Susana Ester Krüger - Avaliação Pedagógica Do Software STR

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    Avaliao Pedaggica do Software STR1

    Susana Ester Krger2

    Eloi Fernando Fritsch3

    Rosa Maria Viccari4

    Resumo - Neste artigo so apresentados os resultados da avaliaopedaggica do software educativo-musical STR (Sistema de Treina-mento Rtmico). Nesta pesquisa, o software foi utilizado e avaliado porestudantes. O objetivo principal foi verificar se o programa poderiaservir como recurso auxiliar ao estudo rtmico em execuo, compo-sio e desenvolvimento de tcnica musical. Tambm investigou-sediferentes possibilidades de uso em sala de aula e as interaes que

    poderiam ocorrer entre os estudantes durante o uso do software. Con-cluiu-se que alguns aspectos computacionais precisam ser reformula-dos, embora sua concepo pedaggico-musical tenha sido imple-

    mentada a contento.Abstract- This paper presents the results of a pedagogical evaluationof a music education software named STR (Sistema de Treinamento

    Rtmico Laboratrio de Computao e Msica - UFRGS). Forevaluation purposes the software was used and rated by students. Themain objective was to check if the program could be used as an auxil-iary resource to study rhythm in performance, composition and devel-opment of musical technique. Different possibilities of use in classroomand the interaction among the students were also surveyed. The conclu-sion was that some computational aspects need to be reformulated,

    although their musical-pedagogic conception has been suitably de-ployed.

    Palavras-chave- Educao Musical, Informtica Educacional, Avalia-o de Software Educacional para Msica.

    1

    INTRODUO

    O uso da tecnologia em atividades educacionais tem se tornado mais comum a cada dia, principalmente no ensi-no bsico. Em educao musical tambm pode-se observar um aumento gradual de criao e uso de software.Isto tem sido fomentado pela difuso dos equipamentos que incorporam udio digital e MIDI, o aprimoramentodos recursos multimdia, a acessibilidade em termos de custos para aquisio e manuteno e, tambm, pelacriao e engenharia reversa (ou reengenharia) de muitos software da plataforma Macintosh para aPC/Windows, atualmente uma das mais utilizadas em nvel mundial. Glanzmann (1995) ressalta que tecnologi-as antes s disponveis em grandes estdios e laboratrios esto sendo adotadas por professores, ganhando espa

    1Desenvolvido pela equipe do LC&M (Laboratrio de Computao & Msica) da UFRGS em conjunto com a ULBRA. Coordenao: Dr. Rosa M.

    Viccari; Orientao: Eloi F. Fritsch; Auxiliares de Pesquisa UFRGS: Luciano V. Flores, Roges H. Grandi, Tiago R. Santos; Auxiliares de Pesquisa

    ULBRA: Eduardo S. Campos, Willy Schneider; Consultora de Educao Musical: Susana E. Krger.2

    Escola de Msica e Belas Artes do Paran: Ncleo de Estudos em Educao Musical & Informtica (NEEMI); LC&M. E-mail: [email protected]: Instituto de Informtica, Instituto de Artes, Laboratrio de Msica Eletroacstica e LC&M. E-mail: [email protected] UFRGS: Instituto de Informtica, Programa de Ps-Graduao em Informtica na Educao; LC&M. E-mail: [email protected]

    Revista Brasileira de Informtica na Educao - Nmero 8 - 2001

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    o nas salas de aula tradicionais (p.1). Entre elas,podem ser citados instrumentos MIDI, sintetizadores,teclados, workstations, samplers, computadores,software e equipamentos de uso geral, como impres-soras, scanners, vdeos e aparelhos de som. Fritsch

    (1995) comenta que devido ao grande e constanteaprimoramento tecnolgico, tambm modificou-se ofazer musical. Tal fato pode ser observado principal-mente pelo grande nmero de pesquisas na rea dacomputao musical, como a criao e uso de pro-gramas para composio musical. Segundo o autor,os software para ensino e aprendizagem musical tam-bm devem acompanhar e adotar tais mudanas(p.77). Entretanto, Winn e Synder (1996) expem queas teorias de aprendizagem se modificam rapida-mente, e nem sempre so imediatamente agregadasaos novos recursos tecnolgicos aplicados no desen-volvimento de software educacional (p.112). Emalguns casos, no h simetria entre os processos deimplementao de novas rotinas computacionais e deconcepes pedaggico-musicais. Em projetos desoftware, a dificuldade de implementao de novasteorias de aprendizagem e concepes de educaomusical tem sido maior do que o uso de novos recur-sos tecnolgicos.

    Apresenta-se assim um aspecto preocupante: h umcerto desconhecimento da fundamentao pedaggi-co-musical por parte de alguns pesquisadores desoftware educacional para msica. Tal situao torna-se aparente quando: (a) os software de educao mu-sical so desenvolvidos em projetos com nfase com-putacional, sem um equilbrio com os pressupostoseducacionais; (b) as limitaes do software de autoriaescolhido cerceiam a liberdade criativa quanto im-plementao de rotinas computacionais pedagogica-mente inovadoras; e (c) no so realizadas avaliaes

    sistemticas constantes durante a implementao.Como resultado, podem ser obtidos software com altaqualidade em programao visual e sonora, emborasem caractersticas pedaggicas que satisfaam asnecessidades de estudantes e professores, e que sejampertinentes ao contexto scio-cultural brasileiro.

