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Subsídios para projetos de iluminação artificial de ambientes corporativos com vistas à obtenção da Etiqueta
Procel de Eficiência Energética dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Subsídios para projetos de iluminação artificial de ambientes
corporativos com vistas à obtenção da Etiqueta Procel de Eficiência
Energética
Maria Emilia Langaro Persici - [email protected]
Iluminação e Design de Interiores
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG
Porto Alegre/Janeiro/2014
Resumo
O presente artigo tem como objetivo fornecer subsídios para projetos de iluminação artificial
de interiores de ambientes corporativos com vistas à Certificação Procel de Eficiência
Energética. Para isso extraiu-se do RTC-C (Requisitos de Avaliação da Conformidade para o
Nível Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos) dados
específicos ao objeto de estudo e coletou-se informações sobre o que há de mais atual para
projetos de iluminação artificial de ambientes corporativos. Procurou-se verificar o grau de
dificuldade de obtenção da certificação e para isto se utilizou o estudo de caso de uma
agência bancária certificada. Neste estudo constatou-se que há uma grande variedade de
recursos para se obter ambientes corporativos iluminados de maneira adequada com
eficiência energética.
Palavras-chave: Eficiência Energética; Certificação Procel; Iluminação de Ambientes
Corporativos; Bem-estar e Desempenho no Trabalho.
1. Introdução
O consumo de energia elétrica é cada vez maior no Brasil, tanto na área residencial como nas
atividades de serviço, comerciais e corporativas. O aumento da população urbana e sua
crescente demanda por conforto proporcionado pela novas tecnologias geram grande consumo
de energia. Segundo site da Eletrobrás, calcula-se que 50% da energia consumida no país
refere-se à operação e manutenção das edificações e com sistemas artificiais que
proporcionam conforto ambiental para seus usuários, como iluminação, climatização e
aquecimento de água.Esse mesmo site fala da importância do uso de tecnologias eficientes em
projetos de edificações: “ao se utilizar tecnologias energéticamente eficientes desde a
concepção inicial do projeto, a economia pode superar a 50% do consumo, comparada com
uma edificação concebida sem o uso dessas tecnologias. E, no caso de edificações que
passarem por intervenção tipo retrofit (reforma ou atualização), a economia pode chegar a
30%.”
De acordo com o site da Fundacentro, um sistema de iluminação deve assegurar níveis de
iluminação que mantenham o conforto visual garantindo o contraste adequado às tarefas a
serem realizadas e o controle dos ofuscamentos. Para ambientes corporativos estas garantias
são de extrema importância, visto se tratar de ambientes de longa permanência.
Sá (2007) afirma que “se a premissa do Tempo é Dinheiro comandou o imaginário coletivo
do empresariado no século 20, nos últimos anos o pensamento corrente é que não só de
velocidade vive a economia. Empresas de grande porte têm apostado na idéia de que os
recursos humanos são seus ativos mais caros e que, portanto, os investimentos em segurança,
saúde e bem-estar dos funcionários podem contribuir com o crescimento dos
empreendimentos”.
Loe (2009 apud Busse, 2010) afirma a importância de se fazer um projeto de iluminação com
soluções energeticamente eficientes, mas sem esquecer-se da eficiência que o projeto deve
resultar e no seu bom desempenho:
A eficiência energética é uma das mais importantes considerações para todos os
profissionais da iluminação abrangendo questões que vão desde a ameaça da mudança
climática pela queima de combustíveis fósseis até a sustentabilidade e disponibilidade
de provedores de energia assim como o rápido aumento dos custos. Mas a essa
eficiência deve-se equilibrar bem contra a necessidade de um ambiente bem iluminado
que assegure produtividade, bem-estar, segurança e saúde as pessoas a que serve. Um
ambiente bem iluminado deve fornecer tanto uma função visual e amenidade visual
para a aplicação particular a arquitetura, juntamente com o uso eficiente da energia.
Isso significa considerar todos os elementos que contribuem para o design e a
operação de uma forma abrangente. O desafio agora é apontar mais criticamente o
design, operação e especificação da luz elétrica em combinação com a luz do dia (a
luz natural disponível). Isso irá requerer um novo pensamento e nova pesquisa para
conseguir satisfatoriamente, ambientes eficientes que precisarão de investimento para
os melhores resultados. Mas a consequência pode ser um benefício a longo prazo para
a sociedade com o benefício sendo maior inteiro do que a soma das partes.
O Manual da Aplicação do Regulamento RTQ-C:Requisitos Técnicos de Qualidade para o
Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos(2010), afirma:
“níveis de eficiência podem ser alcançados através de estratégias de projeto e por iniciativas e
cooperação dos diversos atores ligados à construção dos edifícios (arquitetos, engenheiros
civis, eletricistas, mecânicos e empreendedores)”. Assim, todos os envolvidos na concepção,
construção e posterior utilização dos edifícios e sistemas são responsáveis pela criação e
manutenção de edificações energeticamente eficientes, contribuido para a sustentabilidade do
planeta.
O objetivo deste trabalho é coletar informações específicas para projetos de iluminação
artificial para ambientes corporativos a serem utilizadas tanto em retrofit de edificações
existentes como em novos projetos de edificações, com vistas à obtenção da Certificação
Procel para Edificações e verificar o grau de dificuldade para obtenção do mesmo. Para isto o
trabalho foi dividido em duas partes: a primeira discorre sobre sobre a certificação Procel e a
segunda sobre a iluminação corporativa. Como estudo de caso foi escolhido um projeto de
uma agência da CAIXA FEDERAL, empresa na qual a autora trabalha e tem interesse em
desenvolver trabalhos na área de iluminação.
2. Certificação Procel para Edificações
2.1. Considerações Gerais
A Etiqueta Nacional de Conservação de Energia – ENCE ou como é mais conhecido: Selo
Procel de Eficiência Energética visa certificar as edificações com mais de 500m² ou atendidos
por alta tensão (grupo tarifário A), através de sua classificação, que pode ser de A (mais
eficiente) até E (menos eficiente).
