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SOBRE ANOS 60

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Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLAOrganização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Shirlene Vila Arruda - Bibliotecária)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Sobre anos 60 / Instituto Arte na Escola ; autoria de Elaine Schmidlin ; co-ordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Instituto Arte na Escola, 2010.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 157)

Foco: CT-B-27/2010 Conexões TransdisciplinaresContém: 1 DVD ; Biografias; Glossário ; BibliografiaISBN 978-85-7762-060-9

1. Artes - Estudo e ensino 2. Artes – Brasil - Século 20 3. Arte contemporânea 4. Década de 1960 5. Ditadura militar (1964-1985) 6. História do Brasil 7. Arte e história I. Schmidlin, Elaine II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV. Título V. Série

CDD-700.7

SOBRE ANOS 60 Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Elaine Schmidlin

Assessoria em História: Claudio Moreno Domingues

Revisão de textos: Nelson Luis Barbosa

Padronização bibliográfica: Shirlene Vila Arruda

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Cesar Millan de Brito

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

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DVDSOBRE ANOS 60

Ficha técnicaGênero: Documentário.

Palavras-chave: História do Brasil; ditadura; linguagem do ci-nema; ready-made; linguagens híbridas; arte contemporânea; estética experimental; cinema: montagem/colagem.

Foco: Conexões Transdisciplinares

Tema: Reflexão sobre os fatos e valores sociais, políticos e artísticos da década de 1960.

Personalidades abordadas: Caetano Veloso, Chico Buarque, Claudio Tozzi, Décio Pignatari, Gilberto Gil, Glauber Rocha, Hélio Oiticica, Ítala Nandi, Jean-Claude Bernardet, Lygia Clark, Lygia Pape, Livio Tragtenberg, Nelson Leirner, Wilson Sukorski, entre outros.

Indicação: A partir do 9º ano do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Nº da categoria: CT-B-27

Direção: Jean-Claude Bernardet.

Realização/Produção: Instituto Itaú Cultural, São Paulo. Copro-dução: Dezenove Som e Imagens.

Ano de produção: 2000.

Duração: 31’.

Coleção/Série: Panorama histórico brasileiro.

SinopseO documentário é um ensaio poético que reúne, em um traba-lho de montagem visual e sonora e com ausência de locução descritiva, imagens de arquivo inéditas sobre a década de 1960 no Brasil. Revisando a produção artística dessa década, o do-cumentário traz à tona a história social e política de uma época

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marcada por um regime autoritário, com a censura e a ditadura. Mostra como a reação à passividade social alimentou a cultura de vanguarda, a arte de resistência, a audácia estética, o cinema novo, o teatro, as artes plásticas, a música erudita e popular.

Trama inventivaPonto de contato, conexão, enlaçado em Os olhos da Arte com um outro território provocando novas zonas de contágio e reflexão. Abertura para atravessar e ultrapassar saberes: olhar transdisciplinar. A arte se põe a dialogar, a fazer contato, a contaminar temáticas, fatos e conteúdos. Nessa intersecção, arte e outros saberes se alimentam mutuamente, ora se com-plementando, ora se tensionando, ora acrescentando, uns aos outros, novas significações. A arte, ao abordar e abraçar, com imagens visionárias, questões tão diversas como a ecologia, a política, a ciência, a tecnologia, a geometria, a mídia, o incons-ciente coletivo, a sexualidade, as relações sociais, a ética, entre tantas outras, permite que na cartografia proposta se desloque o documentário para o território das Conexões Transdisciplinares. Que sejam estas então: livres, inúmeras e arriscadas.

O passeio da câmeraO documentário apresenta o ensaio poético de Jean-Claude Bernardet com trilha sonora de Livio Tragtenberg e Wilson Sukorski em uma montagem não linear, fragmentada e híbrida. O personagem Corisco do filme Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha, 1964) e o prefixo do Repórter Esso anunciam a renúncia de Jânio Quadros em agosto de 1961. A atriz Ítala Nandi interpreta textos de cineastas e intelectuais imprimindo o tom revolucionário do Cinema Novo. Terra em transe, filme de Glauber Rocha, anuncia metaforicamente o golpe militar de 1964. Teatro Oficina, voz do rádio, poeta Paulo, personagem de Jardel Filho (em Terra em transe), Maria Bethânia cantando Carcará, na peça Arena conta Zumbi, Ítala recitando Brecht e Augusto Boal, fragmentos de uma época ressoando poeticamente. “O

