SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
-
Upload
felipe-hautequestt -
Category
Documents
-
view
19 -
download
1
description
Transcript of SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 1/19
^pítuloxix Em o ç õ e s , se l f e consciênci a
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 2/19
ndição de seres humanos adultos, reflexivos e dotados de linguagem,
rern()S apenas emoções. Temos pensamentos sobre nossas emoções e no-
fla°emoções sobre nossas emoções. Nós as aprovamos ou desaprovamos. Fi
amos orgulhosos ou embaraçados com elas. Podemos ficar com raiva de nós
mesmos por termos uma determinada emoção (digamos, ficar com ciúme) ou
por ficarmos emotivos quando havíamos decidido não ficar. Mesmo antes
de desenvolver plenamente nossas habilidades linguístico-reflexivas, antes de
f o r m a r pensamentos sobre nossas emoções ou avaliá-las, aprendemos a reco
nhecer que as temos. Nós as mencionamos, até publicamente: “ Você está me
deixando com muita raiva!” , “ Eu te odeio!” e “ Eu te amo.” Porém, mesmo
quando não agimos assim, geralmente as identificamos para nós mesmos.Sabemos que estamos embaraçados. Sabemos estar tomados de admiração,
quer apliquemos ou não aos nossos sentimentos os rótulos explícitos.
Animais e crianças não fazem isso. Nem mesmo têm essa capacidade re
flexiva mínima. Para nós, no entanto, ela se tornou parte essencial da nossa
vida emocional. Nossas emoções e experiência emocional incluem, de modo
característico, nossos pensamentos sobre nossas emoções e nossas emoçõessobre nossas emoções. É por isso que nossas emoções se tornam tão centrais
para a ética, não só porque já trazem dentro de si estimativas e avalia
ções ou porque nosso comportamento emocional tende a ter consequências
eticamente significativas, mas porque estamos continuamente estimando e
avaliando nossas respostas emocionais. Como os estoicos ensinaram, anos
atrás, nossas paixões podem começar com “ primeiros movimentos” primitivos, mas só se manifestam inteiramente quando as “ afirmamos” ou “ ne
gamos” . E o que afirmamos e negamos não é apenas a emoção. É a emoção
347
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 3/19
.O i* "’ ‘ »OlOMON
. | próp rio »'tf m ostra OU d fn u n t' ‘> Mwn, ,como umi rcflr«Jo * ^ fnvergDOhado porque e « i com
^ «" r. D* v* m" d°' comG rimido ou covarde. Uma mulher o rg u l^ ’
r r r Z U com ra.va do supervisor que a vmha m o end o e * ,
* ’ , T m u d . a c o n a p í J o “ ra * pas“ " ’ do pe«,„o toman do” -An.es mesmo d , ap rend e, a anah4at »,»e«umoi
b i c õ e s como profundamente ,nd,ca.,vaS do npo de p e« oa ^
Z Z 2 « K>n,am „Ao longo deste livro, nao disse muita coisa sobre o self, ou autoconj.
ciência, pelo menos não muito diretamente. E, no entanto, o self e o senso
deself permeiam virtualmente rudo sobre o que falei, desde as emoções ma«
•básicas" ate nossos mais complexos julgamentos emocionais e engaiamen-
tos no mundo. Não significa que todas as emoções sejam sobre o self , nem
que todas seiam de algum modo autoconscientes. Muitas de nossas emo
ções são a respeito de outras pessoas ou de uma situação, e nossas emoções
podem ser alrruistas, totalmente voltadas para os outros e podem engaiat-
-se em tarefas que não envolvem interesse próprio. Como veremos, existe
uma importanrc diferença entre as emoções autoconscientes e as que não o
são. O self , porém, está implícito ou é conivente em praticamente qualquer
emoção humana, mesmo as que são essencialmente síndromes fisiológicas
ou programas de afeto. Desse modo, o neuropsiquiatra António Damásio
especula que existem protótipos de self e autoconsciência em todos os setes
vivos. Ao longo deste livro, vimos o self aparecer repetidamente, não só nasemoções obviamente autodirigidas, como vergonha, embaraço e orgulho —
em que o self é claramente o foco — , mas também na raiva, em que nãoc
o foco. No entanto, a raiva diz respeito a uma ofensa ao self e, portanto,
envolve necessariamente um senso do s?/^ofendido ou frustrado. Alemdii-
so, como vimos, a raiva frequentemente envolve estratégias para resgatar j
autoesrima nas quais o self desempenha um papel magistral (“como juu*
|úri ). Da mesma forma, o self está profundamente envolvido no amor,
mo 0 foco sendo o ser amado, uma vez que, segundo minha análise,0 jnu
ruturado como um com partilhar de selves: portanto, nesse sentiJl1,t
"t( d ° ' Ur LOm ° Se^ ' ° ^Ue’ msist0 enfaticamente, não significa ih;fr 11mor c amor a si mesmo” Amor-próprio não é amor
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 4/19
|y)ri,nio hC ,o l^,s ',s emoções envolvem o st*//, não significa que
,m io J'1'* cxpl'*- me, a respeito do self. Às vezes isso é contestado,
iiitif* vfrcuios, p<los que insistem (de um jeito ou outro) em que todas asautoiciitrad.is. Intretanto, se e em que sentido as emoções
tni/ih' ('nvo'vrm () st‘lf é uma questão mais sutil. Assim, na raiva
0ifl( cs tá compli tamente envo lvido, mas não é o oh)eto nem o foco de
(0(mi<toc'a’ e na in‘l,KnaV';>‘>rnoral o self pode não estar, absolutamente,
fni rviili'"1111' apenas a transgressão e o transgressor. O self, porém, como
yni juiz apontando o dedo, está claramente presente mesmo que não seja o
hKofi aparentemente, nem esteia cm cena. Se sinto orgulho do meu irmão,I emoção e bem explicitamente sobre meu irmão, mas, como David Hume
jssmalou no Iralado sobre a natureza humana, meu orgulho só faz sentido
na medida cm que percebo meu self em conexão com meu irmão. Assim
também na fé, no assombro e na admiração pode ser que o importante para
icmoçào da pessoa seja .1 relativa insignificância do seu self-, porém, tam-
brmassim, o s<*//est.i envolvido, não importando quão intensamente o foco
possa estar no objeto da emoção (Deus, o herói da pessoa ou um indivíduo
exemplar). No medo, existe a questão premente sobre o que a pessoa deve
ria fazer, assim como de que modo pode ser prejudicada, e apesar disso o
loco do medo esta no perigo, e não no self, em si, da pessoa.