Segundo o presidente do Inmetro João Jornada, em artigo no site do Ministério do
Planejamento, a intenção da certificação é facilitar o entendimento da eficiência energética
das construções "para que o consumidor possa escolher o melhor prédio de acordo com seus
interesses de ter uma conta de energia menor e de poder contribuir para resolver o problema
da sustentabilidade do mundo". Nesse mesmo site, o presidente do Sindicato da Indústria da
Construção Civil de São Paulo, Sergio Watanabe, afirma que “embora possa levar a aumento
no preço dos imóveis, a etiqueta terá um apelo para o consumidor, apesar de o valor subir no
primeiro momento, os edifícios economicamente sustentáveis devolverão esse aumento de
preço durante a manutenção da edificação em seu período de vida útil".
A certificação é voluntária, de acordo com a solicitação do proprietário, mas gradualmente
passará a ser obrigatória; pode ser fornecida para o edifício completo ou parte deste. Para isto,
foram elaborados os Requisitos Técnicos da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética
de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C) e Os Requisitos de Avaliação da
Conformidade para o Nível Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e
Públicos (RTC-C).
O RTQ-C fornece os requisitos técnicos gerais para os diversos sistemas envolvidos,
procedimentos de determinação de eficiência, bonificações, procedimentos de cálculo e
metodologia para modelagem de envoltória e sistemas. O RTC-C estabelece os critérios de
avaliação de conformidade ao RTQ-C, através de mecanismos de etiquetagem e inspeção.
Para isto, divide a avaliação em etapas e apresenta documentação necessária para cada uma
delas. A documentação e conformidade são analisadas pela OIA, Organismo de Inspeção
Acreditado pelo Inmetro. As etapas são: Avaliação do projeto e Avaliação do edifício, tendo
ainda o Tratamento de não conformidades e Tratamento de reclamações.
Na certificação, são avaliados a envoltória do prédio, os sistema de iluminação e o de
condicionamento de ar. “Pode ser fornecida uma etiqueta para o edifício completo ou para
parte deste. Ela é dita parcial quando referente à envoltória ou combinando a envoltória com
um dos outros dois sistemas – iluminação ou condicionamento de ar." (Manual para aplicação
dos Regulamentos: RTQ-C e RAC-C, 2010). A etiqueta poderá ser fornecida para o projeto da
edificação, ou para a edificação pronta após habite-se ou então para após reforma.
A classificação da envoltória é feita por meio de determinação de um conjunto de índices
referentes às características físicas do edifício tais como aberturas, materiais de fachada,
ângulos de sombreamento, áreas de projeção da cobertura e de projeçao do edifício,
orientação solar, relaçoes entre área de projeçao e altura do prédio, relação entre a área da
envoltória e o volume do edifício, relação entre áreas opacas e área de fachada e localização
bioclimática do edifício. Os sistemas de condicionamento de são tratados de modos distintos
no RTQ-C, dependem da avaliação ou não pelo Inmetro.
“O cálculo dos três diferentes níveis de eficiência parciais e do nível geral de eficiência
podem ser alterados tanto por bonificações, que podem elevar a eficiência, quanto por pré-
requisitos que, se não cumpridos, reduzem esses níveis. As bonificações são bônus de
pontuação que visam incentivar o uso de energia solar para aquecimentode água, uso racional
de água, cogeração, dentre outros, mas sem a obrigatoriedade de constarem no edifício."
(Manual para aplicação dos Regulamentos: RTQ-C e RAC-C, 2010). A bonificação máxima é
de um ponto, as iniciativas deverão ser justificadas e a economia gerada deve ser comprovada.
Para a classificação do nível de eficiência energética são utilizados os métodos prescritivo
ou de simulação. O primeiro é feito através de equação fornecida e se aplica a edifícios
condicionados. A equação geral é uma relação entre pesos atribuidos a cada um dos sistemas
envolvidos, que são: envoltória (30%), iluminação (30%) e condicionamento de ar (40%). Já
o método de simulação utiliza o “método prescritivo juntamente com a simulação do
desempenho termo-energético de edifícios condicionados e não condicionados”. (Manual para
aplicação dos Regulamentos: RTQ-C e RAC-C,2010).
O edifício candidato à etiquetagem deve atender a pré-requisitos gerais relativos a circuitos
elétricos (um para cada sistema), exigências relativas ao uso de água quente, no caso de
edificações com elevada demanda, e ao meio de acionamento de elevadores, quando o
edifício possuir elevadores. “O não atendimento aos pré-requisitos gerais não impede as
classificações parciais, mas impede a obtenção de etiqueta completa de nível de eficiência A,
B ou C. Ou seja, o edifício terá eficiência D na classificação geral mesmo que as etiquetas
parciais indiquem nível de eficiência A.” (Manual para aplicação dos Regulamentos: RTQ-C
e RAC-C, 2010). A Figura 1 apresenta a etiqueta Procel para o edifício completo.
Figura1- Etiqueta Procel para o edificio completo
Fonte: Manual para aplicação dos Regulamentos: RTQ-C e RAC-C(2010)
2.2. Pré-requisitos específicos para avaliação da Iluminação
Nos edifícios comerciais, com as atividades efetuadas em diferentes horários, os postos de
trabalhos posicionados ora próximos às aberturas, ora afastados delas, muitas vezes em
ambientes de plantas profundas, e com o uso constante de condicionamento de ar, o consumo
geral de energia é elevado, gerando altos custos para a empresa. Um sistema eficiente de
iluminação deve proporcionar as condições favoráveis de iluminância às funções a que ele se
destina, levando-se em consideração as particularidades de cada atividade a ser
desempenhada, ao mesmo tempo em que consome o mínimo de energia, reduzindo os gastos
com iluminação. “É vital garantir níveis corretos de iluminação dentro dos ambientes internos
dos edifícios para permitir o desempenho das tarefas por seus usuários em condições de
conforto e salubridade” (Manual para aplicação dos Regulamentos: RTQ-C e RAC-C, 2010).
O RTQ-C apresenta exigências de pré-requisitos, que podem ser resumidas pela Tabela 1
extraída do Manual para aplicação dos Regulamentos: RTQ-C e RAC-C, p100 que mostra que
o nível de exigência aumenta à medida que se pretende um nível de eficiência maior.