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meu nome é Severino” marca a procura pelos desaparecidos políticos. A bela Lindonéia, Gioconda do subúrbio de Rubens Gerchman, O porco “empalhado” de Nelson Leirner, e cenas do filme O bandido da luz vermelha de Rogério Sganzerla imprimem o tom sarcástico. Cenas dos festivais de música, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Sérgio Ricardo quebrando o violão e a voz de Caetano gritando: “a juventude não sabe de nada” provocam e abrem as cenas do exército nas ruas. Bandeira de Che Guevara de Claudio Tozzi, cenas de tortura, Os bólides de Hélio Oiticica, e o grupo Arena retratam em cortes ousados o cenário político da época. Os objetos de Lygia Clark e Hélio Oi-ticica convidam aos experimentos sensoriais e corporais. Cenas de filmes com Norma Bengell, Leila Diniz trazem a questão da liberação sexual feminina. Cenas de Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, e Navalha na carne, de Plínio Marcos, marcam o cinema revolucionário do ponto de vista político e poético. Televisão brasileira, Chacrinha e sua buzina introduzem o Ato Institucional nº 5: “fica decretado o recesso do Congresso Nacional a partir desta data”. Encerrando, a charge Fradinhos de Henfil publicada no Pasquim. Esse material educativo focaliza o território de Conexões Transdisciplinares, mas aborda também o cinema em Linguagens Artísticas.

Os olhos da ArteImagens alheias, pinçadas de arquivo e reunidas a partir de um cuidadoso trabalho de montagem de Idê Lacreta, tendo ao fundo a trilha sonora de autoria de Livio Tragtenberg e Wilson Sukorski, fazem a narrativa do documentário Sobre anos 60.

Focalizando em Os olhos da Arte a construção da linguagem cinematográfica desse documentário, vemos nos emocionantes 31 minutos o diretor Jean-Claude Bernardet resumir os temas, utopias e traumas dos anos 1960, por meio de suas imagens mais célebres, numa narrativa não linear, sem datas ou fatos cronologicamente ordenados.

Pode-se dizer que Sobre anos 60 está mais próximo de um

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Nelson Leirner - O porco, 1966 porco empalhado em engradado de madeira, 83 x 159 x 62 cm Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo Registro fotográfico Romulo Fialdini

Hélio Oiticica veste Parangolé P22 Capa 18 “Nirvana”, 1968Foto: autor desconhecido

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ensaio visual, como era a proposta dos anos 1960, do que de um documentário, no sentido tradicional. Nessa construção de linguagem cinematográfica, Bernardet não faz um cinema do-cumentário como reprodução do real, mas uma videocolagem. Como procedimento, o diretor quebra o fluxo da montagem audiovisual e desenvolve uma visualidade baseada no fragmen-to e na justaposição; opondo-se à univocidade e trabalhando sobre a ambiguidade.

Desse modo, o Brasil é apresentado como alegoria, por meio de recortes fílmicos, migrando imagens que fazem coexistir, por exemplo, o erudito com o popular nas cenas híbridas em colagens com a Arte Pop de Rubens Gerchman e Claudio Tozzi, com a irreverência do “Porco empalhado” de Nelson Leirner. A liberdade de tom se apresenta no foco narrativo plural com-posto pela voz over de Ítala Nandi; pelas falas de personagens de filmes como Corisco, poeta Paulo, entre outros; pela voz abafada da Rádio Nacional, e do programa Repórter Esso com seu prefixo “Testemunha ocular da história”. Em diálogo, essas vozes narram metaforicamente a repressão política e artística a partir do golpe militar de 1964, até o Ato Institucional nº 5, em um exercício de metalinguagem.

A apropriação de filmes do Cinema Novo, imagens de obras artísticas (da Arte Pop ao experimentalismo de Hélio Oiticica e Lygia Clark), cartuns de Henfil e cenas teatrais dos grupos Opi-nião e Arena propõem a paródia, ou seja, a intertextualidade de cenas híbridas com a finalidade de desconstruir o texto e recriá-lo utilizando a ironia e o deboche, como releituras do cubismo e da arte dada. A montagem do ensaio em cortes e enquadramentos ousados remete ao pastiche como uma espécie de colagem de trechos de textos fílmicos, vozes radiofônicas, imagens de arte em uma verdadeira colcha de retalhos que opera por uma paródia em série.

Essa estrutura de linguagem propõe a organização e a montagem de um pensamento, muito mais do que de um cenário, tornando a linguagem cinematográfica mais complexa.

Na passagem de um filme para compor outro filme, como

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acontece nesse documentário; na migração de imagens, um dos aspectos mais importantes da montagem consiste em selecionar planos (ou fragmentos) que servem às finalidades fílmicas. Trabalha-se, frequentemente, com planos fechados a partir da mesma fonte.

A forma como o filme é montado revela, portanto, os sentidos que se quer fazer acontecer, exigindo do espectador – na medida em que ele deve, também, ler e não apenas ver a obra – uma participação ativa na construção da sua interpretação.

O ensaio cinematográfico Sobre anos 60 pensa, assim, o roteiro como um desafio ao recorte fílmico do Cinema Novo, o recorte como um desafio à montagem e o filme como um todo, como um desafio ao olhar. Expressão ao mesmo tempo acabada na tela, e inacabada na realidade, propondo um processo que não se esgota na projeção do documentário, mas provoca a quem olha suas imagens a reinventá-la na imaginação.

