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Semana da SolidariedadeDe 05 a 12 de Novembro de 2013Solidariedade e Justiça Social

Equipe de produção:Alessandra Miranda José Magalhães

Projeto gráfico e diagramação:Marcos Tramontin Serafim

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ApresentaçãoNo Brasil que vivemos ainda tem Fome e Pobreza?

A Cáritas Brasileira realiza todos os anos a Semana da Solidariedade, na semana em que celebra seu aniversário. Neste ano na comemoração de seus 57 anos de concretização da sua missão de “Testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo a vida e participando da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural, junto com as pessoas em situação de exclusão social.”, estamos motivados com o tema: Solidariedade e Justiça Social, com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para refletir sobre a invisibilidade das desigualdades sociais que geram fome e pobreza existente neste pais, principalmente nas periferias das grandes e medias cidades e no meio rural que são provocadas pelo atual modelo de desenvolvimento.

Os dados oficiais do Governo Federal apontam que nos últimos anos (2003 – 2012) o Brasil vêem conseguindo combater a pobreza e a miséria de 16 milhões de brasileiros através dos programas de transferência de renda, principalmente “o bolsa família”, proporcionando uma real melhoria nas condições de vida das pessoas. No entanto percebe-se ainda uma necessidade de avançar de forma a solucionar de maneira estruturante e efetiva essa mazela histórica que afeta toda sociedade a exemplo da não realização de um processo mais amplo de reforma agrária e urbana.

Tendo como base esse cenário repugnante de negação de direitos, a Semana da Solidariedade deve ser assumida por todos os homens e mulheres que acreditam em Outro Mundo Possível, no Reino de Deus, na Terra Sem Males. Seja qual for o lugar social que ocupamos, dentro ou fora das estruturas religiosas, sociais ou políticas. Nossa tarefa é agir através de gestos de solidariedade para a denuncia, superação da realidade e construção de uma cultura de direitos humanos para todos e todas no alcance pleno da justiça Social.

Este subsidio Solidariedade e Justiça Social: Rodas de Conversa, tem o objetivo de contribuir no processo da Semana da Solidariedade, sendo um instrumento de preparação para a vivencia da Semana. Queremos através dos assuntos das Rodas de Conversa, refletir sobre as desigualdades sociais, suas causas e conseqüências. Queremos também celebrar a vida e as capacidades de nos organizarmos em redes de solidariedades.

A QUE VIEMOS?“A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar.”Martin KingA Cáritas Brasileira tem a alegria de apresentar uma proposta de formação para as lideranças e coletivos das Cáritas, Pastorais e movimentos sociais. Trata-se das Rodas de Conversa sobre a temática Justiça Social e as desigualdades sociais.

ObjetivoPromover e qualificar lideranças diversas das Cáritas, Pastorais e movimentos

sociais para a reflexão e debate coletivo em torno das questões sociais e

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econômicas do Brasil, possibilitando assim espaços de diálogo para ações que

gerem denuncia, anuncio e solidariedades para serem realizadas na Semana da

Solidariedade.

Realizar Rodas de Conversa para que? As Rodas de Conversa querem colaborar na construção e partilha de

saberes sobre a vida e situações ou elementos que estão diretamente ligados as

questões sociais e econômicas do país, na construção de alternativas na

superação dessas realidades de desigualdade social, estabelecendo assim ações

de solidariedade para a garantia dos direitos das pessoas que historicamente tem

seus direitos violados. A intenção é garantir o diálogo a partir dos dados da

realidade e fatos concretos das vidas das pessoas e como vivem. São duas Rodas de Conversa, e um roteiro celebrativo com o objetivo de

animar para a esperança nas lutas para o alcance da plena justiça social para

todas as pessoas. Posturas fundamentais para a realização das Rodas de conversa

Ÿ Convidar outras igrejas, movimentos sociais, vizinhos e comunidade em

geral para participarem das Rodas de Conversa;Ÿ São três rodas de conversa. Elas podem acontecer por etapas (a cada