Pré-requisito Nível A Nível B Nível C
Divisão dos circuitos Sim Sim Sim
Contribuição da luz natural Sim Sim
Desligamento automático do sistema de iluminação Sim
Tabela 1: Pré-requisitos para classificação
Fonte: Manual RTQ-C(2010)
A Tabela 2 sintetiza como deve ser a divisão dos circuitos, com a relação entre as áreas dos
ambientes e as áreas máximas de controle independente. O importante é que cada ambiente
possua no mínimo um dispositivo de controle manual de modo a permitir que seus usuários
tenham controle da iluminação de acordo com suas necessidades e que este dispositivo seja
localizado com facilidade.
Área total do piso (m²)
Área máxima da parcela iluminada por um sistema
por um sistema com controle independente (m²)
<250 250 >250 250
>1000 1000
Tabela 2: Áreas máximas para divisão dos circuitos
Fonte: Manual RTQ-C(2010)
Relativamente ao aproveitamento da luz natural o RTQ-C determina que “ambientes com
abertura(s) voltada(s) para o ambiente externo ou para átrio não coberto ou de cobertura
translúcida e que contenham mais de uma fileira de luminárias paralelas à(s) abertura(s)
devem possuir um controle instalado, manual ou automático, para o acionamento
independente da fileira de luminárias mais próxima à abertura, de forma a propiciar o
aproveitamento da luz natural disponível.” (RTQ-C, 2010). O RTQ-C dispensa exigência de
desligamento automático para ambientes em que haja a necessidade de iluminação 24 horas
por dia, em locais de tratamento ou repouso de pacientes ou locais em que o desligamento
automático ofereça riscos aos usuários.
2.3. Métodos de cálculo para determinação da eficiência energética
O RTQ-C apresenta dois métodos de determinação da eficiência energética: Método da Área
do Edifício e o Método das Atividades do Edifício. O Método da Área do Edifício avalia de
forma conjunta todos os ambientes do edifício e atribui um único valor limite para a avaliação
do sistema de iluminação. Este método deve ser utilizado para edifícios com até três
atividades principais, ou para atividades que ocupem mais de 30% da área do edifício. O
Método das Atividades do Edifício avalia separadamente os ambientes do edifício e deve ser
utilizado para edifícios em que o método anterior não é aplicável.
Para a avaliação da eficiência energética da iluminação de ambientes corporativos se aplica o
Método da Área do Edifício com as etapas descritas abaixo:
-identificar a atividade principal do edifício, de acordo com a Tabela 3, e a densidade de
potência de iluminação limite (DPIL – W/m2) para cada nível de eficiência;
Densidade de Densidade de Densidade de Densidade de
Potência de Potência de Potência de Potência de
Iluminação Iluminação Iluminação Iluminação
limite limite limite limite
W/m2 (Nível A) W/m2 (Nível B) W/m2 (Nível C) W/m2 (Nível D)
Escritórios 9,7 11,2 12,6 14,1
Tabela 3: Densidades de potências limites para cada nível (escritórios)
Fonte: Adaptada do RTQ-C(2010)
- determinar a área iluminada do edifício;
- multiplicar a área iluminada pela DPIL, para encontrar a potência limite do edifício;
- quando o edifício for caracterizado por até três atividades principais determina-se a
densidade de potência de iluminação limite (DPIL) para cada atividade e a área iluminada para
cada uma. A potência limite para o edifício será a soma das potências limites para cada
atividade do edifício;
Obs.: a verificação do nível de eficiência será feita através da potência total instalada no
edifício, e não por atividade.
- comparar a potência total instalada no edifício e a potência limite para determinar o nível de
eficiência do sistema de iluminação;
- após determinar o nível de eficiência alcançado pelo edifício deve-se verificar o atendimento
dos pré-requisitos em todos os ambientes;
- se existirem ambientes que não atendam aos pré-requisitos, o EqNum deverá ser corrigido
através da ponderação entre os níveis de eficiência e potência instalada dos ambientes que não
atenderam aos pré-requisitos e a potência instalada e o nível de eficiência encontrado para o
sistema de iluminação.
3. Parâmetros para projetos de iluminação de ambientes corporativos com eficência
energética
3.1. Consideraçoes gerais
Segundo definição do RTQ-C(2010), “Edifícios Comerciais e de Serviços: aqueles usados
com finalidade que não a residencial” e nesta categoria se incluem empresas de prestação de
serviços, bancos, escritórios e edifícios empresariais, incluindo sedes de empresas ou
indústrias. Para os projetos de iluminação em edifícios corporativos, tanto natural quanto
artificial, a função é o primeiro e mais importante parâmetro definidor, que determinará que
tipo de luz o ambiente precisa.
A certificação Procel foi elaborada seguindo a norma NBR 5413(1992), que estabelecia os
valores de luminâncias médias mínimas em serviço para iluminação artificial em interiores.
Desatualizada em relação às práticas recomendadas internacionalmente, a NBR 5413 foi
substituída pela NBR 8995, baseada na Norma Internacional 8995-1(2012) e aborda aspectos
quantitativos e qualitativos da iluminação para o desempenho de tarefas visuais dos usuários
com eficiência e segurança. A norma enfatiza a preocupação com o não desperdício de
energia, mas considera que a economia não deve comprometer os aspectos visuais de uma
instalação de iluminação.
3.2. Determinações da NBR 8995-1
A NBR 8995-1 apresenta valores de Iluminância, Grau de Ofuscamento e Índice de
Reprodução de Cor para diversos ambientes e atividades. Abaixo, Tabela 4 com dados
extraídos da tabela da norma, referentes aos ambientes de interesse deste estudo.
