Sugestões DidáticasU1

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Unidade 1: Homem, cultura e sociedade Sugestões Didáticas

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Manual do curso ead

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  • Unidade 1: Homem, cultura e sociedade

    Sugestes Didticas

  • 1Objetos de aprendizagem

    1. A SOCIEDADE E O HOMEM COMO OBJETOS DE ESTUDOObjetivos de aprendizagem: Conhea o contexto histrico e social do surgimento das cincias sociais para compreender como tais cincias buscaram entender as relaes entre o homem, a cultura e a sociedade, e verificar como elas estabeleceram seus campos de estudo, seus objetos e seus temas principais.

    2. A SOCIOLOGIA E A ANTROPOLOGIA COMO CINCIASObjetivos de aprendizagem: Aprenda as perspectivas da Sociologia e da Antropologia para entender como tais cincias procuram garantir a objetividade e a neutralidade de seus pressupostos e de suas teorias, e aplique essa objetividade em toda atividade acadmica, tcnica ou cientfica que venha a desenvolver.

    3. O CAMPO CONCEITUAL DA SOCIOLOGIA: A NATUREZA DA VIDA SOCIALObjetivos de aprendizagem: Entenda os principais conceitos da Sociologia e da Antropologia para saber como se d o dilogo dessas duas disciplinas e os aspectos que as aproximam e os que as fazem divergirem entre si.

    4. O CAMPO CONCEITUAL DA ANTROPOLOGIAObjetivos de aprendizagem: Veja as modificaes pelas quais passa a Antropologia e conhea as crises que acontecem na Antropologia contempornea, e compare as novas exigncias da Antropologia com o objeto prprio da Sociologia.

  • 2Propostas de fruns 1. O QUE O SER HUMANO?Leia atentamente o texto que segue e reflita.

    Que o conhecimento de si mesmo a maior pergunta antropolgica parece ser geralmente reconhecido. () O autoconhecimento o primeiro pr-requisito da auto realizao. (...) Os primeiros passos na direo da vida intelectual e cultural do homem podem ser descritos como atos que implicam uma espcie de ajuste mental ao ambiente imediato. medida que a cultura humana progride, porm, logo encontramos uma tendncia oposta da vida humana. Desde os primeiros vislumbres de conscincia humana, encontramos uma viso introvertida da vida que acompanha e complementa essa viso extrovertida. Quanto mais esse desenvolvimento se afasta dessas origens, mais essa viso introvertida vem ao primeiro plano. A curiosidade natural do homem comea aos poucos a mudar de direo. Podemos estudar esse crescimento em quase todas as formas da vida cultural do homem. Nas primeiras explicaes mitolgicas do universo encontramos sempre uma antropologia primitiva lado a lado com uma cosmologia primitiva. A questo da origem do mundo est inextricavelmente entrelaada com a questo da origem do homem. A religio no destri essas primeiras explicaes mitolgicas. Ao contrrio, preserva a cosmologia e a antropologia mitolgicas dando-lhes nova forma e nova profundidade. A partir de ento, o autoconhecimento no mais concebido como um interesse meramente terico. Deixa de ser apenas um tema de curiosidade ou especulao; declarado como a obrigao fundamental do homem (...) um problema moral (Cassirer, Ernst. Ensaio sobre o homem: introduo a uma filosofia da cultura humana. So Paulo: Martins Fontes, 2005).

    Vamos fazer uma pergunta bem simples para estimular nosso interesse pelo conhecimento: Qual a ideia central do texto:

    Por que o autoconhecimento um problema moral?

    COMENTRIOS: Essas so perguntas que devem estimular um dilogo o mais fundamentado possvel.

