Sulfitação Dos Caldos de Cana

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processo de clarificação de caldo da cana

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    A Sulfitao dos Caldos de Cana

    Teoria e Prtica

    Fevereiro de 1998

    Manoel L. de Almeida

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    Introduo A tecnologia utilizada atualmente no Brasil, na purificao dos caldos de cana,

    para a fabricao do acar branco, est centrada na sulfo-defecao. Esta

    tcnica tambm tem sido utilizada, mais raramente para a fabricao do acar

    VHP e at para o acar VVHP, apesar das rigorosas exigncias quanto ao

    teor de sulfito no acar VVHP.

    Em nossas visitas pelas Usinas de So Paulo e Paran, temos observado que a

    sulfitao, muitas vezes, no vem tendo os devidos cuidados operacionais

    necessrios sua boa conduo. Alm dos problemas causados ao processo,

    h Usinas que tm reformado toda a sulfitao a cada duas a trs safras.

    O tema Purificao dos Caldos de Cana e que engloba a sulfitao e a

    calagem, bastante vasto e muitas vezes complexo. Se o leitor quiser

    aprofundar-se no assunto, recomendamos consultar Honig (Principios de

    Tecnologia Azucarera Tomo I), Peter Rein (Cane Sugar Engineering) e tambm

    publicaes do Payne, Delgado, Stupiello e outros. Estas publicaes podem ser

    consultadas na STAB em Piracicaba SP Fone 19-3433-3311.

    Procuramos com este trabalho desenvolver um pequeno resumo da parte terica

    para facilitar o entendimento, porm priorizando a parte operacional e prtica.

    A Tcnica da Sulfo-defecao adotada no Brasil

    Consiste em aquecer o caldo misto a 60/ 65C, normalmente aproveitando-se o

    calor dos condensados amoniacais. Em seguida o caldo bombeado ao

    sulfitador, at a um pH de 3,2 a 4,0 dependendo do tipo de acar a ser fabricado

    e da qualidade da cana.

    Na etapa posterior adicionado o leite de cal para neutralizar o caldo, a um pH

    7,0 a 7,2.

    A melhor instalao aquela com dois tanques: o 1 recebe o caldo sulfitado e

    neste mesmo tanque adicionado o leite de cal. O 2 tanque deve ter agitador

    motorizado, pois tem a funo de completar as reaes qumicas necessrias.

    H 02 sistemas de sulfitadores adotados atualmente no Brasil com algumas

    variantes:

    Sistema com colunas verticais de pratos perfurados, totalmente em

    ao inox.

    Sistema com hidroejetores em ao inox.

    A queima do enxofre feita em forno cilndrico rotativo de ferro fundido e as

    reaes com o oxignio atmosfrico acontecem em uma cmara de combusto,

    fabricada em alvenaria de tijolos refratrios.

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    A SULFITAO DOS CALDOS DE CANA - TEORIA E PRTICA

    1. A COMBUSTO DO ENXOFRE

    Na cmara de combusto o enxofre gasoso reage com o oxignio atmosfrico conforme a equao:

    S + O2 SO2 + 69,15 Kcal 32 g + 32 g 64 g

    Donde se conclui que um tomo grama de Enxofre fixa uma molcula

    grama de Oxignio para formar uma molcula grama de Dixido de

    Enxofre.

    Peso especfico de 64/22.4 = 2,86 g/litro (nas CNTP).

    Para a reao acima, o teor de Oxignio no ar estando em torno de 21%

    em volume, a combusto estrita do Enxofre no ar conduz a uma mistura

    de gs de 21% de SO2 e 79% de Nitrognio (os outros componentes

    secundrios do ar sero desprezados).

    O teor ponderal do Oxignio no ar estando em 23%, ento um grama de

    Enxofre consome 1/0,23 = 4,34 g de ar ou 4,34/1,29 = 3,36 litros de ar.

    Peso especfico do ar nas CNTP = 1,29 g/litro.

