suplementaçao bovino seca embrapa

26
Documentos 108 Luiz Roberto Lopes de S.Thiago José Marques da Silva Suplementação de Bovinos em Pastejo Campo Grande, MS 2001 ISSN 1517-3747 Novembro, 2001 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento DOC108.pmd 10/9/2010, 10:55 1

Transcript of suplementaçao bovino seca embrapa

Page 1: suplementaçao bovino seca embrapa

Documentos 108

Luiz Roberto Lopes de S.ThiagoJosé Marques da Silva

Suplementação de Bovinos emPastejo

Campo Grande, MS2001

ISSN 1517-3747

Novembro, 2001Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaCentro Nacional de Pesquisa de Gado de CorteMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:551

Page 2: suplementaçao bovino seca embrapa

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa Gado de CorteRodovia BR 262, km 4, CEP 79002-970 Campo Grande, MSCaixa Postal 154Fone: (67) 368 2064Fax: (67) 368 2180http://www.cnpgc.embrapa.brE-mail: [email protected]

Comitê de Publicações da Unidade

Presidente: Cacilda Borges do ValleSecretário-Executivo: Osni Correa de SouzaMembros: Ecila Carolina Nunes Zampieri Lima, EzequielRodrigues do Valle, José Raul Valério, Manuel Cláudio MottaMacedo, Maria Antonia Martins de Ulhôa Cintra, TênissonWaldow de Souza, Valéria Pacheco Batista Euclides

Supervisor editorial: Ecila Carolina Nunes Zampieri LimaRevisor de texto: Lúcia Helena Paula do CantoNormalização bibliográfica: Maria Antonia M. de Ulhôa CintraTratamento de ilustrações: Paulo Roberto Duarte PaesFoto(s) da capa: Arquivo Embrapa Gado de CorteEditoração eletrônica: Ecila Carolina Nunes Zampieri Lima

1a edição1a impressão (2001): 1.000 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou emparte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).CIP-Brasil. Catalogação-na-publicação.Embrapa Gado de Corte.

Thiago, Luiz Roberto Lopes de S.Suplementação de bovinos em pastejo / Luiz Roberto Lopes de

S. Thiago, José Marques da Silva. -- Campo Grande: EmbrapaGado de Corte, 2001.

28 p. ; 21 cm. -- (Documentos / Embrapa Gado de Corte, ISSN1517-3747 ; 108)

ISBN 85-297-0108-9

1. Bovino de corte - Suplemento mineral. 2. Nutrição animal.I. Silva, José Marques da. II. Embrapa Gado de Corte (CampoGrande, MS). III. Título. IV. Série.

CDD 636.089 (21. ed.)

© Embrapa 2001

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:552

Page 3: suplementaçao bovino seca embrapa

Luiz Roberto Lopes de S.ThiagoEngenheiro-Agrônomo, Ph.D., CREA No 852/D - Visto1.522/MS, Embrapa Gado de Corte, Rodovia BR 262km 4, Caixa Postal 154, Telefone (67) 368-2036, CEP79002-970 Campo Grande, MS. Endereço eletrônico:[email protected]

José Marques da SilvaEngenheiro-Agrônomo, M.Sc., CREA No 11.938/D -Visto 1.302/MS, Embrapa Gado de Corte, Rodovia BR262 km 4, Caixa Postal 154, Telefone (67) 368-2052,CEP 79002-970 Campo Grande, MS. Endereço eletrôni-co: [email protected]

Autores

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:553

Page 4: suplementaçao bovino seca embrapa

Sumário

Resumo ..................................................................... 7Abstract .................................................................... 9Introdução ............................................................... 10Ambiente ruminal e o suplemento ............................... 10Suplementação na seca ............................................. 11

Suplementação na seca – vacas de cria ...................................... 12Suplementação na seca – animais em recria ................................. 13Suplementação na seca – animais em engorda (semiconfinamento) .. 15

Suplementação na chuva ........................................... 16Suplementação na chuva – vacas de cria ..................................... 17Suplementação na chuva – animais em recria e engorda ................. 17

Cálculo de um suplemento ......................................... 19Discussão final ......................................................... 27Referências bibliográficas .......................................... 27

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:555

Page 5: suplementaçao bovino seca embrapa

Suplementação de Bovinosem PastejoLuiz Roberto Lopes de S.ThiagoJosé Marques da Silva

Resumo

Bovinos em pastejo convivem com flutuações sazonais contínuas, tanto naoferta como na qualidade das pastagens. Isso altera a curva de crescimento deanimais em regime exclusivo de pasto, refletindo em abate com idade acima dostrês anos. Tal desempenho natural dos sistemas de produção de carne atendia àsnecessidades de mercados passados. Hoje a demanda é por animais mais jovens,que estejam aptos para o abate com idade inferior aos três anos e carcaças compeso mínimo de 225 quilos e 3 milímetros de espessura de gordura. O objetivodeste trabalho é apresentar alternativas de suplementação para corrigir asdeficiências nutricionais das pastagens, visando sistemas mais precoces deprodução de carne.

Palavras-chave: chuva, bovino de corte, pastejo, seca, suplementação.

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:557

Page 6: suplementaçao bovino seca embrapa

8 Suplementação de bovinos em pastejo

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:558

Page 7: suplementaçao bovino seca embrapa

Supplementation forgrazing beef cattle

Abstract

Grazing cattle lives under continuous seasonal fluctuation in terms of foragequality and quantity. This fact alter the normal growth curve of the grazinganimal resulting in slaughter age above three years. In the past, this naturalproduction cycle of beef cattle systems was good enough to attend marketdemands. However, today the demand is for younger animals, that means, readyto slaughter at na age below three years and minimum carcass weight of 225 kgand 3 mm fat cover. The objective of this study is to provide supplementationalternatives to cover possible nutricional deficiencies in the pasture so as toshorten the time of grazind beef production systems.

Key-words: wet period, beef cattle, grazing, dry period, supplementation.

