SPAECE 2012 · Ciências Humanas SEÇÃO 1 Avaliação: o ensino-aprendizagem como ... elencando...

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ISSN 1982-7644 Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará Boletim Pedagógico Ensino Médio Ciências Humanas SEÇÃO 1 Avaliação: o ensino-aprendizagem como desafio SEÇÃO 2 Interpretação de resultados e análises pedagógicas SEÇÃO 3 Os resultados desta escola SEÇÃO 4 Desenvolvimento de habilidades EXPERIÊNCIA EM FOCO SPAECE 2012

Transcript of SPAECE 2012 · Ciências Humanas SEÇÃO 1 Avaliação: o ensino-aprendizagem como ... elencando...

ISSN 1982-7644

Sistema Permanente de Avaliação

da Educação Básica do Ceará

Boletim Pedagógico

Ensino MédioCiências Humanas

SEÇÃO 1

Avaliação:o ensino-aprendizagem como desafio

SEÇÃO 2

Interpretação de resultados e análisespedagógicas

SEÇÃO 3

Os resultados desta escola

SEÇÃO 4

Desenvolvimento de habilidades

EXPERIÊNCIA EM FOCO

SPAECE2012

SPAECE

ISSN 1982-7644

Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará

Boletim PedagógicoCiências Humanas

Ensino Médio

SPAECE

PS CE E

GOVERNADORCID FERREIRA GOMES

VICE-GOVERNADOR DOMINGOS GOMES DE AGUIAR FILHO

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

SECRETÁRIA DA EDUCAÇÃOMARIA IZOLDA CELA DE ARRUDA COELHO

SECRETÁRIO ADJUNTO DA EDUCAÇÃOMAURÍCIO HOLANDA MAIA

SECRETÁRIO EXECUTIVOANTÔNIO IDILVAN DE LIMA ALENCAR

COORDENADORA DO GABINETECRISTIANE CARVALHO HOLANDA

COORDENADORA DE AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA EDUCAÇÃOBETÂNIA MARIA GOMES RAQUEL

CÉLULA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ACADÊMICO DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

ORIENTADORA CARMILVA SOUZA FLÔRES

ASSESSORA TÉCNICAMARIA IACI CAVALCANTE PEQUENO

ASSISTENTES TÉCNICASFRANCISCA ELIANE DIAS DE CARVALHOROSÂNGELA TEIXEIRA DE SOUSA

EQUIPE TÉCNICAELIZABETH DOS SANTOS CARNEIROESTEFÂNIA MARIA ALMEIDA MARTINSGEANNY DE HOLANDA OLIVEIRALUZIA DE QUEIROZ HIPPOLYTOMARIA ASSUNÇÃO OLIVEIRA MONTEIROMIRNA GURGEL CARLOS DA SILVATERESA MÁRCIA ALMEIDA DA SILVEIRA

PS CE E

GOVERNADORCID FERREIRA GOMES

VICE-GOVERNADOR DOMINGOS GOMES DE AGUIAR FILHO

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

SECRETÁRIA DA EDUCAÇÃOMARIA IZOLDA CELA DE ARRUDA COELHO

SECRETÁRIO ADJUNTO DA EDUCAÇÃOMAURÍCIO HOLANDA MAIA

SECRETÁRIO EXECUTIVOANTÔNIO IDILVAN DE LIMA ALENCAR

COORDENADORA DO GABINETECRISTIANE CARVALHO HOLANDA

COORDENADORA DE AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA EDUCAÇÃOBETÂNIA MARIA GOMES RAQUEL

CÉLULA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ACADÊMICO DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

ORIENTADORA CARMILVA SOUZA FLÔRES

ASSESSORA TÉCNICAMARIA IACI CAVALCANTE PEQUENO

ASSISTENTES TÉCNICASFRANCISCA ELIANE DIAS DE CARVALHOROSÂNGELA TEIXEIRA DE SOUSA

EQUIPE TÉCNICAELIZABETH DOS SANTOS CARNEIROESTEFÂNIA MARIA ALMEIDA MARTINSGEANNY DE HOLANDA OLIVEIRALUZIA DE QUEIROZ HIPPOLYTOMARIA ASSUNÇÃO OLIVEIRA MONTEIROMIRNA GURGEL CARLOS DA SILVATERESA MÁRCIA ALMEIDA DA SILVEIRA

REVISORES DO BOLETIM DE CIÊNCIAS HUMANASCESAR NILTON MAIA CHAVESJOSÉ MARQUES BATISTARAQUEL ALMEIDA DE CARVALHOROSÂNGELA TEIXEIRA DE SOUSA

AOS EDUCADORES CEARENSES

A Secretaria da Educação realizou em 2012 o décimo sexto ciclo do Sistema Permanente de Avaliação

da Educação Básica do Ceará - SPAECE. O referido ciclo, que assinala 20 anos de implementação do

SPAECE, introduziu importantes inovações na sua sistemática de avaliação. Dentre essas, destacam-se:

a identifi cação dos Cadernos de Testes e Cartões de Respostas; os testes em versão ampliada para

defi cientes visuais e, no caso da 3ª série do Ensino Médio, os testes de Língua Portuguesa e Matemática,

em convergência com a proposta da Matriz de Referência para o Exame Nacional do Ensino Médio

(ENEM) do Ministério da Educação (MEC), incluindo ainda prova de Redação, bem como testes para as

áreas de Ciências da Natureza (Física, Química e Biologia) e de Ciências Humanas (História, Geografi a,

Filosofi a e Sociologia).

A operacionalização de uma avaliação dessa dimensão é uma conquista para nosso Estado. Os

resultados são disponibilizados aos educadores e agregam elementos importantes que subsidiam e

fundamentam as modifi cações que se fi zerem necessárias nas práticas pedagógicas e de gestão.

Além dos resultados presentes nos Boletins Pedagógicos (Alfa, 5º e 9º anos/Ensino Fundamental e

Ensino Médio), a Coleção SPAECE 2012 traz ainda o Sumário Executivo, a Revista Contextual e os Boletins

do Sistema de Avaliação e de Gestão Escolar.

No que se refere aos Boletins Pedagógicos do Ensino Médio, é importante destacar que estes, além de

auxiliar a comunidade escolar a entender e se apropriar dos resultados dos alunos em Língua Portuguesa

e Matemática, avançam para outras áreas ainda pouco trabalhadas nas avaliações brasileiras, em

especial: Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Produção de Texto.

Nesta coleção, os resultados estão acompanhados de uma interpretação pedagógica cuidadosa,

elencando aspectos importantes a respeito do desempenho dos estudantes e das escolas públicas

cearenses. Trazem ainda textos extraídos de estudos realizados sobre as avaliações, depoimentos de

pessoas envolvidas com a avaliação educacional e/ou que utilizam seus resultados para desenvolver

ações voltadas para a qualidade da educação pública do nosso Estado.

Continuamos acreditando que a reorganização do sistema escolar, na busca da educação de qualidade,

requer o monitoramento e o acompanhamento permanente das atividades pedagógicas que se realizam

no dia a dia da escola. Dessa forma, as avaliações em larga escala realimentam e qualifi cam esse

processo de contínua melhoria.

Esperamos que o conjunto de informações apresentadas nas diferentes publicações possa contribuir

efetivamente para o trabalho de gestores e professores, no planejamento e desenvolvimento de ações

mais efi cazes e capazes de garantir a todos os estudantes cearenses o direito de aprender.

Maria Izolda Cela de Arruda Coelho, Secretária de Educação

SUMÁRIO

2. INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS E

ANÁLISES PEDAGÓGICAS PÁGINA 14

1. AVALIAÇÃO: O ENSINO-APRENDIZAGEM COMO DESAFIO PÁGINA 08

EXPERIÊNCIA EM FOCO

PÁGINA 68

4. DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES PÁGINA 53

3. OS RESULTADOS DESTA ESCOLA PÁGINA 51

08 SPAECE 2012

Um importante movimento em busca da qualidade da educação vem

ganhando sustentação em paralelo às avaliações tradicionais: as

avaliações externas, que são geralmente em larga escala e possuem

objetivos e procedimentos diferenciados daquelas realizadas pelos

professores nas salas de aula. Essas avaliações são, em geral,

organizadas a partir de um sistema de avaliação cognitiva dos alunos

e aplicadas, de forma padronizada, a um grande número de pessoas.

Os resultados aferidos pela aplicação de testes padronizados têm

como objetivo subsidiar medidas que visem ao progresso do sistema

de ensino e atendam a dois propósitos principais: prestar contas à

sociedade sobre a eficácia dos serviços educacionais oferecidos

à população e implementar ações que promovam a equidade e a

qualidade da educação.

A avaliação em larga escala deve ser concebida como instrumento

capaz de oferecer condições para o desenvolvimento dos alunos

e só tem sentido quando é utilizada, na sala de aula, como uma

ferramenta do professor para fazer com que os alunos avancem.

O uso dessa avaliação de acordo com esse princípio demanda o

1

Caro(a) Educador(a), o Boletim Pedagógico apresenta os fundamentos, a metodologia e os resultados da avaliação,

com o objetivo de suscitar discussões para que as informações disponibilizadas possam ser debatidas e utilizadas

no trabalho pedagógico.

AVALIAÇÃO: O ENSINO-APRENDIZAGEM COMO DESAFIO

Revista Pedagógica 09

seguinte raciocínio: por meio dos dados levantados, é possível que

o professor obtenha uma medida da aprendizagem de seus alunos,

contrapondo tais resultados àqueles alcançados no estado e até

mesmo à sua própria avaliação em sala de aula. Verificar essas

informações e compará-las amplia a visão do professor quanto ao

seu aluno, identificando aspectos que, no dia a dia, possam ter

passado despercebidos. Desta forma, os resultados da avaliação

devem ser interpretados em um contexto específico, servindo para a

reorientação do processo de ensino, confirmando quais as práticas

bem-sucedidas em sala de aula e fazendo com que os docentes

repensem suas ações e estratégias para enfrentar as dificuldades

de aprendizagem detectadas.

A articulação dessas informações possibilita consolidar a ideia

de que os resultados de desempenho dos alunos, mesmo quando

abaixo do esperado, sempre constituem uma oportunidade

para o aprimoramento do trabalho docente, representando um

desafio a ser superado em prol da qualidade e da equidade

na educação.

s

2010

667.196

SÉries AVALiAdAs:2º, 5º e 9º anos e 2º segmento da EJA do Ensino Fundamental, 1ª, 2ª e 3ª séries e 1º e 2º períodos da EJA EM.

DisciPLinAs enVoLVidAs: Língua Portuguesa e Matemática

REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS

2012

647.693

SÉries AVALiAdAs: 2º, 5º e 9º anos e 2º segmento da EJA do Ensino Fundamental, 1ª, 2ª e 3ª séries e 1º e 2º períodos da EJA EM.

DisciPLinAs/ÁreAs enVoLVidAs:

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias.

REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS

2011

658.654

SÉries AVALiAdAs: 2º, 5º e 9º anos e 2º segmento da EJA do Ensino Fundamental, 1ª, 2ª e 3ª séries e 1º e 2º períodos da EJA EM.

DisciPLinAs enVoLVidAs: Língua Portuguesa e Matemática

REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS

N° de ALUnos PArticiPAntes

s

TRAJETÓRIA

O SISTEMA DE AVALIAÇÃODO CEARÁ

O Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará - SPAECE - foi

criado em 1992 e tem seguido o propósito de fomentar mudanças em busca de uma

educação de qualidade. Em 2012, os alunos das escolas municipais e estaduais do

Ceará foram avaliados no 2º ano do Ensino Fundamental em Leitura, no 5º e 9º anos

e 2º segmento da EJA Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª series e 1º e 2º períodos da

EJA Ensino Médio, cujos alunos foram avaliados nas disciplinas de Língua Portuguesa

e Matemática. O SPAECE avaliou, também, na 3ª série do Ensino Médio, as áreas do

conhecimento de Ciências da Natureza e Ciências Humanas. Na linha do tempo

a seguir, pode-se verifi car a trajetória do SPAECE e, ainda, perceber como tem se

consolidado diante das informações que apresenta sobre o desempenho dos alunos.

2008

614.566

SÉries AVALiAdAs: 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio.

DisciPLinAs enVoLVidAs: Língua Portuguesa e Matemática

REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS

2009

546.951

SÉries AVALiAdAs: 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio.

DisciPLinAs enVoLVidAs: Língua Portuguesa e Matemática

REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS

10 SPAECE 2012

s

2010

667.196

SÉries AVALiAdAs:2º, 5º e 9º anos e 2º segmento da EJA do Ensino Fundamental, 1ª, 2ª e 3ª séries e 1º e 2º períodos da EJA EM.

DisciPLinAs enVoLVidAs: Língua Portuguesa e Matemática

REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS

2012

647.693

SÉries AVALiAdAs: 2º, 5º e 9º anos e 2º segmento da EJA do Ensino Fundamental, 1ª, 2ª e 3ª séries e 1º e 2º períodos da EJA EM.

DisciPLinAs/ÁreAs enVoLVidAs:

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias.

REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS

2011

658.654

SÉries AVALiAdAs: 2º, 5º e 9º anos e 2º segmento da EJA do Ensino Fundamental, 1ª, 2ª e 3ª séries e 1º e 2º períodos da EJA EM.

DisciPLinAs enVoLVidAs: Língua Portuguesa e Matemática

REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS

N° de ALUnos PArticiPAntes

s

TRAJETÓRIA

O SISTEMA DE AVALIAÇÃODO CEARÁ

O Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará - SPAECE - foi

criado em 1992 e tem seguido o propósito de fomentar mudanças em busca de uma

educação de qualidade. Em 2012, os alunos das escolas municipais e estaduais do

Ceará foram avaliados no 2º ano do Ensino Fundamental em Leitura, no 5º e 9º anos

e 2º segmento da EJA Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª series e 1º e 2º períodos da

EJA Ensino Médio, cujos alunos foram avaliados nas disciplinas de Língua Portuguesa

e Matemática. O SPAECE avaliou, também, na 3ª série do Ensino Médio, as áreas do

conhecimento de Ciências da Natureza e Ciências Humanas. Na linha do tempo

a seguir, pode-se verifi car a trajetória do SPAECE e, ainda, perceber como tem se

consolidado diante das informações que apresenta sobre o desempenho dos alunos.

2008

614.566

SÉries AVALiAdAs: 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio.

DisciPLinAs enVoLVidAs: Língua Portuguesa e Matemática

REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS

2009

546.951

SÉries AVALiAdAs: 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio.

DisciPLinAs enVoLVidAs: Língua Portuguesa e Matemática

REDES: ESTADUAL/MUNICIPAIS

Revista Pedagógica 11

12 SPAECE 2012

(Composição dos cadernos) Página 21

O diagrama a seguir apresenta, passo a passo, a lógica do sistema de avaliação de forma sintética,

indicando as páginas onde podem ser buscados maiores detalhes sobre os conceitos apresentados.

Para ter acesso a toda a coleção e a outras informações sobre a avaliação e seus resultados, acesse o site www.spaece.caedufjf.net.

(Matriz de Referência) Página 16

Esse recorte se traduz em habilidades consideradas essenciais que formam a Matriz de Referência para avaliação.

Para realizar a avaliação, é necessário definir o conteúdo a ser avaliado. Isso é feito por especialistas, com base em um recorte do currículo e nas especialidades educacionais.