    Sabemos que a combusto industrial nos fornos se efetua sempre com

    excesso de ar, diminuindo a taxa de SO2 dos gases de combusto, pois

    nem todo o Oxignio do ar reage com o Enxofre.

    Se chamarmos de K este excesso de ar e exprimindo-o sob a forma de

    coeficiente, e ainda chamarmos de T% o teor em volume de SO2 dos

    gases, teremos:

    % =21

    ou =

    21

    %

    K varia de 2.0 a 1.5 e o teor de SO2 dos gases varia ento entre:

    21

    2= 10,5 ou

    21

    1,5= 14

    2. INFLUNCIA DA UMIDADE DO AR

    Como nosso objetivo a reao S + O2 = SO2, mas como operamos com um excesso de ar e este ar mido (e favorece a oxidao do SO2 em SO3) temos a reao complementar equilibrada e exotrmica:

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    Formao: 2 SO2 + O2 2 SO3 em duas etapas:

    Decomposio: SO2 S + 2 O (nascente)

    Oxidao: 2 SO2 + 2 O 2 SO3 A oxidao do SO2 em SO3, dever ser evitada por vrias razes.

    As principais so:

    a. O SO3, no redutor, no tem ao para descolorao dos caldos, portanto a sua produo intil e significa um consumo a mais de enxofre. Em condies normais no se deve formar mais que 1,5 a 2% de SO3.

    b. Fixando a umidade do ar ele d lugar reao:

    SO3 + H2O H2SO4 (cido Sulfrico)

    O H2SO4 um cido forte (grau de ionizao elevado), e portanto

    produzindo elevada corroso das partes em contato com o gs,

    necessitando substituies peridicas dessas peas.

    c. Qualquer SO3 ou H2SO4 que chegue ao caldo, dar lugar formao

    de um sal clcico solvel - sulfato de clcio (CaSO4).

    Para se ter uma ideia: a 50C o sulfato de clcio 10 vezes mais solvel

    que o sulfito (CaSO3).

    Este sal constitui uma das incrustaes das mais difceis de eliminar dos

    aparelhos de evaporao.

    Se todo o Oxignio do ar reagisse com o enxofre, obteramos um gs

    com volume mximo de SO2 de 21%.

    Como o excesso de ar est entre 50 a 100% (K entre 1,5 a 2,0), o peso

    de ar em relao ao enxofre de 6,0 a 9,0 vezes.

    Considerando a temperatura do ar ambiente em 25C e umidade relativa

    de 80%, as tabelas psicromtricas indicam para estas condies, um teor

    em vapor dgua (nas CNTP) no ar mido de aproximadamente 18,0

    g/m3.

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    Se admitirmos como coeficiente de excesso de ar combusto aquele

    de 1,5; o teor de gs em SO2 ser de 21/1,5 = 14% em volume, o

    consumo de ar a 25C/kg de enxofre queimado no forno ser de:

    = 273 + 25

    273 3,36 1,5 = 5,5 3 25 760

    Este ar carregar em torno de 18,0 x 5,5 100 g de vapor dgua.

    Se considerarmos que formar cerca de 2% de SO3, ou 20 g/kg de enxofre

    queimado e se todo SO3 reagir com a umidade do ar, a quantidade de

    H2SO4 formada ser de:

    = 20 98

    80= 24,5

    24

    Como necessitamos de 4,5 g de gua para reagir com todo o SO3, haver

    sempre sobra de umidade, a menos que ar atmosfrico seja

    extremamente seco o que no o nosso caso.

    3. Concluso

    O ideal portanto, seria secar o ar atmosfrico antes de alimentar o forno.

    No Brasil esta tcnica no adotada.

    Um teor de 1,5% de SO3 formado considerado normal. Instalaes mal

    operadas podem formar at 10% de SO3.

    Nota: Com alto teor de SO3 e vazamento de gua para dentro da cmara

    de combusto, as condies operacionais se tornam impraticveis.

