Sofistas VS Filósofos
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Sofistas VS Filósofos Vanessa Estrela Costa
Demonstração Argumentação
Diz respeito à verdade de uma conclusão a partir das
premissas com que necessariamente se relaciona;
O valor e a quantidade de uma argumentação não
pode medir-se unicamente pelo efeito obtido, pois
depende também, e essencialmente, da qualidade do
auditório que se consegue ganhar através do discurso;
A prova demonstrativa é impessoal; Persuadir um auditório exige: reconhecê-lo como
interlocutor, agir sobre ele intelectualmente e não
pela força; tem que ter em conta as reações para a
adaptação do discurso;
A sua validade depende das deduções efetuadas; o meio de comunicação é uma língua natural;
Um sistema dedutivo apresenta-se isolado de todo o
contexto;
Não é monologar, mas sim
comunicar/dialogar/discutir;
A independente de qualquer sujeito, mesmo do
orador;
Porque visa a adesão a uma tese por parte de um
auditório, é variável, e daí que a intensidade da
adesão possa ser sempre utilmente acrescida;
A sua linguagem formal não conduz a equívocos; Devido às suas características, os equívocos são
possíveis;
Como a verdade é uma propriedade da proposição,
daí que não haja variação de intensidade.
Argumentar é fornecer argumentos.
Sofistas ( mestres da sabedoria )
Em Atenas, devido ao espírito de competição política e
judiciária, havia uma enorme necessidade de uma preparação
intelectual muito completa dos cidadãos. Este facto influenciou
decisivamente o desenvolvimento da educação.
Vindos de toda a Grécia, os sofistas dedicam-se a fazer
conferências e a dar aulas nas várias cidades-estado, sem se
fixarem em nenhuma. Contudo, Atenas é a cidade com mais
afluência; aproveitam as ocasiões com grandes aglomerações de
cidadãos para exibirem os seus dotes retóricos e de sabedoria,
ensinando nomeadamente a arte da retórica. O seu ensino é,
portanto, itinerante, mas também remunerado.
SOFISTAS
• Educação
• Cultura
• Relativismo
• Convenção
• Retórica
Educação • Cultura geral: compreendia o estudo da Aritmética, Geometria,
Astronomia e Música. Estas matérias remontavam a um modelo de
educação pitagórico, vindo a constituir mais tarde, o célebre
Quadrivium das sete Artes Liberais.
• Formação política: este ensino orientava-se para uma visão mais
prática, procurando corresponder às exigências estritas da atividade
política. Constava das seguintes disciplinas: Gramática, Dialética e
Retórica. A arte da dialética transforma-se numa arte de manipulação
de ideias, através da qual o orador procura defender uma dada
posição, mesmo que seja a pior de todas. A retórica era a arte de
persuadir, independentemente das razões adotadas.
Cultura
Os sofistas defendem abertamente o valor formativo
da cultura - que não se resume à soma de noções nem ao
processo da sua aquisição. A sua educação visa a formação
do homem como um ser concreto, membro de um povo e
parte de um dado “ambiente social”. A educação torna-se a
segunda natureza do homem. Os sofistas manifestam
frequentemente uma visão otimista do homem, segundo a
qual este possui uma inclinação natural para o bem.
Protágoras foi um defensor desta posição.
Relativismo Devido à influência de fatores sociais na formação dos homens, nos seus comportamentos e também à existência de uma pluralidade de culturas e modos de pensar, os sofistas acabam por defender a relatividade de todo o conhecimento e dos valores, negando a sua universalidade.
"Protágoras dizia que o homem é a medida de todas as coisas, o que significa que o que parece a cada um também o é para ele concerteza". Aristóteles.Met.XI, 6,1062.
Partindo deste princípio, acabam por afirmar a identidade entre o verdadeiro e o falso.
"Sobre cada argumento podem-se adiantar dois discursos em perfeita antítese entre si", Frag.de Protágoras, em Diogénes de Laércio, IX, 50.
"Se todas as opiniões e todas as aparências são verdadeiras, conclui-se necessariamente que cada uma é verdadeira e falsa ao mesmo tempo. Visto que, frequentemente, surgem, entre os homens, opiniões contrárias, e cremos que se engana quem não pensa como nós, é obvio que existe e não existe ao mesmo tempo a mesma coisa. Admitindo isto, deve-se também admitir que todas as opiniões são verdadeiras. (...) Se as coisas são como afirma Protágoras, será verdade o que quer que se diga". Aristóteles. Met.IV,5,1009.