Mencionei acima que existem teóricos que têm insistido (de alguma for
ma) em que todas as emoções são autocentradas. Mea culpa. No início do
•»eu trabalho sobre emoções, arrisquei a hipótese empírica muito geral de<|iic a estratégia final de todas as emoções era a maximização (ou manu-
f,i\ão) da autoestima. (Com isso desejava aperfeiçoar a sugestão anterior
* Sartrc de que todas as emoções eram uma forma de "comportamento
* I«H ’ , tentativas de proteger a reputação no confronto com um mundo
Recuei dessa hipótese excessivamente ousada que, hoje, vejo que
*•> todas as etnocõe» demasiadamente auto.meressadas e talvez até nar-
■»**. Passe, também a ahom.nar a noção de -autoestima” devido ao uso'"‘Wrimmado feno por educadores e gurus p»co-pop No entanto, ainda
"“ "*nho o que considero ser um .»**< central: todas as emoçoes dos
humanos, virtualmente por definição P»r ’* * «U menos autoc e...... entes, São e„ga,amentos do self no mundo, Por
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 5/19
JOlOMON
.|, f ,se * l f , mcsm° qU’,fUJ ° ° UKO 7 tal djS «"»Oçò,M>- , inltr, d.reção, para o bem-estar de uma outra . J
r ........" ' " ll " V ; MIfM cm que se esta at, vãmente enga,ado. H o * *
,M,á IV ‘,S‘ P ,‘ i ’s emoções diferentes de ,ulgamentos intefec, **.
....
•■»“ ' *"'t \.UlOS~. Enquanto estrategas, estão preocupada* e'$• .......... i,:'7 Z m o bem-estar do «-//(sendo sobrevivênca a cond,^
Mnndo. a dramática escratégia da ra.va não é tanto ex c ^
gU minha hipótese anterior, fundamentalmente p0rque
l,*„o rciDnhn-cr que somos pessoalmente motivados em nossas emoções
„ »o nu benelic10 próprio, mas cm benefício de outros. Às vezes podem0s
.
....... ••ahnoMdos“, desde que isso signifique subm issão total do se//; e nào
MU awM'iwia Isso não torna as emoções nem um pouco menos pessoais, o
portm. pode estar envolv ido de maneiras diferentes. Pode estar subme
tido .! uma v a usa maior ou, no amor, ser expansivo. Pode envolver e incluir
outros selvo i' ate íundir-se com eles. Podemos ficar com raiva e, prm.
ci|>alnicnte, moralmente indignados — tanto no interesse de outros como
no nosso. Podemos tanto vincar outias pessoas como nos vingar. Sentimos
simpatia r empana por outros quando nos mesmos nada temos em jogoou
em tisfo. Poitanto, enquanto o se//esta envolvido em praticamente toda
cimvio. isso não significa que todas as emoções se|am autocentradas ou
cgoútav O que. porem, também emerge dessas considerações é a compre
ensão de que nas emoções o self não e uma substância única, como sugeriu
IVscartes em sua clássica reflexão sobre o self.
I mbora ao menos implícito em todas as emoções, o self, no entanto,1 ' 011-1 " ^ "'paiincias muito diferentes em nossas diversas emoções.
'I . I iunit. apesar de negar o self cartesiano, argumenta que ideias
I 'i' * ta mo causam orgulho quanto são aquilo sobre o qual éo
2 * ,rJtJ dc ,de,JS diferentes. A causa, diz ele, é o que fizemos
>:rral Unia \' U masa segunda ideia é sobre o se//’de modomais
Descartes do ^ ^ ‘n,doMcn,os J c°ncepção excessivamente abstrata dc jhms quc f |t. _ / , 1U Uina C0,Sd pensante” , e procuremos os vários pJ'
-->•// M r 1 Mlí 1n*lar na:* diferentes emoções, verificamos que 0
dc 11111,1 J S*io em andamento, o agente de uma ação
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 6/19
^ un, „ , ,|r al*iinru calmnid.ule, a parte ofendida, o heneficiár.o de
r ,ruHen,c MP«ct‘idor, o agente ou a vinma (ou am-
# ou o ofendido (ou ambos) e, sem dúvida, pode estar
',f , , u l , s n," ' r 'r',,>. «»rn outras pessoas. Esses vários selves
,, *' u lf M,,p encontramos na vergonha e no embaraço é o
.«.» q>" vfmo' m ,UVI> ° s,,,f no amor, se funde com outro é o« irii.u na triMc/.i on ate no luto, mesmo quando o luto se segue ao
imoff 0"-uu*° Mu t/vhr ( l yí>6) defendeu a fragmentação do self (“ uma
(,,, ,1'iuf.nlr dt » li es ). parte do que tinha em mente eram as compreen-
nuiiii* dll' irntes que temos de nós mesmos quando em nossas várias
|M|V.. v Portanto, falar simplesmente de “ o self " na emoção pode revelar-se
r\mn> iinnite simplista
0 t|i'< com íamos .1 perceber, do modo como penso que Hume e cer-
uMuiiti Nki/mIic perceberam, e que, de uma emoção para outra, o self
muda mi.i toima «• ate mesmo sua natureza. Não é como se houvesse um
*. muito inrnos o que filósofos anteriores defenderam e atacaram como
mm ilm.t vois.i " que entra nas nossas emoções. Os animais podem ter um•niso iiidimcMt.ii vlt m7/, de si próprios como ameaçados e desrespeitados,
m.iv pessoas porque podem ser totalmente autoconscientes — têm uma
(líni.i muito mais atnpl.i de emoções, mesmo no nível pré-reflexivo. É alvo
»fs debates a questão sobre se animais podem ficar envergonhados, embara-
v iilov ou oipilhnsos (embora observando um shepherd alemão que acabou
Jc «.i comportai mal, ou de fazer uma tarefa complicada, se)a difícil para
triini não pens.ir que podem), porem nas vidas humanas a existência e a im-potiaiH i.i de tais emoções são inquestionáveis. Elas são definidas em termos
do ><//. Sr ta/ sentido di/er que um cachorro da raça shepherd alemão pode
Ik.ii envergonhado, embaraçado ou orgulhoso, então também deve fazer
ttntido di/er que ele tem algum senso de self.