encontro realiza-se uma roda), ou em um único dia, de maneira que

faça-se algumas adaptações a realidade para que seja realizada em

forma de encontro de 1 dia.; Ÿ Escolher, com antecedência, o local para que as Rodas de Conversa

aconteçam (casa, sede da associação, igrejas, salão comunitário...);Ÿ A preparação do ambiente deve estar organizada de acordo com o tema

da Roda de Conversa. Importante lembrar que as cadeiras devem estar

organizadas de forma circular, garantindo que todos/as se vejam na

roda;Ÿ Importante ter uma previsão do número de participantes. Que o

ambiente revele e tenha o rosto da temática da Semana da

Solidariedade, ou seja, cartazes, folders, jornais, vídeos e símbolos;Ÿ Cada Roda de Conversa tem uma lista de material a ser providenciado

com antecedência;Ÿ Realizar uma acolhida com apresentação dos participantes em todas as

Rodas;

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Objetivo da RodaAmpliar com o grupo elementos sobre a sociedade e como está organizada,

percebendo as relações de poder através de dados como a distribuição de renda,

a exclusão social e as desigualdades sociais.

Materiais necessários: Cartaz da Semana da Solidariedade; Tecido colorido; imagens que reflitam as

diversas desigualdades sociais no Brasil; papel onde deverão estar escritas

palavras como: fome, miséria pobreza, violência, desigualdade, exclusão, morte,

inseguranças, descriminação..., cópias dos textos “Desigualdade Social e da

música “Cidadão” (anexo) e aparelho de som.

Preparando a RodaPreparar o ambiente com um círculo de cadeiras, já prevendo o número de

participantes. Possibilitar que todos os símbolos estejam visíveis no centro da

roda, bem como o objetivo da oficina, que pode estar escrito em um cartaz

exposto em lugar visível.

Acolhida SolidáriaQuem estiver facilitando a Roda de Conversa acolhe os/as participantes de forma

atenciosa e cuidante.

a) Entregar para cada pessoa um pedaço de papel onde deverão estar escritas

palavras como: fome, miséria pobreza, violência, desigualdade, exclusão, morte,

inseguranças, descriminação.b) Pedir para que cada pessoa diga o nome, a palavra que tem na mão e em

seguida coloca o papel no centro da Roda. c) Em seguida todos/as cantam e dançam a ciranda

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Roda de Conversa Desigualdade Social- Conhecendo a nossa realidade

1. Deus chama a gente pra um momento novode caminhar junto com o Seu povo.É hora de transformar o que não dá maisSozinho, isolado, ninguém é capaz

Por isso vem entra na roda com a gente também,você é muito importante.

2. Não é possível crer que tudo é fácilHá muita força que produz a mortegerando dor, tristeza e desolação.É necessário unir o cordão.3. A força que hoje faz brotar a vidahabita em nós pela sua graça.É ele quem nos convida pra trabalhar,o amor repartir e as forças juntar.

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Nossos Saberes Nossa Vida Organizar os participantes em rodas de 5 pessoas e distribuir cópias do texto

Desigualdade Social (anexo) para todos/as façam a leitura nas rodas.

Caminhos de solidariedade Depois da leitura do texto, nas rodas os participantes devem destacar:

Ÿ Como percebemos as desigualdades sociais presentes na sociedade?Ÿ Na nossa cidade, bairro, vizinhança quais as principais desigualdades

sociais que estão presentes?

Cada grupo deve apresentar de forma criativa (teatro, poesia, musica, mímica...)a

discussão para todas as pessoas presentes. Na mística da solidariedade Escutar a música: Cidadão/Zé Geraldo (anexo)

Depois de escutar a música provocar o grupo para refletir as seguintes questões:

Ÿ Que pequenas iniciativas comunitárias podemos construir para superar a

desigualdade social?

Deixar o grupo se expressar, em seguida definir um gesto concreto de

solidariedade como compromisso para a semana.

