Stellaluna

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Montagem, tradução e adaptação de Helena Gonçalves 2009 Janell Cannon

Transcript of Stellaluna

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Montagem, tradução e adaptação de Helena Gonçalves 2009

Janell Cannon

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Numa floresta quente e húmida, muito, muito longe daqui, viveu em tempos uma mãe morcego e a sua cria recém nascida.

Oh! A mamã morcego amava imenso o seu bebé pequenino e fofo.

– Vou chamar-lhe Stellaluna – decidiu.

Todas as noites ela carregava Stellaluna, aninhada no seu peito e voava em busca de comida.

Certa noite, enquanto a mãe morcego voava atraída pelo forte aroma de fruta madura, uma coruja espiava-a….

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Num voo silencioso a coruja mergulhou sobre os morcegos.

Desviando-se e esquivando-se a mãe morcego tentou escapar, mas a coruja atacou uma e outra vez, atirando Stellaluna pelos ares.

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As suas frágeis asas de bebé eram muito finas e tão inúteis como papel molhado!

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Ela foi caindo...caindo, cada vez mais rápido em direção ao chão da floresta.

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Embateu num emaranhado de ramos que detiveram a sua queda. Um deles era suficientemente fininho para que Stellaluna pudesse agarra-lo com os seus pequenos pezinhos.

Embrulhando-se nas suas asas, suspendeu-se do raminho, segurando-se bem com as pequenas garras dos dedos dos pés.

Assim ficou, tremendo de frio e de medo.

– Mamã, mamã onde estás? - guinchou.

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Ao amanhecer, a morceguinho não aguentou mais. Os seus pequenos pés soltaram o ramo e de novo caiu...caiu...

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Pumba! Stellaluna aterrou de cabeça para baixo num ninho macio, sobressaltando os três passarinhos bebés que ai moravam.

Stellaluna trepou rapidamente para fora do ninho suspendendo-se, fora de vista, debaixo dele.

Escutou atenatmente a algazarra dos três:

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- O que era aquilo? -perguntou o Pip.

- Eu não sei, mas está ali pendurado pelos pés! – piou o Flitter.

Chiuu! Vem aí a mamã! – avisou a Flap.

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Nesse dia a mãe passarinho, saiu do ninho muitas, muitas vezes, voltando sempre com comida para os seus filhotes!Stellaluna tinha uma fome terrível, mas não daquelas coisas rastejantes que a mãe passarinho trazia!Por fim a pequena morcego não aguentou mais.Trepou para dentro do ninho, fechou os olhos e abriu a boca...Gluc! Engoliu um grande gafanhoto verde!

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Stellaluna aprendeu a comportar-se da mesma forma que os passarinhos. Ficava acordada durante o dia e dormia de noite.

Comia insetos embora tivessem uma sabor horrível!

Os seus hábitos de morcego depressa desapareceram.

Exceto um deles: Stellaluna continuava a gostar de dormir suspensa pelos pés.

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Certo dia enquanto a mãe saiu, os passarinhos curiosos decidiram experimentar também perdurar-se de cabeça para baixo...

Quando ela regressou viu oito pés pequeninos agarrados ao bordo do ninho.

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- Ei! Voltem imediatamente para dentro do ninho!

- Vocês vão cair e partir o pescoço!

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Os passarinhos treparam de novo para dentro do ninho. A mãe deteve Stellaluna.

- Tu estás a ensinar os meus filhos a fazerem asneiras! Não te volto a deixar entrar neste ninho se não prometeres obedecer a todas as regras desta casa!

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Stellaluna prometeu.

Ela comia insetos sem fazer caretas. Dormia dentro do ninho durante a noite e não se suspendia pelos pés.

Stellaluna comportava-se como um passarinho ajuizado.

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Os quatro bébes cresceram depressa. O ninho estava a ficar apertado. Certo dia a mãe anunciou que estava na hora de aprender a voar.Um por um Pip, Flitter, Flap e Stellaluna saltaram do ninho. As suas asas abriram e voaram!- Eu sou igual a eles, também posso voar! – exclamou Stellaluna tranbordando de felicidade.

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Pip, Flitter e Flap poisaram graciosamente sobre um ramo de árvore. Stellaluna também tentou fazer o mesmo, mas não foi tão graciosa!

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Oh! Que embaraçoso!

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Só um pouco mais!

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Finalmente conseguiu.

- Pronto já está!

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- Já sei – pensou Stellaluna – voarei todo o dia e assim ninguém verá como sou desajeitada a poisar!

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No dia seguinte Pip, Flitter, Flap e Stellaluna decidiram fazer um voo para longe de casa. Voaram durante horas exercitando as suas asas.