O que significa ter um self (e um “ senso de self ) ' Mencionei que Damá-
Mo i siieve, de forma ousada mas especulativa, sobre uma consciência cen-
n.il r um proto self que existe mesmo110
nível mais rudimentar de funçãocerebral e ate nos organismos mais primitivos. Anos atrás, Lewis Thomas
( I 1* 4) argumentou que ate os organismos mais primitivos, fungos ameboi-
dcs. por exemplo, têm um senso rudimentar de self , isto c, algum senso sobre
» I f IS As NO SS A S I MO(, Ol \
3S 1
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 7/19
,„,e e BKlro. No ' n'''"UO' Sfm Str «necu|.
„ õ.. conv.cvão. *"im7 man,,.^„vP»*.....' meJ„ têm al«um senndo de vulnerabilidade ( '
' *"* ’ " * ím alB„m * d' ftSa-,N Í° “ deVt, Sal,ar P JrJ 1 -1*•*” * animJ,s que estão com medo estâo tom
L anitnais a s ** *« * ,cntam m 3W ° ant**°"'«> P0TqucdJ IW’m °!e,to de mor«.) A questão a<l“ ' * q-e concern» (
que conceito de self, os ammais precisam te, a I™ de
* >A resposta, excessivamente cética, de que anima,s não têm coritt|.
uTe portanto conceito de se//, só desloca a questão um passo atrás, , Mndo
nos força a perguntar de que senso de se// um animal precisa ser dotado
pJra ter emoções (em que evitamos o frequentemente superintelectual.zadoconceito de “conceito"). É, no entanto, evidente que os animais têm algum
senso de self, a partir do momento em que têm qualquer emoção que seja
(certamente, só um ceticismo ininteligível ainda o nega.)
Entretanto, ter um senso de self não é o mesmo que ser autoconsciente.
Há grande controvérsia a respeito da discussão sobre se, e até que ponro,
animais tém autoconsciência, ou seja, um senso de si próprios como selm.
Experimentos de observação do comportamento de chimpanzés e gorilas,
quando se viam no espelho com a testa pincelada de tinta, parecem ser ine
vitavelmente falhos se os pesquisadores considerarem que aufoconsciéncia
limita-se a autoconsciência visual. Muitos animais parecem depender muito
mais de um senso de olfato (notadamente menos importante na maioria das
interações humanas, com exceção de perfumes e encontros no elevador e no
metrô). Sem lidar, porém, com esse assunto espinhoso, podemos dizer comalguma clareza que os animais podem ter emoções e, portanto, algum senso
de ulf, mas não sabem que têm emoções e consequentemente não são auto-
conscic mes da mesma forma que os adultos humanos podem ser. Por outro
), serts humanos adultos podem tanto reconhecer suas emoções (roesm
M P jssain identificá-las equivocadamente) quanto ser autoconscif*11
P o delas. Mesmo que biólogos, como Damásio e Thomas, esteja'1«mos a estender a noção de individualidade a virtualmente todas # c°'
v>vas. <firU aCt»tralid I . ^Ue aPresentem um mecanismo interno de s o b r e v i v ê n c i a .
-‘ V na emoção humana significa muito mais do qur 1S
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 8/19
f ,n ' As n o ss a s im o c ô is
apreender tomo profundam«,,,
ajuda-nos a entender um ou.ro aspei,,, ° "V
'• i|mtn,e malirnerpmado. De um modo g „.|, concorda.«
■, a, emoções admirem gradações. A pessoa podc Mlat
% ,a,va ou com muna. muna raiva. Pode es,ar um p „„c„ apa.xonadl*. Jidamente apaixonada, ode estar um pouco embaraçada mas pode
R e s t a r muito embaraçada, até humilhada ou-mortificada- o que, forrm. essa mlnadade de uma emoção? O que s,6nifica ser um pouqu,.
jhotmotivo em oposição a muno emotivo! Geralmente se considera ser a
„„ensidade de uma emoção o “ calor” de uma emoção, como se uma pessoa
jUCestá com um pouco de raiva vá ficar um pouco agitada, mas uma pes
eta que está realmente com muita raiva, ou furiosa, vá ficar bastante ver
melha e sofrer de todos os tipos de intensificações fisiológicas (pulso e ba
timentoscardíacos acelerados, respiração difícil, suor abundante, câimbra,
itnsão muscular etc.), e tudo isso se manifestará em sentimentos intensos,
uma experiência emocional particularmente intensa. A raiva é, portanto,
considerada como mais ou menos intensa com base em “quão fortemente a
pessoa sente” .Entretanto, já sugeri que o grau de alteração fisiológica pode,uvezes, ser surpreendentemente independente da intensidade da emoção e,
portanto, assim também as sensações que acompanham aquela alteração.
