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JUNHO/JULHO 2016 | ANO 29 | Nº 321 | R$ 14,80 JORNALISMO E COMUNICAÇÃO 7 701030 650083 00321 ESPECIALISTAS COMENTAM A COBERTURA OLÍMPICA O CALIFADO MIDIÁTICO DO ESTADO ISLÂMICO JORNALISTAS ANALISAM DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS NA ATUAÇÃO DA MÍDIA NAS AÇÕES QUE ATINGIRAM COLLOR E DILMA ROUSSEFF APÓS 24 ANOS, A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA VOLTA AOS HOLOFOTES DA IMPRENSA COM MAIS UM PROCESSO DE IMPEACHMENT SOB JULGAMENTO ENTREVISTA: MILTON LEITE ALÉM DO ESPORTE PERFIL: AS DÚVIDAS DE PATRÍCIA CAMPOS MELLO

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JUNHO/JULHO 2016 | ANO 29 | Nº 321 | R$ 14,80

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prensa.com.br

JORNALISMO E COMUNICAÇÃO

7 701030 650083

0 0 3 2 1

ESPECIALISTAS COMENTAM A COBERTURA OLÍMPICA

O CALIFADO MIDIÁTICO DO ESTADO ISLÂMICO

JORNALISTAS ANALISAM DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS NA ATUAÇÃO DA MÍDIA NAS AÇÕES QUE ATINGIRAM COLLOR E DILMA ROUSSEFF

APÓS 24 ANOS, A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA VOLTA AOS HOLOFOTESDA IMPRENSA COM MAIS UM PROCESSO DE IMPEACHMENT

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O 2016 | N° 321 | ANO 29

SOBJULGAMENTO

ENTREVISTA: MILTON LEITE

ALÉM DO ESPORTE

PERFIL: AS DÚVIDAS DE PATRÍCIA

CAMPOS MELLO

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Desde 1992, a palavra impeachment não era tão usada pela mídia e pela população brasileira. Naquele ano, Fernando Collor de Mello foi afastado pelo Senado em outubro, renunciou em 29/12 e teve seu

mandato efetivamente cassado em 30/12. Em 12 de maio deste ano, quase 24 anos depois, o agora senador Fernando Collor participou da votação que afastou a presidente Dilma Rousseff por até 180 dias, em razão das chamadas “pedaladas fiscais” e da assinatura de medidas orçamen-tárias sem a autorização do Congresso Nacional.

Collor foi considerado culpado, sob acusação de corrupção e tráfico de influência. Perdeu o mandato e todos os direitos políticos por oito anos. Dilma está no meio do processo. Afastada, aguarda a decisão que pode tirá-la definitivamente do Palácio ou reconduzi--la ao cargo. Seus aliados a consideram vítima de um golpe parlamentar. Para a oposição, ela incorreu em crime, portanto o processo é justo.

O fato é que, tanto em um caso como em outro, o trabalho da mídia permeou os acontecimentos, ora aju-dando a esclarecê-los, ora chegando a ditar o seu rumo. Se, em algumas vezes, foi o estopim de investigações, em outras, deu luz ao trabalho do Ministério Público, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal (PF). Há quem defenda, no entanto, a ideia de que a imprensa atuou de modo diferente em um e outro caso. No primeiro, a mídia teria sido o chamariz para o processo, veiculando reportagens de teor investigativo e denúncias de corrupção. No segundo, os veículos teriam sido menos preponderantes, já que apenas levaram a público o que vinha sendo esmiuçado pelas autoridades.

DOIS IMPEDIMENTOSIMPRENSA OUVIU JORNALISTAS E MOSTRA DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS

DA ATUAÇÃO DA MÍDIA NOS PROCESSOS QUE CULMINARAM NOS

IMPEACHMENTS DE FERNANDO COLLOR E DE DILMA ROUSSEFF

POR THAÍS NALDONIGERENTE DE CONTEÚDO

POR VANESSA GONÇALVESSUBEDITORA DE PORTAL

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Há de se salientar, contudo, a importância do traba-lho investigativo também no caso de Dilma. O “Especial Refinarias “, de Vinicius Sassine e José Casado, de O Globo, Prêmio Esso de Repo rtagem em 2014, ajudou no início do descrédito ao governo Dilma, ao revelar a negociação refinaria de Pasadena, quando a presidente agora afastada ocupava o Ministério de Minas e Energia. Também sobre Pasadena, vale lembrar a matéria de Andreza Matais, de O Estado de S. Paulo. E, mais recen-temente, a reportagem de Flávio Ferreira, da Folha de S.Paulo, sobre o sítio frequentado pelo ex-presidente Lula em Atibaia, no interior de São Paulo.