    Esta problemtica pode ser minimizada quando ado-tados trs pressupostos bsicos: (a) projetos de pes-quisa adequadamente estruturados e fundamentadosem todas as reas envolvidas; (b) equipes interdisci-plinares capacitadas e atualizadas; e (c) avaliaesconstantes dos software ainda em implementao. Por

    exemplo, Behar (1993) sugere que o projeto de umsoftware educacional inicie pela identificao dasnecessidades pedaggicas do contexto no qual serutilizado (p.88). O projeto pode ser subdividido emtrs reas: o projeto educacional, que envolve o esta-

    belecimento das caractersticas pedaggicas dosoftware; o projeto comunicacional, que envolvepressupostos tcnicos sobre a percepo, processa-mento das informaes e a interao do estudantecom o software (projeto da interface); e a arquiteturaou o desenho computacional (escolha do software deautoria atravs do qual o software ser implementa-do) (ibid. p.92-103). Quando as equipes possuem umcarter interdisciplinar, os parmetros computacionaise pedaggicos para criao de software para educaomusical podem ser definidos em conjunto por educa-dores musicais e informatas. Igualmente, os protti-pos necessitam de avaliaes constantes e sistemti-cas, fundamentadas em critrios de ambas as reas,visando a excelncia do produto final. Desta forma,os programas podero ser mais adequados aos objeti-vos pedaggico-musicais e tcnicos.

    Estes pressupostos tm sido adotados nas pesquisasrecentemente desenvolvidas no LC&M (Laboratriode Computao & Msica) da UFRGS, principal-

    mente durante o projeto e avaliao do software STR(Sistema de Treinamento Rtmico). A equipe funda-mentou seu projeto em pesquisas recentes da rea deeducao musical e tcnicas no-triviais da inform-tica, a partir da sua experincia em estudos anterioresconduzidos nesta rea (Fritsch, 1995, 1996; Fritsch &Viccari, 1995). Os estudos tm apontado aspectoscomputacionais e musicais que podem ser imple-mentados, visando o aumento de usabilidade e efic-cia pedaggica. Igualmente, as avaliaes tm permi-tido a observao de possibilidades e limites dos pro-

    gramas quanto ao desenvolvimento musical do pbli-co-alvo.

    Neste artigo apresentada a avaliao do STR, queteve como objetivo principal investigar o grau em queo programa poderia servir como recurso auxiliar aoestudo do ritmo musical em atividades como execu-o, composio e desenvolvimento de tcnica musi-cal. Verificou-se tambm as possibilidades de uso dosoftware em sala de aula e, por fim, quais os tipos deinterao que poderiam ocorrer entre os estudantesdurante o seu uso. Para a investigao destas ques-tes, foi elaborado o Curso Prtico de Msica atra-

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    vs do Computador, o qual serviu como ambiente deexperimentao do STR para os estudantes que oavaliaram. Este curso foi ministrado na Escola Tcni-ca da UFRGS (POA, RS)5.

    Alm desta avaliao prover resultados importantespara a continuao do trabalho do LC&M nestesoftware e em outros projetos, espera-se que os dadosaqui apresentados sirvam como uma fonte de estudopara professores de msica e programadores. Pesqui-sas em avaliao de software para educao musical,como a aqui relatada, podem ser consideradas rele-vantes educao musical brasileira visto a tendnciade intensificao na criao dos programas e, conse-quentemente, a necessidade de avaliao para previ-so da sua eficcia em aulas de msica. A forma de

    uso do software durante sua testagem pode ser consi-derada pioneira na educao musical brasileira, tendosido aplicados princpios educacionais atualizados ebuscando resultados relevantes rea como um todo.

    2 BREVE DESCRIO DO STR

    O STR (Sistema de Treinamento Rtmico) verso 1.2para Windows foi implementado utilizando-se o To-olBook II Instructor6. formado por quatro Mdulos:Ditado Rtmico, Recursos Rtmicos, ComposioRtmica e Repertrio Rtmico. Seu planejamentoincluiu a anlise do contedo programtico da disci-plina de teoria musical da Escola de Msica e BelasArtes do Paran, a fim de relacionar o software a umaetapa especfica do desenvolvimento musical. Oscontedos foram elaborados para estudantes acima de12 anos de idade e com conhecimento torico-musical, principalmente na rea de notao musicaltradicional. O software no auto-instrutivo, sendosugerida a orientao constante do professor. O pro-

    grama foi concebido como um recurso pedaggicoauxiliar para aulas de msica, que deve ser combina-do a outros recursos (como instrumentos musicais),em diferentes atividades.

