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Solos 1 Prática Identificação Táctil e Visual 1 FACULDADE DE AMERICANA Mantida pela: Associação Educacional Americanense - CNPJ: 96.509.583/0001-50 Credenciamento: Portaria MEC nº. 766/99 - DOU 18/05/99 IDENTIFICAÇÃO VISUAL E TÁCTIL DOS SOLOS 1 INTRODUÇÃO A execução de uma obra civil, seja uma ponte, uma estrada, um edifício, uma barragem, um túnel, etc... requer um conhecimento de subsolo no local onde está obra será implantada. Para esse conhecimento das condições do solo, suas características e propriedades, faz- se necessário um programa de investigação das camadas constituintes do subsolo, até profundidade de interesse do projeto. Este programa é composto de análises de campo (“In loco”) e ensaios de laboratórios. Os processos de investigação do subsolo no campo, bem como os ensaios a serem realizados no laboratório, serão definidos em função de diversos fatores específicos, entre os quais destacamos: o tipo, porte e utilização da obra, para que finalidade será empregado o solo em estudo (se como elemento de suporte, como material de construção, etc.), o tempo e os equipamentos disponíveis para a investigação, além é claro da própria heterogeneidade apresentada pelo solo local. A análise conjunta desse fatores, aliados ao fator econômico, é que irá determinar para cada caso qual será o programa de investigação a se adotar. De toda forma, qualquer que seja o programa de reconhecimento adotado, em todos eles existe uma rotina de observações a ser desenvolvida concomitante com a investigação de campo (perfuração + amostragem) que tem como objetivo uma identificação preliminar dos tipos de solos encontrados no perfil, bem como avaliar as condições naturais em que se encontram. Posteriormente, essas amostras são enviadas ao laboratório para que sejam completadas as análises, conforme tenha sido especificado no programa adotado. Essa rotina de observações preliminares, que descreveremos sucintamente a seguir, é o assunto desta prática, com o objetivo de oferecer aos alunos um primeiro contato com alguns tipos de solos existentes. Tal rotina é conhecida como INDENTIFICAÇÃO VISUAL E TÀCTIL DOS SOLOS.

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Aulas básica de solos, vários autores

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Solos 1 Prática

Identificação Táctil e Visual

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FACULDADE DE AMERICANA Mantida pela: Associação Educacional Americanense - CNPJ: 96.509.583/0001-50

Credenciamento: Portaria MEC nº. 766/99 - DOU 18/05/99

IDENTIFICAÇÃO VISUAL E TÁCTIL DOS SOLOS

1 INTRODUÇÃO

A execução de uma obra civil, seja uma ponte, uma estrada, um edifício, uma

barragem, um túnel, etc... requer um conhecimento de subsolo no local onde está obra será

implantada.

Para esse conhecimento das condições do solo, suas características e propriedades, faz-

se necessário um programa de investigação das camadas constituintes do subsolo, até

profundidade de interesse do projeto. Este programa é composto de análises de campo (“In

loco”) e ensaios de laboratórios.

Os processos de investigação do subsolo no campo, bem como os ensaios a serem

realizados no laboratório, serão definidos em função de diversos fatores específicos, entre os

quais destacamos: o tipo, porte e utilização da obra, para que finalidade será empregado o solo

em estudo (se como elemento de suporte, como material de construção, etc.), o tempo e os

equipamentos disponíveis para a investigação, além é claro da própria heterogeneidade

apresentada pelo solo local. A análise conjunta desse fatores, aliados ao fator econômico, é

que irá determinar para cada caso qual será o programa de investigação a se adotar.

De toda forma, qualquer que seja o programa de reconhecimento adotado, em todos

eles existe uma rotina de observações a ser desenvolvida concomitante com a investigação de

campo (perfuração + amostragem) que tem como objetivo uma identificação preliminar dos

tipos de solos encontrados no perfil, bem como avaliar as condições naturais em que se

encontram.