Como em política unanimidade é quase impossível, IMPRENSA ouviu jornalistas que analisaram o traba-lho dos veículos de comunicação nos impeachments dos governantes de 1992 e de 2016. E, é claro, as opi-niões não poderiam ser mais divergentes.

“No caso de Dilma, o papel da mídia foi determinan-te, mas não exatamente pela cobertura do processo de impeachment e sim por seu alinhamento na luta políti-ca. No caso de Collor, o jornalismo fez parte do traba-lho de revelar os delitos, por exemplo, com a entrevis-ta de Pedro Collor para a Veja ou a do motorista Eriberto França à IstoÉ. No caso de Dilma, coube à mídia, em sua quase absoluta totalidade, criar as condições para o impeachment, e isso foi feito basicamente com opi-nião, e não com apuração. Não houve nenhuma maté-ria importante que tenha contribuído para a caracteri-zação de crime de responsabilidade”, afirma Tereza Cruvinel, articulista do Brasil 247 e ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

A jornalista Monica Waldvogel, por sua vez, ressal-tou a atuação da mídia como divulgadora no caso de Dilma. “A imprensa fez muito mais a divulgação dos inquéritos e dos processos do que investigações de sua própria iniciativa. No de Collor, era mais a CPI que tinha a iniciativa da investigação do que propria-mente a imprensa. A imprensa podia dar um furo aqui, um furo ali, mas as informações emanavam sempre da CPI. Elas vinham dos parlamentares. Desta vez, estão vindo do Judiciário e do Ministério Público. Acho que, quanto mais densa foi ficando a cobertura, mais foi ficando agarrada ao documento oficial. Na minha opinião, o ataque que foi feito à imprensa como par-ticipante do golpe, como estimuladora da comoção, é simplesmente narrativa criada, inventada pelo PT. É uma cobertura que não é desmentida”.

OPINIÃO VS NOTÍCIAO jornalismo mais de opinião que de informação foi

uma das características da cobertura atual, de acordo com Mario Magalhães, ex-ombudsman da Folha de S.Paulo. Para ele, a mídia foi menos preponderante no

DOIS IMPEDIMENTOSIMPRENSA OUVIU JORNALISTAS E MOSTRA DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS

DA ATUAÇÃO DA MÍDIA NOS PROCESSOS QUE CULMINARAM NOS

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caso de Collor que no de Dilma. “A opinião do jorna-lismo, contrária à presidente eleita com 54.501.118 votos, contaminou o noticiário e sufocou a informação. A cobertura transformou-se em campanha. Quando artistas brasileiros protestaram no Festival de Cannes contra o golpe de Estado, a fotografia estampou a pri-meira página da edição impressa do jornal britânico The Guardian. Houve, contudo, diário aqui no Brasil que não publicou essa imagem na capa. Esconderia a foto se a manifestação fosse a favor de Michel Temer?”

O caráter opinativo é também ressaltado por Tereza. “Foi a mídia, através de um martelar contínuo de opi-niões, num processo iniciado ainda no governo Lula, que criou o ambiente favorável ao desfecho. Com as manifestações de 2013, depois com a Lava Jato e, final-mente, com o agravamento da situação econômica, jornais, revistas e emissoras de TV conseguiram os instrumentos para sangrar Dilma, para minar sua popu-laridade e criar o caldo de cultura em que vicejou a palavra impeachment tão logo ela foi reeleita.”

Há, no entanto, quem defenda que a mídia não teve influência no afastamento nem de Collor nem de Dilma. É o caso de Augusto Nunes, colunista da revista Veja.com e apresentador do programa “Roda Viva”, da TV Cultura. “Depois que escrevi aquele livro do Samuel Wainer, fiquei muito reflexivo sobre uma frase que ele disse ao Getúlio quando propôs a criação da Última

Hora. Ele disse: ‘A imprensa não elege nem derruba ninguém, mas ela atrapalha o governo'. Acho que os problemas principais da Dilma foram a crise econômi-ca e a falta de perspectiva de saída dessa crise econô-mica, o que provocou as manifestações de rua. As manifestações de rua foram muito fortes. Foram cinco domingos e traduziram o sentimento do país.”

