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    ...os melhores livros so os que dizem o que jsabe.

    George Orwell, 1984

    Aquele que no est em condies de suportara melancolia da insuficincia de uma cincia

    sociolgica do homem deve voltar as costas aesta disciplina; pois o dogmatismo sociolgico pior do que a inexistncia da Sociologia.

    Ralf Dahrendorf, Homo Sociologicus

    UMA PALAVRA DO REITOR

    Sociologia no matria de interesse apenas de sociol-gicos. Cobrindo todas as reas do convvio humano desde as relaes na famlia at a organizao das

    grandes empresas, desde o papel da poltica na sociedade at ocomportamento religioso -, a sociologia interessa de modoacentuado a administradores, polticos, empresrios, professoresem geral, publicitrios, jornalistas, planejadores, sacerdotes,mas, tambm, ao homem comum. A Sociologia no explica nempretende explicar tudo o que ocorre na sociedade; e tampoucotodo o comportamento humano.

    A

    Muitos acontecimentos humanos escapam aos seus crit-rios. Ela toca, porm, em todos os domnios da existnciahumana em sociedade. Por esta razo, a abordagem sociolgica,

    atravs dos seus conceitos, teorias e mtodos, podem constituirpara as pessoas um excelente instrumento de compreenso dassituaes com que se defrontam na vida cotidiana das suasmltiplas relaes sociais e, consequentemente, de si mesmascomo seres inevitavelmente sociais.

    Para os indivduos que dela se aproximam, a Sociologia,portanto, pode representar, quando adequadamentecompreendida nos seus propsitos e limites, um meio deaperfeioamento tam- bm moral e no s intelectual. Aos queno pretendem dedicar-se Sociologia como profisso seja napesquisa, no ensino ou no planejamento -, o contato com asteorias sociolgicas deve, antes, servir como oportunidade de

    formao de um tipo particular de atitude, diferente do modo dever do senso comum, em relao a si mesmos, aos outros e sociedade em geral, e no como simples meio de aquisio deconhecimento para fins ornamentais e de pura ostentao.

    E esta, no nosso modo de entender, precisamente umadas mais fortes razes para a sua incluso nos currculos decursos universitrios que no o de Cincias Sociais.

    BOM ESTUDO!

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    INTRODUO

    Tendo em vista o problema da confuso to freqentea respeito do que distingue a abordagem sociolgicade abordagens opinativas e impressionistas dasociedade, assim como da distoro do sentido dateoria sociolgica e cientfica em geral, o objetivodesta apostila dar ao aluno, independentemente dasua rea de estudo ou profissional, os instrumentosterico-conceituais bsicos anlise sociolgica e, emconse- qncia, formao de uma atitudecorrespondente em relao vida social.

    Para tanto, procuramos, o quanto possvel,evitar as reas de controvrsia da teoria sociolgica,

    dando nfase quelas teorias de conhecimentoimprescindvel ao aluno.Os conceitos e as teorias da cincia

    possuem diferentes graus de complexidade e socientficos, inclusive, medida que secomplementam mutuamente. Por isso, buscamos,finalmente, dar uma viso orgnica da Sociologia, demodo que a compreenso dos seus mltiplosconceitos e teorias concorram, no final, para umaconcepo da sociedade como um todo e no apenasde suas partes, j que, para ns (cristos), a questo

    fundamental da Sociologia resume-se nesta pergunta:o que a sociedade? E sobre tudo a esta questoque procuramos, de modo acessvel ao iniciante, daruma resposta. Claro est que a resposta contidanesta apostila a esta indagao crucial da Sociologiano nem pretende ser definitiva. como ponto de

    partida para ulteriores aprofundamentos e mesmoindagaes que ela deve funcionar e, ficaremosgratificados se assim acontecer.

    SOCIOLOGIA UMA

    CINCIA DA SOCIEDADE

    comum exigir de um livro (ou apostila) deintroduo a uma cincia que comece com adefinio da matria da qual ele se ocupa. Nada

    mais lgico, acredita-se, do que principiar aintroduo a uma cincia com a sua definio. Dessemodo, espera-se, igualmente, que um compndio de

    iniciao Sociologia comece, como usual, peladefinio dessa cincia. E mesmo freqenteencontrar manuais que, partindo desse princpiodiscutvel, comecem com a enunciao de definiessimplistas e enganosas.

    A SOCIOLOGIA COMO CINCIA

    Afirmar, por exemplo, que a Sociologia oestudo cientfico da sociedade humana ou, ainda, acincia dos grupos humanos dizer muito pouco ouquase nada. Nenhum socilogo subscreveria, hoje,definies desse tipo.

    A definio da Sociologia como cincia dasociedade, conforme argumenta certo pensador,pressupe que se saiba o que sociedade, e, dessemodo, o iniciante posto diante de uma espcie de

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    crculo vicioso: a Sociologia se define como cincia dasociedade, e a sociedade tem de ser definida pelaSociologia.

    A SOCIOLOGIA COMO CINCIA SOCIAL

    Alm da Sociologia, a sociedade tambm estudada pela Antropologia Cultural, pela Economia epela Psicologia Social. So chamadas Cincias Sociaisou do Comportamento.

    A histria, embora no seja uma cincia nosentido estrito, uma disciplina imprescindvel compreenso cientfica da organizao social, poistodo fenmeno social ocorre sempre enecessariamente em um contexto histrico e, poroutro lado, a Histria sempre histria de sociedades.

    -As Cincias Sociais so herdeiras dos estudoshistricos porque, antes do advento de uma atitudecientfica no estudo da sociedade, era a Histria adisciplina que se ocupava especificamente com osfenmenos sociais.

    A Antropologia CulturalA Antropologia Cultural ou Etnologia , muito

    provavelmente, a cincia social de mais amplainterseco com a Sociologia. A compreensvel

    curiosidade do homem europeu em relao aosuposto exotismo das sociedades chamadas tribais,descobertas a partir das grandes travessiastransocenicas, o desenvolvimento de um ramo daBiologia Humana a Antropologia Fsica voltadapara o estudo das diferenas somticas da nossaespcie, mais os registros dos viajantes europeus a

    respeito do modo de vida dos povos sem escritafizeram com que, inicialmente, a Antropologia seafirmasse como uma cincia social especializada noestudo desses povos.

    INDIVDUO SOCIALIZAO

    E CULTURA

    odos ns sabemos da existncia de um certotipo de organizao social entre animais nohumanos, no apenas entre mamferos superio-

    res, tais como os macacos, por exemplo, masT

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    tambm insetos: formigas, cupins, abelhas,notadamente.

    Entre esses insetos, verificamos algo quepodere- mos chamar de diviso do trabalho,hierarquia social, poder poltico etc. Mas, ser quepoderemos chamar, ao menos no sentido humano, de

    social a vida desses animais Mesmo admitindo comosocial a vida desses animais, qual a diferena entre asua sociedade e a sociedade do homem

    SOCIEDADE HUMANA E SOCIEDADESANIMAIS - NO HUMANAS

    Quando comparamos as sociedades animais,no humanas, particularmente a sociedade daquelesinsetos, o fazemos porque constatamos que ocomportamento de tais animais apresenta certaspadronizaes parecidas com algumas padronizaesverificadas entre os seres humanos. Padres decomportamento so formas regulares de aoassociadas a determinadas situaes. Todas asespcies animais, e no apenas a espcie homosapiens, apresentam formas padronizadas decomportamento. Os padres de comportamentoobservveis entre os seres no humanos (animais)

    so, porm, substancialmente diferentes dosverificveis entre os homens.Se observarmos rigorosamente o

    comportamento das abelhas de uma colmiaqualquer durante o maior tempo que nos for possvel,mesmo durante anos, constataremos que os seuspadres de comportamento so constantes. Por outro

    lado, inteiramente bvio que os padres decomportamento do homem e, logo, as suas formas deorganizao social so extremamente mutveis notempo e no espao. Os padres de comportamento dohomem brasileiro na atualidade no so os mesmosde 10 anos atrs.

    Apesar das suas caractersticas orgnicasespecficas, o homem no nasce social, porm,somente adquire as caractersticas comportamentaisconhecidas como tipicamente humanas atravs dasocializao. Mas o que significa socializao nalinguagem da Sociologia?