Sobre anos 60 provoca em quem olha múltiplos encontros com a diversidade artística, política e social de uma época reinventada a partir do olhar de Jean-Claude Bernardet, como um articulador de migração de imagens.

O passeio dos olhos do professorA linguagem de videocolagem do documentário pode impulsionar o seu processo pedagógico com enfoque na experimentação, na pesquisa e no aprofundamento de conceitos relativos ao período. Seria interessante registrar as impressões em um diário de bordo antes do seu planejamento pedagógico. Para tanto, sugerimos como uma pauta do olhar:

Como as imagens do documentário impulsionam você ao movimento cultural e político da década de 1960?

O teatro, a música dos festivais, as artes plásticas são focos importantes na narrativa sobre os anos 1960. Como você assimila isso no documentário?

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Como você percebe a montagem com as imagens de per-sonagens dos filmes do Cinema Novo recriando a história política e social da década de 1960?

Como os objetos sensoriais de Lygia Clark e os parangolés de Hélio Oiticica afetam a compreensão da arte na década de 1960?

As mídias televisão e cinema são linguagens apropriadas pelo ensaio sobre os anos 1960. Como você observa essa relação visual no documentário?

Qual seleção de imagens do documentário você acredita que seja interessante para seus alunos?

Após apreciação e registro do documentário em seu diário de bordo, amplie seus focos revendo suas anotações e proponha uma pauta do olhar para os seus alunos.

Percursos com desafios estéticos

O passeio dos olhos dos alunos A charge de Henfil acentua a irreverência e o humor em

Sobre anos 60. Cartunista e jornalista brasileiro, Henfil criou os personagens fradinhos Cumprido e Baixim, Graúna, o Bode Orelana, o nordestino Zeferino, entre outros, atuando em movimentos sociais e políticos brasileiros. Os alunos conhecem o cartunista Henfil e seus personagens? Para aquecer o olhar para o documentário, proponha aos alunos conhecer algumas obras do cartunista, fazendo uma visita à Enciclopédia de Artes Visuais no site do Itaú Cultural, acessando o verbete Henfil. Qual é a leitura que os alunos fazem das charges? Com a leitura, percebem o contexto da década de 1960? O que gostariam de saber mais sobre essa década. Depois da conversa sobre a leitura das charges, exiba o documentário. O que surpreende os alunos?

O slogan do Cinema Novo era: “com a câmera na mão e uma ideia na cabeça”. Cinema feito de uma forma quase

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improvisada no arranjo do enquadramento, propondo revelar mais a presença da câmera do que a cena propriamente dita. A entrada para o documentário pode acontecer por meio da criação de filmes de 1 minuto usando aparelhos celulares ou câmeras de vídeo. Tendo como leme o slogan do Cinema Novo, os alunos fazem a experimentação de capturar durante 1 minuto imagens do cotidiano. Quais imagens foram capturadas? Quais os planos usados nas imagens? Depois da conversa sobre essas questões, entre outras, faça a exibição do documentário. Como os alunos percebem os planos das imagens de filmes coladas no documentário?

Experimentações sensoriais podem ser uma proposição que impulsione o olhar ao documentário, fazendo uma ponte com Lygia Clark e seus conceitos estéticos. Para isso, proponha uma experiência sobre as coisas sem o recurso da visão. Crie uma ou mais caixas de papelão com um orifício onde os alunos possam colocar a mão e tatear vários objetos, descrevendo o que percebem sem ver aquilo que estão tocando. A proposta não é simplesmente reconhecer o objeto, mas exercitar a percepção sensorial em relação ao tamanho, forma, textura, temperatura etc. A experiência do tato pode ser ampliada para os outros sentidos. Frascos com diferentes aromas; potes com diferentes sabores; recipientes fechados contendo algo que gere sons. Durante a experiência o silêncio é um elemento importante, assim como a verbalização do aluno de suas percepções. Qual a gama de reações e sensações despertada nos alunos pelos tato, olfato, audição e paladar? O que é revitalizado nos alunos com a experiência? Eles ima-ginam um artista fazendo uma proposta de objetos sensoriais ao espectador? Após a conversa, o documentário pode ser exibido. O que o documentário desperta nos alunos para saber mais sobre as artes visuais na década de 1960?

Desvelando a poética pessoalInspirados no ensaio cinematográfico Sobre anos 60, a proposta é a produção de ensaios poéticos com filmagens realizadas com

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aparelhos celulares ou câmeras de vídeo que podem ser refor-muladas e reorganizadas em programas de computador.