Tipo de ambiente, tarefa ou
atividade
Ēm(
lux) UGRL Ra Observações
Escritórios
Arquivamento, cópia 300 19 80
Escrever, teclar, ler, processar
dados 500 19 80
Para trabalho com VDT , ver observação
abaixo
Desenho técnico 750 16 80
Estações de CAD 500 19 80
Salas de reunião e conferência 500 19 80 A iluminação deve ser controlável
Recepção 300 22 80
Arquivos 200 25 80
Tabela 4: Iluminância, Grau de Ofuscamento e Índice de Reprodução de Cor
Fonte:Extraída NBR 8995-1(2012)
Na área das estações de trabalho VDT (Visual Display Terminals) são realizadas múltiplas
tarefas (leitura e escrita em papel e monitor) e a iluminação deve atender a todas elas de
maneira eficiente. Os monitores e o teclado podem sofrer ofuscamento que causa desconforto
e até inabilita o seu uso. A norma recomenda o controle do ofuscamento por meio do
planejamento das posições de montagem das luminárias, além do uso de luminárias com
controle de ofuscamento. A norma estabelece também o limite de luminância média
descendente das luminárias para locais onde as telas de visualização estejam na vertical ou
inclinadas até um ângulo de 15º, conforme Tabela 5.
CLASSES DAS TELAS
VER ISO 9241-7 I II II
Qualidade da tela boa média pobre
Limite da luminância média ≤ 1000 cd/m2 ≤ 1000 cd/m2 ≤ 200 cd/m2
das luminárias
Tabela 5: Classificação das telas
Fonte: Extraída NBR 8995-1(2012)
A iluminância mantida (Ēm) é o valor mínimo abaixo do qual a iluminância média da
superfície especificada não poderá ser reduzido. A norma aponta casos em que a iluminância
mantida deverá ser aumentada ou poderá ser reduzida, o que, em geral não se aplica em
ambientes corporativos. Entretanto, em áreas onde um trabalho contínuo é realizado, a
iluminância mantida não deve ser inferior a 200 lux.
O índice de ofuscamento unificado (UGR - Unified Glare Rating) é uma definição da CIE
para o nível de desconforto e calcula o ofuscamento através de uma posição de observação
definida para uma sala padrão e deve ser fornecido pelo fabricante de luminárias, sendo
possível calcular com programas de cálculo luminotécnico. Pode ser determinado por meio
de um método tabular, considerando as características fotométricas da luminária no ambiente
instalado, as características de refletâncias (teto, parede e piso), a proporção das dimensões do
ambiente e do espaçamento das luminárias e é determinado por fórmula logarítmica.
Luminâncias excessivas, contrastes no campo de visão, luminárias sem controle de
ofuscamento, superfícies refletivas, disposição incorreta de luminárias, posição incorreta da
estação de trabalho, são algumas das causas do ofuscamento, que pode ser evitado com
luminárias com controle de ofuscamento posicionadas corretamente, uso de iluminação
indireta, utilização de superfícies opacas e aumento da área luminosa da luminária. A Figura 2
ilustra os tipos de ofuscamento.
Ofuscamento direto Ofuscamento indireto
Figura 2 :Exemplificação de ofuscamento direto e indireto
Fonte: Kawasaki (2013)
Reprodução de cor mínima (Ra) para as diversas atividades e tarefas capacidade que afeta a
aparência da cor de objetos e das pessoas iluminadas pela lâmpada. Recomenda-se Ra ≥ 80
em interiores onde as pessoas trabalham ou permanecem por longos períodos, como em
ambientes corporativos. Devemos considerar no projeto a área da tarefa que á área parcial em um local de trabalho no
qual a tarefa visual está localizada e é realizada e o seu entorno imediato considerando-se uma
zona de no mínimo 0,5 m de largura ao redor da área da tarefa dentro do campo de visão. O
plano de trabalho deve estar a uma altura aproximada de 0,75 m.
A iluminância mantida (500 lux) deve ser o mais uniformemente possível, e a iluminância do
entorno imediato não deve ser inferior a 300 lux. A uniformidade da iluminação se verifica
dividindo-se o valor mínimo pelo valor médio de iluminância em uma determinada área
(Tabela 6).
Tarefa (lux) Entorno imediato (lux)
≥750 500
500 300
300 200
≤200 Igual a iluminância da tarefa
Uniformidade ≥ 0,7 Uniformidade ≥ 0,5
Tabela 6: Iluminância do entorno imediato e grau de uniformidade
Fonte: Extraída NBR 8995-1(2012)
A Norma fala ainda da necessidade de elaboração por parte do projetista de um cronograma
de manutenção a fim de determinar a frequência de troca das lâmpadas, os intervalos de
limpeza das luminárias e do ambiente e o método de limpeza.
4. A influência da iluminação no desempenho no trabalho em ambientes corporativos
Ao se projetar a iluminação artificial de um espaço corporativo não se pode desconsiderar a
contribuição da luz natural e a influência que esta tem sobre o ritmo circadiano. A dinâmica
na intensidade luminosa e na temperatura de cor que a iluminação natural proporciona tem
influência positiva no humor e produtividade. Segundo Kovalechen (2012), “de maneira
geral, aceita-se que estas alterações da iluminação natural tenha uma influência positiva no
humor e estimulação, além de existirem evidências que indicam que estas influências
positivas podem ser duplicadas com iluminação artificial dinâmica”.
No caso de ambientes corporativos com reduzida contribuição da luz natural, a luz artificial
brilhante (2500 lux e 6500 K) nos interiores tem um efeito positivo sobre a vitalidade e o
estado de ânimo dos indivíduos, podendo compensar a ausência ou pouca quantidade de luz
natural no ambiente, conforme estudos de Partonen et al. (2000), citado no trabalho de
Kovalechen. Este afirma, com base em pesquisas, que iluminância alta sempre provoca um
nível de excitação significativamente elevado e, portanto, uma melhor vigília e um melhor
estado de ânimo.