    A DefinioNa terminologia sociolgica, socializao no

    significa, como se usa entender em outros contextos,

    distribuio igualitria de bens ou servios, como, porexemplo, na expresso socializao da medicina.Para a Sociologia, socializao significa transmisso eassimilao de padres de comportamento, normas,valores e crenas, bem como o desenvolvimento deatitudes e sentimentos coletivos pela comunicaosimblica. Socializao, portanto, o mesmo queaprendizagem, no sentido mais amplo da palavra.

    CULTURA

    A DefinioO sentido sociolgico da palavra cultura no o

    mesmo da linguagem do senso comum. Na linguagemcotidiana, a palavra cultura empregada comvrios significados. Ora significa erudio, grandesoma de conhecimentos, quando, por exemplo, se diz

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    que fulano tem cultura; ora significa umdeterminado tipo de realizao humana, como a arte,a cincia, a filosofia. Isto sem falar no sentido agrcolaoriginal da expresso. J o sentido sociolgico dessapalavra no se limita a essas acepes. , no entanto,to amplo que no exclui nenhum desses significados.

    Na linguagem sociolgica, cultura tudo o queresulta da criao humana. A cultura, portanto, tantocompreende idias quanto artefatos. clssica adefinio de certo socilogo:

    Um todo complexo que abarcaconhecimentos, crenas, artes, moral, leis,costumes e outras capacidades adquiridas pelohomem como integrante da sociedade.

    CULTURA MATERIAL E NO MATERIAL

    Usa-se distinguir a cultura em 2 setores:1. A cultura espiritual ou no material; e2. A cultura material.

    A cultura no material compreende, como aexpresso denota, o domnio das idias: a tica, ascrenas, os conhecimentos, as tcnicas, os valos, as

    normas, etc. Por outro lado, a cultura material constituda pelos artefatos e objetos em geral.

    Um machado tosco, feito com uma lasca depedra presa por cips extremidade de umpedao de madeira, , numa sociedade noletrada, uma expresso da sua cultura material;

    um avio, na nossa sociedade, umcomponente da parte material da nossa cultura.

    A distino entre cultura material e no

    material, contudo, deve ser encarada como umaclassificao puramente nominal, para fins analticos,pois, na realidade, so domnios interdependentes dacultura total.

    EXISTEM CULTURAS SUPERIORES?

    Para a Sociologia, no existem culturas superio-res nem inferiores, mas, apensa, culturas diferentes.No se pode afirmar que a cultura de umadeterminada sociedade seja superior ou inferior aoutra, pois, como j vimos, cincia no competejulgar, emitir juzos de valor, porm, constatar comoas coisas so e explicar como e por que elas ocorrem.

    A cultura nasce do trabalho do homem emsociedade transformando a natureza para satisfazeras suas necessidades. Partindo dessa afirmao, seria

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    possvel argumentar erroneamente que uma culturaque possui conhecimentos e tcnicas que possibilitema transformao mais eficiente da natureza de modoa satisfazer melhor as necessidades do homem superior a uma cultura que no possuaconhecimentos e tcnicas to aprimorados.

    -Basta, no entanto, que pensemos nos problemas dedesequilbrio ecolgico provocados pela altacapacidade tecnolgica de transformao da naturezanas socieda- des urbano-industriais do presente paraconstatarmos que essa capacidade no tornanenhuma cultura superior a outra.

    ACULTURAO

    O modo de vida de muitos povos resulta da

    fuso de outros modos de vida, isto , de culturas deoutros povos que, por alguma circunstncia, entraramem contato. O processo de fuso de culturas emcontato atravs da troca de seus padres e dainfluncia mtua denominado, em Sociologia, de

    ACULTURAO ou TRANSCULTURAO.

    A Cultura BrasileiraA cultura brasileira, como todos ns sabemos,

    o resultado da sntese de vrias culturas em contato: A cultura europia, particularmente a

    ibrica; As diferentes culturas indgenas autcnones; As variadas culturas transplantadas da

    frica.

    No caso do Brasil, o caldeamento singular deculturas um dos mais importantes fatores daautenticidade do carter social brasileiro, do modo devida do nosso povo, enfim, da cultura brasileira.

    O INDIVDUO NASOCIEDADE

    oda sociedade compreende um sistema destatus e posies. Status a localizao doindivduo na hierarquia social, de acordo com a

    sua participao na distribuio desigual da riqueza,do prestgio e do poder. Quando nos referimos apoder, em Sociologia, no limitamos o significado

    dessa expresso ao seu sentido estritamente poltico,mas, em mbito geral.

    T

    O HOMEM OCUPANTE DE POSIES

    prprio da condio social do homem ocuparposies com direitos e deveres preestabelecidosindependentemente dos indivduos. Onde quer queesteja o indivduo na sociedade, ele estar ocupandoalguma posio.

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    Todo indivduo ocupa vrias posies, quersucessiva, quer cumulativamente. Um determinadoindivduo ocupar, por exemplo, no seu grupo familial,o status de filho; na universidade, o de estudante deum curso superior; na nao, o de cidado; naempresa onde trabalha, o de digitador etc. Por outrolado, as pessoas mudam de status; hoje um indivduo

    solteiro, amanh ser casado; hoje adolescente,amanh ser adulto; hoje estudante universitrio,amanh ser advogado etc.

    Se um indivduo deixa de ocupar uma posioqualquer, deixa de participar do prestgio, do poder eda riqueza socialmente conferidos ao status. Prestgio,no entanto, diferente de estima. O prestgiopertence ao status; a estima decorre do desempenhodo indivduo em um determinado status. Ao status demdico, por exemplo, socialmente concedido certograu de prestgio. Quem quer que ocupe essa posio

    desfrutar desse prestgio. J a estima depender domodo pessoal como o indivduo cumpra os deveresprprios dessa posio.

    PAPEL: O HOMEM COMO ATOR SOCIAL

    A cada status ocupado pelo indivduo correspon-de um papel social.-Papel o conjunto de expectativas decomportamento padronizado em relao a cada umadas posies (status) existentes em uma sociedadeou, em outras palavras, o comportamento esperado

    dos indivduos em determinados status.O indivduo desempenha tantos papis quantos

    sejam os status que ele ocupe. O papel , portanto, aexpresso comportamental do status, a suaconcretizao em aes.

    Quanto crtica baseada no argumento de quese o homem um ator que representa papis que eleno inventa, no seu comportamento no cabe aliberdade, preciso explicar que a Sociologia nopode, precisa- mente por ser cincia, pretender a

    compreenso de todas as manifestaes docomportamento humano.A Sociologia pode pretender constatar e tentar

    explicar aquilo que, no comportamento humano e nasrelaes sociais, apresenta alguma regularidade,algum padro. E, na realidade, possvel estudar ocomporta- mento humano e a sociedade porque elespossuem regularidades observveis. A Sociologia noignora nem nega a liberdade humana, porm serende constatao de que no tem condies deinclu-la no seu mbito de estudo, pois a liberdade

    pertence ao domnio do imprevisvel, do que, nasaes humanas, no padronizado. A Sociologia,portanto, no estuda a pessoa no que ela tem denico, mas apenas no que ela tem de padronizado.

    A noo de papel, que o principal instrumentoterico-conceitual de que dispe a Sociologia para o

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    estudo do comportamento humano, no compreendetoda a riqueza e complexidade da pessoa.

    PAPIS, GRUPOS E INSTITUIES

    Nenhum papel social existe isoladamente. Todo

    papel social est relacionado a outros, papis, j queas expectativas de comportamento padronizado quedefinem um dado papel partem necessariamente depessoas que desempenham papis complementaresem relao considerado. S existe o papel de fielporque existe o de sacerdote; o de filho porque h ode pai; o de professor porque h o de aluno e vice-versa. Todo papel, portanto, depende de um certonmero de papis complementares especficos.

    Veja Sua Importncia Nenhum papel est relacionado a qualqueroutro papel, muito menos a todos os papisexistentes em uma sociedade, mas apenasa determinados papis;

    O papel de pai est associado ao papel defilho, mas, em geral, nada tem a ver, aomenos diretamente, com o papel de alunoou o de professor, por exemplo, ainda que omesmo indivduo que desempenha oprimeiro tambm desempenhe um dessesoutros papis.