As gravações, que podem ser de 1 minuto, podem acontecer a partir de uma temática escolhida pelos alunos, divididos em grupo. O tema escolhido é trabalhado pela câmera investigando as possibilidades dos elementos da linguagem, como:

enquadramento – gravando com a câmera em posições que, normal-mente, não são vistas no cotidiano; por exemplo, no alto e apontando para o solo; a câmera se aproximando e se afastando de uma ou mais pessoas e de diferentes objetos; gravando vários detalhes como boca, orelha, olho, nariz, pé.

movimento da câmera – em frente a uma pintura, um desenho, um es-paço da sala de aula ou da escola, gravar com a câmera se deslocando com lentidão e velocidade.

gravar em close.

Após as gravações, proponha aos grupos que escolham poesias, frases, imagens de obras de arte, de manifestações artísticas que podem ser gravadas e coladas às gravações já feitas.

Depois de finalizadas as gravações, proponha a exibição na TV para discussão sobre os resultados.

Outro desafio possível é que os alunos produzam um roteiro para a gravação de 5 minutos sobre a história de alguém que conheçam, talvez algum poeta de sua cidade ou alguém da própria escola ou comunidade.

Ampliando o olhar A voz do Repórter Esso “Testemunha ocular da história”

se faz presente no documentário anunciando momentos significativos na política dos anos 1960. O noticiário Re-pórter Esso estreou em 28 de agosto de 1941 no rádio, em 1950 começou a ser veiculado na televisão brasileira, e terminou suas transmissões em 31 de dezembro de 1968. Para ampliação do olhar sobre o contexto em que surge o Repórter Esso, pode ser exibido o documentário No tempo da II Guerra, do acervo da DVDteca Arte na Escola. Que influências ele exerceu em sua época? A forma de radialismo

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cinema

estética e filosofia da Arte

estética experimental, experiência

qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpando

Forma - Conteúdo

SaberesEstéticos eCulturais

história da arteConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciashumanas

Linguagens Artísticas

história do Brasil, ditadura, política

cinemaartesvisuais

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arte contemporânea

elementos da visualidade: montagem/colagem, plano, enquadramento, som

ready-made, performance, linguagens híbridas

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proposta era inovadora? Teve herdeiros, ou se extinguiu total-mente com o AI-5. Afinal, por que o Repórter Esso encerrou suas transmissões no final do fatídico ano de 1968? Ele era transgressor? Revolucionário?

Os festivais de Música Popular Brasileira (MPB) surgiram com a popularização da televisão em 1965. Apresentaram-se nos fes-tivais Milton Nascimento, Elis Regina, Chico Buarque, Caetano Veloso, Edu Lobo, Jair Rodrigues, Rita Lee com Os Mutantes, entre outros. Nesse mesmo período foi lançado o programa musical Jovem Guarda, no qual despontaram Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. Rever o documentário prestando atenção à trilha sonora pode provocar outros sentidos. O que os alunos percebem sobre os gêneros musicais promovidos pelas redes de televisão da época (Record, Globo)? Caetano e Gil enveredavam pela Tropicália, adotando uma musicalidade transgressora e rebelde, já a Jovem Guarda fazia mais o tipo família, bem comportado. Quais as diferenças entre essas duas propostas musicais? A que papel político se prestavam? O que pensam os alunos sobre Caetano Veloso, quando ele canta: “Caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento. No sol de quase dezembro, eu vou...”, enquanto Roberto Carlos cantava “Parei na contramão. [...] O guarda apitou. [...] Mas minha carteira pro xadrez levou”? Leve os alunos a refletir como as músicas expressam duas facetas de uma mesma realidade histórica; daqueles que aceitam a punição da lei (e da ordem) sem questionar, e daqueles que ousam ir adiante “sem lenço e sem documento”, sem as intransigências da sociedade e a imposição das ditaduras militares. Devemos lembrar que o AI-5 é de 13 de dezembro de 1968 – o “dezembro” de Caetano Veloso. Mostre-lhes que o individual também pode, sob certas circunstâncias, expressar o coletivo social, e que nos anos 1960 a música passou a ser usada como uma arma política.

O Cinema Novo promoveu a discussão política com filmes que enfocam problemas sociais. Glauber Rocha foi o represen-tante mais reconhecido do Cinema Novo. No documentário vemos cenas de Deus e o diabo na terra do sol (1964) em

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que predominava a temática centrada no trabalhador rural e na miséria nordestina. Os temas urbanos podem ser vistos em A grande cidade (Cacá Diegues, 1965). Após o golpe militar de 1964, os filmes utilizaram metáforas para driblar a censura, como é o caso de Terra em transe (Glauber Rocha, 1967) e Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade, 1969). Sessões de cinema, com direito a pipoca, exibindo trechos desses filmes, podem gerar boas conversas de ampliação do olhar para depois rever o documentário.

Lygia Clark e Hélio Oiticica, presentes no documentário, são importantes artistas que desencadearam novos modos de fazer e propor arte ao espectador na década de 1960. Para ampliação de referências dos alunos sobre esses artistas podem ser exibidos os documentários Exposição Lygia Clark e H.O. supra-sensorial do acervo da DVDteca Arte na Escola.