A avaliação em larga escala surge como um importante instrumento para reflexão sobre como melhorar o ensino.

A educação apresenta um grande desafio: ensinar com qualidade e de forma equânime, respeitando a individualidade e a diversidade.

A AVALIAÇÃO EDUCACIONAL EM LARGA ESCALA

Revista Pedagógica 13

Os resultados da avaliação oferecem um diagnóstico do ensino e servem de subsídio para a melhoria da qualidade da educação.

As informações disponíveis neste Boletim devem ser interpretadas e usadas como instrumento pedagógico.

A análise dos itens que compõem os testes elucida as habilidades desenvolvidas pelos alunos que estão em determinado nível de proficiência.

Com base nos objetivos e nas metas de aprendizagem estabelecidas, são definidos os níveis de desempenho.

(Composição dos cadernos) Página 21

Através de uma metodologia especializada, é possível obter resultados precisos, não sendo necessário que os alunos realizem testes extensos.

(Os resultados desta Escola) Página 51

(Itens) Página 34

(Detalhamento das habilidades nos níveis de proficiência) Página 22

(Experiência em foco) Página 68

14 SPAECE 2012

2

MATRIZ DE REFERÊNCIA

Para realizar uma avaliação, é necessário definir o

conteúdo que se deseja avaliar. Em uma avaliação

em larga escala, essa definição é dada pela

construção de uma MATRIZ DE REFERÊNCIA,

que é um recorte do currículo e apresenta as

habilidades definidas para serem avaliadas. No

Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN) para o Ensino Fundamental e para o Ensino

Médio, publicados, respectivamente, em 1997 e

em 2000, visam à garantia de que todos tenham,

mesmo em lugares e condições diferentes, acesso

a conhecimentos considerados essenciais para o

exercício da cidadania. Cada estado, município e

escola têm autonomia para elaborar seu próprio

currículo, desde que atenda a essa premissa.

Diante da autonomia garantida legalmente em

nosso país, as orientações curriculares do Ceará

apresentam conteúdos com características

próprias, como concepções e objetivos

educacionais compartilhados. Desta forma, o

estado visa a desenvolver o processo de ensino-

aprendizagem em seu sistema educacional com

qualidade, atendendo às particularidades de seus

alunos. Pensando nisso, foi criada uma Matriz

de Referência específica para a realização da

avaliação em larga escala do SPAECE.

A Matriz de Referência tem, entre seus fundamentos,

os conceitos de competência e habilidade. A

COMPETÊNCIA corresponde a um grupo de

Esta seção traz os fundamentos da metodologia de avaliação externa do SPAECE, a Matriz de Referência e a Teoria de

Resposta ao Item (TRI).

INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS E ANÁLISES PEDAGÓGICAS

AUTO ESCOLA

CARTEIRA DE HABILITAÇÃO

Revista Pedagógica 15

habilidades que operam em conjunto para a obtenção

de um resultado, sendo cada HABILIDADE entendida

como um “saber fazer”.

Por exemplo, para adquirir a carteira de motorista

que habilita o condutor a dirigir automóveis

é preciso demonstrar competência na prova

escrita e competência na prova prática específica,

sendo que cada uma delas requer uma série

de habilidades.

A competência na prova escrita demanda

algumas habilidades, como: interpretação de

texto, reconhecimento de sinais de trânsito,

memorização, raciocínio lógico para perceber

quais regras de trânsito se aplicam a uma

determinada situação etc.

A competência na prova prática específica, por

sua vez, requer outras habilidades: visão espacial,

leitura dos sinais de trânsito na rua, compreensão

do funcionamento de comandos de interação

com o veículo, tais como os pedais de freio e de

acelerador etc.

É importante ressaltar que a Matriz de Referência

não abarca todo o currículo; portanto, não deve ser

confundida com ele nem utilizada como ferramenta

para a definição do conteúdo a ser ensinado em

sala de aula. As habilidades selecionadas para

a composição dos testes são escolhidas por

serem consideradas essenciais para o período

de escolaridade avaliado e por serem passíveis

de medição por meio de testes padronizados

de desempenho, compostos, na maioria das

vezes, apenas por itens de múltipla escolha. Há,

também, outras habilidades necessárias ao pleno

desenvolvimento do aluno que não se encontram na

Matriz de Referência por não serem compatíveis com

o modelo de teste adotado. No exemplo acima, pode-

se perceber que a competência na prova escrita

para habilitação de motorista inclui mais habilidades

que podem ser medidas em testes padronizados do

que aquelas da prova prática.

A avaliação em larga escala pretende obter

informações gerais, importantes para se pensar a

qualidade da educação, porém, ela só será uma

ferramenta para esse fim se utilizada de maneira

coerente, agregando novas informações às já obtidas

por professores e gestores nas devidas instâncias

educacionais, em consonância com a realidade local.

DOMÍNIO DESC DESCRIÇÃO

I. Memória e Representação

D01(H)Compreender as representações e manifestações sociais e culturais de diferentes sociedades sob o princípio da diversidade

D02(H)Identificar diferentes formas de registros e memórias de grupos sociais ao longo da História

D03(S)Identificar os mecanismos de deslocamento das relações sociais dos contextos locais e sua elaboração por meio de distâncias determinadas de espaç e tempo.

D04(F)Identificar os processos de inclusão e exclusão derivados dos processos de constituição de memórias e representaçõe

D05(G)Compreender as representações, localizações e convenções cartográficas como estratégias humanas de conhecimento e reconhecimento dos lugare do mundo.

D06(G)Correlacionar diferentes linguagens (arte gráfica, literatura, cinema, fotografia, iconografia) como possibilidades de representação do mundo e de sua realidades socioespaciais.

(S100012C2) Leia o texto abaixo.

Dados apresentados ontem, em Brasília, na abertura da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, apontam que [...] a proporção de mulheres no Parlamento brasi-leiro é de apenas 9%. Essa representação só é maior do que a de países como Belize, São Cris-tóvão e Névis, Haiti e Colômbia. A maior representação da região é encontrada em Cuba (43%), seguida por Argentina (40%) e Costa Rica (37%). O acesso das mulheres à tomada de decisões políticas e às políticas públicas é o principal desafio nacional, segundo avaliação da secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena.

Disponível em: <http://www.feminismo.org.br/livre/index.php?option=com_content&view=article&id=1731:ha-pouca-representacao-feminina-no-congresso&catid=58:violencia&Itemid=386>. Acesso em: 17 ago. 2011.

Os dados mobilizados nesse texto dizem respeito à desigualdade entre homens e mulheresA) na produção cultural.B) na renda econômica.C) na representação política.D) no acesso à internet.E) no mercado consumidor.

item

O item é uma questão utilizada nos testes de uma

avaliação em larga escala e se caracteriza por avaliar uma

única habilidade indicada por um descritor da Matriz

de Referência.

domínio

O domínio agrupa por afinidade

um conjunto de habilidades

indicadas pelos descritores.

16 SPAECE 2012

MATRIZ DE REFERÊNCIA DE CIÊNCIAS HUMANASEnsino Médio

Descritores

Os descritores associam o conteúdo curricular a operações cognitivas,

indicando as habilidades que serão avaliadas por

meio de um item.

Elementos que compõem a Matriz

Revista Pedagógica 17

DOMÍNIO DESC DESCRIÇÃO

I. Memória e Representação

D1(H)Compreender as representações e manifestações sociais e culturais de diferentes sociedades sob o princípio da diversidade.

D2(H)Identificar diferentes formas de registros e memórias de grupos sociais ao longo da História.

D3(S)Identificar os mecanismos de deslocamento das relações sociais dos contextos locais e sua elaboração por meio de distâncias determinadas de espaç e tempo.

D4(F)Identificar os processos de inclusão e exclusão derivados dos processos de constituição de memórias e representações.

D5(G)Compreender as representações, localizações e convenções cartográficas como estratégias humanas de conhecimento e reconhecimento dos lugares do mundo.

D6(G)Correlacionar diferentes linguagens (arte gráfica, literatura, cinema, fotografia, iconografia) como possibilidades de representação do mundo e de suas realidades socioespaciais.

II. Formas de Conhecer e suas

Apropriações

D7(H) Compreender informações existentes em diferentes fontes históricas.

D8(H)Reconhecer as diferentes manifestações sociais e culturais como produtos e práticas materiais e discursivas.

D9(S)Compreender a relação dos meios de comunicação de massa com a indústria cultural, com os estilos de vida e com o consumo.

D10(F)Identificar os conceitos de mito, ciência, tecnologia por meio da comparação entre diversas formações sociais, na modernidade.

D11(F) Diferenciar experiência comum, técnica, ciência e saber filosófico.

D12(F) Compreender as origens históricas da filosofia relacionando-as a processos de reflexão.

D13(G) Identificar em diferentes fontes os processos e dinâmicas de usos do espaço geográfico.

D14(G)Compreender as mudanças no espaço geográfico a partir do desenvolvimento técnico científico informacional.

III. Sujeitos, Identidades e Alteridades

D15(H)Compreender a História a partir dos conceitos de sujeito, identidade, alteridade e diversidade.

D16(S) Analisar formas diversas de institucionalização de inserção social.

D17(S)Reconhecer as tensões e motivações políticas, étnicas e raciais no contexto da modernidade.

D18(G)Reconhecer os fenômenos demográficos a partir da seleção, comparação e interpretação de dados.

D19(G)Compreender os fenômenos migratórios e suas relações com os processos e dinâmicas sócio espaciais dos lugares.

TOTAL DE DESCRITORES POR DISCIPLINA

(S) SOCIOLOGIA 09

(F) FILOSOFIA 06

(H) HISTÓRIA 14

(G) GEOGRAFIA 21

18 SPAECE 2012

DOMÍNIO DESC DESCRIÇÃO

IV. Relações e formas de poder

D20(H)Identificar as características das diferentes formas, regimes e sistemas de governo, em momentos históricos distintos.

D21(H) Compreender as relações entre Estado e Sociedade.

D22(H)Reconhecer as diversas instituições sociais produzidas e legitimadas pelas relações de força e poder.

D23(H) Reconhecer diferenças entre público e privado nas relações sociais.

D24(H) Identificar discursos e práticas políticas dos diferentes grupos e movimentos sociais.

D25(H)Compreender os conflitos políticos, sociais e culturais no domínio das relações de força e poder.

D26(S) Compreender a importância da política enquanto prática social.

D27(S)Identificar as formas de construção social, participação e representação dos indivíduos e grupos organizados nos sistemas políticos.

D28(F) Identificar a origem histórico-filosófica do processo de teorização política.

D29(G) Caracterizar práticas de apropriação dos recursos naturais da sociedade.

D30(G)Relacionar a ordem mundial contemporânea ao papel exercido pelas potências hegemônicas.

D31(G)Reconhecer as diferentes formas de regionalização (Brasil, blocos econômicos) do espaço geográfico.

V. Espacialidades, temporalidades e suas dinâmicas

D32(H) Compreender a noção de tempo e suas dimensões.

D33(G)Identificar as transformações nas paisagens da Terra, em tempos diversos, a partir da associação das forças naturais e ações humanas.

D34(G)Reconhecer as mudanças tecnológicas que ressignificam o uso de recursos da natureza pelas atividades produtivas.

D35(G)Relacionar a ordem mundial contemporânea ao papel exercido pelas potências hegemônicas.

VI. Trabalho, Economia e Sociedade

D36(H)Reconhecer a importância do trabalho humano e as formas de organização em diferentes contextos históricos.

D37(G)Identificar as novas estruturas espaciais resultantes dos setores produtivos ligados às tecnologias de ponta.

D38(G)Reconhecer os movimentos sociais locais como agentes de estruturação de condições materiais geradores de “qualidade de vida".

D39(G) Compreender as dinâmicas e os processos constituidores dos espaços rurais e urbanos.

Revista Pedagógica 19

DOMÍNIO DESC DESCRIÇÃO

VII. Natureza, Ambiente e Cultura

D40(S) Compreender a relação da cultura com o meio social.

D41(G) Reconhecer os domínios morfoclimáticos brasileiros.

D42(G)Relacionar as dinâmicas da natureza (clima, relevo, vegetação, hidrografia) e suas relações com as transformações humanas do espaço geográfico.

D43(G) Relacionar as mudanças ambientais globais aos impactos ambientais locais.

D44(G)Reconhecer as principais bacias hidrográficas brasileiras e seu aproveitamento econômico.

D45(G) Reconhecer diferentes formas de intervenção humana no ambiente.

VIII. Étca, Cidadania e Direito

D46(H) Reconhecer a relação existente entre legislação e cidadania ao longo da História.

D47(S)Reconhecer a importância dos direitos civis, políticos e sociais na construção da cidadania.

D48(S)Compreender a importância dos movimentos sociais como forma de intervenção na estrutura social.

D49(F)Reconhecer leis, códigos de conduta, valores e costumes em seus diferentes graus de formalização.

D50(G) Compreender o papel do cidadão nas práticas de preservação ambiental.

20 SPAECE 2012

TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM (TRI)

A Teoria de Resposta ao Item (TRI) é, em termos gerais, uma forma de analisar e avaliar os resultados

obtidos pelos alunos nos testes, levando em consideração as habilidades demonstradas e os graus de

dificuldade dos itens, permitindo a comparação entre testes realizados em diferentes anos.

Ao realizarem os testes, os alunos obtêm um determinado nível de desempenho nas habilidades testadas.

Esse nível de desempenho denomina-se PROFICIÊNCIA.

A TRI é uma forma de calcular a proficiência alcançada, com base em um modelo estatístico capaz de

determinar um valor diferenciado para cada item que o aluno respondeu em um teste padronizado de

múltipla escolha. Essa teoria leva em conta três parâmetros:

• Parâmetro "A"

A capacidade de um item de discriminar, entre os alunos avaliados, aqueles que desenvolveram as

habilidades avaliadas daqueles que não as desenvolveram.

• Parâmetro "B"

O grau de dificuldade dos itens: fáceis, médios ou difíceis. Os itens estão distribuídos de forma equânime

entre os diferentes cadernos de testes, possibilitando a criação de diversos cadernos com o mesmo grau

de dificuldade.

• Parâmetro "C"

A análise das respostas do aluno para verificar aleatoriedade nas respostas: se for constatado que ele

errou muitos itens de baixo grau de dificuldade e acertou outros de grau elevado – o que é estatisticamente

improvável – o modelo deduz que ele respondeu aleatoriamente às questões.

O SPAECE utiliza a TRI para o cálculo de acerto do aluno. No final, a proficiência não depende apenas do

valor absoluto de acertos, depende também da dificuldade e da capacidade de discriminação das questões

que o aluno acertou e/ou errou. O valor absoluto de acertos permitiria, em tese, a atribuição do mesmo

resultado de desempenho de um aluno, cujas respostas foram baseadas em suas próprias habilidades, a

outro, que tenha respondido aleatoriamente aos itens do teste. O modelo da TRI evita essa situação e gera

um balanceamento de graus de dificuldade entre as questões que compõem os diferentes cadernos e as

habilidades avaliadas em relação ao contexto escolar. Esse balanceamento permite a comparação dos

resultados dos alunos ao longo do tempo e entre diferentes escolas.

Revista Pedagógica 21

No Ensino Médio, em Ciências Humanas e Ciências da Natureza, foram utilizados 112 itens/disciplina, divididos em 7 blocos/disciplina, com 16 itens cada, formados por 8 itens do CAEd (i) e 8 itens do ENEM (i) cada um.

