Sociedade midiocre

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Por Tauana Jeffman Doutoranda em Ciência da Comunicação UNISINOS

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Por Tauana JeffmanDoutoranda em Ciência da Comunicação – UNISINOS

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Se na sociedade do espetáculo de Guy Debord, o espetáculo é a

“relação social entre pessoas, mediatizada por imagens”, na

sociedade midíocre vivemos o hiperespetáculo, a vez da

“baixaria”, dos astros meteóricos, do Telóismo.

Segundo o autor, “a sociedade midíocre não é apenas a

sociedade mediada ou determinada pela mediocridade absoluta

da mídia em tempo integral, mas também e principalmente a

sociedade em que a mídia é determinada pela mediocridade

geral” (SILVA, 2012, p. 24-25).

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Saímos da pós-modernidade para a hipermodernidade.

O “hiper é a aceleração que desfaz, dilui e leva, pelo excesso de

tecnologia, de volta às origens”. Neste caso, presenciaremos a

morte do direito autoral (pois todos terão direito ao conteúdo), o

fim dos livros (pois serão plataformas ultrapassadas), e o fim da

escrita (pois retornaremos para uma oralidade tecnológica, aliada

à comunicação por meio de imagens). Nas palavras do autor, é a

vingança das imagens e sua volta triunfal.

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(15) “O publicitário inventava o truque e o disseminava. O sociólogo o denunciava

com um repetitivo „eu vi, eu vi, é truque‟. Assim, o publicitário era um construtor

de mitos, enquanto o sociólogo era um chato” (SILVA, 2012, p. 12).

(32) “A publicidade é a tecnologia do imaginário suprema do hiperespetáculo.

Com ela, como paradigma ético e estético, passou-se da embalagem do efeito ao

efeito de embalagem” (SILVA, 2012, p. 19).

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(34) “As marcas da hipermodernidade aparecem por

toda parte, inclusive no financiamento cotidiano dos

astros meteóricos ou das estrelas (de)cadentes”

(SILVA, 2012, p. 19).

(63) Era preciso radicalizar o acesso à condição de

celebridade. A beleza continua sendo um bom

caminho, assim como a inteligência, mas ambas

passaram a ser vistas como fatores discriminatórios.

Afinal, ninguém tem a obrigação de nascer bonito ou

inteligente. Os feios ou idiotas também querem ser

famosos. Foi necessário abrir espaço a todos”

(SILVA, 2012, p. 30).

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(63) “A passagem ao

hiperespetacular consumou-se

com as celebridades cuja única

obrigação é ser o que

são, mesmo que seja nada, por

algum tempo num programa

ao alcance de todos e passível

de recompensa pelo que não se

fez” (SILVA, 2012, p. 30).

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(74) “A cultura é o mais perfeito sistema de

hierarquia social. Une e separa conforme o poder

de coesão dos grupos” (SILVA, 2012, p. 34).

(76) “Diante de um conflito de gostos, aguçado

pela lógica da distinção brandida como um

tacape da civilização, cada um pergunta:

por que o seu gosto seria melhor do que o meu?

Com que critérios o outro defende a

superioridade do seu gosto? O que prova que um

gosto é superior que outro gosto?”

(SILVA, 2012, p. 34).

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(105) “A mídia hiperespetacular continua apegada ao antigo regime:

cria e cultua reis, rainhas, príncipes e princesas. É uma nobreza laica e

movediça. As estrelas surgem e desaparecem como meteoros. Os

súditos – a audiência, o público – aclamam e esquecem seus reis com a

mesma rapidez” (SILVA, 2012, p. 41).

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(114) “Ninguém mais terá necessidade de ler e escrever [...].

O pós-hiperespetáculo, já contido potencialmente no

hiperespetáculo, será a pós-história, o fim da escrita, a

superação da linearidade discursiva e narrativa. Os jovens de

hoje perderão a habilidade de folhear. O cérebro humano

funcionará por saltos, descontinuidades, espasmos, alucinações

e sínteses” (SILVA, 2012, p. 46).

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(122) “A internet carrega o fim do direito autoral, que carrega

o fim das editoras, assim como o das gravadoras, o que se

resolverá com o fim da escrita e com o fim do escritor. A teoria

literária anunciou a morte do autor. Errou. O autor ressurgiu

por toda parte. O escritor é que está morto. A morte do autor,

porém, é iminente” (SILVA, 2012, p. 49).

(123) “A escrita, que já foi a marca das civilizações avançadas,

será, em breve, um sinal de atraso típico das culturas em déficit de

tecnologias de som e imagem” (SILVA, 2012, p. 50).

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(147) “É o pós-humano, o pós-orgânico, o apogeu das cirurgias plásticas, a fase

da barriguinha de fora, o triunfo do silicone” (SILVA, 2012, p. 41).

(151) “O hiperespetáculo é um efeito de embalagem, efeito de designação, forma

sem conteúdo, embalagem sem embalo, invólucro sem referência ao envolvido

(SILVA, 2012, p. 73).

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(162) “O hiperespetáculo pode não ser um conjunto de imagens nem

uma relação social com qualquer mediação, mas somente uma

cultura totalizante de mídia que envolve inclusive as redes

sociais, último baluarte de uma participação, chamada de

interatividade, esvaziada de utopia [...]” (SILVA, 2012, p. 83).

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(195) “Se o elegante Guy Debord

disse “o que é bom aparece, o que

aparece é bom”, a sociedade

midíocre consagra algo mais

direto: a “baixaria” é o que

aparece e o que aparece é

“baixaria”. Se o público quer

“baixaria”, por que não o

satisfazer? (SILVA, 2012, p. 104).

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(200) “Com Michel Teló, o Brasil entrou, de vez, no hiperespetáculo”

(SILVA, 2012, p. 106).

“Teló converteu-se no Paulo Coelho da música brasileira. Inaugurou a

filosofia brasileira do hiperespetáculo: o teloísmo. Fast-food incriticável

por falta de instrumentos. O lixo cultural ganhou galardões de nobreza”

(SILVA, 2012, p. 104).

Nossa, nossa

Assim você me mata

Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego

Delícia, delícia

Assim você me mata

Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego

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(212) “O fim do direito autoral precede o fim do

autor, que precede o fim do livro, que precede o fim da

escrita, que anuncia um novo mundo de interação e

produção simbólica” (SILVA, 2012, p. 121-122).

(221) “Primeiro desaparecerão as distribuidoras.

Depois, pela ordem, as livrarias, as editoras, o livro

impresso, as bibliotecas pessoais em papel, os autores e

e-book. Por fim, a escrita, que não era, como

pretendiam os seus defensores, um processo cognitivo

superior, mas só um sistema de transmissão e

armazenamento de dados de uma tecnologia de época”

(SILVA, 2012, p. 132).