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:559

Page 8: suplementaçao bovino seca embrapa

10 Suplementação de bovinos em pastejo

Introdução

Uma tendência natural dos sistemas de produção de carne nos trópicos seriaexplorar ao máximo o potencial de cada forragem durante o período favorável decrescimento, isto é, primavera/verão. Nessa época, além da maior produtividade,as pastagens poderiam ser consideradas como dietas completas, desde quesuplementadas com água e mistura mineral. O potencial forrageiro de cadaplanta, associado com as práticas de manejo utilizadas, vai resultar em diferentesdesempenhos animais, com um valor médio de, aproximadamente, 400 g/animal/dia. O uso do suplemento poderia ser uma opção para adicionar, aoganho citado, 100 ou 200 g/animal/dia. Já para o período da seca (outono/inverno), caracterizado pela baixa produção e qualidade das pastagens, osuplemento é um fator necessário para garantir, em algumas situações, amantença do animal, mas essencial para se alcançar ganho de peso. Na seca, onutriente mais limitante ao animal em pastejo é a proteína, que interfere nadigestibilidade e no consumo da pastagem, e, conseqüentemente, no desempe-nho animal. Portanto, a suplementação e a melhoria das taxas de ganho de pesopodem ocorrer durante todo o ano, mas é no período da seca quando se alcançaa melhor eficiência alimentar (Hamilton & Dickie, 1988). O objetivo destetrabalho é discutir os diversos aspectos da suplementação de bovinos empastejo, dentro de um enfoque prático e econômico.

Ambiente ruminal e o suplemento

O retículo-rúmen representa cerca de 85% do estômago de um bovino adulto ecom uma capacidade de até 200 litros (Hill, 1988). A temperatura interna éconstante (entre 39°C e 40°C) e o valor do pH mantido próximo a 6,7, graçasà produção de grande quantidade de saliva, o que normalmente ocorre com oanimal em pastejo. O meio é anaeróbico (ausência de oxigênio) e os nutrientessão adicionados por meio do consumo da pastagem, alternados com períodos deruminação, principal processo responsável pela redução do tamanho das partícu-las ingeridas. Um movimento regular e constante do retículo-rúmen mistura essaspartículas recém-ingeridas com o conteúdo ruminal, contribuindo no processo defermentação e na saída de partículas menores do que 1 milímetro (Poppi et al.,1980) para o restante do trato digestivo até a eliminação nas fezes. A concentra-ção dos produtos da digestão no retículo-rúmen, principalmente os ácidosgraxos voláteis, é mantida em níveis constantes, por processo contínuo deabsorção pelas paredes ruminais. Essas condições ambientais, desde que

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5510

Page 9: suplementaçao bovino seca embrapa

11Suplementação de bovinos em pastejo

estáveis, são extremamente favoráveis para uma enorme proliferação de váriosmicroorganismos, tais como as bactérias, os protozoários e os fungos. Dentreestes, o grupo das bactérias celulolíticas é que confere aos bovinos a capacidadede sobreviverem em dietas exclusivas de forragens. Entretanto, essas bactériassão sensíveis à ausência de nitrogênio (níveis de amônia no líquido ruminal nãodeveriam estar abaixo de 5 mg/100 ml de líquido ruminal, de acordo com Satter& Slyter, 1974), ou a alterações no pH ruminal (pH abaixo de 6,1 pode limitarseriamente o crescimento, de acordo com Ørskov, 1982), sendo que ambos osfatores são afetados diretamente pela dieta. Existem outros que contribuem paramanter uma alta taxa de crescimento da população microbiana no retículo-rúmen,como a presença de aminoácidos específicos ou ácidos orgânicos (Petersen,1987). De fato, esta é uma das razões da suplementação exclusiva com nitrogê-nio não protéico (NNP), caso da uréia, a qual fornece única e exclusivamentenitrogênio, não satisfaz totalmente as demandas protéicas de um animal. Essesconceitos básicos de nutrição servem para mostrar que é extremamente impor-tante manter um equilíbrio no ambiente ruminal, para se maximizar a taxa decrescimento do bovino em pastejo. Alcançar esse ponto de equilíbrio deveria sera principal meta da suplementação, com a preocupação de também se maximizara eficiência do uso da pastagem.

Suplementação na seca

O maior problema no período da seca é o baixo desempenho dos bovinos empastejo, resultado de uma pastagem de baixo valor nutricional. As vacas de crianão recuperam a condição corporal necessária para manter o ciclo reprodutivo eas demais categorias animais apresentam baixas taxas de ganho de peso. Obaixo teor de proteína é o fator limitante das pastagens nessa época do ano, esua correção, normalmente, resulta em aumento no consumo e digestibilidade dapastagem (Cochran et al., 1998). Isto porque as bactérias celulolíticas, responsá-veis pela digestão da fibra, necessitam para o seu crescimento, de amônia (quepode ser fornecida pela uréia), mas também de esqueletos carbônicos (fornecidopelo carboidratos e proteína verdadeira). A fração protéica utilizada no rúmen édenominada de Proteína Degradada no Rúmen (PDR) e sua exigência estárelacionada diretamente com os microorganismos do rúmen e não com o animal.Essa exigência aumenta proporcionalmente à oferta de energia (NDT) ao animal,e pode ser estimada usando-se a equação:

PDR, g/animal/dia = NDT, kg/animal/dia x 0,13 (NRC, 1996)

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5511

Page 10: suplementaçao bovino seca embrapa

12 Suplementação de bovinos em pastejo

É aconselhável que no suplemento protéico, a proporção de PDR com origem nauréia, não ultrapasse 30% do PDR total.

Suplementação na seca – vacas de cria Objetivo da suplementação: melhorar o desempenho animal, melhorando a

utilização da pastagem disponível. Meta: aumentar a taxa de natalidade de vacas de cria e a taxa de

reconcepção de primíparas. Estratégia: fornecer uma pequena quantidade de nutrientes que favoreçam

os microorganismos do rúmen, e conseqüente aumento no consumo edigestibilidade do pasto.

Tipo de suplemento: que contenha teores de proteína bruta acima de 40%.Além da fonte protéica e mineral, a adição de uma fonte energética podecontribuir para melhorar o consumo do suplemento e contribuir paraaumentar a oferta no rúmen de esqueletos carbônicos. Nessa situação, ouso da uréia acima de 30% do PDR total é aceitável. Entretanto, suple-mentos protéicos apenas com uréia e mistura mineral não têm resultado emdesempenhos consistentes. O esperado, em termos de desempenhoanimal, seria reduzir perdas do peso vivo (casos extremos em locais delonga estiagem) ou alcançar a mantença ou leve ganho de peso.

Nível de fornecimento: mistura mineral/uréia, com ou sem palatabilizante -à vontade; sal protéico - aproximadamente 1 g/kg de peso vivo/animal/dia.

Tabela 1. Suplementos para vacas de cria, % base MN*.

*MS = matéria natural

Ingredientes

Milho triturado

Farelo de soja

Uréia

Sulfato de amônio

Mistura mineral

Sal comum (branco)

PB, % na MS

NDT, % na MS

12

36

10

2

20

20

50

37

10

-

30

5

55

-

92

8

-

-

30

5

65

-

91

0

Misturamineral/uréia Sal protéico

Mistura mineral/uréia+ palatabilizante

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5512

Page 11: suplementaçao bovino seca embrapa

13Suplementação de bovinos em pastejo

Mistura mineral/uréia – baixo consumo resulta em desempenhos aquém dodesejado. Uso específico para regiões de seca bem caracterizada onde hajadisponibilidade de macega de baixa qualidade. Pode reverter uma situação deperda de peso vivo acentuada para moderada ou até mantença, dependendo daoferta de pasto e taxa de lotação animal.

