Sugestões de trabalhar temas históricos

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Sugestes de trabalhar temas histricos

A legitimao do poder durante a Ditadura Militar

A ditadura no imps um regime por duas dcadas pelo simples uso da fora.

Ao estudar o perodo da Ditadura Militar, muitos alunos tm a impresso errnea de que os militares tinham total e absoluto controle sobre a populao brasileira. Muitas vezes, esse tipo de concluso precipitada surge em meio s diversas narrativas e imagens que descrevem a atuao dos militares durante esse perodo. No entanto, a relao entre o Estado e a sociedade nesse perodo pode ser repensada de maneira a demonstrar um outro lado dessa relao. Primeiramente, o professor pode discutir junto aos alunos se seria possvel criar alguma forma de governo que, por meio da fora e da violncia, pudesse controlar todos os indivduos de um Estado ou nao. Depois de lanar essa questo aos alunos, o professor pode oferecer um breve texto onde diferentes formas de resistncia so discutidas nos mais diversos regimes de carter autoritrio. Entre outros casos, pode-se fazer meno sobre a resistncia dos judeus contra a dominao dos romanos na Antigidade, as revoltas que marcaram o processo de colonizao americana ou os conflitos assinalados durante o imperialismo do sculo XIX. Elencando estes ou outros exemplos histricos, o professor demonstra que impossvel algum tipo de governo ou regime ter dominao completa. Depois disso, destaque que mesmo dentro desses casos historicamente demonstrados os governos opressores buscam maneiras para que a populao dominada reconhea e legitime o poder institudo. Com isso, os alunos teriam condies de notar que as relaes polticas so marcadas por um jogo simblico onde a relao entre dominantes e dominados no se encerra em imposies simplesmente colocadas de cima para baixo.

A partir disso, o professor relata como o perodo do governo Mdici (1969 1974) foi conhecido como um dos mais rigorosos perodos do regime militar. No entanto, demonstrando a viso de que o governo opressor no se vale apenas da fora, oferea documentos e imagens que possam ser analisadas pelos alunos. Reservando algum tempo para que a sala observe as fontes histricas trabalhadas, pea para que cada um deles produza um texto opinativo sobre um dos trs documentos abaixo: a) Foto do presidente Mdici comemorando a tricampeonato de futebol conquistado em 1970.

b) Um popular adesivo vendido durante o regime militar

c) A cano Pra Frente, Brasil de Miguel Gustavo: Noventa milhes em ao, Pra frente Brasil, Do meu corao... Todos juntos vamos, Pra frente Brasil, Salve a Seleo! De repente aquela corrente pra frente, Parece que todo o Brasil deu a mo...

Todos ligados na mesma emoo... Tudo um s corao! Todos juntos vamos, Pra frente Brasil! Brasil! Salve a Seleo!!! Oferecendo esses trs tipos de documento turma, o professor pode convidar alguns alunos a relatarem suas anlises prprias. Depois de mostrarem o resultado de sua produo, uma discusso final visando compreender como tais documentos representavam o pas na poca pode ser realizada. Nesse momento, importante destacar a perspectiva positiva que estes documentos passavam em uma poca considerada opressiva e conturbada. Como sugesto final da atividade, o professor pode exibir o filme O Ano Que Meus Pais Saram de Frias, de Cao Hamburguer, onde temos a representao da perspectiva de uma criana sobre o perodo. Dessa maneira, o perodo ditatorial pode ser contemplando de forma mais ampla, fugindo da simples opresso costumeiramente assinalada em alguns livros didticos.

As influncias do iderio nazista no campo das artes.

Vrios pintores reproduziram o iderio nazista em suas obras.

