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  • 8/8/2019 SUBLIMINAR-LONGE DOS OLHOS

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    Introduo e Contexto

    A percepo subliminar, tambm

    chamada de subcepo (do francs e

    do ingls subception), foi primeira-

    mente descrita por Lazarus e McCle-

    arly (1951). Estes autores iluminavam,num ecr, padres de letras, com

    um tempo de exposio considerado

    muito reduzido para que fosse possvel

    a identificao verbal. A alguns dos

    padres projectados estava associado

    um pequeno choque elctrico, visando

    transformar as letras sem significado

    em estmulos com carga emocional

    capazes de induzir reaces do sis-

    tema nervoso autnomo. Observe-se

    que as reaces do sistema nervoso

    autnomo so com frequncia utili-

    zadas neste tipo de trabalho, por nodependerem de processos verbais.

    Isto possibilita que seja verificada a

    representao somtica das emoes

    que ocorram na ausncia da capaci-

    dade de descrio verbal do estmulo.

    Nesta experincia, verificou-se que

    quando os estmulos condicionados

    eram apresentados de forma subcons-

    ciente, o sistema nervoso autnomo

    reagia, indicando que o significado

    emocional condicionado tinha sido re-

    gistado, apesar dos sujeitos no terem

    conscincia do estmulo. Confirmou--se, tambm, que relativamente aos

    minar, ainda em meados do sculo

    passado, surgiram aplicaes prticas

    daquelas tcnicas de comunicao.

    Loftus e Klinger (1992) e Rogers (2001)

    citam o caso da primeira experincia

    subliminar conhecida no cinema (que

    lembramos tratar-se de uma manipu-lao com fins comerciais e no de

    um trabalho cientfico). Em 1957 James

    Jim Vicary, tcnico de Marketing,

    instalou num cinema, nos arredores

    de Nova Iorque, um taquitoscpio (do

    grego tachis, veloz) que consiste num

    projector com a capacidade de emitir

    um raio de luz branca numa velocidade

    de at 1/60.000 segundos. O pulsar

    de um raio luminoso acima ou abaixo

    de uma determinada velocidade no

    percebido conscientemente pelo

    olho humano. No caso do cinema, soprojectados vinte e quatro fotogramas

    por segundo; se sobre um deles for

    projectada, ou inserida directamente

    na pelcula, uma imagem-parasita,

    repetidas vezes no se produz persis-

    tncia na retina, o olho v e o crebro

    informado, mas aqum do limiar da

    conscincia (Ramonet, 2001). Duran-

    te a projeco do filme Picnic (de

    Joshua Logan, 1955, com Kim Novak

    e William Holden) foram projectadas,

    via taquitoscpio a uma velocidade

    de 1/3000 segundos, as frases ComaPipocas e Beba Coca-Cola alterna-

    estmulos neutros (padres de letras

    a que no se associaram choques

    elctricos), os organismos dos sujeitos

    no reagiam.

    O psiclogo canadiano Wilson Brian

    Key (citado em Calazans, 1999) explica

    o mecanismo da imagem subliminarcomo funo da fisiologia do olho hu-

    mano: este tem uma morfologia celular

    dupla, constituda pelas clulas que

    formam a viso perifrica (bastonetes)

    que correspondem ao fundo na psi-

    cologia da Gestalt, e pelas clulas que

    formam o foco da viso consciente

    (cones) que constituem a fvea, ou a

    figura nos termos da Gestalt. Assim,

    prefigura-se o percebido pela via cons-

    ciente: foco fvea cones figura,

    e o despercebido pelo subliminar:

    inconsciente bastonetes fundo.Segundo este autor, o mesmo prin-

    cpio da Gestalt aplica-se ao ouvido: o

    fundo musical, que propicia o clima

    do anncio publicitrio, filme de terror,

    programa humorstico, etc. sublimi-

    nar enquanto o receptor estiver alerta

    e com a ateno centrada na fala e nos

    gestos e movimentos do actor-perso-

    nagem.