Já começava a entardecer.- Deveríamos regressar, vai

anoitecer depressa e podemos perder-nos! – comentaram os passarinhos.

Stellaluna voara para longe e estava fora de vista, então ansiosos regressaram a casa sem ela.

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Sozinha, Stellaluna voou, voou até lhe doerem as asas, então deixou-se cair na copa de uma árvore.

- Pometi não me pendurar pelos pés - suspirou Stellaluna - por isso suspendeu-se pelos polegares e depressa adormeceu.

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Ela nem ouviu o barulho suave de asas que se aproximavam.

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- Olá – gritou uma voz.- Porque é que estás

suspensa ao contrário?

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Stellaluna arregalou os olhos e viu um rosto muito peculiar!

Então respondeu:- Eu não estou ao contrário,

tu é que estás de pernas para o ar!

- Ah! Mas tu és um morcego! Estás pendurada pelos polegares, por isso tu é que estás ao contrário! – disse a criatura.

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- Eu estou suspenso pelos pés, eu estou na posição certa.

Stellaluna ficou confusa:- A mãe passarinho disse-me que eu

estava de cabeça para baixo, que estava ao contrário e que era errado!

- Errado para um pássarinho, talvez, mas não para um morcego.

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Foram chegando mais morcegos, reuniram-se ao redor de Stellaluna para ver a estranha morceguinho que se suspendia pelos polegares.

Então, Stellaluna, contou-lhes a sua história.

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- Tu comias insetos?- E dormias de noite?

- Que estranho! - disseram todos!

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- Esperem, esperem deixem-me ver esta morceguinho!

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A fêmea morcego aproximou-se e cheirou Stellaluna:- Foste atacada por uma coruja?

– perguntou - tu és...és Stellaluna! És a minha filhinha!

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Stellaluna olhou a mãe nos olhos:- Tu escapaste da coruja, sobreviveste? - Sim sobrevivi, confirmou a mãe envolvendo-a num calorosa abraço.- Vem, vem comigo quero-te mostrar onde encontrar os mais deliciosos frutos. Nunca mais terás que comer outro inseto na tua vida! – garantiu-lhe a mãe morcego.Stellaluna guinchou:- Mas é noite! Não

podemos voar no escuro, vamos embater nas árvores!

- Nós somos morcegos, podemos voar na escuridão. Vem connosco!

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Stellaluna sentiu medo, mas largou o ramo da árvore e lançou-se na escuridão do céu.

Stellaluna conseguia ver!

Parecia-lhe que jorravam raios de luz dos seus olhos, conseguia ver tudo o que havia pelo caminho.

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Stellaluna deliciou-se com o sabor de uma manga madura.- Nunca mais voltarei

a comer outro inseto na minha vida – disse Stellaluna à medida que se empanturrava.

- Tenho que contar ao Pip, Flitter e à Flap.

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No dia seguinte Stellaluna foi visitar os passarinhos.- Venham comigo conhecer a minha família de morcegos –

convidou.

- Ena! Está bem, vamos lá! – responderam os três em coro!

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- Eles penduram-se pelos pés, voam de noite e comem a melhor comida do mundo – contou-lhes Stellaluna.

- Estamos de cabeça para baixo! – disse o Pip.- E de pernas para o ar! – comentou o Flitter.- Parece estar tudo ao contrário! – acrescentou a Flap.

- Esperem até anoitecer – disse Stellaluna entusiasmada - voaremos no escuro!

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Assim que anoiteceu Stellaluna lançou-se num voo, logo seguida pelos três passarinhos.- Não consigo ver nada! –

queixou-se Pip.- Nem eu! – gritou o Flitter!- Aiiiiii! - gemeu a Flap.- Eles vão bater contra a

árvore – observou aflita Stellaluna. - tenho que os salvar!

Lançou-se num voo em torno da árvore, agarrou-os com as suas garras dos pés e conduziu os três passarinhos até um ramo,

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onde se empoleiraram. Stellaluna suspendeu-se num galho por cima deles.- Estamos

salvos!. Quem me dera que vocês também pudessem ver no escuro! - suspirou Stellaluna.

- Nós gostávamos que soubesses poisar de pé!

Os quatro permaneceram durante um longo tempo em silêncio.

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- Como é que podemos ser tão diferentes e sentirmo-nos tão semelhantes? - questionou o Flitter.

- Como é que podemos sentirmo-nos tão diferentes e sermos tão semelhantes? – perguntou o Pip.

- Parece-me que isto é um mistério extraordinário! – exclamou a Flap.

- Eu concordo, mas somos amigos e isso é o mais importante! – afirmou Stellaluna.

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Perlim-pim-pim a história

chegou ao FIM.