    O primeiro passo libertar-se dos achismos, isto , os alunos devero ser estimulados, ao longo de todo o curso a superar o eu acho por um eu penso, com algum tipo de argumentao tirada da leitura, ou mesmo de fatos colhidos em noticirios (que tambm devem ser criticamente avaliados) ou, enfim, tirados de alguma experincia pessoal, se houver. Em segundo lugar, importante fazer o aluno entender

  • 3o texto. Trata-se de demonstrar que o conhecimento de si mesmo que o ser humano busca empreender no meramente um problema de curiosidade cientfica, antes um compromisso tico: no podemos deixar de tentar conhecer a ns mesmos. Quando o texto fala da passagem de uma cosmologia primitiva para uma antropologia primitiva est afirmando que, no incio da humanidade, as histrias mticas sobre a origem do universo eram, antes de tudo, uma busca de o ser humano entender-se a si mesmo.

    2. A DIFCIL TAREFA DE ENTENDER QUEM O SER HUMANO, AFINAL!(...) a matria-prima da Antropologia tal que ela precisa ser uma cincia histrica, uma das cincias cujo interesse est centrado na tentativa de compreender os fenmenos individuais, mais do que no estabelecimento de leis gerais. Estas, graas complexidade da matria-prima, sero necessariamente vagas, e, podemos quase afirmar, to auto evidentes que seriam de pouca ajuda para uma real compreenso. Com muita frequncia tenta-se formular um problema gentico como se ele fosse definido por um termo tomado de nossa prpria civilizao, quer esteja baseado numa analogia com formas que nos so conhecidas, quer contraste com aqueles com os quais estamos familiarizados. Desse modo, conceitos como guerra, a ideia de imortalidade e regras matrimoniais tm sido considerados como unidades, e de suas formas e distribuio derivam-se concluses gerais. Caberia reconhecer que a subordinao de todas essas formas a categorias que nos so familiares, graas nossa prpria experincia cultural, no prova a unidade histrica ou sociolgica do fenmeno. As ideias de imortalidade diferem to fundamentalmente em contedo e significado que dificilmente podem ser tratadas como unidade. Tambm no podemos tirar concluses vlidas baseadas em sua ocorrncia, a no ser a partir de uma anlise detalhada (Frans Boas, Antropologia Cultural, 1963, pp. 107-108).

    A Antropologia uma cincia que busca compreender os fenmenos individuais que ocorrem numa determinada cultura, mas sofre pelo fato de que a diversidade dificulta a busca de leis gerais que permitam entender melhor a cultura e, portanto, o ser humano.

    Por outro lado, a Sociologia uma cincia que nasceu da necessidade de compreender os grandes problemas sociais, desde o seu surgimento, a partir dos abusos gerados pela Revoluo Industrial, at os dias de hoje, no que diz respeito corrupo poltica, injustias sociais, violncia, desemprego etc. Nesse sentido, a Sociologia nos ajuda a entender como os grandes grupos humanos sofrem um processo de desumanizao cujos processos no so mais pessoais, mas sociais. A sociologia estuda tais fatos.

    Enfim, o que Sociologia e o que Antropologia? Qual ou quais so as diferenas fundamentais entre as duas disciplinas?

  • 4COMENTRIOS: Sempre restar no aluno uma dificuldade final em definir Antropologia e Sociologia e diferenciar uma da outra. Cabe lembrar que a dificuldade em definir essas cincias est ligada ao prprio conceito de definio (enquanto delimitao), j que esse empreendimento corre o risco de limitar duas cincias to amplas a um entendimento medocre (como mediano) e ingnuo (enquanto no refletido e argumentado metodologicamente).O interessante a contradio da proposta: o aluno precisa elaborar alguma definio para que desenvolva alguma sntese do contedo estudado. Por outro lado, dever entender que estudar cincias humanas redefini-las constantemente.

    3. O QUE , DE FATO REAL, NA VIDA HUMANA?Um grande problema levantado por diversos estudiosos, especialmente por filsofos, reside na impossibilidade de separar mundo interno de mundo externo, isto , o que chamamos de objetivo contm nossa subjetividade, e tudo que chamamos real contm sempre um pouco de imaginao. Tudo o que dizemos que , existe, apenas significa o que nos parece que seja, ou o que pensamos que exista. Por isso, mais que buscar uma verdade pronta, um valor transcendente ou superior, temos que admitir que tudo passa por alguma perspectiva humana e, como tal, apenas nos parece real.