A arte reflete a vida ou a vida reflete a arte? Esse um tipo de questo que inquieta queles que se preocupam em ver determinadas manifestaes culturais luz dos valores de seu tempo. De fato, seria impossvel empreender uma resposta definitiva a

essa questo. Contudo, a compreenso de certas idias vigentes em um perodo histrico pode ser vista por meio de uma anlise comparativa entre uma obra e seu contexto. Em sala de aula, esse interessante exerccio reflexivo pode ser sugerido quando o professor trabalha com ascenso do iderio nazista na Alemanha. Geralmente, os livros didticos se limitam a abordar essa questo relacionando o contexto econmico em que os princpios do nazismo ganham espao entre os alemes. Alm disso, com a chegada de Hitler ao poder, falam da impressionante mquina de propaganda nazista que procurava legitimar o novo regime totalitrio comandado por Adolf Hitler. No entanto, combinando alguns dos princpios da ideologia nazista com obras de arte da poca, o professor pode demonstrar como a arte alem esteve influenciada por essa nova situao poltica. Para que o assunto seja mais bem trabalhado e o professor no precise citar cada uma das diferentes doutrinas nazistas, pode-se enfatizar a crena que os nazistas tinham na superioridade fsica, intelectual e moral daqueles que eram descendentes puros dos arianos, povo antigo que supostamente deu origem aos alemes. Depois de concluir esse conceito, o professor pode citar uma interessante parte da obra Minha Luta, de Adolf Hitler, onde ele justifica essa idia da superioridade alem. Segundo as palavras do prprio lder nazista: Nosso povo alemo, hoje esfacelado, jazendo entregue, sem defesa, aos pontaps do resto do mundo, tem, precisamente, necessidade da fora, que a confiana em si proporciona. Todo sistema de educao e de cultura deve visar a dar s crianas de nosso povo a convico de que so absolutamente superiores aos outros povos Aliando o conceito de raa pura e superioridade, o professor pode demonstrar como alguns artistas que viveram na Alemanha Nazista foram diretamente influenciados por tais valores. Para tanto, o professor pode pedir que os alunos busquem quais idias e valores foram reforados nas seguintes pinturas escolhidas como exemplo. Quadro 01: Famlia de camponeses de Kalenberg de Adolph Wissel (1939) A representao de uma famlia onde todos os indivduos so representados de forma idntica imagem ideal do homem ariano.

Quadro 02: Esportes Aquticos de Albert Janesh (1936) Um claro exemplo de elogio superioridade fsica do alemo atravs do elogio s suas aptides atlticas. Ao mesmo tempo, a escolha do remo refora os ideais coletivistas defendidos no nacionalismo alemo.

Com isso, o professor pode empregar um material dificilmente utilizado para conseguir demonstrar as conseqncias do governo nazista.

O lanamento da bomba de Hiroshima acelerou o processo de rendio do exrcito japons, que resistia s ofensivas norte-americanas.

Observe na imagem (acima no centro) o formato de uma Rosa

O lanamento da bomba de Hiroshima simbolizou, dentro da histria, um dos episdios finais da Segunda Guerra Mundial. O Japo resistia copiosamente ao avano norteamericano das mais variadas formas. Com o intuito de apressar a rendio japonesa e demonstrar ao mundo o poder blico estadunidense, um bombardeiro B-29 lanou uma bomba atmica base de urnio que explodiu a 580 metros de altitude de Hiroshima, no dia 06 de agosto de 1945, s 8 h e 15min. Oitenta mil pessoas morreram, as que sobreviveram a esse monstruoso ataque foram obrigadas a conviver com o caos e as terrveis sequelas da radiao nuclear. Dentro desse aniquilador contexto histrico, Vinicius de Moraes comps o poema Rosa de Hiroshima, certamente como forma de denncia social e como expresso da sua revolta pelos horrores causados na populao de Hiroshima. O poema Rosa de Hiroshima foi musicado e interpretado por vrios artistas, sendo um deles o cantor Ney Mato Grosso. O uso do poema em sala de aula uma excelente estratgia de ensino e abordar aspectos da histria sobre a Segunda Guerra Mundial e o lanamento da bomba de Hiroshima. Sugiro tambm ao professor a leitura do texto Projeto: bomba atmica, a leitura do projeto prope um trabalho multidisciplinar interessante que alcanar as disciplinas voltadas para as cincias humanas, sociais e exatas. Rosa de Hiroshima (Vinicius de Moraes) Composio: Joo Apolinrio / Gerson Conrradi Pensem nas crianas Mudas telepticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas clidas Mas, oh, no se esqueam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditria A rosa radioativa Estpida e invlida A rosa com cirrose A anti-rosa atmica Sem cor sem perfume Sem rosa, sem nada Trabalhe o poema em formato musical e distribua a letra da msica para cada aluno, dessa forma ele escutar a cano e acompanhar a letra, isso evitar que o seu aluno fique perdido ou disperso. Ajude-os a interpretar a msica, mostrando a riqueza da composio e dos recursos estilsticos do autor. Mostre imagens do lanamento da bomba de Hiroshima. Distribua dicionrios.