    Primeiras Aplicaes e Impacto

    Na sequncia da divulgao dostrabalhos sobre a percepo subli-

    A percepo subliminar uma temtica de grande importncia,

    pela sua constncia e actualidade, originria das investigaes so-

    bre o processamento mental inconsciente. Como o nome sugere,

    trata-se da percepo que no atinge o limiar da conscincia, mas

    cuja presena detectada e registada pelo organismo, o que pode

    ser atestado por meio de respostas verificadas (comportamentos

    manifestos) bem como por alteraes cerebrais constatadas pelastcnicas imagiolgicas.

    Ronaldo Schtz - ESGHT

    Saul Neves de Jesus- FCHS

    02 03 dos algarves

    PERCEPO SUBLIMINAR: LONGE DOSOLHOS, PERTO DO CORAO

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    damente. A experincia teve rplicas,

    segundo James Vicary, tendo sido

    expostas mesma 45.699 pessoas, fa-

    zendo com que o consumo de pipocas

    aumentasse 57,7% e o do refrigerante

    18,1%. Estes resultados, bem como a

    forma atraente e aparentemente fun-

    damentada com que estes trabalhos

    de Vicary foram apresentados, provo-

    caram grande interesse e entusiasmo,

    mas tambm algumas reticncias e ob-

    jeces, que sublinham o facto de que

    Vicary era um publicitrio, com treinopara seduzir e com compromissos

    diferentes daqueles de um investiga-

    dor. Na sequncia destas experincias

    as tcnicas subliminares foram alvo de

    interesse por parte de polticos e da

    administrao americana, e em 1958 a

    Federal Communication Commission

    (FCC) resolveu proceder a uma averi-

    guao, promovendo demonstraes

    e exposies em circuito fechado,

    em Washington. A discusso que se

    desencadeou ps em evidncia os cri-

    trios do trabalho e a fundamentaodos dados verificados por Vicary, que a

    dada altura afirmou que apenas aque-

    les que tivessem necessidades relacio-

    nadas com a mensagem responderiam

    (positivamente). Os crticos sustentam

    que somente esta afirmao ser

    verdadeira, no havendo grandes

    possibilidades de se impor a marca de

    um produto, ou ento que o tempo de

    durao da influncia de tais mensa-

    gens no comportamento humano ser

    muito reduzido (Herv Morin, 2000,

    citado em Ramonet, 2001). Sublinhe-seainda que a constatao da utiliza-

    o destes mtodos de persuaso

    provocou, na altura, forte indignao

    no pblico, tendo tais procedimentos

    sido considerados manipulatrios,

    anti-ticos e de invaso da privacidade

    (Moore, 1988).

    Uma hiptese que nos parece plau-

    svel que a nvel tico, de resultados

    e de metodologia, os trabalhos de Vi-

    cary podero ser realmente duvidosos,

    porm a capacidade de persuaso das

    mensagens subliminares merece serconsiderada com toda a precauo,

    tanto que so julgadas ilegais num

    grande nmero de pases.

    As mensagens subliminares

    inspiraram a elaborao de variados

    cdigos de tica, leis e orientaes

    que devem ser consideradas na

    elaborao de qualquer material pro-

    mocional. Em Portugal, o artigo 9 do

    Cdigo da Publicidade (Dirio da Re-

    pblica, I Srie n 245-23 de Outubro

    de 1990) determina, no ponto 1, que

    vedado o uso de imagens subli-

    minares ou outros meios dissimula-dores que explorem a possibilidade

    de transmitir publicidade sem que os

    destinatrios se apercebam da na-

    tureza publicitria das mensagens.,

    acrescentando ainda, no ponto 3, que

    Considera-se publicidade subliminar,

    para os efeitos do presente diplo-

    ma, a publicidade que, mediante o

    recurso a qualquer tcnica, possa

    provocar no destinatrio percepes

    sensoriais de que ele no chegue a

    tomar conscincia..

    Utilizaes Ulteriores e Relevncia

    Somente nos anos 80 que as

    pesquisas acerca da percepo

    subliminar e de tcnicas de comuni-

    cao no consciente voltaram a ser

    objecto de maior ateno por parte

    dos investigadores, principalmente

    na sequncia dos trabalhos de Zajonc

    (1984) e pela abordagem de Erdelyi

    (1984, 1985), que enquadrava, quer a

    defesa perceptual, quer a percepo

    subliminar, dentro dos princpios daCincia Cognitiva.