Para mover a ampliação do olhar dos alunos sobre a lingua-gem cinematográfica, há dois curtas-metragens disponíveis no acervo da DVDteca Arte na Escola. São eles: Caramujo-flor e Enigma de um dia. Assim como em Sobre anos 60, a trilha sonora é de Livio Tragtenberg. Quais semelhanças e diferenças os alunos encontram entre os três documentários e suas trilhas sonoras?

Conhecendo pela pesquisa O Tropicalismo é um movimento cultural do final da década de

1960 que revolucionou a música brasileira até então dominada pela estética da Bossa Nova. Liderado por Gilberto Gil e Caetano Veloso, o Tropicalismo adotou as ideias do Manifesto Antro-pófago de Oswald de Andrade e os ideais da contracultura incluindo referências consideradas cafonas, ultrapassadas e subdesenvolvidas. O movimento foi lançado com a apresentação das músicas Alegria, alegria de Caetano e Domingo no parque de Gil no Festival de MPB em 1967. O Tropicalismo aparece primeiro numa obra, Tropicália (1965), de Hélio Oiticica, que consistia num ambiente formado por duas tendas que o autor

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chamava de penetráveis. O cenário tropical era composto de areia, brita espalhada pelo chão, araras e vasos com plantas e uma espécie de labirinto que percorria a tenda principal, às escuras. Ao fundo, o público deparava com um aparelho de televisão ligado, totalmente contra os padrões tradicionais da escultura e da pintura. Hélio construiu uma obra radical em que a vida e a arte consistiam num só elemento. Como aparece também na encenação da peça O rei da vela (1967), dirigido por José Celso Martinez. Os movimentos brasileiros Concre-tismo e Neoconcretismo também influenciaram o Tropicalismo, que chegou ao fim com a decretação do AI-5 em dezembro de 1968. O que os alunos podem descobrir sobre esse movimento cultural e suas influências? Qual a análise que fazem das letras das músicas Alegria, alegria, Domingo no parque e da obra de Hélio Oiticica?

No documentário aparecem imagens de obras da Arte Pop, entre elas, a Bandeira de Che Guevara (1967) de Claudio Tozzi, e A bela Lindonéia, Gioconda do subúrbio (1966) de Rubens Gerchman. A Arte Pop quer se comunicar com o público incorporando a história em quadrinho, a publicidade, a imagem televisiva e o cinema, recusando a separação arte/vida. Na década de 1960 os artistas da Arte Pop no Brasil tiveram uma forte relação com o engajamento político. Encomende uma pesquisa sobre os artistas Claudio Tozzi e Rubens Gerchman. Para a apresentação da pesquisa, pro-ponha aos alunos a produção de um painel com a produção de uma colagem com signos presentes na comunicação de massa, no consumismo e na cultura visual de hoje.

A década de 1960 foi marcada por uma grande efervescência cultural, revoluções políticas, rupturas ideológicas e avanços tecnológicos. No plano político e econômico mundial, a guerra fria, atrelada à dicotomia maniqueísta do capitalismo/socialismo, se estendeu mundo afora na forma de conflitos regionalizados, mas de repercussões internacionais, como a Guerra do Vietnã (1959-1975). A vitória marxista em Cuba no final dos anos 1950 fez surgir uma política anticomunista norte-americana que inves-

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tia em ditaduras militares na América do Sul. O Brasil vivia em uma “corda bamba”, oscilando entre uma economia nacional e outra que se voltava ao mercado internacional apoiada pelo movimento anticomunista. Com a renúncia de Jânio Quadros em 1961, assumiu João Goulart, que fazia parte do setor político nacionalista repudiado pelas classes dominantes. Os militares contrários ao presidente se organizam e o resultado foi o golpe militar de 1964. Uma pesquisa sobre os “anos de chumbo” da ditadura militar a partir da renúncia de Jânio até o Ato Institucional nº 5 e as relações desses fatos com a transgressão proposta pelos movimentos artísticos poderia ser experimentada em conexão com a área de História.

Os anos 1960 foram marcados pelas rupturas ideológicas como o movimento feminista e a revolução sexual. No plano cultural brasileiro, o surgimento do Tropicalismo; nos Estados Unidos, a cultura pop, o movimento hippie e o rock’n’roll. Embalado por esses movimentos, na década de 1960 surge o Cinema Novo, e o teatro no Brasil realiza um dos mais importantes movimentos de engajamento político. No Rio de Janeiro, o grupo Opinião centraliza, nos anos 1960, o teatro de protesto e de resistência; em São Paulo, temos proposta semelhante no Teatro de Arena. Pesquisar as propostas tea-trais e relacionar aos acontecimentos do período pode ser uma proposição. Com a pesquisa, forme um grupo de teatro e encene um dos textos poéticos desse período. Instigue os alunos a saberem sobre as intervenções que a polícia realizava nesses e em outros espaços teatrais e artísticos, dispersando o público com violência, interditando casas de espetáculos, prendendo atores, vetando peças, entre outras ações repressoras.