Trabalhe a interpretao do poema de forma que os alunos compreendam o sentido denotativo e conotativo dos fragmentos poticos. Pea aos seus alunos para associarem (verbalmente) a msica poema com o lanamento da bomba de Hiroshima, questionando-os: 1. O que significa o ttulo do poema Rosa de Hiroshima? 2. Vinicius, no poema, pede Pensem nas crianas, nas mulheres, nas feridas. O que ele quer dizer? 3. Existe alguma relao entre as sequelas deixadas pela radiao e alguma parte do poema? Se sim, explique. 4. O racismo teria contribudo para o lanamento das bombas sobre o Japo? 5. O lanamento da bomba de Hiroshima representava o qu para os norte- americanos? 6. O Japo suportaria uma invaso norte-americana massiva? Justifique. 7. O lanamento da bomba foi uma demonstrao de poder estadunidense? Atenha-se para que os questionamentos no fiquem soltos e a aula desordenada. Depois de todo o debate, divida os alunos em dupla e pea uma pesquisa sobre como est Hiroshima hoje. A pesquisa ser entregue em dia estipulado pelo professor e dever constar toda referncia bibliogrfica usada.

Explore novos aspectos no ensino da chegada da Famlia Real Portuguesa.

As obras de Debret so grande fonte de compreenso dos costumes do Brasil no sculo XIX

A questo da chegada da Famlia Real no Brasil, apesar de todo o realce dado aos duzentos anos desse fato, usualmente apresentada de forma bastante esquemtica. Geralmente, o professor enfoca as principais aes polticas que envolveram a administrao joanina e relaciona tais feitos com o processo de independncia da nao brasileira. No entanto, essas

questes ainda contam com um importante leque de questes relacionadas Histria Cultural. A transferncia de uma monarquia para um pas colonial era um fato nunca antes acontecido na Histria das Amricas. Alm disso, podemos salientar que a chegada da realeza lusitana envolve um processo de choque entre culturas que, sem dvida, evidencia um lado bastante interessante desta histria. Entretanto, para apresentar a riqueza dessa experincia em sala de aula o professor deve contar com uma extensa gama de fonte e materiais. Para orientar esse tipo de trabalho, sugerimos que o professor selecione o trecho de uma obra que relate sobre o modo de vida, os valores, prticas cotidianas e hbitos de um monarca no incio do sculo XIX. Paralelamente, destaque fontes histricas (documentos, pinturas ou obras literrias) em que se possa observar o cotidiano do ambiente colonial brasileiro. Dessa maneira, abrem-se condies para que as diferenas culturais sejam visualizadas por toda a classe. Com o objetivo de fixar melhor essa questo da diferena, privilegie a fala de alguns alunos que viveram esse tipo de experincia cultural. Alunos que j tiveram de se mudar da cidade grande para o interior ou para outra regio podem dimensionar de forma prxima e contempornea o processo de mudana e adaptao. Depois disso, tente aproximar o tema com a discusso de alguns itens principais sobre a chegada da famlia real. Um tema bastante intrigante pode ser explorado por meio do estudo dos hbitos alimentares do Brasil durante sculo XIX. Para explorar esse tipo de temtica, sugerimos a exposio do quadro O jantar no Brasil (topo) de Jean-Baptiste Debret, onde podemos observar alguns dos hbitos assinalados por esse pintor francs. Alm disso, a escolha selecionada de alguns trechos do livro Histria da Alimentao no Brasil, de Cmara Cascudo, tambm serve como fonte a ser criticamente analisada pelos alunos. Explorando um bom leque de informaes, os alunos podem ser incumbidos de um trabalho final em que busquem encenar alguns traos desta poca. Para tanto, o educador pode propor a organizao de um sarau cultural envolvendo a declamao de poesias, a leitura de textos e a degustao de alguns pratos da poca. Cada grupo responsvel pela apresentao deve previamente entregar um roteiro escrito que servir de base para a futura avaliao do professor. Com a realizao desta atividade, o professor deixa de salientar nica e exclusivamente as questes de ordem poltica e econmica de uma poca. Nesse tipo de atividade, o passado ganha cores, cheiros e gestos impensveis em uma aula amarrada a concepes limitadas de compreenso histrica.