CADERNO

iiiii

iiiiiiiiiii

iiiiii

iiiii

iiiiiiiiiii

iiiiiiiiiiiiiiiii

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

iiiii

iiiiiiiiiii

iiiiii

iiiii

iiiiiiiiiii

iiiiiiiiiiiiiiiii

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

4 blocos formaram um caderno, totalizando 64 itens, sendo 32 itens de Ciências Humanas (16 itens CAEd + 16 itens ENEM)e 32 itens de Ciências da Natureza (16 itens CAEd + 16 itens ENEM).

Ao todo, foram 21 modelos diferentes de cadernos.

= 1 item

i i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i i

i i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i ii i i i i i i i

Ciências Humanas

Ciências da Natureza

COMPOSIÇÃO DOS CADERNOS PARA A AVALIAÇÃO

CAEd

CAEd

ENEM

ENEM

22 SPAECE 2012

Além disso, as competências e habilidades agrupadas nos níveis de proficiência não esgotam tudo aquilo que os

alunos desenvolveram e são capazes de fazer, uma vez que as habilidades avaliadas são aquelas consideradas

essenciais em cada etapa de escolarização e possíveis de serem avaliadas num teste de múltipla escolha. Cabe

aos docentes, através de instrumentos de observação e registro utilizados em sua prática cotidiana, identificarem

outras características apresentadas por seus alunos que não são contempladas nos níveis. Isso porque, a despeito

dos traços comuns a alunos que se encontram em um mesmo intervalo de proficiência, existem diferenças individuais

que precisam ser consideradas para a reorientação da prática pedagógica.

*O percentual de respostas em branco e nulas não foi contemplado na análise.

DETALHAMENTO DAS HABILIDADES NOS NÍVEIS DE PROFICIÊNCIA

Uma escala é a expressão da medida de uma

grandeza. As Escalas de Proficiência permitem

ordenar os resultados de desempenho em um

continuum, ou seja, do nível mais baixo ao mais

alto. Assim, os alunos que alcançaram um nível de

proficiência mais alto, por exemplo, mostram que

possuem o domínio das habilidades presentes

nos níveis anteriores. Isso significa que o aluno da

última série do Ensino Médio deve, naturalmente,

ser capaz de dominar habilidades em um nível

mais complexo do que as de um aluno do 5º

ano do Ensino Fundamental. Para cada intervalo,

são apresentadas as habilidades presentes, o

que é muito importante para o diagnóstico das

habilidades alcançadas e aquelas ainda não

consolidadas em cada etapa de escolaridade.

Com isso, os educadores têm acesso à descrição

das habilidades específicas dos intervalos

correspondentes a cada nível e podem atuar, com

mais precisão, na identificação de dificuldades

de aprendizagens, bem como planejar e executar

ações de correção de rumos. São apresentados, a

seguir, exemplos de itens* característicos de cada

disciplina avaliada.

INTERVALOS DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA GEOGRAFIA

ATÉ 500 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Identificam, através das imagens, características das paisagens de

regiões brasileiras;

• Identificam, em um mapa, uma região brasileira;

• Identificam consequências socioambientais do desmatamento florestal;

• Compreendem o uso de imagem de satélite na previsão do tempo atmosférico;

• Identificam a importância das redes sociais no compartilhamento de informações.

DE 500 A 550 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Identificam características do funcionamento do sistema capitalista;

• Identificam a importância da migração internacional na constituição da paisagem

de diferentes lugares;

• Analisam as ações humanas que conduzem à degradação ambiental em

áreas residenciais;

• Identificam possibilidades de conectividade entre o global e o local;

• Analisam a criação de blocos econômicos internacionais;

• Analisam o uso de redes sociais pela sociedade contemporânea.

DE 550 A 600 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Analisam, a partir de um gráfico de linha, características do trabalho informal urbano;

• Compreendem, através da análise de mapas, o caráter ideológico das

representações da superfície terrestre;

• Relacionam um determinado impacto ambiental a uma ação humana que diminua

seus efeitos;

• Analisam as mudanças nos processos e dinâmicas populacionais relacionados à

produção agropecuária;

• Analisam o papel da metrópole na hierarquia urbana;

• Compreendem, a partir de textos, o conceito de alimentos transgênicos.

Revista Pedagógica 23

• Analisam, a partir de mapas, a possibilidade de ocorrências de terremotos;

• Interpretam mapas construídos em curvas de nível;

• Compreendem, através de imagens, o conceito geomorfológico de chapada;

• Identificam o aquecimento global como o problema ambiental que provoca o

aumento do nível dos oceanos;

• Compreendem, com auxílio de suporte imagético, características do movimento de

rotação da Terra.

DE 600 A 650 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Analisam, a partir de textos, aspectos geopolíticos do Oriente Médio;

• Compreendem, a partir da leitura de textos, os riscos do uso de produtos químicos

no campo;

• Identificam fatores que explicam os novos contornos espaciais da industrialização;

• Identificam, a partir de texto e imagem, os interesses sociais da preservação da

cultura amazônica;

• Compreendem o conceito de cidade global;

• Compreendem os efeitos nocivos da industrialização no meio ambiente;

• Compreendem a relação entre fatores climáticos na formação do clima de um

determinado lugar.

DE 650 A 700 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Identificam atividades produtivas que promovem desmatamento florestal;

• Identificam, através de mapas, a formação de blocos econômicos regionais;

• Analisam o contexto geopolítico mundial após o final da Guerra Fria;

• Compreendem a importância da rede de infraestrutura nas atividades agrícolas;

• Identificam características da agricultura familiar;

• Compreendem a importância do território para a construção da identidade indígena;

• Compreendem a formação de condomínios fechados como aspectos da

segregação socioespacial;

• Operam com cálculos de escala em mapas.

DE 700 A 750 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

24 SPAECE 2012

• Compreendem, a partir da análise de mapas, que as bacias hidrográficas extrapolam

as fronteiras políticas do território;

• Analisam, a partir de climogramas, as características climáticas de diferentes lugares;

• Identificam, a partir da análise de textos, características de diferentes

domínios biogeográficos;

• Compreendem os objetivos gerais de agentes internacionais, tais como: BIRD, FMI

e OMC;

• Identificam a técnica de videoconferência como possibilidade no processo de

compressão espaço-tempo;

• Compreendem, a partir da interpretação de textos, o conceito de tecnopolos;

• Analisam as características geográficas/econômicas de países desenvolvidos.

ACIMA DE 750 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Identificam materialidades do desenvolvimento tecnológico, que interferem na vida

cotidiana da população;

• Compreendem os aspectos relacionados à consolidação da globalização;

• Compreendem as dinâmicas e processos do novo rural brasileiro;

• Compreendem características da formação cultural da região Amazônica;

• Compreendem o papel das novas técnicas produtivas na transformação territorial.

Revista Pedagógica 25

ITENS DE GEOGRAFIA

(G110014E4 )Observe a imagem abaixo.

Xilogravura - José Francisco Borges.Disponível em:<http://parahybapagan.wordpress.com/2010/12/13/aparecendo-brevemente-antes-do-solsticio-de-verao/>. Acesso em: 25 maio

2012. (G110014E4_SUP)

Essa imagem representa uma paisagem brasileira A) da Planície Amazônica.B) da Zona da Mata Mineira.C) do Pantanal Matogrossense.D) do Planalto Central Goiano.E) do Sertão Nordestino.

26 SPAECE 2012

A habilidade avaliada, neste item, é a capacidade

de identificar, através do uso de uma obra de

arte, aspectos da realidade socioespacial. Exige,

ainda, que o aluno faça correlações entre a

imagem e conhecimentos prévios acerca da

regionalização brasileira.

Os alunos que marcaram a alternativa E acertaram

a questão. Conseguiram, primeiramente, extrair

informações que auxiliassem na escolha da

resposta correta. Assim, identificaram na imagem

características típicas do sertão nordestino, como

o tipo de vegetação, o sol “forte” e o homem

sertanejo. Dessa forma, conseguiram expressar a

tomada de consciência frente à complexidade da

realidade social, política, econômica e cultural do

espaço brasileiro.

Os alunos que marcaram as demais alternativas

– A, B, C, D – erraram a questão. Precisam

aprofundar seus conhecimentos sobre a

regionalização do Brasil, que apresenta, em sua

paisagem, características próprias e distintas. É

necessário, ainda, que desenvolvam a habilidade

de observação, pois não conseguiram identificar,

na imagem, características típicas do sertão

nordestino. É provável, ainda, que os alunos não

tenham adquirido conhecimento sobre a divisão

do Brasil em regiões. Dessa forma, é importante

o trabalho em Geografia que contemple o uso de

diferentes formas de representação das paisagens

por desenhos, fotos, postais, pinturas etc.

87+13A B C D E

3% 3,3% 3,6% 2,8% 86,9%

percentual de acerto

86,9%

Revista Pedagógica 27

(G110046E4) Leia o texto abaixo.

Uma forma muito simplista de se regionalizar o mundo, é aquela que fazia sentido até o início do século XX, quando a ordem política e econômica do mundo era pautada quase que exclusivamente por relações imperialistas e neocoloniais, reforçando preconceitos e estereótipos ao ressaltar a ideia de uma área ocupada por povos brancos, avançados, civilizados e desenvolvidos, enquanto outra área seria o espaço do mundo subdesenvolvido, de povos inferiores, com reduzido desenvolvimento tecnológico, econômico e social por culpa de sua própria incapacidade.

Disponível em: <http://www.cmrj.ensino.eb.br/ensino/notas_aula/1bim2012/8GEO04.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2012. Fragmento. (G110046E4_SUP)

A divisão regional do mundo apresentada nesse texto é a divisãoA) dos países antigos e novos.B) dos países do norte e do sul.C) dos países grandes e pequenos.D) da geopolítica da Guerra Fria.E) da política das Nações Unidas.

Neste item, avalia-se a capacidade do aluno em

perceber as diferentes formas de regionalização

do espaço geográfico ao longo dos tempos. É

necessário que ele perceba que essa divisão não é

algo imutável; ao contrário, ela vai se configurando

conforme a evolução das sociedades, da economia,

das relações de trabalho, da política, entre outras.

Os alunos que marcaram a alternativa B acertaram

a questão. Fizeram uma leitura correta do texto e

conseguiram entender a divisão preponderante

no século XX. Dessa forma, compreenderam se

tratar de uma regionalização que dividia o mundo

entre países ricos ao norte – desenvolvidos

– e países pobres ao sul da linha do Equador

– subdesenvolvidos. Com essa divisão, ficava

clara a intenção dos países do norte em exaltar

sua riqueza e superioridade, enquanto os países

subdesenvolvidos eram cada vez mais explorados,

aumentando o fosso entre países ricos e pobres.

Os alunos que escolheram entre as demais

alternativas – A, C, D e E – erraram o item. É preciso

maior entendimento sobre as diferentes formas

de regionalização do espaço mundial ao longo

dos tempos, atrelando essa divisão ao momento

histórico vigente. É preciso também que os alunos

saibam utilizar o fragmento de texto disponível na

questão como um instrumento de auxílio e apoio,

pois o item em análise oferecia subsídios para

auxiliar na marcação da resposta correta.

Não existe uma regionalização que divide os

países em antigos e novos. Dessa forma, o

aluno que marcou essa opção, letra A, pode ter

confundido e feito relação com o que usualmente

se chama de velho e novo mundo.

O mesmo ocorre com aqueles que optaram pela letra

C, ou seja, não existe uma regionalização entre países

grandes e pequenos, portanto está errada a resposta.

A geopolítica da Guerra Fria gerou uma divisão

dos países em socialistas e capitalistas. Os alunos

que optaram por essa resposta, letra D, erraram,

confundindo com a divisão ideológica que vigorou

dos anos 40-50 até os anos 80-90.

Aqueles que optaram pela letra E também erraram,

relacionando a divisão regional do mundo ao

papel exercido pela ONU na geopolítica mundial.

18+82A B C D E

19% 18,4% 35,8% 13,4% 13%

percentual de acerto

18,4%

28 SPAECE 2012

(G120065C2) Com o advento das novas tecnologias, o espaço industrial vem sofrendo grandes mudanças. A principal delas refere-se à criação de áreas de alto nível tecnológico no campo da microeletrônica.Essas áreas de alto nível tecnológico são A) as cybercidades.B) as universidades.C) os distritos.D) os laboratórios.E) os tecnopolos.

A habilidade avaliada no item requer do aluno a

capacidade de compreender como se configuram

os novos setores produtivos, a partir das novas

áreas onde se concentram as empresas com

tecnologias de ponta. O aluno deve entender

que esse processo cria áreas de excelência

tecnológica no ramo da pesquisa, enquanto a

parte de produção é disseminada em diferentes

áreas, geralmente sendo instaladas em países em

desenvolvimento.

Os alunos que marcaram a alternativa E acertaram

a resposta. Demonstraram compreender o

conceito de tecnopolo e sua importância em

abrigar empresas que desenvolvem tecnologias

a serem utilizadas por cidadãos de todo o globo.

Os tecnopolos, em sua maioria, são instalados

próximos a grandes centros universitários de

pesquisa, aproximando ensino e pesquisa.

Os alunos que escolheram as alternativas A,

B, C e D erraram a questão. É necessário que

aprofundem seus conhecimentos sobre as novas

configurações do espaço mundial, associadas

ao surgimento de áreas específicas de criação

de tecnologia de ponta. Ainda não dominam o

conceito de tecnopolo e sua importância para

a geração de milhares de empregos através do

uso das inovações tecnológicas criadas nesses

centros de excelência.

38+62A B C D E

18,8 15,7 7,3 20 37,9

percentual de acerto

37,9%

Revista Pedagógica 29

(H323EMG_482) Leia o texto abaixo.

Ilhas Maldivas buscam território por aumento do nível do mar

COLOMBO – O novo presidente das Ilhas Maldivas, Mohammed Nasheed, está tão preocupado com o aumento do nível do mar que acredita que os habitantes das ilhas que formam o país podem acabar tendo que se estabelecer em outros países. Com suas praias de areias brancas, palmeiras e mais de mil ilhas e atóis de coral banhadas pelas águas do Oceano Índico, as Maldivas, um ex-protetorado britânico, parecem um paraíso. Mas seu território está encolhendo a cada ano. No último século, o nível do mar em partes do arquipélago subiu quase 20 centímetros.

As Maldivas são a nação com a costa mais próxima ao nível do mar no mundo – seu relevo mais alto fica dois metros acima do nível do mar. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o nível do mar pode subir globalmente até quase 60 centímetros este século.

ILHAS Maldivas. 11 nov. 2008. Disponível em: <http://www.estadao.com.br>. Acesso em: 15 nov. 2008. Adaptado.

O problema ambiental responsável pelo fenômeno retratado nessa reportagem éA) o buraco na camada de ozônio.B) a eutrofização dos oceanos.C) a desertificação dos litorais.D) o aquecimento global.E) o assoreamento marinho.

Neste item, a habilidade avaliada é a de identificar

a influência do clima nas paisagens da Terra.

É preciso que o aluno compreenda que as

transformações, que vêm ocorrendo em diferentes

partes do globo, fazem parte de um conjunto de

ações produzidas pela interferência do homem

nos diferentes ecossistemas a partir das lógicas

produtivas consumistas.