Convenção Partindo de uma conceção relativista do conhecimento, negam igualmente a universalidade da Verdade. Esta não passa para alguns sofistas de uma convenção. "Pois que tais coisas parecem justas e belas a cada cidade, são-no também para ela, enquanto creia em tais". Platão, Teeeto, 167
"Afirmo que o justo não é mais do que o útil ao mais forte..., isto é, em todos os Estados o justo é sempre... aquilo que convém ao governo constituído." Platão, República, 338
Esta posição traduz-se em muitos sofistas na afirmação do direito do mais forte em governar os mais fracos.
Outros ainda, partindo da ideia da Lei como convenção, sustentam que esta provoca desigualdades entre os homens, iguais por natureza:
"Ó, homens aqui presentes! Creio-vos a todos unidos parentes e concidadãos, não por lei, porque o semelhante é por natureza parente do seu semelhante. A lei, como tirana dos homens, em muitas coisas emprega a violência contra a natureza". Discurso de Hípias, em Platão, Protágora,337.
Antifonte de Atenas (sofista) , formulando uma antinomia entre natureza e lei humana, proclamou a igualdade entre os bárbaros e os gregos (Helenos), sendo mesmo crível que tenha defendido a igualdade entre cidadãos e escravos.
"Parece a alguns que... somente por lei (convenção) seria um escravo e o outro livre, mas por natureza não haveria absolutamente diferença de sorte. Por isso não seria justo, pois é obra da violência". Aristóteles, Política, I, 3,1253.
Retórica Alheios às tradições, os sofistas mostram-se dispostos a
discutir todos os assuntos.
Atribuem à linguagem uma importância fundamental,
mas esta não passa de uma convenção. As palavras são com
frequência destituídas do seu sentido corrente, e são usadas
como instrumentos de sugestão e persuasão para convencerem
os seus interlocutores. Recorrem à ambiguidade das palavras,
exageram na aplicação dos três princípios lógicos, para numa
cadeia de deduções e sentidos ambíguos levarem os seu
interlocutores a desdizerem-se.
Contribuições
Antropologia. Foi graças aos sofistas que as questões
antropológicas passaram a estar no centro dos debates
filosóficos, secundarizando desta formas as anteriores
questões cosmológicas.
Pensamento.A forma como raciocinamos torna-se num tema
da filosofia.
Linguagem. A linguagem, o seu poder e modos de utilização,
nomeadamente no discursos retórico, converteu-se também
num tema filosófico.
Moral. Ao criticarem os modelos que sustentavam os valores
tradicionais, abriram o caminho para a afirmação de uma ética
autónoma baseada na razão
Raciocínio Justo - Salta para aqui! Se tens tanta coragem, mostra-te aos espectadores.
Raciocínio Injusto - Onde quiseres. Com muito gente a assistir, ainda me é mais fácil dar cabo de ti.
Raciocínio Justo- Dar cabo de mim, tu? Quem julgas que és?
Raciocínio Injusto - Um Raciocínio.
Raciocínio Justo - Sim, mas mais fraco.
Raciocínio Injusto - Pois venço-te na mesma, lá por te gabares de ser mais forte.
Raciocínio Justo - E com que artimanhas ?
Raciocínio Injusto - Inventando ideias cá muito minhas, ideias novas (...).
Raciocínio Justo - Vou dar cabo de ti, miserável.
Raciocínio Injusto - E, como não me dizes?
Raciocínio Justo - Expondo o que é justo?
Raciocínio Injusto - E eu contradigo-te e mando-te abaixo. Para já afirmo a pés juntos que não existe justiça.
Raciocínio Justo - Afirmas que não existe...?!
Raciocínio Injusto - Senão vejamos: Onde existe ela?
Raciocínio Justo - No seio dos deuses.
Raciocínio Injusto - Então como diacho é que, existindo aí justiça, Zeus ainda não pereceu, ele que pôs a ferros o próprio pai ? "
Aristófanes, As Núvens, 900-905.
Palavras-chave • Convencer
• Manipulação
• Retórica
• Raciocínio injusto
• Relativismo
• Refutação
• Aparência
• Subjetivismo
• Ambiguidade
Filósofos
Relativismo
Não existem verdades absolutas mas apenas
relativas (à etnia, ao sexo, à classe social, aos interesses
económicos e políticos..): ”nenhuma forma universal da
razão pode ser válida para todos’’ ( Fernando Savater)
Retórica
Atribuem à linguagem uma importância fundamental,
não abusando do sentido das palavras. As palavras não são
destituídas do seu sentido corrente, e não são usadas como
instrumentos de sugestão e persuasão para convencerem os
seus interlocutores.
Convenção
• Defendem que o que importa é o valor de verdade dos
argumentos não recorrendo, assim, à ambiguidade das
palavras.
Fim