    Cada um dos complexos de papis independen-tes pertence a instituies e a grupos determinados.O papel de esposa pertence ao mesmo complexo de

    papis constitudo pela famlia, tanto como grupoquanto como instituio.

    Ponto de Vista SociolgicoDo ponto de vista sociolgico, as pessoas so

    portadoras de expectativas de comportamento social-mente padronizado apenas, enquanto ocupantes deposies. Por outro lado, tais expectativas aplicam-ses pessoas, como j vimos, apenas enquanto elas, domesmo modo, ocupam posies.

    Como professor, tendo expectativas em relaos pessoas que ocupam a posio de alunoprecisamente porque ocupo aquela posio. Se deixode ser professor de uma determinada turma, j noh por que ter expectativas de comportamentosocialmente padroniza- do em relao s pessoas que

    pertencem a ela. Se, em um dado contexto deposies, sou professor e, em outro, sou amigo deuma mesma pessoa, nossas expectativas mtuas decomportamento tendem a diferir de um contexto parao outro, mesmo admitindo que esses papis secontaminem reciprocamente.

    GRUPOS, AGREGADOS E CATEGORIAS

    Grupos, Agregados e Categorias como Meiosde Participao Social

    A participao do indivduo na sociedade no seprocessa sem intermediaes, de forma imediata, po-rm, ao contrrio, faz-se atravs das posies que eleocupa, dos papis que ele desempenha, dos grupos e

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    dos agregados dos quais participa, das categorias,das camadas e das subculturas s quais pertence.

    Todo o processo de socializao feitoprecisamente no sentido de preparar o indivduo nosimplesmente para participar da sociedade, mas,necessariamente, para dela participar atravs dessas

    unidades sociais. Sem elas, a participao social noseria possvel. O indivduo no socializado apenaspara viver em sociedade, porm, de modo maispreciso, para ocupar posies, desempenhar papis,viver em determinados grupos, tomar partes emagregados e participar de categorias, camadas esubculturas especficas.

    Grupos: Suas CaractersticasUm grupo, do ponto de vista da Sociologia, no

    simplesmente um conjunto de indivduos. Indivduosem contato so uma condio necessria, mas nosuficiente formao e caracterizao dos grupossociais. Objetivos e interesses comuns tambm nobastam. Os grupos sociais existem quando emdeterminado conjunto de pessoas existem relaesestveis, em razo de objetivos e interesses comuns,assim como sentimentos de identidade grupaldesenvolvido atravs do contato contnuo.

    Enquanto algumas pessoas esto associadas demodo estvel entre si e partilham tais sentimentos, o

    grupo como uma unidade social, existe, mesmoquando, momentaneamente, os seus componentesindividuais no estejam fisicamente prximos uns dosoutros. O grupo, portanto, , sobretudo, umarealidade intermental.

    Se, por algumas horas, dias ou semanas, osindivduos que formam a turma de um curso seseparam fisicamente, a permanncia da conscinciade que o grupo existe como uma unidade socialdistinta e os sentimentos de pertencer a ele fazemcom que o grupo tenha continuidade.

    Grupo de Participao e de No-participaoDo mesmo modo que as nossas aes em

    sociedade so orientadas pelas posies queocupamos, os grupos tambm constituem umaimportante referncia para os nossos atos. No temosapenas conscincia e sentimentos de pertencer aalguns grupos na nossa sociedade, mas tambm deno pertencer a outros.

    Nossas atitudes e nosso comportamento em

    relao s pessoas que identificamos comopertencendo aos mesmos grupos dos quaisparticipamos tendem a ser substancialmente diversosdas nossas predispo- sies mentais e aes emrelao a quem pertence a outros grupos. O perodode observao e provao a que universalmente sosubmetidos os novatos em qualquer grupo umaevidncia da importncia dessa discriminao naorientao do nosso comportamento. Da aimportncia dos conceitos de grupo de participao ede no-participao para a anlise sociolgica do

    comportamento humano.

    Grupos de RefernciaNossa vida em sociedade norteada pelos

    nossos grupos de referncia.

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    Grupos de referncia so aqueles cujos padrestomamos como medida para a autoavaliao danossa situao na sociedade;

    Os grupos de referncia podem ser positivos ounegativos;

    Grupos de referncia positivos so aquelescujas expectativas de comportamento osindivduos buscam atender;

    Grupos de referncia negativos so aquelescujas expectativas de comportamento oindivduo pro- cura negar.

    compreensvel que os grupos de referncia positivosde um indivduo razoavelmente integrado na suasociedade sejam precisamente os seus grupos departicipao. fato bvio que os indivduos

    dependem emocionalmente das respostas favorveisdos membros dos seus prprios grupos famlia,empresa, amigos etc. ao seu comportamento.Muitas vezes, no entanto, os indivduos vo tomar asreferncias positivas ao seu comportamento emgrupos aos quais no pertencem.

    O adolescente que se identifica com um grupode rapazes mais velhos do que ele ao qual nopertence, da sua rua, provavelmente tudo far parase comportar como se efetivamente j pertencesse aele. Assim, ter como grupo de referncia positivo umgrupo do qual no participa de fato econseqentemente far, mesmo sem ter conscinciado sentido das suas aes, por onde para atender sexpectativas desse grupo, como se a ele jpertencesse no seu comportamento, nas suasopinies etc. Esse tipo de comportamento, muito

    freqente nas sociedades complexas, tem a funo depossibilitar a socializao prvia ou antecipatrianecessria admisso em novos grupos, comoargumenta Merton, pois, se os indivduos seinvestem dos valores de um extragrupo ao qualaspiram, encontram mais pronta aceitao por aquele

    grupo e se ajustam mais facilmente ao mesmo.Na Sociologia, muitas vezes a expresso grupo

    de referncia empregada com o sentido decategoria de referncia. Quando o indivduo orientao seu comportamento pelas expectativas de todas aspessoas que pertencem, por exemplo, a determinadareligio, est-se comportando de acordo com umacategoria social e no com um grupo. Se o indivduose comporta em conformidade com as expectativasdos membros de uma congregao religiosa qual

    pertence, a se trata de grupo de referncia.-Ralf Dahrendorf, ampliando a noo de grupo, achaque entre todos os grupos de referncia sob cujombito de influncia nos encontramos comoportadores de posies sociais, de interesseespecial a sociedade global com seu sistema jurdico.

    Grupos Primrios e SecundriosApesar das caractersticas comuns a todos os

    grupos sociais, eles comportam algumas diferenassignificativas. So realidades sociais bastante

    diversas, por exemplo, a famlia a qual pertencemos ea empresa na qual trabalhamos, como diversos so osnossos sentimentos em relao a um ou a outrodesses dois grupos.

    O primeiro um exemplo de grupoprimrio;

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    O segundo pertence ao tipo classificado comogrupo secundrio.

    Esta classificao usualmente atribuda ao socilogonorte-americano Clarles Cooley, embora, de fato, eleno seja o seu autor. A ele pertence a identificao e

    a descrio dos grupos primrios, depois desdobradapor outros nessa classificao.

    Grupos primrios e secundrios diferenciam-sepelas condies fsicas de sua existncia e pelo tipode relao predominante entre os seus membros. Ascondies fsicas necessrias formao dos gruposprimrios so:

    1. Exigidade;2. Proximidade entre os seus componentes; e3. Permanncia das relaes.

    O GRUPO PRIMRIO

    Dito de outro modo, o grupo primrio, do pontode vista fsico, composto de um pequeno nmero depessoas, e, entre elas, os contatos so muito frequn-entes, o que possibilita uma maior proximidade entreelas e uma maior permanncia nas suas relaes. Asrelaes sociais nos grupos primrios caracterizam-sepela intimidade, informalidade e espontaneidade.Neles as caractersticas de cada indivduo comopessoa prevalecem sobre as exigncias sociais

    prprias das suas posies.Outra caracterstica, talvez a mais importante

    dos grupos primrios, est no fato de que as relaesentre os seus componentes individuais constituem oprprio fim do grupo e no um meio para alcanaralgum outro objetivo. O objetivo fundamental de um

    casal de namorados, que um exemplo tpico degrupo primrio, o prprio relacionamento entre osnamorados. Tudo o mais, o prprio casamentoinclusive, no passa de meio para concretizar essefim. Quando, aps o casamento, passam a constituiruma famlia, o relacionamento entre os esposos e os

    filhos continuar sendo o objetivo fundamental dogrupo.

