Sofia Gomes · E perpetuando os azuis e verdes que se reflectem em todas as superfícies o branco...
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Índice
Projectos Individuais Escultura
Gravura
Desenho
Pintura
Instalação
Mural
Projectos Colectivos Cinza e e Pólen
7CPS
Cartas e Clareiras
O Ar e a Sombra
Curriculum Vitae
Instalação
Tempestade – Espaço entre as nuvens
| 85 x 119 x 11 cm | Fotografia Impressa a jacto de tinta sobre papel | Áudio 7’ eco aos 12’’ com 8% de decaimento | Caixa de Madeira | 2015
“Tempestade, espaço entre as nuvens.”
Uma imagem procura registar a realidade, concretizar uma forma, uma acção, um fenómeno. Procura ser o testemunho de algo que se perde no tempo,
como a fotografia que cristaliza o Instante. O tempo não existe aqui, por oposição à música que vive somente no tempo e procura apropriar-se do espaço.
Esta peça procura conjugar em simultâneo o tempo e o espaço. No espaço, apresenta-se uma imagem fotográfica de grande formato , em tons de cinza. A pouca nitidez resultante do processo de ampliação cria uma espécie de névoa sobre a imagem. No tempo, ouve-se uma faixa sonora de sete minutos. Dois poemas e um som de base (espécie de baixo contínuo):
Tempestade, espaço entre as nuvens.
E perpetuando os azuis e verdes que se reflectem em todas as superfícies o branco não existia. Procuro em todo o ruido, vibração ou grito a vida.
Mas não és sempre rocha. És também insecto.
És vida e morte.
Algo nos aproxima da peça. Não se silencia, havendo sempre uma vibração ou ruído que nos chama e nos convida a mergulhar. Os poemas são palavras de confronto. A imagem em conjunto com o texto procura representar o conflito do ser com a realidade. A brutalidade de estar vivo e a condenação à finitude, a tempestuosa existência do ser no mundo. E não podendo ser sempre rocha nem somente insecto, por não estar “ainda pronto”, contrariamente aos gatos de Agostinho da Silva, o homem, na sua condenação à vida não pode fugir. Os poemas gravados por duas vozes diferentes sublinham a dualidade, o viver e o pensar viver, a experiencia e a consciência, o Ser e o Outro. O eco acentua as palavras como quem escava e procura. Por detrás do texto inicia-se um principio de ruído, uma vibração que tende a aludir a uma guerra, aviões que passam ferozmente por cima de nós; uma tempestade que se aproxima lentamente, como um tornado que silenciosamente se forma por entre as nuvens. Mais à frente, ao diminuir, já o sentimos como que estando numa zona de rebentação das ondas, até serem tão pequenas que nos resta um burburinho de rezas entre dentes enquanto ainda são palavras aquilo que é dito. Quando se perdem as palavras, ainda se mantém sussurrante o ruído , como defende John Cage , o ruído onde tudo acontece, onde até a natureza e um leve chilrear de pássaros encontra espaço para existir. É da natureza que nasce esta imagem. De uma espera, ao olhar o rio atenta o rio, até a “clareira” se mostrar. Como uma espécie de “Imensidão Intima”, este é um espaço de conflito, um espaço exterior onde o ser se mostra, uma névoa de cinza e sombra.
“Aberto ao mundo, nas suas participações e colocando no mundo o ser irredutível na sua individualidade, eis o homem.” Edgar Morin
Varias personagens anónimas. Uma mulher, dois homens e uma paisagem montanhosa. Atentas, procuram algo que parece estar para além da parede. Todas elas são representadas à escala real como se estivessem realmente a ocupar um espaço na sala. Das três mesas (reais) encostadas à parede nasce então uma massa de corpos, em primeiro plano, que interrompe o olhar sobre a imagem. Esta, carregando uma paisagem longínqua e desejosa, em segundo plano, convida-nos a entrar. A proximidade que as personagens têm à parede cria uma sombra que nasce nos seus corpos, criando uma continuidade entre o corpo e a sua sombra. A personagem feminina não tira os olhos da paisagem. Não se sabe se esta pinta as montanhas ou a sua própria sombra. É, contudo, a única capaz de se confrontar com o horizonte e consigo mesma. Numa espécie de mergulho, entre o auto-retrato e o horizonte, ela pinta. Não desvenda a sua identidade, não tem rosto. As outras duas personagens procuram desvendar algo da paisagem, algo que está para lá desta. Como uma ilusão, a paisagem hipnótica fá-los mergulhar imóveis naquele horizonte de serras e árvore, (imagem de sonho ou um para-si esmagador)... Ecos regressam do vazio. De todas as personagens, somente uma está virada para "dentro". Aparece de costas para a paisagem, de frente para o espectador, completamente distraída da “vida”, não dando conta da sua sombra . Silenciosamente, prestes a sair dos limites da imagem, a pomba voa. Esta é uma dupla representação. Representação das personagens, como se existissem a três dimensões, e representação de uma representação da paisagem, a duas dimensões. Tal como o Eco, que consiste na repetição de um som refletido por uma superfície situada a uma distância do emissor do som tal que o intervalo de tempo entre a emissão e o retorno da onda seja superior a um décimo de segundo, esta dupla representação procura fazer uma analogia à dualidade que a existência carrega. Uma representação é sempre uma dupla representação. A sombra é o elemento que pode desfazer a dúvida entre aquilo que tem ou não tem vida.