Mistura mineral/uréia + palatabilizante – o consumo mais constante poderesultar em desempenhos mais consistentes, como citados na situação anterior.

Sal protéico ou proteinado – consumo controlado com o uso do sal branco,dentro de valores próximos a 1 g/kg de peso vivo (vaca de 400 kg deveriaconsumir 400 g de sal protéico/dia). O controle do consumo do suplemento como sal branco não é absoluto, havendo necessidade de se fazerem avaliaçõesfreqüentes do mesmo, na fase inicial de sua oferta. Alterações na quantidade dosal branco para mais ou para menos, compensando com a substituição do milho,talvez sejam necessárias. Uma vez estabilizado o consumo, o abastecimento dococho com o sal protéico deveria ser por períodos intercalados de três a quatrodias. Respeitar um espaço linear de cocho de 20 cm/vaca. É uma forma econô-mica de suplementação, com o objetivo de reduzir taxas de perdas de peso vivo,manter peso vivo ou, até mesmo, alcançar ganhos moderados de cerca de 200 gpor vaca/dia, dependendo do pasto. Animais recebendo suplementos com salcomum para controlar consumo precisam ter livre acesso à água.

Suplementação na seca – animais em recria Objetivo da suplementação: melhorar o desempenho animal pelo forneci-

mento adicional de nutrientes. Meta: reduzir a idade de abate e/ou idade de primeira cria e/ou reduzir

taxas de perda de peso vivo. Estratégia: fornecer um suplemento para aumentar o consumo total de

proteína (sal protéico) ou proteína/energia (concentrado). No último caso,dentro de limites capazes de minimizar seu efeito sobre o consumo dapastagem.

Tipo de suplemento: as características do sal protéico são idênticas às jádiscutidas. O concentrado deve apresentar um teor de proteína bruta acimade 20%, teores médios de energia (entre 70% a 76% de NDT), minerais eionóforo (Rumensin, Taurotec e outros). A substituição do PDR total pelauréia não deveria ultrapassar 30%.

Nível de fornecimento: sal protéico – 1 g/kg de peso vivo/animal/dia;concentrado - entre 2,5 a 5 g/kg de peso vivo/animal/dia.

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5513

Page 12: suplementaçao bovino seca embrapa

14 Suplementação de bovinos em pastejo

Tabela 2. Suplementos para recria, % base MN*.

*MN = matéria natural**PV = peso vivo

Ingredientes

Milho triturado

Farelo de soja

Uréia

Sulfato de amônio

Mistura mineral

Sal comum (branco)

Aditivo (2 g/400 kg de PV**)

PB, % na MS

NDT, % na MS

15

39

10

2

14

20

-

52

43

62

29,8

3,76

0,72

3,6

-

0,12

32

76

Sal protéico Concentrado

Sal protéico – é uma forma econômica de manter o peso do rebanho ou ganhosmoderados de até 200 g/animal/dia, dependendo do pasto. O consumo deveriaficar em, aproximadamente, 1 g/kg de peso vivo/animal/dia. Ajustar o percentualde sal branco no suplemento para alcançar o consumo programado. Animaisrecebendo suplementos com sal comum para controlar consumo precisam terlivre acesso à água.

Concentrado – na situação em que o consumo do suplemento pode alcançar até5 g/kg de peso vivo/animal/dia, é fundamental que o mesmo seja o mais unifor-me possível, para se evitarem diferenças no ganho de peso. Para isso, é impor-tante que se respeite espaço de cocho para todos os animais, ficando entre 40 a50 cm lineares/animal. Uma boa distribuição dos cochos no pasto também vaicontribuir para que haja uma separação natural dos diversos grupos sociais,reduzindo o estresse. A hora de abastecer os cochos não deve interferir noregime natural de pastejo do animal, e isto pode melhorar a eficiência alimentar.O fornecimento diário do suplemento entre 11h e 14h seria o mais aconselhado.Os cálculos do concentrado, na Tabela 2, foram baseados supondo-se o consu-mo de 1 kg/animal/dia do suplemento, por um animal de 300 kg de peso vivo.

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5514

Page 13: suplementaçao bovino seca embrapa

15Suplementação de bovinos em pastejo

Suplementação na seca – animais em engorda(semiconfinamento)

Objetivo da suplementação: melhorar o desempenho animal pelo forneci-mento adicional de nutrientes.

Meta: garantir peso de abate e acabamento até o final da seca. Estratégia: fornecer um suplemento para aumentar o consumo total de

energia, mesmo ocorrendo substituição parcial no consumo do pasto. Tipo de suplemento: que contenha um teor médio de 20% de proteína

bruta e alta densidade energética (valor médio de 80% de NDT). Nível de fornecimento: de 8 a 12 g/kg de peso vivo/animal/dia.

Tabela 3. Suplementos para engorda, % base MN*.

*MN = matéria natural**PV = peso vivo

Ingredientes

Milho triturado

Farelo de soja

Uréia

Sulfato de amônio (cálcio)

Mistura mineral

Calcário calcítico

Ionóforo (2 g/400 kg de PV)

PB, % na MS

NDT, % na MS

78,94

16,49

1,69

0,30

1,24

1,29

0,05

21,1

80,1

81,86

15,17

1,22

0,22

0,62

0,89

0,04

19,2

81,7

Consumo de 8g/kg de PV**

Consumo de 12g/kg de PV

Os suplementos sugeridos na Tabela 3 são rações completas, formuladas emfunção do nível de oferta diária. Para os cálculos, foi considerado um consumototal de matéria seca igual a 2,2% do peso vivo, composição química dapastagem igual a 5% de proteína bruta e 51% de NDT, e necessidade deproteína degradável no rúmen equivalente a 11,814% do NDT consumido. Parareduzir custos com o suplemento, sugere-se iniciar com uma oferta de 8 g/kg dePV, pois as pastagens ainda oferecem um certo grau de qualidade e disponibili-dade (junho). À medida que a seca for avançando e o pasto sendo consumido,

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5515

Page 14: suplementaçao bovino seca embrapa

16 Suplementação de bovinos em pastejo

aumentar, gradativamente, os níveis de oferta do suplemento, até alcançar olimite máximo de 12 g/kg de PV, em função da necessidade de atender a metade abate ao final do período de suplementação. Níveis de suplementação acimade 12 g/kg de peso vivo podem ser usados em casos extremos ou em situaçõestemporárias de oportunidades de mercado, tais como redução no custo dosuplemento e/ou aumento no preço do boi gordo. Para prevenir riscos dedistúrbios metabólicos (acidose), adaptar os animais ao concentrado (ofertasintercaladas de três dias para cada nível de 25%, 50% e 75% do total doconcentrado a ser oferecido), bem como oferecer o suplemento duas vezes aodia, quando a oferta diária do concentrado alcançar os 3 kg/animal. Os cálculosdos concentrados, na Tabela 3, foram baseados supondo-se um animal de 400kg de peso vivo.