Posteriormente, essas amostras são enviadas ao laboratório para que sejam

completadas as análises, conforme tenha sido especificado no programa adotado. Essa rotina

de observações preliminares, que descreveremos sucintamente a seguir, é o assunto desta

prática, com o objetivo de oferecer aos alunos um primeiro contato com alguns tipos de solos

existentes. Tal rotina é conhecida como INDENTIFICAÇÃO VISUAL E TÀCTIL DOS

SOLOS.

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NBR 6502 - ROCHAS E SOLOS

NBR 7250 – IDENTIFICAÇÃO E DESCRIÇÃO DE AMOSTRAS DE SOLOS OBTIDAS EM

SONDAGENS DE SIMPLES RECONHECIMENTO DOS SOLOS

2 DESCRIÇÃO DOS TESTES

2.1 Teste Táctil e Visual

Para uma primeira análise do solo podemos fazer uma análise visual do solo:

- COR

- ODOR (se têm odor orgânico)

Depois podemos realizar o teste táctil, para classificar quanto a sua textura.

Misturamos uma pequena quantidade de solo amostrado com água, manuseando-o

cuidadosamente, procuramos identificá-lo granulometricamente, observando que :

- as areias são ásperas ao tacto, apresentam partículas visíveis a olho nu e permitem

muitas vezes o a classificação da sua mineralogia, e forma das partículas;

- os siltes apresentam certa aspereza, não tão acentuada como a da areia, mas ainda

perceptível ao tacto. Entre os siltes grosso e as areias finas há pouca diferença ao

tacto, contudo outros testes permitem um maior distinção entre eles;

- As argilas, quando misturadas com a água, trabalhadas entre os dedos apresentam

semelhanças com a pasta de sabão, escorregadia. Quando secos, os grãos finos de

argilas, proporcionam ao tacto, a sensação de farinha.

Essa são as primeiras impressões ao contacto com o solo. Como já foi dito

anteriormente, o solo é uma mistura heterogênea e poucas vezes, nesse primeiro contato se

chega a conclusão imediatas. Sempre é necessário outros testes para a avaliação

granulométrica da amostra em questão.

2.2 Teste de “SUJAR AS MÃOS”

Faz-se uma pasta de solo + água esfregando-a na palma da mão, e colocando sob água

corrente, observando que:

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- o solo mais arenoso lava-se facilmente, os grãos de areia limpam-se rapidamente da

mão;

- O solo mais siltoso só limpa depois de bastante água ter corrido sobre a mão, sendo as

vezes necessário uma leve fricção para a completa retirada;

- O solo mais argilo distingue-se pela dificuldade de se desprender da palma da mão,

normalmente necessitando de fricção para sair, porque os grãos muitos finos

impregnam – se na pele.

2.3 Teste de Plasticidade

A plasticidade é a propriedade dos materiais de poderem sofrer grandes deformação

sem ruptura. O solo é mais plástico quanto mais trabalhável ele for, quando úmido.

A realização desse ensaio, é feita moldando-se a mistura de solo e água sobre uma

placa de vidro esmerilhada para verificar sua facilidade de moldagem.

A argila é mais plástica que o silte, que por sua vez é mais plástico que areia. Os solos

que contém maior fração de argila permitem o manuseio da amostra por mais tempo, porque a

massa de solo fino oferece maior dificuldade para que as partículas de água sejam eliminadas,

retendo–as por mais tempo do que os solos grossos. No silte a plasticidade é menor do que a

das argilas, pois a facilidades de eliminar a água é maior. As areias praticamente não

apresentam trabalhabilidade, ou seja capacidade de ser moldada.