Os alunos que assinalaram a alternativa D acertaram

a questão. Perceberam que as interferências

do homem no clima refletem diretamente na

vida das populações, principalmente, naquelas

que estão nas regiões de maior vulnerabilidade.

Apreenderam, ainda, que o aquecimento global

é fruto, em grande parte, da ação humana,

através do aumento da queima de gases de

combustíveis fósseis, do desmatamento e da

impermeabilização do solo. Ao marcar a opção

correta, os alunos demonstraram conhecer que

uma das consequências do aquecimento global

é o aumento do nível dos oceanos, fruto do

derretimento das geleiras.

Os alunos que marcaram as demais opções – A, B,

C ou E – precisam aprofundar seus estudos sobre

o tema em questão. É necessária a compreensão

de que o aquecimento global é um problema

do presente, agravado por ações dos homens a

partir de suas interferências no meio ambiente.

Desconhecem, ainda, que o aquecimento global

já tem provocado inúmeros problemas, como

alteração no nível das chuvas, tempestades,

furacões, aumento da seca em determinadas

regiões etc. Os alunos precisam entender que

a sobrevivência da vida no planeta requer uma

convivência harmoniosa entre homem e natureza.

A opção de resposta A também trata de um

problema atmosférico oriundo da emissão de

gases poluentes tóxicos, os CFCs, que contribuem

para a rarefação da camada de ozônio. Apesar

do texto suporte não abordar esse fenômeno,

os alunos podem ter confundido e associado às

transformações destacadas com o fenômeno

apresentado como resposta.

30 SPAECE 2012

Como a opção de resposta trata da eutrofização

dos oceanos e o texto suporte também exemplificar

o fenômeno através do que ocorre numa ilha,

os alunos que marcaram a opção B associaram,

equivocadamente, a eutrofização dos oceanos às

questões relacionadas ao aquecimento global.

A escolha pela alternativa C indica que os

alunos podem ter associado a palavra litoral

àquilo abordado no texto suporte, marcando a

opção errada.

Os que optaram por marcar como resposta o

fenômeno do assoreamento marinho, apresentado

na opção E, demonstraram desconhecer as

causas desse fenômeno e, também, as causas

que conduzem ao aumento do nível dos oceanos,

apresentados no texto suporte.

45+55A B C D E

10,5 21,6 9,8 45,5 12,2

percentual de acerto

45,5%

Revista Pedagógica 31

INTERVALOS DA ESCALA DE PROFICIÊNCIAHISTÓRIA

ATÉ 500 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Identificam, a partir de uma imagem, uma manifestação cultural do povo brasileiro;

• Reconhecem, a partir da leitura de um texto, a importância do voto para a prática

da democracia;

• Identificam, a partir da análise de uma fonte histórica, um acontecimento da História;

• Reconhecem, a partir da análise de imagens e textos, as transformações no uso da

tecnologia de comunicação em situações de guerra;

• Reconhecem, a partir da leitura de um texto, a ampliação dos direitos dos

trabalhadores na Constituição de 1988.

DE 500 A 550 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Identificam, através de imagens, elementos do patrimônio imaterial brasileiro;

• Reconhecem, a partir da interpretação de um texto, a importância do patrimônio

histórico-cultural para a preservação da memória e da identidade de diferentes

grupos e movimentos sociais;

• Identificam, a partir da localização de informações explícitas em um texto, as leis

trabalhistas como mecanismos de controle durante o período varguista;

• Compreendem, a partir da interpretação de um texto, os processos de orientação

para marcação do tempo em diferentes sociedades.

DE 550 A 600 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Identificam, a partir da localização da leitura de um texto, o significado do Dia

Nacional da Consciência Negra;

• Compreendem, a partir da análise de um texto, as mudanças da sociedade em

função do desenvolvimento científico;

• Identificam, a partir da análise de um texto, a Revolução Francesa como movimento

de oposição ao Absolutismo;

• Identificam, a partir da leitura de um texto, características do processo de

independência do Haiti

• Identificam conflitos de natureza étnica, de cunho religioso e/ou político,

na modernidade.

32 SPAECE 2012

DE 600 A 650 PONTO0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Reconhecem, a partir da leitura de textos, a importância dos rios, para a origem das

grandes civilizações da Antiguidade;

• Identificam, a partir da interpretação de uma charge, o conceito de tempo histórico;

• Identificam a importância do trabalho feminino no período da Primeira

Revolução Industrial.

DE 650 A 700 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Identificam, através de uma imagem, a arte rupestre como patrimônio histórico;

• Compreendem, a partir da interpretação de um texto, as diferentes interpretações

sobre os fatos históricos, como as guerras;

• Reconhecem, a partir da localização de informações explícitas em um texto, os

significados históricos das relações de poder entre as nações durante o Imperialismo;

• Compreendem, com base na análise de uma linha de tempo, como se deu o

encontro/desencontro entre os portugueses e os indígenas;

• Reconhecem, a partir da interpretação de um texto, a divisão tradicional da História

como uma sequência linear de acontecimentos baseada no tempo cronológico;

• Reconhecem que a divisão tradicional da História está baseada em uma

visão eurocêntrica;

• Identificam, a partir de uma charge, o papel do Poder Moderador na Constituição

Brasileira de 1824;

DE 700 A 750 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Identificam, a partir da interpretação de um texto, a influência das ideias

anarcossocialistas no movimento operário brasileiro no século XIX;

• Reconhecem relações de dominação cultural entre portugueses e índios na época

do descobrimento;

• Identificam, a partir de uma charge, a interferência dos EUA nos conflitos latino-

americanos.

Revista Pedagógica 33

ACIMA DE 750 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Reconhecem, a partir da interpretação de um texto, a Proclamação da República no

Brasil como um acontecimento de caráter militar;

• Compreendem o conhecimento histórico como saber construído pela ação e

participação do homem no processo histórico;

• Identificam, a partir da interpretação de um trecho de uma música, a Revolta da

Chibata como um movimento social dos marinheiros na República Velha;

• Reconhecem, a partir da leitura de um texto, as medidas higienistas da Revolta

da Vacina;

• Identificam, através da interpretação de um texto, a Cabanagem, como um

movimento popular do período Regencial;

• Analisam, a partir da interpretação de um texto, os impactos do uso da tecnologia

em situações de guerra e de conflitos sociais.

34 SPAECE 2012

(H110046E4) Observe a imagem abaixo.

Disponível em: <http://www.qdoq.jex.com.br/includes/imagem.php?id_jornal=16695&id_noticia=6>. Acesso em: 13 jul. 2012. (H110046E4_SUP)

Essa imagem representa a formação da identidade dos sujeitos por meio daA) cultura.B) economia.C) família.D) justiça.E) política.

Esse item objetiva avaliar a habilidade de os alunos

reconhecerem as diferentes manifestações sociais

e culturais como produtos e práticas materiais e

discursivas. Essa habilidade requer que os alunos

conheçam e valorizem a pluralidade do patrimônio

sociocultural brasileiro.

Para resolução do item, foi apresentado como suporte uma imagem da capoeira, manifestação cultural originária dos tempos da escravidão. Ao aluno caberia identificar a capoeira como uma manifestação cultural que contribui para a formação de identidades.

Os alunos que marcaram a letra A acertaram o item, reconhecendo a capoeira como prática construtora de identidades e imersa na estrutura cultural.

Os alunos que assinalaram as letras B, C, D e E desconhecem os elementos e as características que compõem e definem as estruturas que organizam a vida social, principalmente aquelas referentes à estrutura cultural e suas diversas formas de expressão e representação.

93+7A B C D E

93,1% 1,9% 2% 1,8% 1%

percentual de acerto

93,1%

Revista Pedagógica 35

(H110010E4) Leia o texto abaixo.

O homem pré-histórico era capaz de se expressar artisticamente através dos desenhos que fazia nas paredes de suas cavernas. Suas pinturas mostravam os animais e pessoas do período em que vivia, além de cenas de seu cotidiano (caça, rituais, danças, alimentação, etc.). Expressava-se também através de suas esculturas em madeira, osso e pedra. O estudo desta forma de expressão contribui com os conhecimentos que os cientistas têm a respeito do dia a dia dos povos antigos. Para fazerem as pinturas nas paredes de cavernas, os homens da Pré-História usavam sangue de animais, saliva, fragmentos de rochas, argila, etc.

Disponível em <http://www.suapesquisa.com>. Acesso em: 23 maio 2012. Fragmento. (H110010E4_SUP)

Esse texto é sobre a expressãoA) do homem antigo por meio da arte rupestre.B) do homem antigo por meio da pintura de pele.C) do índio brasileiro através da dança ritual.D) dos ancestrais ameríndios por meio da arte plumária.E) dos impérios africanos através da criação de máscaras.

Este item objetiva avaliar os alunos na habilidade de

compreender as representações e manifestações

sociais e culturais de diferentes sociedades sob o

princípio da diversidade.

A pintura rupestre feita pelos povos primitivos nas

paredes das cavernas é considerada uma forma de

registro da história e memória, uma representação

artística e cultural que reproduz cenas cotidianas

do homem pré-histórico.

Para resolução do item, foi apresentado o

fragmento de um texto que caracteriza a pintura

rupestre. Através desse texto, os alunos tiveram

que identificar a forma de expressão dos

povos primitivos.

Os alunos que assinalaram a letra A acertaram o

item, pois compreenderam, a partir dos elementos

presentes no texto, que a arte rupestre era uma

manifestação característica dos povos primitivos.

Os alunos que marcaram as letras B, C, D e E

compreenderam que a pintura da pele, as danças,

a arte plumária e as máscaras constituem, também,

símbolos e expressões artísticas e culturais dos

povos primitivos. Porém, essas manifestações

e símbolos culturais não foram apresentados

no texto/suporte do item, o qual anunciava,

claramente, que se tratava de uma arte pré-

histórica, feita nas paredes das cavernas, ou seja,

a pintura rupestre.

65+35A B C D E

65,2% 13% 9,3% 7,8% 4,4%

percentual de acerto

65,2%

36 SPAECE 2012

(H110058E4) Leia o texto abaixo.

[...] Salvador foi capital brasileira por 214 anos, entre 1549 e 1763. Sua escolha foi determinada pela posição estratégica que a Baía de Todos os Santos representava para os navegadores portugueses, já que por ali escoava a maior parte do pau-brasil extraído.

Em 1549, o governo português instituiu no Brasil o sistema de governos-gerais, enviando Tomé de Souza para ocupar o posto de primeiro governador-geral. Foi ele que fundou a capital, junto a uma colina onde antes havia uma vila e determinou que a cidade seguisse um traçado prévio.

Salvador tornou-se um porto de apoio às navegações para o Oriente e também porto exportador de açúcar, já que a cana-de-açúcar era cultivada no Recôncavo Baiano e na Zona da Mata do Nordeste. [...]

Disponível em: <http://www.igeduca.com.br/biblioteca/que-dia-e-hoje/fundacao-de-salvador-primeira-capital-do-brasil3232.html>. Acesso em: 30 maio 2012. Fragmento. (H110058E4_SUP)

De acordo com esse texto, a ação desempenhada pela Coroa Portuguesa em relação à colônia foi aA) aceleração da construção de cidades no interior. B) criação do sistema de capitanias hereditárias.C) implantação da centralização política colonial.D) modernização da produção de cana-de-açúcar.E) proteção do pau-brasil da extração intensiva.

Este item objetiva avaliar a habilidade dos alunos

em reconhecer as diversas instituições sociais

produzidas e legitimadas pelas relações de força

e poder.

Para resolução do item, foi apresentado o

fragmento de um texto que trata de aspectos

políticos e institucionais referentes à administração

portuguesa no Brasil colonial. Caberia aos alunos

reconhecer aspectos do domínio português na

colônia, destacadamente aqueles referentes aos

aspectos políticos e administrativos.

Os alunos que marcaram a letra A não

reconheceram que a montagem do sistema

colonial português no Brasil iniciou-se na região

litorânea, rica em pau-brasil.

Os alunos que optaram pela letra B reconheceram

que o texto referia-se à centralização da política

e da administração colonial, fato realizado através

da criação do Governo-Geral.

Os alunos que assinalaram a letra C acertaram

o item, reconhecendo a política portuguesa de

centralizar a administração no Brasil colonial.

Os alunos que marcaram a letra D reconheceram

no texto a busca portuguesa pelo lucro com o

comércio do açúcar no nordeste brasileiro, porém

não reconheceram que a produção não era

realizada por estrutura produtiva modernizante.

Os alunos que optaram pela letra E não

reconheceram que, durante o período apresentado

no fragmento do texto, o principal produto de

exportação era a cana de açúcar, além do referido

texto não mencionar a exploração do pau-brasil.

25+75A B C D E

13,1% 22,8% 24,7% 22,7% 16,4%

percentual de acerto

24,7%

Revista Pedagógica 37

(H110070E4) Leia o texto abaixo.

Para se decidir essas questões de suma importância local, a Câmara Municipal era composta por um grupo de vereadores presidido por um juiz. Esses cargos exercidos no ambiente da Câmara eram reservados somente aos grandes proprietários de terra daquela localidade. Aqueles que escolhiam ou exerciam esses cargos eram usualmente chamados de homens bons. Escravos, mulheres, mulatos e, durante algum tempo, nem mesmo os comerciantes poderiam integrar o corpo diretivo de uma Câmara.

Disponível em:< http://www.brasilescola.com/historiab/camaras-municipais.htm>. Acesso em: 25 jul. 2012. (H110070E4_SUP)

De acordo com esse texto, o grupo social, que participava das Câmaras Municipais durante o período colonial brasileiro era A) as mucamas.B) as senhoras.C) os comerciantes.D) os latifundiários.E) os mulatos.

Este item tem por objetivo avaliar a habilidade

dos alunos em identificar as características das

diferentes formas, regimes e sistemas de governo,

em momentos históricos distintos.

No caso específico deste item, caberia aos alunos

identificar o grupo social que dominava as Câmaras

Municipais, durante o período colonial brasileiro,

grupo comumente denominado de “homens bons”

ou elite colonial.

Os alunos que assinalaram a letra A não

identificaram o significado de mucamas, as quais

eram negras escravas excluídas do mundo político

e social.

Os alunos que marcaram a letra B não identificaram

que durante o período colonial somente os homens

participavam do jogo político.

Os alunos que assinalaram a letra C não

identificaram que grande parte do poder político e

econômico estava concentrado nas mãos da elite

colonial, marcada pelos grandes proprietários de

terras e escravos.

Os alunos que optaram pela letra D acertaram

o item, pois identificaram o poder político e

econômico dos latifundiários no Brasil colonial, os

quais detinham os cargos da Câmara Municipal.

Os alunos que marcaram a letra E não identificaram

que os mulatos ou afrodescendentes estavam

excluídos do poder político, econômico e social no

período colonial brasileiro.

52+48A B C D E

6,3% 7,7% 19,8% 52,5% 13,4%

percentual de acerto

52,5%

38 SPAECE 2012

INTERVALOS DA ESCALA DE PROFICIÊNCIAFILOSOFIA

ATÉ 500 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Identificam a atividade do filósofo como um exercício de autorreflexão.

DE 500 A 550 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Reconhecem mudanças na organização familiar ao longo do tempo, tendo em vista

valorações implícitas nos processos de constituição de memórias e representações.

DE 550 A 650 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Identificam, a partir da análise de um texto, as noções de natureza e técnica na

Grécia Antiga;

• Identificam a característica de instantaneidade da linguagem televisiva.