Despedida SolidáriaAo final combinar a data, local e quem coordena a próxima Roda de Conversa.

Pedir para que todos/as tragam comidas e bebidas para partilhar.

Todos se despedem com abraço e beijos.

Anexos

1- Desigualdade SocialA desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a

maioria dos países na atualidade. A pobreza existe em todos os países, pobres ou

ricos, mas a desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente em

países não desenvolvidos.O conceito de desigualdade social é um guarda-chuva que compreende

diversos tipos de desigualdades, desde desigualdade de oportunidade, resultado,

etc., até desigualdade de escolaridade, de renda, de gênero, etc. De modo geral, a

desigualdade econômica – a mais conhecida – é chamada imprecisamente de

desigualdade social, dada pela distribuição desigual de renda. No Brasil, a

desigualdade social tem sido um cartão de visita para o mundo, pois é um dos

países mais desiguais. Segundo dados da ONU, em 2007 o Brasil era a 8º nação

mais desigual do mundo. O índice Gini, que mede a desigualdade de renda,

divulgou em 2010 que a do Brasil caiu de 0,58 para 0,52 (quanto mais próximo

de 1, maior a desigualdade), porém esta ainda é gritante.

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Alguns dos pesquisadores que estudam a desigualdade social brasileira

atribuem, em parte, a persistente desigualdade brasileira a fatores que remontam

ao Brasil colônia, pré-1930 – a máquina midiática, em especial a televisiva,

produz e reproduz a ideia da desigualdade, creditando o “pecado original” como

fator primordial desse flagelo social e, assim, por extensão, o senso comum

“compra” essa ideia já formatada –, ao afirmar que são três os “pilares coloniais”

que apoiam a desigualdade: a influência ibérica, os padrões de títulos de posse de

latifúndios e a escravidão.Junto com o próprio desenvolvimento econômico, cresceu também a

miséria, as disparidades sociais – educação, renda, saúde, etc. – a flagrante

concentração de renda, o desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros,

a desnutrição, a mortalidade infantil, a baixa escolaridade, a violência. Essas são

expressões do grau a que chegaram as desigualdades sociais no Brasil.Segundo Rousseau, a desigualdade tende a se acumular. Os que vêm de

família modesta têm, em média, menos probabilidade de obter um nível alto de

instrução. Os que possuem baixo nível de escolaridade têm menos probabilidade

de chegar a um status social elevado, de exercer profissão de prestígio e ser bem

remunerado. É verdade que as desigualdades sociais são em grande parte

geradas pelo jogo do mercado e do capital, assim como é também verdade que o

sistema político intervém de diversas maneiras, às vezes mais, às vezes menos,

para regular, regulamentar e corrigir o funcionamento dos mercados em que se

formam as remunerações materiais e simbólicas.Observa-se que o combate à desigualdade deixou de ser responsabilidade

nacional e sofre a regulação de instituições multilaterais, como o Banco Mundial.

Conforme argumenta a socióloga Amélia Cohn, a partir dessa ideia “se inventou a

teoria do capital humano, pela qual se investe nas pessoas para que elas possam

competir no mercado”. De acordo com a socióloga, a saúde perdeu seu status de

direito, tornando-se um investimento na qualificação do indivíduo.Ou, como afirma Hélio Jaguaribe em seu artigo No limiar do século 21:

“Num país com 190 milhões de habitantes, um terço da população dispõe de

condições de educação e vida comparáveis às de um país europeu. Outro terço,

entretanto, se situa num nível extremamente modesto, comparável aos mais

pobres padrões afro-asiáticos. O terço intermediário se aproxima mais do inferior

que do superior”.A sociedade brasileira deve perceber que sem um efetivo Estado

democrático, não há como combater ou mesmo reduzir significativamente a

desigualdade social no Brasil.