    Se todo H2SO4 reagisse com o hidrxido de clcio teramos:

    H2S04 + Ca (OH)2 2 H2O + Ca SO4 98 g 136 g

    Ento para cada kg de enxofre queimado, teramos a formao de:

    24,5 136

    98= 34

    : 34

    Na prtica, tambm parte do H2SO4 reage com o metal das tubulaes

    dos gases e com componentes do caldo.

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    Um caldo obtido de uma cana madura e fresca, com adio de somente leite de

    cal a um pH de 7,0 a 7,2 e aquecimento a 105C, produzir uma clarificao

    satisfatria.

    4. ABSORO DO SO2

    A solubilidade do SO2 na gua elevada a baixa temperatura, mas

    decrescendo rapidamente com a elevao desta. presso atmosfrica

    tm-se:

    Temperatura C

    Solubilidade

    g de SO2/litro dgua

    0 228,3

    10 162,1

    20 112,9

    30 78,1

    40 54,1

    50 45,0

    60 36,0

    70 26,0

    80 18,0

    90 9,0

    100 1,0

    Observando que incorporamos apenas 0,5 a 1,2 g de SO2/litro de caldo

    sulfitado, constatamos que a absoro nestas condies aparentemente

    fcil.

    Se o contato entre o caldo e os gases de combusto no bem

    assegurado, haver perdas do SO2 nos gases ejetados para a atmosfera,

    aumentando o consumo global de enxofre.

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    As perdas de SO2 nos gases utilizados, so principalmente devido s

    flutuaes na entrada de caldo na coluna ou multi-jato. As causas destas

    flutuaes so:

    Diminuio e/ou paradas constantes das moendas;

    Utilizao de bomba de recalque de caldo de capacidade elevada

    - a bomba trabalha em golfadas;

    Em boa marcha de fabricao (sem interrupes das moendas), o forno

    estando bem regulado e bomba de caldo com inversor de frequncia, o

    rendimento de utilizao do enxofre da ordem de 90 a 95%.

    5. A SULFITAO

    O caldo misto a sulfitar apresenta uma acidez natural correspondente a

    mais ou menos pH 5,5, e a 0,5 a 0,6 g/l de CaO fenolftalena. Por

    sulfitao incorporamos uma acidez sulfurosa conferindo-lhe uma acidez

    mista total que a soma das duas. Normalmente a acidez sulfurosa

    deveria ser determinada por um mtodo analtico especfico (iodometria).

    O Laboratrio se limita a dosar sucessivamente as acidez natural e total.

    O encarregado da fabricao estima em seguida que a acidez sulfurosa

    representa a diferena entre a acidez total e natural. Deste modo o

    controle qumico da sulfitao se resume a dosagens acidimtricas fceis

    e rpidas, cujos resultados so expressos em CaO.

    O erro cometido consiste em que o SO3 formado na combusto do enxofre

    computado como SO2, de modo que para o controle do indesejvel SO3

    preciso recorrer iodometria.

    Se o caldo a sulfitar consistisse em uma soluo aquosa pura de acar,

    a sulfitao tenderia a uma dissoluo do SO2 na fase aquosa. Mas alm

    da gua e do acar, os caldos contm no aucares minerais e

    orgnicos, susceptveis de dar lugar combinaes com o SO2.

    O SO2 em presena de matrias orgnicas em funo de seu efeito

    redutor age como descolorante. No que concerne aos sais minerais ele

    pode deslocar seus radicais cidos para combinar com suas bases.*

    A reao mais importante que ocorre aquela em que o SO2 reage com

    gua, formando o H2SO3, em seguida reage com a cal {Ca(OH)2} dando

    formao ao sulfito de clcio (CaSO3). Este sal formado, sendo pouco

    solvel, ao precipitar arrasta consigo os componentes no aucares

    presentes no caldo. Estas reaes so bastante complexas e maiores

    detalhes recomendamos consultar Honig, Tomo I, cap. 15, pags. 503 a

    560.

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    Afinal: Qual o melhor pH para o caldo sulfitado?

