Sua vida em suas mãos

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Um manual para ajudar mulheres a identificar, refletir e agir em relacionamentos abusivos

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Sua vida em

suas mãos.

Um manual para ajudar mulheresa identificar, refletir e agir em

relacionamentos abusivos

“Estou com a pessoa que eu amo, por que não sou feliz?” Aresposta a essa pergunta passa por descobrir se você estáou não num relacionamento abusivo. Nessa cartilha vamospropor reflexões para te ajudar a atender se você, mulhermigrante, está num relacionamento abusivo e como lidarcom esse fato. É comum termos dúvidas sobre ocomportamento da outra pessoa, é saudável refletirmosaté sobre os nossos próprios comportamentos, e isso nãosignifica que você ama menos por isso. De forma nenhuma.

Introdução

Como usar:

Leia, compartilhe, reflita, re-leia. Osexercícios propostos podem ser feitos emqualquer fase do seu relacionamento: no inícioquando ainda estão se conhecendo(presencialmente ou à distância), durante onamoro, noivado, casamento. Após dias,meses ou até mesmo anos juntos. Sempre étempo de olhar para si e para as suas relações.Este é um manual de entreajuda, mas tambémé um manual de autocuidado. Use semmoderação. O material pode ser impresso emtamanho A4

Ficha Técnica

“Não esqueça: o seu amor nunca poderá ser o

único pilar que sustenta a relação de vocês!

Realização: CABE, Projeto Força seu Nome éMulher e Revibra EuropaElaboração do conteúdo: Andressa LopesColaboração: Juliana Kozovits, JulianaWahlgren, Marcela Magalhães, MarciaBaratto, Patrícia Sarinho, Rowana Camargoe Tai BarrosoProjeto gráfico: Tai Barroso

Este manual foi elaborado no âmbito da campanha#NãoéAmor, de conscientização e apoio às vítimas derelacionamentos abusivos, realizada em parceria entrea CABE (Comissão de Apoio às Brasileiras no Exterior),o Projeto Força o Seu Nome é Mulher e a REVIBRA(Rede Europeia de Apoio às Brasileiras Vítimas deViolência Doméstica) e visa contribuir com aidentificação, prevenção e afastamento doscomportamentos tóxicos e das suas consequências.A reprodução gratuita total ou parcial deste conteúdo éautorizada, desde que atribuídas as devidas referênciasautorais. A sua comercialização é expressamenteproibida.

ALERTA: O material a seguir apresentado éexclusivamente informativo e não substitui anecessidade de acompanhamento com profissionaiscapacitades.

Já aconteceu comigo...

Marque todas as afirmações verdadeiras.O seu companheiro ou companheira:

Quer que vocêabra mão de

coisas que vocêgosta.

Mexe nas suas

coisas sem asua permissão.

Tem ciúmesexcessivos de

você.

Critica suanacionalidade,

cultura,família e ‘cor

de pele’.

Faz piadasofensivas e dizque você nãotem senso de

humor.

Tenta

controlar aspessoas comquem vocêpode falar.

Te priva de acessoa documentos,

contratos edecisões sobre a

vida em conjunto.

Critica as suasroupas, seusacessórios.

Confere asmensagens doseu telefone,

e-mail ouredes sociais.

Questiona a

sua sanidademental e a sua

memória.

Controla o seu

dinheiro,retém seus

documentos.

Quebra objetosem momentos

de raiva oupara puni-la.

Diz que

ninguém maissuportariaviver com

você.

Insinua que vocêé promíscua peloseu passado ou

pela sua cultura.

Menosprezasuas

capacidadesprofissionais.

Distorce as

informações efaz você se

sentir culpada.

Diz que vocêmerece seragredida ou

ofendida.

Te fez sentirinadequada pela

maneira comoestava vestida

ou pelo seusotaque.

Compara você

a outrasmulheres.

Duvida do seu

amor / pedeprovas /

questiona se éverdadeiro.

Tem reaçõesexplosivascom você.

Pressiona

vocêsexualmente

.

Culpa você pormuitas ações

dele(a).

Critica e nãorespeita a sua

espiritualidadee religiosidade.

Condena as suasinvestidas em

auto-conhecimentoe auto-cuidadocomo terapia.

Reage comindiferença oumenospreza as

suas conquistas.

Te isola dos

seus (as)amigos (as)

Se você respondeu “sim” a uma ou mais afirmações apresentadas,provavelmente você é alvo de violência emocional.

Faz comentáriosnegativos sobre

seu cabelo crespo,cor de pele, nariz.

Costumamos buscar razões para justificar as condutaspraticadas, culpar-nos pelos acontecimentos. Afinal, “senão há agressão física, então não há violência, eu devo terfeito algo de errado”, correto?

ERRADO! A violência pode ser praticada de diversasmaneiras, inclusive de formas silenciosas e sem deixarmarcas físicas, como é o caso da violência emocional.Independe de você e de qualquer coisa que você tenha feito. Quando amamos alguém, queremos que a pessoa se sintabem ao nosso lado e consigo mesma. O natural é querermos que essa pessoa tenha a nossamelhor versão e seja feliz. Querer ter poder sobre a outra,gerar sofrimento e dor é sinônimo de abuso.

Faça um exercício:

Inspira. Expira. Respira. A consciência de que podemos ser

vítimas de violência por parte da pessoa que amamos é algo

muito doloroso

Pegue um papel e uma caneta.Faça uma lista com todos oscomportamentos que você nãoadmitirá mais daqui por diante porparte de ninguém, principalmentedo seu parceiro ou parceira.

Violência emocional

Não aceitarei mais que...