2.4 Teste da Mobilidade da Água Intersticial

Faz-se uma mistura homogênea de solo e água, até a consistência de pasta, sem chegar

ao estado de lama. Coloca – se essa pasta em uma das mão em forma de concha, e com

auxílio da outra, provoca-se vibrações na pasta de solo. A esse movimento, a reação é o

aparecimento de uma superfície úmida e brilhante, pasta de solo a mão em concha . A seguir

abre-se a mão, o que provocará o aparecimento de fissuras, e o ressecamento aparente da

superfície em pasta. O tempo de reação da massa de solo, isto é, se sob as vibrações

rapidamente assumiu o aspecto liso e brilhante, indica a facilidade do solo de eliminar

partículas de água, enquanto os grãos maiores, sob a vibração assentam, o que indica a

presença de maior parte de solos grossos. Também se ao se abrir a mão, o solo rapidamente

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se fissura e torna a absorver a água superficial indica a facilidade de movimento de água

através das partículas, revelando também a maior presença de partículas grossas na amostra.

A reação lenta, tanto no aparecimento da superfície brilhante, como na fissuração

reduzida, indica a presença de solos finos, ou seja, indica a dificuldade de movimento das

partículas de água aderente ou coesas aos grãos finos do solo. Dificuldades de movimento das

partículas de água aderente ou coesas aos grãos finos do solo.

2.5 Teste de Desagregação do Solo Submerso

Baseado também na facilidade do movimento da água pelos interstícios de solos

grossos, e/ou na dificuldade de movimentação da água entre os solos finos , é feito o teste de

desagregação.

Coloca-se uma pequena quantidade de solo agregado (torrão) seco em um recipiente

com água , sem deixá – lo emergir completamente. Observa- se que:

- a desagregação é rápida a quando os solos são siltoso e arenosos e lenta quando os

solos são argilosos.

É interessante destacar que as areias grossas, secas ou pequenas porcentagens de argila

e siltes, nem permanecem em estado agregado, como por exemplo as areias de praia .

2.6 Teste da Resistência do Solo Seco

Uma amostra de solo seco pode apresentar grande, média ou nenhuma resistência à

compressão, quando se tenta desfazê–la entre os dedos. Isso indica respectivamente uma

grande coesão entre os grãos para os solos argilosos, pouca coesão para os solos siltosos e

nenhuma coesão para os solos arenosos.

2.7 Teste de Dispersão em Água

Para este teste, o solo deve estar completamente desagregado, por isso deve – se

eliminar todos os torrões , usando a mão de grão revestida de borracha.

Coloca-se uma pequena quantidade de amostra de solo destorroado, a ser analisado,

numa proveta com água, agita-se o conjunto, provocando a dispersão do solo na água. Deixa–

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-se em repouso e observa-se em seguida o tempo de depositação da maior parte das partículas

da amostra: os solos arenosos assentam suas partículas em 30 a 60 segundos, os solos siltosos

entre 15 a 60 minutos, enquanto que os solos argilosos podem levar horas em suspensão .

Esse teste também é de fácil compreensão, uma vez que quanto maior partícula, menor

é o seu tempo de queda.

Esses testes descritos, pode-se ver, são simples e um tanto rudimentares, contudo, eles

são de valores inestimável no primeiro contato que se tem com a amostra, quer ainda no

campo, quer na entrada ao laboratório. Eles permitem com o tempo e com a prática, a medida

que maior número de solos são analisados, uma maior compreensão no comportamento desse

material heterogêneo, que é o solo e uma maior segurança nas atitudes a serem tomadas numa

obra.

Examinada a amostra no campo, ela deve então ser etiquetada com todas as conclusões

dignas de destaques : pré-classificação granulométrica, cor, umidade natural, e observações

que a particularizam, tais como: presença de restos de animais, conchas , raízes, minerais

identificáveis, situação geológica, etc... A amostra é então enviada ao laboratório, para

ensaios mais apurados e precisos.

Extraído integralmente aula Mecânica dos Solos Prof. Gisleiva Cristina Ferreira. Faculdade de Engenharia

Ambiental. Puc - Campinas