    Testes feitos em Laboratrio em que se dosava o SO2 livre e combinado

    do caldo sulfitado, estimou-se que o SO2 livre s se encontrava a um pH

    = 4.2 e abaixo. Como a queda do pH dos caldos est estreitamente ligada

    a seu efeito tampo, que por seu turno depende em grande parte de seu

    teor de sais, procurou-se relacionar a quantidade de SO2 ao teor de cinzas

    sulfricas convencionais. A taxa mdia de cinzas dos caldos variando

    entre 4,0 a 5,0 g/l, a regra conduziria a incorporar 1,0 a 1,25 g de SO2/l de

    caldo.

    Na prtica esta taxa se mostrou alta. Valores atualmente aceitveis,

    quando se considera caldos oriundos de cana fresca e madura esto na

    faixa de 0,6 a 0,9 g/l (600 a 900 ppm).

    Concluso

    O pH ideal do caldo sulfitado, estar sempre de acordo com a qualidade

    da clarificao: limpidez do caldo, rapidez de sedimentao, volume de

    lodo, formao da torta dos filtros e principalmente qualidade do acar

    final. Estes que guiaro o Encarregado da Fabricao na melhor taxa

    de sulfitao a ser adotada. No recomendvel fixar um valor para a

    safra e exigir que os operadores trabalhem assim.

    Parmetros Prticos

    Para a fabricao de acar de alta qualidade, os valores prticos so:

    pH entre 3,8 a 4,2 correspondendo a uma acidez em CaO de 1,2 a

    0,8 g/l;

    Consumo de SO2 entre 500 a 800 mg/l de caldo.

    A sacarose se hidroliza em meio cido, produzindo acares invertidos. A elevao da temperatura acelera a velocidade das reaes.

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    6. QUALIDADE DO CALDO A SULFITAR

    Conforme Stupiello (Revista STAB N16/4) um bom parmetro para se avaliar rapidamente a qualidade da cana entrando na Usina o pH do caldo da prensa (PCTS).

    Nas nossas condies de cana (So Paulo e Paran) estes parmetros se situam na faixa de:

    pH Qualidade da Cana

    Menor que 5,0 Cana muito deteriorada

    Entre 5,0 a 5,10 Cana deteriorada

    Entre 5,11 a 5,20 Cana muito verde ou deteriorada

    Entre 5,21 a 5,30 Cana verde ou com nveis normais de

    deteriorao

    Entre 5,31 a 5,40 Cana madura e fresca

    Maior que 5,41 Cana muito madura e fresca

    Pequenas variaes na composio dos caldos, podem produzir grandes

    efeitos no tratamento do caldo. Honig pg. 462.

    7. RECOMENDAES PARA SE OBTER UMA BOA SULFITAO

    a. Armazenamento do Enxofre: O Enxofre deve ser armazenado em lugar coberto e livre de umidade.

    No caso de falta deste, deve no mnimo ser coberto com lona plstica. Nunca deixe o enxofre ao tempo. b. O Enxofre:

    O melhor produto para trabalhar com a dosador automtico o tipo

    granulado. O tipo em escamas ou tabletes atende, desde que seja peneirado

    antes do uso e os pedaos maiores sejam modos.

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    A COPERSUCAR recomenda que um bom enxofre deve ter a seguinte composio:

    Umidade mxima ................................... 1,0%

    Cinzas mxima ....................................... 0,2%

    Matria orgnica mxima ....................... 0,3%

    Pureza mnima ........................................ 99,5%

    c. A Cmara de Combusto:

    Tem a finalidade principal de completar as reaes entre o enxofre gasoso

    e o oxignio atmosfrico.

    A Cmara de Combusto em tijolos refratrios tem sido a melhor opo.

    O projeto deve levar em conta o volume necessrio e no mnimo duas

    cmaras internas para garantir as reaes dos gases.

    Deve ser selada externamente para evitar a entrada de gua de chuva ou

    gua de limpeza.

    d. Alimentao do Forno:

    Contrariamente ao que muitos pensam, o forno deve ser alimentado continuamente, mantendo-se uma fina camada de enxofre lquido por toda a rea interna deste. Manualmente isto quase impossvel, portanto a alimentao automtica imprescindvel, se quisermos economia de enxofre e constncia do pH.

    e. Cuidados com o Forno:

    Nunca isolar termicamente o forno.

