deixou de ser o B e passou a ser o A.
Quanto a pré-requisitos todos os elemento da amostraram frequentaram disciplina de
Tecnologias de Informação e Comunicação, no 9º ano de escolaridade, possuindo os
conhecimentos básicos de navegação na internet e utilização de software de aplicação.
Antes da realização da tarefa foi realizada uma breve exposição sobre o modo de
funcionamento da ferramenta, iniciando-se com uma breve descrição da tarefa (debate com o
grupo sobre; o porquê da tarefa (trabalho de grupo utilizando vídeo); importância do
planeamento), seguindo-se duas advertências, uma sobre a ligação do Animoto ao Facebook,
correndo-se o risco de dar permissões de divulgação de informação privada, outra sobre os
direitos de autor, chamando a atenção que todas as fontes de material utilizado devem ser
indicadas. No final foi realizada a apresentação da ferramenta Animoto (fazer o registo, mostrar
vídeos exemplo). Após este momento os alunos procederam ao planeamento do seu vídeo.
Após a entrega do vídeo a tarefa foi concluída com a elaboração de uma reflexão crítica.
Para isso os alunos preencheram um formulário online, criado no Google Drive (Anexo 1), Os
vídeos produzidos foram avaliados segundo os critérios que constam de uma grelha criada para
esse efeito (Anexo 2).
A recolha de dados apurou elementos de informação, tais como: cumprimento de
prazos, utilização de elementos obrigatórios e facultativos, avaliação da tarefa pelo aluno e
atitude face a eventual novo projeto de edição de vídeo. Considerou-se relevante tentar
43
percecionar qual a opinião dos alunos sobre os seguinte tópicos: se a realização da tarefa
constituiu uma obrigação ou se foi motivante e se seria uma experiência a repetir (esta última
com maior peso para o projeto de intervenção).
Dos 51 alunos das três turmas apenas 48 executaram a tarefa no devido prazo. Da
análise dos vídeos entregues foram retirados os seguintes resultados:
Gráfico 1 - Elementos obrigatórios
Gráfico 2 - Elementos Opcionais
Trinta e três alunos (65%) utilizaram todos os elementos obrigatórios (o incumprimento
deveu-se na sua quase totalidade à ausência dos créditos). Apenas 4 alunos (7%) utilizaram
elementos opcionais (vídeo).
65%
35%
Elementos Obrigatórios
Utilizaram Não utilizaram
8%
92%
Elementos Opcionais
Utilizaram Não utilizaram
44
Gráfico 3 - Avaliação da tarefa
Uma ampla maioria de alunos, 41 (80%), avaliaram positivamente a tarefa, destes 17
alunos (33%) “gostaram muito".
Gráfico 4 - Realização de novos projetos em vídeo
Trinta e sete alunos (73%) gostariam de voltar a realizar projetos recorrendo à edição de
vídeo, destes 23 (45%) gostariam muito. O vídeo é sem dúvida uma ferramenta que desperta o
interesse dos alunos dado que quase três quartos destes gostariam de voltar a editar vídeo.
No questionário foi ainda solicitado aos alunos que indicassem os pontos fortes e os
pontos fracos da tarefa. Os pontos fortes mais referidos foram a “experiência com um novo
software” e “uma tarefa diferente”. O ponto fraco mais referido foi o do limite apertado de 30
segundos para o vídeo, limite imposto pela utilização gratuita do Animoto.
No final da tarefa Anima-te foi possível concluir que o rumo inicial da estratégia da
intervenção pedagógica estava bem definido. Ficou evidente o interesse dos alunos na produção
33%
46%
19% 2%
Avaliação da Tarefa
Muito Médio Pouco Nada
45%
27%
20%
8%
Realização de novos projetos em vídeo
Muito Médio Pouco Nada
45
de videogramas e que a maioria possuía os pré-requisitos elementares para edição de vídeo em
computador.
Através da observação direta realizada ao longo da realização da tarefa foi possível
verificar que os alunos apresentaram uma boa reação à tarefa, sendo que alguns já haviam
produzido vídeos para partilharem no Youtube. Assim que a tarefa foi apresentada os alunos
quiseram logo iniciar a construção do seu vídeo, demostrando interesse na realização da
mesma.
2.1.1.3. Estudo "Educação para a Tecnologia - Segurança na Internet e
hábitos de utilização do computador versus vida escolar e social"
Durante o período de observação da turma (Dezembro) realizou-se um inquérito inserido
no estudo "Educação para a Tecnologia - Segurança na Internet e hábitos de utilização do
computador versus vida escolar e social" que pretendia conhecer melhor qual a realidade dos
alunos sobre o tema. Apesar de o estudo ter sido realizado em diversas escola, num universo de
mais de cem alunos os dados aqui apresentados referem-se apenas á turma alvo da intervenção,
num total de 24 respondentes, por forma a caracterizar a turma, analisando os seus hábitos e
interesses.
Assim definiram-se como objetivos deste estudo:
Investigar os hábitos de utilização do computador e da internet (segurança) em alunos
do 3º ciclo e do ensino secundário;
Verificar se existe algum paralelismo entre esses hábitos e a vida escolar e social dos
adolescentes.
A teoria ecológica de Bronfenbrenner defende que o desenvolvimento do indivíduo, em
especial do adolescente, é influenciado pelo ambiente e contexto onde o mesmo se encontra
considerando, ainda, a importância de eventos histórico-sociais (Schiamberg, Paulson, Zawacki,
1998, p. 15). Um exemplo disso é a revolução industrial que levou a alterações sociais maciças
que, por sua vez, modificaram a estrutura da escola (Sprinthall e Collins, 1988, p. 569).
Atualmente, vivemos na chamada Sociedade de Informação e, como tal, a sociedade e o
indivíduo são afetados pelos desenvolvimentos tecnológicos, nomeadamente o aparecimento da
Internet.
46
Gráfico 5 - Número de horas no computador
Gráfico 6 - Controlo do tempo no computador
A maioria dos alunos faz uma utilização excessiva do computador, passando
demasiadas horas do seu dia em frente ao computador. Segundo Martin (2011) a utilização
máxima do computador para lazer é de duas horas por dia o que indica que os alunos estão
bem acima de uma utilização adequada, sendo ainda de referir que 71% dos alunos não têm
qualquer monitorização do tempo que estes gastam com o computador.
O presidente da Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN), Pedro Veiga,
considera que a Internet provocou uma "mudança radical" nos hábitos das pessoas. Referiu,
ainda, que "hoje em dia assistimos a um mundo onde as pessoas até uma certa idade têm que
estar sempre ligadas à Internet para ler e-mail, para se atualizarem, para comunicarem com os
amigos, para saberem onde é o restaurante onde querem ir".
47
Gráfico 7 - Controlo das atividades realizadas no computador
Aliado ao tempo que os adolescentes passam no computador acresce o fato de que 75%
dos alunos refere que ninguém controla quais as atividades desenvolvidas durante esse tempo.
Ao analisar quais as atividades mais comuns salientam-se as redes sociais como é visível no
quadro seguinte:
Gráfico 8 - Redes Sociais utilizadas
A rede social mais popular é o Facebook, já que apenas um adolescente não se
identifica como utilizador, havendo ainda muitos alunos que utilizam outras redes sociais. De
notar que ninguém optou pela opção nenhuma, sendo todos utilizadores.
48
Gráfico 9 - O Porquê da inscrição nas redes sociais
Sendo todos os alunos utilizadores das redes sociais verifica-se que as suas motivações
para a inscrição são do âmbito social, ou motivadas pelos amigos, que também já pertencem á
mesma rede social ou para expandirem a sua rede de amigos.
Fortes pressões exercidas sobre os adolescentes para que estes entrem em
conformidade com os sistemas sociais que o grupo de colegas e a escola
representam. A necessidade de se tornarem semelhantes aos membros de um
determinado grupo social pode ser suficientemente forte para inibir o
desenvolvimento do raciocínio interpessoal, o qual envolve uma perspetiva
objetiva e independente. (Sprinthall, 1994)
é de notar a importância dos pares como elemento motivador para os adolescentes tendo estes
um papel preponderante nas escolhas dos alunos, bem como no seu sucesso ou insucesso.
Foram colocadas diversas questões sobre os hábitos dos alunos ligados à utilização das
novas tecnologias, permitindo perceber qual o papel que estas desempenham na sua vida.
Gráfico 10 - Hábitos de sono e utilização do computador
49
Gráfico 11 - Hábitos alimentares e utilização do computador
Um número significativo de alunos (46%) refere que já preferiu ficar a jogar computador
em vez de dormir, sacrificando o seu descanso e mesmo o seu rendimento escolar em prol do
computador. Mais importante ainda para clarificar a falta de hábitos saudáveis na utilização do
computador é o fato de 75% dos alunos confirmar que já realizou refeições em frente ao
computador para não parar as suas atividades de lazer. Este valor vem ainda alertar para o
papel regulador da família para estes adolescentes, pois os adolescentes gastam as suas horas
de lazer no computador.
Gráfico 12 - Resultados escolares e utilização do computador
Gráfico 13 - Aulas e utilização do computador
Um número significativo de alunos quando interrogados sobre o impacto que a utilização
do computador tem nos seus resultados e performance escolar referem que poderiam ter
melhores notas se jogassem menos ou utilizassem menos a Internet. Além disso 70% dos alunos
50
refere que, nas aulas, utiliza o computador para lazer ao invés de realizar as tarefas escolares. É
de notar que estes resultados nos remetem para a falta de interesse pela escola, já que os
alunos dão mais importância às suas atividades de lazer do que às tarefas escolares.
Gráfico 14 - Concentração e utilização do computador
Gráfico 15 - Disciplinas a que apresenta dificuldades
Metade dos alunos refere que tem problemas em se concentrar tanto nas aulas como
quando está a estudar, sendo que ainda mais alunos referem que têm dificuldades nas
principais disciplinas do seu curso, as disciplinas de matemática e de programação.
Após a realização e análise dos inquéritos foi possível concluir que os alunos são
adeptos fervorosos da utilização do computador para lazer, apresentando:
um baixo nível de responsabilidade;
maus hábitos de descanso;
baixos níveis e atenção;
comportamentos inadequados;
piores notas do que referem poder alcançar.
No entanto, apesar de cerca de uma grande maioria dos alunos apontarem como
atividade regular a utilização da Internet, quase todos referiram que preferem sair com os
amigos, existindo ainda uma grande valorização da componente presencial no contato com os
amigos.
51
O estudo permitiu ainda aferir que os alunos vêm o computador como uma forma de
prolongar o contacto com os amigos, fortalecendo os laços já existentes mas que permite,
também, criar novos laços. O computador é um elemento integrador no grupo de colegas e
amigos.
Relativamente à família fica a questão se o computador é um novo membro para dividir
a família já que quase 80% dos alunos passa mais que duas horas por dia no computador, para
lazer, sendo que cerca de 70% referem que ninguém controla o que fazem no computador e
75% já realizou refeições enquanto jogava computador ou navegava na internet.
Efetivamente verifica-se que os desenvolvimentos tecnológicos têm uma influência clara
na vida escolar e social dos adolescentes, nos dias de hoje. Relativamente aos hábitos de
utilização do computador, nomeadamente as competências demonstradas pela amostra do
estudo realizado, vai ao encontro das conclusões também alcançadas pelo recente estudo
realizado na União Europeia. Segundo o relatório "Projeto EU Kids Online"2, as crianças
portugueses mostram competências, "acima da média europeia", em lidar com riscos e
experiências negativas na Internet.
Através desta investigação foi possível concluir que os alunos utilizam em demasia e
sem controlo o computador e internet, referindo Martin que os "Adolescentes que utilizam
excessivamente o computador para lazer estão mais propensos a experimentar problemas de
comportamento, aprendizagem e atenção" (Martin, 2011). No entanto Ponte e Vieira referem
que "é maior o risco da não utilização do computador e Internet do que da utilização" (Ponte &
Vieira, 2008) pois estes alunos são nativos digitais e a não utilização das novas tecnologias
coloca-os em risco de serem excluídos, de ficaram para trás.