Suplementação na chuva

Ao contrário do período da seca, animais em pastejo durante as águas, normal-mente, alcançam ganhos de peso médios superiores a 400 g/animal/dia. Nessasituação, qualquer tentativa de suplementação deve ser, exaustivamente,analisada em termos da meta a ser alcançada dentro de um determinado sistemade produção de carne. Entretanto, apesar do aparente alto custo do ganhoadicional a ser obtido com a suplementação das águas (entre 100 a 200 g poranimal/dia), isto vai resultar em uma redução no período de engorda do animal,quer seja em pasto ou em confinamento, com possíveis retornos econômicos. Asuplementação nas águas pode ser feita com o uso de um sal protéico, emsituações de pastagens com baixos valores de PDR. Este pode ser o caso depastagens de braquiárias não adubadas com nitrogênio e estabelecidas em solosde baixa fertilidade. Para outras situações, sugere-se o uso de um concentradoenergético-protéico, com ofertas entre 2,5 a 3 g/kg de PV/animal/dia, o quepode adicionar cerca de 200 g no ganho normal da época de chuva. Seriadesejável que a fonte de PDR a ser utilizada no sal protéico fosse de degradaçãolenta no rúmen, melhorando, assim, a síntese microbiana. A uréia disponível, nomercado, não apresenta essas características, dando-se preferência a fontes dePDR provenientes do farelo de soja, algodão, girassol e outras. Outra opção seriao uso do caroço de algodão, que, em virtude de ser oferecido na forma integral,passa pelo processo de ruminação, e com conseqüente maior tempo de perma-nência no rúmen e liberação de nitrogênio. Entretanto, é um produto que nãoapresenta características desejáveis para a confecção de misturas. Já para oconcentrado, a fonte protéica desejada deveria apresentar baixo valor de PDR e

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5516

Page 15: suplementaçao bovino seca embrapa

17Suplementação de bovinos em pastejo

alto valor de PNDR (proteína passante). A melhor alternativa seria o uso defontes protéicas de origem animal (farinha de carne, sangue, vísceras de aves),mas o uso delas está proibido. Uma alternativa seria a farinha de peixe de boaqualidade, entretanto, esse produto está escasso no mercado. Todas as farinhasde origem vegetal apresentam altos valores de PDR, sendo uma exceção o farelode gérmen de milho, também pouco encontrado no mercado. Tratamentosquímicos ou físicos para reduzir tal degradabilidade são caros e pouco práticos.

Suplementação na chuva – vacas de criaEm geral, apenas a pastagem cultivada é suficiente para proporcionar elevadastaxas de natalidade, desde que bem manejada e suplementada com uma misturamineral adequadamente balanceada.

Suplementação na chuva – animais em recria e engorda Objetivo da suplementação: melhorar o desempenho animal pelo suprimen-

to adicional de nutrientes, mas minimizando seu efeito sobre o consumodo pasto.

Meta: reduzir a idade de abate e/ou idade de primeira cria. Estratégia: maximizar a utilização do pasto pelo fornecimento de energia,

proteína, minerais e ionóforos. Tipo de suplemento: de preferência com teores de proteína ajustados para

as diversas fases da estação das chuvas e com alta densidade energética(acima de 75% de NDT). Reduzir ao mínimo o uso de uréia nas misturas.

Nível de fornecimento: sal protéico – 1 g/kg de PV/animal/dia; concentra-dos 2,5 a 4 g/kg de PV/animal/dia para a recria e de 5 a 8 g/kg de PV/animal/dia para a engorda.

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5517

Page 16: suplementaçao bovino seca embrapa

18 Suplementação de bovinos em pastejo

Tabela 4. Suplementos para recria/engorda, % base MN*.

Ingredientes

Milho triturado

Farelo de soja

Uréia

Sulfato de amônio

Mistura mineral

Sal comum (sal branco)

Ionóforo (2 g/400 kg de PV)

87,65

7

1

0,20

4

-

0,15

37,0

21,0

3,95

0,69

17,0

20,0

0,36

12%1

88,85

7

-

-

4

-

0,15

76,45

17

2

0,40

4

-

0,15

15%2 22%3

Sal protéicochuva

Concentrado (% de PB)

*MN = matéria natural1 Início das chuvas2 Meio das chuvas3 Final das chuvas

Concentrados - nesta fase de alto crescimento da pastagem, a dinâmica detranslocação de nutrientes na planta é rápida e variável. Dessa forma, períodosrelativamente curtos de alto teor de proteína (início das chuvas) são seguidos porperíodos de teores médios (meio das chuvas) a baixos (final das chuvas),resultando em ganhos de peso vivo desuniformes, baixando o ganho das chuvaspara mais ou menos 500 g/animal/dia, dependendo da pastagem. Nessa situa-ção, o objetivo do suplemento é cobrir as deficiências nutricionais dentro doperíodo das chuvas e manter um desempenho animal mais uniforme. Com talpropósito, as formulações foram feitas em função da variação no teor de proteínabruta durante a estação das chuvas, de forma a manter um nível de proteínabruta na dieta sempre próximo a 17% do NDT. Os cálculos foram baseadossupondo-se um consumo de 1 kg/animal/dia do suplemento, por um animal de300 kg de peso vivo.

Sal protéico de chuva - de acordo com os princípios do sal protéico de seca, oconsumo não deve ultrapassar 1 g/kg de peso vivo/animal/dia. Como já explica-do anteriormente, o seu uso poderia ser eficiente em situações de pastagens combaixo valor de PDR. Além disso, é uma forma de garantir um consumo adequadoda mistura mineral (a incidência de chuva sobre a mistura mineral a torna pouco

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5518

Page 17: suplementaçao bovino seca embrapa

19Suplementação de bovinos em pastejo

disponível e palatável), bem como de algum aditivo que possa melhorar odesempenho (caso dos ionóforos). Por esse ângulo, acredita-se nos benefíciosno uso do sal protéico nas chuvas.