Kovalechen (2012) fala ainda de pesquisas que mostram que a iluminação com luz branco-
azulada em escritórios, quando comparadas com escritório iluminado com luz branca, tem efeitos
benéficos no estado de alerta diurno, desempenho, humor e fadiga ocular, bem como na qualidade
e duração do sono noturno. Cita em seu artigo pesquisa sobre lâmpadas fluorescentes
compactas LFC e lâmpadas LED. Estas pesquisas visam verificar a influência destas
lâmpadas nos ritmos naturais e no metabolismo hormonal do corpo humano e concluiu que o
uso das lâmpadas fluorescentes compactas e de LED de 2700 – 3000 K proporciona
relaxamento e o uso de lâmpadas branco-frias (4000 K), tanto fluorescentes compactas quanto
de LED resulta em aumento do bem-estar, o estado de alerta e o desempenho cognitivo.
5. Fontes de luz artificial
As lâmpadas fluorescentes são as mais usualmente utilizadas em ambientes corporativos por
apresentar boa relação custo-benefício. O bulbo da lâmpada é revestido internamente por um
pó fluorescente ativado pela energia ultravioleta da descarga, cuja composição determina a
quantidade e cor da luz emitida. A lâmpada geralmente tem formato tubular longo (TL) ou
compacta (PL), com um eletrodo em cada extremidade, contém vapor de mercúrio sob baixa
pressão, com uma pequena quantidade de gás inerte para facilitar a partida.
As lâmpadas fluorescentes T5 são a nova geração das lâmpadas fluorescentes tubulares e
muito apropriadas para ambientes corporativos. Possuem menor diâmetro e permitem um
maior rendimento da luminária com design mais moderno e estão disponíveis em 14, 28 e 54
W. As fluorescentes operam em conjunto com reatores eletrônicos e eletromagnéticos
(bivolt), que têm a função de proporcionar as condições ideais de funcionamento das
lâmpadas e não apresentam fenômeno de flutuação. Para utilização de sistemas com controle
de presença, existe um sistema que proporciona dimerização automática das lâmpadas
fluorescentes, não as apagando e sim reduzindo o fluxo luminoso quando não há presença no
ambiente. Ele também equaliza as intensidades luminosas das lâmpadas com a luz natural do
ambiente através de um ponto pré-programado. O mercado das lâmpadas T10 e T8 atualmente
é direcionado ao uso doméstico e de reposição. A Figura 3 faz um comparativo entre
diversos diâmetros das lâmpadas T5.
Figura3-Imagem comparativa de diâmetros de lâmpadas tubulares fluorescentes
Fonte: Site da Philips
As lâmpadas LED (Light Emitting Diode, ou Diodo Emissor de Luz) proporcionam até 80%
de economia de energia em comparação com as soluções de iluminação tradicionais e
requerem o mínimo de manutenção devido à vida útil extremamente longa. A vida útil é
muito superior as suas equivalentes incandescentes ou fluorescentes (em torno de 50.00m h),
gerando custos de manutenção reduzidos. Apresentam maior eficiência que as lâmpadas
incandescentes e halógenas e, hoje, muito próximo da eficiência das fluorescentes (em torno
de 50 lumens / Watt), mas este número tende a aumentar no futuro.
Com a utilização adequada, pode-se obter um espectro variado de cores, incluindo várias
tonalidades de branco, permitindo um ajuste perfeito da temperatura de cor desejada. Apesar
de ainda não ser a fonte luminosa mais eficiente, pode-se obter luminárias com alta eficiência,
em função da possibilidade de direcionamento da luz emitida pelo LED e de design mais
flexível em função de suas reduzidas dimensões. Com a utilização adequada, pode-se obter
um espectro variado de cores, incluindo várias tonalidades de branco, permitindo um ajuste
perfeito da temperatura de cor desejada. Ao contrário das lâmpadas fluorescentes que tem um
maior desgaste da sua vida útil no momento em que são ligadas, nos LEDs é possível o
acendimento e apagamento rapidamente possibilitando o efeito “flash”, sem detrimento da
vida útil. A tecnologia LED contribui para a diminuição do impacto ambiental por ser livre de
elementos tóxicos, ao contrário das lâmpadas fluorescentes, com mercúrio em sua
composição, que exigem um descarte adequado das lâmpadas.
A maior desvantagem das lâmpadas LED em relação às demais tecnologias ainda é o seu
custo, mas estes valores vêm diminuindo ano a ano, à medida que a tecnologia evolui e seu
consumo passa a ser mais difundido. Bley(2012) fez um estudo comparativo entre as
lâmpadas convencionais e LED, no qual analisou a relação custo-benefício de cada uma delas
com o intuito de verificar quando a troca das lâmpadas convencionais por LEDs se torna
viável. Concluiu que as lâmpadas LED apresentam vantagem em relação às incandescentes e
halógenas, o que não ocorre com na comparação com lâmpadas fluorescente, principalmente
em se tratando de lâmpadas tubulares. “Conclusão: não existe retorno do investimento,
inviabilizando a substituição. Existe apenas economia de energia, porém não em manutenção.
Isso se deve, principalmente, à grande eficiência da lâmpada fluorescente tubular. Portanto,
para as lâmpadas T5, que são ainda mais eficientes, poderá levar muito tempo para surgirem
no mercado LEDs capazes de substituí-las”. A Figura 4 mostra diversos tipos de lâmpadas
LED.
Figura 4: Diversos tipos de lâmpadas LED
Fonte: Site da Philips
Para o futuro teremos a tecnologia dos Oled ao favor das eficiências energética e luminosa. Kawasaki em artigo de 2013 para a revista digital O Setor Elétrico afirma: “o Led orgânico,
mais conhecido por Oled, promete ser a tecnologia que revolucionará a iluminação em um
futuro próximo”. A tecnologia Oled ainda precisa evoluir, sua aplicação ainda é restrita e é
bastante cara,mas é uma tecnologia em franco desenvolvimento e tabela divulgada pela
Philips projeta para o ano de 2018 oleds com eficácia luminosa de 130 lm/w, duração de
40.000 h e intensidade de 3.000 cd/m².