Orson CamargoGraduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São

Paulo – FESPSPMestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

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2 - Cidadão/Zé Geraldo

Tá vendo aquele edifício moço?Ajudei a levantarFoi um tempo de afliçãoEram quatro conduçãoDuas pra ir, duas pra voltarHoje depois dele prontoOlho pra cima e fico tontoMas me chega um cidadãoE me diz desconfiado, tu tá aí admiradoOu tá querendo roubar?Meu domingo tá perdidoVou pra casa entristecidoDá vontade de beberE pra aumentar o meu tédioEu nem posso olhar pro prédioQue eu ajudei a fazerTá vendo aquele colégio moço?Eu também trabalhei láLá eu quase me arrebentoPus a massa fiz cimentoAjudei a rebocarMinha filha inocenteVem pra mim toda contentePai vou me matricularMas me diz um cidadãoCriança de pé no chãoAqui não pode estudarEsta dor doeu mais fortePor que que eu deixei o norteEu me pus a me dizerLá a seca castigava mas o pouco que eu plantavaTinha direito a comerTá vendo aquela igreja moço?Onde o padre diz amémPus o sino e o badaloEnchi minha mão de caloLá eu trabalhei tambémLá sim valeu a penaTem quermesse, tem novenaE o padre me deixa entrarFoi lá que cristo me disseRapaz deixe de toliceNão se deixe amedrontarFui eu quem criou a terraEnchi o rio fiz a serraNão deixei nada faltarHoje o homem criou asasE na maioria das casasEu também não posso entrarFui eu quem criou a terra

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Enchi o rio fiz a serraNão deixei nada faltarHoje o homem criou asasE na maioria das casasEu também não posso entrar

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Objetivo:Estimular para a reflexão conjunta sobre uma das maiores conseqüências da

desigualdade social, o direito a alimentação, buscando alternativas de uma

construção de uma política alimentar e nutricional.

Materiais necessários Cartazes da Semana da Solidariedade , bacia vazia, tecido para forrar o chão,

papeleras e pinceis atômicos, cópias do textos: Soberania Alimentar: realidade ou

utopia e musica: É/Gonzaguinha

Preparando a RodaPreparar o ambiente com um círculo de cadeiras, já prevendo o número de

participantes. Possibilitar que todos os símbolos estejam visíveis no centro da

roda, bem como o objetivo da oficina, que pode estar escrito em um cartaz

exposto em lugar visível.

Acolhida Solidária Quem estiver facilitando a Roda de Conversa acolhe os/as participantes de forma

atenciosa e cuidante.

Ÿ Quando todos/as estiverem presentes, dar as boas-vindas e dizer do

objetivo da Roda de Conversa que deve estar escrito em um cartaz exposto

em lugar visível. Ÿ Realizar um momento de apresentação: Pedir que cada um/a diga seu

nome. Acolher a todos com cuidado e atenção. Ÿ Em seguida motivar para que todos/as possam olhar para os pés e fazer

memória por onde os pés tem nos levado. Ÿ -Quais os lugares, pessoas, realidades que nossos pés tem nos levado? Ÿ Partilhar na roda.

Ao final entra um/a jovem e declama a poesia:

Andei pelos caminhos da vida.Caminhei pelas ruas do destino-procurando meu signo.Bati na porta da Fortuna,mandou dizer que não estava.Bati na porta da Fama,falou que não podia atender.Procurei a casa da Felicidade,a vizinha da frente me informou queela tinha se mudado sem deixar novo endereço.Procurei a morada da Fortaleza

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Roda de Conversa Desigualdade social – Alimentação como direito humano

Ela me fez entrar:deu-me veste nova, perfumou meus

cabelos...fez-me beber de vinho.Acertei o meu caminho.

Cora Coralina

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Nossos Saberes Nossa VidaŸ Distribuir para cada participante uma cópia da música “É/Gonzaguinha.

Orientar para que leiam a musica, em seguida todos cantam juntos, depois

cada pessoa repete a frase ou palavra que mais marcou. Ÿ Organizar a Roda em dois grupos para fazer a leitura do texto: Soberania

alimentar: Realidade ou Utopia?