    O interregno que se verificou neste

    tipo de pesquisa, no mbito cientfico,

    foi consequncia de preocupaes ti-

    cas e de posies como a de Eriksen

    (1960), que defendia ser a percepo

    inconsciente uma impossibilidade

    lgica, o que vinha ao encontro de

    posies das correntes e tendncias

    ento mais activas e predominantes

    na Psicologia, especialmente na inves-

    tigao anglfona, como o Comporta-

    mentalismo e a Psicanlise.Se a defesa perceptual era vista,

    por alguns tericos influentes, como

    dificuldade em verbalizar contedos

    emocionalmente conotados, em razo

    da vergonha que sentiriam os sujeitos

    de mencionar publicamente conte-dos considerados tabu, a percepo

    subliminar seria provocada antes

    pela impossibilidade de verbalizao

    do contedo pelo sujeito, devido s

    imperfeies dos processos verbais

    e no da falta de conscincia dos

    mesmos.

    Apesar de episodicamente co-

    locadas no ostracismo em termos

    de investigao formal, legtimo

    supormos que as tcnicas subli-

    minares tenham tido sempre larga

    aplicao, sobretudo em zonas doglobo mais sujeitas a manipulaes

    PERCEPO SUBLIMINAR: LONGE DOS OLHOS, PERTO DO CORAO

    Videograma promocional da candidaturapresidencial de George W. Bush (2000), produzido

    por Alex Castellanos(Retirado de http://www.calazans.ppg.br/c_ci01.htm)

    FIG. 1

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    da informao, como nos pases onde

    vigoram regimes totalitrios. Da nossa

    experincia pessoal, conhecemos

    situaes no Brasil, em que o regime

    ento vigente ( ditadura militar) utiliza-

    va estes meios para impor o seu do-

    mnio, concretizados na publicitao

    subliminar de slogans (estes tambm

    veiculados na propaganda oficial) e

    mensagens afectas ao regime (Brasil

    ame-o ou deixe-o; A revoluo de

    64 consolidou o destino do Pas),

    e de temticas caras manutenoda situao de excepo (A Lei de

    Segurana Nacional a garantia do

    desenvolvimento do Pas; Transama-

    znica igual a Progresso; At 1964

    o Brasil era o pas do futuro, ento,

    ele chegou; A censura a moral

    da nao), alm de muitos outros

    mais facilmente detectveis, como a

    promoo de figuras do regime asso-

    ciada ao desporto (ficou famoso o

    presidente gente como a gente, slo-

    gan associado imagem do general

    que governava o pas em 1970 e queaparecia na televiso a ouvir relatos

    de futebol com um rdio-transstor

    colado ao ouvido, acompanhado do

    neto que segurava uma bandeira do

    Sport Club Corinthians Paulista, um

    dos clubes mais populares do pas).

    Isto era possvel dada a existncia

    de uma rigorosa censura, do poder

    totalitrio, da tortura e, em ltima

    instncia, do medo instalado no seio

    da populao minimamente esclareci-

    da e dos formadores de opinio com

    algum poder de deciso (jornalistas,professores, escritores, artistas). As

    tcnicas de comunicao subliminar

    eram utilizadas no somente para fins

    polticos, mas tambm para a comer-

    cializao de produtos. Neste nvel,

    pudemos constatar a publicitao

    subliminar de automveis por parte

    de uma empresa norte-americana.

    A comprovar a importncia dada

    s mensagens subliminares, um

    acontecimento bastante recente e

    amplamente divulgado na imprensa,

    a nvel mundial (e tambm citado emRamonet (2001)). Durante a campanha

    presidencial americana, em Setembro

    de 2000, a equipa de comunicao do

    ento candidato republicano George

    W. Bush elaborou e difundiu, por mais

    de 4400 vezes, em cobertura nacio-

    nal, um videograma promocional onde

    eram feitas crticas ao programa do

    seu adversrio, Albert Gore, do parti-

    do democrata. Impressa sobre a ima-

    gem de Gore surgia, no incio, a frase:

    THE GORE PRESCRIPTION PLAN: BU-

    REAUCRATS DECIDE (O plano de Gore

    para as receitas mdicas (reembolso):os burocratas decidem). Em seguida,

    e sobre um fundo escuro, verificando

    a sequncia dos quadros um a um,

    viam-se as quatro ltimas letras da

    palavra BUREAUCRATS destacarem-

    se, aumentarem e inscreverem-se no

    lapso de um frame (1/30 segundos),

    em maisculas, RATS, ocupando todo

    o ecr (Figura 1).