Outra conclusão possível é a preponderância do papel dos amigos em relação ao da família. "Os
colegas contribuem positivamente para o desenvolvimento do adolescente, através de variadas
maneiras que não são possíveis à família" (Sprinthall e Collins, 1994). Completando a
afirmação de Sprinthall e Collins, é de referir que "não é a tecnologia em si que produz os
efeitos negativos, mas sim aquelas atividades que não estão sendo realizadas em família."
(Hallowell apud Wallis 2006). Não se deve ‘culpar’ a tecnologia por determinados
comportamentos mas sim o uso que os adolescentes fazem dela e que por eles responsáveis
deixam que eles façam com ela.
2 consultado a 10/01/2013 em http://www.fcsh.unl.pt/eukidsonline/
52
No entanto, "a adolescência é o período da vida em que os indivíduos tendem a assumir
mais e maiores comportamentos de risco" (Arnett, 1992), através da procura de sensações
fortes, afirmação, independência, integração, pelo que, muitos destes comportamentos são
expectáveis. Conclui-se com este estudo que é necessário existir uma maior aposta na formação
dos encarregados de educação para que possam acompanhar os seus educandos numa
utilização segura da tecnologia que têm ao seu dispor. Como refere Morais (2009)
"comportamentos irresponsáveis ou compulsivos que, aliados ao uso excessivo da tecnologia
podem resultar na redução da sociabilidade e do aproveitamento escolar, podendo mesmo
conduzir à dependência".
A tecnologia está bem presente na vida dos alunos, exercendo sobre eles um forte
fascínio mas, na maioria dos casos, é utilizada apenas como forma de lazer e não como um
possível complemento do estudo. A tecnologia pode desempenhar um papel importante no
sucesso escolar dos alunos já que estes se sentem motivados para a sua utilização. Deste
modo, com este estudo foi possível concluir que a estratégia a desenvolver deveria passar
sempre pela utilização das novas tecnologias, permitindo aos alunos aliar os seus interesses
pessoais às suas tarefas escolares, por forma a verem estas como algo aliciante e motivador.
2.1.2. Fase da Implementação
A segunda fase do projeto foi planeada de forma sequencial. No inicio da intervenção,
iniciou-se um novo módulo e esta acompanhou o módulo até ao seu primeiro momento de
avaliação.
Num primeiro momento da intervenção procedeu-se à elaboração dos materiais
necessários, bem como à preparação de uma abordagem à produção vídeo que seria feita com
os alunos. Antes de estes partirem para a criação do seu vídeo, foi necessário dotá-los de alguns
conhecimentos ligados à produção, essenciais para que pudessem realizar o seu trabalho, bem
como de alguns conceitos sobre os conteúdos que iriam abordar no seu vídeo. O vídeo
produzido deveria explicar aos colegas um conceito da matéria do módulo de Linguagem SQL,
podendo os alunos recorrer a diferentes formas (metáforas da vida real, exemplos práticos, etc.).
A criação dos grupos foi realizada tendo em atenção que deveriam ser grupos pequenos e
heterogéneos, para que todos os elementos pudessem contribuir para o trabalho. Na criação do
53
vídeo, os alunos passaram pela fase de conceção, planificação, filmagem, produção e
apresentação do mesmo à restante turma. Com este trabalho pretendeu-se promover a
aprendizagem de conceitos da matéria mas também promover a sua criatividade e o trabalho de
equipa. Ao longo da realização dos trabalho assumi um papel de orientação e facilitação da
aprendizagem, ajudando os alunos ao longo do processo mas, também, controlando o trabalho
por forma a validar o conteúdo.
Após a apresentação e avaliação dos trabalhos deu-se seguimento à intervenção através
de aulas teóricas e práticas onde, por forma a cumprir o programa pré-estabelecido da
disciplina, foram lecionados os restantes conteúdos que seriam avaliados no teste de avaliação
que iria coincidir com o final da intervenção.
A avaliação da intervenção foi realizada em dois momentos. Primeiramente, foi realizada
uma avaliação à turma intervencionada e, de seguida, foi realizada uma avaliação comparativa
entre as três turmas do núcleo de estágio.
De seguida apresentam-se as intervenções didáticas levadas a cabo no âmbito da
implementação do projeto, bem como a respetiva reflexão e avaliação.
A intervenção pedagógica, que se iniciou com a apresentação do módulo (Programação
SQL), assentou em três momentos:
1. explorar e trabalhar o módulo de conceitos de programação SQL;
2. realização do vídeo didático;
3. lecionação de aulas teóricas e práticas por forma a trabalhar os restantes conteúdos.
Estas fases tinham já um limite de tempo imposto pela data do teste de avaliação, já
marcado pela professora cooperante.
2.1.2.1. 1º Momento
No inicio da intervenção foram definidos como objetivos para a primeira aula a
aprendizagem de conceitos básicos sobre Programação SQL e a avaliação dos grupos
estipulados. Num momento anterior, os alunos haviam sido agrupados em grupos de três ou
quatro, por mim e pela professora cooperante. Tornou-se necessário, no entanto, realizar uma
verificação: se de fato os alunos agrupados trabalhavam bem entre si e se não existiam conflitos
que necessitassem de ser identificados e resolvidos. Ao analisar os grupos foi possível verificar
54
que os alunos gostam de trabalhar em grupo, sendo que na maioria dos grupos realizam as
tarefas com sucesso, apoiando-se uns aos outros.
A primeira aula iniciou-se com uma apresentação do novo módulo, encetando um
diálogo com os alunos por forma a verificar se estes já possuíam algum conhecimento sobre as
temáticas a ser abordadas. Após este primeiro diálogo, foram apresentados e negociados os
objetivos do módulo bem como as modalidades de avaliação, informando-se também os alunos
da data do teste, que coincidia com o final da intervenção.
Após a fase introdutória geral do módulo foi proposto aos alunos um trabalho de grupo —
desenvolver uma pesquisa sobre os conceitos básicos da matéria —, por forma a proporcionar
aos alunos um primeiro momento de descoberta sobre os novos conteúdos. Antes de iniciarem a
tarefa, expliquei quais os objetivos e como deveria ser entregue, bem como qual o prazo para
entrega. Assim que iniciaram a resolução da ficha, todos os grupo optaram por trabalhar em
dois postos de trabalho (dois computadores) dividindo tarefas entre si.
Esta atividade permitiu aos alunos recolher algumas informações e conceitos
importantes que iriam ser trabalhados nas aulas seguintes, despertando-lhes a curiosidade para
a matéria. O trabalho de pesquisa consistia na resposta a três questões base:
O que é a Linguagem SQL?
Quais as suas caraterísticas?
Quais as suas vantagens e desvantagens?
No final da tarefa, cada grupo colocou o resultado das suas pesquisas na plataforma
Moodle. Não foi necessário explicar aos alunos como realizar a entrega já que estes já utilizavam
a plataforma Moodle tanta na disciplina de Sistemas de Informação como em outras disciplinas.
Os alunos reagiram positivamente a esta tarefa, tendo todos os grupos cumprido os objetivos e
entregue no tempo delimitado. Os grupos revelaram-se equilibrados já que em nenhum surgiu
qualquer problema entre os elementos. No entanto foi já notório que um dos grupos não estava
tão motivado para o trabalho, tendo que ser constantemente chamado à atenção, revelando-se
pouco autónomos. Esta constatação vai ao encontro do que já foi referido na súmula das aulas
observadas acerca das características dos alunos.
55
2.1.2.1.1. Plataforma Moodle
Ao longo das aulas a plataforma Moodle foi utilizada para disponibilizar o material das
aulas (apresentações, vídeos, fichas de trabalho, entre outros) aos alunos, e criando um espaço
onde estes pudessem entregar as resolução das tarefas propostas, fomentando a comunicação
professor-aluno, e aluno-professor.
Imagem 2 - Aspeto da página da disciplina na plataforma Moodle
Esta plataforma é um ambiente virtual de aprendizagem que agrega um conjunto de
funcionalidades além das já referidas. É possível determinar acesso protegido a determinados
conteúdos, definindo os utilizadores e quem vê o quê, oferece ainda a possibilidade de utilização
de um chat e fóruns, por forma a debaterem-se conteúdos escolares, tanto de forma síncrona
Módulo 3 | Programação SQL
56
como assíncrona. Pode ainda delimitar-se prazos de entrega de trabalhos/testes, funcionalidade
utilizada ao longo da intervenção.
O Moodle funcionou como uma expansão da sala de aula, não servindo somente para
disponibilização de informação e troca de ficheiros mas, também, para a construção de uma
comunidade de aprendizagem.
No artigo 12 da Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e
Acção (UNESCO, 1998) diz-se: “as rápidas inovações por meio das tecnologias de informação e
comunicação mudarão ainda mais o modo como o conhecimento é desenvolvido, adquirido e
transmitido". É necessário trazer estas inovações para a sala de aula, alargando a sala de aulas
além das quatro paredes que a delimitam fisicamente.
No seguimento deste trabalho, a aula seguinte consistiu numa exposição teórica sobre
os conteúdos pesquisados por forma a realizar uma revisão do que haviam pesquisado,
preenchendo alguma lacuna nas pesquisas e levando os alunos que não haviam percebido
alguns conceitos a apreendê-los. Ao longo da aula, além da exposição, foram promovidos
momentos de diálogo, interrogando os alunos sobre os conceitos para que pudessem aplicar o
que havia pesquisado e também como forma de chamar a atenção dos alunos para os
conteúdos já que, por vezes, alguns alunos se distraíam na conversa uns com os outros. Durante
esta aula, os alunos não estiveram nos seus postos de trabalho normais com computadores mas
sentados nas mesas centrais da sala.
Ainda nesta primeira fase da intervenção, foi lecionado mais uma aula de exposição
teórica que abordou os principais comandos da Linguagem SQL, por forma a que os alunos
percebessem as principais características da linguagem, desde sintaxe a apresentação. Após
esta aula de exposição teórica foi dada aos alunos a possibilidade de testarem os conhecimentos
adquiridos numa aula prática, através da realização de uma ficha de trabalho. A última aula
desta primeira fase consistiu na realização de uma ficha de trabalho a pares, promovendo a
interajuda entre os alunos. A ficha de trabalho foi disponibilizada na plataforma Moodle, tendo
sido disponibilizada também na plataforma a correção da mesma no final da aula. Já nesta fase
foi possível verificar que os alunos reagem com mais entusiasmo a tarefas mais práticas onde
possam colaborar entre si, trocando ideias, e onde possam aplicar conhecimentos. No entanto
alguns alunos necessitam de uma maior controlo do seu trabalho, sendo necessário chamá-los á
atenção para que não se dispersem em atividades lúdicas no computador, como redes sociais e
jogos online, que como foi possível perceber pelo estudo já apresentado acima é muito comum
57
acontecer. Enquanto os alunos realizaram a tarefa dada, adotei uma postura de guia ou
monitora, auxiliando os alunos na resolução dos exercícios esclarecendo dúvidas e mesmo
motivando-os para a realização da ficha.
É importante notar que nem sempre é fácil ser apenas monitor da aprendizagem já que
nem todos os alunos têm o mesmo ritmo de aprendizagem. É necessário ter este fator em
consideração na conceção de estratégias e mesmo na construção dos materiais utilizados na
aula para que todos os alunos consigam realizar as aprendizagens.
Esta fase foi importante para que os alunos tivessem uma base de conhecimento que
lhes facilitasse a próxima tarefa, a realização de um vídeo didático.
2.1.2.2. 2º Momento
Durante o segundo momento da intervenção foi pedido aos alunos que, trabalhando em
grupo, realizassem um vídeo didático (Anexo 3).