Cálculo de um suplemento

Para se calcular um suplemento é necessário o conhecimento prévio de quatrofatores:

Composição nutricional da pastagem. Consumo da pastagem. Identificação das deficiências nutricionais do animal. Composição nutricional dos ingredientes do suplemento.

A composição da pastagem é determinada em material coletado de forma asimular pastejo. A representatividade da mesma é fundamental para se alcançarmelhores resultados com a suplementação. A compra dos ingredientes a seremutilizados no suplemento, deve ser realizada, em função do custo unitário donutriente que o mesmo estará fornecendo. Isto se alcança com o seguintecálculo:

Custo unitário do nutriente (CUN) = A ÷ (B÷100 x C÷100), sendo

A = preço de 1 quilo do ingrediente;B = porcentagem de MS do ingrediente;C = porcentagem do nutriente na MS do ingrediente.

Exemplo: cálculo do custo da proteína bruta do farelo de soja. Preço/kg =R$0,35; Teor de matéria seca do farelo de soja = 89%; Teor de proteína brutado farelo de soja = 46%.

Portanto, CUN = [0,35 ÷ (89÷100 x 46÷100)] = R$ 0,85/kg de PB.

Este valor deveria ser comparado com os valores calculados com outras fontesde PB, tais como, farelo de amendoim, de algodão, de girassol etc.

A composição nutricional de alguns alimentos mais comuns encontra-se naTabela 5.

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5519

Page 18: suplementaçao bovino seca embrapa

20 Suplementação de bovinos em pastejo

Tab

ela

5. C

ompo

siçã

o pe

rcen

tual

de

alim

ento

s (b

ase

na M

S).

Alg

odão

, ca

roço

Alg

odão

, fa

relo

Am

endo

im,

fare

loA

rroz

, fa

relo

des

engo

rdur

ado

Arr

oz,

fare

lo i

nteg

ral

Arr

oz,

grão

Ave

ia,

feno

Ave

ia,

grão

Bag

aço

cana

hid

roliz

ado

Bag

aço

cana

in

natu

raC

alcá

rio

calc

ícito

Cam

a de

fra

ngo

Can

a-de

-açú

car

Cap

im-e

lefa

nte,

60

dias

Gira

ssol

, fa

relo

Leve

dura

se

caLe

vedu

ra úm

ida

Man

dioc

a,

rasp

aM

elaç

oM

elaç

o em

Milh

o, f

arel

o de

gér

men

Milh

o, gé

rmen

(R

efin

azil)

Milh

o, g

rão

Milh

o, r

esíd

uo (

queb

radi

nho)

Milh

o, r

olão

(M

DPS

)

Ingr

edie

ntes

91

91

89

90

89

89

90

89

45

50

10

08

22

62

09

08

92

39

07

49

48

88

88

88

78

8

0,9

00

0,6

85

0,7

70

0,6

00

0,6

70

0,7

50

0,5

50

0,7

50

0,5

00

0,3

30

0,0

00

0,5

70

0,6

30

0,5

80

0,6

80

0,8

00

0,8

00

0,8

00

0,7

50

0,7

20

0,8

60

0,7

50

0,8

50

0,8

20

0,7

70

3,2

58

2,4

80

2,7

87

2,1

72

2,4

25

2,7

15

1,9

91

2,7

15

1,8

10

1,1

95

0,0

00

2,0

63

2,2

81

2,1

00

2,4

62

2,8

96

2,8

96

2,8

96

2,7

15

2,6

06

3,1

13

2,7

15

3,0

77

2,9

68

2,7

87

2,2

42

1,5

89

1,8

54

1,3

12

1,5

41

1,7

92

1,1

43

1,7

92

0,9

70

0,3

38

0,0

00

1,2

12

1,4

11

1,2

45

1,5

73

1,9

45

1,9

45

1,9

45

1,7

92

1,6

99

2,1

24

1,7

92

2,9

52

,00

51

,85

4

1,5

51

0,9

87

1,2

20

0,7

38

0,9

45

1,1

67

0,5

84

1,1

67

0,4

23

-0,1

81

0,0

00

0,6

46

0,8

28

0,6

77

0,9

73

1,2

99

1,2

99

1,2

99

1,1

67

1,0

85

1,4

52

1,1

67

1,4

27

1,3

51

1,2

20

0,2

10

0,3

10

0,5

20

0,1

80

0,1

45

0,0

80

0,1

00

0,1

30

0,0

16

0,0

16

0,0

00

0,2

10

0,0

40

0,0

85

0,4

60

0,3

40

0,3

40

0,0

40

0,0

55

0,1

00

0,6

00

0,2

30

0,0

95

0,1

00

0,0

85

0,1

39

0,1

74

0,3

38

0,1

10

0,0

94

0,0

52

0,0

68

0,0

88

0,0

03

0,0

05

0,0

00

0,1

58

0,0

26

0,0

64

0,3

22

0,1

80

0,1

97

0,0

22

0,0

47

0,0

80

0,2

52

0,1

61

0,0

43

0,0

46

0,0

43

0,1

70

,22

0,1

40

,12

0,0

80

,04

0,3

20

,07

0,0

40

,04

37

,70

3,7

00

,23

0,6

00

,45

0,1

20

,12

0,1

51

,00

1,1

00

,07

0,3

00

,03

0,0

30

,06

0,6

20

,76

0,7

91

,40

1,5

50

,25

0,2

50

,38

0,0

30

,03

0,2

11

,70

0,0

60

,20

0,9

60

,83

0,8

30

,07

0,1

10

,15

0,5

00

,70

0,3

00

,30

0,2

3

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

0,1

5..

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

.

MS

%

ND

Tkg

/kg

MS

Mca

l/kg

MS

EMEl

mEl

g

Mca

l/kg

MS

PB

PD

RCa

Preç

oR$/k

gP

0,6

60

,56

0,6

50

,61

0,6

50

,65

0,6

80

,68

0,2

00

,31

0,0

00

,75

0,6

50

,75

0,7

00

,53

0,5

80

,55

0,8

50

,80

0,4

20

,70

0,4

50

,46

0,5

0

Deg

r.PB

% M

S

Con

tinua

...

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5520

Page 19: suplementaçao bovino seca embrapa

21Suplementação de bovinos em pastejo

1M

istu

ra d

e 85%

de

uréi

a +

15%

de

sulfa

to d

e am

ônio

.M

S =

mat

éria

sec

a; N

DT =

nut

rient

es d

iges

tívei

s to

tais

; EM

= e

nerg

ia m

etab

oliz

ável

; Elm

= e

nerg

ia lí

quid

a de

man

tenç

a; E

lg =

ene

rgia

líqu

ida

decr

esci

men

to; P

B =

pro

teín

a br

uta;

Deg

r. P

B =

deg

rada

ção

de p

rote

ína

brut

a; P

DR =

pro

teín

a de

grad

ada

no rúm

en; C

a =

cál

cio;

P =

fósf

oro;

Tab

ela

5. C

ontinu

ação

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

...