REDES SOCIAISUma diferença sensível entre 1992 e 2016 é a inter-

net. As redes sociais podem não interferir no andamen-to dos processos, mas facilitam a comunicação e ampli-ficam as críticas e a mobilização.

“Vejo mais diferenças porque o mundo mudou. A tecnologia, as novas ferramentas, tudo isso fez que a cobertura fosse completamente diferente. Hoje a cober-tura é online; a gente informava, a cada minuto, não só o placar de votos como os discursos e as estratégias de cada um. A cobertura mudou bastante, muito em fun-ção dessas novas ferramentas que passaram a dominar nosso cotidiano, que são as redes sociais, a internet, enfim, todos esses canais”, diz Cristiana Lobo, comen-tarista da Globo News.

O uso da tecnologia para facilitar a mobilização social também é um diferencial apontado entre os processos de Collor e Dilma. “As mídias sociais dimi-nuíram imensamente o custo da mobilização.

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Por muito tempo com o status de um dos países em desen-volvimento mais importantes do mundo e às vésperas de abri-gar mais um grande evento esporti vo, o Brasil recebeu, nos últi mos anos, grande atenção da mídia internacional.No entanto, desde os protestos de junho de 2013, que se real-izaram em diversas cidades do Brasil, a esfera políti ca ganhou ainda mais peso no noti ciário mundial. Na Copa do Mundo de 2014, as vaias direcionadas à presidente em diversos momen-tos davam o tom da cobertura no meio da festa do futebol. Em seguida, as eleições, numa disputa das mais acirradas, aliadas às denúncias de corrupção, aumentaram o volume e o aspecto do noti ciário. Seria a presidente, de fato, afastada?No decorrer dos acontecimentos, a narrati va do golpe parla-mentar, adotada por Dilma e pelo PT, ganhou força na mídia internacional. “Fiquei bastante espantada não apenas com o que escreveram nos jornais como com os debates entre eles, os correspondentes no Brasil, a que a gente assiste nas redes sociais”, diz Mônica, que completa: “Os militares fi caram no seu canto; a Justi ça, quando foi provocada, disse o que ti nha de dizer; o Congresso agiu dentro da Consti tuição. O corre-spondente estrangeiro não tem noção de como foi nossa luta recente, de quanto tempo nós levamos para chegar a isso, de quanto acreditamos que essas insti tuições não vão se deixar destruir apenas por causa de um episódio críti co. Acho que eles não entenderam o que aconteceu”. Mario Magalhães discorda. Para ele, “certo jornalismo é mais sincero no exterior do que no Brasil”. “Quando o jornalismo não é parti dário, não virou propaganda, prevalece a informação.” A tese do golpe também é refutada por Augusto Nunes. “Nunca vi golpe sem preso políti co, nunca vi golpe em que o golpeado pode fi car em liberdade no Palácio, viaja para onde quiser, diz o que quiser. Acho que é só uma palavra que colou, porque ela é charmosa. Se todo golpe fosse assim, que maravilha! Porque aí a gente não teria um único morto ou preso. Acho o seguinte: se houve golpe agora, houve também em 92.” “O mundo sabe que o comandante do processo na Câmara foi Eduardo Cunha, que dispensa apresentações. Com o afasta-mento de Dilma e a guinada à direita imposta pelo governo Temer, a percepção de que aqui houve um golpe sofi sti cado para trocar de governo consolidou-se lá fora”, diz Tereza, que acrescenta: “Os parceiros comerciais têm interesse em manter o fl uxo de negócios, mas a imagem da democracia nascente, esta, sem dúvida, foi arranhada."

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Convocar uma megamanifestação hoje, seja de apoio ao governo, seja de apoio à oposição, é muito mais fácil, muito mais barato do que rodar mimeógrafo, rodar panfleto, sair convocando as pessoas nos ambientes coletivos. Você vai criando aquele caldo de cultura dentro das redes sociais. É outro tipo de ativismo mais barato e mais contagiante. Acho que essa é uma grande diferença”, analisa Mônica.