    Na sequncia do escndalo levan-

    tado pelo caso, que culminou na sus-

    penso do videograma, Alex Castella-

    nos, produtor do videograma, e Mark

    McKinnon, conselheiro meditico do

    candidato republicano, negaram ter

    incrustado deliberadamente a palavra

    ratazanas (de forte e evidente cono-

    tao emocional negativa), atribuindoo ocorrido ao acaso. Na altura, foi ob-

    servado que, num produto publicitrio

    de US$ 2,5 milhes (custo do video-

    grama) a ocorrncia de acidentes ao

    acaso bastante rara, especialmente

    se atentarmos aos cuidados com a

    produo de imagem em campanhas

    polticas, onde at bons de eleitores

    contendo logtipos de equipas de

    basebol so digitalizados para evitar

    antipatias.

    A constatao da utilizao das

    mensagens subliminares relativa-

    mente frequente na poltica, e porvariados emissores. Segundo Ramo-

    net (2001), em Frana a lei que probe

    este tipo de mensagem surgiu em

    1988, na sequncia da denncia do

    jornal Le Quotidien de Paris, de que

    na campanha presidencial daquele

    ano o candidato Franois Mitterand

    ter beneficiado de imagens sublimi-

    nares que o representavam, contidas

    no genrico do canal televisivo da

    ento Antennne 2 (Figura 2).

    Outras situaes, que envolveram

    a utilizao de mensagens sublimi-

    nares, tambm tiveram consequn-

    cias importantes. Segundo Calazans

    (1999), em finais de 1998, surgiu, em

    sites da Internet (http://www.entertai-

    nium.com/francais/video/ rescuers2.html), a denncia da insero de

    04 05 dos algarves

    Quadro com incrustao s ubliminar. Genrico do telejornal da Antenne 2, em 1988, antes das eleiespresidenciais em Frana (retirado de Science & Vie, n 1044, Setembro de 2004, pag. 62)

    FIG. 2

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    fotogramas com fotos de uma mulher

    com seios nus no desenho animado

    da Disney Bernardo e Bianca. A cena

    acontece a partir dos vinte e oito

    minutos de projeco e impercep-

    tvel sem que se proceda projeco

    quadro a quadro. A Disney foi, assim,

    obrigada a recolher 3,4 milhes de

    cassetes distribudas em vrios mer-

    cados.

    Tognolli (2002) relata o processo,

    instaurado em So Paulo, Brasil, pelo

    Ministrio Pblico (Provedoria dosdireitos e defesa da infncia e adoles-

    cncia) contra a MT V-Brasil. Segundo

    os Promotores do Ministrio Pblico, o

    clipe do genrico no plano consciente

    veicula imagens regulares com o log-

    tipo da MTV, mas quando as imagens

    do referido clipe so submetidas a

    velocidade mais lenta, percebe-se que

    as mesmas trazem cenas explcitas

    de prtica sexual (sadomasoquismo).

    Os Promotores afirmam ainda que a

    fita de VHS enviada ao Instituto de

    Criminalstica foi submetida a percia,quando foram constatadas de facto as

    cenas de perverso sexual incrusta-

    das. A MTV foi julgada e considerada

    culpada, sendo, em caso de reincidn-

    cia, suspensa a sua programao.

    Segundo Calazans (2001), grandes

    empresas utilizam tcnicas que fazem

    piscar na tela dos seus computadores

    (efeito flicker) frases destinadas a

    aumentar a produtividade dos empre-

    gados, como trabalhe mais rpido.