    Adquirir uma casa, dar uma boa educao aosfilhos, por exemplo, so metas que, embora de modonem sempre claramente consciente, visam concretizao do mesmo fim: o relacionamento entreos membros do grupo familial. E se esse objetivo cedelugar a algum outro, se as relaes entre os membrosdo grupo familial se transformam em meio paraalcanar outros fins, inevitavelmente o grupo deixar

    de ser primrio e, por conseguinte, diminuir o seunvel de coeso. O mesmo se pode dizer de um grupode amigos.

    OS GRUPOS SECUNDRIOS

    Os grupos secundrios so precisamente ooposto dos grupos denominados primrios, quer noque se refere s condies fsicas, quer no que dizrespeito ao tipo de relao social predominante entreos seus componentes. Ao contrrio dos grupos

    primrios, os grupos secundrios so compostos degrande nmero de participantes, os quais no estotodos necessaria- mente prximos, do ponto de vistafsico, entre si. Ademais, como o contato entre os seusmembros no so muito freqentes, as relaes entre

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    eles no tm o mesmo grau de permanncia, tpicodos grupos primrios.

    Enquanto nos grupos primrios as relaesentre os seus componentes individuais so um fim emsi mesmas, nos grupos secundrios essas relaesso apenas um meio para atingir algum objetivo. Uma

    turma de algum curso universitrio um exemplo degrupo secundrio. Uma universidade tambm o .Tanto no primeiro quanto no segundo caso, osindivduos se relacionam em funo de objetivoscomuns. Nestes grupos, os contatos entre osindivduos so predominantemente categricos, isto, baseados nas posies que as pessoas ocupam, eno simpticos, como acontece nos grupos primrios,ou seja, baseados nas peculiaridades pessoais.

    Os grupos secundrios no excluem, contudo,os grupos primrios. Ao contrrio, tendem, de algummodo, a estimar o seu surgimento. Uma turma de umcurso superior, por exemplo, tende a compreenderalguns grupos primrios: amigos, namorados etc.Mesmo abrigando grupos primrios, grupos comouniversidade, empresa, entre outros exemplos, noperdem o seu carter secundrio. Os grupossecundrios so, tambm, comunidade denominadosassociaes. As associaes organizadasformalmente, tais como empresas, universidades ehospitais, entre outras, so usualmente denominadas

    organizaes formais.

    AgregadosAgregados so unidades sociais, cuja existncia

    depende da proximidade fsica entre os seuscomponentes individuais. Desfeita a proximidade

    fsica entre os seus membros, o agregado j noexiste. E nisto diferem dos grupos. Um auditrio, porexemplo, possui essa caracterstica e, portanto, umagregado. Outra caracterstica da maioria dosagregados o seu carter passageiro, no quetambm diferem dos grupos.

    A superficialidade da comunicao e do contatoentre os membros do agregado ainda outracaracterstica desse tipo de unidade social. Em algunsagregados, a comunicao predominantementeemocional e a reao dos seus participantes aosestmulos ambientais tende a ser imediata eirrefletida. Desse modo, os agregados so unidadessociais de baixssimo grau de coeso e deorganizao.

    Os principais tipos de agregado so: o auditrio,a manifestao pblica, a turba, o agregadoresidencial e o funcional. Vejamos:

    OAUDITRIO um tipo de agregado no qual aspessoas se renem temporariamente em funode um objetivo comum de ateno, seja umfilme, um concerto, uma conferncia, uma peateatral etc. Na manifestao pblica, como aexpresso denota, o interesse em expressaralguma idia que motiva a reunio temporriadas pessoas. Uma procisso um exemplo demanifestao pblica;

    A MANIFESTAO PBLICA um agregadopacfico, ao contrrio da TURBA, que se caracte-riza precisamente pelo comportamentoagressivo dos seus participantes. Pessoas quetentam a todo custo sair de uma sala deespetculos, em razo de um incndio, fazem

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    uma TURBA, como, do mesmo modo, aspessoas que, conjuntamente, apedrejam umedifcio, por um motivo comum;

    AGREGADOS RESIDENCIAIS, como a expressobem o diz, so aqueles compostos porindivduos que tm em comum a vizinhana.

    Nem todo conjunto de famlias unidas pelavizinhana corresponde, porm, o agregadoresidencial. Se predomina a cooperao entreas pessoas que moram prximas entre si; se oconhecimento entre elas no superficial; se ocontrole social se faz de pessoa para pessoa, deforma direta, ao contrrio do que acontece noambiente social das grandes cidades, onde ele predominantemente impessoal, ento, no setrata, nesse caso, de agregao residencial,

    mas de comunidade. O conjunto de indivduosque moram em um edifcio de apartamentocorresponde, de modo geral, ao exemplo purode agregado residencial, j que esse tipo demoradia, tipicamente citadina, no apenasatende necessidade da forma urbana deocupao do espao, mas tambm predispe osindivduos a uma forma de convviocaracterizada pelo desinteresse pelo outro e,con- seqentemente, pela impessoalidade nasrelaes sociais;

    AGREGADOS FUNCIONAIS so os compostos porindivduos residentes em uma rea comumcujos limites so estabelecidos atravs doartifcio da lei. Municpio, distrito, zona eleitoral,bairro, igreja so exemplos de agregadofuncional.

    Os agregados no excluem os grupos primrios. Umauditrio pode conter muitos grupos primrios casais, amigos, por exemplo -, mas, como um todo,no deixa de ser um agregado.

    As CategoriasAs categorias sociais so constitudas por

    indivduos que possuam uma ou mais caractersticasem comum, porm separados fisicamente. Tomemoscomo exemplo uma categoria religiosa: os indivduosque tenham em comum a caracterstica de estaremfiliados religio catlica, no Brasil, esto,obviamente, dispersos em todo territrio brasileiro.Outro exemplo so as categorias etrias: as pessoasque estejam situadas dentro de uma mesma faixa deidade, em determinada sociedade, esto

    normalmente separadas no espao.Por si mesmas, as categorias sociais noexistem como unidades sociais. Grupos e agregadosso unidades sociais inequvocas. No se pode terdvida a respeito da sua existncia. J ascaractersticas sociais so elaboraes intelectuais.Isto no quer dizer que os indivduos que compemuma categoria social no existam de fato, nem que ascaractersticas que a definem no sejam observveis.Que as caractersticas dos membros de uma categoriasocial sejam observveis , alis, uma exigncia

    metodolgica para a sua formulao. Afirmar que ascategorias sociais no existem por si mesmas comounidades sociais e que elas so antes elaboraesintelectuais significa que o conjunto dos indivduosque a ela pertencem no forma necessariamente umacoletividade autoconsciente.

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    Um Exemplo a ConsiderarA anlise da situao social de um concerto

    um bom exerccio de identificao de grupos,agregados e categorias. A orquestra um grupo. Sefor uma orquestra sinfnica, ser, muito

    provavelmente, um grupo secundrio. Se for umpequeno conjunto de cmara, ser um grupoprimrio. J a platia constitui um agregado do tipoauditrio. As pessoas, presentes ou no ao concerto,que gostam de msica erudita ou de algumcompositor em particular fazem uma categoria social:o pblico. Convenciona-se, na terminologiasociolgica, denominar de pblico (no confundircom auditrio, que agregado) as categorias sociaiscompostas de indivduos que possuem algum

    interesse ou gosto em comum: os adeptos de umcandidato a algum cargo poltico, os apreciadores dealgum artista etc.

    CASTAS, ESTAMENTOS E CLASSES

    Alm das posies e dos papis, dos grupos, dosagregados, das categorias e das subculturas, osistema de estratificao outro meio atravs do qualos indivduos participam da sociedade. Estratificao

    social o processo ou o estado de localizaohierrquica dos indivduos em setores relativamentehomogneos da populao quanto aos interesses, aoestilo de vida e s oportunidades de vida, segundo asua participao na distribuio desigual de

    recompen- sas socialmente valorizadas (riqueza,poder e prestgio).