(DES) UNIÃO NACIONALA união nacional pela saída de Collor versus a divisão

do país vista claramente desde as eleições de 2014 também diferencia enormemente os dois períodos. Se, por um lado, 750 mil manifestantes lotaram o vale do Anhangabaú, em São Paulo (SP), em 1992, pedindo a saída de Collor, atualmente milhões de pessoas, em todo o Brasil, saíram às ruas para protestar, mas em lados opostos.

“A sociedade civil esteve unida na luta contra a dita-dura até a Constituinte. Já na primeira eleição presidencial, essa unidade se rompeu, principalmente no segundo turno entre Collor e Lula, com a mídia jogando pesado a favor de Collor”, lembra Tereza. “A partir da eleição e posse de Lula, em 2003, começou a se instalar o ambiente de into-lerância, a rejeição às políticas para os negros e para os mais pobres, o incômodo com a figura de um presidente de pouca instrução formal, apesar da popularidade inter-na e do prestígio mundial. O primeiro escândalo envol-vendo o PT, o caso Waldomiro, foi um fósforo riscado na gasolina acumulada”, concluiu.

Para Cristiana, o discurso “nós e eles” teve início com Lula. “Eu me lembro do ex-presidente Lula já fazer muito discurso “nós contra eles”. Fomentou isso. Depois, você vê o outro lado vaiar pessoas do PT na rua e ninguém fez nada. A gente viu o ministro Jacques Wagner ser vaiado em restaurante, em hospital, e ninguém tomou a defesa dele. Isso é inaceitável em qualquer dos lados”, disse.

“O que acho mais grave é que não tenha surgido uma liderança capaz de reunificar o país, de mudar esse dis-curso de um lado contra o outro, vermelho contra azul, os pobres contra os ricos. Esse é um discurso que o PT faz, ao afirmar que vai ser um governo para os ricos, para um sistema financeiro. Vai haver muitas condicionantes que contribuem para aprofundar essa divisão. Isso é uma coisa que me preocupa muito”, finaliza.

A MÍDIA NO IMPEACHMENTOs principais jornais impressos do Brasil, como

ocorreu em 1992, defenderam o impeachment da pre-sidente Dilma Rousseff (PT). O primeiro veículo a aventar a hipótese foi O Globo.

Em 19 de maio, o editorial do jornal carioca — “O impeachment é uma saída institucional da crise” — ressaltou a fragilidade do governo após a delação do senador Delcídio do Amaral, que teria aumentado ainda mais a crise política e econômica. O veículo da famí-lia Marinho alegava que, independentemente dos inte-resses do deputado Eduardo Cunha em acelerar o impeachment de Dilma, o país merecia que houvesse um processo “rápido e dentro da lei”, a não ser que a presidente decidisse renunciar “ao constatar a abso-luta incapacidade de superar os obstáculos, por falta de apoio político e/ou remorsos ideológicos”.

O jornal O Estado de S. Paulo justificou o afastamen-to da presidente em “O impeachment é o melhor cami-nho”, em 7 de abril. Na avaliação do jornal, diante da inviabilidade de realizar novas eleições, o processo seria a “solução ideal” por ser um caminho “óbvio e rápido” para a reconstrução nacional, utilizando um “remédio” prescrito pela Constituição.

A Zero Hora, seguindo a linha da maior parte da imprensa, sustentou, em “A democracia não está ame-açada”, que o impeachment de Dilma Rousseff não feria a democracia e que os defensores do governo tentavam confundir a opinião pública. O diário gaúcho dizia acreditar que “existe uma disputa política pelo poder” e que “nem todos os atores deste embate jogam limpo”. Mesmo assim, em sua opinião, por se tratar de um processo previsto na Constituição, o impeach-ment, comandado por instituições sólidas e indepen-dentes, levaria ao poder “os verdadeiros democratas deste país”, que poriam de lado os “sabotadores da democracia e os traidores da vontade popular”.

A única voz divergente nesse processo foi a da Folha de S.Paulo, que, no editorial “Nem Dilma nem Temer”, de 2 de abril, defendeu a renúncia da presidente e do vice, seguida de novas eleições. Para o veículo, a saída de Dilma por vontade própria pouparia o país do “trau-ma” do impeachment e superaria o impasse no qual o atual governo se vê.

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