6. Iluminação geral e iluminação de tarefa
Godoy (2005) em seu artigo para a Revista Lume fala sobre a norma européia EM 12.464,
Iluminação de Ambientes de Trabalho Internos e na sua crença de que as normas nacionais
buscarão nivelar as exigências técnicas e trabalhistas às novas realidades técnicas da
iluminação de escritórios. O padrão europeu não foca mais na manutenção da acuidade visual,
mas considera aspectos da iluminação que envolvam conforto visual e acessibilidade. “O
projeto luminotécnico deverá considerar a tarefa visual a ser adotada no local projetado, e
não mais considerar o ambiente como um todo.A iluminação será mais individualizada por
tipo de tarefa desenvolvida.Outra característica que deve ser observada é a consideração do
layout das áreas projetadas, pois não será mais considerada a versão landscape, ou seja,
escritórios abertos e iluminados por igual.”
A iluminação geral proporciona ao ambiente iluminação uniforme, não considera áreas de
tarefas individuais nem tarefas visuais diferentes e a posição das estações de trabalho não é
definida. A iluminação de tarefa é focada na tarefa visual e proporciona maior qualidade de
iluminação. Ambientes corporativos mais atrativos podem ser projetados utilizando-se
simultaneamente a iluminação geral para proporcionar o nível de iluminância exigida para o
entorno imediato da área de tarefa, e iluminação de tarefa para se obter níveis de iluminância
mantida ou mais elevadas. A Figura 5 mostra exemplos de ambientes com iluminação de
tarefa e iluminação geral.
Iluminação geral Iluminação de tarefa
Figura 5: Exemplos de iluminação geral e de tarefa
Fonte: Kawasaki (2013)
A utilização de lâmpadas LEDs se torna viável em aplicações para iluminação de tarefa, onde
se necessita de iluminação mais direcionada com menor distância da fonte luminosa para a
tarefa visual. Para isto pode-se utilizar luminárias em forma de coluna e pendentes. A Figura
6 mostra exemplos de aplicação das lâmpadas LED em luminárias dos tipos tipo coluna e
pendente.
Luminária Coluna Luminária Pendente
Figura 6: Exemplos de aplicação de luminárias de coluna e pendente
Fonte: Kawasaki (2013)
7. Iluminação dinâmica
A iluminação dinâmica é uma tendência, segundo Everton Luis de Mello (revista AU-2007), e
consiste em simular as variações da luz natural por meio da iluminação artificial, utilizando-se
a temperatura de cor e o nível de iluminação artificial, de modo a se obter os mesmos efeitos
no organismo dos usuários de espaços sob efeito da luz natural. Assim, para ambientes
corporativos, pode-se proporcionar estimulação ou relaxamento de acordo com as diversas
horas do dia e o ritmo circadiano por meio de cenas programadas e controladas por sistemas
de controle automatizado.
Para o início do dia, o efeito desejado é o de estimulação, que se obtém com branco-fria (6000
K) e com nível de iluminação alto. Com o passar das horas, a iluminação passa para branco-
quente e níveis mais baixos de iluminação. Tal ação proporciona economia de energia sem
prejudicar as atividades.
Estudos mostram que intervalos de relaxamento no horário do almoço têm efeitos positivos
sobre o desempenho dos usuários no período da tarde. Assim, no horário de almoço deve ser
proporcionada atmosfera de relaxamento com nível mínimo de 500 lux e temperatura de cor
branco-quente (3000K). Para as horas subsequentes, o nível de iluminação é novamente
reduzido para gerar economia, e no final do dia, com vistas a preparar o usuário para o
término do trabalho e retorno ao lar, um impulso de luz branco-fria é proporcionado.
8. Sistemas de controle
As características dos novos ambientes de trabalho induzem a coexistência de ambientes
diferenciados, que deverão ser iluminados de acordo com o conceito de iluminação de tarefa
em oposição ao conceito de iluminação do ambiente, que prioriza a uniformidade na
iluminação, bem como a iluminação dinâmica, que trabalha com a influência da iluminação
no ritmo circadiano do trabalhador, visando aumento da produtividade. Para isto ocorrer,
deve ocorrer a utilização de sistemas de comando para acompanhar a flexibilização e os
diversos cenários propostos para a iluminação dos ambientes. Segundo Godoy, “Flexibilidade
– permitida pela definição dos circuitos não por conexões físicas, mas pela definição lógica
das zonas de acendimento além do controle da iluminação através da análise da luz natural
incidente e da efetiva utilização em determinadas áreas onde não haja a necessidade do
sistema em total funcionamento podem trazer diminuições nos custos energéticos bastante
significativos, chegando a uma diminuição de até 20%, com o mesmo sistema já eficiente
instalado”.
Existem no mercado lâmpadas fluorescentes com amplo intervalo de temperatura de cor e
sistemas de controle inteligentes e acessíveis para que se possa aplicar os conceitos da
flexibilização e obter os efeitos desejados através da iluminação dinâmica. Estes sistemas se
utilizam da dimerização das fontes de luz, obtendo conforto visual, economia de energia,
nível correto para as mudanças de luz do ambiente, aumento da vida útil a lâmpadas e redução
do consumo de energia par o ar condicionado. A iluminação natural também pode ser
controlada por meio de automação de controle de persianas.
Segundo Wilson Teixeira (2006) em artigo para a Revista Lume, o sistema DALI- Digital
Addressable LightingInterface- é o “presente nos sistemas de controle de iluminação”. Trata-
se de um padrão internacional normatizado pela IEC 60929, que independe dos fabricantes
dos produtos, permitindo a interação de uso dos dispositivos “dimmerizáveis” de vários
fabricantes. Com o sistema DALI os projetistas e demais envolvidos na iluminação de
ambientes interiores têm a segurança e opção de várias fontes de fornecimento, não ficando
atrelados a uma marca específica.” O protocolo DALI foi adotado como um novo padrão por
importantes fabricantes de reatores como Helvar, Hüco, Philips, Osram, Tridonic, Trilux e
Vossloh-Schwabe. Como uma concepção de comunicação dedicada ao controle de sistemas
de iluminação, DALI permite o controle sofisticado dessa iluminação ao aumentar
excepcionalmente a flexibilidade e reduzir custos de instalação”. O sistema DALI pode ser
aplicado desde uma luminária, neste caso um DALI autônomo composto por reator e
multisensor até sistemas agrupados, concentrando vários tipos de cargas, que podem ser
personalizados de acordo com as especificidades do ambiente. O sistema DALI pode
funcionar como sistema autônomo ou combinado com outros, como por exemplo, com o
sistema de gerenciamento do edifício. As características técnicas do sistema DALI permitem,
além do controle da iluminação, informações para manutenção do sistema, tais como
luminárias com defeitos.