    A reviso pedaggica-musical foi pesquisada nasreas de informtica educacional, educao musical epsicologia cognitiva da msica. Procurou-se elaborar

    5 Os autores agradecem a Prof Neila Maria Moussalle e a equipe doNcleo de Informtica da Escola Tcnica da UFRGS pela sua

    colaborao na avaliao aqui relatada.6 Vide tambm Krger et al. (1999), e Fritsch, Viccari &

    Moraes (1998).

    um software que propiciasse o desenvolvimento mu-sical dos estudantes da forma mais abrangente poss-vel, em termos de atividades musicais. Para tanto,optou-se por utilizar um modelo de atividades da reade educao musical: o Modelo (T)EC(L)A(Tcnica,

    Execuo, Composio, Literatura e Apreciao)(Swanwick, 1979). As atividades so diferenciadasquanto a proporcionarem envolvimento direto com amsica (Composio, Execuo e Apreciao) e co-nhecimento sobremsica (Tcnica e Literatura). Umadas justificativas para o uso desteModelo em proje-tos de software reside em promover experinciasmusicais especficas e de forma equilibrada, de ma-neira que os estudantes possam se desenvolver musi-calmente por meio de diferentes atividades7. Comeste objetivo, foram implementadas as seguintes ati-vidades no STR: (a) Literatura e Apreciao, nosMdulos Repertrio Rtmico e Recursos Rtmicos;(b) Composio, no Mdulo Composio Rtmica; e(c) Tcnica, no Mdulo Ditado Rtmico.O softwareno foi projetado para uso direto em Execuo Musi-cal.

    At o momento da avaliao os trs primeiros M-dulos haviam sido implementados e funcionavam acontento. Durante a fase de desenvolvimento do M-dulo Repertrio Rtmico, foi constatado que este de-veria ser reprogramado utilizando-se outra aborda-gem computacional. Isso porque a utilizao de umalinguagem especfica de banco de dados em conjuntocom o Toolbook, na implementao do Banco deDados Musical, no atendeu as expectativas comrelao a algumas funes. Portanto, o mesmo serutilizado em avaliaes futuras.

    2.1

    MDULO DITADO RTMICO

    Apresenta atividades de percepo rtmica em cinconveis de dificuldade (novato, iniciante, intermedi-rio, avanado e superior), utilizando o D 4, em com-passo quaternrio. O estudante clica nos botes daPallete de figuras correspondentes s figuras de tem-po, identificando a seqncia em que foram ouvidas. possvel selecionar o timbre (flauta, guitarra, rgode tubos, saxofone, sintetizador, vibrafone e violo) eestipular um tempo para a realizao do ditado. OBotoRepetirrepete somente o ltimo teste executa-

    7Um dos objetivos intrnsecos ao Modelo (T)EC(L)A (Swanwick, 1979,p.42).

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    do. A configurao do teste definida atravs doBoto Configurar, que permite a seleo do nmerode ocorrncias de cada figura de tempo nos ditados.Pode ser utilizada a opoDificuldade, que selecionaautomaticamente um determinado nmero de figuras.

    Tambm podem ser escolhidos o Andamento, o Me-trnomo e a Contagem: parmetros de controle davelocidade dos ditados, se sero acompanhados porpulsaes de um metrnomo, e se sero precedidospor uma contagem. A tela principal apresentada naFigura 1.

    Figura 1 - Mdulo Ditado Rtmico

    2.2 MDULO RECURSOS RTMICOS

    Proporciona o estudo de exemplos de frases musicaisque possuem caractersticas rtmicas especficas,como anacruse, ponto de aumento, ligadura de pro-longao, sncopa, contratempo e quiltera. Clicandosobre o Exemplo Rtmico so apreciadas apenas asfiguras de tempo, no Exemplo Meldicopode-se ou-vir tambm a altura dos sons, e na opo Acompa-nhamentopode-se apreciar o exemplo harmnico. No

    exerccio Recomposio Rtmica, deve-se escolheruma dentre as seis opes de compassos para cons-truir a linha rtmica, arrastando os compassos que sereportam ao recurso estudado. Ao final, poder serapreciada a linha completa clicando-se sobre ela. Suatela pode ser observada na Figura 2.

    2.3

    MDULO COMPOSIO RTMICA

    Apresenta as figuras de tempo para composiesrtmicas, em carter aberto e flexvel, sendo possveltrabalhar idias ou colocar em prtica o conhecimentoconstrudo nos demais Mdulos ou em aula. A no

    utilizao de frmulas de compasso oferece a liber-dade para composio em compassos convencionais eoutros, de acordo com a escolha do professor ou doestudante.

    Figura 2 - Mdulo Recursos Rtmicos

    As opes Andamento e Instrumento possibilitamalterar a execuo do ritmo composto. A Contagem

    Inicial habilita e desabilita uma contagem de quatropulsos, que antecede a execuo da composio. OBoto Apagar ltima permite que se apague figurapor figura, e o Boto Limpar Tudo exclui todas asfiguras de uma vez. O Boto Tocar permite ouvir oritmo. A tela do Mdulo Composio Rtmica apre-

    sentada na Figura 3.

    Figura 3 - Mdulo Composio Rtmica

    2.4 MDULO REPERTRIO RTMICO

    Proporciona a anlise e apreciao de caractersticasde clulas rtmicas de msicas de diversos estilos eperodos musicais. A frase pode ser apreciada em suatotalidade (ritmo, melodia e harmonia) ou somente

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    seu ritmo. A apreciao audio-visual da clula enfati-za as caractersticas rtmicas, utilizando o som do D4. As msicas so selecionadas no quadroRepertrio,por estilos musicais, e no quadro Compasso, onde estipulada a frmula de compasso a ser estudada. O

    Metrnomo propicia a modificao do andamentooriginal. Alm de ser possvel estudar detalhes rtmi-cos por meio deste recurso - por exemplo, pela desa-celerao do andamento - possvel fazer infernciasquanto ao seu carter expressivo (Figura 4).