Exponha as caractersticas do milagre econmico por meio de um manifesto de trabalhadores.

O colapso do milagre econmico determinou as primeiras manifestaes contra o regime militar no Brasil.

Estudar o milagre econmico, na condio de fenmeno acontecido durante a Ditadura Militar, implica na considerao de seu impacto nas mais diferenciadas vertentes. Por meio do trato com esse tema, observamos a possibilidade de reconhecer e discutir as feies tomadas pelo governo que controlou o Brasil entre os anos de 1964 e 1985. No entanto, tambm sabemos que so poucos os recursos didticos que nos permitem realizar esse tipo de trabalho. Visando superar essa dificuldade, oferecemos o trabalho com um documento atravs do qual possvel estabelecer os impactos polticos e econmicos do milagre. Segue o texto abaixo: Para ns, operrios, milagre conseguir sobreviver com os baixos salrios que recebemos. Para isso, somos obrigados a trabalhar 12 a 13 horas por dia, e muitos trabalham aos domingos, o que significa, na prtica, o fim de uma das maiores conquistas da classe operria: a jornada de 8 horas e o descanso semanal. (Manifesto da Oposio Metalrgica de So Paulo, 1975.) Nesse trecho do Manifesto da Oposio Metalrgica de So Paulo temos um texto reivindicatrio que questiona os efeitos positivos do chamado milagre econmico. Segundo o documento, o crescimento da economia brasileira, atestado em diversos

documentos e pesquisas da poca, no implicou em uma distribuio de renda mais ampla. No por acaso, o manifesto em questo denuncia a extenso das horas de trabalho como efeito de uma poltica de baixos salrios. De fato, os efeitos do milagre econmico repercutiram na conduo de grandes obras pblicas e a ampliao do crdito para os setores mdios da populao. Com isso, os trabalhadores viveram uma situao marcada pelas longas jornadas de trabalho e o recebimento de baixos salrios. Ou seja, nosso modelo de desenvolvimento se voltou para o emprego de nossas riquezas em aes que atingiam positivamente o grande empresariado e, em segundo plano, os setores mdios da populao. Tomando o ano de publicao do documento, o professor pode expor aos alunos que o milagre j vivia um perodo de crise, onde a Crise do Petrleo imps um cenrio de retrao e fim do desenvolvimento. Nesse contexto desfavorvel, a situao da classe trabalhadora se agravava com uma crise econmica que afetou diversos setores da populao. Mais do que o impacto econmico, o fim do milagre impunha a insatisfao contra um regime que j se mantinha h mais de uma dcada no poder. Dessa forma, podemos ver que esse mesmo documento estabelece um momento de enfraquecimento do regime por meio de sua crise econmica. Observando o processo de distenso do regime, observamos que o desenvolvimento da crise econmica foi ponto de suma importncia para que a redemocratizao fosse possvel. Afinal de contas, no seria fcil manter um governo ditatorial que no conseguisse atender a demanda por desenvolvimento, emprego e renda da populao. Com isso, mais que uma simples reivindicao decorrente da crise do milagre, observase que o documento trabalhado pode ser avaliado como um primeiro indcio da crise poltica que se instala no interior do prprio regime. Ao destacar essas duas questes, o professor revela ao aluno que a ditadura no esteve ilesa a aes de oposio e que, em certo ponto, esse mesmo governo precisava de aprovao para sustentar sua posio frente nao.