Jean-Claude Bernardet, diretor do documentário Sobre anos 60; Livio Tragtenberg, o compositor da trilha sonora. O que os alunos podem descobrir sobre Bernardet e seu pensamento sobre cinema? Uma pesquisa sobre Tragtenberg pode levar os alunos a conhecerem uma forma musical que foge à massificação da indústria cultural.

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Amarrações de sentidos: portfólioAs proposições pedagógicas realizadas podem ser organizadas em um portfólio digital agregando imagens fotografadas tanto por você como pelos alunos, propondo colagens diversas em torno dos anos 1960. Organizar uma sessão de cinema com os filmes elaborados pode provocar debates sobre apropriação da linguagem cinematográfica. Você pode sugerir a utilização dos recursos do windows movie maker. Pequenos textos resultantes das pesquisas históricas e políticas podem ser comentados durante a projeção (como a voz over de Ítala Nandi no documentário). A produção de uma trilha sonora pode dar ênfase ao trabalho visual.

Valorizando a processualidadeResgatando suas anotações iniciais, o que superou suas expec-tativas? Quais as conquistas? E as novas ideias? Onde houve transformações? O que os alunos perceberam que conheceram? A partir dos portfólios desenvolvidos, o que moveu a discussão dos alunos? É o momento de reconhecer e anotar suas descobertas e achados pedagógicos. Quais novas possibilidades de proposições em arte foram despertadas em você por essa experiência?

Personalidades abordadasÍtala Nandi (Caxias do Sul/RS, 1942) – Atriz. Criadora de protagonistas femininas no período do Teatro Oficina. Torna-se a primeira atriz da fase tropicalista, também atuante no cinema nacional. No início dos anos 1960 muda-se para São Paulo, onde cursa interpretação com Eugênio Kusnet. Integra o Teatro Oficina e sua estreia é inesperada, substituindo a atriz Rosamaria Murtinho. Atuou em inúmeras peças teatrais, entre elas Pequenos burgueses, Os inimigos e O rei da vela. Em 1964, quando do golpe militar, produziu e interpretou Toda donzela tem um pai que é uma fera, comédia despretensiosa, para despistar a vigilância sobre o teatro na época. No cinema constituiu uma sólida carreira. Estreou na televisão em 1978 e na direção cinematográfica em 1982, com um documentário sobre a colonização italiana no sul do Brasil, chamado In vino veritas. Em 1989 publicou Teatro Oficina, onde a arte não dormia, e em 1994 recebeu o Prêmio José Marti conferido pelo governo de Cuba como “Personalidade de Teatro”.

Jean-Claude Bernardet (Bélgica, 1936) – Chega ao Brasil com 13 anos de idade e naturaliza-se brasileiro em 1964. Teórico de cinema, crítico cinema-tográfico, cineasta e escritor. Escreve críticas cinematográficas no jornal O

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material educativo para o professor-propositor

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SOBRE ANOS 60

Estado de S. Paulo e torna-se grande interlocutor do grupo de cineastas do Cinema Novo, especialmente de Glauber Rocha. Foi um dos criadores do curso de Cinema na Universidade de Brasília (UnB) e ministrou aulas de História do Cinema Brasileiro na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) até se aposentar em 2004. Dirige dois ensaios poéticos de média-metragem: São Paulo, sinfonia e cacofonia (1994) e Sobre anos 60 (2000).

Livio Tragtenberg (São Paulo/SP, 1962) – Compositor e decompositor. Autodidata, toca clarone, piano e saxofone. Ganhou o Prêmio Vitae e recebe bolsa da Fundação Guggenheim pela composição das óperas Inferno de Wall Street e Tatuturema. Desde o início, sua música convive com fontes da música popular, jazz e música contemporânea, tudo ao mesmo tempo, e sem hierarquias. Compõe para cinema, vídeo, dança, teatro, dança-teatro, e cria instalações sonoras. Desde 1995 colabora com o coreógrafo Johann Kresnik em produções de teatro-dança na Alemanha. Criou a Orquestra de Músicos das Ruas de São Paulo, a Nervous City Orchestra em Miami/Es-tados Unidos e a Blind Sound Orchestra com músicos cegos que executam trilhas para filmes mudos.

Wilson Sukorski (Santo André/SP, 1955) – Compositor, músico eletrônico, performer multimídia, criador/produtor de conteúdos musicais para rádio/vídeo/cinema, designer e construtor de instrumentos musicais inusitados e pesquisador em áudio digital. Desenvolveu várias atividades musicais e projetos de instalação sonora no Brasil e no exterior. Compõe para cinema, vídeos experimentais, instalações de audioarte, arte urbana, arte e novas mídias, além de se apresentar como performer musical em shows e per-formances monoband, no Brasil e no exterior. Tem trabalhado em parceria com Livio Tragtenberg, com quem realiza espetáculos de live-electronics em diversos festivais.