9. Estudo de caso
Este estudo de caso visa apresentar os métodos de projeto de iluminação artificial para a
Agência Passo da Areia da Caixa Econômica Federal em Porto Alegre/RS. A agência foi
certificada em todos os quesitos: envoltória, iluminação e condicionamento de ar.A envoltória
obteve classificação geral A, a iluminação classificação nível C e o Condicionamento de Ar,
classificação nível C. Com a bonificação igual a 1, obtida devido à sistema que possibilita
economia de consumo de água (uso de torneiras com temporizador) e aproveitamento de água
pluvial, a Agência obteve Classificação Geral A de Eficiência Energética.
Escolhi esta agência como estudo de caso, mesmo não tendo obtido classificação nível A em
iluminação por ter amplo acesso às informações. Neste caso, meu objetivo foi de verificar
quais parâmetros apresentados neste artigo foram utilizados e o que poderia ter sido feito
para se obter uma classificação melhor.
Quanto aos pré-requisitos gerais exigidos para a avaliação do Selo Procel, a agência Passo da
Areia da Caixa Econômica Federal, localizada em Porto Alegre na Av. Assis Brasil
n°59/61/63/73, possui 02(dois) pavimentos, térreo e superior e fachada principal (acesso
clientes) com orientação Norte e área construída de 1331, 28 m², excluindo a subestação, não
conectada ao prédio, o que habilitou o prédio para a avaliação do Selo Procel Edifica.
Além deste pré-requisito, a agência apresenta possui QGBT (Quadro Geral de Baixa Tensão)
onde os circuitos de Iluminação, Ar Condicionadon e No-Break(energia estabilizada) estão
individualizados, sendo possível a medição do consumo de cada circuito através de medidor
de potência elétrica.
Relativamente aos pré-requisitos exigidos para o sistema de iluminação, contata-se que houve
preocupação maior com a redução da potência instalada que é de 12.329 watts, inferior ao
Limite de potência para Nível A que é de 15.709,06 watts. Nesse quesito, o sistema de
Iluminação ficou com Nível A.
Como a área da agência é superior a 1000 m², a exigência é de um dispositivo de controle
para cada 1000 m². Todos os ambientes da agência possuem interruptores ou sensor de
presença para o acionamento dos circuitos. Neste caso, a classificação da Iluminação
permaneceu no Nível A.
O projeto de iluminação não contemplou o uso da luz natural nos ambientes com aberturas
voltadas para os ambientes externos, deixando de aproveitar a luz natural, já que o horário de
funcionamento da agência é prioritáriamente diurno.A classificação da Iluminação passou
para o Nível C. Deveria ser instalado controle automático de acionamento das luminárias,
conforme a luminosidade existente, o que tornaria ainda maior a economia de energia.
A agência apresenta desligamento automático do sistema apenas no ambiente de
autoatendimento e corredor de autoatendimento. Nas demais dependências o desligamento do
sistema é feito manualmente. Seria viável no caso da agência a instalação de um sistema
automático com desligamento da iluminação em um horário pré-determinado ou um sensor
de presença com desligamento da iluminação após 30 minutos da saída de todos ocupantes .
Devido ao não atendimento deste pré-requisito a classificação da Iluminação permanece no
Nível C e a Agência recebe Classificação Geral da Iluminação Nível C.
As fontes de luz artificial utilizadas são as lâmpadas fluorescentes tubulares T5, cor branca ,
4000 k, em luminárias de embutir e de sobrepor com aletas refletoras em diversos modelos
com lâmpadas fluorescentes T5 de 14, 23 e 28 w, temperatura de cor 4000 K.
No projeto foi aplicado o conceito de iluminação geral, em detrimento da iluminação de
tarefa, que poderia ser amplamente utilizada em ambientes de atendimento ao público, como
área de Caixas e de aberturas de contas, áreas de longa permanência por parte dos
funcionários das agências.
Para uma agência bancária, com grande fluxo de público externo, e com os funcionários com
horário variável de almoço, fica difícil aplicar-se o conceito de iluminação dinâmica. Sistemas
de controle poderiam ser utilizados para o controle da iluminação natural, através da análise
da luz natural incidente e da efetiva utilização em determinadas áreas onde não haja a
necessidade do sistema em total funcionamento.
10. Conclusão
Com este estudo verificou-se que o grau de dificuldade de obtenção do nível A de Eficiência
Energética não é tão grande. Com técnicas projetuais adequadas pode-se obter iluminação de
ambientes corporativos que assegure produtividade, bem-estar, segurança e saúde às pessoas a
que serve e eficientes energéticamente. Os conceitos de iluminação dinâmica e de iluminação
de tarefa e sistemas de controle, ainda pouco usados, podem reduzir ainda mais o nível de
consumo de energia que o exigido pela certificação Procel. Para isso, deverá haver a
conscientização da relação custo-benefício gerada pela aplicação destes conceitos nos projetos
de iluminação, com a verificação de suas vantagens de seu uso a longo prazo.
11. Referências
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Abril, 1992.
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 8995-1-Iluminação de
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Agência Passo da Areia-POA-RS. 2012.
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Especialize-Revista On-line. IPOG, 24 p., maio, 2012.
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quantitativa dos últimos 40 anos de pesquisa. Especialize-Revista On-line. IPOG, 13p.,
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KAWASAKI, Juliana Iwashita. A nova norma brasileira NBR ISO 8995-1: Iluminação de
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KOVALECHEN, Maria Teresa Baldani. A iluminação enquanto fator de alterações do
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13p, maio, 2012.
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO. <www.planejamento.gov.br>. Acesso em 27 de
setembro de 2013.