A primeira aula desta fase teve como objetivo a promoção da discussão de ideias entre a
turma e a aprendizagem de conceitos básicos de produção de vídeo. Iniciou-se a aula com a
apresentação do trabalho que os alunos iriam realizar nas aulas seguintes, os objetivos,
características e prazos, tendo sido ainda realizada uma pequena discussão de ideias sobre
como deveriam ser os trabalhos apresentados, tendo sido apresentado aos alunos alguns
exemplos de trabalhos. No final deste momento, foram apresentados os grupos e foi atribuído a
cada grupo uma temática do módulo. Foi ainda pedido a cada grupo que definisse um líder para
o grupo que ficaria responsável por ser o porta-voz do grupo sempre que necessário e que
deveria coordenar o trabalho do grupo, organizando e distribuindo tarefas pelos vários
elementos. Esta tarefa foi muito importante para que os alunos percebessem a importância de
trabalharem de forma organizada e para que cada um tivesse diferentes responsabilidades no
decorrer do trabalho, mas verificando que cada um dos elementos era essencial para o sucesso
do trabalho. Os temas atribuídos foram os seguintes:
Eliminar e alterar a estrutura de uma tabela;
Criar e eliminar índices e vistas;
Inserir dados numa tabela;
Apagar registos e alterar dados.
58
A tarefa consistia na realização de um pequeno vídeo, com duração entre 4 a 6 minutos,
o qual poderia ser criado com recurso ao software de edição instalado nos laboratórios de
informática, Microsoft MovieMaker ou outro à escolha. Os videogramas poderiam conter
imagens, som, texto, excertos de vídeo e créditos (nomes dos autores, nome do curso, nome da
escola, disciplina, ano letivo), sendo este último obrigatório. O objetivo do vídeo foi decompor
conceitos básicos dos conteúdos programáticos oficiais, um por cada grupo de trabalho,
conceitos esses que serviram de base ao conteúdo dos vídeos a criar, os quais seriam, no final,
apresentados à turma. Os alunos tinham autonomia para decidir como iriam abordar o seu tema
e a que elementos iriam dar primazia. No entanto não se deve confundir esta autonomia com a
liberdade para fazerem o que queriam mas que os alunos tinham liberdade para construírem,
responsavelmente, um vídeo que correspondesse aos objetivo da tarefa. Enquanto os alunos
realizaram este trabalho, fui apenas orientando a realização do mesmo e ajudando a
compreender o conceito que lhes tinha sido atribuído, adotando uma postura reflexiva.
Os alunos mostraram-se bastante agradados com o trabalho proposto começando logo a
trocar ideias, colocando dúvidas e fazendo já planos para o seu trabalho.
De forma a que os alunos apreendessem a importância da planificação, a realização do
trabalho foi orientada para obedecer às seguintes fases: definição da ideia, pesquisa de material,
filmagens (se necessário) e montagem do vídeo. Na primeira aula ainda foi apresentada aos
alunos a ferramenta de edição de vídeo MovieMaker porque, apesar de a maioria já conhecer o
programa, n\ão estavam cientes de algumas funcionalidades importantes para a realização do
vídeo. A segunda aula teve como objetivo a troca de ideias dentro de cada grupo, devendo cada
um definir a ideia base para o seu vídeo, até ao final da aula. Adotando um papel
essencialmente de observadora, incentivei os grupos a realizarem pesquisas sobre o seu tema,
de forma a perceberem o conceito que tinham que transmitir à turma e para discutirem como o
poderiam fazer. Ao circular pela sala de aula, conversando com cada grupo, fui percebendo que
a maioria estava no bom caminho, formulando ideias que poderiam ser executadas. No entanto
um grupo necessitou de uma participação mais ativa da minha parte, orientando as suas opções
de uma forma mais direta.
As duas aulas seguintes tiveram como finalidade a pesquisa e recolha de material para
os vídeos, bem como a construção de guiões para que nas aulas seguintes procedessem às
filmagens. Durante estas aulas, tentei consciencializar os alunos para a importância da
59
planificação, alertando-os para o facto de que a realização de um projeto deve obedecer a várias
fases e que, se não planificarem, poderão deparar-se com grandes dificuldades na execução do
mesmo. Nesta aula, também tentei consciencializar os alunos para os riscos do plágio,
realçando que o trabalho tinha que ser deles próprios, promovendo, assim, a sua
responsabilização pelas suas escolhas, já que, apresentar um trabalho copiado seria
‘recompensado’ com um zero na nota final. Esta chamada de atenção é sempre importante já
que é cada vez mais comum os alunos apresentarem trabalhos recorrendo ao plágio, devendo
nós, professores, ajudá-los a fazer um uso correto das tecnologias a que têm acesso, orientando-
os para que não sejam meros copistas mas aprendentes efetivos.
A fase seguinte requereu aos alunos a promoção de competências de gestão de tempo
pois foi definido que tinham seis aulas, de quarenta e cinco minutos cada, para realizar as
filmagens e outros elementos necessários à produção do vídeo e, ainda, para proceder à
montagem (edição) dos vídeos. Deste modo, pretendeu-se promover a autonomia e
responsabilização dos alunos na organização das suas tarefas em sala de aula. Cada vez mais é
necessário tornar os alunos atores principais do seu processo de ensino-aprendizagem,
envolvendo-os ativamente no processo.
Durante estas aulas, fui acompanhando de perto a evolução dos trabalhos, esclarecendo
dúvidas, apoiando os alunos na construção do vídeo, mas tentando interferir o menos possível
nas suas decisões para que estes sentissem que são capazes de concretizar trabalhos de
qualidade quando se empenham. Durante este tempo, tive como objetivo adotar um papel mais
de orientadora na pesquisa e na desconstrução do conceito a trabalhar, adotando uma postura
reflexiva, avaliando constantemente as práticas pedagógicas, alterando-as quando necessário
(Perrenoud, 2002).
Os alunos mostraram-se muito empenhados, à exceção de um grupo, querendo mostrar
como estava o seu vídeo aula a aula e pedindo sempre a minha opinião, manifestando falta de
autoconfiança. Os alunos ainda estão muito dependentes da opinião do professor, de um aval
positivo e, além disso, também demostram o mesmo em relação aos seus pares. Sendo a turma
um grupo muito unido, era recorrente os alunos trocarem impressões entre si. O trabalho dentro
dos grupos decorreu de forma muito positiva, no entanto, os alunos acabaram por não delegar
tarefas entre si, não otimizando os seus recursos, pelo que verifiquei que este objetivo não foi
atingido.
60
O segundo momento da intervenção terminou com duas aulas reservadas à
apresentação dos vídeos realizados pelos grupos. Os alunos já haviam sido informados que a
apresentação consistiria em três partes: primeiramente, o porta-voz do grupo apresentaria o
trabalho (referindo qual a ideia, como a desenvolveram, principais dificuldades, etc.); de seguida,
seria visualizado o filme ; e, no final, existiria um momento de verificação de conhecimentos,
através da colocação de questões, sendo também possibilitado aos colegas da turma colocarem
questões ao elementos do grupo. Estas duas aulas decorreram conforme o planeado, tendo sido
notório que os alunos ficaram bastantes contentes com os seus trabalhos, chegando mesmo os
alunos a bater palmas a um dos grupos pois todos foram unânimes em considerar que tinham
criado um vídeo muito bom, conseguia ser divertido e transmitia os conteúdos. No entanto, um
dos grupos, já havia mencionado pela falta de motivação e empenho na realização do trabalho,
apresentou o vídeo menos aclamado pelos colegas, que chegaram mesmo a apontar diversas
sugestões que os colegas poderiam ter feito para tornarem o seu vídeo melhor. Desta forma, foi
notório o interesse e envolvimento dos alunos pela tarefa. O fato de partilharem os seus
trabalhos com o resto da turma e de verem o seu esforço reconhecido pelos pares foi sem
dúvida motivante para os alunos. Tal pode ser motivante para os alunos no sentido de
continuarem a fazer um bom trabalho no âmbito da disciplina ou do projeto em questão, pois os
alunos possuem um desejo de atingir um objetivo através do sucesso, o que favorece neles a
tomada de atitudes em prol da atividade que lhes é proposta (Gardner, 1985, p. 50). Após a
apresentação, decorreu um momento de auto e heteroavaliação no qual cada aluno respondeu a
um questionário no Google Drive. É importante que os aluno reflitam sobre o trabalho realizado
para que possam apontar pontos fortes e menos fortes, para que os possam corrigir mais tarde,
apercebendo-se de que características são essenciais para trabalhar em grupo e para realizar
um projeto.
2.1.2.3. 3ºMomento
Após o 2º momento da intervenção, foi possível verificar que os alunos estavam mais
motivados para o trabalho em sala de aula, havendo um conjunto alargado de alunos que se
empenhava de uma forma mais visível na realização das tarefas propostas, participando
ativamente nas aulas.
61
Como forma de lecionar os restantes conteúdos e devido ao seu grande teor teórico foi
decidido que o terceiro momento iria consistir num intercalar de aulas teóricas com aulas de
aplicação prática de conteúdos. Esta opção deveu-se ao fato de a turma ter um currículo
prescrito com datas já definidas desde o início do ano, pelo que não existe muita margem de
manobra para nos afastarmos dessa linha de trabalho já determinada. Desta forma existiam
alguns conteúdos que teriam de ser lecionados e trabalhados com os alunos antes do teste de
avaliação.
A actuação profissional dos professores está condicionada pelo papel que se
lhes atribui no desenvolvimento do currículo (…), o papel dos professores está,
de alguma forma, prefigurado pela margem de actuação que lhes é deixada
pela política e pelo marco no qual o currículo se regula administrativamente.
(Gimeno, 1995 in Flores, 2000).
As aulas seguintes consistiram em blocos de aula interligados entre si, iniciando-se com
uma aula onde era exposta a matéria teórica, mostrando também exemplos da sua aplicação
com casos da vida real, seguindo-se um momento de aplicação de conhecimentos práticos com
a realização de exercícios onde era dado um problema aos alunos para que estes encontrassem
a solução mais adequada dentro da matéria já dada. Esta estratégia foi decidida em conjunto
com a professora cooperante, tendo também como base o trabalho que já vinha desenvolvendo
com os alunos ao longo do ano. Pretendeu-se assim contrabalançar aulas teóricas com aulas de
aplicação de conhecimentos, tendo como estratégia o seguinte: Conceitos - Operacionalização -
Experimentação. Assim, iniciava-se com exposição da matéria, mostrando exemplos da sua
aplicação com casos da vida real, seguindo-se um momento de aplicação de conhecimentos
práticos com a realização de exercícios onde era dado um problema aos alunos para que estes
encontrassem a solução mais adequada dentro da matéria já dada. Ao longo destas aulas foi
ainda importante a aposta na mobilização de ideias e experiencias prévias dos alunos de modo
explicito por forma a fazer a ponte entre conhecimentos já adquiridos pelos alunos e o que
estavam a aprender no momento.
Por forma a trabalhar esta estratégia, ancorei-me no conceito da aprendizagem baseada
em problemas. Desta forma, pretendeu-se que os alunos, além de decorarem os comandos,
aprendessem quais os comandos mais indicados para determinado problema, levando-os a
refletir e a serem ativos na sua aprendizagem. No entanto, a metodologia utilizada não é
62
Aprendizagem Baseada em Problemas na sua verdadeira forma, foi sim baseada na mesma,
tentando aplicar os seus conceitos base. "A PBL (Aprendizagem Baseada em Problemas) fornece
uma estrutura para a descoberta e ajuda os alunos a interiorizar a aprendizagem, conduzindo a
uma maior compreensão" (Delisle, 2000, p. 8). Delisle acrescenta ainda que uma aprendizagem
baseada neste modelo promove a participação ativa do aluno pois ele tem que trabalhar para
conseguir resolver o problema dado, promovendo uma maior compreensão da matéria. A aposta
na resolução de problemas propicia uma aprendizagem cooperativa já que os alunos apoiam-se
uns aos outros na sua construção do conhecimento.
As três primeiras aulas deste 3º momento consistiram numa divisão entre uma aula
teórica de exposição de conhecimentos, seguindo-se duas aulas para a resolução de uma ficha
de trabalho onde os alunos aplicaram os conhecimento adquiridos nas aulas anteriores, tanto na
aula teórica como nos vídeos apresentados. Enquanto os alunos realizavam a tarefa proposta
adotei uma postura de monitora, circulando pela sala, acompanhando o trabalho dos alunos,
esclarecendo alguma dúvida que fosse surgindo. Neste momento verifiquei que os alunos
apresentavam um maior nível de autonomia, se bem que não o desejado, mas começavam a
evoluir positivamente, recorrendo ao professor com menos frequência, tentando resolver os
problemas, primeiro sozinhos ou com os seus colegas do lado.