GlossárioCinema Novo – Surge na década de 1960 no Brasil inspirado no realismo francês e italiano. Os cineastas eram personalidades criativas em movimento sempre a procura de desafios estilísticos e temáticos. Cada filme era muitas vezes a negação do anterior: a ausência do dogmatismo e preconceito es-tético parecia absoluta. Pelo impacto nacional e reconhecimento europeu o Cinema Novo estava sintonizado com o que acontecia no resto do mundo: a crise do sistema de estúdios e do cinema de gêneros precipitou a implosão dos códigos narrativos tradicionais. As pesquisas de linguagem a época privilegiaram a mise-en-scène como instância fundamental e o diretor como figura principal do processo criativo. Glauber Rocha, um dos expoentes do Cinema Novo, pregava a “estética da fome” e uma “estética do sonho” que vem com Deus e o diabo na terra do sol, com a visão emblemática nordestina. Após o golpe militar de 1964, o cinema inicia uma reflexão autocrítica sobre o fracasso do populismo nacionalista e os impasses da luta armada como Terra em transe (Glauber Rocha, 1967). Em 1968, no auge da repressão, o

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Cinema Novo envereda para a vanguarda teatral e musical do tropicalismo com Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade, 1969). No início dos anos 1970, o Cinema Novo propõe uma revisão do romantismo indigenista como em Como era gostoso o meu francês de Nelson Pereira dos Santos. Fonte: ENCICLOPÉDIA do cinema brasileiro. São Paulo: Ed. Senac, 2000.Repórter Esso – Programa jornalístico brasileiro estreado em 28 de agosto de 1941, revelando-se a grande revolução do radiojornalismo nacional. O seu slogan, “Testemunha ocular da história”, passa a ser conhecido por toda a população. Patrocinado e produzido pela empresa americana de petróleo Esso, permanece no ar por 27 anos. O noticiário acaba rompendo as fronteiras do veículo e é incorporado, posteriormente, à programação da TV, assim que ela surge no país, em 1950. Fonte: Disponível em: <http://www.almanaquedaco-municacao.com.br/artigos/667.html>. Acesso em: nov. 2009.Tropicalismo – Corrente artística surgida na década de 1960 em resposta a situação decorrente do golpe militar de 1964 no Brasil e em oposição à Bossa Nova. Os tropicalistas desarticularam a própria linguagem que constituía o seu trabalho. Pela devoração, desmistificaram as relações dessa linguagem com as classes (burguesia e parte da classe média em ascensão) que nela se reconheciam e que era defendida pelo grupo no poder. Com inspiração populista obteve muito sucesso repercutindo nos meios intelectuais de esquerda por causa de sua tônica agressiva e sua ampla difusão em discos, espetáculos e festivais de música popular. Constituiu-se numa forma adequada de expressão do inconformismo por parte de muitos artistas, sendo elevada à condição de estratégia de resistência política. Espelhou com eficácia as insatisfações de um público basicamente universitário ou intelectualizado. Fonte: FAVARETTO, Celso. Tropicália: alegoria, alegria. 3. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2000.

BibliografiaALMEIDA, Claudio Aguiar. Cultura e sociedade no Brasil: 1940-1968. São Paulo: Atual, 1996.

BERNARDET, Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

______. Historiografia clássica do cinema brasileiro: metodologia e peda-gogia. São Paulo: Annablume, 1995.

BRAGA, Paula (Org.). Fios soltos: a arte de Hélio Oiticica. São Paulo: Perspectiva, 2008.

CHIAVENATO, Júlio José. O golpe de 64 e a ditadura militar. São Paulo: Moderna, 1994.

COUTO, José Geraldo. Brasil: anos 60. São Paulo: Ática, 1990.

FICO, Carlos. O regime militar no Brasil (1964-1985). São Paulo: Saraiva, 1999.

FIQUEIRÔA, Alexandre. Cinema novo: a onda do jovem cinema e sua recepção na França. Campinas: Papirus, 2004.

PAES, Maria Helena Simões. A década de 60: rebeldia, contestação e repressão política. São Paulo: Ática, 2001.

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material educativo para o professor-propositor

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SOBRE ANOS 60

______. Em nome da segurança nacional: do golpe de 64 ao início da abertura. São Paulo: Atual, 1995.

ROCHA, Glauber. Revolução do cinema novo. Pref. Ismail Xavier. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

TRAGTENBERG, Livio. Artigos musicais. São Paulo: Perspectiva, 1991.