Cinza e Pólen
Publicação | Performance | Instalação
Com Catarina Domingues e João Cabaço
Apresentado no Festival Condominio
Dezembro 2014
Dia I:
À esquerda: Publicação editada
À direita: Pormenor de Desenho de 4 horas com acompanhamento de Composição Sonora de João Cabaço
PROJECTO
O projeto 7CPS nasce do encontro que se dá num espaço conceptual comum entre várias formas artísticas – desenho, escrita, música e performance.
Este espaço é por nós partilhado e pretendemos desenvolve-lo, expandi-lo e partilhá-lo igualmente com a comunidade. É um espaço de ideias, e por isso, de ideias que se desenvolvem e se transfiguram em objetos artísticos
– os nossos. Mas é ao nível dessa fase comum e embrionária que a obra nasce, ou seja, a obra nasce sem nome e por isso sem
matéria ainda, e é por essa razão que decidimos procurar uma linguagem para descrever esse processo e, a escrita de cartas é a forma/formato que consideramos ideal, e o terreno que pretendemos explorar com este projeto.
Estabelecemos este formato para uma comunicação que não é uma comunicação virtual, mas real e de contágio, e que pretende de certa forma, suprimir a distância entre as cidades onde residimos Lisboa-Porto e que nos separa.
EXPOSIÇÃO
Nesta exposição apresentamos o resultado da troca das sete primeiras cartas que marcam o início do projecto, e
que, decorreram entre os meses de Outubro e de Dezembro de 2014. Mas não se trata apenas de reunir as cartas que trocámos. É uma exposição que pretende sublinhar a distância espacial e é por isso uma dupla exposição ou uma
exposição composta. Utilizamos dois espaços distintos para expor: Festival Condomínio e Galeria Laboratório (Lisboa). Desta forma, incorporam a distância que nos separa (justificando a existência do objecto carta) e, ao mesmo tempo, cristalizam a ausência dada pelos vazios temporais que ocorrem entre o envio das cartas e que
podem ser vistos como espaços não registados.
AS CARTAS
Carta N. 1 | 28 Out| Prelúdio
Carta N. 2 | 04 Nov | Variação
Carta N. 3 | 11 Nov | Rítmo
Carta N. 4 | 18 Nov | Desencontro
Carta N. 5 | 25 Nov | Uníssono
CartaN. 6 | 2 Dez | Silêncio
Carta N. 7 | 9 Dez | Presente
no seguimento do projecto 7CPS:
O Ar e a Sombra
Exposição Individual no Hotel Madrid - Eletricidade Estética
Formação Académica
Curso de Afinação de Pianos
Fernando Rosado, Cruz Quebrada, Lisboa
01 de Setembro 2012 – Presente
Curso de Jazz e Música Moderna
Conservatório das Caldas da Rainha
01 de Setembro 2012 – 01 de Setembro 2013
Curso de jazz com Filipe Melo
Conservatório das Caldas da Rainha
Agosto 2012
Curso Livre de Piano Clássico
Conservatório das Caldas Da Rainha
Maio 2011 – Setembro 2012
Licenciatura Artes Plásticas
ESAD – Escola Superior de Artes e Design
18 de Setembro 2006 a 30 de Junho 2010
Experiência Profissional
Afinação de Pianos
Eventos e Instituições
CCB- Centro Cultural de Belém - Dias da Música , 2014-2015
Festival “Terras sem Sombra” - Igreja de Santo Ildefonso –Almodôvar, 2014
Festival “Bons Sons” Sem Soldos – Agosto 2014
Coliseu dos Recreios
Escola Superior de Música
Escola de Música de Linda-a-Velha
Colaboração como afinadora
com os Artistas Plásticos João Onofre, Tiago Baptista e Catarina Domingues
e com a compositora Sílvia T.
Artes Plásticas
Exposições
Exposição de finalistas - Final de Curso, ESAD, 2010
Exposição Colectiva A9) – Leiria, 2011
Exposição Cartas e Clareiras - Laboratório Galeria, 2014
Exposição Cinza e Pólen – Festival Condomínio, 2014
Exposição O Ar e a Sombra – Hotel Madrid, 2015
Mural Eco ou Horizonte – Dejavu bar, 2015
Publicações
Preto no branco I – Publicação Colectiva - 2012
Hei-de Encontrar-te Em Reflexos do Ser Com Sílvia T. - Novembro 2014
Cinza e Pólen com Catarina Domingues - Dezembro 2014
Sou esta Casa – Publicação colectiva – Junho 2015