Sensações como as do sistema nervoso autônomo podem ser produzidas
devárias formas — em consequência do início de uma gripe, da ingestão
dt estimulantes ou suplementos vitamínicos —, mas a pessoa logo percebe
queessas sensações não são, nesses casos, sintomas de emoção. Pessoas fi-
uro enfurecidas com pequenos desapontamentos, mas por causa disso nãotoemos que sua raiva é intensa. Algumas pessoas, mesmo com muita raiva,
Nem permanecer bem “ frias” e controladas, talvez porque |á anteveiam
arrasador ato de retaliação ou vingança. Nem por isso desconsidera
Ssua raiva. Mas, então, qual é a medida para a intensidade da rai a.
Ir|a que, na maioria das vezes, a medida da intensidade da u
, ' idl de ,ía ofensa. Esse não pode ser, no entanto, um julgame^VlJ •Se assim fosse, a raiva irracional e a “ reação exagera a ^
^P^ensíveis, )á que a raiva seria sempre proporciona a rea ^ ^
UlSa<mdependentemente de como essa fosse determina
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 9/19
. t ~ r i controvírsias quanto * * « • -ob,e„vns.„da. ainda h*ve da ofcM> depende do «trapo causado à repu, ' '*»
«ano se a «"«■ do a|guns moralistas, da origem, da p .« # * * , *>
W " ' ° U “ “ 7 : ‘ violada etc. Entretanto, o „ligamento em quMtJo *
T > Z " » d o « M » (ou “ subjetivo’*) a respeito da seriedade d, oí, •
'“ 'T 0 la i . r o o « * » '<” « “ COm°T ° “ *realmènte alguma ofensa. Dessa forma um insulto que causa pouco „
à reputação de uma pessoa pode, ainda assim desencadear furta * tlj %
L a r como uma questão pessoal e considera-lo suficientemente ofe„SlV0
■0 quão fortemente a pessoa sente" refere-se, em outras palavras, à |0IÇJ
e à convicção dos julgamentos componentes, nao aos seus sentimentos cor.
porais. Se uma ofensa é sennda muito pessoalmente e como muito seria,
a raiva será intensa. Por outro lado, se uma ofensa não é de modo algUmlevada a sério, talvez porque o ofensor seja um velho adversário de quem*
esperam tais comentários, ou talvez porque seja um impertinente, ou apenas um bêbado desconhecido, então a raiva será menos intensa. Em outras
palavras, a medida de intensidade da raiva é o senso de vulnerabilidade e de
dano ao self da pessoa. Dizendo de outro modo, a medida de intensidade é
um julgamento ético — quão importante é a questão na vida da pessoa — enão uma amplitude fisiológica.
Naturalmente, os sintomas fisiológicos da raiva geralmente serão pro
porcionais à estimativa de vulnerabilidade do self e de dano a ele, mas não
são esses sintomas fisiológicos que indicam a intensidade da raiva. 0 mes
mo é verdade em relação à intensidade de outras emoções. Sensações como
medo e estar com medo aumentam na proporção em que aumenta o sensode perigo e vulnerabilidade. (Por exemplo, a intensidade do medo vicário,
enquanto se assiste a um filme, requer um tratamento especial. A pessoa
teria de incluir a estimativa de perigo e vulnerabilidade dentro do campo
de abrangência da sua “suspensão voluntária da incredulidade” .) 0 amoré
mais intenso quanto mais o self de uma pessoa se sente envolvido e próximo
, ^ ao 5e outr° . Os sentimentos (sensações) de amor tamt mmten daed.17 n S 0 S , COm al&um bom senso ina <luerer ^ *menos na inrp * jCnascom base na intensidade do sentimento, muito
nsidade dos sintomas fis.ol6g.cos. Logo após t« feito
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 10/19
m áè .M <•" » r « « « . o . sentimento* memuráve,. da n.
s(.r nrni.mo*. mas , .nlriuidide d, crr.(Nâo, cm outras Dal P<>
d ' **' Pode es».»r no * u aUKc ° ^
^ .......... ................... — .....
com O grau n „ que a p .,soa "a Ic a etn lm iJ1 p ^ . ( / ™
jjuportánci* b
. Levar em termos pessoa.» refere se não só aos ]ulgamentos aval.at,-
,osna emoção, mas tambein a autoconsciência reflexiva ou ao que mu.tos
lf0r,cos inam referir se como consciência de “ segunda ordem”, consci-
jncia da consciência (da em oção). Portanto, a fim de compreender o(s)
papcl(éis) central(is) do self na estrutura das nossas emoções, é necessário
explorar a vastíssima questão da consciência. O que significa, para uma(moção, ser consciente?
Hj um sentido mínimo em que todas as emoções são conscientes, isto
é.registram nossas sensibilidades e dão origem ao que se pode, de modo
muito geral, chamar de “ sentimentos” , quer os notemos, quer não, quer
prestemos atenção a eles ou não. Alem disso, caracterizamos emoções como
engajamentos no mundo e, portanto, podemos dizer que para que qualquercriatura tenha uma emoção, ela precisa engajar-se no mundo, ao menos per
cebendo o mundo e tendo alguma participação e algum papel no que acon
tece nele. Desse modo, minimalistas como Jeremy Benthan declararam que,
mesmo que animais não pensem, eles sentem e, portanto, têm interesses. (Pe
dras, ao contrário, não têm interesses.) Na medida em que as emoções en-
v°lvem percepções ou têm algo em comum com elas, podemos chamá-las de
romimamente conscientes caso envolvam ver; ouvir, sentir o gosto ou sentir,P°r exemplo, a carícia delicada de alguém ou uma leve dor na panturrilha.