    Estratificao e desigualdade SocialNo se pode afirmar, como defendem alguns,

    que todas as sociedades conhecem a estratificao

    social. Embora alguns socilogos sejam da opinio deque estratificao e desigualdade social sejam amesma coisa, existem evidncias de que todas associedades conhecem alguma forma de desigualdade,mas nem todas as sociedades conhecem aestratificao. Onde quer que exista sociedade, existenecessariamente algum tipo de desigualdade socialentre os indivduos quanto aos seus direitos edeveres, de acordo com as posies que eles ocupam.

    Desigualdade de direitos e deveres e

    diferenciao de posies, porm, no significam omesmo que estratificao social. A estratificao apenas um tipo de complexo de diferenciao. Nassociedades tribais mais rudimentares, a estratificao muito rara. Isto se d, provavelmente, em razo dobaixo grau de desenvolvimento tecnolgico dessassociedades, que torna impossvel a produo de bensalm do necessrio sobrevivncia, ou seja,excedentes de produo.

    Nas sociedades tribais mais elementares, nasquais o baixo nvel de produo impe a distribuio

    igualitria dos bens como condio necessria sobrevivncia da prpria coletividade como um todo,a diferenciao social simples porque se baseiaapenas em um pequeno nmero de posies cujosdireitos e deveres so, em geral, atribudos segundo osexo e a idade. Nessas sociedades, a diviso do

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    trabalho e o sistema de posies, extremamentesimples, tendem a se basear de modo predominantena atribuio de acordo com o sexo e a idade dosindivduos. Nesse tipo de sociedade,conseqentemente, prestgio e poder tendem a sermais importantes do que a posse da riqueza no

    processo de diferenciao social.

    Estratificao, Crenas, Valores e NormasA estratificao social no se reduz ao processo

    ou estado de distribuio desigual de recompensassocialmente valorizadas. Todo sistema deestratificao compreende necessariamente crenas,valore e normas que explicam, legitimam eregulamentam essa distribu- io. Como tudo o queocorre na sociedade, esse processo de distribuio de

    recompensas instituciona- lizado, isto , reguladopor normas e legitimado por valores, com base emcrenas coletivamente partilha- das. Crenas, valorese normas no so a causa da estratificao, masnenhum sistema de estratificao se mantm sem oapoio dos elementos intersubjetivos que o explicam,justificam e regulamentam.

    Um sistema de estratificao, por exemplo,como o da ndia tradicional, baseado em castas, nopoderia manter-se sem a existncia de um complexode idias coletivas direta ou indiretamente

    relacionado a ele. A crena na reencarnao e, sobretudo, na idia

    de que, em cada reencarnao, a situaosocial dos indivduos representa um prmio ouuma punio resultante do seu comportamentoem uma existncia anterior eram fundamentais

    continuidade daquele sistema deestratificao (apesar da Bblia no estabelecerbases slidas para essa crena ou heresia);

    Outra idia que contribuiu para a manutenodesse sistema foi a de que cada um dosgrandes ramos de atividades socialmente

    necessrias a intelectual e sacerdotal, aguerreira, a mercantil, a artesanal e a agrcola correspondia expresso, no mundo, dediferentes partes do corpo da divindadesuprema e de que, qualquer que fosse a partena qual o indivduo estivesse localizado nosistema de diviso do trabalho, estaria, com asua profisso, manifestando a vontade divina.

    Estas so as crenas que fundamentam o valorsupremo para aquele tipo de estratificao: o valor de

    que justo, bom e correto que as pessoas participemda riqueza, do prestgio e do poder desigualmentedistribudos na sociedade de acordo com o seunascimento, no podendo mudar de posio socialdurante toda a sua existncia.

    Participando dessas crenas e desse valor, oque se poderia esperar dos indivduos, qualquer quefosse a sua localizao no sistema de estratificao,seno a conformidade s normas estabelecidas para ofuncionamento desse sistema? Este exemplo d bema medida da importncia das crenas, dos valores,das normas e das atitudes na manuteno dossistemas de estratificao social.

    Mobilidade social, Sociedades Abertas eFechadas

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    Mobilidade social a locomoo dos indivduosno sistema de posies na sua sociedade. Amobilidade social pode ser horizontal ou vertical. Hmobilidade horizontal quando o indivduo muda destatus, mas permanece na mesma camada social. Amobilidade vertical ocorre quando, ao mudar de

    status, o indivduo muda de camada social. Amobilidade vertical pode ser ascendente odescendente. Como denota o adjetivo, mobilidadevertical ascendente a que ocorre quando oindivduo, ao mudar de status, sobe na hierarquia decamadas da sua sociedade, sendo mobilidade verticaldescendente precisamente o oposto.

    As possibilidades de mudanas de status variamde sociedade para sociedade. Nas sociedadestradicionais aristocrticas, essas possibilidades somuito reduzidas. J as sociedades secularizadas, isto, de organizao social predominantemente racional,utilitria e nas quais a tradio de menor importn-cia, tendem a dar mais oportunidades de mudana destatus aos seus membros. Estas so chamadasSOCIEDADES ABERTAS, enquanto as primeiras sodenominadas SOCIEDADES FECHADAS. A ndiatradicional, estratificada em castas, o exemplo maisnotvel de sociedade fechada. As sociedades estratifi-cadas em classe constituem o exemplo mais prximode sociedade aberta. de se notar que no existe

    sociedade aberta em sentido absoluto. Por maioresque sejam as possibilidades de mobilidade socialvertical ascendente oferecida aos indivduos em umasociedade, a mudana de status tende a ser, dealgum modo, seletiva. Uma das razes para que istoocorra esta no prprio fato de que a mobilidade social

    , como tudo na sociedade, regulada por normas. Osindivduos, todos ns sabemos, no mudam de statusapenas segundo o seu desejo, mas tambm de acordocom as normas sociais referentes a essa rea da VIDASOCIAL.

    A EDUCAO ESCOLAR

    A educao escolar tem sido o canal demobilida- de social mais procurado pelas pessoas nassociedades secularizadas do presente. E, de fato, emsociedades nas quais os princpios da racionalidade eo da utilidade so mais importantes do que a tradio,a qualificao profissional tem constitudo um

    eficiente canal de mobilidade social. A educaoescolar, no entanto, s funciona como canal demobilidade social quando existe um mercado detrabalho carente de profissionais qualificados. Quandotal no acontece, a educao tem sido antes umafonte de frustraes de aspiraes de ascenso social.

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    Ademais, freqente que, em sociedades aindano inteiramente secularizadas, mas j nointeiramen- te tradicionais, formas seculares deaproveitamento das habilidades e conhecimento dosindivduos coexistam com formas tradicionais demanuteno de prerrogati- vas sociais, como, por

    exemplo, atravs do parentesco.

    As ClassesA estratificao social em classes tpica das

    sociedades secularizadas urbano-industriais dopresente. Ela se baseia no valor que afirma o direitode todos os indivduos usufrurem de todas asvantagens econmicas e sociais em geral que asociedade pode oferece, de acordo com os mritos decada um e independentemente da sua condio social

    de nasci- mento. Esse um valor claramente burgus,antiaristo- crtico, em sentido rigorosamentehistrico.

    Nas sociedades de classes, a identificao dalocalizao dos indivduos na hierarquia social no to clara quanto nas sociedades estraficadas emcastas e em estamentos. Ao contrrio do que ocorrenestas sociedades no so evidentes os limites entreas diferentes camadas nas sociedades de classe. Se relativamente fcil identificar os extremos dapirmide social, o mesmo no acontece em relao

    aos limites entre as camadas. Por outro lado, acomposio da estratificao nmero de camadas,categorias ocupa- ocupacionais de cada classe etc. varia de sociedade para sociedade e de poca parapoca numa mesma sociedade. Se nas sociedadesindustriais avanadas a classe mdia tende a ser

    extensa e diferenciada em subcamadas, nassociedades tradicionais em vias de desenvolvimento,a classe mdia tende a ser significa-significativamente reduzida em comparao com abase da pirmide social.

    INSTITUIES SOCIAIS

    Instituies, Associaes e Grupos PrimriosRemonta criao da prpria Sociologia a sua

    diviso, atravs de Auguste Comte, em esttica edinmica social. A dinmica diz respeito ao estudodos processos e, sobretudo, da mudana social. Aesttica refere-se ao estudo dos componentes dasociedade necessrios sua estabilidade. Entre estes

    componen- tes, ressaltam as instituies, para asquais convergem as normas, os valores, as crenas,as posies e os papis.