    Isso significa que qualquer abordagem sobre uma realidade passa por um crivo humano e qualquer discusso cientfica ou filosfica se remete a um problema antropolgico.

    Kant, filsofo do sculo XVIII, fazia uma distino entre fenmeno - a realidade como aparece nossa conscincia - e noumeno - coisa em si, da qual nada se pode falar. Para ele, nosso saber, o nico objeto da investigao cientfica, conhecimento dos fenmenos. Para o neokantismo, o noumeno a ideia da completa realizao da tarefa da conscincia. Com isso eles negam que exista uma coisa em si, um ser (problema metafsico); para eles trata-se apenas de um exerccio do conhecimento humano (problema epistemolgico, ou do conhecimento). E hoje se diz que o mundo humano simblico, de signos e de significados; tudo o que temos (problema semitico). Se concordarmos com essa linha, haveremos de admitir que nossa busca da essncia ou da realidade das coisas nada mais que um busca da conscincia humana, uma busca que o ser humano faz de si mesmo.

    Essas consideraes levantam um grave problema para a Antropologia e para a Sociologia: como cincias empricas (que partem da experincia humana), so objetivas, isto , partem da realidade como tal. Contudo, como cincias conceituais, seus conceitos so elaborados por seres humanos de maneira que nunca teremos certeza absoluta, nunca teremos uma verdade absoluta.

  • 5O que real na vida das sociedades e na vida das culturas, e o que fantasia, pr-conceito, pr-ocupao, pnico etc.? Qual a realidade que a Sociologia e a Antropologia estudam?

    COMENTRIOS: No incio dos estudos faz-se meno necessidade de neutralidade do cientista social, no final se fala de uma universalizao dos conceitos.

    interessante que, durante o debate, ou no incio dele, aparea tambm a pergunta de fundo que sustenta as outras perguntas: Voc sabe o que realidade?

    O ideal que o aluno entenda o princpio da objetividade como meta de todo estudioso, sempre fundamentando o que se diz e, ao mesmo tempo, entendendo que sempre haver uma subjetividade ou a possibilidade de mais de uma leitura, tanto antropolgica, quanto sociolgica. Isso, contudo, no implica no fato de que, havendo duas ou mais leituras uma ter que estar errada, e a outra certa para preparar o aluno s diferentes propostas de Marx, Durkheim e Max Weber.

    MATERIAIS EXTRAS

    LIVROS:CASSIRER, Ernst. Ensaio sobre o homem: introduo a uma filosofia da cultura humana. So Paulo: Martins Fontes, 2005. Captulos 1, 2, 3 e 4.

    BOAS, Franz. Antropologia cultural. Org. Celso Castro. 6.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. Captulos 1, 2 e 3.

    FILMES:Dana com lobos (1990), de Kevin Costner

    O Enigma de Kaspar Hauser (1974), de Werner Herzog

    O Auto da Compadecida (2000), de Guel Arraes.Disponvel em: http://www.youtube.com/watch?v=bPRGjFGU4f8Os miserveis (2013), de Tom HooperDisponvel Os Miserveis de Victor Hugo: http://www.youtube.com/watch?v=wZwX06eJ9wU

  • 6ARTIGOS:Macrae, E. Antropologia: aspectos Sociais, culturais e ritualsticos. Disponvel em http://www.neip.info/downloads/t_edw10.pdf

    Edward MacRae, professor adjunto de Antropolgia da Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas da Universidade Federal da Bahia.

    Sorj, B. Sociologia e trabalho: mutaes, encontros e desencontros. Disponvel em http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v15n43/002.pdf

    Bila Sorj, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

    MATRIAS:Taxa de desemprego no Brasil cai para o menor registro da histria Disponvel em: http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2013/12/taxa-de-desemprego-no-brasil-cai-para-o-menor-registro-da-historia.html

    ndios no Brasil. Funai. Disponvel em: http://www.funai.gov.br/indios/fr_conteudo.htm