Ex: Gritem comigo

A grande diferença entre um relacionamento saudável e um relacionamento abusivo é que vocêdeve se sentir livre para ser você mesma, sentir-se apoiada pelo seu parceiro e motivada aconquistar os seus objetivos.

Para viver uma relação saudável é importante estabelecer limites claros e nunca abrir mão dorespeito mútuo.

Aqui estão alguns exemplos de atitudes que realizamos por amor e na tentativa de evitar oconflito que, na verdade, acabam por tornar o nosso relacionamento cada vez mais abusivo esufocante para nós mesmas.

Deixar de frequentar lugares ou falar com pessoas

para agradar o outro ou evitar brigas.

Priorizar a outra pessoa mais do que você mesma,

abrir mão da sua autonomia.

Abrir mão de projetos ou mudar seus objetivos em

razão de alguém.

Aceitar ciúmes sob a desculpa de “amor demais” ou

“cuidado”.

Trocar de roupas por alguém ou adotar um estilo só

porque a pessoa gosta.

Aceitar piadinhas ofensivas sobre sua cultura e sua

cor de pele, para não ser a “chata”.

Aceitar comportamentos que te deixam desconfortável,

com a desculpa da diferença cultural.

Aceitar todas as “sugestões” da outra pessoa por se

achar inadequada culturalmente.

Aceitar explosões, seguidas ou não de desculpas, para

não criar atrito.

Ignorar gritos ou escândalos, privados ou públicos, para

não estender a briga.

Ir morar longe de toda a sua base de apoio para estar

perto de quem ama, sem garantias ou um suporte de

autonomia.

Criar desculpas para as repetidas falhas do outro ou

culpar a si mesma.

X

Relacionamento Saudável

Relacionamento Abusivo

Somos ensinadas a acreditar que é normal “fazer

tudo” pela pessoa que amamos. Isso é um erro!

Um relacionamento saudável não significa que vocêsconcordarão o tempo inteiro ou que tudo será flores. Nadadisso. Significa que, mesmo que vocês discordem e tenhamas suas diferenças, mesmo que passem por momentosdifíceis, terão maturidade para dialogar de formaconstrutiva e respeitosa sobre as suas opiniões.

Faça uma avaliação honesta, comvocê mesma e com a sua relação.Reproduza duas colunas em umafolha de papel, e escreva comovocê se sente atualmente nestarelação e como você gostaria de sesentir.

#FiqueAlerta não devemos amar ninguémmais do que a nós mesmas, você é a pessoamais importante da sua vida nessa relação ealém dela. A sua saúde (física ou emocional)nunca deverá ser posta em risco.

X

Relacionamento Saudável

Relacionamento Abusivo

Faça um exercício:

Como eu me sinto:

Como eu gostaria

de me sentir:

Violência física e emocional podem ser crimes.Se vivem juntos, saiba que além da física, a violência

emocional também é considerada crime em diversos países.E muitas formas de violência emocional são manifestações

de discriminação antimigrante e racistas. Não hesite embuscar o auxílio das organizações de apoio às mulheres, de

especialistas em direitos e/ou das autoridades policiais.Todas temos o direito de viver em um ambiente saudável e

sem violência.

Não se exija tanto.Você é muito forte, nós sabemos disso, mas você não precisa aguentar tudo sozinha. O auxílio de

especialistas da psicologia poderá ajudá-la a compreender, lidar e ultrapassar este momentodifícil. Se reconectar com a sua cultura e os seus entes queridos poderá te ajudar a se sentiracolhida e a se lembrar sobre suas maiores potências e capacidades. Tome o seu tempo para

decidir e agir sobre o seu relacionamento e a sua vida.

Você se identificou com algo do que foi descritoanteriormente e se deu conta de que pode estar emuma relação abusiva. O que fazer agora?

Não fique envergonhadaSabemos como pode ser duro

encarar os amigos e familiares epensar nos julgamentos que

poderão fazer, principalmente adistância. Lembre-se que você nãoé a culpada pelos abusos e insultos

que sofreu. Nada justifica aviolência em um relacionamento.

É abuso. E agora?

Quando nos damos conta de que estamos em uma relação abusiva, umdos primeiros efeitos que identificamos é do quanto acabamos poresquecer de nós mesmas. Das nossas vontades, sonhos e bem estar. Étempo de viver um dia por vez, voltar a encontrar aquele brilho e gostode viver.

Comece o dia levantando, arrumando a cama e lavando orosto com água fria.

Se olhe no espelho e repita frases de motivação para vocêmesma como “Eu sou capaz, eu sou incrível, eu sou forte e hojeo meu dia vai ser maravilhoso”

Faça uma lista de afazeres para o dia, comece com 3 objetivose a medida em que vai realizando acrescente mais,diariamente.

Para ler

Agora que você se empoderou demuita informação, separamos umalista com indicações de filmes,livros, músicas, podcasts, vídeos,conteúdos com os quais vocêpoderá contar sempre que precisar.

Para assistir

Empodere-se!

Viva um dia por vez. Você vai superar tudo isso.Acredite. Nós todas superamos.

Para ouvir

Playlist Todxs Putxs (Spotify)Mulamba - MulambaFlaira Ferro e Chico Cesar - Eutenho suporteMaíra Baldaia - InsubmissaLido Pimienta - NadaPodcast Praia dos Ossos (Spotify)

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CloserO sorriso de Mona Lisa (2003).Joy (2019).Wild (2014).Overseas (2019) diretora: Suny-a Yoon.

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Aqui a princesa salva-se sozinha (AmandaLovelace).Cartilha Namoro Legal (Ministério Público deSP/BR).Eu sei porque canta o pássaro na gaiola(Maya Angelou).O feminismo é para todo mundo (Bell Hooks).O problema não sou eu, és tu (CláudiaMorais).

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