A aula seguinte consistiu na correção da ficha de trabalho, para que os alunos
pudessem corrigir os seus erros e ainda colocar dúvidas. A correção foi realizada com a
participação ativa dos alunos. Tendo funcionado bem este esquema foi repetido mais uma vez
nas três aulas seguintes, uma aula de exposição teórica, seguida de uma aula onde os alunos
aplicaram os seus conhecimentos de forma mais prática e autónoma, terminando com um
momento de correção, onde os alunos puderam avaliar a sua prestação. Os alunos continuaram
a responder de forma positiva a este esquema, continuando a demostrar uma evolução nas suas
práticas na sala de aula. No entanto, um conjunto minoritário de alunos apresenta-se ainda
como flutuante, ora estando mais empenhado ora distraindo-se com a Internet, atrasando-se na
resolução das atividades. Ao longo destas aulas foi recorrente o recurso da plataforma Moodle
para disponibilização de material e troca de ficheiros entre o professor e os alunos e vice-versa.
Este terceiro e último momento da intervenção culminou com uma aula de revisões da
matéria dada, em que os alunos, como já era hábito na disciplina, realizaram uma ficha de
trabalho semelhante a um teste de avaliação, por forma a verificarem os seus conhecimentos,
63
esclarecendo as suas dúvidas. As duas aulas finais da intervenção consistiram na realização do
teste de avaliação.
No final deste momento verifiquei que as dificuldades encontradas foram as que antevi,
sendo que os alunos dispersavam mais a sua atenção nas aulas teóricas, tornando-se mais
participativos quando tinham uma tarefa para resolver. Assim é muito importante que a
aprendizagem não seja um processo em que alunos são passivos mas sim intervenientes ativos
da construção do seu saber.
Após o final da intervenção procedeu-se a um momento de avaliação da ação, momento
essencial para perceber qual a opinião dos alunos sobre a intervenção, e principalmente, se
estes se sentiram mais motivados com a realização das atividades. Esta avaliação foi realizada
numa aula da disciplina, recorrendo a um questionário online criado através da ferramenta
Google Drive.
2.1.2.4. Atividades Extra-Aula
2.1.2.4.1. Jornadas Técnicas
A escola organiza anualmente dois dias de atividade, Jornadas Técnicas, que pretendem
promover a oferta educativa de dupla certificação existentes na escola, dando a conhecer aos
restantes elementos da escola o que fazem os alunos nestes cursos. O núcleo de estágio
encontrou aqui uma boa oportunidade de mostrar à comunidade escolar o trabalho que havia
vindo a desenvolver com os alunos, envolvendo-os também nesta atividade. Assim foi promovida
uma atividade subordinada ao tema ‘Para mim a escola é….’. Para esta iniciativa, que teve como
público-alvo todos os alunos do agrupamento do 8º e 9º ano de escolaridade, foram definidos
como principais objetivos desta participação os seguintes:
dar a conhecer a utilização do vídeo como ferramenta de aprendizagem;
integrar o núcleo de estágio na vida escolar da escola;
aferir os sentimentos dos alunos face à escola;
alargar o âmbito do projeto de intervenção à comunidade escolar.
O núcleo de estágio decidiu realizar uma espécie de mini workshop onde os alunos iriam
criar um pequeno vídeo recorrendo à ferramenta Animoto (já utilizada na atividade exploratória),
64
e escolheu-se como nome da atividade "Anima-te", pequeno trocadilho com o nome da
ferramenta e a diversão que podemos retirar do trabalho com vídeo. A temática escolhida não foi
aleatória pois pretendíamos aprofundar o nosso conhecimento sobre qual a visão que os alunos
têm da escola. Assim, o tema escolhido para os vídeos foi ‘Para mim a escola é….’. Ao núcleo
de estágio foi facultada uma sala por onde iriam passar as diversas turmas, tendo-se definido
que a atividade, que tinha um tempo pré-estabelecido de 45 minutos, seria composta por três
fases distintas:
apresentação do vídeo como ferramenta de aprendizagem e descrição da tarefa;
apresentação e registo na ferramenta web Animoto;
execução de um vídeo, de cerca de 30 segundos que transmitisse a opinião que cada
um tinha sobre a escola e posterior envio para o email da atividade.
Imagem 3 - Workshop "Anima-te" nas Jornadas Técnicas
Os alunos da turma onde realizei a minha intervenção, bem como alunos de outra
turma, estiveram connosco auxiliando-nos no decorrer do workshop, falando com os alunos,
explicando algumas funcionalidade da aplicação e auxiliando no envio da tarefa. Foi gratificante
perceber que a maioria dos alunos auxiliaram os colegas mais novos de forma bastante eficaz,
estando motivados para a tarefa, demostrando uma responsabilidade que anteriormente não era
visível. Esta experiência foi importante para eles pois permitiu-lhes percecionar um pouco o
papel do professor, tornando-os intervenientes no processo de aprendizagem dos seus colegas.
Uma ampla maioria dos alunos que passaram pela sala e participaram no workshop
demostraram entusiasmo pela atividade, participando ativamente, colocando questões e não
querendo sair da sala sem terem a certeza que o seu vídeo já tinha sido recebido.
65
2.1.2.4.2. Dia Aberto
A escola realiza também um dia de atividades para toda a comunidade escola,
designado de Dia Aberto, onde toda a comunidade escolar do agrupamento (das três escolas
que o constituem) visitam a escola sede participando em diversas atividades organizadas para o
efeito.
Integrado neste dia o núcleo de estágio propôs realizar a atividade ‘Eu queria ser…’, por
forma a dar a conhecer um lado mais lúdico da informática, mas também para sensibilizar para
a utilizar de ferramentas de vídeo e ainda integrar o núcleo de estágio nas atividades e vivências
da escola.
A atividade consistiu na criação de um vídeo em morphing (transformação de um objeto
em outro). Era tirada uma foto a um aluno e de seguida este escolhia uma personalidade e era
realizado um vídeo em que o aluno se transforma nessa personalidade. No final o vídeo era
apresentado ao aluno e enviado por e-mail.
Toda a comunidade escolar, não apenas os alunos mas também professores e auxiliares
de educação, se mostrou entusiasmada com a atividade, querendo todos participar vendo a sua
fotografia a transformar-se noutra pessoa. Hoje em dia, as tecnologias exercem uma grande
influência na vida de toda a sociedade e com esta atividade pudemos verificar a diversão e
alegria que todos tiveram ao ver a sua ‘transformação’. Foi também muito importante porque foi
uma atividade muito visível para toda a comunidade escolar permitindo dar a conhecer o
trabalho desenvolvido pelo núcleo de estágio, permitindo-nos integramo-nos melhor na própria
comunidade.
Imagem 4 - Atividade "Eu queria ser..." no Dia Aberto
66
2.1.3. Avaliação e regulação do processo de aprendizagem
É importante que o aluno vá formulando juízos relativamente ao seu processo de
aprendizagem, tomando consciência das suas aprendizagens efetivas, do seu processo
metacognitivo e, também, das suas dificuldades, reconhecendo falhas no processo, percebendo
o que ainda falta fazer para conseguir atingir os objetivos definidos. Isto é possível através de um
processo de auto e heteroavaliação, que torna o aluno agente da sua própria aprendizagem,
promovendo a seu juízo critico sobre o trabalho que desenvolve mas, também, sobre o trabalho
que os seus pares desenvolvem, levando a refletir sobre o percurso percorrido pelo grupo em
que está inserido (Salaberri & Appel, 2003).
Este processo favorece a autonomia do aluno através de uma maior responsabilização
do mesmo no seu processo metacognitivo, tendo sido prática ao longo do trabalho a aposta na
transparência, na negociação e na colaboração entre mim e os alunos. Avaliando a sua
progressão, o aluno está a ser um agente de regulação do seu processo de ensino-
aprendizagem, não cabendo apenas ao professor a função de gerir as aprendizagem , o aluno
toma parte ativa neste processo.
A importância dada a este processo está já delineada pelo Ministério da Educação que
refere que se deve pensar numa pedagogia participada e interativa, o que “implica a criação
desde cedo de dispositivos pedagógicos visando o desenvolvimento de estratégias de
aprendizagem que instaurem no aluno a capacidade de aprender a aprender…” e que desperte
nele “a capacidade de construir a sua própria aprendizagem…” através de “uma experimentação
activa e uma reflexão sobre o como e o que se aprendeu” (DGEBS, 2001, pp. 89-101).
Ao longo de toda a intervenção e mesmo na fase preambular, existiu uma aposta na
autoavaliação e na regulação das atividades realizadas. Tanto na tarefa exploratória, como na
atividade de criação de videogramas, ao longo da intervenção, e ainda na atividade workshop
‘Anima-te’, existiram sempre momentos que permitiram aos alunos dar o seu parecer sobre o
que efetuaram, refletindo tanto sobre a sua relevância para o seu processo de ensino-
aprendizagem como sobre se estas atividades seriam motivantes para os alunos, verificando se
achavam pertinente a aposta nas mesmas.
67
Na primeira atividade realizada com os alunos, a tarefa exploratória, foi pedido aos
alunos que preenchessem um questionário de avaliação da atividade permitindo recolher a
opinião dos alunos sobre tarefas vídeos, percebendo se seria necessário reformular a estratégia
que se pretendia adotar. Aquando da intervenção, foi utilizada como estratégia a negociação com
os alunos, definindo com eles as regras e a avaliação que seria levada a cabo ao longo do
módulo. Apesar de a avaliação sumativa estar já agendada e não ser passível de alteração, existe
uma percentagem da avaliação que decorre ao longo das aulas e que pode ser estruturada pelo
professor. Deste modo, os alunos tornaram-se responsáveis pela sua avaliação. Após a
apresentação dos videogramas criados pelos alunos, existiu também um momento de auto e
heteroavaliação onde os alunos avaliaram o seu próprio trabalho e também o contributo dos
seus colegas de grupo para o sucesso do seu projeto. Além disso, também avaliaram os
restantes trabalhos de grupo. "A auto-avaliação consiste no olhar crítico consciente sobre o que
se faz, enquanto se faz e/ou depois de se ter feito” (Veiga Simão, 2005, p. 273) . Esta avaliação
consistiu no preenchimento de um questionário no Google Drive com questões direcionadas para
os resultados atingidos, os interesses dos alunos, a eficácia das estratégias que haviam definido,
qual o nível de esforço que foi necessário, as suas expetativas sobre a aprendizagem, qual a sua
contribuição para a concretização da tarefa, quais os passos dados para realizar o vídeo. (Veiga
Simão, 2005, p. 274)
À questão que os interpelava sobre o nível de esforço necessário, os alunos apontaram
várias respostas mas todas associadas à satisfação pela concretização da tarefa, que não tinha
sido muito difícil, havendo um aluno que referiu alguns constrangimentos que sentiu devidos à
necessidade de ser filmado.
Imagem 5 - Opinião dos alunos sobre o trabalho realizado
Questionados sobre o seu contributo para a realização do trabalho de grupo, os alunos
responderam maioritariamente que haviam sido participativos ao longo da produção do vídeo,
68
colaborando com os colegas. Foi também notório que em nenhum grupo existiu discrepância
entre as respostas dos alunos, tendo todos considerado que todos os elementos de cada grupo
trabalharam de forma equitativa.
2.2. Síntese avaliativa do projeto
Ao longo da intervenção foram realizadas duas avaliações que permitiram recolher
elementos para avaliar o sucesso da estratégia adotada, um momento após a apresentação dos
videogramas criados pelos alunos e um momento no final da intervenção.
O primeiro questionário teve como objetivo permitir aos alunos fazer uma reflexão
individual sobre o trabalho realizado, refletindo sobre o seu próprio trabalho, o processo que o
envolveu mas também pensar sobre a interação com os colegas de grupo ao longo da realização
do trabalho. Após este primeiro momento de avaliação , foi possível começar a perceber como
os alunos percecionaram a estratégia adotada.