    Nunca trabalhar com o forno parado (sem girar). Este sofrer srios danos.

    recomendvel cobrir o forno, para proteg-lo da chuva.

    f. Alimentao da gua:

    Situao grave que ocorre a entrada de gua na cmara de combusto

    atravs de trincas e/ou pequenas fissuras na solda ou conexo entre a

    cmara e o tubo de sada de gs, situao mais comum na tampa da

    cmara.

    Como j vimos, esta gua reage com o SO3 e forma o indesejvel cido

    sulfrico, causando srios danos aos equipamentos.

  • 11

    A melhor maneira de se descobrir a entrada falsa de gua na cmara de

    combusto fazendo-se o seguinte teste:

    Com o forno parado colocar gua na parte superior da cmara e encher a

    capa de resfriamento do tubo de gs, fechando a sada desta.

    Aps algum tempo, se os nveis de gua da cmara ou da chapa

    abaixarem h vazamento. Corrigir imediatamente.

    g. O Excesso de Ar:

    O excesso de ar tem dois objetivos:

    Ajudar a resfriar o gs;

    Permitir que todo o enxofre gasoso reaja com o oxignio.

    No d para saber quanto de excesso de ar est entrando. O melhor

    permitir que a maior parte do ar entre no forno. A regulagem final do ar

    feita na canopla de sada entre o forno e a cmara. Somente a prtica

    diria que vai permitir uma boa regulagem.

    h. Controle do pH/consumo de enxofre:

    H duas boas maneiras de se controlar o pH e o consumo de enxofre:

    1. - Atuando na rosca dosadora de enxofre ao forno,

    diminuindo ou aumentando sua rotao. A rosca deve ter

    acionamento com inversor de frequncia.

    2. - Atuando na rotao do forno. Se o objetivo, por exemplo,

    sulfitar menos (elevar o pH), diminuir a rotao do forno de tal forma

    que o enxofre queime por toda a rea interna, formando um tnel

    de gs.

    Neste caso o Forno deve ter sistema de variao de rotao

    distncia (inversor de frequncia).

    As medidas de ajustes podem ser implementadas separadas ou em

    conjunto.

    A camada lquida de enxofre na parte inferior no forno deve ser a

    menor possvel. Os fornos que trabalham melhor tm esta camada

    com espessura de no mximo 20 mm.

  • 12

    i. Resfriamento do Gs: O resfriamento em corrente paralela tem dado melhores resultados que o

    sistema em contracorrente. A gua deve entrar por baixo, inundando todo

    o espao entre a capa e o tubo de gs, sair por cima e descer pelo tubo

    at a parte superior da Cmara.

    Muitas vezes h vazamentos de gua, ento o operador fecha toda a

    gua. Fazendo isto todo o sistema estar condenado em pouco tempo.

    Nestas condies a temperatura do sistema alcana mais de 900C. Alm

    das alteraes na estrutura cristalina dos aos devido as altas

    temperaturas, o SO2 se decompe dando formao ao SO3 de acordo com

    as reaes:

    Decomposio SO2 = S + 2 O (nascente)

    Oxidao 2 SO2 + 2 O = 2 SO3

    Como vimos anteriormente, o SO3 dar origem ao H2SO4 e da ....

    CONCLUSO:

    Nunca deixar faltar gua para o resfriamento. Se isto acontecer

    momentaneamente, pare imediatamente a alimentao do enxofre, e

    espere o sistema resfriar naturalmente, para em seguida colocar gua e

    voltar a alimentar o forno. Jamais coloque gua logo em seguida da falta

    desta.

    j. Temperatura dos gases:

    Aps a cmara de resfriamento, a temperatura dos gases dever estar

    entre 180 a no mximo 220C.

    Abaixo de 200C a velocidade de reao to baixa que praticamente

    no se forma SO3.