    Figura 4 - Mdulo Repertrio Rtmico

    3

    AVALIAO DE SOFTWARE PARAEDUCAO MUSICAL

    A relevncia da avaliao sistemtica de softwarepara educao musical apontada por diversos auto-res (Rudolph, 1996; Krger, 1997, 2000; Krger,Gerling & Hentschke, 2000). Para Ramos e Mendon-a (1991), a importncia da avaliao reside na otimi-zao de esforos e recursos no nvel da pesquisaacadmica, recursos humanos, investimentos finan-ceiros pblicos ou privados, e na capacitao dos

    profissionais que atuam diretamente no sistema edu-cativo (p.122). Rudolph (1996) comenta que as avali-aes podem colaborar para a aquisio de programaspara atividades especficas, evitando gastos desneces-srios e utilizao inadequada (p.109). Apesar de serrelevante a avaliao dos atributos tcnicos, a nfasedeve residir na investigao das caractersticas peda-ggico-musicais. Todos os aspectos devem ser relaci-onados ao contexto scio-cultural e educacional, sespecificidades tcnicas de software para educaomusical e a natureza das atividades musicais. Istotambm envolve a observao das interaes sociaisque podem ocorrer durante o uso dos software, entre

    os estudantes e entre estes e o professor. Por exem-plo, para Small (1997), a msica uma atividadesocial, pois de alguma forma (presencial ou no)ocorre uma interao entre as pessoas que tomamparte nela (ibid. p.2-3). Devido a estes aspectos,

    relevante que a avaliao seja fundamentada em pes-quisas recentes da informtica educacional, educaomusical, sociologia e psicologia da educao musical,entre outras reas.

    Um dos processos mais utilizados na avaliao desoftware educacional tem sido a avaliao formativa,a qual realizada durante o desenvolvimento dosoftware e visa detectar problemas de diversas natu-rezas, apontando modificaes necessrias. Entreoutros procedimentos, a avaliao formativa envolve

    observao do uso do software por estudantes, po-dendo ser conduzida por professores (Squires &McDougall, 1994). Hannafin e Peck (1988) comen-tam que pode ser aplicada nos vrios estgios de ela-borao e desenvolvimento de programas educacio-nais. Por este motivo, a mesma tem sido constante-mente utilizada pela equipe do LC&M8. Ela podeutilizar-se, entre outros instrumentos de coleta dedados, de questionrios de atitude, coleta e compa-rao da performance do estudante em relao aosobjetivos das lies, e a tabulao formal dos sumri-os da performance por objetivos dos estudantes ou daclasse (p.300). A avaliao formativa pode ser rela-cionada Pesquisa Descritiva, a qual foi adotadacomo metodologia do estudo aqui relatado.

    4 METODOLOGIA

    Para a avaliao pedaggica do STR, foi escolhidocomo design metodolgico a Pesquisa Descritiva(Casey, 1992), principalmente devido a seus instru-

    mentos de coleta de dados. Esta metodologia utili-zada quando se investiga necessidades, tendncias eafinidades (p.115). Dentre os diversos tipos de Pes-quisa Descritiva, considerou-se mais adequado omtodo de Survey de Corte Transversal, que se ca-racteriza pela coleta de dados de uma poro dapopulao de interesse (mais que um e menos que ototal), na expectativa de que os indivduos examina-dos propiciem informao relativamente descritiva deuma populao inteira (ibid. p.116). Diferente do

    8Avaliaes dos programas STI (Sistema para Treinamento de Intervalos)e SETMUS (Sistema Especialista para Teoria Musical).

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    mtodo de Survey Longitudinal, onde os dados socoletados diversas vezes da mesma amostra em ummaior perodo de tempo, no mtodo de Survey deCorte Transversal h uma nica coleta de dados daamostra, entendendo-se que estes possam representar

    bem a populao e ser analisados com relativa rapi-dez (ibid. p.116). Nesta pesquisa, a coleta de dadosvisou avaliar uma nica vez cada Mdulo do softwa-re.

    4.1 AMOSTRA

    O mtodo de Surveydesta pesquisa considerado depequena escala devido ao reduzido nmero de indiv-duos participantes. Para a seleo desta amostra, foi

    utilizada uma das tcnicas de amostragem no proba-bilstica, que se caracterizam por no incluir todos osindivduos da populao alvo na pesquisa (Casey,1992, p.117). Optou-se pela amostragem por objeti-vo, que procura sujeitos que possuem uma caracte-rstica de interesse especfico pesquisa (ibid.p.117). O principal critrio de seleo dos estudantesfoi o conhecimento elementar de teoria e prtica mu-sical, isto porque o software apresenta a notao mu-sical convencional para o trabalho rtmico. Almdisso, os estudantes precisariam estar dentro da faixa

    etria estabelecida como pblico-alvo do software adolescentes a partir de 12 anos de idade e, ter dispo-nibilidade para participao na pesquisa.