CSsas forem muito fracas, podem estar abaixo do limiar de sensação e não
* conscientes e, portanto, não contar absolutamente como sentimentos
*lirt'm, se estiverem acima do limiar de sensação — e este c °P 0j cm
' «o precisam ser noradas ou que se lide com e la , Desse modo, podem
conscientes em um certo sentido mas nao em outro. ^ ^ ^ m m exemplo conhecido, na psicologia, e a pdrece, de forma
^ u,fia imagem surge tão rapidamente que o su| quando,
8Uríla, percebê-la (e, se indagado, negará que o
355
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 11/19
, «
allium** pergunta» relevante., f.cará ev,denfe
m « * ,,* . «* '•‘ ' " ’ .o u v,u a imagem. Assim também à» ve* , v
iTrf-li"fn«f'ríff,"rr‘ " mJS mais tarde, parecemo. lem b rarm o .^c o i - * « "á° J \ nrZ mpor e x e m p l o , por Robert Za.onc, da U n .v e ,^I» Fo. demflnSt " ; cZ õ rs s u b l i m i n a r e s podem afetar nossa*
d f n o l p re fe re n c e por ideogramas chines« - que, em ^
Por exemplo,no* P jncxprcsslvOS - aumenta simplesmente com ba* ^
aKMl Z b l ^ « , rcptnd* e familiaridade ou em ass«,açà„ ,
" POSI como um rosto feliz) (1»»0). O trabalho de Za,onc
P0SI" rrovérs,a especialmente devido a um prolongado debate o*, „
S T d a avaliação" Richard Lazarus. No entanto o que emergiu « , U(,
" , ____ é geralm ente consenso fo i a ide ia de que ha diferentes „ í,Bl *
consciência, alguns dos quais envolvem reconhecimento (dos próprio* esta-
dos mentais) e outros nao.Considerem o exemplo de Dan Dennett do que ele chama rollmg
consciousness,' quando alguém dirige por uma estrada conhecida enquanto
absorto em uma interessante conversa (1991). Entretanto, a pessoa percebe,
abruptamente, que está dirigindo quando algo desagradável acontece que
demandesua total atenção (um carro aparece, subitamente, de uma estradalateral ou um pneu estoura e o carro desvia-se para a esquerda). Não é que,
antes, omotorista não estivesse prestando atenção — ele não saiu da estrada
nem bateu em outro carro —, mas estava dirigindo no que expressivamente
chamamos de “piloto automático” . No entanto, quando agora ele presta
atenção na direção, não é como se, de repente, estivesse fazendo uma coisa
diferente. Nem está simplesmente fazendo o que fazia antes. Do mesmomodo, quando temos uma emoção e tomamos consciência dela, não é que
agora estejamos sentindo outra coisa, mas não estamos simplesmente sen
tindo o que sentíamos antes. Uma das possíveis diferenças é que o self agora
está em foco, enquanto antes não estava. (É por isso que Jean-Paul Sartre
que o self só aparece na consciência reflexiva, mas que as emoções, ema, nao são reflexivas.)
no pr mej Cm in.V0Car ateuma teoria da consciência, podemos dizer quc*
deve (nor H fentl- ° ’ Slmplesmente registrar as sensações, algum sentimento,íao) ser um a,o consciente (às vezes chamado de “consci*
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 12/19
A* -05SA» tMoç0f^
ic prinncira ordem"), mas ru» deman senndo* —
uber <*"' * tem Um determina<*o estado mental - **” * "C « ou as emoções precisam ser conscientes ir o ó ^ Z ^ **
C * * ** dc “ Bunda ord' m' ’-N° que «í . c ú r ^ r como; c„mo um senso de «l/deve ser possível em um nivel de c o ^ c ^ T ^,„vo iquer se,a ou nao em fungos amebo,desi. A u to c o n ^ . p j™
: ^ forma estranha de * refenr a uma vanedade de opos de consíLc*
rtnociona I que podem ou nao ser possivers em uns poucos ammais que nãoa linguagem (embora fosse relativamente rarol, mas é generalado na
„noção humana adulta. De fato, emoções autoconscientes podem não só
fxigir o uso da linguagem, mas o domínio de uma linguagem bem sofisticada. qUe inclua (minimamente) um vocabulário de emoções e de self e uma forma
ic “siruar” as emoções em nossa psicologia e em nossas «das.
Jean-Paul Sartre fez uma distinção entre consciência “pré-reflexiva1*t-reflexiva", para diferenciar dois tipos de consciência: inicialmente, domundo,e, em segundo lugar, de nós mesmos. (“Primeira e segunda ordem"éusado no trabalho mais recente dos psicólogos Mareei e Lambie; outro
■modo de fazer a distinção é: consciência “ fenomenal" trrsus “de acesso",finta pelo cientista cognitivo Ned Block.) Entretanto, Sartre percebe, imediatamente, que sua distinção entre consciência pré-reflexiva e autoconsciência
reflexivaé simples demais e torna, então, o quadro consideravelmente mais
ambíguoao insistir em que, embora o “eu” , o se/f. apareça apenas no nívelreflexivo da consciência, uma espécie de versão do cogito cartesiano {“eu
penso” ) deve aparecer mesmo no nível pré-reflexivo. Ele descre\e, como
“toepisódio típico de consciência pré-reflexiva, a experiência de bonde a
*r alcançado,” claramente sem um “eu” (em oposição ao reflexivo “tenho
dtPegar aquele bonde” ). É, no entanto, bem evidente que o “eu" esta im
plícitono primeiro caso, mesmo que não seja pensado ou percebido^
Portanto, precisamos distinguir, ainda, entre autoconsciência
«“-.eentre d,feren.es npos ou -níveis'de auroconscréncra.