Gráfico 16 - Avaliação da intervenção
A maioria dos alunos refere que gostou de realizar o trabalho, tendo existido dois alunos
que apresentaram uma resposta negativa, indo ao encontro do já observado em sala de aula, já
que dois alunos haviam demostrada uma grande falta de empenho não só durante este trabalho
mas também ao longo de toda a intervenção e mesmo nas restantes aulas observadas. É
importante referir que um aluno respondeu à questão com Sim e Não, não tendo sido
considerada essa resposta, no entanto, apesar de existir apenas um total de 11 respondentes
aparecem um total de 12 respostas. Com esta resposta consegue-se aferir que os alunos
reagiram positivamente ao trabalho, sendo que alguns alunos, na questão ligada à satisfação da
tarefa, responderam com: "Gostei de fazer este trabalho, pois é uma maneira diferente de
69
abordar a matéria", "Foi interessante, gostei muito". Com estas respostas verificamos que os
alunos reagiram bem a uma nova estratégia em sala de aula identificando-a como uma forma
aliciante de abordar a matéria.
Gráfico 17 - Avaliação do trabalho realizado
Dos onze alunos que responderam, nove disseram que gostariam de voltar a realizar um
trabalho recorrendo à produção de vídeo em trabalhos de grupo, de referir que apenas um aluno
respondeu que não. Um aluno respondeu, novamente, à questão com Sim e Não, não tendo
sido considerada essa resposta. A criação de videogramas foi muito aceite pelos alunos. Esta
informação vai ao encontro do que os alunos já haviam referido aquando da avaliação da tarefa
exploratória, verificando-se que esta estratégia foi, sem dúvida, ao encontro dos interesses dos
alunos.
Ao avaliar a sua prestação individual para o trabalho, todos os alunos consideraram que
foram participativos, à exceção de um aluno que avalia o seu contributo para o grupo como
razoável. Os alunos demostraram, assim, interesse em realizar a tarefa, afirmando que
trabalharam de forma ativa para a concretizar.
Ao preencherem este questionário, foi pedido aos alunos que autoavaliassem diferentes
parâmetros tais como criatividade, gestão do tempo, articulação entre o grupo, domínio dos
conteúdos expostos e nível de investimento (empenho). O parâmetro no qual os alunos se
autoavaliaram com um pior resultado foi o da criatividade, sendo que alguns alunos
autoavaliaram-se negativamente. Relativamente aos restantes parâmetros, os resultados obtidos
foram consistentes, alguns alunos autoavaliaram-se em todos os parâmetros de forma muito
similar. Apenas um aluno considerou que a sua autoavaliação global deveria ser negativa, nove,
os restantes alunos consideram que corresponderam positivamente, autoavaliando-se entre os
valores dez e o dezassete.
70
Outro fator em ter em conta para o sucesso da estratégia é o fato de todos os grupos
terem entregue o seu vídeo dentro do prazo estipulado, sendo que todos os grupos tiveram a
preocupação de trabalhar os conteúdos programáticos que lhe haviam sido atribuídos. Os
resultados finais do trabalho de vídeo foram muito bons já que todos os alunos foram avaliados
com notas positivas, variando o espectro de notas entre o dez e o dezassete, situando-se a
maioria dos alunos acima do catorze.
Após esta fase inicial de avaliação, realizada apenas na turma onde realizei a intervenção,
procedeu-se a uma segunda fase de avaliação, onde as três turmas intervencionadas
responderam a um questionário individual (Anexo 4).
O núcleo de estágio optou por fazer uma avaliação igual nas três turmas para que os
resultados pudessem ser comparáveis, tendo sido aplicado o mesmo questionário de avaliação
final. Esta avaliação conjunta vem no seguimento da realização conjunta da tarefa exploratória,
que permitiu definir e verificar quais as estratégias a adotar. No entanto, como já foi referido, o
público-alvo da tarefa exploratória foi maior que o da avaliação porque toda a turma do 10ºL
realizou a tarefa, pelos motivos já apontados, mas apenas o turno A foi alvo de avaliação pois foi
o turno onde desenvolvi a intervenção. Por uma forma de equidade entre turnos, definida pelo
grupo disciplinar, também o turno B, sob supervisão da professora cooperante, realizou uma
estratégia semelhante que fui acompanhando mas não de forma interventiva já que não podia
estar presente em todas as aulas. De referir que apesar de não ter recolhido dados deste turno a
minha observação direta permitiu-me verificar que, também neste turno, a estratégia surtiu
efeitos positivos, já que todos os alunos entregaram o trabalho, mostrando-se empenhados e
motivados na sua realização e, nas aulas a que iam, colocavam questões e dúvidas por forma a
construírem um trabalho melhor.
A avaliação comparativa foi essencial para perceber como as mesmas estratégias
afetaram diferentes alunos. A avaliação realizada é muito importante para que possa existir
mudança na nossa prática pedagógica (Correia, 2000 b)), pois é fundamental retirar deste
projeto conclusões que nos auxiliem no nosso papel enquanto professores.
As duas turmas também referidas nesta avaliação são uma do 10º ano (B) e outra do
11ºano (C). À turma onde decorreu a minha prática pedagógica irei referi-me como turma A. A
turma C pertence ao mesmo curso profissional da turma alvo da minha intervenção enquanto
que a turma B é do curso profissional de Restauração, variante Restaurante/bar. O total de
71
alunos avaliados foi de 38, assim distribuídos: 11 do turno A da turma A, 13 da turma B e 14 da
turma C. A média de idades é de 16,4 anos (A: 15,5, B:16,9, C: 16,9)3. A disparidade na média
de idades entre a turma A e B, apesar do mesmo nível de ensino (10.º ano), advém do grande
número de retenções dos alunos da turma B.
A avaliação foi feita, num momento inicial na análise individual da turma e num segundo
momento através da análise da média geral das três turmas, intervencionadas pelo núcleo de
estágio, evidenciando os desvios existentes, como havia sido definido no projeto de intervenção.
Foi considerado como desvio os valores iguais ou superiores a 0,5 o que representa 10% dos
respondentes.
Através da revisão de literatura realizada e da experiência profissional adquirida pode-se
afirmar que a motivação dos alunos é influenciada pelas suas necessidades pessoais e
interesses individuais bem como pelas suas experiências e meio onde se insere. O professor
pouco pode fazer para intervir a estes níveis, no entanto, Arends refere que existem diversos
fatores que os professores podem modificar e controlar (Arends, 1999) .
Numa tentativa de percecionar as alterações provocadas pela intervenção, as questões
colocadas aos alunos foram agrupadas consoante os seguintes fatores: nível de preocupação
(analisa quão preocupados estão os alunos com determinado objetivo de aprendizagem);
tonalidade afetiva (analisando como o ambiente de aprendizagem influencia os alunos e o seu
trabalho); necessidade de sucesso (analisa se ser bem sucedido tem importância compensando
o esforço na realização); nível de interesse (analisa se os alunos estão motivados para o sucesso
na realização das tarefas) e conhecimento dos resultados (analisa se o feedback do seu
desempenho é importante para os alunos) (Arends, 1999).
3 Idades à data de início do ano letivo 2012/2013.
72
As tabelas seguintes espelham os resultados obtidos (serão apenas referidos os valores
das turmas B e C quando o desvio o justificar):
Desvio
Questão Mé
dia
Tu
rma
A
Tu
rma
B
Tu
rma
C
Nív
el
de
pre
ocu
pa
ção
Fico nervoso quando tenho que trabalhar em grupo. 1,4 1,4
Ao princípio reagi com desconfiança para com este projeto. 2,8 3
O desejo de ter o melhor vídeo da turma fez com que me empenhasse mais. 3,3 3,1
Considero que este projeto foi muito difícil de realizar. 2,3 1,7 3
Senti dificuldades em ser criativo pois não estou habituado a fazer este tipo de
projetos. 2,8 2,4 3,5
Tabela 2 - Resumo dos resultados segundo o fator Nível de Preocupação
Desvio
Questão Mé
dia
Tu
rma
A
Tu
rma
B
Tu
rma
C
To
na
lid
ad
e
Afe
tiva
Senti que a turma se uniu mais com a realização deste projeto. 3,7 3,3 3,1 4,5
Houve cooperação e colaboração entre os membros do grupo. 3,9 3,9
Empenho-me mais em trabalhos de grupo de que individualmente. 3,7 3,5
Tabela 3 - Resumo dos resultados segundo o fator Tonalidade Afetiva
Desvio
Questão Mé
dia
Tu
rma
A
Tu
rma
B
Tu
rma
C
Ne
cess
ida
de
de
suce
sso
O desejo de ter o melhor vídeo da turma fez com que me empenhasse mais.. 3,3 3,1
Tive orgulho no vídeo que apresentei. 3,8 4
Só realizei o projeto pois contava para a nota final do módulo. 2,3 1,8
Tabela 4 - Resumo dos resultados segundo o fator Necessidade de Sucesso
73
Desvio
Questão Mé
dia
Tu
rma
A
Tu
rma
B
Tu
rma
C
Nív
el
de
In
tere
sse
O meu interesse pela escola é maior após a realização deste projeto. 2,8 2,4
À medida que o projeto foi evoluindo senti-me cada vez mais motivado. 3,8 3,8
Preferia que a matéria tivesse sido lecionada de forma mais tradicional
(exposição e fichas de trabalho). 1,9 1,4 3,1
Senti-me mais motivado neste módulo do que nos módulos anteriores. 4 3,7
Senti que trabalhar com o vídeo me deu oportunidade para ser criativo. 3,8 3,8
Este projeto foi interessante apenas pelo trabalho com o vídeo. 3,1 2,7
Gostava de repetir esta experiência. 3,9 4
Realizei este projeto com empenho porque este foi apelativo. 3,9 3,9
Realizei este projeto porque fui obrigado. 2,1 1,6
O meu interesse pela matéria aumentou devido ao projeto que realizei. 3,8 3,8
Gostei de realizar este projeto. 4,2 4,4
O projeto que tive que desenvolver para este módulo foi interessante. 4,1 4,2
Realizar projetos é uma forma estimulante de aprender. 4,1 4
O trabalho de grupo é estimulante. 4,1 4,1 3.6
Aprendi melhor a matéria ao ver os vídeos dos colegas do que se fosse
dada pelo professor. 3,5 3,5
Tabela 5 - Resumo dos resultados segundo o fator Nível de Interesse
Desvio
Questão Mé
dia
Tu
rma
A
Tu
rma
B
Tu
rma
C
Co
nh
eci
me
nto
do
s R
esu
lta
do
s A opinião da turma sobre meu vídeo não era importante. 2,8 2,1 3,3
A opinião do professor sobre meu vídeo não era importante. 2 1,8 2,9 1,5
O professor ajudou-me a realizar este projeto. 4,1 4,6
Tabela 6 - Resumo dos resultados segundo o fator Conhecimento dos Resultados
74
Pelos resultados apresentados na tabela 2 podemos concluir que os alunos da turma A
apresentaram menos dificuldades na realização da tarefa. No geral, todos os alunos
apresentaram um nível de preocupação relativamente baixo, não evidenciando tensão na
realização da tarefa demonstrando que a dificuldade desta era ajustada. Relativamente à
tonalidade afetiva (tabela 3), ficou claro que o projeto contribuiu para a criação de um ambiente
de aprendizagem agradável em todas as turmas, para tal contribuindo o trabalho colaborativo
necessário à criação dos vídeos. A turma C apresentou um acentuado desvio, na questão sobre
a união da turma, devido à natureza do conteúdo dos vídeos criados, visto que era necessário a
colaboração espontânea entre os diferentes grupos, alternando papéis de atores e operadores de
câmara nos projetos uns dos outros. Relativamente à turma A este fator não se verificou, não
existindo colaboração entre os grupos pelo que o resultado a esta questão se situou abaixo da
média.
Para a turma A, bem como para as restantes, “ser o melhor” não é o mais importante
para os alunos, estes, no entanto, estiveram motivados para serem bem-sucedidos na tarefa,
justificando esta o seu empenho. Os alunos demostram ainda orgulho no trabalho apresentado,
revelando que acham ter realizado um bom trabalho. Através da observação direta realizada, é
possível concluir que o nível de empenho dos alunos na realização do projeto foi superior ao
investimento normalmente dedicado, por exemplo, tanto nas aulas teóricas como nas tarefas
práticas como fichas de trabalho.