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Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e
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MME - Ministério de Minas e Energia. Manual para aplicação dos Regulamentos: RTQ-C
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REVISTA O SETOR ELÉTRICO. <www.osetoreletrico.com.br/web/colunistas/juliana-
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que fascinará seus clientes. Lume arquitetura. São Paulo: ed. 21, p. 62-65, agosto/setembro,
2006.
Anexo
Planilha de cálculo da potência instalada na agência Passo da Areia
Ambiente N° Lamp. Pot.Lamp
(W)
N° reator Pot.reator
(W)
Pot.Inst
(W)
Cor.S.A.A 16 28 8 6 496
S.A.A 16 28 8 6 496
S.A.A 14 26 - - 364
Acesso 8 28 4 6 248
Hall entrada 6 28 3 6 186
Atend.Banco térreo 60 28 30 6 1860
Atend.Banco térreo 10 14 5 3 155
Sant.Mas.Térreo 4 28 2 6 124
Sant.Fem.Térreo 4 28 2 6 124
S.PNE.Mas.Térreo 2 28 1 6 62
S.PNE.Fem.Térreo 2 28 1 6 62
C.M.Arcond.Térreo 2 23 - - 46
Circul. Sant.Térreo. 2 28 1 6 62
Circul.escada Térreo 6 28 3 6 186
Caixa Rapido 20 14 10 3 310
Deposito 1 térreo 2 23 - - 46
Sala Segura 12 14 6 3 186
Sala Segura 4 26 - - 104
Sala No-Break 4 14 2 3 62
Servidor 8 14 4 3 124
Tesoureiro 12 14 6 3 186
Sala do Cofre 4 14 2 3 62
RETPV 14 28 7 6 434
Arquivo Retpv 8 14 4 3 124
Escada Acesso Rest 2 23 - - 46
Escada Publico 8 28 4 6 248
Atend.Banco 2°pav. 126 28 63 6 3906
Sala de treinamento 32 14 16 3 496
Arquivo 8 14 4 3 124
Almoxarifado 8 14 4 3 124
S.PNE.Masc.2°pav. 2 28 1 6 62
S.PNE.Fem.2°pav. 2 28 1 6 62
Sanit.Masc. 2°pav. 4 28 2 6 124
Sanit.Fem. 2°pav 4 28 2 6 124
Circul. Sant.2°pav 2 28 1 6 62
C.M.Arcond.2°Pav. 2 23 - - 46
Circulação 2° Pav. 10 28 5 6 310
Circulação 2° Pav. 8 14 4 3 124
Copa 4 28 2 6 124
Escada Cobertura 1 23 - - 23
C.M.Cobertura 2 23 - - 46
Reserv. consumo 1 23 - - 23
Reserv. Incêndio 2 23 - - 46
Deposito 2 térreo 1 100 100
Total 12.329
Planilha de calculo da potência limite para os níveis de eficiência
Ambiente Area
(m²)
Pot.Nivel A
(W)
Pot.Nivel B
(W)
Pot.Nivel C
(W)
Pot.Nivel D
(W)
Cor.S.A.A 39,79 592,87 711,44 830,02 948,59
S.A.A 76,05 1133,14 1359,77 1586,40 1813,03
Acesso 30,16 241,28 289,54 337,80 386,05
Hall entrada 37,25 298 357,60 417,20 476,80
Atend.Banco térreo 224,74 3348,62 4018,35 4688,07 5357,80
Sant.Mas.Térreo 11,38 56,90 68,28 79,66 91,04
Sant.Fem.Térreo 11,38 56,90 68,28 79,66 91,04
S.PNE.Mas.Térreo 2,92 14,60 17,52 20,44 23,36
S.PNE.Fem.Térreo 2,92 14,60 17,52 20,44 23,36
C.M.Arcond.Térreo 11,16 66,96 80,35 93,74 107,14
Circul. Sant.Térreo. 5,58 39,62 47,54 55,46 63,38
Circul.escada Térreo 12,59 89,39 107,27 125,14 143,02
Caixa Rapido 15,22 226,78 272,13 317,49 362,84
Deposito térreo 4,66 23,30 27,96 32,62 37,28
Sala Segura 9,42 140,36 168,43 196,50 224,57
Sala No-Break 3,35 20,10 24,12 28,14 32,16
Servidor 6,32 94,17 113,00 131,83 150,66
Tesoureiro 7,05 105,04 126,05 147,06 168,07
Sala do Cofre 3,19 47,53 57,04 66,54 76,05
RETPV 38,02 566,50 679,80 793,10 906,40
Arquivo Retpv 13,98 109,04 130,04 152,66 174,47
Escada Acesso Rest 9,36 66,45 79,74 93,04 106,33
Escada Publico 16,69 118,50 142,20 165,90 189,60
Atend.Banco 2°pav. 467,00 6958,75 8350,50 9742,24 11133,99
Sala de treinamento 31,34 319,66 383,60 447,53 511,47
Arquivo 9,31 72,62 87,14 101,66 116,19
Almoxarifado 7,59 59,20 71,04 82,88 94,72
S.PNE.Masc.2°pav. 2,98 14,90 17,88 20,86 23,84
S.PNE.Fem.2°pav. 2,98 14,90 17,88 20,86 23,84
Sanit.Masc. 2°pav. 11,38 56,90 68,28 79,66 91,04
Sanit.Fem. 2°pav 11,38 56,90 68,28 79,66 91,04
Circul. Sant.2°pav 6,57 46,65 55,98 65,30 74,63
C.M.Arcond.2°Pav. 11,68 70,08 84,10 98,11 112,13
Circulação 2° Pav. 19,90 141,29 169,55 197,81 226,06
Copa 15,62 167,13 200,56 233,98 267,41
Escada Cobertura 7,31 51,90 62,28 72,66 83,04
C.M.Cobertura 8,68 52,08 62,50 72,91 83,33
Reserv. consumo 7,10 42,60 51,12 59,64 68,16
Reserv. Incêndio 17,75 106,50 127,80 149,10 170,40
Deposito 2 térreo 1,27 6,35 7,62 8,89 10,16
Total 15.709,06 18.850,08 21.992,66 25.134,49
Fonte: Baggio Arquitetura e Computação Gráfica Ltda.