Caminhos de solidariedade Após a leitura os/as participantes devem ser motivados/as a conversar:

Ÿ que mais chamou atenção no texto?Ÿ o que significa Segurança Alimentar?

As pessoas fazem a partilha dos destaques do texto e da pergunta sobre

soberania alimentar:

Ÿ duas pessoas escrevem as principais palavras que aparecem nas partilhas

em papeletas. Ÿ Depois que todas as pessoas falarem os responsáveis por escrever as

palavras colocam as mesmas dentro de uma bacia vazia. Ÿ O animador/a explicar a dinâmica dizendo que as palavras são as formas

concretas de garantia de soberania alimentar e nutricional para todas as

pessoas.

Na mística da solidariedade

Todos cantam juntos a musica: Cio da Terra/Chico Buarque.

Enquanto cantasse a musica as pessoas vão colocando em torno da bacia com as

palavras que definem soberania alimentar e nutricional, os alimentos e bebidas

que trouxeram para partilhar.

Depois de escutar a música provocar o grupo para refletir as seguintes questões:-Ÿ Que pequenas iniciativas comunitárias podemos construir para garantir a

soberania alimentar e nutricional?Ÿ Deixar o grupo se expressar, em seguida definir um gesto concreto de

solidariedade como compromisso para a semana.

Partilhar as bebidas e alimentos.Combinar com o grupo sobre o próximo encontro: dia, local e quem fica

responsável por preparar. Pedir para que tragam frutas para partilha.

Despedirem-se uns/umas dos/as outros/as com abraços e beijos

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Anexos:

1. Soberania Alimentar: Realidade ou Utopia?Luiz Cláudio Lopes da Silva - Mandela

Segurança Alimentar não é uma temática nova para a humanidade. Desde

épocas remotas o ser humano sempre teve a preocupação de assegurar

alimentos para os membros da sua comunidade; hoje esta preocupação continua,

mobilizando diversos grupos, entre cientistas, leigos e estudiosos sociais, no

debate desta questão fundamental para a sobrevivência do nosso planeta.

Faremos neste artigo uma análise do termo Segurança Alimentar e discutiremos

como as políticas públicas no Brasil estão sendo trabalhadas com relação a este

tema.

Segurança Alimentar

Prover o alimento para o agrupamento social é uma inquietação que data

dos primórdios da humanidade. A ciência constata que desde os hominídeos já

havia uma preocupação velada pela satisfação alimentar das pessoas e de seus

animais. Foram muitas as transformações sociais causadas pelo início do cultivo

agrícola e o fim do nomadismo. A garantia do alimento fez com que os homens

permanecessem em determinados locais, com condições favoráveis de clima,

terra fértil e água em abundância, proporcionando a formação das primeiras

aldeias e tribos permanentes.

Em outros períodos da história a questão alimentar continuou sendo

motivo de paz social ou de conflitos. Na Rússia dos czares, as profundas

diferenças entre as demandas e ofertas de alimento criaram condições

satisfatórias para a derrocada do exército russo e a instalação do governo

revolucionário, sendo que este de imediato não conseguiu equilibrar as diferenças

existentes, tendo que o campesinato do país ter de fazer grandes sacrifícios para

garantir o abastecimento do proletariado urbano.

Por fim, é certo afirmar que todo estado nacional tem preocupação com o

abastecimento alimentar da população, principalmente após a segunda grande

guerra e suas desastrosas conseqüências para a humanidade, principalmente

para o Velho Mundo. Porém com a junção das duas palavras, formando o termo

segurança alimentar que nasce na segunda metade do século passado, mais

precisamente no início da década de 70, vai muito além; neste período o mundo

passava por grave crise no mercado nacional de grãos o que veio gerar um debate

intenso sobre a oferta em escala global de alimentos.

Em 1974, as Nações Unidas realizaram a Conferência Mundial de

Alimentos, que tinha como enfoque central à reflexão sobre a oferta de alimentos

e ao mesmo tempo a importância da auto-suficiência nacional a despeito do

abastecimento de alimentos, a partir deste período o termo Segurança Alimentar

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começa a ser proliferado, debatido em todo o mundo.