    Foi elaborado um questionrio para o levantamentodo grau de desenvolvimento musical dos estudantesda escola onde seria aplicado o curso, visando identi-ficar quais contemplariam o perfil desejado para aavaliao do software. Dos 100 questionrios respon-didos, foram encontrados vinte estudantes que con-templavam as caractersticas necessrias. Entretanto,

    devido a disponibilidade, a amostra final consistiu emdez indivduos entre 15 a 18 anos de idade, sendo quesomente dois possuam conhecimento de notaomusical (estudantes de msica). Os demais eram m-sicos leigos, com diferentes nveis de habilidade nomanuseio de instrumentos musicais como violo,guitarra, bateria e teclado. Assim, o grupo foi forma-do por sujeitos com maior envolvimento prtico commsica do que conhecimento terico.

    Devido a esta amostragem e durao da avaliao, apesquisa apresenta algumas limitaes. possvelquestionar o grau de generalizao dos resultados,

    uma vez que participaram somente dez estudantes e ocurso foi realizado em somente seis horas/aula, dis-tribudas em trs dias. O nmero pequeno de estu-dantes deve-se principalmente a disponibilidade departicipao, e tambm a limitaes logsticas (dispo-

    nibilizao de dez computadores multimdia). Noentanto, o nmero reduzido de estudantes possibilitouum atendimento mais personalizado, revelando al-guns fatores que somente poderiam ser verificadospela anlise qualitativa. Em outras pesquisas de ava-liao de software tambm foram utilizadas amostrasreduzidas (Krger, 1997, 1998), tendo sido obtidosbons resultados em relao aos objetivos esperados.Considera-se o curto perodo do curso adequado avaliao, uma vez que os trs Mdulos do STR pu-deram ser amplamente explorados e foram considera-dos coerentes com o designmetodolgico escolhido.

    Foram tomados alguns cuidados a fim de no sercomprometida tanto a validade interna como externada pesquisa9. Em relao a validade interna, foi con-siderada a possibilidade de reatividade, ou seja, areao dos estudantes pesquisa devido elementoscomo as anotaes e gravaes (Campbell & Stanley,1979). A validade externa da pesquisa relaciona-secom o grau de generalizao dos resultados. Doiselementos foram observados visando sua no interfe-rncia nos resultados: carncia de representatividadeda populao alvo disponvel (pequeno nmero deindivduos ou estes no so pertinentes populao aqual se destina a pesquisa) (Cohen & Manion, 1995,p.196) e efeito Hawthorne (esforos dos indivduosa fim de melhorarem seu rendimento devido cons-cincia de testagem) (Rodrigues, 1975, p.62). Esta-beleceu-se o maior nmero de procedimentos ade-quados a fim de evitar estas deficincias, sendo oprincipal deles o cuidadoso planejamento de cada

    aula em termos de atividades e contedos abordados.O efeito Hawthorne foi controlado devido a expli-cao de que os questionrios se referiam avaliaodo software, e no ao desempenho musical dos estu-dantes. Desta forma, conseguiu-se que os mesmosno se sentissem desafiados, que no reagissem aosinstrumentos de coleta de dados e que tivessem liber-dade para trabalhar todas suas idias musicais nosoftware. Apesar dos cuidados na seleo da amostra,sua representatividade no pde ser totalmente con-9 Apesar de serem mais comumente observados em PesquisasExperimentais, tambm foram empregados nesta pesquisa devido

    necessidade de sistematizao e controle na seleo da amostra.

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    Por meio do questionrio aberto, constatou-se que osestudantes compreenderam os objetivos e procedi-mentos do STR, o que indica que o mesmo pode serutilizado de acordo com as premissas iniciais daequipe. Tambm foram sugeridas algumas reformula-

    es. A Tabela1apresenta alguns trechos dos dadosobtidos10:

    MduloRecursos Rtmicos

    ...ensina algumas tcnicas de ritmo epermite test-las com a RecomposioRtmica. Permite que entendamos o ritmode maneira mais prtica do quesimplesmente lendo a teoria.

    Ele d uma idia excelente sobre orecurso escolhido. Os exemplos so bons ea facilidade com que ele pode sermanuseado de grande valor.

    Sugestes: opo para modificao doandamento dos exemplos e daRecomposio Rtmica; maior variedadede exerccios.

    MduloDitado Rtmico

    O ditado bastante interessante e legalpara o aprendizado de ritmo e tempos denotas.

    um sistema muito bom para se adaptars notas e aprender reconhecer cada uma.E, como ele um teste, aprende-se com osprprios erros, o que facilita muito mais a

    fixao.Sugestes: maior variedade de ditadosrtmicos; compassos diferentes.

    MduloComposio Rtmica

    A gente pe em prtica todos osconhecimentos vistos nos outrosMdulos.

    Este Mdulo permite que faamos nossasprprias composies e as escutemos, oque muito bom.

    Uma maneira de expor as prpriasmsicas e depois, poder escutar o ritmo

    criado. muito importante isso, pois nemsempre o que pensamos igual quandocolocamos em prtica.

    Sugestes: trabalho meldico; destaqueaudiovisual para cada nota a ser executadapelo programa.

    Sugestes comuns Maior variedade de instrumentos musicais,inclusive quanto aos instrumentos depercusso, e maiores explicaes sobre ocontedo.

    Tabela 1 - Observaes e crticas sobre os mdulos do STR

    10Os estudantes no se identificaram em todos os questionrios; por isso,no so citados nomes ou legendas.