Ao analisar os resultados referentes ao nível de interesse (tabela 5), verifica-se que os
alunos de todas as turmas apresentaram um maior interesse pela disciplina e pela escola. No
entanto, verifica-se que os alunos da turma A tiveram como média de 2,4, entre 1 e 5, dando
um resultado de "discordo" à questão " O meu interesse pela escola é maior após a realização
deste projeto". Esta situação denota que, apesar de a tarefa ter fomentado o interesse pela
disciplina e pelo trabalho em sala de aula, segundo os alunos, não aumentou o interesse pela
escola. De acordo com os alunos, a realização de projetos afirma-se como uma forma
motivadora de trabalhar em sala de aula. Ficou assim demostrado que a estratégia de vídeo
cativou o interesse dos alunos através do relacionamento da matéria e atividades de
aprendizagem com os respetivos interesses. A turma A destaca-se ainda por apresentar um
resultado mais negativo que as restantes à questão de obrigatoriedade da realização da tarefa,
salientando-se ainda que dão preferência à estratégia utilizada em detrimento das estratégias
habituais de ensino.
75
Os resultados demonstram ainda que a turma A se sentiu mais apoiada pelo professor, o
que se pode justificar pela aposta num acompanhamento aula a aula feito aos grupos, sentando-
me com cada grupo, orientando o seu trabalho, tentando, contudo, não influenciar as suas
escolhas, dando liberdade criativa por forma a responsabilizá-los ao longo do desenvolvimento da
atividade. Este resultado vem também ao encontro da autoavaliação realizada pelos alunos em
que referiram que a criatividade foi um ponto fraco, necessitando de um acompanhamento
maior, revelando que o seu nível de autonomia ainda é baixo. Este resultado coaduna-se com a
necessidade de feedback positivo tanto entre pares como do próprio professor revelada pelos
alunos. O facto, já mencionado, de na turma C ter existido uma maior união justifica o desvio
apresentado nas questões sobre a opinião dos colegas e do professor.
"Um dos mais potentes motivos adquiridos é o da aprovação social dos pais, professores
e grupo de amigos. O professor competente tira partido desta necessidade e utiliza-a para nutrir
nos seus alunos um amor genuíno pela aprendizagem" (Sprinthal e Sprinthal, 1993, p. 522).
A turma onde foram notados maiores desvios foi a turma B que revela, também, o maior
número de respostas de "não concordo nem discordo". O núcleo de estágio concluiu que tal
poderá estar associado ao facto de a turma ser aquela que apresenta o maior número de
retenções entre os seus elementos.
Relativamente às restantes aulas foi notório, através da observação direta, que os alunos
apresentaram um maior interesse nas aulas dedicadas à tarefa de vídeo do que às
remanescentes. No entanto, a estratégia de alternar momentos teóricos com momentos de
trabalho prático, através da colocação de problemas, revelou-se positivo pois a maioria dos
alunos realizou as tarefas propostas com bom aproveitamento.
Em suma, foi possível verificar que a motivação dos alunos para as estratégias utilizadas
foi notória, podendo ir mais longe e afirmar que os alunos demonstraram uma maior
disponibilidade para o trabalho em sala de aula e, ainda que ténue, para a escola. Foi ainda
observável que os alunos são mais participativos quando trabalham em grupo, pois ajudam-se e
motivam-se mutuamente, verificando que, mesmo nas aulas em que o trabalho de grupo não foi
utilizado, eles entreajudam-se na realização das tarefas.
Analisando os resultados obtidos pelos alunos no momento de avaliação intermédio que
coincidiu com o fim da intervenção, foi possível verificar que todos os alunos conseguirem obter
um resultado positivo, pelo que se pode concluir que as estratégias utilizadas para abordar os
76
conteúdos programáticos em sala de aula culminaram com a aprendizagem dos conteúdos por
parte dos alunos.
O programa da disciplina refere que devem ser desenvolvidas, em sala de aula,
estratégias que levem os alunos a superar as competências base da disciplina, sensibilizando-os
para "fazerem pesquisas bibliográficas e a produzir trabalho autónomo e de investigação, para
que desta forma possam ter um maior ritmo de aprendizagem, atingindo um elevado
desempenho escolar." Com o trabalho desenvolvido foi possível concretizar este objetivos
programáticos (DGFV, 2005), bem como a "estimulação do trabalho de grupo", "privilegiar as
aulas práticas", " sensibilizar os alunos a utilizar outras ferramentas ou outras soluções",
avaliando a intervenção como positiva para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos.
Através da atividade ‘Para mim a escola é..., foi ainda possível aferir que os alunos,
mesmo de outras turmas, demostram interesse pela realização de videogramas, podendo esta
estratégia ser utilizada em outros contextos. Tal permite avaliar a ação desenvolvida, tanto nas
turmas intervencionadas como nas restantes atividades, de forma positiva e significativa.
77
CAPÍTULO 3 - Considerações Finais
3.1. Visão da escola
Através da atividade subordinada ao tema ‘Para mim a escola é….’, foi possível, através
da recolha das palavras mais e menos frequentes nos vídeos produzidos, construir um Wordle e
concluir que o mais importante na escola, para os alunos, são os amigos.
Imagem 6 - Palavras mais e menos frequentes (Wordle)
Nesta atividade foram produzidos cinquenta e quatro vídeos que foram objeto de uma
análise posterior pelo grupo de estágio. Os vídeos foram analisados tendo em consideração o
conteúdo, texto, vídeo e imagens categorizando os vídeos numa das seguintes visões da escola:
negativa (se os alunos passavam a ideia de que não gostavam da escola), indistinta (se através
dos vídeos não era percetível qual a visão que tinham da escola), positiva e negativa (se
apresentavam tanto aspetos que gostavam e outros que não gostavam na escola), positiva (se os
alunos apresentavam uma visão positiva da escola identificando aspetos positivos da escola) e
positiva divergente (onde, apesar de apresentarem aspetos positivos da escola. estes não se
coadunam com os objetivos de aprendizagem, incluindo apenas fatores sociais). (Anexo 5)
78
Imagem 7 - Análise da visão da escola
Através da análise dos conteúdos, concluímos que cerca de 30% dos alunos apresentam
uma visão negativa da escola e 13% caraterizam-na tanto negativa (“prisão”, “seca”, “chata”,
entre outros) como positivamente (“futuro”, “interessante”, “caminho”, entre outros). A escola é
vista como algo positivo por 20% dos alunos, que a descrevem como sendo importante na sua
vida e na preparação do seu futuro. No entanto, cerca de 15% encara a escola positivamente
mas apenas centrando-se em aspetos como os intervalos, os amigos e o convívio, não lhe
reconhecendo o valor da aprendizagem. Dos 54 vídeos analisados, doze deles (22%) apresentam
uma visão indistinta, sendo a sua análise inconclusiva.
No geral, os alunos percecionam a escola como um local de interesse apenas porque os
seus amigos estão lá. Esta afirmação é sustentada pelas conclusões retiradas dos vídeos
produzidos pelos alunos bem como da observação realizada. A maioria dos alunos encara a
escola, à primeira vista, como algo desnecessário, no entanto, alguns deles acabam por
identificar que a escola é interessante, permitindo-lhes aprender e preparar-se para o futuro.
Esta ideia é concordante com o que dizem Cerqueira e Martins:
no nosso país, nos últimos cinquenta anos, o acréscimo da importância do
ensino secundário no sistema educativo tem sido evidente, a par da questão da
qualificação dos jovens e a sua entrada no mercado de trabalho. As várias
reformas que, desde então, se têm verificado na política educativa portuguesa
refletem estes dois vetores, sendo dada uma prioridade absoluta ao ensino
profissionalmente qualificante, preparatório da entrada dos jovens na vida ativa
(2011, p. 124).
Assim como os alunos que realizaram a atividade, também os alunos da turma, onde
decorreu a intervenção, apresentam uma imagem da escola pouco ligada ao seu sucesso
escolar, empenhando-se pouco na concretização das atividades. A ideia de sucesso escolar não
79
é alcançar resultados elevados mas sim atingir o mínimo, o dez, pois, assim, "já está o módulo
feito" como referem alguns alunos. As aulas são na sua maioria classificadas de "seca",
encarando todas as atividades como aborrecidas e desinteressantes, não reagindo muito à
mudança de estratégias.
Esta atitude está também ligada ao fato de estes alunos, por vezes, se questionarem
sobre a aplicabilidade prática de alguns conhecimentos, não percebendo o porquê de terem de
aprender esta ou aquela matéria, sendo este sentimento mais forte nas disciplinas gerais do
curso. Aliado a este fator, está o grande desinteresse demostrado pelos alunos pelas aulas
teóricas, já que os alunos procuram apenas o saber prático, não percecionando que, em
algumas matérias, o saber teórico é a base para a aplicação prática. Estas são algumas
dificuldades com que os professores se debatem nas suas aulas, sendo por vezes difícil
combater ideias já tão enraizadas na mente dos alunos. Desta forma e na medida do possível, é
necessário integrar novas metodologias que demostrem aos alunos que a escola pode ser um
lugar de desenvolvimento pessoal e que as aulas podem ser encaradas como algo estimulante e
interessante. Foi também com este objetivo que os cursos profissionais foram inicialmente
criados. Madeira escreve que a criação do ensino profissional
teve como principal objetivo fornecer ao mercado de trabalho a mão-de-obra
especializada num nível intermédio da estrutura de emprego. Mas, atualmente,
espera-se que contribua também para o desenvolvimento económico e para a
minimização do desemprego jovem, reduza o insucesso escolar e seja uma
forma de normalizar o acesso ao ensino superior, atenuando a pressão da
procura, ao desviar os alunos para outras alternativas (2006, p. 122).
Esta visão apresentadas pelos alunos está também relacionada com o estigma que se
tem gerado em torno do cursos profissionais. Este estigma prende-se com a ideia que vão para
os cursos profissionais os alunos com dificuldades de aprendizagem, sem ter em atenção os
seus interesses pessoais ou vocacionais, encarando este ensino como um ensino de segunda
categoria. E os alunos com que trabalhei acabam por se habituar a este rótulo, tomando-o como
a sua realidade, a sua própria verdade. Este facto está a “gerar a descredibilização do ensino
profissional, mais do que a sua credibilização como um percurso escolar de qualidade para
qualquer jovem. E isso é grave, muito grave, porque corremos o risco de estarmos a andar para
trás” (Azevedo, 2010).
80
3.2. Conclusões
Através da intervenção e do estudo realizados, é possível concluir que os objetivos
enunciados no plano de intervenção foram atingidos já que foi possível observar os interesses e
motivações demonstradas pelos alunos, tendo-se desenvolvido estratégias que permitem
relacionar os interesses dos alunos com a matéria a lecionar, tornando os alunos intervenientes
diretos do processo de ensino-aprendizagem. Com a aplicação destas estratégias foi possível
promover o trabalho entre pares como facilitador da aquisição de conhecimentos. Verificou-se
ainda um aumento da motivação dos alunos na realização das tarefas pedidas bem como dos
resultados escolares dos alunos, visto que, apesar de nos módulos anteriores nem todos os
alunos terem conseguido notas positivas, no final da intervenção todos os alunos apresentavam
aproveitamento positivo à disciplina.
Criar novas atividades que envolvam as novas tecnologias contribui para um aumento da
motivação dos alunos levando-os a aplicarem-se mais na resolução das tarefas escolares. Utilizar
tecnologias que fazem parte do dia-a-dia e dos principais interesses dos alunos é uma estratégia
que se revelou muito positiva. À aposta nas novas tecnologias é necessário associar um papel
ativo dos alunos na utilização destas mesmas tecnologias, deixando de ser meros espetadores
para serem produtores do seu próprio conhecimento. Além desta estratégia, é possível obter
resultados mais significativos se os alunos cooperarem e colaborarem entre si, apoiando-se ao
longo do processo de construção do seu saber. É mais fácil conseguir que os alunos realizem
aprendizagens efetivas se interligarmos os conteúdos escolares às suas vivências e interesses,
permitindo que os alunos se envolvam nas suas experiências de aprendizagem. Quando os
alunos são chamados a ter um papel mais participativo, podendo tomar decisões, sobre a sua
aprendizagem e a sua avaliação, tal não só leva a um aumento da motivação como, também,
fomenta o desenvolvimento da responsabilidade e da autonomia dos alunos. A criação de vídeos
foi, assim, uma estratégia que permitiu melhorar a motivação dos alunos para a aprendizagem
mas também pode ser utilizada com outros objetivos, como no caso da atividade ‘Para mim a
escola é...’, promovendo também o trabalho entre pares. Vitor Teodoro, num artigo do Jornal
Público (Martins, 2013), professor da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade
Nova de Lisboa, referiu que
a escola adoptou das igrejas o estrado e o púlpito e o professor, à semelhança
do padre, começou a transmitir, expositivamente, a informação aos alunos, que
81
a recebem de uma forma passiva. Ensina-se o grupo e não o indivíduo, o que,
muitas vezes, leva a que alguns jovens não compreendam o que está a ser
ensinado e percam o interesse.