    O ideal automatizar a temperatura dos gases colocando um transmissor

    de temperatura no tubo de gs antes da coluna ou hidro ejetor, que

    enviar o sinal para a vlvula de alimentao de gua.

    A sublimao se deve a uma combusto incompleta do enxofre gasoso.

    Ao se resfriar o gs, o vapor de enxofre se condensa em finas partculas

    nas tubulaes, chegando a obstru-las completamente. Abaixo de 120C

    o enxofre se condensa totalmente e as condies operacionais se tornam

    impraticveis.

  • 13

    Obs: Com o aumento da produo de acar, mais enxofre necessrio

    queimar e portanto mais calor deve ser retirado do sistema. Nestas

    condies a cmara de resfriamento pode se tornar subdimensionada. Se

    isto acontecer, redimensionar a cmara.

    k. Alimentao da Coluna ou Hidroejetor:

    fundamental a alimentao constante do caldo. No pode haver

    flutuaes normalmente causadas pela bomba de recalque (golfadas).

    Esta situao, quando se tem hidro ejetores, fica impraticvel, isto o

    sistema no funciona.

    A colocao de um transmissor de nvel no tanque de caldo misto atuando

    em um inversor do motor da bomba, para evitar a cavitao desta e assim

    eliminar as golfadas, tem sido uma excelente soluo.

    Recomendamos a instalao de um tanque de caldo misto, com um tempo

    de reteno de 5 a 10 min e a bomba com inversor de frequncia.

    Quando se tem hidro ejetores, deve sempre ter uma unidade reserva para

    atender os perodos de limpeza dos bicos.

    l. Consumo de enxofre:

    Varia muito em funo de inmeros fatores.

    A comparao do consumo entre Usinas, pode levar a erros grosseiros de

    avaliao. Nem sempre aquela que est consumindo menos est

    trabalhando melhor.

    Mesmo que a composio do caldo misto fosse idntica de uma Usina

    para outra e ambas fizessem o mesmo tipo de acar, pode haver duas

    grandes diferenas no processo: o sistema de cozimento (em uma, duas

    ou trs massas) e basicamente trs alternativas no tratamento do caldo,

    adotadas pelas Usinas do Brasil, que fazem o consumo especfico de

    enxofre varia muito de uma Usina para outra.

    Tipo 1. Usinas que processam somente o caldo do 1 terno para

    a fabricao de acar. O caldo do 2 terno enviado para a

    fabricao de lcool.

    Tipo 2. Usinas que processam todo o caldo misto para a fabricao

    de acar, porm desviam todo o caldo filtrado para a fabricao

    de lcool.

  • 14

    Tipo 3. Usinas que processam todo o caldo para a fabricao de

    acar, inclusive o filtrado. O lcool fabricado somente com o

    mel final.

    Nestas condies a aproximao s tem certo significado quando se fala

    em consumo especfico em termos de gramas de enxofre/saco de acar

    produzido e no em gramas de enxofre/TC como normalmente dito.

    Percebe-se que quanto maior o esgotamento (recuperao do acar),

    menor ser o consumo especfico. Mesmo assim a aproximao

    genrica e no serve para comparaes.

    Conforme nossas observaes em dezenas de Usinas de So Paulo e

    Paran as variaes so grandes. O consumo se situa na faixa de 120 a

    280 g/saco.

    m. Onde Retornar o Caldo Filtrado?

    Caso de Usinas que enviam todo o caldo filtrado para a produo de acar. Experincias feitas em vrias Usinas retornando o caldo filtrado na calagem (depois da sulfitao) nos levou a produzir um acar de qualidade inferior. O retorno do caldo filtrado antes da sulfitao, tem dados melhores resultados em termos de qualidade do acar que o nosso objetivo final. Esta soluo parece que tende a aumentar o consumo de enxofre e sujar mais os aquecedores de caldo.

    Cana velha (deteriorada) no faz acar de qualidade.

    A sulfitao por melhor que seja no faz milagres.

    Manoel Almeida Fev/1998