Superando dificuldades com esperança e trabalho
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Superando dificuldades com
esperança e trabalho
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1024
Novembro/2013
Tobias Barreto
A história de vida do casal Zé Augusto e Valdina assentados da reforma agrária, é mais
uma das várias que têm acontecido em nosso Semiárido. Histórias de lutas e conquistas que
reafirmam a possibilidade de conviver e ser autossustentável na região semiárida do nordeste
brasileiro.
Originários do município baiano de Paripiranga, o casal vive atualmente no assentamento
Marimbondo, município de Tobias Barreto - SE. Casados há 28 anos, o casal vive no
assentamento com dois dos cinco filhos. Os outros três, por falta de opções de trabalho na
região, retornaram para a sede da cidade de Paripiranga em busca de oportunidade de emprego.
Desde criança Zé Augusto convive com dificuldades na lida diária. “Aos três anos de
idade perdi o meu grande tesouro, minha mãe. Aos nove já estava na lida com vaquinhas de leite.
Trabalhei também vendendo picolé, pipoca, ajudante de pedreiro. Aos dezesseis anos, forçado
pelas dificuldades da vida, fui para o sul do país arrumar trabalho” diz Zé Augusto.
Com passagem por várias empresas da construção civil, onde trabalhou durante alguns
anos, Zé Augusto aprendeu o ofício de pedreiro. Ao retornar a sua cidade de origem,
Paripiranga, conheceu Valdina, na época com 16 anos, com quem se casou e formou família.
Para Valdina a vida também não foi fácil. Sempre enfrentou dificuldades “Desde jovem
trabalhei em casa de família. Mesmo grávida saía de madrugada para trabalhar em abatedouro
de galinha. Além disso, também vendia verduras em feiras livres”.
Na década de 90 o casal decide entrar para Movimento dos Trabalhadores/as sem Terra
(MST) na esperança de conquistar autonomia no trabalho e o sustento da família. Por dez anos
viveram em acampamentos nos municípios sergipanos de Tobias Barreto e Simão Dias.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Sergipe
Realização Apoio
A recompensa de anos de luta foi confirmada, em 2007, quando a direção do MST
informou aos acampados a possibilidade da criação de assentamentos de famílias em terras dos
municípios de Tobias Barreto, em Sergipe, e de Adustina, na Bahia. “Nós com algumas famílias
tomamos o rumo do acampamento marimbondo, onde fomos assentados. Outras famílias
foram assentadas em Adustina, e outras até hoje estão espalhados por aí que nem filhote de
nambu”, diz Zé Augusto.
Durante alguns anos, a família enfrentou dificuldades para trabalhar e produzir no local.
A falta de apoio do poder público em relação à oferta de acompanhamento técnico e financeiro
para aquisição de produtos e manutenção da roça e do criatório de animais foi a maior
dificuldade enfrentada pelos assentados.
As doze tarefas, cerca de quatro hectares, foram divididas em duas partes: a maior
possuía solo desgastado pela seca, uma barragem pequena e de água salobra, sendo só possível
cultivar no inverno. A outra parte estava na agrovila. Mesmo coma as dificuldades de cultivo do
solo, para continuar na terra conquistada, Zé Augusto teve que trabalhar em firmas fora do
estado, principalmente durante o período de estiagem, quando a dificuldade de viver na região
era ainda maior.
Mesmo com a resistência da esposa, o agricultor optou por viver na terra que haviam
conquistado depois de muita luta. Decidiu então ficar e trabalhar com o cultivo de hortaliças sem
agrotóxicos.
Diante de várias dificuldades, Zé Augusto continuou com a lida no preparo da terra, nos
canteiros da horta, no pequeno viveiro de mudas e planejando o plantio de inverno. “Nos últimos
anos o inverno foi bom para nós. O riacho “segurou água”, no entanto, não tínhamos nem
material suficiente e nem sementes. Foi com “o emprestimozinho no banco” que conseguimos
fazer a compra das ferramentas, materiais de irrigação e algumas sementes. Aos poucos a
produção foi aumentando. Hoje, estamos com uma banca na feira do povoado Samambaia e
saímos uma vez por semana para vender nos povoados próximos. Certamente a produção e as
vendas, neste ano de 2013, estão sendo melhores.” disse Zé Augusto.
Atualmente a família planeja colocar energia elétrica no lote e construir a casa próximo da
horta para facilitar o trabalho. Isso vem aumentando a esperança e criando expectativas na
melhoria da convivência com o Semiárido. “Foi Deus quem ajudou. Hoje nós estamos em nossa
terra. A terra é boa. Temos muita esperança que os projetos da ASA ajudem na ampliação dos
nossos cultivos e conhecimentos” finaliza Zé Augusto.
Juntos nas dificuldades e conquistas
Família projeta ampliação de cultivos
Cultivar e alimentar sem o uso de veneno