A cultura espartana e o filme 300 Utilize a obra de Zack Snyder para identificar alguns princpios da cultura espartana.

O filme 300 pode, apesar de ficcional, salientar alguns pontos da cultura espartana.

A utilizao de manifestaes culturais populares para o debate sobre alguns temas do passado vem sendo uma prtica bastante comum entre os professores de Histria interessados em dinamizar o processo de aprendizagem em sala. Preferencialmente, o cinema tem uma posio de destaque entre as outras manifestaes que abrem caminho para este tipo de proposta inovadora. Apesar de interessante, sabemos que o trabalho com os filmes deve passar por um rigoroso critrio que no deixe perder de vista o sentido didtico daquele material oferecido. Particularmente, destacamos que o uso de aulas inteiras para a exibio de um filme acaba levando muitos alunos a confundirem o momento de aprendizado com o momento de lazer. Por isso, propomos um modelo de trabalho que pode evitar esse tipo de problema e gerar bons frutos. Como exemplo, trabalharemos aqui com o filme 300, do diretor Zack Snyder, exibido nos cinemas em 2007. Por meio dessa obra de fico inspirada nos quadrinhos do desenhista Frank Miller, o professor pode desenvolver uma instigante atividade que explore alguns aspectos peculiares da cultura e da educao dos espartanos. Para isso, sugerimos que o docente selecione primeiramente algumas passagens que julgue ser mais interessante para a aula. A cada trecho selecionado, aconselhamos a anotao do perodo em que o mesmo aparecer no timer do aparelho reprodutor de vdeo. Em sala, o professor deve explicar turma que sero exibidos um nmero x de cenas e que cada uma delas corresponde a uma caracterstica distinta da cultura espartana. Dessa forma, deixando tempo para duas ou trs repeties dos trechos, cada aluno deve explicar com suas prprias palavras qual aspecto da cultura espartana foi prestigiado na cena exibida. No restringindo a atividade anlise, abra espao para outras questes onde eles possam, por exemplo, dizer e justificar qual trao da cultura espartana mais o interessou. Com isso, eles tm a oportunidade de

exercitar sua opinio sobre aquilo que ensinado em sala de aula. Passada a exibio, reserve um prazo para que cada aluno possa corrigir e completar algum detalhe da sua produo textual. Em uma aula posterior, dedique algum tempo livre leitura de algumas produes individuais. Por meio dessa proposio, o trabalho com filme pode gerar uma atividade avaliativa bastante promissora. Alm disso, com a devida preparao e planejamento, o professor evita os to corriqueiros incmodos que sempre atrapalham o desenvolvimento de uma aula que opta pelo uso de recursos audiovisuais.

A decadncia da Europa depois da Segunda Guerra Mundial contribuiu para o processo de descolonizao da frica.

Continente africano aps o processo da descolonizao

Para abordarmos o processo de descolonizao da frica utilizaremos como estratgia de ensino um fragmento do livro Era dos Extremos: o breve sculo XX: 1914/1991 do historiador Eric Hobsbawn. O fragmento dar ao professor a oportunidade de trabalhar o conceito da descolonizao em sala de aula. Segundo Hobsbawn, a Descolonizao e a revoluo transformaram de modo impressionante o mapa poltico do globo. O nmero de Estados internacionalmente reconhecidos como independentes na sia quintuplicou. Na frica, onde havia um em

1939, agora eram cerca de cinquenta. Mesmo nas Amricas, onde a descolonizao no incio do sculo XIX deixara atrs umas vinte repblicas latinas, a de ento acrescentou mais uma dzia. Contudo, o importante nelas no era o seu nmero, mas seu enorme e crescente peso demogrfico, e a presso que representavam coletivamente. Essa foi a consequncia de uma espantosa exploso demogrfica no mundo independente aps a Segunda Guerra Mundial, que mudou e continua mudando, o equilbrio da populao mundial...HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: o breve sculo XX: 1914/1991. So Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 337