Como vimos anteriormente por detrás das palavras alimento e segurança,

existe uma série de elementos e cargas teóricas que, quando analisadas juntas no

termo segurança alimentar, este se engrandece e a carga de conhecimentos e a

proliferação de análises conceituais se amplia.

Segurança Alimentar e Nutricional é assunto em voga hoje. Porém muitos

aspectos intrínsecos devem ser analisados antes de se realizar um programa

neste sentido, levando em conta aspectos sociais, políticos e econômicos que

norteiam a região da qual tratamos. Alguns aspectos são vitais para um projeto de

Segurança Alimentar como quantidade de alimentos que deverão ser produzidos,

qualidade nutricional destes alimentos, nível de autonomia com relação ao

mercado, adequação cultural, participação de todas as camadas sociais e de

gênero, acesso digno, consumo diversificado de alimentos, sem implicação na

mudança dos hábitos alimentares já estabelecidos, acesso economicamente e

ecologicamente sustentável, disponibilidade e qualidade da água, capacidade de

utilização do alimento, condições de saúde e o mais importante: capacidade de

organização do grupo a que se destina esta ação.

Outro ponto que ressaltamos é a divulgação do que seja Segurança

Alimentar, haja vista que ainda é um conceito novo e que de forma provocadora

leve a uma reflexão de como estamos tratando a questão no nosso país e no

mundo.

Trata-se da política econômica que tem que existir em mínima coerência

entre o previsto enquanto política e o decidido enquanto ação. Voltamos a afirmar

a existência de uma questão econômica na fome, assim como existe uma questão

econômica no desenvolvimento da sociedade brasileira. Afirmamos portanto que o

desenvolvimento da economia do Brasil tem que está pautado nos 50 milhões de

brasileiros que encontram-se abaixo da linha de pobreza, desta forma as políticas

de superávit, de exportação, de importação e de pagamentos de juros e serviços

da divida externa devem levar em conta esta realidade nacional.

Um segundo elemento central para a constituição e elaboração de um

plano de superação do estado de miserabilidade da população brasileira é

enfrentar diferentemente três questões que ainda perduram como câncer na

nossa sociedade. A primeira é as fortes heranças culturais e ideológicas, deixadas

pelos 300 anos de escravidão, que “acabaram” com a lei Áurea, mas não

deixaram a mínima condição cidadã para os ex-escravos. A segunda delas é o

latifúndio: o Brasil é ainda o último país que ainda não solucionou os seus

problemas fundiários, não podendo em tese entrar na globalização mundial, por

não ter condições internas para enfrentar as adversidades da economia do

comércio internacional excludente, sofrendo os cidadãos suas conseqüências. O

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país precisa fazer uma reforma agrária, não por motivos ideológicos, como

querem os movimentos sociais, mas por uma questão estratégica para a

consolidação da sua própria sociedade.

Por fim a terceira questão, colocada como um empecilho para o processo

de superação as grandes contradições regionais existentes entre o sul e o norte,

entre os pobres e os ricos. Esta questão é a reflexão sobre a qualidade da

democracia no Brasil, descentralizando o poder, elevando a auto-estima das

comunidades, dando cidadania digna aos os remanescentes de quilombos e as

nações indígenas, qualificando os cidadãos para pensar sobre a solução dos seus

problemas e provendo espaços de políticas públicas participativas e eficazes,

além de uma política orçamentária adequada, e não colocando a

responsabilidade das ações na sociedade civil e nos pequenos e médios

empresários, já tão sobrecarregados de obrigações fiscais de diversas espécies.

Concluímos, portanto, que o Brasil precisa partir para uma ação concreta e

coordenada que garanta a cidadania e o direito a alimentação digna, que garanta

a sobrevivência do seu povo. Acreditamos que o Programa Fome Zero ainda não

corresponda a esses anseios, tendo em sua base uma boa reflexão sobre o tema,

mas ainda sem estruturação para uma prática efetiva.