    Que queremos dizer quando afirmamos, porexemplo, que a famlia uma instituio? Quesignifica dizer que a educao, a religio, o governo, aeconomia ou a recreao so instituies sociais?

    Na linguagem do senso-comum, usual oemprego da expresso instituio como sinnimode grupo secundrio, associao ou de organizaoformal. Em Sociologia, usa-se, como j vimos, o termo

    associao com o mesmo significado de gruposecundrio. J o conceito de organizao formalrefere-se queles grupos secundrios nos quais asrelaes interpessoais so, ao menos originalmente,contratuais, tal como, por exemplo, uma empresa ouuma universidade. freqente, na linguagem

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    cotidiana e mesmo jornalstica, falar em umauniversidade, por exemplo, como uma instituioeducacional numa associao beneficente como umainstituio filantr- pica, num clube como umainstituio recreativa etc.

    As instituies dizem respeito inclusive s

    associaes e organizaes formais, mas no seconfundem com estas. Se afirmamos, por exemplo,que a universidade brasileira atravessa muitastransforma- es, no estarei obviamente referindo-me a nenhuma universidade do Brasil consideradaisoladamente e nem mesmo ao conjunto dasuniversidades brasileiras, a no ser, neste ltimocaso, de modo indireto.

    Quando afirmamos que afamlia brasileira hoje diferente dafamlia no Brasil colonial e monr-

    quico, no nos referimos analoga-mente a nenhuma famlia brasileiraconsiderada em particular, porm, aalgo compartilhado pelas famlias noBrasil de hoje ou do passado:padres de organizao das relaesde parentesco.

    Para a Sociologia, portanto, a palavra famliatanto pode significar grupo primrio quantoinstituio. De qualquer modo, grupos primrios esecundrios so a expresso das instituies. Atmesmo as posies e os papis so expresses das

    instituies, pois, como j vimos, posies e papispertencem necessariamente no s a grupos, mastambm a sistemas institucio- nais.

    MUDANA SOCIAL

    Mudana Social e Mudana CulturalA sociedade tambm uma realidade que se

    transforma continuamente, uma realidade emconstan- te mudana. Algumas sociedadestransformam-se com grande rapidez. Outras mudam

    mais vagarosamente. De qualquer maneira, todas associedades esto sempre se transformando. Associedades tribais, mais isoladas, transformam-semais lentamente do que o seu oposto na escala decomplexidade social, as sociedades do tipo urbano-industrial.

    usual, em cincia social, fazer distino entremudana social e mudana cultural. A primeiracompreenderia as transformaes na composioetria de uma sociedade, por exemplo, ou, ainda, nas

    relaes de classe, no estilo predominante de vida rural ou urbano -, na proporo de habitantes docampo em relao aos da cidade etc. J a mudanacultural incluiria, para quem adota tal distino, astransforma- es no domnio das crenas, dos valores,das atitudes, dos costumes etc. Na realidade, essaclassificao pouco til, pois de tal modo as duasformas de mudana se confundem que dificilmente sepode saber com segurana onde termina uma e ondecomea outra.

    Como vimos, a cultura o que distingue as

    formas de organizao social das manifestaes nohumanas de convvio. Desse modo, toda mudanasocial acarreta necessariamente transformaes noacervo cultural de um povo. Inversamente, qualquertransformao no plano da cultura tende a acarretaralgum tipo de mudana nas formas de organizao

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    das relaes sociais, j que a cultura compreendetodos os domnios da vida social e o comportamentohumano est necessariamente ligado aos modosculturalmente estabelecidos de perceber a realidade.

    Fatores de Mudana SocialMuitas podem ser as causas de mudana social.

    Fatores geogrficos condies climticas,cataclismos, maior ou menor disponibilidade dedeterminados recursos naturais podem provocarmudanas na sociedade. Escassez, para uns, eabundncia de petrleo, para outros, tem sido causade mudana em muitas sociedades do presente. Ascondies climticas e pedolgicas (referentes aosolo) desfavorveis na extensa rea semi-rida doNordeste brasileiro consti- tuem um exemplo bastante

    significativo de um fator geogrfico atuando sobre aorganizao social. Durante muitas dcadas, as secasdo Nordeste vm concorrendo para a desarticulaodo grupo familial atravs da migrao forada,temporria ou permanente, de famlias inteiras ou deseus membros isoladamente.

    Os conhecimentos acumulados pelas cinciasdo comportamento recomendam cautela naconsiderao dos fatores geogrficos de mudanasocial, pois supervalorizar esses fatores significa cairnas antigas idias, j h muito superadas pela cincia

    social, do determinismo geogrfico, segundo o qual asformas de organizao social seriam decorrncia dascondies ecolgicas. As diferenas de reao,segundo a locali- zao de classe, em face da seca, noNordeste do Brasil, constituem um exemplo de como

    a organizao social atua sobre o modo de enfrentaros fenmenos naturais.

    Descoberta e InvenoPara a Sociologia, descoberta todo e qualquer

    conhecimento acrescentado ao acervo de

    informaes e explicaes existentes numasociedade, enquanto inveno toda aplicaooriginal do conhecimento disponvel. As descobertass se tornam causa de mudana social quando soefetivamente aplicadas, ou seja, quando sotransformadas em invenes. Foi necessrio que osconhecimentos da Fsica, por exem- plo, fossemtransformados em tecnologia para que se tornassemum fator de mudana social no Ocidente. A mquina avapor foi causa de grandes transformaes na

    organizao social, a partir do Sculo XVIII, no mundoocidental.Na maioria dos casos, descobertas e invenes

    no so feitas por acaso. Descobertas e invenes,em geral, surgem como resposta a problemas enecessida- des, por um lado, e, por outro, quandoexistem condies scio-culturais para o seusurgimento. O avio, por exemplo, foi inventado emfins do sculo XIX simultaneamente por SantosDumont, no Brasil, e, nos Estados Unidos, pelosirmos Wright. A inveno do mtodo de controle da

    natalidade pela identificao dos dias fecundos einfecundos da mulher foi feita, ao mesmo tempo, porOgino no Japo e Knaus na ustria.

    Desenvolvimento Social

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    O desenvolvimento social um dos tipos demudana de maior interesse para a Sociologiacontempornea. A preocupao dos socilogos comos problemas de desenvolvimento , no entanto,relativa- mente recente. Tendo-se desenvolvido apartir da dcada de cinqenta, o estudo sociolgico

    do desenvol- vimento j compreende, hoje, umaespecialidade dentro da Sociologia: a Sociologia doDesenvolvimento. O objeto dessa especialidade oestudo das condies favorveis ou desfavorveis aodesenvolvimento social.

    Uma das condies do desenvolvimentoapontada por muitos estudiosos que a taxa decrescimento da renda seja superior taxa deaumento da populao. No entanto, o exemplo dospases industrializados tem mostrado que odesenvolvimento, por si mesmo, contri- bui paralimitar o crescimento vegetativo da populao.

    A EDUCAO ESCOLAR igualmente apontadacomo condio necessria ao desenvolvimento. Aeducao, porm, tanto pode ser instrumento deconservao quanto de mudana social. Como sabido, a educao do tipo ornamental, ainda toarraigada entre as aspiraes do brasileiro, antesfator de manuteno da organizao socialestabelecida do que de transformao da sociedade.Assim, embora a alta proporo de analfabetos esteja

    entre as caractersticas inegveis das sociedadessubdesenvolvidas, preciso descartar a idia de quea educao importante para o desenvolvimentoeconmico, social e poltico consiste apenas naalfabetizao das grandes massas.

    COMO CONCLUSO:SOCIOLOGIA E SOCIEDADE

    SOCIOLOGIA Uma DefinioAs definies de qualquer cincia, como j

    argumentamos anteriormente, tendem a ser incuas,quando apresentadas no comeo dos livros deiniciao cientfica. Dificilmente, a definio dealguma cincia deixa de incluir noes tcnicas.Desse modo, a compreenso da definio de qualquercincia requer o entendimento prvio dos seusconceitos bsicos. Logo, o mais aconselhvel que asdefinies sejam postas antes como concluso do quecomo introduo aos manuais de iniciao cientfica.