"aoPara confundir uma questão que pode t e r pareci o c^ra, ^aprec'armos como nossas vidas emocionais são tom pu lado por
^'consciência, mesmo antes que cheguemos ao a exCessiva-Und Freud. Quero sugerir que a distmçao de dois n,e,s
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 13/19
ni
, „ N,|,,« »d » I - « " * d' >*0" , J " ' ' „ „ , * * « c • ' « AuKH.onfcticru.,,1 f
■........................................................................... ..............................
r » Í » r»Uue ..... *p ™ *‘ " ÜM° -«>'>— ’*-■> «.br, *
rr/j d.i% p r*^ 1*1' cm° V° C‘ '
N ,“ p,.ulo ! " • l|UC M “ U,ÍCC M r ' ' " " * W„ „ „ m m '* demoradamen.e «• ao menos podumns COmpreeode, co m ,''
£ ...... . e„pene«,a ......"* > » « « " « ' ,Jo ’
d,', iram ,» bebê.). Ou como é a expen ínca na,. I.ngutaca anim,!. ( * , „
m è m satã - 6 «"*•' 1 u,m ' ’ * P>..U....... ’
é afk m a a u " •“ r ,s il,no s,(" uspda lln«ua«cm • > ** ** **.|(t 1( f| (i||| J (. I(.(1 ,Kts>,>.. rxpr.in.ci.. “ bruta" ou linguisticameo*>,lo
processada. Nossa linguagem (ou, ni.iis precisamente, os conccitos que temoi
porque usamos linguagem) permeia todas as nossas experiências, ate as mais
incipiente* e inarticuladas. (A expericncia lim itt seria algo coino dor puf]
ou sensaçao pura, mas, ainda .issim, pricisamos nos indagar se a cxpcriên-
cia seria .1 mesma caso não a reconhecêssemos como dor ou como o tipo dc
sensação que era.) Assim, podemos calcular o que é raiva para um cachorro,
um pássaro ou um macaco? Em certo sentido, certamente sim. Porem, cm
outro sentido, mais profundo, provavelmente não. A mesma pergunta pode
ser reiterada em relação a pessoas de outra cultura ou (só para gerar confu
são) pessoas do outro gênero. Essa e uma questão que vem nos perseguindo
di sde o mino do livro: nossas emoções são, em certa medida, tanto moldada*
quanto definidas pela linguagem (e as metáforas) com a qual as identificamos
e descrevemos? A resposta é: “ em certa medida, sim ” . Nossa linguagem, ou
perspectiva, molda e define “ em certa m edida" não só nossas emoçõesesped-ficas, mas também a forma geral de nossas vidas emocionais.
Jsso significa que nossas emoções )á são saturadas de reflexão e auto
consciência e não podem ser compreendidas de nenhum modo pré-refle^
vo . Creio que podemos ver, aqui, por que Sartre ficou tão agitado dunIC
sua rt|Vindicação de que existe uma consciência pré-reflexiva bem P‘ir^
d »consciência reflexiva e por que seu ensaio inicial sobre as emoç^'^‘I '1' pK sumia essa distinção (e insistia que todas as emoções rJ,n ^
Xl>1■), foi insatisfatório. Conforme insistiu Merleau-Ponty, trâ° cXI
358
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 14/19
M N O H M l M o ç û h
cm entre pré
4» e"'4* 1** W ti° conMm«nada* p,,, e ,e(Wx
,,u” 'i<>‘lc r ' ° o„ ;* -ü0*n,ufrn nOSSWS »u,Ram«»tos emodona» e con»
Lo*“ depo.; de « „ rikrmo8 nu7 “ " 7
XOfvv,Wr
’° o* um.
~ "« « o . podem « llmen,t
Ai âmculado» e a autoconsciência e a reflexão nodrm * quate
'<um " !Ujln“ n" * min,uiamcrue Z « Z Z ! \ ' “porém, em um contexto estcnco. nj p e a « * „ amo,
ressentimento profundos, os conce.tos constitutive* de no.,
^K.ona.s podem ser totalmente pensados, profundamente re flex .v^ -
tfjramente autoconscientes. Tal reflexão e autoconsciência serão decisivasnessas emoções. Nosso senso de amor romântico é uma emoçio totalmente
reflexiva. As pessoas estao apaixonadas, celebram o conceito de amor e têm
total noção quando estão apaixonadas. (Ê bem sabido que, às vezes, ho-
mtnse mulheres descobrem que estão apaixonados, mas o ponto critico
i que o seu amor só é completamente concretizado a partir do momento em
que identificam que estão apaixonados.) A noção de um amor puramente
pré-reflexivo produziria pouco mais do que atração animal e algum sensode apego afetuoso. Importante? Sim, talvez até “ básico” , mas dificilmente
ob|eto de literatura, poesia e música.
Tudo isso levanta sérios desafios à distinção excessivamente simples en
tre dois tipos ou “ níveis” de consciência. Em primeiro lugar, a distinção em
si é inaplicável a emoções humanas adultas, na medida em que todas as
emoções sâo, em certa medida, reflexivas. Em segundo lugar, porém, creio
que a própria ideia de dois níveis de consciência é pobre. No domínio das
emoções reflexivas e autoconscientes existem muitas discriminações dite-
tentes que podem e precisam ser feitas. Geralmente, distinguimos entre uma
Pessoa que está consciente, ou seja, ocupando-se de seus assuntos e afazeres,
e alguém que se torna autoconsciente, isto é, que está vivamente ciente
c°mo seu comportamento (ou aparência, ou modos) pode aparece p
®a“ alguém. Ou a pessoa pode exammar minuciosamente seus sentimentoP° r exemplo, questionando se são ou não justificados em uma ^
‘"Hão. (“Tenho realmente motivos para estar com ciúme só po q
359
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 15/19
. r ) f bem . .........." ' lKUém’ M lvr/ M,rM„
^ MlUU,r ° l n J o nerWW.men.c c ficando embaraçadoenrub^ndo. g ^ Jfcni,ã(, par., isv». você ».ca rralmen.e rrnh, f
Quando um «m* ^ em(H>k) torn, se inteiramente a u i« « * *
çjido. nJ nKC 1 ' ^ esses dois sentidos de “ autocomu.icnte".)