Ao analisarmos o texto, observaremos que vrios fatores contriburam ao longo do tempo para a derrocada do Imperialismo: O enfraquecimento das grandes potncias imperialistas em virtude da Segunda Guerra Mundial. A expanso dos ideais nacionalistas, que clamavam pela emancipao e a polarizao do mundo em dois blocos de poder favorveis descolonizao. A decadncia econmica e poltica da maior parte dos pases europeus, particularmente aqueles que detinham colnias na frica, foi aos poucos perdendo o controle sobre os territrios de sua administrao. As sequelas da descolonizao como, por exemplo, as guerras civis que surgiram em consequncia de como o continente foi dividido pelas potncias europeias, ao longo da corrida imperialista. A partilha no respeitou as caractersticas regionais, tnicas e culturais dos povos que ali j habitavam h sculos e isso motivou longos e terrveis conflitos civis. A partilha contribuiu para o aumento de Estados internacionalmente reconhecidos no perodo ps-descolonizao. Faa uso de mapas do continente africano. A atividade trabalhar a interpretao e a compreenso do fragmento do texto como um documento histrico em sala de aula. um exerccio relevante para que os alunos percebam a prtica do historiador, ou seja, como ele trabalha, investiga e interpreta determinado tema e para que percebam tambm como o conhecimento histrico foi alcanado e construdo. Atravs desse pequeno fragmento o professor trabalhar a informao proposta e, ao mesmo tempo, caber ao prprio desafiar, intervir, questionar e colaborar com o aluno para a construo do conhecimento de forma elaborada, organizada e crtica. Sempre lembrando ao aluno que o homem um agente transformador do processo histrico presente.

A ditadura militar e o movimento operrio brasileiro

Debata as greves de 1979 por meio da cano de Chico Buarque e Novelli.

Na dcada de 1970, o Brasil vivenciava um perodo de grandes tenses nos campos poltico e econmico. Por um lado, o governo controlado pelos militares exprimia uma estrutura de poder autoritria que desapontava os anseios de uma significativa parcela da populao brasileira. Por outro, a economia enfrentava nmeros alarmantes aps a deflagrao das duas crises petrolferas que atingiram o mercado internacional em cheio. Na passagem dos governos Giesel e Figueiredo, entre os anos de 1978 e 1979, vrias medidas foram tomadas com o objetivo claro de estabelecer o gradual fim do regime militar. Aproveitando dessa situao, vrios metalrgicos da regio do ABC paulista organizaram uma enorme paralisao que reivindicava o reajuste dos salrios de acordo com a variao dos ndices inflacionrios. Nesse momento, aps vrios anos de forte represso, a classe trabalhadora parecia se rearticular. Para demonstrar uma faceta do impacto causado por este fato de dimenses histricas, o professor pode realizar um interessante trabalho de interpretao com uma cano de Chico Buarque de Holanda e Novelli. Intitulada Linha de Montagem, a sugestiva cano oferece os seguintes versos: Linha linha de montagem A cor e a coragem Cora corao Abec abecedrio pera operrio P no p do cho (...) Na mo, o ferro e a ferragem

O elo, a montagem do motor E a gente dessa engrenagente Dessa engrenagente Dessa engrenagente Dessa engrenagente sai maior (...) Gente que conhece a prensa A brasa da fornalha O guincho do esmeril Gente que carrega a tralha Ai, essa tralha imensa, Chamada Brasil (...)(Chico Buarque & Novelli. Linha de montagem. Compacto Show 1o de maio, Philips, 1980)