    Assim, a sua altura, podemos, como a maiorprobabilidade de sucesso, definir a Sociologia como oestudo cientfico das formas culturalmentepadronizadas de interao humana. Observa-se que,de acordo com a argumentao acima desenvolvida,para que tal definio seja compreendida em todas assuas implicaes, necessria a compreensoanterior de, pelo menos, 4 conceitos:

    1. O de cincia;2. O de cultura;3. O de padronizao cultural; e o

    4. De interao.

    As definies de qualquer cincia tendem acompreender alguma concepo particular do objetode estudo da cincia que definida. Dessa maneira, adefinio de Sociologia acima proposta compreende,

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    necessariamente, certa concepo da prpriarealidade que essa cincia estuda.

    Podemos notar que, nessa definio, asociedade humana concebida como um sistema deinteraes culturalmente padronizadas. Embora taldefinio de sociedade seja, ao mesmo tempo, a mais

    sinttica e abrangente que se possa formular ,entretanto, possvel a formulao de outras definiesdo objeto de estudo da Sociologia.

    A anlise sociolgica no deve, porm, deixarde lado os componentes mais elementares eexternamente observveis da sociedade, como osestritamente fsicos, percebidos mesmo pelo sensocomum. Assim, diante de alguma sociedade, aprimeira dimenso que se impes percepo ademogrfica, j que no h sociedade sem populao.Outro componente que, de imediato, se impes observao o territrio, com o seu correspondenteambiente natural, do qual a populao retira os meiosnecessrios sobrevivncia.

    Assim, toda sociedade possui um sistema degrupos e categorias sociais, compreendendo desde osgrupos primrios at as associaes e organizaesformais, desde as simples categorias etrias at osvastos e complexos estratos sociais (castas,estamentos e classe). Smbolos, normas e valores noso agrupados somente em posies, papis, grupos

    e categorias sociais, mas tambm em atividadesreferentes satisfao de necessidades biopsquicashumanas especficas, ou seja, em instituies. Logo, asociedade compreende tambm, e de modonecessrio, um sistema de instituies.

    Em resumo, so componentes universais dasociedade:

    Umapopulao, localizada em; um ambiente natural delimitado (territrio)

    acres- centado de; um ambiente cultural criado de acordo com; um sistema de conhecimentos e tcnicas,

    sendo essa populao organizada segundo; um sistema de smbolos, valores e normas

    parti-lhados intersubjetivamente, diferenciadaatravs de;

    um sistema de posies e papis e; um sistema de grupos e categorias, e,

    finalmente, satisfazendo suas necessidadessegundo;

    um Sistema de instituies.Vale notar que esses componentes existem em todasas sociedades, independentes do seu grau decomplexida- de.

    Classificada nesses componentes, a sociedadecompreende vrios nveis:

    natural; scio-cultural; fsico e ecolgico e, finalmente; intermental.

    Vrias cincias e disciplinas podem ocupar-se doestudo da sociedade, de acordo como a delimitaodos seus vrios nveis. A Ecologia e a GeografiaHumanas, por exemplo, ocupam-se do nvel fsico eecolgico que compreendem populao, ambientenatural e ambiente cultural. A Sociologia e a

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    Antropologia Cultural ocupam-se, principalmente, dosnveis scio-cultural e intermental, sem, no entanto,ignorar os componentes dos nveis natural, fsico eecolgico. No podendo deixar de lado as condiesfsicas necessrias da sociedade, tanto a Sociologiaquanto a Antropologia Cultural tm nos nveis scio-

    cultural e intermental o seu domnio prprio deinvestigao.

    SOCIDADE Algumas DefiniesAlm da definio da sociedade como um

    sistema de interaes humanas culturalmentepadronizadas, outras possibilidades de definio,como j argumenta- mos, existem, de acordo com anfase que se d a diferentes aspectos entre oscomponentes bsicos da sociedade. Assim, a

    sociedade pode ser definida, sem que hajacontradio com a primeira definio, como umsistema intermental de smbolos, valores e normas.Do mesmo modo, no faltamos com a verdade se adefinimos como um sistema de posies e papis.Podemos, tambm, defini-la como um sistema degrupos e categorias ou, ainda, como um sistemainstitucional.

    Todas essas definies se baseiam emcaracters- ticas exclusivas da sociedade humana,mas so clara- mente metonmicas, ou seja, tomam a

    parte pelo todo e, por isso, so insuficientes. A maisde mbito geral a que se fundamenta em smbolos,valores e normas, pois as posies e os papisexpressam esses componentes, e ademais, asinstituies so segmentos do sistema normativo totalda sociedade, enquanto nos grupos e, ao menos nos

    casos mais significativos, nas categorias que osindivduos ocupam posies, desempenham papis e,inevitavelmente, observam normas. Dessa maneira,so evidentes a inexistncia de contradio entreessas definies e a sua mtua complementari- dade.Obseva-se que todas elas so igualmente aplicveis a

    qualquer tipo de sociedade, desde as sociedadestribais at as mais complexas sociedades urbano-industriais, politicamente organizadas na forma denao.

    de se notar que, entre as definiespropostas, no excluda a existncia da dominao,da subordinao e do conflito, ao menos se conceituao da sociedade como sistema de grupos ecategorias sociais acrescentarmos que estas,principalmente as castas, os estamentos e as classes,podem ser detentora de necessidades, interesses oobjetivos incompatveis e que a cooperao entre taiscategorias pode, muito freqentemente, resultar dasua interde- pendncia e do pacto necessrio suasobrevivncia.

    Embora baseadas em referncias empricas,essas definies so necessariamente abstraes,precisamente por focalizarem determinados aspectosaceitos como relevantes abordagem sociolgica. Osocilogo, como cientista que , no pode pretender acaptao da sociedade em toda a sua complexidade,

    porm, antes, deve ter conscincia de que osconceitos e teorias da Sociologia, como, de resto, dequalquer cincia, so representaes e, como tais,simplificaes cognitivas da realidade. Essassimplificaes, no entanto, so vlidas medida quederivam da observao sistemtica dos fenmenos

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    sociais e podem voltar realidade, no apenas comoinstrumentos de compreenso, mas tambm depreviso, controle e transformao das relaessociais.

    VEJA O GRFICO.

    UMA PALAVRA DO REITOR

    homem no age diretamente sobre as coisas.Sempre h um intermedirio, um instrumento entreele e seus atos. Isto tambm acontece quando faz

    cincia, quando investiga cientificamente. Ora, no possvel fazer um trabalho cientfico, sem conhecer osinstrumentos. E estes se constituem de uma srie determos e conceitos que devem ser claramentedistinguidos, de conhecimentos a respeito das atividadescognoscivas que nem sempre entram na constituio dacincia, de processos metodolgicos que devem ser

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    SOCIEDADE

    Populao

    Ambientenatural

    Ambientecultural

    NVELNATURAL NVEL

    FSICO

    EECOLGICO

    Conhecimentose Tcnicas

    Smbolos,Valores e normas

    Posies epapis

    Grupos,categorias e agregados

    Instituies

    NVELScio

    -Cultural

    NVEL

    Intermental

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    seguidos, a fim de chegar a resultados de cunho cientficoe, finalmente, preciso imbuir-se de esprito cientfico.

    BIBLIOGRAFIA

    Declarao Doutrinria Cremos...

    A Faculdade de Educao Teolgica do Esprito - FAETESP,professa sua F Pentecostal alicerada fundamentalmenteno que se segue:

    1. H um s Deus, poderoso, perfeito, santo e eternamente subsistente em trs ( 3 )pessoas: Pai, Filho e Esprito Santo;

    2. As Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e Novo Testamentos, so inteiramenteinspiradas por Deus, infalveis na sua composio original e completamente dignas deconfiana em quaisquer reas que venham a se expressar, sendo tambm a autoridadefinal e suprema de f e conduta;

    3. Jesus o Cristo, nasceu do Esprito Santo e da Virgem Maria, o verdadeiro Deus e avida eterna; o nico mediador entre Deus (o Pai) e o homem; somente Ele foi perfeitoem natureza, ensino e obedincia;

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    Nossas possibilidades de conhecimen-to so muito e at, tragicamente, pe-quenas. O que Sabemos pouqussi- moe, aquilo que sabemos, sabemo-lomuitas vezes superficialmente, sem

    grande certeza. A maior parte de nossoconhecimento somente provvel.Existem certezas absolutas, incondici-onais, mas estas so raras.