Milh

o,

sila

gem

Mis

tura

l m

iner

al (

4%

de

P)M

istu

ra m

iner

al (

6%

de

P)M

istu

ral

min

eral

(8%

de

P)Pa

stag

em

boa

(nov

./de

z./ja

n.)

Past

agem

m

édia

(f

ev./m

ar./ab

r.)

Past

agem

ru

im

(mai

o/ju

n./ju

l.)Pa

st.

mui

to ru

im (a

go./se

t./o

ut.)

Polp

a cí

tric

aPo

lpa

cítr

ica

úmid

aRes

íduo

ce

rvej

aria

Soj

a, ca

sca

Soj

a, fa

relo

Soj

a, g

rão

Sor

go,

grão

Sor

go,

sila

gem

Sul

fato

de

amôn

ioTrig

o, fa

relo

Trigu

ilho

Triti

cale

Tyf

ton,

fen

o m

édio

Tyf

ton,

fen

o bo

mU

réia

(45%

de

nitr

ogên

io)

Uré

ia +

sul

fato

de

amôn

io1

33

10

01

00

10

02

03

04

05

09

12

82

18

89

08

98

83

09

98

88

98

88

78

79

99

9

0,6

30

0,0

00

0,0

00

0,0

00

0,6

30

0,5

90

0,5

50

0,5

10

0,7

90

0,8

10

0,6

60

0,7

80

0,8

20

0,9

10

0,8

20

0,6

00

0,0

00

0,7

10

0,7

90

0,8

40

0,5

60

0,5

20

0,0

00

0,0

00

2,2

81

0,0

00

0,0

00

0,0

00

2,2

81

2,1

36

1,9

91

1,8

46

2,8

60

2,9

32

2,3

89

2,8

24

2,9

68

3,2

94

2,9

68

2,1

72

0,0

00

2,5

70

2,8

60

3,0

41

2,0

27

1,8

82

0,0

00

0,0

00

1,4

11

0,0

00

0,0

00

0,0

00

1,4

11

1,2

79

1,1

43

1,0

05

1,9

15

1,9

75

1,5

09

1,8

84

2,0

05

2,2

71

2,0

05

1,3

12

0,0

00

1,6

68

1,9

15

2,0

65

1,1

78

1,0

40

0,0

00

0,0

00

0,8

28

0,0

00

0,0

00

0,0

00

0,8

28

0,7

08

0,5

84

0,4

55

1,2

73

1,3

25

0,9

16

1,2

47

1,3

51

1,5

76

1,3

51

0,7

38

0,0

00

1,0

57

1,2

73

1,4

02

0,6

15

0,4

88

0,0

00

0,0

00

0,0

72

0,0

00

0,0

00

0,0

00

0,1

15

0,0

90

0,0

65

0,0

40

0,0

65

0,0

70

0,2

30

0,1

20

0,4

60

0,3

80

0,1

06

0,0

80

1,2

50

0,1

70

0,1

70

,17

50

,10

60

,07

82

,81

02

,60

0

0,0

54

0,0

00

0,0

00

0,0

00

0,0

81

0,0

63

0,0

44

0,0

26

0,0

42

0,0

46

0,1

20

0,0

60

0,2

99

0,2

66

0,0

53

0,0

60

1,0

00

0,1

24

0,1

24

0,1

24

0,0

74

0,0

55

2,2

48

2,0

80

0,7

50

,00

0,0

00

,00

0,7

00

,70

0,6

80

,65

0,6

50

,65

0,5

20

,50

0,6

50

,70

0,5

00

,75

0,8

00

,73

0,7

30

,71

0,7

00

,70

0,8

00

,80

0,3

15

,10

7,7

01

0,2

00

,30

0,3

00

,30

0,3

01

,90

1,9

00

,29

0,5

00

,40

0,2

50

,03

0,4

00

,00

0,1

30

,07

0,0

60

,40

0,4

00

,00

0,0

0

0,2

24

,00

6,0

08

,00

0,1

70

,15

0,1

30

,11

0,1

20

,13

0,5

40

,17

0,7

10

,55

0,3

00

,22

0,0

01

,20

0,3

80

,33

0,1

80

,20

0,0

00

,00

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5521

Page 20: suplementaçao bovino seca embrapa

22 Suplementação de bovinos em pastejo

Tabela 6. Exigências nutricionais de bovinos machos de corte (400 quilos depeso vivo).

Adaptado do NRC (1984).GMD = ganho médio diário; CMS = consumo de matéria seca; CNDT = consumo de nutrientesdigestíveis totais; CPB = consumo de proteína bruta; CCa = consumo de cálcio; CP = consumo defósforo.

GMDkg

0,2000,4000,6000,8001,0001,2001,400

As exigências animais por energia, proteína e minerais são fornecidas portabelas, como aquelas elaboradas pelo National Research Council (NRC). Umexemplo desta tabela adaptada é mostrado na Tabela 6.

7,88,28,68,99,09,18,9

4,094,615,105,586,046,446,81

0,630,700,770,820,880,930,97

17202427303336

15161718192021

CMSkg/d

CNDTkg/d

CPBkg/d

CCag/d

CPg/d

A partir dessas informações básicas, pode-se então iniciar o cálculo de umsuplemento, conforme a seqüência mostrada abaixo:

1. Situação existente: Pastagem de capim-marandu, época de seca. Novilho nelore de 400 quilos de peso vivo. Supor consumo diário de MS de pasto, equivalente a 1,8% do peso vivo. Meta a ser alcançada – ganho de 400 gramas/animal/dia.