Por meio dessa cano, o docente pode construir uma interessante atividade de interpretao documental. Primeiramente, tomando as informaes autorais, grife a relao presente entre o contedo da msica e o dia em que ela a apresentada ao pblico. Sem dvida a apresentao de Linha de Montagem no Show 1o de maio se trata de uma clara homenagem aos trabalhadores. A partir de ento, questione seus alunos quem so os trabalhadores retratados nessa cano. Por meio de vrios indcios, possvel estabelecer vnculo entre a obra e o movimento grevista de 1979. Nos versos Abec abecedrio/ pera operrio, o aluno pode identificar a inteno de se homenagear os participantes do movimento grevista recm-articulado. Alm disso, na passagem Gente que conhece a prensa/ A brasa da fornalha/ O guincho do esmeril temos claras referncias ao cotidiano dos siderrgicos. Ao finalizar a anlise, questione aos alunos se, caso no tivessem conhecimento das manifestaes da poca, seriam capazes de decifrar a mensagem da cano. Na medida em que estes respondem negativamente, o professor pode ainda fazer uma breve explanao sobre a ao e o papel da censura contra as manifestaes artsticas da poca e de que forma isso influenciava no processo criativo dos compositores.

Um estudo sobre o encilhamento pela obra de Machado de Assis.

O texto de Machado expe a euforia causada pela poltica econmica adotada por Rui Barbosa.

Dada como elemento perceptvel em diversos mbitos da vida, a Histria deve ser trabalhada em sala de aula aproveitando-se dos diferentes elementos que podem revella. Tomando essa premissa, recomendamos aos professores que realizem atividades de reviso que empreguem outras fontes de considerao do passado. Afinal de contas, os infinitos e previsveis questionrios esto longe de explorar a capacidade reflexiva e crtica dos alunos.

Tendo como tema os primeiros anos de instalao da Repblica, vemos que o professor deve ter o devido cuidado em assinalar as transformaes sociais, polticas e econmicas desse perodo. No que se refere ao campo econmico, observamos que o novo governo buscava ampliar nossas atividades econmicas por meio de um projeto de concesso de crdito. Nos livros didticos, essa poltica de concesso aparece com o nome de encilhamento. Partido dessas informaes iniciais, o professor pode discutir por quais motivos a medida de Rui Barbosa ganhou esse tipo de nome. Sob tal aspecto, a pesquisa sobre o termo encilhamento revela que essa palavra se refere ao processo de organizao dos cavalos que participaro de uma corrida. Feita tal observao, podemos questionar que tipo de corrida seria essa que a poltica de emisso de aes e crditos provocaria na economia daqueles tempos. Buscando revelar essa tal corrida, sugerimos ao professor a exposio de um trecho da obra Esa e Jac, do escritor Machado de Assis, que ambientada nessa mesma poca em questo. Realizando a projeo ou a reproduo do texto, indicamos o trabalho com a seguinte parcela da narrativa.

A capital oferecia ainda aos recm-chegados um espetculo magnfico. (...) Cascatas de ideias de invenes, de concesses rolavam todos os dias, sonoras e vistosas, para se fazerem contos de ris, centenas de contos, milhares, milhares de milhares, milhares de milhares de milhares de contos de ris. Todos os papis, alis aes, saam frescos e eternos do prelo. (...) Nasciam as aes a preo alto, mais numerosas que as antigas crias da escravido, e com dividendos infinitos. Por meio desse texto, vemos que a poltica de concesso de crdito gerou uma onda especulativa relacionada promessa de lucro das mais variadas atividades. No por acaso, o escritor descreve a capital como um espetculo em que poderia se observar cascatas de ideias de invenes. Ou seja, em meio s facilidades de emprstimo, diversas pessoas ofereciam oportunidades de negcio que pudessem atrair os investimentos oriundos desses recursos disponibilizados pela ao do governo. Sendo assim, podemos ver a existncia de uma verdadeira corrida em que oportunistas e especuladores procuravam captar o dinheiro desses emprstimos. Em outros casos, tal especulao era percebida na venda de aes na bolsa de valores, onde determinadas empresas tinham suas aes inflacionadas pela promessa de lucro certo e alto retorno. Com isso, observamos um cenrio econmico tomado pela euforia de investidores e outros tipos de negociantes. Por meio dessa observao, possvel discutir se tantas oportunidades de negcio poderiam realmente prosperar. Afinal de contas, o Brasil estava preparado para a abertura de vrias empresas e indstrias? Por meio dessa questo, podemos mostrar que a predominncia da ordem agroexportadora acabou sendo determinante para que essa poltica de emisso de crditos acabasse causando uma sria crise econmica ao pas.