n z x z - 1"1'' pd°,m" m n° ,n*ws J 'Z i m ficou “ autoconsciente"* « ig n .fi« J. / r , que fuou mcn,H ^
; -mbaraçado. de modo que, quando »içamos aut.Konsc.cu« do
nosso embaraço, tendemos, portanto, a ficar duplamente embaraçado,. ,Fjn
alemão, pelo contrário, selbst-beumsstsem sugere algo ma.s como orgulho
ou autoconfiança.) Portanto, uma co.sa e dizer que uma emoção é auto-
consciente, no sentido de que seu objeto é o self, e outra e di/.er que ela é
autoconsciente no sentido de que a pessoa e reflexivamente consciente de
que tem aquela emoção. Portanto, no segundo caso, mesmo emoçòe» cxpli-
c.tamente autoconscientes, como vergonha, embaraço e orgulho, podem ser
ou não autoconscientes. Em outras palavras, estamos talando, aqui, sohre
um complexo sistema de discriminações, não de uma única discriminação.
Com quase qualquer emoção ou percepção, podemos fazer várias ilis-tinções entre meramente ter, registrar, notar, prestar atenção e compreender
a emoção. Podemos acrescentar a isso os diferentes níveis e tipos de com
preensão, desde compreender (emocionalmente) que “ alguma coisa ruim
parece estar acontecendo” ate compreender (emocionalmente) exatamente
o que é, como aconteceu, como apareceu, suas implicações e consequências
e seu significado mais amplo. Eis uma rápida analogia (não necessariamente
emocional): olhando de relance, sonolento, para o meu relógio digital junto
à cama, às quatro da manha, posso nem notar que horas são — embora,da-
ramente, tenha visto. (Estava bem diante dos meus olhos abertos.) Ou p»»s0
notar a hora, nada pensar a respeito e imediatamente esquecer (OU scri quí
nunca P«stei realmente atenção?). Ou posso notar a hora, nada pensar a
. * mjS ser caPaz de dizer a vocè — se você perguntasse — que
*»o. (isso pode ser considerado uma variação de percepção subliminar -
há v á Z a na0 PrCStar atençào "»Im ente. Porém aqui também pen»«!*
mente nen 'Slln<* °cs’ e nao aPenas uma.) Ou, quando olho, posso
que '™ h“ * levantar den.ro de L horas e meia. 0» P -
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 16/19
»•«.* ** « O iSA J CMOÇO,,
^ e* pãn^o porque nio vou domu, o
mr uniar Ct,m0 * qUC COnw* ° man‘« meu emort» COm**"* * , par. o «critono. Ou p o » COTÍ<„ , " " P " 1»
. * - » • « “ m > " = ■ - * * « * • » p . 0 * , ^ ^ z , : :
. d,*r ,uc « u » . c„™cOTtt do ,cmpo-, « . , ^ lfc 7 jppbcaçõe* muito diferente*.
po mesmo modo, porm os «.Ur coMoeme» de no*«» emuçôe» (ou
^ emoções podem ser conscientes» de varias maneiras d.íeremev ou rm vjnt» 'wvm " diferentes. (Elesito em chama los -n,vei»- na med.da rm que uso sugere que sio hierarquicamente ordenados, um *auma’ do outro.) Em onu situação renva, subitamente me dou conta (isto é. reconheço) de que etou aborrecido. Estou agitado, suando, temo. Porem estava assun ames de Botai que estava perturbado, e e evidente que minha perturbaçiu emocio
nalnio começou so quando eu a notei. No entanto, agora que noto minha
perturbação. nio tenho certeia tobre o que esta me perturbando. Lembro- me, encão, de unu pequena dtstussio que tive com um colega quando saia fc acntório e o modo como bati a pona, e dou me conta de que devo atar zangado. Mas com o quê? Posso ou nio ser capai de identificar o aonvo, dada a brevidade e aparente banalidade daquele encontto. Entre- tanto, recordo-me de confrontações anteriores, algumas das quais claramen
»t ofensivas. Agora, entio, compreendo minha raiva atual, nio tanto em
• t i d o s daquele breve encontro, ma» em termo* de uma longa historia com ***U pessoa. Noto. como ti furta antes, que o comportamento daquela P«*oa lembra, mais do que superficialmente, o do meu irmio mais velho:
•rnigame, menosprezador, superior. Tenho, entio, de me perguntar, ag<ra,
**«wncntc do que - e de quem - estou coro raiva. Fko me rgunU «« estou Im o com raiva ou estou af*nas na defensiva?
compreender, realmente compreendei. minháC^ ' ’ d
Ctento tnc lembrar do que meu p^a * u m c ç o a avaliar a medida qut repasso na mente o«XOOt t o àÚ m áttB L
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 17/19
, ,,, que meu coles* acabar. * *«• t fico c„m, ,„..nu‘V<o • -1 trnljtivd de compreender • « .. profundam,,,,,. ’
Desisto « m>, detalhes do encontro. Quando c , ^ '„,e ««centro ma'» • |ve„ |mas não feiras), fico ainda com ma„
pe.wr em a Mugem da situação, Estou com ra,„ ! ’
^ iX V e m io » . se. que não é bom para a mmha saúde, sen, |)U,
7 " T l i de espirito. A, fico com raiva de mim por ter ficado com r„Vj
e noTum pouco) do absurdo dessa confusa reviravolta. Começo a
Lbrr como sou uma pessoa irr.tada e sobre como e difícil, para m.m, rela.