    O questionrio fechado foi respondido pelos estu-dantes na ltima aula. Dentre as respostas obtidas,sero apresentadas as que permitiram infernciasquanto s alteraes necessrias e outras que com-provaram a propriedade de alguns dos elementos

    inicialmente projetados11

    .

    A avaliao demonstrou que o sistema possui recur-sos que criaram expectativas e motivaram os estu-

    dantes a explorar novos conhecimentos. Os desafiospedaggicos foram mais aparentes no Mdulo DitadoRtmico, devido ao conhecimento tcnico-musicalrequerido, e no Mdulo Composio Rtmica, devidoa transcrio de peas compostas nos instrumentos ea composio de frases rtmicas. A realizao decomposies rtmicas foi motivada principalmentequando o Mdulo foi combinado ao uso dos instru-mentos. Neste sentido, contriburam tanto a flexibili-dade e liberdade de uso inerente ao software como aabordagem pedaggica utilizada pela professora. Os

    estudantes ressaltaram sua motivao para trabalharno software, solicitaram a participao em outrosprojetos de pesquisa e quiseram conhecer os demaisprogramas desenvolvidos pelo LC&M.

    A flexibilidade do STR quanto a sua navegao eapresentao dos contedos de fundamental impor-tncia para a relao que ser estabelecida entre oestudante e o sistema. Neste caso, sete estudantesconcordaram totalmente que o sistema bastanteflexvel a ponto de ser utilizado conforme o anda-mento estipulado pelo estudante, e sua necessidade ecapacidade de assimilar e exercitar o ritmo musical.Trs indicaram que o sistema flexvel a ponto de

    11Os grficos apresentam o nmero de respostas (por estudantes) em cadaquesto.

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    alterar a velocidade de aprendizagem conforme qui-sessem, mas apresenta limitaes.

    Constatou-se que a interao que tradicionalmenteocorre entre o professor e os estudantes durante asaulas de teoria musical, foi modificada principal-mente durante o uso do Mdulo Ditado Rtmico. Porexemplo, ao invs de ditados que buscam respostassimultneas dos estudantes, estes puderam realizar o

    exerccio no seu ritmo de trabalho, sem interfernciaou direcionamento e sem influncia dos colegas.Constatou-se, porm, que os estudantes solicitavamauxlio da professora tanto na parte terico-musicalquanto sobre os procedimentos para a realizao dosexerccios (devido a lacunas na interface do STR).Assim, confirmou-se que a interface do software no intuitiva e nem totalmente amigvel.

    Este resultado demonstra que os estudantes aproveita-ram o curso desenvolvido com o auxlio do STR.Durante as aulas, mencionaram que o seu contedono um conjunto de teorias e regras musicais abs-tratas, mas sim significativo e que possibilita umaaplicao prtica e imediata. Os principais indicado-res desta aplicabilidade e transferncia de conheci-mento foram a execuo de ritmos apresentados peloSTR nos instrumentos musicais; e, a conferncia ouaprimoramento, no software, de ritmos que haviamsido criados nos instrumentos.

    Todos os estudantes valorizaram o aprendizado como STR. Isso demonstra que o STR um recurso pas-

    svel de utilizao com bons resultados, quando inte-grado a atividades de composio, execuo e apreci-ao desenvolvidas em sala de aula.

    Por fim, a avaliao mostrou-se positiva pois noapresentou estudantes que discordassem totalmentedos itens pesquisados. Os resultados demonstram queo STR uma ferramenta que pode ser utilizada comorecurso auxiliar em aulas de teoria musical sobre

    ritmos. Tambm concluiu-se que os estudantes parti-cipantes desta avaliao aprovaram o STR em todosos itens pesquisados, embora com algumas restries.

    5.1 POSSIBILIDADES DE USO DO STR EMSALA DE AULA

    Apesar da denominao Sistema de TreinamentoRtmico, o STR prov recursos tericos e prticospara o desenvolvimento rtmico-musical que trans-

    cende o sentido restrito deste termo. Isso ocorreuprincipalmente quando a professora incentivou aexplorao livre ou direcionou parcialmente as ativi-dades, proporcionando meios para o desenvolvimentoda criatividade e autonomia dos estudantes. Nestecontexto, foram promovidos debates, confronto dehipteses e idias terico-musicais (Becker, 1993).Todos os Mdulos utilizados de forma equilibrada,por meio da retroalimentao das atividades (utili-zando determinados Mdulos como base para o tra-balho em outros, como ocorreu com o Mdulo Recur-

    sos Rtmicos e o Mdulo Composio Rtmica) e, acombinao com outros recursos pedaggicos e ativi-dades em sala de aula.

    Um problema encontrado na avaliao reportou-se diferenciao entre o STR e outros recursos pedag-gicos convencionais. Constatou-se que a concepopedaggica do Mdulo Ditado Rtmico ainda perma-nece idntica aos recursos e atividades tradicionais depercepo rtmica. O Mdulo Recursos Rtmicos foiconsiderado relativamente diferente das abordagenstradicionais, por oferecer a apreciao musical daspeas de diversas formas. Entretanto, o diferencial foi

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    a forma de uso do programa, ou seja, o equilbrio emcomposio, execuo e apreciao musical.