DE 650 A 700 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Reconhecem características do cientificismo;

• Reconhecem características do etnocentrismo.

DE 700 A 750 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Reconhecem, a partir de textos, a constatação de conclusões baseadas no método

lógico-dedutivo.

ACIMA DE 750 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Reconhecem, a partir da interpretação de um texto, as características do

conhecimento cientifico;

• Reconhecem, a partir da análise de um texto, o mito, a ciência, o senso comum e a

arte como formas de conhecimento humano;

• Reconhecem o conceito de mito, a partir da interpretação de textos;

• Reconhecem, a partir da análise de um texto sobre a filosofia grega, características

da organização da natureza.

Revista Pedagógica 39

(Y110021E4) Leia o texto abaixo.

[...] Foi somente a partir de determinadas condições (navegações, uso e invenção do calendário e da moeda, a criação da democracia que preconizava o uso da palavra, bem como a publicidade das leis etc.) que o modelo mítico foi sendo questionado e substituído por uma forma de pensar que exigia outros critérios para a confecção de argumentos. Surge a Filosofia como busca de um conhecimento racional, sistemático. [...]

Disponível em: <http://www.brasilescola.com/filosofia/mito-filosofia.htm>. Acesso em: 22 ago. 2012. Fragmento. (Y110021E4_SUP)

De acordo com esse texto, na Grécia antiga, a Filosofia substituiu em grande escala a interpretação mítica da realidade, poisA) as condições de vida exigiam um conhecimento racional do mundo.B) as instituições religiosas desenvolveram uma nova metodologia.C) atingiu o patamar de conhecimento divino.D) fundamentou uma verdade absoluta.E) recusou o questionamento da realidade.

Este item avalia a habilidade de diferenciar as

noções de mito e de filosofia, identificando,

ainda, condições que possibilitaram o surgimento

da filosofia na antiguidade clássica. Os alunos

puderam contar com um texto para auxiliá-los a

resolver o item.

Os alunos que marcaram a alternativa A

demonstraram ter desenvolvido a habilidade

exigida pelo item, pois reconheceram que as

condições de vida, na Grécia Antiga, demandaram

progressivamente um conhecimento racional

do mundo.

Os alunos que assinalaram a alternativa B se

equivocaram ao marcar a resposta, provavelmente,

porque confundiram a interpretação mítica com

a interpretação da realidade realizada pelas

instituições religiosas. Esses alunos não se

atentaram para o fato de que as instituições

religiosas são posteriores às explicações míticas

da antiguidade grega.

Os alunos que selecionaram a alternativa C

equivocaram-se, pois, possivelmente, identificaram

a filosofia como produtora de um conhecimento

divino em vez de associá-la à produção do

conhecimento racional.

Os alunos que fizeram opção pela alternativa

D erraram a resposta, provavelmente, porque

associarem à filosofia um saber que não pode

ser questionado, portanto, absoluto. Esses alunos

demonstraram não ter adquirido a habilidade

avaliada pelo item.

Os alunos que apontaram a alternativa E indicaram

erroneamente a resposta, pois afirmaram que a

filosofia recusou o questionamento da realidade.

Mas, na verdade, a filosofia substituiu o mito

porque se dedicou a questionar a realidade.

50+50A B C D E

49,8% 15% 10,7% 14,2% 9,8%

percentual de acerto

49,8%

40 SPAECE 2012

(Y110001E4) Leia o texto abaixo.

Sendo a nossa sociedade tão fortemente dependente das descobertas científicas, torna-se pois necessário formular perguntas que equacionem a relação da ciência com a sociedade, e mais concretamente sobre o papel que essa ciência desempenha na vida das pessoas. É que apesar de vermos constantemente o nosso cotidiano invadido por produtos derivados das descobertas científicas, não é menos certo que a ciência não pode resolver todos os problemas que se colocam ao Homem. Não nos podemos, pois iludir relativamente às potencialidades da ciência; devemos ter consciência dos seus limites, daquilo que ela pode ou não pode dar à sociedade.

SANTOS, Boaventura Sousa. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2008, p.57. (Y110001E4_SUP)

Esse texto apresenta uma reflexão sobre aA) falta de perspectiva para uma sociedade que está à mercê da ciência.B) função da ciência no aprimoramento cotidiano, mesmo com limites.C) importância do homem reconhecer que a ciência resolve todos os seus problemas.D) percepção de que a nossa sociedade deveria confiar cegamente na ciência.E) pouca importância da ciência para o desenvolvimento social, material e tecnológico.

Este item apresenta um texto sobre o papel da

ciência na atualidade e foi utilizado para avaliar

a habilidade de identificar a influência da ciência

na sociedade contemporânea. O texto destaca

também que a ciência, mesmo promovendo

inúmeros avanços, não é capaz de solucionar todos

os problemas enfrentados pelos seres humanos.

Os alunos que assinalaram a alternativa A demonstram

não ter desenvolvido a habilidade exigida pelo item,

pois o texto não indica que há falta de perspectiva na

sociedade e nem que ela está à mercê da ciência.

Os alunos que indicaram a alternativa B acertaram

a resposta porque a ciência impulsiona as

descobertas essenciais para o desenvolvimento

da sociedade, entretanto, aquela possui limites.

Esses alunos indicaram que já desenvolveram a

habilidade avaliada.

Os alunos que optaram pela alternativa C

provavelmente possuem uma concepção de que

a ciência tem condição de equacionar todos os

problemas humanos. No entanto, esta concepção

está em desacordo com o texto, portanto eles não

acertaram a resposta.

Os alunos que selecionaram a alternativa D erraram

a resposta. Possivelmente, não conseguiram

compreender o texto ou enfatizaram outro aspecto

como o fato do nosso cotidiano estar repleto de

produtos provenientes das descobertas científicas

para afirmar que devemos confiar cegamente

na ciência.

Os alunos que elegeram a alternativa E ainda

não desenvolveram a habilidade trabalhada pelo

item uma vez que indicaram que a ciência possui

pouca importância para o desenvolvimento social,

material e tecnológico.

36+64A B C D E

26,5% 36,3% 16% 10,5% 10,5%

percentual de acerto

36,3%

Revista Pedagógica 41

INTERVALOS DA ESCALA DE PROFICIÊNCIASOCIOLOGIA

ATÉ 500 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Analisam, a partir de imagens, diferenças nos usos de objetos técnicos de acordo

com a classe social;

• Identificam, a partir de imagens, diferentes formas de organização dos

movimentos sociais;

• Identificam, a partir de textos, as mudanças nos padrões de comunicação;

• Identificam, a partir de textos, os fenômenos da desigualdade econômica;

• Reconhecem os valores que permeiam e orientam a vida social no mundo

contemporâneo: a padronização, o consumismo e a competitividade.

DE 500 A 550 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Analisam, a partir de textos, a desigualdade entre homens e mulheres na

representação política.

DE 550 A 600 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Compreendem a luta do movimento feminista na busca pelos direitos das mulheres.

• Identificam, a partir de textos, as possibilidades abertas pela internet para a

mobilização política;

• Compreendem, a partir da leitura de textos, a preocupação da sociologia em

investigar as relações sociais.

DE 600 A 650 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Analisam, através de imagens, a visão dos europeus sobre as sociedades indígenas;

• Compreendem, a partir da leitura de textos, que a construção de calendário pode

ser entendida como uma construção cultural e histórica, o que justifica as diversas

concepções de contagem de tempo;

• Identificam, a partir de textos, aspectos relacionados à consolidação da cidadania.

ACIMA DE 650 PONTOS0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850

• Identificam, a partir de textos, relações sociais de xenofobia ocorridas no

continente Europeu;

• Identificam, a partir de textos, a relativização das culturas como um dos valores

principais da sociologia;

• Analisam o processo de valorização da cultura europeia em detrimento à cultura

dos povos colonizados por países deste continente.

42 SPAECE 2012

(S100012C2) Leia o texto abaixo.

Dados apresentados ontem, em Brasília, na abertura da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, apontam que [...] a proporção de mulheres no Parlamento brasi-leiro é de apenas 9%. Essa representação só é maior do que a de países como Belize, São Cris-tóvão e Névis, Haiti e Colômbia. A maior representação da região é encontrada em Cuba (43%), seguida por Argentina (40%) e Costa Rica (37%). O acesso das mulheres à tomada de decisões políticas e às políticas públicas é o principal desafio nacional, segundo avaliação da secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena.

Disponível em: <http://www.feminismo.org.br/livre/index.php?option=com_content&view=article&id=1731:ha-pouca-representacao-feminina-no-congresso&catid=58:violencia&Itemid=386>. Acesso em: 17 ago. 2011.

Os dados mobilizados, nesse texto, dizem respeito à desigualdade entre homens e mulheresA) na produção cultural.B) na renda econômica.C) na representação política.D) no acesso à internet.E) no mercado consumidor.

Revista Pedagógica 43

A habilidade avaliada nesse item é verificar

se o aluno consegue identificar, através de

dados estatísticos, as diferenças de gênero,

como indicadores de desigualdades nas

distintas sociedades; nesse caso em especial,

desigualdade em termos de representatividade

feminina na esfera política. A fim de ilustrar melhor

essa temática, é utilizado um texto de apoio, que

pontua a distinção por gênero na representação

política da América Latina e do Caribe. Em meados

do século XX, Simone Beauvoir já discorria

sobre o assunto, em sua obra O Segundo Sexo,

destacando as disparidades impostas socialmente

ao sexo masculino e ao sexo feminino. Nas

últimas décadas, principalmente por pressão do

movimento feminista, houve uma inserção das

mulheres tanto no mercado de trabalho quanto no

cenário político. Entretanto, ainda, é um desafio

para as nações desconstruírem os estereótipos e

preconceitos quanto à capacidade da mulher em

exercer cargos administrativos no setor político.

Os alunos que escolheram a alternativa A, ainda,

não desenvolveram a habilidade avaliada pelo

item, pois os dados estatísticos apresentados

não se referem à produção cultural. Os alunos

que escolheram a alternativa B ainda não

desenvolveram a habilidade avaliada pelo item,

pois os dados estatísticos apresentados não se

referem às desigualdades econômicas. De fato,

a discrepância da renda econômica entre o sexo

masculino e feminino ainda é acentuada, no

entanto, o texto citado pontua que a participação

da mulher na esfera política é bem menor que a

participação dos homens, o que torna esse fato

um desafio a ser superado

Os alunos que assinalaram a alternativa C

revelaram já ter desenvolvido a habilidade avaliada

pelo item, pois conseguiram perceber que os

dados mobilizados nesse texto dizem respeito às

desigualdades entre homens e mulheres no que

se refere à representação política. O texto pontua

que há poucas mulheres ocupando cargos nos

parlamentos da América Latina e que existe uma

restrição quanto ao acesso das mesmas à tomada

de decisões políticas.

Os alunos que escolheram a alternativa D, ainda,

não desenvolveram a habilidade avaliada pelo

item, pois os dados estatísticos apresentados não

se referem ao acesso à internet. A exclusão digital

pode ser decorrente da desigualdade econômica

e social de determinadas sociedade, mas esse não

é o tema tratado pelo texto.

Os alunos que escolheram a alternativa E não

desenvolveram a habilidade avaliada pelo item,

pois os dados estatísticos apresentados não se

referem ao mercado consumidor.

63+37A B C D E

8,1% 15,1% 63,3% 5,4% 7,9%

percentual de acerto

63,3%

44 SPAECE 2012

(S110020E4) Leia o texto abaixo.

Efeitos dos computadores e Internet na sociedade

Sem nos apercebermos, a tecnologia está a nos ultrapassar. Com a invenção do computador e da internet as possibilidades são ilimitadas. A sociedade está a mudar abruptamente e a uma grande velocidade sem fim à vista num futuro próximo. Toda esta mudança está a lidar com os computadores e os efeitos que provocarão na maneira como viveremos “amanhã” [...].

COCKBILL, Kat. Disponível em: <http://digartmedia.wordpress.com/2009/06/07/efeitos-dos-computadores-e-internet-na-sociedade/>.

Acesso em: 19 jan. 2012. Fragmento. (S110020E4_SUP)

Nesse texto, a internet é entendida como um meio de comunicação socialA) estagnado, uma vez que suas ferramentas despossuem suporte tecnológico. B) medieval, em que as pessoas trocam informações por meios rudimentares.C) provisório, já que sua utilização se deve intrinsecamente à questões profissionais.D) revolucionário, capaz de encurtar o tempo e a distância entre as pessoas.E) ultrapassado, pois as relações sociais se mantiveram inalteradas.

A habilidade avaliada nesse item é verificar

se o aluno consegue identificar os meios de

comunicação social (nesse exemplo, a internet)

como instrumento facilitador da integração

de indivíduos e/ou grupos. Do ponto de vista

sociológico, sabemos que a mesma afeta

radicalmente o compartilhamento de informações

e conhecimento entre os indivíduos. Autores como

Manuel Castells e Pierre Lévy apontam a formação

de uma “sociedade em rede” ou de uma geração

“cibercultural” na sociedade contemporânea,

na qual o tempo e as distâncias são encurtados

por meio de fluxos de informações ilimitados.

Para medir o conhecimento dessa habilidade, foi

utilizado um texto cujo tema está presente no

cotidiano escolar dos alunos que se encontram na

etapa de escolarização avaliada.

Os alunos que escolheram a alternativa A, ainda,

não desenvolveram a habilidade avaliada pelo

item, pois não compreenderam a importância da

internet como um meio de comunicação social;

mesmo porque as ferramentas comunicacionais

expostas no texto, tais como os computadores e

a internet, possuem suporte tecnológico capaz

de aumentar significativamente os fluxos de

informações, em escala mundial, mudando assim

também as relações sociais.

Os alunos que escolheram a alternativa

B não conseguiram identificar os papeis

desempenhados pelas novas mídias em nosso

cotidiano, entendendo, erroneamente, que as

mesmas podem ser entendidas como medievais.

Tal afirmação é falaciosa, pois, segundo o próprio

Revista Pedagógica 45

texto, com a invenção do computador e da internet

as possibilidades de inovação são ilimitadas,

principalmente, pelo fato de as pessoas passarem

a trocar informações por meio da interação on-line.

Os alunos que escolheram a alternativa C

identificaram, erroneamente, a internet como

um meio de comunicação provisório. Grandes

avanços podem ser constatados em relação

às novas tecnologias, o que caracteriza uma

constante inovação. De fato, em alguns locais,

principalmente nas regiões mais pobres do

mundo, há ainda uma exclusão digital e, em outros

espaços, o acesso às novas tecnologias é limitado

às questões profissionais. No entanto, não é esse

o assunto tratado pelo fragmento textual, já que

o mesmo aponta para uma constante inovação

tecnológica do ciberespaço.

Os alunos que escolheram a alternativa D já

desenvolveram a habilidade avaliada pelo

item, pois conseguiram compreender que a

internet é um meio de comunicação importante

e revolucionário, na medida em que é capaz de

encurtar o tempo e a distância entre as pessoas e

promover novas formas de sociabilidade, em um

contexto social permeado por conexões até nas

áreas mais remotas do planeta. A cibercultura,

portanto, permite a interação entre os indivíduos,

independentemente do tempo e do espaço,

promovendo, assim, novos contornos sociais.