2. O Cio da Terra/Chico Buarque

Debulhar o trigoRecolher cada bago do trigoForjar no trigo o milagre do pãoE se fartar de pãoDecepar a canaRecolher a garapa da canaRoubar da cana a doçura do melSe lambuzar de melAfagar a terraConhecer os desejos da terraCio da terra, a propícia estaçãoE fecundar o chão

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Preparando o espaço: Cadeiras em circulo, pano colorido, Bíblia, velas, cartaz da

Semana da Solidariedade, símbolo que represente a Cáritas (regional, diocesana,

paroquial), fotos de atividades e ações de solidariedade, ilustração de Dom Hélder

Câmara.

Aquecendo o coraçãoEnquanto as pessoas se acomodam, cantar os mantras:

“Onde reina o amor, fraterno amor.Onde reina o amor, Deus ai está.”

Animador/a 1: Amigas e amigos, filhos e filhas do Deus da solidariedade que

hoje nos reúne para celebrar a vida. Nos últimos dias vivenciamos momentos de

reflexão e partilha, fazendo memória da solidariedade libertadora que nos coloca

a caminho do Reino de Deus, junto com os excluídos e excluídas de nossos

tempos. Na Semana da Solidariedade deste ano, toda Cáritas Brasileira se propôs

a estar mais próximo das diversas realidades de desigualdades sociais, refletindo

com a sociedade brasileira os desafios da justiça social e a violação dos direitos

humanos. Queremos reafirmar as pessoas como sujeitos de direitos e como

portadores da solidariedade que aponta e solidifica novos caminhos e novas

relações com toda humanidade. Com todas essas motivações, celebremos

cantando! (Durante o canto, jovens entram com cartaz da Semana da

Solidariedade e símbolo que represente a Cáritas.

Canto

Anunciação 1. Na bruma leve das paixões que vêm de dentro, Tu vens chegando pra brincar no

meu quintal. No teu cavalo, o peito nu, cabelo ao vento, E o sol quarando nossas

roupas no varal.Tu vens, tu vens, / Eu já escuto teus sinais (2x).

2. A voz do anjo sussurrou no meu ouvido, / eu não duvido, eu já escuto os teus

sinais. / Que tu virias numa manhã de domingo, / eu te anuncio nos sinos das

catedrais.

Animador/a 2: Muitos são os companheiros e companheiras que cotidianamente

constroem um novo projeto de sociedade, pautado na solidariedade, no amor

fraterno e na comunhão entre as pessoas. Hoje, queremos fazer memória de um

irmão de lutas e de sonhos, que durante a vida sempre trilhou caminhos de

libertação com aqueles que estavam à beira do caminho. Dom Hélder Câmara,

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Celebrando a SolidariedadeSomos Cáritas, Somos Solidariedade!

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que em 12 de novembro de 1956 fundou a Cáritas Brasileira, foi um profeta que

acreditou e batalhou para que todos os homens e mulheres fossem respeitados

em sua condição humana. Nesta celebração, que para nós é tempo de

agradecimento pelos 57 anos de atuação da Cáritas no território brasileiro,

trazemos a imagem de Dom Hélder que para nós é exemplo vivo de solidariedade.

Apresentamos também imagens de experiências de solidariedade que lutam pela

igualdade e melhores condições de vida para todas as pessoas. (entrar com a

ilustração de Dom Helder e imagens de ações de solidariedade).