    5.2

    INTERAO DOS ESTUDANTES DURANTEO USO DO STR

    Outro objetivo observado para o planejamento dasaulas foi investigar quais formas de interao, entreos estudantes, que poderiam ser efetivadas durante ouso do programa. Procurou-se investigar a coopera-o entre os estudantes, na qual o trabalho realizadoem conjunto, com discusso construtiva e argumenta-es; a colaborao, que ocorre quando um estudanterealiza o trabalho que posteriormente complemen-tado por outro; e o individualismo, onde cada estu-

    dante busca seus prprios objetivos e no conta comseus colegas para alcan-los (Krger, 2000, p.71-2).

    Para tanto, foram selecionadas atividades individuais,em duplas e em grande grupo. Os estudantes estavamsentados em fila, de frente para a professora. Asatividades individuais e em dupla foram realizadasdurante o trabalho com o Mdulo Ditado Rtmico eRecursos Rtmicos e, portanto, foram consideradasadequadas s tarefas. Por exemplo, num primeiromomento, solicitou-se que efetuassem o ditado

    sozinhos, visando desenvolvimento tcnico pessoal;num segundo, os estudantes foram agrupados emduplas para que pudessem trocar idias sobre osditados e assim interagissem mais. Nestas atividades,observou-se colaborao, cooperao eindividualismo, interaes consideradas satisfatriasdevido rapidez na consecuo das tarefas e o grandenmero de acertos. A atividade em grande grupo foirealizada a partir do software: o arranjo de uma msi-ca baseada em um elemento rtmico criado no M-dulo Composio Rtmica. O nvel de cooperao foi

    considerado extremamente alto, uma vez que todos osestudantes participaram com sugestes. O resultadomusical final foi bastante inovador, sendo um de-monstrativo de que o software pode motivar os estu-dantes tambm para atividades no previstas no seuprojeto, como composio em grupo.

    A investigao das possibilidades de uso do STRdemonstrou que o mesmo pode fomentar vrios tiposde interao social, conforme o planejamento do pro-fessor e a dinmica de classe desejada. As interaesforam semelhantes tanto durante o uso do STRquanto nas atividades realizadas a partir dele, isto ,

    quando o software foi utilizado como ponto de parti-da para atividades que requereram outros recursos einstrumentos musicais. Tal fato positivo, uma vezque o STR foi inicialmente projetado para uso ematividades individuais. O resultado comprova que um

    mesmo software pode fomentar diferentes atitudesdos estudantes em relao aos seus colegas, as quaisrelacionam-se com o tipo de atividade e objetivo decada aula. Entretanto, considera-se que estesresultados so dependentes principalmente doplanejamento cuidadoso e fundamentado em concep-es de educao musical atualizadas.

    5.3 ASPECTOS EMERGENTES

    Podem ser ressaltados dois aspectos que emergiramcom a pesquisa: a questo da avaliao do estudante edo incentivo criatividade. No software, a avaliaodo aprendizado tem um carter predominantementesomativo e ocorre no Mdulo Ditado Rtmico e noexerccio de recomposio do Mdulo Recursos Rt-micos. A mesma pode ser considerada relativamenteadequada concepo pedaggica destes Mdulos eexerccios, embora no tenha sido utilizada na ntegradurante a pesquisa. Tal fato ocorreu por que no Cursofoi utilizada uma concepo de avaliao formativa e

    integrada s demais atividades desenvolvidas em aulae ao Mdulo Composio Rtmica (que no avalia odesempenho do estudante). Verificou-se que a avalia-o proporcionada pelo software no interferiu nodesigngeral de avaliao do Curso. No projeto com-putacional do software optou-se por armazenar osresultados em um arquivo desvinculado das ativida-des, prevendo-se que o professor poderia optar porno utiliz-la. Este recurso pode evitar que o estu-dante seja influenciado pelos resultados ou seja cons-trangido pelos colegas. Porm, mesmo que a avalia-o proporcionada pelo software apresente informa-es sobre o desempenho do estudante, deve ser rela-cionada s atividades em sala de aula e s avaliaesefetuadas por meio de outros recursos. Somente apartir desta integrao ser possvel uma compreen-so mais abrangente de como o estudante est se des-envolvendo musicalmente.

    Verificou-se que o incentivo criatividade musicalem trabalhos no prprio software um pouco restrito.Embora os estudantes tenham sido incentivados acompor ritmos relacionados ao seu contexto scio-cultural, tal processo pode ter sido limitado pois o

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    software ainda possibilita poucas escolhas estticasno Mdulo Composio Rtmica. Vrios recursossugeridos no projeto pedaggico no se encontravamimplementados no momento da avaliao; conse-quentemente, os estudantes no puderam efetivar

    nuances de dinmica, aggica e outros elementos queconferissem um carter expressivo sua composio.Os mesmos foram efetivados nos instrumentos musi-cais das atividades em grupo. Starkey (1998) asseveraque a tecnologia pode facilitar a experimentao e acriatividade, porm tambm pode facilitar tudo e criarum mundo no qual as respostas certas esto umpouco alm do clic do mouse (p.177, aspas da auto-ra). Em outras palavras, a seleo das figuras de some silncio do Mdulo Composio Rtmica , at omomento, somente um ponto de partida para o traba-lho com os recursos materiais das composies. Umadas modificaes apontadas por meio desta avaliaoreside na implementao de recursos computacionaisque possibilitem maior trabalho expressivo dentro doprprio software. Desta maneira, uma linha rtmicano precisar ser finalizada em instrumentos musicais(visando o trabalho com seu carter expressivo eforma). Ressalta-se tambm a necessidade de maioresinvestigaes sobre a natureza das atividades musi-cais realizadas por meio deste software, principal-

    mente no que tange a composio.