Os alunos que escolheram a alternativa E

identificaram erroneamente a internet como um

meio de comunicação ultrapassado. Ao contrário,

ela tem construído possibilidades de interação

ilimitadas, seja por meio das suas redes sociais, ou

através dos seus canais de informações como os

portais e blogs, Messenger, Orkut, twitter. Tendo

em vista a criação constante de novas ferramentas

virtuais, a internet se renova e se modifica,

constantemente, alterando a sociabilidade e a

relação entre os indivíduos.

62+38A B C D E

9,8% 9,7% 7,6% 61,6% 11,1%

percentual de acerto

61,6%

46 SPAECE 2012

(S100021C2) Leia o texto abaixo.

Nos últimos anos, tornou-se impossível conceber formas contemporâneas de interação entre in-divíduos ou grupos sem que a referência a direitos esteja presente [...]. Em todo mundo, porém, mil-hões de indivíduos e grupos ainda lutam para ingressar no universo dos direitos e das liberdades.

CARVALHO, Maria Alice Rezende de. “Cidadania e Direitos”. In: Agenda brasileira: Temas de uma sociedade em mudança.

São Paulo: Companhia das Letras, 2011. Adaptado.

A qual “fenômeno” a autora se refere?A) À afirmação da escravidão.B) À ampliação da industrialização.C) À consolidação da cidadania. D) À expansão da globalização.E) À proliferação das redes sociais.

A habilidade avaliada nesse item é verificar se

o aluno consegue relacionar o exercício dos

direitos civis e políticos ao exercício da cidadania.

Autores como José Murilo de Carvalho apontam

que o longo caminho da cidadania, no Brasil

especificamente, diz respeito à participação de

cada indivíduo no terreno público, daquilo que é

comum a todos. Assim, a aspiração à cidadania

por parte de milhões de indivíduos e grupos

envolve movimentos socialistas, na busca de

igualdade de oportunidades e na perpetuação de

movimentos emancipatórios perante os governos

e o próprio sistema capitalista. Sabemos que

a cidadania no nosso país foi uma conquista

gradativa, rompendo com os ditames das elites

ruralistas e agrárias, com o modelo patriarcalista

e patrimonialista de domínio social. Segundo

Wanderley Guilherme dos Santos, em meados

do século XX, constituiu-se no país a “cidadania

regulada”, vinculando os objetivos políticos do

estado getulista com os direitos sociais, restritos

apenas aos trabalhadores. Portanto, do ponto de

vista sociológico, espera-se que esse conteúdo

tenha sido amplamente divulgado em sala de aula,

não só pela obrigatoriedade curricular, mas por ser

um tema relacionado com o cotidiano dos alunos,

que se encontram na etapa de escolarização

avaliada.

Os alunos que escolheram a alternativa A ainda

não desenvolveram a habilidade avaliada pelo

item, pois relacionaram erroneamente o fenômeno

citado no texto com a afirmação da escravidão.

Assim, a última frase do texto pode ser relacionada

com a busca de autonomia de alguns grupos sobre

o domínio de outros, tal como a emancipação

quanto à propriedade de um ser humano sobre

os outros, ou seja, a abolição de um processo de

escravidão. No entanto, o conteúdo textual, como

um todo, ao se referir a direitos, nos últimos anos,

diz respeito ao fenômeno de consolidação da

cidadania.

Os alunos que escolheram a alternativa B ainda

não desenvolveram a habilidade avaliada pelo

item, pois o fenômeno abordado no texto não trata

Revista Pedagógica 47

do processo de expansão da industrialização, nem

mesmo sobre qualquer procedimento de inovação

tecnológica no setor industrial. Tal fato permite afirmar

que a escolha da resposta foi feita de forma dedutiva,

sem conhecimento adequado quanto ao fenômeno

referenciado pelo texto, que é a consolidação

da cidadania.

Os alunos que escolheram a alternativa C revelaram

já ter desenvolvido a habilidade avaliada pelo item,

pois conseguiram associar o fenômeno descrito no

texto ao exercício e à consolidação da cidadania. Eles

identificaram que o fenômeno descrito no texto se

refere à consolidação da cidadania, a qual acontece

por meio da expansão dos direitos e através da

luta de milhões de indivíduo e grupos na busca de

liberdade e igualdade social.

Os alunos que elegeram a alternativa D possivelmente

confundiram as informações fornecidas no texto com

a expansão da globalização, uma vez que a mesma

tem possibilitado uma maior interação dos fluxos

comunicacionais. No entanto, essa aproximação

relatada no texto quanto à aproximação de indivíduos

e grupos na luta por direitos refere-se ao fenômeno

da cidadania e não a globalização.

Os alunos que escolheram a alternativa E ainda não

desenvolveram a habilidade avaliada pelo item, pois

associaram erroneamente o fenômeno descrito

no texto à proliferação de redes sociais. De fato,

entendemos que, nos últimos anos, a proliferação

das redes sociais permitiu a criação de uma série

de comunidades reforçando assim a identidade de

inúmeros grupos sociais; contudo, o fenômeno de

expansão da cidadania aconteceu muito antes do

advento da internet e foi através do contato face a

face entre os indivíduos, por meio dos chamados

movimentos sociais: feminista, estudantil,

entre outros.

44+56A B C D E

23,3% 8,8% 44,3% 14% 9,3%

percentual de acerto

44,3%

48 SPAECE 2012

(S120001C2) Leia o texto abaixo.

“Eu tenho uma antena parabólica na minha casa e sei tudo o que se passa na Europa, mas não sei quem mora no meu prédio, nem conheço bem a minha rua.”

(Anônimo)Disponível em: <http://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/477>. Acesso em: 8 ago. 2011.

A qual fenômeno esse texto se refere?A) À globalização.B) À migração.C) Ao consumismo.D) Ao nacionalismo.E) Ao regionalismo.

A habilidade avaliada nesse item é verificar se o

aluno consegue identificar a globalização como

um processo econômico e social que estabelece

uma integração entre os países e entre as pessoas

de todo o mundo. Através deste processo, as

pessoas, os governos e as empresas trocam ideias,

realizam transações financeiras e comerciais e

espalham aspectos culturais pelos quatro cantos

do planeta. O conceito de Aldeia Global se

encaixa neste contexto, pois está relacionado com

a criação de uma rede de conexões, que deixam

as distâncias cada vez mais curtas, facilitando

as relações culturais e econômicas de forma

rápida e eficiente. Essas mudanças consistem

na mundialização do espaço geográfico e têm

sido acompanhadas de uma intensa revolução

nas tecnologias de informação tais como

telefones, computadores e televisão. De acordo

com as teorias sociológicas, como a de Antony

Giddens, a globalização tem sido um “fenômeno

de dois gumes”, pois, ao mesmo tempo em que

aconteceu o desenvolvimento das instituições

sociais modernas e sua difusão em escala global,

associadas aos avanços tecnológicos, criou-se,

consequentemente, um cenário que contribuiu

para que os seres humanos gozassem de uma

vida melhor. Por outro lado, passamos a residir

num mundo demasiadamente perigoso e cheio de

riscos, decorrentes da competição capitalista, da

exclusão social, da formação de novas identidades

e do acentuamento do individualismo globalizado.

O último vem se expressando na absolutização

do ter, do poder e do prazer. Assim, Lipovetsky

afirmou que, no momento atual, vivemos a era

da tecnociência e que a globalização fortaleceu

o individualismo e o avanço técnico-científico.

Assim sendo, para avaliar essa habilidade, foi

utilizado um pequeno fragmento textual cuja

linguagem e temática podem ser consideradas

familiares a alunos que se encontram na etapa de

escolarização avaliada.

Os alunos que marcaram a alternativa A revelaram

já ter desenvolvido a habilidade avaliada pelo

item, pois conseguiram perceber que o fluxo de

informações fornecidas pela “antena parabólica”

diz respeito aos avanços tecnológicos dos meios

de comunicação, em escala global. Ao mesmo

tempo, o afastamento social relatado pelo

“anônimo” refere-se à intensificação do isolamento

individual, uma vez que ambos são consequências

do advento da globalização.

Revista Pedagógica 49

Os alunos que escolheram a alternativa B ainda

não desenvolveram a habilidade avaliada pelo

item, pois identificaram, erroneamente, no texto

o fenômeno da migração; esta consiste no ato da

população deslocar-se espacialmente, ou seja,

pode se referir a troca de país, estado, região,

município ou até de domicílio. No fragmento textual,

a antena parabólica aparece como importante

ferramenta no processo de globalização, pois

permite uma interação entre diferentes culturas,

sem que, para isso, o individuo precise sair de

sua casa. Por conta disso, se tem um amento dos

fluxos informacionais, através da mídia televisiva,

que permite o contato – mesmo a distância, com

outros povos e países.

Os alunos que escolheram a alternativa C ainda

não desenvolveram a habilidade avaliada pelo

item, pois identificaram erroneamente no texto

o fenômeno do consumismo. Segundo Raquel

Ribeiro, a prática consumista possui diferentes

funcionalidades e influências. Sendo assim,

a prática consumista, pode ser entendida

como instrumental - agente de satisfação de

necessidades e desejos; como informativa - como

marcador de sucesso, poder e distinções sociais;

e como expressiva - sendo comunicador e tradutor

simbólico de estados de espírito e identidades. De

fato, esse processo tem influências do processo

de globalização; no entanto, esse fenômeno

não condiz com as informações presentes no

fragmento textual.

Os alunos que escolheram a alternativa D ainda

não desenvolveram a habilidade avaliada pelo

item, pois identificaram erroneamente no texto

o nacionalismo. O texto não relata uma forma de

consciência de grupo, de pertencimento ou de

ligação a uma nação; ao contrário, o fragmento

textual apresenta o fenômeno da globalização

como um fenômeno social que expande as

fronteiras territoriais, na medida em que os diversos

povos podem interagir entre si, independente da

distância entre eles.

Os alunos que escolheram a alternativa E ainda

não desenvolveram a habilidade avaliada pelo

item, pois identificaram erroneamente no texto o

regionalismo. O texto não relata as peculiaridades

de um determinado local, tais como os aspectos

culturais, sociais e políticos; mas aborda a questão

do fenômeno da globalização.

54+46A B C D E

53,6% 11,9% 19,6% 7,2% 7,4%

percentual de acerto

53,6%

50 SPAECE 2012

Revista Pedagógica 51

3

Os resultados desta escola no SPAECE 2012 são apresentados sob seis aspectos, sendo que quatro deles estão

impressos neste boletim. Os outros dois, que se referem aos resultados do percentual de acerto no teste, estão

disponíveis no Portal da Avaliação, pelo endereço eletrônico www.spaece.caedufjf.net. O acesso aos resultados no

Portal da Avaliação é realizado mediante senha enviada ao gestor da escola.

OS RESULTADOS DESTA ESCOLA

52 SPAECE 2012

RESULTADOS DISPONÍVEIS NO PORTAL DA AVALIAÇÃO

• Percentual de acerto por descritor:

Apresenta o percentual de acerto no teste para cada uma das habilidades avaliadas.

Esses resultados são apresentados por CREDE/município, escola, turma e aluno.

• Resultados por aluno:

É possível ter acesso ao resultado de cada aluno na avaliação, sendo informado o

Padrão de Desempenho alcançado e quais habilidades ele possui desenvolvidas em

Ciências Humanas para a 3ª série do Ensino Médio. Essas são informações importantes

para o acompanhamento de seu desempenho escolar.

RESULTADOS IMPRESSOS NESTE BOLETIM

• Proficiência média

Apresenta a proficiência média desta escola. É possível comparar a proficiência com

as médias da rede de ensino e CREDE/município. O objetivo é proporcionar uma visão

das proficiências médias e posicionar sua escola em relação a essas médias.

• Participação

Informa o número estimado de alunos para a realização do teste e quantos, efetivamente,

participaram da avaliação por rede de ensino, CREDE/município e escola.

• Evolução da proficiência média

Permite acompanhar o percentual de alunos distribuídos por Padrões de Desempenho

na avaliação realizada.

• Percentual de alunos por nível de proficiência

Apresenta a distribuição dos alunos ao longo dos intervalos de proficiência da rede de ensino,

CREDE/município e escola. Os gráficos permitem identificar o percentual de alunos para cada

nível de proficiência em cada um dos Padrões de Desempenho. Isso será fundamental para

planejar intervenções pedagógicas, voltadas à melhoria do processo de ensino e à promoção

da equidade escolar.

Revista Pedagógica 53

4

Os artigos a seguir apresentam uma sugestão para o trabalho de uma competência em sala de aula. A proposta

é que o caminho percorrido nessas análises seja aplicado para outras competências e habilidades. Com isso, é

possível adaptar as estratégias de intervenção pedagógica ao contexto escolar no qual atua para promover uma

ação focada nas necessidades dos alunos.

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES

54 SPAECE 2012

A GEOGRAFIA E OS DESAFIOS DO ENSINO MÉDIO:

Reflexões sobre as transformações dos espaços geográficos

Os Parâmetros Curriculares Nacionais destacam a importância da inserção da

Geografia no contexto das Ciências Humanas no Ensino Médio. O documento enfatiza

que o trabalho com os conceitos geográficos na interpretação e compreensão dos

processos e dinâmicas do espaço geográfico é fundamental para o desenvolvimento

de diversas habilidades e competências. Para tanto, é preciso que os alunos construam

conhecimentos, dominem categorias, operem com conceitos e procedimentos

básicos com os quais esse campo do conhecimento trabalha e constitui suas

teorias e explicações, de modo que possam não apenas compreender as relações

socioespaciais e o funcionamento da natureza às quais historicamente pertencem,

mas que também procurem conhecer e saber utilizar uma forma singular de pensar e

inferir sobre a realidade.

Entendida por essa perspectiva, a Geografia escolar deve permitir ao aluno

compreender o espaço geográfico onde ele está inserido para nele viver e conviver

com outros sujeitos em sociedade. Desde os anos iniciais da educação escolar, os

alunos têm contato com conteúdos curriculares e, através deles, passam a produzir

saberes que lhes possibilitam fazer uma leitura do mundo segundo as diversas

linguagens utilizadas pela ciência geográfica.

Quanto às especificidades curriculares, as Diretrizes Curriculares Nacionais para

o Ensino Médio indicam que o ensino da Geografia deve fundamentar-se em um

corpo teórico-metodológico baseado nos conceitos de natureza, paisagem, espaço,

território, região, rede, lugar e ambiente, incorporando também dimensões de análise

que contemplam os conceitos de tempo, cultura, sociedade, poder e relações

econômicas e sociais. Considera ainda como referência os pressupostos da Geografia

como ciência que estuda as formas, os processos, as dinâmicas dos fenômenos que

se desenvolvem por meio das relações entre a sociedade e a natureza, constituindo o

espaço geográfico.

Considerando o Ensino Médio como a fase da Educação Básica em que o aluno adquire

uma cultura geral, abarcando todas as áreas do conhecimento, entende-se que esse

Revista Pedagógica 55

seja o momento de sistematização dos saberes, abrindo um leque

de perspectivas na busca não só de sua formação para cidadania,

mas também de possibilidades de profissionalização. O conteúdo

das ciências trabalhado nas diversas disciplinas dá ao aluno uma

visão geral do funcionamento do mundo e da vida.