______. Contraponto: uma arte de compor. São Paulo: Edusp, 1994.

______. Música de cena: dramaturgia sonora. São Paulo: Perspectiva: Fapesp, 1999.

XAVIER, Ismail. Alegorias do subdesenvolvimento: cinema novo, tropica-lismo, cinema marginal. São Paulo: Brasiliense, 1993.

Webgrafiaos sites a seguir foram acessados em nov. 2009.

DITADURA no Brasil. Disponível em: <http://almanaque.folha.uol.com.br/ditadura.htm>.

ESCREVER cinema: textos e notas críticas de José Carlos Avellar. Disponível em: <http://www.escrevercinema.com/cinemaBrasileiro.htm>.

GLAUBER Rocha. Disponível em: < http://www.tempoglauber.com.br>.

HÉLIO Oiticica. Enciclopédia Itaú Cultural de artes visuais. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/enciclopedia>.

HENFIL - a resistência pelo humor, por Andréa Pereira. Disponível em: <http://hqmaniacs.uol.com.br/principal.asp?acao=materias&cod_materia=479>.

HISTÓRIA contemporânea do Brasil. Centro de Pesquisa e Documentação - Fundação Getulio Vargas - FGV/CPDOC. Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br>.

JEAN-CLAUDE Bernardet. Disponível em: <http://jcbernardet.blog.uol.com.br>.

LYGIA Clark. Disponível em: <http://www.lygiaclark.org.br>.

SOBRE os anos 60. Banco de Dados Folha. Acervo de Jornais. Textos de Brasil. Disponível em: <http://almanaque.folha.uol.com.br/brasil60lista.htm>.

WILSON Sukorski. Disponível em: <http://www.sukorski.com>.

Filmografia ANOS rebeldes. Dir. Denis Carvalho, Silvio Tendler e Ivan Zetel. 1992. 3 DVDs (680 min.). Minissérie da Rede Globo de Televisão.

Drama sobre as desventuras sociais e políticas do Brasil e as resistências aos chamados “anos de chumbo” da ditadura militar.

DEUS e o diabo na terra do sol. Dir. Glauber Rocha. Rio de Janeiro: Co-pacabana Filmes; S.l.: Luiz Augusto Mendes Produções Cinematográficas, 1964. 1 DVD (115 min.).

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Depois de matar o patrão, o vaqueiro Manuel e sua mulher Rosa vagam pelo sertão, encontrando um deus negro, um diabo loiro e o temível Antônio das Mortes.

HAIR. Dir. Milos Forman. S.l.: CIP Filmproduktion GmbH, 1979. 1 Video-cassete (121 min.): VHS.

Um jovem do interior de Oklahoma, recrutado para a Guerra do Vietnã, é “adotado” em Nova York por um grupo de hippies que têm conceitos nada convencionais sobre o comportamento social, e tentam convencê-lo dos absurdos da atual sociedade.

JANGO. Dir. Silvio Tendler. Rio de Janeiro: Caliban Produções Cinemato-gráficas; S.l.: Rob Filmes, 1984. 1 Videocassete (115 min.): VHS.

Documentário sobre o Brasil dos anos 1950 e 1960 até o golpe militar que removeu João Goulart da presidência.

JâNIO a 24 quadros. Dir. Luís Alberto Pereira. S.l.: Embrafilme; São Paulo: Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, 1981. 1 Videocassete (84 min.): VHS.

Documentário que inclui dramatizações e cenas de época, mostrando a saga política de Jânio da Silva Quadros, do Mato Grosso à presidência do Brasil.

O QUE é isso companheiro? Dir. Bruno Barreto. S.l.: Columbia Pictures Television Trading Company: Filmes do Equador: Quanta Centro de Produ-ções Cinematográficas: Sony Corporation of America; Rio de Janeiro: LC Barreto Produções Cinematográficas; São Paulo: Pandora Filmes, 1997. 1 DVD (110 min.).

Após o AI-5 vários estudantes abraçam a luta armada entrando na clandestinidade. Em 1969, militantes do MR-8 elaboram um plano para sequestrar o embaixador dos Estados Unidos, para trocá-lo por colegas prisioneiros políticos.

TERRA em transe. Dir. Glauber Rocha. Rio de Janeiro: Mapa Filmes, 1967. 1 DVD (106 min.).

Narrativa poética, sobre o transe político pelo qual passavam os paí-ses da América Latina, na década de 1960, em meio à guerra fria e as ditaduras militares. Filme precursor do Cinema Novo e do movimento tropicalista.

ZUZU Angel. Dir. Sérgio Rezende. Rio de Janeiro: Globo Filmes: Lereby Produções: Toscana Audiovisual; São Paulo: Warner Bros. 2006. 1 DVD (108 min.).

História da estilista Zuzu Angel, que teve seu filho torturado, assassinado e desaparecido pela ditadura militar. Ela também foi morta em um acidente de carro (atentado) forjado pelos militantes em 1976.

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Mapa potencial

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