Wagner (autor do livro "The global achievement gap", investigador de Inovação na
Educação no Centro de Tecnologia e Empreendedorismo da Universidade de Harvard) defende,
no mesmo artigo referido acima, que
a escola deve desenvolver sete ‘competências de sobrevivência’ necessárias
para que as crianças possam enfrentar os desafios futuros: pensamento crítico e
capacidade de resolução de problemas, colaboração, agilidade e adaptabilidade,
iniciativa e empreendedorismo, boa comunicação oral e escrita, capacidade de
aceder à informação e analisá-la e, por fim, curiosidade e imaginação (Martins,
2013).
As estratégias a adotar em sala de aula devem ter estes fatores em consideração,
preparando os alunos para o seu futuro profissional, principalmente se se estiver a trabalhar em
cursos do ensino profissional. Com esta intervenção, foi possível verificar que a redefinição de
objetivos a alteração das estratégias, criando novas alternativas apoiadas nos interesses dos
alunos, são o caminho a seguir para mudar a forma como os alunos percecionam a escola e
para os levar a demostrarem mais interesse, empenho e motivação pelo seu percurso escolar.
Para isto, é necessário perceber quais os interesses dos alunos, já que, apesar de as tecnologias
estarem presentes na vida dos alunos, há diversas formas de as integrar no processo de ensino-
aprendizagem. Para isto, é essencial que o professor repense o seu papel, atuando como um
mediador entre os alunos e o seu conhecimento, como refere João Barroso, assegurando
"situações criativas para o uso das tecnologias" (Martins, 2013).
Apesar de as tecnologias já terem sido integradas no contexto educativo há quase três
décadas, com o projeto Minerva, ainda estão muito aquém do seu expoente máximo, devendo
ser utilizadas para transformar a escola em espaços de inovação e criatividade, ajudando no
processo de ensino-aprendizagem. Por isso, este projeto não é estanque, podendo ser estudada
a aplicação de outras tecnologias.
Ao aplicar um plano de intervenção, existe sempre uma quantidade de variáveis que
podem surgir ao longo do processo, criando dificuldades à sua concretização pois não nos
82
podemos esquecer que estamos a trabalhar com adolescentes. Um dos constrangimentos
encontrados foi a rígida estrutura curricular em que está organizada a disciplina, tendo que se
cumprir um calendário pouco maleável, através de uma planificação pouco flexível que não deixa
muito espaço para a adequação das aprendizagens aos ritmos e necessidades dos alunos nem
para a utilização de estratégias que se afastem do já previamente estabelecido nas planificações
realizadas no início do ano. Desta forma, inicialmente, não foi fácil perceber como encontrar
uma forma de integrar estratégias inovadoras dentro desta realidade. Ao deparar-me com esta
problemática, foi possível perceber que os professores têm uma autonomia na forma e não no
conteúdo, têm uma autonomia pedagógica e colegial mas não curricular, podendo decidir como
cumprir o que já foi definido noutras instâncias. O professor pode planificar a sua aula como
pretender, condicionado apenas pelos recursos. “O grau de liberdade com que o professor ‘dá’
os conteúdos faz parte de uma autonomia subjectiva, que é um dos aspectos fundamentais do
currículo oculto, mesmo perante a obrigatoriedade, ou não, de cumprir o programa” (Pacheco,
2008, p. 46). Ao nível dos recursos, existe autonomia individual, podendo o professor decidir
sobre quais a utilizar, colegial na escolha dos manuais, mas individual na utilização que lhe dá.
Pacheco refere que é ao nível da organização e gestão do processo de ensino-aprendizagem que
o professor goza de uma ampla autonomia. “O professor faz a gestão do tempo de
aprendizagem dos alunos sem que esteja submetido a um referente prescritivo. Esta autonomia
metodológica inclui, também, a autonomia para a utilização do manual” (Pacheco, 2008, p. 47).
É possível também concluir que o projeto foi ao encontro do que o programa da
disciplina indica, através das estratégias adotadas, pois permitiu
estimular o trabalho de grupo, propor aos alunos actividades de carácter
experimental e de pesquisa; realizar trabalhos práticos, onde os alunos tenham
que aplicar os conhecimentos adquiridos; apresentar situações, o mais reais
possíveis, onde os alunos necessitarão de aplicar as competências adquiridas;
sensibilizar os alunos a utilizar outras ferramentas ou outras soluções,
equivalentes às utilizadas nas aulas" (DGFV, 2005).
Desta forma, comprova-se que é possível partir do que está prescrito e trazer para a sala
de aula inovação, algo de novo que interesse e motive os alunos.
Este projeto vem confirmar que os professores, apesar dos diversos constrangimentos,
podem diversificar as suas estratégias em sala de aula apostando em novos projetos, em novas
83
formas de trabalhar os conteúdos. É também possível aplicar esta metodologia em diversas
disciplinas, com diferentes conteúdos. O grupo de estágio fez essa experiência, aplicando a
mesma estratégia a diferentes alunos, de níveis de ensino diferentes e com conteúdos escolares
dispares. O projeto serviu, ainda, de preparação para o futuro, percebendo que a prática
pedagógica que pretendo desenvolver assenta neste principio de inovação, dizendo não à
homogeneização dos alunos e aos métodos vigentes. O papel da escola não pode ser o de mera
transmissão de saberes do professor para o aluno mas deve promover estratégias que levem os
alunos a crescer como aprendentes, como construtores do seu conhecimento. Além disso é
importante levar os alunos a serem ativos também no seu processo de avaliação, aprendendo
competências de autoavaliação. Os alunos que são chamados a refletir sobre o seu processo de
aprendizagem tornam-se mais conscientes do que realizaram, percebendo quais os seus
sucessos e as suas falhas, podendo agir sobre estas.
Esta experiência foi muito enriquecedora, permitindo-me ganhar novas competências
mas também desenvolver algumas delas que já havia adquirido ao longo do mestrado e da
minha experiência profissional. Inicialmente com uma vertente mais investigativa e de
observação, foi-me possível perceber diferentes realidades e optar entre diversos caminhos. Foi
possível conhecer os alunos, perceber os seus interesses e as suas dificuldades para depois agir
sobre eles, tendo sempre em vista o seu sucesso, levá-los a aprender a aprender. Todo o
trabalho realizado ao longo da intervenção, desde a observação de outros profissionais à
construção de planificações, material, criação de novas estratégias e sua aplicação, fez-me
crescer enquanto profissional, sendo agora uma profissional mais completa mas que tem ainda
muito caminho pela frente, muito mais que aprender, pois o ensino não é uma realidade
estanque. Os alunos estão sempre a mudar e a escola tem que mudar com eles, adaptando-se
às exigências do seu publico mas também da sociedade, percebendo que género de cidadãos
tem que preparar. Neste momento, é possível afirmar com certeza que a aposta num processo
de investigação-ação foi sem dúvida uma boa opção, permitindo-me investigar primeiro, saber
mais, para depois tomar decisões e agir, para que a mudança seja efetiva, melhorando as
práticas pedagógicas. Do meu ponto de vista, em educação é necessário apostar numa dinâmica
de ação e intervenção por forma a construir um novo paradigma de escola que se afaste da ideia
de homogeneização dos estudante e aposte mais na sua heterogeneidade e utilize essas
diferenças em prol da aprendizagem.
Este processo foi, sem dúvida, importante na medida em que me permitiu perceber a
84
importância de os professores serem profissionais reflexivos, analisando as suas praticas para se
poderem adaptar e reformular estratégias mas, também, na medida em que os alunos também
devem refletir sobre o seu processo de ensino e aprendizagem, percebendo como estão a
progredir e tendo voz ativa nesse processo.
85
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90
Anexos
Anexo 1 - Reflexão Crítica para Avaliação da Atividade Exploratória
91
Anexo 2 - Avaliação da Atividade Exploratória - Tarefa “Anima-te!” – criação de
pequenos vídeos recorrendo à ferramenta web Animoto
Grelha 1 | Avaliação da apresentação da tarefa
Objetivo
Principal 1
Breve descrição da reação da turma (através da observação direta e dos comentários
verbais dos alunos aquando da apresentação da tarefa)
A turma demonstrou interesse pela criação de vídeos, tanto que alguns alunos haviam já realizado vídeos
para partilhar na Internet. Os alunos ouviram atentamente as indicações e cuidados a ter na realização
da tarefa, colocando questões sobre o programa e referindo outros programas de produção de
videogramas.
92
Grelha 2 | Avaliação dos vídeos
Objetivo Principal 1 1, 2 2
1 1
1, 2
Observações
Objetivo Secundário 1.1; 1.2; 1.3; 1.4 1.1, 1.4, 2.1 2.1 1.5, 2.1
Média Conteúdo dos média
Des
tinat
ário
Escl
arec
imen
to d
e dú
vida
s
Prazos Modelo
Obrigatório Opcional Imagens Som Vídeo
Texto
Cum
priu
Adeq
uado
ALU
NO
Imag
em
Som
Text
o
Cré
dito
s
Locu
ção
Víde
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Pró
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Con
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Inte
rnet
Con
teúd
o
Adeq
uado
Con
teúd
o
Pró
prio
Con
teúd
o
Inte
rnet
Con
teúd
o
A S S S S N N S Próprio e
amigos N - S
Música
ritmada
adequada à
faixa etária
N - N - Mensagem de
felicidade/diversão Próprio S S S
Esperou pela última aula para terminar o
vídeo.
B S S S S N N N - S Alusivas à quadra
natalícia S
Música
ritmada
adequada à
faixa etária
N - N - Feliz Natal Mãe N S S
C S S S S N N N - S Prendas S
Música
ritmada
adequada à
faixa etária
N - N - Parabéns Gonçalo N S S
D S S S S N N N - S Alusivas à quadra
natalícia S
Música
calma N - N - Feliz Natal Família S S S
E S S S N N N N - S Alusivas à quadra
natalícia S
Música
calma N - N - Feliz Natal S S
F S S S S N S N - S Alusivas à quadra
natalícia S Techno N - S
Entrega de
presente e
estrada
Créditos Próprio S S S
G S S S N N N S Própria e
amiga N - S
Música
calma N - N -
Mensagem sobre a
amizade Cátia S S S Mostrou interesse mas muitas dificuldades
H S S S S N N N - S Amor S Música
calma N - N - Mensagem de amor Namorada S S S
I S S S S N N N - S Alusivas à quadra
natalícia S Natalícia N - N - Feliz Natal Prof. Adla S S S
J S S S S N N S Amigas S Parabéns S
Música
ritmada
adequada à
faixa etária
N - N - Mensagem de
parabéns Diana S S S Foi a primeira aluna a completar a tarefa.