CantoEu só peço a Deus Eu só peço a DeusQue a dor não me seja indiferenteQue a morte não me encontre um dia Solitário sem ter feito o q'eu queriaEu só peço a DeusQue a dor não me seja indiferenteQue a morte não me encontre um dia Solitário sem ter feito o que eu queriaEu só peço a DeusQue a injustiça não me seja indiferentePois não posso dar a outra face Se já fui machucada brutalmenteEu só peço a DeusQue a guerra não me seja indiferenteÉ um monstro grande e pisa forte Toda fome e inocência dessa genteEu só peço a DeusQue a mentira não me seja indiferenteSe um só traidor tem mais poder que um povo Que este povo não esqueça facilmenteEu só peço a DeusQue o futuro não me seja indiferenteSem ter que fugir desenganando Pra viver uma cultura diferenteTemos mil razões para viver

Acolhendo a Palavra

Animador 2: “Testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e

promovendo a vida e participando da construção solidária de uma sociedade

justa, igualitária e plural, junto com as pessoas em situação de exclusão social.”

Essa é a missão da Cáritas Brasileira, que sob a luz do Evangelho vivencia a

solidariedade e faz acontecer um novo tempo de graça com os excluídos/as.

Refrão: Fazei Ressoar a Palavra de Deus em todo lugar (repetem-se o refrão

várias vezes)Jovens entram com a bíblia e duas com as velas – preferencialmente com vestes

coloridas. Um dos jovens proclama o Evangelho: Lucas 10, 30-37 (O Bom Samaritano)

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Partilhando a Solidariedade

Animador 2: Ÿ O que temos feito para transformar a realidade de exclusão social? Ÿ -Temos sido samaritanos?

Preces pela VidaTodos/as são motivados para fazerem preces espontâneas.

A cada prece todos/as dizem: Senhor, que a solidariedade alimente nossa

vida.

Mãos abertasAnimador/a 1: O momento da celebração é um convite para ofertarmos à Deus e

aos irmãos os frutos da terra e do trabalho, nossos bandeiras e instrumentos de

luta, o que temos e o que somos. Como agentes Cáritas, queremos oferecer

nossas vidas, o trabalho que desenvolvemos nos programas e projetos.

Canto: Ofertório do povoQuem disse que não somos nada e que não temos nada para oferecer. |Repare as nossas mãos abertas trazendo as ofertas do nosso viver. A fé do homem nordestino que busca um destino e um pedaço de chão. A luta do

povo oprimido que abre caminho transforma a nação. O, o, o, o, recebe Senhor. Retalhos de nossa história bonitas vitórias que meu povo tem. Palmares,

Caldeirão, Canudos são lutas de ontem e de hoje também. O, o, o, o, recebe Senhor. Aqui trazemos a semente sangue desta gente que fecunda o chão. Do gringo e

tantos lavradores santo e operários em libertação. O, o, o, o, recebe Senhor. Coragem de quem dá a vida seja oferecida neste vinho e pão. É força que destrói

a morte, muda nossa sorte é ressurreição. O, o, o, o, recebe Senhor.

Partilha e despedidaAnimador/a 2: Chegamos ao final de nossa celebração. Antes, porém, de

retornarmos para nossas casas queremos cantar as maravilhas que o Deus

Libertador manifestou em nós durante esses dias, na certeza de que o caminho

continua e que alimentados pela solidariedade seguiremos construtores de um

novo mundo com justiça e igualdade entre todas as pessoas.

Em Roda cada pessoa coloca a mão sobre o ombro da pessoa ao lado e dizem

juntos/as a benção:

“Que a terra abra caminhos sempre a frente dos teus passosE que o vento sopre suave sobre os teus ombrosQue o sol brilhe sempre cálido e fraterno no teu rostoQue a chuva caia suave entre teus camposE até que nos tornemos a encontrar

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Deus te guarde no calor do seu abraçoE, até que nos tornemos a encontrarDeus te guarde, Deus nos guarde em seu abraço”

Sugestão de atividades nas dioceses, paróquias, escolas, etc:

Ÿ realize nos seus grupos, escolas, universidades e igrejas atividades para

refletir sobre a fome e a pobreza no Brasil e o que provoca essa situação;Ÿ mobilize com o Poder Local e com o Consea de seu município audiências

públicas para debater sobre a temática;Ÿ realize Seminário sobre a temática da fome e pobreza no Brasil;

Todas as informações e materiais para download estão disponíveis no site

. www.caritas.org.br

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