Habilidades fundamentais na leitura de mundo pela Geografia

A Matriz de Referência das avaliações na área de Ciências Humanas

e suas Tecnologias traz um conjunto de temas que se desdobram

em habilidades a serem avaliadas nos testes de Geografia do

Ensino Médio e que envolvem os conteúdos fundamentais para a

compreensão das complexas realidades socioespaciais, resultantes

de diferentes processos e dinâmicas geográficas. Diversos agentes

atuam para que, no atual período de globalização e fragmentação do

espaço geográfico, as fronteiras, os limites, as regiões, os territórios,

enfim, estejam em constantes e profundas mutações. São essas

realidades, mutantes em suas dinâmicas e processos, que os alunos

precisam compreender, identificar, caracterizar, analisar, classificar,

cartografar etc.

Características marcantes do meio técnico-científico-informacional

do mundo contemporâneo, a velocidade, a instantaneidade e

a simultaneidade com que são transmitidas informações entre

diferentes lugares, próximos ou distantes, fazem deles lugares

mundiais, possíveis de intensas conexões. A comunicação e a

circulação de informações – dados, ideias, decisões, normas,

dinheiro, pessoas e ações – ocorrem, instantaneamente, nos mais

variados lugares e com intensidades e forças diferenciadas.

Isso nos ajudar a clarear o entendimento de que a análise geográfica

e sua função alfabetizadora, no Ensino Médio, deve aprofundar a

leitura das contínuas relações das sociedades com o espaço

geográfico, nos seus mais diversos lugares da superfície terrestre.

56 SPAECE 2012

"É fundamental a

análise das interações

que se estabelecem

entre as sociedades

e seus espaços,

assim como dos

diferentes agentes

que constituem,

transformam e são

transformados pelo

espaço geográfico. "

A Geografia contemporânea tem privilegiado o saber sobre o espaço

geográfico em suas diferentes escalas de análise. Reafirmamos,

portanto, que, como disciplina escolar, pode propiciar aos alunos

a leitura, a compreensão e a representação do espaço geográfico

como uma formação histórico-social, fruto das relações estabelecidas

entre os homens e seus lugares, entre a sociedade e a natureza.

No Ensino Médio, a Geografia deve priorizar, de maneira geral, as

aprendizagens por meio de propostas de trabalhos que possam indicar

o avanço do grau de síntese atingido pelos alunos, explicitados em

sua capacidade de leituras e escritas geográficas. Essa concepção

assinala a crucial importância do trabalho pedagógico com os

conceitos geográficos. Dessa maneira, é fundamental a análise das

interações que se estabelecem entre as sociedades e seus espaços,

assim como dos diferentes agentes que constituem, transformam e

são transformados pelo espaço geográfico. Daí uma das habilidades

importantes de serem desenvolvidas é a dos alunos compreenderem

as transformações promovidas pelo desenvolvimento de tecnologias

informacionais.

Vivemos em um mundo marcado por profundas mudanças. As

informações chegam a nossas casas em tempo real, simultaneamente

aos acontecimentos cujas imagens são imediatamente captadas

pelos satélites e difundidas por um vasto conjunto de diferentes

lugares. As pessoas, ao portarem aparelhos de telefonia celular, por

exemplo, entram em uma rede de comunicação rápida e móvel capaz

de promover uma intensa fluidez territorial da informação. Esse e

outros fenômenos tecnológicos têm provocado a emergência de

uma nova perspectiva em relação ao tempo e ao espaço. Com todas

essas mudanças, o trabalho do professor deve formar cidadãos que

saibam interpretar os acontecimentos em escala local, nacional,

regional e global, contribuindo para o entendimento do mundo atual,

das apropriações, usos e transformações dos lugares realizadas

pelos homens. Deve ainda considerar a capacidade de os alunos

articularem os diferentes conhecimentos cotidianos, acadêmicos e

escolares, produzindo com eles uma geografia de significados.

Dessa forma, promover uma constante associação entre o mundo

vivido pelos alunos, permeado pela técnica, pela ciência e pela

Revista Pedagógica 57

informação, e as transformações territoriais é uma das estratégias

para a aprendizagem a ser perseguida pelos professores de

Geografia no Ensino Médio. À medida que os alunos constroem um

conhecimento de si mesmo, igualmente edificam um conhecimento

do espaço geográfico que os constitui cotidianamente.

Sem o conhecimento anterior dos históricos avanços da ciência,

o aluno não é capaz de compreender as associações entre

desenvolvimento tecnológico e transformações territoriais. É

importante que os alunos consigam associar os avanços em ciência e

tecnologia com as mudanças no espaço geográfico, para que façam

as relações entre diferentes territorialidades, seus usos, culturas e

apropriações, por exemplo.

Desafios e perspectivas na aprendizagem geográfica

A compreensão dos processos e dinâmicas do mundo

contemporâneo pelos alunos de Geografia no Ensino Médio decorre

da implementação de um conjunto de estratégias pedagógicas para

sua apreensão. Tais estratégias envolvem o trabalho rigoroso para a

que os alunos compreendam, ainda, as transformações relacionadas

às dinâmicas conexas entre os espaços urbanos e rurais. O estudo

das temáticas sobre os espaços urbanos e rurais tem representado

grande desafio aos professores, uma vez que, muitas vezes, o

tratamento didático dos conteúdos de ensino pertinentes a essa

área depende ainda da memorização de dados, da cópia de livros

didáticos, do uso de concepções prévias sobre a constituição

do espaço rural e da dissociação territorial dessas realidades

socioespaciais.

Para se trabalhar com a questão das transformações dialéticas entre

espaços rurais e urbanos, deve-se explorar, então, a variedade de

dinamismos das diversas atividades sociais, econômicas e culturais das

distintas sociedades. Também é possível explorar, em aulas dinâmicas, as

múltiplas velocidades das mudanças tecnológicas e seu espraiamento

pelo território, o impacto diferenciado das formas de produção e dos

circuitos de acumulação do capital pelo espaço, lançando mão, por

58 SPAECE 2012

"Devemos considerar

o ambiente urbano e

suas particularidades

a partir de uma

concepção social e,

portanto, geográfica,

que inclua,

concomitantemente,

aspectos culturais,

econômicos e

ambientais."

exemplo, da produção, com os alunos, de uma cartografia dessas

mudanças na cidade e no campo. A intenção pedagógica consiste em

apresentar aos alunos a ideia de conexão intrínseca entre os espaços

urbanos e os rurais, a interdependência entre eles, as conexões

geográficas capazes de promover a urbanização de espaços rurais,

dotando-os de atributos das cidades.

Desde o momento em que o homem inicia seu processo de

domínio das forças naturais, começam as intensas transformações

da superfície terrestre. Por meio de diversos tipos de técnicas, as

relações do homem com a natureza se intensificam, modificando

o espaço geográfico, conferindo novas formas, novos conteúdos,

portanto, novas dinâmicas e possibilidades.

Um bom exemplo das ações humanas na superfície terrestre e suas

transformações é a construção das cidades. Atualmente a maioria

da população mundial vive em espaços urbanos que agregam, além

de pessoas, empresas, instituições, entre outras materialidades,

que produzem muitos problemas devido às alterações no espaço

provocadas pelo homem.

Para que os alunos compreendam as questões relativas às

consequências sociais e ambientais geradas pelos processos de

urbanização, primeiramente precisamos lembrar que o ambiente das

cidades apresenta particularidades, trazendo consigo as marcas das

construções humanas. Desta forma, devemos considerar o ambiente

urbano e suas particularidades a partir de uma concepção social

e, portanto, geográfica, que inclua, concomitantemente, aspectos

culturais, econômicos e ambientais.

Os problemas urbanos são vários e bem diversificados, as

grandes e médias cidades sofrem principalmente com poluição,

engarrafamentos, violência, desemprego, desigualdade social, falta

de moradia, saúde e educação. Esses problemas já atingem também

cidades de pequeno porte, constituindo uma realidade vivenciada

cotidianamente pelos alunos do Ensino Médio.

Revista Pedagógica 59

Os diversos tipos de poluição (hídrica, visual, do solo, sonora,

atmosférica) são causados principalmente pelo modo de produção e

consumo estabelecidos pelo capitalismo. A poluição atmosférica é,

por exemplo, um grande problema detectado nas cidades: o intenso

fluxo de automóveis e as indústrias são os principais responsáveis

pelo lançamento de gases tóxicos na atmosfera.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais alertam para o fato de

que não mais se justifica trabalhar com definições prontas ou

mesmo com conteúdos acabados e engessados da Geografia.

As transformações constantes e velozes dos espaços urbanos

impulsionam o redimensionamento dos conceitos de urbanização,

cidade, meio ambiente, problemas ambientais, entre outros, que vêm

sendo construídos ao longo dos tempos. Nesse sentido, o trabalho

pedagógico a partir da construção conceitual permite uma abertura,

na medida em que, por princípio, o conceito não é algo acabado,

comportando redefinições e reajustes que se compatibilizam com as

visões que se deve ter, a cada momento, do mundo em transformação.

Mais do que reproduzir dados, denominar classificações ou identificar

símbolos, os estudos em Geografia no Ensino Médio devem conduzir

o aluno a se informar, se comunicar, argumentar, enfrentar problemas

de qualquer natureza, participar socialmente e ser capaz de elaborar

críticas e propostas e, especialmente, adquirir uma postura de

permanente aprendizado. Para tanto, a formação geográfica exige

métodos de aprendizado compatíveis, ou seja, que ofereçam as

condições para que os alunos façam escolhas e proposições, tomem

gosto pelo conhecimento, aprendam a aprender.

Assim, o uso de diferentes metodologias de ensino torna-se

importante para a aquisição dos conhecimentos elaborados pela

Geografia. As habilidades destacadas acima, por exemplo, requerem

para o seu desenvolvimento um empenho do professor no sentido

de, inicialmente, averiguar o conhecimento já construído pelos

alunos acerca das transformações dos espaços geográficos como

produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.

60 SPAECE 2012

É importante que, no Ensino Médio, os professores trabalhem

com diversos tipos de textos com seus alunos, principalmente

aqueles que possam confrontar diferentes argumentos sobre as

temáticas estudadas. Além disso, é importante que os alunos, nesse

momento da escolarização, já dominem a linguagem cartográfica

como possiblidade de representação dos fenômenos geográficos.

Isso favorece a compreensão das dinâmicas e dos processos

socioespaciais, capturados por atividades de mapeamento das

realidades vivenciadas por eles, podendo, inclusive, promover a

comparação entre distintas territorializações da superfície terrestre.

Os trabalhos de campo, as visitas técnicas, as viagens temáticas

podem constituir poderosos instrumentos pedagógicos no

desenvolvimento das habilidades geográficas. Essas atividades

são momentos significativos de aprendizagens dos conceitos

geográficos, uma vez que, bem elaboradas, permitem ao aluno a

observação sistemática do espaço. Tais atividades requerem do

professor um planejamento pedagógico minucioso, devendo cuidar

para que os alunos em campo observem o espaço geográfico,

registrando suas experiências através de fotografias, relatos de

campo, diários de bordo, coleta de dados, entrevistas, produção de

relatórios, entre outros procedimentos.

O trabalho com as diferentes mídias, a literatura, a música, os jogos, a

internet deve ser valorizado. A diversificação dos métodos utilizados

no trabalho com os conceitos da Geografia abre uma possibilidade

do desenvolvimento de importantes habilidades de comparação,

interpretação, análise, classificação e compreensão do espaço

geográfico.

A HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO

Competências e habilidades relacionadas ao tópico “Relações

e Formas de Poder” nas aulas de História do Ensino Médio

O acesso ao Ensino Médio é direito de todo cidadão. Esse segmento constitui uma

etapa conclusiva da Educação Básica e se traduz, em muitos casos, como a porta de

entrada para o mundo do trabalho.

Essa conscientização acerca dos deveres dos cidadãos, da compreensão dos direitos

universais, da igualdade formal, das identidades sociais, das formas de inserção dos

indivíduos na vida social e no mundo do trabalho fica, em grande parte, a cargo do

ensino de História. É tarefa dessa disciplina, sobretudo, garantir que o aluno tenha as

ferramentas disponíveis para tornar-se um cidadão mais reflexivo e crítico quanto ao

mundo que o rodeia.

Por isso, a atual referência nacional curricular orienta os planejamentos de aulas

em geral para a construção de uma nova cidadania. Propõe-se uma ruptura com

uma História centrada na cultura branca e europeia, e, por muitas vezes, distante da

realidade de nossos alunos.

Nas últimas décadas ocorreu um movimento de crítica à tradicional historiografia,

focada no eurocentrismo, na História verdade, na neutralidade do historiador e nas

temáticas exclusivas para o estudo da História. Tal mudança de paradigma ocorreu, em

muito, devido à renovação dos Programas de Pós-Graduação em História, com o foco

voltado para a pesquisa, o ensino e a extensão. A aproximação da História com outros

campos, como a Sociologia, a Antropologia, a Economia, a Pedagogia etc., cedeu aos

professores as ferramentas necessárias para garantir a visão mais completa sobre as

relações e as formas de poder.

O poder é a realização da vontade própria e individual na sociedade e se traduz nas

relações entre os seres humanos. Diante disso, podemos concluir que o desempenho

abaixo do esperado dos alunos no tópico “Relações e Formas de Poder” pode ser

explicado por outros pontos, mas, sobretudo, pela complexidade que envolve a temática

e a interdisciplinaridade que ela abrange. E, também, pelo modo como esse tópico

está presente nas salas de aula. No entanto, a capacidade criativa dos professores

Revista Pedagógica 61

ao aproximar esse tema da realidade dos alunos potencializa as

possibilidades de compreensão.

O professor de História do Ensino Médio deve deixar claro para seus

alunos que o poder existe nas relações e que ele, enquanto cidadão,

também é responsável por construir, significar e instituir esse poder.

Ao (re) significar o conceito de poder, os alunos, consequentemente,

se incluirão dentro das relações de poder. Independente das suas

inserções econômicas, culturais, sociais, eles conseguirão se situar

numa determinada posição das relações de poder. Seja de domínio,

seja de resistência. Desta forma, o professor poderá também analisar,

junto com os alunos, em qual perspectiva de poder eles se inserem.

Seguindo a proposta dos Parâmetros Curriculares para História, essa

temática permite abordar a questão a partir de uma interlocução

entre a situação atual dos alunos e o conhecimento a ser produzido

e analisado em sala de aula. Isso garante ao educando uma reflexão

mais complexa sobre o tema, o qual extrapola o tempo pretérito e

alcança o presente, e por assim dizer, a sua realidade. Dessa forma,

será permitida aos alunos uma participação ativa na relação de

ensino-aprendizagem.

Desenvolvimento de habilidades do tópico “Relações e Formas de Poder”

Dentre as habilidades relativas ao tópico “Relações e Formas

de Poder”, abordaremos as seguintes habilidades: “Identificar

as características das diferentes formas, regimes e sistemas de

governo, em momentos históricos distintos” e “Compreender as

relações entre Estado e Sociedade”.

A habilidade “Identificar as características das diferentes formas,

regimes e sistemas de governo, em momentos históricos distintos”

relaciona-se à capacidade de o aluno compreender como as

diferentes formas, regimes e sistemas de governo se constituem.

Ademais, permite ao aluno compreender os conceitos de forma, de

regime e de sistemas de governo em diferentes momentos, espaços

e representações. Por fim, trata-se de uma habilidade capaz de

identificar as principais situações políticas, acontecimentos e atores

envolvidos, não somente no passado como no presente.

" Ao (re) significar

o conceito de

poder, os alunos,

consequentemente, se

incluirão dentro das

relações de poder."