    6 CONCLUSO

    A avaliao do STR teve como objetivo principalinvestigar se o programa pode servir como recursoauxiliar ao estudo do ritmo musical em atividadescomo execuo, composio e desenvolvimento detcnica musical. Concluiu-se que, atravs de um pla-nejamento cuidadoso e fundamentado em princpioseducacionais, puderam ser desenvolvidas, a partir do

    software, atividades integradas nas reas de execu-o, composio e apreciao (Modelo (T)EC(L)A).Tambm confirmou-se que h possibilidade de trans-ferncia e adaptao de contedos pedaggico-musicais do software para atividades desenvolvidasem aula, e vice-versa, o que possibilita uma integra-o ainda maior entre estas atividades. Tal resultadopode ser atribudo ao planejamento que visou o equi-lbrio entre as atividades proporcionadas pelo softwa-re e as demais, desenvolvidas por meio de outrosrecursos. Quanto as interaes entre os estudantes,comprovou-se que o software pode fomentar desdeatividades individuais, como inicialmente planejado

    pela equipe, e tambm atividades conjuntas, no nvelde cooperao. Esta cooperao crescente a medidaem que o software utilizado como ponto de partidapara atividades realizadas com instrumentos musi-cais, onde os estudantes podem ser estimulados a

    contribuir com idias musicais e realizar anlisesmtuas de suas execues e composies.

    Devido ao fato de que a maioria dos participantes doCurso no possuam conhecimento de notao musi-cal, so necessrias pesquisas adicionais utilizando osoftware em aulas de msica, uma vez que os resulta-dos demonstram que ele pode ser mais adequado aestudantes envolvidos em um processo formal deeducao musical. Devido a impossibilidade de gene-ralizao a esta outra amostra, premente observar

    quais seriam as crticas e sugestes que seriam feitasao software. Sugere-se que as diferenas sejam maisacentuadas em relao concepo do software, emtermos de seus elementos tericos e sua forma detrabalho (usabilidade e interatividade do programa), eno sejam muito diferenciadas quanto a interao dosestudantes durante seu uso. Para a investigao destanova hiptese, precisam ser utilizados os mesmosprincpios pedaggico-musicais enquanto rplica dosprocedimentos desta pesquisa.

    O resultado desta investigao refora as premissasinicialmente adotadas pela equipe do LC&M. O pro-jeto computacional do software iniciou com a verifi-cao das possibilidades de implementao de exer-ccios de simulao de ditado rtmico de acordo comos recursos de programao multimdia disponveis.Do ponto de vista computacional, todos os recursosde interface (visual e sonora) devem funcionar ade-quadamente e ser, na medida do possvel, portveis.Outro fator que influenciou a criao do STR foi aexperincia em desenvolver outros sistemas de edu-cao musical baseados em simulaes de ditadosmusicais em sala de aula e outros recursos didticosda msica (Fritsch, 1995). Apesar de preocuparem-secom a estrutura pedaggica, o objetivo principal resi-dia em tornar o STR um sistema operacionalizvelonde o estudante obtivesse xito em interagir com asfunes programadas, desenvolvendo, portanto, suaspotencialidades rtmicas. Porm, no decorrer da pro-gramao do projeto computacional, foram efetuadasmudanas tambm na estrutura pedaggica, buscando

    a sua adaptao ao Modelo (T)EC(L)A (Krger et al.,1999). possvel afirmar que, apesar das limitaes

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    tornadas aparentes por meio desta avaliao, o STR uma das primeiras tentativas brasileiras de funda-mentar um programa em pesquisas recentes na reade informtica, educao musical e psicologia damsica (Krger et al., 1999). Confirmou-se a neces-

    sidade de continuidade das pesquisas no STR nasreas computacionais e pedaggico-musicais, sendorelevante a transferncia de recursos tcnicos entre osMdulos. Por exemplo, aspectos que poderiam sertomados como pedagogicamente elementares, como acoerncia entre as atividades e os contedos dos M-dulos (ex.: frmulas de compasso, instrumentos, op-es meldicas e expressivas, entre outros), requeremestudos aprofundados em ambas as reas. Tais fatosdemonstram a importncia do carterinterdisciplinar,sendo requerido alto grau de flexibilidade e comple-mentaridade. A partir de sua reprogramao, o STRpoder ser utilizado em cursos de extenso, comadolescentes e adultos, e em cursos de licenciaturaem msica, com a finalidade de criar uma culturavoltada ao emprego de tecnologia nacional em ativi-dades pedaggico-musicais.

    Por fim, considera-se que as avaliaes formativasconstantes de software educativo para msica podemser calcadas nos critrios educativo-musicais, comoos utilizados na pesquisa aqui relatada, e realizadascom um ou mais instrumentos de coleta de dados. Asmesmas podero contribuir para o desenvolvimentode programas que contribuam para a busca, manuten-o e/ou aprimoramento das metas pedaggico-musicais pr-estabelecidas. Desta forma, ser poss-vel que o produto final proporcione aos estudantesuma ampla e diversificada experincia musical.

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