2. Composição do pasto (na seca):Ver na Tabela 5, item pastagem na seca, a composição em termos de: MS =32,0; PB = 5,3; PDR = 3,4; Ca = 0,24; P = 0,13; NDT = 51,0. Devido adiversidade de situações de uma pastagem, e conseqüentemente diferenças noseu valor nutricional, o ideal seria fazer uma análise da mesma. Para isso, deveriaser feita uma coleta criteriosa da forragem disponível, usando a técnica dasimulação de pastejo. Esta amostra seria enviada para um laboratório, ondeseriam solicitadas as seguintes análises: Proteína bruta (PB), fibra detergenteneutro (FDN), fibra detergente ácido (FDA) e digestibilidade in vitro da matéria

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5522

Page 21: suplementaçao bovino seca embrapa

23Suplementação de bovinos em pastejo

orgânica (DIVMO). A partir da PB, pode-se calcular o PDR (taxa dedegradabilidade no rúmen, que para as pastagens, de um modo geral, pode serconsiderada igual a 70%). O potencial de consumo de MS pode ser estimado apartir do teor de FDN (Paterson, 2000), usando a seguinte fórmula: CMS (em %do peso vivo) = 120 ÷ FDN%. Para esta equação ter valor prático, é necessá-rio que a amostra da pastagem seja bem representativa e que a metodologialaboratorial usada para determinar a FDN seja confiável. Uma alternativa paraesta equação, seria usar estimativas de consumo, como por exemplo, 1,8% dopeso vivo para a seca e 2,4% do peso vivo para as águas. O valor energético(NDT) pode ser estimado a partir da DIVMO, usando a equação: NDT = 0,99 xDIVMO, ou a partir da FDA, usando a equação: NDT = [88,9 – (0,779 xFDA%)] (Paterson, 2000).

3. Cálculo consumo diário de nutrientes via pasto: MS = (400 x 1,8) ÷ 100 = 7,200 quilos/animal/dia; PB = (7,200 x 5,3) ÷ 100 = 382 gramas/animal/dia; PDR = (7,200 x 3,4) ÷ 100 = 245 gramas/animal/dia; Ca = (7,200 x 0,24) ÷ 100 = 17,3 gramas/animal/dia; P = (7,200 x 0,13) ÷ 100 = 9 gramas/animal/dia NDT = (7,200 x 51,0) ÷ 100 = 3,672 quilos/animal/dia.

4. Exigências de um novilho de 400 quilos para um ganho diário de 400gramas, de acordo com a Tabela 6 (adaptado do NRC, 1984):Consumo diário de MS = 8,2 kg; PB = 700 g; Ca = 20 g; P = 16 g; NDT =4,610 kg; e PDR = 553 g. Neste caso o valor de PDR foi calculado comosendo equivalente a 12% da ingestão total de NDT, de acordo com o NRC(1996). Este balanço protéico/energético no rúmen é fundamental para semaximizar a produção de proteína microbiana.

5. Cálculo do déficit nutricional:A base de cálculo consiste em se efetuar a diferença entre as necessidades doanimal (item 4) e a oferta da pastagem (item 3), para os nutrientes PB, NDT,PDR, Ca e P:PB = -318 gramas/animal/dia (700 – 382)NDT = -938 gramas/animal/dia (4,610 – 3,672)PDR = -308 gramas/animal/dia (553 – 245)Ca = -2,7 gramas/animal/dia (20 – 17,3)P = -7 gramas/animal/dia (16 – 9).

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5523

Page 22: suplementaçao bovino seca embrapa

24 Suplementação de bovinos em pastejo

6. Escolha dos ingredientes que irão compor o suplemento:Essa escolha deveria ser feita em função do custo unitário do nutriente a sersuplementado, conforme discutido anteriormente. Supor que foram selecionadosos seguintes ingredientes: grão de milho moído, farelo de soja, mistura uréia(85%) + sulfato de amônio (15%), calcário calcítico, mistura mineral, eRumensin (aditivo). A composição dos mesmos encontra-se na Tabela 5,exceção para a mistura mineral e Rumensin.

7.Formulação do suplemento:Deve-se iniciar com a PDR, por ser este um nutriente essencial para o bomdesempenho das bactérias ruminais e eficiência no processo de utilização da MS.Do total de PDR necessário para fazer frente a ingestão de NDT (12% conformecalculado acima), no caso, 553 gramas/animal/dia, usar-se-á 30% na forma denitrogênio não protéico (NNP), através da mistura uréia + sulfato de amônio.Portanto, (553 x 30) ÷ 100 = 166 gramas/animal/dia de PDR na forma deNNP. Na Tabela 5, o valor de PDR da mistura uréia + sulfato de amônio é de208%. Para transformar 166 gramas de PDR no produto uréia + sulfato deamônio, divide-se (166 ÷ 208) x 100 = 79,8 gramas. Este é o primeiro valorquantitativo que será usado para a formulação do suplemento. Portanto, dodéficit determinado de 308 gramas de PDR, 166 gramas serão fornecidosatravés de NNP. A diferença de 142 gramas/animal/dia de PDR (308 – 166 =142 gramas), será fornecida na forma de farelo de soja. Entretanto, o componen-te energético a ser usado neste suplemento, grão de milho, também apresentauma certa quantidade de PDR (no caso, 4,3%, ver Tabela 5) e isto precisa serlevado em consideração nos cálculos. A diferença no teor de PDR entre farelo desoja e milho é bastante alta, 29,9% e 4,3%, respectivamente. Já com respeitoao NDT, esta diferença é extremamente pequena (82% e 85% de NDT para ofarelo de soja e milho, respectivamente). Portanto, o teor de NDT será o critériopara cálculo do suplemento por meio dos seguintes passos:

Usar o valor médio de NDT destes dois ingredientes, que é 83,5% (85(milho) + 82 (farelo de soja) ÷ 2). Isto significa que o suprimento dodéficit já determinado de NDT, que é de 938 gramas/animal/dia, com umamistura de milho e farelo de soja com valor médio de NDT = 83,5%, vaiser equivalente a 1.123,4 gramas/animal/dia desta mistura ((938 ÷ 83,5)x 100);

Também já se sabe que esta quantidade de mistura (milho + farelo desoja) deve fornecer 142 gramas de PDR/animal/dia; conseqüentemente,seu teor de PDR será igual a 12,64% ((142 ÷ 1.123,4) x 100);

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5524

Page 23: suplementaçao bovino seca embrapa

25Suplementação de bovinos em pastejo

A partir deste ponto, calcula-se as proporções de milho e farelo de soja namistura. Para isto, pode-se usar o Quadrado de Pearson, o qual permite adeterminação das proporções de dois componentes em uma mistura, nocaso, milho e farelo de soja, com um nível de nutriente desejado, no caso,12,64% de PDR.

Farelo de soja = 29,9 8,34 = 32,8%

17,26 = 67,42%Milho = 4,3

12,64

Totais 25,60 = 100,00%

Portanto, as quantidades de milho e farelo de soja a serem utilizadas no suple-mento em formulação, serão iguais a 757,4 gramas/animal/dia ((1.123,4 x67,42) ÷ 100) e 366 gramas/animal/dia ((1.123,4 x 32,58) ÷ 100), respecti-vamente.

Os demais elementos serão adicionados ao suplemento, segundo os seguintescritérios:

Calcário calcítico - fornecido na base de 50 gramas/animal/dia. Sua funçãoé corrigir pH ruminal, além de adicionar cálcio para manter relação Ca:Ppróxima de 2:1.