62 SPAECE 2012

Nessa habilidade o aluno deve compreender, primeiramente, os

conceitos de formas, de regime e de sistemas de governo. Mais que

isso, deve saber claramente a diferença entre eles. É necessário

também que o aluno consiga distinguir por quem, onde, quando

e como a forma, o regime e o sistema de governo se formaram e

se articulam. Por fim, ele deve ser capaz de utilizar essas etapas

cognitivas para avaliação de novas situações semelhantes.

Como atividade didática que aborde esses temas, o professor

poderá solicitar que o aluno esquematize um quadro com o conceito

de forma, de regime e de sistema de governo, seguido de exemplos

(monárquico, democrático, parlamentarista etc.). A seguir, poderá ser

pedido que os alunos identifiquem qual era a forma, o regime e o

sistema de governo no Brasil entre os anos de 1822 a 1889. Para

uma maior fixação, recomenda-se pedir que os alunos identifiquem

também a forma, o regime e o sistema de governo a partir de abril de

1964. O professor poderá solicitar, ainda, que os alunos identifiquem

a atual forma, regime e sistema de governo. Ao final da atividade

poderá ser escolhido um desses períodos para que o aluno

caracterizar, descrevendo as especificidades da forma, do regime e

do sistema de governo escolhido.

Assim, o aluno deverá conseguir identificar as diferentes formas,

regimes e sistemas de governos ao longo da História brasileira. Além

disso, por se tratar de uma temática que envolve a memória dos

familiares dos discentes, isso trará o conhecimento para mais perto

dos alunos e tornará mais interessante, mais envolvente e permitirá

a participação deles no processo de ensino-aprendizagem.

A segunda habilidade destacada neste texto – “Compreender as

relações entre Estado e Sociedade” – aborda a relação existente

entre a formação dos Estados e suas relações com a sociedade.

Para desenvolver tal habilidade, o aluno deverá ter domínio dos

diferentes tipos de Estado; dessa forma, o professor precisará

fundamentar teoricamente as relações políticas que permeiam as

sociedades ocidentais. Além disso, essa habilidade inclui a distinção

dos diferentes Estados, dos atores sociais envolvidos, das situações

políticas e dos acontecimentos fundamentais para conformação

dessas instituições tal como elas se apresentam em determinado

tempo/espaço.

Revista Pedagógica 63

O aluno precisará compreender, em um primeiro momento, o

conceito de Estado e sociedade; em um segundo momento será

necessário distinguir os principais Estados e relacionar o período

histórico em que aconteceu a interferência da sociedade nessas

transformações. Importante será o exercício de sempre responder,

oralmente ou por escrito, por quem, onde, quando e como os Estados

se constituíram. Ainda será necessário que os alunos compreendam

como a sociedade se articula com Estado para a constituição de

novo Estado ou a permanência do mesmo. Por fim, o aluno do Ensino

Médio deverá ser capaz de utilizar essas etapas cognitivas para

avaliação de novas situações semelhantes.

Para trabalhar os conceitos expostos acima, recomenda-se, inicialmente,

que o professor leve o aluno a realizar uma análise do período

da Constituição Brasileira de 1988. Assim, o aluno desenvolverá a

habilidade de compreender a participação da sociedade na formulação

da Carta Magna brasileira, a caracterização de um novo Estado vigente

e as transformações recorrentes dessa mudança.

É interessante que o professor, após explicar as principais

características do modelo de Bem Estar Social, apresente aos alunos

artigos da Carta de 1988. Nesses artigos fica garantido que a saúde é

universal, gratuita, direito de todos e dever do Estado. Num segundo

momento, o professor poderá demonstrar, sucintamente, aos alunos

a forte participação dos movimentos sociais, sobretudo o movimento

sanitário, nas décadas de 1970 e 1980, em prol de mudanças na

assistência médica brasileira.

Propõe-se que o aluno compreenda, a partir do exemplo da saúde,

os avanços trazidos para a cidadania brasileira com a assinatura da

Carta. O aluno deverá ter claro que o texto da Constituição de 1988

é profícuo em tratar de direitos civis, políticos e sociais e em criar

mecanismos para que eles estejam ao nosso alcance.

A compreensão desses conceitos permitirá ao aluno obter o

repertório necessário para analisar o meio em que vive e o

conhecimento adequado para o aprendizado de novas temáticas.

Dessa forma, o aluno deverá ser capaz de distinguir e classificar

essas nomenclaturas e relacionar com o atual contexto e outras

situações diferentes das abordadas.

64 SPAECE 2012

Proposta de atividades

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o aluno

deverá estudar, no 3º ano do Ensino Médio, as competências

e habilidades relacionadas ao tópico “Relações e Formas de

Poder”. Nessa etapa de escolaridade, as habilidades “Identificar as

características das diferentes formas, regimes e sistemas de governo,

em momentos históricos distintos” e “Compreender as relações entre

Estado e Sociedade”, embora ensinados em momentos diferentes,

são absolutamente complementares.

A primeira habilidade relaciona-se, sobretudo, com a capacidade de

o aluno distinguir os conceitos de forma, de regime e de sistemas

de governo ao longo dos séculos. Existem duas formas de governo,

monarquia e república. Na república, o poder é exercido por meio de

votos e por um tempo determinado, enquanto na monarquia o poder é

hereditário e exercido por tempo indeterminado. Os regimes políticos

caracterizam-se pelas regras e instituições que regulam a disputa pelo

poder político e o seu exercício entre os cidadãos ou grupos sociais,

tendo como exemplo os regimes democráticos e autocráticos.

Para compreender a relação entre esses conceitos, os professores,

usualmente, trabalham com uma metodologia comparativa entre as

formas, os regimes e os sistemas de governo em diferentes regiões

e ao longo do tempo. Assim, os professores podem criar uma ligação

entre a atual forma, sistema e regime de governo, com as anteriores

vivenciadas no Brasil, tornando a dinâmica da sala de aula mais

próxima dos alunos.

Diferentes textos teóricos podem ser utilizados pelo professor como

apoio para esse trabalho. Além disso, é possível utilizar nas salas de

aula outros recursos, como: mapas, jornais, blogs e literatura. Passeios

a museus e exibição de filmes que mostram as transformações

entre as formas, os regimes e os sistemas de governo ao longo dos

séculos também são estratégias didáticas ricas.

Para distinguir as formas de governos, o professor poderia agendar

uma visita a um museu, como aqueles que possuem acervo do

Brasil imperial. Dessa forma, o aluno poderia vivenciar os costumes,

os modos e as peculiaridades daquele período, para que, uma vez

desfrutadas essas experiências, consigam, ao estudarem sobre a

monarquia na sala de aula, criar relações claras e concretas sobre

"Os professores

podem criar uma

ligação entre a atual

forma, sistema e

regime de governo,

com as anteriores

vivenciadas no Brasil,

tornando a dinâmica

da sala de aula mais

próxima dos alunos"

Revista Pedagógica 65

o que seriam as formas de governo. Filmes também são ótimas

opções para ilustrar esses conceitos. Os filmes “Carlota Joaquina,

princesa do Brasil”, de Carla Camurati, e “Maria Antonieta”, de Sophia

Cappola, mostrados em conjunto, remetem à mesma forma de

governo, porém em espaços diferentes. Para além desses, os filmes

que relembram a ditadura brasileira também são um importante

mecanismo para entender o conceito de regime. “Para frente Brasil”,

do diretor Roberto Farias, e “O que é isso companheiro”, de Bruno

Barreto, se fazem interessantes.

É relevante para a conclusão da relação ensino-aprendizagem dessa

habilidade que o professor recorra a estratégias de ensino capazes de

correlacionar a vida cotidiana e presente do aluno aos temas abordados.

Nesse caso, o professor pode propor aos alunos a caracterização

da forma, do regime e do sistema de governo em que eles vivem e a

observação das diferenças com relação à forma, ao regime e ao sistema

de governo na década de 1960, 1970 e 1980, por exemplo.

A segunda habilidade citada relaciona-se, sobretudo, ao estudo

dos Estados constituídos ao longo dos séculos e sua intrínseca

relação com a participação da sociedade. Os Estados, por sua vez,

caracterizam-se, entre outros aspectos, pela conformação de um

povo, um passado, uma língua e um território correspondes entre si.

E, ainda, pela participação da sociedade neste momento.

Para conceituar e compreender a relação entre o Estado e a

sociedade, os professores usualmente trabalham com metodologia

comparativa entre as formas que esse Estado assume em diferentes

regiões e ao longo do tempo. Assim, os professores podem, em

primeiro momento, pontuar qual era a sociedade naquele período,

quais eram as classes sociais e quais eram seus principais problemas

e, assim, correlacionar com a formação dos Estados.

Como atividade que envolva o tópico “Compreender as relações

entre Estado e Sociedade”, sugerimos que o professor recorra à

vivência dos familiares dos alunos sobre como era o atendimento

à saúde na década de 1980, bem como a jornais do final da década

de 1980. A apresentação do filme “Políticas de Saúde no Brasil”, do

diretor Renato Tapajós, disponível no site do Ministério da Saúde,

também é uma ótima ferramenta de ilustração. Assim, os alunos

poderão recorrer às experiências da sua família, aos jornais, ao

filme e às explicações do professor para atingirem a compreensão

66 SPAECE 2012

dos avanços trazidos pela Carta de 1988. Os professores não

devem deixar de ressaltar que, embora tenham ocorridos avanços

na cidadania, como o acesso gratuito à saúde, ainda estamos em

processo de conquista desses direitos.

Como podemos notar, as duas habilidades: “Identificar as

características das diferentes formas, regimes e sistemas de

governo, em momentos históricos distintos” e “Compreender as

relações entre Estado e Sociedade” estão nitidamente ligadas e

se complementam. Ao professor cabe o papel de atingir os alunos

com exemplos e ferramentas próximas a sua realidade, através de

jornais, blogs, filmes atuais que remetem aos conceitos de formas,

regimes e sistemas de governo, e também, da relação entre Estado

e Sociedade. O professor pode solicitar aos alunos que identifiquem

as principais reivindicações na sua comunidade e analisem se essas

solicitações encontram eco em outros espaços públicos, e qual é

o potencial de elas atingirem o Estado. Pode-se também pedir que

aluno localize nos jornais e domínios da internet notícias sobre a

mobilização da sociedade em prol das mais diferentes reivindicações.

A partir desse repertório inicial, o professor pode proceder ao

questionamento das motivações que levaram os grupos noticiados

a cometerem tais atos e de como os alunos imaginam terem sido os

movimentos de contestação em outros períodos históricos e quais

foram as consequências na forma, no regime do sistema de governo.

Revista Pedagógica 67

68 SPAECE 2012

EXPERIÊNCIA EM FOCO

ENTUSIASMO E DINAMISMO

Professora busca no presente maneiras para incentivar os alunos a aprenderem sobre o passado

Harethúcia Mota considera ser “divertida e

interessante a troca de informações com os

alunos”, professora de História desde 2006, ela

escolheu a profissão por gostar desse contato.

Ela afirma ainda que o dia a dia do profissional é

cheio de desafios, mas a professora lembra que

“os desafios nos fazem crescer!”.

Na sala de aula, Harethúcia precisa fazer “com

que o aluno compreenda que a História está

em constante transformação e que cabe a nós

percebê-la e contextualizá-la no cotidiano. Para

dessa forma, quebrar o paradigma de que estudar

História é viver no passado”.

Professora da Rede Particular e Pública, Harethúcia

trabalha na Escola de Ensino Fundamental e Médio

Presidente Geisel – Polivalente. A instituição

possui cerca de 1.355 alunos, 50 professores e

“uma estrutura física ampla, com salas climatizadas

e acolhedoras”, descreve a educadora.

Harethúcia considera a avaliação externa muito

importante para a escola, pois através dos

resultados dessa avaliação é possível perceber o

nível de aprendizagem dos alunos e “dinamizar as

aulas, para que o aluno se perceba protagonista

das conquistas individuais e coletivas”.

A educadora ressalta que cabe a escola, mas

principalmente aos professores, por estarem na

sala de aula, incentivar os alunos. Para Harethúcia

quando “o aluno busca uma palavra de ânimo,

o professor deve estar preparado para manter a

motivação desse aluno”.

Segundo a professora, a interação entre as

escolas locais (através de gincanas e competições

esportivas) é uma boa maneira de se trocar

informações, curiosidades, gerar conhecimento,

e também manter o entusiasmo do aluno que se

empenha para vencer cada etapa.

• Fazendo História

Em uma turma desunida e pouco interessada em

compartilhar ideias, Harethúcia propôs a dinâmica

do túnel do tempo. Cada aluno deveria trazer para

sala de aula uma foto pessoal (entre um e três anos

de idade) e não deveria mostrar para ninguém. Já

com todas as fotos, foi montado um painel que cada

aluno teve oportunidade de conferir. O objetivo era

descobrir quem era a pessoa de cada foto.

À medida que foram analisadas as transformações

vividas ao longo do tempo, os alunos percebiam

quem havia ou não mudado fisicamente, além de

observarem também as roupas, o local, entre outros.

Ao final, cada aluno, com a ajuda de familiares, pode

fazer um relato sobre a foto escolhida. A dinâmica

possibilitou a “todos relembrarem e compartilharem

momentos importantes de suas vidas”.

REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORAHENRIQUE DUQUE DE MIRANDA CHAVES FILHO

COORDENAÇÃO GERAL DO CAEdLINA KÁTIA MESQUITA DE OLIVEIRA

COORDENAÇÃO TÉCNICA DO PROJETOMANUEL FERNANDO PALÁCIOS DA CUNHA E MELO

COORDENAÇÃO DA UNIDADE DE PESQUISATUFI MACHADO SOARES

COORDENAÇÃO DE ANÁLISES E PUBLICAÇÕESWAGNER SILVEIRA REZENDE

COORDENAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃORENATO CARNAÚBA MACEDO

COORDENAÇÃO DE MEDIDAS EDUCACIONAISWELLINGTON SILVA

COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES DE AVALIAÇÃORAFAEL DE OLIVEIRA

COORDENAÇÃO DE PROCESSAMENTO DE DOCUMENTOSBENITO DELAGE

COORDENAÇÃO DE DESIGN DA COMUNICAÇÃOHENRIQUE DE ABREU OLIVEIRA BEDETTI

COORDENADORA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGNEDNA REZENDE S. DE ALCÂNTARA

CEARÁ. Secretaria da Educação.

SPAECE – 2012/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd.

v. 1 ( jan/dez. 2012), Juiz de Fora, 2012 – Anual.

ARAÚJO, Carolina Pires; MELO, Manuel Fernando Palácios da Cunha e; OLIVEIRA, Lina Kátia Mesquita de; REZENDE, Wagner Silveira.

Conteúdo: Boletim Pedagógico - Ensino Médio – Ciências Humanas

ISSN 1982-7644

CDU 373.3+373.5:371.26(05)

ISSN 1982-7644

Sistema Permanente de Avaliação

da Educação Básica do Ceará

Boletim Pedagógico

Ensino MédioCiências Humanas

SEÇÃO 1

Avaliação:o ensino-aprendizagem como desafio

SEÇÃO 2

Interpretação de resultados e análisespedagógicas

SEÇÃO 3

Os resultados desta escola

SEÇÃO 4

Desenvolvimento de habilidades

EXPERIÊNCIA EM FOCO

SPAECE2012