K S S S S N N N - S
Alusivas à quadra
Natalícia e de
Prendas
S Música
calma N - N -
Mensagem sobre a
Prenda de Natal Gonçalo S S S
L S S S S N N N - S Bombons S Música
Calma N - N -
Mensagem sobre a
Prenda de Natal Andreia S S S
93
M S S S S N S N - S Paris S Música
Ritmada N - S Paris Viagem a Paris
Dona
Almerinda S S S
N S S S S N N S Mãe S Natal, Mãe e
Prendas S
Música
Ritmada N - N - Mensagem para Mãe Mãe N S S
O S S S S N S N - S Locais a visitar S
Música
ritmada
adequada à
faixa etária
N - S Mar Mensagem para Amiga Inês Santos N S S
P S S S S N N N - S Planeta Terra S Música
calma N - N -
Texto sobre o Planeta
Terra Próprio N S S
Q S S S S N N N - S Prendas S
Música
ritmada
adequada à
faixa etária
N - N - Prendas que gostaria
de receber Alguém S S S
R S S S S N N S Irmã N - S
Música
ritmada
adequada à
faixa etária
N - N - Mensagem para Irmã Irmã S S S
S S S S S N N S Própria e
Amigas N - S
Música
ritmada
adequada à
faixa etária
N - N - Mensagem de Amizade Amiga N S S
T S S S S N N N - S Alusivas à quadra
natalícia S
Música
ritmada N - N - Mensagem de Natal Pai N S S
94
Grelha 3 |Resultados da Reflexão Crítica
Objetivo Principal 1, 2 1 1 1, 2
Objetivo Secundário 1.6, 2.1 1.4, 1.6 1.6 1.3, 2.1
Q1
Q2
Q3 Q4
ALU
NO
Nad
a
Pou
co
Méd
io
Mui
to
Aspe
tos
posi
tivos
Aspe
tos
nega
tivos
Nad
a
Pou
co
Méd
io
Mui
to
A x
"primeiro meti texto depois as fotos" "e uma coisa diferente do
que aquilo que eu estava
habituado a fazer e nunca
tinha esperimentado"
"pouco tempo para fazer o video
e tambem eu tinha pocas fotos." x
B x
"Primeiro fiz a escolha do tema e das imagens do video, a seguir escolhi a
música e depois o redigi o texto."
"Achei interessante o
programa e a forma como
de faxer os videos."
"só se poder realizar videos de
30 segundos sem se pagar." x
C x
"1º escolhi as imagens
2º escolhi a musica
3º Escrevi o texto
4º criei e enviei para a professora susana"
"Fazer videos muito mais
rapido e facilemente de
graça."
"O problema é que sao so de 30
segundos"
x
D x
"Primeiro procurei uma musica que estivesse de acordo com o assunto e depois
fui á Internet buscar imagens"
"Os dois aspectos
positivos relacionam-se
com o facto de termos
contacto com novos
programas e de sabermos
como utilizar a Internet."
"Os aspetos negativos sao nao
poder escolher os efeitos do
video e de estar pouco
apelativo." x
E x
"Fiz uma planificação
Depois selecionei as imagens e a musica
Juntei tudo no animoto"
"Desenvolvimento de
videos
Realizaçao de coisas
diferentes"
"Pouco tempo de video
Tema pouco interessante" x
F x
"Organizei fotos e depois juntei alguns videos do animoto..." "conheci um novo modo
de fazer videos rápidos"
"Ser muito fácil de fazer um
video
Dificuldades em ver o meu video"
x
95
G x
"Primeiro inventei um titulo, depois pus imagens minhas e da minha amiga, a
seguir pus mais frases sobre nós.."
"gostei de fazer tudo,
acho que foi engraçado
fazer ! e vou fazer mais
videos claro!"
"so nao gostei foi de termos
limite para a musica e as frases
." x
H x
"Escrevi O Que Queria!
Procureis As Fotos!"
"Aprender Mais Sobre
Este Programa!
Conhecer Mais Sobre
Edição De Vídeo!"
"Não É Um Programa Nada De
Especial!
Não Tem Nada Que Aprender!" x
I x
"Primeiro fui a net buscar imagens para por no trabalaho.... De seguida fui
colocar as fotos no trabalho, coloquei "slides" escritos, e finalizei o trabalho.."
"Novo programa para
trabalhar, e novas formas
de trabalhar.."
"So se pode fazer um trabalho de
30 segundos sem pagar, se
quisermos mais tempo de video
temos de pagar..."
x
J x
"primeiro escolhi o tema, depois as imagens que ia a utilizar e a musica, de
seguida o texto que queria escrever, e por fim enviei a pessoa que escolhi
inicialmente."
"o destinatario gostou
muito do seu presente e
aprendi como se faz
videos mas de curta
duraçao."
"Nenhum"
x
K x
"Primeiro selecionei algumas imagens que achei que seriam relevantes para a
realização da minha tarefa, depois de as inserir no vídeo começei a criar slides
com texto...
No fim, identifiquei o trabalho e selecionei uma música a meu gosto."
"Adquiri novos
conhecimentos que
provavelmente irei aplicar
no futuro e foi muito
divertido."
"Como o animoto não era grátis
e completo tivemos um tempo
definido e acho que seria mais
interessante se tivéssemos
acesso a outras ferramentas e
mais tempo.
Por não termos muito tempo,
quando uma pessoa chega aos
30 segundos pensa: ""O que?, já
está?"" e fica a olhar para o
monitor..."
x
L x
"Escolhi as imagens, pus a musica, escrevi o texto e finalizei.
:)"
"Aprendi a fazer videos.
Diverti-me."
"nenhum. :P" x
M x
"Primeiro escolhi o tema, depois as imagens e o video e em seguida a musica,
por ultimo editei o texto."
Trabelhei com video e
descobri um programa
novo.
O tempo do programa era pouco
x
N x "Primeiro recolhi a as imagens, depois incorporei no video, organizei as ideias e "Pude realizar o video "Só dá para fazer um video x
96
só no final é que adicionei o texto." sem nenhuma
dificuldade"
apenas de 30 segundos sem ter
que pagar nada ."
O x
"Arranjei imagens;
Fiz frases;
Melhorei o video."
"Conheci um novo site
que me permite fazer
videos online;
Aprendi coisas novas."
Programa muito limitado a quem
nao paga para o usar." x
P x
"1º-Introdução de texto;
2º-Introdução de imagens;
3º- introdução de musica;
4-enviar"
"Aprendi a fazer videos
e ja sei dar ma prenda"
"é pouco tempo de video e pode-
se utilizar puocas imagens" x
Q x
"Primeiro pensei sobre o que havia de fazer;
Depois fui buscar imagens e escolhi o tema e a musica;
Depois criei o texto;
e por fim posicionei as imagens e os textos de forma a ficar porreiras."
"Fazer um video foi uma
ideia interessante;
O tempo que tivemos para
fazer."
"O tema era uma porcaria;
E o site era muito chato." x
R x
"Primeiro fiz imagens, a seguir frazes" "fiz um video para minha
irmã que faz anos e
conheci site de animoto"
"Não há aspetos negativos"
x
S x "Primeiro escolhi o tema Depois pos as fotos e e musica..." "1- Trabalhar com video "- Nao tem" x
T x
"Primeiro escrevi o que queria!
Procurei as imagens;
Adicionei a música;
Enviei para o destinatário."
"Aprender a criar videos;
Expressar sentimentos;"
"O programa não é nada de
especial;
É muito facil;" x
97
Anexo 3 - Folha de rosto do tarefa de vídeo
98
Anexo 4 - Questionário para avaliação final
99
100
101
Anexo 5 - Grelha de análise dos vídeos dos Dias Técnicos
Adjetivos Expressões Imagens Visão V1 Quando estou na escola penso em: comida, pessoas a rir, relógio
V2 Aborrecido, chato Livros, amigos e professores sala de aula, amigos e livros
V3 livros, pessoas a rir, quadro, rapaz a dormir em cima dos livros, bd donald a praguejar com um livro na mão
V4 Amigos, estudar e aprender amigos, quadro, rapaz a dormir em cima dos livros
V5 Um local de diversão, e vida loka carrocel, imagem de canabis
V6 A escola baseia-se em: amigos :), asnos -.- e sentir-se preso nas aulas :c ilustram o texto V7 uma prisão, parece um hospital, uma ditadura prisão, imagem do hitler, bomba nuclear
V8 É educação é aquilo que fica depois que você esquece. A escola é? Uma boa forma de aprender!! imagens relativas à escola, praia exótica
V9 Um lugar para amigos. Um lugar para brincadeiras. amigos
V10 É um encontro com os amigos. amigos, bandeira dos estados unidos, pelicula de filme
V11 amigos e alunos a estudar
V12 Um sítio para conviver. Um sítio com aula que dá para dormir. Um sítio com Amigos. Um sítio para estudar amigos, alunos a brincar
V13 Como se estivessemos numa selva. Um pesadelo cão, gato, imagem de um sinal de stop
V14 macaco aborrecido, sinal de stop, cães
V15 Como se fossemos uns animais, presos sem liberdade pássaros a voar, pessoas a correr
V16 bd Calvin "I hate go to school", bd "poderia dormir o dia texto" alunos a correr, correntes, prisão,
V17 Seca PM José Socrates, escrementos
V18 Um caminho longo. Tem de ser pelo caminho correto. Para ter um futuro bom caminho, bússola, malmequeres
V19 Um longo caminho a percorrer. Começamos pelo ensino básico. Até que chegamos ao secundário para depois seguirmos uma área futura. caminho, crianças na escola, jovens na escola, jovens a trabalhar
V20 Fantástica porque: escola, aluno a dormir em cima dos livros, cesto de basquete e aluno a jogar basquete
V21 Pessoa de braços abertos, pessoas a fumar
V22 Seca Professora a bater nos alunos, alunos a copiar, aluno a dormir, aluna a olhar para o professor, aluno com arma (suicidio) apontada à cabeça no meio de livros
V23 Fantástica Imensas atividades grafitis
V24 Apenas uma palavra: Fantástica escola, pessoa a jogar basquete
V25 Escola Secundária pássaros
V26 Prisão prisão
V27 É um ensino escolar. A escola para mim é um passatempo sinal de stop, rapariga
V28 Cansativa, interessante V29 Intervalos Las Vegas e Paris
102
V30 Um lugar de convívio crianças encostadas, aluna a estudar, alunos a rir-se
V31 Mas estás-te a passar. Aquela hora dramática. A professora pergunta e ninguém arrisca a responder. escola, aula, rosto sombrio
V32 aluno a estudar
V33 verdadeiro terror casa assombrada, zombie, bomba
V34 escola
V35 Aquela hora dramática. A professora pergunta e ninguém arrisca a responder. cantor Psy, animal na escola, lutadores de boxe
V36 A escola é a prática para o futuro. A escola é uma cena que a mim não me assiste.
V37 Para nós a escola é como o nosso emprego. É onde aprendemos a ler, escrever, contar. É onde estamos com amigos e conhecemos pessoas. bebé a ler, escola, alunos
V38 Seca, cansativa, exigente A única coisa interessante é estar com os amigos. Onde no proibem manusear o telemóvel. alunos , sala de aula
V39 Um espaço onde podemos conviver com os amigos. É onde aprendemos e construímos o nosso futuro. escola e alunos
V40 A escola transmite-nos valores que pretendemos usar no futuro. sala de aula, mapas, torre de pisa, praias, bússola
V41 Cansativa, chata, alegre, secante, tédio A escola é como se fosse a nossa segunda casa. É lá que passamos mais tempo! estrada, bússola, mundo
V42 Seca macaco, comboio, deserto
V43
O sítio onde se aprende de todas as formas mas às vezes acaba por se tornar chata, então aí apercebo-me de que a escola é uma cena que a mim não me assiste mesmo cérebro com questões, alunos com muitos livros
V44 imagens da própria aluna
V45 Para mim a escola é a turma :D foto da turma
V46
A escola a mim é uma cena que não me assiste. Naquele momento em que a professora nos acusa de estarmos a fazer algo que não fizemos Mas professora eu não estava conversando escola
V47 Bart Simpson, escola, jogadores problemas matemáticos
V48 Cantor Psy, bd aluno aponta arma a professora, aluno espraiado na sala de aula, bd aluno alveja professora, quadro cheio de facas
V49 Aprender a ser alguém na vida. Conhecer pessoas novas, criar novas amizades. amigos
V50 A escola a mim é uma cena que não me assiste. É uma perda de tempo. A escola é a prática para o futuro que leva à perfeição, mas ninguém é perfeito para que praticar?
V51 Uma fonte de ajuda para no futuro sermos alguém caminho, natureza
V52 seca Um terrorismo com um caminho sem fim macaco, caminho, bomba
V53 É o meu mundo escola
V54 É o meu mundo autocarro escolar dos simpsons
103