Mistura mineral – fornecida na quantidade de 60 gramas/animal/dia, paraatender todas as necessidades de macro e microminerais.

Rumensin – atender as recomendações do produto, isto é, 2 gramas/animal/dia.

Com estas informações em mãos, pode-se agora formular o suplemento, expres-sando os valores em percentuais relativos à matéria seca (CMS, base paraestimativa de consumo de nutrientes) e matéria natural (CMN, base de pesagemdos componentes da mistura), conforme Tabela 7.

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5525

Page 24: suplementaçao bovino seca embrapa

26 Suplementação de bovinos em pastejo

Tabela 7. Suplemento para atender ganho de 400 gramas/animal/dia em novilhonelore de 400 quilos de peso vivo em pastagem de Brachiaria brizantha (capim-marandu) durante a seca.

CMS, CPDR, CNDT e CMN = consumos de matéria seca, proteína bruta, nutrientes digestíveis totais ematéria natural, respectivamente.

¹ Calculado com os valores extraídos da Tabela 5. Exemplo: CPDR do milho = (757,4 x 4,3) ÷ 100=32,6 gramas/animal/dia de PDR; etc.

² Calculada com os valores de MS extraídos da Tabela 5. Exemplo: CMN do milho = (757,4 ÷ 88) x 100= 860,7 gramas/animal/dia de grão de milho moído natural; etc.

³ O percentual de participação de cada ingrediente no suplemento é calculado expressando-se aquantidade de cada um sobre o total. Exemplo: Percentual do milho no suplemento = (860,7 ÷1460,0) x 100= 58,95%; etc. Estes são os valores finais da mistura a ser preparada, e que deveráser fornecida na base de 1,460 quilo/animal/dia.

Ingredientes

MilhoFarelo de sojaUréia + Sulfato de amônioMistura mineralCalcário calcíticoRumensin

767,4366,079,860,050,02,0

32,6109,4166,0

0,00,00,0

643,8300,0

0,00,00,00,0

860,7406,780,660,050,02,0

58,9527,865,524,113,420,14

CMS CPDR1 CNDT1 CMN2 %3

Para se calcular o valor de PDR e NDT do suplemento, é só expressar o total decada um destes nutrientes na MS total. Exemplo: Teor de PDR = (308,0 ÷1315,2) x 100 = 23,4%; Teor de NDT = (943,8 ÷ 1315,2) x 100 =71,8%.

Portanto, para se alcançar um ganho de peso vivo próximo a 400 gramas/animal/dia, em novilhos nelores de 400 quilos de peso vivo, em pastagem de B.brizantha durante a seca, com boa disponibilidade e condições qualitativaspróximas às apresentadas na Tabela 5, o mesmo deveria receber um suplementocom 23,4% de PDR e 71,8% de NDT, oferecido na base de 1,460 quilo/animal/dia.

Observações: O valor PDR foi considerado no balanceamento do suplemento, deforma a manter um equilíbrio frente a ingestão de NDT, no caso, 12%. Do totalde PDR, 30% foi oferecido na forma de NNP. Como a mistura mineral estarásendo consumida na base de 60 gramas/animal/dia, o consumo de todos osminerais deveria estar adequado. O que pode ser verificado é a relação Ca:P, que

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5526

Page 25: suplementaçao bovino seca embrapa

27Suplementação de bovinos em pastejo

deveria ficar entre 2:1 e 4:1. Para isto, é só calcular a ingestão total de Ca e deP (tanto pela pastagem, como pelo concentrado), seguindo os passos já demons-trados para PDR e NDT. No caso do suplemento formulado (supor uma misturamineral com 6% de P e 7,2% de Ca), esta relação ficou em 3:1.

Discussão final

A condição para a adoção da suplementação dentro dos sistemas de produçãode carne é que a mesma atenda a uma relação custo/benefício favorável. Essarelação será diferente para cada produtor. Para determinar benefícios, é necessá-rio conhecer o custo atual do suplemento (R$/kg) e compará-lo ao valor doganho de peso adicional correspondente (R$/arroba). Podem ocorrer situaçõesem que uma determinada suplementação não necessariamente pague o seu custo(exemplo, suplementação nas águas), mas essa análise deveria ser feita dentrode todo o sistema de produção de carne, com metas bem definidas, consideran-do as vantagens indiretas da suplementação, tais como menor tempo de perma-nência de animais no pasto, maior flexibilidade na taxa de lotação e novasoportunidades de negócios. Finalmente, lembrar que a necessidade dasuplementação varia em função da expectativa de cada propriedade rural (meta),da quantidade e qualidade da pastagem (nível de manejo) e da cooperação danatureza (clima).

Referências bibliográficas

COCHRAN, R. C.; KÖSTER, H. H.; OLSON, K. C.; HELDT, J. S.; MATHIS, C.P.; WOODS, B. C. Supplemental protein sources for grazing beef cattle. In:ANNUAL FLORIDA RUMINANT NUTRITION SYMPOSIUM, 9., 1998, Florida.Disponível em: http://www.dps.edu/Ruminant/>. Acesso em: 27 maio 1998.

HAMILTON, T.; DICKIE, D. Creep feeding beef calves. Ontario: Ministry ofAgriculture and Food, 1988. 4 p. (Factsheet no 88-009, 1988).

HILL, D. H. The effects of climate on production. In: PAYNE, W.J.A. Cattle andbuffalo meat production in the tropics. London: Longman Scientific & Technical,1988. p. 6-17.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC 1996. Nutrient requirement of beefcattle. 7 ed. Washington: National Academy Press, 242 p.

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5527

Page 26: suplementaçao bovino seca embrapa

28 Suplementação de bovinos em pastejo

ØRSKOV, E. R. Protein nutrition in ruminants. New York: Academic Press,1982. 160 p.

PETERSEN, M. K. Nitrogen supplementation of grazing livestock. In: GRAZINGLIVESTOCK NUTRITION CONFERENCE, 1987. Proceedings... Montana StateUniversity. p. 115-121.

POPPI, D. P.; NORTON, B. W.; MINSON, D. J.; HENDRICKSEN, R. E. Thevalidity of the critical size theory for particles leaving the rumen. Journal ofAgricultural Science, Cambridge, v. 94, n. 1, p. 275-280, 1980.

SATTER, L. D.; SLYTER, L. L. Effect of ammonia concentration on rumenmicrobial protein production in vitro. British Journal of Nutrition, Cambridge, v.32, n. 2, p. 199-205, 1974.

DOC108.pmd 10/9/2010, 10:5528