    Pr. Marcos EmmanuelBACHAREL EM LETRAS - pela Universidade Guarulhos/SPBacharel em TeologiaMestre em Cincias da Religio eAntigoTestamentoProfessor de Lngua PortuguesaProfessor de Hebraico e Grego Reitor da FAETESP

    Educador de Ensino Teolgico.CASTRO, Anna Maria de, e DIAS, Edmundo. Introduo aoPensamento Sociolgico. Rio de Janeiro, Edit. Eldorado,1974;

    COSTA PINTO, L. A. Sociologia e Desenvolvimento: Temas eProblemas de Nosso Tempo. 3 edio. Rio de Janeiro. Edit.Civilizao Brasileira, 1970;

    FROMM, Erich. Conceito Marxista do Homem. 4 edio.Traduo de Octavio Alves Velho. RJ. Edit. Zahar, 1967;

    DAVIS, Kingsley. A Sociologia Humana. 2 vol. Traduo deM. P. Moreira Filho. RJ e SP. Edit. Fundo de Cultura, 1964;

    CUVILLIER, Armand. Introduo Sociologia. Traduo deLuiz Damasco Penna. SP. Edit. Nacional, 1966;

    BENEDICT, Ruth. Padres de Cultura. Traduo de AlberttoCandeias. Lisboa. Edit. Livros do Brasil, 1987;

    BOTTOMORE, T. B. Introduo Sociologia. 3 Ed. Traduode Waltensir Dutra. RJ. Edit. Zahar, 1970.

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    4. Nosso Senhor ressuscitou fisicamente dentre os mortos; ascendeu aos cus, estassentado direita do Pai e voltar;

    5. O Esprito Santo o regenerador e santificador dos redimidos; o doador dos dons e frutosespirituais; o Consolador permanente e Guia da Igreja;

    6. Em Ado a humanidade foi criada imagem e semelhana de Deus. Atravs da queda deAdo, a humanidade tornou-se radicalmente corrupta, distanciada de Deus edesintegrada de seu corao. A necessidade premente do homem a restaurao de suacomunho com Deus, a qual o homem incapaz de operar por si mesmo;

    7. Na necessidade absoluta do novo nascimento pela f em Cristo e pelo poder atuante doEsprito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino dos cus;

    8. No Perdo dos pecados, na Salvao presente e perfeita e na eterna Justificao da almarecebidos gratuitamente pela f no sacrifcio efetuado por Jesus Cristo em nosso favor;

    9. Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obraexpiatria e redentora de Jesus no Calvrio, atravs do poder regenerador, inspirador esantificador do Esprito Eterno, que nos c apacita a viver como fiis testemunhas do Poderde Jesus Cristo;

    10. No Batismo bblico, efetuado por imerso do corpo inteiro uma s vez em guas, emnome do Pai, do Filho e do Esprito Santo, conforme determinou Nosso Senhor;

    11. No Batismo bblico com o Esprito Santo que nos dado por Deus mediante aintercesso de Cristo, com a evidncia inicial de falar em outras lnguas, conforme a Suavontade;

    12. Na atualidade dos Dons espirituais distribudos pelo Esprito Santo Igreja para suaedificao conforme a sua soberana vontade;

    13. A tarefa da Igreja ensinar a todas as naes, fazendo que o Evangelho produza frutosem cada aspecto da vida e do pensamento. A misso suprema da Igreja a Salvao dasalmas. Deus transforma a natureza humana, tornando-se isto ento o meio para aredeno da sociedade.

    14. Na Segunda vinda pr-milenar de Cristo em duas fases distintas: a primeira invisvel aomundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da grande tribulao; a segunda visvel e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil(1000) anos;

    15. Que todos os cristos comparecero ante ao Tribunal de Cristo para receber arecompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo, na terra;16. No comparecimento de todos os mpios desde Caim ao ltimo infiel, mesmo no Milnio

    perante o Juzo Final, onde recebero a devida punio final do Todo-Poderoso;

    17. Na punio eterna que sofrer Satans, seus demnios, a Besta, o falsoprofeta e todos aqueles que rejeitaram o Filho de Deus durante a sua existncia naterra., onde sero enviados ao Lago de Fogo eenxofre e sero eternamente separadosde Deus.

    18. E na Vida Eterna de gozo e felicidade para os fiis e de tristeza para os infiis.

    NISSO CREMOS...

    Licena de Uso

    Todos os Direitos so reservados. proibidaa reproduo total ou parcial, por quaisquermeios ou sistemas, para distribuio, quer

    a ttulo gratuito ou oneroso, sem aautorizao prvia e por escrito.

    O CURSO RECONHECIDO PELO MEC?

    No dia 15 de Maro de 1999 o Conselho Nacional da Educao aprovou

    o Parecer CEC 241/99 que abre jurisprudncia para o reconhecimentodos cursos em Teologia.

    NOTA:

    importante salientar que o parecer possui vigor para as instituiesteolgicas iniciem apenas, os seus processos de regulamentao juntoao MEC. Um detalhe muito importante que o Parecer pode ou no se

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    A violao dos direitosautorais

    est sujeita s penalidadesLegais de ordem civil e

    Penal Arti o 184

    PARE!!!Reproduo Crime!

    CONSELHO:

    Faa um concerto com Deus.

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    tornar Resoluo ou Portaria, mas o fato dele ter sido dado, justifica aabertura do processo ao possvel reconhecimento ao curso teolgico;

    Existem alguns problemas que as instituies teolgicas aindaenfrentam, o principal deles a diretriz para o reconhecimento, (cargahorria, corpo docente, acervo bibliotecrio, etc), que at o momentono fora divulgado pelo MEC, acredita-se que seja semelhante ao debacharelado em filosofia nvel C;

    O DECRETO-LEI N 1051/69 autoriza a validao dos estudos aosportadores de diploma de cursos realizados em Seminrios Maiores,

    Faculdades Teolgicas ou instituies equivalentes de qualquerconfisso religiosa (Art.1); Como o ensino militar, o ensino religioso foge as limitaes dos

    sistemas vigentes (Par. 286/8). Tais cursos so ditos livres, nonecessitando de prvia autorizao para funcionamento nem deposterior reconhecimento do Conselho de Educao Competente;

    A jurisprudncia do Conselho Federal de Educao tem sido no sentidode declarar-lhes a equivalncia, de acordo com regras amplas eflexveis, o que se depreende da Lei 1821/53, do Decreto 34.330/53,dos pareceres do CFE, n 279-64 (doc.31, p.69) e n 884/65 (doc.92,p.60) e n 3174/77 (doc.204, p.17) entre outros;

    O pargrafo nico do art. 7 da Lei 5.692/71 coloca o ensino Religiosocomo disciplina facultativa para os alunos, devendo obrigatoriamenteconstar dos horrios normais dos estabelecimentos oficiais do ensino de1 e 2 Graus. Tal Lei est respaldada e enfatizada hoje pelo art. 210,pargrafo 1 da Constituio da Repblica Federativa do Brasil;

    De acordo com o acima exposto e sendo a FAETESP registrada deacordo com todas as normas do pas e pertencendo a uma Confissoreligiosa, Igreja Evanglica Assemblia de Deus, tem o amparo da Leipara o funcionamento, quanto ao RECONHECIMENTO DO MEC, comotodas as entidades que ministram teologia ainda est em andamento.(Processo de Credenciamento).

    NDICE

    Aluno______________________________________________________Curso ______________________Professor _________________________________________

    Procura apresentar-te a Deus aprovado, comoobreiro que no tem de que se envergonhar e que

    maneja BEM a Palavra da Verdade II Tm 2.15

    Elaborao:Faculdade FAETESP Elaborao:Faculdade FAETESP

    Uma palavra Introdutria, pg 02

    Sociologia Uma cincia daSociedade, pg 04

    Indivduo Socializao e Cultura,pg 06

    O Indivduo na Sociedade, pg 11

    Concluso Sociologia eSociedade, pg 38

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    III IV

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    FAETESPFaculdade de Educao Teolgica do Esprito

    Rua Almeida, 619, Jd. Pres. DutraGuarulhos/SP CEP 07171-100

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