    Este autor refere ainda o fcil acesso

    ao programa Flash 4.0, disponvelna Internet, que executa clculos

    velozes. Este programa permite que

    sejam inseridos quadros coloridos

    cuja leitura ou varredura na tela dos

    computadores chegue aos 30 quadros

    por segundo, ou seja, permite que se

    incruste num dos trinta quadros que

    so projectados em um segundo, uma

    mensagem que ser subliminar. Este

    autor menciona ainda os programas

    Fire-Works, Giff Animator, 3-D Studio

    Max, facilmente acessveis e aptos

    insero de mensagens subliminares.Faz tambm a importante observao

    de que numa animao de 300 ou

    400 quadros, ficaria muito trabalho-

    so rastrear e vistoriar cada imagem,

    tornando os webdesigners seguros

    para a execuo de subliminares anti-

    ticos ou mesmo que se encontram

    tipificados como crime (incitando

    a preconceitos racial ou religioso,

    prticas sexuais pedfilas, violncia,

    fanatismo religioso).

    Concluses

    Se, em condies experimentais,

    pode ser exercido algum controlo e

    avaliao dos efeitos das mensagens

    subliminares, ser mais difcil, seno

    impossvel, avaliar em termos sociais

    o efeito da exposio a alguma emis-

    so audiovisual pblica que utilize

    tais tcnicas. Com base nos trabalhos

    cientificamente vlidos, que iremos

    mencionar a seguir, parece justifi-

    car-se o cuidado e a precauo dos

    poderes constitudos relativamente ao

    assunto.No campo de investigao, o

    redespertar do interesse a propsito

    das temticas relativas percepo e

    comunicao por via do inconsciente

    emocional, teve lugar nas duas lti-

    mas dcadas e fez com que fossem

    executados trabalhos com particular

    originalidade, em razo das meto-

    dologias e tcnicas de investigao

    desenvolvidas para a demonstrao

    das metas em perspectiva.

    Numa sequncia de trabalhos

    simples e bem concebidos, Bornstein(1992) exibiu, a um grupo de sujeitos,

    num laboratrio, vrias imagens de

    rostos humanos. Posteriormente, fo-

    ram-lhes exibidos os mesmos rostos,

    porm juntamente com outros rostos

    que no tinham sido visualizados.

    Os sujeitos no foram capazes de

    identificar quais os rostos que tinham

    visto anteriormente. Todavia, quando

    foi solicitado que indicassem aqueles

    que mais lhes tinham agradado, foi

    verificado que as preferncias recaam

    maioritariamente sobre os rostos quetinham sido expostos anteriormente.

    Noutro passo desta pesquisa, foram

    expostas imagens subliminares de

    um indivduo A ou de um indivduo B,

    aps o que solicitaram a cada um dos

    sujeitos que tentasse adivinhar, junto

    com os indivduos A e B, o gnero

    do autor de alguns poemas. A e B,

    devido a combinao anterior desco-

    nhecida do sujeito, discordavam entre

    si, cabendo a este o voto de Minerva.

    Como previsto, e em consonncia

    com a hiptese da mera exposio,

    os sujeitos demonstravam inequvocatendncia a concordar com o indiv-

    duo a cujo rosto tinham sido incons-

    cientemente expostos.

    Na discusso destes resultados

    Bornstein analisou os dados publi-

    cados a partir de diferentes estudos

    sobre a exposio subliminar. Consi-

    derando que a familiaridade possa ser

    motivo para desvalorizao, conclui

    que os efeitos da exposio so muito

    mais fortes quando apresentados de

    forma subliminar do que quando os

    estmulos esto disponveis para veri-ficao consciente. Segundo Borns-

    tein, esta afirmao partilhada por

    variados tipos de estudo do processa-

    mento emocional inconsciente, o que

    mais uma vez vem reforar a ideia

    de que as emoes so mais fcil e

    vincadamente influenciadas quando

    no temos a conscincia de que tal

    esteja a ocorrer.

    Verificamos, ainda, uma diferena

    qualitativa em termos da incrustao

    subliminar que executada. Pensa-

    mos que uma frase, ou slogan, demaior impacto emocional (como as

    citadas anteriormente o presidente

    gente como a gente, ou o RATS)

    ter maior possibilidade de exercer

    alguma influncia no pblico do que

    as imagens (que sublinhamos serem

    a nvel tico igualmente condenveis)

    de cenas de quaisquer actividades

    (nos casos referidos de ndole sexual)

    que por vezes so de difcil desco-

    dificao pelo receptor, mesmo no

    fotograma registado no instante da

    varredura do ecr onde se encontram.Um problema, da maior gravidade,

    PERCEPO SUBLIMINAR: LONGE DOS OLHOS, PERTO DO CORAO

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