•r resolvo, então, fazer algo a respe.ro. (Nesse ponto, sento-me c começ0j
mcd.rar ou. pelo menos, conto até dez.) Por f im , estou totalmente consciente
da mmha raiva, mas só agora, quando já está passando.Esses diferentes níveis de reflexão ou diferentes tipos de consciência su
gerem. também, diferentes papéis para o se/f na reflexão. Pessoas com um
alto nível de inteligência intelectual podem compreender suas emoções em
um certo sentido, mas não em outros. Pessoas com boa inteligência social
podem compreender bastante bem quais podem ser os efeitos [da emoção]
sobre outras pessoas e nas suas próprias relações, mas não compreender,
teoricamente, o que está em jogo. Pessoas dotadas de aguçada inteligência
estratégica — que podem parecer bem estúpidas quando se trata tanto do
sentimento de outras pessoas como de qualquer preocupação teórica — po
dem, entretanto, compreender muito bem o que precisam fazer, quais as
emoções estratégicas, que passos devem dar, que expressões precisam adotar
e que medidas tomar a fim de conseguir o que querem. Dessa forma, uma
pessoa com raiva pode compreender sua raiva em um sentido teórico bastante profundo. (Talvez seja um psicanalista, um neurologista ou um teonco
da emoção.) Outra pode estar ciente principalmente das repercussões da
sua rana sobre os amigos, a família e até sobre a própria percepção de ser
simpática. I ma outra pode tramar uma sofisticada vingança, v e n d o clara-
ente o qut precisa ser feito, mas pensando, apenas t a n g e n c i a l m e n t e , sobre
OS mecanismos envolvidos e m tudo isso.ios \ cr, portanto, o quão intrincadamente a reflexão sobre enuV
.gUfa as cmcKrões e se combina e se mistura com elas. Sem dúvida. P
quero ignorar o fato de que também somos capazes de reflenr '
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 18/19
j , s» w " " r " " ’-' C ,55° « P i ' « .a ra,, „ „ „ .
" " rcUVÍ° * " mSa* ' mo<4'* « a imprr,,; 1“ » 'o r»f ' „<*«•"'' * »■"“ '» « “ '•m« oposta a nossas era,* '" ! " * * *<««• •f,;U> s) somos seres racionais que podem reag.r e S' Verdade que
f je » P « * « S,,n" >SS" " ' “ * » * «í L « , K f l«1' c “ 3 inKuagem tanto para ca ra c l “ “ pi,“ s
> « « n o $ s a s cm o (. T ' * i s s o s , R n , f , c a q u e « . « r i 0 r^ ix o n ad a ra en te (ou, era qualquer caso. a ura pa!so *
, sobre nosso propno compor,araen.o eraocional. t especialra “ ]
^ d. reflexão re.rospecnva sobre nossas emoções passadas e durarae „
aisodeemoçoes que perduram a longo prazo. Pensando no passado pode-
m0Sver o que dever,amos ter sentido ou deveríamos ter íe.to e dec.d.r hdargessas questões de forma diferente, no futuro. E nas torturas da ra.va,
ja culpa ou do amor, podemos indagar: “ Por que estou com tanta raiva?” ,
•por que deveria sentir-me tão culpado? Por que a amo tanto?” e tomar
providências para examinar, explorar e, talvez, ajustar nossa emoção. Por
tanto,a reflexão realmente tem uma importante função que permite (quer
a incluamos, quer não como parte da nossa experiência emocional) que ela
questione e conteste nossas emoções e sugira vias emocionais alternativas. É
nesse sentido que podemos, às vezes, distinguir nossas emoções da reflexão e
reconhecer uma liberdade que é impensável em bebês e animais não dotados
delinguagem ou, no tocante a isso, em pessoas relativamente irreflexivas
que— pode-se dizer acertadamente — “ não estão em contato com seus
stnnmentos” .
Uma vez que tenhamos aprendido a refletir sobre nossas emoções e adotidoa prática do automonitoramento, adquirimos um profundo senso de
‘livre-arbítrio” . Como discutimos no capítulo 17, isso não significa que
J8°ra possamos sentir qualquer coisa que quisermos. Significa, entreta
1®*podemos tomar decisões, resistir aos nossos sentimentos emerg ^ ^
^mbater nossas obsessões, mesmo que, na prática, não passe d
^ eg m ar “ não! não! não!” até o fim. No entanto, a razão ( « £ * * _ e^verdadeiramente desapaixonada e nunca está livre as pr ^ com
^Pectivas do sei f. Nunca está, portanto, simplesmente algUmas
*' 1)JIX°es, mas, sempre, e por necessidade, aliada a, pe
M U » A i W „ . , , M o t a i j
7/21/2019 SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)
http://slidepdf.com/reader/full/solomon-robert-emocoes-self-e-consciencia-in-fieis-as-nossas-emocoes 19/19
c iOlOMONr OBER'
que aquilo <loe clumamos razi» ' ap,.„ «modo, N i« * 1* !U® is forte delas. No entanto, com umidelas. D » ixSo, às vezes d(,sta e remodelada — que nào as
T io de ra“ o « de " „ t “ " das ne,n como totalmente desapa,.
considera nem — ‘ habil idade, de cer,» forn,a desapegada, pau,das masc o m o essenciaisa tjonarmos nossas emoçoes usan-
“ distanciarmos, « '^ " “ ' der uma das coisas que nos tornam
d„ a linguagem nos t0rnar autoconscten.es, refletir amais humanos: o ^ ^ J numenws, tomar decisões e mudar profunda-respeito e descrever no^os s ^ ^ . , (ome de nossa liberdade e
me„te nosso c o m p o r ament emoçôes. E é por .sso, nao importa ode nossa responsabilidade p ^ mecanisinos neurais das emoçoes, que
que mais possamos conhece. nossas emoções e apreciar o papel
precisamos assum.r respons extensão em que determinam
central que desempenham na nossaboa parte de quem somos.
Notas
1. Tradução livre: consciência contínua. (N. do T.) .2. Em inglês, a expressão self-conscious é empregada tanto com a con
(autoconsciente) como para significar “constrangido . (N. do T.)